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TABELA DE CONTEÚDOS

 
 
 
 
 
TABELA DE CONTEÚDOS
AGRADECIMENTOS
NICCO
ELLIE
NICCO
ELLIE
NICCO
ELLIE
ELLIE
NICCO
ELLIE
NICCO
ELLIE
NICCO
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NICCO
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NICCO
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DAKOTA
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CRUEL KING
THE SANTINO’S SERIES – BOOK ONE
AVA G. SALVATORE
CRUEL KING
 
Copyright © 2023 por Ava G. Salvatore

Todos os direitos reservados. Não é permitida a reprodução desta obra sem a permissão
por escrito da autora, exceto por um revisor que pode citar passagens breves apenas para
fins de revisão.

Este livro é um trabalho de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos
da imaginação da autora ou de forma fictícia.

Edição e Formatação por

Angelica Oliveira

Design de capa por

KAOA PUBLISH
AGRADECIMENTOS
 
 
 
 
Para você Lu.
Obrigada pelo carinho e preocupação sempre.
Você é maravilhosa, obrigada por tudo.

 
PRÓLOGO
NICCO

 
Minha.
Eu sabia disso assim que os meus olhos pousaram nela do outro
lado do bar. O que foi a primeira vez para mim, por isso eu estava
intrigado. Nenhuma mulher jamais foi capaz de capturar minha
atenção como a linda menina de cabelos dourados.
Ela é deslumbrante.
Ousada e linda.
Eu a observo tomar outro gole de sua bebida enquanto sorri para
o barman que eu quero muito envolver minhas mãos em seu
pescoço e restringir todo oxigênio em seu corpo, acabando com a
sua vida miserável.
Como ele ousa sorrir para ela?
Qualquer um que me visse agora diria que eu não estou no meu
juízo perfeito. Mas, ninguém seria idiota o suficiente para anunciar
isso sem esperar as consequências. Minha atenção volta para a
linda garota e sua nova recarga.
Esse era o quê?
Terceiro?
Eu estive tão preso em seus lábios e a forma como ela sorri toda
vez que pronuncia algo que nem prestei atenção à quantidade de
bebida que ela ingeriu.
Tequila é um veneno.
Ela entorna a sua nova dose e é isso.
O barman me nota primeiro e é inteligente o suficiente para
correr enquanto eu me aproximo da bela. Eu cuidarei dele mais
tarde. Agora eu preciso reivindicar o que é meu. Todo o resto não
importa quando eu estou prestes a fazer a minha rainha conhecida.
Eu posso sentir a sua inocência.
Algo que me atrai como nada já visto antes.
Bastou um olhar e eu sabia que ela era minha. Não ouve
escolha. Eu nunca acreditei em destino, mas achar que isso é
apenas uma casualidade do destino seria ignorância da minha
parte.
— Mais um! — Ela pede batendo a sua mão no balcão.
O barman move o seu olhar para mim. A expressão em meu
rosto diz tudo, o que faz o idiota apenas balançar a cabeça e
desaparecer para o outro lado do balcão.
— Ei! — Ela grita novamente chamando a sua atenção, mas
sabiamente ele a ignora.
— Você não acha que já teve o suficiente? — Pergunto ao seu
lado.
A sua cabeça dá um solavanco e ela deixa escapar um suspiro
quando os seus olhos caem sobre mim. Sua respiração fica presa
em sua garganta enquanto seus olhos verdes queimam em mim.
Devo dizer que nunca tive problemas em conseguir uma mulher.
Mas por alguma razão a sua reação a mim me deixa um tanto
satisfeito.
Eletricidade crepita entre nós enquanto ela me encara ainda em
choque. Mas ela logo se recupera colocando a sua máscara de
durona.
Eu gosto disso.
Minha pequena farfalla é linda até mesmo quando está mal-
humorada.
— Quem é você? A polícia da bebida? — Ela bufa irritada.
Sorrio encostando-me mais perto dela. O que a faz saltar quando
os nossos corpos se tocam. As suas pupilas dilatam e sua boca se
abre em um suspiro que mais parece um gemido.
Porra.
De perto ela é ainda mais jovem e impressionante. Talvez jovem
demais para um homem como eu, mas eu não me importo. Porque
tudo que eu quero é fazê-la minha e todo o resto é apenas história.
— Alguém que está reivindicando o que é seu. — Digo ainda
sorrindo.
Ela abre e fecha a boca sem saber o que dizer e, eu posso ver
que ela não está tão bêbada quanto eu pensei. Essa mulher se
torna mais atraente a cada segundo e eu não posso esperar para
descobrir todas as suas camadas.
— O que é isso? — Ela se recupera segurando os seus olhos
ferozmente.
— Você. — Digo sem enrolação.
Os seus olhos se arregalam e ela morde o lábio inferior ainda
segurando o meu olhar. Eu nunca tive tanta inveja na vida como eu
faço agora. Desejo queima além da minha espinha e eu mal posso
respirar direito com o desejo de beijá-la.
Foda-me.
— Você está louco. — Ela puxa algumas notas de sua bolsa
jogando-as sobre o balcão enquanto pula para fora do banco. —
Tenha uma boa noite. — Ela diz enquanto se afasta.
Algo em meu peito torce e eu sinto como se a minha capacidade
de respirar estivesse sendo restringida. Eu nunca tive medo de nada
nessa vida, mas vê-la se afastar assim de repente me assustou para
caralho.
Os meus pés se movem por conta própria atrás dela. Mas só
quando ela passa para fora do clube e fora dos olhares curiosos é
que eu agarro o seu braço puxando-a para mim.
— Que diabos! — Ela grita empurrando o meu peito para se
libertar, mas eu não a solto. — Deixe-me ir! — Ela bate em meu
peito para se libertar do meu aperto.
— Nunca. — Digo trazendo o meu rosto para o dela.
A sua respiração fica presa em sua garganta e seus olhos se
arregalam com uma mistura de medo e excitação. O meu pau salta
em minhas calças e o desejo de possuí-la me consome como fogo
em pólvora.
— O que você quer de mim? — Ela pergunta levantando o seu
queixo e segurando o meu olhar.
Eu quero tanto beijá-la agora.
— Tudo. — Digo honestamente.
As suas sobrancelhas se erguem como se ela não estivesse
acreditando nas minhas palavras. Na verdade, eu mesmo estou
surpreso com o rumo que as coisas estão tomando. Eu não sei o
que eu esperava quando eu me aproximasse dela, mas agora que
eu fiz não posso deixá-la ir.
— Oh! Sim? — Ela rapidamente se recupera empurrando-se
para longe e desta vez eu permito que ela se afaste.
— Não finja que você também não sente isso e eu a deixarei em
paz. — Digo fechando a distância entre nós.
— Eu não sei do que você está falando. — Ela dá um passo para
trás gaguejando.
Sorrio. — Não minta para mim, linda.
— Você está louco. — Ela repete.
— Isso está ficando velho, linda. Que tal você admitir o que
sente para que possamos passar para a próxima fase pela qual
estou fodidamente ansioso. — Digo e isso desperta tanto a sua
atenção com a fúria também.
— E o que seria isso? — Ela franze a testa.
— Que nós dois queremos foder um ao outro mais que respirar o
próximo ar. — Dou de ombros como um maldito adolescente
excitado.
— Você é muito cheio de si. — Zomba.
— Não. Apenas realista.
— Você está maluco se pensa que eu vou fazer sexo com você.
— Ela diz enquanto se afasta em direção ao beco.
— Mais um. — Eu peço ao barman.
— Dia difícil? — Pergunta com um sorriso.
Bufo. — Tente vida difícil.
Ele balança a cabeça sorrindo enquanto empurra uma nova
recarga em minha direção. — Uma garota bonita não deveria se
preocupar tanto.
— A beleza é subestimada. — Zombo.
— Apenas uma garota linda diria algo assim? — O seu sorriso se
estende.
Eu balanço a cabeça em discordância, não querendo me
estender mais nesse tema, porque acabaria com o propósito de eu
estar aqui esta noite. E tudo que eu quero fazer é fingir que eu sou
uma garota normal e apenas me divertir.
 
 

 
1
ELLIE
 

 
— Você não pode estar falando sério, Ellie. — Minha amiga
Emma jogando-se na minha cama em meio ao caos que ela causou
ao procurar algo para eu usar esta noite.
— Mortalmente. — Digo puxando um vestido verde e colocando
sobre o meu corpo, voltando minha atenção para o espelho à minha
frente.
— Você sabe que ele nunca permitirá que você se mude para a
Itália. — Minha amiga zomba com um bufo. — Sem contar que eu
morreria de saudades.
Eu reviro os meus olhos sorrindo. — Você está me deixando por
um ano para percorrer o mundo e ainda se atreve a me dizer que vai
sentir minha falta.
— Eu vou sentir falta até a morte. — Ela amua e eu me viro para
encontrá-la fazendo beicinho.
Emma é uma das minhas melhores amigas no mundo todo,
assim como Natalie, nossa outra amiga que atualmente está de
férias com os seus pais na Ásia visitando parentes. O pai de Natalie
é coreano e sua bisavó é chinesa, então as suas raízes são bem
asiáticas. Os nossos pais se conheceram através da faculdade e
são amigos até hoje. Já os pais de Emma são americanos, eles são
amigos de infância da minha mãe, então nós somos praticamente
irmãs.
Emma tem vinte e dois anos, portanto mais velha que eu e
Natalie, mas isso não muda nada. Natalie está estudando medicina
com especialização em neurologia.
Sorrindo, eu me jogo na cama envolvendo os meus braços ao
redor dela. — Eu também vou sentir a sua falta como uma louca,
mas espero todos aqueles presentes incríveis de todos os países
que você visitar.
Ela sorri. — É um acordo.
— Não se esqueça de visitar Massimo em Viena. Ele estará
participando desse workshop de T.I e Sustentabilidade que
acontecerá na data em que você estiver lá, e vocês dois podem sair
e conhecer a cidade juntos.
Ela solta um bufo. — O baby Rossi ainda é tão irritante quanto
antes?
Sorrio. Emma e Massimo sempre tiveram uma pequena rixa.
Esses dois não podem ficar no mesmo lugar sem estar na garganta
do outro. É irritante e, ao mesmo tempo, engraçado.
Há dois anos Massimo se mudou para a Itália definitivamente.
Ele queria estar mais próximo à família do seu pai e primos. E
também ele queria estagiar na empresa de tecnologia em Milão que
é uma das maiores de toda a Europa.
— Ele não é o mesmo desde o verão passado, e não estou
falando apenas do seu tamanho, mas a sua personalidade mudou
muito. Eu diria que ele finalmente amadureceu e está se tornando
esse homem incrível.
— Certo. — Ela discorda.
Sorrio.
— Que horas é o seu voo? — Pergunto para mudar de assunto.
— Duas da manhã. — Ela geme caindo de volta na cama.
— Alguém mais desistiu?
— Não. Tracy foi a única que deu para trás, mas eu sabia que
ela não iria aguentar passar um ano inteiro ficando em hotéis e
albergues sujos, apenas para conhecer o mundo quando ela pode
fazer isso no conforto do jatinho do seu pai. — Diz com um bufo
indignado.
— Eu não posso culpá-la, talvez eu fizesse o mesmo. Apesar de
eu não ser muito fã do título de filhinha do papai, eu ainda acho
muito arriscado viajar o mundo todo como mochileiro. — Digo
pegando outro vestido em cima da cama.
— Isso é o seu lado Williams falando. — Ela zomba. — E não,
você não faria o mesmo e é por isso que nós somos melhores
amigas/irmãs de alma. — Acrescenta e eu sorrio para ela.
— Eu não tenho um lado Williams. E eu estou cansada de ser a
boa menina.
— Bem, então eu sugiro que faça algo para mudar isso antes
que Levi a convença de que você tem que largar a pintura e assumir
de uma vez os negócios da família.
Eu estreito os meus olhos para ela parecendo horrorizada. —
Não me amaldiçoe!
Ela ri. — Santa Eleanor.
— Você é uma coisinha irritante. — Eu digo pulando de volta em
cima da cama, fazendo cócegas nela, que grita e ri ao mesmo
tempo.
Eu vou sentir falta da minha amiga, mas faremos chamadas de
vídeo para matar a saudade enquanto ela se diverte pelo mundo
com os seus outros amigos loucos. Emma sonha com essa viagem
desde que nós tínhamos uns dez anos. E eu estou feliz que ela
finalmente tomou coragem para realizar o seu sonho.
Eu adoraria ir com ela, mas tanto tempo fora vivendo um dia em
cada lugar diferente não me parece a melhor ideia de conhecer o
mundo. Mas nós cominamos de nos encontrar no ano novo que ela
estará em Bali na Indonésia. Então poderemos matar a saudade e
recuperar o tempo perdido.
Emma está terminando Arqueologia e é por isso a sua paixão
por conhecer novas culturas e suas mudanças ao longo do tempo.
Ela está indo com alguns amigos da universidade e uma professora
que é também uma escritora muito famosa e respeitada em seu
ramo.
Eu estou tão feliz que ela finalmente realizará o seu sonho.
Talvez eu realize o meu um dia de visitar todos os museus do
mundo ou pelo menos uma boa parte deles, conhecendo todas
essas obras incríveis e tão cheias de histórias.
A arte é a minha vida.
Na manhã seguinte, eu acordo com o barulho insistente do meu
celular. Ontem à noite, depois de me despedir da minha amiga no
aeroporto, eu voltei para o meu apartamento e ignorei as
mensagens do meu pai para voltar para a mansão.
Eu estava cansada e com jet lag e precisava dormir pelos
próximos três dias para poder voltar ao horário local. Mas,
aparentemente, alguém estava com urgência em me ver porque o
celular tem vibrado há pelo menos uns vinte minutos.
Gemendo, eu alcanço o celular apertando o botão para aceitar a
ligação ainda com os olhos fechados.
— Sim? — Digo ao atender.
— Senhorita Williams, o seu pai deseja vê-la em sua residência
com urgência. — A voz de Joana, a assistente do meu pai, fala
através da linha.
— Ok. — Digo ainda dormindo.
— Ele disse para não se atrasar. — Ela insiste e eu finalmente
abro os olhos adaptando-me à claridade dentro do quarto.
— Eu estarei lá, Joana. Obrigada. — Digo antes de desligar e
me virar para o outro lado.
Eu não sei o que é tão importante que não pode esperar até a
hora do jantar, mas eu pretendo vou dormir mais uns vinte minutos.
É muito cedo para enfrentar Levi sem uma boa noite de sono.
***
Uma hora e quinze minutos depois eu estou atravessando os
portões de ferro da mansão Williams. Estremecimento passa por
mim quando eu penso em encontrar a minha madrasta idiota.
Eu a detesto.
A mulher é simplesmente irritante.
Eu estava atrasada e com ressaca de sono. O meu corpo estava
na América, mas a minha alma ainda permanecia na Itália. Eu amo
Seattle, meus amigos mais próximos estão aqui, mas a Itália tem o
meu coração.
Acredito que eu nunca vou poder agradecer Dominic o suficiente
por ser italiano e ter se apaixonado pela minha mãe. Se não fosse
pelo meu pai, eu já teria me mudado para lá de uma vez por todas.
Apesar de eu ser uma adulta, papai gosta de controlar cada passo
da minha vida, inclusive quanto tempo eu devo ou não passar na
Itália. Mas isso eu posso entender, porque ele se sente ameaçado
pelo meu padrasto.
Levi Williams odeia perder.
Ele nunca se recuperou da separação com a mamãe, embora
quando casado não tenha cuidado do seu relacionamento. Agora
ele tem medo que eu o abandone e adote Dominic como meu pai.
Eu amo Dominic.
Ele é o melhor marido, padrasto e pai do mundo para o meu
irmão. Mas eu também amo o meu pai. Embora o nosso
relacionamento seja complicado, ele é o meu pai. O homem que me
gerou e, isso nunca vai mudar.
A casa estava quieta quando entrei. O que significava que a
minha madrasta ainda não tinha voltado das férias. Rosa, a nossa
governanta estava longe de ser encontrada, então eu fui direto para
o escritório do meu pai.
Bati e esperei, a voz do meu pai soou poucos segundos depois
dizendo para entrar. Já passava das duas da tarde em uma quarta-
feira e era feriado, mas papai não se importava com feriados ou
nada disso quando se tratava dos negócios.
Levi Williams era um grande e imponente vestindo ternos de
grife e uma carranca irritada. Ele era um homem bonito e estava
chegando aos cinquenta. Aparentemente, havia uma competição
silenciosa entre ele e o meu padrasto para ver quem permanecia
mais jovem e em forma.
Dominic e papai tem a mesma idade, quarenta e sete anos. O
meu pai é dois meses mais velho que Dominic, mas ambos estão
excelentes. Entretanto, uma coisa que nunca vai mudar é a forma
como o meu pai está sempre preso a algo relacionado ao trabalho,
enquanto Dominic tira seis meses de férias todos os anos para ser
voluntário em hospitais na Itália e ficar mais tempo com a família.
Empurrando a porta, eu o encontro sentado atrás de sua mesa.
Ele olha para cima reconhecendo a minha presença.
— Você está atrasada. — A reprovação não é perdida e eu sei
que não é apenas pelo meu atraso, mas pela minha escolha de
vestuário que no caso consiste e tênis, camiseta com um nó e jeans
rasgados manchados de tinta que eu tanto amo.
— Desculpe, jet lag é uma cadela. — Solto e praticamente o
assisto ter um AVC com a minha escolha de palavras nenhum
pouco eloquente.
— Você está tentando alguma vaga em uma série marginal ou
esse é apenas o dialeto usado na casa de sua mãe? — Meu pai se
levanta e abotoa o paletó enquanto me fuzila com o seu olhar
gelado.
Os mesmos olhos verdes que os meus.
Eu ignoro a sua repreensão e me aproximo de sua mesa. —
Você queria me ver?
— Sente-se. — Ordena apontando para a cadeira ao meu lado.
Eu faço o que ele pede porque o meu corpo ainda parece não ter
acordado. Talvez se eu tiver um pouco de café e torradas com
avocado, eu consiga alguma energia para o dia.
— Você é uma Williams e, como tal, tem responsabilidades com
essa família. — Ele começou com o velho discurso de sempre. —
Eu tenho pensado muito sobre isso e decidi que está na hora de
você assumir alguma responsabilidade em nossa família. — Ele diz
e eu sinto o pânico começar a me dominar.
— O que isso significa? — Pergunto com cautela.
— Você vai se casar com o herdeiro da família Petrova. — Ele
soltou e meus olhos saltaram para fora do meu rosto enquanto
minha boca caiu aberta.
— O quê? — Perguntei confusa, talvez eu tenha entendido
errado.
O meu pai não pode estar me dizendo que eu vou me casar
quando eu nem mesmo tenho namorado, noivo ou interesse em
fazer isso agora.
— Eu já contratei uma empresa especializada para que você não
tenha nenhum problema com os detalhes do noivado e casamento.
— Ele disse enquanto eu olhava para ele mais confusa que estive
em toda a minha vida.
— Eu não quero me casar. — Disse recuperando-me do choque
inicial e colocando algum limite nessa loucura toda.
— A família Petrova é muito respeitada e essa será uma grande
aliança para estreitar os laços. — Continuou como se ele não
tivesse me ouvido.
Ele não podia estar falando sério.
— Estreitar os laços? — Gritei exasperada. — Eu não vou me
casar, muito menos com um estranho. — Protestei.
— Você não tem uma palavra a dizer sobre isso. — Ele
esbravejou suas veias do pescoço se projetando para fora. — Essa
é a uma aliança muito importante para a nossa família e você vai me
obedecer. — Acrescentou.
Ele estava louco.
Eu não podia acreditar nisso.
Durante toda a minha vida eu fui moldada para ser a filha
perfeita e bem-educada. A herdeira do império Williams, mas tudo
que eu sempre quis foi pintar e viver da arte.
Riqueza não é nada sem felicidade.
De que me adianta ter tudo e não poder fazer o que eu quero? E
não me entendam mal, eu não sou uma menina ingrata e sem
noção que só porque teve tudo nas mãos não sabe dar valor.
Eu respeito e admiro demais o meu pai. Ele construiu o seu
negócio do zero e isso significa muito. Hoje ele é um dos homens
mais ricos de todo o mundo, mas eu nunca quis seguir os seus
passos ou servir de estepe para que ele se tornasse ainda mais rico,
se é que isso é mesmo possível.
— Eu não posso me casar com alguém que eu não tenho
nenhum sentimento. — Disse enquanto pressionava minha mão
contra o estômago para aliviar as caibras pelo estresse.
— O amor é uma utopia, Eleanor. — Zombou. — Eu permiti que
você brincasse com suas tintas por muito tempo, agora é hora de
você assumir de uma vez por todas o papel de herdeira dessa
família e agir como tal. — O seu rosto endureceu enquanto ele me
encarava duramente.
Isso era um pesadelo.
Nada do que eu dissesse iria mudar a situação. Levi não mudava
de opinião, pelo menos eu nunca o vi fazer. Mesmo que eu fizesse
birra ou esbravejasse, não mudaria nada.
Ele já estava decidido.
— Mas...
— Pare! Eu não quero ouvir nenhuma palavra. Você está se
casando com Petrova e isso é definitivo.
Eu apertei os meus lábios e me levantei. Era isso. Em breve eu
seria uma mulher casada com um homem que eu nunca vi na vida e
sobre quem eu não conhecia nada. O que minha mamãe tem a dizer
sobre isso?
Ela e Dominic concordam com esse absurdo?
Eu duvido muito. Levi deve ter feito tudo isso sem o
conhecimento deles. O que me faz pensar em sua reação ao
descobrir. Os meus pais não tem uma relação nada boa e adicionar
isso só tornará as coisas ainda pior, talvez eu deva guardar isso
apenas para mim até que não seja mais possível.
Mamãe ficará arrasada.
Acredito que tanto ou mais que eu.
Honestamente, eu não posso dizer que estou surpresa em tudo.
Levi sempre consegue o que quer. Ele sabia que eu nunca
assumiria os negócios da família, então ele tratou de arranjar
alguém que o fizesse em troca de me ter como garantia. Mas se
eles acham que podem me quebrar com isso.
Eles deveriam saber melhor.
 
 
 
 
 
2
NICCO
 

 
O armazém surgiu à nossa frente e eu apertei minha arma contra
a cintura. Não era comum esse tipo de lugar estar praticamente
abandonado. O que me deixou ainda mais alerta.
Os russos eram especialistas em armadilhas, mas eu era um
especialista em livrar-me deles. A estrutura maciça poderia
esconder um arsenal de armas ou um fodido exército lá dentro, mas
de acordo com radar térmico não há ninguém lá dentro.
É claro que eu não estou colocando toda confiança nisso. O
inimigo nunca facilita e nem nós. Ser o líder vem com muitas
vantagens, mas também há inúmeras desvantagens.
Um erro e todos nós poderemos virar poeira.
— Não há sinal de bombas ativas, chefe. — Romano me informa
pelo comunicador.
— Avance. — Ordeno.
— Senhor! — Ele responde ao comando e poucos segundos
depois os nossos homens estão derrubando os portões de ferro.
A morte nos cerca a cada esquina.
Esse é o nosso mundo e não há como escapar dele. É lutar ou
morrer e eu fodidamente prefiro lutar até o fim. Os homens
vasculham tudo e como verificado antes, não há nenhum sinal dos
russos.
O que me diz que algo muito maior está acontecendo para eles
abandonarem esse lugar, mas antes que eu possa emitir o aviso eu
ouço a explosão. Acontece tão rápido que eu não percebo até que
seja tarde demais e somos bombardeados pelo céu.
Um helicóptero russo está atirando em nós.
— Retirar! — Grito, mas receio ser tarde demais.
— Foda-se! — Leo grita puxando as suas armas.
Tiros são disparados de ambos os lados, eu salto do carro
usando-o como escuro enquanto saco minha arma e começo a
atirar de volta. Ao meu lado, Stefano digita furiosamente em seu
computador militar e os drones são acionados.
Poucos segundos depois o helicóptero deles perde altitude
caindo ao lado do armazém, causando uma grande explosão.
Eu sabia que estava quieto demais.
Quando olho, Leo tem esse sorriso maníaco em seu rosto. Eu
juro que esse garoto vai se meter em problemas um dia.
— Você precisa parecer tão feliz com essa merda? — Estalo
atirando em dois idiotas que saíram correndo em nossa direção.
Suicidas.
Balas atingem os pneus do carro fazendo-o sacudir. Eu sei que é
apena suma questão de tempo eles conseguirem derrubá-lo, só
espero que todas as engenhocas tecnológicas do meu irmão
tenham chegado há tempo para aniquilá-los.
— Desculpe, irmão. É apenas a minha natureza. — Diz Leo com
um sorriso ainda maior.
Foda-se!
Essa porra é louco.
Eu faço um gesto para cada um seguir em uma direção ao
mesmo tempo, em que cobrimos Stefano.
— Na contagem de três. — Aviso e, Leo concorda.
— Um, dois, três. — Cada um de nós decolando em direções
opostas.
Leo se move em direção à floresta, e eu corro em direção ao
armazém agora em chamas. As chamas lambem a madeira
tornando tudo em brasas. Tiros são soados em nossa direção,
tornando a festa ainda mais interessante.
Atirando de volta, eu olho ao redor para ver os nossos homens
lutando bravamente para derrotas os seus inimigos. O reforço não
demora e logo todo o trabalho de eliminar os inimigos é feito pelos
drones.
— Há um carro esperando a trinta metros. — Stefano me avisa
pelo comunicador.
Eu olho ao redor à procura de Leo, mas ele está longe de ser
visto. — Leo? — Chamo no comunicador, mas não há nenhuma
resposta. — Leo? — Assim que eu grito novamente, há uma
ricocheteada atrás de mim, em me abaixo bem há tempo de ter a
minha cabeça explodida por uma bala.
Foda-se!
— Eu o encontrei! — Romano grita no comunicador. — Ele caiu
no desfiladeiro. — Romano ruge enquanto mais tiros são soados em
sua direção.
— Stefano prepare uma distração. — Digo enquanto corro em
direção ao desfiladeiro.
Ao longe eu posso ouvir as sirenes e sei que os policiais estarão
aqui em pouco tempo. Eu preciso tirar Leo e dar o fora daqui o mais
rápido possível. O nosso objetivo foi atingido e todo o armazém foi
pelos ares juntos com a sua mercadoria.
Quando eu chego ao desfiladeiro, Romano está pendurado em
uma corda pronto para descer. Lá embaixo, Leo está preso em uma
árvore no meio do precipício. Um movimento em falso e ele
despencará desfiladeiro abaixo.
— Chame o médico para a cobertura. — Aviso Stefano enquanto
observo ao nosso entorno.
Os nossos homens resolveram o problema, eliminaram o
inimigo. Agora tudo que precisamos é tirar Leo e dar o fora daqui
antes que os policiais cheguem. Não que eu não os tenha em minha
folha de pagamento, mas eu não quero ter que lidar com esses
idiotas essa noite.
— Policiais há três minutos de distância. — Stefano avisa.
Leo e Romano surgem logo em seguida e o sorriso maníaco
ainda permanece no rosto do meu irmão caçula. Eu juro que esse
idiota é um completo lunático. Ele não só é imprudente como não
tem medo de nada.
— Vamos! — Eu agarro a sua mão ajudando-o a subir.
— Eu acho que vou tentar paraquedismos mais tarde. — Leo diz
atrás de mim rindo.
Eu balanço a cabeça enquanto marcho para o carro.
— Você é um idiota louco. — Romano diz sorrindo.
Leo dá de ombros. — O que posso dizer? É o sangue Santino
correndo em minhas veias. — Acrescenta. 
Vinte minutos depois estamos de volta à minha cobertura. As
perdas dessa noite não foram tão graves quanto poderia ter sido. Eu
confesso que não esperava que eles destruíssem seu próprio
armazém apenas como uma oportunidade de se livrar de nós.
Por sorte, nós não estávamos perto o suficiente.
— Quantos homens? — Pergunto à Romano para ter um número
exato de perdas e reavaliar as nossas estratégias.
— Apenas dois. — Diz entregando-me duas pastas pretas. —
Um de nossos homens conseguiu recuperar essas pastas antes que
o armazém explodisse.
— O que é isso? — Pergunto abrindo as pastas.
— Relatórios de entrega e rotas dos russos.
Eu abro a primeira pasta encontrando o que Romano acabou de
dizer, mas embora isso seja um grande achado, eu não sou tolo o
suficiente para confiar no que está escrito aqui. Os russos são
especialistas em pegadinhas e armadilhas. Isso poderia ser mais
uma forma de nos atrair para outra emboscada, então todo cuidado
é pouco.
— Quão grave é o seu ferimento? — Pergunto indicando a
mancha de sangue em seu peito.
— É apenas um arranhão. — Ele diz com indiferença.
Eu juro que esses idiotas vão acabar morrendo e nem
percebendo. Talvez seja uma característica dos Santino, porque
Leo, Stefano e até mesmo a minha irmã Sabina são iguais. E tenho
certeza de que eles dirão o mesmo sobre mim.
— Traga-me os relatórios do porto e a lista dos novos policiais
em nossa ficha de pagamentos. — Digo dispensando-o.
— Há algo mais. — Ele diz ainda parado no lugar.
— O quê?
— Sebastian Williams acabou de firmar esse acordo com
Petrova em troca de dinheiro. — Ele diz.
Sebastian Williams é um rato desprezível que vive à custa do
irmão mais velho que é um bilionário conhecido do mundo dos
investimentos, Levi Williams. O seu patrimônio foi avaliado em 110
bilhões de dólares no último ano. Sebastian era o seu diretor
financeiro até o último ano, quando ele desfalcou a empresa com
alguns milhões para manter o seu vício em jogos em nossos
cassinos.
— Quanto? — Minhas mãos se fecham em punhos.
— Dois bilhões e meio de dólares em troca de sua sobrinha.
— Sobrinha? — Isso tem minha atenção.
— Ela é a filha única de Levi e a sua ex-esposa, a advogada
Sofia Rossi, casada com Dominic Rossi.
Agora ele está de volta vendendo a própria sobrinha?
Porco imundo.
— Qual o seu parentesco com Dante? — Pergunto parecendo
mais interessado que deveria.
— Irmão.
Interessante.
— Traga-me um relatório sobre a garota. — Digo dispensando-o.
— Sim, senhor. — Desta vez ele se despede e saí.
Romano é filho do meu tio Giovani. Ele é uma máquina de puro
músculo e cérebro. A sua lealdade sempre foi com a família e eu o
respeito por isso. Atualmente, ele comanda os negócios aqui em
Seattle em minha ausência, mas em breve isso não será mais
necessário porque ele estará de volta à Itália para assumir o lugar
que era do seu pai como consigliere em Taormina.
Sebastian está disposto a vender a sua própria sobrinha pelo
maior preço. Eu me pergunto o que Petrova ganhará com isso, além
de um belo pedaço de bunda? Porque eu tenho certeza de que a
garota Williams deve ser uma beldade.
Educada e moldada para ser uma esposa troféu de algum
homem poderoso. Talvez eu deva propor uma aliança entre a garota
e Leo, fazer dele um homem casado e com responsabilidade, talvez
assim ele consiga domar a sua fera imprudente.
Eu me pergunto o que o poderoso Levi Williams dirá sobre isso?
 
 
3
ELLIE

 
Hoje é o dia.
Eu finalmente tomei coragem e não importa o que aconteça, eu
vou escolher alguém e deixá-lo me foder.
Ser uma boa menina tem me sufocado além de todas as coisas.
Eu quero experimentar a vida e ser uma garota comum com desejos
e travessuras.
O meu destino já foi traçado e não há nada que eu possa fazer
para mudar isso, a menos que eu queira atiçar a ira do meu pai. Levi
Williams é um homem poderoso e vingativo. Ele nunca me perdoaria
por arruinar os seus planos. E para atingir os seus objetivos ele não
hesitará em me usar sempre que tiver uma oportunidade.
Para ele eu sou apenas um meio para o fim.
Uma peça em sua engrenagem distorcida. Mas ele pode
escolher com quem eu vou me casar, mas nunca terá a minha alma.
É por isso que eu estou nesse bar esta noite.
Eu quero que a minha primeira vez seja com alguém da minha
escolha. Embora eu tenha preferido conhecer a pessoa e ter algum
tipo de envolvimento, eu vou aceitar isso como uma pequena vitória
minha.
A minha escolha de vestuário também foi baseada nisso.
Propositalmente, eu escolhi um dos vestidos de Natalie para usar
essa noite. Um vestido preto provocante com um decote em V que
vai até o meio da coxa, mostrando mais pele que eu já fiz em toda a
minha vida. Eu até pulei a parte da roupa de baixo. Não havia
sentido usar calcinha quando o meu intuito era ter uma foda rápida e
sem sentido. Uma jaqueta de couro preta e saltos 12 cm para
completar o visual.
Gostaria que as minhas amigas pudessem me ver agora, mas eu
ainda não contei a elas sobre o casamento. Eu não quero estragar
as suas férias, mesmo que eu esteja morrendo para fazer.
Elas são o meu porto-seguro.
A maquiagem é uma básica com apenas um olho mais marcado
e batom vermelho. Nada tão elaborado. O meu cabelo está solto em
um emaranhando que eu costumo chamar “natural sexy”. É o tipo de
cabelo que você acorda e apenas passa a mão para dar algum
volume e já está pronto.
As palavras do meu pai continuam se repetindo em minha
cabeça e além de lutar contra a dor e traição, eu ainda estou
assimilando o fato de que em breve eu terei que me casar com
alguém que eu nunca vi na minha vida.
Um casamento arranjado.
Quem ainda faz isso?
Pelo amor de Deus, é o século XXI. Ninguém deveria ser
obrigada a s submeter há algo assim. Embora eu seja maior de
idade, a minha vida é totalmente controlada pelo meu pai. Ele
conhece todos os meus passos e se certifica de que eu esteja
sempre na linha.
Suas palavras, não minhas.
Eu odeio isso.
Mamãe e Dominic ainda não sabem da decisão do meu querido
e nada amável, pai. Eu normalmente opto por mantê-los no escuro
de toda a merda que Levi apronta. Inclusive a sua última façanha.
Eu tinha acabado de voltar de Milão para visitar mamãe e fui
recebida com a bomba que mudaria a minha vida para sempre.
Levi não me quer fora de vista. Ele quer controlar cada passo
meu. Até mesmo o meu curso foi motivo para discussão. Ele odeia o
fato de eu não ter nenhum osso para os negócios, então arranjou
esse casamento para me controlar ainda mais.
A arte é a minha paixão.
Tudo começou como um hobby e agora eu não me imagino
fazendo outra coisa. Ele espera que eu seja a filha perfeita enquanto
ele me molda a seu modo para assumir os negócios da família
quando ele morrer, porque de acordo com ele não há uma chance
dele renunciar.
Boa sorte, velho.
Eu nunca quis assumir os negócios da família. Não entendo
nada de finanças e odeio cálculos. Ele até tentou me proibir de
frequentar a escola de artes, mas mamãe e Dominic saíram em
minha defesa graças a Deus e eu pude estudar o que eu queria.
Mas ele insistiu que eu fizesse um curso de negócios, caso contrário
ele não me permitiria frequentar a escola de artes.
Os meus avós paternos também são contra eu me tornar uma
artista. Eles, assim como o meu pai, acham que é um desperdício
de tempo e habilidades. Como se mexer com o dinheiro fosse à
salvação da Terra.
Ser a boa menina tem sido exaustivo.
Pela primeira vez em minha vida eu quero o caos e não vou
parar até estar satisfeita. É por isso que eu estou aqui está noite em
um bar que aparentemente é o ponto de encontro de todos os
empresários da cidade, porque eu nunca vi tanto homem de terno
em toda a minha vida.
O meu pai é um bilionário com uma esposa troféu que nada faz
além de organizar reuniões do seu clube da Luluzinha. Os meus
pais se separam quando eu tinha três anos e um ano depois minha
mãe se casou com um neurocirurgião italiano.
Ambos dividem suas vidas entre Seattle e Milão.
Sofia Rossi é uma advogada de imigração. Quando mamãe
estava na Itália eu ficava com o meu pai, mas odiava cada segundo
disso. De acordo com o meu pai, eu não deveria estar sozinha
enquanto eu podia estar com ele e minha madrasta odiosa.
Deus, eu odeio aquela mulher.
Ela nunca chegará nem aos pés da minha mãe.
Eu tenho um meio-irmão, Massimo, que é apenas dois anos
mais novo que eu. E amo o meu padrasto, Dominic. Ele é tudo que
o meu pai nunca foi para nós e adora o chão que minha mãe pisa.
Você deve estar confuso sobre a parte de eu querer me rebelar, não
é? Mas eu vou chegar nessa parte em breve.
Levi odeia Dominic com a força de mil de homens. Ele esperava
uma reconciliação com a minha mãe, mas graças aos céus Dominic
apareceu e evitou que isso acontecesse.
Não me levem a mal.
Eu não odeio o meu pai. Ele só não é uma pessoa familiar. Tudo
que importa para ele são os negócios e eu odeio isso. Eu odeio ser
apenas mais uma ferramenta em suas mãos.
É por isso que eu decidi que de agora em diante serei tudo que
eu quiser e não há nada nem ninguém que vai me impedir. Você
pode me achar mesquinha e mimada, mas não tem ideia do que é
ter a sua vida traçada e documentada como se fosse um maldito
programa de televisão.
Hoje eu quero ser livre.
Pelo menos por uma noite eu quero ser a Ellie e não a Eleanor
Williams, herdeira e perfeita filha do bilionário mais influente de todo
o maldito país.
— Mais um! — Peço batendo o meu copo novamente contra o
balcão.
Peter, o barman move o seu olhar para algo ou alguém atrás de
mim parecendo que viu um maldito fantasma, ele balança a cabeça
e se afasta deixando-me sem a minha bebida.
— Ei! — Grito para chamar a sua atenção, mas é inútil.
O que quer que ele tenha visto o assustou para caralho. Eu
estou prestes a me virar quando uma voz profunda e sexy soa atrás
de mim, fazendo todos os músculos do meu corpo tencionar.
— Você não acha que já teve o suficiente? — A voz sexy diz. 
A minha cabeça dá um solavanco para trás. Um suspiro deixa os
meus pulões quando os seus olhos caem sobre ele. Minha
respiração fica presa em minha garganta enquanto seus olhos azuis
queimam em mim.
Vaca sagrada!
Essa é a primeira coisa que eu penso quando os meus olhos
caem sobre o estranho diante de mim. Ele é sem dúvida o homem
mais bonito que eu já vi em toda a minha vida. Maduro e sexy como
o pecado. Alto, másculo e com uma pele morena que faria qualquer
um cantar odes à sua beleza. E o que é esse barulho desenfreado
em meu peito?
Espere!
São os meus batimentos cardíacos?
Porque eles estão tão agitados.
Deus, eu estou babando?
— Quem é você? A polícia da bebida? — Eu me recomponho
rapidamente.
Ele sorri e eu sou uma poça derretida.
Quando ele se aproxima, o cheiro especiarias invadem o meu
sistema, fazendo todos os músculos abaixo da minha cintura
apertar.
O que diabos foi isso?
Nenhum homem jamais despertou tão sentimento em mim.
— Alguém que está reivindicando o que é seu. — Diz ainda
sorrindo.
Deus, a audácia dele.
A minha boca se abre e fecha e nenhum som sai. Esse homem
claramente queimou alguns neurônios em meu cérebro, porque eu
definitivamente perdi a capacidade de falar perto dele. Talvez eu
tenha bebido demais como ele observou. Eu preciso me recompor e
colocar a sua bunda arrogante em seu lugar.
— O que é isso? — Pergunto estreitando os meus olhos para
ele.
— Você. — Diz e novamente eu perco o fôlego.
Merda.
Esse homem não é apenas lindo. Ele é sexy e perigoso como o
inferno. Eu sei que a minha intensão hoje era encontrar um cara
aleatório e foder o meu cartão V, mas eu não sei o que aconteceu
depois que ele apareceu, porque de repente eu estou tendo essas
imagens de nós dois juntos e isso não parece certo.
— Você está louco. — Eu digo puxando algumas notas da sua
bolsa. — Tenha uma boa noite. — Digo quando salto do banquinho
e me afasto dele e seu magnetismo. Mas eu não vou muito longe,
porque em breve a sua mão agarra o meu braço puxando-me contra
o seu peito duro.
Caramba!
Ele é forte.
Minha mente corre solta com imagens dele segurando-me em
seus braços enquanto aqueles lábios pecaminosos que eu quero
muito beijar deslizam contra os meus. Como seria se ele me
beijasse agora?
Balançando a minha cabeça, eu afasto os pensamentos sujos e
o empurro o seu peito para me libertar. — Que diabos! — Ele nem
se move. — Deixe-me ir! — Eu bato em seu peito, mas ele é como
uma rocha.
Firme e difícil de mover.
— Nunca. — Digo trazendo o seu rosto para o meu.
Eu paro de respirar.
Os seus olhos são ferozes e ele parece prestes a me devorar
aqui e aos olhos de todos. Mas isso é outra coisa estranha que eu
percebo, por que ninguém está olhando em nossa direção? Por que
ninguém interveio quando ele me abordou?
Quem é esse homem?
— O que você quer de mim? — Pergunto segurando o seu olhar
faminto.
Ele sorri e meus olhos são atraídos para os seus lábios. Eu não
sei o que há de errado comigo, mas de repente eu tenho todos
esses desejos estranhos e meu corpo não parece o mesmo.
 
— Tudo. — Diz.
Eu quase não registro as suas palavras porque estou muito
ocupada cobiçando os seus lábios. Deus, ele tem lábios perfeitos
que eu adoraria beijar. Um sorriso conhecedor cruza o seu rosto
trazendo-me para o presente e eu logo me recupero do seu
encanto.
— Oh! Sim? — Eu o empurrando para longe e desta vez ele me
permite. Mas porque eu sinto a falta do seu calor?
— Não finja que você também não sente isso e eu a deixarei em
paz. — Ele diz fechando a distância entre nós.
Oh! Deus!
— Eu não sei do que você está falando. — Minto.
Ele sorri. — Não minta para mim, linda.
— Você está louco. — Eu grito.
— Isso está ficando velho, linda. Que tal você admitir o que
sente para que possamos passar para a próxima fase pela qual
estou fodidamente ansioso. — Ele diz.
— E o que seria isso? — Pergunto curiosa com a sua linha de
pensamento.
— Que nós dois queremos foder um ao outro mais que respirar o
próximo ar. — Ele dá de ombros parecendo muito confiante.
Tão arrogante.
— Você é muito cheio de si. — Zombo.
— Não. Apenas realista.
— Você está maluco se pensa que eu vou fazer sexo com você.
— Digo passando para fora não prestando atenção ao meu
caminho.
Não sei por que, mas ele me deixou perturbada de uma forma
que eu mal me conheço. Talvez vir aqui tenha sido uma péssima
ideia. Eu deveria ter chamado Naty e Ali para sair e encontramos
alguns garotos juntas. Mas antes que eu possa perceber, eu estou
sendo jogada contra a parede e seus lábios estão nos meus e todo
o resto é esquecido.
Tudo que eu posso me concentrar agora é em como eu amo a
sensação dos seus lábios contra os meus. A sua boca exige entrada
como um dominante ansioso para ter a sua próxima dose de vício.
Os meus lábios se abre por vontade própria e eu o beijo de volta
desejando que ele nunca pare.
 
4
NICCO
 
 
 
 
A sua boca se abre dando-me permissão para finalmente beijá-la
adequadamente. Normalmente, eu não tenho que trabalhar tanto
para conseguir a atenção de uma mulher, mas essa é diferente.
Ela geme em minha boca enquanto suas mãos vagueiam pelo
meu corpo como se não pudesse tocar o suficiente. Eu gosto disso,
talvez até mais do que gostaria de admitir.
A minha boca se move com urgência contra a sua. Eu nunca
estive tão desesperado para ter uma mulher como eu faço agora.
Os seus gemidos estão me deixando fodidamente louco. Meu pau
nunca esteve tão duro e eu não estranharia se de repente eu viesse
em minhas próprias calças como um maldito adolescente apenas
ouvindo os seus gemidos excitados.
Porra.
Eu preciso retardar isso antes que eu acabe tomando aqui nesse
beco escuro. O meu pau salta em minhas calças com a ideia, mas
eu logo me afasto ignorando o seu gemido de protesto e meu pau
dolorosamente duro em minhas calças.
— Isso era tudo que você tinha? — Ela me provoca sem fôlego
enquanto os seus olhos selvagens queimam nos meus.
Ela é tão linda.
— Não foi nem o aquecimento, farfalla. — Digo tomando os seus
lábios em um beijo rápido.
Agarrando a sua mão, eu a conduzo para fora do beco e para o
meu carro estacionado do outro lado da rua. O meu olhar caí para o
meu primo Romano, que é um dos meus homens de confiança. Ele
e meu irmão Stefano são os meus olhos e braços em todos os
lugares.
Eu disse a ele que estaria saindo esta noite sozinho, mas é claro
que um deles tinha que ser a minha sombra. Lealdade é tudo em
nosso mundo. Stefano deve estar ocupado com algo para enviar o
nosso primo, mesmo sabendo que eu não preciso de reforço para
andar pelas ruas de Seattle.
Embora a Sicília seja o meu reino, as nossas alianças e raízes
me fizeram conhecido em todo o mundo. Não há quem seja
estúpido o suficiente para se atrever a mexer comigo e não esperar
uma maldita guerra.
Exceto os malditos russos, é claro.
Esses idiotas acham que são páreos. Eles não poderiam estar
mais enganados. Mas de volta à bela à minha frente. Eu vejo como
ela morde o lábio, evitando o meu olhar enquanto mexe com os
seus dedos.
— Onde estamos indo? — Ela pergunta quando eu abro a porta
do carro para ela.
Os meus olhos são atraídos pelo movimento das suas coxas
lisas e completamente à mostra. Eu odeio esse pedaço de pano que
ela está usando como uma desculpa de vestido. Mal posso esperar
para rasgá-lo fora de seu corpo. Apenas o pensamento faz o meu
pau saltar em minhas calças.
— Longe daqui. — É tudo que eu lhe dou antes de afivelar o seu
cinto e fechar a porta enquanto dou a volta no carro.
— Isso não me diz nada. — Ela cruza os braços sobre os peitos
elevando-os e é a porra de uma tortura não tomá-los em minha
boca.
— É tudo que você precisa saber agora, linda. — Dou-lhe o meu
melhor sorriso enquanto coloco o carro em movimento.
— Como eu vou saber que você não é um assassino em série
que vai me matar, cortar meu corpo em partes e espalhar pela
cidade? — Pergunta ainda me olhando com intensidade.
Uma gargalhada escapa do meu peito, assustando-me tanto
quanto a ela. Normalmente, eu não sou um homem de risadas. Mas
isso realmente me fez perceber o quanto essa mulher é diferente de
todas as outras com quem já estive.
— O que é tão engraçado? — Ela parece ofendida.
— Você, farfalla. — Digo sorrindo, mas ela não sorri de volta.
— Eu estou falando sério. — Ela diz irritada.
— Você é tão fofa. — Digo ainda sorrindo.
— Eu não sou fofa! — Reclama com um bico.
O que a torna ainda mais fofa.
— Relaxe, farfalla! Eu garanto que nós não faremos nada que
você não queira. — Pisco para ela sorrindo, mas isso só a intriga
ainda mais.
— Certo. — Ela bufa. — Você não me parece o tipo de homem
que qualquer mulher rejeitaria nada.
— Eu vou tomar isso como um elogio, embora eu não tenha
tanta certeza de que foi isso. — Digo.
— Não foi. — Ela rebate e meu rosto se abre em outro sorriso.
Eu mal a conheci e já sorri mais que toda a minha vida. Sem ter
nenhuma ideia, essa linda e cativante garota está ficando sob a
minha pele a cada minuto que passa. Será que ela sente o mesmo?
— Você é sempre tão pessimista assim? Ou eu sou apenas o
contemplado? — Pergunto na tentativa de aliviar o seu nervosismo.
Embora ela esteja atraída por mim, eu sei que ela também está
curiosa e com um pouco de medo. E eu não a culpo por isso.
Confiar em outras pessoas é a coisa mais difícil de fazer,
principalmente em meu mundo. Mas eu nunca a faria mal.
Ela sempre estará segura ao meu lado.
— Você parece muito seguro de si mesmo. Por que isso? — Ela
pergunta ao mesmo tempo, em que eu paro o carro em frente ao
hotel que estou hospedado enquanto o meu lugar fica pronto.
— Não há um mistério. Esse sou eu. — Digo saltando do carro,
dando a volta e abrindo a sua porta.
Os seus olhos verdes encontram os meus e eu vejo todas as
perguntas não ditas que ela quer me fazer, mas se abstém. Não sei
o que ela estava pensando ao ir há um bar para pegar alguém
aleatório e fodê-lo, mas a darei um desconto por isso. Afinal de
contas, ela não tem nenhuma ideia.
— Você sempre estará segura comigo, farfalla. — Digo ficando
bem próximo ao seu rosto.
O seu peito sobe e desce como se ela estivesse lutando contra
algo enquanto seus olhos caem para os meus lábios. Eu vejo o
desejo dilatado em suas íris enquanto ela tenta esconder a todo
custo.
Minha farfalla quer me beijar.
Isso definitivamente tem o meu ego inflado.
— Precisamos de regras. — Ela diz quebrando o nosso
momento.
— Você tem toda a minha atenção, farfalla. — Digo ao desfazer
o cinto e ajudá-la a descer do carro.
Pelo canto do olho, eu vejo o carro de Romano se aproximar. O
idiota é teimoso demais para o seu próprio bem.
— Sem nomes, endereços ou qualquer informação pessoal. —
Ela diz enquanto caminha ao meu lado.
Agarrando a sua mão na minha, eu a conduzo para dentro do
hotel. O porteiro me cumprimenta com um aceno sutil e abaixa à
cabeça em sinal de respeito, o mesmo acontece com as
recepcionistas. Nenhum deles se atreve a fazer qualquer movimento
enquanto eu a levo pelo salão em direção ao elevador privado.
— Hum... Você não precisa se registrar ou algo assim? — Ela
pergunta incerta quando eu não paro.
— Elas sabem quem eu sou. — É tudo que eu digo.
— Oh! Você é um hóspede? — Ela parece aceitar a sua
premissa facilmente.
Eu não a corrijo. — Algo assim.
Às vezes, a ignorância é a melhor saída.
— Você está aqui a lazer ou negócios? — Pergunta quando
tomamos o elevador e eu digito o código para o meu andar.
Curiosa.
Eu gosto disso.
Minha farfalla quer saber mais sobre mim.
— Eu pensei que não trocaríamos nenhuma informação pessoal.
— Digo e ela estreita os olhos para mim em fúria.
— Você está certo. — Ela abaixa a cabeça parecendo
desapontada. Foda-me!— Desculpe, eu não deveria ter perguntado
isso. — Ela tenta soltar a minha mão, mas eu a aperto mais forte,
fazendo-a olhar para cima para encontrar o meu olhar.
— Você não precisa se desculpar comigo, farfalla. — Digo
levando à sua mão a boca e beijando as costas dela.
Ela morde o lábio novamente soltando um pequeno gemido que
faz o meu pau se mover em minhas calças, ansioso para deslizar
por entre esses lábios grossos e macios. — Negócios, farfalla. —
Digo sem tirar os olhos dela.
Ela engole em seco desviando o olhar primeiro. Eu nunca pensei
que minha pequena farfalla fosse tímida. Será que ela é tímida
também no quarto? Quantos homens mortos a fizeram gozar?
Porque eu juro que vou caçar todos eles e matá-los com as minhas
próprias mãos por tê-la tocado.
— Quantos anos você tem? — Pergunta baixinho e eu não
posso deixar de sorrir.
A minha aparência nunca foi uma preocupação antes, muito
menos a minha idade, mas por algum motivo eu me sinto um pouco
em desvantagem em relação a ela quando se trata disso. Embora
os meus anos a mais signifiquem mais experiência, eu não posso
competir com a sua altivez. Mas nenhum garoto jamais se
comparará a mim e o que eu posso fazer com o seu corpo.
— Isso é importante? — Eu fecho a distância entre nós e a sinto
vibrar contra mim. A sua boca se abre e fecha como se ela quisesse
dizer algo, mas nada saí.
Pressionando-a contra a parede de aço, eu enterro o meu rosto
na curva do seu pescoço enquanto minha língua desce para o oco
de sua garganta. Ela cheira a jasmim. E santo inferno, eu quero
nada mais que lamber todo o seu corpo em direção à sua boceta
que eu tenho certeza de que é tão doce quanto.
Ela geme cravando suas unhas em meu pescoço. Deslizando
minha perna entre as suas coxas, eu aplico um pouco de pressão
em seu núcleo e assisto montar o meu pau como se estivesse
desesperada por isso.
Foda-me!
Essa garota será a minha ruína.
Eu continuo o meu ataque, deslizando minha mão para cima e
para baixo em seu corpo enquanto ela me monta. O seu peito sobe
e desce arrepios dançam em sua pele pecaminosa.
Eu quero tanto fodê-la agora.
O meu pau nunca esteve tão duro antes. É preciso toda coragem
e resistência para me afastar dela, mas eu faço. A gratificação
atrasada é muito mais prazerosa, e eu pretendo tomar o meu tempo
adorando o seu belo corpo toda à noite.
 

 
 
 
5
ELLIE
 

 
As postas do elevador se abrem e ele se afasta, me deixando
carente e ofegante. Leva alguns segundos para o meu cérebro
reagir, obrigando o meu corpo a se mover. O Hall é amplo e
elegante com apenas uma porta em todo o andar.
— Apenas um quarto? — Eu deixo escapar os meus
pensamentos.
— Cobertura. — Explica enquanto digita um código na porta
digital.
É obvio.
Como eu não pensei nisso antes? Talvez tenha sido porque o
seu cérebro virou mingau no momento em que ele te tocou? Ou
talvez tenha sido quando ele me beijou? O fato é que esse homem é
definitivamente perigoso para mim.
Ele nem me fodeu e já fez um estrago em meu cérebro. Eu ainda
posso sentir o seu comprimento rígido contra o meu centro. Deus,
ele é enorme. Uma noite é tudo que eu preciso para me livrar do
meu cartão V e ainda conseguir algum tipo de controle sobre a
minha vida. Porque não há nenhuma maneira que eu vou me
entregar ao meu futuro marido escolhido por meu pai.
Um zumbido de eletricidade crepita entre nós, e eu me forço a
resistir ao impulso de pular em seus ossos. O homem não só pintou
o quadro em meu cérebro, mas em minha pele. Meu corpo traidor
anseia pelo seu toque e seus beijos.
Quando passamos para dentro do quarto, os meus olhos caem
sobre a sua bunda. E que bela bunda. Ele deve malhar bastante
para conseguir um resultado tão satisfatório. O jeans escuro que ele
está usando esticando cada músculo de seu corpo poderoso. As
minhas mãos coçam para apertá-la.
Eu fecho as minhas mãos em punhos para me controlar
enquanto os meus olhos absorvem o lugar. O quarto é elegante e
moderno, assim como a maioria dos quartos de hotéis de luxo.
Nenhuma surpresa aqui.
O que me surpreende é a caixa com o slogan da Rembrandt.
Essa é uma das melhores marcas de tintas óleo de todo o mercado,
se não, a melhor e também mais cara. Ele não me parece do tipo
artístico.
Por que ele teria algo assim?
— Você pinta? — Pergunto voltando minha atenção para ele.
Os seus olhos vão da caixa para mim enquanto ele me estuda
com curiosidade. Eu me pergunto se ele tem uma namorada ou
esposa esperando por ele. Será que ele é um trapaceiro? Por que
eu não perguntei isso assim que ele se aproximou?
“Deve ter sido porque você ficou sem palavras?” O meu cérebro
me repreende rapidamente.
— Você é casado? — Pergunto.
Ele sorri.
Irritação toma conta de mim. Como eu pude ser tão idiota? Eu
nem mesmo me preocupei em saber se ele era um homem livre e já
aceitei pular dentro de seu carro como se isso não fosse importante.
Que idiota eu fui.
— Desculpe. Isso foi um erro. — Digo enquanto me viro para sair
quando a sua voz me para.
— Não.
Eu paro.
— Você está respondendo a qual das minhas perguntas? — Eu
me viro para encará-lo.
— Ambas. — Ele diz dando um passo em minha direção
enquanto eu dou um passo para trás, mas acabo encurralada contra
a porta e seu corpo poderoso pressionado contra o meu.
É um alívio.
Pelo menos eu não estou sendo uma destruidora de lares. Eu
nunca me perdoaria por algo assim. Acredito que as pessoas
precisam se respeitar e ao seu par em um relacionamento. Se não
está bom para você, então termina as coisas e só então você pode
fazer o que quiser.
Odeio trapaceiros e nunca me rebaixaria assim.
Ele está tão perto.
Eu não consigo pensar direito com ele assim tão perto de mim.
Meu coração dispara em meu peito e minha respiração fica presa
em minha garganta. Ele se inclina e seu cheiro invade todos os
meus sentidos. Cada terminação nervosa em meu corpo vibra em
antecipação.
— Por que as tintas? — Eu consigo perguntar em um sussurro.
— É um presente. — Ele sussurra ao meu ouvido e, ao mesmo
tempo, que a sua aproximação me deixa quente em todos os
lugares, eu também posso sentir o bichinho verde do ciúme rastejar
sobre minha pele.
Presente?
Para uma mulher?
Não que isso seja da minha conta, mas perguntas ficam presas
em minha garganta enquanto nós dois nos encaramos. Eu vejo a
mudança em seu olhar. Há um toque sombrio e isso desperta minha
atenção. Como se ele estivesse se segurando. Mas a questão aqui
é por quê?
Quem é esse homem?
— O que acontece agora? — Pergunto quando ele acaricia o
meu rosto com as costas da sua mão.
O seu toque é tão gentil que eu quero me enrolar nele como uma
gata no cio. Não sei de onde saiu isso, mas de repente, eu sou
carente pelo seu toque. E eu nem tenho vergonha disso.
— Tão ansiosa. — Ele se inclina e beija o meu pescoço, então
se afasta.
Os meus joelhos cedem em sua ausência.
— Você precisa de uma bebida. — Ele diz caminhando até o bar.
Um bufo me escapa. — Eu pensei que você tinha dito que eu
tinha bebido demais por uma noite.
Ele não diz nada e eu aproveito para olhar ao redor. Não há
nenhum toque pessoal. Bem, não é como se eu esperasse visto que
é um quarto de hotel. Ele não vive aqui e pelo que disse está
apenas de passagem.
Quantas mulheres ele trouxe aqui?
— Você vem muito a Seattle? — Pergunto virando-me para
encará-lo.
— Não era o meu destino preferido até está noite. — Ele diz
entregando-me uma taça de vinho tinto.
O que isso quer dizer?
— A nós. — Ele sorrindo sob a borda de seu copo de uísque.
— Obrigada. — Digo aceito tomando um gole da bebida para
descobrir que é suco integral de uva. — Você não é engraçado. —
Digo sorrindo.
Ele sorri de volta. — Eu preciso de você sóbria para o que eu
pretendo fazer.
Oh! Deus!
O movimento dos seus lábios me mantém presa em algum tipo
de feitiço. Todo o meu corpo aperta com o desejo reprimido. Meu
núcleo aperta e eu posso sentir o meu pulso acelerar.
Os seus olhos estão em chamas.
Famintos e cheios de luxúria.
O que só intensifica o meu desejo. Eu nunca me senti assim
antes. O brilho neles é suficiente para fazer minha pele corar em
antecipação. De repente o quarto ficou muito quente. Ou seria
apenas eu?
Deus, eu o quero tanto.
E eu nem estou tentando disfarçar isso.
Empurrando a minha jaqueta dos meus ombros, eu percebo a
mudança em seu olhar. De alguma forma, eu sinto que acabei de
atiçar a fera dentro dele. O calor do seu olhar me deixa quente e
incomodada em todos os lugares.
Santa mãe!
Esse homem realmente me deseja.
O seu olhar se fixa em meu decote fazendo as suas narinas
dilatarem. Eu nunca experimentei nada assim antes, mas posso
dizer que seu corpo está em chamas, bem como o meu.
Um desejo ardente corre entre nós.
A batida rápida em meu pulso é apenas um indício do quanto eu
o desejo também. Todos esses sentimentos são novos e vibrantes.
Nunca me ocorreu que a minha primeira vez fosse com um estranho
que eu peguei em um bar, mas embora nada tenha acontecido entre
nós ainda, eu não mudaria nada.
Os meus mamilos apertam sob o seu olhar faminto inundando a
minha calcinha com uma onda de desejo. Eu nunca estive tão
excitada em toda a minha vida, nem mesmo quando eu me tocava.
E o pior de tudo isso é que ele nem mesmo me tocou ainda.
Como eu vou sobreviver a isso?
Quando decidi fazer isso, eu não tinha ideia que iria encontrar
alguém tão intenso como ele. Não que eu esteja reclamando, mas
talvez se fosse alguém menos atraente, talvez eu não me sentisse
assim como se ele fosse o único.
— Como devo chamá-lo? — Pergunto com a voz trêmula.
— Nicco. — Ele diz seus olhos ainda presos nos meus.
Nicco?
Será o seu nome real? Ou apenas algo que ele inventou?
Não importa de qualquer forma.
Isso não é sobre quem nós somos. O nosso único objetivo é
foder e nunca mais nos vermos. Pelo menos foi isso que ele me
prometeu quando me abordou no bar. Eu espero que ele possa
manter a sua palavra depois que nós terminarmos.
Eu estou bem com isso?
Sim e não.
É confuso.
— Que tal você? — Pergunta tirando-me dos meus devaneios.
Franzo a testa em confusão. — O quê?
— Como eu devo chamá-la? Ou você prefere que a chame de
farfalla? — Ele sorri e minhas partes de menina apertam.
Farfalla.
Significa borboleta em italiano.
Eu gosto disso.
— Você pode me chamar de Lisa. — Digo batendo as
sobrancelhas para ele.
Ele franze a testa com um sorriso escondido, e apenas acena
em concordância. Pelo menos ele não me perguntou o motivo de eu
ter escolhido esse nome para se referir a mim mesma.
A Mona Lisa é a pintura mais famosa e também considerada a
mais bonita de todos os tempos. Leonardo Da Vinci criou uma
perfeição que hoje é exibida no museu do Louvre em Paris.
É uma das minhas favoritas também, embora eu tenha como
inspiração John Constable e Asher Brown Durand. A arte é a
manifestação de nossas emoções, e cada um escolhe transmitir o
que está sentindo na tela.
— Lisa. — Ele testa o nome em sua boca. — Eu gosto disso,
combina com você. — Ele diz com um sorriso gentil.
— Obrigada. — Sorrio de volta um pouco embriagada com o
elogio.
Em duas passadas ele está bem diante de mim. Minha
respiração engata enquanto meus batimentos cardíacos disparam.
Inclinando-se, a sua cabeça desce para o meu pescoço, deslizando
sua língua pela minha pele. E puta merda, eu o sinto em todos os
lugares.
Minha boceta aperta, pulsando com o desejo de ter o mesmo
tratamento. Os seus dentes raspam contra a minha pele fazendo um
gemido escapar dos meus lábios. As minhas pernas se fecham
desesperada por algum alívio enquanto ele continua o seu ataque
em meu pescoço.
Eu não quero que ele pare nunca.
A sua mão desliza pelas minhas costas nuas. Minha pele está
pegando fogo com o seu toque. Uma onda escaldante ameaça me
derreter enquanto ele explora a minha pele como se fosse o seu
novo passatempo favorito.
— Tão perfeita. — Ele sussurra contra a minha pele, tomando os
meus lábios como se não pudesse mais esperar para me beijar
novamente.
Sim, por favor!
As minhas mãos têm vida própria e deslizam por seu cabelo
macio, puxando-o e aprofundando o nosso beijo. Eu nunca beijei
assim antes como se pudesse explodir de desejo.
Meus seios se levantam e minha respiração dispara. A sua mão
livre agarra o meu pescoço, afastando o meu cabelo para o lado
enquanto ele arrasta os seus lábios contra a minha pele carente.
Eu arqueio contra ele sentindo a dureza em meu estômago. Ele
alcança o zíper do meu vestido e eu tremo em seus braços quando
ele morde o lóbulo da minha orelha. Minha calcinha agora
completamente arruinada.
Jesus Cristo!
— Diga-me, linda. Quão molhada você está para mim? — Ele
sussurra e eu derreto em seus braços.
Vermelho tinge minhas bochechas e eu mal posso respirar
corretamente. Esse homem certamente não tem medo de falar o
que está em sua mente. Eu me pergunto o que ele vai fazer quando
descobrir que eu sou uma virgem?
Merda.
Por favor, não deixe que ele se arrependa de estar comigo. Seria
totalmente humilhante ser rejeitada dessa forma. Ele não faria isso,
faria? Eu não tenho tanta certeza disso, mas quando ele se afasta e
segura o meu olhar eu já não estou tão confiante como antes.
— Diga-me! — Exige.
Os seus olhos queimam nos meus com uma intensidade que eu
nunca tinha visto antes. Se eu tivesse um tempo para conhecê-lo,
diria que ele é muito autoritário e possessivo.
Arrogante incurável.
— Muito. — Dou o que ele deseja.
Embora tenha sido coagida, eu realmente faço. Talvez ele tenha
me arruinado para todos os homens. Coitado do meu futuro marido,
ele nunca terá uma chance depois dessa noite. Mas mesmo assim
eu não vou me arrepender de estar com esse estranho.
— Isso é bom, farfalla. — Ele sussurra batendo os seus lábios de
volta nos meus enquanto empurra o zíper do meu vestido para
baixo, deixando cair aos meus pés e me deixando apenas em meus
saltos.
Eu dou um passo para o lado para não tropeçar no vestido e o
seu olhar cai sobre o meu corpo nu. Minhas terminações nervosas
vibram de excitação diante de seu olhar faminto.
A intensidade do seu olhar quase me tem de joelhos. Eu nunca
me senti tão desnuda em toda a minha vida. Ninguém já me viu
assim antes. Nem mesmo as minhas amigas, por sorte, eu tenho
sempre a área lá embaixo bem aparada ou estaria mortificada agora
com o seu olhar intenso. Talvez eu ainda esteja.
Eu sinto que ele pode ver através da minha alma.
— Foda-se! — Ele rosna quando os seus olhos descem para as
minhas partes de menina e um assobio escapa de sua garganta.
Os meus mamilos apertam e seus olhos se tornam ainda mais
intensos. Minha pele está em chamas, os meus mamilos estão
eretos e minha respiração ofegante. Os seus olhos saltam do meu
corpo para os meus e eu posso sentir o quanto ele me deseja
apenas com olhar.
É excitante.
— Meravigliosa! — Ele grunhe e antes que eu possa pensar
direito, ele está em cima de mim. — Você é o próprio pecado em
forma de mulher, farfalla. — Ele murmura agarrando-me e jogando-
me sobre a cama.
Eu não tenho a chance de emitir qualquer som, exceto um
gemido. Porque no segundo que as minhas costas atingem o
colchão macio, ele está entre as minhas pernas abrindo-me e
expondo a minha carne para ele.
Eu coro.
Minhas orelhas queimam e quando ele desliza o nariz ao longo
das minhas dobras eu solto um grito que mais parece um gemido
animalesco. As suas mãos seguram os meus seios apertando os
meus mamilos e me fazendo arquear contra a cama.
— Oh! Deus! — Gemo empurrando os meus quadris para ele.
— Tão sensível. — Sussurra contra a minha carne.
Ele arrasta um dedo por minhas dobras e eu juro que um rio
desata dentro de mim. Apertando os meus lábios para me impedir
de gemer mais alto, eu tento acalmar a minha respiração enquanto
me concentro no seu toque.
Ele belisca o meu mamilo e minha umidade escorre pelo meu
núcleo. Mortificação toma conta de mim, mas Nicco não parece
nenhum pouco preocupado com isso. Se eu tivesse que descrevê-lo
agora, diria que ele está gostando de me fazer contorcer em minhas
entranhas.
A sua língua desliza pelas minhas dobras de novo e de novo
fazendo o meu corpo arquear contra ele. Porra! Os meus olhos
reviram atrás da minha cabeça enquanto os seus dedos brincam
com os meus mamilos enquanto a sua boca se fecha contra o meu
clitóris causando todas essas sensações que eu não sabia que
existia.
Deus, essa boca.
Eu sou uma bagunça ofegante me contorcendo embaixo dele.
Nicco desliza um dedo dentro de mim enquanto chupa o meu clitóris
e eu juro que vejo estrelas. Eu nunca estive tão perto de gozar. Não
sei como ele faz, mas alguém deve ter lhe dado um mapa direto
para o meu prazer.
Minhas unhas cavam em seus ombros e só então eu percebo
que ele ainda está completamente vestido. Mas eu não tenho a
chance de perguntar porque no segundo seguinte ele está abalando
o meu mundo com a sua boca e dedos.
— Minha! — Ele murmura deslizando um segundo dedo dentro
de mim, fechando os seus dentes contra o meu clitóris e me fazendo
ver estrelas.
Oh! Deus!
O que ele está fazendo com o meu corpo?
SIM!
Por favor, não pare.
— Eu vou... — Não consigo terminar a frase.
— Goze para mim, farfalla. — Ordena e meu corpo quebra em
sua boca.
Eu gozo tão forte que minha visão embaça. Todo o meu corpo
treme enquanto ele continua a arrancar prazer do meu corpo com os
dedos e sua boca pecaminosa. Eu me contorço debaixo dele sem
nenhuma vergonha. Toda a inibição foi para o alto quando ele me
tocou.
— Minha! — Ele repete e só então eu me dou conta do que ele
quer dizer, mas isso não é possível. Talvez se nós quisermos nos
enganar, eu possa ser sua apenas por essa noite, porque depois
dessa noite não será possível.
Eu nunca poderei ser sua.
 
 
 

 
 
 
 
 
6
ELLIE

 
 
 
— Boa menina. — Ele diz quando se afasta.
Os meus olhos desfocados encontram os seus. Eu amo a
intensidade por trás dos seus olhos, sinto como se ele pudesse ver
através da minha alma.
É enervante.
Sinto-me desossada.
— Chupe! — Exige deslizando os seus dedos cobertos com a
minha excitação em minha boca.
Eu coro.
Minhas bochechas explodem em um tom de vermelho vibrante,
mas como se meu corpo tivesse vida própria, eu me vejo deslizando
meus lábios ao redor dos seus dedos.
Os seus olhos se tornam mais intensos, nublados de desejo e
isso me excita ainda mais. Apreciação dança em suas íris enquanto
eu lambo os seus dedos como se fosse a minha coisa preferida no
mundo.
— Você é uma provocadora, farfalla. — Ele diz em um tom rouco
e sexy que reverbera em todo o meu corpo.
Merda.
Ele me tem onde quer.
Nicco se afasta segurando o meu olhar com uma fome primal.
Parece que eu sou a sua única refeição em dias. Os meus mamilos
apertam e núcleo dói com necessidade de tê-lo dentro de mim. O
contorno de seu pau em suas calças me diz que eu estava certa
sobre ele ser avantajado. Aparentemente, ele é um homem muito
abençoado em todos os departamentos.
Lindo, sexy e inteligente.
O que mais ele poderia pedir?
Um homem como ele poderia ter qualquer mulher que eu
quisesse. E embora eu me considere uma pessoa interessante, eu
nunca imaginaria chamar a atenção de um homem como ele.
Nicco tem certo mistério sobre ele.
Eu não consigo definir o que o torna tão interessante e
misterioso, talvez seja o conjunto das coisas. Ele é mais velho,
experiente e isso por si só já o torna muito atraente. Mas há algo
mais.
O que ele esconde?
Ele empurra o paletó para fora dos seus ombros, dando-me uma
visão dos seus músculos apertados contra o tecido fino da camisa.
Os seus olhos estão grudados nos meus enquanto ele desabotoa as
abotoaduras e começa a desfazer cada botão lentamente.
Eu engulo em seco.
A visão do seu abdômen me faz querer rastejar pelo seu corpo e
lamber cada centímetro de sua pele. Eu nunca vi um homem nu de
perto. Nicco claramente malha muito para manter esse corpo.
Eu diria que ele invejaria qualquer jovem em seu melhor estado.
Ficando em meus cotovelos, eu assisto ao pequeno show que ele
está me dando como uma espectadora muito satisfeita.
Nicco parece gostar, porque um sorriso arrogante cruza o seu
rosto quando o último botão é desfeito, revelando o mais
impressionante abdômen de todos. Eu definitivamente quero passar
minha língua por toda extensão de seu peito.
— Apreciando a vista? — Pergunta com um sorriso conhecedor.
Mordendo o meu lábio, eu sorrio de volta. — Muito.
A sua calça é a próxima e os meus olhos caem para a magnífica
haste em suas cuecas. Deus, ele é enorme. As suas coxas são
musculosas e eu juro que nunca fiquei tão molhada em toda a
minha vida apenas observando um homem nu.
Você nunca viu um pessoalmente. O meu cérebro me lembra.
Certo.
Talvez ele me tenha em desvantagem aqui, mas, se todos os
homens tiverem apenas 1% disso, eu entendo porque o sexo é tão
apreciado. Não sei por que eu perdi tanto tempo.
Eu deveria ter feito isso mais cedo.
— Se você continuar me olhando assim, nós vamos acabar mais
rápido do que eu pretendo fazer, farfalla. — Ele diz empurrando a
cueca para baixo e revelando a última parte do seu corpo ainda não
vista.
Santa mãe!
Eu ouço o que ele diz, mas meu cérebro parece ter virado
mingau, porque eu não consigo desviar o olhar de seu pau
gloriosamente duro contra as suas coxas tonificadas. Os pelos bem
aparados, a veia grossa cobrindo a sua haste e a cabeça bulbosa
que eu quero muito envolver em meus lábios e lhe dar o mesmo
prazer que ele me deu mais cedo.
Eu nunca fiz isso, mas eu vi pornô o suficiente para me certificar
uma estrela pornô. Bem, talvez nem tanto. Uma garota precisa
conhecer o território antes de se aventurar e foi isso que eu fiz.
O que importa é a intenção, certo?
Os seus lábios torcem enquanto ele agarra o seu pau em uma
mão acariciando-o para cima e para baixo enquanto se move em
minha direção. Eu assisto hipnotizada com os movimentos, minha
boceta aperta e minha boca saliva.
Ele coloca um joelho sobre a cama e meus olhos saltam para
fora do meu rosto. Minha respiração se torna mais ofegante e o meu
peito sobe e desce rapidamente. Qualquer poderia adivinhar que
essa é a minha primeira vez, mas ele parece desinteressado nesse
detalhe.
Bom.
Eu não quero que ele ache que eu vou ser pegajosa ou algo
assim. Ele trava o seu olhar com o meu enquanto agarra as minhas
pernas espalhando-as para ele. O meu coração dispara em meu
peito com a realização do que está prestes a acontecer.
Nicco se instala entre as minhas coxas e a ponta da sua ereção
cutuca a minha entrada. Um gemido escapa dos meus lábios
quando ele esfrega a ponta por entre as minhas dobras e eu deixo
cair minha cabeça para trás.
— Segure os seus peitos. — Ordena com a voz rouca.
Abrindo os olhos, eu encontro o seu olhar novamente e faço o
que ele me pediu apertando os meus mamilos enquanto ele brinca
com as minhas dobras. Eu estou tão molhada para ele que chega a
ser embaraçoso.
— A sua boceta está encharcada para mim, farfalla. — Sussurra
arrastando a ponta do seu pau contra a minha abertura.
— Deus! Sim! — Gemo empurrando os meus quadris para ele.
— Eu não quero nada entre nós farfalla. — Diz chamando minha
atenção e só então eu percebo que ele não está usando nada como
proteção.
Bom trabalho, Ellie.
Eu estive tão perdida em minha luxúria que nem ao menos me
atentei para o básico e indispensável. Ele deve perceber a minha
hesitação porque logo em seguida ele me tranquiliza.
— Eu estou limpo. — Diz e eu posso ver que ele está falando a
verdade.
— Ok. — É tudo que eu digo.
Isso parece agradá-lo, porque um sorriso arrogante toca os seus
lábios enquanto ele empurra por entre as minhas dobras. Ele
balança os quadris e bate dentro de mim com um impulso
empalando-me até o útero. Eu mordo um grito enquanto o meu
corpo protesta com a intrusão.
— Foda-se! — Grunhe empurrando os seus quadris mais fortes
contra os meus. Os meus olhos rolam para trás da minha cabeça. —
Você é tão apertada, farfalla.
Oh! Não pare!
Nicco não parece perceber que essa é a minha primeira vez ou
ele não se importa, porque no momento seguinte ele está me
fodendo como um homem possuído. Os seus quadris se movem
contra os meus como se não pudesse chegar ao fundo. A
queimação logo se desvanece dando lugar há algo mais intenso.
Os meus gemidos de dor e prazer se misturam enquanto ele me
fode até o esquecimento. Quando me dou conta estou me movendo
com ele. Apertando os meus mamilos, eu movo os meus quadris em
direção aos seus enquanto construímos algo. Agarrando o seu
pescoço, eu o trago para mim beijando-o enquanto nos movemos
juntos.
É perfeito.
A sensação é tão incrível que eu posso sentir os dedos dos pés
enrolando para trás. O meu corpo nunca esteve tão inundado com
sensações distintas. Nicco parece saber o que ele precisa, porque
fora o desconforto no início, agora tudo que eu sinto é apenas
prazer.
Eu nunca senti nada assim.
— Oh! Deus! — Eu gemo quando ele ergue a minha perna direta
em seu ombro. O movimento o leva mais fundo dentro de mim e eu
juro que posso senti-lo em meu útero.
— Sua boceta foi feita para mim, farfalla. — Ele grunhe.
Um tom escuro e sedoso que me tem derretendo em uma poça
embaixo dele. Eu nunca pensei que conversa suja poderia me ligar
tanto. Ou talvez seja apenas ele que desperta tais sentimentos em
mim.
Eu posso sentir um novo orgasmo se aproximando. Eu empurro
os meus quadris contra os dele perseguindo a minha libertação,
mas ele desacelera os movimentos fazendo gemer em protesto
cravando minhas unhas em suas costas.
— Por favor, por favor! — Choro.
— Tão ansiosa, minha farfalla. — Ele ri inclinando-se e tomando
um dos mamilos em sua boca.
Ele crava seus dentes nele, fazendo-me arquear contra a cama
ao mesmo tempo, em que ele bate profundamente dentro de mim.
Todo o meu corpo entra em choque e eu gozo novamente gritando o
seu nome.
Leva alguns segundos para a minha alma conseguir se
reconectar com o meu corpo novamente e quando eu faço encontro-
o sorrindo para mim. De uma coisa eu não tenho dúvidas, esse
homem está desposto a me foder até esquecimento, porque eu
quase não consigo me lembrar do meu nome.
— Você é tão linda quando se desfaz em meus braços. —
Sussurra contra os meus lábios, beijando-me ferozmente.
Eu me agarro a ele incapaz de me mover. O seu pau ainda está
completamente enterrado dentro de mim, duro e pronto para me
dividir ao meio. Porque no segundo que os meus olhos se abrem ele
me gira de bruços colocando-me de quatro enquanto bate
profundamente dentro de mim.
Eu grito, o que só o incentiva a se mover mais rápido.
— Isso farfalla! — Grunhe envolvendo um punhado do meu
cabelo em sua mão e a puxando para trás. — Grite o meu nome
para que toda a maldita cidade saiba que eu estou te fodendo. —
Rosna, batendo mais fundo dentro de mim.
E eu grito.
— Nicco!
Ele afunda mais alguns centímetros, dividindo-me ao meu
enquanto seu pau grande e grosso desliza dentro e fora de mim.
É tão bom.
Os meus olhos rolam para trás da minha cabeça. Minha
garganta queima e todos os meus músculos e terminações nervosas
estão em alerta enquanto ele me fode como se não houvesse o
amanhã. 
— Oh! Deus! — Eu gemo empurrando a minha bunda contra a
sua pélvis.
— Você é tão perfeita, farfalla. — Sussurra deslizando os dedos
entre as minhas dobras e esfregando o meu clitóris.
As suas palavras sujas causavam um estrago em mim, porém,
as palavras doces me deixava com a sensação de pertencimento,
como se fôssemos perfeitos um para o outro. Eu não me importava
com essa coisa de idade, mas havia tanta coisa a se considerar.
O meu futuro noivo era a primeira.
Em pouco tempo eu seria a esposa de algum filho de empresário
e seria mais uma esposa troféu trancada em uma torre de marfim e
janelas do chão ao teto. Eu poderia me rebelar, mas isso só iria
enfurecer Levi.
Tudo que eu não queria era gerar uma guerra maior. Os meus
pais mal se toleram e eu não quero ser a culpada por eles se
odiarem ainda mais. Pessoas fazem sacrifícios o tempo todo, por
que eu seria diferente?
Embora eu tenha nascido em um mundo de privilégios, eu nunca
tomei isso como garantido. Eu sempre estudei para tirar boas notas
e todos os elogios que recebi dos meus mestres e professores
foram frutos do meu esforço. Nunca precisei usar a carta do papai
rico para me destacar em nada e me orgulho disso.
— Não pense demais, farfalla! — A voz de Nicco me traz de
volta do meu devaneio.
Ele está certo.
Agarrando os meus seios, eu belisco os meus mamilos enquanto
empurro os meus quadris contra a sua pélvis. Os nossos
movimentos são sincronizados e eu posso senti-lo endurecer dentro
de mim.
— Goze comigo, farfalla! — Ordena beliscando o meu clitóris e
todo o meu mundo de cabeça para baixo novamente quando ele
atinge aquele ponto doce fazendo-me ver estrelas enquanto
encontra a sua própria libertação com um rugido feroz.
Ambos desabamos exaustos e cobertos de suor contra o colchão
macio. Eu mal posso abrir os meus olhos, mas posso senti-lo nos
rolando para que eu fique em cima dele.
Nicco realmente me fodeu como se não houvesse o amanhã.
Foi perfeito.
Os seus batimentos cardíacos são a última coisa que eu ouço
antes de apagar completamente com um sorriso satisfeita em meu
rosto.
 
 
 
7
NICCO
 
 
 
 
Eu deveria me sentir culpado.
Não só eu acabei de quebrar muitas das minhas regras como
também toquei algo que não me pertencia.
Agora eu não posso ficar longe.
Um olhar e eu sabia que ela era minha. Não havia como negar.
Aqueles olhos verdes penetraram em minha alma sombria e eu era
um caso perdido. Qualquer um que me conhece diria que eu não
tenho uma, mas talvez ela estivesse apenas esperando a pessoa
certa para desbloqueá-la.
La mia piccola farfalla.
O sol está começando aparecer no céu e eu odeio isso. A ideia
de que ela pode escapar para longe de mim me deixa fodidamente
insano. Eu não estou pronto para deixá-la ir.
Talvez nunca faça.
A noite passada só provou o quanto eu estava enganado sobre
essa linda mulher. Ela é forte e poderosa. Uma pequena lagarta que
acabou de transformar em uma linda farfalla.
La mia farfalla.
Porque a guerra de Troia será conto infantil diante do que eu
estou prestes a enfrentar para tê-la ao meu lado. Não importa
quantos eu terei que derrubar. Ninguém além de mim a tocará.
Ela está prometida ao inimigo.
Bem, pelo menos é o boato que circula por aí. Nenhuma
transação foi fechada, ainda. Mas eu sei que não demorará muito
para o seu pai entregar a sua preciosa filha para um dos piores
bastardos.
Não se eu tiver uma palavra a dizer.
Afinal de contas, eu tenho uma carta em minha manga e
certamente irei usá-la agora mais do que nunca. Eu pretendia uni-la
a família através do meu irmão. Leo é o caçula dos homens e mais
apropriado para se tornar o seu marido, mas assim que os meus
olhos pousaram nela do outro lado daquele bar eu sabia que
destruiria todos que ousassem tocá-la.
Andrei Petrova é um psicopata frio e calculista. O seu apelido é
açougueiro. Ele gosta de retalhar as suas vítimas e espalhar os
seus corpos por canis. Apenas o tipo de inseto que eu gosto de
esmagar.
Eu terei muito prazer em destruir com as minhas próprias mãos
se ele ousar tocá-la. A vingança nunca foi tão doce. Eu não só terei
o maior prêmio como também a satisfação de ver aqueles malditos
russos se contorcer em suas próprias peles geladas.
Levi Williams é um bilionário justo quando se trata de negócios.
Ele pode ser um bastardo para um monte de coisas, mas ninguém
pode acusá-lo de trapaça. Já não se pode dizer o mesmo de seu
irmão mais novo, Sebastian.
Relutantemente, eu me obrigo a soltá-la enquanto saio da cama
sem acordá-la. A visão do seu corpo nu é uma verdadeira tentação
e eu quase desisto da ideia de deixá-la sozinha. Mas se eu quiser
tê-la para sempre, terei que agir mais rápido que o meu inimigo.
Procuro ao redor do quarto pelo meu telefone que eu descartei
na noite passada enquanto me livrava das minhas roupas, encontro-
o em uma pilha de roupas no canto da sala.
Abrindo, eu encontro várias mensagens. Algumas do meu irmão
Stefano informando-me que os carregamentos foram bem
sucedidos. Outras de Leo avisando-me que cuidou dos irlandeses
selando a nossa aliança contra os russos. E é claro que há
mensagens da minha mãe preocupada com a nossa irmã caçula.
Sabina tem apenas vinte anos e acha que sabe de tudo. Eu sei
que ela se sente sufocada com tanta restrição, mas tudo isso é para
a sua segurança. Desde que o nosso pai se foi, eu assumi os
negócios da família e confesso que tenho sido um pouco duro com
ela proibindo-a de sair sozinha ou até mesmo de ter amigos, mas
em minha defesa, isso não será para sempre.
O momento é apenas delicado.
Os russos estão querendo tomar o nosso território, mas eu
morrerei antes de permitir que isso aconteça. É por isso que uma
aliança com Levi Williams é tão importante nesse momento.
Embora ele seja um bilionário recente, os seus negócios são
legítimos e sua reputação é sólida. Não que eu não seja, porque
todos sabem que é Niccola Santino. Ou mais precisamente, Don
Diavolo.
Eu ganhei o apelido mesmo antes de meu pai falecer e eu me
tornar o capo da família Santino. A máfia é o meu legado. Eu nasci e
fui criado para ser implacável, assim como o meu irmão Stefano,
mas enquanto ele conseguiu se livrar de algumas coisas, eu fui o
único a passar por tudo sozinho.
Um rei governa não só o seu povo, mas a si mesmo.
O meu pai costumava dizer essas palavras e eu cresci sob esse
juramento. No dia em que eu me tornei capo, eu jurei que meu pai
estaria orgulhoso do meu legado. A família tinha um novo líder, mas
os princípios eram os mesmos.
O velho morreu em uma emboscada dos russos. Essa é apenas
uma parcela da extensão do meu ódio por eles, mas uma razão
forte o suficiente para me manter vivo e vingá-lo. Os culpados pela
sua morte e do meu tio Arturo foram perseguidos e torturados, no
final eles estavam implorando por suas vidas miseráveis como um
bando de covardes que eles eram.
Idiotas de merda.
Andrei Petrova é o novo líder da Bratva na América. O sobrinho
neto do Pakhan. Ele está tentando apaziguar as coisas entre as
organizações asiáticas Yakuza e a Tríade em busca de uma aliança,
mas sem sucesso até o momento.
Não que ele vá conseguir tal feito.
Eu envio uma mensagem de volta para Stefano perguntando a
localização de Andrei Sebastian Williams no momento. Não demora
muito para ele retornar e como eu havia previsto, Sebastian está em
um de nossos cassinos perdendo o dinheiro da sua família.
Idiota.
Andrei não tem sido visto desde a última segunda, quando foi
emboscado pelos irlandeses no porto. Os irlandeses estão lutando
pelo território há algum tempo, mas os russos conseguiram uma
abertura e estão fazendo o comércio através do mar. Eu duvido que
eles consigam recuperar o domínio, mas com os russos fora talvez
eles tenham uma chance.
A ausência de Andrei significa que ele está preparando uma
retaliação. O que significa que ele ainda não se reuniu com Levi. Eu
tenho interceptado todas as ligações do pai de Eleanor e sei que ele
também não entrou em contato com Andrei. O que me permite fazer
a minha jogada sem que ele possa recusar.
Porque se ele fizer, o seu querido irmão estará dentro do
Pacífico com pelo menos 10 kg de cimento preso aos seus pés.
Normalmente, eu sou um defensor da natureza, mas há exceções
em alguns casos.
Pode parecer um clichê italiano, mas eu não posso negar as
minhas origens. E esse é um clássico que eu tenho prazer em fazer
apenas para livrar a Terra de vermes como Sebastian Williams.
Ele foi quem sugeriu uma aliança com os russos. E não poderia
odiá-lo mais por isso. Ele estava procurando por um empréstimo
para quitar as suas dívidas de jogo e não hesitou em vender a sua
única sobrinha em troca de dinheiro.
Filho da puta.
Quando chegar a hora, eu terei prazer em acabar com a sua vida
miserável lentamente. Por hora, eu vou usá-lo como eu quero para
atingir os meus objetivos e eliminar os meus inimigos.
***
Deixar Eleanor foi à coisa mais difícil que eu fiz em muito tempo.
Mas eu precisava agir antes que fosse tarde demais. E esse era um
pequeno preço que eu estava disposto a pagar para tê-la para
sempre em minha vida.
Eu dei ordens específicas antes de sair para ninguém incomodá-
la. Nem mesmo o serviço de limpeza do hotel está autorizado a
subir antes que ela desperte. Eu não sei como ela se sentirá ao
acordar sozinha, mas foi ela que insistiu em ter apenas algo de uma
noite. E tanto quanto eu odeio isso, não posso deixar de atender ao
seu pedido.
Embora eu espere que ela me perdoe mais tarde.
Danilo me deixa em frente ao edifício da Williams Enterprise.
Normalmente, eu tenho Cássio como meu motorista particular, mas
eu o enviei para levar minha mãe e irmã no aeroporto.
Uma guerra está prestes a estourar e eu não as quero no meio
de tudo isso. Na Itália elas estão mais seguras com os meus tios e
primos. Sabina tem agido como uma adolescente rebelde e eu
preciso colocar algum controle de danos antes que seja tarde
demais. Mas a culpa disso também é minha. Depois que o nosso se
foi, eu a mimei mais do que deveria.
Ela era uma criança que tinha acabado de perder o pai. Assumir
os negócios da família ia muito além de apenas transações
comerciais. A minha responsabilidade agora era cuidar da minha
mãe, irmãos e toda organização.
Talvez eu a tenha estragado demais.
Sabina está em seu último ano de moda em uma universidade
local e começará o seu estágio em uma das maiores grifes de moda
de Milão no próximo semestre. O que não era a minha primeira
escolha, visto que a distância entre Palermo e Milão é de quase 17
horas de carro e pouco mais de uma hora de jatinho, mas é melhor
que aqui.
Eu tenho um apartamento em Milão e ela e minha mãe estarão
bem acomodadas. A nossa mãe insiste em estar com ela,
recusando-se a voltar para Palermo sem o seu “bebê” que é como
ela costuma se referir a minha irmã. Eu também enviei alguns
homens para fazer a segurança delas e me enviar os relatórios
diários.
A loira atrás do balcão sorri mais do que deveria quando eu me
aproximo e um estremecimento passa pelo meu corpo. Talvez
Eleanor tenha ficado sob a minha pele muito mais do que eu
gostaria de admitir.
— Bom dia, senhor. — O seu tom de voz é irritante.
— Eu estou aqui para ver Levi Williams. — Digo ignorando-a
completamente.
— Oh! — O seu rosto cai. — O senhor tem um compromisso
marcado?
— Não. — Digo, e eu já sei o que ela está prestes a dizer, mas
eu me antecipo. — Diga-lhe que Nicco Santino deseja uma reunião.
— Oh! — O seu rosto empalidece.
Ela pode não ter reconhecido o meu rosto, mas o meu nome
com certeza. A minha fama certamente é algo que todos dessa
cidade conhecem e temem.
Ela faz a ligação mudando totalmente a sua postura de antes e
poucos segundos depois a minha entrada é permitida. Eu não olho
para trás para ver o seu olhar assustado, mas sorrio satisfeito.
Tomando o elevador para o andar indicado, eu verifico alguns e-
mails enquanto aguardo. Quando as portas se abrem, outra loira
salta de seu lugar para me receber.
— Senhor Santino, por aqui, por favor. O senhor Williams está
esperando-o. — Diz indicando-me a sala à frente.
— Obrigado. — Digo e passo por ela.
A porta está aberta então não há necessidade de bater Não que
eu fosse fazer. Williams dá a volta na mesa estendendo a mão para
me cumprimentar. Eu posso ver a curiosidade em seu olhar astuto.
Raposa velha.
— Senhor Santino, a que devo a honra? — Ele diz estendendo a
mão para mim.
— Negócios. — Digo ignorando a sua mão e me sentando em
uma das cadeiras à sua frente.
— Claro. — Ele parece um pouco pálido agora.
Levi, apesar de ser um rato ganancioso, é um homem correto em
seus negócios. Ele cresceu do zero e tem feito um trabalho muito
bom até hoje, diferente do seu irmão sanguessuga, Sebastian
Williams.
— Posso oferecer algo para beber? — Pergunta caminhando
para o bar.
— Uísque triplo. — Digo sem tirar os olhos dele.
Eu não acredito que ele seria estúpido para tentar algo, mas
cuidado nunca é demais. Desconfiar de tudo e todos é apenas a
minha natureza. Eu nasci e me moldei assim.
— Que tipos de negócios? — Ele pergunta entregando-me o
copo.
— Cem milhões de dólares. — Digo e ele engasga com a sua
bebida.
— Desculpe. — Ele puxa um lenço do bolso e limpa a bagunça
em rosto e calças arruinadas.
— Esse é o valor da dívida do seu irmão até o momento, e ela
será maior até o final do dia. — Digo observando-o perder
totalmente a cor enquanto fecha as mãos em punhos.
Alguém está bravo.
— Como? — Pergunta com o maxilar cerrado.
— Blackjack e Poker. — Digo entornando o conteúdo do meu
copo.
Levi parece prestes a explodir de raiva. O seu rosto está
vermelho e seus olhos assassinos. Eu não posso culpá-lo, o seu
irmão mais novo andou mexendo com brinquedos errados.
— O que você quer? — Pergunta estudando o meu rosto e tanto
quanto ele não diz nada, eu sei que ele é esperto o suficiente para
saber que a minha presença aqui significa que eu quero algo em
troca.
Bem jogado.
Um sorriso puxa dos meus lábios. — A sua filha.
Os seus olhos se alargam e seu rosto se torna ainda mais
vermelho que antes. Acredito que ele está prestes a sufocar em sua
própria raiva. Mas o que isso me importa?
— Você está louco? — Ele explode levantando-se.
— Cuidado. — Aviso, e ele retorna ao seu lugar como se
percebesse o que acabara de fazer.
— Eleanor já está prometida. — Ele diz.
Minhas mãos apertam ao redor do copo e leva tudo de mim para
não esmagá-lo contra o seu rosto patético. Respirando fundo, eu
reúno toda minha energia para não matar o pai da minha futura
noiva.
— Eu não me importo. — Digo por entre os dentes. — É isso ou
o seu irmão no fundo do Pacífico até o final do dia. E eu não posso
garantir que você não será o próximo. — Digo com um sorriso
ameaçador.
— O que eu farei com o seu prometido anterior? Ele não vai
aceitar bem o desmanche do noivado. — Ele diz parecendo prestes
a borrar as suas calças.
Sorrio, eu me levanto e coloco minhas mãos atrás das costas
enquanto ando de um lado para o outro em seu escritório luxuoso. A
vista dá para o porto e tanto quanto eu aprecio coisas bonitas, é no
caos que eu prospero.
— Você e eu sabemos muito bem que esse acordo ainda não foi
firmado. Uma promessa não significa nada se ambas as partes não
estiverem de acordo com isso. — Digo ainda de costas para ele.
— Como... Você tem grampeado as minhas ligações? —
Pergunta indignado.
Sorrio e me viro para encará-lo. — Esse é o menor dos seus
problemas no momento, Williams.
— Eles são pessoas perigosas. — O seu medo é evidente.
— Assim como eu. — Estreito os meus olhos para ele. — Aqui
está o que você fará. — Faço uma pausa enquanto penso em uma
forma de fazê-lo cair em sua própria armadilha. — Algo acontecerá
essa noite que fará você se livrar da promessa sem causar tanto
alvoroço.
Eu passo os próximos dez minutos dizendo o que eu quero que
ele faça para se livrar completamente da promessa com os russos.
E eu acabo descobrindo que a promessa foi lançada, mas não
finalizada. O que é mais um motivo para ele não seguir em frente
com esse acordo.
Levi queria entrar no mercado russo e viu como porta de entrada
uma ligação entre a união de sua única filha e Andrei. O que me
irrita ainda mais por ele ter usado Eleanor como moeda de troca
para alçar voos mais altos.
Stronzo di mierda.
A ganância é o seu maior inimigo.
— Faça-a saber, que um novo acordo foi firmado. — Digo
enquanto me movo para a porta fazendo uma pausa no meio do
caminho, virando-me para encará-lo. — E não tente nada engraçado
ou será a última coisa que você fará em vida. — Digo e saio.
Eu posso ouvi-lo praguejar mesmo que baixinho enquanto
esmurra a sua mesa de mogno. Pelo menos ele não é tão covarde
quanto o seu irmão. Sebastian Williams será um homem morto se o
seu irmão não cumprir com o acordo. Sem contar que ele será o
próximo e eu não hesitarei em capturar a minha doce farfalla e
torná-la minha para sempre.
Porque não há nada nesse mundo que me impedirá de ter
Eleanor Williams. Não importa quantos eu tenha que derrubar. Se
for preciso, eu queimarei o maldito mundo sem nenhum remorso.
É uma maldita promessa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8
ELLIE
 

 
— O seu pai deseja vê-la em seu escritório, senhorita Williams.
— Rosa, a governanta do meu pai fala ao entrar no estúdio.
Embora eu tenha o meu próprio lugar, esse estúdio é bem mais
amplo e me permite ter liberdade para pintar e esboçar com mais
tranquilidade que no meu pequeno loft. Eu costumo usar esse
espaço sempre que a minha madrasta está fora de vista para não
ter que cruzar com ela.
— Obrigada, Rosa. — Digo enquanto olho para fora da janela
enquanto minha mente volta para aquela noite três dias atrás. O
meu corpo dá um solavanco e arrepios dançam em minha pele com
a lembrança de seus lábios nela.
Aquela noite foi tudo que eu esperava e mais um pouco. Sem
nomes ou bagagem, apenas dois estranhos com uma atração mútua
coçando alguma coceira. Devo dizer que quando acordei naquela
cama de hotel sozinha, eu senti um vazio como nunca antes.
Eu queria ficar brava com ele por sair sem se despedir, mas eu
não tinha ninguém para culpar além de mim mesma. Nicco, meu
homem misterioso, certamente fez valer a pena a noite toda. Toda
vez que eu penso nas coisas que ele fez ao meu corpo, minha pele
aquece, deixando-me ofegante e carente pelo seu toque.
Quem é ele?
Eu sei que concordamos em não dizer os nossos nomes ou
trocar telefones, mas eu certamente adoraria uma repetição. Os
detalhes do meu noivado estão a todo vapor pelo que ouvi e papai
tem pressa para me fazer uma mulher casada. Lutar contra isso é
inevitável, no fim ele sempre vencerá.
A porta de seu escritório está aberta, mas eu ainda bato antes de
entrar. Papai está em seu lugar de costume digitando furiosamente
em seu teclado enquanto sua atenção está completamente na tela.
— Sente-se. — Ele diz sem tirar os olhos da tela.
Suspirando, eu faço o que ele pede rezando silenciosamente por
um milagre. É o século XXI, pelo amor de Deus, ninguém deveria
ser obrigada a se casar de acordo com os arranjos dos seus pais,
no meu caso, o meu pai. Eu não tenho dúvidas de que mamãe
ficará furiosa quando souber, mas eu quero poupá-la até o fim.
Quando eu era mais nova o meu pai ainda era amoroso e
caloroso comigo, mas com o passar do tempo ele se tornou cada
vez mais distante e menos acessível. Às vezes, eu me sentia como
uma estranha e não a sua única filha.
Levi Williams não é uma pessoa fácil de lidar. Mas eu já me
acostumei com as suas demandas e exigências fora do normal. Por
exemplo, quando eu tinha sete anos ele me inscreveu em uma aula
de mandarim, tailandês e coreano.
Eu já estudava francês, italiano e alemão no colégio, eu não
preciso dizer que foi uma loucura ter que me desdobrar para
aprender todos esses idiomas. Não foi fácil, mas eu consegui e de
certa forma eu sou grata a ele por forçar os meus limites e me
permitir descobrir uma Ellie que nem eu mesma conhecia.
— Ouve uma pequena mudança em seu noivado. — Meu pai diz
trazendo de volta minha atenção.
— O que é isso? — Pergunto enquanto aperto os meus dedos.
Isso é algo que eu costumo fazer quando estou inquieta. E
considerando que o meu nível de ansiedade transborda sempre que
o meu pai está em cena, eu diria que isso é algo recorrente.
— Você vai se casar com o herdeiro da família Santino. Isso é
uma honra, Eleanor. — Disse sem emoção. Pelo menos ele não
estava tão entusiasmado quanto eu pensei que estaria.
— Honra? Por que uma honra se eu sou contra esse
casamento? — Rebati incapaz de me controlar.
Eu tenho aguentado muito calada em respeito, mas a minha
indignação só cresce diante de suas atitudes. Primeiro ele me
arranja um casamento com alguém que eu não faço a menor ideia
de quem é, então de repente muda de ideia e troca o noivo.
O que é isso?
Um leilão de pretendentes?
Quem dá mais leva o maior prêmio, que no caso sou eu.
— Eleanor Anne Williams! — Gritou batendo a sua mão contra a
mesa de madeira.
O seu rosto estava completamente vermelho e ele parecia
prestes a explodir de tanta raiva. Eu nunca o tinha visto assim antes.
E ele também nunca tinha falado comigo nesse tom, nem mesmo
quando eu discutia com a minha madrasta.
A expressão assustadora em seu rosto era apenas um indício do
quanto ele estava falando sério sobre esse compromisso. Perguntar
sobre os motivos era irrelevante, eu não poderia lutar contra ele.
— Você vai fazer o que eu digo e eu não quero ouvir mais de
suas bobagens sobre isso, porque o seu casamento está
acontecendo e não há nada que você faça que me fará mudar de
ideia. — Diz e eu sei que isso é o fim da nossa conversa, ou o que
quer que tenha sido isso.
O meu pai é um homem de poucas palavras, mas suficientes.
Você nunca pode discutir com ele, não se quiser elevar o seu nível
de estresse e ansiedade para a estratosfera.
É inútil.
— Dentro de um mês você será uma mulher casada e muito
respeitada. — Disse em um tom mais suave como se isso pudesse
aliviar a minha tensão.
Não fez.
Eu odiava a ideia de ter que me unir a alguém de quem eu não
sabia nada, mas odiava ainda mais que o meu pai me obrigara a
fazer isso sem nem mesmo me dizer o real motivo desse arranjo.
Levi Williams não fazia nada levianamente, todos os seus passos
eram calculados.
Os meus pensamentos foram para o estranho da outra noite. A
forma como ele me tocou e beijou. Se eu fechar os meus olhos, eu
ainda posso sentir os seus lábios contra a minha pele. Uma onda de
calor rasteja pelo meu corpo com a lembrança e um arrepio percorre
a minha espinha.
Essa é uma memória que eu vou guardar para sempre. Ele não
só me deu a melhor experiência de toda a minha vida, como
também me fez sentir como se eu fosse uma mulher desejável e
não apenas uma menina tola.
— Quando eu irei conhecer o meu futuro marido? — Pergunto
afastando as memórias da minha mente e me concentrando no
presente.
— O jantar de noivado será dentro de dois dias. — Diz
parecendo mais apaziguado pela minha falta de resistência. — Eu já
comuniquei Sofia... — Ele faz uma pausa com a menção do nome
da minha mãe e solta um suspiro cansado. — Ela não ficou muito
satisfeita, mas eu espero que você a convença de que isso é algo
que você quer, caso contrário, essa família será arruinada para
sempre.
— O que isso quer dizer? — Pergunto assustada.
— Nada que você precise se preocupar. — Ele desconversa. —
A organizadora do evento chegará em trinta minutos, eu espero que
você coopere com ela sobre o que quer em seu noivado.
— Adiantaria se eu dissesse não? — Zombo.
O seu rosto endurece. — Nenhum pouco.
De volta ao meu quarto, eu verifico o meu telefone e descubro
uma centena de mensagens e ligações perdidas da minha mãe,
Massimo e Dominic. Aparentemente, todos já devem estar sabendo
das novidades.
Que maravilha!
Eu ignoro as mensagens e retorno a chamada. Nada do que eu
tenha a dizer será melhor que pessoalmente, mas como ela está do
outro lado do oceano, a chamada de vídeo é a melhor opção no
momento.
— Eleanor Anne Williams! — Ela grita assim que atende a
chamada.
O seu rosto está vermelho e diferente do meu pai, eu sei que o
dela é de preocupação além da fúria. Minha mãe é a pessoa mais
incrível que eu conheço. Eu terei muita sorte se for metade da
mulher que ela é.
— O meu nome completo nunca foi tão chamado antes. — Digo
com um suspiro.
— Não brinque comigo mocinha. — Ela chora. — Dominic e eu
estamos voando agora à noite para impedir essa loucura. Levi
passou de todos os limites. Ele não pode obrigar minha filhinha a se
casar contra a sua vontade. — Ela dispara, as lágrimas deslizam
pelo seu rosto em cascatas.
O meu coração aperta e uma sensação de vazio toma conta de
mim. Eu odeio ver a minha mãe sofrer. Quando eu era pequena
ouvia os meus pais brigarem e sempre era a minha mãe que sofria
mais.
Eu odiava isso e ainda faço.
É por isso que eu não queria dizer a ela até que fosse
necessário. Levi nunca irá desistir. Ele quer perpetuar o seu legado,
não importa que seja através da sua única filha ou alguém ligado a
mim, no caso, o meu marido. E possivelmente, um neto mais tarde.
É assim que a família Williams pensa.
Ele sabe que eu não tenho um osso para os negócios e esse
casamento é a melhor forma dele manter o controle sobre tudo,
inclusive a minha vida. Mamãe nunca teve uma chance.
Eu acredito que uma das coisas que a fez se divorciar do papai,
além das brigas constantes, é claro, foi o fato de que toda a sua
família tem o mesmo pensamento de que o legado deve ser
preservado e levado à diante.
Não importam as circunstâncias.
— Mãe, está tudo bem. — Digo para tentar acalmá-la.
A verdade é que eu acabei aceitando o meu destino. Não
adianta me rebelar, isso só me frustrará no final. Levi nunca vai
desistir. E fugir não é uma opção. Eu não quero ser responsável
pelo fracasso dos seus negócios, embora que tenha que sacrificar a
minha vida para isso.
— Nada sobre isso está bem, Ellie. — Ela chora. — Isso é
loucura! Você é uma criança com tantos sonhos, mal terminou a
escola. Não está nada bem. — O seu desespero se torna mais
evidente e me sinto ainda pior, porque eu sei que ela se sente
impotente contra o meu pai.
Ela e Dominic construíram uma vida confortável, mas é diferente
de ser um bilionário. Levi tem dinheiro e recursos ilimitados para me
fazer o que tiver vontade e, mamãe sabe disso tanto quanto eu faço.
— Querida, você precisa se acalmar. — Dominic entra na sala e
eu agradeço silenciosamente.
— Dominic, ele não pode fazer isso. — Mamãe chora agarrada
ao seu marido.
— Baby, nós vamos encontrar uma saída. — Ele diz beijando o
topo da sua cabeça na tentativa de acalmá-la.
Enquanto estava casada com o meu pai, mamãe desenvolveu
um nível de ansiedade muito alto. As exigências e pressões para ser
a esposa perfeita a deixaram no limite. Hoje ela precisa de
medicação para controlar os níveis de ansiedade e ter uma vida
normal.
Graças aos céus ela tem Dominic e Massimo para cuidarem
dela. Eu nunca poderei agradecê-los o suficiente. Nunca pensei que
eu pudesse ter uma família de verdade, mas Dominic e Massimo
fazem isso acontecer.
Eles são os nossos pilares.
— Ele não pode fazer isso, Dominic. — Mamãe chora.
— Eu sei, baby. — Dominic alisa o seu cabelo para fora do rosto
enquanto a segura mais forte contra o seu peito.
Eles são tão fofos juntos.
Eu sempre quis encontrar alguém como Dominic. Alguém que
me ama acima de qualquer coisa e não tem medo de lutar ao meu
lado para atingirmos juntos os nossos objetivos.
Agora, eu nunca terei a chance de ter isso.
A chamada de vídeo acaba demorando mais que o normal, mas
mamãe finalmente conseguiu se acalmar um pouco. Talvez tenha
sido porque eu não passei a impressão que estava tão triste quanto
deveria.
Resignada era a palavra certa para me descrever. Como eu
disse antes, não há nada que eu possa fazer. Talvez se ele for
alguém tão ruim quanto eu penso que é eu poderei usar isso a favor
de um divórcio.
A quem eu estou enganando?
Levi nunca permitirá isso também.
Divorciar-se da minha mãe o arruinou mais do que ele gosta de
demonstrar. Kristin nunca conseguiu a sua atenção, ela é só um
brinquedinho que ele costuma exibir em suas reuniões sociais.
Ele nunca esqueceu a mamãe.
Acredito que esse arranjo seja uma forma de ele se vingar dela
por se divorciar dele e me levar para viver com o seu novo marido.
Levi e Dominic se odeiam mais-que-tudo nesse mundo. E embora
Levi seja meu pai, eu sou do time Dominic sem nem piscar duas
vezes.
Eu posso até aceitar me casar com um estranho, mas o meu pai
nunca falou sobre devoção. Porque se o meu futuro marido espera
que eu seja uma esposa troféu como Kristin é para o meu pai, ele
não perde por esperar.
Eu serei o seu pior pesadelo.
 
 
 
 
9
NICCO
 

 
— Você vai mesmo se casar com a prometida de Petrova? —
Meu irmão Leo pergunta ao entrar em meu escritório sem bater.
— Assista aos seus modos, irmãozinho. — Digo sem tirar os
olhos da tela.
Há três dias essa tem sido a minha obsessão. Eu passo todas as
horas livres olhando as câmeras de segurança da mansão Williams.
Romano as instalou antes mesmo que o arranjo estivesse sido
firmado.
Eu não queria correr o risco de ter alguma surpresa, caso Levi
decidisse ignorar o meu aviso e fugir com Eleanor e seu irmão
idiota. Não que ele pudesse. Eu mesmo os caçaria até o fim do
mundo e a traria de volta para o meu lado que é o seu lugar.
Também ignorei o fato de ela não ter tentando entrar em contato
comigo depois de deixar o hotel naquela tarde. Ela não pediu o
serviço de quarto e saiu pouco depois do meio-dia. Vinte minutos
depois ela foi vista saindo de um táxi e entrando na mansão do seu
pai.
Essa foi à última vez que eu a vi e eu tenho repetido esse vídeo
como uma coceira que eu não posso parar. Talvez eu deva pedir a
Romano para instalar câmeras dentro da mansão Williams. Assim,
eu poderei vê-la sempre que desejar e ainda manterei o controle
dos irmãos.
Sebastian foi internado dois dias atrás com mais drogas em seu
sistema que num laboratório químico. O filho da puta achou que
poderia se livrar morrendo, mas para o seu pior pesadelo, Romano
agiu depressa e a sua vida miserável está a salvo.
Pelo menos por enquanto, porque eu não posso responder pelos
meus atos se ele tentar qualquer outra coisa em relação à minha
futura esposa. Sebastian foi o único a propor uma aliança com os
russos em troca de dinheiro. Eu não sei como é a relação de
Eleanor com o seu tio, mas duvido que ela vá perdoá-lo por tentar
vendê-la para um monstro sem nenhum remorso.
Não que eu seja um santo.
— Acalme as suas calcinhas, irmão. — Leo zomba jogando-se
no sofá ao lado da porta. — Eu só não pude acreditar que o infame
Don Diavolo vai mesmo se amarrar.
Leo é o caçula dos homens e assim como a nossa única irmã,
Sabina. Ele é tão imprudente quanto. Embora na presença dos
outros que não sejam da família ele me trate com respeito e
lealdade, fora de suas vistas ele é como todo irmão mais novo e
irritante.
— O que você quer? — Pergunto começando a ficar irritado.
Ficar longe de Eleanor tem me colocado no limite. Eu tenho sido
mais rabugento e rígido que qualquer tempo. Nunca pensei que uma
mulher poderia mudar o meu humor tão facilmente.
Eu estou ferrado.
— Você precisa transar. — Ele atira e eu perco toda a paciência
saltando para fora da minha mesa tão rápido que ele mal consegue
correr para salvar a sua vida. Mas graças aos seus anjos da sorte, o
nosso irmão do meio escolhe esse exato momento para entrar em
meu escritório e servir de parede para me impedir de esmagar o
sorriso idiota no rosto do meu irmão caçula.
Esse moleque sabe como m irritar.
— O que está acontecendo aqui? — Stefano pergunta olhando
entre mim e Leo.
— Nada. — Leo dá de ombros fingindo inocência. — Eu só acho
que o nosso capo está um pouco nervoso com o casamento.
— Filho a puta! — Eu avanço sobre ele, mas Stefano me para.
Ambos sabem que eu não estou tentando o suficiente, porque se
eu quisesse derrubaria os dois em um piscar de olhos.
Stefano bufa empurrando-me para trás. — Você está brincando
com fogo, Leo.
— O que posso dizer, eu sou piromaníaco. — Leo provoca.
Eu o ignoro e me concentro em Stefano. — O que você está
fazendo aqui?
— Andrei Petrova está morto. — Anuncia.
— Foda-se! — Saí de Leo.
Normalmente, o meu raciocínio é bem rápido, mas por alguma
razão desconhecida, ou talvez não, eu tenho andado meio distraído.
É por isso que a notícia da morte de um dos meus piores inimigos
me pegou de surpresa.
— Quem? — Pergunto fechando as minhas mãos em punhos.
Andrei era meu para arruinar com as minhas próprias mãos. Mas
alguém se adiantou e fez o meu trabalho. O que nunca é um bom
sinal. Os russos irritam a todos, mas Andrei pertencia ao alto
escalão. E ninguém mexe com alguém assim se quiser viver o outro
dia.
— Ninguém sabe. O Pakhan enviou uma recompensa para quem
entregar um nome. — Stefano diz se movendo para o bar.
Isso muda tudo.
Alguém tinha algo contra Andrei e fez o serviço tão bem que não
deixou nenhum rastro. Quem quer que seja essa pessoa só deve
estar querendo tomar o seu lugar e assumir o controle da cidade de
uma vez por todas.
Eu preciso agir urgentemente.
— Reúna a todos no estaleiro para uma reunião de emergência.
— Digo enquanto pego a minha arma na gaveta e chaves do carro.
— Onde você está indo? — Esse é Leo quem pergunta.
— Fora. — É tudo que eu digo antes de deixar o meu escritório.
Aparentemente, há alguém tentando roubar o meu território.
Livrar-se de Andrei era a única maneira de obter alguma visibilidade
para lutar. Eu não estou triste porque alguém livrou a Terra de um
porco como Petrova, mas furioso que alguém tenha chegado
primeiro que eu.
Eu preciso encontrar quem fez isso e me livrar dele de uma vez
por todas, ou essa guerra será apenas o princípio do fim. E por mais
que eu adore uma boa briga, eu não posso fazer isso às vésperas
do meu noivado.
Afinal de contas, minha Eleanor é o que importa aqui.
 
 
 
 
 
 
10
ELLIE
 

 
— Você não tem o direito de fazer isso! — Minha mãe grita para
o meu pai. — Ela é a sua única filha, Levi. Você não pode parar de
ser esse ser frio e calculista e pensar pelo menos uma vez na sua
vida na felicidade dos outros? — Ela chora.
Faz pelo menos duas horas que eles estão gritando um com o
outro no escritório do meu pai. Mamãe está furiosa e ela realmente
não está se segurando. Eu nunca a vi tão brava, nem mesmo
quando ele disse que iria exigir a guarda unilateral se ela decidisse
mesmo se divorciar.
Naquela época eu não entendia muito bem, mas ainda consigo
me lembrar de suas palavras perfeitamente. E o que me deixou
mais impressionado foi a forma como a minha mãe agiu. Ela sabia
que gritar de volta não resolveria nada, então pegou os documentos
do divórcio em sua bolsa já assinados e jogou em cima de sua
mesa.
“Faça o seu pior, Levi.” — Ela disse antes de se virar e me pegar
nos braços.
Levi sabia que conseguir a guarda unilateral seria impossível,
porque minha mãe era uma excelente mãe e com uma vida em
construção. Ela tinha acabado de ser contratada por essa firma de
advocacia e alugado um apartamento em Ballard e nós ficamos lá
até ela conhecer Dominic e ele se apaixonar loucamente por ela,
menos de um mês nós nos mudamos para a sua casa em
Downtown, onde eles ainda mantêm residência sempre que estão
na cidade.
Foi uma infância bem agitada. Levi não estava feliz com o novo
relacionamento da mamãe e fez de um tudo para separá-los. Ele
não era um bom marido quando eles estavam casados, sempre
dedicando todo o seu tempo ao trabalho e ignorando a sua família,
então quando ele se viu face a face com a nova vida da minha mãe,
ele não estava satisfeito também.
Eu não acredito que ele a amava.
Levi vem de uma família americana com raízes espanholas por
parte de mãe, e ele odiava o fato de ser apenas mais um
trabalhador formal com um salário mínimo. Ele começou como um
gestor de investimento em uma empresa em Nova Iorque e pouco
mais de um ano depois abriu a sua própria empresa recrutando
cerca de dez funcionários que virariam cinquenta seis meses
depois.
Eu admiro o seu esforço e a sua força de vontade. Tenho orgulho
de como ele cresceu do zero e se transformou em um dos maiores
empresários de todo o mundo, mas quando se trata da família ele
simplesmente nos trata como se fosse um de seus ativos.
Eu odeio isso.
— Você acha que eu estou feliz com isso? — O meu pai grita de
volta trazendo-me de volta à realidade. — Eu não tive escolha,
Sofia! — Ele diz parecendo resignado e pela segunda vez eu
percebo que ele está falando sério sobre isso.
— O que você quer dizer como não teve escolha? — Mamãe
questiona. — Alguém o obrigou a casar nossa filha? — Ela não está
comprando a sua história.
— A vida não é tão simples como você pensa, Sofia. — Ele diz
ignorando a sua pergunta.
— O que isso quer dizer? — Mamãe insiste.
— Eleanor será bem cuidada. O seu noivo é alguém muito
importante e ele irá protegê-la de tudo e todos, eu mesmo vou me
certificar disso. — Meu pai diz deixando-me ainda mais curiosa.
Eu nunca o vi assim.
Ele parece realmente assustado e isso me chama atenção. O
que quer que tenha acontecido nesse meio tempo o fez refletir e
talvez até se arrepender. E isso é ainda mais assustador. Porque,
Levi Williams não é do tipo que tem medo de nada e nem de
ninguém.
O que está acontecendo aqui?
— Eu não estou de acordo com isso. — Mamãe não desiste. —
Ellie é a minha única filha e eu não vou deixar você arruinar a sua
vida porque você fez algum tipo de acordo idiota com quem quer
que seja.
— Não há mais nada o que fazer, Sofia. Acredite em mim
quando eu digo que essa é a melhor opção que nós temos. — O
meu pai solta um suspiro cansado, e eu quase tenho pena dele.
Por que ele está agindo assim? Quando ele jogou a notícia de
que eu estaria me casando em breve, ele não pareceu nenhum
pouco entusiasmado ou preocupado. Mas, por que agora parece
diferente?
Algo não está certo aqui.
— Isso não faz nenhum sentido, Levi. — Mamãe grita parecendo
cansada.
— Basta! — Meu pai bate a mão contra a mesa fazendo-me
saltar sobre a porta e a queda é inevitável.
O meu corpo perde o equilíbrio e se projeta para frente caindo de
cara no chão do seu escritório. Eu olho para cima encontrando dois
pares de olhos me encarando com curiosidade.
— Desculpe. — Digo levantando-me rapidamente e alisando os
meus joelhos doloridos.
— O que você está fazendo, Eleanor? — Meu pai repreende. —
Você é uma Williams, comporte-se como tal.
Eu estou bem pai. Agradeço a sua preocupação. Penso
enquanto me recomponho ignorando a dor pulsante em meu
tornozelo.
Sempre tão atencioso.
— Você está bem, querida? — Mamãe vem em meu socorro.
— Eu estou bem, mãe obrigada. — Digo com um sorriso.
Ela alisa o meu cabelo para fora do rosto, segurando e eu posso
ver as lágrimas se formando em seus olhos. Eu odeio vê-la chorar.
Mas antes que eu possa abraçá-la, os seus braços vão ao meu
redor puxando-me contra o seu peito. Um soluço escapa do seu
peito e ela já não pode segurar mais os seus sentimentos.
— Sinto muito, querida. — Ela chora apertando-me mais forte.
— Está tudo bem, mãe. — Tento tranquilizá-la e a mim também.
Talvez se eu repetir isso quantas vezes for possível, ela se torne
real.
Mais tarde em meu quarto, eu estou terminando de me arrumar
quando uma batida soa na minha porta.
— Entre. — Digo e o rosto da minha aparece.
— Precisa de ajuda? — Pergunta.
Sorrindo, eu aceno e ela entra parecendo glamorosa como
sempre. Um vestido preto que lhe caí como uma luva. Ninguém
poderia dizer que ela tem quarenta anos e dois filhos adultos.
Massimo acabou de completar dezenove e mais parede uma
parede humana com seus 1,89 m de altura e todos aqueles
músculos que ele adquiriu na academia ao longo dos anos.
— Você está linda, mãe. Eu amo o seu vestido. — Digo para
aliviar a tensão em seu rosto.
Ela sorri de volta. — Boba. Você que é linda.
Ela chega atrás de mim e me ajuda com o fecho do vestido. Um
presente do meu futuro noivo. O vestido em si é lindo e nenhum
pouco revelador, embora eu nunca o tenha visto ele parece me
conhecer como ninguém.
— Como está se sentindo? — Mamãe pergunta olhando-me pelo
reflexo do espelho.
Dou de ombros. — Tão bem quanto eu poderia estar. Eu ainda
não posso acreditar que em menos de um mês serei uma mulher
casada, eu nem vivi o bastante para abrir mão da minha juventude
tão cedo.
— Eu sinto tanto querida. — Ela me abraça por trás. — Talvez
nesse meio tempo o seu pai volte a si e desista desse arranjo
ridículo.
— Obrigada, mãe. Mas ambas sabemos que Levi Williams não
desiste tão fácil. Não há como escapar disso. — Digo com um
suspiro pesado.
— Não diga isso! — Ela me repreende virando-me para encará-
la. — Dominic e eu encontraremos um jeito, nem que tenhamos que
tirar você do país para isso.
— Vocês fariam isso? — Pergunto chocada com a sua proposta.
— Menina boba. — Ela acaricia o meu rosto. — Eu faria
qualquer coisa por você, nunca se esqueça disso.
Felicidade preenche o meu peito com amor e respeito por essa
linda e incrível mulher que me deu a vida. Mamãe sempre foi e
sempre será a minha maior inspiração. Eu nunca vou poder
agradecer o suficiente por ela ser a minha mãe.
— Eu te amo. — Digo passo os meus braços ao redor dela.
— Oh! Eu também te amo, princesa. — Ela diz e beija o topo da
minha cabeça.
— Obrigada por sempre estar ao meu lado. — Digo abraçando-a
mais forte.
— Sempre, querida. — Diz. — Agora, deixe-me ajudá-la a se
vestir para que possamos descobrir que tipo de homem eu tenho
que castrar por ousar tentar roubar minha princesinha de mim.
Ambas rimos enquanto nos movemos.
As palavras da minha mãe me deram uma grande ideia e eu
coloquei o meu plano em ação. Eu não tinha ideia de quem era esse
tal Santino, mas se ele esperava se casar com uma donzela
obediente e submissa, ele não sabia o que lhe esperava.
Eu comecei trocando o vestido que ele me enviou por um dos
meus que era bem mais revelador. O vestido era um exclusivo que
eu ganhei da minha prima Leona da última vez que visitei mamãe
em Milão.
Leona trabalha em uma grife de marca e tem todo esse arsenal
de itens incríveis e de luxo que faria qualquer garota morrer de
inveja. O vestido era de uma coleção passada, mas eu não me
importava com isso. Se o meu pai e futuro marido pensam que
podem me quebrar, eles não poderiam estar mais enganados.
O vestido é um Dolce&Gabbana vermelho, longo com
transparência. O busto é estruturado em estilo corset, tornando-o
ainda mais impressionante. A primeira vez que eu coloquei os meus
olhos nele eu sabia que teria que tê-lo. Uma cintura marcada,
decote reto com alças finas com forro e flores bordando todo o
tecido. A saia com caimento leve e fluído.
É simplesmente uma obra-prima da costura.
Papai convidou alguns amigos e família, mas ele também me
deixou saber que o meu futuro noivo proibiu a presença da
imprensa. O que eu agradeci silenciosamente. Tudo que eu não
preciso agora é ter o meu rosto estampado em todos os sites de
fofocas do país.
Pelo menos concordamos em algo.
— Você está linda, querida. — Mamãe diz quando eu termino de
calçar minhas sandálias vermelhas.
O meu cabelo está solto em ondas para dar mais volume. A
minha maquiagem é um pouco mais sofisticada com um olhar
dramático e boca carmesim. Normalmente, as noivas usam vestidos
de tons claros para essa ocasião, mas visto que eu estou sendo
obrigada a isso, eu não me importo nenhum pouco com o que pede
a tradição.
— Tenho certeza de que vovó Marisa não terá a mesma opinião
que a sua. — Digo sorrindo e mamãe sorri de volta.
— Bem, isso é um problema dela.
Minha avó e minha mãe nunca se deram bem. A mãe do meu pai
sempre preferiu que o meu pai se casasse com uma garota latina,
mas ele viu a minha mãe e sabia que ela a única.
Pena que ele não cuidou dela o bastante.
— Eu estou tão orgulhosa de você. — Mamãe diz abraçando-me
com cuidado para não borrar a maquiagem. — Toda a sua vida está
prestes a mudar para sempre e você está encarando isso como a
mulher forte que eu criei para você ser. — Diz emocionada.
— Aprendi com a melhor. — Sorrio para ela.
— Oh! Eu te amo tanto, princesa. — Ela me abraça.
Uma batida soa na porta quebrando o nosso momento, mãe e
filha.
— Entre! — Grito e, a porta se abre revelando uma Rosa muito
chocada.
— Ela não está linda, Rosa? — Mamãe pergunta sorrindo toda
orgulhosa da minha rebeldia.
— O senhor Williams não ficará nenhum pouco feliz, senhorita.
— Rosa repreende, mas logo em seguida um sorriso se estende
pelo seu rosto. — Você está linda.
— Obrigada. E essa é a ideia. — Digo sorrindo.
Eu mal posso esperar para ver a cara do meu futuro marido.
O que será que ele tem a dizer?
 
11
NICCO
 

 
Eu sabia que ela seria um problema assim que meus olhos
pousaram nela. O meu olhar segura o seu e observo a sua boca cair
aberta em choque completo. Ela pisca algumas vezes como se
estivesse tentando limpar a sua mente.
Sim, sou eu farfalla.
Um sorriso puxa dos meus lábios enquanto ela recupera a
compostura e termina de descer os degraus como a verdadeira
rainha que ela é. Todos os olhos estão nela, e por mais que eu
odeie isso, eu quero que todos saibam que ela é minha.
A sua beleza é inigualável.
Ela para no último degrau onde a minha mão está estendida
para recebê-la e eu posso ver as suas bochechas coradas e seus
lábios exuberantes que eu quero muito ao redor do meu pau quando
eu a foder mais tarde, abertos em choque.
Ela é tão linda.
— O que você está fazendo aqui? — Uma mistura de pânico e
curiosidade estampa o seu rosto bonito.
— Olá de novo, Lisa. — O meu sorriso se alarga à medida que o
seu pânico aumenta. — Ou devo dizer, Eleanor? — Arqueio uma
sobrancelha para ela.
Tão fofa.
O vestido que ela está usando é algo que ela está usando
deveria ser proibido. Eu quero arrancar a maldita peça do seu corpo
ao mesmo tempo, em que quero colocá-la sobre o meu ombro e
levá-la para um lugar que ninguém possa nos encontrar, mas antes
eu preciso passar por essa noite.
— Isso não é engraçado. — Ele diz por entre os dentes e eu
posso ver que todos os olhos estão em nós.
O que em qualquer outro momento não me importaria nenhum
pouco, mas eu prefiro não envolver a minha pequena farfalla nisso.
Endireitando-me, eu ignoro o seu questionamento, pelo menos por
enquanto e estendo a minha mão para ela.
— Niccolau Santino. — Apresento-me e vejo a realização tomar
conta dela ao mesmo tempo, em que seus olhos se enchem de
fúria.
— Você sabia o tempo todo. — A acusação é clara.
Sorrindo, eu seguro a sua mão trazendo-a para mim enquanto
nos movo em direção à sala onde todos nos esperam
ansiosamente.
— Falaremos sobre isso mais tarde, farfalla. — Digo, sussurro ao
seu ouvido enquanto a conduzo pelo salão.
Eleanor não diz nada, mas eu sei que ela está furiosa. Eu posso
sentir o tremor em seu corpo e a raiva irradiando do seu corpo.
Minha doce farfalla está apenas começando a sua jornada, mas já
entendeu como esse mundo funciona.
Estou tão orgulhoso dela.
— Isso não acabou, Santino. — Ela diz por entre os dentes
enquanto sorri para os convidados que se aproximam para
cumprimentá-la.
A sua mãe Sofia se aproxima seguida por seu marido Dominic.
Eu ignoro o olhar mortal que ela me dirige e me concentro em seu
marido. Ele é irmão de um velho amigo e eu sei que ele me conhece
muito bem. 
— Dominic, quanto tempo. — Cumprimento-o.
— Senhor Santino. — Ele cumprimenta de volta.
— Você o conhece? — Eleanor e sua mãe perguntam ao mesmo
tempo, enquanto olham entre mim e Dominic.
— Sim. — É tudo que eu digo jogando a bola para o lado de
Dominic.
Eu estou dando a ele a oportunidade de conduzir esse embate
como achar melhor. O que ele fará com isso é apenas um problema
dele. As consequências estão bem diante dos seus olhos.
— O senhor Santino é um velho amigo da família. — Dominic diz
decidindo deixar de fora o fato de quem eu realmente sou.
Embora eu tenha certeza de que isso não durará muito tempo.
Eu sou quem sou e isso nunca vai mudar.
— Oh! — Sofia Rossi parece um pouco mais aliviada com a
notícia, mas tenho certeza de que ela não estaria tão feliz se
soubessem quem eu sou. 
O que não muda em nada. Porque não me importa se ela é
contra ou a favor do meu casamento com a sua filha, eu ainda a
terei e ninguém irá me impedir de torná-la minha esposa.
Não nesta vida ou em quantas existirem.
— Não monopolizem os noivos. — Levi diz ao se aproximar com
um falso sorriso. — Você está linda, querida. — Ele diz para a filha.
Ellie se encolhe ao meu lado parecendo não acreditar nenhum
pouco na sinceridade do pai. E eu não posso culpá-la por isso.
— Obrigada, pai. — Ela diz sem devolver o sorriso.
— O que temos aqui? — Meu irmão Leo se aproxima com o seu
sorriso idiota e atitude imprudente. — Eu nunca pensei que teria
como irmãzinha alguém tão linda. Como você conseguiu
descongelar o coração frio do meu irmão mais velho?  — Ele atira e
eu estou prestes a socar a sua cara idiota quando a risada de Ellie
me para.
— Eu não sei nada sobre isso. Ele foi o único que me perseguiu.
— Diz ainda sorrindo.
Leo joga a cabeça para trás em uma risada estrondosa. — Deus,
você encontrou a mulher perfeita.
— Caí fora! — Rosno apertando o meu domínio sobre Ellie.
Eu não sei por que de repente eu me senti inseguro com a
presença do meu irmão caçula perto de Ellie. A minha família
sempre foi a coisa mais importante de minha vida, eu confio neles
com a minha vida, é por isso que eu estou irritado e confuso ao
mesmo tempo, com esse novo sentimento.
Talvez seja porque eles têm praticamente a mesma idade e
deveria ser ele no seu lugar? Minha mente fode comigo.
— Eu sou Leo. — O meu irmão me ignora e estende a mão para
a minha noiva.
— Ellie. — Ela sorri de volta aceitando a sua mão, mas antes
que ele a toque eu o empurro para longe.
— Não a toque, porra! — Rosno e sinto Ellie endurecer ao meu
lado.
Os olhos de sua mãe se alargam e ela parece prestes a dizer
algo quando o seu marido percebe e a leva para longe.
— Não se preocupe, irmão Ellie é como Sabina. — O idiota diz
sorrindo contra a borda do copo de uísque.
— Quem é Sabina? — Ellie pergunta curiosa.
— Nossa irmã caçula. Você vai e ela tem muito em comum. —
Digo puxando-a para longe de Leo, que apenas sorri como o idiota
que ele é.
De todos os meus irmãos, ele é o que mais me provoca. Stefano
é sempre o mais sensato e Sabina a minha dor de cabeça. Eu juro
que aquela garota quer testar todos os meus limites com suas
imprudências.
Ela e Leo poderiam ser gêmeos.
— Eu gosto do seu irmão. — Ellie diz quando nos afastamos.
Eu cerro minha mandíbula e aperto os meus punhos. — Fique
longe do meu irmão, Ellie.
— Ou o quê? — Ela para ficando na minha frente e me
desafiando com as mãos na cintura e seu olhar feroz.
Deus, ela é linda.
O meu pau endurece em minhas calças e o desejo de tê-la
contra a superfície mais próxima enquanto fodo os seus miolos se
torna ainda mais forte. Eu nunca deveria ter concordado com esse
evento de merda.
Agora, eu tenho que assistir algumas dúzias de idiotas babarem
sobre a minha noite enquanto eu os mato em meus pensamentos.
Talvez quando a noite terminar eu possa fazer isso realmente e
acabar com a vida miserável de todos esses idiotas que ousaram
olhar para a minha mulher por mais tempo que deveria.
Idiotas de merda.
— Tente-me e você conhecerá uma besta que não pode lidar,
Ellie. — A minha ameaça é clara.
Logicamente eu sei que Leo jamais faria um movimento na
minha mulher, mas apenas o pensamento me deixa louco. Eu o
mataria mesmo ele sendo o meu sangue. A traição em nosso
mundo é paga com a morte e Leo sabe disso como ninguém.
— Isso é uma ameaça? — Ela se endireita e seus peitos se
elevam com o movimento fazendo o meu pau se contorcer em
minhas calças, ansioso para estar dentro dela novamente.
Inclinando-me, eu sussurro ao seu ouvido. — É uma fodida
promessa, farfalla.
O seu corpo treme fazendo-a ofegar e se desequilibrar. As suas
mãos agarram os meus braços para se formar. Eu sou mais rápido e
agarro a sua cintura puxando-a contra o meu corpo.
O seu rosto está tão próximo ao meu. Eu poderia beijá-la agora.
Na verdade, todas as células em meu corpo gritam para que eu faça
isso, mas ao invés disso, eu decido provocá-la um pouco.
— Se quiser me abraçar é só pedir, farfalla. — Digo sorrindo e
ela me empurra para longe.
— Você é tão cheio de si. — Bufa.
— Apenas realista, farfalla.
— Pare de me chamar assim!
— Assim como? — Inclino-me ficando mais próximo dela
novamente.
Ela puxa uma respiração afiada e seu peito sobe e desce
rapidamente. Minha linda farfalla está tão afetada quanto eu. Eu mal
posso esperar para essa festa idiota acabar e eu tê-la só para mim.
Stefano e Romano chegaram por volta das onze da noite. Os
dois tinham uma pista sobre o assassino de Petrova e foram
investigar, pelo olhar frustrado no rosto do meu irmão, eu diria que
eles não conseguiram nada.
— Quem são eles? — Ellie pergunta ao meu lado, observando o
meu irmão e primo caminharem em nossa direção.
— Família. — É tudo que eu digo antes que eles nos alcance.
— Os rumores não fazem justiça a sua beleza, senhorita
Williams. — Stefano diz para Ellie estendendo a mão para ela.
Minha farfalla cora.
— Você é muito gentil, obrigada. — Ela sorri para o meu irmão e
meu maxilar aperta, assim como o meu domínio sobre ela.
O que há com os meus irmãos e a minha mulher?
— Você está atrasado, irmão. — Digo por entre os dentes
enfatizando a palavra irmão para que ele saiba que eu vou
fodidamente matá-lo apenas por olhar para a minha mulher.
— Irmão? — Ellie olha entre mim e Stefano curiosa.
— Nós somos quatro irmãos, caso o meu irmão aqui não tenha
compartilhado mais que algumas palavras. — Stefano esclarece
então volta sua atenção para mim parecendo estar adorando essa
merda de me provocar. — Minhas sinceras desculpas, irmão. O
trabalho exigiu mais que eu previa. — Diz com um sorriso
provocador.
— Quatro? Oh! — Ellie parece surpresa.
— Sim. — Eu aperto a sua mão trazendo sua atenção de volta
para mim. Não me importando com os olhares assombrados do meu
irmão e primo.
— Bem, eu gostaria de dizer que é um prazer, mas devido às
circunstâncias vocês terão que me desculpar pela minha grosseria,
sintam-se em casa. — Sarcasmo e veneno são as suas armas mais
letais.
Romano ri ao meu lado e quando eu lhe dou um olhar ele finge
uma tosse. Eu não sei o que diabos deu nos Santino hoje que eles
tiraram a noite para testar a minha paciência.
— Congratulazioni alla coppia. (Felicitações ao casal) —
Romano diz ao meu lado estendendo a mão para a minha mulher
que aceita com um largo sorriso.
Foda-me!
— Grazie. — Ela responde em italiano e foda-se, o meu pau
ficou duro instantaneamente com ela falando em italiano.
— Eu pensei que você não estivesse feliz com o nosso
casamento para agradecê-lo por suas felicitações. — Não posso
deixar de provocá-la.
Ela sorri e meu mundo balança. — Eu não estou, mas seria falta
de educação da minha parte não agradecer pelas felicitações.
— Tão educada. — Digo levando a sua mão que está presa na
minha aos meus lábios e beijando as costas dela.
Os olhos de Ellie se arregalam, eu sinto um leve tremor percorrer
o seu corpo. Uma respiração afiada puxa do seu peito e quando eu
espero que ela se afaste isso não acontece. Um leve rubor cobre as
suas bochechas enquanto ela desvia o seu olhar.
Faço uma nota mental para agir mais gentil com a minha farfalla
mais tarde. Eu sei que ela adorou quando eu fui rude no quarto com
ela, mas acabei de descobrir que ela gosta do meu lado gentil
também.
Não que eu o pratique com frequência.
. Eu não posso dizer que esse meu lado já foi visto por qualquer
de meus inimigos, ela foi uma das poucas a testemunhar ele, talvez
a única fora da minha família.
A noite avança e a cada minuto que se passa eu quero esfolar
cada maldito homem presente, inclusive os meus irmãos e primo
idiota que decidiram monopolizar a atenção da minha noiva.
Quando chega a hora do brinde, Leo não perde a oportunidade
de me provocar mais uma vez com o seu discurso. Talvez eu deixe
essa festa apenas com dois irmãos restantes, porque Leo está
cavando a sua própria cova.
— O meu irmão sempre foi um cara chato. — Leo começa e
todos riem, inclusive a minha noiva ao meu lado. — Não me
interpretem mal, ele não é assim porque quer, acontece que o nosso
querido irmão mais velho tem muitas responsabilidades. Ele teve
que crescer cedo demais para aprender a comandar o império da
nossa família. — Ele diz e faz uma pausa encontrando o meu olhar.
— Nicco, eu sei que sou um pé no seu saco a maior parte do tempo,
mas quero dizer que estou muito honrado em tê-lo como irmão mais
velho. Alguém que cuida da família e protege os seus acima de tudo
e todos. Você é a minha inspiração. Eu espero que você seja muito
feliz em sua nova jornada. — Ele diz e minha atenção vai para Ellie
que tem os olhos cheios de lágrimas.
Interessante.
Leo volta sua atenção para Ellie com um sorriso provocante. —
Seja bem-vinda à família, Ellie.
Eu vou matá-lo.
Stefano e Romano riem ao meu lado, parecendo muito divertidos
com as travessuras do meu irmãozinho.
— Leo tem um desejo de morte. — Romano diz ainda sorrindo.
— Aparentemente, o meu irmãozinho está querendo que eu lhe
ensine uma lição. — Digo erguendo o copo à minha frente e
entornando o líquido marrom enquanto o fuzilo com o meu olhar.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12
ELLIE
 

 
Eu não posso acreditar que ele é o meu noivo.
Quero dizer, como isso é possível? Minha mente está girando e
eu mal posso manter minhas pernas de pé. Se não fosse pelo seu
aperto em volta da minha cintura, eu já teria ido ao encontro do
chão. E porque eu estou deixando ele me segurar é uma das
perguntas que eu estou me fazendo, mas não consigo reunir forças
suficientes para afastá-lo.
Ou talvez você não queira. Minha mente brinca comigo.
A noite toda tem sido uma loucura. Eu mal consegui processar
os meus pensamentos direito. Tantas perguntas que eu quero fazer.
Mas eu preciso manter a minha cabeça no lugar se eu quiser passar
por essa noite.
Mamãe parece que vai pular e estrangular Nicco a qualquer
momento enquanto o papai atira punhais em Dominic, que devolve
na mesma intensidade. O vestido que estou usando está se
tornando cada vez mais restrito, eu sinto como se ele tivesse
sugando todo o meu ar, ou talvez seja ele.
Niccolau Santino.
O homem que tem assombrado os meus sonhos.
Aquele que eu não consegui esquecer, mesmo lutando com
todas as minhas forças. Pelo menos ele não mentiu sobre o seu
nome. Ou talvez, isso fizesse parte do seu plano? Há quanto tempo
ele planejou isso? O que houve com o pretendente anterior?
Deus, que confusão.
De todos os homens solteiros em Seattle, eu tinha logo que cair
nos seus braços. Talvez se eu usar como desculpa o seu sorriso de
derreter calcinhas, eu consiga um passe livre para essa confusão.
A única explicação para eu não ter desmoronado é que eu estou
em choque com tudo isso. Nunca nem nos meus piores pesadelos
eu poderia imaginar que o meu encontro de uma noite viraria o meu
futuro marido.
A organizadora fez um trabalho excelente para receber os
convidados. Tudo parece perfeito como se fosse real e não uma
farsa. Porque é isso que esse noivado é, uma grande farsa. Há
alguns amigos do meu pai que eu reconheço, outras pessoas que
eu nunca vi na minha vida, meus pais, avós e só. Eu não perdi a
ausência do tio Sebastian. Ele tem estado ausente há muito tempo.
Faço uma nota mental para perguntar ao meu pai mais tarde
quando ele não estiver me evitando.
Nicco parece um cão raivoso rosnando para qualquer homem
que olhe em minha direção. O que é um absurdo, porque ele não
tem nenhum direito de se sentir ofendido toda vez que alguém me
olha, até porque olhar não arranca pedaço.
— Posso cumprimentar a noiva, ou você também vai rosnar para
mim? — O meu irmão Massimo diz ao se aproximar.
O meu sorriso é instantâneo, assim como o aperto de Nicco em
meu quadril. Eu giro encarando-o com toda fúria possível.
— Toque no meu irmão e, eu mesma, farei picadinho seu. —
Digo empurrando-o. Eu nem espero para ver o seu rosto e me jogo
nos braços de Massimo. — Você conseguiu. — Digo contra o seu
peito quando ele me abraça de volta.
Ele sorri beijando o topo da minha cabeça.
— Eu nunca perderia o noivado da minha irmã mais velha. — Ele
diz abraçando-me mais forte.
Massimo sabe que esse não é um noivado típico. Quem vê
pensa que ele está feliz com esse enlace, mas qualquer que o
conheça sabe que esse seu jeito mais descontraído é apenas uma
fachada.
Ele é, na verdade, um encrenqueiro.
Rolo os meus olhos empurrando-o para longe. — Comporte-se.
Um sorriso cheio de dentes se espalha pelo seu rosto. — Eu não
faço sempre?
Eu estou prestes a responder quando sou puxada de volta contra
um peito firme. Aparentemente, o meu futuro marido tem um
problema com atenção. Uma coisa boa é que eu não sou a sua mãe
para niná-lo.
— Agora que vocês já se reconectaram, eu posso ter a minha
noiva de volta. — Nicco diz em um tom que não deixa nenhuma
dúvida de que ele não hesitará em sujar as mãos se for preciso.
— Massimo Rossi. — Meu irmão ignora a ameaça e estende a
mão para o meu noivo muito irritado.
— Niccolau Santino. — Assim que ele diz o seu nome, o rosto do
meu irmão empalidece.
Essa é a segunda vez que isso acontece. Primeiro foi com o meu
padrasto e agora com o meu irmão. Quem é Niccolau Santino? E
porque eles fazem a mesma cara quando ele diz o seu nome?
O que eles sabem que eu não sei?
— É um prazer conhecê-lo, senhor Santino. Mas receio ter que
alertá-lo de que se você fizer a minha irmã sofrer, eu não hesitarei
em caçá-lo. — Meu irmão diz endireitando-se e aperta a sua mão.
— Justo. — Nicco aceita.
— O que é isso? — Pergunto olhando entre os dois homens.
Nicco sorri beijando o topo da minha cabeça. — Nada para você
preocupar essa linda cabecinha, farfalla.
Eu volto minha atenção para Massimo que ainda está encarando
Nicco. Algo sobre isso não está certo. O meu pai é mia. Se eu o vi
duas vezes essa noite foi muito. Por sorte, Kristin está na França
torrando todos os cartões do meu pai. Porque eu odiaria ter que
lidar com esse noivado e ainda a sua figura patética pagando de
anfitriã.
É pedir muito que essa noite acabe?
Já passa da meia-noite quando eu finalmente consigo me afastar
de Nicco com a desculpa de que preciso usar o banheiro. Mamãe e
Dominic não estão em nenhum lugar à vista. O meu pai está em seu
escritório conversando com um grupo de empresários.
Eu mal consegui colocar nada no estômago a noite toda. Mas
não foi por tentativa do meu noivo, porque a cada bandeja que
passava ele pegava algo para mim. Eu devolvi a maior parte deles
para o desgosto do meu futuro marido.
Levantando o meu vestido, eu subo as escadas para usar o
banheiro do meu quarto. O grupo de pessoas que era pequeno
aumentou de uma hora para a outra. Eu não faço ideia que quem é
metade dessas pessoas, mas também não estou interessada.
Tudo que eu quero é dormir e acordar desse pesadelo.
No quarto, eu saio dos meus saltos gemendo de satisfação
quando os meus pés tocam o tapete macio. Eu nunca fui fã de
saltos, mas amo como eles ficam lindos em nossos pés.
Ele estava absolutamente lindo em seu terno de três peças
cinza. A cor combina com ele. Na verdade, todas as cores fazem.
Os seus olhos azuis queimando em minha pele e mesmo o seu
sorriso arrogante era sexy. Eu nunca conheci ninguém como ele.
Tudo sobre ele exala poder.
Eu vi a forma como o meu padrasto e irmão olharam para ele
depois de descobrir o seu nome. Dizer que eu estava intrigada era
pouco. Aparentemente, Niccolau Santino é alguém muito
importante.
Quem é Niccolau Santino?
E porque ele quer se casar comigo?
Eu tinha tantas perguntas, mas não fui capaz de fazer nenhuma
delas. Talvez por que eu não quisesse causar uma cena na frente
dos convidados e minha família. Embora eu esteja furiosa com o
meu pai por toda essa confusão, eu jamais faria nada assim.
Eu odeio escândalos.
Na verdade, eu nunca gostei de ser o centro das atenções. Na
escola, eu sempre fui à garota reservada que estava sempre com
um livro na mão ou meu rascunho para rabiscar algo. Foi daí que
nasceu minha paixão pela pintura e a ideia de estudar artes.
Diferente do meu pai que adora estar nos holofotes e a fama de ser
um dos maiores empresários de todo o mundo.
Quanta tolice.
Afastando esses pensamentos, eu alcanço o zíper do vestido
deslizando-o para baixo deixando-o cair aos meus pés. Eu sinto que
finalmente consigo respirar novamente.
Minha mente vai para o momento em que meus olhos encontram
os de Nicco hoje mais cedo. Parecia que estávamos de volta àquela
noite. Prendo a respiração quando me lembro de como ele me
beijou. Os seus lábios contra a minha pele... Minhas bochechas
queimam com a lembrança, cada centímetro da minha pele aquece.
Eu ainda posso sentir o seu toque incendiando a minha pele.
Umidade encharca a minha calcinha e eu aperto as minhas coxas
para aliviar a tensão.
Eu estou prestes a entrar no banheiro quando a abertura da
porta do meu quarto me faz congelar no lugar, meus olhos caem
sobre o travesseiro em cima da cama. Alcançando-o, eu o coloco
em frente ao meu corpo como forma de me cobrir o suficiente para
expulsar o invasor que se atreveu a entrar em meu quarto sem
permissão. Mas assim que eu giro encontro o familiar par de olhos
que tem me assombrado desde aquela noite.
— O que você está fazendo aqui? — O meu tom não é nenhum
pouco amigável.
Nicco dá um passo para dentro do quarto, seus olhos correndo
pelo meu corpo e depois de volta para o meu rosto como se tivesse
todo o direito.
Ele sorri e meu estômago dá cambalhotas. — Eu tinha me
esquecido de que a minha farfalla possui garras.
Eu bufo revirando os olhos. — Não me chame assim, e dê o fora
do meu quarto. Você não é bem-vindo aqui.
Os seus olhos se estreitam e eu posso ver a fúria por trás deles.
Nicco parece não estar muito acostumado a lhe dizerem o que fazer.
Talvez se eu o irritar bastante, ele desista dessa besteira de
casamento.
— Cuidado, farfalla. — Avisa dando um passo em minha direção.
— Não se mova! — Grito erguendo a mão para pará-lo. Não que
eu ache que vai fazer muita diferença, mas não posso deixar de
tentar.
Eu ainda posso sentir o seu toque dominante contra a minha
pele. Minha respiração engata fazendo os meus mamilos
endurecerem contra o tecido do travesseiro que agora eu estou
segurando contra o meu peito como se a minha vida dependesse
disso.
Se ele me tocar, eu sou um caso perdido.
— Ou o quê? — Ele provoca dando mais um passo e ficando
bem na minha frente.
— Você sabia quem eu era? — A pergunta sai como uma
acusação.
— Isso é importante? — Ele estuda o meu rosto.
Fúria rasteja sob a minha pele. — É claro que faz! Você não só
me enganou para conseguir o que queria como me deixou fazer
papel de idiota.
— Você nunca foi idiota, farfalla. — Ele diz com a sua melódica
de derreter calcinhas.
O meu núcleo aperta com desejo.
Eu dou um passo para trás ao mesmo tempo, em que ele
avança. Minhas costas batem contra a parede. Ele coloca as duas
mãos contra a parede cercando-me. A proximidade e o seu cheiro
me embriagam. Minhas pernas tremem e minha respiração fica
ofegante.
— Por que você está fazendo isso? — Pergunto baixinho.
Ele se inclina para sussurrar ao meu ouvido. — Porque eu
posso, farfalla.
Um tremor desce pela minha espinha.
Raiva e desejo se misturam em minha corrente sanguínea. E por
mais que odeie o fato dele me deixar tão fraca, eu também quero
muito que ele me beije. Eu quero sentir aqueles lábios contra os
meus novamente, sentir o seu corpo duro e másculo contra o meu
enquanto ele abala o meu mundo apenas com um toque. Mas eu
preciso me lembrar de que ele é o inimigo aqui.
— Saí de cima de mim. — Eu o empurro para longe derrubando
o travesseiro e me deixando exposta para ele.
Os seus olhos caem sobre o meu corpo seminu e faíscas de
desejo cintilam em seu olhar azul gelado. Eu nunca conheci
ninguém com o olhar tão intenso antes. Eu sinto como se ele
pudesse desnudar a minha alma.
A mudança é perceptível.
Os seus olhos são famintos enquanto deslizam por cada
centímetro do meu corpo. A sua mandíbula aperta antes de seu
olhar voltar para o meu. Todo o ar deixa os meus pulmões e um
gemido baixo deixa os meus lábios.
Merda.
— Você é deslumbrante, farfalla. — Ele sussurra e a sua mão se
ergue para acariciar o meu braço nu.
Eu tremo.
O meu corpo anseia pelo seu toque.
A sua presença dominadora consumindo tudo, os meus
pensamentos, desejos e dúvidas. É por isso que essa união é um
problema. Eu não estou pronta para isso.
Talvez nunca esteja.
— Eu não vou me casar com você. — Digo afastando-o
novamente, mas apenas porque se ele continuar a me tocar eu não
terei tanta resistência.
— Tsc, tsc, tsc. — Ele balança a cabeça agarrando o meu rosto
com uma mão. O seu rosto a meros centímetros do meu. — Não me
tente, farfalla. Você não vai gostar do que encontrará. — Ele diz
passando a língua na costura dos meus lábios.
— Eu não tenho medo de você. — Rebato mordendo o seu lábio
e tirando um pouco de sangue.
Um sorriso maníaco se expande pelo seu rosto e antes que eu
posso pensar direito, os seus lábios batem contra os meus
agressivamente. Ele me empurra contra a parede, uma mão desliza
em meu cabelo, agarrando-o e trazendo o meu rosto mais perto
dele. O gosto metálico invade a minha boca quando os meus lábios
finalmente cedem a sua exigência e ele me beija como se quisesse
me possuir.
Eu devo ter perdido todo o meu juízo, porque no momento em
que a sua língua invadiu a minha boca e suas mãos agarram os
meus seios, seus dedos brincando com os meus mamilos eretos, eu
perdi a luta.
Nicco me transformava em uma criatura devassa quando me
tocava. Era como se meu cérebro e corpo estivessem em guerra e
claramente o corpo estava ganhando, porque a parte escura em
minha alma ansiava por ele.
Nicco exalava perigo.
Um oceano tempestuoso que eu queria me afogar e nunca mais
sair. Talvez isso fosse a luxúria falando, mas no momento eu não
me importava. Tudo que eu queria era que ele me fizesse sentir
bem.
— Você não pode lutar contra isso. Ellie. — Ele sussurrou contra
a minha pele, deslizando a sua mão por entre as minhas coxas,
esfregando o meu clitóris sob a renda da minha calcinha.
— Oh! — Eu deixei cair minha cabeça para trás quando ele
inseriu um dedo e depois outro em meu núcleo, deslizando-os
dentro e fora.
Eu podia sentir o seu pau grosso contra o meu estômago. Seus
dentes rasparam ao longo do meu pescoço enquanto seus dedos
deslizavam dentro e fora da minha boceta.
Gemidos escaparam dos meus lábios enquanto ele se movia
mais rápido. O meu coração disparou em meu peito e minha cabeça
girou com o conflito. Eu não deveria querê-lo. Não estava certo. Mas
o meu corpo tinha outras ideias.
Ele ansiava pelo seu toque, seus beijos. Tudo que ele estivesse
disposto a me dar. O que não soava como eu mesma.
Eu não deveria desejá-lo.
Nicco mentiu para mim. Ele sabia quem eu era e me fez de boba
quando eu estava tentando me rebelar contra os delírios opressores
do meu pai controlador. Agora, eu teria que me casar com esse
mesmo homem.
Fúria cresceu dentro de mim e o momento de desejo foi
substituído por raiva. Empurrando-o para longe, eu respirei
pesadamente enquanto buscava algum fôlego e resistência.
— Me deixe em paz! — Gritei à beira de lágrimas, mas eu não
iria dar-lhe esse prazer de me ver quebrar diante dele.
Um sorriso sombrio cruzou o seu rosto enquanto ele me
encarou. Os seus olhos pareciam mortais, causando arrepios por
toda a minha pele, mas eu não cederia. Se ele pensava que poderia
me quebrar, está muito enganado.
— Lute o quanto quiser, farfalla. Até o final do mês você será
minha... — Ele disse levando os mesmos dedos que estavam dentro
de mim até pouco tempo à boca chupando-os. — Fodidamente
doce. — Disse com um sorriso arrogante.
Calor rastejou por minha pele, aquecendo as minhas bochechas
e fazendo o meu núcleo pulsar com uma dor que só ele poderia
curar.
Merda.
Ele não jogava limpo.
E porque eu achei isso tão sexy?
Eu devo estar com algum problema de cabeça, porque não há
como uma pessoa normal se sentir atraída por seu algoz.
Poderia?
— Fora! — Gritei para ele, mas não se moveu.
— Você está tornando isso ainda mais interessante, farfalla. —
Ele disse dando um passo em minha direção, mas desta vez eu
pulei por cima da cama sem me importar que estivesse
completamente nua diante dele.
Eu não podia deixá-lo me tocar, caso contrário eu estaria
perdida. Aparentemente, o meu corpo traidor é um grande fã dele e
anseia por seu toque como as plantas necessitam de sol para fazer
fotossíntese.
— Vista suas roupas, eu estarei esperando-a lá embaixo. — Ele
diz segurando o meu olhar, não sei o que ele vê, mas as suas
próximas palavras são um aviso — Não tente nada engraçado ou
você não vai gostar das consequências. — Acrescenta dirigindo-se
para a porta.
— O que isso quer dizer? — Perguntei confusa.
— Desobedeça-me e você saberá, farfalla. — Ele diz por cima
do ombro antes de se virar e deixar o quarto fechando a porta traz
de si mesmo.
Eu fico lá no mesmo lugar sem saber o que fazer. Nicco parecia
mortalmente sério em suas palavras. O que me diz que esse arranjo
é muito mais do que o meu pai fez parecer.
Quem é Nicco Santino?
E por que ele está obcecado por mim?
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13
ELLIE
 

 
 
Saindo do meu transe, eu procuro através do meu quarto pelo
meu celular e o encontro em cima do sofá. Eu digito rapidamente o
nome Nicco Santino no Google e fico surpresa ao descobrir que há
poucos artigos falando sobre ele.
O que me deixa ainda mais curiosa.
Ele não me parece um homem comum e sem passado. O meu
pai nunca permitiria que eu me casasse com alguém que não fosse
do seu agrado. Ele deixou bem claro que isso era um caso de vida
ou morte. A menos que Nicco seja um médico, e o meu pai esteja
sofrendo de algo muito grave, o que eu duvido, eu diria que algo
sobre esse arranjo está muito sério.
Eu continuo a pesquisar e me deparo com um artigo que faz
relaciona a família Santino como membros pertencentes à máfia
Siciliana. Um tremor percorre o meu corpo e meu peito se
comprime.
Não pode ser verdade.
Eles devem estar enganados.
O meu pai nunca se envolveria com pessoas assim. Eu estou à
beira de um colapso quando o ouço atrás de mim e congelo no
lugar.
— Se você queria saber mais sobre mim, era só ter me
perguntado, farfalla. — Ele diz e eu me viro para encontrá-lo parado
no canto da porta.
O seu paletó foi descartado, agora ele está apenas em sua
camisa branca, mangas soltas e gravata desfeita. Deus, ele é lindo.
Mãos nos bolsos e um olhar entediado em seu rosto bonito.
Será que todos os mafiosos são assim?
— O que eles dizem é verdade? — Pergunto encontrando a
minha voz pela primeira vez desde que ele entrou na sala. E como
eu não notei a porta sendo aberta?
Ele dá de ombros afastando-se da porta e caminhando em
minha direção. — Não acredite em tudo que lê na internet.
— Então você não faz parte da máfia? — Pergunto temendo a
sua resposta.
— Eu não faço parte da máfia farfalla... — Ele começa e eu
quase posso sentir o alívio apenas para ter o meu mundo abalado
pela terceira vez em uma única noite. — Eu sou a máfia. — Ele diz
alcançando-me e puxando-me para ficar em meus pés.
As suas palavras ficam suspensas no ar. Eu estou congelada no
lugar sem saber o que fazer. Isso não pode estar acontecendo. O
meu futuro marido não pode pertencer há uma organização
criminosa.
Isso é loucura.
O que me deixa mais intrigada é porque o meu pai permitiu isso.
Qual é a sua relação com a máfia? O que mais eles estão
escondendo?
— Por quê? — Eu consigo perguntar.
Ele solta um suspiro pesado e se move em direção ao meu
vestido descartado no chão, pegando-o e o estendendo para mim.
— Negócios, farfalla.
Fúria cresce em mim.
— Então tudo isso não passou de uma transação mafiosa. — Eu
empurro o vestido para longe, afastando-me dele e entrando em
meu closet, mas é claro que ele me segue. — O que meu pai ganha
com isso? E o que você ganha com isso? Ou foder a filha do seu
parceiro fazia parte do acordo? — Assim que as palavras deixam a
minha boca, ele está em cima de mim.
Nicco avança como um relâmpago. Os seus dedos envolvem ao
redor da minha garganta pressionando-me contra a parede. A sua
raiva explodindo através de seus olhos e me fazendo estremecer. O
seu corpo grande está cobrindo o meu, fazendo a minha ansiedade
disparar perigosamente.
Ele vai me matar?
— Nunca mais se refira a você desta forma. — A sua respiração
ofegante contra o meu rosto me diz que eu acabei de cutucar a fera.
Todo o meu corpo treme embaixo do dele enquanto ele continua a
me fuzilar com o seu olhar sombrio.
O aperto em meu pescoço afrouxa e ele agarra o meu queixo
trazendo o meu rosto mais perto do seu. — Não me empurre,
Eleanor. Você não vai gostar das consequências.
Eu posso sentir a sua escuridão.
Ele está furioso.
Engoli em seco. As minhas mãos agora estavam contra o seu
peito e eu nem mesmo tenho ideia de como elas foram parar lá. Um
arrepio desceu pela minha espinha enquanto Nicco continuou a me
fuzilar com o olhar sombrio.
Ele era lindo.
A raiva apenas intensificou o seu lado selvagem. Por debaixo
desse terno elegante havia uma besta pronta para atacar sempre
que sentisse necessidade. Nicco era uma besta disfarçada de
cavalheiro.
— Deixe-me ir! — Eu o empurrei para longe, mas ele ainda não
se moveu.
Eu podia sentir a raiva correndo em sua corrente sanguínea
como água em um rio. Nada disso fazia sentido. Nicco poderia
escolher qualquer mulher para se casar com ele, e eu aposto que
elas nem mesmo questionariam o seu ramo de negócios. Mas, por
que eu?
— Arrume as suas coisas. Você está voltando para casa comigo.
— Ele disse empurrando-se para trás e finalmente me libertando do
seu aperto.
O quê?
Ele não podia estar falando sério, mas a julgar pelo olhar que ele
estava me dando, eu diria que ele não estava brincando.
— Você está louco? Eu não estou voltando com você. — Disse
cruzando os meus braços sobre os peitos.
Se ele esperava uma donzela submissa, poderia pensar duas
vezes, porque eu não estava ajoelhando e dizendo amém para cada
palavra que saia de sua boca. Falando em sua boca, os meus olhos
são atraídos para ela e eu quase posso sentir os seus lábios contra
a minha pele. É como se o meu corpo estivesse diretamente ligado
ao seu, mesmo quando ele não está me tocando.
Como isso é possível?
— Não é questionável, Ellie. — Rebateu de volta dando um
passo em minha direção enquanto eu procurava ao redor por uma
rota de fuga.
Ellie?
Por que o meu nome em sua boca parecia tão certo?
Eu não devia estar pensando esse tipo de coisa. Nicco era o
inimigo aqui e eu precisava manter o foco e não me impressionar
por cada detalhe sobre ele. O fato de nós termos fodidos como
coelhos na outra noite não lhe dá o direito de me dizer o que fazer.
— Eu não quero me casar com você. — Disse para fazê-lo
desistir dessa loucura.
— Isso é uma pena, farfalla.— Ele balançou a cabeça com um
sorriso arrogante. — Porque eu estou ansioso para torná-la minha,
para sempre. — Acrescentou com um olhar sombrio e eu sabia que
ele queria dizer isso.
Eu não conhecia Nicco o suficiente, mas ele pode ser bastante
transparente quando quer e nesses momentos eu posso ter um
vislumbre do homem por trás da besta e vice-versa.
Ele não é um homem que diz coisas aleatórias e isso é o que
mais me preocupa aqui. Casar-me com ele selará o meu destino
para sempre. Eu estava resignada com a ideia de me casar com um
estranho apenas pelo simples fato de poder me divorciar mais tarde,
mas agora tudo mudou.
Nicco nunca me deixará ir.
Eu preciso fazê-lo me odiar, só assim ele desistirá desse
casamento.
— Eu estou apaixonada por outro homem. — Assim que as
palavras deixam a minha boca eu me arrependo.
Um sorriso sombrio cruza o seu rosto. A sua mandíbula aperta e
eu vejo que isso o atingiu de alguma forma, mas mesmo assim ele
se recusa a se render. — Isso é uma pena, farfalla. Porque ele é um
homem morto assim que eu colocar minhas mãos nele.
Um arrepio desce pela minha espinha.
Eu devia saber que ele seria possessivo.
— Você está louco. — Digo indignada.
— Arrume as suas coisas, Ellie. — Rosnou apertando as mãos
em punhos. — Não me faça repetir, você não vai gostar das
consequências. — Ameaçou.
— O que você vai fazer? — Desafiei. — Punir-me? Colocar os
meus pés no concreto e me atirar no mar? Isso não é o que eles
fazem na máfia? — Gritei de volta.
Eu estava cutucando ainda mais a fera e sabia disso, mas eu
não conseguia parar. A indignação era tamanha que nem mesmo a
ameaça de punição poderia me parar agora.
Ele sorriu e meu estômago enrolou.
Eu não deveria me sentir atraída por um monstro como ele, mas
o meu corpo traidor parecia ter se rebelado contra mim. Se eu
acreditasse em fantasia, diria que ele me enfeitiçou, porque não há
como eu me sentir atraída por um criminoso.
Teria?
— Tão ingênua. — Ele sorriu e se dirigiu para a porta. — Vou lhe
dar alguns minutos, não me faça me arrepender disso, Ellie. —
Disse antes de deixar o quarto.
— Arghh! — Gritei incapaz de controlar a minha raiva.
Como ele ousa?
Eu não era um maldito objeto que todos poderiam mover de um
lado para o outro a qualquer momento que quisessem. Puxando
uma calça, suéter e tênis do armário, eu me vesti rapidamente,
pegando a minha bolsa, telefone e carteira, eu corri para a janela.
A mansão tinha várias câmeras por todos os lados, mas crescer
em um lugar como esse te faz testar todos os seus limites. Eu
conheço cada canto dessa casa, sei os pontos cegos e como sair
daqui sem ser vista.
Se Nicco quiser me pegar, ele vai ter que me alcançar.
Eu queria fazer o meu próprio caminho e me casar com Nicco
iria contra tudo que eu sempre sonhei. Ser a esposa troféu não era
para mim. E mesmo que ele alcance, eu nunca vou desistir de
tentar.
Tinha sido algum tempo que eu não fazia isso. Normalmente, eu
fugia quando a minha madrasta estava em casa, o que costumava
ser muito quando eu era adolescente. Ela não me maltratava
fisicamente, mas estava sempre insinuando que eu era a causa de
todos os problemas do meu pai. E eu confesso que algumas vezes
pensei sobre isso e até cheguei a acreditar nas bobagens que ela
atirava em mim, mas logo coloquei esses pensamentos para fora da
minha cabeça e me recusei a deixar que ela envenenasse a minha
mente, assim como ela tinha feito com Levi.
Kristin queria que eu desaparecesse de suas vidas. O meu pai
também sabia disso, mas fingia que não apenas para manter as
aparências. Era assim que a sua vida funcionava.
Fazer os outros acreditarem que os Williams eram uma família
perfeita e impecável era a sua maior preocupação. Afinal, o infame
bilionário Levi Williams não poderia ser relacionado a escândalos ou
fracassos.
Acredito que foi por isso que ele me permitiu ter o meu próprio
lugar mesmo quando ainda controlava cada passo da minha vida.
Eu sabia que o porteiro do meu prédio enviava relatórios diários
meus, bem como quem entrava e saia do meu apartamento.
Levi odiava o fato de eu viver da arte, e sempre que alguns de
seus amigos perguntavam o que eu fazia, ele desconversava e dizia
que eu estava me preparando para assumir os negócios da família.
Nunca.
Eu deslizei pelo parapeito com cuidado para não escorregar. O
tênis me daria a estabilidade que eu precisava, mas o vento forte
poderia ser a minha ruína se eu não prestasse atenção.
Eu passei pelo quarto do meu pai e escorreguei pelo telhado em
direção ao telhado da biblioteca. A festa estava acontecendo do
outro lado da mansão, então isso me permitiria sair sem ser notada.
Quando chegasse ao jardim, havia uma passagem secreta entre a
casa de ferramentas e a casa da piscina. Ninguém além de Natalie,
Massimo, Emma e eu sabíamos disso.
Levi não odiava o meu irmão como ele fazia com o seu pai. O
que era uma coisa boa, porque eu pude crescer com o meu irmão
mesmo em sua casa. Ao longo dos anos, Massimo e Emma se
esgueiraram por essa passagem sempre que queriam escapar,
deixando Natalie e eu para limpar as suas bagunças.
Esses dois certamente são uma coisa.
A biblioteca tem uma área externa com uma parede baixa que dá
para o jardim. Eu pulo dentro com cuidado para não torcer o pé e
aterrisso com cuidado. A música ainda pode ser ouvida mesmo
desse lado da mansão, então isso me dará uma vantagem.
Embora eu não tenha pensado muito no que vou fazer ao sair
daqui, porque eu não acredito que Levi ou Nicco me deixarão ir tão
longe, mas eu preciso respirar algum ar puro e pensar direito.
O fato de ser Nicco o meu prometido mexeu um pouco com a
minha cabeça e eu confesso que a ideia de me casar não parece
tão ruim quanto parecia anteriormente. Talvez eu tenha sofrido
algum tipo de trauma que me fez pensar nele como uma escolha
segura.
Eu nem mesmo estou considerando o fato de ele ser um
criminoso. Isso deveria significar alguma coisa, não é? É por isso
que eu preciso de um tempo a sós para pensar em tudo isso. Foi
uma semana intensa. Eu certamente fui de zero a mil em poucos
dias e nem mesmo sei por onde começar a processar tudo isso.
Saindo para o jardim, eu o sinto antes mesmo de vê-lo. É como
se o meu corpo estivesse sintonizado com o seu e antes que eu
possa correr, mãos firmes envolvem ao redor da minha cintura
puxando-me de volta contra o seu corpo duro.
— Saindo sem mim, farfalla. — Ele sussurra ao meu ouvido e eu
tremo em seus braços.
Os meus mamilos ficam eretos e meu núcleo aperta com o
desejo que só ele é capaz de despertar. Eu devo estar com algum
tipo de problema na cabeça para desejá-lo mesmo em uma situação
como essa.
— Deixe-me ir! — Eu lutei para sair do seu agarre, mas sem
sucesso.
— Nunca. — Ele disse colocando-me sobre o seu ombro
carregando-me pelo jardim em direção ao estacionamento.
— Eu não vou com você. — Eu bati contra as suas costas, mas
ele era muito mais forte que eu. Gritar por ajuda não era uma opção.
— Você vem comigo, farfalla. Pare de lutar contra isso. — Disse.
— Você não pode estar falando sério! — Gritei exasperada. —
Eu não estou indo com você para lugar nenhum.
— Isso não foi um pedido, farfalla. — Ele disse colocando-me
para baixo quando chegamos a frente a um carro cinza que mais
parecia o carro do James Bond.
Minha cabeça estava girando pela posição e levou alguns
segundos para eu me orientar. Nicco estava parado na minha frente
parecendo ainda mais bonito que nunca. A idade certamente lhe
caia bem.
— Por que você está fazendo isso? — Perguntei baixinho.
Eu estava exausta física e mentalmente. Lidar com isso me fez
perceber quão frágil nós somos diante de algumas adversidades. Eu
pensei que poderia lidar com isso mesmo sendo contra a ideia de
me casar com um estranho, mas eu estava muito enganada.
Ele deu um passo para frente, o seu corpo grande e poderoso
cobrindo o meu. Minhas costas bateram contra o carro enquanto ele
avançava mais reivindicando o meu espaço pessoal e tornando-o
seu.
— Rebelar-se contra mim só vai desgastá-la, farfalla. — Disse
inclinando-se para ficar a poucos centímetros do meu rosto.
Eu queria socá-lo no rosto por ser tão malditamente presunçoso,
mas, ao mesmo tempo, a vontade de beijá-lo estava nublando os
meus pensamentos e me deixando mais confusa que nunca.
O que estava acontecendo aqui?
Por que ele me fazia sentir tão fraca e necessitada?
— O que meu pai acha sobre você me levar com você? —
Perguntei meus olhos caindo para os seus lábios. A sua língua
deslizou por entre eles, fazendo minha boca se encher com desejo
para beijá-lo.
Merda.
Eu precisava ficar longe dele.
— Ele não tem uma palavra a dizer sobre isso, Ellie. — Disso
dando um passo para trás. — Você é minha. E não há nada e nem
ninguém que possa afastá-la de mim, nem mesmo a morte. —
Acrescentou.
Um tremor passou pelo meu corpo com a promessa que mais
soava como uma ameaça. O seu lado sombrio era algo que eu
nunca pensei que me encantaria, mas algo sobre a maneira como
ele me olha faz eu me sentir como se chamas invisíveis estivessem
lambendo a minha pele.
Era como um conto de fadas sombrio, onde a chapeuzinho
vermelho se apaixona pelo lobo mal. A sua escuridão estava me
atraindo para ele como uma mosca para o mel. E o pior de tudo isso
era que uma parte de mim estava bem com isso.
O que estava de errado comigo?
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14
NICCO

 
— O que acontece agora? — Perguntou quando chegamos à
minha cobertura. — Você vai me trancar em sua masmorra e me
fazer implorar por comida e pela minha vida?
O sarcasmo não passou despercebido.
Sorrindo, eu retirei o meu paletó e caminhei em direção ao bar
para me servir de uma bebida. A noite tinha sido tão interessante
como eu previa, mas um pouco mais tranquila que eu esperava.
Eu sabia que ela tentaria escapar mesmo antes de tudo
acontecer. Ellie não me parece uma desistente, mas ela é inteligente
o suficiente para saber quando recuar. Se eu fosse um homem
melhor a teria deixado escapar para ver até onde ela iria, mas eu
não sou.
Minha obsessão por essa linda garota está começando a me
incomodar. Eu não deveria querê-la tanto quanto eu faço. Ela
deveria ser a escolhida para se casar com o meu irmão, ao invés
disso, eu a fiz minha quando, na verdade, não deveria. Agora tudo
que posso pensar é que não posso ficar longe dela.
— Você certamente tem uma imaginação fértil, farfalla. — Digo
entregando-lhe uma taça de vinho branco.
— Você sempre traz as suas vítimas aqui? Ou eu fui à única
contemplada? — Pergunta ao aceitar a taça e se afastar em direção
as janelas.
A sua pergunta me faz sorrir, porque eu nunca pensei em minha
farfalla como sendo uma garota ciumenta. Essa é a sua maneira de
descobrir quantas mulheres eu trouxe para o meu lugar? Ou ela
realmente acredita que eu traria minhas vítimas para um lugar como
esse?
— Normalmente, eu as levo para armazéns no meio do nada,
mas sempre há uma primeira vez para tudo. — Digo erguendo o
meu copo para ela.
O olhar chocado em seu rosto me diz que eu realmente a
assustei. Minha linda farfalla é doce e boa, mas eu posso sentir a
deusa feroz por trás de suas íris verdes. A sua força e beleza são
apenas um de seus atributos que mais me encantaram nela e eu sei
que quando chegar a hora ela se tornará na rainha que ela nasceu
para ser.
Minha rainha.
— Eu não vou dormir com você. — Ela diz em uma tentativa de
me irritar.
Ellie é uma mulher muito inteligente.
O seu pai a trata como se ela fosse apenas uma filhinha de
papai mimada e com um senso de rebeldia. Mas ele não poderia
estar mais enganado. A minha farfalla é uma mulher forte e
decidida. O fato de ela ter aguentado as suas merdas até hoje me
dizem que eu estou inteiramente certo.
Ela sabia que bater de frente com o poderoso Levi Williams só a
faria mais frustrada, então ela tem preparado o seu terreno e
esperado pela oportunidade perfeita. Eu também sei que o fato de
ela não ter lutado o suficiente para sair desse arranjo é porque ela
espera fazer o que lhe foi exigido enquanto encontra uma brecha
para buscar um divórcio mais tarde.
Garota esperta.
O que ela não sabe é que eu nunca vou deixá-la ir. Não importa
o que aconteça. Eleanor Ann Williams logo se tornará minha
esposa. E ela não está indo a lugar nenhum longe de mim.
— É uma coisa boa considerando que há muitos quartos vagos
nesse apartamento. — Digo tomando outro gole da minha bebida
enquanto observo a forma com os seus olhos se estreitam e a sua
fúria aumenta.
— Quão atencioso da sua parte. — Ela rebate entornando o
restante do seu vinho e colocando a taça sobre a mesinha ao lado.
— É minha missão de vida atendê-la, farfalla. — Sorrio erguendo
o copo mais uma vez e despejando todo o conteúdo em minha
garganta.
Eu amo quando minha farfalla mostra suas garras. Faz o meu
pau, malditamente duro. Apenas o pensamento de tê-la sob o
mesmo teto que eu já me tem louco. Mas por mais que eu deseje
estar enterrado em sua boceta apertada, eu preciso que ela se sinta
confortável em minha presença, afinal de contas ela será a minha
esposa dentro de alguns dias, então eu quero tornar as coisas mais
fáceis para ambos.
Embora eu prefira o caos, nesse caso, eu não quero que ela me
odeie ou pelo menos não me odeie tanto que não possamos
encontrar uma maneira de coexistirmos juntos.
O fato de nosso casamento começar através de um arranjo não
o faz menos legítimo. Eu não posso dizer que a amo, porque o amor
não é para pessoas como eu. O amor é uma fraqueza que eu não
posso me dar ao trabalho de ter, mas eu sei que não há outra
mulher para mim se não ela.
Ellie é o meu começo e fim.
— Eu estou cansada. — Ela diz com um bocejo.
Eu estou prestes a mostrar-lhe o seu quarto quando o meu
telefone vibra em meu bolso e eu puxo para ler a mensagem de
Stefano.
S: Um prêmio pela cabeça de Sebastian foi emitido pelos russos.
— Foda-se!
Aquele idiota conseguiu o que estava procurando. Eu sabia que
uma hora ou outra ele acabaria sendo pego. Eu rapidamente envio
uma resposta para ele mandando uma equipe de busca o tirar do
país.
— O que está errado? — Ellie pergunta ao meu lado e só então
percebo que ela ainda está aqui. E por mais que eu odeie o seu pai
e tio, eu não posso deixá-la descobrir que tipo de homens eles são,
isso a destruiria.
— Nada. Apenas alguns contratempos. — Digo respondendo
outra mensagem de Stefano perguntando sobre o que fazer com
Levi.
N: Envie alguns homens para aumentar a segurança da mansão
e aguarde o meu retorno.
S: Feito. Dominic Rossi deseja uma audiência para falar sobre a
garota Williams.
N: Amanhã as dez em meu escritório. Descubra quem matou
Petrova antes que os russos o achem antes de nós.
S: Trabalhando nisso, chefe.
Olhos verdes me encaram quando eu termino de falar com meu
irmão e por um momento nós apenas ficamos assim encarando-nos.
Ellie é a criatura mais linda que eu já coloquei os meus olhos.
A suavidade da sua pele e o olhar inocente são como uma droga
que eu não posso viver sem. Quando eu olho para ela, eu me sinto
como o idiota mais sortudo de todo o mundo por tê-la, mesmo que
ela diga que me odeia.
Eu estou bem com isso.
Ela pode me odiar o quanto quiser, desde que permaneça ao
meu lado. Porque só há uma maneira dela se livrar de mim é se eu
estiver morto. Eu quis dizer cada palavra que eu disse
anteriormente.
Não há nada capaz de nos separar nessa vida.
Nem mesmo a maldita morte. Eu não me importo com quem eu
tenha que derrubar para mantê-la minha, sã e salva até mesmo de
si mesma se for preciso. Antes de conhecê-la, o meu mundo era só
escuridão.
É por isso que eu não posso deixá-la ir.
Nunca.
Eu não sobreviveria.
 
 
 
ELLIE
 
 
Nicco parece um pouco estranho.
Ele ainda é o mesmo homem por fora, mas eu posso ver que
algo mudou depois que ele leu aquelas mensagens em seu celular.
Eu me pergunto o que era para deixá-lo tão sério.
Foi-se o homem brincalhão dando lugar ao impiedoso líder da
máfia Siciliana. Depois de me mostrar o quarto de hóspedes, ele me
disse para me sentir à vontade enquanto ele tinha trabalho a fazer e,
essa foi à última vez que eu o vi antes dele desaparecer no
corredor.
A sua cobertura ficava bem no coração da cidade. A vista incrível
para o Space Needle era deslumbrante. Se não fosse pelas
circunstâncias, eu poderia até aproveitar esse lugar como ele
merecia, mas tudo era muito mais confuso que se esperava.
Nicco era o chefe de uma organização criminosa com quem o
meu pai fez um acordo para me tornar sua esposa. Eu não sabia o
que ele tinha contra o meu pai que o fez concordar com esse
absurdo, mas daria um jeito de descobrir.
A minha vida não é um jogo estúpido que eles pretendem jogar
como querem. Eu tenho meus próprios sonhos e desejos para
realizar. Casar não é um deles no momento, embora eu não acredite
que um compromisso atrasaria os meus sonhos ou nada disso, mas
ainda assim é muito cedo.
Eu devia ter ignorado os olhares afiados de Nicco toda vez que
eu tocava em alguma bebida. Ele nem mesmo me permitiu tomar
dois goles do champanhe durante o brinde.
O que é totalmente arbitrário para não dizer absurdo.
Eu tolerei as expectativas e exigências absurdas do meu pai por
muito tempo sem me rebelar, bem exceto até três noites atrás
quando eu fui há um bar e dei a minha virgindade para o único
homem que não deveria.
Rolando, através das minhas mensagens, eu sorrio ao ver que
pelo menos as minhas amigas estão felizes vivendo as suas vidas
como qualquer jovem normal. Eu ainda não contei a elas sobre o
noivado ou casamento, acredito que a minha relutância em dizer-
lhes se deve ao fato de eu não querer estragar as suas férias.
Emma estará fora por um ano inteiro enquanto Natalie estará de
volta em alguns dias e eu não quero que elas mudem os seus
planos apenas para estarem ao meu lado em meio a essa loucura
toda.
Não seria justo com elas.
Eu respondo as suas mensagens e envio algumas fotos das
minhas últimas pinturas que eu tinha a salvo em meu celular. Tudo
aconteceu tão rápido que eu não tive a oportunidade de voltar ao
meu apartamento desde que voltei de Milão.
Eu ainda não sei o que Nicco espera de mim depois desse
noivado ridículo. A sua família parece legal, embora receio que eles
sejam todos mafiosos como ele. Outra coisa que está me intrigando
é o fato de mamãe não ter me ligado ou procurado.
O que Dominic disse a ela?
E o meu pai? Por que ele não enviou a cavalaria em meu
resgate?
O que eu estava perdendo aqui?
Nada disso fazia sentido.
Um bocejo me escapa e eu sinto o cansaço desse dia me bater.
Os meus olhos estão pesados e todo o meu corpo dói pelo esforço
de pular e correr na tentativa de escapar. Procurando ao redor do
quarto, eu encontro o closet e percebo que esse deve ser o seu
quarto, porque há apenas roupas masculinas e todas com o seu
cheiro.
Eu pego uma de suas camisetas pretas, uma cueca branca para
usar como shorts e um par de meias Eu odeio sentir frio nos pés e
como esse lugar é novo para mim, eu não sei o quão frio pode ficar
na madrugada, então é melhor não arriscar.
No banheiro, eu encontro alguns lenços para limpeza e logo me
pergunto quantas mulheres ele trouxe para cá. Um nó se forma em
meu estômago apenas com o pensamento. O que é novidade para
mim. Eu não deveria me sentir assim. Nicco e eu não temos nada.
Bem, não realmente. O fato de termos ficado noivos a menos de
vinte e quatro horas não me dá o direito de exigir fidelidade da parte
dele.
Não que eu queira.
Balançando a cabeça, eu afasto o bichinho do ciúme que
ameaça me envenenar. Tiro minhas roupas e entro debaixo do
chuveiro. Minha mente divaga para hoje mais cedo quando Nicco
me surpreendeu em meu quarto. A forma como os seus olhos
percorreram o meu corpo nu, parecia que nós estávamos de volta
aquela noite. O meu corpo ansiava pelo seu como nunca antes.
Fechando os olhos, eu deslizei minha mão por entre as minhas
coxas, os meus dedos encontrando o meu feixe de nervos dolorido.
Eu mordi o meu lábio quando um gemido me escapou e eu comecei
a esfregar lentamente o meu clitóris enquanto imagens dele surgiam
em minha mente.
— Oh! Sim! — Gemi quando imaginei que eram os seus dedos
no lugar dos meus.
A minha mente vai mais longe e eu posso sentir a sua boca
traçando um caminho lento através das minhas coxas. Um arrepio
percorre a minha espinha e eu expiro projetando o meu corpo para
frente.
Os meus seios estão pesados e eu imagino as suas mãos em
mim segurando-os enquanto a sua língua traça ao redor do meu
mamilo enrugado chupando e sugando a carne sensível.
— Oh! Deus! — Eu gemo.
O meu corpo respondendo a minha mente suja. Deixo escapar
um gemido quando o meu corpo sacode e eu posso sentir o meu
orgasmo se aproximando.
Eu nunca pensei que
 
Tudo o que posso sentir é a marca de suas mãos na minha pele.
Sua boca na minha. Seus dedos traçando seu caminho lento e
tentador entre minhas coxas. Eu expiro em um arrepio, descendo
para traçar o mesmo caminho. Os meus dedos se movem mais
rápidos enquanto eu nos imagino juntos. A forma como os nossos
corpos parecem se encaixar perfeitamente é algo que eu nunca
esperei acontecer antes. Embora eu odeie a forma como as coisas
ficaram complicadas entre nós, eu não posso negar o quanto eu
estou atraída por ele.
Os meus movimentos se tornam mais rápidos na busca pelo
prazer que ameaça me dividir ao meio. Não posso parar. Eu o
imagino deslizando um dedo grosso dentro de mim enquanto caia
de joelhos espalhando-me para ele. A sua boca perversa
encontraria o meu clitóris inchado e me levaria ao mais delicioso
abismo.
Um gemido é arrancado do meu peito quando o prazer ondula
através de mim como uma explosão, eu chego ao meu clímax
tremendo e respirando com dificuldade. Eu desabo contra a parede
de mármore deslizando para baixo completamente exausta e
satisfeita.
Esse homem será a minha ruína.
Na manhã seguinte, o som de vozes de me acorda. Eu abro os
olhos e leva alguns segundos para eu me localizar até que os
eventos da noite passada enchem a minha cabeça.
Um olhar para o relógio em cima da mesinha de cabeceira me
diz que eu tive apenas algumas horas de sono. O relógio está
marcando 7 e meia da manhã, e para alguém que foi dormir as 2 eu
diria que não descansei nada.
Gemendo, eu solto o travesseiro com o seu cheiro no quão eu
dormi agarrada como se a minha própria vida dependesse disso e
rolo para fora da cama. O seu cheiro está por todo lugar no quarto.
E para o que conste, você nunca vai me ouvir admitir isso, mas senti
sua falta ontem.
Eu não deveria.
Nicco é tão culpado quanto o meu pai por me envolver nessa
loucura, então eu não devo ter qualquer sentimento que não seja
raiva e indignação por ambos. As vozes se tornam mais altas e eu
me pergunto o que está acontecendo.
— Você não pode me impedir de ver a minha própria filha. — A
voz do meu pai é ouvida aos berros.
Eu rapidamente corro para fora não me importando com o meu
estado atual ou a falta de roupas, tudo que eu quero é saber o que
diabos está acontecendo. E porque o meu pai está aqui.
No alto da escada, eu posso ver Nicco de costas para o bar
enquanto o meu pai está de pé no centro da sala parecendo mais
agitado que eu já o vi em toda a minha vida. Eu estou prestes a
descer quando as palavras de Nicco me fazem parar.
— Ela está segura, isso é tudo que importa.
O que isso quer dizer?
— Você não pode achar que eles não vão mirar nela quando não
nos encontrar. — O meu pai diz em pânico. E pela primeira vez eu
vejo o homem por trás da máscara de ferro.
— Ellie é minha. — Nicco rosnou virando-se para encarar o meu
pai. Os seus olhos estavam sombrios e ele parecia assassino. — Eu
não vou permitir que ninguém a machuque, inclusive você. —
Acrescentou.
— Eu não tive escolha. — Meu pai rosna por entre os dentes.
— Certo. — Nicco zomba. — Porque deixar o seu irmão vender
a sua única filha foi a melhor saída.
O quê?
Minhas pernas cedem e sinto a minha cabeça girar. Agarrando-
me ao corrimão, eu me seguro firme para não cair e rolar toda
escada abaixo. Eu não posso acreditar no que eu estou ouvindo.
Não pode ser verdade.
O meu pai não faria isso comigo.
Faria?
— Eles iriam matá-lo, eu não tive escolha. — Meu pai se
defende. 
— Isso não é importante agora. — Nicco o corta. — Ele estará
pousando em Palermo dentro de algumas horas, certifique-se de
evitar entrar em contato com ele no momento, os telefones devem
estar grampeados e todos os seus passos sendo monitorados.
— O que acontece agora? — Meu pai clama. — Eu não posso
me esconder para sempre, as pessoas vão começar a comentar.
— Você faz o que lhe digo e apenas fique fora do radar deles. Eu
já estou cuidando de tudo. — Nicco diz parecendo nenhum pouco
afetado pelo pânico do meu pai.
O que está acontecendo aqui?
E porque o meu pai está com tanto medo?
Quem são esses russos que eles tanto falam?
 
 
 

 
 
15
NICCO
 

 
Romano entra na sala e eu vejo Levi se encolher.
Se eu não o conhecesse antes nunca teria imaginado que ele
era o mesmo homem por trás da máscara de ferro que ele tenta
manter a qualquer custo. O poderoso bilionário com uma espinha de
aço com medo de alguns russos idiotas não é algo que você vê
todos os dias.
— Escolte-o para casa e certifique-se de que não tenhamos
nenhuma surpresa. — Digo e Romano concorda com um aceno.
— O que você dirá para Ellie? — Levi pergunta em seu ato
patético de pai preocupado.
— Isso não é da sua conta. — Rosno. — Ellie é minha
preocupação agora e eu espero que seja a última vez que você
invade a minha casa exigindo respostas. — O meu aviso é claro e
eu o vejo se encolher em sua insignificância.
Eu espero que ele diga ao mais, mas como o idiota patético que
ele é apenas balança a cabeça em concordância. Pelo canto do
olho, eu vejo Ellie permanecer no mesmo lugar que ficou desde que
entrou na sala.
Eu não preciso virar para saber que ela está confusa com o que
acabou de ouvir. Mas como eu disse ao seu pai, isso não é algo que
ela precise se preocupar. A guerra contra os russos não é algo
novo.
Sebastian Williams fodeu tudo quando decidiu jogar com os
russos, achando que poderia se livrar por seu irmão ser um
bilionário. Stronzo. Ele deveria saber melhor com quem se mistura.
— Se você vai se esgueirar pelo apartamento, coloque algumas
roupas decentes. — Digo enquanto leio alguns e-mails.
Conduzir os negócios legais é mais difícil que você poderia
imaginar. Não é atoa que muitas empresas fecham três meses após
a sua abertura. O mercado é volátil e cruel para quem não se atreve
a fazer o que tem que ser feito.
Ela não diz nada por alguns segundos e eu começo a me
perguntar se ela me ouviu, mas antes que eu possa repetir ela fala.
— É verdade? — Ela pergunta em um tom de indignação e
descrença.
Tirando os olhos do celular, eu ergo minha cabeça encontrando
o seu olhar pela primeira vez essa manhã. Ela parece ainda mais
linda do que quando eu a deixei dormindo em minha cama.
Sim, você não ouviu errado.
Eu dormi ao seu lado a noite toda. Bem, dormir não foi
exatamente o que eu fiz. Eu a tinha pela primeira vez em minha
cama e não podia ficar longe por muito tempo. Vê-la em minhas
roupas e na minha cama e não poder tocá-la foi a maior tortura que
eu pude suportar em minha fodida vida.
Cinco longas horas.
Eu saí poucos segundos depois das sete quando o seu papai
nenhum pouco inteligente decidiu que era uma boa ideia aparecer e
fazer uma cena. Levi tinha recebido uma cabeça de um homem
decepada em uma caixa e uma nota dizendo que ele e seu irmão
seriam os próximos.
Não posso culpá-lo por surtar.
O golpe nos russos e a morte de Petrova com o gosto de
sangue, mas eles se esqueceram de que esse é o meu território.
Nada acontece sem a minha permissão ou retaliação.
— Venha aqui! — Ordeno e a vejo lutar para fazer o que eu
peço, mas acaba cedendo.
Minha pequena farfalla está aprendendo.
Ela toma o seu tempo descendo as escadas e eu não posso
deixar de sorrir por dentro com a sua rebeldia disfarçada de
obediência. Nunca será um dia de tédio com essa mulher.
Os seus olhos estão vermelhos e assustados. O que me faz
querer caçar todo maldito russo em um raio de dez mil quilômetros
apenas por assustar a minha garota. Ellie é minha e ninguém além
de mim, tem permissão para tocá-la. E isso vale para todos os
modos.
Ela chega ao último batente e me encara.
— Mais perto. — Exijo.
As suas mãos se fecham em punhos e seu maxilar aperta. Tão
linda minha farfalla feroz. Vê-la assim me deixa instantaneamente
duro. Eu nunca senti nada parecido antes com nenhuma mulher.
Apenas o fato dela existir me deixa fora da minha maldita mente.
Ela é a única com o poder de me destruir.
Ela caminha em minha direção, parando bem à minha frente.
Fúria exala de seu corpo em rajadas. Minha farfalla não tem um
pingo dócil e isso é uma das coisas que mais me atraem nela.
— No meu colo. — Digo segurando o seu olhar para ver a sua
reação.
Uma sobrancelha se ergue e eu posso ver que ela está lutando
contra a vontade de se rebelar, mas ela é inteligente o suficiente
para saber que só terá o que quer se seguir as minhas ordens.
Os meus olhos seguem cada movimento seu memorizando-a em
minha mente. Tudo sobre essa linda mulher me deixa louco até o
fato de ela querer escapar de mim a qualquer custo. Eu vi a maneira
como ela me olhou quando os nossos olhos se encontraram a
primeira vez na noite passada.
Foi certamente uma surpresa.
Vê-la naquela desculpa de vestido e ter cada maldito homem no
lugar desejando-a testou toda a minha paciência. O que não é algo
que acontece com frequência. Eles têm uma maldita sorte.
Porque não haverá uma segunda chance.
Contrariada, ela se move deslizando para o meu colo. O meu
pau dá as Boas-vindas quando a sua bunda em forma de pêssego
senta sobre ele. E eu sei que ela pode sentir o quão duro eu estou
porque suas bochechas explodem em um tom de vermelho vibrante
que me faz querer jogá-la contra esse sofá e comer sua boceta
deliciosa enquanto seus sucos enchem a minha boca.
Porra.
Eu passo os meus braços em volta dela trazendo-a para mais
perto. O meu cheiro em seu corpo atiça a besta possessiva dentro
de mim. Eu nunca pensei que encontraria uma mulher que me faria
sentir extasiado e irracional.
— Você vai me dizer agora ou pretende me encarar como um
maldito lunático por mais tempo? — Cuspiu quando eu apenas
continuei a encará-la.
Tão fofa.
Sorrindo, eu deslizo um punhado de cabelo atrás de sua orelha,
sentindo-a tremer debaixo de mim. O meu pau certamente parece
muito animado, mas isso é tudo que ele está recebendo agora.
— Como você dormiu? — Pergunto ignorando de propósito a
sua pergunta.
Os seus olhos se estreitam e ela parece prestes a me
esbofetear, algo que eu não iria me opor. Ela poderia me bater o
quanto quisesse desde que eu terminasse enterrado no calor de sua
boceta apertada.
— Sério? — Rosnou frustrada com um movimento enganchando
suas pernas em cada lado do meu quadril. A sua boceta agora
pressionada contra o meu pau duro. O que me agrada muito. A
única coisa que me impedia de estar dentro dela agora era a minha
própria cueca, que por sinal fica muito melhor nela.
— Você está brincando com fogo, farfalla. — Disse deslizando os
meus dedos em seu braço em uma carícia suave.
— Isso é tudo que você tem a dizer? — Provocou trazendo o seu
rosto mais perto do meu.
Ellie era uma menina inteligente e sedutora.
Ela sabia que tinha enrolado em seu dedinho e que poderia usar
isso a seu favor. O que ela não sabe é que o único vencedor nesse
jogo seria eu mesmo. Eu a tinha onde queria e isso era tudo que
importava.
— Você está linda. — Sussurro contra a sua pele.
Ela revira os olhos ao mesmo tempo, em que suas bochechas
coram. O meu pau salta em minhas calças e eu sei que ela também
sentiu pela forma como a ela está se esfregando contra ele mesmo
quando pensa que está sendo sutil.
Tão fodidamente linda, minha farfalla.
— O que meu pai queria? Isso que você falou sobre o tio Seb é
mesmo verdade? E porque esses russos estão atrás dele? — Ela
não desiste.
— Nada. Sim. E nada para você se preocupar, farfalla. — Digo
inclinando-me para beijar ao longo do seu pescoço.
Ela treme em meus braços, mas não se afasta e eu tomo isso
como um incentivo. Minha farfalla pode me odiar, mas o seu corpo
anseia pelo meu toque. E por enquanto eu estou bem com isso. Mas
o seu corpo não é o único que eu quero.
Eu quero tudo dela.
— Pare de tentar me distrair. — Ela se empurra para fora do meu
colo como se estivesse pegando fogo. — Eu preciso saber o que
está acontecendo e não vou desistir até você me dizer. — Ela disse
cruzando os braços contra o peito em sinal de rebeldia.
Tão fodidamente fofa.
Sorrindo eu a deixo ir, por enquanto.
Suspirando, eu me levanto e caminho em direção à cozinha e
começo a servir o seu café da manhã enquanto pondero o que lhe
dizer para impedi-la de se meter em apuros.
— O seu tio Sebastian deve muito dinheiro e se meteu com
pessoas muito perigosas. — Digo enquanto olho para ela esperando
a sua reação, mas tudo que ela me dá é um olhar fixo. — Ele tentou
um acordo em troca de dinheiro e as coisas não saíram bem do jeito
que ele queria. — Acrescento deixando de fora alguns fatos que não
são importantes para ela.
— Por que o acordo anterior não foi cumprido? — Pergunta
pegando-me de surpresa.
Eu não fazia ideia de que Levi teria dito a ela sobre o acordo
com Petrova. Apenas a ideia dela se tornar dele me deixa
fodidamente assassino. Apertando as minhas mãos em punhos, eu
tento controlar a besta selvagem dentro de mim que ameaça sair.
Em um movimento rápido, eu a agarro segurando o seu rosto
com mais força do que eu gostaria, eu encaro os seus lindos olhos
verdes que mais parecem uma esmeralda de tão verdes.
— Nunca mais o mencione para mim. — Gritei, a minha raiva
tomando conta de mim. — Você é minha, Eleanor. E nada e nem
ninguém irá mudar isso. — Digo para que ela entenda de uma vez
por todas que essa é a sua nova vida.
Os seus olhos se arregalam. Ela parece surpresa com a minha
explosão, embora a sua postura diga outra coisa. Soltando-a, eu me
afasto para me acalmar, deixando-a sozinha para cuidar de si
mesma.
Duvido que ela encontre algum problema.
***
O arena é um dos nossos clubes locais exclusivos que funciona
como café e academia durante o dia, boate e clube de luta à noite. É
constituído por seis andares, sendo dois deles apenas de uso
exclusivo para algumas operações da família.
É lá que funciona a central de monitoramento de câmeras de
toda a maldita cidade. Uma forma de manter o controle da cidade
com mais eficiência. Estacionando na minha vaga de costume, eu
jogo a chave para o manobrista e sigo pela entrada lateral.
A academia está lotada como eu previa. Os nossos homens a
usam para treinar durante as trocas de turnos e guardas. Eu passo
por eles cumprimentando alguns enquanto me dirijo para o ringue.
Não deveria me surpreender em encontrar o meu irmão aqui. O
idiota fez desse lugar o seu próprio ringue pessoal.
―Você não deveria estar em lua de mel ou algo assim? — Leo
pergunta ao parar de chutar o saco.
― Isso é só depois do casamento, idiota. — Digo levantando a
corda e entrando no ringue.
— Tanto faz. — Ele zomba. — Problemas no paraíso tão cedo?
— O sorriso idiota é algo que eu vou adorar tirar do seu rosto.
Abrindo os botões da minha camisa, eu a penduro nas cordas e
chuto os meus sapatos fora. Puxando as armas, eu as destravo e
solto as facas presas em meus tornozelos.
— Eu diria que o paraíso nunca foi tão bom. — Digo enquanto
avanço sobre ele não lhe dando nenhuma chance.
O nocaute é certeiro e ele cai como um maldito novato.
— Idiota fodido! — Grita enquanto ele se levanta e tenta
estancar o sangue escorrendo de seu nariz. — Para que diabos foi
isso?
— Isso foi por flertar com a minha mulher. — Digo socando o seu
rosto bonito novamente. — E isso pelo brinde estúpido. — Digo
acertando-o mais uma vez. Mas não demora muito para ele se
recuperar.
Leo sempre foi muito ágil.
O nome Leo faz jus ao seu extinto animal. Ele é como uma fera
pronta para atacar a qualquer momento. Uma máquina de
destruição nascida e criada para fazer grandes estragos, assim
como os leões.
Eu não quero machucá-lo realmente ou nossa mãe nunca me
perdoaria. Apenas quero fazê-lo sangrar um pouco. Ser o herdeiro
de um império criminoso vem com muitas responsabilidades e uma
delas é proteger a família a qualquer custo.
Leo, embora seja muito idiota e imprudente para o seu próprio
bem, é meu sangue. O que me diz que eu preciso protegê-lo de
tudo até de suas idiotices.
— Então, como isso vai ser? Devo me segurar? Ou tratá-lo como
um irmão e não o Don Siciliano?
— Não me faça favores, idiota. Você se segura e eu te mato,
Leo. — Rosno e ele acena com a cabeça sorrindo como o maldito
lunático que ele é.
— Entendido, chefe.
Uma rodada de socos e chutes é disparada enquanto eles
tentam dominar ao outro. Leo é muito rápido, mas também muito
imprudente e isso é o que acaba lhe ferrando na maioria das vezes.
Nesse caso, eu estou aproveitando a meu favor.
— Eu disse para não tocá-la. — Eu balanço para frente
conectando meus punhos com suas costelas.
―Você está exagerando, irmão. Foi apenas um toque inocente.
— Ele acerta um gancho direito em meu queixo, fazendo-me
tropeçar para trás.
Foda-se!
— Eu vou quebrar todos os seus ossos se você ousar tocá-la
novamente. — Eu chuto seu joelho derrubando-o, mas o idiota logo
se recupera.
―Ela é sua noiva há apenas um dia e você já se sente como
dono da pobre garota. — Zomba tentando acertar-me novamente,
mas desta vez eu desvio. — Você não é velho demais para ela? —
Provoca.
Esse idiota tem um desejo de morte.
Avançando, o meu punho acerta o seu rosto e eu sorrio. Meus
punhos se conectam com todo o seu corpo, bloqueando cada golpe
que ele dispara em minha direção.
— Preocupado que ela possa querer alguém mais jovem? — Leo
provoca fazendo-me ver vermelho.
A ideia de Eleanor com outro homem simplesmente me deixa
assassino. Eu jamais permitirei que isso aconteça. Mas Leo sabe
disso tanto quanto eu, e também sei que ele a respeita como se
fosse a sua própria carne e sangue. Ele só está tentando me tirar do
sério, coisa que ele faz com frequência e magistralmente.
— Você é um homem morto se a tocar. — Rosnei avançando
sobre ele derrubando-nos no processo.
Leo rola de costas, ficando de pé rapidamente e me acertando
nas costelas. Eu o empurro rolando para o outro lado e fico de pé
jogando alguns chutes e socos que ele rebate a maior parte.
―Você a conhece há alguns dias. Eu nunca pensei que veria o
dia em que o poderoso Nicco Santino estaria de joelhos por uma
garota. — Zomba empurrando-me para trás.
— Não é da sua maldita conta. — Eu o acerto com um soco no
lado esquerdo, fazendo-o tropeças nas cordas e de volta para mim.
Temos lutado durante toda a nossa vida. O nosso pai costumava
nos jogar no ringue para competirmos entre nós. Stefano eram mais
novos que eu, mas eles nunca se intimidaram ou acovardaram
diante de mim. O que nos fez mais fortes e brutais que nenhum
outro.
Essa é uma partida justa, apesar da raiva ardente em minhas
veias. A guerra era inevitável. Ela aconteceria mais cedo ou mais
tarde, isso não é importante agora. Tudo que eu preciso é manter a
minha mulher a salvo enquanto luto ao lado da minha família para
proteger o nosso legado.
— O que o magnata queria tão cedo? — Pergunta depois de
acertar um soco em minhas costelas fazendo-me dobrar com a
precisão do soco, mas eu logo me recupero.
— Nada que eu já não soubesse antes. — Digo derrubando-o.
— Foda-se! — Ele respira através da dor. — Esses idiotas vão
acabar se matando no processo.
— Contanto que ele não arraste Eleanor, eu não poderia me
importar menos. — Digo circulando ao redor do ringue enquanto
espero o seu ataque.
Leo zomba. — Eu nunca pensei que veria o dia em que o Don
siciliano se renderia há uma mulher.
Eu balanço para frente acertando um chute em seu peito que o
faz recuar, então eu aproveito para derrubá-lo aplicando uma série
de socos. — Eu mal posso esperar para quando chegar a sua vez,
idiota.
— Não nessa vida. — Ele rebate dando-me uma rasteira e me
fazendo cair ao seu lado. Ambos respiramos com dificuldades
enquanto olhamos para o teto finalizando o nosso embate.
— Há uma nova pista sobre o assassino de Petrova. — Ele diz
depois de algum tempo e pela mudança de tom eu sei que não vou
gostar do que ele tem a me dizer.
— Quem? — Pergunto.
— Viktor Lugano. — Diz dando nome aos meus pensamentos.
Viktor é um ex-amigo. As nossas famílias lutaram lado a lado
para expulsar a tríade da Itália. Não foi fácil. Uma guerra que durou
longos anos, mas todas as raízes do mal foram arrancadas ou
expulsar de nossas terras.
Quando chegou a hora de dividir o território, os Luganos queriam
boa parte do território, o que gerou uma nova guerra, mas desta vez
interna. A aliança de antes foi perdida assim como a amizade. Nós
vencemos e eles foram obrigados a se moverem para o norte
ocupando o território de Veneza, mas eu sabia que isso não duraria
muito tempo e que Viktor voltaria para tomar o que acha que lhe
pertence.
— Reúna todos para uma reunião de emergência. — Digo
pulando fora do ringue.
— Feito. — Ele respira. — Obrigado pelo treino, chefe. — Diz
rindo.
Eu me viro para encontrá-lo com o rosto sangrando e respirando
com dificuldade. Tenho certeza de que eu não estou muito diferente,
mas o propósito aqui foi atingido.
— E limpe essa cara feia. Você está parecendo à morte. — Digo
sorrindo.
— É bom saber que você ainda se preocupa comigo, irmão mais
velho. — Zomba e eu atiro-lhe o dedo enquanto me afasto pegando
os meus sapatos e camisa, eu me movo em direção ao elevador e
para o meu escritório.
Eu não posso voltar para casa assim porque isso assustaria
ainda mais minha pequena farfalla. Puxando o meu telefone, eu
envio uma mensagem para Romano para que ele envie uma
personal shopper para a cobertura.
Por mais que eu goste de tê-la nua em minha cobertura ou em
minhas roupas, eu não posso deixar que os outros a vejam assim.
Eu terei que matar cada filho da puta que ousasse olhar para ela de
forma errada.
Eleanor é minha.
E eu cuido do que é meu.
 
 
16
ELLIE

 
Eu salto para fora da cadeira assim que as portas do elevador se
abrem, mas paro quando vejo o estrago em seu rosto.
— O que aconteceu com o seu rosto? — Pergunto ao meu
aproximar.
Eu estive esperando-o voltar por toda a manhã e boa parte da
tarde. Depois que ele me deixou aqui sozinha sem o código para
desbloquear o elevador, tudo que eu pude fazer foi explorar esse
lugar que por sinal não é muito diferente da casa do meu pai.
— Preocupada comigo, farfalla? — Ele pergunta com um sorriso
arrogante.
Revirando os meus olhos, eu me aproximo e toco o seu rosto
com cuidado para não machucar. Ele parece que foi atropelado por
um trem, mas não perde a oportunidade de agir como um idiota.
— Não. Apenas preocupada em como sair dessa masmorra. —
Rebato.
Ele sorri e meu estômago aperta.
— Masmorra, hein? E achando que tinha finalmente
descongelado o seu coração. — Zomba enquanto passa por mim
caminhando em direção as escadas.
— O que aconteceu? — Eu sigo atrás dele dizendo a mim
mesma que eu não estou nada preocupada com ele, mas apenas
curiosa.
Certo. Minha mente zomba de mim.
— Apenas um treino comum. — Ele dá de ombros entrando em
seu quarto.
— Treino comum? Com o Hulk? — É difícil não ser sarcástica
em uma hora como essa.
Ele para na minha frente e quando eu penso que ele vai se sentir
ofendido, a sua cabeça é jogada para trás em uma gargalhada.
— Foda-se! Você é hilária. — Ele ri como se quisesse mesmo.
Eu pisco algumas vezes enquanto permaneço no mesmo lugar
sem saber o que fazer. Nicco é definitivamente o homem mais
bonito que eu já coloquei os meus olhos, mas quando ele ri isso só
se intensifica.
Quem diria que um mafioso poderia ser tão bem-humorado?
— Você terminou? — Pergunto quando ele para de rir e me
encara com seus grandes olhos azuis.
Deus, esses olhos.
— Farfalla, eu estou bem. — Diz enquanto se aproxima de mim.
— Eu gosto quando você se preocupa comigo. — Ele desliza um fio
de cabelo atrás da minha orelha.
A mudança em seu corpo é evidente e aparentemente o meu
também sente porque meus joelhos dobram e meus mamilos ficam
eretos contra o tecido fino de sua camisa.
— Eu poderia me importar menos com você. — Digo enquanto
tento empurrá-lo para fora do meu caminho, mas ele é como uma
rocha no lugar.
— Não minta para si mesma, farfalla. — Ele sussurra enterrando
o seu rosto na curva do meu pescoço.
Eu mordo meu lábio para me impedir de gemer. Minha
resistência está se esvaindo e eu mal posso ignorar as suas
investidas. Eu não deveria permitir que ele me tocasse, mas não
posso evitar.
Toda vez que ele me toca eu sinto como se meu cérebro virasse
mingau. Ele deve ter feito algum tipo de feitiço para me ter como ele
queria, porque em sã consciência eu não o deixaria ter tanto poder
sobre mim assim.
— Você precisa limpar isso. — Digo balançando a minha cabeça
para afastar os pensamentos indesejados que ameaçam me
derrubar enquanto o arrasto para o banheiro. — Sente-se. —
Aponto para o banquinho em frente a pia do banheiro.
Ajudá-lo era a última coisa que eu gostaria de fazer, mas não
posso deixá-lo com o rosto sangrando e parecendo que foi
atropelado por um trem. Não é quem eu sou. Ele merecendo os
meus cuidados ou não.
— Mandona. — Sorri. — Eu gosto disso. — Gorjeia.
Ignorando-o, eu procuro através das portas no balcão da pia o kit
de primeiros socorros, encontro-o na terceira porta do lado direito.
Eu começo a retirar tudo que eu preciso para limpar os cortes como
soro, gazes e solução de limpeza para ferimentos, pomada para os
machucados que não são abertos. Não é seguro colocar pomadas
em ferimentos abertos porque isso pode dificultar a cicatrização do
local.
Quando eu tenho tudo que preciso, eu lavo minhas mãos e
despejo um pouco de álcool antes de começar a fazer a limpeza.
Nicco apenas fica lá sentado me observando. Essa é a primeira vez
que nós estamos no mesmo lugar e nada é dito.
Interessante.
Nicco passa os braços em volta da minha cintura puxando-me
para ele. O meu rosto agora está nivelado com o seu. Um
movimento e, eu estaria beijando-o. Engolindo em seco, eu ignoro o
seu olhar curioso e as suas carícias enquanto começo a limpar ao
redor dos cortes com soro fisiológico embebido na gaze e depois
com a solução de limpeza para ajudar na cicatrização. Se ele sente
alguma coisa, não deixa transparecer, porque ele nem mesmo se
mexe.
Leva tudo de mim para não me distrair com os seus olhares e
carícias em minha pele. O toque de seus dedos contra a minha pele
envia uma onda de eletricidade por todo o meu corpo e direto para o
meu núcleo.
Eu preciso terminar isso antes que eu pule em seus ossos.
— Você é linda. — Sussurra.
Eu coro.
Limpando a garganta, eu passo a gaze ao redor do corte perto
do seu olho que é o mais leve de todos e me afasto, mas os seus
braços me puxam de volta trazendo-me de volta para ele.
— Terminei. — Digo encontrando o seu olhar pela primeira vez
desde que eu o arrastei para cá.
Os seus olhos estão nublados com desejo e eu sei que se eu
olhar para um espelho agora, eu encontrarei o mesmo olhar em meu
rosto. Eu nem mesmo resisto quando ele desliza a mão pelo meu
pescoço puxando-me para ele ou quando os seus lábios deslizam
sobre os meus em um beijo que derrete todas as minhas entranhas
e me faz esquecer tudo à nossa volta, inclusive de que ele é o
inimigo aqui.
Eu o beijo de volta passando as minhas mãos em volta das suas
costas largas. Ele enrijece quando eu o toco e só então me dou
conta de que ele está mais machucado que aparenta, mas quando
eu tento me afastar ele me beija mais forte como se a sua dor não
fosse mais importante que me beijar.
— Não. — Ele sussurra contra os meus lábios e me abraça mais
forte.
Isso é loucura.
Eu não deveria permiti-lo.
Querer Nicco é assinar em baixo para toda essa loucura. E eu
realmente não estou de acordo com esse arranjo. Nicco não me
parece o tipo doméstico também. O seu jeito de ser taciturno e
exigente me dá apenas uma pequena vislumbre do homem
autoritário e arrogante que ele é.
No quarto inclusive.
Então porque eu estou me deixando cair em seu encanto?
— Você precisa de um banho. — Digo quando nos afastamos e
ele sorri beijando o canto dos meus lábios.
— Sim, senhora. — Sorri espalhando beijos ao longo do meu
rosto e pescoço.
Eu não o impeço e ajudo a retirar as suas roupas para que ele
possa tomar um banho decente e lavar todo esse sangue e suor de
seu corpo.
— Tome o seu banho. — Digo enquanto tento me afastar, mas
ele não me deixa ir.
— Fique. — Pede.
A ideia é tentadora apesar de tudo, mas tenho certeza de que se
eu entrar nesse banho isso só vai complicar mais as coisas. Minha
cabeça está muito confusa e meus sentimentos em relação ao meu
futuro marido se misturam a cada momento. Eu não deveria ceder
tão fácil, mas a cada minuto que eu passo ao seu lado é como se
uma nova Ellie tomasse conta de mim, então eu preciso de um
tempo para processar e digerir tudo isso.
Nicco vê a minha hesitação e seus braços me envolvem
trazendo-me de volta para ele enterrando o rosto na curva do meu
pescoço. — Leve o seu tempo e venha a mim quando estiver
pronta.
As suas palavras me pegam de surpresa e eu me afasto para
encontrar o seu olhar. Os seus olhos são como dois oceanos.
Intensos e selvagens. Eu quero mergulhar em suas profundezas
sem medo de me afogar. Mas será que isso será possível?
Eu aceno com a cabeça e me viro para sair quando a sua voz
me para.
— Nós estamos voando para a Itália no início da manhã. — Diz
fazendo-me virar para encará-lo.
— O quê? Por quê? — Pergunto surpresa com a mudança de
rumo.
Ele balança a cabeça como se o motivo não fosse importante e
eu sei que ele não vai me dizer mais nada. Suspirando, eu deixo o
banheiro pisando forte e batendo a porta atrás de mim.
É infantil.
Eu sei, mas nesse momento eu não me importo.
Esse homem simplesmente incentiva o meu comportamento
irracional.
Eu decido me isolar em sua biblioteca até a hora do jantar. Ele
pode fazer companhia para si mesmo, eu não me importo.
Felizmente, a sua biblioteca é bem abastecida com clássicos de
todo o mundo, inclusive títulos que eu nunca imaginei que ele
poderia se interessas como romance jovem adulto e fantasia.
Eu pego o primeiro título que me chama atenção e me sento no
banco de janela. A vista é incrível ao entardecer e o decorador
conseguiu uma ótima posição para uma boa leitura. Eu abro o livro e
me perco em um mundo totalmente novo e me deixo navegar por
essa história fantástica sobre um vampiro e uma humana.
Mais clichê impossível, mas eu gosto.
Eu acordo com a sensação de me corpo sendo levantado, abro
os meus olhos e descubro que não é um sonho e que Nicco me tem
em seus braços. O livro estava ótimo, mas em algum momento eu
devo ter cochilado.
— O que está fazendo? — Pergunto sonolenta.
— Cama. — É tudo que ele diz enquanto me carrega escada
acima.
Eu não digo nada porque estou muito cansada e com sono para
protestar. Aninhando-me em seus braços, eu inalo o seu cheiro em
sua camisa e uma sensação reconfortante toma conta de mim.
Devo ter perdido totalmente a minha mente.
Porque essa é a única explicação para o que está acontecendo
aqui. Eu não deveria deixá-lo me tocar de forma alguma, mas
aparentemente o meu cérebro e corpo não estão do mesmo lado.
Na manhã seguinte, eu acordo enrolada em um corpo quente.
Eu não preciso abrir os meus olhos para saber a quem esse corpo
quente pertence. A mão descansando possessivamente contra a
minha cintura é apenas um indicativo disso.
Minha cabeça descansa contra o seu peito e enquanto ele sobe
e desce respirando, o mesmo acontece com ela. Eu não sei como
isso aconteceu. Mas lembro-me de estar lendo na biblioteca então
eu estava sendo carregada e é isso.
O resto é um branco completo.
Eu percebo que não estou usando nenhuma roupa, assim como
o homem ao meu lado. Na verdade, eu diria que ele está muito feliz
em me ter ao seu lado porque o seu amiguinho está bem acordado.
Se é que vocês me entenderam.
Eu não me recordo de tê-las tirado, mas também não me
oponho. Levantando a sua mão para colocar sobre o seu estômago,
eu me virei com cuidado para não acordá-lo e rolei de costas
olhando para o seu rosto bonito e corpo em plena exibição.
Nicco era um homem muito bonito.
Ele parecia tão pacífico em seu sono. A ereção de aço
descansando contra a sua coxa fez o meu núcleo apertar com
desejo. As linhas em seu rosto apenas reverenciavam a sua beleza
enquanto o seu peito subia e descia com respirações suaves. Ele
gemeu em seu sono e eu prendi a respiração para não acordá-lo.
Essa era a primeira vez que eu o via assim.
Tão vulnerável.
Ou seria normal?
Mordendo o meu lábio, eu rastejo para fora da cama com
cuidado e corro para o banheiro. A minha bexiga está estourando e
eu preciso de um banho. Eu não me lembro de sentir frio ou calor na
noite passada, mas preciso de um banho para clarear os meus
pensamentos.
Quem diria que eu encontraria conforto nos braços de um
mafioso? Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas algo dentro
de mim me faz confiar em Nicco muito mais do que deveria.
Será que é porque dormimos juntos?
Eu não posso ter sentimentos por ele.
Isso só complicaria as coisas ainda mais.
Suspirando, eu pego a escova de dente no balcão e faço a
minha higiene matinal antes que ele acorde. Ligando o chuveiro, eu
esperei esquentar. O jato quente beijou a minha pele, fazendo-me
instantaneamente me sentir culpada por ter pensamentos confusos
e conflitantes sobre o meu futuro marido.
Eu não tinha realmente direito de cobrar-lhe algo quando eu fui à
única e sugerir sem nomes ou nenhuma informação pessoal. Ele
não mentiu para mim. Nunca me fez nenhuma promessa.
A noite que passamos juntos foi uma decisão nossa não uma
imposição. Mas, por que isso continuava a me incomodar? Talvez
seja pelo fato de que ele agiu pelas minhas costas?
Eu sabia o que me esperava quando decidi dormir com um
estranho, mas nunca imaginei que o estranho acabaria se tornando
o homem com que eu deveria me casar de acordo com os arranjos
do meu pai.
Eu simplesmente tive a melhor experiência da minha vida e
acabei pagando por isso de uma forma distorcida. Alcançando o seu
xampu, eu apliquei um pouco no meu cabelo, comecei a ensaboar.
Minha mente estava um caos e eu precisava de um momento a sós
para respirar fundo e ver além do muro.
Quando eu volto para o quarto, ele está na mesma posição que
eu o deixei poucos minutos atrás. Eu entro em seu closet para pegar
outra de suas camisas e acabo me deparando com uma infinidade
de roupas femininas.
Quando isso chegou aqui?
Ao verificar as roupas eu descubro que todas são do meu
tamanho e gosto particular. Algumas mais elegantes do que eu
normalmente prefiro, mas todas lindas e de um gosto excelente.
Ele andou vasculhando o meu closet?
Eu não deveria estar tão surpresa, afinal Nicco é bem-parecido
com o meu pai em certos aspectos. Ambos amam controlar tudo à
sua volta e isso não é mais que mais uma forma de reivindicar o que
ele acha que é seu pro direito.
Suspirando, eu pego a primeira peça que me chama atenção.
Jeans, um top branco e um lindo cardigã cinza. Há também uma
sessão inteira de lingeries, calçados, óculos, algumas joias,
maquiagem, produtos de higiene e beleza, meias e outros adereços
como cachecóis, lenços entre outros.
Como ele conseguiu tudo isso em algumas horas?
Faço uma nota mental para perguntar-lhe mais tarde. Eu termino
de me vestir e quando me abaixo para colocar meus tênis, eu sinto
os braços fortes me envolverem por trás erguendo-me do chão.
— O quê... — As palavras ficam presam em minha garganta
quando ele me vira colocando-me contra a parede e seus lábios
batem nos meus em um beijo que faz derreter todas as minhas
entranhas.
Pensamentos sujos invadem a minha mente quanto ele
aprofunda o nosso beijo. Eu o beijo de volta, deixando-me perder
em seus lábios e braços fortes. A sua ereção de aço contra a minha
coxa despertando todos os tipos de sensações e pensamentos.
Esse era o tipo de beijo que poderia mover montanhas.
— Bom dia, farfalla. — Ele sussurrou mordendo o meu lábio
inferior.
Eu gemi em seus lábios enquanto me agarrava a ele como se a
minha vida dependesse disso. Isso era ruim. Eu não deveria pensar
assim sobre ele. 
Nicco sorriu contra os meus lábios, aprofundando o nosso beijo.
A sua mão direita agarra o meu seio esfregando o meu mamilo
provocando um gemido agudo do meu peito. Os meus quadris se
moveram por conta própria procurando algum tipo de alívio.
— Tão sensível, piccola mia. — Sussurrou deslizando seus
lábios ao longo do meu rosto e pescoço.
Quando Nicco me tocava, todo o resto deixava de existir. Nada
mais importava além de nós dois. Ele tinha me transformado em
uma mulher insaciável, viciada e exigente pelo seu toque.
— Pare de me provocar. — Gemi agarrando o seu rosto e o
beijando de volta.
Nicco sorri contra os meus lábios enquanto empurrava minhas
roupas para fora do meu corpo como se não pudesse se livrar delas
rápido o suficiente. Eu mal terminei de empurrar as calças para
baixo quando o toque de seu celular explodiu por todo o quarto,
quebrando o momento.
— Foda-se! — Ele respirou descansando sua cabeça contra a
minha.
O telefone continuou insistente e eu sabia que o momento tinha
acabado. Afastando-se, os seus olhos seguraram os meus e
frustração revestiu suas íris safiras.
— Eu tenho que pega isso, farfalla. — Disso ofegante. — Mais
tarde. — Prometeu inclinando-se para me beijar com firmeza antes
de me colocar para baixo e se afastar, deixando-me ofegante e
frustrada.
— Bom dia para quem? — Gritei quando ouvi o clique da porta
do quarto se fechando atrás dele.
 
 
 
 
17
NICCO

 
— Você não deveria estar em lua-de-mel ou algo assim? —
Romano pergunta em italiano enquanto tenta me alcançar.
— Por que todo mundo continua me perguntando isso? — Rosno
frustrado. — O avião está pronto? — Pergunto caminhado em
direção ao escritório.
— O piloto está fazendo as últimas inspeções obrigatórias, mas
isso não deve levar mais que duas horas. — Responde de volta.
— O que aconteceu com o relatório sobre Viktor? — Pergunto
assim que entro na minha sala e me movo em direção ao bar.
Não são nem dez e eu já estou no meu segundo copo de uísque.
Gostaria de não ter deixado Eleanor essa manhã. Agora eu tenho
um caso fodido de bolas azuis e a porra de uma ereção toda vez
que penso nos gemidos que ela faz quando eu a toco.
Porra.
Eu suspiro despejando o líquido marrom em minha garganta. A
queimadura é instantânea, mas eu nem mesmo faço uma careta.
Um Santino aprende logo cedo a ter o seu licor sem fazer careta.
— A sua localização ainda é desconhecida, mas os rumores
continuam circulando e está cada vez mais forte. — Admite.
— Envie alguém à Portland, ele costumava ter uma casa de
férias lá. — Digo. — Viktor tende a ser um tanto dramático e o seu
retorno será algo parecido como saído de um maldito filme desses
muito baratos.
— Nele. — Concorda. — O próximo carregamento será dentro
de dois dias. Stefano acredita que os russos estão preparando algo
para arruinar isso.
Malditos russos.
Na noite passada, eu reuni todos para uma reunião de
emergência em um dos nossos armazéns. A guerra contra os
russos nunca foi tão forte quanto agora. Eles querem sangue pelo
líder morto e também eliminar a concorrência para que eles possam
dominar todo o território.
Eu ouvi os meus consiglieres, capitães e soldados mais fiéis.
Cada um tinha uma opinião diferente sobre como lidar com os
russos, embora o objetivo fosse o mesmo. Não há um vencedor,
todas as opiniões são levadas em consideração e aplicadas no
devido tempo ou necessidade.
— Isso é tudo por enquanto. — Dispenso-o.
— Chefe. — Ele se despede.
Eu deveria ter enviado Ellie para uma de minhas ilhas privadas
no Pacífico e insistido que ela ficasse lá até essa guerra terminasse,
mas isso poderia levar anos, talvez a vida toda. E eu sou muito
egoísta para deixá-la longe de mim mais tempo que eu já fiquei.
Ela vive, eu vivo.
Eu não posso viver sem ela.
***
Ellie esteve quieta durante todo o trajeto até o aeroporto. Ela
nem mesmo discutiu comigo sobre o fato de estar viajando comigo
para o outro lado do oceano. O que não é natural dela.
— O que está errado? — Pergunto levantando o seu queixo para
encontrar os meus olhos.
— Nada. — Ela diz baixinho, mas ambos sabemos que isso não
é totalmente verdade. Há algo a incomodando e eu quero saber o
que está deixando a minha farfalla tão preocupada.
— Eleanor? — Pressiono.
— O que vai acontecer com o meu pai e tio? — Pergunta
encontrando o meu olhar. Eu posso ver que ela esteve pensando
sobre isso por um tempo. Os seus olhos verdes estão em um tom
tão escuro que o fazem parecer pretos dependendo do ângulo que
você olhar.
— O que você acha que vai acontecer? — Pergunto ao invés de
responder diretamente a sua pergunta, porque isso a faria ficar
ainda pior do que já está.
Ela dá de ombros. — Matá-los.
Eu quase rio porque ela foi tão sincera, mas isso só a chatearia
ainda mais. A verdade é que eu não decidi o que fazer com Levi e
Sebastian ainda. Os russos querem as suas cabeças, mas isso é
apenas uma pequena gota no oceano de merda que eles se
meteram.
Romano descobriu que Sebastian irritou também os irlandeses e
os colombianos. O idiota tinha um desejo de morte. Ele devia uma
quantia bem significativa nos cassinos de cada um deles e isso foi
suficiente para chamar atenção para si mesmo.
Eu não queria que a sua merda espirrasse em Eleanor, então
enviei Romano e Leo para cuidar do assunto. Mas é claro que isso
só aumenta a sua dívida comigo. Matá-lo seria a forma mais fácil de
me livrar dele, mas essa não é a forma como eu costumo fazer
negócios.
— O que te faz pensar que eu faria isso? — Pergunto para pode
entender melhor os seus pensamentos e a verdade por trás da sua
afirmação.
— Você é da máfia. E é isso que os mafiosos fazem, matam
pessoas. — Ela dá de ombros parecendo resignada.
―Não preocupe a sua linda cabecinha com isso, farfalla. — Digo
para tranquilizá-la, mas tem o efeito contrário.
— O que isso quer dizer? — Ela se vira para me encarar.
Furiosa, ela se torna ainda mais linda. Se os meus irmãos me
ouvissem agora teriam um dia de campo comigo. Os seus olhos
verdes ferozes me fuzilam com descrença e indignação.
Porra.
O meu pau salta em minhas calças. Ellie é a criatura mais
incrível que eu já coloquei os meus olhos. Ela é linda, inteligente e
completamente minha. O seu tio irritou muita gente e tem uma
fortuna como prêmio pela sua cabeça, algo que nem mesmo todo o
dinheiro do seu irmão poderá comprar a sua vida. Porque, uma vez
que os russos colocarem as mãos nele, não sobrará muito para
identificação.
Colocando minha mão sobre a dela, eu entrelaço nossos dedos
e trago à minha boca em um beijo suave. — Nada vai acontecer
com o seu pai e tio, farfalla.
Surpresa e descrença cruzam o seu olhar enquanto ela tenta se
decidir se pode mesmo confiar em mim com isso. Eu sei que ela
está chateada pela forma como as coisas aconteceram, mas em
minha defesa, eu sou o único que quer o seu bem-estar.
O seu pai está mais preocupado com a sua fortuna e seu tio com
o próprio rabo. E eu sei que ela também sabe disso, mas prefere
não verbalizar. Eu não conheço bem a sua mãe, mas já posso dizer
que ela herdou muito dela, graças à porra.
— Você vai manter a sua promessa se eu não me casar com
você? — Pergunta e eu não posso deixar de sorrir, porque embora
ela seja inocente nesse mundo, minha pequena borboleta não é tão
ingênua como pensam alguns.
Tão obstinada.
— Farfalla, não há nada que me impeça de casar com você. —
Digo sinceramente e eu sei que ela sabe que eu não estou falando
levianamente.
Ela está prestes a dizer algo mais quando o carro para no
aeroporto. Stefano, Romano e Leo também estão voando conosco.
Enzo estará cuidando de tudo na nossa ausência. Ele acabou de se
tornar capitão e está ansioso para esmagar alguns russos no
processo.
Não posso culpá-lo.
Ellie ainda não tem ideia de que o seu pai está em Palermo. Eu
escolhi não lhe dizer para evitar que ela pensasse demais. Embora
eu sinta a sua relutância em se casar comigo, eu sei que ela não é
tão contra a ideia assim como faz parecer. Eu posso sentir o quanto
ela me deseja. 
Anseia pelo meu toque.
Assim como eu não posso mais viver sem ela. Eu nunca pensei
que me tornaria tão obcecado por uma mulher como eu faço por
essa linda e doce mulher. Não era o que eu pretendia quando decidi
persegui-la até aquele bar.
Será um longo voo até Palermo, então eu pretendo poupar
alguma energia para as próximas quase vinte horas de voo que nós
temos pela frente. O plano de voo original exige uma parada no
Canada para reabastecer e verificar as qualidades de voo assim
com da aeronave. Normalmente, nós ficaríamos em Toronto por
uma noite e seguiríamos viagem no dia seguinte, mas desta vez eu
quero estar em Palermo ainda essa noite.
Levi acabou de aterrissar e ele estará sendo levado para o
mesmo hotel em que seu irmão está hospedado. Toda a segurança
foi reforçada para movê-los em segurança para uma das minhas
residências em Sardenha.
Eu não os quero perto de Ellie. Se não fosse por ela, eles
estariam no fundo da Baía de Elliot pelo que me importa, mas a
menos que ela me diga para fazer isso, eu terei que cuidar da
segurança desses dois idiotas.
Levi contratou uma equipe de segurança milionária para segui-lo
a todos os lugares, mas isso não vai parar os russos ou
colombianos, caso eles decidam acabar com a sua vida miserável.
A sua única saída é estar sob a minha proteção.
Ninguém os tocará, a menos que eles queiram sentir a minha ira.
O plano original era mantê-los longe dos holofotes, que é o que
faremos por alguns dias, mas isso só será por alguns dias, logo
retomaremos ao plano reserva que inclui em mantê-los no olho do
furacão para que eles vivam as suas vidas como antes. As chances
de algum deles atacar bem diante dos olhos de todos é menor que
às escuras.
Eu só espero que Sebastian não cause mais nenhum problema,
ou eu mesmo me livrarei dele sem pensar duas vezes. 
 
 
18
ELLIE

 
 
Eu não podia acreditar que isso estava mesmo acontecendo.
Olhando para o meu reflexo no espelho, eu sabia que ao final
desse dia o meu destino estava selado. Eu me tornaria a senhora
Niccolau Santino e não havia nada que eu pudesse fazer para
mudar isso.
Nicco não era apenas um mafioso.
Ele era um dos homens mais importantes de todo o mundo. A
riqueza do meu pai comparada à dele o fazia parecer um
assalariado. E Levi Williams era um dos bilionários mais
prestigiados de todo o mundo. Mas tanto quanto eu me importava
com o dinheiro do meu pai, o mesmo valia para o de Nicco. Eu não
queria o seu dinheiro ou me tornar a sua esposa. Era o século XXI,
pelo amor de Deus. Casamentos arranjados eram totalmente
ultrapassados e arbitrários. E no meu caso era ainda pior.
Eu estava me casando com o senhor da máfia siciliana.
Não era isso que eu esperava fazer aos vinte e um anos. Eu
queria montar a minha própria galeria e viver da arte enquanto
buscava o meu lugar ao sol, mas nem tudo é como nós planejamos
ou desejamos.
Há três dias, quando eu cheguei à Itália, eu não tinha ideia de
que eu me tornaria a senhora Santino mais cedo do que era
previsto, mas o meu futuro marido tinha pressa em realizar o nosso
casamento apenas para provar a extensão do seu poder.
Mamãe tinha chegado ontem para ajudar com os preparativos,
mas aparentemente a mãe de Nicco já tinha tudo sob controle.
Como eles conseguiram fazer tudo isso em três dias está além da
minha compreensão.
Eu sei que o dinheiro facilita as coisas, porque eu mesma tenho
vivenciado isso por toda a minha vida, mas ainda assim é
surpreendente. Quando desembarcamos em Palermo, havia um
carro à nossa espera para nos levar para a mansão Santino, que
fica em uma grande área isolada no alto de uma montanha.
Eu não consegui ver muito da cidade porque estava escuro
quando passamos e foi muito rápido. De acordo com as minhas
pesquisas, Palermo é um dos lugares mais perigosos de toda a
Itália, sob o comando de Nicco, o lugar é como o seu próprio reino
particular dentro da Itália.
Só o que eu precisava.
As chances de eu tentar escapar foram reduzidas a zero depois
dessa informação. Nicco desapareceu assim que chegamos à
mansão e ele me mostrou o que seria o meu quarto até o dia do
casamento. O que foi uma coisa boa, mas de alguma forma eu senti
um vazio que não consegui identificar.
De acordo com ele, a sua mãe era bem tradicional e preferia que
os noivos não tivessem qualquer contato físico até estarem
casados. O que era uma grande hipocrisia, diante de todas as
coisas erradas que eles fazem, mas eu estava feliz em atender ao
seu pedido porque isso só irritou ainda mais o meu futuro marido.
Termino de me vestir e desço para encontrar minha mãe. Eu
ainda não encontrei com a mãe de Nicco ou sua irmã. Elas vivem
em Milão e estão voando para Palermo para o casamento.
Eu não deixei o quarto durante esses três dias, mas isso não
impediu a minha futura sogra e mãe de enviarem fotos de vestidos,
flores, bolos e todas as demais coisas de um casamento para eu
aprovar. Como elas se tornaram grandes amigas está além da
minha compreensão.
Mamãe até parece outra pessoa. Eu me pergunto o que
aconteceu para mudar a sua opinião sobre o meu casamento?
Nicco tinha ameaçado ela? Eu não acredito que ele desceria tão
baixo, mas nunca se sabe, não é mesmo?
A verdade é que eu estava sobrecarregada com todas essas
coisas. Ontem eu tive que fazer a prova do vestido que tive que
escolher as pressas e eu nem tive tempo de processar tudo.
Essa é a primeira vez que eu estou me aventurando pelos
corredores da mansão de tijolos vermelhos para tomar algum ar
puro e ver o sol. A mansão é uma construção antiga, mas muito
sólida.
Os olhares dos guardas me seguem enquanto eu passo pelos
corredores infinitos. Sério? Por que eles precisam de tantos guardas
em sua propriedade? Há algum tipo de guerra acontecendo?
Eu paro por um minuto o pensamento me consumindo. Apesar
de não ser uma especialista em máfia, eu sei que essas coisas
acontecem. Há sempre uma briga entre famílias rivais.
Será que eu estou em perigo?
Nicco parecia um pouco tenso durante o voo. Ele até mesmo
ignorou as provocações de seu irmão caçula e primo enquanto
continuava a digitar furiosamente em seu laptop. Eu não fazia ideia
de que alguns de seus negócios eram legítimos, mas descobri
quando vi a logo da sua empresa e pesquisei no Google.
Aparentemente, a família Santino é dona de uma das maiores
empresas de energia renovável do mundo. Eles estão em todo o
mundo e crescendo a cada ano à medida que a busca por energias
renováveis aumentam.
O que é impressionante.
Eu nunca pensei que ele poderia ser alguém preocupado com o
futuro do planeta. Mas há muitas coisas que eu não sei sobre o meu
futuro marido, como, por exemplo, o seu nome completo, a sua
idade, seus gostos, etc.
Isso importa?
Eu não deveria me importar com essas coisas. Nicco é o inimigo
aqui e eu não deveria gastar o meu tempo aprendendo as coisas
sobre ele.
Não é mesmo?
Porque tudo isso é tão confuso.
Suspirando, eu sigo pelo corredor até ouvir gritos furiosos que
me fazem congelar no lugar. A primeira coisa que eu noto são as
suas costas largas e ombros firmes.
Ele é enorme.
— O que você está fazendo aqui, Natasha? A sua raiva é
inconfundível e só então o meu olhar cai sobre a bela morena de pé
no centro do pátio.
— Eu precisava ver você. — Ela ronrona e todos os pelos do
meu corpo se arrepiam com desgosto.
Eca.
— Você não é bem-vinda aqui. — Ele rosna todo o seu corpo
enrijecendo com um tipo de raiva que eu nunca testemunhei antes.
— Vamos lá, Nicco! — Ela praticamente geme enquanto se
move para tocá-lo.
Os meus olhos se arregalam diante da cena, mas antes que ela
possa alcançá-lo, eu me movo como se meu corpo estivesse
possuído. Agarrando o seu braço, eu o puxo para mim.
— Quem é a sua amiga, querido? — Pergunto enquanto o
encaro com um sorriso ameaçador.
Nicco olha para mim pelo que parece uma eternidade antes de
passar a sua mão ao redor da minha cintura, diminuindo a distância
entre nós e não deixando nenhuma dúvida sobre o nosso
relacionamento. Os seus olhos brilham com algum tipo de satisfação
que eu escolho por ignorar e me concentro na mulher à minha frente
me olhando como se eu fosse um inseto.
— Apenas uma velha conhecida, querida. — Nicco morde de
volta antes de se virar para a mulher. — Natasha, conheça a minha
noiva, Eleanor Williams. — Apresenta-me.
Natasha me olha de cima para baixo, voltando o seu olhar para
Nicco com um ar de deboche.
— Você não pode estar falando sério? — Zomba.
— Natasha. — Nicco avisa com um olhar feroz.
— O quê? — Ela finge inocência. — Você está seriamente me
trocando por uma criança com senso de moda ridículo? — Ela
dispara.
Isso só desbloqueia a cadela vingativa que há em mim. Eu
sempre tentei ser a melhor pessoa, mas há certas situações que
não podemos controlar a fera que habita em nós mesmos.
Normalmente, o meu lado sombrio só aparece para a minha
madrasta idiota, mas hoje ele acabou de ser desbloqueado por essa
mulher que eu nem mesmo conheço, mas já desteto.
Sorrindo, eu me desembaraço dos braços de Nicco e dou um
passo mais perto dela. A sua postura muda e seu corpo agora fica
em alerta. Eu odeio ter que ser uma cadela, mas algumas pessoas
realmente pedem por isso.
— O que te faz pensar que é melhor que eu? — Pergunto, o meu
olhar passando pelo seu corpo e de volta para o seu rosto com puro
desgosto. — Porque de onde eu vejo, você é a única intrusa aqui?
— Continuo avançando e ficando a poucos centímetros dela.
Ela sorri sem graça, mas ainda rebate. — Por favor, você não
passa de uma garota mimada brincando de ser uma mulher. Você
nunca poderá se comparar a mim. — Ela evidencia o seu corpo.
Eu não posso negar que ela é deslumbrante. Uma cintura fina,
pele impecável, seios e quadris que deixariam qualquer homem de
joelhos e apenas o pensamento dela e Nicco juntos me deixa
fodidamente louca de ciúmes. Mas isso não me intimida.
Uma gargalhada escapa do meu peito. — Você é só mais uma
vagabunda que ele usou para satisfazer as suas necessidades. Não
pense que pode entrar aqui e exigir algo que nunca foi seu ou eu
juro que essa será a última coisa que você fará em sua vida
miserável.
Ela balança visivelmente com a ameaça piscando algumas
vezes como se não pudesse acreditar nas minhas palavras. E eu
tenho que dizer que até eu estou surpresa com o que acabei de
fazer.
Normalmente, eu não sou tão confiante ou ousada.
Acho que tudo tem uma primeira vez.
— Você vai deixá-la me ameaçar assim? — Ela apela para Nicco
que se move depositando uma mão possessivamente contra o arco
das minhas costas.
— Você ouviu a minha mulher. Dê o fora daqui antes que eu
mesmo a tire a força, Natasha. — Nicco rosna ao meu lado
fortalecendo o que acabei de dizer.
Orgulho rasteja em meu peito e eu tento controlar a sensação de
euforia que ameaça me derrubar. Eu nunca pensei que ele poderia
me reconhecer assim. A cada dia que passa esse homem me
confunde e surpreende em medidas iguais.
— Isso não vai ficar assim. — Ela rosna pisando de volta para
fora. — Você vai se arrepender disso, Nicco. — Ameaça.
— Natasha! — Nicco grunhe ao meu lado fazendo-me
estremecer.
Os músculos de sua mandíbula estremecem em um tique
irritado. A sua fúria faria qualquer pessoa correr para as montanhas.
Embora eu esteja feliz que ele a expulsou, eu não posso deixar de
pensar se ele faria a mesma coisa comigo depois que ele estiver
entediado.
Eu espero até que ela esteja fora de vista para me afastar.
Girando para encará-lo, eu descanso meus braços sobre os meus
quadris, um toque que eu tenho sempre que fico agitada ou
nervosa.
— Mantenha as suas amantes sob controle, ou eu não serei
responsabilizada pelos meus atos. — Digo por entre os dentes.
Um sorriso se estende pelo seu rosto bonito fazendo borboletas
girarem em meu estômago. — Eu gosto de você ciumenta.
— Por favor. — Reviro os meus olhos em exasperação enquanto
caminho para fora. — Não aja como se isso fosse importante. E
mantenha os seus casos fora da minha vista se você não quiser que
eu faça o mesmo. — Assim que eu digo as palavras, a sua mão
agarra o meu braço puxando-me para ele. O meu peito bate contra
o seu enquanto eu encaro um Nicco muito irritado.
— Eu te desafio a deixar outro homem te tocar. — Ele rosna, os
seus olhos se tornando sombrios e assustadores.
Eu sempre soube que ele era um homem perigoso, mas
testemunhar esse seu lado é outra coisa totalmente diferente. Não
que ele tenha me mostrado tudo que ele é capaz, mas esse
pequeno vislumbre é apenas um pouco da sua natureza selvagem e
indomável.
— Você está me machucando. — Eu tento me soltar do seu
agarre, mas ele ainda me segura firme contra o seu peito sólido.
Raiva irradia dele em rajadas.
— Você está presa comigo para sempre, Eleanor. — Rosna.
Eu sugo uma respiração afiada enquanto tento controlar as
emoções que ameaçam me derrubar. Empurrando novamente
contra ele, eu finalmente consigo me livrar do seu agarre e corro
para longe.
Desta vez ele não me segue.
Eu não posso acreditar que eu vou me casar com um monstro
como ele. É apenas um destino cruel. Talvez isso seja um castigo
por ter sido uma garota má. O universo decidiu me punir e agora eu
não terei nada além de mim mesma para culpar.
Balanço minha cabeça enquanto afasto as emoções conflitantes
e me concentro no que é mais importante aqui. Eu preciso encontrar
uma maneira de escapar desse pesadelo antes que seja tarde
demais.
 

 
19
NICCO

 
Foda-se!
Eu juro que essa mulher vai me deixar louco.
Saindo na direção oposta a que Eleanor acabou de correr, eu
encontro Giane e Arturo, os seguranças designados para a minha
futura esposa. — Não a perca de vista, ou vocês estão fodidamente
mortos.
— Sim, chefe. — Arturo responde rapidamente enquanto Giane
balança a cabeça em concordância.
— Dario e Cláudio estarão se juntando a vocês mais tarde. —
Digo enquanto caminho em direção ao SUV me esperando.
— Sim, chefe.
Paolo é o meu motorista oficial em Palermo, mas ele ainda está
se recuperando de um atentado no mês passado, então Orazio
assumiu o seu lugar por enquanto.
Stefano aparece logo em seguida munido de seu laptop.
— Você parece cansado. — Observa o idiota.
— Cala a boca. — Advirto.
Apesar de ser o chefe e líder da família, eu sempre dei liberdade
para os meus irmãos me tratarem como tal. Embora eles saibam
que não devem cruzar a linha, nós estamos constantemente nos
provocando.
Isso nunca vai mudar.
— Qualquer notícia de Viktor?
— A sua localização ainda é desconhecida, mas eu tenho uma
nova pista e desta vez acho que é sólida.
Solto um suspiro. — Você disse isso da última vez.
— Isso foi porque ele está usando um hacker para apagar os
seus rastros, mas ele não é tão bom quanto eu. — Vangloria-se. 
Assentindo, eu subo no banco de trás e ele me acompanha. —
Certifique-se de enviar homens suficientes e avise-os que o quero
vivo.
— Nele.
— O escritório. — Digo para Paolo que espera as minhas
ordens.
— Sim, chefe.
Os meus pensamentos voltam para Ellie e a forma como ela agiu
diante de Natasha. A mulher me surpreende a cada esquina. Eu
nunca sei o que esperar e isso está me deixando louco ao mesmo
tempo, em que me fascina.
Uma verdadeira rainha.
Para alguém que alega me odiar com todas as forças, ela
certamente reivindicou-me como sendo seu, essa manhã. Eu estava
tão orgulhoso dela. Foda-se! O meu pau nunca esteve tão duro
desde que ela entrou e minha fodida vida. Por outro lado, eu tenho
que fazer algo sobre Natasha.
Não permitirei que ela desrespeite a minha mulher.
Qualquer um que se atrever deverá encontrar a morte.
Desrespeitá-la é o mesmo que me desrespeitar, e eu não vou
permitir isso. Um músculo pulsa em minha mandíbula com o desejo
de derramar sangue apenas com o pensamento.
Fechando os meus olhos, eu sinto como se um tambor estivesse
batendo dentro da minha cabeça, eu esfrego a minha testa para
aliviar a dor, mas ainda não é o suficiente. Esses últimos dias tem
sido os mais cansativos de todos os tempos, mesmo a noite eu não
consigo ter um descanso.
Talvez seja porque eu fico a noite toda vendo Ellie dormir.
Eu nunca pensei que seria do tipo esquisito que se contentaria
apenas em observar uma mulher dormir. Mas em minha defesa,
Eleanor não é uma simples mulher.
Ela é a minha mulher.
A futura rainha da máfia Siciliana.
***
— Dez fodidos homens! — Grito, a raiva tomando conta de mim.
Eu sabia que deixar Enzo no comando de tudo seria um risco,
mas eu nunca imaginei que o filho da puta fosse tão estúpido para
cair em uma armadilha como essa. Os russos os emboscaram em
uma das entregas no porto.
— Fabrizio se ofereceu para enviar seus homens e ajudá-lo a
retomar o controle. — Stefano diz enquanto digita em seu
computador.
— O que ele quer de volta? — Leo pergunta.
— Nada. — Stefano responde ganhando minha total atenção
agora.
— O que diabos isso quer dizer? — Grito de volta. 
Stefano suspira. — Fabrizio é um velho amigo, Nicco. Ele está
disposto a reparar o erro que seu pai cometeu no passado aliando-
se aos gregos para dominarem o golfo.
― Eu não confio nele. — Leo dispara.
— Não acho que nós temos muita escolha no momento. —
Romano intervém.
Ele está certo.
Os malditos russos são como uma praga, quanto mais nós os
derrubamos, mas eles brotam do nada. Se eu quero vencer essa
guerra, precisarei de toda ajuda possível. Fabrizio Mazza
certamente é a aliança que eu preciso no momento.
— O que faremos a seguir? — Stefano pergunta.
— Convoque Fabrizio para uma reunião. Eu preciso saber os
seus termos antes de concordar com qualquer aliança. 
— Nele. — Stefano responde.
Leo suspira. — O que vai fazer sobre o casamento? Adiá-lo seria
mais inteligente agora que a guerra está batendo à nossa porta.
— O casamento está mantido. — Grito batendo minha mão
contra a mesa sentindo a escuridão ameaçar me derrubar.
A ideia de passar mais um dia sem fazê-la minha está
fodidamente fora de questão. No final do dia, ela se tornará a minha
esposa e não há nada e nem ninguém que possa me impedir disso.
— Vou recrutar mais homens para fazer a segurança da mansão.
— Romano diz ao se levantar.
— A que horas mamãe e Sabina estão aqui? — Direciono minha
pergunta para Leo que foi que ficou encarregado de cuidar disso.
Ele verifica o relógio antes de dizer. — Elas estarão embarcando
agora. O piloto me enviará uma mensagem assim que eles
estiverem no ar.
— E quanto aos Rossi?
— Dante cuidará pessoalmente disso.
Aceno em concordância.
Pelo menos alguma coisa está dando certo hoje. Mas mesmo
que o mundo desabe, eu me casarei com Eleanor no final do dia. Eu
esperei tempo demais e isso está me deixando louco.
Eu mal posso esperar para ouvir os seus votos.
 
 

 
20
ELLIE

 
 
Eu estou tão perdida em meus pensamentos que nem percebi a
fera se aproximando até que fosse tarde demais. Desde pequena,
eu sempre tive uma queda por animais, mas nunca tive permissão
para ter um.
Eu era alérgica a gatos e o meu pai odiava cachorros, então se
eu quisesse acariciar algum deles teria que fazer na rua. Mas eu
nunca estive tão perto de um animal tão grande ou assustador.
Ele é enorme.
O seu pelo é um tipo de marrom quase preto e brilhante que o
faz parecer ainda mais majestoso. Ele se aproxima e eu fico tensa
no meu lugar. As vinhas pareciam um lugar pacífico para me
esconder de Nicco e todos os outros.
Depois da nossa briga mais cedo, eu queria nada mais que
correr para longe, mas as vinhas foram o mais longe que eu
consegui ir devido aos guardas e tudo mais que me mantinham
presa nesse lugar.
— Ei! — Eu tento falar com o cachorro à minha frente enquanto
ele continua a me encarar como se não tivesse certeza do que
fazer.
Eu não sei muito sobre raças de animais, mas acredito que ele
seja um Dobermann. Uma raça de cachorros alemã que é
conhecida por seu perfil dominador, embora a sua lealdade seja
uma das características mais fortes.
— Você está perdido? Qual o seu nome? — Estupidamente eu
pergunto ao cão que apenas me olha de lado como se eu fosse
louca.
Bem, talvez eu seja.
O cachorro se aproxima mais um pouco e eu puxo uma
respiração afiada e espero. Mas ao contrário do que eu pensei, ele
começa a me cheirar como se estivesse me avaliando.
Eu não me movo.
Animais sentem o seu medo, então eu tento relaxar um pouco,
mas não tenho muito sucesso quando o seu focinho está muito mais
perto do meu rosto do que eu gostaria.
Ele vai me morder?
— Ele gosta de você. — Eu ouço uma voz atrás de mim e me
viro para encontrar o primo de Nicco, acredito que o seu nome seja
Romano. Ele está com um sorriso em seu rosto enquanto nos
observa com curiosidade.
— O quê? — Pergunto incrédula.
— Cyrus é um cão feroz e normalmente não se aproxima tão
facilmente das pessoas. Talvez seja porque ele herdou a
personalidade dura de seu dono. — Ele diz acariciando a cabeça do
cachorro que apenas se agita em busca de atenção.
— Cyrus? — Pergunto.
— Esse é o seu nome. — Ele diz enquanto brinca com o animal
que agora parece muito feliz. — Ele é o cachorro favorito do chefe e
também seu fiel escudeiro. — Acrescenta antes que eu possa
perguntar a quem ele pertence.
— Oh! — Respiro.
— O que você está fazendo aqui? — Ele pergunta acariciando
as orelhas de Cyrus que começa a rolar de pura felicidade.
— Tentando encontrar uma saída desse pesadelo. — Digo com
um suspiro pesado.
Ele solta um bufo divertido.
— Seria mais fácil cavar um buraco e tentar chegar à Ásia. —
Brinca e ambos rimos.
— Isso é muito reconfortante. — Zombo acariciando Cyrus pela
primeira vez.
O seu pelo é tão macio quanto eu pensei que fosse. Ele não me
morde ou se afasta, então eu tomo isso como um incentivo para
continuar. Apesar de seu tamanho, Cyrus não é tão assustador
quanto eu pensei.
— Ele realmente gosta de você. — Observa Romano.
— Ele é um bom menino. — Digo acariciando Cyrus e coçando
as suas orelhas.
Romano zomba. — Tal pai, tal filho.
Eu franzo a testa em confusão. — O quê?
— Nada. — Ele me dá um sorriso conhecedor. — A zia e sua
mãe acabaram de chegar e estão à sua espera para começar os
preparativos para o casamento. — Acrescenta.
Eu bufo. — Você tem certeza de que eu não posso cavar um
buraco para escapar daqui?
Ele ri e me ajuda a levantar.
— O chefe a encontraria. — Observa.
Outro bufo me escapa. — Que sorte a minha.
— Ele não é tão ruim quanto você pensa. — Diz e eu olho para
cima para cima surpresa e curiosa ao mesmo tempo.
— Ele te paga para defendê-lo também? — Não posso deixar de
provocá-lo.
Romano ri enquanto anda ao meu lado. — Não se trata de
dinheiro, mas lealdade. Eu sei que você acha que a sua vida
acabou, mas há coisas muito piores no mundo. O chefe a salvou de
um destino ainda pior.
Isso me pega de surpresa.
— O que quer dizer? — Eu paro para encará-lo.
— A pessoa que você deveria se casar inicialmente era um
maldito filho da puta que adorava quebrar lindas e jovens mulheres
e depois matá-las. Acredito que o seu destino não seria diferente. —
Romano diz fazendo-me tropeçar para trás enquanto todo o ar é
sugado dos meus pulmões. 
Medo corrói minhas entranhas ameaçando me derrubar.
Quero dizer, o que e fiz para merecer um futuro tão assustador?
Primeiro o meu pai queria me unir a um assassino psicopata e agora
um mafioso. O que não é muito diferente do primeiro, mas eu diria
que Nicco perto do outro mais parece um ursinho.
— Você está bem? — Romano pergunta com preocupação
gravada em seu rosto bronzeado.
Eu não tinha reparado antes na semelhante que há entre ele e
Nicco. O fator genético aqui está bem acentuado. Os homens
Santinos são todos impressionantes, mas há apenas um que faz os
meus joelhos fraquejarem e meu sangue pulsar forte em minhas
veias.
Niccolau Santino.
***
— Você está de tirar o fôlego, querida. — Mamãe alisa a renda
para fora dos meus ombros dando os últimos ajustes.
O vestido é lindo.
Uma verdadeira Obra-de-arte da alta costura. Apesar de tê-lo
provado apenas uma vez, parece que foi feito no meu corpo. O meu
reflexo no espelho mostra uma linda mulher, mas por dentro eu
sinto-me como se algo estivesse faltando.
— Deus, eu gostaria que as circunstâncias fossem diferentes,
mas tenho certeza de Nicco vai cuidar de você, querida. — Mamãe
tenta me animar.
— Por que você mudou de ideia sobre ele? — Pergunto intrigada
com a sua mudança repentina sobre o meu futuro marido.
Mamãe abaixa a cabeça e solta um longo suspiro. — Nicco é um
homem muito importante e eu sei que ele vai se certificar de que
nada de mal lhe aconteça.
Eu procuro o seu olhar, mas ela desvia todas às vezes. Mamãe
sempre foi a minha inspiração de vida. A mulher que eu sempre quis
ser, e embora eu a ame mais do que posso medir, eu sei que ela
está me escondendo algo.  
— Você sabe, não é? — A pergunta sai mais como uma
afirmação.
Mamãe levanta a cabeça e encontra o meu olhar. Ela não
precisa dizer nada está escrito em seu rosto. As suas bochechas
estão cordas e ela parece verdadeiramente envergonhada.
— Não me odeie, querida. — Implora com os olhos cheios de
lágrimas. — Eu tentei protegê-la o máximo que pude, mas há coisas
que estão fora do nosso alcance. — Ela chora e meu coração se
despedaça por ela.
Deus, como eu odeio vê-la chorar.
Passando os braços ao seu redor, eu a puxo para mim
abraçando-a mais forte que posso. Minha mãe teve uma vida muito
difícil, mas isso não a impediu de ser quem ela queria ser. E eu a
admiro mais por isso.
— Shhh! Está tudo bem. — Tento tranquilizá-la.
— O seu tio se meteu com pessoas muito perigosas, Ellie. Eu sei
que você não deveria ser responsabilizada pelos seus erros, mas
acredite que não havia outra escolha para o seu pai fazer. — Ela
chora.
Deus, como ela ficou sabendo?
Lágrimas ameaçam me oprimir, mas eu as engulo enquanto faço
delas forças para seguir e não deixar que isso me quebre. Casar-me
aos vinte e um anos não era o que eu pretendia, muito menos com
alguém como Nicco. Porém, as coisas nem sempre são como a
gente gostaria. E essa é a última vez que eu estou lamentando isso.
Eu estou cansada de ser usada como fantoche. Nicco não me
disse que eu seria a sua rainha? É nisso que eu direcionarei todo o
meu foco. A velha Ellie morre hoje com os seus sonhos e desejos
tolos.
Uma nova Ellie renascerá. 
E que Deus me ajude.
Há uma batida na porta e Dania, a planejadora do casamento,
coloca a cabeça dentro do quarto para nos avisar que está na hora.
Eu tento reunir forças suficientes para não desmaiar. Apesar de
ser totalmente o oposto do que imaginei, eu me sinto um pouco
nervosa. Puxando uma respiração, eu tento encontrar um ponto de
equilíbrio para me obrigar a me mover e não tropeçar na calda do
vestido.
Mamãe termina de alisar o vestido e sorri para mim. O meu pai
aparece na porta e por mais que eu esteja chateada com ele por
toda a confusão em que ele me meteu, eu jamais o rejeitaria para
me levar ao altar. Nós sempre tivemos os nossos altos e baixos,
mas ele é meu pai e eu o amo.
— Você está linda, querida. — Ele diz hesitante como se tivesse
medo que eu fosse atacá-lo ou algo assim.
— Vejo você em breve, querida. — Mamãe diz saindo para nos
dá um tempo a sós.
— Sinto muito, querida. Eu... — O meu pai começa, mas eu o
interrompo.
— Eu não quero ouvir as suas desculpas. Isso não vai mudar em
nada o que está prestes a acontecer. — Retruco sentindo-me
corajosa o suficiente para enfrentá-lo sem medo de represarias.
— Eu sei. — Ele abaixa a cabeça em reconhecimento. — Eu sei
que não fui um bom pai para você, assim como não fui um bom
marido para a sua mãe, mas acredite em mim quando eu digo que
tinha as melhores intenções. — Ele faz uma pausa e recomeça. —
Um dia, quando você tiver os seus próprios filhos, eu espero que
você seja como a sua mãe. Ela sempre foi o melhor exemplo a
seguir e isso não mudou com o passar do tempo.
O meu coração se desfaz em milhões de pedaços com a sua
confissão. Papai sempre foi muito focado no trabalho e quase não
tinha tempo para a família, isso levou ao colapso do seu casamento,
mas após isso ele tentou compensar sendo mais presente em minha
vida e me enlouquecendo com as suas demandas loucas e
exigentes. O que eu não percebi antes foi que essa era a forma que
ele encontrou para ficar mais perto de mim, algo nosso, mesmo que
eu odiasse todas as exigências e controle.
Levi Williams pode ser um maníaco por controle, mas ele é o
meu pai e, eu sempre o amarei muito. 
— Eu te amo pai. — Digo e seus olhos se arregalam em
surpresa. — Eu odeio como você sempre foi controlador e exigente,
mas você sempre será o meu pai e eu espero que nós possamos
encontrar uma maneira de conviver em paz.
Ele sorri e meu coração amolece. — Obrigada, querida. Eu
também te amo muito. Você é o meu maior tesouro e eu estou tão
orgulhoso da mulher que você está se tornando.
Eu envolvo os meus braços ao redor dele, abraçando-o pela
primeira vez em muito tempo. Ao longo dos anos a nossa relação
não tem sido das melhores, mas esse momento aqui me fez
perceber o quanto eu preciso perdoá-lo e não me prender a
sentimentos que só irão me destruir.
— Eu lamento interromper, mas cabeças começaram a rolar se
você não estiver se movendo por aquele corredor nos próximos
segundos. — Romano diz ao entrar no quarto.
Sorrindo, eu me afasto e limpo o canto dos meus olhos com a
ponta dos dedos para não borrar a maquiagem. Eu não quero
parecer um panda loiro em pleno dia do meu casamento.
— Obrigada. — Sorrio agradecida.
— Pronta? — O meu pai pergunta.
— Tanto quanto eu deveria estar. — Digo de volta.
Ele me estende o braço e eu o tomo de bom grado. Ouso dizer
que esse foi o melhor momento pai e filha que já tivemos. Romano
nos conduz por um corredor que dá acesso ao jardim onde será
realizada a cerimônia enquanto os demais guardas se posicionam
de cada lado criando um tipo de escudo de proteção.
O buquê de peônias em minhas mãos é apenas um lembrete do
que me espera do outro lado dessas portas de madeira. E quando
finalmente paramos atrás delas, um som familiar explode em todos
os alto-falantes. City of Stars começa a tocar e eu não posso deixar
de sorrir porque essa é uma das minhas músicas favoritas, se não a
preferida de todas.
As portas se abrem revelando o jardim todo decorado para
acomodar os convidados e nossas famílias. Um leve pânico ameaça
inundar as minhas veias quando, mas quando os meus olhos caem
sobre o homem de pé do altar, eu sinto como se eu finalmente
pudesse respirar novamente.
Eu mantenho o meu aperto forte no braço do meu pai com medo
de tropeçar enquanto meus olhos seguram os do meu noivo sem
desviar um segundo. Murmúrios flutuam dos convidados enquanto
eu deslizo sobre o tapete de flores, mas tudo que eu posso ver é o
meu futuro marido.
Deus, ele é tão bonito.
Os meus olhos estão focados no homem em pé no pequeno altar
montado. Nicco mantém a sua expressão firme e inabalável.
Ninguém diria que esse é o dia do seu casamento. Bem, eles
poderiam dizer o mesmo sobre mim, visto que eu não estou nenhum
pouco emocionada como as noivas normalmente ficam em dias
como esse.
Borboletas dançam em meu estômago à medida que eu me
aproximo do altar. Eu não deveria me sentir assim, mas esse
homem provoca todos os tipos de emoções conflitantes em meu ser.
É tão confuso.
Quando chegamos ao altar, papai levanta o véu plantando um
beijo na minha testa, ele se vira para Nicco que ainda mantém a
mesma postura feroz e arrogante.
— Cuide bem dela. — Papai diz para Nicco que apenas lhe dá
um aceno breve. 
O pequeno gesto me pega de surpresa, porque eu sei que ele dá
a mínima para o que os outros pensam, mas essa era uma
promessa que ele estava disposto a cumprir.
Interessante.
— Você está deslumbrante, farfalla. — Nicco sussurra
inclinando-se para beijar a minha bochecha.
Todo o meu corpo se agita com o toque de seus lábios em minha
pele. Nicco é epítome da perfeição. Usando um smoking preto sob
medida com uma camisa branca e gravata borboleta preta.
Ele não deveria parecer tão bem em um terno, mas algo que eu
tenho aprendido sobre Nicco é que ele ficaria bem com qualquer
coisa. As suas tatuagens dando um contraste ao terno elegante
tornando-o ainda mais impressionante.
Eu não deveria achá-lo atraente, mas acho difícil alguém ignorar
tal fato. Nicco é uma força da natureza a ser reconhecida.
Não há como parar algo tão impressionante.
 
21
ELLIE

 
 
Uma forte descarga de eletricidade percorre o meu corpo quando
a sua respiração faz contato com a minha pele, sua mão envolve
entrelaça-se a minha enquanto nos viramos para o sacerdote.
— Queridos irmãos, estamos aqui reunidos para celebrar a união
sagrada de Niccolau Astori Santino e Eleanor Anne Williams.
O padre continua o seu discurso, mas a minha atenção se volta
para o homem ao meu lado. Nicco mantém o seu olhar firme para o
padre enquanto eu levo o meu tempo para observá-lo um pouco
mais de perto.
Ele é lindo.
A sua beleza feroz e temida é algo que colocaria de joelhos o
mais valente de todos os homens. Embora eu não tenha muita
experiência sobre essa coisa de máfia ou crime, eu não sou tão
ignorante para pensar que o homem ao meu lado é um príncipe
encantado.
Anti-herói seria um termo mais adequado para descrevê-lo. 
Eu estou tão perdida em meus pensamentos que nem percebo
quanto tempo se passou e é a hora de recitar os votos até que
Nicco aperta a minha mão fazendo-me retornar ao presente.
Os meus olhos se movem de Nicco para o padre que diz:
― Nicco, repita depois de mim.
— Eu, Niccolau Astori Santino, tomo você, Eleanor Anne
Williams para ser minha esposa, prometo ser fiel, amar-te e
respeitar-te. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na
riqueza e na pobreza. Por todos os dias das nossas vidas. Até que a
morte nos separe.
Caramba!
É isso.
Eu estou mesmo me casando com Nicco Santino. Um dos
homens mais temidos e perigosos de todo o mundo.
— Eleanor, repita comigo. — O padre instrui e meus olhos
seguram os de Nicco.
Eu recito os votos ignorando o sorriso arrogante em seu rosto
que me faz querer socá-lo. Embora ele seja um idiota arrogante, eu
não posso negar que ele fica ainda mais bonito quando sorri.
Idiota.
— Nicco, você aceita Eleanor Anne Williams como sua esposa?
— Eu aceito. — Sem hesitação.
— Eleanor, você aceita Niccolau Astori Santino como seu
esposo?
Eu aceito — A minha boca se move por conta própria. Porque
não outra explicação para o que eu acabei de fazer de tão boa
vontade.
E antes mesmo que eu perceba, o padre fala: — Eu vos declaro
marido e mulher. Você pode beijara a noiva.
Nicco fecha a distância entre nós, as suas mãos agarram o meu
rosto, inclinando-se, os seus lábios estão a meros centímetros dos
meus quando eu sussurro: “Não ache que você ganhou a maldita
guerra.”.
Os seus olhos seguram os meus e ele joga a cabeça para trás
em uma gargalhada, então seus lábios estão contra o meu ouvido:
“Eu mal posso esperar pela eternidade ao seu lado, farfalla.” E antes
que eu possa dizer algo, os seus lábios batem nos meus, fazendo-
me perder todo o fôlego. Os seus braços envolvem ao redor da
minha cintura puxando-me para ele. A sua língua invade a minha
boca fazendo esquecer que nós não estamos a sós.
Aplausos soam e a realidade me bate.
Eu agora sou uma mulher casada.
Quando nós nos afastamos, eu estou sem fôlego e um pouco
atordoa. Esse homem me confunde de tantas maneiras que eu nem
sei por onde começar a relatar. Os seus dedos se entrelaçam com
os meus enquanto ele me puxa para assinar o registro de
casamento.
O seu irmão Stefano e minha mãe são as testemunhas. Tudo
parece tão surreal que mesmo quando os convidados se organizam
para nos parabenizar, eu ainda não consigo acreditar que estou
mesmo casada.
Uma mulher sorridente se aproxima e pelas características
físicas, eu diria que ela é a mãe de Nicco. A semelhança é bem
evidente. — Così bello. Auguri bella ragazza. (Tão bonita.
Felicidades bela menina.).
— Eleanor, conheça Francesca Santino, minha mãe. — Nicco
nos apresenta.
Sorrindo de volta, eu a cumprimento. — Grazie. Piacere di
conoscerti. (Obrigada. É um prazer conhecê-la.).
Ela sorri mais largo agarrando o meu rosto com as duas mãos
para beijar ambas as faces do meu rosto. Uma coisa é odiar o meu
mais novo marido, mas outra totalmente diferente é ignorar o quão
receptivos são os seus familiares.
— Não importe a pobre garota, mama. — Uma linda morena que
é uma cópia de seu irmão Leo diz atrás dela, mas pelo sorriso em
seu rosto eu diria que ela está apreciando tudo isso também.
Essa deve ser a sua irmã caçula.
— Comportati bene, Sabina. (Comporte-se, Sabina.). — Nicco
avisa com um tom suave que dificilmente o vejo usar. — Essa é a
minha rebelde e teimosa irmã caçula, Sabina. — Nicco nos
apresenta.
Sabina revira os olhos e me puxa para um abraço.
— Bem-vinda a família. Avise-me se ele for um pé no saco e eu
ajudei a ensinar-lhe uma lição. — Brinca e ambas sorrimos.
Eu gosto dela.
O seu irmão deveria ser mais parecido com ela.
— Obrigada. Eu vou manter isso em mente. — Digo sorrindo de
volta.
Eu vejo Massimo se aproximando e meu coração aquece com
emoção e calmaria. Esses são uns dos principais pensamentos que
o meu irmão desperta em mim.
Quando ele nasceu, eu sabia que teria um melhor amigo para a
vida toda. Alguém para eu cuidar e amar como nunca antes. E isso
não mudou mesmo ao longo dos anos, apenas se intensificou.
— Aí está a bela do dia. — Ele sorri envolvendo os braços ao
meu redor.
Eu descanso minha cabeça contra o seu peito e me aconchego
no calor de seu abraço. Massimo é mais novo que eu, mas uns bons
centímetros a mais que eu.
— Seja feliz, irmãzinha. — Ele sussurra beijando o topo da
minha cabeça.
Eu fecho os meus olhos e o abraço mais forte, deixando que o
amor e tranquilidade que ele me desperta me envolva como um
grande véu. Porque isso é o que eu precisava no momento.
— Obrigada. — Sussurro de volta.
Massimo se vira para Nicco, então fala: — Faça-a sofrer e eu
mesmo o caçarei.
A ameaça foi clara.
Todo o meu corpo ficou tenso olhando entre os dois homens da
minha vida. Nicco tem o mesmo olhar feroz de sempre. Uma marca
sua registrada, mas quando um fantasma de sorriso se estende pelo
seu rosto, eu juro que todo o meu corpo parece relaxar visivelmente.
— Eu não esperaria nada menos de você. — Nicco diz sorrindo
enquanto puxa o meu irmão para um abraço. Eu estou começando a
pensar que esse não é o mesmo homem com quem eu me casei,
mas quando as próximas palavras saem dos seus lábios eu não sei
se me sinto aliviada ou preocupada. — Ameace-me de novo e você
não viverá para contar a história. — Nicco sussurra para o meu
irmão que agora parece mais pálido que uma folha de papel.
Apertando a sua mão, eu puxo atenção de volta para mim. —
Pare de intimidá-lo.
Nicco sorri inclinando-se para beijar a minha bochecha. — Sim,
senhora.
Nicco envolve a sua mão na minha e nos leva em direção ao
pátio onde está acontecendo à recepção. Tendas foram montadas
no jardim para atender os convidados. Uma infinidade de fotos são
tiradas antes de a comida ser servida, eu estou quase desmaiando
de tanta fome quando o meu olhar se move pela multidão e a única
pessoa que eu esperava não ver pavoneia em nossa direção como
se o mundo fosse o seu palco.
— Ellie querida! — Kristin gargalha como maldita hiena.
— Kristin. — Dou-lhe um sorriso forçado. — Eu pensei que você
estivesse em algum lugar exótico da Europa gastando o dinheiro
que não lhe pertence.
Ela olha sem graça de mim para Nicco. — Ellie, sua danadinha
sempre tão cômica. — Ela abana a mão enquanto tenta disfarçar o
desconforto. — Devo dizer que eu fiquei um pouco preocupada
quando o seu pai me disse que você estava se casando tão
repentinamente. — Envenena. — Você sabe o que as más línguas
dizem sobre casamentos assim... — Ela não termina a frase porque
Nicco a interrompe.
— O que eles dizem não importa. E se alguém tem um problema
com isso, eu mesmo cortarei as suas malditas línguas. — Ele diz
alisando um ponto acima do meu quadril.
Kristin estremece visivelmente desconfortável pela ameaça clara
então se desculpa e corre para longe como a verdadeira rata que
ela é.
Mulher desprezível.
— Eu poderia ter lidado com ela. — Digo enquanto me sirvo de
alguns canapés.
Eu não comi o dia todo e estou faminta. Toda essa coisa de
casamento é muito estressante e desgastante. Sem contar o fato de
ter que sorrir para cada pessoa como se esse fosse o casamento
dos meus sonhos.
— Eu sei que poderia, mas é mais divertido quando eu faço. —
Nicco pisca para mim enquanto rouba um canapé do meu prato,
abocanhando-o de uma vez. O movimento dos seus lábios se
movendo me tem em transe.
Por que ele tem que ser tão bonito?
Balançando a minha cabeça para afastar os pensamentos
indesejados, eu me concentro em meu prato de comida, que é a
opção mais segura nesse momento. Tantas coisas aconteceram nos
últimos dias e eu nem posso acreditar que estou realmente casada
e com o chefe da máfia siciliana.
Você pode acreditar nisso?
O meu segundo pensamento é sobre a nossa noite de núpcias.
Nicco com certeza espera uma esposa dócil e obediente. Bem, eu
terei muito prazer em desapontá-lo. Porque embora eu não possa
resistir a ele, usarei isso como uma ferramenta a meu favor.
O sexo não precisa ser tão complicado.
Ambos somos adultos e casados, eu não vejo porque eu tenho
que me abster de tal coisa quando eu posso tê-la sempre que
quiser.
É um benefício mútuo.
Quando chega a hora dos brindes, Massimo e Stefano são os
escolhidos para falar algumas palavras. O meu irmão como sempre
é bem sucinto e eloquente. Eu juro que esse menino é um pequeno
gênio. Embora “pequeno” seja a palavra errada para descrevê-lo, já
que ele tem uns bons centímetros a mais que eu. Mas vocês me
entenderam.
Massimo conta algumas de nossas histórias quando crianças e
meus olhos se enchem de lágrimas com as lembranças adoráveis.
Ele é o meu pequeno milagre. Quando mamãe o trouxe para casa,
eu sabia que teria um melhor amigo para toda a minha vida.
Eu o amo demais.
— Ellie, você é a pessoa mais corajosa, inteligente e doce que
eu conheço. Eu sempre quis ser como você. Minha irmã mais velha
e tão sábia. Eu te amo mais que posso contar e desejo que você
encontre a felicidade que tanto merece. — Ele faz uma pausa e
ergue a taça de champanhe. — Felicidades a você e meu mais novo
cunhado nessa nova jornada de suas vidas.
“Eu também te amo” Sussurro para ele.
A essa altura as minhas lágrimas já eram uma cachoeira
deslizando pelo meu rosto. Nicco me entrega um lenço que eu
aceito de bom grado. Pelo menos o rímel é a prova d’água.
Stefano também não se estende muito e pelas palavras gentis
que ele fala sobre o seu irmão mais velho, eu sei que ele também é
muito amado. Eu não sei muito sobre a sua história, mas ouvi de
alguns guardas que o seu pai foi assassinado em uma emboscada.
Faço uma nota mental para perguntar a Nicco em outra ocasião.
A hora da dança chega e o meu marido me gira no meio do
salão enquanto Heaven de Bryan Adams começa a tocar
surpreendendo-me. Essa deve ser uma de suas músicas, porque
embora seja linda, não faz muito o meu gênero musical.
— Eu sabia que você era mais velho que aparentava. — Brinco
e, ele belisca a minha cintura fazendo-me saltar rindo.
— Minha mulher é muito cômica. — Ele sussurra puxando-me
mais para perto dele e beijando o topo da minha cabeça.
Eu o deixo nos conduzir enquanto mergulho na letra da música.
Ela é realmente muito bonita. Nunca passou pela minha cabeça que
Nicco fosse do tipo romântico, mas essa música me diz que a muito
do meu marido que eu não sei.
Quando a música termina e é hora de eu dançar com o meu pai,
eu não perco a tensão no corpo do meu marido quando o meu pai
se aproxima. Eu sei que eles têm os seus problemas, mas o homem
ainda é meu pai e isso nunca mudará.
O meu marido beija o topo da minha cabeça antes de me
entregar ao meu pai dando-lhe um olhar sombrio. Nicco tira a sua
mãe para dançar logo em seguida. Eu os observo e vejo o orgulho
nos olhos de sua mãe. Eles se parecem bastante, mas acredito que
a maior parte de suas características venha do seu pai.
— Sinto muito, querida. — A voz do meu pai me tira dos meus
devaneios. — Eu nunca fui bom com relacionamentos, mas isso não
justifica o que eu fiz.
— Está tudo bem, pai. O que está feito não há como mudar. —
Digo não querendo reviver tudo isso novamente.
— Você é tão corajosa. Eu sempre tive orgulho de você.
Apesar de suas palavras soarem sinceras, eu sinto que é mais
como uma forma de se desculpar por tudo. O que eu entendo, mas
como eu disse antes não há como mudar o que já está feito, então é
perda de tempo se prender à isso.
Quando a música termina, Dominic está lá para ter a sua vez. Eu
sorrio para o homem que me aceitou como sua filha e me amou
igual. Dom é certamente o pai que Levi nunca foi para mim. E eu o
amo muito também.
— Você está linda, Ellie. — Ele diz e beija o topo da minha
cabeça.
— Obrigada. — Sorrio contra o seu ombro.
— A sua mãe e eu estamos muito orgulhosos da mulher que
você se tornou, Ellie. — O meu padrasto diz e eu sorrio
descansando minha cabeça em seu peito.
— Obrigada, Dom.
— Eu sei que não tenho nenhum direito e que seu pai não me
ouça dizer, mas você sempre foi a filha que eu nunca tive e nós
temos tanta sorte de tê-la. Saiba que não importa o que aconteça,
nós sempre estaremos aqui para você.
Eu sinto as lágrimas ameaçarem cair. Dominic sempre foi mais
como um pai e não padrasto. Quando eu era pequena quando
estávamos na Itália e longe do meu pai, eu costumava chamá-lo
papai Dominic.
Esse homem mudou a vida minha e da minha mãe e eu nunca
vou poder agradecê-lo o suficiente por ser tão incrível para a mulher
mais importante de minha vida. Então se alguém é sortuda aqui sou
eu.
Apesar de tudo, eu sou uma pessoa muito sortuda. A minha
família não é perfeita, e está longe disso, mas eu os amo mais que
posso contar. Eles são o meu tudo, meu alicerce e força.
Sem eles eu não sou nada.
O que acontece agora que eu tenho alguém novo para chamar
de família?
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22
NICCO

 
 
Eu mal posso tirar os meus olhos dela.
Minha esposa.
Eu posso sentir a sua raiva e emoção. As lágrimas que ela
chorou antes quando o seu irmão fez o brinde só evidenciou o
quanto ela se importa com a família. Na verdade, eu diria que ela é
a pessoa mais corajosa que eu conheço.
Ellie aceitou o destino que lhe foi jogado em suas mãos sem
questionar muito. Embora ela não tenha sido totalmente de acordo
com a ideia de se casar comigo, ela também não lutou muito.
O que me diz que a sua lealdade está para a sua família, assim
como a minha. Mas agora que ela é a minha família, eu espero que
essa sua lealdade se estenda até mim também.
Fui criado para ser implacável, mas desde que Ellie entrou em
minha vida tudo mudou. Eu ainda sou o mesmo de antes, pelo
menos para os meus inimigos. O que deveria ser uma fraqueza se
transformou em força para protegê-la.
Eu ainda estou me ajustando à essas emoções que finalmente
me permiti sentir. Perder a cabeça não é algo que eu costumo fazer,
porque em meu ramo de negócios significa o fim.
Eu estou tão fodido.
Foda-se!
Ellie desbloqueou uma parte em mim que eu nem sabia que
existia. Ela é a luz da minha escuridão e eu vou morrer antes de
deixar que algo aconteça a ela.
Ellie cai, eu caio.
Se ela morre, eu morro com ela.
Os malditos russos têm um prêmio pela sua cabeça, mas eu vou
aniquilar todos antes que eles pensem em colocar suas malditas
mãos sobre ela. Mesmo que eu tenha que queimar o maldito mundo
para isso.
Fabrizio vem até a mesa e eu me levanto para abraçar o meu
velho amigo.
— Eu nunca pensei que veria o dia em que o grande Nicco
Santino se uniria há uma mulher para sempre. — Provoca.
— Foda-se!
Ambos rimos e nos separamos.
— Ellie, eu quero que você conheça um velho amigo. — Eu me
viro para a minha esposa e digo.
— Velho não sendo o termo certo para me definir. — Murmura
Fabrizio sorrindo enquanto estende a mão para a minha esposa. —
Fabrizio Bianch a seu dispor. Avise-me se ele for um pé no saco e
eu a ajudarei a chutar a sua bunda teimosa. — Ele diz com um
sorriso brilhante e estúpido em seu rosto que parece muito
ordenado para o meu gosto.
— Eu gostaria de ver você tentar, velho. — Bufo afastando a sua
mão para longe dela.
Ellie revira os olhos, mas o sorriso em seu rosto me diz que ela
não está ofendida. — Eu não sabia que mafiosos também tinham
amigos.
Fabrizio solta uma gargalhada e eu sei que o idiota vai me
importunar mais tarde por essa pequena façanha da minha adorável
esposa.
— Eu gosto dela. — O idiota diz ainda sorrindo quando se vira
para me encarar. — Parabéns pelo casamento. Você está linda. —
Ele diz voltando a sua atenção para a minha esposa.
— Obrigada. — A pequena atrevida diz sorrindo de volta para
ele, então me dá um olhar assassino.
― A sua esposa não parece muito feliz.
Um bufo me escapa. — É claro. Ela me odeia.
— Para alguém que o odeia, ela não hesitou na hora do sim. —
O meu amigo observou.
Fabrizio se afasta e eu me pego olhando para a minha esposa.
O que ele acabou de dizer faz algum sentido. Ellie me odeia e odeia
ainda mais a ideia de casar tão jovem. Por que ela disse sim sem
hesitar? Talvez por culpa ou medo de que acabasse matando o seu
pai ou tio?
Embora eu não acredite nisso totalmente, faria sentido. Ellie já
provou o quanto à família é importante para ela. E se sacrificar em
nomes deles seria um ato muito corajoso para não dizer estúpido.
— Por que você não fugiu? — Pergunto e, ela se vira, os seus
olhos esmeraldas encontram os meus.
Porra.
Ela é linda.
Toda vez que ela olha para mim, eu sinto como se estivesse
mergulhando em águas cristalinas. Nenhuma mulher jamais teve um
efeito tão grande em mim. Eleanor é a única capaz de me colocar
de joelhos aos seus pés.
— Mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto
ainda. — Sussurra fazendo os meus lábios se dividirem em um
sorriso satisfeito.
Eu a puxo para mim beijando o topo da sua cabeça, e sussurro:
— Eu pensei que foi porque você não conseguia ter o suficiente do
meu pau. — Provoquei já me preparando que ela se afastasse, mas
quando isso não aconteceu, eu a envolvi em meus braços,
apertando-a mais forte.
— Você também acha que esse casamento é um erro? — Ela
pergunta baixinho.
Eu não a respondo a princípio. As suas palavras me fazem
refletir sobre os seus reais pensamentos e como ela está lidando
com isso. Eleanor é muito nova, apesar de ser uma menina muito
madura para a sua própria idade. Os seus conflitos internos são
algo tão natural que me faz perceber que eu sou o único anormal
aqui.
A minha vida toda foi moldada para ser um chefe implacável e
sem remorso. Uma máquina de destruição nascida e criada para
comandar. O controle é tudo que eu entendo, mas é no caos que eu
prospero.
Apesar de nunca ter imaginado esse momento, era inevitável
que eu construísse a minha própria família. O legado Santino
precisa ser preservado e repassado. Tem sido assim por séculos
antes de mim e não deveria ser diferente, mas como eu disse antes.
Eleanor foi à primeira mulher que despertou tal interesse em mim.
Eu não a quero ao meu lado porque ela é um meio para o fim.
Ela acabou de se tornar a minha esposa. E por mais difícil que seja,
eu quero construir uma vida ao seu lado. Preenchê-la com os meus
bebês e vê-la se tornar a rainha que eu sei que ela será ao meu
lado. Então não, eu não acho que o nosso casamento foi um erro.
— Não. — É tudo que eu digo e isso parece acalmar os seus
pensamentos.
Sem perceber, ela se aconchega mais contra mim e eu tomo isso
como uma trégua por esta noite.
Essa é a minha rainha.
Eu sabia que Ellie seria perfeita para mim desde que os meus
olhos pousaram sobre ela do outro lado daquele bar. Ela deveria ser
um meio para fim, mas s tornou tudo que eu posso pensar e desejar.
Minha pequena borboleta.
Mais cedo, quando eu dancei com a sua mãe, ela parecia um
pouco tensa em meus braços e eu sabia que ela já sabia de tudo.
Afinal de contas o seu cunhado tem negócios conosco, então não foi
difícil descobrir. Embora o seu marido não esteja envolvido nos
negócios do irmão, eu tenho certeza de que ele sabe uma coisa ou
outra.
É inevitável.
— Eu cuidarei dela com a minha vida. — Disse a Sofia Rossi.
— Eu sei. — Ela pareceu relaxar com as minhas palavras. —
Ellie teve uma vida bem turbulenta por causa do meu divórcio com o
pai dela, mas ela é uma menina incrível.
— Eu sei. — Digo não querendo falar demais.
— Ela pode ser um pouco teimosa, mas essa é a sua forma de
lutar pelo que ela acredita e deseja. Não a entenda mal.
Afastando-me, eu a encaro. — Senhora Rossi, minha esposa é a
pessoa mais importante do mundo para mim. Eu nunca a
machucaria ou a colocaria em qualquer tipo de risco. Você tem a
minha palavra.
— Obrigada. — Ela me dá um sorriso gentil que me lembra a
minha esposa.
Eu aceno em concordância e a música termina encerrando o
nosso tempo junto. Sofia Rossi é uma mulher muito inteligente e
honrada. Ellie tem muita sorte em tê-la como mãe.
Não é à toa que ela, a minha esposa, a venera.
No pouco tempo que eu conheço a minha esposa, ela se tornou
tudo para mim. Cada fibra do meu ser vive para ela. Eu estou pronto
para encerrar essa noite e a sós com a minha linda esposa.
Foda-se!
Quanto tempo mais nós temos que ficar?
 
23
ELLIE

 
 
Eu sento ao lado de Nicco na parte de trás do SUV. Depois de
nos despedir de nossa família, nós fomos escoltados até o SUV que
está nos levando para algum lugar fora da mansão.
— Para onde estamos indo? — Pergunto quando nos afastamos
da mansão.
— Casa. — Ele responde sem tirar os olhos do celular.
— Eu pensei que você a mansão fosse a sua casa. — Observo.
— É, mas nós estamos indo para a nossa outra casa. — Ele diz
sem mais detalhes.
Eu solto um suspiro cansado. — Quantas casas você tem?
— Algumas. E nós temos. — Ele diz enquanto continua a digitar
furiosamente em seu telefone.
Eu quase derrubo o maldito aparelho para ver qual será a sua
reação, mas decido que não vale a pena. Minha mente está muito
ocupada pensando no que ele espera de mim essa noite, afinal de
contas é a nossa noite de núpcias.
Outro suspiro me escapa e eu volto minha atenção para a janela.
Palermo à noite é ainda mais impressionante. Toda a Itália é tão rica
em história e cultura. Eu amo esse lugar. Nicco ainda não me disse
onde nós vamos viver, mas pelo que entendi ele divide a sua vida
entre a Itália e América. O que funciona muito bem para mim, já que
eu fiz isso durante a minha vida toda. Mas há tanto que nós não
conversamos.
Ele será contra eu continuar trabalhando com a arte? Ou ele
espera que eu seja uma esposa troféu como Kristin?
Porque se esse for o seu desejo, isso nunca acontecerá. Ser
uma esposa obediente que aquece a sua cama e cuida de suas
refeições e bem-estar não está em mim. Eu passo a maior parte do
meu tempo no meu estúdio. Alguns dias eu nem vejo a luz do sol
enquanto estou absorta em terminar uma de minhas pinturas.
A noite está linda e estrelada como eu não via há muito tempo.
Em Seattle noites assim são raras, há sempre neblina, chuva e
tempo cinza. Essa é uma das muitas coisas que eu amo sobre a
Itália. Os céus são sempre muito estrelados, eu sinto como se o
universo estivesse sempre dando uma festa deste lado do planeta.
O SUV segue em direção ao litoral, entrando em um
estacionamento subterrâneo cerca de quinze minutos depois.
Quando o carro para, Nicco finalmente larga o celular e desce para
abrir a porta para mim.
— Tão cavalheiro. — O meu sarcasmo não pode ser evitado.
Ele sorri. — O que posso dizer? Cuidar da minha esposa é a
minha missão de vida.
Eu reviro os meus olhos e passo por ele seguindo em direção ao
elevador. Não há guardas à vista, o que me faz pensar que esse
deva ser um lugar seguro. Nicco me alcança e quando eu estou
prestes a perguntar por que não há seguranças, ele murmura:
— Cefalù será o nosso destino por alguns dias. Avise-me se
precisar de algo.
— Onde eu vou dormir? — Pergunto enquanto tomamos o
elevador.
Ele se vira e me encara com a sua cara de Poker. — Em nossa
cama.
Respirando fundo, eu aproveito a abertura das portas do
elevador para me abster de ter que rebater. Foi um longo dia e eu
definitivamente não estou com vontade ou inclinação para discutir
com o meu marido.
Não esta noite pelo menos.
O hall moderno e elegante na entrada me dão as boas-vindas
quando eu entro na bela casa. A vista impressionante para o
mediterrâneo é apenas mais um ponto a favor desse lugar incrível.
Nicco certamente tem bom gosto.
Eu faço o meu caminho para dentro olhando ao redor. Tudo é de
vidro com paredes brancas, móveis pretos e uma decoração
luxuosa.
— Lugar interessante. — Digo admirando a vista lá fora.
Eu sempre tive um fraco por vistas. Nós estamos no que parece
ser o primeiro piso da casa que é um duplex. Lá fora há um belo
jardim com uma fonte e uma escultura da deusa Afrodite no centro
jorrando água.
Confesso que estou surpresa com a escolha da escultura. Eu
esperava um Hades, o deus do submundo ou talvez Ares, o deus da
guerra. Mas Afrodite é sim uma grande surpresa.
— Minha mãe viveu a maior parte de sua vida nesta casa e
antes que você tire conclusões precipitadas, a escultura foi ela que
mandou fazer. — Ele diz como se estivesse lendo os meus
pensamentos.
— Eu não disse nada. — Sorrio para ele.
— Certo. — Ele suspira subindo a escadaria de vidro que dá
para o segundo piso da casa.
Eu o sigo tomando cuidado para não tropeçar no meu vestido. —
Por que você não quis ficar na mansão Santino? — Pergunto atrás
dele.
Ele para no alto da escada e se vira para me esperar. Quando eu
estou ao seu lado, os seus braços me varrem do chão tomando-me
em seus braços. Eu não resisto e apenas o deixo me carregar todo
o resto do caminho. — Porque eu não pretendo fodê-la com toda a
nossa família a uma distância curta.
As suas palavras causam um frenesi em meu corpo. O meu
cérebro traidor produz imagens dele me fodendo e meu corpo
anseia por isso. Quando eu me tornei essa pessoa insaciável e
carente do seu toque?
— Tão nobre. — Zombo.
— Eu dou o meu melhor, esposa. — Ele sorri inclinando-se para
tomar os meus lábios em um beijo suave.
O beijo é rápido, mas tem o efeito desejado. Nicco sabe muito
bem que eu não consigo resistir ao seu toque ou beijos, então ele
está usando todas as suas armas para me fazer cair em seus
encantos. O que ele não sabe é que eu estou muito aberta à ideia
de compartilhar a cama com ele, mas não o meu coração.
Quando chegamos ao quarto, ele me coloca para baixo com
cuidado, mas não se afasta. Deslizando alguns fios de cabelo para
fora do meu rosto, ele segura o meu rosto com as duas mãos, o
toque de sua pele aquece a minha. O roçar do seu polegar em meu
lábio faz-me puxar uma respiração afiada.
Esse é um terreno perigoso.
Nicco e eu claramente não seremos bons amigos tão cedo, mas
isso não significa que tenhamos que nos odiar. A atração física entre
nós é quase impossível de resistir. Não que eu queira. Quando eu
decidi que iria parar de me lamentar, eu quis dizer em todos os
sentidos.
Eu poderia escolher viver uma vida miserável e cheia de
arrependimentos, mas escolho viver da melhor forma possível.
Retomar o controle da minha vida é o meu primeiro passo. Eu estou
cansada de viver de acordo com os desejos e comandos dos outros.
E desta vez ninguém ficará no meu caminho, nem mesmo o meu
marido.
— Você me deixa louco. — Ele sussurra.
A palma da sua mão aquecendo a minha bochecha. O seu olhar
é gentil e aconchegante e isso me confunde ainda mais. Nicco faz
eu me sentir como se eu fosse a sua pessoa favorita no mundo
todo.
— O sentimento é recíproco, marido. — Os cantos da minha
boca se elevam em um sorriso provocador.
Ele sorri de volta. — Ansioso para “felizes” para sempre, farfalla.
Deus, esse sorriso.
— Tão poético. — Inclino-me mais perto dele agarrando a sua
gravata e desfazendo-a.
— Apenas para você, esposa. — Sussurra.
Deslizando alguns fios de cabelo para fora do meu rosto, as
nossas respirações se misturam e Nicco reivindica a minha boca. O
toque suave dos seus lábios faz todo o meu corpo derreter nos
braços dele. Minhas mãos se movem para o seu cabelo deslizando
através dos fios enquanto o beijo se transforma em algo mais
intenso.
Agarrando um punhado do meu cabelo, a sua língua desliza em
minha boca como se quisesse possuí-la. Nicco é um homem intenso
e selvagem, tudo sobre ele exala masculinidade, poder e
possessividade. A forma como ele me beija como se não pudesse
ter o suficiente me diz que ele não é o único com poder aqui.
Emoções formigam em minha pele como uma segunda pele. O
desejo se transformando em algo que eu nunca pensei que queria
antes. Os golpes duros de sua língua em minha boca só provam o
quanto nós somos perfeitos juntos.
Inferno.
Esse homem está sob a minha pele como nada antes.
Eu fico na ponta dos pés querendo me fundir com ele. O cheiro
de sua colônia invadindo os meus sentidos e me viciando em seu
perfume selvagem. Um gemido carente me escapa e toda luxúria
invade o meu corpo. Aprofundando o nosso beijo, eu retribuo a
paixão e reafirmo o que está tão claro desde o início.
Nicco Santino é o meu dono.
Eu me sinto isso com tudo que eu tenho. Nicco Santino me
reivindicou como sua e eu não tive uma chance. O meu corpo o
deseja, anseia por seu toque, seus beijos, tudo dele.
A sua boca devora a minha e eu o deixo possuir-me. Porque eu
estou cansada de lutar contra esses sentimentos que eu quero tanto
abraçar. Cada fibra do meu ser decidiu que eu sou dele, então é
uma batalha perdida, mas isso não é o fim. Apenas o começo de
algo muito grande e poderoso.
— Chega de preliminares, esposa. — Nicco murmura contra os
meus lábios antes que suas mãos deslizem pelo meu corpo
rasgando o meu vestido com apenas um puxão.
A cena me deixa tanto em choque quanto excitada.
Eu nunca vi nada parecido em toda a minha vida. Devo dizer que
é tarde para dizer que gostaria de guardá-lo como recordação
porque o vestido não passa de trapos agora aos meus pés.
O olhar de Nicco cai sobre o meu corpo e seus olhos estão ainda
mais selvagens que antes. Um olhar parecido cruzou o meu rosto
quando eu vi qual roupa de baixo tinha sido escolhida para eu usar
em minha noite de núpcias.
A sua mãe claramente tinha algumas ideias ao escolher um
espartilho com cinta, ligas e meias, embrulhados em renda branca.
Embora eu não possa negar que foi uma escolha muito boa, eu não
tenho certeza de que foi a decisão certa usá-la.
— Dio mio! — Ele sussurra a sua voz sexy e rouca.
Nicco tira o seu paletó, arrancando a gravata em seguida sem
tirar os olhos dos meus. A gravata é a próxima a sair, então ele
começa a desabotoar os botões de sua camisa e punhos.
— Você está tentando me matar, esposa? — Ele sussurra
descartando os sapatos e cinto.
O meu olhar cai para o seu peito, deixando escapar um suspiro
de contentamento. Minhas coxas apertam com a visão dele nu
diante de mim. As tatuagens em seu corpo são uma obra-prima.
Eu quero muito correr meus dedos por cada pintura e desvendar
os segredos por trás de toda essa tinta. A pele dourada ondulando
cada músculo. O homem é uma espécie rara e sabe disso.
Poder e confiança irradiam dele.
Os meus olhos caem para baixo onde o seu pau descansa
gloriosamente duro e pronto contra a sua coxa. Alguém certamente
está feliz em me ver. Essa não é a minha primeira vez vendo-o nu,
mas eu nunca vou me acostumar com a sua beleza.
— Não sou eu quem está sendo exibicionista. — Eu inclino
minha cabeça em direção a ele.
— Não é exibicionismo se você já conhece tudo. — Ele retruca
com um sorriso arrogante.
Idiota pomposo.
Uma risada sarcástica me escapa. — Você é tão cheio de si.
— Feliz em agradar, esposa. — Ele sorri e continua. — Espero
que você também cumpra os seus deveres de esposa.
A ousadia dele.
— E o que seria isso? — Pergunto com um bufo cruzando os
meus braços em meu peito enquanto estreito os meus olhos para
ele para me impedir de continuar encarando o seu pau glorioso.
Merda.
Por que ele me afeta tanto?
— Acompanhar-me aos eventos, fazer o que eu digo e cumprir
os seus deveres como esposa, atendendo as minhas necessidades
físicas. — Ele diz sorrindo e eu juro que o bastardo está adorando
me provocar.
— Eu não sou sua escrava sexual. — Digo enquanto tento
controlar a minha ira.
Os meus olhos caem para o anel de diamantes em meu dedo.
Embora eu tenha quase certeza de que Nicco disse isso apenas
para foder comigo, eu não sei se ele realmente espera que eu seja
uma esposa dócil e submissa. Apenas o pensamento me deixa com
um gosto amargo em minha boca.
Ele não teria coragem.
Teria?
— Eu nunca disse que era, e não vejo como uma coisa tem a ver
com a outra. Sexo é uma coisa natural entre casais e conosco não
será diferente. — Ele diz enquanto passa para o banheiro.
— E se eu disse não?
Por um instante ele não diz nada e eu começo a pensar que ele
não me ouviu quando ouço o chuveiro sendo ligado e sua voz
explode de dentro do banheiro. — Você não vai, Ellie.
Ouvi-lo me chamar de Ellie me faz relaxar um pouco mais. Nicco
pode ser um monstro para os outros, mas algo dentro de mim sabe
que ele nunca será essa pessoa comigo. Pelo menos é o que eu
continuo dizendo a mim mesma. Talvez eu só esteja me enganando
para justificar os seus atos.
O que seria uma tolice.
Eu saio do meu vestido em frangalhos e caminho em direção ao
closet. Algumas das minhas roupas foram trazidas para cá
organizadas ao lado das de Nicco. Há também algumas que eu
nunca vi. O que me diz que o meu marido andou fazendo compras
novamente.
Para um mafioso, ele certamente sabe o que garota precisa.
Alcançando uma camisola de cetim vermelha em uma das gavetas,
eu começo a desfazer os fechos do espartilho quando as mãos de
Nicco afastam as minhas.
— Eu quero que você seja quem você é Eleanor. — O seu hálito
quente desliza sobre a minha pele fazendo-me contorcer.
As suas mãos vão para os meus quadris, afastando os meus
cabelos dos ombros, seus lábios tocam a minha pele fazendo-me
jogar a cabeça para trás em um gemido carente. 
— Tão nobre da sua parte, marido. — Sussurro sem fôlego
quando seus dentes raspam a minha pele inflamada.
— Só para você, esposa. — Ele rasga a minha calcinha, a
picada morde a minha pele.
Eu solto um grito acompanhado de um suspiro. O desejo corre
em minhas veias como veneno. O seu pau duro esfrega contra as
minhas nádegas. Algo estala dentro de mim. Eu gemo empurrando
os meus quadris em sua direção.
Nicco não perde tempo e me penetra por trás no cru. Ambos
arfamos com a intrusão, mas logo a dor se transforma em prazer. As
suas estocadas são selvagens, esticando-me e fazendo todo o meu
corpo vibrar em antecipação.
— Nicco. — Eu gemo, os meus dedos deslizando por entre as
minhas coxas e esfregando o meu feixe de nervos.
Nicco afasta a minha mão substituindo pela sua enquanto bate
dentro de mim com estocadas fortes. O meu corpo se move com a
força dos seus impulsos. A sua respiração faz cócegas em minha
pele enquanto ele me enche com o seu pau. 
Tão malditamente bom.
— Mais forte! — Eu exijo quando ele começa a retardar os seus
movimentos.
A sua mão envolve ao redor do meu pescoço, empalando-me
com um impulso. As suas mãos esmagam os meus seios beliscando
os mamilos enquanto o seu pau dirige furiosamente dentro de mim.
Os meus olhos rolam para trás da minha cabeça enquanto ele
martela em mim. Todo o meu corpo sacode para frente e eu grito
quebrando ao redor dele.
Nicco se enterra profundamente dentro de mim. A sua respiração
ofegante fazendo cócegas em minha pele enquanto seus dedos
brincam com os meus mamilos. A estimulação me leva ao segundo
orgasmo e quando o prazer atinge o meu corpo novamente o meu
marido me segue gozando dentro de mim com um rugido
animalesco.
Os seus braços vão ao meu redor segurando-me com a sua
vida. Eu caio para trás contra o seu peito, minhas pernas parecem
duas gelatinas. Nicco desliza para fora de mim e eu logo sinto a
perda.
Varrendo-me do chão, ele me segura em seus braços,
carregando-me de volta para o quarto e me colocando lentamente
sobre a cama. Os seus lábios descem sobre os meus suavemente.
— Ensaio concluído. É hora de começar o jogo real, esposa. —
Ele murmura contra os meus lábios antes de me beijar ferozmente.
Eu gemo em sua boca espalhando minhas pernas para
acomodá-lo. Se aquilo foi apenas um ensaio, eu mal posso esperar
pelo jogo real, como ele diz. Eu acho que eu vou gostar dessa coisa
de estar casada se isso significar mais orgasmos como aqueles que
ele acabou de me dar.
 
24
NICCO

 
 
Minha esposa.
Foda-se!
Eu amo como isso soa.
Ellie geme embaixo de mim enquanto suas mãos agarram o meu
cabelo. Eu rastejo por seu corpo beijando cada parte dela. Um olhar
para cima e eu encontro as duas piscinas verdes me olhando com
adoração e luxúria.
Porra.
Ela é tão linda.
Mais cedo, quando eu a vi caminhar em minha direção, eu juro
que minhas malditas pernas fraquejaram com a visão dela. Foi
como um soco no estômago. Tirando todo o meu fôlego enquanto
eu tentava memorizar a visão de Eleanor em seu vestido de noiva.
Ela parecia furiosa.
E absolutamente estonteante. 
Eu matei e torturei mais homens que posso contar, mas nada me
deixou mais de joelhos que vê-la caminhar em minha direção. Minha
garganta apertou, tornando difícil manter as minhas emoções
apenas para mim.
Eleanor é uma mulher linda em todos os sentidos, mas vê-la em
um pedaço de renda caminhando em minha direção me fez o
maldito homem mais sortudo do mundo. Eu espero que possamos
passar por cima de tudo e que ela não me odeie para sempre.
Porque apenas o pensamento de vê-la sofrer me deixa fodidamente
louco.
— Você gosta disso, esposa? — Pergunto ao beliscar o seu
clitóris com os meus dentes.
As suas costas arqueiam e ela grita se contorcendo enquanto
tenta se afastar, mas eu a seguro no lugar enquanto minha boca
devora a sua boceta. O seu gosto é fodidamente requintado.
Eu nunca vou me cansar dela.
— Tão sensível. — Eu arrasto o meu nariz por seus pelos bem
aparados. O cheiro da sua excitação com os nossos gozos
misturados me deixando louco. Ela tenta fechar as pernas ao
mesmo tempo, em que suas mãos puxam o meu cabelo segurando-
me no lugar.
Eu sorrio contra a sua carne lambendo toda a extensão de sua
boceta lisa. Os seus gemidos se transformam em gritos de prazer.
Vê-la se desfazer em meus braços é a coisa mais sexy que eu já vi.
Levantando a minha cabeça, os meus olhos queimam nos dela e
uma onda de possessividade me atinge. As suas bochechas estão
rosadas, seus lábios entreabertos, respiração ofegante enquanto ela
me encara com pura luxúria.
— Mais! — Ela exige quando meus dedos esfregam o seu clitóris
em círculos.
— La mia farfalla. — Murmuro contra a sua carne antes de
minha boca se fechar sobre o seu clitóris, chupando e lambendo
forte a carne sensível.
Ellie grita e arqueia contra a cama. O seu corpo convulsiona
embaixo do meu enquanto o prazer a percorre. Cada terminação
nervosa de seu corpo treme, seus quadris cavalgando em minha
boca enquanto persegue a sua libertação.
Doce Jesus!
Ela é simplesmente deslumbrante.
Alinhando-me na sua entrada, eu empurro para dentro dela com
um impulso. A sua boceta perfeita me acomoda como uma luva.
Foda-se! Todo o meu controle é jogado para o alto. Agarrando os
seus quadris, eu bato dentro dela como um homem possuído. O
meu pau desliza dentro e fora dela, a sua pequena boceta me
embainhando como se não pudesse ter o suficiente também. 
— Nicco. — Ela implora quando um novo orgasmo se apodera
do seu corpo.
— Eu tenho você, farfalla. — Bato os meus lábios nos dela
empurrando bolas profundas em seu calor apertado.
— Nicco. — Ellie choraminga.
O seu corpo se despedaçando enquanto eu a fodo sem piedade.
As minhas estocadas são fortes, uma nova onda de êxtase a atinge.
O prazer preenchendo-a enquanto ela se agarra a mim com tanta
força que qualquer teria dificuldades para descobrir onde começa
um e termina o outro.
Foda-se!
Eu amo isso.
A ideia da minha mulher não conseguir ter o suficiente de mim
me deixa fodidamente louco. As nossas respirações são ofegantes,
convulsões tomam conta do seu corpo e eu apenas a sigo
enchendo-a com a minha semente.
Não há nada além dela.
Minha pequena borboleta.
Em pouco tempo ela se tornou tudo em minha vida e eu serei
amaldiçoado se não a proteger com tudo que eu tenho. Eu nunca
experimentei nada tão profundo em minha fodida vida. Assistir a
minha mulher desmoronar embaixo de mim enche o meu peito de
orgulho.
Eleanor pode me odiar, mas o seu corpo me ama com certeza.
No momento em que eu a toco ela é toda receptiva e submissa.
Essa linda mulher reivindicou cada parte sombria de mim com a sua
luz.
Não há nada que eu não faria por ela.
***
O som do meu telefone me acorda.
O nome de Stefano pisca na tela e, eu rapidamente respondo: —
É melhor ser urgente, porra!
— Acabei de interceptar uma conversa dos russos, eles estão
em Milão vindo para Palermo.
— Foda-se! — Eu rapidamente me levanto dando-lhe total
atenção.
— Malditos filhos da puta. Eles estão atrás de Sebastian e não
vão descansar até encontrarem-no. — Murmura.
Eu caminho até o armário para pegar algumas roupas. —
Quantos são?
— No momento trinta homens bem armados e motivados.
Porra.
Não importa quantos filhos da puta eu tenha que matar para
proteger a minha mulher e a minha família. A guerra faz parte de
nossas vidas, está em nosso DNA fodido e hoje não seria diferente.
— Reúna quantos homens forem necessários, eu estou
chegando em quinze. — Digo enquanto pego uma camisa e calça
no armário.
— Certo. — Ele responde.
— Aumente a segurança na mansão e envie mais homens para
patrulhar vila. — Digo enquanto abotoou a camisa e visto minhas
calças.
— Nele. O que você vai fazer com Sebastian e Levi? — Stefano
pergunta e eu sei que ele está começando a achar que é uma
péssima ideia proteger esses dois idiotas, mas eu não tenho
escolha.
Eleanor nunca me perdoaria se eu deixasse algo acontecer com
o seu pai ou tio estúpido. E eu não posso culpá-la. A sua lealdade é
para com a família, mesmo que eles não sintam o mesmo.
— Eu ainda não tenho certeza. — Minto.
A verdade é que lidar com esses dois agora só iria complicar
ainda mais as coisas. Normalmente, eu os entregaria para os russos
em troca de algum acordo e evitar a guerra, mas nesse caso não há
acordo.
— Eu estarei aí em breve. — Ele diz depois de um tempo em
silêncio.
Stefano me conhece melhor que ninguém e ele sabe que eu
nunca hesito sobre nada. Mas nesse caso não há como tomar uma
decisão fácil, não se eu quiser ter uma boa relação com a minha
esposa.
— Envie alguns homens para Sardenha porque esse será o
menor destino para chegar a Palermo. — Digo enfiando uma Glock
atrás das costas, outra no cós das calças e duas no colete.
Nos tornozelos eu tenho minhas facas e outra arma
semiautomática apenas no caso. Quando eu me viro para colocar a
jaqueta, Eleanor está de pé no meio da porta me assistindo com os
olhos arregalados.
Merda.
— Eu tenho que ir. — Deslizo o telefone antes que Stefano tenha
a chance de dizer algo mais. Eu não tenho certeza do quanto Ellie
ouviu, mas pelo olhar assustado em seu rosto, eu diria que tudo.
Foda-me!
A preocupação cobre as suas feições bonitas. Os meus olhos
caem para o seu corpo nu e leva tudo de mim para não arrastá-la de
volta para cama onde eu gostaria de ficar o dia todo adorando o seu
corpo perfeito, mas para que isso possa acontecer eu tenho que sair
e lidar com alguns filhos da puta.
— Você está linda. — Sussurro dando um passo em sua direção.
Ela não se afasta.
O que é uma coisa boa, mas isso não quer dizer que ela vá
facilitar as coisas para mim. Eu posso ver o desafio em seus olhos
verdes. Minha pequena borboleta é um vulcão prestes a entrar em
erupção.
— Quanto tenho que me preocupar? — A sua pergunta me pega
de surpresa e eu paro no meio do caminho um pouco atordoado.
Essa é a primeira vez que ela demonstrou qualquer preocupação
comigo. E foda-se, eu amo como porra isso soa. A ideia de que a
minha mulher está preocupada comigo me enche de orgulho e
satisfação.
Alcançando-a, eu agarro o seu rosto com as duas mãos
fechando a distância entre nós, eu fecho os olhos e respiro o seu
perfume único. Descansando minha cabeça contra a sua, um
suspiro me escapa.
— Eu voltarei para você. — Digo antes de abrir os meus olhos e
encontrar as suas piscinas verdes e turbulentas.
Eleanor pisca para mim parecendo angustiada e porra eu quero
sair e matar cada filho da puta que colocou essa preocupação em
seu lindo rosto. Inclinando-me, eu tomo os seus lábios nos meus,
beijando-a suavemente.
Os seus lábios se abrem e, ela cede me beijando de volta. Eu
passo os meus braços vem ao redor da sua cintura puxando-a para
mim enquanto reivindico a sua boca desejando que ela não me
odeie.
Um leve tremor passa pelo seu corpo enquanto eu a beijo com
paixão. A minha língua chicoteia em sua boca, não deixando
nenhum espaço para dúvidas. Esse casamento pode ter começado
de uma maneira nada convencional, mas ele é fodidamente tão real
quanto qualquer outro e eu vou passar todos os dias de minha vida
mostrando a ela o quanto ela é importante para mim.
Quando nos afastamos, Ellie mantém os olhos fechados e seus
braços ao meu redor. A sua respiração faz cócegas em minha pele,
descongelando cada parte adormecida em meu corpo.
— Olhe para mim, farfalla. — Exijo.
Os seus olhos verdes lentamente levantam para mim com uma
angústia que quero fodidamente arrancar do seu rosto. Minha
pequena borboleta é durona, mas ela não é tão fria quanto faz
parecer e isso me dá esperanças.
— Eu voltarei para você. — Repito.
Ela acena com a cabeça e aperta o seu domínio ao meu redor. A
sua cabeça descansa contra o meu peito por alguns segundos a
mais antes de ela se afastar. — É melhor mesmo, ou eu juro por
Deus que eu mesma o ressuscitarei apenas para matá-lo depois.
Sorrindo como um tolo, eu a beijo uma última vez antes de
deixá-la. Eu sabia que tinha escolhido a mulher certa quando
coloquei os meus olhos nela. Minha pequena borboleta é uma
verdadeira rainha.
A minha rainha.
Eu só espero cumprir a promessa que a fiz.
Foda-se!
Não me deixei quebrar essa promessa.
 
 
 
EXTRA

 
 

 
Gostando de Nicco e Ellie? Que tal um pulo na arena para ler um

romance de hockey? Jake e Dakota vão aquecer o seu coração em


The Love Game.
 
1
JAKE

 
— Você está ficando mole, velho. — Digo para o meu treinador
ao derrubá-lo pela terceira vez na noite.
Ele ri. — Experimente ter uma bebê de seis meses com dor de
ouvido a noite toda e você saberá quem é o velho.
— Ruby está com dor de ouvido? — Pergunto enquanto o sigo
para o vestiário.
— São os dentes que estão nascendo. — Diz com um suspiro
cansado.
Rick é um ex-campeão de artes marciais e meu atual personal
trainer. Não que eu realmente necessite de um treinador particular.
Mas ele é amigo do meu irmão e foi recentemente demitido de uma
grande empresa com uma filha recém-nascida.
Ele precisava de uma força e eu de pegar mais pesado no treino.
Esse foi o encaixe perfeito. Rick é um grande cara, apaixonado por
sua esposa e filhinha. Sem falar que ele é um dos melhores
profissionais no ramo. E adora chutar a minha bunda preguiçosa
depois de uma semana exaustiva de treinos.
Carrasco.
— Quando você vai começar a sua? — Pergunta ao entrar no
chuveiro.
Eu sou o capitão dos Harrisburg Ice Clube e com o pé fora dos
trinta. Essa é uma pergunta recorrente e eu já estou acostumado.
Mas eu apreciaria que as pessoas cuidassem da sua própria vida e
deixasse a minha em paz.
— O que você quer dizer. — Finjo não saber.
— Construir a sua própria família, Theroux. — Eu quase posso
vê-lo revirando os olhos ao entrar no chuveiro.
Sorrio. — Não é nada que está nos meus planos agora.
Ou nunca.
Mas eu não digo isso.
As pessoas adoram ter algo para tecer e estender o assunto
mais do que ele vale a pena, então eu apenas dou a eles o
necessário. Não sou muito de falar e isso se estende a tudo em
minha vida.
Privado deveria ser o meu nome do meio.
O que é um enigma no meu ramo de trabalho. Ser um playboy é
um dos ritos de passagens para um jogador solteiro, ou pelo menos
é isso que algumas pessoas tendem a pensar.
Bem, eu odeio ser o único a dizer, mas eles estão fodidamente
errados. Não há nada de errado em se divertir por aí, mas a ideia de
ter uma mulher diferente em minha cama todas as noites não é
muito interessante, pelo menos não para o meu eu adulto.
Eu tive o meu momento selvagem enquanto estava na
universidade, mas isso mudou quando eu me juntei ao time. Havia
muito em jogo e eu não queria que nada me distraísse, então foquei
apenas no que realmente importava.
O jogo.
É claro que tive alguns encontros, mas nada duradouro ou
memorável o suficiente para me fazer desistir de ser um solteirão,
trocar alianças e juras eternas. Ouso dizer que talvez esse dia
nunca chegue.
— Você precisa criar raízes, Theroux. — Diz com um suspiro
como se eu fosse um caso perdido.
Talvez eu seja, mas não estou recebendo muitos incentivos para
mudar. A minha carreira é tudo que importa no momento e um
pouco, além disso. Não sei o que o futuro me reserva, mas não
tenho esperanças de me tornar um homem de família como ele.
— Certo. — Digo para apaziguar as suas preocupações e
encerrar o assunto.
Mais tarde eu estou na minha sessão de treino na quadra
quando Hawke e Logan aparecem já completamente vestidos e
prontos para a noite.
De alguma forma, eles me convenceram a sair para algumas
bebidas. A temporada só começa em seis semanas, então esse
período é para se colocar em forma, mas esses idiotas sempre
abusam da sorte.
Hawke é o nosso defense e Logan winger. Cada jogador tem
treino individual todos os dias além dos treinos em equipes. O
treinador Carter que ter o melhor condicionamento físico da equipe,
por isso optou por focar naquilo que cada um pode melhorar.
— Nós estamos saindo. — Hawke diz ao se aproximar da
quadra.
Eu tinha pensado em todas as formas que eu poderia me livrar
desses dois, mas Hawke era como um maldito cão farejador. Ele
podia sentir as minhas merdas à distância.
Eu odiava sair em público porque isso sempre gerava um caos.
Havia sempre alguma coelhinha entrando em nossos quartos para
conseguirem algo mais que uma noite quente. Não que eu fosse
reclamar de uma mulher nua e disposta em minha cama, mas tudo
do mesmo enjoa.
— Eu ainda tenho algumas sessões, mas encontrarei vocês lá.
— Digo na tentativa de me livrar, mas é inútil.
— Nada disso, Theroux. Da última vez você nos deu um cano e
passou o final de semana inteiro treinando. — Hawke reclama. —
Não é saudável, irmão. Você precisa se divertir um pouco.
Um bufo me escapa. — Diz o homem que está prestes a se
amarrar para sempre.
— Esse é mais um motivo para você me ouvir capitão. Porque
quando a mulher certa aparecer você nunca mais será o mesmo,
irmão.
Outro bufo. — Certo.
— Você está começando a soar como o meu velho, Lynn. —
Logan provoca e ambos rimos.
— Vão rindo idiotas, porque eu serei o único que rir no final. 
— Eu preciso de um novo banho. — Digo em uma tentativa de
fazê-los ir sem mim, mas Hawke já está familiarizado com isso.
— Basta apenas entrar no chuveiro, Theroux. Nós estaremos
aqui enquanto você tem o seu momento de beleza.
— Foda-se! — Atiro enquanto passo para fora da quadra
sabendo que não há nenhuma maneira de eu me livrar deles.
________
O lugar está lotado e me arrependo imediatamente de ter vindo
com eles.
Hoje é um daqueles dias que eu preferia passar em casa
mofando em meu sofá com uma pizza enorme e uma seleção de
filmes antigos de ação.
Julguem-me.
Todo mundo está sempre falando coisas sobre a minha vida ou
tentando adivinhar o que eu faço ou gosto, mas a verdade é que
nenhuma dessas pessoas me conhece realmente. Eu não sou um
pegador ou um playboy. Minha vida privada tem sido o motivo de
fofocas ao longo dos anos, só que eles raramente acertam nada.
O fato de eu ser clicado algumas vezes ao lado de uma mulher
bonita é sempre uma jogada de marketing planejada
estrategicamente pelo meu agente e também amigo Mark Hermes.
Surpreendentemente, eu nunca me importei em refutar os
inúmeros artigos e fofocas sobre cada mulher em minha cama, mas
isso não é realmente quem eu sou. Eu sou um cara simples, e adora
a tranquilidade.
Eu odeio multidões e pessoas estridentes.
Mark costuma dizer que eu sou um velho de 80 anos porque
lidar com o meu humor solitário não é fácil. Eu gosto de ficar
sozinho. O que posso dizer? O silêncio diz mais que muitas vozes.
É relaxante.
Em termos simples, eu sou um chato.
— Boa noite, cavalheiros. — A anfitriã sorri como uma criança na
noite de Natal assim que passamos pela porta.
— Reserva em nome de Hermes. — Hawke diz e eu ergo
minhas sobrancelhas em confusão.
Ele dá de ombros. — O quê? O seu agente é bem relacionado e
esse lugar tem uma fila de espera de meses.
— Certamente, senhor. — Ela diz ao verificar em seu dispositivo.
— Por favor, sigam-me.
— É só um restaurante. O que há de tão especial. — Digo
enquanto passo para dentro.
Hawke bufa. — Você é um fodido eremita, Theroux. Lugares-
comuns costumam atrair um número maior de fãs e isso
impossibilitaria sair. É exatamente para isso que lugares como esse
servem.
Certo.
Chame-me de louco, mas aqui ou em qualquer outro lugar
nenhum de nós passará despercebido. Não que seja uma coisa
ruim, mas às vezes eu gostaria de ser apenas um cara comum que
saí para uma bebida sem ter que ser entrevistado ou dar uma
infinidade de autógrafos.
Não me entendam mal.
Eu não sou uma pessoa egoísta e ingrata. Todos os fãs são
parte do meu sucesso e eu sempre serei grato a eles por seu apoio
e respeito, mas torna-se um pouco sufocante às vezes não ter uma
vida privada.
A mesa fica em uma ala reservada, mas com uma vista plana de
todo o lugar. O que é uma coisa boa. Pelo menos não seremos
interrompidos sem um aviso. A anfitriã continua a falar, mas eu
desligo imediatamente correndo os meus olhos pelo lugar.
As risadas e música não são caóticas. O que é outro ponto a
favor. Normalmente, quando vamos a bares e restaurantes há
sempre todos esses barulhos, então eu acho que é isso que Hawke
quis dizer com exclusividade.
Há uma infinidade de mulheres lindas que fariam qualquer
homem sortudo por estar em sua companhia, mas por alguma razão
elas não me atraem como antes. Talvez eu esteja quebrado.
Eu deveria procurar um médico e ver o que estar errado comigo.
Há meses que não faço sexo e estou começando a me perguntar
o que está errado comigo. Sexo é uma coisa natural do ser humano.
Uma necessidade física como dormir ou comer.
Essencial.
Então, por que eu não estou tendo um pouco disso?
Atualmente, nenhuma mulher chamou a minha atenção
suficiente para eu querer desenvolver qualquer tipo de contato. Eu
estive tão focado na temporada que acabei negligenciando essa
parte da minha vida. Talvez Hawke tenha razão sobre eu ser um
maldito eremita.
É um ponto discutível.
Eu não sei qual é o problema. Tudo que eu sei é que nada mais
chama minha atenção nos dias de hoje além do hóquei. Talvez eu
esteja ficando mesmo velho e rabugento, ou...
As palavras ficam presas na minha boca quando os meus olhos
pousam em uma criatura divina do outro lado do bar. Uma onda de
desejo desce pelo meu corpo diretamente para o meu pau que
pensei estar morto.
Ela é linda.
Foda-me.
Os meus olhos seguem cada movimento dela hipnotizados com
a sua beleza. Ela é uma coisinha estonteante com seu cabelo
escuro e olhos vibrantes. Eu não consigo ver a cor exata deles, mas
se assemelha a olhos de gata.
Brilhantes e hipnotizantes.
A beleza em questão está rindo de algo que a sua amiga lhe
contou. Eu corro meus olhos pelo seu corpo e meu pau salta vivo
em minhas calças.
Ela é uma fodida explosão.
Eu estou em transe observando-a como um idiota que nunca
colocou os olhos em uma mulher antes. Obcecado com a sua
beleza e vibração. Talvez seja o seu sorriso, ou a forma como ela
levanta os olhos sempre que sorri, parece que o mundo todo se
ilumina quando ela faz isso.
Eu não consigo desviar o meu olhar.
O seu cabelo nos ombros e pele oliva fazem o meu sangue
ferver como se eu tivesse corrido uma maldita maratona em um dia
gelado. Batom vermelho e um sorriso matador são o suficiente para
me colocar de joelhos.
Sou um caso perdido.
A beldade em si está usando um vestido roxo de alças finas que
se agarra a sua cintura e seios como uma maldita luva. Eu quero
nada mais que rasgar o pedaço de tecido e memorizar cada curva
dela.
Cada maldito homem nesse lugar está de olho nela e um
grunhido escapa do fundo do meu peito enquanto possessividade
toma conta de mim.
Que porra é essa?
Eu preciso conhecê-la.
Saber o seu nome e fazê-la minha.
Observo-a mover o seu cabelo atrás de sua orelha expondo o
seu pescoço delgado para mim e um gemido escapa do meu peito.
As coisas que eu poderia fazer com esse pescoço.
Foda-se!
O seu rosto se vira e como se pudesse me sentir, os seus olhos
encontram os meus pela primeira vez e é como assistir uma
explosão de fogos de artifícios no quatro de julho.
Porra.
Os seus olhos hazéis seguram os meus cativados e curiosos.
Um rubor sobe por seu pescoço e eu quase venho em minhas
malditas calças.
Estou viciado.
Antes que eu possa me impedir, eu estou atravessando o salão
em sua direção. Eu nem mesmo me preocupo com os olhares
curiosos quando passo. Tudo que me importa é chegar até ela.
De repente essa noite ficou muito interessante.
 

 
2
JAKE
 

 
Eu posso sentir todos os olhos em mim enquanto eu me movo
pelo salão em sua direção, mas nada nesse mundo está me
parando. Essa mulher é a primeira que faz o meu sangue ferver tão
forte que eu quase posso sentir minhas malditas bolas de gelo
descongelando.
Eu preciso conhecê-la.
Os seus olhos se tornam largos à medida que ela percebe a
minha intenção, mas ela não se move. Tenho que dizer que
esperava que ela fugisse para as cavernas. Afinal, ter alguém de
1,96 m vindo em minha direção parece um pouco assustador.
Destemida.
Eu gosto disso.
Essa não é minha primeira vez, então por que as minhas
malditas mãos estão suando e meu coração batendo tão forte?
Quem é essa garota? E, por que ela tem esse efeito em mim?
Eu nunca senti nada igual.
Os seus olhos sustentam os meus e eu sinto um arrepio descer
pela minha espinha quando fico cara a cara com ela. Ela é ainda
mais linda de perto. O seu cheiro invade os meus sentidos e eu
quero nada mais que arrastá-la para o meu colo e nunca mais soltar.
O rubor em seu pescoço é um sinal de que ela sente algo
também. Tenho certeza de que amanhã o meu rosto estará na
primeira página assim como o dela. O que faz o meu maxilar apertar
em frustração. Mas eu decido ignorar por enquanto e lidar com isso
mais tarde. Agora eu tenho coisas mais importantes para fazer
como agir como uma pessoa normal e não um louco na sua frente.
O banquinho ao seu lado está vago então eu aproveito a
oportunidade, quando eu me sento o meu joelho roça no dela e eu
sinto a eletricidade percorrer os nossos corpos. Os seus olhos se
alargam e eu sei que ela também sentiu.
A conexão entre nós é muito forte.
Eu devo ter olhado para ela por muito tempo sem dizer nada
porque as suas sobrancelhas se estreitam, seus cílios piscam mais
lentos em uma carranca perfeita e fodidamente fofa.
— Algum problema?
Ah! O som da sua voz.
Tão doce.
Um sorriso puxa dos meus lábios porque ela é uma coisinha
feroz. Eu gosto disso. Ela não parece o tipo de garota que aceita
merda de ninguém, apesar de seu rosto angelical.
— Nenhum. — Digo acenando para o garçom que está nos
observando com curiosidade assim como o resto das pessoas no
restaurante.
Ela se muda em seu assento puxando a bainha do seu vestido
em uma tentativa de parecer mais alta diante de mim e é
fodidamente fofo. Eu a vejo morder o lábio enquanto me encara com
curiosidade.
Bem-vinda ao clube, querida.
— Você quer parar de me encarar? — Diz com um olhar furioso.
Esse fogo.
Como ela se sentiria debaixo de mim?
— Por quê? — Tomo um gole da minha bebida.
— É estranho. Sem contar que todos estão de olhos em nós. —
Ela diz por entre os dentes.
— Ignore-os.
Ela bufa.
— Olha! Suspira antes de continuar. — Eu não sei quem você é
e também não me interessa, então você poderia voltar para os seus
amigos para que eu possa fazer o mesmo.
— Dispensando-me tão cedo? — Levo minha bebida aos meus
lábios.
— Você não faz o meu tipo. — Ela diz e nossos olhos se
encontram. Ambos sabemos que é uma mentira deslavada, mas vou
deixá-la ter isso.
Por enquanto.
— Você está ferindo o meu ego.
Ela revira os olhos e foda-me.
Ela é incrível.
— Sinto muito machucar o seu ego, mas eu não estou
interessada. — Ela toma um gole da bebida que mais parece um
doce de tão rosa.
— Feia. — Digo mordendo os meus lábios para me impedir de
sorrir quando um olhar chocado cruza o seu rosto.
Ela é fodidamente linda e sabe disso, mas por um momento não
consegue acreditar nas palavras atiradas em sua direção. O seu
olho esquerdo tremula e eu vejo o momento exato que a mulher
confiante assume o controle.
— Qual o seu nome? — Pergunta.
Os seus olhos são puras adagas de fogo agora. Eu nunca fui um
piromaníaco, mas para ela eu seria qualquer coisa. Essa mulher tem
algo que eu não consigo explicar, mas me atrai como ninguém. E eu
quero descobrir isso ao fundo.
— Jake. — Respondo tomando outro gole da minha bebida.
Ela sorri. — É um bonito nome, Jake.
Foda-se!
O meu nome em seus lábios é perfeito.
— Você?
— Não é importante no momento. — Ela me corta inclinando-se
para mim. A sua mão desliza sobre a minha coxa e eu juro que uma
gota de sêmen vaza do meu pau. Eu congelo no lugar ansioso pelo
seu próximo movimento. — Agora, deixe-me esclarecer algo. —
Outra pausa enquanto a sua mão avança sobre a minha coxa e suor
escorre pela minha espinha.
Porra.
— Eu sei que você deve estar acostumado a ter todas as garotas
caindo aos seus pés e dizendo o quanto você é maravilhoso, então
não posso culpá-lo por sua maldita arrogância ao se deparar comigo
e dizer na minha cara que eu sou feia. — Aponta enquanto a sua
mão continua a trajetória. — Você sabe que é um homem bonito e
qualquer mulher ficaria lisonjeada em ser a garota da noite, mas
deixe-me lhe dizer algo, Jake. — Os seus lábios agora estão a
meros centímetros dos meus e, sua mão no alto da minha coxa, um
movimento e, ela tocará o meu pau, fodidamente duro como aço
agora. — Eu não estou interessada. — Diz antes de se afastar e
saltar do banco como se ele estivesse pegando fogo. — Tenha uma
boa vida, Jake. — Sorri enquanto caminha para longe.
Eu assisto hipnotizado o mar de pessoas se afastarem para
deixá-la passar. A sua amiga me dá um olhar de desculpa enquanto
corre em sua direção. Uma risada escapa da minha garganta com
compreensão.
— Foda-se! Isso foi brutal, irmão. — Hawke bate em meu ombro
alguns segundos depois.
— Eu pensei que vocês dois iam fazer aqui na frente de todos.
— Logan rasteja para o banco vazio ao meu lado.
Eu sei o que eles querem dizer, mas algo me bate e antes que
eu possa me parar novamente, eu já estou em direção à saída. Ela
pode me achar um maldito perseguidor ou qualquer coisa do tipo,
mas eu preciso saber o seu nome ao menos. Por sorte, ela e a
amiga estão caminhando pela calçada não muito longe.
Eu nunca corri atrás de uma mulher antes e isso é um tanto
excitante quanto assustador. Ela pode prestar queixas e me acusar,
mas eu ainda estou correndo o risco. A sua amiga é a primeira a me
notar e com um sorriso gentil ela me encoraja, então é tudo que eu
preciso para não desistir.
Avançando, eu a alcanço em duas passadas. De pé, ela é ainda
menor que eu imaginava. Eu tenho pelo menos uns quarenta
centímetros a mais que ela. Mas isso é apenas um detalhe. As suas
curvas perfeitas, um bumbum em forma de pêssego, cintura fina e
seios que parecem caber perfeitamente em minhas mãos.
Foda-se!
Ela é um nocaute.
A sua cabeça se levanta para me encontrar e um olhar chocado
cruza o seu rosto antes que a carranca a domine. Eu já disse o
quanto ela é fofa?
— O que você está fazendo aqui? — Pergunta colocando os
braços em seus quadris.
— Você esqueceu-se de me dizer o seu nome. — O meu sorriso
é largo.
Ela revira os olhos.
Tão adorável.
— Foi intencional. — Ela gira e começa a caminhar de novo,
mas tropeça e antes que ela possa atingir o chão os meus braços
estão ao redor dela.
O calor do seu corpo contra o meu tira todo o meu ar. Minha
respiração fica presa em minha garganta. Ela exala e ambos
congelamos no lugar. Eu sempre senti como se faltasse algo em
minha vida, mas não tinha ideia do que poderia preencher esse
vazio até ela.
Qualquer pode dizer que estou ficando louco, mas é realmente
assim que eu me sinto. Essa linda e misteriosa mulher me fez sentir
mais vivo que qualquer coisa nesse mundo, e ouso até dizer, mais
que o hóquei.
Os seus olhos piscam algumas vezes e sua respiração é
ofegante enquanto ela se agarra ao meu corpo como se
pertencesse. Minha mão desliza por sua cintura erguendo-a em
meus braços, onde ela se molda perfeitamente ao meu corpo.
Perfeita.
Ela não resiste enquanto eu a seguro em meus braços, ainda
sem quebrar o nosso contato visual. Gostaria que o tempo
congelasse agora. Um suspiro exala do seu peito e ela deixa cair à
cabeça em meu ombro.
Eu a seguro não querendo deixá-la nunca.
Tão certo.
Todo o mundo à nossa volta deixa de existir e somos apenas ela
e eu. A sua cabeça se levanta e ela encontra o meu olhar. Eu
provavelmente deveria colocá-la para baixo, mas ainda não estou
pronto para deixá-la ir.
— Dakota. — Ela diz em um sussurro e, leva alguns segundos
para eu entender o que ela quer dizer, mas assim que eu faço um
sorriso satisfeito se estende pelo meu rosto.
— Prazer em conhecê-la, Dakota. — Mostro o meu melhor
sorriso para ela e sinto-a vibrar em meus braços.
Ela parece se encaixar tão bem.
 
 
 
 
3
JAKE
 

 
Dakota.
Combina com ela.
Os seus olhos hazéis piscam para mim, em um movimento
rápido ela salta para fora dos meus braços como se eles tivessem
pegando fogo.
— Obrigada. — Diz colocando o máximo de distância possível.
A perda do seu calor causa um vazio dentro de mim. Essa é a
primeira vez que eu tenho que trabalhar tanto para conseguir a
atenção de uma mulher e, eu gosto disso. Coloco as mãos nos
bolsos para me impedir de puxá-la de volta para os meus braços.
— Acredite, o prazer foi todo meu. — Sorrio para ela.
Uma carranca cruza o seu rosto enquanto ela se endireita. O
movimento faz os seus seios subirem e é quase uma tortura não
olhar para eles. Mas eu não quero que ela pense que eu sou um
pervertido.
— Por que você está me seguindo? — Pergunta segurando os
quadris.
Deus, ela é linda.
— Eu quero uma nova chance. — Digo e ela bufa caminhando
para longe.
— Eu já lhe disse que não estou interessada.
O meu olhar cai para o seu bumbum e, foda-me. Ela é perfeita
em todos os sentidos. Para uma criaturinha pequena ela é bastante
determinada. Eu nunca conheci uma mulher assim antes e estou
encantado.
— Você nem ao menos me conhece.
— Esse é o ponto aqui, senhor Theroux.
Então ela sabe quem eu sou.
O sinal acaba de ficar vermelho e ela nem percebe quando
coloca o seu pé na faixa de pedestres, mas eu agarro seu braço
puxando-a de volta para a calçada para impedi-la de ser atropelada.
— Cuidado! — Grito e, ela tropeça aterrissando em meu peito.
Um suspiro exala do seu peito e isso vai direto para o meu pau.
Nenhuma de nós se move e todo o ar deixa os meus pulmões com a
consciência disso. Eu sei que ela pode senti-lo pelo rubor que se
espalha pelo seu pescoço delgado e um sorriso satisfeito cruza o
meu rosto.
Isso querida.
Esse é o efeito que você tem em mim.
— Você sabe quem eu sou? — Pergunto depois de alguns
segundos.
Ela limpa a garganta e se afasta novamente. Essa é a terceira
vez essa noite e eu odeio isso. Eu a quero em meus braços onde
ela pertence.
— É apenas uma questão de conhecimento público, senhor
Theroux. Capitão do time de hóquei mais famoso da cidade. — Ela
revira os olhos entediada e, é fodidamente adorável.
O meu sorriso se quebra em milhões de pedaços com a
realização disso. Ela sabe quem eu sou e não dá uma foda para
isso. Eu tenho que dizer que estou ainda mais impressionado com
essa mulher.
Ela é um enigma que eu pretendo desvendar.
— Agora que já sabemos o suficiente um do outro, posso levá-la
para casa? — Minha intensão era de ficar ao seu lado o maior
tempo possível e se ela estava indo embora, eu gostaria de levá-la.
Embora eu preferisse tê-la comigo.
Ela cruzou os braços sobre o peito e estreitou os olhos. — Você
é um dos solteiros mais cobiçados de todo o país e poderia ter
qualquer mulher, senhor Theroux. Por que eu?
Essa era uma boa pergunta.
Na verdade, eu poderia citar uma infinidade de razões pelas
quais eu a quero. Nunca fui muito falador, mas isso não significa que
eu não tenho um cérebro. Dakota não é só um rostinho bonito.
Ela é inteligente e destemida.
O que me diz muito sobre ela. E sem contar que ela não está
afetada pela minha fama ou riqueza. Eu diria que ela é a mulher
mais interessante que eu já conheci. Então, como eu disse, poderia
citar uma infinidade de razões.
— Você não é todo mundo. — Digo e é verdade.
Um brilho de satisfação cruzou o seu rosto, mas isso durou
apenas alguns segundos, endurecendo a sua coluna de aço.
— Você me chamou de feia. Por que eu deveria lhe dar algum
tempo da minha atenção? — Disse indignada.
Outro sorriso tocou os meus lábios.
— Você está rindo de mim? — Perguntou furiosa.
Foda-me.
Ela era linda de todas as formas.
— Eu não ousaria. — Disse apertando o sorriso.
— Tenha uma boa vida, senhor Theroux. — Bufou girando ao
redor e se afastando de mim.
Desta vez eu não a impedi.
Dakota era uma mulher linda e inteligente. Ela sabia que eu
estava mexendo com ela e isso a irritou mais que eu tê-la chamado
de feia. O que, foi uma jogada de mestre, por que de que outro
modo ela pensaria em mim?
Até breve, querida.
___________
— Você tem ideia dos problemas que me meteu? — Mark diz ao
entrar no vestiário.
Hoje foi um dia intenso de treino, mas eu não consegui parar de
sorrir o dia todo pensando em Dakota. Todos achavam que eu
estava louco por perseguir uma garota como eu fiz na noite
passada, mas eu não me importei.
Era um bom dia.
— Você fez o que eu pedi? — Perguntei ansioso para saber o
que mais ele descobriu sobre ela.
— Tudo que descobri foi enviado para o seu celular. Você
fodidamente me deve uma. — Gritou exasperado.
— Eu te devo uma. — Sorri.
— Pode ter certeza de que você faz. Você não imagina o que eu
tive que fazer para conseguir algo sobre a garota.
— Nada que você não pudesse lidar. — Digo ao entrar no
chuveiro.
Mark suspira. — Eu tive que pedir pessoalmente todas aquelas
pessoas para apagarem as fotos e vídeos de você praticamente
perseguindo uma pobre garota que deu todos os indícios que não
estava interessada.
Outro sorriso puxa dos meus lábios. — Ela estava interessada,
confie em mim.
Outro suspiro. — Que seja! Eu pensei que você não estava
interessado em algo assim.
Não estava.
Dakota mudou tudo.
— Sabe o que dizem?
— O quê? — Perguntou exasperado.
— Quando a pessoa certa aparece não há como negar. — Disse
com um largo sorriso e eu queria dizer cada palavra.
— Você está louco! — Mark gritou enquanto se movia para fora
do vestiário.
Eu sabia que teria que ouvi-lo reclamar por muito mais tempo a
partir de agora, mas eu não me importava. Dakota valia a pena. Eu
liguei para ele depois que ela saiu e pedi que ele viesse resolver o
problema das fotos e vídeos no restaurante. Seria idiota atirá-la aos
lobos quando fui eu quem se aproximou dela.
Nada mais que justo resolver o problema que comecei. Dakota
não deveria ser arrastada para a tempestade de merda na manhã
seguinte porque eu não consegui me controlar.
Eu mal podia esperar para descobrir mais sobre ela.
 
 
 
4
DAKOTA

 
Ser perfumista exigia um olfato apurado e uma capacidade de
distinguir inúmeras fragrâncias se necessário. Um único perfume
poderia ter pelo menos 300 ingredientes em sua composição.
As minhas especialidades em química e farmácia me
propiciaram isso. Eu amava o meu trabalho e gostaria de poder abrir
a minha própria loja de perfumes. Esse é um dos meus sonhos e
planos para um  futuro bem próximo, assim espero.
Na verdade, eu tenho economizado cada centavo desde que
comecei a trabalhar na La Rose dois anos atrás, quando eu deixei a
universidade. Eu tive muita sorte de ter sido recrutada por uma boa
empresa, mas eventualmente eu teria que me mover mais cedo do
que pensava.
A La Rose é uma casa de fragrâncias familiar e está passando
por umas mudanças. Logo o filho mais velho do senhor e senhora
Rosenthal assumirá o cargo de CEO e é claro que isso implicará em
algumas mudanças em todos os setores da empresa.
Jeremy tem muitas ideias para a empresa, mas o orçamento é
limitado. O que resultará inevitavelmente em algumas demissões e
até mesmo realocação da empresa, caso seja necessário.
O senhor Rosenthal fundou a empresa há trinta anos e trabalhou
ao lado da sua esposa por todo esse tempo, mas a idade chegou e
precisa cuidar da sua saúde. Eles decidiram se ausentar dos
negócios e deixar o filho assumir para continuar os negócios.
O que é uma coisa boa para a empresa, mas eu sentirei falta
deste lugar. Jeremy me ofereceu o cargo de mestre perfumista, mas
eu recusei. O salário não era atrativo e o trabalho era muito.
Eu tinha algumas ofertas em farmácias e outras casas de
fragrâncias, mas ainda estava indecisa sobre que rumo tomar.
Desde pequena eu sempre tive o olfato muito apurado. Eu era a
amiga esquisita que sabia o que meus amigos tinham comido e até
mesmo suas fragrâncias de sabonetes, shampoos dentre outros.
Eu odiava isso.
Um dia minha avó me sentou com ela e falou que esse era o
meu dom. Algo me dado para o bem maior e eu amei isso. A ideia
de ser especial de alguma forma faz a gente ver o mundo de outra
forma.
Foi libertador.
Hoje eu me orgulho de quem sou e quero usar os meus dons
para criar algo incrível para as pessoas. Há um ditado que diz que a
primeira impressão é a que fica, eu gosto de pensar o mesmo com
os aromas. Por exemplo, o homem bonito da noite passada.
Jake Theroux.
O número 86 do Harrisburg Ice Club.
Eu mencionei que ele também é o capitão? Sim. O homem é um
recordista de títulos. Sendo um dos maiores da sua era. Jake
acumula vários títulos e 
Hóquei em Harrisburg é uma religião. As pessoas são fanáticas.
Elas vão aos jogos, apoiam, gritam, se emocionam e até dão suas
opiniões não solicitadas. O que acaba gerando o maior caos.
Eu o notei assim que ele passou pela porta do restaurante.
Normalmente, eu não gosto de estar em lugares assim por causa de
todos os aromas se misturando. É como uma festa do terror para o
meu olfato, mas eu tinha prometido a minha amiga Selena que
comemoraríamos a sua promoção em grande estilo e foi isso que
fiz.
O Mirage é um dos restaurantes mais exclusivos da cidade e tem
uma lista de espera de meses, mas o meu amigo Tom é o gerente,
então eu consegui uma reserva mesmo que tenha sido no bar.
Eu estava na minha segunda taça de Pina Colada de morango.
É uma das minhas bebidas favoritas e sempre a peço quando quero
comemorar. Jake entrou dominando todo o espaço sem nem ao
menos se dar conta.
Eu já o tinha visto em algumas revistas e sites de fofocas, mas
nunca pessoalmente. Não que os nossos ciclos fossem os mesmos,
longe disso. Mas ainda assim fiquei surpresa. Ele era tão alto e
másculo. O seu cheiro era divino, fresco e limpo.
Todos os meus sentidos estavam em alerta enquanto ele se
aproximava, roubando o meu ar e a capacidade de pensar direito.
Como alguém pode ser tão bonito? Deveria ser um crime ser tão
bonito assim. Mas isso não era tudo que ele era.
Eu amei secretamente o seu sorriso e o seu senso de humor.
Normalmente, os homens eram mais cuidadosos ao se aproximar
de uma mulher, mas ele não queria casar uma boa impressão.
Ele queria ser lembrado.
E por mais que eu tenha ficado surpresa quando ele me
chamando de “feia”, eu confesso que isso foi o que mais me intrigou
nele. O fato de ele querer muito mais que chamar minha atenção.
Foi inteligente.
Jake tinha chegado com dois outros homens que também tinham
a mesma construção física que ele, eu acredito que ambos eram
jogadores de hóquei também. Eu não sou uma fã do esporte, mas
quando você vive em um lugar que respira hóquei é quase
improvável não reconhecê-los.
Assim que os meus olhos pousaram nele, eu senti uma energia
percorrer o meu corpo como nada já visto antes. Isso me lembrou
daquelas cenas de filmes em que o casal protagonista tem uma
química tão forte que pode iluminar toda uma cidade apenas com os
raios saindo deles.
O problema era que nós não éramos os protagonistas aqui. Eu
tinha lido em alguns sites de fofocas que ele era um playboy. Jake
desfilava com uma mulher diferente a cada evento.
Nenhuma surpresa aqui.
Esse era o modus operandi dos artistas e famosos. Bem, pelo
menos uma boa parte deles, é claro que eu não posso generalizar.
Há sempre os dois lados da moeda. E é claro que Jake e eu nunca
seríamos nada.
Não importa a química entre nós.
O que eu quero dizer em meio há tudo isso é que eu não
consegui tirá-lo da minha mente. Seu sorriso e cheiro continuam me
atormentando mesmo quando eu tento ignorá-los. Mas é inevitável.
Eu não sei que tipo de vodu ele lançou em mim, mas deu certo.
Porque minha mente nunca esteve tão focada em um único homem.
Nem mesmo o meu namorado do colégio a quem eu quase dei meu
V card.
Craig era o menino mais fofo do colégio e me pediu para ser a
sua namorada. Na época eu me lembro de estar bem
apaixonadinha. Ele era lindo e muito atencioso, mas não havia uma
química explosiva entre nós.
Todas as meninas me invejavam, mas apesar de ele ser um fofo
faltava algo que na época eu não conseguia descobrir o que era.
Mais tarde eu simplesmente soube que não éramos compatíveis.
Mas eu queria provar que éramos certos um para o outro, então
sugeri que fizéssemos sexo. Desnecessário dizer que ele topou logo
em seguida. Afinal de contas, sexo é uma coisa natural e muito
normal. Algumas pessoas gostam de complicar, mas é uma
necessidade humana, assim como fazer xixi. Bem, mas voltando
para onde estávamos.
Ele me convidou para a sua casa. Os seus pais trabalhavam até
tarde e nós teríamos o lugar para nós mesmos. Só que não foi nada
como eu pensei que seria. Craig estava uma pilha de nervos quando
eu cheguei à sua casa, preocupado com qual marca de preservativo
usaríamos e se eu tinha mesmo certeza disso.
Era a sua primeira vez também, por isso do nervosismo. Então
eu disse que não tinha tanta certeza e decidimos esperar mais um
pouco para nosso relacionamento evoluir. Ele parecia tão aliviado
que eu me perguntei se tinha algo errado comigo. Quero dizer, todos
os garotos querem fazer sexo, não é?
O engraçado foi que essa situação meio que me travou para os
futuros pretendentes. Eu namorei alguns caras, mas quando
chegava a hora de partir para o próximo passo eu sempre
amarelava. E os relacionamentos não davam certo.
Hoje, eu tenho quase vinte e cinco anos e ainda sou virgem. Não
que tenha algo de errado com isso. Eu só não encontrei o momento
certo ou talvez a pessoa. Ninguém nunca m fez sentir assim. Mas
Jake tinha ascendido a fogueira em mim que achei que ficaria
adormecida para sempre.
O que era um pouco assustador.
A primeira vez que eu sinto uma atração tão forte por alguém,
ele vai e é um dos jogadores de hóqueis mais famosos de todo o
mundo. Seria até clichê dizer isso em voz alta. Por que, eu e todas
as mulheres devemos sentir o mesmo.
Selena estava extasiada quando tomamos um táxi para casa.
Ela não parou de falar como ele era lindo e que me invejava por ter
chamado a sua atenção quando eu nem queria.
— Você é a vadia mais sortuda de toda a América essa noite. —
Disse ela.
Eu não pensava assim.
Selena era uma das minhas melhores amigas e eu a amava
muito, mas ela tinha um fraco por homens bonitos e isso interferia
em seu julgamento às vezes. E é claro que ele a encantou.
Não era uma surpresa.
Ele era um homem muito bonito.
A comemoração pela sua promoção teve que ser interrompida,
mas eu prometi levá-la para esquiar em Montana no inverno. Ela era
uma garota do sul que havia se mudado para a Pensilvânia há dois
quatro anos e amava a neve. Nos meses de neve na Pensilvânia,
ela se divertia mais que uma criança na noite de Natal. Selena e eu
nos conhecemos em um evento da universidade, e logo nos
tornamos melhores amigas.
Ela é linda e espirituosa.
Loira de olhos verdes com um corpo matador. Ela também era
uma nadadora nas horas vagas. Na adolescência competiu pelo seu
estado em competições pelo país, ganhando duas medalhas de
bronze, seis de prata e dez de ouro.
Minha campeã.
Selena estava em um relacionamento sério com um
cardiologista, Griffin. Eles são namorados de escola e se mudaram
para Filadélfia. Griffin foi aceito na escola de medicina de Perelman,
mas logo foi transferido para um programa de estágio na Harrisburg
Universidade onde Selena cursava Biotecnologia. Eu costumo dizer
que eles me adotaram, porque se tornaram a minha única família na
cidade.
Família que escolhi.
E eu os amo muito.
Jake era um homem acostumado a ter todas as mulheres à sua
volta e não era isso que eu queria em um cara. Eu não sou uma
garota de encontros casuais. Apesar de acreditar que o sexo é uma
coisa natural, eu ainda acho que ele precisa de uma conexão.
Não sei se faz muito sentido, mas é assim que eu vejo.
Eu não preciso de um grande amor para fazer sexo, mas eu
preciso de uma ligação com aquela pessoa para poder me envolver.
Entendeu? Bem, pode parecer louco, mas foi isso que defini como
meta para perder o meu cartão V.
Eu preciso de uma conexão.
Jake e eu temos a química. Mas isso não quer dizer que teremos
uma conexão. E eu não estou disposta a ser mais uma conquista
sua. Uma das garotas de Jake Theroux. Não. Essa não é quem eu
sou. 
Quando ele me segurou em seus braços me impedindo de cair
ontem à noite eu quase cedi. Era tão confortável estar em seus
braços como se eu realmente pertencesse lá. O que me assustou
um pouco. Eu não podia sentir coisas assim por alguém que eu
nunca veria novamente.
Apesar de ser um novo dia, eu ainda não conseguia tirá-lo da
minha mente. Ofego enquanto repasso todos os meus dados. Eu
tenho criado essa nova fragrância por meses e ainda sinto que falta
algo.
Não era incomum.
Normalmente, o processo era longo e minucioso se nós
quiséssemos um produto de qualidade. Na La Rose a qualidade era
o que mais importava, mesmo que levasse algum tempo para ser
feito.
O que eu amei muito.
Essa era uma das coisas que eu mais sentiria falta em trabalhar
em um lugar como esse. Voltei minha atenção para a tela do
computador à procura de algo que pudesse me dar uma dica, mas o
rosto de Jake foi tudo que vi. O calor do seu corpo contra o meu,
suas mãos grandes e largas segurando-me como se eu fosse sua.
Merda.
Esse homem está me deixando louca.
Balançando a minha cabeça, eu bati em meu rosto duas vezes
para poder me concentrar novamente. Era apenas inicio da manhã,
mas eu já previa um longo, longo dia pela frente.
Mais tarde naquele dia, quando cheguei ao meu pequeno
apartamento, estava exausta. O dia tinha sido nada além de um
caos em minha mente sempre criativa. Parecia que alguém tinha
roubado a minha capacidade de pensar.
Alguém não.
Jake Theroux.
Isso não era normal.
Ninguém deveria ocupar a mente de outra pessoa assim. Mas eu
estava determinada a tirá-lo da minha cabeça de uma vez por todas.
Eu começo o meu ritual noturno de limpeza do apartamento
enquanto cozinho algo para mim.
Foi um longo dia e eu mal consegui comer direito. Então eu
decido me presentear com uma tigela de macarrão bolonhesa e
muito queijo. Esse é o trio do paraíso.
Eu amo massa, carne e queijo.
Quando tudo está pronto, eu me sento em frente à TV para ver
um de meus programas favoritos, filmes em preto e branco. Os de
Hitchcock são os meus preferidos.
Há sempre um mistério e romance acontecendo.
A escolha de hoje é O homem Errado.
Que irônico.
Parece que o destino está querendo me dizer algo. Embora o
filme seja completamente diferente do contesto atual que estou
vivendo, ele ainda pode ser levado em consideração.
Henry Fonda dá vida ao músico Christopher Balestrero e é assim
que tudo começa. O filme é um suspense que faz você refletir sobre
o que mais nós estamos enganados.
Tudo.
Eu diria se não fosse pela invenção do macarrão à bolonhesa.
Mas brincadeiras à parte, a humanidade tende a fazer um
julgamento prévio mesmo sem todas as provas avaliadas.
O que me faz pensar em Jake novamente.
Apesar do meu choque inicial, eu senti sinceridade em suas
palavras. Havia algo em seus olhos que me fizeram duvidar de suas
intenções por alguns segundos, mas eu definitivamente não estava
interessada em arriscar.
Será que eu não estou julgando-o erroneamente?
 
 
5
DAKOTA
 
 
 
 
Na manhã seguinte, eu traço como meta erradicar
completamente Jake Theroux da minha mente de uma vez por
todas. Eu não consegui dormir muito na noite passada porque toda
vez que eu fechava os meus olhos eram os deles  que eu via.
Droga.
Por que ele tem que ser tão bonito?
Eu não deveria ser tão fraca, mas em minha defesa homens
como Jake tem o poder de derreter o cérebro de uma garota apenas
com um maldito olhar e talvez seja isso que aconteceu.
Eu não trabalho até o meio-dia, então eu tenho a minha primeira
reunião como o meu gerente para discutirmos a melhor opção de
crédito para o meu negócio. Tomar essa decisão não foi nada fácil,
porque o risco envolvido é muito alto.
Eu fiz algumas economias ao longo desses anos, mas não o
suficiente para abrir o meu próprio negócio. A linha de crédito é
pesada e eu tenho que rever muitos pontos antes de tomar essa
decisão.
Nana insistiu para que eu tomasse um pouco do que ela
economizou, mas eu recusei, é claro. Minha avó é uma mulher dura
que trabalhou arduamente até os 60 anos sem parar. Esse era o
dinheiro do seu esforço e suor, eu definitivamente não estava
tomando-o.
Quando os meus pais morreram, eu tinha apenas nove anos e
eu vim morar com ela e meu avô em Harrisburg. E fiquei até a
faculdade. Mas me mudei logo que consegui o meu primeiro
estágio. O meu avô é um policial aposentado que adora contar
histórias sobre os seus anos de ouro.
Eu os amo demais.
Vovô Max está com 69 anos enquanto Nana acabou de
completar 67. E eles continuam tão apaixonados quanto quando
eram jovens. Eu amo a história de amor deles e queria algo assim
para mim. Mas não é tão fácil encontrar a sua alma gêmea. Eu diria
que é uma tarefa quase impossível.
Agora voltando aos negócios, eu simplesmente não posso tirar o
dinheiro da minha avó para arriscar um negócio que pode falhar e
me afundar em dívidas. Se eu vou mesmo fazer isso, então preciso
que seja apenas o meu dinheiro para não ficar com a consciência
pesada.
Eu definitivamente não conseguiria dormir a noite sabendo que
falhei com eles desta forma. Então é por isso que trabalhei
duramente em meu plano de negócios e irei apresentar ao meu
gerente.
Desejem-me sorte.
Eu primeiro passo em meu café favorito e compro o habitual
caramelo salgado com extra creme. É a minha bebida favorita e, eu
realmente poderia viver apenas disso. É a bebida dos deuses e eu
não sei como passei tanto tempo sem ela. Um gole e eu sinto como
se tivesse minha energia completamente renovada.
Sério.
Se você nunca experimentou, não sabe o que está perdendo.
Quando eu chego ao banco está lotado como sempre, mas como eu
tenho um horário marcado apenas me dirijo para o balcão onde a
moça me encaminha para a sala do gerente.
Catrina é o nome que está seu crachá. Ela é linda, loira e com
um sorriso gentil. Assim como as demais meninas que trabalham
aqui. Aparentemente a beleza é um requisito básico para trabalhar
em um lugar como esse.
— O senhor Geller virá em alguns instantes. — Diz sorridente. —
Gostaria de algo para beber? — Oferece.
Sorrio de volta. — Não, obrigada.
— Fique à vontade. — Ela diz antes de sair e me deixar sozinha
na sala.
O meu telefone vibra em minha bolsa e eu puxo para ver o nome
de Amelie na tela. Ela também é uma das minhas melhores amigas.
Somos um grupo de cinco meninas. Selena, Amelie, Rebecca,
Olívia e eu.
Amy trabalha com ciência de dados e está em Glasgow
trabalhando em seu doutorado. Ouso dizer que ela é a mais
inteligente de nós cinco, mas Liv ficaria desapontada se me ouvisse
dizer isso. Ela é uma engenheira de software. Mas não se trata de
inteligência intelectual, mas sim emocional.
Amy é a mais nova de todas nós e também a mais centrada. Eu
nunca vi ninguém tão evoluída quanto ela. Ela é sempre a mais
sensata e menos problemática. Os seus pensamentos e atitudes
são memoráveis e é por isso que ela é a mais inteligente de todas
nós malucas.
— Ei! — Atendo. — Como está a velha Escócia?
— Chuvosa. — Ela ri e o meu sorriso se estende.
Amy odeia o frio, mas Glasgow tem um dos melhores programas
de mestrado e doutorado para o campo de ciências de dados, então
ela não teve muita escolha ao se mudar para o outro lado do
mundo.
— Como vão às coisas?
Ela suspira. — Bem, mas eu queria apenas dormir por uma
semana.
— Tão ruim assim?
Ela bufa. — O pior, mas chega de falar de mim. Consegui o
empréstimo?
— Acabei de chegar ao banco, mas Tom me disse para não ter
muitas expectativas dado o meu histórico bancário limitado.
— Esse idiota deveria enfiar suas opiniões de merda em sua
bunda patética. — Amy praticamente rosna do outro lado da linha e
eu não consigo parar o sorriso que se estende pelo meu rosto.
— Deus, você é louca. E eu sinto muito a sua falta.
— Eu também te amo e sinto a sua falta. Agora vá lá e chute a
bunda seca desse idiota se ele lhe disser que você não está
classificada para tomar um empréstimo.
Sorrio. — Ok. Falo com você mais tarde.
— Acabe com ele vadia.
Meia hora depois eu estou diante do idiota de bunda seca
enquanto penso em todas as formas que eu posso chutar a sua
bunda patética sem ser presa. Eu deveria ter imaginado que não
seria tão fácil.
— Sinto muito ser o único com más notícias, mas a política do
banco exige que você tenha uma renda fixa comprovada com
rendimentos superiores a 120 mil por ano. — Diz com aquele sorriso
patético de deboche.
O idiota sabia que as minhas chances eram nulas, mas mesmo
assim me fez atravessar metade da cidade apenas para encontrá-lo.
Eu também sei que o empréstimo que eu estou pedindo é muito
maior que a minha renda anual, os custos necessários para se abrir
um negócio do zero é extremamente alto.
— E que tal um valor menor? — Insisto.
— Eu pensei que você queria abrir a sua própria empresa. — Diz
enquanto ignora a minha pergunta.
— Eu ainda vou.
Ele me dá um sorriso de pena enquanto digita rapidamente em
seu computador. Eu acredito que estou desenvolvendo algum tipo
de trauma do teclado, porque todas às vezes que ele fez isso na
última foi só para me dizer não.
Idiota.
Mais tarde naquele dia eu paro em uma sorveteria a caminho do
trabalho e compro o maior sorvete transportável. Eu não me importo
com os olhares que recebo enquanto passo. Tudo que eu preciso é
acabar com a minha frustração enchendo-me de comida
reconfortante.
Eu não podia esperar para chegar em casa. Não após ter o meu
empréstimo recusado novamente. A linha de crédito que o banco
está disposto a me disponibilizar é tão baixa que mal daria para
comprar os tubos de ensaios.
Quando eu chego à empresa há uma comoção. Eu vejo minha
amiga e colega de trabalho Nancy praticamente berrando com
Jeremy e eu me pergunto o que está acontecendo.
— O que é isso? — Pergunto para Roman que é um dos
engenheiros químicos.
— Jeremy acabou de anunciar que a transição acontecerá na
sexta-feira. — Diz.
— O quê? — Pergunto em choque.
Não pode ser.
Eu não estava preparada para isso.
O plano de Jeremy vai contra tudo que trabalhamos ao longo
desses anos. Roman mesmo está aqui há mais de dez anos. Ele
cresceu com a empresa e também não está satisfeito com o plano
de gerenciamento de Jeremy.
— Nepotismo nunca fez tanto sentido que agora. — Ele diz com
um suspiro pesado enquanto se afasta em direção a sua sala.
Será que esse dia pode ficar pior?
_____________
— Você acha que ele vai manter toda a equipe? — Tisha
pergunta.
Tisha trabalha no setor de marketing da empresa e ainda não
tem a menor ideia de quais serão os planos do novo chefe com
relação às estratégias de marketing e captação de novos clientes.
Tudo que Jeremy anunciou foi que mudanças serão feitas e
demissões necessárias para o andamento do processo e resistência
da empresa. O que considero um péssimo caminho.
Embora eu não tenha ido para a faculdade de negócios, eu sei
uma coisa outra dos cursos que frequentei para poder abrir o meu
próprio negócio. Eu não espero entrar nesse mundo apenas com o
senso comum. Cada área exige uma ciência por trás disso e, é
preciso conhecer ao menos o básico.
Demitir funcionários essenciais para a empresa é burrice, mas
ele acha que desta forma irá poupar gastos. O que ele não sabe é
que está enfraquecendo o seu potencial para minimizar os lucros.
Idiota privilegiado.
— Eu não tenho esperanças nisso. — Digo tomando um gole do
meu café.
— Isso é muito ruim. — Eu odeio que o senhor Rosenthal tenha
que sair. Ele foi o melhor chefe que eu já tive.
— Sim, todos nós vamos sentir sua falta. — Concorda Ashley.
— Eu ouvi dizer que Jerry boy quer colocar a sua noiva como
gerente de marketing no lugar de Paul. — Tisha comenta.
— Ele vai acabar com o legado do pai. — Ashley suspira
pesadamente.
— Eu realmente espero que nós estejamos erradas, ou isso aqui
vai afundar mais rápido que o Titanic. — Tisha diz e todas nós
concordamos.
— Saberemos na sexta-feira. — Digo com um suspiro
exasperado.
Quando chego em casa naquela noite eu estou exausta. Esse foi
um dos piores dias que eu já tive e ainda não tinha acabado. Em
breve eu ficaria sem emprego, sem planos ou dignidade, porque
talvez eu tivesse que implorar a Jeremy o meu trabalho de volta.
Eu nunca devia ter anunciado a minha saída assim que o senhor
Rosenthal nos avisou sobre a sua aposentadoria. Foi um pouco
imprudente e imaturo, mas eu simplesmente não podia ficar lá e vê-
lo destruir tudo pelo que trabalhamos tão duro.
Eu desabo no sofá e respiro profundamente pela primeira vez no
dia. É confortável e eu sinto que eu posso respirar livremente. O
meu telefone toca quebrando o meu momento de paz e eu puxo
para ver o nome de Selena na tela.
— Eu não estou. — Digo ao atender.
— Uau! Tão ruim assim? — Ela pergunta ao entender o meu
humor.
Suspiro. — O pior.
— Sinto muito, querida. O que posso fazer para melhorar a sua
noite?
— Traga-me pizza e cerejas cobertas com chocolate branco.
Ela ri e eu sorrio pelo que parecem séculos.
— Chegando em vinte. — Diz antes de desligar.
Eu já disse que amo as minhas amigas hoje?
__________
— O seu gerente e Jeremy são idiotas. — Selena diz tomando
um gole do seu vinho.
Suspiro. — Sim, mas eu terei que bajular um deles.
— Você não precisa lamber as bolas de nenhum daqueles filhos
da puta. — Diz indignada. — Porque você tira um mês de férias
para ter uma visão mais ampla do que você quer fazer.
Essa é uma opção que contemplei.
— Eu não sei. Tenho medo de perder mais tempo e acabar me
arrependendo. — Digo com outro suspiro.
Ela bate palmas me assustando. — Você precisa de um pouco
de diversão e eu tenho o lugar perfeito para irmos.
— Eu estou muito cansada. — Digo em uma tentativa de fazê-la
desistir, mas conhecendo a minha amiga ela não irá desistir tão fácil.
— Ah! Vamos lá, K. — Ela geme. — Você me deve uma depois
do que aconteceu na outra noite.
Ela joga baixo.
Eu interrompi a nossa noite porque a presença dominante de
Jake era demais para suportar. O homem parece o sol com os
planetas gravitando ao seu redor. Talvez tenha sido idiota correr,
mas foi instintivo.
— Por favor, K. — Ela faz beicinho. — Vamos festejar!
— Griffin está de plantão novamente? — Pergunto.
Ela suspira caindo de volta no sofá. — Faz três dias que eu não
o vejo.
— Tão ruim assim?
— Eu odeio isso, sabe e me sinto uma vadia completa por sentir
ciúmes do trabalho do meu namorado, mas eu sou humana. — Ela
dá de ombros.
— Você não é uma vadia. — Eu coloco meus braços ao seu
redor.
— Sim, eu sou. — Ela amua.
— Tudo bem, vamos sair. — Cedo e ela grita.
_________
— Você está brincando comigo? — Pergunto ao pararmos em
frente ao estádio de hóquei.
— É o campeonato anual. Eu quero ver os ursos massacrarem
as águias. — Diz entusiasmada.
Reviro os meus olhos. — Não entendo esse fanatismo por um
esporte tão perigoso quando o hóquei.
— Blasfêmia! — Grita fazendo as pessoas ao redor olharem em
nossa direção.
Eu lhes dou um olhar de desculpa enquanto volto minha atenção
para ela. — Você é louca.
Ela dá de ombros.
Eu estou prestes a lhe dizer mais algumas coisas quando os
times começam a entrar na quadra e meu olhar se concentra em um
homem em particular. Ele tem uma construção física
impressionante.
Algo sobre esse homem me é familiar, mas eu não consigo dizer
ao certo por quê. Ele desliza com fluidez pela quadra como se eles
fossem um só. Eu não sou muito fã de hóquei, mas tenho que
admitir que um homem que sabe usar os patins é incrivelmente
sexy.
Selena e eu temos assentos na terceira fileira e é uma vista
privilegiada do campo, apesar do cheiro horrível de desinfetante,
resto de comida e cerveja. Eu tenho um saco de fritas e um milk-
shake nas mãos. Eu estou chateada e me encher de porcaria é o
meu único consolo.
— O que aconteceu com o capitão? — Selena pergunta
roubando um punhado da minha batata.
Eu bufo. — Você deseja.
— Por favor, ele estava totalmente na sua.
Sim?
Eu não acredito muito nisso.
Eu bato minha mão contra a sua testa para ver se ela está com
doente. Porque não sei em que universo Jake e eu teríamos alguma
coisa. — Você está com febre?
Ela sorri e aponta para o centro da arena. — Lá está ele.
Eu sigo o seu olhar e fico surpresa ao descobrir que é o mesmo
homem de agora a pouco. Ele e outro jogador estão rindo de algo. O
capacete agora na mão dando-me uma visão melhor dele.
Jake Theroux é um homem bonito, mas em seu equipamento de
jogo é simplesmente irresistível. O meu coração dispara e eu não
consigo desviar o olhar. Ele tem um largo e bonito sorriso. E como
se sentisse o meu olhar, a sua cabeça levanta e ele sorri ao me
encontrar.
Santa mãe.
Calor inunda as minhas bochechas com o seu olhar explosivo.
Nunca me senti tão afetada por um homem como eu faço agora.
Jake sabe o que faz comigo e é por isso que ele tem esse sorriso
tão gigante em seu rosto bonito.
Por que ele faz o meu coração bater tão rápido?
 

 
 
 
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