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TABELA DE CONTEÚDOS

 
 
 
 
 
TABELA DE CONTEÚDOS
AGRADECIMENTOS
ELLIE
NICCO
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NICCO
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NICCO
ELLIE
NICCO
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NICCO
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CRUEL KINGDOM
THE SANTINO’S SERIES – BOOK TWO
AVA G. SALVATORE
CRUEL KINGDOM
 
Copyright © 2023 por Ava G. Salvatore

Todos os direitos reservados. Não é permitida a reprodução desta obra sem a permissão
por escrito da autora, exceto por um revisor que pode citar passagens breves apenas para
fins de revisão.

Este livro é um trabalho de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos
da imaginação da autora ou de forma fictícia.

Edição e Formatação por

Angelica Oliveira

Design de capa por

KAOA PUBLISH
AGRADECIMENTOS
 
 
 
 
Para vocês - Leitores maravilhosos.
Obrigada a todos vocês que me acompanham nesta jornada. Vocês leitores lindos e
amados que fazem o meu dia ainda melhor com suas mensagens de carinho e respeito. Os
seus comentários e orientações me ajudam a cada dia criar personagens e lindos
romances.
 
Com amor,

Ava.

 
1
ELLIE
 

 
O que você faz quando o seu marido vai para a guerra um dia
após vocês se casarem? Um marido que você não escolheu, devo
dizer. Eu não sei quando a minha vida se tornou tão complicada.
É o meu primeiro dia como uma mulher casada e eu nem mesmo
tenho o meu marido comigo. Não que eu esteja sentindo a sua falta
ou esteja preocupada com a sua segurança.
Não nessa vida.
Nicco Santino não está recebendo isso de mim. Se ele deseja
compaixão pode se confessar com um padre. Talvez o que celebrou
o nosso casamento. Mas eu não estou fazendo isso.
Não é mesmo?
Que piada!
Eu não consigo enganar nem a mim mesma com esse discurso
idiota. É claro que a ideia dele não sobreviver me assusta um
pouco. Talvez, muito. Mas você não vai me ouvir dizer essas
palavras em voz alta e se me perguntarem eu vou negar até o fim.
Rastejando para fora da cama, eu entro no banheiro para tomar
o banho mais longo já conhecido. O reflexo do espelho reflete as
marcas dos seus dedos e mãos possessivas que adoraram o meu
corpo como se não pudesse ter o suficiente.
Não me entendam mal, eu não sou nenhuma sádica nem nada
disso. Eu só gosto como ele me fode sem sentido. É enervante. Faz
eu me sentir viva e desejada. Talvez eu esteja quebrada, mas é
assim que eu me sinto.
Memórias da noite passada enchem a minha mente e calor
rasteja pela minha pele como uma erva daninha. A forma como os
seus braços fortes me seguraram apenas evidenciaram o quanto
nós somos bons na cama.
Talvez essa seja a única coisa em que nós somos bons juntos.
Eu encho a banheira enquanto procuro através dos armários por
sais de banho perfumados. Felizmente eu encontro alguns de
diferentes aromas e escolho o de limão-siciliano com jasmim.
O cheiro é delicioso e vai ficar incrível na minha pele.
Eu repasso em minha mente o discurso que pretendo usar para
contar as minhas melhores amigas que eu me casei e não as
convidei, deixando de fora é claro o fato de ele ser o chefe da máfia
siciliana.
Elas vão me matar.
Emma especialmente.
Eu sei que eu poderia ter pedido a Nicco para trazê-las, mas a
verdade é que eu estava em negação sobre a coisa toda. Talvez
ainda esteja. E falar isso em voz alta apenas o torna ainda mais real
que os anéis que Nicco e eu trocamos diante de nossa família.
Eu termino o meu banho e volto para o quarto para encontrar
algo confortável para usar. Há tanto que eu quero fazer hoje, mas
primeiro eu preciso saber o que está acontecendo. Nicco disse que
eu poderia fazer qualquer coisa que eu quisesse, então eu pretendo
fazer a única coisa que me deixa mais feliz no mundo.
Pintar.
Têm todas essas lojas que eu quero visitar para começar a
montar um estúdio. Nicco não deixou claro quantos dias nós
ficaremos aqui, então eu pretendo preencher os meus dias entre
paletas, cavaletes e todas as tintas que eu puder colocar as mãos.
Há uma batida suave na porta e eu logo sei que não é o meu
marido, porque ele não se importaria em bater. O homem pode ser
um maldito homem das cavernas se precisar.
— Entre. — Digo.
A porta se abre e uma jovem mulher aparece no meu campo de
visão. — Bom dia, senhora Santino. Eu sou Tamara, a sua
assistente pessoal.
— Assistente pessoal? — Arqueio uma sobrancelha confusa.
Ela me dá um sorriso tímido. — O senhor Santino achou que
você precisaria de alguém para ajudá-la a se situar, então aqui
estou ao seu serviço.
— Oh! — Eu estou sem palavras.
Ter uma assistente pessoal nunca passou pela minha mente,
mas será bom ter alguém para me ajudar com algumas coisas.
— Certo. — Sorrio para ela. — É um prazer conhecê-la, Tamara.
Eu sou Eleanor, mas você pode me chamar de Ellie. — Digo
estendendo a mão para ela que aceita rapidamente com um largo
sorriso.
— O prazer é todo meu, senhora.
Reviro os meus olhos.
— Você vai usar “senhora” para se referir a mim, não é? —
Pergunto mesmo já sabendo qual será a sua resposta.
Ela me dá um sorriso tímido. — Sim, senhora.
Bem, nós veremos sobre isso.
— Tudo bem. — Suspiro. — Você sabe onde está o meu
marido? — Pergunto.
— O senhor Santino saiu logo cedo, senhora.
— Essa coisa de guerra é mesmo tão séria quanto eu penso que
é?
— Em nosso mundo há sempre algo acontecendo, mas os
Santinos são conhecidos por serem resistentes. A família nunca
esteve tão forte desde que o Don assumiu os negócios.
— Há quanto tempo Nicco é o chefe?
— Cinco anos, senhora.
Oh! Ele tinha apenas vinte e cinco anos. Isso é muito jovem para
se tornar o chefe de uma organização criminosa. Não que eu
entenda muito como funciona essa hierarquia, mas não deve ter
sido fácil.
— O que aconteceu com o antigo chefe?
— O Don Santino foi morto em uma embosca com seu irmão.
— Oh! — Outro choque.
— Não se preocupe, a senhora está segura aqui e nada de mal
irá lhe acontecer. — Tamara me tranquiliza.
Que sorte a minha.
Eu não deveria estar surpresa, afinal de contas essa é a vida de
quem tem laços com a máfia. Não importa a sua ligação, você
sempre estará em perigo. E se tivermos filhos essa será a sua vida
e assim consequentemente.
Balançando a minha cabeça, eu afasto os pensamentos
negativos que ameaçam me derrubar e me concentro no que quero
fazer de bom. Haverá outros momentos para me debruçar sobre
isso, agora tudo que eu preciso é de uma xícara de chá com leite e
algo para comer.
— Quão longe fica a loja de produtos de arte mais próxima? —
Pergunto enquanto caminho para fora do quarto.
— Cerca de vinte minutos de carro, mas você não precisa deles.
— Ela diz e eu me viro para encará-la.
— O que isso quer dizer? — Pergunto confusa.
— O senhor Santino preparou tudo em seu novo estúdio. Tenho
certeza de que a senhora encontrará tudo que precisa para pintar.
— Novo estúdio? — A minha boca caí aberta.
Os seus olhos brilham com emoção. — Sim. A senhora gostaria
de conhecê-lo antes de tomar o seu café?
Ela está brincando comigo?
Eu venderia meu próprio rim apenas para ter a oportunidade de
pintar. Essa é a única coisa que me mantém sã e eu nunca vou ter o
suficiente. Pintar se tornou mais que um passatempo, é a minha
paixão.
— Por favor, mostre-me o caminho. — Digo em uma tentativa de
controlar o timbre da minha voz para não parecer muito excitada
com a ideia.
A verdade é que eu não esperava que Nicco fosse capaz de um
gesto tão nobre. Aparentemente, o meu marido está mesmo
disposto a fazer as coisas funcionarem. E nada mais inteligente que
me dar o que eu mais amo.
Boa jogada, Nicco.
 
 
 
 
2
NICCO
 

 
— Qual é o plano? — Leo pergunta ao carregar a sua arma.
— Entrar, limpar e sair. — Digo enquanto verifico a planta do
lugar.
Aparentemente os nossos inimigos acharam que seria uma boa
ideia vir até a Itália para um confronto direto.
Idiotas.
A única chance que eles teriam de me vencer seria em seu
maldito país gelado, mas eu ainda encontraria uma forma de
aniquilá-los. Os anciões já foram alertados sobre a presença deles e
nos deram total liberdade para agir como eu bem ordenar.
Em nosso mundo não há um chefe maior, mas há uma aliança
entre as seis famílias mais importantes do nosso mundo que
decidem algumas questões burocráticas, mas também impedem
que nós nos matemos ao longo do processo. Nós a chamamos,
Sollievo.
Não que eles pudessem evitar se algum de nós quiser mesmo
acabar com o outro, mas ainda assim é um acordo tácito.
Atualmente, o líder é um velho amigo do meu pai, Frederico Manelo.
O seu filho caçula é quem dirige os negócios da família enquanto o
seu irmão mais velho se prepara para assumir os negócios do pai
na Sollievo.
Eu faço as minhas próprias regras e não obedeço a ninguém,
mas gosto de deixar que eles pensem que podem me fazer. Ser o
Don era um destino que eu não podia fugir ou entregar há um de
meus irmãos. Eu fui criado e treinado ao longo dos anos para isso.
E não ficou fácil com o tempo. Mas é preciso ser feito.
A minha responsabilidade é para com a minha família e meus
soldados. Homens que arriscam as suas vidas todos os dias para
proteger o que nós acreditamos. Apesar de que minha mãe se
preocupava em dobro por nós dois. Ela não tinha ficado satisfeita
em saber que eu tinha forçado me casar com Eleanor. Na verdade,
as suas palavras exatas foram: “Não culpe Ellie pelos pecados do
pai ou tio. Ela é pura e inocente e merece todo cuidado e respeito”.
Eu apenas assenti em concordância. Porque ao contrário do que
muitos pensam, eu não me casei com Eleanor por causa do que
aconteceu com o seu tio ou pai. Eu posso ter me aproximado dela
com segundas intenções, mas tudo isso foi para o alto quando eu
coloquei os meus olhos sob ela.
Eu a queria por quem ela era.
A minha rainha.
— Há três do lado de fora e mais seis dentro. — Stefano diz
após verificar o leitor térmico.
— Romano?
— Em posição chefe.
— Hora do show rapazes. — Digo enquanto disparo o meu
primeiro tiro em um dos soldados inimigos.
De repente, o pop, pop, pop estala no ar e todo o inferno se
solta. Leo chuta a porta não dando tempo para os homens
alcançarem as suas armas, mas logo os que estavam dentro
correram para defender o seu território.
Tiros são disparados em nossa direção e eu me agacho atrás de
um dos contêineres. Eu encontro um ponto e acabo com dois deles
com apenas uma bala. Em menos de dez minutos nós temos o
controle da situação.
— Fracotes. — Leo zomba ao olhar para os cadáveres.
Eu balanço minha cabeça voltando minha atenção para Stefano,
que está com os computadores dos russos.
— Os computadores estão criptografados, então vai demorar um
tempo para ter acesso completo. — Stefano diz.
— Leve tudo que for importante e verifique o armazém por
câmeras e equipamentos de escutas. Eu não quero nenhuma
surpresa. — Digo.
— Nele, chefe.
De volta ao carro, tudo que eu posso pensar em como hoje
poderia ter dado tudo errado e eu deixaria minha Ellie sozinha. Não
que ela fosse ficar triste nem nada com a minha morte, mas a sua
segurança é o mais importante para mim.
Esse foi um pequeno aviso dos russos. Entrar em nosso território
era uma missão suicida e eles sabiam disso desde o início, mas
enviaram seus homens para morrer de qualquer maneira.
O que me diz que essa guerra está apenas começando.
Eu só espero que a minha esposa obstinada não tenha tido
ideias e decidido colocar seus planos de fuga em ação. Porque
embora ela tenha se tornado a minha esposa perante Deus e nossa
família, eu sei que ela odeia a ideia disso.
Minha borboleta teimosa.
Ela era fascinante e eu estava ansioso para passar o resto dos
meus dias ao seu lado. Antes dela eu não tinha a intenção de me
estabelecer, agora eu não posso me ver longe dela.
Tamara já deve ter lhe deixado a par das novidades. Eu espero
que ela goste da surpresa que eu mesmo preparei nos dias em que
me obriguei a ficar longe dela. Eleanor é uma artista completa,
apesar do que ela acredita.
Eu posso ter lido um de seus diários, ou todos acidentalmente
quando visitei o seu apartamento em Seattle. Não é como se eu
fosse me desculpar por isso, mas até mesmo alguém como eu, tem
a decência de saber respeitar alguns limites. E eu quero que ela
seja feliz ao meu lado.
Construir um maldito estúdio em cada residência que possuo foi
uma das maneiras que encontrei para presenteá-la. Uma garota
como ela está acostumada a ter tudo, mas isso não é quem ela.
Ellie consegue se destacar entre todas as outras por sua
personalidade forte e determinada. A sua beleza é apenas um dos
muitos atributos que ela possui e eu poderia passar o dia inteiro
destacando cada um deles, mas eu tenho algo mais importante para
fazer, como beijar a minha esposa e foder os seus miolos enquanto
tomo o meu café da manhã em sua boceta deliciosa.
Um homem tem suas necessidades.
 
3
ELLIE

 
 
— Você está brincando comigo! — Gritei quando empurrei as
portas francesas para encontrar o maior estúdio que eu já tive o
prazer de entrar.
O lugar era simplesmente fantástico.
Havia cavaletes espalhados pelo salão, prateleiras enormes com
telas de todos os tipos e tamanhos que você poderia sonhar e todas
essas tintas, pincéis e tudo que você precisa para colocar a sua arte
na tela.
— Don Santino se certificou de que a senhora tivesse tudo que
precisava para pintar, desenhar ou usar a arte como desejar. —
Tamara disse atrás de mim.
— Nicco fez isso? — Girei para ela ainda chocada demais para
acreditar que um homem como Nicco poderia ser capaz de um
gesto tão significante.
— Sim, senhora. — Ela concordou.
— Eu vou deixá-la a sós, avise-me se precisar de ajuda ou
qualquer outra coisa. — Disse, mas não se moveu.
Então eu percebi que ela só sairia com a minha permissão. Não
sei como eles costumam tratar as pessoas que os auxiliam, mas a
julgar pela forma como ela está parada ao lado da porta, eu acredito
que uma simples dispensa será suficiente.
— Obrigada, Tamara. Eu avisarei se precisar, você pode sair
agora. — Disse com um sorriso gentil.
Ela assentiu e saiu fechando a porta atrás de si.
Eu nem esperei e corri para ver tudo. Se havia algo que eu
nunca recusaria, era material para pintura. O meu irmão adorava me
provocar no início, dizendo que eu era como uma criança que não
podia ficar sem seus lápis de colorir.
E ele não estava errado.
Pintar acalmava a minha mente.
Deus sabe que tive que lidar com todo o estresse do fim do
casamento dos meus pais e o início de seus novos relacionamentos,
isso sem contar a pressão sobre os meus ombros para herdar os
negócios da família.
Eu nunca poderia me imaginar atrás de uma mesa agindo como
a rainha do mundo todo enquanto eu latia ordens para pobres almas
assustadas que mal podiam acompanhar o meu humor fálico.
Isso não era para mim.
Não que eu esteja julgando quem se identifica ou tem que fazer
isso todos os dias. Eu só não nasci com o dom. E não queria ser
obrigada a fazer algo que eu não queria ou tinha vocação.
Agora, eu estou um tanto chocada quanto assustada. Nicco não
me parece o tipo benevolente, mas aqui estou eu em um estúdio
completo para dizer a quão errada eu poderia estar sobre o meu
marido.
Quão confuso é isso?
Eu não tinha ideia do que ele estava planejando, mas decidi dar-
lhe o benefício da dúvida pelo menos por enquanto. Até mesmo
porque o seu gesto tinha sido muito impressionante. Quem diria que
o infame Don Santino tinha um coração afinal?
Eu já estava lutando com a atração inegável entre nós e agora
isso. Nicco certamente estava fazendo as jogadas certas para
chegar as minhas boas graças. A sua personalidade arrogante,
dominadora e exigente não condiziam com o amante gentil e
amoroso que ele clamava com os seus gestos.
O que acontecerá se eu ceder aos seus encantos?
Eu vou me tornar aquilo que mais temi? Ou apenas viver feliz e
ignorante?
Tantas perguntas e poucas respostas. A verdade é que eu não
tinha ideia do que esperar do meu marido. Nicco era um dos
homens mais temidos de todo o mundo e mesmo assim ele agia
como um homem comum ao meu lado.
Sem perder mais tempo, eu me aventurei pelo estúdio
conhecendo cada canto, abrindo todos os armários e descobrindo
essa infinidade de coisas que eu só esperaria em uma loja de
material de artes.
O meu marido era certamente exagerado.
Não que eu estivesse reclamando aqui. Mas não há como eu
usar tudo isso em uma única vida. Talvez eu envie alguns para a
mansão Santino para quando estivermos de volta. Eu ainda não
tenho ideia do que fazer com o meu antigo apartamento, porque não
acredito que o meu marido vá querer dividir um lugar minúsculo
enquanto estivermos na cidade.
Eu estava no paraíso.
Pelas próximas horas eu me perco em uma tela que tenho
sonhado desde que conheci Nicco no bar naquela noite. Eu tive
essa ideia quando olhei diretamente dentro dos seus olhos sombrios
e intensos.
Eu nem sei quanto tempo se passa até que Tamara volte e me
deixe uma bandeja com frutas, iogurte, sanduíches e cornetos
recheados com geleia de pimenta e frutas vermelhas.
O meu estômago ronca com o aroma delicioso e eu finalmente
faço a minha primeira pausa em horas. A primeira mordida ativou
minhas pupilas gustativas. O sabor único e amanteigado do corneto
encheu a minha boca e um gemido de satisfação me escapou.
— Hm mm! — Gemi deslizando-o sobre a geleia de pimenta.
A comida da Itália é sem dúvida uma das melhores do mundo.
Na verdade, tudo na Itália é bom. O vinho, a comida, as pessoas
são mais felizes e gentis. Talvez seja o único lugar que eu já me
senti em casa.
Limpando algumas migalhas em minha boca, eu termino de
guardar a comida que sobrou de volta nos potes para não atrair
formigas e bichinhos pequenos. Então volto para o meu cavalete
que me espera alegremente.
Eu comecei os esboços em minha mente muito tempo atrás e
agora ele está finalmente ganhando vida. Algumas pessoas
conseguem entender a arte apenas com um olhar, outras precisam
de algum detalhe ou definição e é isso que é mais incrível. Por que,
uma vez que você desvende a arte, poderá vislumbrar um pouco o
interior da mente do artista.
É fascinante.
Eu estou tão perdida em minha pintura que nem percebo a sua
presença até que ele está bem atrás de mim. Todos os pelos do
meu corpo arrepiam enquanto borboletas dançam em meu ventre.
Eu nunca vou entender a minha atração por Nicco.
Ele é o meu marido e eu deveria me acostumar com a sua
presença, porque se há algo que eu sei é que não há divórcio na
máfia. Mas embora nós não estejamos casados por muito tempo, eu
sei que isso não irá mudar com o tempo.
O homem tem uma ligação comigo que eu não consigo explicar.
Se eu fosse um pouco cínica, acreditaria que somos almas gêmeas,
mas como não existe tal coisa, eu prefiro ir com o termo “atração”.
— Você está de volta. — Digo sem olhar para trás, mas posso
sentir seus olhos em mim todo o tempo.
— Sim. Sinto muito por desapontá-la. — O sarcasmo em sua fala
faz o meu sangue ferver e eu me viro para encará-lo.
— Desculpe-me? — Os meus olhos encaram os dele com um
brilho feroz.
— Se eu tivesse morrido, você teria o seu passe livre. — Ele dá
de ombros observando-me com os seus olhos sombrios.
Eu nunca pensei que olhos tão claros pudessem ser tão escuros.
É como se ele consumisse toda a escuridão e a transformasse em
mero coadjuvante. Esse homem é a própria definição de perigo.
— Eu não quero a sua morte. — Um bufo me escapa.
Cruzando os braços sobre os peitos eu, o fuzilo indignada com a
sua suposição. Ele não diz nada e apenas continua a me encarar.
Não é um segredo que eu não queria me casar com ele, ou
qualquer outro homem tão cedo, mas eu não desejo a sua morte.
— Você é muito boa. — Ele quebra o silêncio acenando para a
pintura atrás de mim.
Eu fico tensa.
Essa é a primeira vez que eu permito que alguém veja um dos
meus projetos ainda em processo. Normalmente, eu não costumo
mostrar as minhas telas até que elas estejam prontas e de acordo
com o meu gosto. E isso não acontece muito.
As únicas pessoas que já tiveram acesso ao meu trabalho foram
minha mãe, meu irmão e minhas amigas. Não é porque eu seja uma
dessas artistas com um temperamento difícil e ego inflado, mas por
que cada tela representa um sentimento e eu não estou aberta a
mostrá-los a qualquer um.
— Não está pronta. — É tudo que eu digo enquanto baixo o meu
olhar para os meus pés, sentindo-me insegura de repente.
— Eu ainda posso ver que será excelente. — Ele volta sua
atenção para mim.
Arqueando uma sobrancelha eu o encaro. — Você estudou arte?
E para a minha grande surpresa ele acena em concordância.
— Seis meses quando eu estava na faculdade. — Ele diz dando
um passo em minha direção.
De repente, todo o ar é sugado da sala. Os meus olhos caem
para o seu corpo. Nicco é um homem muito bonito. Ele é alto, forte e
tem todos esses músculos que eu não consigo resistir.
— Você foi para a faculdade? — Pergunto incrédula, apesar de
ser uma tentativa de distraí-lo do que ele está prestes a fazer.
Porque uma vez que ele me tocar eu estou perdida.
É patético.
Eu sei.
Não me julguem por isso. É só que o meu corpo e cérebro não
parecem entrar em um consenso quando se trata do meu marido. E
qualquer um que coloque os olhos nele me dirá que é verdade.
— Porque tão surpresa, borboleta? — Ele levanta a mão
acariciando o meu rosto e o toque reverbera em todo o meu corpo,
principalmente abaixo da minha cintura.
Deus me ajude!
— Eu... Eu só... — Gaguejo incapaz de encontrar as palavras
certas.
— Você o quê? — Ele sussurra enterrando o rosto na curva do
meu pescoço e beijando ao longo dele.
Um tremor rasga meu corpo fazendo os meus olhos rolarem para
fora da minha cabeça. O seu cheiro invade os meus sentidos e
quando eu me dou conta estou sendo empurrada contra a parede
mais próxima.
A sua boca toma a minha em um beijo possessivo e violente.
Minhas mãos agarram os seus ombros para me segurar enquanto
minhas pernas vão ao redor da sua cintura. Um gemido me escapa
quando ele morde meu lábio esfregando meus mamilos já duros
para ele.
— Nicco... — Gemo o nome dele, quando seus dedos traçam a
linha da minha calcinha deslizando para dentro e esfregando o meu
clitóris inchado.
— Porra! Você está encharcada para mim, borboleta. — Ele
grunhe satisfeito.
Nicco aprofunda o nosso beijo, seus dedos esfregando o meu
clitóris sensível e deslizando um dedo dentro do meu calor apertado.
Minhas paredes internas o acolhem enquanto minhas unhas cravam
em sua carne.
Nem em um milhão de anos eu pensei que poderia me sentir
assim. Nicco desperta um lado meu que eu nem mesmo sabia que
existia.
Ele usa seu polegar para provocar o meu clitóris enquanto seu
dedo me fode. Eu posso sentir o meu orgasmo construindo. Eu
estou tão perto que é quase embaraçoso. Os seus lábios se movem
contra os meus no mesmo ritmo que seus dedos em minha boceta.
— Nicco, eu vou... — Sussurro contra os seus lábios antes de
me desfazer em seus braços.
Eu gozo tão forte que todo o meu corpo sacode em cima dele. O
seu braço mantém o aperto à minha volta enquanto a sua boca
devora a minha, engolindo os meus gritos e gemidos de prazer.
Nicco deposita alguns beijos antes de se afastar e eu abro os
meus olhos para encontrá-lo me olhando com adoração. Esse
homem pode ter se casado comigo com segundas intensões, mas
os seus olhos e corpo não podem mentir.
 
 
4
NICCO
 
 
 
 
Relutantemente, eu a coloco para baixo.
O meu pau dolorido em minhas calças é apenas um lembrete do
quanto eu desejo essa linda mulher à minha frente. Por mais que eu
queira me enterrar profundamente dela, eu tenho planos para nós
dois.
Os seus olhos caem para a protuberância em minhas calças. —
Você precisa de ajuda com isso?
Foda-me!
Parece tentador.
— Mais tarde. — Digo e ela arqueia uma sobrancelha parecendo
surpresa com a minha recusa em deixá-la chupar o meu pau.
As manchas de tinta em seu rosto e corpo apenas a deixa ainda
mais deslumbrante. Eu não sei como ela consegue ficar mais bonita
a cada dia. E apenas a ideia dela chupando o meu pau me deixa
fodidamente mais duro que nunca. Mas como eu disse, eu tenho
planos que a envolve vestida em um desses vestidos de cetim que
eu sei que ficará fodidamente perfeito em seu corpo perfeito.
Haverá muito tempo para isso mais tarde e ela poderá fazer o
que quiser comigo que eu serei apenas um mero espectador. Pelo
menos é o que eu digo a mim mesmo para aliviar a tensão em meu
corpo. Eu nunca me privei do prazer antes, mas com Eleanor eu
quero ser o único a dar-lhe tudo, não importa que eu não receba o
mesmo.
— Você terminou? — Pergunto voltando o meu olhar para a tela.
Ela segue o meu olhar e sorri.
Todo o meu corpo vibra com o seu sorriso. Ela é tão inocente
que me faz querer prendê-la em uma de minhas fortalezas para que
ninguém além de mim mesmo possa vê-la ou tocá-la.
Minha.
É insano.
Acredite, eu sei.
A verdade é que quando se trata de Eleanor eu não consigo
pensar direito. Essa linda mulher me deixa fodidamente louco. E
como herdeiro e Don da família Santino eu deveria concentrar toda
a minha atenção à família e nossos negócios. Mas é essa linda
mulher que detém todos os meus pensamentos.
Foda-se!
— Por hoje, mas não está nem remotamente pronto. — Ellie diz
tirando do meu devaneio. — A propósito... — Ela mexe com os
dedos nervosamente e eu me pergunto o que a deixou tão insegura.
— Obrigada... Você sabe... — Ela acena para o espaço e eu sorrio
com satisfação.
— Acredite, o prazer foi todo meu. — Digo.
— Ainda assim, eu aprecio o gesto. Pintar é a única coisa que eu
não poderia viver sem. Se você não se importar, eu também
gostaria de ter um lugar para pintar em sua residência em Palermo.
— Ela parece incerta do pedido.
Eu aceno em concordância não revelando que ela não tem
apenas um, mas vários estúdios montados em todas as nossas
residências e instalações. Descansando minha mão abaixo da sua
cintura enquanto a conduzo para fora do estúdio.
— Obrigada. — Ela diz baixinho enquanto eu a levo para fora.
As suas palavras são gentis e sinceras, mas apesar disso eu
sinto uma raiva incontrolável em saber que minha esposa precisa
agradecer por algo que fiz para ela. Uma mulher como Ellie deveria
ser adorada e tratada como a rainha que ela é.
Entrelaçando os nossos dedos, eu levanto as nossas mãos
unidas, levando-as à boca e beijando as costas dela. — Nunca me
agradeça por cuidar de você, borboleta.
Os seus olhos piscam para mim com surpresa e um suspiro
escapa de seus lábios. O meu pau estremece em minhas calças e a
vontade de tomá-la aqui vem com força, mas eu a reprimo enquanto
e levo pelo corredor em direção ao nosso quarto.
— Onde estamos indo? — Ela pergunta.
— É uma surpresa. — Sorrio quando chegamos à porta do
quarto. — Eu estarei esperando por você lá embaixo. — Digo
inclinando-me para beijá-la.
Ellie não se afasta quando eu a puxo para os meus braços. Os
meus lábios deslizam contra os seus exigindo entrada. Um gemido
escapa de seus lábios e eu fico duro instantaneamente.
Porra.
Essa mulher será a minha ruína.
***
Eu entro em meu escritório para ser surpreendido com a visão
do meu irmão Stefano com uma carranca profunda em seu rosto
enquanto olha para o seu celular como se quisesse quebrá-lo em
milhões de pedaços.
Stefano é o mais sensato de nós cinco, porque apesar de ter
apenas três irmãos de sangue, Romano é como um irmão para nós
e isso nunca mudará. A sua carranca profunda me diz que algo está
muito errado ou que alguém apertou as suas bolas mais do que
deveria.
— O que está errado? — Pergunto movendo-me ao redor da
minha mesa.
— Nada. — Ele se assusta endireitando-se como se tivesse
tentando esconder algo, mas ele devia saber melhor que nada
passa por mim.
A sua reação intrigando-me cada vez mais. Stefano não é do tipo
que se distrai. Ele pula em seus pés ajeitando o seu paletó
enquanto aponta para a pasta preta em minha mesa.
— Os russos estão se reorganizando para um novo confronto. —
Ele diz e eu cerro minhas mãos em punhos.
— Foda-se!
— Matteo Kosteli me ligou mais cedo, eles estão comprando um
arsenal e não vão parar até conseguirem o que querem.
— Esses filhos da puta parecem se multiplicar à medida que
acabamos com eles. — Bato meu punho contra a mesa fazendo
tudo sobre ela saltar.
— Descubra quais são seus planos futuros e trace uma nova
rota de ataque. — Digo enquanto uma ideia começa a se formar me
minha mente. — E certifique-se de comunicar Axel que estaremos
em seu território em poucos dias para que ele não envie fogo sobre
nós.
— Feito. — Ele se vira prestes a sair, mas eu o paro.
— Stefano? — Ele congela no lugar não virando para me
encarar.
Eu amo os meus irmãos, cada um ao seu modo. Mas Stefano e
eu temos uma ligação mais forte pela questão da idade. Embora
nosso mundo não seja flores corações, eu me preocupo com ele.
— Quando foi à última vez que você dormiu? — Pergunto
mesmo sabendo que a resposta será algo que eu não vou gostar.
O meu irmão nunca dorme.
— Terça-feira, por cerca de três horas. — Ele responde
confirmando as minhas suspeitas.
— Tenho que revogar o nosso acordo? — Pergunto sentindo
minha raiva subir.
Ele solta um suspiro cansado, então se vira para me encarar. O
olhar em seu rosto me desarma. Stefano é o meu braço direito, meu
confidente e melhor amigo, mas além de tudo ele é meu irmão mais
novo.
A nossa vida é coberta por escuridão e sangue, mas isso não é
tudo que temos. Ele sabe o quanto eu me preocupo com essa
família. Manter o legado Santino vivo não é uma tarefa fácil e eu não
conseguiria sem a ajuda da minha família, mas não posso arriscar
perder mais um deles.
Eu não sobreviveria.
— Isso não será necessário. — Ele diz por entre os dentes e eu
sei que cheguei até ele.
— Bom. — Eu continuo encarando-o com o olhar duro. — Tire o
resto do dia de folga, e eu quero dizer isso, Stefano. — Digo com
firmeza.
Ele me olha como se quisesse discutir, mas depois de alguns
segundos solta outro suspiro resignado e acena em concordância.
Desta vez eu não o impeço quando ele caminha para fora do meu
escritório.
Stefano pode ser a pessoa mais reservada do mundo quando se
trata de seus assuntos privados, mas eu nunca o vi em tanta agonia
quanto nos últimos anos. O mundo em que vivemos nunca o afetou
da forma como o segredo que ele tenta esconder do mundo,
principalmente dos nossos inimigos.
E eu não posso culpá-lo.
Porque eu faria o mesmo. Mas a ideia dele sofrendo
simplesmente me mata. Porque não importa o que eu faça, ainda
não será suficiente para apagar a sua dor. Eu só preciso ficar de
olho nele para que ele não se perca no processo enquanto se vinga
daqueles que ousaram cruzar o seu caminho.
Stefano tirou a vida de outro homem pela primeira vez aos doze
anos. Ele era só uma criança e mesmo assim nunca se encolheu
com os horrores do nosso mundo. Porque embora eu tenha sido
preparado a vida toda para herdar o império Santino, aos meus
irmãos não foi lhe dado menos trabalho.
Exceto Sabina, é claro.
A nossa irmãzinha suportou apenas a pressão de ser uma
Santino e as implicações que isso traz quando você tenta fazer
diferente dos modos Santinos de ser. Nenhum de nós teve uma
infância fácil, então dificilmente algo nos assusta.
Há pequenas exceções que tentamos a todo custo esconder de
todos. Porque uma vez que nossa fraqueza é revelada, nossos
inimigos não hesitaram em usá-los contra nós.
É a lei da selva.
 
 
 
 
 
 
5
ELLIE
 

 
Os meus nervos estão agitados quando eu desço as escadas
para encontrar Nicco. Quando ele me deixou no quarto alguns
minutos atrás, levou tudo de mim para não pular em seus braços e
ter o meu caminho com ele.
Nicco me confunde e irrita em medidas iguais. O homem é
simplesmente um mistério. Num dia ele está me obrigando a casar
com ele e no outro ele me trata como uma rainha.
Poderia ser mais confuso?
Assim que eu desço as escadas, eu o encontro de pé de costas
para mim, o seu olhar fixo em qualquer coisa do outro lado da janela
que vai do chão ao teto. Ele está usando um terno cinza que se
agarra perfeitamente aos seus músculos.
O homem é sexo com pernas e orgasmos múltiplos, tudo em um
único pacote. Puxando uma respiração trêmula, eu chego ao final da
escada e limpo a garganta fazendo-o virar para mim.
Os seus olhos queimam nos meus enquanto percorrem cada
centímetro do meu corpo. Calor rasteja por minha pele e eu sei que
minhas bochechas explodiram em um tom de vermelho que só ele é
capaz de despertar. Um sorriso conhecedor puxa dos seus lábios e
quero muito arrancar o olhar arrogante de seu rosto enquanto o
esfaqueio com o cabo de um dos meus pincéis.
Idiota pomposo.
— Você está linda. — Ele diz seus olhos queimando nos meus.
Eu coro.
O vestido que ele escolheu para eu usar essa noite é verdadeira
lindo. Eu sempre odiei comparecer a todos esses eventos que eram
exigidos pelo meu pai, mas algo sobre essa noite não me deixa com
o estômago agitado ou uma sensação de impotência.
Talvez seja a companhia. A voz interior em minha cabeça grita.
Balanço a cabeça para afastar tais pensamentos, mas eu não
posso negar que talvez ela esteja certa. Desde que Nicco entrou em
minha vida tudo tem sido diferente. Um pouco intenso às vezes,
mas nada comparado ao estresse de antes.
— Obrigada. — Digo caminhando em sua direção e parando
bem à sua frente. — Onde estamos indo? — Pergunto novamente.
Ele sorri estendendo o braço para mim. — É uma surpresa. 
Eu reviro os meus olhos, mas engancho o meu braço no dele e o
deixo me levar para fora. Há um SUV esperando por nós quando
saímos e Nicco me ajuda a subir no carro subindo logo atrás de
mim.
A noite está linda.
Há estrelas e uma lua cheia impressionante. A promessa de uma
noite fresca e agradável me traz um sentimento de paz e
aconchego. Eu sempre me senti assim na Itália. Não importa o
quanto eu tentasse ter essa mesma sensação em Seattle, eu nunca
encontrei. Talvez esse seja mesmo o meu lugar na Terra.
Nicco está em seu celular enquanto o motorista nos conduz. Eu
olho para fora da janela decidida a explorar mais esse lugar nos
próximos dias. Nicco não me disse exatamente quanto tempo
estamos ficando aqui, então eu quero aproveitar cada minuto disso.
Poucos minutos depois o carro para e eu olho para fora
esperando encontrar alguma dica de onde estamos quando a placa
ao lado do prédio indica:
MVSEO MANDRALISCA.
Os meus olhos se arregalam e eu não consigo acreditar que eu
estou mesmo aqui. Esse é um dos muitos museus que eu sempre
desejei conhecer. Enrico Pirajno foi o único filho sobrevivente de
Michelangelo.
O museu de Mandralisca abriga uma coleção inestimável de
artefatos e obras históricas do famoso artista, bem como o retrato
mundialmente famoso de Antolello da Messina, Ritratto d’ignoto.
O Barão de Mandralisca é a figura mais notória de Cefalù, isso é
claro sem contar o meu marido mafioso, é claro. A casa onde ele
viveu foi transformada em museu. E eu ainda estou em choque
enquanto Nicco estende a mão ajudando-me a descer do carro.
— Eu pensei que você gostaria de conhecer um pouco mais
sobre o barão de Mandralisca. — Ele diz quando eu não digo nada e
apenas continuo olhando para a porta do museu em choque.
— Eu... Como?... Isso... — Eu gaguejo incapaz de completar as
frases, mas Nicco apenas sorri e me leva para dentro do belo
museu.
Um suspiro audível me escapa quando entramos em seu
santuário. A arte de Pirajno não está restrita apenas há pinturas,
mas há uma diversidade de coisas que ele se propusera a fazer. A
maioria deles está disposta em seu museu e serve como referência
para futuras gerações de artistas e apreciadores da arte em geral.
— Cefalù sempre foi como uma segunda casa para mim. E o fato
de você ser uma artista apenas me impulsionou a trazê-la aqui. —
Ele diz ao meu lado e eu não posso deixar de sorrir com o coração
agradecido.
Os meus olhos encontram os dele e eu vejo a sinceridade em
suas palavras. Nicco e eu tivemos uma química logo no primeiro
encontro. Havia algo sobre esse homem sexy e misterioso que me
atraiu para ele, mas isso não é tudo que senti. E se eu for honesta
comigo mesma, eu diria que eu me apaixonei por ele naquela
mesma noite. 
— Obrigada. — Digo com os meus olhos carregados de
lágrimas.
Ele me encara de volta com um sorriso satisfeito em seu lindo
rosto. — O prazer foi todo meu, borboleta.
— Uau! Olhe para todas essas pinturas e artefatos. Pirajno
certamente era um artista. É incrível como ele conseguiu capturar
cada detalhe vívido nas telas, proporcionando uma experiência
fantástica. — Digo sorrindo e olho para Nicco para encontrá-lo me
olhando com algo parecido a admiração.
— Sim. É realmente impressionante. — Ele diz sem tirar os olhos
de mim.
Eu coro e desvio o olhar.
Quando ele age assim me deixa sem palavras, e eu não sei o
que fazer. Mas eu não posso esconder a felicidade de estar aqui
hoje. Não importa os seus motivos, eu ainda vou me lembrar desse
momento até o meu último suspiro.
Eu volto minha atenção para a pintura à nossa frente,
maravilhando-me com obra tão realista que mais parece vívida.
Essa é sem dúvida uma das melhores noites da minha vida e eu só
tenho um pressentimento de que não será a última.
O curador do museu se aproxima apresentando-se enquanto nos
fala mais sobre o museu e suas exposições. Há tanta história nesse
lugar que eu juro que poderia passar a minha vida toda aqui e ainda
não seria suficiente.
O meu fascínio pela arte é algo que descobri um pouco tarde,
mas desde então venho tentando recuperar o tempo perdido. Há
tanta história para ser contada e a arte transmite isso de uma forma
única e esplêndida.
Eu amo isso.
Apesar de não saber quais são as suas intenções trazendo-me
aqui, eu não poderia agradecê-lo suficiente por essa incrível
experiência. O meu marido certamente sabe como me fazer feliz
apesar de tudo.
Pelas próximas horas nós vagamos pelo museu absorvendo
cada detalhe desse lugar incrível e obras excepcionais enquanto o
curador nos proporciona uma experiência única sobre a vida e obras
de Enrico Pirajno.
Quando o passeio termina, eu me sinto um pouco triste por ter
que deixar esse lugar. Observar de tão perto todo o trabalho de um
artista como Pirajno é simplesmente algo que você não vê todos os
dias. E eu não quero ir embora.
Nicco percebe a minha reluta em deixar o lugar e me garante
que voltaremos mais vezes. Eu finalmente cedo e faço Alonso me
prometer ligar se precisar de uma ajuda com qualquer coisa que
seja relacionada ao museu.
De acordo com ele, o museu passou por um período difícil nos
últimos anos. O número de visitantes tem diminuído bastante com o
avanço da tecnologia e isso prejudicou os negócios e a manutenção
do lugar. Mas foi aí que o meu marido entrou.
Nicco doou uma quantia obscena para restauração e inovação e
contratação de pessoal qualificado para ajudar a manter o museu
vivo e funcionando corretamente. Mas Alonso está sempre recendo
estagiários para uma experiência única sobre um dos artistas mais
incríveis de todo o mundo.
Nicco e eu nos despedimos de Alonso e seguimos de volta ao
carro. Eu ainda não posso acreditar que passei as últimas horas em
um lugar como esse. Eu poderia dizer sem dúvida que essa foi uma
das melhores noites da minha vida.
Inclinando-se sobre o meu marido, eu agarro o seu rosto e planto
os meus lábios nos dele, pegando-o desprevenido quando o beijo.
Leva alguns segundos para ele me beijar de volta. Os seus braços
vão ao redor da minha cintura puxando-me para o seu colo. Eu
posso sentir o seu pau endurecer debaixo de mim e gemo em sua
boca.
Nicco grunhe aprofundando o nosso beijo como um homem
faminto. Eu nunca vou me cansar de como ele me beija e faz meu
corpo inteiro explodir em sensações maravilhosas.
— Obrigada. — Sussurro contra os seus lábios quando me
afasto ofegante.
— Prazer em agradá-la, esposa. — Ele murmura com um sorriso
antes de me beijar de novo.
Eu derreto em seus braços esfregando-me sem vergonha contra
o seu pau gloriosamente duro embaixo de mim. Toda vez que ele
me toca é como se meu corpo deixasse de me pertencer para
adorar apenas o seu dono.
Niccolau Santino.
Eu nunca vou entender como isso acontece.
O homem simplesmente me viciou nele. Não há uma parte de
mim que não o deseje, embora a minha parte racional o deteste por
ele ser um monstro cruel e sem coração a maior parte do tempo.
Nicco envolveu a sua mão em meu pescoço, mergulhando seus
dedos em meu cabelo enquanto a sua boca devorava a minha,
fazendo-me gemer e moer contra o seu pau incrivelmente duro.
— Nicco... — Gemi seu nome enquanto jogava a cabeça para
trás ansiando por algo mais que só ele poderia me dar.
— Diga-me o que você precisa, borboleta. — Exigiu, a sua mão
deslizando por baixo do meu vestido para encontrar o meu sexo nu.
— Foda-me! — Ele rosna puxando para longe para encontrar o meu
olhar. — Você andou por aí com nada cobrindo a minha boceta,
borboleta? — Ele perguntou mergulhando o rosto na curva do meu
pescoço e mordendo a carne sensível nele.
— Sim. — Gemi empurrando meus seios doloridos contra o seu
peito firme.
— Você é uma garota má, borboleta. — Ele geme tomando os
meus lábios em um beijo possessivo.
O meu coração bate tão forte que eu tenho que respirar algumas
vezes em busca de oxigênio. Esse homem me desfaz em tantos
sentidos que é quase assustador. Eu ainda não sei como tudo vai
ficar.
Quero dizer, ele vai matar meu tio? Meu pai? Quanto tempo até
os homens que os querem mortos chegar até nós? Confiar nele
seria a minha ruína, mas que escolha eu tenho?
Não é como se eu pudesse escapar de mafiosos.
— Pare de pensar demais, borboleta. — Nicco percebe a
mudança em meu corpo e o seu olhar encontra o meu.
— Eu não posso evitar. — Suspiro resignada.
Eu não posso evitar sentir como faço. A verdade é que muito
mais do que me tornar a esposa de alguém, a ideia de ser a esposa
de um chefe da máfia me assusta além da vida.
— Pare. De. Pensar. Borboleta. — Ele evidencia cada palavra
enquanto seus dedos esfregam contra o meu clitóris e um raio de
prazer desce pela minha espinha.
Eu gemo empurrando os meus quadris contra os seus dedos e
abandonando os pensamentos anteriores. Ele certamente tem um
jeito de me distrair de minha própria mente. Eu deveria odiar o meu
marido, mas tudo que eu estou conseguindo é cair mais em seu
encanto.
O que acontece quando eu finalmente ceder à tentação?
 
 
 

 
 
 
 
 
 
6
NICCO

 
 
 
Minha esposa é uma deusa.
Uma verdadeira rainha criada apenas para mim.
Ela geme esfregando sua boceta contra os meus dedos como a
putinha gulosa que ela é. Tudo que eu queria agora era me enterrar
bolas profundas dentro dela e mostrar para ela o quanto nós somos
perfeitos juntos, mas eu não tenho tanto tempo e prefiro fazer valer
a pena o meu tempo, então ela terá que se contentar com os meus
dedos, por agora.
— Você está tão molhada para mim borboleta. — Murmura
contra os seus lábios enquanto deslizo meus dedos dentro e fora de
seu calor apertado.
Ellie geme fodendo minha mão enquanto sua boca devora a
minha. Minha esposa pode me odiar, mas o seu corpo realmente me
ama. Eu nunca encontrei uma mulher que despertasse algo assim
em mim. Ela me deixa fodidamente louco em todos os sentidos das
palavras, mas eu não poderia viver mais um dia sem fazer dela
minha.
— Nicco, eu... — Ela ofega quando os meus dedos batem em
seu ponto G, fazendo-a se contorcer embaixo de mim.
— O que você quer esposa? — Pergunto puxando o seu vestido
para baixo e expondo os seus peitos deliciosos para mim.
Levando um à boca, Ellie grita e joga a cabeça para trás quando
o prazer a preenche. Vê-la se desafazer em meus braços é como o
paraíso. Os pequenos gemidos que ela emite me deixa fodidamente
duro, mas eu me seguro. Ellie engasga com o frenesi fodendo os
meus dedos mais forte enquanto ela toma o que precisa para atingir
o seu êxtase. E eu juro que não há nada mais bonito que ver minha
esposa se desfazer em meus braços. Eu estou louco por essa linda
mulher que agora carrega o meu nome.
Em breve será o meu bebê.
Quando eu puxo os meus dedos para fora, eu os levo à boca
lambendo toda evidência da sua libertação. Os seus olhos seguram
os meus e o brilho que ela me dá quase me faz desistir do jantar e
levá-la para casa onde eu possa fodê-la sem interrupções pelos
próximos mil anos. Mas eu preciso alimentar a minha mulher para o
que eu tenho planejado mais tarde.
— Delicioso! — Gemo lambendo os meus dedos enquanto ela
me encara com luxúria.
Foda-me!
Essa mulher será a minha morte.
Segurando o seu queixo, eu a beijo profundamente enquanto a
ajudo colocar suas roupas de volta no lugar. As suas bochechas
estão coradas e seus olhos estão com aquele brilho pós-foda.
Satisfação rasteja em minha pele ao saber que eu sou o único a
fazer isso por ela. Ellie foi minha desde o primeiro momento em que
eu coloquei os meus olhos nela e isso nunca mudará.
O seu corpo se acalma em cima do meu bem a tempo, porque
poucos segundos depois o carro para em frente ao restaurante da
família. Eu espero que ela esteja com fome, porque eu estou
faminto.
E não é pela comida.
O anfitrião corre para nos cumprimentar assim que deixamos o
carro. Desde que a notícia do nosso casamento se espalhou, todos
em Palermo tem se esforçado para enviar seus próprios
cumprimentos e felicitações pela boda. Alguns apenas estão
tentando ganhar algo em troca, mas a maioria deles é genuína.
Palermo sempre foi o lar dos Santino e isso não mudou em mais
de cinco séculos. Nós possuímos esse lugar e tudo que há nele.
Então eu diria que eles estão apenas prestando respeito aos seus
ancestrais quando fazem isso.
— Senhor e senhora Santino, parabéns pelo casamento. —
Mauro diz com um sorriso conhecer quando entramos no
restaurante.
— Obrigada. — Minha esposa adorável sorri para o velho
encantador.
Se Mauro não fosse um velho amigo do meu pai, eu mesmo
arrancaria sua pele enquanto me delicio com um de seus pratos
apenas para enviar o recado. Mas eu não prometo me comportar se
ele continuar sorrindo assim para a minha esposa.
Mauro parece sentir a minha irritação porque logo recupera a
sua postura. — Senhor Santino, preparamos a melhor mesa para o
senhor e sua esposa.
Eu bufo. — Corte a merda, velho. Onde está a boa comida que
você nos prometeu? — Digo e ele ri mais amplo que seu velho rosto
enrugado por conseguir.
Ele sabe que acabou de escapar de uma morte muito terrível.
Talvez se eu não estivesse tão inclinado a agir tão normal como um
marido deveria ser, eu faria um belo show aqui.
Quem sabe em outro momento?
— Ragazzo dispettoso. (Menino travesso) — Mauro diz ainda
rindo, mas posso dizer que o velho ainda está tremendo em suas
calças enquanto nos conduz para a nossa mesa na parte reserva do
restaurante. E fora que eu vou ignorar o fato de ele ter me chamado
de menino. Porque todos nós sabemos que deixei de ser um menino
muitos anos atrás.
Mauro possui um dos melhores restaurantes de massas de toda
a cidade. E se eu for honesto comigo mesmo, talvez seja um dos
melhores de todo o mundo. O velho é não é só um encantador, mas
tem mãos mágicas quando se trata de massas.
— Você o assustou. — Ellie diz enquanto toma um gole de sua
água.
— Não tanto quanto poderia. — Dou de ombros enquanto o
nosso garçom se aproxima com terror em seus olhos.
Homem esperto.
Ellie avalia o cardápio enquanto eu mantenho os meus olhos
nela. Na verdade, é mais como se eu não pudesse fazer isso. Eu sei
que qualquer um que me veja agora dirá que eu me transformei em
um boceta chicoteado, mas eu não me importo.
Tudo que eu posso ver ou pensar é essa linda mulher à minha
frente.
Um sorriso cruza os seus lábios e eu sei que ela está satisfeita
com a escolha que fiz. A ideia de agradar alguém nunca fez parte da
minha vida, nem mesmo o meu pai, mas com Ellie é diferente.
— Você está de brincadeira? Quantos pratos de massa
diferentes ele pode fazer? — Ela pergunta sorrindo enquanto olha
para cima para encontrar o meu olhar.
— Mauro é o melhor em um raio muito longo. — Dou de ombros
novamente.
Ela suspira. — Eu não sei o que pedir. Tudo parece tão incrível,
carnes, frutos-do-mar, legumes? O que você está tendo?
Sorrio e chamo o garçom que praticamente corre em nossa
direção.
— Nós vamos querer o especial do chefe. — Digo entregando-
lhe os cardápios.
— Excelente escolha, senhor. — Ele diz enquanto pega os
cardápios e corre de volta para a cozinha.
— O que é isso, especial do chefe? — Minha esposa pergunta
curiosa.
Os meus olhos caem para os seus lábios inchados e bochechas
coradas. Satisfação correndo por minhas veias ao saber que fui o
único a colocá-los lá. Eu aposto se eu a tocasse agora ela estaria
pronta para mim.
— Uma variação de todos os pratos do cardápio em uma versão
menor. — Digo tomando um gole da minha bebida sem tirar os olhos
dela.
Ela assente e desvia o olhar, se eu não a conhecesse bem diria
que ela está um pouco tímida por estar em minha presença. Mas a
minha Ellie não se intimida tão facilmente.
— O que está errado? — Pergunto.
Ela solta um suspiro pesado antes de falar. — O que vai
acontecer com o meu pai e tio?
Eu vejo.
Isso é o que tem preocupado a sua linda cabecinha. Outra coisa
que a minha esposa e eu nos encaixamos perfeitamente é o fato de
ela ter compaixão mesmo por aqueles que não a merecem.
— Eu estou trabalhando nisso. — Digo e é verdade.
O fato de seu tio ter mexido com gente tão perigosa apenas
adicionou gasolina à nossa fogueira. Não que eu não queira os
russos exterminados da face da Terra, mas eu não pretendia tê-los
vindo em nossa direção tão cedo. Isso sem contar o aparecimento
do meu velho amigo Viktor.
— O que isso quer dizer? — Uma carranca cruza o seu rosto e
eu juro que isso a faz ainda mais adorável.
— Quer dizer que eu estou fazendo tudo ao meu alcance para
mantê-los vivos. — Digo e isso parece acalmá-la pela expressão
suave que se estende pelo seu rosto.
— Oh! — É tudo que ela diz.
O garçom volta e desta vez com a nossa comida e o assunto é
esquecido por enquanto, mas conhecendo minha linda esposa como
eu faço, eu sei que não vai deixar isso para lá até que tenha a
resposta que espera.
Eu não esperaria nada menos dela.
 
 
 
7
ELLIE
 
 
 
 
Tudo sobre essa noite foi tão incrível que eu estou com medo de
que essa felicidade momentânea seja apenas um ato para me
distrair e destruir quando eu finalmente ceder e me entregar
completamente a ele.
A atmosfera é carregada de antecipação. Durante toda a noite,
Nicco me enviou olhares suntuosos. O desejo cru em seus olhos fez
toda minha pele arrepiar com saudade. A conexão genuína que
compartilhávamos estava me deixando cada vez mais confusa e
vulnerável.
Era apenas carnal? Ou estava mesmo me apaixonando pelo
meu marido?
A implicação disso me colocaria em tantos problemas que eu
não conseguiria definir agora, mas por enquanto eu escolho ser
ignorante e aproveitar o momento.
— Obrigada. — Eu digo enquanto tomo um gole do meu vinho.
Esse é de uma safra especial dos Santino. Aparentemente, o
meu marido não é famoso apenas por ser o chefe de uma
organização criminosa, mas também pela excelência em vinhos,
azeites, geleias e todas essas coisas incríveis que você pode
encontrar na Itália.
Quem diria?
— Para? — Ele arqueia uma sobrancelha, mas eu posso ver o
sorriso secreto por trás de sua fachada de durão.
— Foi uma noite incrível. E eu amei cada minuto dela. — Digo
sorrindo e posso sentir minhas bochechas corando.
Todo aquele vinho Santino está finalmente fazendo efeito.
Nicco pisca sorrindo e ergue a sua taça. — A noite está apenas
começando, borboleta.
O meu estômago se agitação com a promessa em suas
palavras. Minhas bochechas explodem em um tom de vermelho
vibrante e minha respiração ofegante me diz que eu mal posso
esperar para ver o que ele planejou.
Nicco sente isso, porque os seus olhos de repente se tornam
mais sombrios e famintos. Ele diz que eu sou bastante transparente,
mas eu estou aprendendo a conhecer um lado seu que ele não
mostra para mais ninguém.
Puxando um punhado de dinheiro da sua carteira, Nicco joga em
cima da mesa, que tenho certeza de que é mais que suficiente para
pagar essa refeição três vezes. Pelo menos ele é um cliente
generoso. Ele estende a mão para mim, e eu aceito enquanto ele
me puxa para os seus braços levando-me para fora do restaurante.
O lugar está praticamente vazio, mas as poucas pessoas
presentes evitam contato direto conosco enquanto passamos pelo
corredor. O seu motorista está nos esperando com a porta do carro
aberta quando deixamos o restaurante e só então eu noto os
seguranças à espreita.
Nicco tem uma mão descansando possessivamente contra a
minha coluna enquanto ele me guia para o carro ajudando-me a
subir e deslizando logo atrás de mim. Poucos segundos depois ele
está em cima de mim beijando-me como se eu fosse o seu próprio
oxigênio.
Eu gemo em sua boca agarrando as lapelas da sua camisa
enquanto o beijo de volta. Nicco empurra-me de costas para o
banco enquanto espalha beijos ao longo do meu rosto, queixo e
pescoço.
— Nicco... — Gemo o seu nome enquanto o desejo se apodera
do meu corpo.
— Você é uma provocadora, borboleta. — Ele murmura
enterrando o seu rosto entre as minhas coxas e me fazendo ofegar
quando a sua respiração quente toca a minha carne sensível.
— Oh! Deus! — Gemo agarrando os seus cabelos e puxando-os.
Nicco lambe todo o comprimento da minha fenda encharcada,
fazendo-me os meus olhos revirarem para fora da minha cabeça.
— Deliciosa! — Murmura enquanto chupa o meu clitóris,
deixando seus dentes raspar contra o meu botão de nervos
sensível.
— Nicco! — Eu grito o seu nome arqueando meu corpo para fora
do banco e minhas coxas tremem.
Esse pode não ser o lugar ideal para isso, mas eu seria
amaldiçoada se o afastasse agora. Meus dedos apertam o seu
cabelo à medida que sua língua perversa provoca uma e outra vez o
meu clitóris, fazendo os meus pés se curvarem com o prazer
crescente.
Tão bom.
― Você está molhada para mim, borboleta. — Ele murmura
deslizando um dedo  e depois outro dentro de mim.
O meu núcleo aperta fazendo minhas coxas tremerem. As suas
habilidades certamente são incríveis. Os seus dedos deslizam
dentro e fora de mim, arrancando suspiros e gemidos desesperados
toda vez que ele toca o meu ponto sensível.
Eu não vou durar muito tempo.
Mordendo a minha mão para me impedir de gritar mais alto, eu
me concentro nos seus dedos, boca mágica e no que eles estão
fazendo ao meu corpo. Um arrepio desce pela minha quando ele
aplica mais pressão em meu clitóris com os dentes e eu
simplesmente quebro ao redor dele gozando mais forte que nunca.
— Você é como a porra de um sonho, borboleta. — Ele geme
enquanto se acomoda entre as minhas coxas e eu posso sentir a
coroa grossa contra a minha entrada.
Inclinando-se sobre o meu corpo, ele toma os meus lábios nos
seus, empurrando-se todo o caminho dentro de mim com um
impulso.
Ambos arfamos.
Eu envolvo minhas pernas ao redor da sua cintura enquanto ele
me fode como se quisesse nos fundir. Outro orgasmo é extraído do
meu corpo, fazendo todo o meu corpo tremer violentamente
enquanto todo o ar é sugado dos meus pulmões.
Eu amo como ele não se contém comigo.
Nicco me fode como se me odiasse. O seu corpo extrai todo o
prazer do meu, levando-me várias vezes ao êxtase antes de se
libertar e encontrar o próprio prazer. Quando terminamos, ele cai
ofegante ao meu lado.
Só quando o carro para em frente à casa é que eu percebo onde
estamos. Uma risada histérica me escapa quando eu percebo que
deixei o meu marido me foder até o esquecimento enquanto
estávamos dentro de um carro em movimento e nem mesmo isso
nos abalou.
Eu estou tão ferrada.
***
Na manhã seguinte, eu acordo para descobrir que estou sozinha
na cama. Eu sorrio com a memória da noite passada e posso sentir
as evidências dela ao tentar me mover.
Nicco não deveria ser considerado humano.
O homem fode como um animal. E nunca está satisfeito o
suficiente. Eu perdi a conta de quantos orgasmos ele tirou do meu
corpo enquanto estávamos no carro e depois quando ele me
carregou em seus braços para o nosso quarto e me fodeu contra a
porta do quarto, em cima da escrivaninha, contra a janela, embaixo
do chuveiro e depois na cama. Eu acredito que desmaiei em
algumas delas, apenas para ser despertada com o seu pau, seus
dedos ou sua boca, que deveria ser considerada proibida.
Os meus sentimentos nunca foram mais confusos, mas eu me
recuso a me sentir culpada por dormir com o meu marido. Eu
cheguei à conclusão que nada me prejudicará mais que me sentir
mal por isso.
Nicco é o meu marido e eu o desejo. Não deveria ser tão
complicado, mas há coisas que eu não posso apagar e eu nem sei
se gostaria de fazer. E como eu disse antes, eu quero viver o
presente e não me ater ao passado ou futuro porque isso não me
fará bem nenhum.
Esticando os meus músculos, eu sorrio ao senti a evidência dele
em meu corpo. Ele pode ser um bastardo cruel e sem coração, mas
eu não posso resistir ao seu toque, seus beijos e definitivamente
não ao seu pau.
Eu tomo o meu tempo tomando o meu banho e repassando a
noite passada em minha mente. Quando volto para o quarto, há
uma linda rosa-vermelha em cima da cama com uma nota. Sorrindo
como uma boba enquanto caminho até ela pegando a rosa e a
cheirando enquanto eu leio a nota.
Pense em mim, borboleta.
Sorrio enquanto borboletas agitam o meu estômago. Eu nunca
pensei que alguém como ele poderia ter um lado tão doce. Apesar
do tom exigente em sua nota, eu entendi o que ele quis dizer.
Depois de me vestir, eu desço para tomar café. Tamara está
longe de ser vista ou qualquer um dos funcionários da casa, exceto
os guardas circulando do lado de fora. Franzindo a minha testa, eu
me pergunto onde todos foram?
Entrando na cozinha, eu encontro outra nota, mas desta vez é de
Tamara dizendo que precisou sair para cuidar de uns assuntos, mas
que estará de volta em poucas horas.
Tudo bem.
Vasculhando a cozinha, eu encontro uma cesta com pães
quentinhos e geleia de pimenta que eu tanto amo. Tirando alguns
itens da geladeira, eu começo a preparar uma espécie de sanduíche
que mais se parece com os do Subway, só que em uma versão
menor e mais deliciosa.
Maria é uma deusa na cozinha e claramente me mima com todos
esses pães, cornettis e foccacia. Eles são os meus favoritos junto
com uma tigela de frutas, iogurte e café com leite.
Quando eu termino o meu café, que por sinal estava delicioso,
eu coloco os pratos na máquina e decido dar um passeio lá fora. O
dia está lindo e ensolarado, então eu quero aproveitar um pouco
disso.
Faço uma nota mental para ligar para minha mãe mais tarde e
para Emma e Natalie. Eu não posso esconder que me casei para
sempre e sinceramente prefiro que elas saibam por mim que pela
imprensa. Até porque, há certos detalhes sobre a minha nova vida
que eu não posso revelar, nem mesmo para as minhas melhores
amigas.
É para as suas próprias seguranças.
Cefalù é encantadora. Eu pesquisei um pouco sobre o lugar e
descobri que a arquitetura medieval é um dos cartões postais da
cidade, atraindo visitantes de todo o mundo. Além da comida
deliciosa, lindas praias, história e todas essas coisas encantadoras
que só a Itália tem.
Eu mal posso esperar para um passeio completo pelas vielas
medievais, a colina La Rocca e as praias de areia vermelha. Embora
eu devesse odiar isso aqui, eu não consigo.
Quando eu disse que não seria mais uma vítima, eu quis dizer
exatamente isso. Eu não vou me desculpar por aproveitar cada
minuto nesse lugar encantador, mesmo que eu odeie o meu marido.
Se é que eu realmente o odeio. Ou pelo menos é o que eu
continuo dizendo a mim mesma. Mas eu sempre soube que havia
uma linha tênue entre o amor e o ódio, ambos são como
combustíveis para mover uma pessoa. E o contrário do amor não é
o ódio, mas sim a indiferença.
Ao contrário do que deveria, indiferença é a última coisa que eu
sinto pelo meu marido. O homem pode me levar a loucura de tantas
maneiras, mas ele ainda é o único a fazer o meu corpo derreter com
apenas um olhar ou toque.
O som suave das ondas batendo contra a encosta e deslizando
sob os meus pés trazem uma sensação de paz e plenitude. Eu
acredito que essa é a primeira vez na vida que eu me sinto assim.
Apesar de todo o caos que se transformou a minha vida, eu sinto
como se todo o peso dos meus ombros tivesse sido retirado depois
que cheguei aqui.
Algumas pessoas poderiam dizer que eu estou sofrendo algum
tipo de trauma, como síndrome de Estocolmo, ou algo parecido,
mas a verdade é que eu nunca me senti mais em paz comigo
mesma que agora.
As águas azuis do Mediterrâneo se estendem por toda a costa
criando uma linda pintura na natureza. Eu gostaria de ter colocado
minhas roupas de banho para dar um mergulho, talvez em outra
hora.
Ao caminhar pela costa, eu me pego pensando nos últimos
acontecimentos e como eles mudaram a minha vida. Quero dizer, eu
fui praticamente vendida em troca de uma dívida, tenho assassinos
caçando o meu pai e tio, e estou casada com um chefe da máfia
siciliana.
Poderia ser mais confuso?
A verdade é que apesar de não querer me isolar em um quarto
enquanto choro dia e noite, porque eu sei que isso não iria mudar
em nada na minha vida, eu não sei se posso confiar nessa
felicidade momentânea. Quero dizer, Nicco pode acordar um dia e
decidir que eu não valho a pena o esforço.
Eu não sobreviveria.
É por isso que eu preciso guardar o meu coração e me impedir
de me apaixonar pelo meu marido, mesmo que eu tenha que lutar
mais forte. Eu me recuso a ser mais um peão nos jogos dos outros.
Afinal de contas, eu sou a maldita rainha aqui.
***
— O QUÊ? — Minhas amigas gritam ao mesmo tempo, depois
de eu simplesmente jogar a bomba do casamento em seus colos.
— Por favor, diga-me que você está brincando. — Emma diz em
um tom tão chocado que eu estou começando a reconsiderar contar
a verdade.
Quero dizer, eu sei que toda a coisa é loucura, mas eu não
esperaria que de todas elas fossem às únicas a ir contra o meu
casamento. Não que eu possa culpá-las. Nós crescemos juntas e
vivemos tantas coisas. Eu não só ignorei uma vida de cumplicidade
e parceria ao não convidá-las como também as trai.
— Eu acho que ela está falando sério, Ems. — Natalie diz agora
um pouco mais calma.
Solto um suspiro pesado. — Eu sei que parece loucura, mas não
havia outra escolha.
— O que você quer dizer com não havia escolha? — Natalie
pergunta enquanto Emma processa tudo.
Eu começo contando tudo a elas, desde o anúncio do meu pai e
como isso me afetou, então eu conto a elas sobre a minha primeira
noite com Nicco e como tudo foi perfeito, é claro que sem todos os
detalhes sórdidos, porque elas não precisam saber o quão sujo e
selvagem é o meu marido na cama, ou qualquer superfície que ele
puder me colocar e me foder até o esquecimento. Só de pensar
nisso o meu corpo já começa a esquentar, meu clitóris pulsa com
um desejo que só ele pode ascender e reparar, mas isso não vem
ao caso no momento.
Eu não contei a elas também o fato de que meu marido é um
criminoso altamente perigoso e que comanda a máfia siciliana.
Algumas coisas não devem vir à tona.
Nunca.
Tudo que contei sobre Nicco foi que ele é um homem de
negócios com um ego e arrogância maior que o seu senso. E que a
minha recusa em casar com ele apenas o impulsionou a pressionar
mais forte até que finalmente cedi.
— Uau! — Natalie diz com um largo sorriso.
— Eu sei. — Suspiro. — E o que é mais assustador é que acho
que estou me apaixonando por ele. — Confesso.
— Oh! — Emma deixa escapar um suspiro. — Querida, isso
pode ser uma coisa boa. Quero dizer, você não quer passar a vida
inteira odiando o seu marido, deve ser cansativo.
— Eu sei. — Suspiro derrotada.
— Onde estão as fotos do casamento? — Natalie pergunta com
um sorriso secreto.
Sorrio porque se tem alguém no mundo que pode me fazer sentir
melhor são essas duas lindas e encantadoras garotas, e o meu
irmão Massimo, é claro.  Eu tenho muita sorte em tê-los.
As próximas horas são gastas enviando todas as fotos e vídeos
que eu tenho à mão do meu casamento com Nicco. Por sorte,
Tamara tinha as enviado para o meu celular essa manhã e eu não
precisei revisar cada um deles à procura de qualquer coisa que
chamasse a atenção delas sobre o fato de alguns homens estarem
armados.
Isso seria difícil de explicar.
— Deus, o seu homem é... — Emma não termina a frase, mas
pelo sorriso que ela está me dando, eu sei exatamente o que ela
está pensando.
— Acredite, eu sei. — Sorrio de volta.
— Sua vadia! Você está tendo todo esse sexo quente e sujo com
o deus italiano enquanto nós ainda continuamos solteiras e
solitárias.
O meu sorriso se torna mais largo.
— O que posso dizer? Sou uma mulher casada, agora. — Digo
ainda sorrindo e elas gritam fazendo-me rir mais.
Eu realmente estava precisando disso. Um contato com as
pessoas que melhor me conhecem no mundo. Sinto falta a cada dia,
mas uma nova etapa está começando em nossas vidas e eu torço
demais para que sejamos muito felizes.
Quando nos despedimos, eu prometo ligar mais vezes para
colocar o papo em dia e saber como se elas estão aproveitando as
suas férias. Natalie decidiu estender a sua viagem e aprender um
pouco mais e aprender sobre Medicina Tradicional da China.
Eu as convido para nos visitar em agosto que é verão na Itália,
porque esse é a data em que Emma estará visitando Milão, então
podemos unir o útil ao agradável. Mal posso esperar para mostrar a
Itália a elas.
Alguém acelere o tempo, por favor.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8
NICCO
 

 
— Os russos estão ficando mais ousados. Eles fizeram uma
aliança com uns mercenários e estão atacando todos os nossos
armazéns. — Enzo diz parecendo preocupado.
Eu sabia que ele não estava pronto para assumir tamanha
responsabilidade, mas não havia alternativa e eu precisava voltar o
mais rápido possível para Palermo. Atualmente o nosso território
está ameaçado e nossos homens desfalcados. Agir de forma
imprudente agora só causará problemas ainda maiores.
Precisamos reforçar a importância da lealdade e respeito à
família. Talvez alguns deles estejam agindo contra os nossos
interesses. No entanto, se eu descobrir que temos um traidor, eu
mesmo me encarregarei dele pessoalmente.
— Enviarei Romano para lidar com o assunto, bem como mais
homens para proteger nosso território, mas por enquanto aguarde
as minhas posições. — Digo enquanto tento controlar a raiva
incessante que se apodera do meu corpo.
— Você acha que ele está por trás disso? — Leo pergunta.
— Não seria a primeira vez que alguém tenta nos enganar. —
Digo não descartando nenhuma possibilidade, anos de trabalho me
fizeram cínico suficiente para saber que ninguém está imune a ser
persuadido. — Devemos agir com cuidado. Se a investigação de
Romano revelar que algum dos associados está trabalhando contra
nós, então teremos um motivo concreto para aplicar as punições
adequadas por ir contra a organização.
— Pobres filhos da puta. — Romano zomba.
— Acabei de instalar um novo software de escuta em todos os
armazéns. Tudo que for dito dentro das instalações será registrado
pelo nosso sistema. — Stefano diz ficando de pé.
— Bom. Eu quero saber o que diabos esses filhos da puta estão
tramando. — Digo enquanto me dirijo para fora do armazém.
— Você ainda vai considerar uma aliança com Axel Sorrentino?
— Leo pergunta enquanto corre para me alcançar.
— Essa não seria a primeira vez que Santinos e Sorrentinos
trabalhariam juntos. — Digo com um encolher de ombros, mas a
verdade é que ele está certo.
Arriscar o nosso território deixando Sorrentino correr livre é um
risco que eu nunca deveria considerar, mas analisando o cenário
geral não outra solução. Pelo menos não sem declarar guerra ao
mundo todo.
— Isso é diferente. — Leo protesta. — Axel já é dono de toda a
maldita Lombardia e alguns territórios além. Você não vai deixá-lo
tomar o nosso também. — Indignação escorre em suas palavras.
Suspiro e entro no meu escritório. — Ele não vai. E você deveria
saber melhor que se quisermos vencer essa guerra precisamos de
toda ajuda possível. Os russos filhos da puta são como formigas,
quanto mais nós os exterminamos, mas eles aparecem.
— Foda-! — Ele bate seu punho contra a parede antes de
desaparecer pelo corredor.
Leo sabe que não deve insistir no assunto. Eu sou o chefe da
família e a minha palavra é lei, mas não posso culpá-lo por se sentir
frustrado. Embora não seja incomum fazer alianças entre
organizações, esse ainda é o caminho mais difícil e que ninguém
gosta de recorrer.
Atravessando a sala, eu tomei o meu lugar à minha mesa,
deixando um suspiro cansado escapar do meu peito. Um movimento
chamou minha atenção do lado de fora e os meus olhos pousaram
em minha linda e mal-humorada esposa.
Fazia apenas alguns dias que nós tínhamos nos casado, e ao
contrário do que eu pensei, Ellie está indo muito bem. Talvez a ideia
do estúdio tenha dado muito certo, porque eu posso sentir a
felicidade vibrando dela como nada antes. E porra se eu não gosto
disso.
Ellie é como um raio de sol, uma vez que ele está sob a sua
pele, não há como não amar. Ela faz tudo parecer melhor. No outro
dia, quando eu a levei para o museu, eu pensei que ela fosse chorar
de tanta felicidade apenas por estar tão perto de algo que realmente
significa muito para ela.
Tão humilde.
Eu sabia que ela seria perfeita para mim, mas não tinha ideia
que fosse tanto. Ela tem esse jeito de me deixar louco que também
me deixa duro como aço. E outra coisa que eu amo estar casado
com ela é o fato de que embora ela me odeie, o seu corpo anseia
pelo meu e ela não pode resistir aos meus encantos.
O sexo entre nós é sempre fenomenal e eu mal posso esperar
para dobrá-la sobre a minha mesa e fodê-la sem sentido até que um
de nós não possa mais aguentar e implore para parar.
Não que eu vá fazer isso.
Ela chuta a água e escorrega batendo sua bunda deliciosa
contra a areia. Uma risada explode do seu peito contagiando tudo à
sua volta. Eu não sei por quanto tempo eu fico lá apenas
observando-a brincar com a água até que uma batida soa na porta e
Romano entra carregando algumas caixas.
— O que é isso? — Pergunto.
— Isso estava no portão, e depois de examiná-lo e saber que
não é perigoso, eu sei que você vai querer dar uma olhada de perto.
— Ele diz enquanto abre a caixa para revelar uma série de fotos de
minha esposa e eu na outra noite no museu.
— Foda-se! — Eu empurro a caixa para fora da mesa, deixando
cair todo conteúdo no chão.
— O que diabos isso significa? — Eu rosno prestes a explodir de
tanta raiva.
— Não sabemos ainda, mas de acordo com o entregador, um
homem alto, loiro e forte o pagou para deixar essa merda no portão.
— Dimitri? — Pergunto.
Ele balança a cabeça em negação. — Eu estava pensando em
Viktor.
— Porra! — Eu empurro todo o conteúdo da mesa para fora, não
contendo a minha raiva.
Dimitri Milykov é o segundo no lugar de Andrei. Ele deve herdar
o seu lugar, mas para isso ele precisa provar o seu lugar com o
Pakhan. Porque ele simplesmente não vai lhe entregar todo o
território para alguém que não consegue lidar com o assassinato de
seu antigo chefe.
Eu não o faria.
— Onde está Stefano? — Pergunto.
— Rastreando essa última pista do Viktor.
— Eu espero que ele esteja certo desta vez, ou... — Eu não
termino a frase quando meu irmão irrompe na sala com seu tablete
na mão.
— Eu o encontrei! — Ele grita antes que eu possa dizer qualquer
coisa.
 
 
 
 
9
NICCO
 

 
Viktor Lugano é um idiota ousado.
Ele deve estar muito confiante de ou então ele não daria uma
festa em sua antiga casa sem esperar que isso chamasse atenção.
Ou talvez fosse exatamente isso que ele queria.
Bem, isso não importa agora.
Eu tenho toda a propriedade cercada e mais alguns quilômetros
pela frente. Não há como ele escapar mesmo se tentasse. Viktor é o
único que eu acredito que seja o culpado pela morte de Andrei.
De acordo com os meus contatos, ele tem tentando varrer de
uma vez por todas os russos de todo o território americano e
europeu, e eu não posso culpá-lo. Mas isso não será uma tarefa
fácil.
— Há cinco deles no pátio e mais uma dezena na sala principal.
Nenhum sinal de Viktor. — Stefano diz pela escuta.
— Entrando. — Digo ao avançar pelo jardim.
A música alta é suficiente para distraí-los em sua própria
estupidez. Se alguns deles sobreviverem, tomaram isso como lição
para a vida. Você não baixa a guarda facilmente e nem permite
qualquer abertura para os seus inimigos avançarem.
Um guarda aparece de repente, mas antes que ele possa reagir,
um dos nossos atiradores de elite localizado do outro lado da rua o
acerta com precisão, neutralizando-o. Eu continuo avançando
usando a planta da casa como guia para chegar até o escritório
onde Viktor deve estar.
O idiota nunca foi muito de festejar, mas ele sempre gostou de
realizar as festas para os seus homens. Algo que ele aprendeu com
o seu velho. Mas nem mesmo isso vai salvá-lo de levar uma bala no
meio da sua testa.
Vozes soam quando eu me aproximo da janela do escritório e
dou uma olhada para dentro. Não há ninguém à vista. O que
significa que ele deve ter mudado para a sacada que fica acima de
mim. Saltando para o pátio lateral, eu testo a porta os fundos para
descobrir que ela está destrancada.
— Você está ficando velho, Viktor. — Sorrio para mim mesmo,
enquanto deslizo para dentro.
O idiota acha que é invencível.
Quem ousaria mexer com o camaleão. Certo?
Bem, sempre há uma primeira vez. A sala está meio iluminada
enquanto eu passo por ela com passos firmes e sem hesitação. Mas
antes que eu possa avançar para a área externa, a porta se abre e
uma garota de cabelos roxos entra. Ela nem mesmo percebeu a
minha presença até que fosse tarde demais e eu estava em cima
dela.
— Não grite. — Apertei minha arma contra a sua cabeça e ela
congelou no lugar.
Eu quase me senti mal pela pobre garota, não era sua culpa o
que estava prestes a acontecer. Embora eu não fosse conhecido por
tirar a vida de jovens mulheres, eu ainda não poderia deixá-la
arruinar os meus planos.
— Por favor... — Ela implorou em um sussurro.
Os seus grandes olhos azuis encararam-me cheios de lágrimas.
Ela era linda. Muito jovem para alguém como Viktor, mas eu não era
ninguém para criticar os seus gostos quando eu tinha me casado
com uma mulher onze anos mais nova que eu.
— Eu não vou te machucar a menos que você mereça.
Entendeu? — Pergunto ainda sem tirar os olhos dela.
Ela balança a cabeça em concordância.
Foda-se!
Ela me lembra de Ellie.
Tão jovem e inocente vivendo sob os cuidados de um monstro.
Eu me pergunto o que ela significa para Viktor?
— Onde está Viktor Lugano? — Pergunto e seus olhos se
arregalam em alarme.
Eu não sei o que diabos isso deveria significar, mas antes que eu
possa perguntar, ela pula sobre mim usando o meu momento de
distração para me atacar. O seu pé se conecta com o meu peito
enquanto ela dispara alguns chutes como uma maldita ninja
profissional.
Eu giro ao redor derrubando-a em cima de uma mesa.
Avançando sobre ela, eu envolvo minhas mãos em seu pescoço
enquanto encaro o seu rosto nada inocente.
Bem, pelo menos ela é uma boa atriz.
Ela luta para sair do meu agarre, mas é inútil. Sorrindo, eu a
levanto bem a tempo de ver Viktor irromper pela porta com três
homens atrás ele.
— Katerina! — Viktor grita para a garota que se encolhe com o
seu tom.
Interessante.
Os homens atrás dele reagem instantaneamente apontando
suas armas em minha direção, mas ele sinaliza para eles pararem.
O que me deixa um pouco mais aliviado ao saber que não vou virar
uma peneira tão cedo. Se eu tiver sorte voltarei a tempo de jantar
com a minha bela esposa. Porque eu sei que eles não vão atirar.
Eu acabei de descobrir a fraqueja do meu velho ex-amigo.
— Bom ver você novamente, velho amigo. — Digo para Viktor
sorrindo enquanto ele me dá um olhar mortal e assustado ao
mesmo tempo.
Empurrando o cano da minha arma contra a cabeça de Katerina,
eu vejo a luz sumir dos olhos de Viktor. O ar da sala está denso e
pela maneira como a garota está tremendo em meus braços, eu
diria que ela está assustada, assim como Viktor.
— Deixe a ir, Niccolau. — Viktor diz em um tom de súplica e eu
quase faço, mas não por causa dele e sim da garota que não tem
nada a ver com isso.
Nós não atacamos mulheres, crianças e idosos. A não ser que
eles tenham feito algo muito terrível e imperdoável. Mas como eu sei
que esse não é o caso, eu posso relaxar enquanto observo o meu
velho amigo de joelhos à minha frente.
— Receio que eu não possa fazer isso, Viktor. — Digo enquanto
minha mão aperta o seu braço puxando-a mais para perto, mas não
o suficiente para me tocar.
— Ela não tem nada a ver com isso. — Ele diz, seus olhos
grudados em minha arma o tempo todo.
— Você deixou uma bagunça e tanto para trás. — Digo
ignorando-o.
Ele rosna apertando os dentes. — Aquele filho da puta precisava
morrer. 
Isso eu concordo.
— A sua imprudência colocou um maldito alvo em minhas
costas. — Rosno por entre os dentes.
— Não é culpa minha se você não consegue lidar com os
russos. — Ele atira de volta.
Sorrio irritado.
— Você é engraçado, Viktor. — Digo ao desfazer a trava de
segurança.
A garota congela no lugar e eu sei que ele vê isso, porque as
suas próprias palavras são carregadas de um medo que eu nunca vi
antes em seus olhos. Não há dúvidas de que Katerina significa tudo
para ele, até mesmo mais que a sua vida miserável.
— O que você quer? — Pergunta enquanto tenta manter a
calma  e a garota que parece aterrorizada por uma vida.
As quatro palavrinhas mágicas.
— Livre-se dos seus capangas e eu libertarei a garota. — Digo e
ele me encara enquanto decide se deve ou não confiar em mim.
Alguns segundos se passam antes que ele possa reagir.
— Saiam! — Ele grita para os homens de guarda.
— Chefe... — Um deles tenta persuadi-lo, mas é em vão.
— Saiam! — Ele grita mais alto, fazendo os homens
estremecerem enquanto atendem ao comando e lentamente deixam
a sala um por um.
Se eu não o conhecesse, diria que isso é apenas uma
emboscada. Assim que eu soltasse a garota, ele traria seus homens
para acabar com a minha vida. E eu não poderia culpá-lo. Se
alguém ameaçasse a vida de Ellie eu não hesitaria duas vezes. Mas
ele sabe que me matar é um mau negócio, é por isso que ele vai
deixar isso passar.
— Eu fiz a minha parte. É a sua vez agora. — Ele seus olhos se
movendo da garota para os meus.
Liberando o meu aperto, eu tiro a arma da sua cabeça, mas
Katerina ainda não se move. Viktor também está imóvel em seu
lugar como se ambos estivessem em choque. Viktor é o primeiro a
dar um passo em sua direção, mas com os olhos nos meus todo o
tempo.
Eu não me movo observando a cena se desenrolar diante de
mim. Agora não há nenhum resquício do monstro que todos nós
conhecemos, apenas um amante preocupado.
— Foda-se! — Ele grunhe enquanto a alcança, puxando-a para
os seus braços e enterrando o seu rosto na curva do seu pescoço.
Katerina desaba, tremendo e chorando enquanto ele a segura
como se ela fosse tudo. Não há muitas coisas que podem derrubar
um homem como Viktor e eu. E até pouco tempo eu não tinha
nenhuma ideia de que isso fosse possível, então eu dei uma olhada
em Ellie e sabia que estava fodido.
— Eu sinto muito. — Katerina chora em seus braços. — Você me
disse para não sair do meu quarto, mas eu precisava de algumas
pilhas para o meu controle. — Ela chora e eu quase me sinto mal
pela pobre garota.
— Não chore, está tudo bem. — Ele diz alisando as suas costas
e apertando-a mais forte contra o seu peito.
Ele parece tão inofensivo enquanto tenta acalmar a sua garota
que me faz pensar que até mesmo os monstros amam. Depois de
alguns minutos, Katerina se acalma e ele segura o seu rosto
fazendo-a encontrar o seu olhar.
— Eu preciso que você volte para o seu quarto e não saia até eu
ir até você. Você pode fazer isso? — Ele diz para ela que acena em
concordância.
Ele sorri e planta um beijo do topo da sua cabeça.
Eu observo a cena ainda sem acreditar que o infame Viktor
Lugano foi finalmente atingido por uma garota. Ambos assistimos
enquanto Katerina deixa a sala. O aperto na minha arma logo em
seguida é apenas uma forma de prevenir qualquer ataque por trás
do meu ex-amigo.
— Foda-se! — Viktor solta um suspiro pesado enquanto se move
para o armário de bebidas arrebatando uma garrafa de uísque e
bebendo diretamente da boca. — Isso foi muito baixo, até mesmo
para alguém como você. — Ele diz despejando o líquido goela
abaixo.
— A garota não fazia parte do plano. — Dou de ombros
enquanto me movo em sua direção, arrancando a garrafa das suas
mãos e tomando um grande gole.
Um riso maníaco lhe escapa. — Você certamente vale a fama
que tem.
Dou de ombros. — O que posso dizer? Isso é quem eu sou.
— Eu pensei que você ficaria agradecido por eu ter me livrado
daquele idiota. Não era ele o noivo da sua esposa? — Um sorriso
sardônico se forma em seus lábios.
Apertando as minhas mãos em punhos, eu o fuzilo com um olhar
para não colocar uma bala em sua maldita cabeça. — Eu mesmo
deveria tê-lo matado com as minhas próprias mãos.
Ele bufa. — Bem-vindo ao clube. Andrei tinha mais inimigos que
o Bin Laden.
Não me admirava em nada.
Um saco de merda como Andrei não valia o ar que respirava. Eu
mesmo teria tido muito prazer em acabar com a sua vida miserável
lentamente apenas para ter o prazer de vê-lo sofrer, assim como ele
fez com todas aquelas mulheres que ele arruinou.
— O que você tinha com isso?
Ódio cru e puro rasteja por suas feições enquanto ele pondera a
minha pergunta. Seja lá o que Andrei fez com ele ou contra ele não
deve ter sido algo bom.
— Ele tocou o que não deveria. — Diz com um grunhido e pela
expressão torturada em seu rosto, eu diria que não sou o único
obcecado por uma mulher.
— Compreensível. Mas isso só colocou os malditos russos na
minha cola. Eles pensam que eu fui o único a acabar com a vida
miserável de Andrei. — Digo.
— Isso já está sendo cuidado, não se preocupe com isso. — Ele
diz enquanto entorna a garrafa novamente.
— O que isso quer dizer? — Pergunto em alerta.
— Enquanto você brincava de espião e invadia a minha casa, eu
tinha homens eliminando os malditos russos que se atreveram a
colocar seus pés imundos em nosso território.
— Meu território. — O corrijo.
Ele revira os olhos. — Mesma coisa.
— Não é! — Rosno apertando minhas mãos em punhos. —
Palermo é o meu território, e qualquer um que ouse pensar o
contrário terá um grande problema comigo. — Digo sem deixar
dúvidas que estou pronto para tudo.
Ele deixa escapar um suspiro. — Eu não estou atrás do seu
território. Tudo que eu quero é um lugar seguro para viver.
A sua resposta me pega de surpresa.
Eu sabia que a garota de cabelos roxos significava algo para ele,
mas não tinha ideia do quanto até agora. Parece que o meu velho
ex-amigo foi finalmente arrebatado por uma mulher.
— Comece a falar. — Digo enquanto puxo o meu telefone e
envio uma mensagem para Stefano ordenando para ficar sob aviso,
mas não atacar a menos que eu lhe diga para fazer.
Essa será uma longa noite.
 
 
 
 
 
10
ELLIE
 

 
Cefalù é um lugar incrível.
Há todos esses lugares que eu quero explorar e me aventurar
que montei um roteiro completo, incluindo um passeio de barco com
direito a assistir o pôr-do-sol diretamente do Mediterrâneo.
Faz apenas alguns dias desde a nossa visita ao museu e Nicco
foi o único que me encorajou a me aventurar pela bela cidade,
desde que eu esteja sempre acompanhada de meu guarda-costas
pessoal, assistente e alguns seguranças.
Era um absurdo, mas conhecendo a fama do meu marido, eu
também não queria arriscar ser sequestrada e usada para chegar
até o meu marido. Não que eu acredite eu fosse desistir de tudo
apenas para salvar a minha vida.
Não soa como Nicco Santino.
Falando no próprio diabo, ele saiu ainda mais cedo essa manhã.
Não sei o que está acontecendo, mas deve ser algo muito
importante para ele sair da cama as quatro da manhã.
— O carro está pronto, senhora. — Tamara diz ao entrar na sala.
— Tamara, quantas vezes eu te disse para me chamar pelo meu
nome. — Digo enquanto pego a minha bolsa.
— Sinto muito, senhora, mas eu não acho que isso será
possível. — Ela diz em seu tom totalmente profissional.
Eu estou tão ansiosa para visitar o centro histórico de Cefalù e
suas charmosas ruas pitorescas que apenas decido ignorar o
“senhora” usado por Tamara ao se referir a mim. Eu já disse a ela
para me chamar pelo meu nome, mas aparentemente ela não se
sente confortável ou já se acostumou a usá-lo. Apesar de ela ser
minha assistente, eu não acho que isso é tudo que nós somos. Ela
se tornou uma boa amiga e eu odeio esses títulos arcaicos de
servidão. Kristin exigia que todos os funcionários da casa a
chamasse de madame Willians e eu odiava isso.
Idiota.
Enfim, há todos esses cafés temáticos e encantadores. Além
disso, eu quero conhecer um pouco mais sobre a vida do meu
marido por trás do impiedoso Don Santino.
Decidida a não deixar uma discussão estragar o nosso dia, eu
abro o celular para encontrar a lista de lugares que eu quero visitar.
Essa é a primeira vez que eu estou saindo sozinha depois de
casada.
— Eu pensei em começar pela Catedral de Cefalù. O que você
acha? — Pergunto enquanto caminhamos para fora onde o carro
nos espera.
— O que a senhora desejar. — Ela diz, mas o sorriso em seus
lábios me diz que ela concorda com o meu cronograma.
— Dai! (Vai, vamos. Isso aí!) — Digo sorrindo.
O centro histórico de Cefalù é como uma obra saída dos filmes.
Na verdade, toda a Itália se parece assim. Há algo mágico sobre
esse lindo e encantador país. Eu sempre me senti em casa aqui e
talvez esse seja mesmo o meu lugar no mundo.
Os seguranças nos acompanham de perto enquanto Tamara e
eu exploramos cada canto dessa encantadora cidade. Apesar de ter
nascido com uma colher de prata como todos dizem, eu sempre dei
mais importância às coisas simples da vida, como um passeio pela
cidade em um dia ensolarado.
Provar sorvetes de diferentes sabores quando, na verdade, eu
sempre escolherei o de pistache. Correr na praia e sentir as ondas
batendo nos meus pés enquanto me saúdam com um lindo e
abençoado dia.
Tudo isso parece um sonho, apesar das circunstâncias.
Eu não sou ingênua o suficiente para pensar que essa paz
momentânea será para sempre. O meu marido é um homem
poderoso e cheio de inimigos. A confusão em que meu tio nos
envolveu mexeu com a vida de muitas pessoas. E eu sei que essas
pessoas viram atrás de nós.
Eu preciso encontrar uma maneira de nos tirar dessa bagunça
sem ter que recorrer à violência. Mas não acredito que isso seja
possível devido aos fatos e pessoas envolvidas.
Só espero que todos fiquem bem.
Mais tarde naquele dia, eu tenho uma Tamara sorridente
enquanto prova a sua terceira bola de sorvete de vinho. Uma das
iguarias que você não encontra facilmente por aí.
— Eu amo isso aqui. — Ela diz com a sua voz melosa e
embriagada.
Sorrio e tento puxar o sorvete para longe dela, mas ela é mais
rápida. — Ei! Isso é meu.
— Eu acho que devemos parar a degustação de sorvetes por
aqui. — Digo enquanto aceno para o atendente que praticamente
corre em minha direção.
— Senhora?
— Por favor, traga-me a conta. — Digo enquanto pego o meu
celular da bolsa.
— Isso já foi cuidado, senhora. — Ele diz com uma voz trêmula.
— Como? Eu... — A pergunta fica suspensa no ar quando um a
realização toma conta de mim.
Um sorriso desliza pelos meus lábios.
Eu devia saber que o meu marido estaria por trás disso. O
mesmo aconteceu em todas as lojas e restaurantes que visitamos
hoje. Alguns diziam que era cortesia da casa, outros apenas diziam
que a conta já tinha sido cuidado.
Embora eu não deva gostar do monstro, fica muito difícil quando
ele faz coisas assim. E isso só complica quando ele me toca e o
resto deixa de existir. Talvez não ter feito sexo antes me viciou nele.
Eu não tenho um padrão para definir, então como o meu corpo só o
conhece, ele se sente como seu escravo pessoal.
“Se isso é o que te faz sentir melhor.” Minha mente bufa para
mim.
Quando voltamos para casa, o sol já está se pondo, e tons de
laranja cobrem todo o céu. Eu amo como o universo nos presenteia
com verdadeiras obras de artes como o pôr-do-sol.
Nicco ainda não está em casa quando voltamos, então depois de
acomodar Tamara em seu quarto com a ajuda do guarda-costas que
eu nunca consigo me lembrar do nome. Talvez seja porque ele tem
sempre essa carranca no rosto que me faz pensar nele como um
italiano zangado.
— Você acha que ela vai ficar bem? — Pergunto depois de
colocar um balde, analgésicos e uma garrafa de água em sua
mesinha de cabeceira.
— Ela vai ficar bem, senhora. — Ele assegura.
— Vou pedir a Maria para fazer uma canja para ela mais tarde.
— Digo enquanto passo para fora. — Você pode ir descansar, eu
não pretendo sair mais essa noite. — Digo para ele.
— Boa noite, senhora. — Ele diz.
— Obrigada. Boa noite! — Sorrio agradecida.
Eu o observo se afastar ao longo do corredor, essa casa não é
nenhum pouco do tamanho da mansão Santino em Palermo, mas
poderia muito bem ser uma fortaleza pela quantidade de quartos. Eu
vou para o meu quarto e tomo o banho de banheira mais longo já
visto.
Fazia algum tempo que eu não andava tanto e eu adorei isso,
mas eu estou exausta. Deslizando na água quente, eu sinto os
meus músculos relaxarem enquanto fecho os meus olhos e gemo
em apreciação.
Não sei quanto tempo se passa até que eu acabo cochilando e
sonhando. No meu sonho, Nicco está me beijando lentamente
enquanto sua mão desliza por entre as minhas coxas esfregando o
contra o meu clitóris dolorido.
— Nicco! Oh! Deus! — Gemo.
Mordendo o meu lábio para me impedir de gritar, eu juro que
posso sentir como se o sonho fosse real. Abrindo as minhas pernas
mais amplas, eu lhe dou total acesso à minha boceta. Os seus
dedos hábeis deslizam entre as minhas dobras antes de empurrar
para dentro, fazendo-me arquear contra a banheira.
— Tão apertada. — Ele sussurra em meu sonho.
— Nicco. — Eu gemo o seu nome como uma benção.
Eu me sinto tão relaxada.
Minhas mãos seguram os meus seios, beliscando os mamilos
enrugados enquanto os dedos hábeis deslizam dentro e fora de
minha boceta. Eu posso sentir o meu orgasmo se construindo.
Nunca fui uma pessoa muito sensual. É claro que eu já havia me
tocado antes, mas nada parecido com Nicco. Parece que meu corpo
tem uma conexão com ele. E tudo que eu posso fazer é me
desfazer em seus braços.
Os seus dedos escovam contra o meu clitóris fazendo-me
montar os seus dedos mais fortes. Eu sei que não vou durar muito
tempo. Na verdade, o sonho parece tão real que eu quase acredito
que o meu marido está aqui.
— Por favor... — Imploro quando ele desliza um terceiro dedo
tocando aquele ponto doce dentro de mim que só ele é capaz.
— Venha para mim, borboleta. Monte os meus dedos e foda sua
bocetinha carente. — Ele ordena e um grito deixa o meu peito
quando eu quebro ao redor dele, gemendo e perdendo o controle
enquanto o prazer me atinge.
O meu corpo dá um solavanco e os meus olhos se abrem
automaticamente para encontrar o meu marido bem diante de mim.
O olhar faminto em seus olhos me diz que eu não sonhei toda a
coisa, porque eu ainda tenho os seus dedos enterrados
profundamente dentro de mim.
— Nicco? — O seu nome saí como uma pergunta enquanto eu
tento processar o que acabou de acontecer.
Eu não só fantasiei sobre o meu marido me tocando como a
coisa toda aconteceu realmente. Calor rasteja pela minha pele e eu
posso sentir o vermelho tingir minhas bochechas.
— Você montou os meus dedos tão bem, borboleta. — Ele
sussurra inclinando-se para tomar os meus lábios.
Eu gemo abrindo-me para ele e beijando-o de volta.
As minhas mãos vão ao redor do seu pescoço enquanto ele
aprofunda o nosso beijo. E antes que eu possa pensar, ele me
ergue em seus braços, carregando-me para a cama e colocando-me
suavemente.
Nicco se afasta e meu olhar cai sobre a sua virilha. Ele tem uma
ereção furiosa em suas calças que faz minhas coxas apertar em
antecipação.
Dio Santo!
 
11
NICCO
 

 
Durante todo o dia tudo que eu conseguia pensar era em minha
esposa andando por aí apenas com sua assistente e seguranças.
Eu tinha montado toda uma equipe para segui-los por toda cidade
de modo que ela não se sentisse como se estivesse sendo seguida
por ninguém além de seu guarda-costas e seguranças que sempre
a seguem.
Eleanor é minha esposa.
Eu não posso arriscar a sua segurança, mesmo que isso
signifique enfrentar a sua ira por enviar mais homens para segui-la.
Nenhum cuidado é pouco quando se trata dela. E uma vez que
meus inimigos descobrirem que ela é a minha fraqueza, eles não
hesitaram em atacá-la.
Gastão, seu guarda-costas, me enviou mensagens o dia todo
sobre o que ela estava fazendo e com quem ela conversava.
Aparentemente, minha esposa é uma grande comediante. Ela riu e
fez amizade com os comerciantes locais e pelo que Gastão me
disse todos a adoraram.
É claro que fizeram.
A mulher é uma pequena feiticeira.
Ela encanta a todos por onde passa.
Eu sei que eu fui enfeitiçado por ela no primeiro momento em
que os nossos olhos se encontraram e nunca quero que isso acabe.
Agora imagine a minha surpresa ao chegar em casa e encontrar
minha esposa meio adormecida na banheira gemendo o meu nome
enquanto dava prazer a si mesma. Foda-se! Eu quase vim em
minhas malditas calças como um adolescente excitado.
Eu sabia que não conseguiria apenas observá-la e quando ela
gemeu o meu nome novamente, eu tomei isso como um convite.
Abaixando-me para ficar à altura da banheira, eu espalhei alguns
beijos em seu braço e ao longo do seu pescoço, que pendia para o
lado à medida que ela esfregava o seu clitóris.
A cena era tão fodidamente erótica que eu estava morrendo para
estar dentro dela e foder a sua boceta apertada, ouvindo-a gemer
uma e outra vez o meu nome enquanto ambos atingimos o prazer
juntos.
Essa linda mulher tem sido tudo que eu posso pensar nos
últimos tempos. Nem mesmo a ameaça de ter meu território
invadido pelos russos é suficiente para me fazer parar de pensar
nela por um segundo.
O seu corpo é uma verdadeira perdição.
Ela morde os lábios e geme empurrando-se para cima e eu
tenho um vislumbre de seus seis perfeitos. Deslizando minha mão
dentro da água, eu arrasto os meus dedos entre as suas coxas,
persuadindo-a para abri-las mais para mim.
Ela é tão linda.
Os meus dedos deslizam sobre as suas dobras fazendo-a
arquear contra a banheira. Esfregando o seu clitóris inchado, eu
deslizo um dedo dentro de sua boceta apertada gemendo quando
suas paredes internas me apertam.
— Tão apertada. — Gemo em apreciação.
— Nicco. — Ela geme o meu nome quando o prazer dispara
através do seu corpo.
Ela é tão linda.
Eu mal posso tirar os meus olhos dela.
As suas mãos espalmam os seus seios, apertando-os e é a foda
mais sexy que eu já vi em toda a minha vida. Suas paredes internas
me apertam e eu posso sentir que ela está perto.
Esfregando o seu clitóris, ela arqueia contra a banheira, os seus
olhos ainda fechados enquanto ela monta os meus dedos
perfeitamente.
— Por favor... — Implora, e eu deslizo um terceiro dedo dentro
dela.
— Venha para mim, borboleta. Monte os meus dedos e foda sua
bocetinha carente. — Ordena e ela quebra ao redor dos meus
dedos.
O prazer é tão intenso que isso a desperta. Os seus lindos olhos
verdes se abrem para encontrar os meus e eu quero nada mais que
fodê-la sem sentido até que nenhum de nós possa andar ou respirar
novamente por alguns dias.
— Nicco? — O meu nome em seus lábios apenas sela isso.
— Você montou os meus dedos tão bem, borboleta. — Eu fecho
a distância entre nós tomando os seus lábios.
Ela geme abrindo-se para mim e beijando-me de volta.
Eu não posso mais segurar, deslizando minhas mãos por baixo
dela, eu a carrego para fora da banheira não me importando de que
nós estejamos fazendo uma bagunça molhada por todo o banheiro e
quarto. Tudo que eu sei é que preciso estar dentro dela o mais
rápido possível.
Colocando-a suavemente sobre a cama, eu me afasto para me
livrar das minhas roupas. Os seus olhos seguram os meus e pelo
rubor em suas bochechas eu diria que a minha borboleta está tão
pronta para mim quanto eu estou para ela.
Ela está respirando com dificuldade, os seus olhos estão cheios
de luxúria e sua pele tem esse brilho que eu ouso dizer que é por
minha causa. Os seus olhos nunca deixam os meus enquanto eu
retiro as minhas roupas molhadas descartando-as em uma poça no
chão.
O meu pau está tão duro e pronto para estar dentro dela.
— Você gosta do que vê, borboleta? — Pergunto agarrando o
meu eixo e deslizando-o para cima e para baixo.
— Sim. — Ela ronrona e eu quase atiro minha carga em minhas
bolas.
Essa mulher é uma feiticeira.
Eu caí no seu encanto e não quero nunca sair.
— Venha aqui. — Ordeno sentando com as pernas flexionadas
sob o meu corpo.
Os seus olhos se estreitam e um fogo que não estava lá antes
começa a se formar. Eleanor não gosta de receber ordens, e é por
isso que eu amo fazer e ver a deusa selvagem que ela se torna.
— Venha aqui, borboleta. — Ordeno novamente, mas ela ainda
não se mexe.
Mulher teimosa.
— Preciso lembrá-la a quem você pertence?
Ódio puro e cru rasteja em seus olhos enquanto ela faz o que eu
pedi relutantemente. Embora ela odeie se submeter a mim, eu sei
que o seu corpo anseia por isso.
Ela se move lentamente em minha direção e quando ela está ao
meu alcance, eu a agarro pela cintura girando-a de modo que ela
fique de costas para mim. A sua boceta encharcada está pingando
para mim e eu mal posso esperar para estar completamente
enterrado dentro dela.
— Boa menina. — Sussurro contra a sua pele.
Ela treme e geme empurrando sua boceta molhada em meu pau
dolorido. Agarrando os seus seios inchados, eu belisco os seus
mamilos fazendo-a choramingar em meu colo.
— Você quer montar o meu pau, borboleta? — Aplico mais
pressão em seus mamilos e ela geme mais forte jogando a sua
cabeça para trás.
— SIM!
— Implore por isso, borboleta. — Exijo enquanto deslizo meus
dedos entre as suas coxas.
Ela suspira empurrando-se mais contra o meu pau.
— Por favor, Nicco...
— Por favor, o quê borboleta?
— Por favor, me foda. — Ela ronrona e eu perco tudo.
Foda-se!
Ouvir minha garota implorar pelo meu pau foi a coisa mais sexy
que eu já ouvi. Ellie é uma verdadeira deusa. Tudo sobre essa linda
mulher me deixa completamente louco.
Isso é tudo que eu precisava ouvir.
Agarrado os seus quadris, eu a levanto e empalo em meu pau
enquanto ambos gememos em apreciação. A forma como a sua
pequena boceta aperta o meu pau é fodidamente perfeita.
— Porra! Sua boceta foi feita para mim, borboleta.
— Oh! Nicco. — Ela geme enquanto cavalga o meu pau tão
bem.
Foda!
Agarrando os seus quadris, eu a fodo mais duro enquanto ela
grita meu nome uma e outra vez quando o prazer a preenche. A sua
boceta é tão insaciável quando o meu pau.
Eu nunca posso ter o suficiente ela.
Rosnando, eu mordi a carne sensível do seu pescoço enquanto
agarrava um punhado de cabelo enrolando em meu braço e batendo
dentro dela profundamente. Os seus sucos encharcaram o meu pau
e ela gozou novamente gritando o meu nome.
— Sua boceta me aperta tão bem, borboleta. — Rosnei girando-
a para ficar de frente para mim.
A posição me levava tão profundamente dentro dela. Era o
verdadeiro paraíso. Eu nunca senti nada igual em toda a minha vida.
— Nicco, por favor... — Ela engasgou quando meu dedo
percorreu o buraco enrugado da sua bunda.
— Diga-me o que você precisa, borboleta. — Escovei meu
polegar contra o seu buraco e ela me fodeu mais forte.
As paredes internas de sua boceta estrangulando-me.
— Foda-me! — Exigiu bêbada pelo prazer.
Eu sorrio satisfeito.
— Onde você quer que eu a foda, borboleta? — Eu sabia a
resposta, mas precisava que ela dissesse as palavras.
Ela hesitou por alguns segundos e eu aproveitei para chupar os
seus mamilos em minha boca, primeiro um e depois o outro,
mordiscando-os em seguida.  Ellie gemeu com a sensação de
prazer e dor atravessando o seu lindo corpo.
— NA BUNDA! — Ela gritou desesperada por sua libertação.
— Você quer o meu pau grosso em sua bunda apertada,
borboleta?
— Sim! — Ela gemeu, sua boceta apertando o meu pau mais
forte.
— Você é uma garota tão suja, borboleta. — Gemi tomando os
seus lábios em um beijo feroz.
— Só para você. — Ela gemeu em minha boca, suas unhas
cravando em minha pele e tirando sangue.
— Malditamente certo. Só para mim, borboleta. — Eu empurro o
meu polegar em seu buraco enrugado e ela fica tensa.
— Relaxe, borboleta. — Digo enquanto deslizo o meu dedo
dentro e fora de sua bunda.
O seu corpo naturalmente relaxa ao meu comando e eu
aproveito isso para estimulá-lo ainda mais. Deslizando os meus
outros dedos em sua boceta, eu a fodo lentamente em seus dois
buracos.
— Oh! Nicco! — Ela geme para mim.
— Você gosta disso, borboleta? Gosta dos meus dedos fodendo
sua boceta e bunda?
— Sim! — Ela geme.
Porra!
Ela é a mais pura perfeição
— Fique de quatro para mim, borboleta. — Digo e ela faz o que
eu peço dando-me uma visão perfeita de sua boceta e bunda com
meus dedos enterrados dentro dela.
O meu pau lateja com o desejo de substituí-los.
— Boa menina. — Aliso suas costas inclinando-me para trilhar
beijos ao longo em sua pele enquanto meus dedos a fodem
lentamente.
— Tão bom. — Ellie geme.
— Você gosta disso, borboleta? Gosta de ter meus dedos
fodendo-a? Espere até que seja o meu pau e você não andará por
uma semana, baby. — Digo e seu corpo treme com o prazer se
aproximando.
As suas paredes internas estão apertando os meus dedos
perfeitamente. E isso é tudo que eu preciso para deixá-la mais
relaxada para tomar o meu pau em sua bunda apertada.
— Nicco... Eu vou... — Ela não termina a frase porque assim que
meus outros dedos esfregam o seu clitóris ela voa alto gozando
forte com meus dedos enterrados em sua bunda e boceta perfeita.
— Foda-se! Você é uma deusa, borboleta. — Digo enquanto
retiro os meus dedos de dentro dela e alinho o meu pau em seu
buraco enrugado. — Agora você estará pronta para receber meu
pau em sua bunda, borboleta.
Ela geme empurrando-se para mim. — Por favor.
Eu empurro lentamente para não machucá-la, as pregas de sua
bunda envolvendo-me como uma luva. Ellie geme e eu tomo isso
como um incentivo para tomar um pouco mais.
Deslizando minha mão livre contra o seu clitóris, eu empurro
todo o caminho para dentro dela e ambos arfamos quando o seu
canal se estica para me acomodar. Minhas bolas parecem que vão
explodir se eu não me mover, mas eu preciso ir com cuidado.
— Diga-me se for demais, borboleta. — Suspiro enquanto
deslizo para frente lentamente.
— Mais. — Ela exige agarrando a minha bunda e empurrando os
seus quadris em minha direção. — Foda-me mais forte, Nicco. —
Ela choraminga e eu me perco.
— Puta merda borboleta, você é uma putinha suja que adora ser
fodida na bunda pelo seu marido, não é? — Eu bato dentro dela
mais forte e ambos gememos.
— SIM! Eu sou a sua putinha. — Ela ronrona e todo o inferno se
solta, porque a próxima coisa que eu sei é que estou pregando-a na
cama enquanto a fodo até o esquecimento.
Os meus quadris batem contra os dela tomando tudo enquanto
ela se empurra em minha direção como a putinha safada que ela é.
Minha putinha.
Minhas bolas apertam e todo o seu corpo fica tenso, eu agarro
os seus quadris e atiro minha carga em sua bunda rugindo como
uma besta enfurecida enquanto nós dois encontramos a libertação
juntos.
Quando termino, eu a caio ao seu lado puxando-a para mim com
o meu pau ainda enterrado em sua bunda. Os meus braços vão ao
redor dela, enquanto eu enterro o meu rosto na curva do seu
pescoço. A nossa respiração junta me embala e logo eu caio num
sono profundo com a minha mulher nos braços.
Esse é o meu lugar no mundo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12
ELLIE
 

 
 
— Um novo guarda-costas foi designado para você. Ele estará
aqui pela manhã. — Nicco diz ao cortar o seu bife e levá-lo à boca.
— O que aconteceu com o último? Qual era mesmo o seu
nome? — Pergunto encarando-o.
— Gastão. — Ele diz em um tom irritado. — E ele está se
recuperando.
Se recuperando?
— O que aconteceu? — Pergunto sentindo-me um pouco
culpada por não perceber a sua ausência. Mas em minha defesa, eu
tenho estado os últimos dias no estúdio e as únicas pessoas que eu
vi foi Maria e Tamara. Até mesmo o meu marido eu mal o vi.
— Ele sofreu um acidente dois dias atrás, mas passa bem. —
Responde mal-humorado.
— Oh! Podemos visitá-lo?
Nicco olha para mim como se tivesse acabado de crescer dez
chifres em minha cabeça. E eu me pergunto se fiz a coisa certa.
Quero dizer, eles são seus homens. A sua lealdade é para com a
família Santino, não comigo.
— Você quer visitar o seu guarda-costas que você nem mesmo
sabia que estava ausente? — Pergunta como se não pudesse
acreditar em mim.
O que há de errado com ele?
Nos últimos dias ele tem andado distante e mal-humorado.
Embora eu saiba que não deve ser fácil para ele lidar com todos
esses assassinos na sua cola, mas tenho certeza de que não é a
primeira vez que alguém tenta matá-lo.
Deixo escapar um suspiro pesado enquanto me recosto contra a
cadeira. — O que isso quer dizer? 
Ele dá de ombros. — Apenas que você não me parece o tipo que
se importa com os servos.
Indignação rola através de mim com as suas palavras. Ele não
só acabou de me chamar de garota mimada, mas também egoísta
com a sua fala preconceituosa. Eu não sei por que estou tão
chocada, mas suas palavras certamente me machucaram.
— Sua fala é tão preconceituosa e injusta que eu prefiro nem me
debruçar sobre algo tão estúpido. — Grito indignada. — É claro que
eu me preocupo com as pessoas ao meu redor, ao contrário do que
você pensa, eu não sou uma garota rica mimada e que vive em uma
bolha. — Digo empurrando minha cadeira para trás enquanto me
levando.
— Sente-se! — Ordena, mas eu poderia me importar menos com
o que ele diz.
— Eu estou satisfeita. Aproveite o seu jantar. — Jogo o
guardanapo em cima da mesa e me viro para sair, mas ele grita
novamente.
— Eu disse para você sentar! — Ele praticamente berra fazendo-
me estremecer.
— Foda-se! — Eu grito e corro, mas ele é mais rápido que eu
derrubando tudo à sua frente para me alcançar.
Os seus braços me agarram por trás enquanto ele me carrega
de volta para a sala de jantar chutando para me libertar do seu
agarre, mas é inútil.
— Você não é o meu maldito dono, Nicco. — Digo enquanto o
deixo me levar de volta.
Os seus olhos estão escuros e assassinos assim que ele me
coloca para baixo. Essa é a primeira vez que eu vejo um vislumbre
do homem cruel por trás dos ternos de grife e sorriso encantador.
Ele não diz nada e apenas dá a volta na mesa ocupando o seu
lugar e terminando a sua refeição. Eu posso dizer que ele está
tentando se controlar pela maneira como ele nem mesmo olha para
mim enquanto come com a cabeça baixa.
Talvez eu tenha o empurrado demais.
Um frio gela minha barriga com a realização disso. Nicco
prometeu que nunca me machucaria. Mas será que ele pretende
manter a sua promessa?
— Você é um maldito ogro. — Rosno em frustração.
— Bem-vinda ao lar, querida. — Ele murmura entre mordidas.
Eu o encaro ainda sem palavras.
Ele é de verdade?
Cruzando os braços, eu não me preocupo em esconder a minha
frustração, mas Nicco não parece nenhum pouco afetado com o
meu mau-humor, porque ele termina a sua refeição como se nada
tivesse acontecido.
Eu juro que ele está adorando isso.
Mais tarde naquela noite, eu decido me refugiar na biblioteca
enquanto evito o meu marido mal-humorado. Eu pensei que nós
estávamos finalmente começando a nos entender, mas
aparentemente o meu marido não pensa o mesmo.
Idiota.
A biblioteca é um dos meus lugares favoritos na casa, além do
estúdio, é claro. Mas eu não estou com humor para pintar essa
noite. Na verdade, minha mente fica repassando a nossa discussão
à mesa de jantar e eu odeio isso.
Eu deveria ter sido mais reativa?
Não. Eu não penso assim. A sua dupla personalidade psicótica é
que precisa de ajuda. Porque num minuto ele é todo atencioso e
carinho comigo, e em seguida se torna um ogro.
Ele poderia ser mais bipolar?
Suspirando, eu caio contra a poltrona e abro o meu kindle. Ler é
uma das coisas que me relaxam e eu tenho sempre a minha
biblioteca virtual atualizada com todos os meus queridinhos.
Atualmente, eu estou lendo sobre esse jogador de hóquei que se
apaixona por uma linda perfumista.
Eu amo livros sobre romance de esportes. Mas os meus
favoritos são com homens mais velhos que se apaixonam por
jovens mulheres. Essa foi uma das razões pelas quais eu escolhi
Nicco para ser o meu primeiro, ao invés de um garoto da minha
idade.
Ou talvez porque ele bateu o olho em mim e não desistiu até que
conseguiu o que queria. Mas a verdade é que ambos saímos
vencedores nessa história. Bem, pelo menos até eu acabar casada
com ele.
Limpando a minha cabeça, eu me concentro na minha leitura. O
tempo passa enquanto eu mergulho fundo na história. Eu
literalmente me transporto para a narrativa sentindo-me como a
personagem principal e seus conflitos. A iluminação suave, a
quietude do momento e a poltrona confortável me envolvem como
um abraço caloroso, e não demora muito para eu sentir meus olhos
pesados enquanto tento me manter acordada entre uma página e
outra, mas é mais difícil que parece.
Eu não sei se é minha imaginação, mas antes de adormecer eu
sinto a sua presença. Logo em seguida, braços fortes me erguem. O
cheiro familiar me envolve e eu relaxo em seus braços.
A próxima coisa que eu sei é que os seus lábios estão contra a
minha testa. Inconsciente, eu me agarro a ele como se meu corpo
precisasse disso tanto quanto a minha mente. E não é até que eu
ouço as suas palavras que eu relaxo completamente.
— Sinto muito, borboleta.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13
NICCO
 

 
 
— Foda-se! — Grunhi em frustração.
Eu sou um maldito animal.
Eleanor merece mais que um marido idiota que não consegue
juntar suas merdas. Os meus dias tem sido um completo pesadelo e
eu acabei descontando na única pessoa que não merecia a minha
ira.
Eu vi a maneira como ela me olhou mais cedo, e eu queria
arrancar minha maldita língua por ser um completo idiota quando
deveria ser eu a cuidar dela como um marido faz com sua esposa.
Ellie definitivamente não se inscreveu para isso. E eu tinha sido
um idiota por sugerir que ela não passava de uma patricinha
mimada que não se importava com ninguém além de si mesma,
quando eu sei que é exatamente o contrário.
Ela sacrificou tudo ao se casar comigo.
Não que ela tivesse muita escolha, mas ela ainda poderia ter se
rebelado mais e se recusado a casar comigo, mas ela o fez porque
sabia que as vidas de seu tio e pai dependiam disso.
Se não é altruísmo, eu não sei mais o que merda isso é.
A verdade é que eu não tinha a intensão de ser tão rude e
grosseiro, mas com os malditos russos na nossa cola, a volta de
Viktor e os problemas em Seattle eu estava em meu maldito limite.
Não justificava, mas era a verdade.
Respirando fundo, eu tomo um momento para me acalmar antes
de ir atrás da minha esposa e pedir perdão por ser um maldito
idiota. Eu sei que se eu for agora nós vamos acabar brigando
novamente e não é isso que eu quero.
Infelizmente, eu herdei o temperamento do meu pai.
O velho Santino era um homem cruel e temido por todos. O seu
temperamento poderia ser igualado há o de um hipopótamo faminto
enjaulado. Mas perto da minha mãe ele estava sempre em seu
melhor comportamento. Eu nunca o vi levantar a voz para ela ou até
mesmo repreendê-la.
O casamento deles também foi arranjado. Meu pai colocou os
olhos na minha mãe e sabia que ela seria a única, assim como
aconteceu com Ellie e eu. Mas apesar de carregar os seus genes e
aparência, eu não sou tão bom em controlar meu maldito
temperamento tão bem.
O que não me impedirá de tentar.
Eleanor definitivamente não merecia a minha fúria. Eu sei que
casais têm desentendimentos, mas essa foi a nossa primeira briga
como casal e foi por um motivo completamente egoísta e mesquinho
da minha parte.
Em minha defesa, eu nunca quis ofendê-la realmente. Eu só
estava com raiva e acabei descontando nela sem querer. Talvez Leo
esteja certo e eu preciso de um tempo longe de tudo isso.
Faz quase uma década que o meu pai se foi e eu assumi os
negócios da família. E não houve um dia em que eu não me
dedicasse totalmente ao trabalho. Mas como posso descansar com
todos os inimigos batendo à nossa porta?
Talvez eu devesse levá-la para a lua-de-mel que ela merece.
Porra.
Eu sou um maldito idiota.
Só espero que ela me perdoe.
Mais tarde naquela noite, eu decido finalmente procurá-la e
implorar por seu perdão, mas ao entrar no nosso quarto eu encontro
o lugar vazio e sem nenhum indício de que ela esteve aqui.
Algo dentro de mim aperta e eu quero me socar por ser tão
idiota. Revirando todos os malditos quartos da casa e não encontrá-
la, eu estou prestes a chamar a cavalaria quando uma luz baixa
vindo da biblioteca.
Aproximando-me, eu empurro a porta e a vejo. A sua figura
adormecida assemelha-se a um anjo. Ela está enrolada em volta de
si mesma com o tablete em seu colo. Ele deve ter caído quando ela
adormeceu.
Eu nunca pensei que pudesse sentir nada parecido com o que
eu sinto por essa linda mulher que virou o meu mundo de cabeça
para baixo. Aproximando-me com cuidado para não acordá-la, eu
aproveito o momento para admirar a beleza que emana dela em
respirações.
Eleanor não é apenas mais uma mulher bonita, rica e jovem. Ela
é uma mulher impressionante, que busca diariamente uma melhor
versão de si mesma enquanto aproveita cada oportunidade sem se
perder no processo.
Eu amo como ela corajosa, teimosa e sexy como o inferno. Mas
apesar de tudo, eu amo que ela pertence a mim. E eu nunca vou
deixá-la ir. Ela está presa comigo para sempre.
Eu sei que pode soar egoísta e machista, mas é assim que eu
me sinto. Nunca nada e nem ninguém significou tanto para mim
além da minha família. E eu prometo protegê-la até o meu último
suspiro e um pouco além.
Ela se movimenta quando eu começo a retirar o tablete de seu
colo para que eu possa erguê-la em meus braços, mas não acorda.
Um gemido escapa de seus lábios enquanto uma carranca se
estende pelo seu rosto bonito.
Sorrio.
Porque ela é tão malditamente fofa. E mesmo em seus sonhos
ainda está brava comigo. Mas eu espero remediar isso assim que
eu a tiver em nossa cama, onde eu poderei adorar o seu corpo
como ela merece.
O seu corpo se aninha contra o meu e um sentimento de
proteção toma conta de mim. Eu a seguro com cuidado enquanto a
carrego de volta para o nosso quarto e cama. Ela pode me odiar o
tanto que quiser, mas ela fará isso em nossa cama.
Movimentando-me com cuidado para não despertá-la. Quando
chego ao nosso quarto, eu a coloco para baixo em nossa cama
suavemente. Afastando-me, eu tomo o meu tempo apreciando a
serenidade que emana dela enquanto ela está inconsciente.
Sorrio suavemente e começo a despi-la.
Eu fui um completo idiota e eu preciso reparar o meu erro. Mas
essa por essa noite eu quero dormir com ela em meus braços, sem
nada entre nós dois. Amanhã eu me ajoelharei aos seus pés se
preciso for para ela me perdoar.
O sol ainda nem nasceu quando eu deslizo sob o seu corpo, os
meus lábios tocando a sua pele perfeita enquanto ela ainda dorme
pacificamente. Mas isso não dura muito porque assim que meus
lábios tocam o arco do seu ilíaco, o seu corpo desperta com o
prazer crescente, mas ela ainda não acorda.
Uma necessidade violenta passa por mim com a ideia dela me
deixar. Minhas mãos apertam contra as suas coxas e eu enterro o
meu rosto em sua boceta deslizando minha língua através de suas
dobras lisas.
Porra.
Ela cheira sempre tão bem e tem um gosto delicioso. Tudo sobre
essa mulher me deixa louco. Se essa fosse a minha última refeição,
eu certamente morreria um homem feliz.
Sua boceta é mágica.
— Nicco. — Ellie geme ainda em seu sono, e o meu pau
endureceu quase que instantaneamente.
As suas mãos vão para o meu cabelo, puxando e esfregando-se
contra o meu rosto. Ela é tão fodidamente sexy, mesmo
inconsciente o seu corpo me deseja. Eu sei que não a mereço, mas
sou muito egoísta para deixá-la ir. E qualquer um que ousar tentar
tirá-la de mim irá enfrentar a minha ira.
— Nicco? — O meu nome em seus lábios só me deixa ainda
mais duro.
Eu olho para cima para encontrar aquele par de olhos que eu
tanto amo me encarando com confusão e luxúria.
— Quem bom que você resolveu se juntar a festa, borboleta. —
Digo enquanto chupo o seu clitóris mais forte fazendo-a arquear
contra a cama, seu aperto em meu cabelo aumenta.
— O que você está fazendo? — A pergunta sai em um sussurro
e logo seus quadris estão se movendo em direção ao meu rosto.
— Tentando me redimir, borboleta. — Digo enquanto minha
língua desliza por suas dobras sugando seu feixe de nervos.
— Oh! Deus! — Ela geme.
— É Nicco, borboleta. Ou Niccolau se você preferir. — Sorrio
contra a sua carne.
Os seus gemidos se tornam mais audíveis e eu posso sentir o
seu orgasmo se aproximando. Deslizando um dedo dentro dela, eu
aplico um pouco de pressão em seu clitóris ao mesmo tempo, em
que meu dedo e língua a fodem e ela quebra ao meu redor fodendo
o meu rosto como uma verdadeira putinha.
Minha putinha.
Sorrio enquanto rastejo pelo seu corpo beijando o seu estômago
e tomando um de seus mamilos em minha boca. Suas unhas
cravam contra a minha pele enquanto eu me alinho entre as suas
coxas, mas antes de qualquer coisa, eu preciso que ela saiba o
quanto eu estou arrependido por ontem à noite.
Segurando o seu rosto, eu a beijo suavemente. A névoa pós-
orgasmo está começando a se dissipar e uma carranca se forma em
seu lindo rosto. — Eu sei que fui um completo idiota ontem à noite.
Você não merecia ser tratada daquela forma. Eu só tive um dia de
merda e acabei descontando em quem não deveria. Eu não sou
perfeito e nunca serei, não posso prometer que nunca mais serei
idiota com você, mas prometo tentar ao máximo que isso não
aconteça novamente.
Ela pisca para mim com os olhos marejados e eu me sinto ainda
pior. E se eu tiver estragado tudo? Eu só arruinei algo que estava se
construindo entre nós, se for assim eu nunca poderei me perdoar.
— Não chore, borboleta. — Eu limpo uma lágrima que escorre
pelo seu rosto.
— Você foi um idiota. — Ela diz depois de alguns segundos.
— Eu sei, sinto muito.
— Eu pensei que o infame Nicco Santino Não se desculpasse
nunca.
— Não faço. Pelo menos não para qualquer um.
— Então? — Ela franze a testa confusa.
— Você não é qualquer um, Ellie. — Digo enquanto espalho
beijos ao longo do seu pescoço e levo um mamilo à minha boca,
fazendo-a se contorcer embaixo de mim. — Você é minha esposa,
toda a minha devoção é para com você.
Ela me olha com incredulidade, mas antes que ela tenha a
chance de pensar demais, eu empurro todo o caminho dentro dela,
fazendo-nos gemer em uníssono.
— Isso não significa que você está perdoado. Você terá que
provar que está realmente arrependido. Eu não sou assim tão fácil.
— Ela diz enquanto enrola suas pernas em volta da minha cintura.
Sorrio e a beijo.
— Nunca pensei que fosse, borboleta. Agora chega de conversa
que eu preciso provar algo para a minha linda e adorável esposa. —
Afastando-me, eu observo a confusão em seu rosto apenas para
bater dentro dela com tudo que eu tenho.
Eu a fodo duro e forte contra todas as superfícies do nosso
quarto, então quando eu estou satisfeito, eu a levo para o banheiro
onde preparo um banho de banheira e fodo a sua bunda enquanto
ela se curva contra a borda da banheira.
— Nicco! Oh! Deus! — Ela geme empurrando os seus quadris
em minha direção.
— Você é uma putinha suja, borboleta. Eu amo foder a sua
bunda apertada.
— Sim, por favor. — Ela ronrona deslizando sua mão por entre
as suas coxas e esfregando o seu clitóris.
— Venha para mim, borboleta. — Ordeno agarrando os seus
quadris e a fodendo mais forte.
— Nicco! — Ela grita quando o prazer a atinge e, eu venho
dentro dela enchendo a sua bunda com a minha semente.
Os seus gritos e gemidos apenas me impulsionam.
Eu tirei o dia de folga para estar com ela, e nós não deixaremos
esse quarto a menos que o mundo esteja acabando. Porque eu
quero provar para ela o quanto eu estou arrependido pelo que
aconteceu e o que ela significa para mim.
Melhor fodida maneira de começar o dia.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14
ELLIE

 
Eu ainda não tinha visto o meu pai ou o tio Sebastian, desde que
nós voltamos para a mansão Santino. Nicco não vai me dizer onde
eles estão e embora o que eles tenham feito fosse ruim, eu ainda
não quero que nada de mal os aconteça.
Eu perguntei a Leo mais cedo enquanto ele treinava Cyrus, mas
não obtive nada dele também. A sua mãe e irmã já estão de volta à
Milão. O que me deixou sozinha em uma mansão secular com um
bando de mafiosos. Sendo o meu marido o pior de todos eles.
Eu precisava fazer alguma coisa além da pintura, ou iria
enlouquecer. Não me leve a mal, eu amo pintar, mas quando a sua
interação se resume a conversas curtas e respostas programadas
com sua assistente, você acaba desejando qualquer interação
pessoal que seja.
Minha pintura está quase pronta, mas há algo que está faltando
que eu não consigo descobrir o que é. Eu preciso de inspiração e
contato humano para poder terminar essa pintura.
— O que os locais fazem para passar o tempo? — Pergunto a
Tamara assim que ela entra na sala.
— A maioria deles está no cultivo de uvas para a fabricação de
vinhos. — Ela diz entregando-me uma caixa com os novos pinceis
que eu pedi.
— Isso não parece muito inspirador. O que mais?
— Bem, há esse abrigo na cidade que concentra a maioria do
trabalho da cidade. Os voluntários trabalham duro para encontrar
benfeitores para o centro comunitário que acolhe pessoas que
vivem nas ruas e também mulheres e crianças em situação de
vulnerabilidade.
— Oh! Conte-me mais sobre isso. — Peço enquanto uma ideia
começa a se formar em minha mente.
À medida que Tamara me conta mais sobre o abrigo, mais eu
sinto como isso fosse exatamente o que eu estava precisando.
Contato humano e humanitário. Porque não há nada mais realizador
que ajudar ao próximo.
— Como eu posso me inscrever para ajudar? — Pergunto.
Ela me dá um olhar incrédulo como se a ideia de uma pessoa
como eu ajudando pessoas necessitadas fosse absurda.
— Você quer mesmo fazer isso? — Ela pergunta ainda incrédula.
Eu franzo a testa em confusão. — O que há de errado nisso?
Ela se endireita. — Nada. Desculpe-me. É só que você é a
realeza por aqui e trabalho voluntário não algo que alguém em sua
posição faria.
— Bem, então todos eles são uns idiotas. — Digo e ela ri.
— Um pouco. — Ela diz e ambas rimos.
Tamara me entrega tudo que eu preciso saber sobre o centro
comunitário. Eles realmente fazem um grande trabalho por lá e eu
estou muito ansiosa para conhecê-lo. Puxando o meu celular, eu
envio uma mensagem para Nicco informando sobre os meus planos.
Embora eu não precise pedir permissão a ele, eu sei que ele se
preocupa com a minha segurança e até envia mais homens sempre
que decido sair. Ele pensa que eu não sei, mas o meu marido pode
ser muito previsível quando se trata de segurança.
Nicco me responde quase que automaticamente, como se ele
estivesse esperando pela minha mensagem.
N: Enviarei reforços para cobrir todos os perímetros.
E: Não há necessidade. É só um centro comunitário. Quem
atacaria um lugar como esse?
Ele pode ser mais irracional?
N: Qualquer um que queira chegar até mim. E você é a esposa
do homem mais poderoso da cidade. Um alvo fácil bem ao seu
alcance. Isso não está em discussão.
Eu quero revirar os meus olhos para o seu exagero, mas de
certa forma ele tem um ponto. E eu não quero começar o dia
brigando, porque ultimamente parece que é só isso que nós
fazemos.
E: Tudo bem. Obrigada. Eu aprecio a sua preocupação, mesmo
que ela seja exagerada.
N: É o meu dever prover a sua segurança esposa.
Eu quase posso ouvir o sarcasmo em sua fala. Mas decido não
revidar. Há batalhas que precisam ser deixadas de lado para um
bem maior. E essa é uma delas. Discutir com o meu marido teimoso
e maníaco por controle não me levará a lugar nenhum.
— Avise ao novo segurança que partiremos em meia hora. —
Digo para Tamara.
— Sim, senhora. — Ela diz enquanto deixa o estúdio.
Eu olho para a pintura, não acaba e me pergunto o que está
faltando. Quando eu a conheci tinha toda essa visão de como ela
ficaria, mas agora tudo que vejo é apenas um borrão do que deveria
ser.
Eu realmente preciso de inspiração.
***
A senhora Pascoal nos aguarda na porta do centro comunitário
com um largo sorriso em seu rosto bem cuidado. O seu cabelo no
estilo Chanel grisalho só evidencia a sua beleza.
— Senhora Santino, boa tarde. É um prazer recebê-la em nosso
centro. — Ela diz com um sorriso gentil.
— O prazer é todo meu, e você pode me chamar de Ellie ou
Eleanor se preferir. — Digo sorrindo de volta.
— Desculpe-me, eu gostaria de ficar com “senhora Santino” se
não se importar. — Ela diz e eu noto uma nota de medo em sua fala.
Velhos hábitos nunca mudam. Aparentemente todos têm medo
do meu marido e por consequência tem medo de mim também. Isso
não deveria me irritar tanto quanto faz, mas faz.
— Eu entendo. — Dou-lhe um sorriso forçado.
— Bravo! Andiamo! — Ela nos leva para dentro do centro
comunitário.
O interior é bem rústico com tijolos vermelhos e ladrilhos
coloridos, refletindo a história e cultura do país. Embora esteja
desgastada, essa construção em si tem mais história para contar
que muita coisa que vemos por aí.
— Obrigada por vir aqui hoje. Nós fomos informadas de que a
senhora gostaria de conhecer melhor o nosso centro. — A senhora
Pascoal diz.
Sorrio.
— Sim. Ouvi falar muito bem sobre o trabalho que vocês
realizam nesse lugar e decidi ver com os meus próprios olhos. Eu
sei que minha visita é um pouco inesperada, mas eu gostaria de
saber um pouco mais sobre o lugar e como posso contribuir.
Ela sorri e bate palmas. — Bravo! Isso seria maravilhoso. Fico
tão feliz em saber que uma pessoa tão ilustre como à senhora
queira ajudar o nosso centro comunitário. A nossa prioridade é para
com aqueles que necessitam da nossa ajuda, moradores de rua,
mulheres e crianças em situações de vulnerabilidade.
— O que exatamente o centro provém para essas pessoas? —
Pergunto à medida que avançamos.
— Bem, nós servimos refeições, abrigo para algumas, porque
infelizmente o centro não tem capacidade para acolher todos
àqueles que necessitam, mas fazemos o que podemos. Roupas,
brinquedos, produtos de higiene, medicamentos, cursos de
capacitação e acompanhamento médico e psicológico.
— Compreendo. — Digo enquanto ela continua a me mostrar o
centro.
As instalações são bem simples, mas muito organizadas e
limpas. Essas pessoas certamente fazem um grande trabalho por
aqui e é uma pena que elas não recebam toda atenção ou ajuda
para ampliar esse lugar.
— Bem, eu ficarei feliz em ajudar com alguns desses itens
essenciais básicos para começar. Vocês têm algum projeto de
ampliação?
— Há alguns anos, quando eu assumi a direção do centro, havia
esse jovem que sonhava em tornar o centro em uma grande casa
para os desfavorecidos. Ele era um jovem arquiteto em formação e
logo que percebeu que seu sonho não seria realizado, ele ficou
arrasado e mudou-se para a América. Nunca mais soubemos dele.
— Oh! Isso é uma pena. — Digo.
Ela suspira. — Sim. Não posso culpá-lo. O voluntariado não é
para todos. A maioria dessas pessoas que trabalham aqui faz
porque vê isso como uma missão e não um trabalho. É importante
que você saiba disso se quiser mesmo fazer parte do centro.
— Eu entendo, e nada me daria mais prazer do que fazer parte
de algo tão grandioso. — Digo e o seu sorriso se torna mais amplo.
— Perfetto!(Perfeito) — Ela sorri.
Quando chego em casa naquela noite, eu estou exausta e mal
posso segurar o sorriso em meus lábios. O dia foi tão incrivelmente
produtivo que eu nem sei por onde começar.
A senhora Pascoal primeiro me mostrou todas as instalações do
centro e eu pude ver de perto o trabalho incrível que eles fazem. Há
uma pequena creche para crianças das mulheres refugiadas lá e
também de algumas moradoras de rua. É claro que eles precisam
de muita doação para sustentar o lugar, mas eu pretendo usar tudo
que eu tenho para conseguir o máximo de doações possíveis para
essa causa tão nobre.
Eu descobri também que há muitos doadores anônimos, e
graças a eles o centro se manteve firme até hoje, mas ainda há
muito que ser feito. E eu estou ansiosa para fazer parte desse
trabalho tão gratificante.
Amanhã pode chegar rápido o suficiente?
 
 
 
 
 
15
NICCO
 

 
Eu a ouço mesmo antes de vê-la.
Minha esposa é sem dúvida a pessoa mais benevolente que eu
conheço. Nem mesmo minha mãe é como ela. E Francesca Santino
sempre foi conhecida por sua generosidade e ações sociais.
Aparentemente eu me casei com uma versão mais jovem e
determinada da minha mãe.
Eu sabia que quando ela me enviou aquelas mensagens
informando sobre a sua visita ao centro comunitário que era sério.
Eleanor normalmente não me liga ou envia mensagens o dia todo, a
menos que ela precise sair. O que não acontece com muita
frequência, ou quase nunca, mas ela realmente queria fazer parte
disso e eu estava orgulhoso dela.
Eu já faço doações todos os meses para o centro e tenho
homens fazendo a segurança do lugar. Palermo é o meu lugar e eu
cuido do que é meu. Eu também não quero que ninguém ache que
pode mexer conosco.
Pedi a Maria que preparasse um jantar especial para
comemorarmos e instrui a todos que ficassem longe da casa
principal, porque eu pretendo foder minha esposa por cada maldito
canto desta casa.
Nem mesmo os meus irmãos ou primo poderão cruzar essas
portas depois das oito da noite. O que será em menos de trinta
minutos. Eleanor entra na sala e ela sorri ao me encontrar ali de pé
esperando-a.
Eu nunca vou me acostumar em quanto ela fica linda quando
sorri. É algo genuíno e sem expectativa. A felicidade irradia dela
como o ar está presente na atmosfera. Nem mesmo o fato de ela ter
se casado com um monstro apagou o seu brilho.
Minha pequena borboleta.
A rainha que eu tanto esperei.
— Ei! Você está em casa. — Ela diz sorrindo para mim.
— Eu não gostaria de estar em outro lugar. — Digo e é verdade.
Não porque eu goste de estar nessa casa em particular. Casa é
todo lugar onde ela estiver. Antes de Eleanor, eu nunca pensei que
poderia ansiar por essas coisas que considerei inúteis e distrativas.
Agora tudo que eu posso pensar é em como eu quero voltar para
ela o mais rápido possível. Talvez eu esteja ficando louco ou senil.
Muitas pancadas na cabeça certamente me deixaram um pouco
mais louco.
É amor. Uma voz sussurra em minha cabeça.
Por mais que eu odeie admitir, no fundo, eu sei que é verdade.
Eu me apaixonei pela minha esposa desde o primeiro momento em
que os meus olhos pousaram sobre ela.
Minha esposa se vira para a sua assistente e diz: — Obrigada
por hoje. Você pode ir descansar.
— É o meu trabalho senhora. E acredite, o prazer foi todo meu.
— Ela diz com um sorriso gentil para a minha esposa que retribui.
— Obrigada. Descansa porque nós teremos um dia agitado
amanhã.
Tamara sorri e diz antes de sair da sala: — Sim, senhora. Com
licença.
Eleanor se vira e suspira. — Você não vai acreditar no trabalho
que essas mulheres fazem no centro comunitário.
— É mesmo? — Eu me aproximo puxando-a contra mim e
enterrando meu rosto na curva do seu pescoço.
Foda-se!
Ela cheira tão bem.
Eu amo o seu cheiro.
Tudo sobre essa mulher me deixa fodidamente louco.
— Sim. — Ela geme, suas mãos deslizando pelo meu cabelo
enquanto ela tenta manter o foco para me contar sobre o seu dia,
mas aparentemente os meus lábios contra a sua pele estão
distraindo-a.
Isso é bom.
Eu gosto de tê-la distraída por mim.
— Por que você não me conta mais sobre o seu dia enquanto
tomamos banho juntos e eu ajudo a limpar toda a sujeira do dia? —
Pergunto enquanto tomo os seus lábios em um beijo possessivo.
— Essa parece ser uma boa ideia. — Ela praticamente geme as
palavras enquanto pula e envolve a suas pernas em volta da minha
cintura.
Qualquer um que nos visse agora pensaria que somos um casal
normal e comum como qualquer outro, e não o chefe da máfia
siciliana e sua esposa. São momentos assim com Eleanor que me
faz sentir como se eu fosse humano de alguma forma.
Eu fui criado e treinado para ser um monstro implacável e cruel.
Conversa fiada com a minha esposa no jantar nunca deveria fazer
parte da minha rotina. Mas, por que eu não consigo ser o Nicco
Santino com a minha esposa?
Talvez porque você tenha medo que isso a afastará mais de
você? A maldita voz sussurra novamente em minha cabeça.
Eu a carrego para cima sem quebrar o nosso beijo. De repente,
tudo que eu posso pensar é que eu odeio essas roupas que
separam os nossos corpos. Eu mal posso esperar para estar dentro
dela e sujá-la novamente, mas desta vez com a minha semente
enquanto adoro o seu corpo perfeito.
***
— Senhor, com todo respeito, mas sua irmã é louca. — Damon,
segurança de Sabina, diz.
Diga-me algo que eu não sei.
Eu esfrego minhas têmporas preparando-me para a dor de
cabeça que está prestes a arrebentar minha cabeça. Sabina é uma
mão-cheia. Ela realmente é uma Santino.
Tão imprudente e teimosa quanto Leo.
— O que aconteceu? — Pergunto enquanto tento aliviar a
pressão na minha cabeça.
— Ela me esfaqueou depois que eu disse a ela que não era
seguro para uma mulher dirigir sozinha tarde da noite sem o seu
segurança. — Ele diz e eu não posso deixar de rir.
Isso soa como Sabina.
Ela sempre odiou o fato de ser tratada como uma princesa
enquanto os meus irmãos e eu tínhamos liberdade para fazer o que
quisermos, apenas por sermos homens. Então ela simplesmente
não aceitou isso bem e desde então tem provado que pode cuidar
de si mesma.
— Por que ela queria dirigir sozinha à noite? — Pergunto mesmo
sabendo a resposta para isso.
Damon pode ser o seu guarda-costas pessoal, mas é Giovane
quem coordena tudo em Milão e me envia relatórios diários sobre
minha mãe e irmã. Apesar de elas estarem a algumas horas longe
de casa, mas isso não quer dizer que elas não terão proteção.
— Ela já tinha se recolhido e dispensou a minha proteção. Eu
pensei que ela estava realmente indo dormir quando ouvi o ronco do
motor e saltei da cama, mas era tarde demais para impedi-la. Meia
hora depois consegui rastreá-la em uma boate no centro que
pertence a Lorenzo Kosteli e as coisas não ficaram bonitas quando
ela descobriu que eu a tinha seguido. — Ele termina de contar.
Isso foi exatamente o que Giovane me relatou, só que com mais
detalhes. Sabina pode parecer uma garota frágil e inofensiva, mas é
aí onde reside o perigo. Ela é uma mulher forte e destemida que não
tem medo de lutar pelo que quer.
Eu estou muito orgulho da mulher que está se tornando.
— Sabina é uma mulher forte e ela sabe se defender. Se ela
disse que não precisava da sua proteção, era porque ela não
precisava. Eu sei que você só estava tentando fazer o seu trabalho,
mas da próxima vez a siga nas sombras para que ela não possa
pegá-lo novamente, porque tenho certeza de que ela não poupará a
sua vida desta vez.
— Sim, senhor.
— E Damon, dá próxima vez que você chamar minha irmã de
louca, eu mesmo vou arrancar a sua língua com uma navalha cega
enquanto ouço seus gritos de apelo como uma maldita ópera.
A cor deixa o seu rosto e ele engole em seco enquanto acena
em concordância. — Sim, senhor. Eu entendo.
— Bom. Agora vá cuidar do seu ferimento e não me ligue a
menos que seja necessário. — Digo desligando a chamada de vídeo
sem lhe dar a oportunidade de falar novamente.
A porta do meu escritório se abre e Leo entra parecendo um
furacão.
— Temos um problema em Seattle.
Esse vai ser um longo dia.
 
 
16
ELLIE

 
Faz três semanas que Nicco me levou para conhecer o museu
Mandralisca e eu ainda não posso acreditar em tal experiência. Nós
estamos de volta à mansão Santino e acabamos caímos em uma
espécie de rotina que eu não posso reclamar, apesar de me sentir
um pouco sozinha às vezes.
Nicco trabalha durante todo o dia e eu praticamente só o vejo
quando ele volta para a cama e se perde em meu corpo. O sexo
está cada dia mais incrível. Ele me fode até o amanhecer de todas
as maneiras possíveis e pervertidas.
O homem é insaciável.
Não que eu esteja reclamando, mas gostaria de conhecê-lo um
pouco mais além do quarto. Eu também tenho passado todos os
meus dias no estúdio e tem sido um sonho fazer o que eu tanto amo
sem nenhuma pressão ou expectativa. Mas hoje eu queria fazer
algo diferente.
Nos poucos dias em que estive aqui aprendi a amar esse lugar
como se fosse o  meu próprio lar. Embora, eu não tenha mais
certeza de onde será isso. Nicco foi muito vago sobre quando nós
vamos deixar Cefalù e eu não insisti em saber mais.
Eu sei que ele tem trabalhado mais que o normal porque ouço os
seus guardas sussurrando sempre que pensam que eu não estou
ouvido. E eu também sei que há uma recompensa em meu nome.
O que me deixou apavorada.
Casar-me com um mafioso não foi o suficiente para me
traumatizar? Agora eles têm assassinos pagando um preço pela
minha cabeça. É por isso que eu decidi ter aulas de tiro e
autodefesa.
Eu não quero esperar para ser sequestrada por mafiosos russos
e vendida no mercado negro como escrava sexual porque eu era
muito preguiçosa e presunçosa para presumir que isso nunca
poderia acontecer.
Quando eu mencionei o assunto para Nicco outra noite enquanto
jantávamos, mas ele simplesmente desconversou e não voltou a
tocar no assunto. A verdade é que o meu marido não é muito
diferente do meu pai. Ele gosta de me fazer depender dele e eu
odeio isso.
Eu estou cansada disso.
Eu faço o meu caminho para o campo de tiros e não perco de
vista o olhar que os soldados de Nicco estão me dando, mas não
vou deixar isso me abalar ou me fazer desistir.
— Procurando por algo, princesa? — A voz de Leo me para no
meio do caminho e eu me viro para encontrar o irmão mais novo do
meu marido olhando para mim com um sorriso atrevido em seu
rosto enquanto limpa uma pistola com uma flanela.
— Não que seja da sua conta, mas preciso aprender como
manusear uma arma. — Digo passando por ele.
— Nicco sabe disso? — A sua pergunta é feita para me irritar,
mas eu sei que Leo está apenas sondando o assunto, então eu lhe
dou a resposta que ele espera.
— Eu sei muito bem cuidar de mim mesma, tenho feito isso há
bastante tempo. E quanto ao meu marido, não é da sua maldita
conta. — Estalo pisando em direção ao armazém.
Leo solta uma gargalhada atrás de mim. O que me confirma o
que eu já sabia, ele estava apenas tentando conseguir uma reação
minha. Aparentemente, a missão dos homens Santinos é testar os
meus limites.
Idiotas.
Assim que eu entro na sala dou de cara com uma montanha de
músculos e tatuagens que mais parece um gigante dos filmes. Ele
tem um olhar irritado e uma postura ameaçadora, mas isso não me
impedirá de conseguir o que eu quero.
— Mova-se, Golias. — Ordeno encarando-o com o mesmo olhar
assassino que ele está me dando.
Golias não se move e eu tomo isso como uma ofensa. Eu estou
prestes a mostrar toda a minha irritação quando uma voz de aço
grunhe atrás de mim e todos os pelos do meu corpo se arrepiam.
— O que está esperando para cumprir as ordens da minha
esposa, Gunner? — Nicco diz com um tom que deixa claro a sua
insatisfação.
— Esposa? — O gigante parece que vai mijar em suas próprias
calças. — Sinto muito, senhora, eu não sabia. — Ele praticamente
chora as palavras enquanto se move, me dando todo acesso ao
armazém.
Pobre homem.
— Que bom que estamos esclarecidos, mas dá próxima vez que
você ficar no meu caminho, eu não serei tão benevolente. — Digo
passando por ele e ignorando o meu marido atrás de mim.
— O que você está fazendo aqui, Eleanor? — O tom irritado me
diz que ele não aprova eu estar aqui.
Eu me viro para encará-lo e sorrio. — Aprendendo a atirar. Não é
isso que vocês fazem aqui?
— Por quê? — Ele pergunta ainda tentando entender.
Dou de ombros. — Eu não quero ser uma vítima nunca mais.
— Você não precisa se preocupar com isso, há homens que
morreriam para protegê-la sem piscar duas vezes.
— Eu não quero isso. — Grito indignada. — Eu quero ser a
responsável pela morte de ninguém, ou você me arranja alguém
para me ensinar, ou eu mesmo o farei.
Um músculo salta em seu rosto antes dele se mover em minha
direção tão rápido que eu nem consigo me afastar até que seja
tarde demais e ele me tenha contra a parede mais próxima.
— Não brinque comigo, Ellie. — Ele rosna apertando a mão em
volta do meu pescoço.
Reviro os meus olhos empurrando suas mãos para fora de mim,
mas eu poderia muito bem está tentando mover uma montanha.
— Saí de cima de mim! — Exijo e só depois de alguns segundos
ele me solta. — Você sabe que isso é algo que eu preciso aprender.
Eu não vou ter sempre você ou um dos seguranças ao meu lado. E
quando isso acontecer, o que eu faço?
Ele parece em conflito consigo mesmo enquanto seus olhos se
tornam mais sombrios e tempestuosos. Esse é o lado monstro dele
que eu raramente vejo, mas que é cruel e impiedoso com os seus
inimigos.
— Eu mesmo a treinarei. E ninguém nunca chegará perto de
você se eles quiserem viver para contar a história.
Reviro os meus olhos novamente. — Certo, homem das
cavernas. Agora m mostre como manusear uma arma. 
Nicco começa me explicando que cada arma é diferente da
outra, mas todas seguem um princípio básico que é ferir alguém
quando usada. Por isso é muito importante conhecer bem a sua
arma antes de sair por aí atirando.
— Familiarize-se com a sua arma. Se isso não for possível
devido às circunstâncias diversas, faça o seu melhor para manuseá-
la com cuidado. Nunca aponte a arma sem a intenção de atirar. —
Ele diz despertando a minha curiosidade.
— O que isso quer dizer?
— Arma não é um brinquedo que você pode usar como quiser.
Quem estiver do outro lado da sua mira sabe disso e se a sua
intenção não for machucar quem está à sua frente, não a use, ou
então ela será usada contra você.
— Oh! — Isso faz sentido.
— Sempre suponha que a arma está carregada, mesmo que
você saiba que ela não está. O seu inimigo não precisa saber disso.
Mantenha o seu dedo no gatilho e sempre mostre confiança, nunca
demonstre medo.
— Quais são as armas mais difíceis de manusear?
— Isso depende muito do porte, mas algumas pistolas podem
ser tão difíceis quanto uma bazuca ou fuzil.
— Oh! Ok. Então qual é a melhor arma para um iniciante?
— Você poderia ter uma Glock 19 ou uma Taurus GX4 essas são
as mais fáceis de usar e o peso delas não é algo que vai lhe
atrapalhar.
— Tudo bem.
— Verifique sempre se a câmara de munição está vazia ou
cheia, assim como carregador. Você não quer começar uma guerra
sem munição.
— Câmara e carregador, certo. — Digo enquanto tento
memorizar tudo.
— Faça uma visualização do local. Empunhe a arma
corretamente sem tensionar ou tremer. Alinhe o alvo e atire. Quando
terminar, esvazie corretamente removendo o carregador e
pressionando o botão da trava. E você vai ficar bem.
— Oh! São tantas informações, mas acredito que eu consegui
pegar tudo. Quando vamos começar os testes práticos? —
Pergunto.
— Essa foi só a sua primeira aula. Você não estará manuseando
uma arma a menos que eu tenha certeza de que você não fará um
buraco em si mesma. — Ele diz com arrogância enquanto se move
para o estande de armas.
Revirando os meus olhos, eu o sigo. — Você não é engraçado.
Ele bufa nenhum pouco afetado. — Ainda bem que concordamos
em algo.
— Idiota. — Eu sussurro para mim mesma, mas tenho quase
certeza de que ele escutou e decidiu ignorar.
— Escolha uma e então podemos ver se você está mesmo
pronta para a coisa real. — Ele diz ao abrir o armário que contém o
maior acervo de armas já visto.
— Uau! — Eu estou além de chocada e aterrorizada. — Qual
dessas é a Glock?
— Aquela. — Ele aponta para uma arma preta que mais parece
de brinquedo.
Nicco me entrega a arma e ao tê-la pela primeira vez em minhas
mãos me deixa um pouco nervosa no início. Um leve tremor passa
pelo meu corpo, mas eu logo me recupero. Ele estava certo sobre a
coisa toda de tensão, porque eu sinto como se estivesse segurando
uma bomba prestes a explodir.
— Eu acho que vou precisar de mais algum tempo para
manuseá-la. — Digo entregando-a de volta.
— É uma escolha inteligente. — Ele diz após pegar a arma de
volta das minhas mãos que agora estão tremendo como nunca
antes.
Nicco guarda a arma e me leva para fora do prédio, e embora eu
espere que ele vá se gabar que estava certo sobre eu não pronta
para manusear uma arma, ele me surpreende.
— Como vai o centro comunitário? — Ele pergunta para tirar a
minha mente do fato de que eu acabei de segurar uma arma pela
primeira vez.
E funciona.
Porque logo eu estou contando sobre todas essas doações que
nós conseguimos nos últimos dias. O trabalho não é fácil, mas
certamente é gratificante. Cada sorriso e olhar de gratidão em seus
rostos valem mais que qualquer coisa.
Eu finalmente sinto que estou fazendo a diferença nesse mundo.
 
 
 
17
NICCO

 
— Você não precisa me levar ao centro comunitário, eu sei que
você tem muito trabalho e eu não quero ocupar o seu dia. — Ellie
diz quando eu conduzo em direção ao meu carro.
Os malditos russos fizeram uma aliança com os turcos e eles
estão planejando atacar a qualquer momento. Eu não posso contar
a Ellie, pelo menos não ainda ou isso a deixaria apavorada.
— Você nunca ocupa o meu dia. — Inclinando-me, eu a beijo
empurrando-a contra o carro.
O beijo era para ser simples e rápido, mas tornou-se algo mais
assim que as suas mãos passaram ao redor do meu pescoço e ela
gemeu esfregando-se contra o meu pau já fodidamente dolorido
para estar dentro dela.
— Para que foi isso? — Ela pergunta sem fôlego depois que nos
afastamos.
Os seus olhos estão em chamas e eu sei que se a tocar agora
ela estará pingando para mim. A sua boceta carente não pode ficar
sem o meu pau. Eles fazem uma boa dupla.
— Isso é o que acontece quando você me toca, borboleta. —
Digo beijando-a novamente, só que desta vez mais rápido.
Sorrindo pela sua leve desorientação, eu a ajudo subir no carro,
deslizando logo atrás dela e a puxando para o meu colo. Aperto o
botão da tela de segurança para que ninguém possa ver o que eu
pretendo fazer com ela antes de chegarmos ao centro comunitário.
Deslizando minha mão por baixo do seu vestido, eu encontro a
sua calcinha encharcada e esfrego o seu clitóris dolorido.
— Oh! Deus! — Ela geme jogando a cabeça para trás.
— Uma boceta tão molhada e carente. Qualquer um diria que eu
não a comi direito mais cedo enquanto a tinha montando o meu
rosto enquanto você pintava. — Sussurro contra a sua carne
sensível, fazendo-a gemer mais alto, seus dedos puxando o meu
cabelo.
— Nicco, por favor...
— Por favor, o que borboleta? — Eu belisco o seu clitóris e ela
grita soltando as mãos do meu cabelo para tapar a sua boca em
uma tentativa de esconder o que acabou de acontecer, mas é inútil.
O que ela não sabe é que não há retorno de som. Ninguém além
de mim, poderá ouvir os seus gritos ou gemidos de prazer. Isso é
apenas para os meus olhos, prazer e ouvidos.
— Eu preciso de você. — Ela diz com os olhos vidrados de
luxúria.
Minha pequena borboleta floresceu e se tornou uma deusa sexy
que ama foder tanto quanto eu. Eu amo que ela não pode ter o
suficiente do meu pau. Eu a tomei há apenas alguns minutos, mas a
sua boceta carente já anseia pelo meu pau.
— Você me tem, borboleta. Tudo de mim. — Digo provocando-a
enquanto deslizo um dedo dentro dela sentindo suas paredes
internas me apertarem.
— Oh! Deus! — Os seus olhos rolam para trás em sua cabeça.
— Eu preciso que você me foda, Nicco.
Sorrio, porque essas são uma das minhas palavras favoritas.
Eu amo o quanto ela é receptiva e ansiosa para tomar o meu
pau como uma boa menina. A sua boceta foi feita para o meu pau.
Não há nada no mundo que eu ame mais que estar dentro dela.
— O seu pedido é uma ordem, borboleta. — Digo, mas antes
que eu possa fazer qualquer coisa, um estrondo balança o carro e
eu a seguro mais forte contra o meu peito para impedir que ela
caísse e quebrasse o pescoço.
Foda-se!
Nós fomos atingidos.
A primeira coisa que eu penso é em uma forma de tirar Eleanor
daqui sã e salva. Alcançando a mão abaixo do banco, eu puxo uma
das armas que tenho escondida no carro.
— Nicco? — O apelo em pânico da minha esposa faz a besta
dentro de mim rugir como um urso enfurecido.
Quem quer que tenha se atrevido a mexer conosco não viverá
por muito tempo. Isso é uma maldita promessa. E se Viktor tiver
alguma coisa a ver com isso, eu mesmo acabarei com a sua vida
miserável lentamente.
— Não se preocupe, eu vou tirá-la daqui borboleta. — Digo com
confiança.
Ela se agarra mais a mim como se a simples ideia de eu soltá-la
fosse o fim de tudo. Se essa fosse uma situação diferente, eu
poderia apreciar o seu carinho, mas receio que isso terá que
esperar para outro momento.
Tiros são disparados em nossa direção fazendo Ellie gritar e se
agarrar mais forte a mim. Porra! Eu juro que cuidarei pessoalmente
de cada filho da puta que está por trás disso.
Culpa se instala dentro de mim como um veneno correndo pela
corrente sanguínea. Ela não deveria sofrer nenhum dado. Eu não
me importo com o que acontece comigo, mas com Ellie é diferente.
Ela é o meu tudo e sem ela não há mais nada.
Eu só espero não ter que provar essa teoria, porque eu nunca
me perdoaria por isso. Ellie não se inscreveu para essa vida, eu a
obriguei a se casar comigo sob o pretexto de que machucaria seu
pai e tio se ela se negasse, mas a verdade é que eu não suporto a
ideia dela não fazer parte da minha vida.
— Ellie, querida. Está tudo bem, eles não podem nos alcançar,
os vidros são blindados e a menos que eles tenham uma bazuca,
tudo que eles vão conseguir é arranhar a superfície. — Digo para
tentar acalmá-la enquanto penso numa forma de nos tirar daqui.
Aparentemente, o meu motorista foi atingido na colisão, então eu
só tenho que esperar que os meus homens nos carros seguintes
controlem essa bagunça enquanto eu tiro Eleanor daqui e a levo
para um lugar seguro.
O meu telefone vibra e eu puxo do bolso para ver o nome de Leo
na tela.
— O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO? — Grito ao atender
a chamada.
— São os malditos turcos, mas já estamos cuidando de tudo.
Certifique-se de ficar dentro do carro. Ellie está com você? — Ele
grita de volta em meio aos tiros.
— Sim. Envie os drones para vascular toda a área, os tiros
devem estar vindo de algum prédio a leste.
— Stefano já está cuidando disso. — Ele diz enquanto dispara
mais alguns tiros contra os nossos inimigos.
— Encontre uma rota de saída segura para que eu possa tirar
Eleanor daqui em segurança. — Ordeno.
— Nele. Aguente mais alguns segundos. — Ele diz e eu o ouço
em comunicação com Stefano que lhe passa a rota segura.
— Você poderá ir pela viela à sua esquerda seguindo direto pela
E90. Nós os pegaremos na igreja de São João dos Eremitas.
— Crie uma distração para que possamos deixar o carro. — Digo
enquanto verifico a arma.
— Você tem trinta segundos. — Ele diz e os tiros se intensificam.
Essa é uma via muito movimentada e com certeza haverá
homens posicionados em cada esquina, assim como os meus. A
rota que Leo me passou não só é mais longe como também a mais
arriscada. O que significa que todas as outras foram
comprometidas.
Quem planejou isso estudou minuciosamente toda a planta da
cidade, mas o que eles não sabem é que eu sou o maldito rei dessa
cidade. Não há lugar que eu não conheça. Mas antes de sair eu
preciso ter certeza de que Ellie não vai entrar em pânico e congelar
no lugar. 
Agarrando o seu rosto, eu vejo o terror em seus lindos olhos
verdes que eu tanto amo. — Baby, eu sei que você está assustada,
mas eu preciso que você esteja atenta para o que teremos que fazer
a seguir. Você pode fazer isso?
— Eu estou com medo. — Ela chora.
— Eu sei, querida. Mas você confia em mim?
Ela acena sem hesitação e isso é tudo que eu preciso.
— Bom, porque eu vou abrir a porta do carro e nós vamos correr
o mais rápido que pudermos para a esquerda. Você pode fazer
isso? — Pergunto limpando as lágrimas que deslizam pelo seu
rosto.
Ela está um pouco em choque, mas atenta.
— Você vai estar comigo? — Ela pergunta insegura.
— Eu nunca vou deixá-la ir. — Prometo.
— Ok. — Ela diz trêmula.
— Tudo bem. Eu vou contar até três e nós corremos. — Digo e
ela assente.
Agarrando a sua mão, eu alcanço a trava de segurança da porta,
destravo e puxo a puxo aberta com a minha mão ligada na dela,
então começo a contagem.
— Um dois...
Antes que eu possa chegar a três, ela já está correndo e me
puxando com ela. Um sorriso começa a se formar em meu rosto.
Minha garota é fodidamente corajosa. Eu não poderia estar mais
orgulhoso dela.
Tiros são disparados em nossa direção enquanto desviamos
através dos carros abandonados no meio da rua. Assim que
dobramos a esquerda, eu sinto que vamos conseguir, mas antes
que o pensamento possa se desenvolver, eu sinto vejo o ponto
vermelho contra as costas de Ellie e, eu não penso duas vezes ao
atirar-me sobre ela usando o meu corpo como escudo para protegê-
la.
— Nicco? — Ellie grita quando a força do impacto me faz
derrubá-la.
Porra.
Essa merda realmente doía.
— Corra! — Eu gritei para Ellie, mas parecia que a minha boca
estava se movendo, só que nenhum som saia.
O rosto da minha linda esposa agora estava manchado de
lágrimas. Ela estava em pânico, mas nem mesmo isso a fez correr
para salvar a sua vida.
Garota boba.
A ironia disso é que eu não sabia se eu ficava feliz ou apavorado
por ela ainda está na linha de fogo deles.
— Oh! Deus! Nicco, não me deixe! — Ellie gritou chorando e me
sacudindo para me manter acordado, mas estava ficando difícil.
O meu cérebro podia processar o que estava acontecendo, mas
o meu corpo se recusava a cooperar. A bala deve ter atravessado
algum órgão porque eu mal conseguia me mover, ou manter meus
olhos abertos.
— Por favor, Nicco. Você me prometeu! — O seu desespero
estava me deixando louco.
Eu não queria isso.
Só mais alguns segundos e nós teríamos conseguido. A dor só
aumentava a cada respiração. Mas eu precisava me manter
acordado e encontrar uma forma de nos tirar daqui antes que eles
chegassem até ela.
Eu ouvi a voz de Leo se aproximando e relaxei sabendo que Ellie
estava a salvo. O meu irmão se aproximou gritando comigo, mas
tudo que eu conseguia pensar era que os meus olhos estavam
muito pesados.
Tão pesados.
Então tudo desapareceu.
 
 
 
 
 
Continua em Cruel Queen.
 
 
 
 
 
 
 
 
EXTRA

 
 

 
Gostou de Cruel Kingdom? Já leu o primeiro livro da série? Se

não, que tal um pulo em Cruel King para conhecer melhor os nossos
personagens favoritos?

Boa leitura.
 
PRÓLOGO
NICCO

 
Minha.
Eu sabia disso assim que os meus olhos pousaram nela do outro
lado do bar. O que foi a primeira vez para mim, por isso eu estava
intrigado. Nenhuma mulher jamais foi capaz de capturar minha
atenção como a linda menina de cabelos dourados.
Ela é deslumbrante.
Ousada e linda.
Eu a observo tomar outro gole de sua bebida enquanto sorri para
o barman que eu quero muito envolver minhas mãos em seu
pescoço e restringir todo oxigênio em seu corpo, acabando com a
sua vida miserável.
Como ele ousa sorrir para ela?
Qualquer um que me visse agora diria que eu não estou no meu
juízo perfeito. Mas, ninguém seria idiota o suficiente para anunciar
isso sem esperar as consequências. Minha atenção volta para a
linda garota e sua nova recarga.
Esse era o quê?
Terceiro?
Eu estive tão preso em seus lábios e a forma como ela sorri toda
vez que pronuncia algo que nem prestei atenção à quantidade de
bebida que ela ingeriu.
Tequila é um veneno.
Ela entorna a sua nova dose e é isso.
O barman me nota primeiro e é inteligente o suficiente para
correr enquanto eu me aproximo da bela. Eu cuidarei dele mais
tarde. Agora eu preciso reivindicar o que é meu. Todo o resto não
importa quando eu estou prestes a fazer a minha rainha conhecida.
Eu posso sentir a sua inocência.
Algo que me atrai como nada já visto antes.
Bastou um olhar e eu sabia que ela era minha. Não ouve
escolha. Eu nunca acreditei em destino, mas achar que isso é
apenas uma casualidade do destino seria ignorância da minha
parte.
— Mais um! — Ela pede batendo a sua mão no balcão.
O barman move o seu olhar para mim. A expressão em meu
rosto diz tudo, o que faz o idiota apenas balançar a cabeça e
desaparecer para o outro lado do balcão.
— Ei! — Ela grita novamente chamando a sua atenção, mas
sabiamente ele a ignora.
— Você não acha que já teve o suficiente? — Pergunto ao seu
lado.
A sua cabeça dá um solavanco e ela deixa escapar um suspiro
quando os seus olhos caem sobre mim. Sua respiração fica presa
em sua garganta enquanto seus olhos verdes queimam em mim.
Devo dizer que nunca tive problemas em conseguir uma mulher.
Mas por alguma razão a sua reação a mim me deixa um tanto
satisfeito.
Eletricidade crepita entre nós enquanto ela me encara ainda em
choque. Mas ela logo se recupera colocando a sua máscara de
durona.
Eu gosto disso.
Minha pequena farfalla é linda até mesmo quando está mal-
humorada.
— Quem é você? A polícia da bebida? — Ela bufa irritada.
Sorrio encostando-me mais perto dela. O que a faz saltar quando
os nossos corpos se tocam. As suas pupilas dilatam e sua boca se
abre em um suspiro que mais parece um gemido.
Porra.
De perto ela é ainda mais jovem e impressionante. Talvez jovem
demais para um homem como eu, mas eu não me importo. Porque
tudo que eu quero é fazê-la minha e todo o resto é apenas história.
— Alguém que está reivindicando o que é seu. — Digo ainda
sorrindo.
Ela abre e fecha a boca sem saber o que dizer e, eu posso ver
que ela não está tão bêbada quanto eu pensei. Essa mulher se
torna mais atraente a cada segundo e eu não posso esperar para
descobrir todas as suas camadas.
— O que é isso? — Ela se recupera segurando os seus olhos
ferozmente.
— Você. — Digo sem enrolação.
Os seus olhos se arregalam e ela morde o lábio inferior ainda
segurando o meu olhar. Eu nunca tive tanta inveja na vida como eu
faço agora. Desejo queima além da minha espinha e eu mal posso
respirar direito com o desejo de beijá-la.
Foda-me.
— Você está louco. — Ela puxa algumas notas de sua bolsa
jogando-as sobre o balcão enquanto pula para fora do banco. —
Tenha uma boa noite. — Ela diz enquanto se afasta.
Algo em meu peito torce e eu sinto como se a minha capacidade
de respirar estivesse sendo restringida. Eu nunca tive medo de nada
nessa vida, mas vê-la se afastar assim de repente me assustou para
caralho.
Os meus pés se movem por conta própria atrás dela. Mas só
quando ela passa para fora do clube e fora dos olhares curiosos é
que eu agarro o seu braço puxando-a para mim.
— Que diabos! — Ela grita empurrando o meu peito para se
libertar, mas eu não a solto. — Deixe-me ir! — Ela bate em meu
peito para se libertar do meu aperto.
— Nunca. — Digo trazendo o meu rosto para o dela.
A sua respiração fica presa em sua garganta e seus olhos se
arregalam com uma mistura de medo e excitação. O meu pau salta
em minhas calças e o desejo de possuí-la me consome como fogo
em pólvora.
— O que você quer de mim? — Ela pergunta levantando o seu
queixo e segurando o meu olhar.
Eu quero tanto beijá-la agora.
— Tudo. — Digo honestamente.
As suas sobrancelhas se erguem como se ela não estivesse
acreditando nas minhas palavras. Na verdade, eu mesmo estou
surpreso com o rumo que as coisas estão tomando. Eu não sei o
que eu esperava quando eu me aproximasse dela, mas agora que
eu fiz não posso deixá-la ir.
— Oh! Sim? — Ela rapidamente se recupera empurrando-se
para longe e desta vez eu permito que ela se afaste.
— Não finja que você também não sente isso e eu a deixarei em
paz. — Digo fechando a distância entre nós.
— Eu não sei do que você está falando. — Ela dá um passo para
trás gaguejando.
Sorrio. — Não minta para mim, linda.
— Você está louco. — Ela repete.
— Isso está ficando velho, linda. Que tal você admitir o que
sente para que possamos passar para a próxima fase pela qual
estou fodidamente ansioso. — Digo e isso desperta tanto a sua
atenção com a fúria também.
— E o que seria isso? — Ela franze a testa.
— Que nós dois queremos foder um ao outro mais que respirar o
próximo ar. — Dou de ombros como um maldito adolescente
excitado.
— Você é muito cheio de si. — Zomba.
— Não. Apenas realista.
— Você está maluco se pensa que eu vou fazer sexo com você.
— Ela diz enquanto se afasta em direção ao beco.
— Mais um. — Eu peço ao barman.
— Dia difícil? — Pergunta com um sorriso.
Bufo. — Tente vida difícil.
Ele balança a cabeça sorrindo enquanto empurra uma nova
recarga em minha direção. — Uma garota bonita não deveria se
preocupar tanto.
— A beleza é subestimada. — Zombo.
— Apenas uma garota linda diria algo assim? — O seu sorriso se
estende.
Eu balanço a cabeça em discordância, não querendo me
estender mais nesse tema, porque acabaria com o propósito de eu
estar aqui esta noite. E tudo que eu quero fazer é fingir que eu sou
uma garota normal e apenas me divertir.
 
 

 
1
ELLIE
 

 
— Você não pode estar falando sério, Ellie. — Minha amiga
Emma jogando-se na minha cama em meio ao caos que ela causou
ao procurar algo para eu usar esta noite.
— Mortalmente. — Digo puxando um vestido verde e colocando
sobre o meu corpo, voltando minha atenção para o espelho à minha
frente.
— Você sabe que ele nunca permitirá que você se mude para a
Itália. — Minha amiga zomba com um bufo. — Sem contar que eu
morreria de saudades.
Eu reviro os meus olhos sorrindo. — Você está me deixando por
um ano para percorrer o mundo e ainda se atreve a me dizer que vai
sentir minha falta.
— Eu vou sentir falta até a morte. — Ela amua e eu me viro para
encontrá-la fazendo beicinho.
Emma é uma das minhas melhores amigas no mundo todo,
assim como Natalie, nossa outra amiga que atualmente está de
férias com os seus pais na Ásia visitando parentes. O pai de Natalie
é coreano e sua bisavó é chinesa, então as suas raízes são bem
asiáticas. Os nossos pais se conheceram através da faculdade e
são amigos até hoje. Já os pais de Emma são americanos, eles são
amigos de infância da minha mãe, então nós somos praticamente
irmãs.
Emma tem vinte e dois anos, portanto mais velha que eu e
Natalie, mas isso não muda nada. Natalie está estudando medicina
com especialização em neurologia.
Sorrindo, eu me jogo na cama envolvendo os meus braços ao
redor dela. — Eu também vou sentir a sua falta como uma louca,
mas espero todos aqueles presentes incríveis de todos os países
que você visitar.
Ela sorri. — É um acordo.
— Não se esqueça de visitar Massimo em Viena. Ele estará
participando desse workshop de T.I e Sustentabilidade que
acontecerá na data em que você estiver lá, e vocês dois podem sair
e conhecer a cidade juntos.
Ela solta um bufo. — O baby Rossi ainda é tão irritante quanto
antes?
Sorrio. Emma e Massimo sempre tiveram uma pequena rixa.
Esses dois não podem ficar no mesmo lugar sem estar na garganta
do outro. É irritante e, ao mesmo tempo, engraçado.
Há dois anos Massimo se mudou para a Itália definitivamente.
Ele queria estar mais próximo à família do seu pai e primos. E
também ele queria estagiar na empresa de tecnologia em Milão que
é uma das maiores de toda a Europa.
— Ele não é o mesmo desde o verão passado, e não estou
falando apenas do seu tamanho, mas a sua personalidade mudou
muito. Eu diria que ele finalmente amadureceu e está se tornando
esse homem incrível.
— Certo. — Ela discorda.
Sorrio.
— Que horas é o seu voo? — Pergunto para mudar de assunto.
— Duas da manhã. — Ela geme caindo de volta na cama.
— Alguém mais desistiu?
— Não. Tracy foi a única que deu para trás, mas eu sabia que
ela não iria aguentar passar um ano inteiro ficando em hotéis e
albergues sujos, apenas para conhecer o mundo quando ela pode
fazer isso no conforto do jatinho do seu pai. — Diz com um bufo
indignado.
— Eu não posso culpá-la, talvez eu fizesse o mesmo. Apesar de
eu não ser muito fã do título de filhinha do papai, eu ainda acho
muito arriscado viajar o mundo todo como mochileiro. — Digo
pegando outro vestido em cima da cama.
— Isso é o seu lado Williams falando. — Ela zomba. — E não,
você não faria o mesmo e é por isso que nós somos melhores
amigas/irmãs de alma. — Acrescenta e eu sorrio para ela.
— Eu não tenho um lado Williams. E eu estou cansada de ser a
boa menina.
— Bem, então eu sugiro que faça algo para mudar isso antes
que Levi a convença de que você tem que largar a pintura e assumir
de uma vez os negócios da família.
Eu estreito os meus olhos para ela parecendo horrorizada. —
Não me amaldiçoe!
Ela ri. — Santa Eleanor.
— Você é uma coisinha irritante. — Eu digo pulando de volta em
cima da cama, fazendo cócegas nela, que grita e ri ao mesmo
tempo.
Eu vou sentir falta da minha amiga, mas faremos chamadas de
vídeo para matar a saudade enquanto ela se diverte pelo mundo
com os seus outros amigos loucos. Emma sonha com essa viagem
desde que nós tínhamos uns dez anos. E eu estou feliz que ela
finalmente tomou coragem para realizar o seu sonho.
Eu adoraria ir com ela, mas tanto tempo fora vivendo um dia em
cada lugar diferente não me parece a melhor ideia de conhecer o
mundo. Mas nós cominamos de nos encontrar no ano novo que ela
estará em Bali na Indonésia. Então poderemos matar a saudade e
recuperar o tempo perdido.
Emma está terminando Arqueologia e é por isso a sua paixão
por conhecer novas culturas e suas mudanças ao longo do tempo.
Ela está indo com alguns amigos da universidade e uma professora
que é também uma escritora muito famosa e respeitada em seu
ramo.
Eu estou tão feliz que ela finalmente realizará o seu sonho.
Talvez eu realize o meu um dia de visitar todos os museus do
mundo ou pelo menos uma boa parte deles, conhecendo todas
essas obras incríveis e tão cheias de histórias.
A arte é a minha vida.
Na manhã seguinte, eu acordo com o barulho insistente do meu
celular. Ontem à noite, depois de me despedir da minha amiga no
aeroporto, eu voltei para o meu apartamento e ignorei as
mensagens do meu pai para voltar para a mansão.
Eu estava cansada e com jet lag e precisava dormir pelos
próximos três dias para poder voltar ao horário local. Mas,
aparentemente, alguém estava com urgência em me ver porque o
celular tem vibrado há pelo menos uns vinte minutos.
Gemendo, eu alcanço o celular apertando o botão para aceitar a
ligação ainda com os olhos fechados.
— Sim? — Digo ao atender.
— Senhorita Williams, o seu pai deseja vê-la em sua residência
com urgência. — A voz de Joana, a assistente do meu pai, fala
através da linha.
— Ok. — Digo ainda dormindo.
— Ele disse para não se atrasar. — Ela insiste e eu finalmente
abro os olhos adaptando-me à claridade dentro do quarto.
— Eu estarei lá, Joana. Obrigada. — Digo antes de desligar e
me virar para o outro lado.
Eu não sei o que é tão importante que não pode esperar até a
hora do jantar, mas eu pretendo vou dormir mais uns vinte minutos.
É muito cedo para enfrentar Levi sem uma boa noite de sono.
***
Uma hora e quinze minutos depois eu estou atravessando os
portões de ferro da mansão Williams. Estremecimento passa por
mim quando eu penso em encontrar a minha madrasta idiota.
Eu a detesto.
A mulher é simplesmente irritante.
Eu estava atrasada e com ressaca de sono. O meu corpo estava
na América, mas a minha alma ainda permanecia na Itália. Eu amo
Seattle, meus amigos mais próximos estão aqui, mas a Itália tem o
meu coração.
Acredito que eu nunca vou poder agradecer Dominic o suficiente
por ser italiano e ter se apaixonado pela minha mãe. Se não fosse
pelo meu pai, eu já teria me mudado para lá de uma vez por todas.
Apesar de eu ser uma adulta, papai gosta de controlar cada passo
da minha vida, inclusive quanto tempo eu devo ou não passar na
Itália. Mas isso eu posso entender, porque ele se sente ameaçado
pelo meu padrasto.
Levi Williams odeia perder.
Ele nunca se recuperou da separação com a mamãe, embora
quando casado não tenha cuidado do seu relacionamento. Agora
ele tem medo que eu o abandone e adote Dominic como meu pai.
Eu amo Dominic.
Ele é o melhor marido, padrasto e pai do mundo para o meu
irmão. Mas eu também amo o meu pai. Embora o nosso
relacionamento seja complicado, ele é o meu pai. O homem que me
gerou e, isso nunca vai mudar.
A casa estava quieta quando entrei. O que significava que a
minha madrasta ainda não tinha voltado das férias. Rosa, a nossa
governanta estava longe de ser encontrada, então eu fui direto para
o escritório do meu pai.
Bati e esperei, a voz do meu pai soou poucos segundos depois
dizendo para entrar. Já passava das duas da tarde em uma quarta-
feira e era feriado, mas papai não se importava com feriados ou
nada disso quando se tratava dos negócios.
Levi Williams era um grande e imponente vestindo ternos de
grife e uma carranca irritada. Ele era um homem bonito e estava
chegando aos cinquenta. Aparentemente, havia uma competição
silenciosa entre ele e o meu padrasto para ver quem permanecia
mais jovem e em forma.
Dominic e papai tem a mesma idade, quarenta e sete anos. O
meu pai é dois meses mais velho que Dominic, mas ambos estão
excelentes. Entretanto, uma coisa que nunca vai mudar é a forma
como o meu pai está sempre preso a algo relacionado ao trabalho,
enquanto Dominic tira seis meses de férias todos os anos para ser
voluntário em hospitais na Itália e ficar mais tempo com a família.
Empurrando a porta, eu o encontro sentado atrás de sua mesa.
Ele olha para cima reconhecendo a minha presença.
— Você está atrasada. — A reprovação não é perdida e eu sei
que não é apenas pelo meu atraso, mas pela minha escolha de
vestuário que no caso consiste e tênis, camiseta com um nó e jeans
rasgados manchados de tinta que eu tanto amo.
— Desculpe, jet lag é uma cadela. — Solto e praticamente o
assisto ter um AVC com a minha escolha de palavras nenhum
pouco eloquente.
— Você está tentando alguma vaga em uma série marginal ou
esse é apenas o dialeto usado na casa de sua mãe? — Meu pai se
levanta e abotoa o paletó enquanto me fuzila com o seu olhar
gelado.
Os mesmos olhos verdes que os meus.
Eu ignoro a sua repreensão e me aproximo de sua mesa. —
Você queria me ver?
— Sente-se. — Ordena apontando para a cadeira ao meu lado.
Eu faço o que ele pede porque o meu corpo ainda parece não ter
acordado. Talvez se eu tiver um pouco de café e torradas com
avocado, eu consiga alguma energia para o dia.
— Você é uma Williams e, como tal, tem responsabilidades com
essa família. — Ele começou com o velho discurso de sempre. —
Eu tenho pensado muito sobre isso e decidi que está na hora de
você assumir alguma responsabilidade em nossa família. — Ele diz
e eu sinto o pânico começar a me dominar.
— O que isso significa? — Pergunto com cautela.
— Você vai se casar com o herdeiro da família Petrova. — Ele
soltou e meus olhos saltaram para fora do meu rosto enquanto
minha boca caiu aberta.
— O quê? — Perguntei confusa, talvez eu tenha entendido
errado.
O meu pai não pode estar me dizendo que eu vou me casar
quando eu nem mesmo tenho namorado, noivo ou interesse em
fazer isso agora.
— Eu já contratei uma empresa especializada para que você não
tenha nenhum problema com os detalhes do noivado e casamento.
— Ele disse enquanto eu olhava para ele mais confusa que estive
em toda a minha vida.
— Eu não quero me casar. — Disse recuperando-me do choque
inicial e colocando algum limite nessa loucura toda.
— A família Petrova é muito respeitada e essa será uma grande
aliança para estreitar os laços. — Continuou como se ele não
tivesse me ouvido.
Ele não podia estar falando sério.
— Estreitar os laços? — Gritei exasperada. — Eu não vou me
casar, muito menos com um estranho. — Protestei.
— Você não tem uma palavra a dizer sobre isso. — Ele
esbravejou suas veias do pescoço se projetando para fora. — Essa
é a uma aliança muito importante para a nossa família e você vai me
obedecer. — Acrescentou.
Ele estava louco.
Eu não podia acreditar nisso.
Durante toda a minha vida eu fui moldada para ser a filha
perfeita e bem-educada. A herdeira do império Williams, mas tudo
que eu sempre quis foi pintar e viver da arte.
Riqueza não é nada sem felicidade.
De que me adianta ter tudo e não poder fazer o que eu quero? E
não me entendam mal, eu não sou uma menina ingrata e sem
noção que só porque teve tudo nas mãos não sabe dar valor.
Eu respeito e admiro demais o meu pai. Ele construiu o seu
negócio do zero e isso significa muito. Hoje ele é um dos homens
mais ricos de todo o mundo, mas eu nunca quis seguir os seus
passos ou servir de estepe para que ele se tornasse ainda mais rico,
se é que isso é mesmo possível.
— Eu não posso me casar com alguém que eu não tenho
nenhum sentimento. — Disse enquanto pressionava minha mão
contra o estômago para aliviar as caibras pelo estresse.
— O amor é uma utopia, Eleanor. — Zombou. — Eu permiti que
você brincasse com suas tintas por muito tempo, agora é hora de
você assumir de uma vez por todas o papel de herdeira dessa
família e agir como tal. — O seu rosto endureceu enquanto ele me
encarava duramente.
Isso era um pesadelo.
Nada do que eu dissesse iria mudar a situação. Levi não mudava
de opinião, pelo menos eu nunca o vi fazer. Mesmo que eu fizesse
birra ou esbravejasse, não mudaria nada.
Ele já estava decidido.
— Mas...
— Pare! Eu não quero ouvir nenhuma palavra. Você está se
casando com Petrova e isso é definitivo.
Eu apertei os meus lábios e me levantei. Era isso. Em breve eu
seria uma mulher casada com um homem que eu nunca vi na vida e
sobre quem eu não conhecia nada. O que minha mamãe tem a dizer
sobre isso?
Ela e Dominic concordam com esse absurdo?
Eu duvido muito. Levi deve ter feito tudo isso sem o
conhecimento deles. O que me faz pensar em sua reação ao
descobrir. Os meus pais não tem uma relação nada boa e adicionar
isso só tornará as coisas ainda pior, talvez eu deva guardar isso
apenas para mim até que não seja mais possível.
Mamãe ficará arrasada.
Acredito que tanto ou mais que eu.
Honestamente, eu não posso dizer que estou surpresa em tudo.
Levi sempre consegue o que quer. Ele sabia que eu nunca
assumiria os negócios da família, então ele tratou de arranjar
alguém que o fizesse em troca de me ter como garantia. Mas se
eles acham que podem me quebrar com isso.
Eles deveriam saber melhor.
 
 
 
 
 
2
NICCO
 

 
O armazém surgiu à nossa frente e eu apertei minha arma contra
a cintura. Não era comum esse tipo de lugar estar praticamente
abandonado. O que me deixou ainda mais alerta.
Os russos eram especialistas em armadilhas, mas eu era um
especialista em livrar-me deles. A estrutura maciça poderia
esconder um arsenal de armas ou um fodido exército lá dentro, mas
de acordo com radar térmico não há ninguém lá dentro.
É claro que eu não estou colocando toda confiança nisso. O
inimigo nunca facilita e nem nós. Ser o líder vem com muitas
vantagens, mas também há inúmeras desvantagens.
Um erro e todos nós poderemos virar poeira.
— Não há sinal de bombas ativas, chefe. — Romano me informa
pelo comunicador.
— Avance. — Ordeno.
— Senhor! — Ele responde ao comando e poucos segundos
depois os nossos homens estão derrubando os portões de ferro.
A morte nos cerca a cada esquina.
Esse é o nosso mundo e não há como escapar dele. É lutar ou
morrer e eu fodidamente prefiro lutar até o fim. Os homens
vasculham tudo e como verificado antes, não há nenhum sinal dos
russos.
O que me diz que algo muito maior está acontecendo para eles
abandonarem esse lugar, mas antes que eu possa emitir o aviso eu
ouço a explosão. Acontece tão rápido que eu não percebo até que
seja tarde demais e somos bombardeados pelo céu.
Um helicóptero russo está atirando em nós.
— Retirar! — Grito, mas receio ser tarde demais.
— Foda-se! — Leo grita puxando as suas armas.
Tiros são disparados de ambos os lados, eu salto do carro
usando-o como escuro enquanto saco minha arma e começo a
atirar de volta. Ao meu lado, Stefano digita furiosamente em seu
computador militar e os drones são acionados.
Poucos segundos depois o helicóptero deles perde altitude
caindo ao lado do armazém, causando uma grande explosão.
Eu sabia que estava quieto demais.
Quando olho, Leo tem esse sorriso maníaco em seu rosto. Eu
juro que esse garoto vai se meter em problemas um dia.
— Você precisa parecer tão feliz com essa merda? — Estalo
atirando em dois idiotas que saíram correndo em nossa direção.
Suicidas.
Balas atingem os pneus do carro fazendo-o sacudir. Eu sei que é
apena suma questão de tempo eles conseguirem derrubá-lo, só
espero que todas as engenhocas tecnológicas do meu irmão
tenham chegado há tempo para aniquilá-los.
— Desculpe, irmão. É apenas a minha natureza. — Diz Leo com
um sorriso ainda maior.
Foda-se!
Essa porra é louco.
Eu faço um gesto para cada um seguir em uma direção ao
mesmo tempo, em que cobrimos Stefano.
— Na contagem de três. — Aviso e, Leo concorda.
— Um, dois, três. — Cada um de nós decolando em direções
opostas.
Leo se move em direção à floresta, e eu corro em direção ao
armazém agora em chamas. As chamas lambem a madeira
tornando tudo em brasas. Tiros são soados em nossa direção,
tornando a festa ainda mais interessante.
Atirando de volta, eu olho ao redor para ver os nossos homens
lutando bravamente para derrotas os seus inimigos. O reforço não
demora e logo todo o trabalho de eliminar os inimigos é feito pelos
drones.
— Há um carro esperando a trinta metros. — Stefano me avisa
pelo comunicador.
Eu olho ao redor à procura de Leo, mas ele está longe de ser
visto. — Leo? — Chamo no comunicador, mas não há nenhuma
resposta. — Leo? — Assim que eu grito novamente, há uma
ricocheteada atrás de mim, em me abaixo bem há tempo de ter a
minha cabeça explodida por uma bala.
Foda-se!
— Eu o encontrei! — Romano grita no comunicador. — Ele caiu
no desfiladeiro. — Romano ruge enquanto mais tiros são soados em
sua direção.
— Stefano prepare uma distração. — Digo enquanto corro em
direção ao desfiladeiro.
Ao longe eu posso ouvir as sirenes e sei que os policiais estarão
aqui em pouco tempo. Eu preciso tirar Leo e dar o fora daqui o mais
rápido possível. O nosso objetivo foi atingido e todo o armazém foi
pelos ares juntos com a sua mercadoria.
Quando eu chego ao desfiladeiro, Romano está pendurado em
uma corda pronto para descer. Lá embaixo, Leo está preso em uma
árvore no meio do precipício. Um movimento em falso e ele
despencará desfiladeiro abaixo.
— Chame o médico para a cobertura. — Aviso Stefano enquanto
observo ao nosso entorno.
Os nossos homens resolveram o problema, eliminaram o
inimigo. Agora tudo que precisamos é tirar Leo e dar o fora daqui
antes que os policiais cheguem. Não que eu não os tenha em minha
folha de pagamento, mas eu não quero ter que lidar com esses
idiotas essa noite.
— Policiais há três minutos de distância. — Stefano avisa.
Leo e Romano surgem logo em seguida e o sorriso maníaco
ainda permanece no rosto do meu irmão caçula. Eu juro que esse
idiota é um completo lunático. Ele não só é imprudente como não
tem medo de nada.
— Vamos! — Eu agarro a sua mão ajudando-o a subir.
— Eu acho que vou tentar paraquedismos mais tarde. — Leo diz
atrás de mim rindo.
Eu balanço a cabeça enquanto marcho para o carro.
— Você é um idiota louco. — Romano diz sorrindo.
Leo dá de ombros. — O que posso dizer? É o sangue Santino
correndo em minhas veias. — Acrescenta. 
Vinte minutos depois estamos de volta à minha cobertura. As
perdas dessa noite não foram tão graves quanto poderia ter sido. Eu
confesso que não esperava que eles destruíssem seu próprio
armazém apenas como uma oportunidade de se livrar de nós.
Por sorte, nós não estávamos perto o suficiente.
— Quantos homens? — Pergunto à Romano para ter um número
exato de perdas e reavaliar as nossas estratégias.
— Apenas dois. — Diz entregando-me duas pastas pretas. —
Um de nossos homens conseguiu recuperar essas pastas antes que
o armazém explodisse.
— O que é isso? — Pergunto abrindo as pastas.
— Relatórios de entrega e rotas dos russos.
Eu abro a primeira pasta encontrando o que Romano acabou de
dizer, mas embora isso seja um grande achado, eu não sou tolo o
suficiente para confiar no que está escrito aqui. Os russos são
especialistas em pegadinhas e armadilhas. Isso poderia ser mais
uma forma de nos atrair para outra emboscada, então todo cuidado
é pouco.
— Quão grave é o seu ferimento? — Pergunto indicando a
mancha de sangue em seu peito.
— É apenas um arranhão. — Ele diz com indiferença.
Eu juro que esses idiotas vão acabar morrendo e nem
percebendo. Talvez seja uma característica dos Santino, porque
Leo, Stefano e até mesmo a minha irmã Sabina são iguais. E tenho
certeza de que eles dirão o mesmo sobre mim.
— Traga-me os relatórios do porto e a lista dos novos policiais
em nossa ficha de pagamentos. — Digo dispensando-o.
— Há algo mais. — Ele diz ainda parado no lugar.
— O quê?
— Sebastian Williams acabou de firmar esse acordo com
Petrova em troca de dinheiro. — Ele diz.
Sebastian Williams é um rato desprezível que vive à custa do
irmão mais velho que é um bilionário conhecido do mundo dos
investimentos, Levi Williams. O seu patrimônio foi avaliado em 110
bilhões de dólares no último ano. Sebastian era o seu diretor
financeiro até o último ano, quando ele desfalcou a empresa com
alguns milhões para manter o seu vício em jogos em nossos
cassinos.
— Quanto? — Minhas mãos se fecham em punhos.
— Dois bilhões e meio de dólares em troca de sua sobrinha.
— Sobrinha? — Isso tem minha atenção.
— Ela é a filha única de Levi e a sua ex-esposa, a advogada
Sofia Rossi, casada com Dominic Rossi.
Agora ele está de volta vendendo a própria sobrinha?
Porco imundo.
— Qual o seu parentesco com Dante? — Pergunto parecendo
mais interessado que deveria.
— Irmão.
Interessante.
— Traga-me um relatório sobre a garota. — Digo dispensando-o.
— Sim, senhor. — Desta vez ele se despede e saí.
Romano é filho do meu tio Giovani. Ele é uma máquina de puro
músculo e cérebro. A sua lealdade sempre foi com a família e eu o
respeito por isso. Atualmente, ele comanda os negócios aqui em
Seattle em minha ausência, mas em breve isso não será mais
necessário porque ele estará de volta à Itália para assumir o lugar
que era do seu pai como consigliere em Taormina.
Sebastian está disposto a vender a sua própria sobrinha pelo
maior preço. Eu me pergunto o que Petrova ganhará com isso, além
de um belo pedaço de bunda? Porque eu tenho certeza de que a
garota Williams deve ser uma beldade.
Educada e moldada para ser uma esposa troféu de algum
homem poderoso. Talvez eu deva propor uma aliança entre a garota
e Leo, fazer dele um homem casado e com responsabilidade, talvez
assim ele consiga domar a sua fera imprudente.
Eu me pergunto o que o poderoso Levi Williams dirá sobre isso?
 
 
3
ELLIE

 
Hoje é o dia.
Eu finalmente tomei coragem e não importa o que aconteça, eu
vou escolher alguém e deixá-lo me foder.
Ser uma boa menina tem me sufocado além de todas as coisas.
Eu quero experimentar a vida e ser uma garota comum com desejos
e travessuras.
O meu destino já foi traçado e não há nada que eu possa fazer
para mudar isso, a menos que eu queira atiçar a ira do meu pai. Levi
Williams é um homem poderoso e vingativo. Ele nunca me perdoaria
por arruinar os seus planos. E para atingir os seus objetivos ele não
hesitará em me usar sempre que tiver uma oportunidade.
Para ele eu sou apenas um meio para o fim.
Uma peça em sua engrenagem distorcida. Mas ele pode
escolher com quem eu vou me casar, mas nunca terá a minha alma.
É por isso que eu estou nesse bar esta noite.
Eu quero que a minha primeira vez seja com alguém da minha
escolha. Embora eu tenha preferido conhecer a pessoa e ter algum
tipo de envolvimento, eu vou aceitar isso como uma pequena vitória
minha.
A minha escolha de vestuário também foi baseada nisso.
Propositalmente, eu escolhi um dos vestidos de Natalie para usar
essa noite. Um vestido preto provocante com um decote em V que
vai até o meio da coxa, mostrando mais pele que eu já fiz em toda a
minha vida. Eu até pulei a parte da roupa de baixo. Não havia
sentido usar calcinha quando o meu intuito era ter uma foda rápida e
sem sentido. Uma jaqueta de couro preta e saltos 12 cm para
completar o visual.
Gostaria que as minhas amigas pudessem me ver agora, mas eu
ainda não contei a elas sobre o casamento. Eu não quero estragar
as suas férias, mesmo que eu esteja morrendo para fazer.
Elas são o meu porto-seguro.
A maquiagem é uma básica com apenas um olho mais marcado
e batom vermelho. Nada tão elaborado. O meu cabelo está solto em
um emaranhando que eu costumo chamar “natural sexy”. É o tipo de
cabelo que você acorda e apenas passa a mão para dar algum
volume e já está pronto.
As palavras do meu pai continuam se repetindo em minha
cabeça e além de lutar contra a dor e traição, eu ainda estou
assimilando o fato de que em breve eu terei que me casar com
alguém que eu nunca vi na minha vida.
Um casamento arranjado.
Quem ainda faz isso?
Pelo amor de Deus, é o século XXI. Ninguém deveria ser
obrigada a s submeter há algo assim. Embora eu seja maior de
idade, a minha vida é totalmente controlada pelo meu pai. Ele
conhece todos os meus passos e se certifica de que eu esteja
sempre na linha.
Suas palavras, não minhas.
Eu odeio isso.
Mamãe e Dominic ainda não sabem da decisão do meu querido
e nada amável, pai. Eu normalmente opto por mantê-los no escuro
de toda a merda que Levi apronta. Inclusive a sua última façanha.
Eu tinha acabado de voltar de Milão para visitar mamãe e fui
recebida com a bomba que mudaria a minha vida para sempre.
Levi não me quer fora de vista. Ele quer controlar cada passo
meu. Até mesmo o meu curso foi motivo para discussão. Ele odeia o
fato de eu não ter nenhum osso para os negócios, então arranjou
esse casamento para me controlar ainda mais.
A arte é a minha paixão.
Tudo começou como um hobby e agora eu não me imagino
fazendo outra coisa. Ele espera que eu seja a filha perfeita enquanto
ele me molda a seu modo para assumir os negócios da família
quando ele morrer, porque de acordo com ele não há uma chance
dele renunciar.
Boa sorte, velho.
Eu nunca quis assumir os negócios da família. Não entendo
nada de finanças e odeio cálculos. Ele até tentou me proibir de
frequentar a escola de artes, mas mamãe e Dominic saíram em
minha defesa graças a Deus e eu pude estudar o que eu queria.
Mas ele insistiu que eu fizesse um curso de negócios, caso contrário
ele não me permitiria frequentar a escola de artes.
Os meus avós paternos também são contra eu me tornar uma
artista. Eles, assim como o meu pai, acham que é um desperdício
de tempo e habilidades. Como se mexer com o dinheiro fosse à
salvação da Terra.
Ser a boa menina tem sido exaustivo.
Pela primeira vez em minha vida eu quero o caos e não vou
parar até estar satisfeita. É por isso que eu estou aqui está noite em
um bar que aparentemente é o ponto de encontro de todos os
empresários da cidade, porque eu nunca vi tanto homem de terno
em toda a minha vida.
O meu pai é um bilionário com uma esposa troféu que nada faz
além de organizar reuniões do seu clube da Luluzinha. Os meus
pais se separam quando eu tinha três anos e um ano depois minha
mãe se casou com um neurocirurgião italiano.
Ambos dividem suas vidas entre Seattle e Milão.
Sofia Rossi é uma advogada de imigração. Quando mamãe
estava na Itália eu ficava com o meu pai, mas odiava cada segundo
disso. De acordo com o meu pai, eu não deveria estar sozinha
enquanto eu podia estar com ele e minha madrasta odiosa.
Deus, eu odeio aquela mulher.
Ela nunca chegará nem aos pés da minha mãe.
Eu tenho um meio-irmão, Massimo, que é apenas dois anos
mais novo que eu. E amo o meu padrasto, Dominic. Ele é tudo que
o meu pai nunca foi para nós e adora o chão que minha mãe pisa.
Você deve estar confuso sobre a parte de eu querer me rebelar, não
é? Mas eu vou chegar nessa parte em breve.
Levi odeia Dominic com a força de mil de homens. Ele esperava
uma reconciliação com a minha mãe, mas graças aos céus Dominic
apareceu e evitou que isso acontecesse.
Não me levem a mal.
Eu não odeio o meu pai. Ele só não é uma pessoa familiar. Tudo
que importa para ele são os negócios e eu odeio isso. Eu odeio ser
apenas mais uma ferramenta em suas mãos.
É por isso que eu decidi que de agora em diante serei tudo que
eu quiser e não há nada nem ninguém que vai me impedir. Você
pode me achar mesquinha e mimada, mas não tem ideia do que é
ter a sua vida traçada e documentada como se fosse um maldito
programa de televisão.
Hoje eu quero ser livre.
Pelo menos por uma noite eu quero ser a Ellie e não a Eleanor
Williams, herdeira e perfeita filha do bilionário mais influente de todo
o maldito país.
— Mais um! — Peço batendo o meu copo novamente contra o
balcão.
Peter, o barman move o seu olhar para algo ou alguém atrás de
mim parecendo que viu um maldito fantasma, ele balança a cabeça
e se afasta deixando-me sem a minha bebida.
— Ei! — Grito para chamar a sua atenção, mas é inútil.
O que quer que ele tenha visto o assustou para caralho. Eu
estou prestes a me virar quando uma voz profunda e sexy soa atrás
de mim, fazendo todos os músculos do meu corpo tencionar.
— Você não acha que já teve o suficiente? — A voz sexy diz. 
A minha cabeça dá um solavanco para trás. Um suspiro deixa os
meus pulões quando os seus olhos caem sobre ele. Minha
respiração fica presa em minha garganta enquanto seus olhos azuis
queimam em mim.
Vaca sagrada!
Essa é a primeira coisa que eu penso quando os meus olhos
caem sobre o estranho diante de mim. Ele é sem dúvida o homem
mais bonito que eu já vi em toda a minha vida. Maduro e sexy como
o pecado. Alto, másculo e com uma pele morena que faria qualquer
um cantar odes à sua beleza. E o que é esse barulho desenfreado
em meu peito?
Espere!
São os meus batimentos cardíacos?
Porque eles estão tão agitados.
Deus, eu estou babando?
— Quem é você? A polícia da bebida? — Eu me recomponho
rapidamente.
Ele sorri e eu sou uma poça derretida.
Quando ele se aproxima, o cheiro especiarias invadem o meu
sistema, fazendo todos os músculos abaixo da minha cintura
apertar.
O que diabos foi isso?
Nenhum homem jamais despertou tão sentimento em mim.
— Alguém que está reivindicando o que é seu. — Diz ainda
sorrindo.
Deus, a audácia dele.
A minha boca se abre e fecha e nenhum som sai. Esse homem
claramente queimou alguns neurônios em meu cérebro, porque eu
definitivamente perdi a capacidade de falar perto dele. Talvez eu
tenha bebido demais como ele observou. Eu preciso me recompor e
colocar a sua bunda arrogante em seu lugar.
— O que é isso? — Pergunto estreitando os meus olhos para
ele.
— Você. — Diz e novamente eu perco o fôlego.
Merda.
Esse homem não é apenas lindo. Ele é sexy e perigoso como o
inferno. Eu sei que a minha intensão hoje era encontrar um cara
aleatório e foder o meu cartão V, mas eu não sei o que aconteceu
depois que ele apareceu, porque de repente eu estou tendo essas
imagens de nós dois juntos e isso não parece certo.
— Você está louco. — Eu digo puxando algumas notas da sua
bolsa. — Tenha uma boa noite. — Digo quando salto do banquinho
e me afasto dele e seu magnetismo. Mas eu não vou muito longe,
porque em breve a sua mão agarra o meu braço puxando-me contra
o seu peito duro.
Caramba!
Ele é forte.
Minha mente corre solta com imagens dele segurando-me em
seus braços enquanto aqueles lábios pecaminosos que eu quero
muito beijar deslizam contra os meus. Como seria se ele me
beijasse agora?
Balançando a minha cabeça, eu afasto os pensamentos sujos e
o empurro o seu peito para me libertar. — Que diabos! — Ele nem
se move. — Deixe-me ir! — Eu bato em seu peito, mas ele é como
uma rocha.
Firme e difícil de mover.
— Nunca. — Digo trazendo o seu rosto para o meu.
Eu paro de respirar.
Os seus olhos são ferozes e ele parece prestes a me devorar
aqui e aos olhos de todos. Mas isso é outra coisa estranha que eu
percebo, por que ninguém está olhando em nossa direção? Por que
ninguém interveio quando ele me abordou?
Quem é esse homem?
— O que você quer de mim? — Pergunto segurando o seu olhar
faminto.
Ele sorri e meus olhos são atraídos para os seus lábios. Eu não
sei o que há de errado comigo, mas de repente eu tenho todos
esses desejos estranhos e meu corpo não parece o mesmo.
 
— Tudo. — Diz.
Eu quase não registro as suas palavras porque estou muito
ocupada cobiçando os seus lábios. Deus, ele tem lábios perfeitos
que eu adoraria beijar. Um sorriso conhecedor cruza o seu rosto
trazendo-me para o presente e eu logo me recupero do seu
encanto.
— Oh! Sim? — Eu o empurrando para longe e desta vez ele me
permite. Mas porque eu sinto a falta do seu calor?
— Não finja que você também não sente isso e eu a deixarei em
paz. — Ele diz fechando a distância entre nós.
Oh! Deus!
— Eu não sei do que você está falando. — Minto.
Ele sorri. — Não minta para mim, linda.
— Você está louco. — Eu grito.
— Isso está ficando velho, linda. Que tal você admitir o que
sente para que possamos passar para a próxima fase pela qual
estou fodidamente ansioso. — Ele diz.
— E o que seria isso? — Pergunto curiosa com a sua linha de
pensamento.
— Que nós dois queremos foder um ao outro mais que respirar o
próximo ar. — Ele dá de ombros parecendo muito confiante.
Tão arrogante.
— Você é muito cheio de si. — Zombo.
— Não. Apenas realista.
— Você está maluco se pensa que eu vou fazer sexo com você.
— Digo passando para fora não prestando atenção ao meu
caminho.
Não sei por que, mas ele me deixou perturbada de uma forma
que eu mal me conheço. Talvez vir aqui tenha sido uma péssima
ideia. Eu deveria ter chamado Naty e Ali para sair e encontramos
alguns garotos juntas. Mas antes que eu possa perceber, eu estou
sendo jogada contra a parede e seus lábios estão nos meus e todo
o resto é esquecido.
Tudo que eu posso me concentrar agora é em como eu amo a
sensação dos seus lábios contra os meus. A sua boca exige entrada
como um dominante ansioso para ter a sua próxima dose de vício.
Os meus lábios se abre por vontade própria e eu o beijo de volta
desejando que ele nunca pare.
 
4
NICCO
 
 
 
 
A sua boca se abre dando-me permissão para finalmente beijá-la
adequadamente. Normalmente, eu não tenho que trabalhar tanto
para conseguir a atenção de uma mulher, mas essa é diferente.
Ela geme em minha boca enquanto suas mãos vagueiam pelo
meu corpo como se não pudesse tocar o suficiente. Eu gosto disso,
talvez até mais do que gostaria de admitir.
A minha boca se move com urgência contra a sua. Eu nunca
estive tão desesperado para ter uma mulher como eu faço agora.
Os seus gemidos estão me deixando fodidamente louco. Meu pau
nunca esteve tão duro e eu não estranharia se de repente eu viesse
em minhas próprias calças como um maldito adolescente apenas
ouvindo os seus gemidos excitados.
Porra.
Eu preciso retardar isso antes que eu acabe tomando aqui nesse
beco escuro. O meu pau salta em minhas calças com a ideia, mas
eu logo me afasto ignorando o seu gemido de protesto e meu pau
dolorosamente duro em minhas calças.
— Isso era tudo que você tinha? — Ela me provoca sem fôlego
enquanto os seus olhos selvagens queimam nos meus.
Ela é tão linda.
— Não foi nem o aquecimento, farfalla. — Digo tomando os seus
lábios em um beijo rápido.
Agarrando a sua mão, eu a conduzo para fora do beco e para o
meu carro estacionado do outro lado da rua. O meu olhar caí para o
meu primo Romano, que é um dos meus homens de confiança. Ele
e meu irmão Stefano são os meus olhos e braços em todos os
lugares.
Eu disse a ele que estaria saindo esta noite sozinho, mas é claro
que um deles tinha que ser a minha sombra. Lealdade é tudo em
nosso mundo. Stefano deve estar ocupado com algo para enviar o
nosso primo, mesmo sabendo que eu não preciso de reforço para
andar pelas ruas de Seattle.
Embora a Sicília seja o meu reino, as nossas alianças e raízes
me fizeram conhecido em todo o mundo. Não há quem seja
estúpido o suficiente para se atrever a mexer comigo e não esperar
uma maldita guerra.
Exceto os malditos russos, é claro.
Esses idiotas acham que são páreos. Eles não poderiam estar
mais enganados. Mas de volta à bela à minha frente. Eu vejo como
ela morde o lábio, evitando o meu olhar enquanto mexe com os
seus dedos.
— Onde estamos indo? — Ela pergunta quando eu abro a porta
do carro para ela.
Os meus olhos são atraídos pelo movimento das suas coxas
lisas e completamente à mostra. Eu odeio esse pedaço de pano que
ela está usando como uma desculpa de vestido. Mal posso esperar
para rasgá-lo fora de seu corpo. Apenas o pensamento faz o meu
pau saltar em minhas calças.
— Longe daqui. — É tudo que eu lhe dou antes de afivelar o seu
cinto e fechar a porta enquanto dou a volta no carro.
— Isso não me diz nada. — Ela cruza os braços sobre os peitos
elevando-os e é a porra de uma tortura não tomá-los em minha
boca.
— É tudo que você precisa saber agora, linda. — Dou-lhe o meu
melhor sorriso enquanto coloco o carro em movimento.
— Como eu vou saber que você não é um assassino em série
que vai me matar, cortar meu corpo em partes e espalhar pela
cidade? — Pergunta ainda me olhando com intensidade.
Uma gargalhada escapa do meu peito, assustando-me tanto
quanto a ela. Normalmente, eu não sou um homem de risadas. Mas
isso realmente me fez perceber o quanto essa mulher é diferente de
todas as outras com quem já estive.
— O que é tão engraçado? — Ela parece ofendida.
— Você, farfalla. — Digo sorrindo, mas ela não sorri de volta.
— Eu estou falando sério. — Ela diz irritada.
— Você é tão fofa. — Digo ainda sorrindo.
— Eu não sou fofa! — Reclama com um bico.
O que a torna ainda mais fofa.
— Relaxe, farfalla! Eu garanto que nós não faremos nada que
você não queira. — Pisco para ela sorrindo, mas isso só a intriga
ainda mais.
— Certo. — Ela bufa. — Você não me parece o tipo de homem
que qualquer mulher rejeitaria nada.
— Eu vou tomar isso como um elogio, embora eu não tenha
tanta certeza de que foi isso. — Digo.
— Não foi. — Ela rebate e meu rosto se abre em outro sorriso.
Eu mal a conheci e já sorri mais que toda a minha vida. Sem ter
nenhuma ideia, essa linda e cativante garota está ficando sob a
minha pele a cada minuto que passa. Será que ela sente o mesmo?
— Você é sempre tão pessimista assim? Ou eu sou apenas o
contemplado? — Pergunto na tentativa de aliviar o seu nervosismo.
Embora ela esteja atraída por mim, eu sei que ela também está
curiosa e com um pouco de medo. E eu não a culpo por isso.
Confiar em outras pessoas é a coisa mais difícil de fazer,
principalmente em meu mundo. Mas eu nunca a faria mal.
Ela sempre estará segura ao meu lado.
— Você parece muito seguro de si mesmo. Por que isso? — Ela
pergunta ao mesmo tempo, em que eu paro o carro em frente ao
hotel que estou hospedado enquanto o meu lugar fica pronto.
— Não há um mistério. Esse sou eu. — Digo saltando do carro,
dando a volta e abrindo a sua porta.
Os seus olhos verdes encontram os meus e eu vejo todas as
perguntas não ditas que ela quer me fazer, mas se abstém. Não sei
o que ela estava pensando ao ir há um bar para pegar alguém
aleatório e fodê-lo, mas a darei um desconto por isso. Afinal de
contas, ela não tem nenhuma ideia.
— Você sempre estará segura comigo, farfalla. — Digo ficando
bem próximo ao seu rosto.
O seu peito sobe e desce como se ela estivesse lutando contra
algo enquanto seus olhos caem para os meus lábios. Eu vejo o
desejo dilatado em suas íris enquanto ela tenta esconder a todo
custo.
Minha farfalla quer me beijar.
Isso definitivamente tem o meu ego inflado.
— Precisamos de regras. — Ela diz quebrando o nosso
momento.
— Você tem toda a minha atenção, farfalla. — Digo ao desfazer
o cinto e ajudá-la a descer do carro.
Pelo canto do olho, eu vejo o carro de Romano se aproximar. O
idiota é teimoso demais para o seu próprio bem.
— Sem nomes, endereços ou qualquer informação pessoal. —
Ela diz enquanto caminha ao meu lado.
Agarrando a sua mão na minha, eu a conduzo para dentro do
hotel. O porteiro me cumprimenta com um aceno sutil e abaixa à
cabeça em sinal de respeito, o mesmo acontece com as
recepcionistas. Nenhum deles se atreve a fazer qualquer movimento
enquanto eu a levo pelo salão em direção ao elevador privado.
— Hum... Você não precisa se registrar ou algo assim? — Ela
pergunta incerta quando eu não paro.
— Elas sabem quem eu sou. — É tudo que eu digo.
— Oh! Você é um hóspede? — Ela parece aceitar a sua
premissa facilmente.
Eu não a corrijo. — Algo assim.
Às vezes, a ignorância é a melhor saída.
— Você está aqui a lazer ou negócios? — Pergunta quando
tomamos o elevador e eu digito o código para o meu andar.
Curiosa.
Eu gosto disso.
Minha farfalla quer saber mais sobre mim.
— Eu pensei que não trocaríamos nenhuma informação pessoal.
— Digo e ela estreita os olhos para mim em fúria.
— Você está certo. — Ela abaixa a cabeça parecendo
desapontada. Foda-me!— Desculpe, eu não deveria ter perguntado
isso. — Ela tenta soltar a minha mão, mas eu a aperto mais forte,
fazendo-a olhar para cima para encontrar o meu olhar.
— Você não precisa se desculpar comigo, farfalla. — Digo
levando à sua mão a boca e beijando as costas dela.
Ela morde o lábio novamente soltando um pequeno gemido que
faz o meu pau se mover em minhas calças, ansioso para deslizar
por entre esses lábios grossos e macios. — Negócios, farfalla. —
Digo sem tirar os olhos dela.
Ela engole em seco desviando o olhar primeiro. Eu nunca pensei
que minha pequena farfalla fosse tímida. Será que ela é tímida
também no quarto? Quantos homens mortos a fizeram gozar?
Porque eu juro que vou caçar todos eles e matá-los com as minhas
próprias mãos por tê-la tocado.
— Quantos anos você tem? — Pergunta baixinho e eu não
posso deixar de sorrir.
A minha aparência nunca foi uma preocupação antes, muito
menos a minha idade, mas por algum motivo eu me sinto um pouco
em desvantagem em relação a ela quando se trata disso. Embora
os meus anos a mais signifiquem mais experiência, eu não posso
competir com a sua altivez. Mas nenhum garoto jamais se
comparará a mim e o que eu posso fazer com o seu corpo.
— Isso é importante? — Eu fecho a distância entre nós e a sinto
vibrar contra mim. A sua boca se abre e fecha como se ela quisesse
dizer algo, mas nada saí.
Pressionando-a contra a parede de aço, eu enterro o meu rosto
na curva do seu pescoço enquanto minha língua desce para o oco
de sua garganta. Ela cheira a jasmim. E santo inferno, eu quero
nada mais que lamber todo o seu corpo em direção à sua boceta
que eu tenho certeza de que é tão doce quanto.
Ela geme cravando suas unhas em meu pescoço. Deslizando
minha perna entre as suas coxas, eu aplico um pouco de pressão
em seu núcleo e assisto montar o meu pau como se estivesse
desesperada por isso.
Foda-me!
Essa garota será a minha ruína.
Eu continuo o meu ataque, deslizando minha mão para cima e
para baixo em seu corpo enquanto ela me monta. O seu peito sobe
e desce arrepios dançam em sua pele pecaminosa.
Eu quero tanto fodê-la agora.
O meu pau nunca esteve tão duro antes. É preciso toda coragem
e resistência para me afastar dela, mas eu faço. A gratificação
atrasada é muito mais prazerosa, e eu pretendo tomar o meu tempo
adorando o seu belo corpo toda à noite.
 
 
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