Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
mundo à sua volta desmoronar quando perdeu a mãe. A garota então ficou
aos cuidados do pai, um homem que não soube superar a perda da esposa e
acabou se entregando a vícios que seriam a sua ruína. Vícios que o levaram a
colocá-la nas mãos de Gabriel Souto, um homem impiedoso e sem coração,
como muitos dizem. A fama de Daniel Souto o precede e, sem que tenha
Gabriel Souto não pede, ele toma para si, esse é o seu lema de
vida. Não seria diferente quando o assunto é o seu desejo de arranjar uma
esposa para tornar-se um homem respeitado perante a alta sociedade, que não
enxerga além do que quer ver. A oportunidade surge quando o tolo Júlio
Aguiar faz a pior aposta da sua vida e entrega de bandeja exatamente o que
cada passo que dou. Como uma gatinha assustada, seu rosto não consegue
esconder o temor por causa da minha proximidade. — Sinta-se à vontade
para continuar me odiando, posso viver com isso.
resistir ao tesão e ao desejo doentio que começo a nutrir por ela. No fundo,
sei que não serei capaz de me manter tão longe da gostosa, não quando a
quero como jamais quis alguém — mesmo detestando-a com a mesma
intensidade.
nervosismo. E o que, para ela, é medo; para mim, é excitação. — Por que
sinto a sua respiração ofegante? — Estou com o corpo levemente curvado
sobre o dela e as palavras são sussurradas no seu ouvido. — Se quer que eu te
beije novamente, é só pedir, bebê. Juro que não pensarei mal de você por
isso. Posso te dar o que quiser, desde que se comporte e faça tudo o que eu
quero.
— Então quer que eu seja sua escrava, que não tenha voz e faça
apenas o que você ordenar? — É sarcástica, mas se a intenção é me irritar, ela
mãos imundas no meu corpo. Sinto nojo de você, Gabriel Souto. Pensar na
possibilidade de ser obrigada a fazer sexo com você me deixa doente. —
Cospe cheia de raiva, deixando transparecer o desprezo que vejo no rosto de
muita gente. Ela é apenas mais uma.
— Você vai dar para mim quantas vezes eu quiser te comer. Fará
sem reclamar e sabe por quê? — Suas mãos estão espalmadas no meu peito,
mas não como uma tentativa de apoio ou carinho. Luana quer me afastar para
longe dela, enquanto tudo o que quero é me afundar no seu sexo e descobrir
se é tão boa quanto parece. — Você deve estar com a calcinha gotejando de
desejo por baixo desse vestido. Apesar do que sua boca diz, seu corpo tem
reações contrárias e quer que eu te toque como você nunca foi tocada por
aquele moleque que se diz seu namorado. Aliás, ele é mais um que precisarei
— Tão decente que está apaixonado por uma mulher que foi
vendida como uma prostituta — falo para machucá-la e consigo o intento,
pois a sua mão voa direto na direção do meu rosto e só não o atinge em cheio
Será que ainda não percebe que agora é minha mulher? Que não
existirá outro homem que não seja eu na sua vida?
aviso, beijo sua boca. Um beijo que encontra resistência e acaba rápido
demais quando ela morde com força o meu lábio inferior.
e, se agisse movido pela fama que tenho e na qual ela parece acreditar,
poderia me aproveitar disso, arrancar as nossas roupas e realizar o desejo que
venho alimentando desde o momento em que coloquei os olhos nela. Mas
como nem tudo é o que parece, ajo diferente.
— Gostosa demais.
— Gabriel...
— Seu imbecil!
Agora, muito furiosa, Luana vira-se para trás, pega o abajur que
estava sobre a mesa de cabeceira e arremessa-o na minha direção. Se eu não
fosse um homem ágil e bem treinado, os estilhaços de vidro teriam acertado
minhas costas em vez da porta que consegui fechar a tempo.
ela permanecerá na minha vida, pois comer sua boceta não foi o principal
motivo para eu ter me casado com ela.
— Peça para que ela entre, Dom. Dê-me apenas cinco minutos e
traga a moça — digo, levantando-me da cadeira de couro e indo para a frente
momento em que a garota entrará na cova do leão que ela deve imaginar que
eu sou. Para seu azar, Gabriel Souto é exatamente isso: um leão feroz que
toma para si tudo o que deseja. Hoje tomarei o que é meu por direito graças à
burrice de um homem que não soube controlar as próprias fraquezas — nem
mesmo em nome do afeto e cuidado que deveria ter por alguém tão próximo
a ele.
— Entre, senhorita.
que fosse e, no fundo, uso esse artifício para encobrir o impacto que a beleza
da beldade morena me causou.
Vejam bem, não sou mau ou algo do tipo. As pessoas é que são
burras o suficiente para se colocarem nas minhas mãos sem antes pensarem
nas consequências dos seus atos. Foi assim com o meu futuro sogro e com a
grande maioria dos que são tolos o suficiente para frequentar o meu cassino,
um lugar onde os prazeres não se resumem às apostas.
o seu pior lado. Um lado que normalmente fica escondido, mas que aqui pode
ser liberado. No Sensations, eles podem extravasar e cometer pecados que
vão da ganância à luxúria, do mais simples ao mais perturbador.
está lidando e, para mim, será um prazer mostrar-lhe os motivos pelos quais
ninguém, nem mesmo uma belezinha como ela, deve me enfrentar.
Dois dias. Esse foi o tempo que ela demorou para vir até aqui,
depois da fatídica noite em que dei o ultimato para o seu pai, o homem que
para mim. Não quando o pai — surpreendendo até mesmo a mim, que não
me impressiono fácil — concordou com o meu arranjo. Tudo bem que foi
com certa relutância, mas, porra! Que tipo de pai faria isso com uma filha?
que ela é deliciosa acima da média, mas mulher gostosa é o que não falta na
minha vida. Já tive um número expressivo delas na minha cama e que, no dia
seguinte, partiram sem fazer falta. Além do mais, não é como se eu estivesse
sem sexo há muito tempo. Ontem mesmo, eu transei com a minha amante
fixa, Sabrina, uma negra que sabe exatamente os termos da nossa relação. O
sexo já não é tão satisfatório, mas prefiro ficar com ela do que me dar ao
trabalho de ter que dispensá-la e explicar para outra mulher que não terá uma
próxima vez, que a noite não passou de uma troca mútua de prazeres.
com alguma mulher que chama a minha atenção quando estou com paciência
para circular pelos salões de jogos e pelos cômodos onde os casais só querem
um sofá para sentar e lá mesmo começar o serviço — que acaba onde se
iniciou e à vista de quem quiser assistir, ou em um dos quartos criados para
tal finalidade.
outra pessoa, mas não para mim. Com a convivência, minha futura mulher
entenderá que posso ser muito mais cruel do que sua predisposição para me
rejeitar e atacar.
com clareza e sou capaz de apostar um braço como garantia de que toda essa
coragem e arrogância são apenas fachada. Ela me teme, posso sentir e isso
me excita.
— Não estou aqui para bater papo. De você, quero apenas que
libere o meu pai desta dívida ridícula — pede, achando que a dívida é
irrisória a ponto de apenas ser esquecida como acaba de sugerir.
— O que a leva a crer que uma dívida de 500 mil reais será
simplesmente perdoada? — Seus olhos expressivos aumentam de tamanho.
— Só por que você quer? — debocho para que veja o absurdo que está
falando.
Mais absurdo ainda é Luana não saber o que o cretino do pai
dela fez. Por mais que agora eu agradeça por ele ter aceitado nosso acordo,
penso que, para essa moça, seria melhor estar sozinha a ter um pai como o
dela.
— Você não pode estar falando sério! — Pela primeira vez, vejo
sua altivez sofrer um pequeno abalo e, por alguns segundos, ela demonstra
não ser a mulher forte que tenta aparentar. — Ele não disse que era isso tudo.
— Aqui está.
bêbado demais para voltar para casa. Estendo o pequeno objeto em sua
direção e quando ela o pega, vejo suas certezas caírem por terra. Ela encara o
livro ainda por alguns segundos antes de voltar toda a sua fúria para mim.
— Seu miserável!
— Isso tudo é culpa sua e desse lugar! Meu pai estava muito
bem antes de começar a frequentar o que você chama de casa de shows, mas
que na verdade não passa de um antro de perdição — continua, acusando-me
sem parar para respirar ou mesmo pensar nos absurdos que está falando. —
Como consegue dormir à noite sabendo que usa a fraqueza de tolos como o
meu pai para seu próprio proveito? Será que não se deu conta de que ele não
tinha como pagar esse valor absurdo?
— Não que seja da sua conta, senhorita, mas durmo muito bem
quando coloco a cabeça no travesseiro — minto.
Meus olhos mais uma vez voam para as delícias que são os seus
peitos, mal contidos dentro do decote pouco discreto. Quer dizer, seria
discreto se ela não tivesse seios tão fartos, grandes e firmes. Olhar para eles é
esquecer das questões importantes tratadas aqui e sentir que, a qualquer
momento, posso assustá-la com uma inconveniente ereção. Luana achará que
sou um louco e realmente sou, mas este não é o momento para ela descobrir.
Essa parte deixarei para quando tudo entre nós estiver acertado.
tempo, pois não há o que ser mostrado, pelo menos não para melhorar a visão
que todos têm de mim.
— Então só lamento por você que não verá a cor desse dinheiro
— enfrenta-me, sem noção do que está fazendo. Se já não existia a
possibilidade de conseguir me convencer, ela fechou a tampa do caixão com
essa arrogância.
— Eu não entendo.
Ela realmente não tem noção do que o pai fez e chego quase a
sentir pena dela. Eu sentiria mesmo pena se tivesse um coração e uma
consciência, mas como essas qualidades não fazem parte de quem eu sou, a
fraqueza logo passa. No seu lugar, fica o prazer de lhe mostrar o quanto ela
será minha.
— Foi feita uma proposta para o seu pai e, apesar de ter relutado
no início, ele acabou aceitando e assinou esse documento aqui. — Estendo o
envelope pardo na sua direção e ela rapidamente o pega. — A dívida do seu
pai foi paga, meu bem, mas não a sua. A sua dívida comigo está apenas
começando — afirmo e, nos seus olhos, vejo o conflito entre pensar no que
— Você é...
— Seu pai vem aqui todas as noites, joga pôquer e faz apostas
perigosas. Também compra bebidas caras sem nunca pagar por elas —
explico, tendo a sua total atenção. — Para mim e para o meu sócio, é
importante que os frequentadores extravasem e deixem à mostra todas as
fraquezas ao se entregarem aos vícios. Com o seu pai não foi diferente,
deixamos ele livre para desfrutar de tudo que o estabelecimento oferecia. Foi
assim até dois dias atrás, quando eu e Lucas percebemos que enfim havia
chegado o momento de cobrar a dívida.
Não posso julgá-la por isso, afinal eu mesmo quase não acreditei
quando o homem citou que a filha daria um jeito de ajudá-lo. Quando o fato
chamou a minha atenção e ele revelou a idade dela e que não era casada, uma
ideia que parecia loucura me veio à mente. No fim, ele pouco relutou antes de
assinar o acordo, quitando a dívida em troca da garantia de que sua filha se
casaria comigo.
tem meios financeiros, ele tomou a decisão mais sábia e menos dolorosa
possível. Pelo menos para ele — emendo.
seu pai se arrependerá do dia que pisou os pés no meu cassino — ameaço
para fazê-la entender que já é minha, mesmo que não queira ou lute contra
esse fato.
trezentos e sessenta e cinco dias e você lamentará ter me obrigado a isso. Sua
vida será um inferno — ela diz, firmemente, olhando dentro dos meus olhos,
e minha reação não pode ser outra a não ser ficar excitado pelo jogo de
vontades que ela me propõe sem perceber.
a sua boca apetitosa novamente, a desgraçada morde meu lábio inferior com
o que imagino ser toda a força dos seus dentes. Além disso, ela aproveita a
minha surpresa para se soltar do meu abraço e desferir um tapa no lado
direito do meu rosto.
Ouço seu pedido e afrouxo o meu aperto. Posso ser o pior dos
homens, mas bater em mulheres não entra na lista dos meus defeitos e não
será agora que isso irá mudar. Mesmo que ela me faça perder o controle
como nem uma outra conseguiu.
Beijo-a mais uma vez e, com o gosto de sangue que torna tudo
ainda mais perigoso, ela permite ser tocada, embora o corpo permaneça
rígido. Minha língua varre sua boca por completo e quando ela começa a
muito bem com o que tenho, com o sexo descomplicado com a Sabrina, longe
de quaisquer dramas desnecessários.
— Você tem duas semanas e nada mais que isso para levar suas
coisas para a minha casa — aviso.
— Eu o amo — declara.
agora com os olhos cheios de lágrimas que mal pode conter e o corpo tenso.
— Te odeio e juro por Deus que jamais permitirei que toque no meu corpo.
Pode dominar as minhas vontades, mas não o meu corpo e os meus
sentimentos.
vez ou outra, mas se não acontecer, também conseguirei conviver com essa
escolha. — Minha fala, por algum motivo, a surpreende, mesmo que não seja
verdade. — Você não faz o meu tipo, garota. Para ser sincero com você,
garanto que não chega nem perto disso. Não precisa trancar a porta do seu
quarto, certamente não baterei na sua porta em busca de sexo, não quando
posso conseguir em qualquer lugar e como mulheres muito mais agradáveis
que você — digo, o que para mim é a maior mentira já saída da minha boca.
Uma inverdade que passa longe do que esse encontro se transformou.
— É claro que não sou o seu tipo — diz, com a voz embargada,
ajeita a bolsa sobre o ombro e, sem dizer mais nada, ruma para a porta.
— Desculpe.
Apenas pela postura e forma como olha para mim, percebo que
não é uma mulher para brincadeiras e que provavelmente é mais que uma
convidada nesse lugar pavoroso.
— Está vindo da sala do Gabriel? — indaga, fitando-me com
desconfiança e certa agressividade no olhar. — Fale, garota. Estava vindo da
— Não que isso seja da sua conta, mas, sim, eu estava na sala de
Gabriel Souto, o dono de tudo isso aqui.
que mais parece uma caverna de sala. — Gabriel não gosta que ninguém,
além dele e os amigos, se aproxime de lá — diz, intrigada, olhando-me da
cabeça aos pés.
Tudo bem! Essa pessoa não sou eu. Estou sob pressão e, ao invés
de ir para casa, chorar na cama que é um lugar quente, estou pedindo uma
bebida no local que foi o responsável pela minha ruína e que abomino com
todas as minhas forças. Mas, com diz o ditado: se está no inferno, abrace o
capeta.
— E como você sabe que não sou uma sócia? Tenho cara ou
cheiro de pobre? — indago e ele me olha surpreso, abrindo algumas vezes a
boca, sem ter certeza do que deve responder para não ferir o meu orgulho.
E agora? Que desculpa vou usar para ficar mais um pouco e ver
se descubro algo que me ajude a não ser vendida para o demônio com cara de
modelo de cuecas?
Passou o tempo em que ouvir sobre o meu peso era algo que me
atingia. Hoje, eu entendo e me aceito como sou. Sinto-me linda com todas as
minhas curvas, que são naturalmente rechaçadas em uma cultura que prega a
magreza a todo custo, em que vestir manequim 40 é sinal de beleza — um
padrão imposto e em que certamente não me encaixo.
ideal. Sofri para perdê-los durante muitos anos e, somente quando entendi
que jamais alcançaria o padrão que a sociedade impõe, comecei a ser feliz
com o meu corpo. Por saúde, mantenho sempre o olho na balança, mas fora
isso sou feliz e me aceito como sou. Feliz por saber que tenho pessoas que
me amam com 10 ou 20kg a mais.
Difícil mesmo vai ser descobrir uma forma de ir para casa, sem
correr o risco de ter a minha bolsa roubada no meio do caminho.
— Ele vai ter que parar com isso, não é mesmo? Ainda mais
demais. Aliás, não só agora, estou passando dos limites desde o momento em
que enfrentei o demônio sem pensar que bater de frente com ele só pioraria o
que já estava ruim.
surpreendo ao saber que ele viu a tal cena. Ele deve ser o tipo de pessoa a
quem os frequentadores desse antro devem pedir informações. — Eu achava
que era a namorada do chefe. Ou algo perto disso.
momento ele está terminando tudo com ela. Gabriel sabe que eu não gosto de
dividir.
— Está certo!
decência. E fascinante porque faz com que me sinta outra pessoa. Mesmo
sem querer, não posso negar que é um ambiente criado para seduzir. É
fascinante ver as mesas de jogo lotadas, o andar de cima cheio de casais aos
amassos, a música ambiente que faz os corpos se mexerem...
nunca fiz. Beber como nunca bebi e esquecer que o amanhã existirá, que
daqui há duas semanas terei que me sacrificar em nome da única família que
me restou.
garrafa de vinho.
mais velha fala, dessa vez dirigindo-se a mim. Ela parece ser a líder do grupo,
que é íntimo demais para que eu acredite que não é comum encontrá-las onde
estão agora. — Preparada para perder?
vontade de avisar que sou filha de um exímio jogador, tão bom que perdeu a
filha em uma mesa de apostas.
— Não, senhorita...?
— Gostei disso — digo, com o sorriso que não sai do meu rosto.
Não tenho motivos para estar sorrindo, mas não posso fazer nada se o vinho
caro faz parecer o contrário.
meu namorado há mais de 3 anos, a pessoa que tem sido o meu apoio nos
momentos mais difíceis.
que eu o odeie por isso, também sou dona dele, já que de qualquer forma terei
de ficar presa a quem abomino com todas minhas forças. Também o acho
atraente de uma forma que não posso evitar, me deslumbro só de olhar para o
seu rosto e o seu corpo. É o homem mais lindo que existe na cidade e pelo
a porta? — Sou ríspido com a mulher que é minha amante há mais tempo do
que posso me lembrar. Tanto tempo que não sou mais capaz de enumerar um
único motivo para continuar com esse caso.
Foi assim por muito tempo e sempre deu muito certo. Cada um
com sua vida, tendo o direito de sair com quem quisesse — coisa que faço
com certa frequência — e também terminar a qualquer momento a relação
utilitária.
Parece uma coisa muito cruel de se dizer de uma pessoa que tem
frequentado a minha cama há vários anos. No entanto, não tem como ser de
outra forma, pois se a minha intenção fosse desposá-la em algum momento,
eu teria me poupado do embate com a gostosa da Luana, a mulher que
provou, em poucos minutos, ser um verdadeiro pé no saco.
pau, admitiria que Sabrina é a escolha perfeita para o cargo. A paixão já não
existe como antes, o sexo é apenas satisfatório e a conheço bem, sei que
saberia representar o papel e não passaria por cima da minha palavra. Mas o
controle não está com a cabeça de cima, essa parte da minha anatomia está
atraída demais por alguém que tem a palavra problema escrita bem no meio
da testa.
sua irritante mania de se meter em coisas que não lhe dizem respeito.
Sei que não é pelo sexo, pois apesar de ser muito bonita e
bastante ativa na cama, não é de hoje que as nossas transas andam mornas,
quase mecânicas. Até tenho demonstrado a minha insatisfação, tudo na
esperança de ela cair em si e dar o ponto final. Mas como parece que o amor
próprio passou longe da bela mulher, acabarei tendo que fazer o papel do
vilão da história.
insatisfação tem batido à minha porta. E não tem a ver só com Sabrina e o seu
apetite sexual, que não tenho correspondido. Todas as áreas da minha vida
estão sendo afetadas por algo que não sei definir.
fui, a pessoa toda errada de antes. Sinto falta de algo que não sei o que é, mas
que reconhecerei assim que o tiver.
— Sabrina...
Lucas ao entrar sem avisar antes, um costume que antes era alvo das minhas
reclamações e agora é visto como uma benção.
— Eu mesmo, Sasa.
— É sócia? — indago.
mais suja que a do próprio diabo, descobri que além de não ter dinheiro, o
homem não tinha mais nem um bem que pudesse responder pela dívida.
Mas, mesmo sem ter nada a oferecer, ele não poderia sair livre
sem pagar ou pelo menos dar uma garantia de que a dívida seria quitada. Tive
que fazer algumas ameaças que só resultaram em pedidos de mais tempo para
levantar a grana e, no fim, na menção de uma filha que ele não queria
decepcionar.
como imaginava, mas ainda assim consegui. Ele saiu com a dívida paga e ao
olhar em seus olhos e ver o seu temor, tive certeza de que a filha não
esperaria para me ver colocando em prática a influência que tenho na cidade,
apesar da má fama.
— Você tem que ir até lá. A moça está louca, gritando com o
garoto das bebidas, como ela o tem chamado.
— Não, ela é problema meu. Deixe que eu sei lidar com a Luana
— aviso, convicto.
Luana será a minha esposa, contra a sua vontade, mas será. Estar
embriagada e falando o que não devia para pessoas que por enquanto não
precisavam saber do nosso arranjo, talvez seja só uma maneira tola de lidar
com o futuro. A mulher decidiu agir da forma mais vexatória possível e agora
só me resta tentar conter os danos.
Não dá para continuar com algo que não vai bem há muito tempo.
alcoolizada.
Luana bate nas minhas costas e, antes que vomite, coloco-a com
cuidado sobre os próprios pés.
— Você vai pagar muito caro por isso — ameaço para os olhos
amendoados que me fitam de perto.
— Idiota é você que perdeu o homem para uma mulher como eu.
— Gorda?
— Também, mas eu ia dizer: para uma mulher que prefere
comer pimenta a casar com esse tipo.
gosto estranho e minha cabeça está prestes a explodir de tanta dor. Com um
esforço penoso, acabo de abrir os olhos e tenho certa dificuldade de me
adaptar à luz, o que faz minha cabeça doer ainda mais.
Respire, Luana, você precisa respirar e pensar, coisa que não fez
ontem à noite.
vontade. Não quando eu mesma tornei tudo mais fácil para ele ao me entregar
de bandeja.
armadilha.
sua gaiola de ouro. O homem não tem limites e cada vez mais tenho certeza
de que ele é apenas um rosto bonito. Tem uma bela casca, mas por dentro é
vazio, não tem nada de bom. O que leva um homem a agir dessa forma? Será
que existe alguma razão por trás das suas ações ou o caráter duvidoso veio de
berço?
firmeza sobre as próprias pernas, sentado tão próximo ao meu corpo que sou
capaz de sentir o calor da sua respiração.
soube superar a morte da sua mãe, coisa que aconteceu há mais de 10 anos.
Ele vive às custas do seu salário, que mal dá para sustentar o barraco em que
vocês dois vivem. Afundou-se no vício em jogo e bebidas alcoólicas. Seu pai
chegou ao fundo do poço quando aceitou trocar você pela dívida que eu não
deixaria passar, concordou em não fazer oposição ao nosso casamento e em
levar o meu recado a você.
concretas.
não é o que é mídia diz, ele é muito pior. Eles o veem de longe, encoberto
pelo fascínio e a curiosidade que seu cassino clandestino — disfarçado de
boate — desperta. O homem à minha frente parece não ter coração e, se tem,
foi endurecido a ponto de não restar nada de humano nele.
gritei em alto e bom tom que era a futura esposa de Gabriel. O vexame foi
gigantesco e talvez os danos tenham sido maiores do que imagino, uma vez
que estou presa nesse quarto desde ontem à noite e não faço ideia se houve
alguma repercussão do meu show e nem do tamanho do eventual estrago.
coloca dentro do seu carro e com isso o circo foi armado. Aparentemente,
virei uma espécie de Lindsay Lohan e certamente não foi pelos bons papéis
no cinema.
— Isso está muito ruim — digo para mim mesma, mas não baixo
o suficiente.
— Ainda não...
vida está exposta de uma forma que nunca imaginei ser possível e, em
nenhum dos casos, a menção é lisonjeira. Agora sou a enfermeira que vem de
uma família humilde e se formou em uma universidade pública. De alguma
forma, sabem que o meu pai frequenta o Sensations e, por ser um lugar de
Sei que meu pai tinha um débito e que Gabriel não parece um
homem capaz de perdoá-lo, mas também sei que ele poderia conseguir outra
forma de exigir a satisfação da dívida. Não precisa se casar comigo e mesmo
assim quer. Está claro para mim que não foi meu pai quem me ofereceu de
bandeja. Gabriel assim o quis e no momento percebo o quanto é importante
— Gabriel...
— Não apareci não sua vida, você me trouxe para ela — rebato,
no fundo torcendo para que ele caia na real e perceba que está cometendo um
erro com essa loucura em que pretende nos meter.
que o odeia — como é o meu caso —, ele chega bem perto de onde estou,
acaricia meu rosto, logo depois de colocar uma mecha de cabelo atrás da
minha orelha, e diz:
última pessoa que eu escolheria como esposa, caso a situação fosse outra —
diz e a sua afirmação é recebida como um soco no meu estômago. Estar perto
dele traz à tona tudo de pior que há em mim, coisas que pareciam superadas.
— Não tenho tempo e nem paciência para ir em busca de outra pessoa, então
você servirá.
Luana. Vou voltar para o trabalho, pode ficar o quanto desejar e quando
quiser ir para casa, o motorista estará à disposição para te levar.
onde estou e que na minha bolsa tem dinheiro para, no máximo, uma
passagem de ônibus.
que momento fiz algo tão errado para merecer alguém como Gabriel Souto na
minha vida. Sim, tem que haver alguma explicação razoável para tudo isso.
Enquanto não descubro, resta esperar pelo inevitável, pelo dia em que estarei
aqui como a senhora dessa casa e não como uma visita. O dia em que me
tornarei a esposa do diabo loiro, Gabriel Souto.
Dias atuais
— Nem acredito que você está fazendo algo como isso, meu
amigo.
que passou em um teste. Dessa forma, terá que usar seu talento de atuação
vida como sempre, acrescentando somente o drama de dar uma basta no meu
caso com a Sabrina; e ela, pelo que soube através dos meus homens, tentando
seguir com a rotina de antes e fugir do assédio da imprensa. Ter seu nome
associado ao meu dificultou a vida da morena e não fiz nem um esforço para
ajudá-la a lidar com os abutres. Poderia tê-la ajudado, mas não o fiz porque
ela provocou aquela situação com seu show desnecessário. Deixei que
aprendesse a lição para que entendesse que, ao meu lado, não poderia mais
cometer erros como aquele.
Dois dias atrás, pedi que o motorista fosse à sua casa e levasse o
vestido branco desenhado por uma estilista exclusiva. Ela o fez apenas com
as medidas que eu imaginei ao olhar para o corpo muito gostoso da minha
futura mulher. Não cheguei a ver o vestido e muito mesmo o resto dos
acessórios que o acompanhavam, apenas fui avisado de que Luana tinha
recebido a encomenda, mas não garantiu a presença no próprio casamento.
fama. Também sei que não seria diferente, mesmo se eu não fizesse nada de
errado. Do mundo onde vim, não é possível se esconder, o cheiro da sarjeta é
sentido de longe. Dei motivos para que eles falassem de mim antes que os
inventassem e agora quero cuspir em suas caras que nem tudo é como eles
pensam, que Gabriel Souto faz o que quer, até mesmo contrariar o que se
espera dele.
em voz alta, mas existe também os negócios que pedem um homem casado e,
jogatinas.
com as consequências.
gente. Se jogasse, seria no mínimo estranho outro homem que não fosse um
parente no carro da noiva, que por sinal...
— Veja bem o que você vai falar, Dom. Não esqueça que
estamos falando da minha garota — aviso, preferindo acreditar que estou
apenas interpretando o papel de homem apaixonado e não tendo arroubos de
possessividade por uma mulher de quem nem gosto. No máximo, acho muito
gostosa e me desperta desejos físicos que me fazem almejar o dia em que a
terei gemendo o meu nome, enquanto lhe mostro a única coisa boa no que
estamos fazendo.
— Desculpe!
cada parte dele. A estilista fez o vestido perfeito, um longo branco, justo e
que marca cada uma de suas curvas.
enfeitado por alguns grampos que lembram pequenas pérolas; passam pelos
olhos escuros e terminam na boca carnuda e macia. Uma boca que faz
promessas indecentes de noites e mais noites de prazer e que remete a
imagens nada puras para a ocasião.
Como não tivemos nenhum encontro que não fosse marcado por
discussões, Luana e eu não chegamos a falar verdadeiramente a respeito de
fazer sexo durante o período em que estaremos presos um ao outro. Para o
bem dela, espero que não esteja com a ilusão de que nada acontecerá, apenas
por não termos conversado sobre isso. Ela será a minha mulher e, como não
tenho mais Sabrina, cumprirá seu papel de esposa em todos os aspectos, o
que me poupará o trabalho de sair à procura de outra.
Júlio está com o rosto abatido, o que faz com que eu quase sinta
pena dele.
— Oi.
Ela mal olha no meu rosto e volta a atenção para o juiz de paz.
Puxo o seu corpo para perto do meu, circulo sua cintura com um
braço e, com o outro, seguro sua nuca. Trago o seu rosto para perto do meu,
toco seus lábios com calma até que, sentido seu corpo amolecer e vendo os
olhos confusos começarem a se fechar, beijo-a com o que deveria ser um
beijo casto. No entanto, o calor da sua respiração, seu cheiro e o fato do seu
corpo estar entregue nos meus braços, faz com que eu perca o controle e a
beije da forma como gosto de beijar. Como desejei fazer algumas vezes nas
últimas duas semanas quando, pela minha mente, passava a lembrança da
Não sei se é pela tensão que paira entre nós ou pelo fato de não
gostarmos um do outro, mas a verdade é que, pela primeira vez em muitos
anos, sinto um desejo verdadeiro, uma atração física quase palpável e meu
membro endurece com um simples beijo. A última mulher que eu imaginaria
ser capaz de tal façanha está despertando tudo isso e eu não me chamo
Gabriel Souto se não a submeter a mim. Vou fazê-la sentir a mesma fome, a
necessidade de me pertencer sem que haja nada no mundo capaz de nos frear.
acabado.
— Não queria falar com você. Isso é bem diferente de agir como
uma adolescente.
— Ora, seu...
Seguro mais uma vez o seu punho no ar e vendo que não tem
ninguém nos observando — além do namorado que sustenta um olhar
assassino —, levo seu braço para as costas e falo ao seu ouvido:
dela na minha vida, comecei a agir como um moleque que não tem outra
preocupação a não ser entrar na calcinha da namorada.
agradável.
— Seu namorado? Achou mesmo que seria uma boa ideia trazer
outro homem para o seu casamento?
— Meu namorado.
de não pensar antes de fazer e falar tantas besteiras. Despeça-se dele e nunca
mais quero falar sobre isso. Enquanto estiver comigo, não terá espaço para
outro em sua vida.
— Eu odeio você!
A resposta talvez não seja tão complexa assim. É até fácil, devo
reconhecer. O que não posso admitir é que os motivos da minha raiva vão
muito além do óbvio, eles advêm de sentimentos que não estou e talvez
nunca esteja disposto a assumir. Uma fraqueza que não faz parte de quem
sou. Aquele garoto era fraco, o homem de hoje não!
praticidade de não ter que ir muito longe para conseguir a esposa ideal para
os meus propósitos, mas essas justificativas são mentiras.
Independente dos motivos que tenham nos trazido até aqui, não
posso perder meu tempo com ideias loucas que nem mesmo fazem sentido.
Por um motivo ou por outro, Luana Aguiar é a minha esposa e, se depender
de mim, como sei que dependerá, essa união não passará de um arranjo
vantajoso. Não há espaço para um casamento normal — ainda que
estivéssemos apaixonados — e com certeza não há lugar para ela na minha
vida. Não de forma permanente, ainda que ela quisesse ficar além do prazo
acordado entre nós dois.
— Minha filha?
ele propôs não passa nem perto do que se pode considerar uma pessoa
decente.
ameaçou fazer com o que meu pai pagasse de qualquer jeito, caso eu não
aceitasse a ideia de me casar com ele. Como não quis pagar para ver, fiz a
única coisa que poderia fazer sem que colocasse a vida do meu pai em risco.
— Ele fez alguma coisa com você? — Como meu pai, Gustavo
já pensa o pior, o que me deixa profundamente irritada.
— Não! Por que ele faria algum mal a mim no dia do nosso
— Não, Luana...
— Está bem, não está mais aqui quem falou, só não deixe que
isso se repita. Você é minha — afirma e não gosto nem um pouco do seu
tom.
Fala de uma forma que nunca o ouvi falar. Nunca foi ciumento,
apesar de ter alguns motivos para ser, não por minha causa, mas pela a
Esse plano idiota foi o melhor que pude pensar, mas pelo menos
é melhor do que esperar um ano inteiro para ter minha vida de volta. Minha
casa, meus amigos e meu namorado.
esperanças nesse ódio para conseguir cair fora da sua casa o mais rápido
possível. Em poucos encontros, deu para perceber que nossas brigas são
pesadas e desgastantes, por isso não sei se poderei suportá-lo por muito
tempo e creio que ele também não conseguirá. Logo estará arrependido por
ter sugerido o casamento e, neste dia, minhas malas estarão arrumadas e eu,
pronta para dizer adeus. Para sempre.
— Não posso ficar longe de você, bela. Não me peça isso, por
favor — suplica ao pegar o meu rosto com as duas mãos e me beijar, calma e
— Não toque em mim, sua vadia. Achou mesmo que seria uma
boa ideia se encontrar com esse cara dentro da minha casa? Não ouviu a
minha ordem para que não o trouxesse?
marido e, com isso, sei que está na hora de acabar com a situação
constrangedora e até mesmo perigosa.
— Não, Luana!
— Você está certa, essa conversa não vai dar em nada. — Ele
vira as costas para nós, mas, antes de sair, volta-se mais uma vez e diz: —
— Gabriel, eu...
— Cale a boca! Não quero ouvir a porra da sua voz.
sabendo que fiz a pior pergunta quando ele avança em minha direção.
— Posso ter a mulher que quiser, acha mesmo que teria motivos
para sentir ciúme de alguém como você?
Ouvir essa frase idiota desperta o pior em mim e, desta vez, ele
não é rápido o suficiente para impedir que o tapa seco acerte o seu rosto.
seria capaz de agredir uma mulher, mesmo que no momento minha vontade
seja apertar o pescoço da minha esposa traidora.
Pedi para que não o trouxesse para dentro da minha casa e, como
se quisesse me desafiar, Luana fez o oposto. Não se deu ao trabalho de fingir
para os convidados, pessoas que julgo importantes, saberem o quão
comprometido estou com o casamento e com a minha linda esposa. Ao invés
disso, veio para o jardim se encontrar com outro homem, correndo o risco de
ser vista aos beijos por qualquer um. Foi tão descuidada que só posso
maus lençóis.
Não posso negar que o que me incomodou mais foi que ver outro
homem tocando-a, beijando-a como se tivesse todo o direito de fazê-lo. Na
hora, vi tudo vermelho e faltou pouco para não dar um show que terminaria
com o meu rosto e meu nome estampados nas capas das revistas, jornais e
sites de fofocas amanhã cedo. Quis matar os dois, ele por ousar tocá-la e
Luana por deixar com que o idiota a beijasse.
É irracional e sei que não devo fechar os olhos para isso. Não
posso também negar que o homem era o namorado dela até eu aparecer na
sua vida e obrigá-la a casar comigo. Sei de todas essas coisas e nem por isso
posso controlar meus sentimentos. Sim, talvez eu tenha algum sentimento,
— Não quero mais olhar para a sua cara hoje. Por favor, suba e
não apareça na minha frente — peço.
— Não quaro subir e não vou fazer isso só porque você está
mandando. Meu pai está lá dentro e quero conversar com ele antes de ele ir
embora. Além disso, o que os seus convidados iriam pensar se a noiva sumir
no meio da festa?
— Eu não quero...
— Sou louco e é por isso que você vai ficar aqui nesse quarto. Já
falei e vou repetir: não quero mais olhar para você e muito menos ouvir o
som da sua voz por hoje — aviso e ela, como da outra vez, não reage bem.
Seu instinto é me afrontar, mesmo sabendo que não está em condições de
assustada e, de forma doentia, fico excitado por vê-la assim, nas minhas
mãos. Sei que posso fazer o que quiser com seu corpo e suas vontades. Posso
moldá-la da forma que eu quiser, como for conveniente para mim. — Não
sou o seu bem.
minha para fazer o que eu quiser. — Não aja como se tivesse poder de
decisão, pois não tem. E quanto antes você entender isso, melhor.
extremo para outro, mas ainda assim não posso deixar de me sentir
estimulado ao seu lado. Considerando toda essa bagunça, talvez seja melhor
não sentir nada e ficar só com a insatisfação. Mas o perigo que ela traz
consigo bate de frente com tudo o que sou e preciso ser. E a atração que sinto
pelo perigo é mais forte do que eu, muito mais forte.
nervosismo. E o que, para ela, é medo; para mim, é excitação. — Por que
quero.
— Então quer que eu seja sua escrava, que não tenha voz e faça
apenas o que você ordenar? — É sarcástica, mas se a intenção é me irritar, ela
certamente está fazendo isso da maneira errada.
— Você vai dar para mim quantas vezes eu quiser te comer. Fará
sem reclamar e sabe por quê? — Suas mãos estão espalmadas no meu peito,
mas não como uma tentativa de apoio ou carinho. Luana quer me afastar para
longe dela, enquanto tudo o que quero é me afundar no seu sexo e descobrir
se é tão boa quanto parece. — Você deve estar com a calcinha gotejando de
desejo por baixo desse vestido. Apesar do que sua boca diz, seu corpo tem
reações contrárias e quer que eu a toque como você nunca foi tocada por
aquele moleque que se diz seu namorado. Aliás, ele é mais um que precisarei
tirar do meu caminho, se for necessário.
— Tão decente que está apaixonado por uma mulher que foi
Será que ainda não percebe que agora é minha mulher? Que não
existirá outro homem que não seja eu na sua vida?
parede. Desta vez, envolvo sua cintura com um braço, enquanto o outro
agarra a parte de trás dos seus cabelos, segurando com firmeza a sua cabeça
para que não tenha como fugir ou se esquivar.
— Gostosa demais.
— Seu imbecil!
Agora, muito furiosa, Luana vira-se para trás, pega o abajur que
estava sobre a mesa de cabeceira e arremessa-o na minha direção. Se eu não
fosse um homem ágil e bem treinado, os estilhaços de vidro teriam acertado
minhas costas em vez da porta que consegui fechar a tempo.
fome que tenho por ela, duvido que o meu desejo acabe logo. A garota é uma
bocuda, gosta de me desafiar, mas talvez essa seja a razão de tamanha
atração. Uma febre que explorarei até me sentir satisfeito. Quando acontecer,
ela permanecerá na minha vida, pois comer sua boceta não foi o principal
motivo para eu ter me casado com ela.
ficarão fora da equação. Se não tive isso com a minha família, certamente não
esperarei de uma mulher que me odeia e que, se pudesse, obrigaria seu corpo
a não querer o meu como demostrou desejar agora.
pequena e geniosa.
Com uma das mãos, tento afastar o capuz velho e cinza do seu
rosto, mesmo que a sujeira me impeça de ver como é a sua aparência
realmente. As únicas características dele que não estão escondidas são as
mechas loiras dos cabelos compridos, que escapam pelo colarinho da camisa
e os olhos azuis, que sempre parecem perdidos.
dele, já que meus pais e professores me ensinam todos os dias a agir com
educação. Ele é muito mal-educado, mas, ao invés disso me afastar, só
aumenta a minha vontade de ajudar a pessoa que uma vez também me
ajudou.
Pena e gratidão, é o que sinto pelo garoto que julgo ter bem mais
do que os meus 12 anos de idade. É muito mais velho, a vida não deve ser
muito boa para ele porque está sempre nesse beco e, na maioria das vezes,
com um cigarro na mão. Quando percebe minha presença, trata logo de
apagá-lo e finjo não ter visto o que ele estava fazendo. Fico ao seu lado
enquanto come e sempre em silêncio. Nós nos sentamos no chão e ele devora
o seu lanche, enquanto fico apenas observando-o com curiosidade. O silêncio
nunca é ruim, pois já me acostumei e até gosto do seu jeito.
Fome ou frio.
Nunca te deixarei sozinho.
mesma a idade que eu. Eles eram os mesmos que me atormentavam na sala e,
naquele dia, pegaram minha bolsa e começaram a jogá-la de um para o outro.
Eles disseram que eu só a teria de volta quando conseguisse pegar deles. Por
cinco minutos, fiquei correndo como uma boba, de um lado para o outro e
eles não paravam de sorrir, o som das risadas me fazendo ter vontade de
chorar.
Já estava cansada, suada, com as pernas doendo e os olhos
ardendo pela vontade de chorar, quando, de repente, a brincadeira acabou.
meses e foi a mais importante para mim. Alguém de quem não posso me
esquecer. Alguém de quem sinto saudade e com quem me preocupo desde o
dia em que sumiu sem deixar rastros.
hoje, me lembrando melhor da sua voz que mal era ouvida, suponho que ele
era bem mais velho do que imaginei no início.
mexendo em uma lixeira. A cena partiu meu inocente coração de menina que
mal tinha entrado na fase da pré-adolescência. Após o flagra, passei a pedir
para que minha mãe fizesse um lanche a mais, com a desculpa de que tinha
uma colega carente na sala.
alguém tão bom, que foi capaz de me defender quando nem sabia quem eu
era.
Treze anos se passaram desde a última vez que o vi, treze anos
da época em que fiquei doente de saudade do único amigo que tive. Sim,
ninguém queria ser amigo de uma menina acima do peso e por isso me
apeguei tanto a ele. Em pouco tempo, o garoto de capuz cinza se tornou meu
melhor amigo, alguém com quem eu me sentia bem, apesar de ele ser quem
era e de onde nos encontrávamos para lanchar.
com sua frase em mente e com a ideia de que ele sempre estaria comigo, o
que me trazia a esperança de revê-lo para, pelo menos, ver com meus
próprios olhos se ele estava bem. Se estava se alimentando e dormindo,
coisas que parecia não fazer nos meses em que ainda éramos companheiros
de lanche.
poderia ter uma longa vida pela frente. Junto com a maturidade, veio o medo
de pensar que ele podia não estar mais vivo.
quando ajeito o roupão de cetim sobre minha camisola e amarro com firmeza
a faixa que fica na cintura.
Pé ante pé, desço os degraus da escada, mas logo noto que ainda
tem alguém acordado. Mal tenho tempo de dar meia volta quando,
percebendo a minha presença, Gabriel vira-se para trás e diz:
— Eu disse que não queria mais ver sua cara hoje, não disse?
Será que é tão difícil fazer o que eu pedi? Foi algo tão simples.
Sem que ele precise pedir duas vezes, obedeço-o e vou até a
cozinha, que é tão impressionante quanto o resto da casa. Bebo minha água,
mas, ao invés de subir e deixá-lo sozinho como pediu, volto para a sala e me
acomodo no puff posicionado na frente do sofá em que está sentado.
Gabriel me olha com irritação e, sem dizer nada, volta para a
bebida e o cigarro, fingindo que não estou ali. Na sala mal iluminada, o
do capuz cinza.
loiro mais escuro e cortados ao estilo militar, o que o deixa com a aparência
de homem mau, exatamente como a fama de bad boy que cultiva. O que mais
me atrai são os olhos azuis e a boca que quase nunca se abre em um sorriso.
Nas poucas vezes em isso que acontece, geralmente é uma risada cruel ou
debochada, mas seus dentes bem alinhados são lindos e não passam
despercebidos.
debochando de mim.
— Vai passar a noite inteira olhando para mim com essa cara de
idiota? — Ai está, o sorriso debochado. — Se quer dizer alguma coisa, é só
falar de uma vez, meu bem — avisa, aproveitando para me chamar pelo
— Por que você faz isso, garota? — Mal tenho tempo para uma
segunda respiração quando vejo o demônio loiro sair de onde estava e vir
para perto de mim. Ele se ajoelha na minha frente, com o corpo muito
próximo ao meu e, olhado dentro dos meus olhos, afirma: — Na primeira vez
que você falou algo desse tipo, achei que estivesse em busca de elogios, mas
agora percebo que estava enganado.
— Não sei por que você está pedindo desculpas, morena, o que
sei é que você tem que parar de falar do seu peso, pelo menos na minha
frente. Posso ser o pior dos homens, mas não a ponto de escutar calado ou até
mesmo incentivar esse tipo de coisa. Não se menospreze dessa forma — pede
e, mais uma vez, Gabriel me surpreende ao levar uma mão até o meu rosto e,
com delicadeza, acariciá-lo. — Se eu disse que você é linda, é porque te vejo
assim. Se digo que é gostosa é porque seu corpo é perfeito aos meus olhos e
deveria ser aos seus também.
— Você só está...
algum momento, sem que eu tenha percebido, abriram-se para receber a parte
superior do seu corpo entre elas. — Você deveria estar dormindo.
do cigarro e de alguma bebida que não sei dizer qual é. Da boca que torna a
missão quase impossível.
poderia acabar agora que eu não teria me dado conta, não quando meu corpo
coisas que só posso chegar a uma única conclusão: estou ferrada, muito
ferrada!
capaz de gestos e palavras carinhosas como as que ele falou antes de nos
beijarmos.
comendo uma torrada com queijo. Minha mulher está arrumada para sair, fato
que me deixa bastante curioso, já que não imagino para onde ela irá a essa
hora.
aumentou em níveis altíssimos o desejo e a atração física que sinto por ela.
Diferente do que aconteceu em algum momento ontem à noite, agora sei que
já não tenho o poder de escolher se vou ou não me envolver fisicamente com
minha esposa, pois sinto que não é mais algo que eu possa controlar.
Não acredito que isso seja mais do que atração física, até porque
somos diferentes em vários níveis e mal conseguimos ficar próximos sem
querer voar no pescoço um do outro. Acredito no poder da atração física, no
tesão, no sexo e se trouxe Luana para meu mundo pelo prazo de um ano, por
que não tornar a experiência mais prazerosa para nós dois?
Para que dê certo, ela precisa pensar que está no controle e, sem
fazer qualquer pressão, conseguirei com que venha para os meus braços, sem
que precise implorar.
— Sério?
Se não tiver feito, recomeçarei tudo outra vez e farei isso quantas
vezes for necessário, pois se há alguns dias eu estava me ressentindo com a
previsibilidade e o vazio em minha vida estava mergulhada, no momento
acredito que ela seja a resposta. É a pitada que faltava aos meus dias, o
desafio que eu estava esperando e o jogo que precisa ser vencido.
de que existe algo que a puxa e ao mesmo tempo a repele para longe de mim.
Uma batalha entre o que eu quero ser e o que eu realmente sou, do desejo de
possui-la e da vontade de protegê-la de mim.
— Oi?
momento em que puxei a cadeira mais próxima e me sentei ao seu lado, com
o corpo e o rosto tão próximos aos seus. — Acho que saberei lidar com esses
dias, afinal tenho conseguido até agora, não é mesmo?
— Você não sai sem o meu motorista. Ele vai te levar para onde
for e, como bem falou, esse assunto também não está em negociação.
— Não vou!
— Não tem como isso dar certo! — Irritado, bato com o punho
fechado no tampo da mesa e em seguida levanto-me, na intenção de me
afastar dela. Ir para o mais longe possível é o melhor a se fazer para evitar um
confronto. Foi o que, com muito custo, aprendi na pior fase na minha vida. —
Você não pode ceder nunca, porra?
— Acostume-se, pois sou assim e não será por você que mudarei
— digo sem pensar, arrependendo-me ao ver o cansaço e a tristeza nos seus
olhos.
— Não queria ter dito isso — justifico-me, mesmo que não seja
verdade. — Desculpe. Agora, dá para ser só um pouquinho menos cabeça
dura? O que custa fazer o que estou dizendo? Cedi ao seu desejo de continuar
trabalhando, por que não pode fazer o mesmo por mim?
trabalho. Desde o primeiro olhar que trocamos, não tive um segundo de paz
— Eu tenho algo para tratar com você, Gab, mas acho que pode
esperar até que esteja com a cabeça no trabalho e não na gostosa.
meios que nem sempre foram honestos e cultivando uma fama nada lisonjeira
na cidade, consegui o que tanto queria.
companhia até se adaptar à minha vida, assim como não imaginei que eu
mesmo ficaria louco para ir para casa ver pessoalmente se ela está bem.
estar usando uma camisolinha tão sexy, não para dormir sozinha.
— Me esperando?
excitado de maneira instantânea, o que prova que essa mulher precisa de bem
pouco para despertar o meu interesse. Basta a visão da bunda — muito boa
— que nem veste nada sensual, como outras mulheres fazem quando querem
seduzir seus homens. Pelo contrário, ela veste uma calcinha comum, eu diria
até broxante, se a ereção não estivesse a ponto de rasgar minha cueca.
ela dorme. Bem diferente do que acontece comigo, que só consigo dormir
Um sono tão bom que não parei para pensar em qual seria a
reação de Luana pela manhã ao me encontrar dormindo do seu lado. Tudo
depois de ter mentido ao dizer que seremos somente amigos, algo que se
depender apenas de mim, jamais acontecerá. Não quero e não posso ter
apenas uma relação platônica com Luana, não quando meu corpo queima de
desejo pelo dela.
Algum tempo depois.
Hoje, não só estou casada com ele, mas também descobri que
sua beleza é apenas uma capa. Gabriel é um homem complexo, talvez mais
do que quero perceber. Está envolvido em um negócio perigoso e eu gostaria
que se passa na sua cabeça ou se é tão difícil para ele quanto é para mim. Às
vezes, penso que Gabriel realmente esqueceu a ideia de me fazer dele, como
ameaçou mais de uma vez. Em outras ocasiões, penso o contrário e suspeito
que ele esteja fingindo algo que não sente e sendo quem não é, apenas para
me obrigar a ir até ele e pedir com todas as letras para que me leve para sua
cama.
Imagino que deve ter percebido que, da forma como estava
fazendo, só aumentaria minha resistência aos seus avanços. São teorias
criadas depois de horas pensando e que podem ser verdadeiras, mas também
podem ser apenas fruto da minha mente iludida e fantasiosa.
uma insegurança ao pensar que ele tão facilmente desistiu de me fazer sua
mulher. Essa ameaça costumava ser algo que me apavorava e agora ao pensar
que ela não irá se cumprir, minha frustração cresce.
à altura do que ela merece por me tratar tão mal sem ao menos me conhecer.
que um homem como ele não ficaria sem sexo por um período tão longo.
Percebo que ele ainda não tentou nada comigo porque está se satisfazendo
fora da casa. Se não é com essa antipática, é com outra qualquer.
com um cara que já mostrou não ter um pingo de decência e, pior, que jamais
olharia para você como deve olhar para mulheres como a beldade à sua
frente. Ela sim faz o estilo de homens como ele e não mulheres como você,
que está acima do peso, tem celulites, estrias e, de quebra, um emprego que
demanda o tempo que elas devem ter para ficar à toa, cuidando da aparência.
— Poxa, sinto muito por você ter dado viagem perdida, querida,
só que hoje eu estou aqui e você não vai se encontrar com meu marido. Sabe
por quê? — pergunto, sem deixar que ela tenha chance de responder. — Eu
não vou deixar.
—Posso até ser idiota, mas sou a mulher do Gabriel e você não
passa de uma amante.
que eu deixasse o Gustavo. Culpo-o por não saber controlar as suas amigas e,
principalmente, culpo a mim mesma por ter deixado que isso acontecesse, por
estar cega de ciúme quando não tenho esse direito.
— Não posso?
homens e eles parecem se divertir com a cena que não é nada engraçada.
Assim que eles deixam a sala, Gabriel sai de trás da mesa e vem
para onde estou.
— Morena, o que você...
O tapa que acerta seu rosto não o deixa concluir a fala e me sinto
particularmente aliviada por voltar a ver sua verdadeira face, nada do Gabriel
cheio de tato das últimas semanas. Aquele não era ele e preciso descobrir que
jogo está fazendo comigo. Mas antes, eu tenho que dizer algumas verdades e
controlar o meu ciúme sem propósito.
— Me solte!
— Avisar para quê? Para você pedir para a sua amante não vir
hoje?
— Não menti para você, meu bem. Não precisa ficar com ciúme.
— Eu não estou!
— Está sim. Não negue o sentimento que está estampado na sua
cara. Você está louca para ser minha mulher em todos os sentidos da palavra,
assim como estou louco de vontade de ser o seu homem. Fale, morena, diga
que estou enganado e nos continuamos como estávamos até um minuto atrás.
Se disser o contrário, vou fazer com você o que venho desejando há muito
tempo. — Nos seus olhos, existe a intensidade e a crueza de quem não faz
promessas que não pode cumprir. — Me fale o que você quer de mim: o
homem ou a amizade? — A sua pergunta revela que eu não estava iludida ao
pensar que ele quer mais do que minha amizade.
mais interessantes para fazer e que demandam mais tempo e dedicação de nós
dois. — Gabriel refere-se ao sexo e prefiro não pensar na cena de agora há
pouco. Prefiro conversar sobre isso depois, quando deixarei bem claro os
termos do nosso novo arranjo.
necessário. Você pode sentar ou deitar naquele sofá, te garanto que não será
nenhum sacrifício trabalhar sabendo que tenho você à minha espera. Fica,
morena?
câmeras pela tela de uma enorme TV que fica na parede à frente da sua mesa.
As imagens mostram todo o espaço do cassino e, mesmo com elas, Gabriel
ainda saiu algumas vezes para resolver problemas. Ele, apesar de
aparentemente gostar de trabalhar, não esteve totalmente concentrado no que
fazia, já que vez ou outra eu o flagrava olhando para mim. Flagrava porque
eu também estava olhando para ele. Gabriel não conseguiu esconder as
promessas e nem a expectativa do que espera da nossa relação a partir de
agora e suponho que eu também não tenha conseguido.
que nutro pelo meu marido. Quando acabar — como eu sei que vai acontecer
— não levarei o arrependimento de não ter feito o que desejei. Certo ou
errado, hoje Gabriel é a pessoa que me atrai como um ímã e não viver essa
história até onde pudermos ir deixou de ser uma opção a partir do momento
Minha presença não faria nenhum bem a ela — como não fazia
antes —, por isso prefiro não a trazer para meu mundo, nem quero que ela se
lembre de alguém que não merece um único pensamento.
Com Luana, vivi as três semanas mais atípicas dos últimos anos.
Tive o gostinho de ter companhia, de saber que quando chegasse em casa ela
estaria à minha espera, mesmo que fosse dormindo no sofá. Ter alguém para
conversar — ainda que brevemente — era algo que me fazia falta e eu não
percebia.
somente ela, a minha esposa gostosa demais para minha sanidade e que, se eu
não estiver enganado, também estava lutando bravamente para disfarçar a
atração que sentia por mim.
não pude desperdiçar. Coloquei todas as cartas na mesa e saí vencedor, quer
dizer, nós dois saímos, tendo em vista que finalmente estamos na mesma
página dessa relação que começou de uma forma, no mínimo, equivocada.
Não que ela tenha responsabilidade por alguma coisa, pois, se não a tivesse
arrastado para a minha vida, talvez jamais chegássemos a nos conhecer.
algo para entorpecer meus sentidos. Foi necessária somente a sua presença ao
meu lado, o calor do seu corpo e sua respiração contra o meu pescoço.
minha mão está em cima da sua bunda. É claro que eu estaria segurando essa
bunda macia após passar dias me coçando para tocar o que considero a oitava
maravilha do mundo. Além da minha mão, existe uma parte específica do
meu corpo que está louco para entrar na festa.
ter conseguido dormir bem ontem à noite. De qualquer forma, suspeito que
todas as noites ao lado de Luana serão assim.
ser.
— Touché!
— Não diga isso, Gabriel, todo mundo merece ser feliz nessa
vida, inclusive você — afirma com uma tristeza que eu coloquei em seu
rosto.
porque é o que eu mais desejei fazer nos últimos dias. Quero você, morena.
distração.
— Poxa, acho que posso conviver bem com esse tipo de culpa
— afirma, aos risos. — Posso até mesmo aceitar.
suas emoções, característica mais fácil de ser associada às crianças que ainda
não aprenderam a mascarar os sentimentos.
não recebeu bem o elogio e, para mim, fica cada vez mais claro que tem
problemas com o peso, algo que acho completamente irracional da sua parte,
considerando o quão perfeita ela é.
Por outro lado, sei que não devo julgá-la por sentir-se assim. Ela
é linda aos meus olhos, mas pode perfeitamente não se enxergar da mesma
forma. Eu, mais do que ninguém, sei o que é chegar ao fundo do posso, sentir
pavor de ver a própria imagem refletida no espelho e depois ter que, dia após
dia, tentar reconstruir o que há muito se perdeu.
estava tão sonolenta que nem se preocupou com essas questões. O mais
importante de tudo é que te achei ainda mais linda e continuo aqui, louco por
você e por cada curva do seu corpo que me deixa tonto de desejo.
ideal de beleza. O rosto, o corpo, tudo na medida certa. Se sinta bem com
você mesma, só com você!
dois e sem preocupações, além de decidir o que fazer durante o resto do dia.
Hoje vejo que meu namoro com Gustavo era apenas satisfatório,
que as palavras paixão e amor nunca passaram pela minha cabeça ou saíram
da minha boca. Depois do Gabriel, que em tão pouco tempo me fez
experimentar emoções e sentimentos que me tiraram completamente da zona
de conforto, já não sei se conseguirei manter os mesmos padrões de antes.
Estou certa de que vou querer mais, mesmo que não encontre. Procurarei pelo
menos pela pequena fagulha do fogo que agora incendeia meu coração.
Sempre pensei em Gabriel como o próprio demônio, loiro e
gostoso, mas, ainda assim, um demônio. Agora, tenho certeza de que ele tem
uma faceta diabólica, pois só isso explica o feitiço que lançou em mim, o
fascínio que sinto mesmo quando tenho todos os motivos para odiá-lo.
forma que passou a me tratar, passei a suspeitar que aquele homem é muito
mais do que aparenta. Pior, suspeito que ele queira cultivar a imagem que a
mídia tem dele. É triste pensar que é capaz de algo assim. Triste, pois não
existe algo que justifique sua atitude, se for realmente como penso. Na
cozinha, Gabriel me disse que não pode ficar com ninguém e me pergunto o
que o levou a ter ideias tão extremistas e tristes.
Sei que, por algum motivo, meu homem teve uma vida difícil e
talvez ainda tenha e sei também que não ficarei de braços cruzados nos
próximos meses. Farei de tudo para descobrir o que aconteceu no seu passado
e quem é o verdadeiro Gabriel Souto. Sim, sei que existe outro.
com a sunga. Talvez pelado, já que estamos em casa e essa coisa está
apertando meu pau duro.
— Então tire esse blusão que eu quero ver o que tem por baixo
dele — pede ao me soltar.
claro para mim que talvez não tivesse superado aquele trauma como eu
imaginava. Se o complexo com o meu peso fosse realmente águas passada,
eu não teria me abalado tanto com a chegada de alguém como Gabriel na
minha vida.
Beija o meu ombro e, onde seus lábios tocam, fica uma sensação
E também é inevitável.
ele sentado em uma das espreguiçadeiras que ficam em volta da piscina e eu,
sobre o seu colo. Nossos peitos estão colados, assim como nossos sexos estão
em constante contato, o que torna a tortura ainda maior.
— Tire a roupa.
— O quê?
— Não precisa pedir duas vezes, gata. Vou tirar e você pode se
sentir à vontade para olhar, principalmente, para a parte que está mais carente
definido livres para mim. Salivo, querendo lamber cada parte da sua barriga
sarada.
uma tatuagem preta, contrastando com o tom claro da sua pele. Curiosa,
chego mais perto, passo o dedo sobre o local e leio a frase em voz alta:
Ele também parece tenso pela minha reação, mas não tem tempo
piscina e colocar meus pés dentro da água, que tem uma temperatura
agradável.
confusa, sem saber como devo agir, o que sentir e no que devo acreditar a
partir de agora.
sempre muito silenciosa. Não sei se o nosso encontro foi coincidência ou algo
planejado por ele que, infelizmente, já provou ser capaz de tudo.
meu pai para conseguir se casar comigo. Sei que se ele quiser, pode destruir a
imagem que eu tinha dele e também a que venho construindo nas últimas
semanas, principalmente, de ontem para hoje. No entanto, sei que não posso
me esconder ou fugir do confronto, pois além disso não fazer parte de quem
eu sou, é também a única forma de descobrir exatamente o que está
acontecendo com minha vida.
— Vamos conversar, garoto do capuz! — É o que digo para mim
mesma em voz alta quando me levanto para ir atrás dele.
Sentada de costas para mim, ainda à beira da piscina, vejo
Luana, a mulher e a menina. A pessoa de quem eu fiz questão de me afastar
quando percebi que não era digno de sequer respirar o mesmo ar que ela. Um
anjo de bondade que me enxergou quando ninguém mais o fez, que por quase
Sem ter ideia do que estava fazendo, acabei trazendo para minha
vida a única pessoa que eu não queria ver perto de mim. Não perto o
suficiente para se contaminar com a podridão que paira em volta de mim, do
homem que, apesar dos bens conquistados, continua tão vazio quanto o
Sem conseguir parar de olhar para onde ela está, vejo o momento
em que Luana se levanta e caminha na direção de casa. Pelo pouco que a
conheço, tenha certeza de que está vindo atrás de mim em busca de
explicações que não posso dar.
Sou responsável por trazer para minha vida a mulher que ela se
tornou, mas não a amiga de uma época que prefiro esquecer, mesmo que isso
não seja possível. Ela nunca saiu da minha mente, prova disse foi o momento
de loucura em que marquei sua memória em meu peito, mais especificamente
onde bate meu coração. Eu jamais pensei que a encontraria, muito menos que
me casaria com aquela criança que tinha no máximo 12 anos.
— Por que você fez isso comigo? É algum tipo de jogo? Uma
piada?
— Se é isso que você quer, não vou insistir. Só espero que seja
muito feliz com sua consciência e sua solidão — fala antes de se afastar, indo
na direção da porta aberta. — Não espere que eu esteja sempre à sua
disposição, pois nem mesmo pelo meu pai serei capaz de suportar mais das
suas merdas. Arrumo as minhas malas e desapareço de uma vez.
Mais uma vez, estou sozinho, do jeito que pedi e na minha mente
suas últimas palavras se reproduzem repetidas vezes.
como ser diferente, não depois de tudo o que vi e vivi desde muito jovem.
Não que exista alguma justificativa para os rumos que dei para minha vida,
mas pelo menos fiz o melhor que consegui.
do meu pai e muita pena da minha mãe. Tinha dó, mas também era covarde
em não a defender por medo do meu pai, um homem que um dia tinha sido
meu herói.
perdeu de vez o controle, tentou agarrar minha mãe pelo braço e quando ela
tentou fugir, acabou escorregando. Em consequência disso, bateu a parte de
trás da cabeça na quina de uma maldita mesa de centro que tinha na casa. A
ambulância logo foi chamada, mas minha mãe não resistiu à viagem até o
hospital. Aos 33 anos, morreu a única pessoa boa que tinha me restado. O
culpado pela morte não foi responsabilizado, pois a polícia, tendo como
principal prova o meu testemunho, concluiu que foi apenas uma fatalidade.
inferno. O homem que era para ser meu pai ficou cada vez mais viciado em
bebidas, jogos de azar que ele mesmo realizava no maldito bar e drogas —
sim, ele também ficou viciado em drogas.
Como não tinha para onde ir e também não queria ficar na rua,
acabei voltando para casa, para o inferno de onde eu não conseguia me
libertar. Passei a viver com o velho bêbado como se fossemos dois estranhos
dentro do mesmo chiqueiro que chamávamos de casa. Como um sádico,
passei a frequentar e me envolver com tudo que a criança que havia em mim
abominava.
apostador em todos os tipos de jogos que o velho inventava. Como não era
bobo, ele passou a me explorar para conseguir arrancar dinheiro dos sujeitos
que frequentavam a espelunca. Não demorou e comecei a fumar maconha;
pois, para mim, era a única coisa que ainda me dava prazer. Sim, aos 13 anos,
tinha plena ciência de que minha vida era uma merda e que não tinha forças e
nem vontade de fazer algo por mim mesmo.
Parei de ir ao colégio e os becos passaram a ser um ponto de
encontro entre mim e os moleques com as vidas tão fodidas quanto a minha.
Aos 15, muito mais esperto do que o velho pensava, comecei a faturar cada
vez mais alto em cima de homens idiotas o suficiente para não perceber que
eu estava tirando dinheiro deles. Já não deixava o velho me explorar e, por
algum motivo, não gastava toda a grana com maconha. Pelo contrário,
meu pai, chamava de bar. Faturava cada vez mais com as apostas perdidas
nas mesas de jogos improvisadas por mim, muitos deles até inventados para
lucrar mais.
não estava gostando do que eles faziam com sua mochila. Meu primeiro
instinto foi seguir em frente e ignorar a cena, porém mais forte do que o
primeiro instinto foi o desejo de proteger a garota fofinha. Bom, eu protegi e
foi naquele dia que minha vida mudou, que ganhou um sentido.
deveria estar. Sabia o que fazer, mas não fiz e não só aceitei seu lanche da
primeira vez como em todos os outros momentos que me alimentou por
quase um ano. Propositalmente, sempre estava no beco onde ela sabia que me
encontraria. Nós fazíamos o nosso lanche do meio da tarde juntos e isso
acabou sendo o início de uma estranha amizade.
meses aquela improvável amizade. Nós falávamos pouco, mas sabíamos que
estávamos ali pela companhia um do outro. Não era um silêncio
desconfortável, pelo contrário, era agradável por talvez sermos duas pessoas
solitárias buscando refúgio uma na outra.
Na última vez que a vi, não tinha a intenção de que aquele fosse
o nosso último encontro, pois àquela altura já tinha outro tipo de
dependência: a fome da sua amizade, de estar na companhia da única pessoa
que não tinha desistido de mim. Como a vida é cruel demais até para quem
não tem mais nada que ela possa tirar, naquele dia meu pai foi acusado de ter
se envolvido em uma briga e assassinado um homem a facadas. Foi preso em
flagrante e nunca mais saiu da cadeia. Soube que foi condenado e recebeu
uma pena de 16 anos em regime fechado.
minha garota e não creio que teria feito diferente, caso tivesse tido a chance.
para perto de mim, ao fantasiar que poderia ter pelo menos uma fresta de luz
no túnel escuro onde me encontrava. Eu não tinha o direito de fazer isso com
ela e nem comigo mesmo.
Ver a situação extrema a que o meu pai chegou fez com que,
dias depois, eu entendesse que a internação foi a melhor coisa que poderia ter
acontecido na minha vida. Sabia que tinha ido longe demais, vivido tragédias
o suficiente para deixar de sonhar com uma nova vida sem a sombra do
passado perseguindo-me. Mesmo assim, uma certa menininha fez com que
em mim nascesse a esperança de um dia ter uma vida minimamente decente.
Ela foi a força que me fez seguir em frente.
A grana, que não era uma quantia considerável, foi usada para
pagar meses de aluguel adiantado de um apartamento pequeno e o dinheiro
da casa, que não era pouco, considerando a boa localização no bairro e o fato
de ter uma loja, guardei para talvez investir em algum negócio que garantisse
o meu sustento e uma vida minimamente confortável.
descobri que ainda existia um vício que eu não havia superado: os jogos de
azar. Mas do que os jogos, o vício por dinheiro, poder e, principalmente, a
ambição de mostrar que, apesar dos pesares, eu poderia vencer na vida.
minha mente o inferno em que vivi, o que não é cem por cento eficaz quando
a noite chega — trazendo pesadelos ou insônias — e, no auge da minha
solidão, relembro com detalhe tudo o que passei até chegar aos meus 30 anos
e quem eu realmente sou.
Não a queria em minha vida, aquela menina tão boa não merecia
ter qualquer relação com o garoto e nem com o homem que não está muito
diferente do que eu fui no passado. A diferença é que antes eu era a vítima, às
vezes nem tinha plena ciência do que estava fazendo, mas hoje eu sou o
algoz. Eu prejudico as pessoas porque quero e foi o que fiz quando, sem
qualquer remorso, a obriguei a casar comigo, um homem que ela desprezava
— talvez ainda despreze. Aprendi a não ter consideração e nem clemência
pelas pessoas, assim como a vida não teve por mim.
De tudo o que passei, acredito que nada será tão difícil quanto o
que vem pela frente. Sei que não posso tê-la como desejo, mas que também
não posso deixá-la ir embora da minha vida. Sei que é muito egoísmo da
minha parte fazer isso com ela, porém, maior que o pequeno lampejo de
consciência é o meu desejo de estar pelo menos perto o suficiente para olhar
nos seus olhos todos os dias. Para tentar descobrir qual imagem ficará: a da
minha pequena amiga ou de Luana, a minha deliciosa esposa que estive
muito perto de possuir.
que muitos dos que estão aqui vêm em busca de um escape. Quem sabe se,
assim como eu, eles não estão em busca de algo que os distraia de uma vida
de merda?
lembrar.
— Dá uma aliviada aí, garota, Gabriel já tira dinheiro demais dos nossos
maridos.
Devo ter jogado umas dez partidas e não venci nenhuma. O fato
foi visto com curiosidade pelas meninas, considerando que meu marido era o
dono do lugar. Na maior parte do tempo, realmente não sou tão ruim nos
jogos de cartas e nem poderia ser, já que tenho um pai viciado a ponto de ter
praticamente me vendido por conta de meia dúzia de fichas perdidas no
pôquer.
Em todas essas semanas, não posso dizer que não tentei, pois
seria mentira. Até a semana passada, deixei o meu orgulho de lado e tentei
uma reaproximação, mesmo sabendo que ele provocou o afastamento.
Esperei-o várias vezes, pegando no sono no sofá e quando sua chegada me
Eles estão tão perto que não resta a menor dúvida do que são. A
situação é tão humilhante que o fôlego me falta como se tivesse levado um
soco no estômago e viro para a frente novamente. As meninas me olham com
pena e elas gostam de mim, então imagino o que as outras pessoas que nem
me conhecem estão pensando.
me humilhar, para deixar claro de uma vez por todas qual o meu lugar na sua
vida. Quer dizer, a falta de lugar.
— Ele não sabia que você viria? — Sem papas na língua, Trude
indaga, como se isso fizesse alguma diferença.
— Foi um prazer estar novamente com vocês, nos esbarraremos por aí. —
Viro-lhes as costas, rumando para a saída e sentindo seus olhos me
acompanharem.
Parece que jogaram uma mão de areia seca nos meus olhos.
Quero apenas deitar na minha cama e chorar, me lamentar pela minha vida e
pelas mulheres que não verei mais. Elas são legais, um grupo que tem o
costume se reunir apenas para celebrar a amizade. Despedi-me delas já
sentindo saudades do bom tempo que passei ao lado de mulheres tão
de uma vez por todas, tenho que esquecer. É isso ou acabar como uma pessoa
amargurada e presa em uma história que jamais poderia ter dado certo.
chegasse perto da paixão que só alguns beijos e toques do meu futuro ex-
marido despertaram.
distância por imaginar que deveria afastá-la de mim. Mas não é fácil porque
desejo tocar sua pele, beijar sua boca, alinhá-la entre os meus braços por
horas a fio, apenas pelo prazer de tê-la comigo. Tudo o que senti intensificou-
se em um nível insuportável e agora os motivos parecem pequenos demais.
Eles não são pequenos, mas também não são maiores que a enormidade dos
meus desejos e dos meus sentimentos por ela. Sentimentos que tenho medo
de classificar e imaginava não ter a capacidade de sentir por ninguém.
abandonar.
Ela não pode fazer isso! Minha mulher não pode me deixar. Não
agora que eu... Eu o quê? Resolvi deixar de lado meus fantasmas e decidi que
está na hora de termos nossa chance?
tudo sob controle. Conheço cada uma das pessoas que estão aqui, seus nomes
e suas fraquezas e, como se não fosse o suficiente, tenho seus aparelhos
celulares em meu poder, uma arma poderosa que certamente levaria meu
nome para as primeiras páginas dos sites de fofocas.
— Gabriel.
— Você faria isso por causa dela? Será que perdeu a razão? A
mulher nem mesmo combina com você, é somente uma ridícula que está
acima do peso. Será que ela pensa que pode te entreter por muito tempo?
— Imagino que não, você não seria tão louco — a mulher fala de
uma forma que não sei se realmente acredita no que digo ou se está sendo
irônica.
agradeço antes de sair, sem, contudo, ter certeza se que a intenção delas era
me ajudar ou defender a amiga que imagina ter visto algo que não é real.
abrir o meu coração? Essa é uma coisa que jamais fiz, mas é um risco que
terei que correr por ela.
— Fale com o pai, Luana — ele diz, passando a mão pelo meu
cabelo como fazia quando eu era criança. Estou deitada com a cabeça nas
suas pernas, num sofá em que mal cabe nós dois. — O que aquele demônio
fez com você, minha filha? Se ele foi capaz de... — Bruscamente, seu Júlio
Seu olhar é tão preocupado quanto aflito e penso que não é justo
esconder dele o que venho sentindo, o rumo que o casamento forçado tomou
ou poderia ter tomado, caso ele não tivesse acabado antes mesmo de
começar.
— Ele não gosta de mim, pai. — revelo e isso faz com que chore
ainda mais.
— Você está chorando por causa disso, filha? Mas já não sabia
que ele não gostava de você? — As suas palavras são duras, mas não são
nada além de verdades.
— Não quero mais ficar casada com ele, pai — revelo, tentado
acalmar o meu choro para conseguir ter uma conversa decente. — Perdão,
tentei ajudar o senhor, mas falhei. Mas não se preocupe, vou achar uma outra
— Mas pai...
repensar o rumo que estava dando à sua vida e notar sua melhora me traz a
esperança de que volte a ser pelo menos metade do homem que um dia foi.
Ele já sofreu demais e merece ser feliz novamente.
Alarmada, saio do quarto tão rápido que chego a perder o rumo. A outra voz
parece muito com a do Gabriel!
Mas o que ele está fazendo aqui? Não era para estar no seu
maldito cassino, curtindo a idiota da amante?
— Meu bem!
— Tá aí uma frase que eu não suporto mais! Não, nós dois não
temos mais nada para conversar. Vá para sua casa e me deixe viver a minha
vida.
entendeu tudo errado — afirma com seriedade, olhando nos meus olhos. —
Se não tivesse ficado tão cega pelo ciúme, veria que, mais uma vez, eu estava
dispensando aquela mulher.
que quiser da sua vida, afinal, é um homem livre — minto, pois ele tem sim
que me dar explicações.
— Não! Não fale algo assim, meu bem. — Ele sobe as mãos
para o meu rosto e o acaricia. Contrariando minhas palavras, eu deito a
cabeça sobre a palma da sua mão, recebendo o carinho que não deveria, mas
sinto falta. — Nós vamos para casa e lá resolveremos nossa vida.
— Não! Eu estou falando sério, Gabriel. Você não entende que
não posso continuar? Não como passamos o último mês. Não quero sua
amizade. Eu não preciso da sua amizade, que nada mais é do que uma forma
de me machucar.
que não adianta te afastar, não adianta fugir de nós dois. Isso só te traz para
mais perto de mim, dos meus pensamentos e do meu coração.
Enquanto fala o que imagino ser difícil para ele admitir, Gabriel
vai distribuindo beijos pelo meu rosto, pescoço e colo, fazendo com que seja
difícil negar o que me pede. Sou tão vendida por esse homem — literalmente
vendida — que chega a ser vergonhoso!
— Não mudo uma palavra sequer. Não tem mais dívida a ser
cobrada e nem prazo. Nosso casamento, a partir de hoje, é um matrimônio
como outro qualquer, somente um casamento sem data para acabar.
— O que você viu, meu bem, foi seu marido dizendo para ela
que o que tínhamos acabou, pois agora sou um homem casado e fiel à minha
mulher.
— Poxa, que pena, se você não fosse tão galinha, não estaria
sentindo tanta falta.
o tempo perdido. Vou te comer tanto, mas tanto, que você ficará até
desidratada de tanto gozar.
— É uma ameaça?
Ele morde meu lábio inferior e o puxa para dentro da sua boca,
fazendo com que eu o olhe nos olhos, que estão faiscando de desejo. Sinto
seu pau ficar muito duro entre nossos corpos e o quase contato com o meu
sexo nu me faz umedecer com vergonhosa rapidez.
falando que o nosso casamento tinha acabado — revelo e vejo uma sombra
passar pelos seus olhos. — Você vem? — chamo.
— Não demoro.
causar um acidente. Não posso dirigir sabendo que tenho fácil acesso à sua
bocetinha, que tem sido a causa dos meus sonhos eróticos quando estou
dormindo ou acordado.
— Safado!
Sei que não é tão simples mudar velhos hábitos e, menos ainda,
superar um luto que já dura tempo demais para que seja considerado
saudável. Se depender de mim, ele vai se reerguer e encontrará o caminho de
adorando me provocar.
— Gabriel...
parto para cima dele. Sento-me de pernas abertas sobre seu corpo, com as
costas apoiadas no volante de maneira desconfortável.
— Quero a sua boca, ela é tão apetitosa quanto o resto deve ser.
— Enquanto fala, Gabriel desenha o contorno dos meus lábios com o dedo —
Vê-la e beijá-la faz com que eu crie imagens pervertidas na mente. — Seu
braço está envolvendo minha cintura com firmeza, fazendo com que nossos
sexos estejam em contato, sua calça sendo a única barreira entre eles. — Se
quiser, e não for chocar sua mente inocente, posso te contar.
lugar onde jurei nunca mais colocar os pés, fiz sem ter ideia do que dizer e
agora creio que foi melhor assim, sem planejamento. Abri meu coração
depois de ter entendido que não conseguiria mais ficar longe dela e o
resultado é mais doce do que poderia ter sonhado durante as várias semanas
farol sobre os nossos rostos e o motorista gritou para que fôssemos transar em
um quarto.
prioriza os desejos e a sede por aventura. Pela forma que a morena estava
sentada no meu pau, sem o menor receio por estarmos no meio de uma
estrada em plena madrugada, creio que nossa vida sexual será muito agitada e
o tédio passará longe da nossa cama.
— Não gosto quando você faz isso, seu doido. — Minha gata,
com metade da bunda de fora, reclama por estar sendo carregada. — Sou
pesada, e se você me derrubar no chão, talvez a noite não acabe como você
deseja.
Para exorcizar o que não deu certo, nada melhor do que nos amarmos aqui,
como se entre aquele dia e hoje não existisse um espaço de semanas em que
estivemos distantes um do outro.
começa a dar o seu melhor. A garota segura os cabelos curtos da minha nuca,
deixa as nossas cabeças em um ângulo perfeito e me dá um beijo que seria
um atentando violento ao pudor, caso estivéssemos em público.
tanto tempo nos devorando que é quase impossível formar uma frase
coerente.
— Sim, mas...
Faço uma imitação patética da sua voz e ela cai na risada. O que
era para ser uma foda bem safada, está se tornando um papo romântico e
descontraído — coisa que jamais me vi fazendo — e imagino que, ao lado da
minha esposa, experiências inéditas não faltarão.
— Primeira base?
grande e perfeita. Ela é o meu sonho molhado desde a primeira vez que você
entrou na minha sala e começou a gritar comigo.
por cima da camisa e ela dá um pequeno salto nas minhas pernas. — Quando
eu acabar com você, estará com a boceta toda vermelha e gasta, mas saberá
quem foi que te fodeu. Não saberá o seu nome, mas lembrará que é minha e
que só eu posso te dar prazer, apagar o fogo que você tem.
deixando a marca da sua excitação na frente da calça clara, que agora tem
uma mancha mais escura no ponto em que seu sexo estava encostado. — Tire
a porra desse pedaço de pano que mal cobre a sua bunda e fique nua para o
seu homem. Quero te ver por inteiro.
— Gabriel, não...
diferente do que imaginei que aconteceria, pensar que ela foi a única pessoa
com quem me importei de verdade, além da minha mãe, e ver a mulher que
ela se transformou, só serviu para torná-la ainda mais atraente aos meus
olhos.
seguir em frente.
Sei que problemas virão, mas também sei que sou Gabriel Souto,
minha fama não é à toa e de maneira alguma deixarei que minha mulher
sofra. Decidi me permitir e farei o que estiver ao meu alcance para manter o
mal longe da minha linda e fazê-la feliz como nunca. Essa será a minha
prioridade a partir de agora.
Olho para a minha mulher e seus olhos parecem prestes a saltar do rosto.
— É todo seu.
Pisco para minha mulher, que está muda, levo a mão ao meu pau
e começo a manuseá-lo com movimentos lentos, subindo e descendo. Como a
cabeça rosada e robusta está completamente molhada do líquido pré-gozo,
derivado das nossas preliminares, minha mão desliza com facilidade. Vendo
o espanto no olhar dela, digo:
Garanto que ele vai caber direitinho dentro da sua boceta e, depois da
primeira vez, sentirá como se ele tivesse sido feito para estar dentro de você.
dois meses de seca e frustração sexual entre nós dois, então nada mais justo
do que recuperarmos o tempo perdido com muito sexo quente e suado.
— Fiz para você, morena. Só para você. A vida é tão louca que
agora eu te tenho aqui na minha frente, tão minha, pronta para se entregar da
forma mais íntima. Vem aqui mais perto, vem!
Seu tom é de súplica e isso me basta. Levo a mão até o seu sexo,
toca-o superficialmente e, quando ela abre as pernas pedindo por mais, levo
dois dedos para dentro — como pensei, ela está muito molhada, preparada
para mim. Faço pequenos movimentos de vai-e-vem e massageio o seu
clitóris com o dedão, mas quando percebo que ela está prestes a gozar, afasto
a minha mão e levo os dedos úmidos até a boca.
novidade, já que deu provas suficientes de que é tão livre quanto eu para
experimentar os prazeres sexuais que proporcionaremos um ao outro.
exija mais do nosso físico e o que se ouve são os nossos gemidos incontidos.
Pincelo a sua entrada, coloco só a cabeça para dentro e logo tiro. Ela não fica
para trás e, como uma deusa do sexo, começa a rebolar a bunda gostosa no
meu cacete.
Por esse par de seios, sou capaz de esquecer até mesmo o meu
nome. Vejo sua barriga plana, o quadril largo e as coxas bem torneadas, tudo
nela remete ao pecado, ao vício — o maior e mais perigoso que já tive.
Sem tirar os olhos dos meus, Luana segura meu pau com força
suficiente para me fazer desmanchar em sua mão e o leva para dentro de si.
espreguiçadeira.
língua pelo local magoado. — Agora quero que você se segure firme em mim
— instruo, segurando as bochechas da sua bunda e tomando o controle das
arremetidas.
meter com mais força e velocidade. Minha morena apenas geme, implora por
mais e segura meu pescoço, já que meu cabelo é curto demais para que
alguém consiga puxá-lo.
Abro suas pernas e percebo que o seu olhar está anuviado pelo
orgasmo que fez seu corpo tremular. Quando saio ainda duro da sua boceta já
sensível, quase sinto uma vertigem pelo tesão da cena à minha frente.
Ter essa mulher toda entregue, aberta para mim, é quase demais
para um pobre mortal. A boceta está brilhando e minha boca está salivando.
Como não sou de ferro e muito menos louco, passo os dedos por cima do
sexo cheirando à tesão e espalho a umidade pela boceta depilada por
completo. Com fome, tomo o seu sexo, usando de toda a minha experiência
para lhe dar o melhor oral que ela já teve na vida. O melhor e único, a partir
de agora, pois não deixarei que outro toque no que é meu, estarei perto o
suficiente para garantir isso.
som dos seus gemidos e a súplica pelo meu nome são música para os meus
ouvidos.
— Adoro mesmo. É até bom que seja assim, pois eu não vou
mais sair de cima de você — falo aos trancos, ao mesmo tempo em que
mando ver na foda do ano. — Vou te comer todinha, bebê, e você vai gostar.
— Safado!
— Sim.
dentro dela e tudo o que eu penso é em beijar sua boca. Com olhos presos aos
dela, beijo-a na boca, sentindo o prazer do gozo varrer cada pedaço do meu
corpo, enquanto ainda a fodo lentamente. Minha porra enche sua boceta e
sinto que agora não tem mais volta, tornando-me irracionalmente possessivo.
Ela é minha e nada vai nos separar.
— Não quero mais sair daqui, morena. Morrerei nos seus braços.
íntima conexão.
— Não vou dormir tão cedo. O fogo ainda está alto aqui.
— Conte comigo para apagar esse incêndio e depois reacendê-lo
novamente, minha gostosa. — Ainda dou mais três bombadas e, com o pau
que meu pau sacuda e volte a enfurecer como se não tivesse acabado de gozar
como um louco.
começando.
— Você está dormindo? Porque, se estiver, posso te levar para
cama agora mesmo e dar a noite por encerrada. Talvez eu tenha abusado
demais do seu corpinho gostoso, minha linda — Gabriel fala baixinho, perto
do meu ouvido, mas as mãos não saem dos meus seios.
Ele está assim há vários minutos e não os larga nem por decreto.
Belisca o mamilo, puxa e massageia — meu homem faz de tudo, só não
consegue os largar.
insaciável, algo que jamais imaginei ser. — Não estou com sono coisa
nenhuma — nego, mesmo que imagine já ser umas 3h da madrugada, horário
em que costumo estar no 13º sono. Hoje, se pudesse, não pregaria os olhos.
Vararia a noite somente para ter certeza de que estou mesmo dentro de uma
parte quase sussurrado e só o som da sua voz e o calor da sua respiração são
capazes de fazer com que eu perca o rumo.
Para provar seu ponto, Gabriel leva a mão até meu sexo e tenho
um pequeno sobressalto. Ele tem razão, estou mesmo sensível e também
ardida, mas sei que foi por uma boa causa. Para ter esse homem que fode
como um deus do sexo, não reclamaria de ficar assada por alguns dias e
andando com as pernas meio abertas.
— Está vendo? Sua boceta está sensível pelo excesso que cometi
com você e por isso nós viemos para a banheira. A minha intenção era aliviar
um pouco e não transarmos outra vez — fala com calma e paciência, quase
como se fosse um pai explicando algo para filha, a diferença é que a nossa
relação não tem nada de paterna. — Agora vou te tirar daqui e a senhora irá
tenho tempo nem de ficar envergonhada. Vejo-o derramar algo que parece
óleo corporal na mão e depois espalhar pelo meu sexo. Ele o massageia com
extrema delicadeza, espalha o líquido por toda a parte e termina com dois
dedos enfiados no meu sexo. Gabriel faz movimentos de vai-e-vem algumas
vezes e, mesmo estando sensível e ardida, meu corpo não deixa de estremecer
ante o seu toque. Depois de tirar o dedo, meu loiro deixa um beijo sobre a
minha vagina e volta a se movimentar pelo quarto. Viro a cabeça e o vejo
tirar uma camiseta do closet.
chegado a se concretizar.
Essa foi uma das causas de eu ter decidido ir embora, além do ciúme —
ainda assim é inevitável, pois ele é Gabriel Souto, o meu algoz e também o
meu salvador, o meu amante e também o meu amigo de infância.
mais nada além de curtir o meu dia com a gostosa, conhecer mais sobre o seu
passado e permitir que conheça partes de mim que não a façam sentir vontade
de sair correndo. Quero fazer o máximo para merecê-la e espero que, para
ela, seja o suficiente, já que se dependesse do meu passado sombrio, eu não
seria digno de nem ao menos respirar o mesmo ar que a minha esposa.
outra forma que não fosse muito duro — uma dolorosa excitação que em
nada se relaciona com a comum ereção matinal masculina. Estar duro é
responsabilidade única e exclusivamente da sua bunda apertando-se contra o
meu pau, enquanto geme de satisfação durante o sono. Sem pudor e excitado,
agindo como um homem que se deixa levar pelos impulsos sexuais — algo
que nunca fui, pelo menos não em demasia — esfrego-me contra a bunda que
a minha blusa enrolada na sua cintura deixou nua. Levo a mão aberta até a
sua barriga, a boca até o seu ouvido e, da maneira mais sacana que posso
que transamos como dois fodidos ontem à noite — digo, mesmo sabendo que
ela não pode me ouvir e talvez seja melhor assim, pois já me entreguei
demais a essa mulher.
Luana já sabe que tenho sentimentos fortes por ela, e será melhor
que não ouça sair da minha boca a confirmação do quanto estou viciado no
seu corpo, no seu sexo gostoso e, principalmente, no que os nossos corpos
são capazes de fazer quando estão juntos sobre uma cama ou qualquer
superfície capaz de dar conta de todo o nosso ardor.
início. Braços que a repeliram, mas não para longe o suficiente. Eles não
foram fortes a ponto de mantê-la a uma distância segura, não quando a cada
respiração eu a desejava ao alcance das minhas mãos, não quando nada na
minha fodida vida tem sido mais forte do que o fascínio quase obsessivo que
passei a nutrir por ela.
ela pertence a Luana Souto, a quem eu amo de uma forma que nunca fui
capaz de amar ninguém, depois da minha mãe. Foi rápido como um furacão e
assustador. É irresistível, é incontrolável.
capaz de amar. Por ela, é capaz de matar e de morrer, afinal, é a forma como
ele sabe amar.
Preciso que ela entenda que o meu amor não é um prêmio, mas
sim um castigo para ela, que já deu provas de ser um ser humano bem melhor
do que eu um dia sonharia ser. Se fosse minimamente decente, a deixaria
livre para viver a vida dela, para ser feliz com alguém que realmente a
merecesse. Mas eu não sou esse cara, sei que não a deixarei ir nunca, não
serei altruísta a esse ponto, não com alguém que trouxe tudo a quem nunca
teve nada.
Sentidos e sensações.
a pureza da sua alma e do seu toque, afinal, até para o mais miserável dos
demônios existe uma fuga e o momento de redenção.
Louco demais.
ou se deveria já ter pulado em cima do seu corpo e entregado para ele o meu
coração e todo o meu tesão.
Não posso negar que eu quero tudo. Desse homem, eu não aceito
migalhas, não com o fogo da paixão que corre pelas minhas veias.
Com a parte superior dos nossos corpos muito juntos, ele desce a
mão pela minha barriga até achar o meu sexo, que já estava muito feliz por
sentir a sua dureza, imagine como se sentirá com o toque dos seus dedos
experientes e habilidosos?
namorando sem interrupções e sem que eu precise amordaçar a sua boca para
que os seus gritos de satisfação não assustem os pobres trabalhadores.
tudo.
— Amor?
Amo Gabriel com tudo o ele mostra e o que não parece disposto
a revelar. Amo-o com uma intensidade que não deixa brecha para dúvidas,
sei que enquanto for possível, estarei do seu lado, assim como a criança que
um dia eu fui esteve ao lado do adolescente que ele foi.
— Agora, você fica aqui que vou preparar algo para comermos
— pede levantando-se e indo para o banheiro.
leão.
ameaça da insegurança com o meu peso, coisa que eu achava que tinha
superado havia muito tempo, não foi adiante e agora, talvez por causa da
intimidade que o sexo trouxe, me sinto bem em me mostrar para ele.
falar sobre o meu peso ou mesmo quando falou diretamente sobre o assunto,
eu me senti bem, como se refletisse se valeria ou não a pena trazer à tona uma
pauta que já estava superada na minha vida.
discussões mais sérias que tivemos e sobre sentimentos que ele tentava
mascarar.
roubou toda a minha energia. — Faço charme, olhando para trás e ele beija
minha boca.
grandes demais para o padrão imposto pela sociedade. Com o tempo, percebi
que eles são uma vantagem para os meus atributos e ver o quanto Gabriel é
louco por eles apenas corrobora a certeza que eu já tinha.
— Que pena, bebê. Eu até pediria desculpas, mas não posso, não
quando tenho a intenção de fazer novamente. — Termina mordendo o meu
pescoço, fazendo com que eu deseje cada segundo dos dois dias que
passaremos juntos e sozinhos. Os nossos primeiros dias como um casal de
verdade, amando-se e descobrindo-se.
— Os dotes culinários do seu marido estão aprovados? —
Sentados à mesa, em uma cozinha que antes era esporadicamente usada por
mim para fazer as minhas próprias e solitárias refeições, pergunto para a
minha morena, que come com um prazer que dá gosto de ver.
minha gata também quer saber mais sobre mim, fatos que ainda não sei se
devo lhe contar, pois temo que ela me olhe com outros olhos. Um olhar de
julgamento.
nosso amor e a confiança necessária para que uma relação seja minimamente
saudável, mas, mesmo sabendo de tudo isso, não me sinto preparado para
arriscar, não sem antes ter certeza de que ela estará tão apaixonada por mim
que não conseguirá ficar longe, não conseguirá me deixar, mesmo que seja o
seu desejo.
em que ela passará a repudiar o meu amor. Luana saberá que foi amada da
única maneira que sei fazer tudo na minha vida: sem reservas.
curioso?
tão rápido. Creio que seja melhor assim, pois, embora eu sempre tente achar
explicações para tudo, agindo da forma mais prática possível, acredito que
para o amor não existe explicações.
Não sei por onde começar e nem como ser alguém melhor, mas,
se tem algo de que tenho plena convicção, é que irei descobrir uma saída,
principalmente, no que diz respeito aos negócios. Antes eu não tinha nada a
perder e, inclusive, achava divertido o juízo — nem sempre errado — que
faziam de mim, mas Luana está em minha vida e não posso arrastá-la para
minha sujeira.
possa se aproximar dela e para isso, infelizmente, não posso usar os meios
convencionais para garantir a sua segurança.
destino, e eu não quis perguntar, pois, se ela quisesse falar, já teria dito. Senti
que está meio incerta e não tenho certeza se ela acredita que vou detestar o
lugar para onde estamos indo ou se é outra coisa que talvez que eu não tenha
notado.
mesmo fui um dia, logo de cara, é possível encontrar garotos com cigarros
nos dedos, despreocupadamente conversando em grupos, agindo como se não
esperassem mais nada da vida.
Não deveria ficar incomodando com o fato de ela não ter falado
de mim para esse homem e imagino que nem para qualquer uma das pessoas
que ainda encontraremos pelo caminho, mas eu fico. Até ontem, não éramos
de fato um casal, não no verdadeiro sentido da palavra, mas, mesmo assim,
não gosto de saber que ela rejeitou esse título, ainda mais quando eu mesmo
deixei bem claro para todos à minha volta que não estava mais livre, que
havia me casado. É óbvio que o fiz por motivos totalmente egoístas, já que
inicialmente quis usar o status de homem casado para limpar a minha
imagem, mas, ainda assim, eu disse.
— Cris!
penteado em um perfeito black. Carla foi deixada pela mãe, uma garota de 17
anos na época e que, certamente, não tinha condições financeiras e muito
era medo de sequer pensar na ideia de que o meu amigo do capuz tivesse
perdido a vida ou se afundado ainda mais no vício.
impotência tornou-se umas das coisas mais importantes da minha vida. Vir ao
obrigo pelo menos uma vez por semana é algo que faz parte da minha rotina
desde os meus 17 anos, quando já não acreditava mais da possibilidade de
reencontrar o garoto do capuz. Vim pela primeira vez em uma visita proposta
pelo colégio e me apaixonei.
— E ele, tia Lu, é seu namorado? Sabia que o Cris gosta do Bob
que cuida dos jardins? — Carla, com a sua vivacidade, começa a tagarelar
sem parar e, ao olhar para Gabriel, vejo que ele nem pisca. Permanece mudo,
de puxar a sua perna, a criança, um pouco mais velha do que Carla, fala:—
Solta ela, tia Lu, o time está desfalcado, estávamos esperando só a senhora
chegar para continuar. — Ele parece um homenzinho, mas é apenas um
garoto de sete anos, achando que precisa cuidar das crianças menores.
o maxilar até alcançar a boca. — Você promete que depois vai me contar
direitinho a sua história com esse lugar?
que pode. Aqui fazemos doações, recreações com as crianças e até mesmo
eventos, na tentativa de levantarmos fundos e conseguirmos patrocinadores e
voluntários para ajudarem no que for preciso.
Ele vem para me beijar e, se não tivesse sido rápida, teria sido na
boca, algo que meu marido gato não gostaria nadinha, considerando o seu
jeito possessivo e a forma como repete sem se cansar que sou dele. Uma frase
que sempre considerei problemática, mas que, quando vem dele, não consigo
receber de outra forma que não seja com satisfação.
sincera, imaginando que se soubesse, não teria vindo com o meu marido,
evitando assim, qualquer tipo de constrangimento que possa vir a acontecer.
— Estava indo falar com a Maria, se me der licença. — Tento seguir em
frente, mas sou impedida pelo seu agarre no meu pulso.
— Mas como...
interferência.
Não têm!
me matar, só não sei se a atitude de fingir que eu não estou no carro é a mais
madura. Pisei na bola feio ao não ter conseguido controlar o meu ciúme e, em
nome dele, ter falado sobre a bendita noite do casamento.
Lembro-me de tudo que fiz para me casar com ela e nem posso
dizer que me arrependo, pois se não tivesse feito, não teria tido a chance de
reencontrá-la. Por ter consciência dos meus atos e do quanto foi difícil para
ela se ver naquela posição, errei em atacá-la com algo que aconteceu quando
defesa, sinto que estou pisando em um campo minado com essa coisa de
casal e de estar apaixonado. Sei que preciso aprender a lidar com certas
situações e só espero fazer isso antes que minha mulher me deixe.
disse que não queria conversar naquele momento e foi o que fiz durante todo
o dia, respeitei o seu espaço, não falando mais que necessário e somente
sobre assuntos relacionados ao abrigo.
Creio que o tempo para remoer a sua irritação pela minha burrice
já passou e não estou disposto a aturar tamanha idiotice dessa mulher.
preocupar com quem tem menos do que eles. Um trabalho ignorado pelas
autoridades públicas, mas que, mesmo assim, sobrevive.
acostamento.
morena. Estou certo de que ela o tratou da forma como trataria qualquer outra
pessoa e o cara se aproveitou da situação, o que só serviu para piorar o meu
estado.
— Sei que errei e que o meu ciúme não é justificativa, mas você
não pode me virar as costas e passar o dia sem olhar na minha cara. Sou novo
nessa coisa de relacionamento, pelo menos o tipo de relacionamento em que
eu me importo com a pessoa, mas tenho certeza de que conversar é
importante para que os conflitos sejam resolvidos.
— Você não vai, amor. — Não pela primeira vez, minha mulher
arrasta o corpo para perto do meu e eu a abraço pela cintura, sentindo falta de
tocá-la. — Você errou e talvez eu tenha exagerado.
em vê-lo tão perto da minha mulher seja por perceber o quão melhor para ela
seria se eu nunca tivesse cruzado o seu caminho.
quando quer cobrar uma dívida e como de cobrar dívidas eu entendo, tenho
certeza de que um dia Luana acordará, perceberá que ficar comigo não é uma
boa escolha, olhará para trás e ele estará esperando-a.
— Por que o seu rosto está molhado? — Sua voz doce chama a
minha atenção e demoro um pouco para entender o que fala. Seus dedos finos
passam pela minha bochecha, amparando duas grossas lágrimas que
começam rolam. — Meu amor... — Minha mulher não diz mais nada,
somente me abraça.
— Não existirá esse dia, Gabriel. Por que você está falando isso,
por que estava chorando?
conversar como não fizemos durante o dia. Deixar que me ame até que essa
sensação estranha que as suas palavras me trouxeram passe. Sequer consigo
conceber a ideia de que um dia possamos não estar perto um do outro.
Entenda que não é só porque ficamos juntos como marido e mulher ou por ter
— Amor...
confortável, mas ela não parece se incomodar e eu adoro tê-la no meu colo,
uma perna em cada lado da minha cintura e as costas contra o volante.
aquele beco sujo, correndo riscos que nem gosto de imaginar — afirmo,
enquanto, despreocupadamente, acaricio sua barriga por baixo da blusa
vermelha que faz conjunto com a saia curta que deixa suas belas pernas à
mostra.
peitoral ao abdômen.
Sendo o dia estranho como foi hoje — muito por minha culpa,
tenho ciência —, algumas coisas ditas por ele aqui no carro foram mais ainda
inusitadas e não passaram despercebidas. Gabriel tocou em pontos sensíveis
para mim ao insinuar que, em algum momento, algo poderá impedir que
estejamos juntos e, de repente, um sinal de alerta foi ligado na minha mente.
Desejei e desejo abraçá-lo tão apertado que será impossível saber onde eu
começo e ele termina. Desejo viver intensamente ao seu lado tudo o que nos
fará feliz.
ele não me pedir com todas as letras, não serão coisas externas que acabarão
monótona de antes. A vida sem Gabriel que, mesmo antes de nos acertamos,
já era melhor do que a que tinha. Pelo menos, ele estava por perto.
De tudo o que sei sobre o seu passado — que não é muita coisa
— e o seu presente, nada diminui o meu amor. Nada me amedronta
minimamente para que sequer cogite deixá-lo. Essas reações provavelmente
dizem muito mais sobre mim do que sobre ele.
cheio de temores.
O que ele não sabe é que eu o amo demais para pensar ou agir
— Isso eu não vou falar, sua gata fogosa. No caso, terá que
pagar para ver. O quanto você estaria disposta a arriscar para ter a sua foda
fantasia, senhora Souto? — Ao falar no meu ouvido, meu marido já deu um
jeito de enfiar as mãos na minha blusa por trás e abrir o fecho do meu sutiã.
— Nem brinque com isso, morena, não quero que você seja
exposta por um bando de filhos da puta.
— Mas eu quero.
— Eu vou, mas quero que você saia de cima de mim e tire essa
saia que deixou o imbecil do Gustavo de olho na sua bunda o tempo todo.
Quando partimos, tive que conferir se os olhos dele não tinham ficado
pregados na sua bunda — fala, empurrando-me gentilmente para o banco do
carona.
Ele leva dois dedos até o meu sexo. Sei que ele está escorregadio
e úmido pelo desejo que estar em cima da sua dureza me causou. Quando
toca meu sexo, já não o sinto tão sensível quanto estava pela manhã, quando
ele tão gentilmente cuidou de mim.
— Tem certeza de que está bem para fazer isso hoje? Lembro
que, pela manhã, você estava sensível e eu disse que não faríamos sexo hoje
— diz e, apesar de achar fofo o seu jeito todo cuidadoso, confesso que o seu
lado responsável me irrita um pouco quando estou cheia de vontade, como
acontece no momento.
— Está tudo bem aqui embaixo, gato. Mas não continuará assim
se você não parar de perguntar isso e transar comigo agora — digo o que nem
em sonho imaginei falar e, enquanto falo, seguro seu rosto e me insinuo
implorar:
pela base e pincelando-o no meu sexo. — Sente, meu amor. Sou seu hoje e
sempre, tome tudo que quiser. — Sei que tudo o que Gabriel fala não é algo
dito apenas no calor do momento.
Por vários minutos, o som das rodas dos carros correndo pelas
pistas é a trilha sonora que parece longínqua. Dentro do carro, os nossos
gemidos altos e os nossos corpos se batendo falam por nós, sem que nada
mais precise ser dito por um bom tempo. Gabriel retarda o nosso alívio pelo
máximo de tempo que pode e, quando enfim se cansa, nós dois já estamos
completamente exaustos; e os vidros do carro, embaçados. Cansados, porém
felizes.
tanta paixão, agora que tenho coisas mais interessantes para ocupar os dias,
as horas e cada pensamento meu.
onde fugiu quando decidiu que não queria mais estar casada comigo.
Felizmente, fui abençoado com a sorte de ela ser tão apaixonada por mim
quanto eu sou por ela e acabou voltando para casa. Nas primeiras semanas,
nós só pensávamos em sexo. Era estarmos juntos e as roupas deixavam de
existir nos nossos corpos. Hoje, creio que não existe um único pedaço de pele
do seu corpo que eu não tenha tocado e me deliciado em fazê-lo.
Quanto mais o tempo passa, mais à vontade fico com ela e com a
confiança que passei a nutrir na minha morena e na nossa relação. Até chegar
ao dia de hoje, dia após dia, as barreiras que por anos fiz questão de criar a
minha volta foram desmoronando. Elas ficaram baixas a ponto de eu
conseguir falar sobre o passado.
Quando cheguei ao fim do que julguei ser algo que jamais faria,
ainda pude ver meu amor na minha frente, olhando-me com o mesmo olhar
de sempre. Da sua boca, saiu uma única frase, repetida a cada nova revelação
do meu passado.
Eu te amo.
minha vida.
tenho algo a perder, a única coisa que me importa. A única família que eu
tenho.
Hoje, tenho medo do que pode acontecer comigo por causa da minha mulher.
Hoje, sinto a necessidade de me proteger por todos os lados para que nada a
atinja, pois eu até posso viver longe dela, mas nunca em um mundo em que
ela não esteja presente.
digo:
— Oi, Dom. Sou eu outra vez. Peça para a minha mulher vir
aqui, por favor. — Desligo. No momento, o que mais preciso é estar com ela,
segurá-la entre os meus braços e sentir o seu cheiro.
existissem, não haveria por que temer. Luana e eu temos vivido como
qualquer outro casal, tendo dias bons e outros nem tanto, todavia, a
normalidade é só nas aparências. No íntimo, só eu sei o medo que venho
sentindo.
todas a tratam muito bem e parecem realmente tê-la integrado ao grupo que,
por anos, existe aqui no cassino.
a chance de alguma coisa dar muito errado e então ela me verá com sérios
problemas com a justiça.
Abri mão dos fins de semana no Sensations, pois eles são todos
dedicados a ficarmos juntos, seja em casa ou em algum passeio que minha
mulher tem prazer em planejar. Às vezes, saio para buscá-la no hospital e, em
outras, ela vem com o motorista direto para o cassino. Seu tempo aqui é
dividido entre jogar com as amigas, que ela chama de lobas, e ficar me vendo
trabalhar aqui no escritório. Não posso afirmar que me ver trabalhando e
jogar seja sua única atividade por aqui, considerando que, nos últimos meses,
nós dois batizamos grande parte do lugar. Transamos aqui na sala, nos
pegamos na ala dos sofás, perto das mesas de jogo quando já estava fechando
e, por fim, como dois adolescentes, demos alguns amassos em cada corredor
pelo qual passamos.
— Não tem como esquecer, meu bem. Assim como não posso
esquecer que ainda não é meia-noite e o movimento está grande. Eu não
quero ter que matar Lucas ou Dom por entrarem aqui e verem a minha
mulher sem roupa.
— Ciumento!
— Gostosa!
algumas suspeitas e uma hipótese é pior que a outra. Existe uma pessoa de
quem há muitos anos sequer tenho notícia e se as minhas suspeitas estiverem
corretas, talvez eu esteja, pela primeira vez, correndo o risco de me dar muito
mal.
Acaricio seu rosto e, vendo que não vai adiantar discutir — não
quando o que está em jogo é a sua segurança —, ela simplesmente balança a
cabeça em concordância.
Enquanto caminho para porta, meu coração começa a doer, o
peso dos meus erros e do passado ameaçam se abater sobre os meus ombros
e, ao invés de sair de uma vez, como Lucas acabou de fazer, cometo o erro de
parar e olhar para trás. Vejo Luana com os olhos anuviados e sei que ela
também está com medo. Mesmo sendo a mulher forte, a ideal para estar ao
meu lado, Luana permitir-se fraquejar, como qualquer outra no seu lugar
faria.
Quando dou por mim, já fui até ela e a prendi entre os meus
braços. Abraço o seu corpo, mente, coração e me deixo ser abraçado com a
mesma intensidade. Assim que, com cuidado, tiro seu rosto do espaço entre
meu pescoço e meu ombro, digo as palavras que não necessitam de
complementos, por si só bastam.
algo mais grave e ele não quis falar na frente dela. — Em um minuto, estarei
de volta e, se você quiser, podemos dar a noite por encerrada e irmos para
casa.
Beijo seus lábios de leve e, sem olhar para trás, dessa vez para
não fraquejar, saio da sala.
— Não. Ele disse que é o seu pai — revela antes que eu esteja
poço, quando ainda era jovem demais para carregar no ombro cargas tão
pesadas. O homem que estava preso por ter matado alguém e que, durante
todos esses anos, preferi me esquecer da existência, assim como ele se
esqueceu de ser meu pai.
mais perto e coloco os olhos no homem que não vejo há mais de 12 anos.
trabalho e estudos.
mãe.
Apesar dos seus 58 anos, o homem ainda é vivaz e, por mais que
esteja fingindo simpatia, só eu sei o que ele pode esconder por trás do olhar, o
quão astuto é. Sei porque várias dessas nuances eu herdei dele, características
que passei a repudiar depois de me apaixonar por Luana.
dissimulado ele pode ser e não dá para confiar que alguns anos atrás das
grades o tenham transformado em alguém melhor.
— Não quer, mas terá que me dar a grana, seu moleque — diz.
Estava demorando, mas, enfim, ele mostra a sua verdadeira face, não que
tenha me enganado em algum momento, mas dou um desconto pela tentativa.
shows.
entanto, aqui estou eu, melhor do que nunca. Volte para o buraco de onde
saiu e esqueça que eu existo, pois eu há muito tempo me esqueci de você.
consome de uma forma que jamais aconteceu. Medo semelhante senti apenas
quando cheguei perto de perder a minha mulher.
poderia deixar de ser, ela entra na onda deles e os ajuda na missão de tentar
acabar com a minha paciência. Com a convivência, minha esposa e meus
amigos acabaram tornando-se próximos e tal fato é mais uma prova de que
ela está envolvida em tudo que diz respeito à minha vida, muito mais do que
deveria, um erro que eu não poderia ter cometido, já que Luana é boa demais
para o meu mundo. Se fosse um homem melhor e pensasse menos em mim,
teria tido o cuidado de não a colocar em situações que ela talvez não saiba
lidar.
Luana merece mais, muito mais do que ter seu nome atrelado a
escândalos.
esperar mais um pouco para pelo menos entender o que está acontecendo,
aproximo o meu ouvido da porta e reconheço as vozes. Não posso acreditar
no que está acontecendo, que ela teve a audácia de fazer isso com a minha
mulher.
— Você é uma tola, não é mesmo? — Com a mão na maçaneta,
ouço uma voz feminina e não é a da minha esposa. — Eu poderia até sentir
pena de você, mas acho que não merece.
vinda — Luana diz e sei que não vai abaixar a cabeça para os venenos da
outra mulher.
primeiro me encantou, mas com certeza foi o seu coração que me fez amá-la
com loucura e de maneira irreversível.
saco. Nunca por convite meu e muito menos para fazer sexo. A minha
escolha de não levar mulher alguma à minha casa também se estendia ao meu
escritório e, ao dizer o contrário, Sabrina apenas demonstra o quanto pode ser
dissimulada e perigosa.
interfira. Acredito até que ela ficaria irritada se eu entrasse, agindo como o
salvador da pátria.
da sua boca? Por que não supera o fato de ter perdido Gabriel? Se ele
quisesse, ele estaria com você e não comigo — Luana rebate.
Para mim está claro que a mulher inventou uma teoria na sua
— Mas é claro que sei, não precisa ser muito inteligente para
saber que esse casamento de vocês não tem futuro. Vocês não têm nada a ver
um com o outro. Tenho certeza que você tem um espelho em casa.
A cada palavra saída da boca da mulher, mais irritado me torno,
pois sei das inseguranças da minha morena e isso deve estar afetando-a mais
— Aceite que ele está te enganando. Para você, deve fazer juras
— E por que você veio até aqui me contar todas essas coisas se
está tão satisfeita em ser a outra? Uma simples amante. — Aparentando uma
calma que sei que não está sentindo, a morena pergunta e não posso crer que
esteja acreditando em todas as mentiras que Sabrina conta.
que Sabrina tem a dizer e assim me dou conta de que talvez a nossa relação
não seja tão sólida quanto parece ser e que, entre nós, não existe a confiança
que se exige dos casais.
homem como Gabriel levaria a sério uma mulher como você? Se enxergue,
garota! Você pode até ser bonita, mas está acima do peso e é apenas por esse
motivo que ele se interessou por você. É diferente de todas as outras e
Gabriel viu a oportunidade de casar com uma garota comum.
— Como você...
Entristeço-me por ela ter sido obrigada ouvir a última parte e que
seja verdade. Eu disse mesmo que estava pensando e me casar e que ela não
era uma opção. Só está errada em acreditar que busquei em Luana uma garota
simples e menos bela.
A sua vaidade só não a fez enxergar que era com ela que eu não
queria casar, que se precisasse mesmo de uma pessoa simples e menos
bonita, minha Luana não preencheria tais requisitos, porque, aos meus olhos,
ela é uma das mulheres mais lindas e deslumbrante que já conheci. Linda,
gostosa e nada comum.
— Bom, vim aqui como uma amiga, mas já vi que você prefere
viver na ilusão. Acreditando em uma mentira.
mira do que pensei e nem mesmo posso dizer que estou com pena da mulher
totalmente apavorada. Quando quer, minha morena consegue ser assustadora
e isso me excita como o inferno. Eu amo uma mulher forte e que sabe se
defender sem precisar da minha interferência.
— Gabriel, eu não...
mereça de verdade.
relação.
decisão me deixa doente e de coração partido. São momentos como esses que
me fazem pensar que era bem melhor quando eu acreditava que nem mesmo
tinha um coração para ser quebrado.
— Não temos mais nada para falar, foi você quem quis assim,
adeus! — Viro as costas e saio sem paciência para ouvir qualquer coisa que
deixe a sua boca, quando a minha mulher está sozinha dentro da sala e não
sei o que se passa pela sua cabeça depois de tudo que ouviu.
preocupação que já estava sentido antes, fico magoado por ser privado do seu
corpo, ainda que seja somente o seu ombro. Há meses, eu tenho acesso e total
liberdade de tocá-la onde e quando eu quiser, assim como ela faz com o meu
corpo. Estar nessa situação me faz ter ganas de matar a maldita Sabrina.
lugar em tudo e se um dia tiver que provar isso, farei sem pensar duas vezes.
o faturamento será alto, mas nada disso tem sentido se não estou bem com a
pessoa que mais amo nesse mundo.
Ela sobe as escadas, tornando cada vez mais difícil entender que
está magoada e muito insegura com tudo o que aquela infeliz disse e que, na
sua cabeça, pode estar fazendo todo sentido neste exato momento.
que tome o seu banho e esfrie a cabeça, que pense em tudo que vivemos e os
motivos pelos quais não deve acreditar em nada do que saiu da boca da
Sabrina.
— Tudo bem, vá. Vou beber alguma coisa e depois subo para
tomar banho — aviso, para o caso de ela querer fugir para o seu antigo
quarto.
decidimos dar uma chance ao nosso casamento e não será Sabrina, com o seu
veneno, quem irá fazer algo assim conosco.
eu nunca mais o verei, assim como ele fez por 13 anos seguidos. Hoje, tudo o
que eu não precisava era ouvir uma ex-amante tentando envenenar a minha
mente, trazendo à tona o medo e todas as minhas inseguranças.
Não acredito que faça por mal, talvez ele esteja mesmo
acreditando que me ama, quando, na verdade, assim como afirmou Sabrina,
está confundindo paixão e desejo carnal com amor. Talvez eu seja mesmo
apenas uma novidade na sua vida e quando ele se cansar, volte a sair com a
Sabrina ou qualquer outra mulher, deixando-me com o coração aos pedaços
por ter acreditado em uma ilusão.
Me sinto mal por ter deixado que ela me afetasse dessa forma,
por estar duvidando do amor do meu marido. Por estar chorando por causa de
uma cobra que não fez nada além de tentar me humilhar desde o nosso
primeiro encontro.
essa atitude, apenas o amo mais um pouquinho, isso mostra que ele se
importa comigo, mesmo que depois descubra que não é amor.
Mesmo que depois descubra que não valia a pena lutar por esse
casamento e pela felicidade que estávamos vivendo até o dia de hoje.
Tendo uma reação desproporcional para as minhas ações, meu marido grita,
enquanto de um lado a outro, vejo-o caminhar pelo quarto, para longe de
mim.
pesando nos meus ombros, não tenho forças para agir diferente e então
devolvo na mesma moeda:
agindo como uma criança mimada? Quando vai crescer e se comportar uma
mulher adulta?
insegura, depois de tudo que aconteceu, não acredito que ele tenha sido capaz
de me trair, que tenha estado com a Sabrina ou com qualquer outra mulher.
Gabriel pode até ter cometido uma série de erros, pode um dia descobrir que
nunca me amou, mas hoje eu sei que ele me quer, que é sincero e fiel.
então pego o seu travesseiro e o levo até o nariz. Sei que preciso pensar e me
acalmar, tudo que aconteceu hoje foi demais para mim e, mesmo assim, não
tinha o direito de tratar o homem que eu amo da forma como tratei. Sei que,
se ele chegou a ponto de falar todas aquelas coisas, foi porque o magoei
Gabriel me ama. Da forma como ele aprendeu a amar, me ama e mostra isso
todos os dias, em cada gesto seu.
mulher e foi uma das coisas mais difíceis que já tive que fazer. Por mais que
a minha vontade fosse ficar, preferi sair, antes que falássemos coisas graves
demais e sem volta.
com ela?
O pior de tudo é ver que duvida do meu amor, mesmo que não
tenha dito com todas as letras, nos seus olhos vi a desconfiança. Não importa
o que eu tenha lhe dado desde o dia em que nos acertamos. O quanto tenha
me aberto para os sentimentos que surgiram entre nós de maneira tão rápida e
espontânea.
O que tenho com Luana é transformador, sentimentos que, dia após dia, me
tornam alguém muito diferente do que sempre fui. São mudanças que sinto e
não tento controlar, pois o meu amor por essa mulher, forte e às vezes louca,
é uma benção e não um fardo. Tem o poder de me fazer bem, nunca mal.
Assim que saí, ainda das escadas pude ouvir seus gritos e
xingamentos. Em seguida, ouvi o som de coisas sendo quebradas em meio ao
choro copioso que veio depois dos gritos. Minha vontade foi de entrar
novamente e tentar acalmá-la, mas, ao pensar bem, decidi que o melhor para
nós dois seria ficarmos cada um no seu canto. Apesar de amá-la muito,
também estou muito chateado com a sua falta de confiança, então, sim, no
momento é melhor ficarmos longe um do outro.
escondem.
aqui, tendo essa conversa, e não no nosso quarto, dormindo ou fazendo coisas
mais prazerosas, que todos os casais costumam fazer. — O que está fazendo
aqui?
— Amor...
fim de me desafiar. — Não precisa responder, deixe que eu mesma faço por
você. Não vai fazer nada, pode até fugir para qualquer lugar dessa casa, mas
eu vou atrás de você para onde quer que você vá. Não vai se livrar de mim,
não sem antes deixar que eu fale.
— Luana...
momento, estou me segurando para não sorrir, pois sei que a sua vontade é
me atormentar até ser ouvida e perdoada.
em dúvida e, ainda assim, me custa resistir e não a agarrar agora mesmo, sem
antes termos a conversa que precisamos ter.
escorrer a baba, vejo a gostosa morena, de uma forma muito sensual, desatar
o nó do roupão negro e, quando ele cai embolado aos seus pés, tenho a nítida
sensação de que a minha alma está saindo do corpo.
homem, ainda mais se esse homem acredita que jamais deixará de ficar
surpreso por ver o quão linda é a sua esposa.
— Só quero que me perdoe por ter sido tão idiota com você —
afirma, vindo para perto, perigosamente perto. — Você me ama, eu sei disso.
Perto demais.
frente para mim, uma perna de cada lado do meu quadril, e os seios, esses
estão praticamente colocados na minha cara. Meu corpo rapidamente se sente
estimulado e acredito que será difícil usar a boca para conversar.
não penso em nada que não seja jogá-la em cima de qualquer superfície e
fodê-la por horas a fio.
— Será que pode me perdoar por ter sido tão idiota? O amor que
nós sentimos tem de ser mais forte do que as provocações de uma mulher
desalmada, que não aceitou perder o homem, ainda mais para alguém que ela
considera...
— Sei que não conseguiria, por isso vim preparada para a guerra
— insinua-se e, com certeza, também estou pronto. Muito pronto.
— Não pense que está tudo bem entre nós dois. Você ainda tem
que me convencer a te perdoar por ser ciumenta e louca.
Quando está para sair das minhas pernas, ainda tento impedir,
mas ela apenas estapeia a minha mão e segue com os seus planos.
na minha boca e, em seguida, as mãos vão direto para o botão da minha calça
escura. Sem olhar para o que está fazendo, Luana desce a calça com a cueca
junto e, alegre, meu pau pula para fora. Quando tenho a calça embolada nos
tornozelos, a mão habilidosa segura o meu membro e, sem nada dizer,
começa a me masturbar. Lentos e torturantes movimentos que suscitam em
mim a vontade de ranger os dentes.
— Vejo que alguém aqui está animado! Será que está carente de
atenção? — provoca, ajoelhando-se diante de mim, enquanto termina de tirar
o sutiã.
o até que leve com você cada gota da saudade que tem sentido dela e da sua
boceta.
— Fale isso para o meu pau — provoco e a gata não deixa por
menos.
muito próximos, afirmo: — Você pode ser tudo o que quiser. É a minha
enfermeira competente e sexy para caralho. É a minha mulher e, mesmo que
tenha sido praticamente vendida em troca de uma dívida, eu não sou o seu
dono, é você quem exerce controle sobre mim, sobre meus pensamentos e
meus sentimentos. Sou seu, Luana Souto, apenas seu. Para mim, não existe
ninguém, apenas você, hoje e sempre. Só você — afirmo com convicção e,
aos invés de voltar ao que fazia antes, minha gata se levanta, se joga
novamente sobre o meu colo e então finalizo: — Um dia, se tudo parecer
muito difícil, você vai se lembrar de tudo o que estou dizendo aqui e agora.
Ajudará a lembrar as minhas palavras e a veracidade delas — Sinto uma
estranha necessidade de dizer isso.
dentro do seu corpo. Jorro a minha semente que um dia encontrará destino
certo.
prevenir, justamente por não querer no mundo alguém com os meus genes
ruins. Por saber que não seria um bom pai para qualquer criança. Com a
minha linda, essa ideia deixa de ser assustadora, sei que, quando acontecer,
serei um bom pai, não tem como ser diferente quando a criança terá uma mãe
tão boa e amorosa quanto Luana Souto.
dentro da bunda, fato que me deixa em vias de babar sobre a pele da sua
barriga. Com o dedo indicador e o médio, aliso sua boceta por cima do
pedaço de tecido e depois, tendo os seus olhos vidrados, observando todos os
meus movimentos, tiro a peça, descendo-a cuidadosamente pelas suas pernas.
— Eu sei, bebê. Seu corpo fala por você e no momento ele diz
que necessita ser preenchido por seu homem.
desejos e suas vontades como ninguém e sei o quão sedenta por mim ela está.
época não tenhamos enxergado isso — afirma, ainda tentando me puxar para
dentro.
— Fale por você, pois eu, apesar de ter te achando chata pra
caralho, quis te comer no momento que coloquei os olhos na sua bunda, nos
peitos que só faltavam pular para fora da roupa e essa boca? Porra! Visualizei
ela em torno do meu pau.
— Safado!
— Me foda!
— Agora.
Marcas que não se restringem apenas aos seios, pois a minha boca também se
aventurou pelo pescoço, em que o vermelho do chupão a obrigará a andar
com os cabelos soltos. Elas também estão espalhadas por sua barriga e em
lugares onde somente eu poderei ver.
Assim tem sido entre nós. Não importa o que aconteça, no fim,
sempre estamos bem e espero que continue desse jeito.
— Está tudo bem, linda. Não se preocupe, todos foram para suas
casas, menos os seguranças, mas acho que, de onde estão, não tem como eles
ouvirem os seus gritos.
—Ei, está tudo certo, bebê. Ouvi o mesmo que você ouviu e sei
o quanto deve ter sido difícil. O importante é que ela não conseguiu nos
atingir, e nós estamos bem — Tendo levantado o seu rosto para que olhe
dentro dos meus olhos enquanto falo, termino com um beijinho na ponta do
seu nariz arrebitado.
— Sim, estamos bem.
de ver na minha frente. Volto a afirmar que não há nada em você que não seja
perfeito. Espero que se veja como eu a vejo e nunca deixe ninguém te
convencer do contrário.
— Te amo.
— Não, quando a gente ama tem dessas coisas. Eu, por exemplo,
sinto um prazer indescritível ao ver você cozinhando para mim. É excitante
— diz, abocanhando mais um pedaço da omelete. — Fico com vontade de me
— Você é tão safada, senhora Souto. Não veja isso como uma
reclamação, amo que seja assim.
— Assim?
Em uma rotina que antes não pensei que poderia um dia estar,
sinto-me satisfeito com as pequenas coisas dentro de uma relação que não
teve as fases normais para um casal. Não tivemos a fase do namoro ou do
noivado, nos casamos antes de saber qualquer coisa sobre o outro e, ainda
assim, Luana e eu agimos como se todas essas fases tivessem sido vividas.
Nós nos damos bem quase sempre e nos conhecemos como se a relação já
aceso na minha cabeça e então me pego dando mais valor às pequenas coisas.
Situações que o dia a dia corrido não permite que a maioria das pessoas deem
importância e, quando não podem mais vivenciá-las, talvez a dor da saudade
passe a ser sufocante.
O homem que se diz meu pai fez ameaças, escolhi não ceder à
— Você ainda não fez por merecer e para que eu aceite passar
pelo constrangimento de andar de pernas abertas por uma semana, terá que
me convencer de que merece tal prêmio. Imagino que seja um prêmio, não é
mesmo? — provoca. — Nunca vi você querendo tanto algo como deseja o
sei se é por medo do sexo anal ou se é para me provocar, só sei que não posso
ver a hora em que poderei sentir que a tive de todas as formas possíveis.
— Boca suja!
— Gostosona!
administração do lugar.
bom homem e que ainda nutre sentimentos pela morena. Ele seria o par ideal
para ela, caso eu não estivesse na sua vida. Para o seu azar, estou e Luana me
ama.
Do centro, Luana foi visitar o pai, coisa que não deixa de fazer,
pois, apesar de ter feito o que fez a ela, a morena não é de guardar
ressentimentos e ama o velho de uma forma que faria qualquer um acreditar
que ele sempre foi um bom pai, o que passa longe de ser verdade, se
pararmos para lembrar em que circunstâncias nos casamos. Ela está feliz por
por estarmos juntos. Minha gata sempre fica exultante quando vai ao centro e
à casa do pai, o que para mim é muito bom, pois da sua mente tira quaisquer
preocupações que não valem um único pensamento seu. Ontem quando,
quase dormindo, perguntou o que de tão sério acontecera para o Lucas ter ido
me chamar, menti ao dizer que não era nada demais, apenas uma briga em
uma das mesas de pôquer. Sobre a minha afirmação, não fez nenhum
comentário, apenas deixou que o sono a levasse e, se acreditou nas minhas
palavras, não sei dizer, já que ela não tocou mais no assunto.
Creio que seja melhor assim, não quero que encha a cabeça,
preocupando-se com algo que não vale a pena.
— Nem parece que alguns meses atrás não sabia nada sobre ser
um marido.
— Estou me saindo bem, eu sei. Pode dizer, esposa.
da forma como falou, sei que quer muito ser mãe um dia.
— Algo que jamais passou pela minha cabeça, mas com você eu
quero tudo, inclusive ser pai de um filho que te tenha como mãe, mas, como
você mesma disse, não precisar ser agora. Antes de colocar um bebê aqui —
minha mão vai para o seu ventre —, quero ter você só para mim por um
tempo. Inclusive, convencê-la a liberar o cuzinho.
— Só pensa nisso?
— Negócio fechado.
conheceria o sofrimento e nem saberia o quanto a vida pode ser dura, mesmo
com as pessoas que não merecem. Como não está nas minhas mãos o
controle de tudo, torço para que Luana seja forte e resista, pois algo me diz
que em breve ela precisará ser.
— Mais rápido, amor. — De cima dela, tendo a melhor visão
que poderia existir, ouço a voz da minha mulher suada, ofegante e
implorando por mais. Quanto mais ela pede, mais rápido meto dentro da sua
boceta, que se tornou o meu maior vicio.
momento está cheia d’água, com vontade de chupá-los até deixá-los sensíveis
a ponto de ela se excitar sempre que o tecido da peça de roupa entrar em
— Gabriel...
Tão ávido quanto a minha boca no seu seio, é o seu tesão e então
ela enrola as pernas na minha cintura, na tentativa de nos deixar mais
próximos. Luana consegue o que quer, pois estou tão profundamente dentro
dela que nada passa entre os nossos corpos, nem mesmo vento.
São sentimentos que chegam e não posso reprimir, pois sei que,
qualquer dia, talvez eu não tenha mais a chance de fodê-la com paixão ou
amá-la com carinho.
— Não sei, você tem estado mais calado nos últimos dias.
Parece bastante pensativo e preocupado com algo. Por que não se abre
comigo?
mentir nunca foi difícil para um homem como eu. — Agora, vamos parar de
conversa e entrar porque essa grama está dura demais e pode prejudicar as
costas da minha gostosa. — Mudo o foco da conversa com o convite e uma
mordiscada no seu lábio inferior.
amistoso. Ela me conhece e deve ter notado a minha falta de surpresa com a
aparição do meu pai na mídia.
— Ameaçado?
Ela se vira de frente para mim com tamanha rapidez que preciso
dar um passo para trás para evitar o choque dos nossos corpos.
— Mas eu não.
Talvez por querer o mesmo que eu, ela não diz mais nada,
apenas deixa que eu a tome da forma como preciso, em cima da mesa, dentro
do meu escritório e corresponde à altura, porque ela sabe que a notícia da
volta do meu pai me afetou.
Eu tento, mas não consigo afastar a sensação de que pode ser a última vez,
uma despedida de tudo de bom que a vida me presenteou, ainda que eu não
mereça.
— Vai ficar tudo bem, meu amor. Nós dois vamos enfrentar
juntos seja lá o que esse homem estiver planejando.
Mesmo que saiba que tenho razões para temer, Luana quer me
fazer acreditar que tudo dará certo, mesmo que no fundo não seja no que de
fato acredita e tenha tanto medo quanto eu do que pode acontecer no futuro.
Dia após dia, ainda que esteja tentado levar a vida com
normalidade ao lado da minha mulher e no cassino, as coisas começam a dar
errado. De repente, as motivações para nosso casamento voltam a ser assunto
na mídia. As suspeitas acerca das atividades que acontecem no Sensations
mentiu de forma tão convincente que o policial nunca mais lhe abordou.
Gabriel. Não é perdendo o controle que irá resolver os seus problemas — diz
Lucas.
— Ele quer acabar com a minha vida, meu amigo. Com a minha
e a da minha mulher, porque não é só comigo que estou preocupado, é com
ela também. Principalmente com ela.
Leônidas Souto, uma que não trará nada além de desgraça para todos.
ele não faria nada, pelo menos nada que eu não pudesse combater. Durante
duas semanas não se ouviu falar em Leônidas Souto, até porque, para todos,
eu não tinha nenhum parente vivo ou próximo. Do nada, ele deu um jeito de
se apresentar como pai de Gabriel Souto, o bad boy da cidade e dono de
badalada e exclusiva casa de shows, Sensations.
quiser ver.
O que de pior escondo ainda não foi descoberto, mas sinto que
isso está a um passo de acontecer. Quando o dia chegar, não restará nada da
minha vida que não sejam escombros e destruição. Se não é pela minha vida,
é pela da minha morena, me preocupo com o que possa acontecer mais por
causa dela, que não merece sofrer, apenas deu o azar de se casar e se
apaixonar por um homem com a vida tortuosa feito a minha.
Depois dela e dos planos futuros que fizemos nos últimos dois
meses, eu já tinha feito a escolha de mudar o rumo dos meus negócios. Havia
me reunido com Lucas e o feito entender que somos bons o suficiente para
manter uma casa de shows, continuar sendo a melhor da cidade, sem que, por
baixo dos panos, existam negócios clandestinos.
os de fofocas, apenas pioram a situação, que já está ruim para mim. Estamos
sendo obrigados a correr contra o relógio e em pleno sábado, quando poderia
estar em casa com a minha esposa, vivendo a nossa vida, como fazíamos
antes do mundo começar a cair sobre as nossas cabeças.
para cada uma delas, sejam boas ou ruins. No pior momento, quando descobri
a possibilidade de ser feliz, diferente do ideal raso em que o sucesso nos
negócios me fazia bem, estou sendo alvo da lei do retorno e, por amor, terei
de fazer uma escolha, pois posso até não conseguir evitar as consequências
dos meus atos, mas a minha mulher com certeza ficará de fora.
como adiar.
momento, ela correrá o risco de perder o emprego que tanto ama no hospital,
de ser proibida de ir ao abrigo e de ser hostilizada pelas ruas. Me diga, Lucas:
quem irá querer ter qualquer tipo de ligação com a esposa de alguém como
eu?
— Tudo isso porque você não quis ceder ao seu pai, talvez, se
tivesse molhado a mão do velho...
— Nem cogite uma coisa dessas, Lucas. De qualquer forma, não
iríamos passar a vida inteira mantendo esse cassino. Lembra já que
— Eu sei, meu amigo. E saiba que estou ao seu lado para o que
der e vier. O Dom também está, ele só não tem jeito com as palavras.
clandestino do Estado, esperar que a polícia venha até nós e então estarei
livre para sempre do Leônidas Souto e de qualquer sombra do passado.
Depois estaremos prontos para começarmos tudo outra vez — falo, tentando
ser otimista.
— Isso não vai acontecer, meu caro. Não com as leis desse país.
cassino Sensations estará fechando as suas portas e a saída será triunfal, mas,
certamente, não no bom sentido — debocha e até consigo abrir um sorriso,
completamente sem humor, para a piada de gosto questionável.
Não posso sentir que estou me livrando do fardo dos erros que
por anos venho carregando sobre os meus ombros, se também for perder o
coração que pulsa dentro do meu peito. Amar e ser amado pela morena me
fez uma pessoa melhor do que jamais fui, despertou a humanidade que não
sabia existir em mim. Se eu a perder para sempre, como sei que acontecerá se
cuida ele mesmo das nossas refeições, o que tem sido uma evolução e tanto,
já que até pouco tempo atrás, omelete era o único prato que meu marido sabia
cozinhar.
acredito que é o sonho de muitas mulheres, pelo menos as que têm um deus
senhores — assevera.
tenha sido o único motivo, até porque amo o que faço, mesmo quando o
trabalho exige mais de mim. Foi apenas a gota que faltava para transbordar o
copo cheio.
pessoa muito competente e gentil. Hoje ela nem deveria ter vindo e, ainda
assim, veio quando, preocupada, ligou para ver se estava tudo bem comigo
depois de ter percebido que ontem eu já não estava muito bem.
todas as formas, Lury tenta fazer com que eu me sinta bem e a admiro por
isso. Poderia muito bem ser apenas a cozinheira, fazer o seu trabalho e não se
preocupar se a patroa está bem, mas age de maneira oposta. — Se não quer
subir, descanse um pouco no sofá. Seu rosto está sem vida e o seu Gabriel
— Está bem, vou fazer isso — digo e, antes de sair pela porta,
aviso: — Não se preocupe quanto ao almoço, não estou podendo sentir o
cheiro, mas tenho certeza de que o Gabriel vai chegar cheio de fome e
devorará a panela inteira.
tem suportado tudo que tem acontecido, mas, diferente do que quer que eu
acredite, não o faz com facilidade. Ele é o meu marido e o conheço bem,
tanto que sei que está sofrendo. Do seu jeito Gabriel Souto de ser, tenta
passar para mim a força que dele se esvai. Pouco a pouco, ele perde a batalha,
mas não se permite fraquejar. Fraqueza não existe no seu dicionário e, em
nome disso, sei que tenta, por todos os meios, conter os danos de um
escândalo, mesmo que esteja óbvio que não existe uma saída.
sempre fiz, dando o apoio que consigo e fazendo-o entender que não importa
o que aconteça, sempre estarei aqui para ele. Quando casei e aceitei o amor
que passei a nutrir e recebi o seu amor de volta, sabia exatamente o tipo de
homem que era Gabriel, dos negócios escusos e ainda assim o quis. Com toda
a bagagem, o quis de maneira consciente, simplesmente porque o amo e,
apesar de tudo pelo qual estamos passando, faria tudo de novo se fosse me
dada uma nova chance de escolha.
Uma, duas, três e quantas vezes forem necessárias, Gabriel é e
sempre será a minha escolha, pois nenhuma tribulação será pior do que viver
uma vida sem tê-lo ao meu lado. Nenhum sofrimento será maior do que
nunca mais vê-lo, tocar e amar o seu corpo e o seu coração.
seios...
importa?
seu rosto, principalmente nos olhos, vejo algo que não estava lá antes. Não
sei explicar o que é, só sei que ele está diferente. — Você precisa se
alimentar, venha. — Gabriel segura a minha mão e me encaminha para a
bancada da cozinha, onde um prato de comida me espera e,
surpreendentemente, percebo que não é o filé de peixe que a cozinheira havia
feito antes. — Lury esquentou o seu almoço antes de ir embora. Ela está
preocupada e não saiu sem antes me fazer prometer que cuidaria de você.
dela como cozinheira — digo, pois não tem como pensar de outra forma,
quando ela teve a gentileza de preparar outro prato, depois de ter percebido
que o cheiro do anterior estava fazendo com que eu me sentisse mal.
tocar.
— Você sabe que estou aqui, não é? Sempre estarei do seu lado,
independente de qual seja a situação, eu quero estar aqui — digo, antes de
beijá-lo.
como estamos atracados ao outro, ele acaba caindo com tudo por cima de
mim.
contrário, somente me agarro ainda mais ao seu corpo com braços e pernas e
deixo que ele faça o que quiser com a minha boca. Que seus beijos façam as
promessas do prazer absoluto que virá a seguir, quando os nossos corpos se
encontrarem.
ouvir.
Nunca fui o tipo de pessoa que faz drama por tudo, pelo
contrário, praticidade sempre foi o meu segundo nome, mas agora, vendo o
seu rosto de uma maneira que nunca vi, nem mesmo nas brigas que tivemos
quando nos conhecemos, simplesmente não tenho como não sentir medo.
um futuro que nunca esteve nos meus planos, pelo menos, não com você.
Tudo o que fiz foi para que você colaborasse e não causasse problemas. Foi
tão fácil, Luana, muito mais do que eu imaginei que seria. Você não passa de
uma pobre garota tola e romântica.
certezas.
Talvez essa seja a sua verdadeira face e eu, sendo a tola, como
ele mesmo disse, fui apenas um joguete nas suas mãos. Nada diferente do que
ele já está acostumado a fazer, considerando que é um jogador nato.
por ele. Até que reste apenas a mágoa e o arrependimento pelo dia em que o
conheci vários anos atrás e também quando o reencontrei e me permiti entrar
no seu jogo sórdido.
— Nada do que ela disse era mentira. Eu sempre estive com ela,
não a deixei, apenas porque estava fazendo sexo com você. — O nome amor
agora virou sexo, constato. — Ela estava certa quando disse que eu estava tão
louco por você apenas pela novidade você representava. Uma mulher tão
diferente das modelos com que eu costumava sair. Não nego que você seja
uma baita de uma gostosa, mas é só isso mesmo. Não estou disposto a ficar
casado com alguém como você.
tempo e nem paciência para carregar um peso como você. Os seus choros me
irritam e não vou mais te tolerar ao meu lado, apenas porque transa bem.
— Saiba que tive amantes esse tempo todo. Foram várias, não só
a Sabrina. Você foi boa, mas não o suficiente para suprir as minhas
necessidades. Nunca houve amor, nunca houve uma relação de verdade. Tudo
foi uma mentira e você é tão tola que eu chego a sentir pena.
feio da vida. Para o mundo que pode ser cruel demais para quem não está
preparado para habitá-lo. Cruel para quem ousa ter fé nas pessoas, crer na
bondade e na força do amor. Ao cair no inconsciência, desejo não mais
acordar, dormir para sempre e não ter mais que pensar ou lembrar de tudo
que saiu da boca de Gabriel Souto, o homem que me fez amá-lo sem medidas
e, como um demônio sádico, arrancou e levou embora não só o amor que
nutri por ele, mas também a minha essência.
amor da minha vida, depois de ter suportado toda a maldade que fiz com ela.
Choro por todos os erros que cometi por uma vida inteira e pelo
pior de todos eles. Na sua frente, coloquei uma máscara e representei um
papel, o fiz com maestria e não sinto o menor orgulho disso. Tendo na cabeça
a ideia de protegê-la do que a sua vida poderia se tornar, caso escolhesse ficar
com ela, independentemente de qualquer circunstância, sei que a feri muito
mais do que ela será capaz de suportar e além de qualquer possibilidade de
perdão.
jamais voltará a ser preenchido, não quando estou mandando embora para
longe a razão de ele pulsar, não quando a minha existência voltará a ser como
era antes de eu conhecê-la a amá-la. Estava satisfeito, nunca feliz. Tinha uma
vida que muitos poderiam desejar, mas, no fundo, só existia tédio, vazio e
frustração.
desilusão de um coração partido e pelo amor que pensará que perdeu. Com o
tempo, sei que a ferida cicatrizará e, ao olhar em volta e ver que não tem
ninguém lhe atormentando a vida — algo que a imprensa faria —, que ainda
tem o seu amado emprego e o abrigo que tanto ama, entenderá que foi melhor
assim.
Luana não terá que carregar nos ombros o peso de ser a mulher
de um criminoso, não terá a polícia na sua cola, não será julgada. Sei que
para ela será melhor assim, terá a vida que levava antes, como uma pessoa
comum, e poderá ter um relacionamento com um homem que não trará
problemas para a sua vida.
início e sei que, por mais que seja uma mulher forte e esteja fazendo de tudo
para estar ao meu lado e me dando apoio, tudo tem sido demais para ela. Não
tem suportado o que vem acontecendo, não com a força que quer deixar
transparecer. Sei que não chega a ponto de fazê-la querer me deixar. Não é
sem nada dizer. Com cuidado, ela se senta com as costas apoiadas na
cabeceira da cama, sobre a qual muitas vezes fizemos amor, e então diz:
eu também estive chorando por ela e por tudo que perderei. — Não vou
demorar, só preciso arrumar as minhas coisas e depois deixarei sua casa.
tornariam ainda mais definitiva a nossa separação e não sei se um dia estarei
preparado para isso.
desprazer de ter que estar no mesmo lugar que você, acho que eu não
suportaria.
Gabriel Souto, que ultimamente estava sendo alvo de duras
críticas por parte da imprensa por ter virando as costas ao pai, Leônidas
Souto, que, segundo fontes, havia acabado de deixar a prisão, e pelas
atividades no seu estabelecimento que sempre foi alvo de especulações,
Por mais que Gabriel tenha dito todas aquelas crueldades, que
dificilmente serão apagadas da minha memória algum dia, não posso deixar
de sentir o seu sofrimento. Além da minha dor, ainda sofro de longe ao vê-lo
sofrer. É nítido que Gabriel não está bem e é por tudo que está passando, toda
a perseguição e sua vida sendo exposta. Às vezes me pergunto como eu
estaria no meio dessa bagunça, se ele não tivesse pedido o divórcio e
admitido não me amava pouco antes da bomba estourar.
esforço para não tocar no nome do meu ex-marido. As crianças são as mais
difíceis de entender, pois elas sentem muita falta do tio Gabriel —
principalmente os meninos por conta do futebol — e até hoje, mesmo tendo
passado mais de quatro meses sem que ele comparecesse ao lugar, eles ainda
não o esqueceram. Fora isso, a diretora confidenciou que a ajuda financeira
continua, informação que me deixa contente, pois ela significa que pelo
menos um impacto positivo eu tive na sua vida.
cinco meses de gestação tem chamado a atenção por onde quer que eu passe.
No abrigo, as crianças estão felizes e ansiosas para a chegada do bebê. Em
outros lugares, o fato não causa alarde, até porque não tem nada de estranho
em ser uma mãe solteira, não é nada que fuja da normalidade.
policial. Obviamente, alguns olham torto por eu ser a ex do homem que tem
dominado toda a atenção da mídia — e não o tipo certo de atenção —, mas
ninguém teve coragem de me atacar diferentemente. São apenas fuxicos que
eu finjo não ouvir e não me sentir incomodada.
quando perdi a vida que pensei ter construído ao lado do homem que amava.
Ele tirou tudo de mim, mas, em contrapartida, deu-me o meu bem mais
precioso.
posso superar e nem frear os impulsos que me levam a procurar notícias suas
em tudo quanto é canto.
não consigo acreditar por completo que tudo que vivemos foi uma grande
mentira. Alguma coisa foi real, sinto que foi. Se não tivesse sido, não doeria
tanto.
você fique bem — fala, acariciando o meu rosto e choro ainda mais ao deitar
a cabeça contra o seu peito.
Talvez seja a sina dos Aguiar: sofrer por amor e ter dificuldade
em superar situações.
como hoje, quando não tenho trabalho ou algo para ocupar a minha mente,
esqueço que ele me enganou e só resta a saudade — confesso, soluçando e
encharcando a sua camisa com as minhas lágrimas. — Sou muito idiota,
aquele porco não merece um terço das minhas lágrimas e preocupações.
— Ei, Lu, olhe para o pai — pede e, com cuidado, tira meu rosto
do seu peito, segurando-o com as duas mãos. — Não tem que ser forte o
tempo todo, minha filha. Não se martirize, pois você é apenas humana. Sofra
o que tiver de sofrer. Só não fique apática e jogada nesse sofá velho, não fará
— Por que não sai para dar uma volta no bairro? A noite está tão
linda. Vá, se arrume e saia para caminhar, tenho certeza de que voltará com
as energias renovadas. Também fará bem para o meu neto.
outra, sempre esteve comigo, ficou do meu lado quando, ainda muito jovem,
perdi a minha querida mãe e ele, a sua amada esposa. Cuidei do meu pai e
agora estou sendo cuidada. É assim que as pessoas fazem quando amam.
no alto da cabeça. Calço uma sandália de dedos e depois saio para a rua, a
mesma que não mudou desde a minha infância.
caso ou outro, mas nada diferente de qualquer outro lugar ou que cause
algum alarde. A prova disso é o fato de a rua está bem movimentada em
plena noite de sexta-feira, onde crianças correm para todos os lados e os pais
estão sentados nas calçadas, conversando entre si.
barriga.
Mesmo que a minha cabeça esteja dizendo para não fazer isso,
os meus pés não me obedecem. Eles continuam a me guiar para o destino
certo. O lugar que há anos deixou de ter alguma importância para mim e que
hoje parece ser o extremo oposto. Voltou a ser importante porque, de alguma
forma, me deixa mais próxima a ele. Não do seu eu adulto que negou e jogou
fora tudo que vivemos, mas o lado dele que eu sei ter sido sincero quanto a se
importar comigo e com a amizade que tínhamos.
Esta parte da nossa relação Gabriel não pode tirar de mim. Não o
meu garoto do capuz cinza, o melhor amigo que a garota estranha que eu fui
poderia ter.
relação com o vento da noite fresca. Mesmo com medo, sigo caminhando. A
cada passo, lembranças começam a passar na minha frente, memórias de um
tempo em que os problemas não existiam, que a minha única preocupação era
arrumar uma maneira de sair para encontrar Gabriel no lugar em que a minha
mãe jamais permitiria que eu colocasse os pés.
pedaço de madeira.
Fome ou frio.
Como posso sentir outra coisa que não seja raiva de Gabriel?
Como o meu corpo trai a minha mente ao sentir falta dos seus
beijos e do toque das suas mãos por cada recanto dele?
Como acreditar que tudo o que vivi foi uma grande mentira?
de onde estou.
Coragem, Luana!
mesma expressão e sei que, assim como o pai do meu filho, ele só precisa de
uma chance.
Apenas dê as costas e vá para casa! Na minha cabeça, uma voz sensata diz e
então me dou conta do meu estado e de onde estou.
— Está bem, Black, mas fique com este cartão. — Abro a bolsa
na sua frente, porque sei que, se fosse a sua intenção, já a teria tomado e pego
o cartão de visitas do abrigo.
Entrego na sua mão, satisfeita e esperançosa de que ele irá até lá.
Quando vou seguir o meu caminho, dou de cara com os dois garotos que vi
na entrada do beco. Com os olhos arregalados, imediatamente me
arrependendo de ter vindo até aqui. De perto eles parecem ainda mais
ameaçadores, mesmo que pareçam ser tão jovens quanto o Black.
pés.
— Sabe, você é velha, mas é bem bonita. — Ele me olha dos pés
à cabeça e, pelo vestido que disfarça bem e por estar muito chapado, não se
dá conta de que está assediando uma mulher grávida. — Acho que
passaremos um bom tempo com esse mulherão.
morte.
— Gabriel.
O clima fica tenso no lugar mal iluminado. Como se Gabriel
tivesse um dom, eu e os garotos ficamos presos no seu magnetismo, na aura
de perigo que traz consigo a cada passo dado na nossa direção.
medo. Ele está acelerado pela visão que tenho, pela saudade, depois de tantos
meses afastada, sem um único vislumbre do homem que não posso deixar de
amar. O homem que me deu o melhor presente que eu poderia receber.
contrário, ele está com medo do Gabriel. Muito medo e eu também estou.
A sua expressão diz que está muito furioso e que não hesitaria
em tirar a vida desses meninos, que estão tão perdidos no mundo do vício que
talvez nem percebam a gravidade do que estão fazendo. Sempre soube que o
meu ex-marido seria capaz de qualquer coisa e estava até mesmo acostumada
com a ideia de que ele não era exatamente o genro que a minha mãe gostaria
de ter.
Medo por ele, que pode complicar ainda mais a sua vida por
causa de uma atitude impensada. Fazer algo que não tem volta por causa de
uma atitude irresponsável minha.
Obrigo os meus pés a irem até ele. Do seu lado, toco no braço
que está erguido, segurando pescoço do cara e, com toda a cautela, peço:
Continuo de olho na sua mão e ele não afrouxa o agarre nem um milímetro
sequer.
— Faça isso por mim. Por tudo que a gente viveu. Deixe ele ir
embora! — peço e sinto que estou sendo patética em usar o falso amor que
ele dizia sentir por mim. Como se ele fosse se sentir compelido a...
— Dê o fora daqui e agradeça a ela por eu não acabar com a sua
vida.
Alívio e surpresa pela minha tática ter dado certo. Surpresa pela
lembrança do que vivemos tê-lo feito voltar atrás e recobrar o controle. Por
um momento, pensei que seria preciso apelar para o filho que ele não sabe da
existência, mas bastou que eu mencionasse a relação que tivemos.
Pedi por mim, a pessoa que ele não chegou a amar, que ele
expulsou da sua vida e nunca mais procurou. Gabriel mandou sinais
completamente contraditórios e agora, além de estar doente de saudades e
louca para chegar mais perto dele, também estou confusa. Permitindo que
chama a minha atenção são os seus olhos, uma das partes do seu corpo que eu
mais amava, olhos que eu seria capaz de passar horas admirando, sem nunca
cansar. Hoje eles estão vazios e sem vida. Mesmo no escuro, percebo que as
pupilas parecem dilatadas, deixando-os quase pretos.
com a bagunça que virou a sua vida e, neste momento, se ele permitisse, eu o
abraçaria para fazê-lo sentir que não está sozinho. Mostrar que o que eu disse
antes de ele partir o meu coração ainda está de pé.
irreparável.
— Não, eu não sei de nada e você está louco se pensa que vai...
— Voltou a...
— Isso não te diz respeito. Aliás, nem sei o que estou fazendo
aqui conversando com você — fala e, novamente, vejo no seu rosto a mesma
Ele tenta virar as costas para mim, mas não permito. Seguro no
seu braço e o gesto rápido faz com que eu me sinta tonta. Uma vertigem que
me deixa com a sensação de que o chão está se abrindo embaixo dos meus
pés.
— Luana, você...
Dentro dos seus braços — que agora são dois, depois que ele
jogou o cigarro no chão e pisou em cima —, me debato, mas Gabriel me
segura com firmeza.
expressão, sinto que a partir dessa descoberta, tudo mudou para ele. De
alguma forma, tudo mudou e foi para melhor.
estacionado o seu carro aqui por perto, já que acabo de ouvir o som do
veículo sendo destravado.
— Está tudo bem com ele, foi apenas uma queda de pressão, mas
isso não é tão incomum no meu estado. Ainda mais depois do susto que
passei. Só me leve para casa, Gabriel.
Não sei se foi pelo tom suplicante da minha voz, mas ele acaba
concordando, já que não diz mais nada e apenas me coloca dentro do carro,
com todo o cuidado do mundo.
impressão de que dirá alguma coisa, mas da sua boca não sai uma palavra até
o momento em que estaciona na calçada da casa do meu pai.
objeto, um segredo que pudesse ser guardado apenas porque você assim
queria.
meu peito não me permite agir de outra forma. Preciso feri-lo da forma como
me feriu. Fazer com que sinta pelo menos um terço da dor que não me dá um
segundo de paz.
minha mão e olha para a minha barriga. Ele leva a mão até ela, a toca com
carinho por alguns segundos e depois, simplesmente vira as costas e vai
embora.
Não esquecer.
Jamais esquecer.
Não duvidar.
chorando?
grupo de WhatsApp que nós temos, estava sentindo muito a falta delas,
mulheres que se tornaram mais do que meras conhecidas. Elas são as
melhores amigas que alguém poderia ter.
divertem quando não tenho muitos motivos para sorrir e, por isso, sou
eternamente grata a elas.
Entre jogos e provocações, converso com elas sobre o fim do meu casamento,
sobre as merdas que o Gabriel falou e todas recebem a notícia com
incredulidade. Para elas, que estavam sempre por perto, parece impossível
associar as palavras ditas com as atitudes do homem apaixonado e atencioso
que sempre esteve à minha volta.
Quanto ao cassino, creio que a notícia abalou mais aos seus pais
e respectivos maridos do que a elas, pois, como qualquer pessoa sensata,
sabiam que uma merda como aquela poderia acontecer, considerando que
nenhum segredo permanece oculto para sempre. De toda forma, creio que um
cassino não é necessário para que possamos estar sempre juntas, porque a
amizade que nos une é maior que o amor pelos jogos.
um lado para o outro na cama, sem encontrar a melhor posição para conciliar
o sono. Na minha cabeça, já repassei tudo o que foi dito, as reações dele —
ou a falta delas — depois da descoberta de que será pai e, então, toda a
alegria que a visita das minhas amigas me proporcionou vai embora.
forma?
chorosa.
— Não é bem assim, minha filha — ele começa, mas para, antes
de concluir.
— Do que o senhor está falando? — Seguro a sua mão quando
pensa em se levantar e fugir. Sei que iria dizer algo importante, mas, por
— Todos os dias, não só uma vez, ele liga para saber como você
está. Pergunta como tem passado, se está lidando bem com a separação. — A
sua revelação faz o meu coração bater disparado dentro do peito e uma
Sei que não estou sendo justa, porque apesar de ter cometido um
erro ao me espionar para o meu ex-marido, ele o faz para, de alguma forma,
me ajudar. Também estou certa de que só está contando por que o meu choro
de agora é uma reação ao encontro com o Gabriel e o preocupou ainda mais.
— Por quê?
— A minha lealdade está com você e não com o pai do seu filho.
Sabia que não era o que você queria, então não falei.
terminando a minha noite da mesma forma que vem acontecendo nos últimos
meses: sozinho como sempre estivesse, só que pior, porque antes eu não tinha
conhecido a felicidade, eu não sabia o que era amar alguém mais do que a
minha miserável vida. Não sabia como era bom ter alguém para dividir os
meus dias.
compreendi o que estava acontecendo com ela, tudo mudou. De repente, ela
já não era a única razão para que eu continuasse lutando para ter a minha vida
de volta. De repente, ficar longe dela se tornou mais difícil.
menos um pouco da saudade que dia a após dia aumentava, aceitei que não
conseguiria mais ficar afastado. Que não suportaria ficar longe e não
acompanhar de perto a sua gravidez. Sentir e ver o meu filho crescendo
dentro da sua barriga.
Agora, tudo o que eu mais quero é ficar perto dela, voltar atrás e
remediar o erro que cometi ao tentar pensar no que seria melhor para a minha
mulher.
que estava sentindo. Raiva que não era só dele. Estava com raiva do mundo,
de mim mesmo, dos meus erros que me fizeram mandá-la para longe.
A sua voz me mostrou que eu tinha uma razão para estar lutando
e que nada faria sentido se eu fizesse uma besteira e fosse preso. Aí, sim, eu
estaria perdendo-a para sempre. E eu não quero perdê-la para sempre. Tudo o
que faço é para vê-la bem e não para lhe trazer mais desgosto. Faço para ser
merecedor do seu amor e não para lhe dar mais motivos para me odiar.
Foi para isso que eu fui, não posso negar o fato. Quando tudo
pareceu pesado demais, o desejo de recorrer aos velhos vícios foi maior do
que a minha força de vontade. Eu fui e tive um encontro com o passado.
estão bem.
Ao tomar tal decisão, não estou fazendo por outra razão que não
seja puro egoísmo. Senti que ela não estava bem quando pedi para que fosse
embora, que não sabia lidar bem com a situação que ainda não melhorou.
Mesmo sabendo de tudo isso, ainda quero trazê-la para perto de mim. Ela e o
meu filho.
Sei que preciso conversar com a minha mulher e espero que não
seja tarde demais, que entenda que não suporto mais ficar longe, que fui até
e tem toda a razão de estar se sentindo dessa forma. Deve acreditar que eu
não recebi bem a notícia e que estou rejeitando o nosso bebê, mas ela não
poderia estar mais errada.
Se reagi da forma como fiz, foi apenas por ter ficado confuso,
por precisar colocar os meus sentimentos e pensamentos em ordem, como
faço neste momento. Por não acreditar que, em uma noite na qual tantas
coisas aconteceram, descobri que a vida ainda pode ser generosa. Que o
nosso amor, que nasceu há tantos anos, está dando frutos.
dentro do nosso quarto, lugar onde não tenho coragem de entrar desde o dia
em que ela se foi. Dentro dele creio que a sua presença é ainda mais forte do
que no resto da casa e, nos últimos meses, tudo do que eu precisava era
manter a minha sanidade mental.
forma.
Se tem uma única coisa boa em tudo isso, é perceber quem são
os amigos de verdade. Amigos do tipo que podemos contar não só nos
momentos bons, mas também nos ruins. Dom e Lucas não titubearam na hora
de fazer a escolha. Quiseram ficar, mesmo que às vezes eu os faça se
arrependerem de tal escolha.
— Está bem, perdoe-me, mas esta semana está sendo
especialmente difícil para mim — digo, não tendo revelado o quão difícil foi
conter os danos para que assim esse cara volte a tomar banho.
seja filmado.
Hoje os bens materiais não são o que mais importa para mim,
isso está bem claro, mas ainda resta algo do antigo Gabriel e não deixarei que
este erro determine a minha vida, tornando-me um fracassado.
sócios com igual participação nos lucros, um negócio que, modéstia à parte,
tem tudo para ser bem-sucedido. Não tem como ser diferente tendo homens
como nós três à frente. Cada um com a sua especialidade, nós três
funcionamos como uma boa equipe por vários anos e será desta forma que
seguiremos.
Meu filho, ainda é tão estranho falar isso. Estou feliz, mas a
ficha ainda não caiu por completo.
seria capaz de nunca me contar que nós temos um filho ou filha a caminho.
Sei que pisei na bola com as palavras que usei e que a magoei
muito, mas isso não significa que consiga me sentir de outra forma.
Uma descoberta que poderia mudar tudo, como acabou acontecendo. Teria
abreviado um sofrimento que já dura tanto tempo.
Júlio Aguiar foi desleal, mas não posso culpá-lo, apesar de estar
puto, pois, desta vez, pensou nos sentimentos e no bem-estar da filha em
primeiro lugar, algo que não fez quando a colocou em minhas mãos, há quase
um ano.
dor de barriga.
recomendo para casos como o meu, acredito que seja a melhor saída,
considerando que é uma ótima válvula de escape para que eu não tenha uma
recaída, algo que quase aconteceu ontem à noite. Agora, mais do que nunca,
isso não pode acontecer, não quando tenho um filho a caminho e uma esposa
que pretendo fazer de tudo para ter de volta.
rumo à porta e, antes que eu os alcance, ela se fecha bem na minha cara.
pingando de suor, até o meu coração ficar disparado demais, quase a ponto
não conseguir respirar direito. De volta para casa, dou algumas braçadas na
piscina e saio, acreditando ter feito o suficiente para um único dia.
silêncio e escuridão, mas isso não é capaz de amenizar a sua forte presença
dentro dele. Ainda posso sentir o cheiro do seu perfume e, quando dou por
mim, estou indo para o closet em busca de mais migalhas.
todas presentes meus, por isso ela não levou. Uma camisola muito sexy de
cetim preto chama a minha atenção, pego-a entre os meus dedos e, em
seguida, a levo ao nariz.
— Amor...
— Gabriel!
tempo, esteve a par de quase tudo que aconteceu comigo. A minha rotina, os
dias que estou mais alegre e os que acordo querendo sumir, como aconteceu
no dia do nosso encontro.
da minha vida, mesmo tendo dito com todas as letras que não tinha chegado a
Agora sei que não mandava porque não precisava, tinha outra
pessoa falando em meu nome.
quando percebo que ele usou o meu pai para ter notícias minhas, mas não
teve coragem de aparecer ou de pegar o telefone e ligar diretamente para
mim.
gravidez. O que pensa fazer a respeito, porque uma coisa era ele não saber
que seria pai, outra é estar ciente e virar as costas para a sua responsabilidade,
como deu a entender que faria, quando foi embora ontem à noite.
Gabriel será pai e, mesmo que não queria ficar comigo, terá que
lidar com a realidade, é justamente isso que estou indo jogar na sua cara.
assinarmos os papéis do divórcio, que ele não fez questão de dar entrada.
meu corpo e isso, para uma pessoa que no passado teve problema de
autoestima, chegava a ser surpreendente.
Na sala, o sofá tem muitas histórias para contar, sobre ele nós
passamos algumas horas namorando despreocupadamente, mas era na
cozinha que aconteciam os nossos momentos de maior intimidade, tanto que,
nos primeiros dias depois da nossa separação, foi difícil me acostumar com o
fato de não tê-lo sem camisa, preparando o meu café da manhã. Mesmo
estando com muita raiva dele, simplesmente não conseguia parar de sentir
declarou o seu amor de mentira. Mais alguns passos adiante, noto a porta
entreaberta, chego até ela e então termino de abri-la por completo.
Amor.
Amor?
Quando ele se vira na minha direção, meus olhos vão direto para
as suas mãos e nelas há um pedaço de tecido preto de cetim.
de estar com aparência cansada, com cabelo e barba crescidos, continua tão
lindo quanto sempre foi, senão estiver mais. O fato de ter perdido algum peso
definiu melhor os seus músculos e, apesar dos assuntos mais urgentes a serem
tratados, a minha vagina pisca com vontade de tocar e ser tocada por esse
homem.
frente do antigo Gabriel, pelo menos quem eu achei que ele fosse, antes de
negar o nosso amor. — Imagino que esteja sendo difícil lidar com os
hormônios da gravidez. Vi em algum lugar que as gestantes ficam com a
libido nas alturas. Imagino o tesão que...
— Para mim não seria o menor problema fazer algo pela mãe do
meu filho — provoca e parece diferente, até a sua aparência está mais
saudável do que estava ontem no beco. Parece mais leve. — Será um prazer
poder te ajudar de alguma forma. — Ele elimina a distância que ainda existia
entre nós dois e eu caminho para trás, pois não estou com forças para resistir
à sua respiração perto da minha.
“Ela estava certa quando disse que eu estava tão louco por você
apenas pela novidade você representava. Uma mulher tão diferente das
modelos com quem eu costumava sair. Não nego que você seja uma baita de
uma gostosa, mas é só isso mesmo. Não estou disposto a ficar casado com
alguém como você.”
sua direção e começo a esmurrar a seu peito com toda a força que tenho.
minhas próprias percepções. Já não sei mais o que pensar, se alguma coisa foi
real em toda essa história. Cheguei cheia de certezas, mas...
Nunca será, não perto do que ele tem me feito passar. Não por todo o meu
sofrimento. Não depois de ter me tocado de uma forma que deixou a sua
marca gravada na minha pele.
— O meu bebê...
tenha tempo de ficar preocupada demais, um homem que não conheço, diz:
Olho para o meu corpo coberto até altura da cintura por um pano
fino e então me dou conta de onde estou. Novamente na minha cama, lugar
que ainda tem o nosso cheiro impregnado, fato que não deixa de ser estranho,
considerando que já se passaram muitos meses desde a última vez que estive
aqui.
Com os meus atos, cheguei perto de colocar a vida do nosso bebê em risco.
— Converse comigo, por favor? — Mais uma vez peço que faça
o mínimo.
confuso, é contraditório, mas ainda assim não deixa te ser tudo o que eu
desejei ouvir. — Preciso de você, meu amor, mais do que preciso da minha
próxima respiração.
cama, arrasto-me até onde ele está, acaricio a barba macia e sou invadida pela
sensação de estar novamente em casa.
pensar de outra forma quando esse homem me enfeitiçou de tal forma que
simplesmente não posso deixar de amá-lo?
olhos, que pareciam vazios, ainda que vidrados no meu rosto, de repente se
enchem de vida e interesse.
diz, quase como se tivesse medo de tocar, mas ainda assim não consegue
desviar o olhar. — Por causa do bebê?
— Você está mais linda a cada dia que passa — elogia e, sem
dizer mais nada, leva a mão à minha barriga, a acaricia com cuidado por
alguns minutos e depois pede: — Pode se deitar, por favor? Quero ver você.
incendiar.
quando, mais para baixo, os dedos atrevidos começam a entrar pelo elástico
do short de malha, o primeiro que vi e peguei dentro do guarda-roupa antes
de vir até aqui. Enquanto ele ameaça invadir a minha calcinha, por dentro, já
estou implorando para que o faça.
— Safada!
levantar para terminar de tirar o resto das suas roupas, volta a pairar o corpo
sobre o meu e, aos poucos, vai descendo beijos pela minha barriga até
alcançar o início do meu sexo.
tão pronta que é preciso certo esforço para não gozar logo de cara. A mão vai
para o meu seio, bem mais sensível por causa da gravidez, é impossível não
puxar o seu cabelo, cumprido o bastante para que finalmente eu possa fazer
isso.
— Está se sentindo bem, gostosa? Por que você não goza para
mim?
meus próprios dedos e sim pelos dedos e a boca do homem que sabe tocar
meu corpo como ninguém nunca soube.
Cheia dele por todos os lados. Com o seu pau investindo sem
parar e com um agonizante prazer no meu sexo. A boca que não deixa de me
beijar um segundo sequer, as mãos que passeiam e exploram todas as partes
do meu corpo e especialmente os olhos, esses não permitem que eu feche
meus. Ele parece ter a necessidade de me olhar para ter certeza de isso que
realmente está acontecendo.
satisfeito, não nos atrevemos a falar nada, ficamos em silêncio, deitados lado
a lado e sabendo que entre nós, às vezes, as palavras podem estragar tudo.
Ficamos de mãos dadas até o momento de recomeçarmos tudo outra vez e
assim seguimos durante todo o dia.
Gabriel me ama.
as reações e a forma como ele tocou o meu corpo com tamanha devoção. Mas
hoje eu só quero que tudo isso acabe, de uma forma ou de outra.
Gabriel não merece nada disso, é uma pena que ontem — mais
de uma vez — eu tenha dado o que ele mais queria. Foi tão fácil e, a meu
favor, conta apenas o fato de que era o que eu estava precisando,
sua intenção. Na hora em que volto a minha atenção para ele, Gabriel tem a
cabeça erguida, está olhando diretamente para mim e, com a mão, pede para
que eu desça.
minha anatomia que pulsam: a minha vagina, cheia de expectativa para ver de
perto o homem só de sunga, e também o meu coração, que está batendo mais
forte que a bateria de uma escola de samba. Mesmo calejado, ele ainda
acredita que tudo voltará ao seu devido lugar.
Concordo com ela. Era para termos feito isso ontem, mas a
saudade e o cansaço não me permitiram fazer o correto. Só pensei em aliviar
um pouco da saudade que estava sentido dela. Quis tocá-la quando percebi
que não era fruto de um delírio. Naquele momento, no instante em que levei a
peça ao nariz e o seu cheiro invadiu a minha alma e a minha mente, a decisão
foi tomada.
— Você sabe bem que não foi só sexo, morena. Não rebaixe
dessa forma o que temos — digo, sabendo que, no mínimo, estou sendo
contraditório, já que, com a minha falta de tato e minha inabilidade com as
palavras, a fiz acreditar que a queria apenas para isso, quando na verdade
meu coração pulava de alegria com o seu retorno, mesmo que não fosse
definitivo.
Mesmo que agora esteja cautelosa, Luana não pode negar que o
dia de ontem foi uma loucura. Dois corpos famintos que se reencontraram e
mataram a saudade de semanas. Ontem eu me senti vivo e feliz pela primeira
vez em muito tempo. Hoje eu acordei com a sensação de que os problemas
deixaram de existir, ainda que sabia que eles estão do lado de fora da casa, à
minha espera. Todavia, nenhum deles é maior do que o prazer de estar com a
aparentemente sem saída, não foram os problemas em si, mas sim o fato de
estar passando por tudo sem tê-la ao meu lado. Estive sem a minha mulher
porque acreditei que ficar longe de mim era o melhor para ela. Não o melhor
para mim, pelo contrário, pensei apenas nela.
apenas por não ter sido colocado à prova. Agora eu sei que não existem
homens inatingíveis quando existe o risco de perder tudo o que mais se preza
na vida.
O poder e o dinheiro.
mesmo sem olhá-la, sei o quanto ela está ansiosa pelas minhas explicações.
Pela última lembrança que tenho de nós dois, você estava falando sobre o
quanto fui tola em acreditar no seu amor. Não sei se crueldade combina com
esse bom humor.
— Pode começar.
— Como o meu pai entrou nessa história? Nem sabia que vocês
dois tinham se tornado amiguinhos. Ele me falou que tinha motivos, mas não
consigo imaginar quais sejam.
— Júlio sempre esteve a par de tudo que vou ter contar agora.
Ele precisava entender e me ajudar a não enlouquecer com esta separação.
— Fico tão aliviada por ouvir isso, não suportaria viver em uma
realidade em que você desprezasse o nosso filho. Poderia até entender que
nunca tivesse me amado e que o nosso casamento tinha acabado, mas não
suportaria que este bebê nascesse sabendo que o pai dele não o queria.
— Menino ou menina?
— E se fosse menina?
busco as palavras corretas para explicar para Luana que tudo o que eu quis
foi protegê-la da merda que atingiu a minha vida.
— Se você diz que me ama tanto, por que falou coisa tão cruéis
e me expulsou da sua vida? Nada faz sentido na minha cabeça.
Imaginei que ela pudesse ter esse tipo de reação e não a julgo
por isso, pois de certa forma ela tem razões para não aceitar muito bem as
atitudes que tive de tomar.
possibilidades, não creio na hipótese de ser algo que não termine com ela
continuar a falar, mas a mulher está puta demais para permitir que isso
aconteça.
isso não é nada bom. Prefiro quando está nervosa e jogado acusações na
minha cara, porque sei que está sendo ela mesma e não tentando mascarar
sentimentos. — Já parou para pensar que naquela época eu já estava grávida?
Que todos os sinais que o meu corpo mandava não eram por causa dos
problemas que estávamos enfrentando?
— Tem ideia do quanto sofri por causa das coisas cruéis que eu
tive que ouvir em nome da sua ideia de proteção?
— Sabrina?
— Era mentira.
além do que já falei, sinto desapontá-la. Não tenho justificativa, agora cabe a
ama, Luana está muito chateada e eu daria qualquer coisa para poder abraçá-
la neste momento. Como poderia ser diferente se fui eu quem colocou a
tristeza no seu olhar? — Preferiria sofrer ao seu lado a chorar de saudade, de
decepção e por acreditar que tudo o que vivemos tinha sido uma mentira.
— Eu não...
não querer ficar mais um dia sequer longe de você. Eu sou essa pessoa, bebê,
o homem que te quer aqui, mesmo que a sua vida se transforme em um
inferno.
vontade de tomá-la entre os meus braços, mas acredito que ainda não seja o
momento, não antes de nos acertamos de vez.
— Você e o bebê.
encontro.
— Esta conversa não vai nos levar a lugar nenhum — digo por
que sei que nada do que eu fale a fará pensar de outra forma. Está nervosa
demais para isso.
— Não?
acreditando que só a quero por causa do nosso filho, fiquei esperando que ela
fosse embora, mas, como não cansa de me surpreender, decidiu ficar.
Sei que ela não quis conversar naquele momento e que precisa
de um tempo para pensar e tomar uma decisão. De qualquer forma, está nas
suas mãos colocar na balança o que é melhor para ela e o bebê, o que a fará
feliz. Se no momento ficar ao meu lado não for a sua escolha, aceitarei com
resignação, pois, apesar de ter conhecido o que era o amor apenas nos seus
braços, sei que se trata de liberdade, de escolha e não de prisão.
Minha mulher já sabe de todos os meus erros, conhece quem fui
e também quem me tornei. Se ela acreditar que ainda vale a pena me amar, a
sua resposta será o fim dos meus dias ruins, não tenho dúvida quantos a isso.
Será o recomeço, sem ameaças do passado querendo nos assombrar. Serei o
Gabriel sem segredos sujos e ela a minha pequena sereia. Basta que me
escolha.
— Que bom que está com fome, a Lury fez para você — avisa e
não deixo de me surpreender com o fato de a Lury ainda estar aqui na casa.
Pelo visto, Gabriel manteve as coisas iguais a quando eu morava aqui. Pelo
que percebi, nada mudou e isso certamente deve ter alguma relevância.
para mim, não é tão comprida assim e, no momento, as minhas pernas estão
completamente à mostra.
— Perfeito!
— Bom, é com todo o respeito que digo isso, mas Gabriel Souto
estava virado no cão. Ele estava constantemente de mau humor, não fazia
nenhuma questão de ser gentil ou educado com ninguém, nem mesmo com
José, que trabalha há tantos anos com ele.
— Eu imagino como deve ter sido difícil — digo. O Gabriel que
conheci era exatamente a pessoa que Lury está descrevendo e, de alguma
— Acho que ele sentiu muito a sua falta e não estava sabendo
lidar com isso. Eu sei que não é da minha conta os motivos que a fizeram ir
embora, mas, acredite, seu Gabriel é outra pessoa quando está com você.
Parece que perdeu o rumo quando a senhora se foi.
— Tudo bem.
poderia perdoar.
errou feio em não ter confiado em mim e em não me dar o direito escolha,
mas eu também errei.
Confiar.
Acreditar.
atingiriam a minha vida e eu, apesar de acreditar ser uma pessoa forte, talvez
não estivesse preparada para tanto.
Talvez!
causa dele? Não posso pensar nessas respostas, pois teria que admitir que
existia a possibilidade de eu ser injusta com ele.
os sinais estavam claros e agora por estar sendo tão teimosa, a ponto de fazê-
lo se trancar no escritório por acreditar que a sua presença me incomodaria.
Sei que é exatamente isso que ele está fazendo, pois o escritório não é o seu
lugar preferido da casa e, nem mesmo quando trazia trabalho para casa, o
fazia dentro desse cômodo.
jeito para proteger o filho e garantir os seus direitos como pai, no entanto me
quer aqui ao seu lado. Quer porque me ama.
brigas quando hoje parece que não somos capazes de nos entendermos nem
mesmo acerca das coisas mais simples.
minha irritação.
ignorada.
forma, talvez você tenha que me perdoar por não seguir a cartilha que nunca
foi apresentada a mim. Agi como acreditei ser o melhor e, se o melhor foi da
forma mais errada possível, eu não posso fazer nada para mudar isso.
por não ter confiado em tudo que tínhamos vivido, por ter acreditado fácil
demais naquele teatro. Por ter dito que só me queria por causa dele. — Levo
a mão à barriga. — Eu não acredito em nada daquilo que falei.
— Fui injusta.
— Não, estava nervosa e por isso te deixei sozinha. Você não
tem culpa de nada nessa bagunça que eu fiz com as nossas vidas.
— Estamos bem?
No fim das contas, apenas torço para que não seja preciso passarmos por
maus bocados novamente. Hoje, tudo o que precisamos é colocar as nossas
vidas nos trilhos e sermos felizes como pessoas realizadas, como um casal e
futuros pais.
— Amor...
subi-la pelo seu abdômen. Vendo o meu esforço, meu marido me ajuda e
termina tirando ele mesmo a barreira entre os meus olhos e a sua barriga
cheia de gomos.
— Ela quer muito, neste exato minuto, mas antes você tem que
prometer algo.
— Eu prometo, senhora!
— Você preste atenção, Gabriel! Não me faça ter que ficar sem
o meu parque de diversões.
— Não farei, pois sou um bom marido e sei o quanto você gosta
de cavalgar no colo do seu homem.
se cuide e volte a ser o homem de sempre. Forte e que não precisa aumentar o
tom de voz para ter o mundo nas mãos, pois tem força e carisma o suficiente
para conquistar tudo o que deseja.
— Como poderia não estar, bebê? Estou com você nos meus
— É claro que precisa. Vai tirar essa barba, cortar esse cabelo,
colocar o terno e tomar nas mãos o controle da sua vida. Esse é o verdadeiro
Gabriel e agora eu estou do seu lado, como deveria ter sido desde o início.
eu chego a ter uma vertigem quando leva o dedo até a boca e o chupa, sem
desviar o olhar do meu.
— Ultimamente, sim.
gravidez e ele ouve com bastante interesse e empolgação. Confesso como foi
me adaptar com a nova rotina e voltar para casa do meu pai quando já estava
acostumada com a nossa.
— Não tem graça, amor. Eu fico sem saber como olhar para ela.
ainda está por ai e não sei o que ele pode fazer contra mim.
cedo, eu deixei de ter um pai para ter um estranho que só me fez mal com a
falta de amor e por me apresentar tão cedo a vícios que talvez eu nunca
conhecesse.
— Ele não pode mais fazer nada contra você, Gabriel. Olhe bem
o caos em que se transformou as nossas vidas. Será que não foi o suficiente?
tranquila, pois ao seu lado eu sinto que estou protegida e foi assim desde o
início. Sabia que, mesmo vendo-o como o próprio diabo na terra e
detestando-o por ter se tornado meu dono, ele poderia me proteger de
qualquer um. Só não existia alguém capaz de me proteger dele, por isso agora
estou nos braços do demônio, o meu diabo loiro. Rendida e completamente
apaixonada.
— Acho que devemos arrumar um jeito de pegar as minhas
coisas na casa do papai e conversar com ele sobre a nossa volta.
— Muito.
Seu Júlio, de certa forma, fica feliz por nos ver juntos e de ser
informado que reatamos, mas também fica preocupado com o que pode
acontecer com essa volta. Ele tem acompanhado pela TV, jornais e revistas a
exposição que a vida de Gabriel vem sofrendo e por isso o compreendo. O
loiro, por outro lado, garante para o sogro que está tudo bem e assim
permanecerá. Ele acredita que a poeira está começando a baixar e que logo
dará outros motivos para falarem dele. Desta vez, bons motivos.
se propõe, mas também pode ser uma boa aliada. Com os planos ambiciosos
que Gabriel tem, ele acredita que está próximo de virar o jogo, do vento
soprar a seu favor.
banco de trás e ver as malas com os meus pertences voltando para o lugar de
onde nunca deveriam ter saído e por ter deixado o meu pai bem. Ele ficou um
pouco triste por já ter se acostumado com a minha presença na sua casa, mas
eu acabei o convencendo de que será bom para ele também, considerando que
terá mais privacidade com a nova namorada. Júlio diz que estão ainda se
conhecendo, mas eu duvido de que seja só isso, pois ele passa a vida no
celular e tenho certeza de que não era só com o Gabriel que ele falava.
um casal que está em uma, mas na verdade já estamos assim há três meses. O
fato de não termos saído muito de casa serviu apenas para nos deixar ainda
mais unidos. Percebemos que o fato de estarmos brigando por tudo no
período da reconciliação era apenas o estresse falando mais alto.
um famoso ator foi visto em uma situação comprometedora com uma mulher
que não era a sua esposa. Os olhos de todos se voltaram para ele e então eu
pude ter um pouco de tranquilidade para tentar recomeçar ao lado da minha
morena.
— Ele ama o papai, por isso fica assim quando você toca a
minha barriga — afirma, apoiando a mão sobre a minha, que está na sua
barriga proeminente que a deixa mais linda do que nunca.
mãe. A mulher que eu amo e que será a melhor mãe que um bebê poderia ter.
Ao seu lado, não tenho medo de ser pai, pois eu sei que o seu amor me
inspira a ser melhor a cada passo que dou na minha vida.
Luana, que aproveitou para tirar as férias vencidas que vinha acumulando no
hospital, não sabia o que fazer para ocupar o tempo, já que não dava mais
para passarmos o dia transando.
Ela começou a fazer receitas com Lury e hoje posso dizer que
ela quase sabe cozinhar. Para saber mesmo, ainda falta um pouquinho. Eu
como das suas invenções com um sorriso no rosto e ela, sendo a criadora,
acha que tudo sai perfeito. A mim, resta torcer para que o quase deixe de
existir quando associo a minha gata e cozinha na mesma frase.
é? Você prometeu.
forma tentou protegê-la dos outros dois. Ficou sabendo que alguns dias atrás
ele foi procurá-la no abrigo e que agora ele sempre aparece por lá. Minha
morena está muito radiante com essa notícia porque é assim que ela é, uma
pessoa boa, sempre preocupando-se com o próximo, com quem tem menos
do que ela.
— Não entendo por que tem de ser à noite. O abrigo não recebe
ninguém à noite — afirma, não desconfiando de nada.
simplesmente não mencionei nada disso para ela. O futebol é apenas uma
pequena mentira para que não suspeite do que tenho preparado.
— Isso quando você não decide usar o seu tempo livre para
tentar me seduzir.
mais uma vez encantado por sentir o bebê chutando dentro da sua barriga.
gosto quando você fala desta forma, como se não fosse digno de ser amado
por mim e nem por ninguém.
— Então não fale mais sobre isso. Eu te amo e faria tudo por
você. Sei que me ama da mesma forma e nada mais importa além disso.
Dessa vez, bastou que saíssemos de casa para que, no outro dia,
aparecesse em toda a imprensa notícias da reconciliação. Em tom de fofoca,
as notícias foram bem menos maldosas, tirando uma ou outra que afirmava
que nós nunca estivemos realmente separados, já que a barriga da minha
morena está grande demais para dizer o contrário.
com uma celebridade, juro que teria fugido de você — ela debocha de um
assunto que acabou se tornando piada entre nós dois.
— Safado!
— Gostosa.
Durante o restante da tarde, enquanto Luana dorme
tranquilamente, aproveito para arranjar os últimos detalhes e, a cada hora
passada, mais perto fica do momento e com isso o meu nervosismo aumenta.
Para um homem que é mais de falar, o que tenho em mente é uma baita prova
de fogo.
— Você está estranho, amor. Tem certeza de que está tudo bem?
Sei que já perguntei umas cinco vezes, mas você realmente está muito
estranho e não adianta tentar negar.
cinco vezes. — Talvez seja o clima — digo algo completamente sem sentido
e nem sei de onde saiu.
— Sua mão está muito gelada. E não vale dizer que é o clima,
pois hoje está quente demais, tanto que se eu pudesse, sairia pelada pela rua.
— Que não gostaria de ver o seu marido morto de ciúme por ver
outros idiotas descobrindo quão gostosa você é.
— Está preparada?
— Pois é. É só o abrigo.
Quando o portão de ferro é aberto, o pátio está silencioso e
escuro. Aparentemente não tem ninguém além de nós dois.
Automaticamente, seguro a mão fria do Gabriel com mais força e ele a solta
para abraçar minha cintura e trazer meu corpo para mais perto do seu.
belíssimo.
não sou idiota, sei que o diabo loiro está aprontando alguma coisa, só não tive
tempo de pensar no que é. De qualquer forma, o meu coração bate um pouco
acelerado e talvez a minha mão esteja tão gelada quanto a dele.
os seus rostos iluminados até formarem tudo o que meu amor queria dizer. A
cada frase, mais lágrimas escorrem pelo meu rosto e eu começo a reler tudo
outra vez, só para sentir novamente a mesma emoção.
E sobre o perdão.
trouxe até aqui. Ele tem sempre que ser comemorado, meu amor. Obrigada
por lembrar.
— O Sensations?
Cíntia, a namorada que parece fazer bem a ele. Apesar dos erros e também
por eles, Júlio é o meu pai e eu o amo muito. Sempre será assim. — De uma
forma completamente errada, ele foi o responsável por termos nos
reencontrado.
foi que me fez continuar acreditando que o ser humano podia ser bom.
— Garoto do capuz.
amamos. Desta vez será diferente, pois saberemos o que nos une. Você
aceita?
rosto, deixa nossas bocas bem próximas e, quando os meus olhos começam a
fechar, pela expectativa do que virá a seguir, ele desvia a boca da minha, a
leva até o meu ouvido e pergunta baixinho:
— Liberdade?
pode terminar agora. — É o que diz, mas a sua boca já está sobre a minha,
beijando-me com fome e avidez. Como não sou de ferro, por um momento
aproveito dos carinhos do homem que me beija com uma intensidade
correspondente ao seu amor.
— Acho que nós temos que voltar, Gabriel. Ainda tem gente
aproveitando a festa que você preparou e não seria nada bonito fugirmos
desta maneira. Vamos pelo menos nos despedir do pessoal.
— Prometo.
da noite que estava tão linda, não só pelo clima, como também por tudo o que
vivemos. É lindo ver como Gabriel tornou-se um homem de grandes gestos.
Perceber como mudou no curto prazo de um ano.
e desejo.
— Gostosa!
— Não conte com isso, diabo loiro. Não esqueça que você está
falando com uma mulher grávida e cheia de hormônios.
com uma mordida tão dolorosa quanto excitante no meu pescoço e que,
certamente, diz como acabará a nossa noite.
nossos rostos estava estampada a alegria por mais um passo dado, pois a
noite de ontem representou um divisor de águas nas nossas vidas,
individualmente e como um casal.
não o tirar do berço. Com seus 3 meses de vida, o pequeno Gael já começa a
ter as suas vontades e uma delas é choramingar quando fica longe da mamãe
por mais tempo do que está acostumado.
— Sei que você não vive sem ela, amigão. Eu também não e por
isso te entendo. Não é fácil ficar longe daqueles peitos.
vejo os seus olhos rolarem para cima. — Aliás eles estão muito bonitos
dentro deste vestido decotado e sexy — elogio, admirando-a abertamente,
enquanto o pequeno Gael brinca com o meu dedo, tentando de todas as
formas levá-lo a boca.
que nunca. Tão linda e confiante como sempre foi e sabendo que é perfeita do
jeito que é e se sente bem com isso.
— Por que o pegou, amor? Sabe que vai dar trabalho quando
tivermos que sair — avisa. — Ficará com esses olhinhos azulados nos
encarando e eu não conseguirei pensar em mais nada, até voltarmos para casa
— diz, pegando-o dos meus braços.
— Como eu posso resistir, morena? Ele estava acordando e
praticamente implorando com o olhar para que eu o pagasse — defendo-me,
Parece que foi ontem que ela ligou para mim, enquanto estava
empenhado nos preparativos para a reinauguração. Era o meio de uma tarde
de terça-feira, Luana estava no abrigo e eu tive de largar tudo e sair correndo.
O caminho nunca tinha me parecido tão longo e quando cheguei ao lugar, a
minha gata estava fazendo umas caretas muito estranhas por causa das dores
das contratações. Foi inusitado porque ela estava rodeada de crianças e as
elas faziam com que, vez ou outra, minha gravidinha desse um sorriso em
meio às dores por causa das suas perguntas inocentes.
crueldade e de nunca ter entendido o porquê de tudo sempre ter sido tão
difícil para mim, fazendo com que eu me tornasse uma pessoa da qual não
deveria me orgulhar.
minha vida e pelo meu filho. Prometi dedicar a minha vida a fazê-los felizes e
demonstrar todos os dias o quanto os valorizo.
boquinha dele do seu seio, beija a sua testa e o deita novamente no berço.
Minha mulher ainda o mima um pouco e quando se dar por satisfeita, volta
para o meu lado e elogia: — Você está muito bonito, senhor Souto. A sua
mulher deve se preocupar com o assédio? — provoca, passando a ponta das
Apesar de ser muito jovem, não é a primeira vez que a moça fica
com Gael quando precisamos sair. Ela é uma boa moça, sobrinha da Lury e a
cozinheira fica de olho quando o bebê sob os cuidados da garota.
Sei que nós dois parecemos pais desesperados com tantos avisos,
repetidos em outras ocasiões e que ela está cansada de saber, mas em nossa
defesa conta o fato de sermos pais de primeira viagem e de ainda ser difícil
sair e deixar o nosso pequeno moreninho. Com os meus olhos claros, Gael
puxou a mesma cor de pele da mãe e os mesmos cabelos escuros. Muito
parecido e tão lindo quanto ela.
implacável homem de negócios que um dia havia sido. Depois que fizemos as
pazes, tudo mudou. Senti as minhas energias se renovarem e, aos poucos,
voltei a ser o mesmo de sempre, o homem que não precisa de permissão, ele
simplesmente vai lá e faz.
de parte dos bens, por serem provenientes de atividades ilícitas, não foi
preciso de muito para atrair a atenção da imprensa como se eles fossem
abelhas em volta do mel.
que foi o antigo Sensations, tudo o que querem é ver o que Gabriel Souto
conseguiu construir, depois da grande queda. Precisam ver o quão eficaz eu
fui em me reerguer, se sou ou não o mesmo, depois do acontecido e de ter me
tornado um homem de família.
apenas como uma pessoa qualquer, alguém que ama a família que criou.
diferentes.
— Elas amam você, Gabriel. Não finja que não sabe disso. Casei
com uma celebridade e estou ficando deslumbrada com isso — ela brinca. Sei
que não está falando sério, pois muitas vezes os holofotes a incomodaram,
principalmente depois do nascimento do nosso filho.
— Se você diz...
Sei por que, mais cedo, os meus novos sócios fizeram uma
— Não eram mesmo. Longe disso. Mas isso não muda o fato de
eu ter te achado o homem mais lindo que eu já tinha visto na minha vida,
mesmo que fosse só por foto.
Feliz por ter esse tempinho a sós com ela, antes que a loucura
nos impeça de estarmos assim por um bom tempo, trago-a para mais perto,
beijo o seu pescoço e então digo ao seu ouvido:
— Deixo tudo o que você quiser, faço porque quero e por estar
muito, muito orgulhosa de você — afirma, trazendo-me mais para perto, se é
não esperava ver novamente, não depois de tantos meses, não depois de ele
ter conseguido transformar a minha vida em um inferno. — Como tem
coragem de ainda aparecer na minha frente?
— Sou o seu pai — afirma, mas nem ele acredita no que fala.
Não o considero assim e muito menos ele me trata como um filho. Está muito
bem vestido e eu não posso nem imaginar como conseguiu essas roupas,
apenas sei que não foi por um meio lícito.
drogar — com prazer, relembra o quão fundo eu caí e não perde a pose nem
mesmo ao se ver na situação em que está.
arma de fogo calibre 38. Eu o olho sem acreditar que pôde ir tão longe e,
atrás de mim, ouço o som de um choro bem baixinho. Rapidamente, levo as
minhas mãos até às suas, que ainda estão em volta da minha cintura e
entrelaço os nossos dedos. Elas estão trêmulas e geladas e eu só preciso que
saiba que está tudo bem, que nada de ruim irá nos acontecer.
morena para frente e no seu rosto vejo a expressão do medo. Do horror pelo
que poderia ter acontecido, estando o homem armado e, aparentemente, fora
do seu juízo perfeito.
está tudo bem, pois, apesar de ter precisado ser forte, no fundo eu senti muito
medo. Medo por mim, por não poder pensar na possibilidade de algo
acontecer comigo e ter que deixar a minha mulher e o meu filho sozinhos.
Medo por ela, por saber que eu simplesmente não poderia viver em um
mundo em que ela não estivesse.
— Como você...
— Estou excitada.
— Safado!
— Gostosa.
— Muito.
que ela é a principal razão de tudo estar acontecendo. Que foi e sempre será o
motor que me impulsiona para frente. Finalizei relembrando que o Sensations
é o resultado de um sonho de um jovem que um dia precisou recomeçar e
desejando uma boa noite de diversão para todos.
vale a pena, se o fim da estrada for o que estou vivenciando. Na verdade, não
então vejo uma mulher de costas. De imediato, tento chegar até ela, que não
move um passo para tentar se livrar das pessoas que passam sem se
importarem se ela está ou não ali, no meio do caminho. Apenas querem entrar
e matar a curiosidade.
dos responsáveis pela nossa história e depois, quando tudo fica mais calmo,
eu a giro entre os meus braços e, olhando para o seu rosto radiante e belo,
digo:
perfeita.
um ataque de tanto medo de que ele fizesse alguma contra o filho, as coisas
estão saindo como Gabriel quer. O lugar está tão sedutor quanto antes, a
diferença é que não existem mais as mesas de jogo.
— Vamos fingir que você e seu marido não estão a todo instante
se comendo com os olhos e por isso a senhora mascote não tem prestado
atenção em nada do que estamos falando.
puxou a beleza dos pais — Juceline afirma e faz com que eu também me
lembre do meu pequeno.
ficou puto de raiva e essa foi uma das melhores cenas da minha vida.
— Mas vai dançar mesmo assim. Olhe para o seu marido, ele vai
anunciar a atração da noite — Érica, indiscreta, aponta para frente e no palco
está Gabriel, chamando o tal DJ, que deve ter a mesma idade que ele, e eu
continuo não sabendo quem é.
pouco. A noite de hoje é toda sua e do seu marido — Andréa fala e me puxa
pelo braço para o meio da pista, que está calma, considerando que o pessoal
ainda está conhecendo o lugar e apreciando as suas bebidas.
pista, sinto um impacto muito forte nas minhas costas que me deixa a ponto
de perder o equilíbrio. Se estivesse bêbada, teria caído com a cara no chão
espelhado.
O susto faz com que paremos de dançar. Nós nos viramos para
trás e na minha frente está ela, a negra linda, porém insuportável, Sabrina.
Gabriel não foi nada seletivo ao ter se envolvido com ela e por isso tenho que
carregar essa cruz. Além de já ter suportado alguns insultos e tentativas de
envenenar a minha relação, ainda sou obrigada a aturá-la hoje, uma noite em
que nada deveria dar errado.
ressente por não ter tido um terço do que nós temos. Sente necessidade de
tentar me diminuir, ao fazer comentários que acredito dizer muito mais sobre
ela.
com você.
— Está me ameaçando?
— Estou sim.
mim e muito menos da minha mulher — afirma. — Está tudo bem, amor?
Bufando de raiva por ver que não consegue me afetar mais, ela
sai pisando duro e então eu me permito uma respiração profunda.
estresse que possa ter tido com a Sabrina e eu só posso pensar que Gabriel e
eu estamos juntos novamente e, principalmente, começo a me perguntar para
onde estamos indo. Esse lugar parece especialmente pecaminoso e, de
repente, só penso em ter um momento de privacidade com esse homem que
acaba com todo o meu juízo e faz o meu sangue correr quente pelas veias.
— Ela não tem mais esse poder, amor. A Sabrina é uma pobre
coitada. Eu chego a ter pena dela.
para curtir a noite e dar atenção para a minha mulher gostosa. A mais linda da
noite — fala quando estamos no topo da escada e, de mãos dadas, passamos
pela ala dos sofás, seguindo em outra direção. — Posso te confessar uma
coisa?
— Lindo!
cada recanto do seu corpo, enquanto por todo esse lugar as pessoas se
divertem. Eu quero fazer a minha própria comemoração e isso significa estar
assim, com você trêmula de desejo nos meus braços.
minha, até conseguir capturar a sua boca, que tem gosto de bebida alcoólica.
algum lugar que eu não tenho cabeça para adivinhar qual é. Vamos batendo
nas paredes, tropeçando em nossos próprios pés, até finalmente estarmos ao
lado de uma porta de vidro.
— Se você diz...
— Venha aqui, minha gata. Eu quero que você veja uma coisa.
— Soltando a minha cintura, meu loiro segura a minha mão e me leva para
frente de uma das paredes, onde existe uma pesada cortina. Gabriel vai até
um dos cantos e, com um rápido puxar, as pesadas cortinas se abrem e então
a parede inteira de vidro é revelada.
gostou.
— Eles também têm esse privilégio. Foi algo que pensamos para
adiantar o nosso trabalho, além dos comunicadores — diz.
cobre a minha, que está apoiada no vidro, e a outra vai para o meu seio, dou-
me conta da situação em que estamos e, ao invés de ficar preocupada com a
exposição, fico ainda mais excitada e propensa a cometer loucuras com esse
homem.
saliva por vontade de curvar meu corpo e lamber cada pedacinho da sua
barriga chapada.
como é.
Assim que Gabriel abre o fecho e eles ficam livres, sinto uma
pequena vergonha que sempre aparece e que ele, rapidamente, trata de
afastar.
não ver no meu rosto o quanto fico desconcertada com este nosso momento
íntimo.
sentindo-me bem por estarmos pele contra pele, as minhas costas contra o seu
abdômen firme, uma mão brincando com o meu mamilo e a outra lentamente
subindo a barra do vestido, com a ponta dos dedos tocando a pele arrepiada
da minha coxa.
— Sim.
dedos nos lados da minha calcinha e, sem tirar os olhos dos meus, ele a
abaixa lentamente.
— Você fica com os olhos mais escuros quando está com tesão,
sabia? — O pensamento vem à minha mente e, antes que eu possa processá-
lo, ele já está saindo pela minha boca.
mais embaixo, ele faz movimentos desajeitados para descer a calça e a cueca.
Quando se dá por satisfeito, começa a pincelar a ponta robusta na entrada do
meu sexo já muito escorregadio. — Ai...
— Está sentindo como somos bons juntos? Será que sempre vai
ser assim? — fala, abaixando a cabeça para sugar os meus seios, que já
começam a pingar o leite materno. Gabriel gosta de dedicar um tempo a eles
e, desde o início, quando comecei a me sentir constrangida com o ato, ele me
fez entender que entre nós não deve haver vergonhas, que temos intimidade e
nos amamos demais para quaisquer tipos de pudores, ainda mais quando o
desejo de experimentar fala mais alto.
roçar e outro dos nossos sexos. — O tempo só melhora. A cada dia fica
melhor, eu te desejo dia após dia. O seu cheiro me enlouquece.
— Não! Não ouse parar, meu amor, eu não quero que pare. Só
preciso que se mova — imploro e, para deixar claro, finco as unhas nos seus
ombros.
apoiados contra a parede de vidro, fizemos isso sabendo que a vida lá fora
continua a todo vapor, e, para nós, o momento a sós é importante.
bunda.
Depois que conseguiu uma vez, Gabriel não teve mais que
insistir para fazer o tipo de sexo que o deixa por uma semana com o sorriso
rosto, tanto que não tivemos nenhum pudor em fazê-lo no seu lugar de
trabalho, correndo o risco de sermos ouvidos por qualquer desavisado que
passasse pelo corredor dos escritórios.
tempo sumidos, o que deixou óbvio que estávamos nos pegando em algum
canto, as meninas já haviam ido embora e só tenho a chance de me despedir
do meu pai, porque ele também já está de saída.
— Gabriel, caralho!
quanto tempo ficamos nos olhando até que os meus olhos começam a pesar
de sono.
Eu amo você.
sonho.
milagre.
De tudo que Gabriel viveu e do que eu mesma vivi, que não foi
nada perto da sua infância e adolescência, nunca gastei minutos do meu
tempo com questionamentos do porquê as coisas terem sido como foram.
Apenas olho para frente e aceito o resultado, pois, de uma forma ou de outra,
a nossa história estava escrita. Ela tinha que ser vivida e no futuro contada
para os nossos netos e bisnetos. De geração para geração.
ontem em uma situação bem comprometedora. Nas fotos abaixo, o casal está
curtindo um dia de sol com o pequeno Gael, de 6 meses, e nas próximas
podemos ver o casal trocando beijos calientes dentro de mar.
“Eles não gostam que divulguem, mas acredito que o bem tem
que ser propagado e quero que todos conheçam o coração deste casal,
principalmente, o dele, Gabriel Souto. Ele é muito mais do que deixa
transparecer. Graças a sua contribuição, não só financeira, mas também
através da sua influência, o abrigo está crescendo e hoje abrigamos mais de
400 crianças e adolescentes. Estamos sendo notados pela prefeitura e não
tem dinheiro que pague isso.”
Palavras de Maria do Rosário, diretora do abrigo Amor
Compartilhado, durante a festa que aconteceu no Sensations, com o intuito
Jornal, O povo
Blog, Famosidade
eles, dia sim e outro também, são vistos aos beijos em público.
Site, Ego
combinamos que ter uma família grande, com pelo menos três filhos e, se for
para o segundo vir tão cedo, que venha. Esse era o nosso pensamento e
ontem, depois de sentir algumas tonturas, decidi fazer um exame de sangue e
ele acabou confirmando a gestação.
— Sabia que você fica ainda mais deliciosa quando está deitada
sobre essa grama e usando esse biquíni pequeno? — Com dificuldade por
causa do sol, abro os olhos e vejo a sombra do meu marido quase cobrindo o
meu corpo. Ele está muito gostoso com o seu short de banho e fica difícil não
sentir vontade de levantar e lamber os gominhos da sua barriga com alguns
respingos de água.
gravidez.
curiosidade. Luana deixou claro que está aprontando algo que não faço ideia
do que seja, considerando que não é nenhuma data especial e nem algo
diferente aconteceu nos últimos dias.
forma, e sem saber onde estamos — digo ao ouvir um clique. — Sei que
estamos em um hotel.
por conta do que tem dentro dele. Além da cama, a iluminação está diferente,
mais fraca e lembra o Sensations na época em que ainda era um cassino. A
semelhança não fica apenas por conta da iluminação, no centro do cômodo,
existe uma mesa de pôquer e, do lado direito, uma mesa com bebida que
imita um minibar muito parecido o com o do antigo cassino.
— Amor...
— Gostou?
— Sabe?
— Eu jogo.
— Quer apostar?
— Eu não faria isso com você, bebê. Sabe que eu iria ganhar
fácil.
Jogar, algo que não tenho feito ultimamente e vou fazer isso com
— Eu não estou...
impressão de que ela queria exatamente isso e não fez nenhum esforço para
vencer.
cobrar, você lembra? Foi por causa desta habilidade que nós chegamos até
aqui — toco em um assunto que já deixou de ser incômodo para nós.
— Uma notícia.
corpo, em busca de alguma mudança. Está tudo igual, ela permanece linda
como sempre.
— Caralho!
própria existência insossa e bem planejada. Obrigado por não ter desistido de
mim.
perda de seu pai, único parente vivo e pessoa que ela mais ama, deixando-a
desamparada e sozinha no mundo. E, para completar o pesadelo em que passa
a viver, a garota se vê obrigada a viver sob a tutela de Erick Estevan, melhor
amigo de seu pai, de quem guarda antigas e profundas mágoas.
Erick vê seu mundo inteiro virar do avesso com a chegada da
filha de seu falecido melhor amigo aos seus cuidados. Tendo sua vida inteira
planejada, a adição inesperada não seria um problema, se não fosse o doentio
desejo que sente pela garota que viu crescer.
Marina é agora uma linda e proibida mulher, que assombra seus
— Era isso que você queria, não era? – digo, ao prensá-la contra
a porta da nossa casa. — Você vai me pagar muito caro por ter deixado
aquele merdinha te tocar, porra... – falo, cada vez mais irritado e excitado ao
prefere, meu amor. Quer meu pau aqui – coloco apenas a ponta do meu dedo
indicador dentro da sua bocetinha. — Ou você prefere começar por aqui? –
levo minha mão à sua bunda, acariciando de maneira cadenciada seu
buraquinho apertado.
Sinopse
Bruno Pires tinha tudo o que poderia desejar, desde uma carreira
brilhante, que alcançou o seu auge quando que teve para si o título de melhor
advogado criminalista do país, até a bela e desejável Carolina Guimarães,
atriz e também a sua noiva. Um dia, todo o seu mundo vem abaixo quando
um terrível acidente lhe tira tudo o que mais preza, principalmente a
independência e capacidade para fazer as coisas mais básicas, dele restando
apenas a sombra triste e amargurada do homem que um dia foi.
Linda e refinada como só um membro da família Albuquerque
consegue ser, Ângela não é nada mais que uma mentira. Se aos olhos do
mundo ela é a herdeira perfeita, no seu íntimo esconde segredos e carrega
profundas feridas que nem mesmo o tempo foi capaz de curar.
Bruno e Ângela, almas quebradas que encontrão na força de uma
da porta do banheiro.
— Ângela, minha filha, que cabelo é esse? — Ouço a voz de
anjo assim que entro no banheiro.
Se o plano era ficar longe de problemas, acho que não estou
fazendo isso direito.
— É você, Marina? — indaga, quando os meus passos incertos
me denunciam. — Ah, é você...
— Desculpa por ter entrado dessa forma. Não sabia que você
estava aqui dentro.
frente e com o seu cheiro hipnotizador, apoiar as duas mãos em cima do meu
peito e mesmo por cima da blusa, sinto o calor do seu corpo através do toque
e isso não é nada bom.
Não para um cara como eu.
— Não fale besteiras. Além de ser convencida, você também é
fútil? — pergunto mordaz, pois, se tem uma coisa que me tira do sério, são
pessoas que não veem além das aparências. Antes eu era exatamente esse tipo
de pessoa, mas a vida tratou de ensinar da maneira mais cruel possível que
nem sempre a aparência ou classe social diz alguma coisa sobre uma pessoa.
— Você não me conhece. — Por um momento, sinto-a fraquejar,
mas isso logo muda quando a garota se apoia em mim com mais firmeza e
subindo as mãos para o meu pescoço, continua a falar. — Para de ser
ranzinza, só alguns beijinhos e um sexo gostoso. Prometo que depois te deixo
em paz. — Fica mais perto e eu sinto seu peito espremendo-se contra o meu.
Tenho a sensação de que de repente ficou mais quente do que
uma sauna e eu começo a suar como se tivesse corrido meia maratona.
— Me solta, Ângela! — falo pela primeira vez o seu nome e
pau ficar duro de maneira instantânea ao sentir suas curvas com os meus
dedos.
Primeiro ela me leva para os seus seios cheios e que são capazes
de encher as minhas mãos para, em seguida, passá-las por sua barriga plana e
finalmente parar na bunda durinha e aparentemente perfeita.
— Garota... — Propositalmente, tira as suas mãos de cima das
minhas e não tenho forças para soltar a carne macia.
— Por que não tira esses óculos e me deixa ver os seus olhos? —
Sem que possa impedir, a menina irritante desnuda os meus olhos e surpresa
furiosa e imagino que seja pelas ofensas, mas também pela rejeição.
Posso nunca ter visto seu rosto, mas imagino o quanto deve ser
linda e nada acostumada a ser dispensada como foi agora.
— Desejo o mesmo para você, baby — digo por fim e viro-lhe
as costas.
Sem os meus óculos, saio do banheiro com a sensação de que as
coisas não serão como antes. Agora eu tenho memórias boas. Tenho um
cheiro, uma voz de anjo e lembranças de um corpo perfeito. Memórias de
algo que jamais terei, pois a vida tratou de levar de mim a opção de escolha.
— Ângela. — Caminhando o mais rápido que a minha condição
permite e sem que ocorra um acidente, experimento pela última vez o seu
nome na minha boca: — Anjo.
Sinopse
Cedo demais, Clara vê seu mundo destruído. Após a morte
trágica dos seus pais, a garota descobre que a família estava completamente
falida e que tinha somente alguns dias para deixar a casa em que vivia e foi
Em meio à paixão que surge sem que ninguém pleneje, ele está
prestes a descobrir que a menina mulher veio para incendiar tanto o seu corpo
quanto o seu coração.
Prólogo
Clara
sei nem o que estou fazendo aqui. Como é que uma menina da sua idade,
linda desse jeito, não sabe nem mesmo beijar na boca? Você vivia onde?
Num um convento? — pergunta, cada vez mais irritado. No entanto, minha
atenção firma-se somente até a parte em que fui elogiada. Até porque não é
todo dia que um cara como esse me dirige a palavra, ainda mais para chamar
de linda.
Mesmo com o tabu, Saulo a quer e fará tudo para tê-la, enquanto
Amanda tenta desprezá-lo, mas não consegue resistir ao desejo. Vivendo
como cão e gato, eles vão descobrir que entre o amor e ódio existe uma linha
muito tênue.
Prólogo
Saulo
O último gole desce queimando na minha garganta como se
para fazê-la esconder os dentes dentro da boca e esse motivo sou eu.
Amanda, por mais alegre que esteja — e eu imagino que seja
muito, por ver a Clara tão feliz — consegue mudar de expressão num piscar
de olhos. Basicamente, todas as vezes em que se depara comigo lhe
observando. Não precisa de mais nada, é só me ver que a mudança brusca
acontece.
Não sei se estou bêbado demais ou se meus 32 anos já me
classificam como velho o suficiente para já ter algum problema com a visão,
mas a verdade é que além de o sorriso morrer, vejo outras reações, respostas
do seu corpo que me deixam curioso — mais do que deveria — a seu
respeito.
Parece até piada estar tão impressionado por essa garota, logo
eu, o cara que passou anos cultivado sentimentos por uma mulher que nunca
deu sinais de querer alguma coisa que não seja me usar. O ponto alto de toda
essa história doentia foi descobrir na cama de um quarto de hotel, depois de
foder a boceta dos meus sonhos até a exaustão, que a mulher sempre esteve
apaixonada por Henry, o cara que a tem como melhor amiga, mas que para
ela é mais que isso, é um amor antigo, uma paixão incurável de adolescência.
A mim coube o papel de ser o estepe quando ela percebeu que
ficar tantos anos calada a respeito de uma paixão platônica não lhe serviu de
nada e que o homem por quem é apaixonada por todos esses anos está se
casando com outra, a garota simples, mas que mostrou-se ser tudo o que
Henry procurava, ou melhor, não procurava e mesmo assim acabou
encontrando.
O bom da vida é que até pra ser feito de idiota o ser humano tem
um limite e o meu felizmente chegou. Laura para mim é página virada e sem
volta. Como sempre fiz, vou continuar batendo quantas bocetas tiver vontade,
assim como faço desde a saída da adolescência, o diferencial é que eu comi a
que sempre desejei. Acabou mal, mas ainda assim, eu comi.
branquinho e delgado que eu sinto vontade de chupar até que ali fique a
minha marca. Também não resisto em beber a beleza do seu corpo magro e
deliciosamente preenchido nos lugares certos. O vestido curto e de alças que
usa só a deixa mais gostosa e olha que vê-la usando jeans apertado já não a
deixa pouco gostosa.
Henry tem razão de desconfiar que eu esteja interessado na
Loirinha, porque eu estou, porra!
Ela me intriga e se não fosse pela beleza e personalidade
devolvo. — Vai atrás da sua puta, cadê ela, já foi ver se não está dando em
cima de um cara mais rico que você? – digo e saio para a varanda.
Você não vai fugir de mim, Loirinha!
Pouco iluminado e por não fazer parte da área separada para os
convidados ocuparem, foi preciso que eu abrisse a porta para ter acesso ao
local. No canto esquerdo, quase escondida entre uma árvore florida que não
estava aqui antes da mudança da Clara, vejo Amanda de costas, e o fato de
estar com o corpo apoiado na grade enquanto aprecia a vista da cidade, quase
deixa a sua bunda à mostra. Uma bunda muito, muito deliciosa, por sinal.
— Por um acaso você está fugindo de mim, Loirinha? —
Meposto ao seu lado e como ela, apoio os braços na grade, curioso para ver o
que tanto chama a sua atenção.
— E você? Por um acaso está me seguindo? — Irrita-se, saindo
de relaxada para tensa assim que se afasta da grade e vira o corpo na minha
direção.
Bom, consegui o que queria. Agora Amanda e eu estamos frente
a frente e ela vai ter que me falar qual o seu problema comigo.
Facebook: @anne.autora
Instagram:@joane_silva_autora