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Só há uma coisa a fazer quando você acorda, casada com seu
novo chefe, a quem você odeia, mas não consegue resistir: Culpa
o champagne.

Eu culpo as bolhas por minha noite selvagem com um


estranho mascarado.

Quem se importa se não é nada que esta boa garota


normalmente faria com um homem que se revela ser meu horrível
chefe?

Quem se importa que eu seja prometida a outra pessoa?

Eu culpo o álcool por concordar em casar com ele.

Desde que meu novo marido mantenha a boca fechada,


consigo sobreviver a cinco anos de nosso pequeno arranjo. É tarde
demais para qualquer outra coisa.

Mas o nosso casamento improvisado leva a muito mais do que


eu esperava. Suas promessas sujas me aquecem. Os beijos dele
me deixam tonta. O respeito dele passa por minhas melhores
defesas. O ódio se transforma em amizade, e me faz sonhar com
mais. Ele é como o tipo mais perigoso de champanhe.

É por isso que eu o culpo por me fazer me apaixonar por ele.

Mas quando descubro que nosso casamento não foi nada


mais do que vingança, de quem é a culpa do meu coração
partido?
Kings and Queens - Ava Max
My Oh My (Remix) Camila Cabello (feat DaBaby & Gunna)
Light Me Up - Ingrid Michaelson
Kiss Me - Ed Sheeran
Everyone’s Waiting - Missy Higgins
Secret - Missy Higgins
Over You - Ingrid Michaelson (feat. A Great Big World)
Glitter In the Air - P!nk
A todos que me ajudaram durante este ano.

Especialmente às mulheres maravilhosas no retiro dos autores.


Vocês me lembraram de tudo o que eu havia esquecido.

E ao meu marido. Eu não conseguiria fazer isto sem você.


Vera

— Ei, mãe. — Eu sussurrei para a foto na parede.

Cada vez que eu voltava para casa, suas memórias me


envolviam como os abraços calorosos que ela me dava a cada
chance que tinha.

— Posso pegar sua bolsa? — Irene, a empregada de meu pai,


perguntou.

— Claro, obrigada. —

Passei a pequena bolsa, mas segurei a pasta de couro que


trouxe comigo, olhando ao redor do saguão de azulejos preto e
branco que tinha sido minha única casa fora da faculdade. Apesar
de minha mãe ter falecido há dez anos, o brilho ocasional das
peônias que ela sempre amou decorava a mesa redonda no foyer.

— Elas sempre foram as favoritas de sua mãe, — a voz


profunda de meu pai me cumprimentou da escada.

— Papa. — Observei o homem que agia como meu playground


pessoal descer as escadas. Como sempre, ele usava um terno
escuro, mas como era sábado, sem gravata. Um homem precisa
relaxar um pouco.
— Ela sempre afirmou que esta sala precisava de uma
explosão de cor para alegrá-la um pouco.

— Mesmo que ela tenha escolhido o esquema de cores em


primeiro lugar. — Eu disse, rindo.

Ele riu comigo, fechando a distância para me puxar para um


abraço. — É bom ter você em casa, Verana. Eu gostaria que você
ficasse.

Eu engoli minha réplica inicial e forcei um sorriso. — Eu gosto


de estar sozinha.

— Tão independente, assim como sua mãe.

Com isso, um sorriso verdadeiro apareceu em meus lábios. —


Obrigada.

— Embora eu não tenha certeza do que ela diria sobre o seu


traje. — Ele resmungou.

E assim, o sorriso desapareceu. — Não há nada de errado com


o que estou vestindo.

Ele torceu o nariz em desgosto, vendo meu cardigã creme,


blusa listrada e pérolas e shorts jeans rasgados.

— Fazer faculdade longe fez você esquecer sua aparência. Todo


mundo está sempre olhando, Verana.

Foi bom estar na Pensilvânia. Para ser apenas eu e não me


preocupar em estar no meu melhor comportamento como em Nova
York.
— As empresas estão sempre esperando que os Marianos
escorreguem e a reputação de uma família é tão importante quanto
a da empresa no setor de navegação. Devemos liderar pelo
exemplo.

— Sim, senhor, — respondi obedientemente. Eram as mesmas


palavras que me furavam a cabeça desde que eu era pequena.
Como membro de uma das principais empresas de transporte
marítimo pertencente a uma família italiana excessivamente
tradicional, sempre fui lembrada de meu lugar, de meu papel neste
mundo.

— Agora vem. Vamos comer. Pedi a Antônio para fazer o seu


favorito.

— Almôndegas recheadas da mamãe? — Eu perguntei como


uma criança.

Seu sorriso era a única confirmação de que precisava, e quase


corri para a sala de jantar. Sentamos em nossa longa mesa de
madeira e Irene serviu sua taça de vinho antes de olhar para ele
pedindo aprovação para encher a minha.

Às vezes, as tradições e a etiqueta pendiam do meu pescoço


como um laço, mas essa tinha sido a minha vida por tanto tempo
que me acostumei.

— Senti sua falta na formatura. — Eu disse depois que ele


tomou seu primeiro gole.

Ele estremeceu, focando sua atenção na comida que estava


sendo servida, e não em mim. — Já expliquei. O trabalho estava
agitado e tive a oportunidade de uma reunião que não pude deixar
passar.
Não o ter ali foi difícil, mas esperado.

Ele permitiu que eu fosse para a faculdade como uma forma


de cumprir tabela, para me manter ocupada e se gabar com seus
colegas sobre sua filha. Não porque ele quisesse que eu
trabalhasse na Mariano Shipping. Como filha dele, meu papel é ser
um peão em seu tabuleiro, uma socialite que participava de
conselhos de caridade e planejava eventos. Meu papel como
mulher seria me casar com um homem que beneficiaria nossa
empresa, um escolhido por meus pais.

— Está tudo bem? — Eu perguntei.

Eu amo a nossa empresa. Eu amo a indústria de navegação.


Acrescente que foi um de meus últimos laços com minha mãe, e
não é de admirar que eu tenha estudado marketing empresarial.

— Nada com que você precise se preocupar, Verana. — A


resposta nunca mudou e eu nunca ultrapassei os limites, até
agora.

Respirando fundo, abri o arquivo preto, extraindo um papel


grosso e creme. — Na verdade, eu queria falar com você sobre isso.

Deslizei o papel pela madeira lisa e segurei seu olhar


questionador, meu queixo erguido. Ele olhou para baixo, e sua
curiosidade mudou para uma carranca.

— O que é isso?

— Meu currículo. Queria dar a você pessoalmente, embora


também tenha enviado um ao RH.

— Você entregou um currículo para Dane? — ele perguntou.


— Sim. — Sua carranca diminuiu minha confiança, mas puxei
meus ombros para trás e continuei. — Como você pode ver, eu me
formei com honras. Participei de várias sociedades de negócios, até
mesmo abrindo uma nova que foi muito bem-sucedida —

— Verana, — ele interrompeu, acenando com a mão como se


fosse espantar uma mosca. — Por que você está fazendo isso?

— Porque quero trabalhar na nossa empresa. Eu sou


inteligente e um trunfo.

— Você é um trunfo porque vai se casar com um homem que


vai levar esta empresa para o futuro.

— Algum dia, você terá um marido para cortejar - alguém para


cuidar. É importante ter boas maneiras à mesa para impressionar
seu marido.

— Mas, mamãe, ele não deveria me cortejar antes de nos


casarmos?

Ela riu suavemente. Nenhuma mulher jamais ousaria abrir a


boca e soltar uma gargalhada. — Talvez. Mas você deve se preparar
para não ter tempo para romance. Se um casamento deve acontecer,
então ele acontecerá, e é seu trabalho ser uma boa esposa e
representar esta família.

— E se eu não gostar dele?

— Eu também não me importava com seu pai. Mas aprendemos


a nos amar. Não estamos felizes?

Pensei em como eles dançavam na cozinha, e papai sempre


dividia sua comida com ela.
— Sim. Eu acho.

— Você também será feliz. Mesmo que a maneira como você


chegue lá não seja como você planejou.

Eu me perguntei se mamãe estivesse viva se ela teria aparecido


na minha formatura. Eu me perguntei se ela teria acariciado a
gravata do meu pai e dito para ele me dar uma chance. Ela sempre
me lembrou do que meu futuro reservava, mas também me
incentivou a alcançar mais.

— Eu ainda posso fazer isso, mas talvez eu possa fazer mais


também. — Argumentei gentilmente. — Tenho tempo e posso
ajudar nos negócios até chegar a hora de me casar.

Meu pai esfregou os olhos, um sinal claro de que seu estresse


estava aumentando à medida que sua paciência diminuía. Não que
ele tenha perdido a paciência com mamãe e eu, mas eu sabia que
isso acontecia, depois que mamãe faleceu, ele esfregou os olhos
mais do que nunca.

— Verana, — ele meio suspirou meio me advertiu — contratei


um novo CFO.

O anúncio aparentemente aleatório tinha alarmes


sussurrando na parte de trás da minha cabeça. Mas meu pai
raramente falava de negócios, então eu agarrei, absorvendo cada
palavra. — Já? Roman faleceu há menos de um mês. E quanto ao
conselho?

— O conselho aprovou.

— Quem?

— Camden Conti.
— O filho do Sr. Conti?

— Sim, você o conheceu antes. Você era mais nova, no


entanto.

O Sr. Conti foi o amigo mais próximo do meu pai durante anos.
Eu me lembrava vagamente de seu filho com cabelo loiro branco e
olhos verdes de caçador. Lembrei-me de que ele não sorria muito,
e quando o fazia, nunca chegava aos seus olhos, mas ele parecia
educado. Todos nós parecíamos neste mundo.

— Onde ele trabalhava antes? Ele tem muita experiência? —


Eu o bombardeei com perguntas, tentando me espremer pela fenda
que ele abriu.

— Claro que ele tem experiência — ele zombou.

— Desculpe, eu nunca ouvi seu interesse por ele antes. Onde


ele trabalhou antes daqui?

Ele suspirou, um sinal de sua paciência diminuindo ainda


mais. — Em algum lugar no exterior. Ele o deixou e aproveitamos
a oportunidade para pegá-lo.

— Por que ele saiu?

— Não era a combinação certa para eles. Mas é certa para a


Mariano Shipping. — Seus olhos se estreitaram por um momento
antes de baixar para o vinho que ele rodou em sua taça. — E será
uma boa combinação para você.

Os alarmes ficaram mais altos e a abertura que ele deu para


falar sobre a empresa aumentou, só que não revelou uma conversa
profunda em que provei meu valor como funcionário. Não, outra
coisa esperava por mim.
— Eu?

— Sim, fomos jogar golfe no mês passado e discutimos tudo.

— Tudo sendo...

— Seu casamento. — Ele disse, mas faltou sua confiança


usual.

Os painéis de madeira escura se fecharam sobre mim. — Meu


o quê?

— Você sabia que se casaria com quem se encaixasse nesta


família desde pequena. Esse é o seu único dever. Frequentar a
faculdade não mudou isso.

Eu sabia. Eu só pensei que tinha mais tempo. Mais vida para


experimentar antes de ser dada a alguém que eu não queria.

— Papa...

— Está feito. — Sua mão cortou o ar e eu me afastei. Meu pai


cavalgou na linha da paciência comigo, mas nunca a ultrapassou,
e o movimento brusco me chocou. Quando ele me viu engolir e
recuar, ele amoleceu, arrependimento puxando seus ombros para
baixo. Ele desviou o olhar, as linhas ao redor de sua boca
comprimida sugerindo mais franzidos do que sorrisos. Antes de
mamãe morrer, eram só sorrisos. Agora ele balançou a cabeça, o
prateado em seu cabelo escuro se destacando mais do que nunca
sob as luzes.

Eu obviamente visitei minha casa durante meus quatro anos


longe, mas nunca notei o quanto ele envelheceu. Quando o homem
que me dava a lua e as estrelas ficou tão cansado? Quando o
homem que me roubava um biscoito extra perdeu o controle de
suas emoções?

Ele passou a mão pelo rosto como se tentasse dominar o


homem de pavio curto que veio à tona, mas tudo o que restou foi
à exaustão.

— Ele está em treinamento agora e, assim que ele se


estabelecer vamos nos concentrar mais no seu casamento.

— Ele tem quase quarenta anos. — Eu disse suavemente.


Segurei firme as emoções que ameaçavam se libertar, muito
nervosa quando ele obviamente se sentou tão perto da borda.

— Eu era mais velho que sua mãe. — Ele disse sem nenhuma
preocupação comigo.

— Por cinco anos — O pânico passou por minha decisão de


permanecer calma e minha voz se elevou. Camden tinha quase o
dobro da minha idade e meu pai não parecia se importar nem um
pouco. — Isso é completamente diferente. Você e mamãe tinham...

— Um casamento arranjado como você. Ela fez o que era


melhor para sua família e teria vergonha de ver você se esquivando
de seus deveres agora.

Suas palavras me atingiram como um tapa na cara. — Agora,


pare de discutir, Verana. É inútil.

A finalidade no tom afiado que eu nunca tinha ouvido ser


usado comigo me incitou a implorar mais do que eu já fiz com ele.

Eu deveria ter mais tempo para convencê-lo de que era mais


do que uma socialite. Se eu pudesse apenas fazer ele me ouvir. Se
eu pudesse ganhar algum tempo. Eu deslizei para a ponta da
minha cadeira, minhas mãos estendidas. — Papai, eu sou
inteligente. Posso ser útil para a Mariano Shipping, — falei,
voltando ao início da noite.

— Não é seu trabalho ser inteligente, Verana. Você já sabia


disso — ele quase implorou. Como se ele soubesse que estava perto
do limite e me implorasse para não o pressionar.

Mas eu estava tomada pelo pânico por me casar com Camden.

— Mas eu sou. Se você me deixasse trabalhar um pouco —

— Não. — Ele interrompeu com finalidade.

Sua réplica dura me puxou de volta contra o meu assento,


minha coluna reta e alta. Meu desespero implorando para que meu
pai me ouvisse não veio, então eu fechei, deixando a socialite
profissional se misturar com o pingo de desafio que ganhei em
minha liberdade na faculdade.

— Bem. Vou me inscrever em outro lugar.

Ele soltou uma risada. — Acho que não, Verana.

Cerrei minhas palmas suadas em punhos frustrados,


desesperada para segurar minha compostura, para não
desmoronar sob o desconforto de ir contra ele. Normalmente, eu
me recostava, mas esta era a minha vida, e uma vozinha interior
me incentivou a lutar.

— Se você não quiser me contratar, não pode me impedir de


me candidatar a uma empresa que o fará, — declarei enquanto me
levantava.
O homem sobre o qual só ouvi falar de seus colegas de trabalho
apareceu pela primeira vez na minha vida.

Seus olhos se estreitaram em fendas escuras. — Vou desligar


você a cada passo. Conheço todas as companhias de navegação
em Nova York. Você é uma Mariano, aja como tal. — Ele também
se levantou, refletindo minha posição. — Já que Deus não me
abençoou com nenhum herdeiro homem, seu trabalho é se casar
com um homem que cuidará de nossa empresa. Você será uma
boa esposa, ponto final. Como sua mãe te ensinou.

Como uma lasca de vidro, quebrei as palavras cruéis de meu


pai despejando água em minha raiva ardente e me sentei com
força. Lágrimas queimaram o fundo da minha garganta e
acumularam em minhas pálpebras, e eu mal consegui evitar que
caíssem.

Mas ele viu a dor que, assim como sua raiva, apagou sua luta
também. Suas pálpebras se fecharam e ele balançou a cabeça,
recostando-se na cadeira.

— Está ficando tarde. — Eu sussurrei.

Ele acenou com a cabeça, seus olhos se abrindo, sem se


preocupar em esconder seu arrependimento. Engoli a última gota
de minhas lágrimas e me levantei. Ele ficou comigo e me
acompanhou para fora.

— Você sabe que eu te amo, Verana, — disse ele na porta.

— Eu também te amo.

Ele apertou minha mão. — E eu amo essa empresa. É o que


restou de sua mãe. Devemos fazer o que for preciso para mantê-la
viva.
Incapaz de pensar em algo para responder que fosse produtivo
para a noite, eu apertei sua mão de volta e, com um sorriso
forçado, saí.

Cheguei ao final da garagem antes de pegar meu telefone para


mandar uma mensagem às minhas amigas.

Cadelas: O casamento arranjado está acontecendo... Mate-


me.
Vera

Raelynn: Achei que você estava brincando...

Eu: Não. Bem-vindo ao lar para mim. * revirando os olhos *

Raelynn: Que tal uma noite das meninas?

Nova: * vaia * para casamentos arranjados.

Nova: E eu não posso fazer uma noite das meninas. Estou fora
da cidade

Raelynn: Uma boate, então.

Eu: Que tal apenas um jantar?

Raelynn: Em um clube de strip?

Nova: Ew.

Eu: Clube de strip, é um não.

Raelynn: Uma garota tão boa. Viva um pouco.

Eu: ....

Raelynn: Tudo bem. Jantar.


Raelynn: Desmancha prazeres.

Nova: Tome uma bebida por mim e fiquem seguras.

Apenas saber que seria capaz de relaxar e discutir as últimas


vinte e quatro horas com Raelynn esta noite ajudou a aliviar um
pouco do estresse que pesava sobre mim desde que deixei a casa
do meu pai na noite passada.

Eu odiava que Nova não pudesse estar lá. Ela completava


nosso triângulo amoroso, como Raelynn nos chamava. Ela era a
calma advogada do diabo, sempre nos desafiando a pensar no
ponto de vista da outra pessoa, enquanto Raelynn tramava o
assassinato de qualquer coisa que a machucasse ou a seus
amigos.

Todos nós nos conhecemos em nosso primeiro ano de


faculdade, quando ficamos paradas e assistimos com horror
quando alguém executava todas as quatro partes de Bohemian
Rhapsody para um show de talentos que realmente não existia.
Nós nos olhamos nos olhos e começamos a rir em uníssono, e o
resto é história. Tínhamos nos abraçado durante cada luta e
aventura louca e emocional nos últimos quatro anos.

Eu estava pronta para rir e beber um pouco a mais de vinho e


fingir que o dever não me puxava para baixo a cada passo.

— Ei, vadia. — Raelynn chamou assim que entrei pela porta


do restaurante ostentoso.
O recepcionista que esperava para nos cumprimentar, apenas
ergueu uma sobrancelha com sua saudação em voz alta. Não que
Raelynn se importasse. Não importava que estivéssemos em um
dos melhores restaurantes cheios de jazz suave e conversas leves.
Ela parecia como quando nos conhecemos na faculdade.

Alta e indiferente ao que os outros pensavam, ela era tudo que


eu nunca soube que precisava em uma amiga. Ela pegou minhas
calças certinhas e me fez trocá-las por jeans rasgados. Nem preciso
dizer que meu pai não era seu maior fã, mas tolerava a amizade.

— Ei, vadia. — Eu disse muito mais baixo quando ela estava


em meus braços.

Ela deu beijos altos no ar ao lado da minha bochecha e


declarou: — Vamos começar a beber.

As pessoas olhavam enquanto ela passava em seu vestido


nude justo, mal ficando de pé com alças finas. Assim que
chegamos à mesa, ambas esperamos que o recepcionista nos
ajudasse a sentar e nos entregasse nossos guardanapos.

Raelynn cresceu no mesmo tipo de mundo que eu. Aquela das


escolas de etiqueta e galas de caridade e uma casa extra nos
Hamptons. A única diferença é que ela nasceu com sua liberdade.
Ela não tinha nenhuma expectativa de quem ela precisava ser,
contanto que ela não envergonhasse a família além do reparo.

— Posso trazer a vocês, senhoras, algo para beber além de


água?

— Queremos uma garrafa de Dom Perignon. — Ela piscou. —


Para começar.
— Posso não estar preparada para a noite que você planejou.
— Eu disse quando o garçom se afastou.

— Você nunca está. Embora pareça sexy com esse suéter.


Branco fica bem em você. E olhe para esses ombros. Você se sai
bem sem alças.

— E tem bolsos — brinquei.

— Melhor ainda.

O garçom voltou com nosso champanhe, enchendo os copos


finos até que as bolhas quase transbordassem.

— Você sabe... — Raelynn começou, o brilho tortuoso em seus


olhos. Tentei me preparar para o que viria a seguir, mas raramente
conseguia me preparar para as coisas que saia de sua boca. —
Você deveria começar a transar com todos que puder. Ser quem
você quiser ser.

Quase engasguei com a bebida que estava tomando.

— Oh meu Deus. Eu não quero ser uma vadia.

Ela suspirou de decepção. — Eu sei. Você é a senhora


boazinha. Sem o cardigã que você tanto ama, mas ainda arrasando
com as pérolas.

Eu queria discutir com ela. Eu queria negar veementemente e


listar todas as maneiras como desafiei as regras, mas não pude.

Eu era a seguidora das regras no nosso grupo. Até mesmo


Nova, a mais silenciosa do nosso trio, quebrou mais regras do que
eu.
— Sabe, você ainda pode se soltar, mesmo que não vá com
tudo.

— Eu não sei. — Eu disse, tocando as pérolas que ela


mencionou. — Você sabe que não sou muito boa em casos de uma
noite.

— Sim, você tentou uma vez e acabou namorando ele por


quase um ano. E quando isso acabou, você colocou o cinto de
castidade e jogou fora a chave.

— Oh meu Deus. Fale baixo, eu disse, olhando feio, mas ainda


sorrindo.

Ela terminou o champanhe e recostou-se na cadeira, olhando


ao redor do restaurante.

— O que você acha daquele ali? — ela sugeriu, acenando com


a cabeça para o canto de trás. — Aquele de terno azul e sem
gravata. Falando com o homem com casaco de lã. Quem se veste
de lã no verão? Ai credo.

Eu secretamente levantei meu copo aos lábios e lentamente


olhei para a direita antes de virar à esquerda para ver quem ela
apontou.

O champanhe que eu estava bebendo quase escorregou do


meu queixo caído.

Santa merda.

Santo Deus do sexo.

— Jesus...
— Certo? Deus, o que eu não faria para sentir essa barba entre
minhas coxas.

Não consegui nem desviar o olhar por tempo suficiente para


repreender Raelynn.

— Você deveria falar com ele.

— Absolutamente não. — Eu balancei minha cabeça e a


encarei novamente. Mas ajustei meus quadris na cadeira, para que
eu ainda pudesse dar alguns olhares sem ser muito óbvio.

— Por que não?

— Porque ele parece... ocupado. Eu não sei. Não posso


simplesmente ir até alguém no meio do restaurante e... e... o quê?

— Por favor, senhor, — disse ela com um sotaque britânico. —


Posso ter um pouco mais?

Eu ri, observando sua mão arrastar por seu cabelo preto. Seus
longos dedos percorrendo os fios grossos. Quando ele se virou o
suficiente para eu ter uma visão mais direta, derreti um pouco
mais em seus lábios carnudos. A barba os fazia ficar em contraste.
Como pode um homem parecer tão incrivelmente masculino com
lábios assim?

— Eu não posso. — Afastei qualquer ideia que Raelynn tentou


me convencer a seguir em frente, voltando à realidade. — Além
disso, ele provavelmente está comprometido. Ele não está
exatamente exalando vibrações de boas-vindas.

Ela revirou os olhos. — Você e suas vibrações.


— Você pode dizer muito sobre uma pessoa com base na
energia que ela exala. E não como uma espécie de aura, mas
apenas a personalidade que eles retratam. Ele nem sorriu.

Ele olhou brevemente em nossa direção, mas estava muito


longe para eu ver a cor de seus olhos; eles pareciam piscinas
escuras em que você se perderia. E não da maneira sonhadora e
boa. Não, era mais como cair em um poço de escuridão, na
esperança de encontrar alguma luz, apenas para encontrar mais
escuridão. Seu parceiro de jantar riu, mas o estranho gostoso
permaneceu estoico.

— Estou sentindo a vibe dele me foder até eu esquecer do meu


nome. Com aquela carranca, ele provavelmente fode com raiva e
faz você questionar como você gostou de algo tão bruto.

— Uhhh...

— Deus, ele é gostoso. Vá até ele e caia em seu colo. Você é


quente o suficiente com todo seu cabelo escuro exuberante e seios
empinados. Você pode piscar esses olhos de corça para ele. Ele
será forçado a descobrir se você é tão inocente quanto parece ou
se é tudo uma farsa para encobrir a verdadeira aberração que você
é.

Eu engasguei com uma risada desconfortável, desviando o


olhar para esconder meu rubor. — Eu-eu não sou uma aberração.

Pelo menos eu acho que não.

— Isso é porque um homem como ele não te mostrou que você


faria qualquer coisa, mesmo a mais estranha das merdas, só para
agradá-lo.
Eu o observei um pouco mais. Percebendo o movimento
elegante de seus dedos segurando o copo, trazendo-o para
descansar nos lábios mais exuberantes que eu já vi. Observei o seu
pomo de Adão se mover para cima e para baixo quando ele engoliu,
e posso até ter gemido quando ele puxou o copo, apenas para ser
seguido por um golpe rápido de sua língua.

Por um momento, imaginei ser a mulher ousada que Raelynn


queria que eu fosse. Eu me imaginei desfilando ali e caindo em seu
colo, deixando seus braços fortes me pegarem. Imaginei sua voz
profunda perguntando se eu estava bem, perguntando se eu
queria ir para casa com ele. Eu imaginei dizer sim.

— Eu não posso. — Eu disse suavemente, me forçando a olhar


para ela.

— Ugh, tudo bem. Ajude-me a terminar esta garrafa e vou


garantir que você chegue em casa com o cinto de castidade ainda
colocado.

— Tão doce da sua parte. — Eu disse impassível.

Nossa comida chegou e expliquei a discussão que tive com


meu pai. Eu tinha explicado vagamente minha dinâmica familiar
quando nos conhecemos, mas nunca mencionei isso em detalhes.
Eu estava longe de casa e queria fingir que minha vida não exigia
que nós vivêssemos como se fôssemos antigos membros da realeza,
que negociavam suas filhas.

— Eu só queria trabalhar. Sempre soube que acabaria me


casando. Só pensei que teria mais tempo. Talvez encontrar alguém
sozinha.
— Então trabalhe. — Ela sugeriu, como se fosse a solução
mais fácil do mundo. — Talvez Camden aprenda devagar e leve
anos para chegar a um lugar onde possa se concentrar em você.

— Eu gostaria. Meu pai prometeu me colocar na lista negra.


Se eu tentar em qualquer lugar, eles reconhecerão meu sobrenome
e irão até ele para uma referência, apenas para ouvirem que não
me contratem.

Seus lábios se curvaram em desgosto. — Terei que ser


extremamente cuidadosa com seu pai agora. Eu tenho algumas
palavras para ele.

— Eu aposto. — Eu ri.

— Hmmm... — Ela estreitou os olhos e franziu os lábios,


olhando ao redor do restaurante, como se uma ideia estivesse se
escondendo atrás de uma das plantas.

— Por que você não se inscreve com um sobrenome diferente?

— Porque a maioria das empresas exige algum tipo de


identificação, e todas têm meu nome. Eu não chegaria longe.

— Você se lembra do Jeb da faculdade?

— O cara do computador que raramente saía de seu


dormitório?

— Sim. Ele faz identidades falsas legítimas. E se ele fizer uma


para você com um sobrenome diferente?

— Eu não sei. Isso parece ilegal.


Ela encolheu os ombros como se a legalidade fosse um
pequeno detalhe. — Você poderia usar o nome de sua mãe. É difícil
colocar alguém na lista negra quando ele não sabe o que está por
vir.

— O sobrenome da minha mãe é Mariano.

— O que? A mulher geralmente não usa o sobrenome do


homem?

— Não quando sua família vive pelas regras da metade do


século e quer que sua empresa permaneça com o nome da família.
Eles concordaram em deixar meu pai dirigir a empresa, desde que
ele tomasse o sobrenome deles. Acho que ele queria a empresa
mais do que seu próprio legado.

Não que eu o culpasse. Ele era um filho adotivo sem história


que trabalhou sua carreira na Mariano Shipping, fazendo seu
nome.

— Ok... e o sobrenome da sua avó?

— Hmm... Barrone?

— Adoro. Podemos fazer isso. Vamos lá! — ela se animou.

— E se eles me reconhecerem? Eu cresci neste mundo e em


torno de todos os grandes nomes.

— Bem, o dinheiro antigo não é o único lugar para trabalhar.


Além disso, você não quer trabalhar com aqueles velhos que vivem
em seus velhos hábitos. Lembra de todas as ideias ousadas que
você teve? Você ficaria tão animada, escandalizando-os.

— Cale a boca. — Eu ri.


— Vamos, menina certinha. Leve suas ideias brilhantes para
outro lugar e mãos à obra.

Talvez tenha sido o champanhe. Talvez fosse o rubor ainda


persistente em minhas bochechas por causa do estranho sexy no
canto. Talvez fosse o desespero de viver um pouco mais antes que
minha vida fosse entregue a outra pessoa.

Nesse momento, eu não me importava.

Nesse momento, o plano de Raelynn parecia muito bom.

Terminando meu copo, inclinei-me para frente.

Seus lábios se curvaram em um sorriso lento, sabendo que ela


me conquistou. Um arrepio de excitação desceu pela minha
espinha, levando embora qualquer medo de que isso tivesse
consequências drásticas.

Eu não me importei.

Eu culpei o champanhe.

— OK. Vamos traçar um plano.


Nico

— Quantas entrevistas temos hoje? — Eu perguntei, já


cansado apesar de não ter nem começado.

Meu assistente, Ryan, folheou sua pilha de papéis até


encontrar o que estava procurando. — Cinco.

Meu corpo afundou no couro macio da minha cadeira. —


Jesus. — Eu murmurei, arrastando a mão sobre meu rosto. —
Lembre-me por que estou fazendo isso de novo?

Ryan levantou uma sobrancelha e me deu seu olhar impassível


que reservava apenas para mim. Trabalhamos juntos por quase
mais tempo do que qualquer um, fazendo dele o único funcionário
capaz de se safar.

— Porque você é um maníaco por controle que gosta de micro


gerenciar, embora sempre se arrependa do quanto isso acrescenta
ao seu prato.

— Acho que você está certo.

— Eu sei.

— Bem, então, mantenha o café vindo o dia todo.


— Eu irei. — Ele chegou à porta antes de parar com uma
última coisa. — Além disso, um Joseph Andrews ligou enquanto
você estava fora. Deixei uma nota com os papéis, mas parecia
importante.

— Obrigado, Ryan.

Se possível, afundei ainda mais em meu assento, cansado até


os ossos. Vasculhando os papéis, tirei o post-it que tinha o número
que eu estava muito familiarizado rabiscado nele.

Joseph era um dos trabalhadores no asilo em que meu avô


morava. Eu odiava tê-lo ali, mas ele não podia viver sozinho. A
velhice o acometeu mais rápido do que deveria por causa do
estresse - estresse desnecessário. Coloquei o post-it na borda do
meu computador, para que eu pudesse ligar na hora do almoço.
Se fosse urgente, ele teria entrado em contato comigo pelo celular.

De qualquer maneira, eu precisava voltar para Charleston. Eu


estive em Nova York por uma semana inteira, e a cidade grande já
estava me aborrecendo. Era muito barulhenta, muito ocupada,
muito… cheia de gente. No entanto, a cada ano, meu tempo em
Nova York aumentava. O que começou como um terço do ano,
agora estava se transformando em dois terços em Nova York. Era
agridoce, para dizer o mínimo.

Mas o trabalho precisava ser feito. O escritório de Nova York


estava crescendo mais rápido do que eu esperava, trazendo
projetos maiores a cada semana, e eu precisava de mais
assistência para cobrir a carga de trabalho. O que não era um
problema terrível. Era exatamente por isso que eu estava
trabalhando desde que me formei, há mais de dez anos. Eu
trabalhei incansavelmente até mesmo durante a faculdade para
tirar essa empresa, a empresa da minha família dos escombros em
que foi deixada.
Meu avô e meu pai deram o melhor de si, mas, ao contrário da
minha família, fontes externas jogaram sujo e isso nos deixou para
trás.

Eu não deixaria isso acontecer comigo. Joguei limpo na maior


parte do tempo, mas também joguei de forma mais esperta, mais
dura. Eu tinha paciência e um plano e, com isso, venci a
competição que me levou até o topo.

Razão pela qual eu micro gerencio como Ryan acusou. Esta


empresa, este plano, significava mais para mim do que qualquer
coisa, e eu faria o que fosse necessário para ter sucesso. Mesmo
que isso significasse entrevistar incansavelmente cada um dos
candidatos.

Eu precisava de cinco novos funcionários. Três vagas já


estavam preenchidas, faltando duas. Talvez hoje fosse o dia em
que um candidato competente chegasse e me surpreendesse,
permitindo-me deixar esta cidade e voltar para o ar quente e sem
poluição de Charleston.

Meu celular vibrou e o nome de Xander cruzou a tela.

— Ei, idiota. — cumprimentei meu amigo da faculdade.

— Eu vi que perdi sua ligação mais cedo. E aí? Precisa de outra


empresa de fachada?

Xander trabalhava com tecnologia da computação e poderia


criar um mundo inteiro para parecer real na Internet do nada. Ele
era um gênio, e usei todos os talentos para minha vingança.

— Talvez eu só tenha sentido falta da sua voz.


— Oh sim. Você gosta disso. — disse ele em seu tom de
barítono profundo como Barry White.

— Diga a Nicholas que eu disse oi. — Sua esposa gritou ao


fundo.

— Maggie diz oi.

— Ela não deveria estar preocupada ao encontrar você falando


assim no telefone?

— Nah, eu só falo com você assim. Eu uso uma voz diferente


com ela.

— Eu não quero ouvir isso.

Nós dois rimos antes que ele ficasse sério e perguntasse


novamente o que eu havia pedido antes.

— Eu só queria verificar todas as novas informações que você


reuniu. Mais ações estão surgindo no mercado e eu quero ter
certeza de que estou preparado para todas as possibilidades.

— Você sabe que eu ligaria para você se eu tivesse alguma


coisa. Até agora, está tudo tranquilo.

— Sim, já faz um tempo que não consigo adquirir novas ações.


Estou impaciente.

— Você já tentou ligar para uma de suas garotas do livro


negro?

Minha mente passou pela deslumbrante morena do


restaurante, que eu não conseguia tirar da minha mente.
Balançando a cabeça, eu a deixei de lado, irritado por só ter olhado
para ela e ainda pensar nela uma semana depois. — Não desde
que estou nesta cidade maldita. — Eu resmunguei.

— Oh sim. Nova York sempre te deixa irritado. Vá transar e


saiba que vou ligar para você se acontecer alguma coisa.

— Obrigado, cara.

— Algo mais? Você parece mais irritado do que o normal, o que


significa alguma coisa.

— Muito engraçado. Tenho um dia cheio de entrevistas pela


frente.

— Ainda está tentando substituir aquela garota? — ele


perguntou, rindo.

— Beth. — Eu resmunguei.

— Você sempre pode ligar para ela — ele brincou. — Ou...


quem era a outra?

— Cale a boca, idiota.

Ele riu da minha sorte de contratar mulheres que se


candidataram ao emprego apenas para se aproximarem de mim na
esperança de arrebatar o chefe. Beth era a culpada mais recente e
começou oferecer-se para foder com um dos supervisores para ser
colocada em um projeto que eu chefiava.

Ser desejado pelo meu dinheiro não era nada novo, mas eu
odiei ainda mais porque fodeu com meu negócio... Fodeu com
meus planos, e isso ultrapassou os limites. Minha vida se
concentrou em tornar esta empresa bem-sucedida o suficiente
para conseguir o que eu queria.
Adicione a minha repulsa por qualquer um que usa de trapaça
para chegar ao topo, e eu a demiti instantaneamente.

— Eu não fodo funcionários.

— Ei, nunca diga nunca. Maggie e eu transamos por todo o


escritório e agora olhe para nós.

Eu sufoquei um som de desgosto. — Casado.

— Sim, casado e feliz. Não há nada de errado com isso.

— Talvez não. Mas estou bem sem isso. Mulheres são uma
distração, e eu tenho muitas que estão perfeitamente bem com
encontros ocasionais.

— Que playboy, ele brincou. — O vovô Charlie não quer ver


você casado e feliz?

Meu lábio curvou com o pensamento. Eu faria qualquer coisa


pelo meu avô, para fazê-lo feliz, mas esse pedido foi demais. — Por
falar nisso, eu tenho que ir.

— Sr. Rush, sua primeira entrevista chegou. — Ryan chamou


pelo interfone.

— Essa é minha primeira entrevista. — Eu disse para um


Xander sorridente. — Faça uma oração por mim e ligarei para
algum encontro esta noite.

— É melhor que você faça, ou vou te mandar uma prostituta.


E não uma barata.

— Obrigado, cara.

— A qualquer momento.
Com isso, desliguei meu telefone e o empurrei, clicando no
interfone para falar com Ryan. — Mande-os entrar, por favor.

Uma loira alta entrou, a confiança emanando de cada


centímetro dela. Quando ela me viu de pé na minha mesa, ela
tropeçou um pouco nos pés.

— Você está bem? — Eu perguntei, dando a volta na minha


mesa.

— Mais do que bem. — Ela disse com um sorriso lento.

Os sinos de alarme tocaram quando seus olhos aqueceram e


ela mordeu o lábio. Eu estendi minha mão com cautela, esperando
que ela não fosse nada como Beth, mas sem criar expectativa. —
Eu sou Nicholas Rush, prazer em conhecê-la.

— Cassie, disse ela, deslizando a mão na minha. Ela segurou


mais tempo do que o necessário e examinou meu corpo da cabeça
aos pés.

Puxando minha mão para trás, dei a volta na mesa, ansioso


para colocar espaço entre nós. Eu a observei sentar e mal segurei
meu estremecimento quando ela puxou sua saia preta mais para
cima em suas pernas do que o necessário e acariciou seu dedo ao
longo do V de sua blusa.

Este seria um dia longo pra caralho.

As primeiras três entrevistas foram uma droga. A primeira


flertou durante toda a entrevista até que eu comecei a me sentir
tão desconfortável que tive que interrompê-la. O segundo era
totalmente desqualificado e o terceiro era um pouco racista.
O quarto estava sentado em frente à minha mesa, mal se
segurando por um fio. Ele não tinha experiência real de trabalho,
mas expressou vontade de aprender. Não foi ótimo, mas pelo
menos era algo com que eu poderia trabalhar.

— Obrigada, Kyle. — Eu disse, contornando a mesa.

Ele se levantou da cadeira e apertou minha mão. — Obrigado


pelo seu tempo, Sr. Rush. Eu espero seu contato.

Não fazendo nenhuma promessa, eu apenas balancei a cabeça


e o levei para fora. — Tenha um bom dia.

Assim que ele dobrou a esquina, caí para trás em uma das
cadeiras em frente à mesa de Ryan.

— Outro fracasso? — ele perguntou.

— Na verdade, não completamente. É por isso que


provavelmente vou oferecer o emprego a ele. Deus, eu só quero que
isso acabe.

— Deveria ter deixado o RH cuidar disso.

— Obrigado, Ryan, por seus comentários perspicazes e inúteis.

— É para isso que você me paga.

Eu nem me incomodei em olhar feio. Meus olhos se fecharam


e eu resmunguei.

— A propósito, Joseph ligou novamente.

Com isso, eu me endireitei, puxando meu telefone do bolso.


Quatro chamadas perdidas. Porra. Porra, porra.
— Ele disse o que era?

— Não, mas ele me pediu para avisá-lo para ligar de volta mais
cedo ou mais tarde.

Levantei-me da cadeira e verifiquei a hora. Um pouco depois


da uma.

— Vou sair para almoçar hoje. Eu preciso ligar de volta para


ele e preciso de um tempo dessas malditas entrevistas.

— Mas você tem uma última entrevista em trinta minutos.

— Remarque. — Eu disse, correndo para o meu escritório para


pegar minha carteira.

— É um pouco tarde para isso. — Ryan repreendeu quando eu


voltei.

— Bem. Então peça ao RH para fazer isso.

— Não sei se consigo encontrar alguém em tão pouco tempo.

— Então você faz isso. — Eu rosnei. Ele abriu a boca


novamente, mas meu telefone queimou um buraco na minha
jaqueta, e a necessidade de escapar dessas quatro paredes bateu
como uma pulsação dentro de mim. Eu levantei minha mão. —
Basta lidar com isso, Ryan. É para isso que eu te pago tão bem.

Com isso, saí, decidindo que um bar parecia um bom lugar


para almoçar. Independentemente do que Joseph falasse, eu tinha
certeza de que um bourbon tornaria mais fácil de manusear.
Por um momento, um toque de culpa tentou inundar meu
sistema, mas eu empurrei para baixo, raciocinando que a última
entrevista provavelmente seria um fracasso como o resto delas.
Vera

— Bem-vinda, senhorita Barrone. Eu estarei conduzindo sua


entrevista hoje.

Eu apertei sua mão e não pude evitar meus olhos estreitando


em quão jovem ele parecia. A última pessoa com quem falei me
informou que o proprietário estava conduzindo as entrevistas. O
homem, que não parecia muito mais velho do que eu, com sua
gravata borboleta e óculos de aro grosso, não gritava dono de um
negócio florescente.

— Sr. Rush? — Eu perguntei.

Sua risada suave não tinha humor quando ele baixou o olhar
e reajustou os óculos antes de erguer os olhos com um sorriso
forçado. — Não. Sou Ryan Saunders, assistente pessoal do Sr.
Rush.

— Oh. — Eu respondi lentamente, tentando processar a


mudança. Eu conhecia os meandros de uma empresa de
navegação e já era estranho o suficiente que o proprietário
conduzisse a entrevista em vez do RH, mas me disseram que ele
mesmo gostava de examinar seus funcionários. Mas ter uma
assistente me entrevistando me desconcertou. — Não quero ser
rude, mas os assistentes costumam contratar na Rush Shipping
Industries?
— Não, nós não contratamos.

Percebi sua irritação e minha mente disparou com o que


estava acontecendo. Isso foi uma piada? Eles haviam descoberto
quem eu era e agora meu pai estava se divertindo ao me deixar
fazer uma entrevista, mas perdendo meu tempo com uma
assistente?

— Infelizmente, o Sr. Rush teve de sair correndo, e


esperávamos que o RH assumisse. No entanto, ninguém estava
disponível em tão curto prazo, explicou ele, quase toda a irritação
desaparecida.

— Compreendo.

— Garanto que conheço a posição para a qual você está se


candidatando e conheço cada função tão bem quanto o próprio Sr.
Rush.

— Claro.

Ainda fiquei irritada com o fato de uma empresa ser tão


indiferente com suas contratações a ponto de não conseguir
encontrar alguém para avaliar adequadamente seus funcionários,
mas deixei passar. Não era como se eu estivesse procurando minha
futura carreira, apenas algo para colocar pelo menos um grama do
meu diploma em uso.

Respirando fundo, me endireitei e sorri.

Eu queria esse trabalho.

Mais para provar que eu poderia ter um, do que qualquer outro
motivo, mas eu ainda queria.
— Vejo que você se formou Magna Cum Laude na Wharton
School of Business. — Suas sobrancelhas se ergueram acima da
borda dos óculos pretos. — Uau. Isso é impressionante.

— Obrigado. Definitivamente, gostei de aprender na Wharton.


Isso me ofereceu uma infinidade de experiências.

Ele ergueu os olhos dos papéis e inclinou a cabeça para o lado.


— Você planejava continuar seu MBA em outro lugar?

Por que se importar? O diploma que tenho agora seria inútil em


um ano.

Cobrindo meu quase bufo com sua pergunta com uma risada
suave, respondi: — Não. Não que eu não queira. Só que agora não
é a hora.

— Eu vejo. — Ele assentiu e fechou a pasta com meu currículo.


— O que o torna interessado no cargo de gerente assistente de
projeto? Sua experiência na faculdade é impressionante o
suficiente para uma posição superior. Infelizmente, não estamos
contratando para isso agora. Então, por que Rush?

Era pequeno o suficiente para não estar no radar do meu pai e


parecia ter conexões mínimas que meu pai poderia usar para me
deixar de fora, o que me impediria de dizer um grande e gordo vai
se foder para ele e Camden.

— A Rush Shipping está crescendo e eu quero crescer junto.

Ele sorriu e abriu a pasta novamente, fazendo anotações ao


lado. Mas aquele pequeno sorriso era tudo que eu precisava saber.
Este trabalho era meu.
O resto da entrevista passou voando e, no final, eu estava
determinada a recrutar Ryan para se tornar meu amigo, não
importava o que eu tivesse que fazer. Ele tinha um tom sarcástico
que me lembrava Raelynn.

— Bem, Verana, vou precisar passar todas essas informações


aos meus superiores, mas você deve ter notícias nossas em breve.

Radiante, eu me levantei e apertei sua mão estendida, me


sentindo mais leve desde que voltei para casa da faculdade. Ryan
me acompanhou até o elevador e ofereceu outro sorriso. Levou
tudo que eu tinha para não entrar em uma dança da vitória
completa assim que a porta se fechou. Em vez disso, consegui
mantê-lo em um pequeno salto de um pé para o outro, me
recompondo no momento em que as portas se abriram.

Eu mal podia esperar para ligar para as meninas e contar


como foi a entrevista. Antes que pudesse alcançar as portas da
frente, parei e abri minha bolsa para pegar meu telefone, mas não
estava no bolso que eu normalmente o guardava. Procurei em cada
repartição, me perguntando se o havia perdido. Estar tão nervosa
antes da minha entrevista seria a única explicação para ele não
estar exatamente onde sempre esteve, considerando que tudo
sempre teve um lugar, e eu não mudei isso.

Eu tinha acabado de abrir o zíper da seção do meio quando


uma parede cortou meu ombro e fez minha bolsa voar do meu
braço para o chão, todos os meus pertences espalhando-se como
água de um vidro derrubado.

— Merda. — Uma voz profunda disse ao mesmo tempo que eu.

Eu empurrei minha cabeça para cima, pronta para xingar esse


idiota quando meus olhos se encontraram com os mais lindos
olhos castanhos que eu já vi. A luz penetrava pelo saguão e os
atingia na medida certa para iluminar todos os tons de marrom e
verde que se misturavam.

— Eu sinto muito. Você está bem?

Meu olhar caiu de seus olhos, para a ponte forte de seu nariz
para estabelecer em seus lábios carnudos.

— Jesus. — Eu disse em uma expiração. A barba por fazer


revestia sua mandíbula, e eu apertei minhas mãos para não
estender a mão e tocar seu lábio inferior macio. Posso ter quase
gemido quando sua língua escorregou na parte inferior antes de
começarem a se mover novamente.

— O que é que foi isso? — ele perguntou.

Sua mão pousou suavemente no meu ombro, apertando


suavemente. Sua presença tragou meu corpo pequeno, enviando
um calor que queimou meu peito.

— Senhorita? — Ele falou novamente e finalmente me tirou do


meu transe.

Piscando e balançando a cabeça, me repreendi por me tornar


uma mulher que quase derreteu em uma pilha de gosma por causa
de alguns traços faciais.

— Eu sinto muito. Sim. Você... você... — Eu olhei para os


papéis, canetas, carteira e outros itens essenciais espalhados pelo
chão de ladrilhos e me recompus. — Droga. — Eu murmurei,
caindo de joelhos para pegar tudo.

— Aqui, deixe-me ajudar. — ele ofereceu, caindo ao meu lado.


Observei enquanto ele pegava uma das minhas pequenas bolsas,
grata por ter guardado todos os meus produtos femininos e
preservativos lá. Caso contrário, eles estariam espalhados ao lado
de todo o resto.

Ele segurou a bolsa preta entre seus longos dedos e a ofereceu


de volta para mim. Respirando profundamente algumas vezes, eu
finalmente encontrei coragem para realmente olhar para cima e
ver o homem que me mandou da raiva para uma poça em dois
segundos.

Seu grande corpo se agachou próximo ao meu, e assim que


meus olhos encontraram os dele novamente, a familiaridade me
atingiu, forçando meu coração a bater um pouco mais forte em
meu peito.

O homem do restaurante. Aquele a quem Raelynn disse que


eu deveria oferecer uma noite.

Quais eram as chances?

Foi um sinal?

— É você. — disse ele, seus olhos examinando minhas feições.

Como um disco arranhando, suas palavras pararam minhas


confusas fantasias sobre o destino. — O quê?

— Desculpe. — Ele disse com uma risada. Ele balançou a


cabeça e olhou para baixo, passando a mão pelo cabelo. Quando
ele olhou para cima novamente, seus lábios se curvaram,
esticando suas bochechas sobre as maçãs do rosto marcadas,
descansando sob os olhos vidrados. — Eu vi você no restaurante
outra noite.
Mordendo meu lábio, tentei impedir que meu sorriso ficasse
muito grande. Este homem exalava sofisticação, e eu não queria
parecer uma garotinha tonta. — Você viu?

— Você e sua amiga são difíceis de ignorar.

Ele quis dizer Raelynn? Ou eu? Ele quis dizer que éramos
difíceis de ignorar porque Raelynn dominava um ambiente e podia
ser barulhenta? Ou ele realmente me notou? — Podemos ter
notado você também. — Eu admiti, me sentindo ousada.

Ele me estudou por mais um momento antes de pegar o último


dos meus papéis e entregá-los. Nós dois nos levantamos e ele
enfiou as mãos nos bolsos. Seus ombros se alargaram, e eu
imaginei que tive sorte por ele apenas encostar em meu ombro. Ele
poderia ter me derrubado completamente com seu tamanho se ele
realmente trombasse comigo.

— Me desculpe por ter batido em você. — Ele se desculpou


novamente. — Eu estava olhando para o meu telefone.

Seu sorriso desbotou para um beicinho firme, mas seus olhos


ainda brilhavam. Normalmente, esse seria o meu momento de
sorrir e ir embora.

Mas eu não queria.

Talvez tenha sido a confiança ter arrasado na entrevista.


Talvez fosse a voz de Raelynn na minha cabeça, me lembrando de
me soltar um pouco antes de ser vendida. Talvez fosse algo sobre
esse homem atraente e o poder que ele exalava que me chamou,
me desafiou para lidar com ele.

Eu não sabia qual era o motivo, mas isso me empurrou a jogar


a cautela ao vento e flertar com ele para ver onde isso ia.
— Respondendo a uma namorada? — Eu perguntei, relaxando
minha postura, deixando-o ver um pouco do desejo crescendo.

Sua cabeça inclinada para o lado, seus olhos se estreitando, e


eu temi ter ido longe demais. Apesar do rubor envergonhado
abrindo caminho para minhas bochechas, eu o segurei e me
mantive firme. Ele flertou comigo primeiro.

Certo?

Oh Deus. Eu imaginei? Ele tinha sido apenas amigável, e eu


presumi que era mais porque eu estava perdida na terra dos
gagas?

Quando eu estava prestes a abandonar o navio e me afastar


furtivamente, seus lábios se suavizaram novamente em um sorriso
malicioso, sua língua deslizando em seu lábio inferior novamente.

— Não. Sem namorada para conversar. E você? Um


namorado?

Um namorado? Não. Um noivo arranjado? Bem, ele não


perguntou sobre isso.

— Não.

— Bem, então não há ninguém para protestar por eu convidar


você para sair.

— Eu acho que não.

Seu sorriso cresceu com as minhas respostas evasivas


enquanto ele dava um passo mais perto. Eu estiquei meu pescoço
para trás para encontrar seus olhos que agora pareciam piscinas
de chocolate quente sem o sol trazendo à tona todas as
profundezas ocultas. — Que tal bebidas nesta sexta-feira?

— Que tal jantar na sexta-feira e veremos sobre as bebidas?

Deus, quem sou eu? Eu não era essa mulher dominante que
exigia o que queria. Eu não era dócil de forma alguma, mas
geralmente, Raelynn ocupava o papel de sedutora que não hesitava
em pedir o que queria.

De qualquer maneira, seu sorriso cresceu e uma risada suave


escapou como se estivesse impressionado.

Erguendo meu queixo mais alto, esperei por sua resposta. Se


ele me desse um fora, então pelo menos eu sairia com um inferno
de uma história.

Ele se aproximou, quase fechando a lacuna. — Combinado.

Eu inclinei minha cabeça mais para trás e lentamente arrastei


meus dentes em meus lábios. Ele fez o mesmo, e o estrondo mais
sexy escapou de seus lábios que fez meus joelhos tremerem. Porra,
isso era loucura. Estávamos no meio de um saguão depois de
literalmente colidir, e tudo ao nosso redor deixou de existir. Meu
corpo latejava com a necessidade de ele me envolver em seus
braços e me levantar o suficiente, para que eu pudesse descobrir
por mim mesma o quanto seu lábio macio e almofadado cederia
sob meus dentes.

Como se eu quisesse que ele fizesse isso, ele se abaixou.

Duas coisas aconteceram no momento de apenas alguns


centímetros entre nós.
Um, o forte cheiro de álcool me atingiu antes que seus lábios
pudessem. E dois, alguém estava chamando meu nome.

— Senhorita Barrone.

Perturbada, dei um passo para trás e pisquei, trazendo-me de


volta à realidade de onde estávamos, e me virei para encontrar
Ryan saindo do elevador, sua mão agarrada ao redor de um
pequeno retângulo.

Ele tinha me visto prestes a ficar com um estranho no saguão?


Oh, meu Deus, se ele fizesse, ele pensaria menos de mim? Anos de
treinamento para sempre estar ciente de como eu parecia e agia
em público desapareceram na presença do homem atrás de mim.
Não só meu pai ficaria com vergonha, mas minha mãe também.
Minha educação foi melhor que isso.

— Senhorita Barrone. — Ele disse novamente, um pouco sem


fôlego. Ele sorriu quando me viu, e nada em seu rosto mostrou que
ele me viu sobre como cometer um ato de demonstração pública
afeto. — Eu pensei que tinha perdido você. Você esqueceu o seu
telefone.

— Oh, muito obrigado. Não acredito que fiz isso. — Eu me virei


para o meu estranho sexy com um sorriso envergonhado para
encontrá-lo completamente diferente do que um momento antes.
Seus olhos não tinham mais calor. Seus lábios não são mais
suaves e estão a centímetros dos meus. Seu sorriso estava longe
de ser visto. Deixado em seu lugar estava um homem que parecia
ter sido construído de pedra - seu rosto coberto pelas sombras. Ele
fez o homem frio que vi no restaurante parecer um oásis
ensolarado em comparação com quem estava diante de mim agora.

— Senhor Rush, de volta na hora certa. — Ryan disse atrás de


mim.
Sr. Rush? Rush, Rush, Rush? Como em Sr. Rush.

— Senhorita Barrone foi a última entrevista do dia, e tenho


que admitir, ela se encaixa perfeitamente no Rush Shipping.

O dono da empresa? O homem que deveria me entrevistar? O


homem que fugiu no último minuto? O homem que cheirava a álcool
antes das três da tarde?

O homem que quase implorei para me foder no meio do saguão


de um escritório?

O calor inundou minhas bochechas e eu lutei para me


recompor.

Seus olhos brilharam nos meus, e eu lamentei o dia em que


tive a confiança para perseguir um homem com tanta ousadia. Eu
deveria apenas ter corrido.

Limpando a garganta, levantei-me e ofereci minha mão com


um sorriso desconfortável que esperava aliviar a estranheza do
momento. — Sr. Rush, é um prazer conhecê-lo.

Qualquer esperança de amolecer a estátua diante de mim


desapareceu quando ele olhou para minha mão estendida e seus
lábios se curvaram em nojo. — Você sabia que eu era o dono da
empresa?

— O quê? — Eu perguntei, deixando cair minha mão


lentamente.

— Você Sabia. Que. Eu. Sou. Dono. Da. Empresa? — ele


perguntou mais devagar como se isso fizesse mais sentido.
— Ummm... Não. Quer dizer, eu sabia que Nicholas Rush era
o dono da empresa, mas não sabia que era você.

Sua mandíbula se contraiu e ele deu um passo mais perto,


mas desta vez não foi por paixão, mas para intimidar.

Confusa com a mudança de cento e oitenta graus, fiquei ereta,


recusando-me a me encolher diante de qualquer homem.

— Você tem certeza? Talvez você me viu e esbarrou em mim


para que pudesse flertar e aumentar suas chances de ser
contratado?

— Com licença? — Eu perguntei em um tom perigosamente


baixo.

— Você veio muito forte, Srta. Barrone.

O fogo queimava em meu peito, e levei tudo que eu tinha para


não tirar o olhar arrogante de seu rosto. Empurrando para baixo
em uma pequena bola de raiva, eu controlei minha raiva para ter
confiança e dei meu próprio passo intimidante para frente. — Para
sua informação, Sr. Rush, você esbarrou em mim. Talvez se você
não tivesse saído para beber antes das três e, em vez disso,
aparecesse para entrevistar os funcionários de que parece
precisar, teria percebido que sou mais do que competente para este
trabalho e não preciso me limitar a flertar com alguém tão pouco
profissional para ser contratado. A Rush Shipping teria sorte em
me ter.

E com isso, eu saí furiosa, agora precisando ligar para as


meninas para que soubessem que eu arrasei em uma entrevista,
mas provavelmente não seria contratada depois de quase beijar o
chefe e basicamente mandar ele se foder.
Acho que estava de volta à estaca zero.
Nico

— Bom dia a todos. Em primeiro lugar, gostaria de apresentar


nossos dois mais novos gerentes de projeto assistentes, Kyle Rend
e Verana Barrone. — Meus olhos passaram por Verana e se
concentraram em Kyle. — Eles trabalharão com Domenic e eu no
próximo projeto. O que deixarei Domenic explicar a partir daqui
para que possamos começar.

Recostei-me na cadeira e deixei Domenic assumir a liderança


na discussão dos prós e contras do enorme cliente que ele trouxe.
Já havíamos coberto todas as nossas bases durante o nossa
reunião num jantar, então minha atenção facilmente mudou dele
para Verana.

Chocado que ela realmente aceitou o trabalho, não disfarcei


bem a forma como meu corpo parou completamente ao vê-la entrar
hoje. Ela saiu furiosa do saguão e eu tinha certeza de que nunca
mais a veria. Francamente, eu não tinha certeza se queria. Ela me
pegou em um raro momento em que tomava uma bebida extra
depois do almoço e considerava usá-la ao invés de ligar para um
dos meus contatos. O lembrete de Xander para transar foi à única
desculpa para eu ter ido para cima dela no meu próprio prédio de
escritórios.

Eu não tinha certeza do quanto confiava que a coisa toda foi


um acidente. Sim, eu esbarrei com ela, mas talvez ela me viu
chegando e orquestrou tudo depois que ela sentiu minha falta na
entrevista.

Ela não seria a primeira mulher a usar seu corpo para


conseguir o que quer. Inferno, a primeira mulher que entrevistei
naquele mesmo dia ligou duas vezes para verificar sua entrevista
em alguns dias. E quando eu a informei que tínhamos decidido
desistir de contratá-la, ela perguntou se havia algum outro serviço
que eu estivesse procurando.

Mas depois de conversar com Ryan e ouvi-lo falar sobre Verana


como se ela fosse a segunda vinda de Cristo, desisti e lhe ofereci o
emprego. O ponto principal era que precisávamos de ajuda e
estávamos chegando ao ponto de não podermos escolher. Se eu
rejeitasse toda a possibilidade de ela querer mais de mim do que
apenas um emprego, tinha que admitir que suas credenciais em
seu currículo me impressionaram. Ela merecia mais do que um
simples cargo de APM, mas Ryan me garantiu que ela estava
interessada em crescimento.

Felizmente, eu não ficaria em Nova York por muito mais tempo


para fazer parte disso. Todas as entrevistas foram realizadas e eu
precisava voltar a Charleston para cuidar do meu avô e do
escritório de lá.

Ela era uma distração que eu não precisava agora. Meus


objetivos estavam cada vez mais perto e eu precisava me
concentrar na minha empresa. Não na mulher que se sentou à
frente, anotando cada palavra que saía da boca de Dom. Não no
jeito que ela rolou o lápis entre os dedos finos. Não no jeito que ela
passou a língua nos lábios.

Porra, ela exalava sexo de uma forma tão inocente. Suas calças
justas e sua blusa de botões com pérolas me imploraram para
rasgar tudo para encontrar o que havia por baixo. Suas covinhas
e a forma como a esquerda era um pouco mais profunda do que a
direita me incitara a mergulhar minha língua na dobra e descobrir
se ela tinha um gosto tão bom quanto parecia.

E quase o fiz. Eu estive a momentos de devorá-la no saguão.

Eu perdi minha maldita cabeça.

Bebi mais do que pretendia e colidimos. Minhas barreiras


eram finas como papel na melhor das hipóteses, mas quando ela
se virou para mim com olhos aquecidos e sardas desbotadas, o
reconhecimento varreu todas as barreiras.

Eu a tinha visto e sua amiga ousada no restaurante. Eu não


menti, ela era difícil de não se notar. Sua amiga estava dominando,
mas os sorrisos maliciosos e as maneiras recatadas de Vera
chamaram minha atenção para ela, me fazendo querer descobrir
tudo por baixo.

Eu não estava me aproximando dela no restaurante, mas ao


vê-la parada ali no saguão, decidi flertar.

Por que não? O que doeria? Fazia muito tempo desde que eu
transava, e seu sorriso prometia pecado embrulhado no céu.

Agora, apesar das minhas dúvidas sobre ela, meu corpo se


lembrava de como estava pronto para pegar e tomar, e eu me
esforcei para desligá-lo. Lutei para me concentrar. Ela consumiu
meus pensamentos. Na noite seguinte ao restaurante, ela veio até
mim em meus sonhos, e eu acordei com uma ereção dolorida que
fui forçado a aliviar.

Eu tinha pensado nela mais do que queria e nem tinha falado


com ela.
E isso me irritou. Se seu objetivo era me balançar com seu
corpo, estava funcionando, porra, e quanto mais funcionava, mais
eu queria quebrá-lo.

— Sr. Rush? — Dom chamou, como se tivesse dito mais de


uma vez.

Seus olhos se encontraram com os meus antes de eu dar


minha atenção a Dom. — Sim?

— Você tem alguma coisa para adicionar?

Todos os olhos se voltaram para mim, e apertei minha


mandíbula, a frustração borbulhando. Limpando a garganta, levei
um segundo para folhear sem rumo meus papéis, ganhando
tempo. — Não. Acho que cobrimos tudo.

— Ótimo. — Dom sorriu, mas estreitou os olhos. Ele me


conhecia bem o suficiente para notar minha distração. — Estamos
todos atualizados e com nossas atribuições. Vamos trabalhar,
pessoal.

Com isso, todos juntaram seus pertences e saíram. Fiquei para


trás, observando Verana, enrijecendo quando Domenic pousou a
mão em seu ombro, recebendo seu sorriso no qual não conseguia
parar de pensar.

Eu sabia que não significava nada. Domenic era casado e feliz.


Mas ela sabia disso? Ela se importava? Ela esperava ir mais longe
com ele agora que eu estava fora da equação?

A irritação borbulhou com suas risadas fáceis até que me ouvi


chamar seu nome antes de saber o que estava fazendo. —
Domenic. — lati.
Ele piscou, virando-se para mim com os olhos arregalados. —
Sim?

— Pegue esses arquivos extras de sua mesa antes de ir para o


meu escritório.

— Mas, eles estão no arquivo de computador que enviei.

— Uma cópia impressa também será boa, — respondi sem


jeito.

Sua cabeça tombou para o lado, mas depois de apenas um


momento, ele encolheu os ombros. — Certo. Eu te encontro lá em
quinze minutos. Verana, estou animado por tê-la no time.

Eu cerrei meus punhos em seu sorriso fácil. — Obrigado. E,


por favor, me chame de Vera.

— Ok, Vera.

E então éramos apenas Vera e eu na sala de reuniões vazia.

Eu fiquei lá esperando que ela pegasse seus papéis, estudando


a forma como seu cabelo escuro caía sobre os ombros, não importa
quantas vezes ela o colocasse atrás das orelhas.

— Eu posso te ajudar com alguma coisa? — ela perguntou,


ficando ereta, ombros para trás e queixo alto. Ela parecia que
deveria dirigir sua própria empresa.

— Você sabe que ele é casado.

— Com licença?
— Domenic. Felizmente. — Seus olhos se arregalaram. — Só
no caso de você querer flertar com outro homem responsável para
subir na empresa.

— Eu não estava...

— Talvez não flerte com ninguém aqui. Não temos regras


específicas para a confraternização, mas é melhor não misturar
negócios com prazer.

Suas narinas dilataram-se sobre os lábios apertados. — Eu


não estava flertando com ninguém.

— Assim como você não colidiu comigo de propósito...

— Aquilo foi um acidente e, de novo, você colidiu comigo. E se


você acha que sou uma ameaça para todos os homens da sua
empresa, por que você me contratou?

— Porque Ryan estava determinado a fazer.

— Você ao menos olhou meu currículo? — ela zombou,


olhando para mim como um inseto na sola do sapato.

Não queria admitir o quão impressionado estava com o


currículo dela, então direcionei o assunto de volta ao meu ponto.

Pisando em seu espaço pessoal, eu olhei para ela. Talvez se eu


a intimidasse o suficiente, ela me deixaria em paz. — Você encenou
no saguão porque me viu naquela noite no restaurante e queria
uma segunda chance?

— Dificilmente. Você é incrivelmente arrogante. — ela quase


rosnou.
Meus músculos ficaram tensos, lutando contra a necessidade
de me aproximar e sentir o calor irradiando dela diretamente
contra mim. Talvez se eu fizesse, ela cederia e admitisse o que
realmente queria.

— Acredite em mim, tenho o direito de ser arrogante. —


Provoquei.

Em vez de continuar nossa luta, ela revirou os olhos e se virou,


dando a volta na mesa para me evitar.

— Certifique-se de pegar dois cafés pretos para Dom e eu. —


Ordenei antes que ela pudesse sair.

— Sim, senhor. — Ela murmurou por cima do ombro.

O que quer que haja entre nós, qualquer influência que ela
tivesse sobre mim e minha atenção, precisava acabar.

Nada deixou isso mais claro do que o quanto eu amei ouvir


aquelas palavras saírem de sua boca flexível.

Eu precisava acabar com isso, e precisava fazer isso logo.


Vera

Nova: Como está o chefe?

Tirando minha camisa de trabalho, revirei os olhos. Como


estava Nicholas Rush? Um pé no saco. Um homem com a missão
de me deixar louca. Um homem me fazendo questionar o quanto
eu queria ir contra o meu pai e trabalhar por conta própria.

Um homem que roubou muito da minha atenção com o quão


assustadoramente sedutor, escuro e frio ele era, eu me lembrava
dele por aqueles poucos momentos no saguão.

Mas ele fez uma suposição e parecia tão determinado a segui-


la quanto eu para continuar trabalhando para ele. Apesar de não
ser capaz de decidir se eu gostava mais de olhar para ele porque
eu fantasiava em tirar aquela carranca perpétua de seu rosto ou
beijá-lo.

— Ugh. — Eu caí de costas na cama e agarrei meu telefone


para responder, mantendo minha resposta simples.

Eu: Um idiota.

Raelynn: Um divertido? * piscadela *

Nova: O que é um idiota divertido?


Raelynn: Um que iria foder você.

Nova: Nojento.

Raelynn: Não critique antes de tentar.

Raelynn: Então, ele fala baixo com você apenas para curvá-la
sobre a mesa dele mais tarde.

Nova: Jesus.

Eu: Não.

Raelynn: É uma pena. Ele era gostoso. Já se passaram


algumas semanas e ainda me lembro daquele queixo quadrado e
robusto. YUM!

Eu: Ele está mais para me obrigar a fazer trabalhos


degradantes e apenas falar baixo comigo. Tudo o que faço é tratado
como se eu estivesse tentando transar até subir na empresa.

Raelynn: Eca. Que idiota.

Eu: Na semana passada, fizemos uma videoconferência e ele


pediu para falar comigo depois e me repreendeu pelo que eu vestia.

Ele viajou de volta para o escritório principal em Charleston


por uma semana, mas ainda conseguiu ser uma dor na minha
bunda. Eu pensei que seria um adiamento do mês passado, mas
mesmo através de uma pequena tela, ele foi capaz de chamar
minha atenção para fantasias que se inclinavam mais para beijar
do que estapear. Talvez mais. Eu não sabia se era só eu, mas ele
parecia mais relaxado lá do que aqui. Seus botões superiores
estavam abertos, sua mandíbula um pouco menos rígida, com
mais barba do que o normal.
Uma vez, sua boca até se curvou em um sorriso, esticando
seus lábios carnudos com os quais eu ainda sonhava.

Mais uma vez, decidi esconder isso das meninas.

Nova: Homens são idiotas.

Raelynn: Exceto pelo sonhador vocalista da banda que você


tanto ama. *olhos do coração*

Nova: Cale a boca.

Eu: Como foi o show que você foi à semana passada?

Raelynn: Você o perseguiu depois?

Nova: Oh meu Deus! Pare!

Raelynn: Você se esgueirou para dentro do trailer dele e o fez


enxergar você?

Raelynn: Com a sua boca.

Raelynn: Em seu pau?

Raelynn: Por favor, diga sim!

Nova: * revirar os olhos *

Eu: Por mais que esteja gostando disso, tenho que ir.

Eu: Antes de ir, porém, tenho fotos de dois tops. Diga-me o


seu favorito.

Nova: Para que você está se arrumando?


Eu: Eu tenho um encontro.

Raelynn: UM ENCONTRO? E você não nos contou até agora.


Com quem? Você vai transar com ele antes de ser vendida pelo
lance mais alto? Por favor, diga que sim. Faça-me a mulher mais
feliz de todas e diga que seguiu meu conselho.

Eu: Infelizmente, é com Camden.

Nova: Ew.

Raelynn: Tão nojento.

Nova: Você tem uma parka para usar em vez de qualquer um


desses tops?

Raelynn: Talvez uma roupa de freira?

Eu: Infelizmente, não.

Raelynn: Droga.

Raelynn: Não use nenhum desses. Vá com o vestido preto


justo. Cobre muito, mas faz você parecer uma vadia chefe ao
mesmo tempo que é sexy. Além disso, preto como se você fosse ao
seu próprio funeral. Perfeito para Camden.

Nova: Diz: — olhe para o que você não pode ter e prefiro morrer
a dar a você.

Raelynn: Exatamente. *toca aqui*

Nova: *toca aqui *

Eu: Pronto. Eu vou deixar você saber como foi. Amo vocês.
Nova: Também te amo.

Raelynn: Amo vocês, vadias.

Eu me tirei da cama e coloquei as duas blusas de volta no


armário, optando pelo vestido preto que Raelynn sugeriu.

Eu amo esse vestido. Ele abraça minhas curvas modestas,


cobrindo-me do pescoço aos joelhos. Calçar um par de sapatos
pretos me fez sentir forte e confiante como se estivesse canalizando
minha Raelynn interior, desafiando algum homem a me desafiar a
me possuir.

Okay, certo.

Com um sorriso de Mona Lisa nos lábios, pedi um Uber e me


dirigi para encontrar Camden. Recusei-me a deixá-lo me levar
porque não queria ser pontual e sabia que precisaria de um ou
dois drinques para sobreviver àquela refeição.

Eu esperava que não fosse sempre assim.

Raelynn e Nova zombaram e riram quando eu disse a elas


sobre como eu sempre soube que provavelmente teria um
casamento arranjado. A menos que, por algum milagre, eu mesma
encontrasse um homem que eles aprovassem.

Mas sempre foi minha vida. Eu sempre soube. Elas


perguntaram por que eu deixaria isso acontecer, e imaginei que
sempre poderia virar as costas para meu pai, mas não queria. Eu
o amava. Eu confiava nele. Sim, ele tinha opiniões antiquadas,
mas foi assim que fui criada.

Lembrei-me de todas as vezes que minha mãe me colocava


para dormir e perguntei por que esse caminho era meu futuro. Ela
riu baixinho e me contou sobre como seu casamento foi escolhido
por seus pais e como ela odiava meu pai. Ele tinha sido arrogante
e fechado. Ela revirou os olhos e balançou a cabeça.

— Então por que você se casou com ele? Você não poderia ter
contado para seus pais, não?

— Mia bambina. — Ela escovou meu cabelo suavemente para


trás e sorriu para mim como ela normalmente fazia quando eu fazia
perguntas bobas. — Naquela época, não. O vovô precisava que eu
me casasse com seu pai para a empresa, e foi o que fiz. Era meu
dever. É uma honra fazer algo por nossa família. Família significa
tudo.

Minha pequena sobrancelha franziu em confusão. — E se eu


odiar quem papai escolher para eu me casar?

— Ele escolherá um bom homem para você se casar. Eu não


amava seu pai - ele também não me amava muito. — Ela riu. — Mas
demorou. Deu trabalho. Qualquer casamento é assim. E seu pai é
um bom homem que trabalhou pelo o meu amor.

Ela fechou os olhos com um sorriso sonhador, e me lembrei no


início da noite, ouvindo suas risadas antes de entrar na cozinha e
encontrar papai girando-a nos braços ao som da música no aparelho
de som.

— Espero me apaixonar por um menino como Aladdin, e papai


ficará feliz. Eu quero um Príncipe Encantado como todas as
princesas. — Eu disse com uma excitação vertiginosa que só uma
garota poderia ter.

— Mia bambina. — Ela riu de novo, acariciando minha


bochecha novamente. — Se você esperar pelo conto de fadas
perfeito, nunca encontrará a felicidade. Às vezes, o Príncipe
Encantado é tudo de que você precisa quando você não sabia que
precisava.

Eu tive tantos lembretes ao longo dos anos que um casamento


arranjado poderia funcionar. Meus pais eram felizes e
apaixonados, assim como meus avós.

Posso não amar Camden agora, mas meu pai não escolheria
um homem mau para me casar. Eu precisava ter confiança na
convicção de minha mãe nessas palavras.

Eu realmente precisava ter convicção naquelas palavras,


quando trinta minutos de jantar já tinham me feito querer correr
para a porta.

— Talvez você possa usar um vestido de noiva ajustado


também. Fica bem em você, — ele disse com seus olhos grudados
no meu peito. — Você não tem muitas curvas, mas esse vestido
apertado realmente mostra o que você tem. Talvez algo um pouco
mais revelador no topo.

Meus punhos cerraram-se sob a mesa enquanto ele


gesticulava em direção aos meus seios com a mão segurando seu
scotch, o líquido âmbar espirrando perigosamente perto da borda.

Com a mandíbula cerrada, forcei um sorriso e as palavras: —


Vou levar isso em consideração. — Limpei a garganta e abri e fechei
os dedos, tentando relaxar, e mudei para um tópico mais seguro.
— Como está o trabalho? Você está se encaixando bem na Mariano
Shipping? Eu sei que meu pai dirige a empresa de forma correta e
organizada.

Camden soltou uma risada embaraçosamente alta que me fez


olhar para a esquerda e para a direita para perceber quanta
atenção ele chamava. Um rosto familiar fez com que todos os
músculos do meu corpo se contraíssem de pavor. O calor inundou
minhas bochechas e eu rapidamente desviei o olhar, deixando meu
cabelo cair como uma cortina para me esconder atrás. Talvez ele
não soubesse que fui eu.

Mas quando afastei meu cabelo de lado e olhei furtivamente


para trás em sua direção, os olhos escuros de Nicholas Rush
encontraram os meus. Eles viraram em direção a Camden e
rapidamente de volta para mim antes de se estreitarem em fendas
de julgamento. Seus lábios apertados se curvaram em um rosnado
de nojo. Mas mesmo além de seu desgosto óbvio por mim e pela
situação, mesmo além do espaço entre nós, eu podia sentir o calor
em seus olhos passando pela minha pele como se eu estivesse
sentada completamente nua.

Concentrei-me de volta em Camden e tentei empurrar para


baixo o calor que inundava minhas veias.

— Então, acho que o trabalho está indo bem? — Eu perguntei


depois de limpar minha garganta.

O cabelo loiro de Camden caiu de seu golpe perfeito quando


ele inclinou a cabeça para o lado e sorriu como se tivesse visto um
cachorrinho que ele pensava ser adorável. — Claro que está. Mas
não preocupe sua linda cabecinha com o trabalho. Sou bom em
tudo que faço, e seu pai e a Mariano Shipping não são páreo para
o meu talento. — Por algum milagre, segurei meu rolar de olhos
quando ele piscou. — E Verana, quero dizer que sou bom em tudo.

Ai credo.

Seu sorriso cresceu, e percebi que ele considerou meu silêncio


chocado como admiração, em vez de um nojo sem palavras. Como
se estivesse em câmera lenta, sua mão se moveu sobre a mesa e
eu coloquei a minha no colo, derrubando o garfo do prato. O som
disso batendo na porcelana soou como o sino de advertência
retinindo na minha cabeça para dar o fora daquela mesa.

Eu puxei meus lábios de volta em um sorriso que eu tinha


certeza que parecia mais uma careta, mas não estava ficando
melhor do que isso. — Com licença. — Eu disse, puxando minha
cadeira para trás. — Eu preciso usar o banheiro.

Levou tudo que eu tinha para seguir para o banheiro e não


fugir pelas portas, para a liberdade desta noite, que eu queria
desesperadamente. Escondendo-me na cabine, respirei fundo
várias vezes, me perguntando quanto tempo seria aceitável ficar
no banheiro antes de começar a parecer que eu tinha problemas
de estômago.

Sabendo que tinha atingido meu limite, saí a contragosto da


cabine e corri água fria nos pulsos, procurando por algum motivo
para não voltar para a mesa.

Mamãe sempre disse que leva tempo para se apaixonar, e que


o meu pai era arrogante também, mas hoje à noite eu tinha
chegado ao meu limite. E Camden não era nem mesmo o único
problema esperando por mim. O louco Nicholas Rush.

Deus, e se ele viesse e se apresentasse?

E se ele descobrisse quem eu era em minha conexão com


Camden? Se ele pensava que eu era uma mulher desprezível antes,
me vendo em um encontro com um homem quando quase o montei
no saguão, eu só poderia imaginar o que ele pensaria.

— Porra.
Eu precisava sair dali. Naquele momento, não me importei se
Camden pensasse que eu estava com diarreia; se significava
escapar, então que fosse.

Duas mulheres entraram rindo, me tirando da conversa que


eu estava tendo comigo mesma no espelho.

Com uma última respiração profunda, empurrei a porta do


banheiro e voltei.

Como um déjà vu, olhei para baixo para fechar a trava da


minha bolsa e esbarrei em uma parede em movimento.

— Merda. Sinto muito, — eu murmurei imediatamente.

Ao contrário da última vez, o conteúdo da minha bolsa não se


espalhou pelo chão.

No entanto, muito parecido com da última vez, olhei para olhos


escuros familiares.

— Merda.

— Você já disse isso. — Suas palavras retumbaram em minha


pele, misturando-se com as correntes elétricas que suas mãos
quentes enviaram pelos meus braços, de onde me seguraram
firme. — Isso parece acontecer muito com você. Colidir com
homens. Ou é só comigo?

— Dificilmente. — Tentei tornar minhas palavras duras e


cheias de desdém, mas elas saíram ofegantes e irritadas, na
melhor das hipóteses. Mais irritada com o meu corpo pela forma
como reagia ao seu toque simples e ao aroma picante e amadeirado
de sua colônia. Eu queria fechar meus olhos, inclinar-me e respirar
o mais profundo que pudesse para fazer do cheiro uma parte de
mim.

O que diabos havia de errado comigo?

Puxando meus ombros para trás, levantei meu queixo,


ignorando a forma como seus olhos desceram pelo meu corpo. —
Além disso, você esbarrou em mim da última vez. Provavelmente
por causa de toda a bebida durante o expediente, — acrescentei.

— Com licença. — Uma mulher disse atrás dele, querendo


passar. Ele se aproximou e eu recuei até atingir a parede, as luzes
fracas do restaurante se apagando, seu corpo uma sombra escura
se aproximando.

Uma mão se moveu para a parede ao lado da minha cabeça, e


seus olhos escanearam meu rosto, sua mandíbula marcada sob a
barba espessa. Tentei ficar de pé, mas tudo que queria fazer era
derreter sob o calor de seu olhar.

O que ele estava fazendo? O que estava acontecendo aqui?

Lambi meus lábios secos e seu rosnado vibrou no espaço entre


nós.

— Nicholas. — Seu nome saiu rapidamente dos meus lábios,


passando por minha respiração ofegante. Meus pulmões
sobrecarregados. Em pânico por querer mais.

Seus lábios se curvaram em um grunhido silencioso e, em um


piscar de olhos, tudo se foi. Ele recuou e enfiou as mãos nos
bolsos, nada além de um profissional que por acaso também me
olhava com desprezo e questionava a minha moral.
— Como você conhece Camden Conti? — ele perguntou, sua
voz forte o suficiente para me tirar de qualquer neblina que eu
havia entrado.

— O quê?

Calma, Verana.

Internamente, revirei os olhos. A pergunta inesperada me


atingiu como um balde de água fria, despertando meus nervos.
Não consegui responder com sinceridade, mas também não queria
mentir.

Em vez disso, respondi o mais vagamente possível e esperava


que as sutilezas sociais não o deixassem curioso. — Ele é filho do
amigo do meu pai. Apenas um conhecido.

Que também era meu futuro marido. Mas eu não estava


mentindo; ele realmente não era nada mais do que um conhecido
agora.

Sua mandíbula mexeu para frente e para trás, mastigando a


informação e sem saber se ele gostava do gosto.

— Como você o conhece? — Eu perguntei antes que ele


pudesse pressionar por mais.

— O mundo dos negócios não é tão grande quanto você pensa.


— Ele se virou para ir embora, mas rapidamente voltou atrás. —
Cuidado com quem você namora, Srta. Barrone. Alguns homens
podem não ser o que parecem.

— Eu não estou...— eu comecei, mas ele não ficou por perto


para ouvir. Antes que eu percebesse, eu estava sozinha no
corredor, ainda precisando enfrentar Camden quando tudo que eu
queria fazer era ir para casa. Só que agora, eu tinha que fazer isso
com o cheiro de Nicholas na minha língua e uma raiva ardente
perto de transbordar.

Mas o destino aparentemente decidiu que tinha me dado azar


o suficiente para a noite porque, quando voltei, Camden estava
aceitando o cartão de volta do garçom.

— Espero que você não queira sobremesa. Acabei de receber


uma ligação e preciso ir.

— Ah não. — Se ele pôde ouvir a total falta de sinceridade, ele


não comentou.

— Eu posso deixar você no meu caminho.

— Não, tudo bem. Vou pegar um táxi.

— Você tem certeza?

Tão fodidamente certo. — Sim. O trabalho é importante. Eu


não quero que você se atrase.

Ele sorriu com aprovação, como se estivesse orgulhoso de mim


pelo meu novo truque. Quase esperei que ele me desse um tapinha
na cabeça quando saímos, me dizendo o quão orgulhoso ele estava
de sua bela futura esposa.

— A propósito, você vai comparecer ao baile comigo na


próxima semana, — ele anunciou.

Eu abri minha boca para protestar que tinha planos com as


meninas, mas nunca tive a chance.
— Não discuta e use algo sexy. Eu quero mostrar minha futura
esposa.

Quase me encolhi, mas parei quando encontrei os olhos de


Nicholas por cima do ombro de Camden. Camden se inclinou para
me dar um beijo de despedida e eu rapidamente virei minha
cabeça. Seus lábios ainda pousaram na minha bochecha e, por
algum milagre, consegui não me afastar.

— Tão pura, — ele sussurrou contra minha bochecha. Um


arrepio percorreu meus membros quando ele se afastou com um
sorriso malicioso e beliscou meu queixo, passando o polegar pelos
meus lábios. — Em breve.

E com aquela última promessa misteriosa, ele foi embora. Sem


olhar ao redor para encontrar a reação de Nicholas, mergulhei no
carro que esperava e enviei uma mensagem a Raelynn para me
encontrar em casa.

Eu precisava de alguém para me ajudar a processar a noite e


beber comigo até desmaiar.

Talvez se eu bebesse o suficiente, não sonharia com Nicholas


por apenas uma noite.
Vera

— Estou tão orgulhosa de ser sua amiga agora. — Raelynn


disse, sorrindo para mim como uma mãe orgulhosa enquanto
caminhávamos para a festa. — Esse vestido grita sedução direta e
foda-se e você bem que gostaria de ter-me, tudo isso em um. O
vestido perfeito para Camden.

Eu bufei uma risada.

— Quero dizer, o vermelho-sangue diz que vou matar você e


me banhar no seu sangue. Mas o toque de renda nas costas diz
que sou uma senhora. Mas é o ajuste, as costas nuas e os flashes
de pele que o tornam tão sexy.

Eu deixei cair meu queixo, um rubor subindo em minhas


bochechas. Eu não costumava usar algo assim, mas quando vi,
depois do mês passado, tive que usar. Eu gostei da maneira como
ele enrolou em volta do meu pescoço, e o material macio e sedoso
embalou meus seios. Não foi apenas um v profundo no meu
umbigo; era como se tivesse sido torcido no meu quadril e
ameaçado expor meu seio esquerdo a qualquer momento. Eu amei.

— Olha quem está falando. — Fiz um gesto para uma Raelynn


desavergonhada, colocando um suporte extra no seu vestido glitter
bege, preto e prata. Ela me lembrou do Cisne Negro com tudo
estrategicamente colado no lugar para cobrir qualquer coisa
importante.

— Sim, mas esta sou eu. Eu visto merda assim o tempo todo.
Você é mais como cardigã de cor suave e pérolas.

— Eu não visto um cardigã e pérolas o tempo todo.

— Economia. Segundo ano. Você com certeza fez.

— Isso foi fofo.

— Sim, foi. Combina perfeitamente com a sua personalidade


boazinha.

— Eu não sou boazinha.

— Bem, não depois de todos os anos comigo, — disse ela,


dando uma piscadela.

Eu não era. Eu sempre segui as regras. Minha família estava


sob os olhos do público, e minha mãe me incutiu a educação de
uma dama. Eu me diverti. Eu fiz. Mas com meu casamento
iminente com Camden pairando no horizonte, eu tinha que
admitir, talvez não fosse tanto quanto eu queria.

— Eles sempre exageram nessas coisas, — disse Raelynn.

Olhei ao redor do salão de baile do hotel, os lustres gotejando


cristais, cortinas douradas abertas, agrupando-se
decadentemente no chão. Garçons caminhavam entre os clientes,
quase invisíveis em seus smokings preto e branco.

Todos bebiam champanhe, tecidos luxuosos fazendo os


vestidos mais caros se agarrarem a seus corpos esguios. Cabelos
penteados com perfeição e maquiagens habilmente feitas, mesmo
sob todas as máscaras.

Eu ajustei a máscara de renda preta nublando minha visão,


certificando-me de que não havia saído do lugar no carro.

— Shots de tequila? — Raelynn sugeriu.

Eu me encolhi. A noite ainda era uma criança e eu nem tinha


visto meu pai ainda. Talvez os shots não fossem a melhor ideia.
Um garçom passou e eu peguei duas taças de champanhe. — Que
tal um pouco de champanhe primeiro.

Raelynn aceitou o copo com uma sobrancelha levantada. —


Cuidado. Essa coisa vai subir tão forte a sua cabeça quanto
tequila.

As bolhas faziam cócegas em minha garganta enquanto as


palavras de minha mãe flutuavam em minha mente.

Nunca beba muito nesses grandes eventos. Você não quer ser
conhecida como a mulher bêbada sobre a qual todos falam mal. Mas
sempre tenha um copo para manter as mãos ocupadas. Uma
senhora não se inquieta.

Minha mãe também não estava errada. Sempre havia uma ou


duas mulheres que sempre apareciam e ficavam um pouco
barulhentas. Eu recuava e observava enquanto todos olhavam
boquiabertos e sussurravam por trás de suas mãos bem cuidadas.

— Estou surpresa que você veio. — Eu disse. — Achei que você


ainda iria ver Nova.
— Nah. Nós concordamos que eu deveria estar aqui com você.
Acho que Nova está aproveitando a chance de desviar para outra
aventura, em vez de chegar muito perto de casa.

Nova tinha um pequeno apartamento em Nova York, mas a


cada verão ela alugava uma van e viajava, blogando suas
aventuras. Ela conseguiu um emprego com uma revista de
aventura, e eu não tinha certeza se ela pararia de viver em uma
van agora que ela é paga para fazer isso. Deveríamos nos encontrar
para um fim de semana feminino fora da cidade, mas a ordem de
Camden acabou com isso.

— Além disso. — Raelynn disse. — Tenho um conhecido que


está oferecendo outra... festa aqui também.

— Um conhecido? — Franzi minhas sobrancelhas, vendo o


sorriso de Mona Lisa de Raelynn enquanto ela examinava a
multidão. Esse sorriso e a falta de contato visual sempre
levantaram algumas bandeiras vermelhas para ela.

Antes que ela pudesse responder, a voz estrondosa do meu pai


interrompeu a bolha silenciosa que criamos desde que entramos.

— Verana. — Ele se inclinou e beijou suavemente minha


bochecha, me lembrando de todas as vezes que ele me cobriu à
noite quando era uma menina. Eu mantive um temperamento
explosivo com meu pai desde a formatura, mas precisava ter fé
que, como mamãe disse, ele sempre cuidaria de mim, ele me
amava.

— Pai.

— Eu gostaria que você tivesse vindo para a casa, para que


pudéssemos chegar como uma família.
— Minha culpa, Sr. M. — Raelynn interrompeu.

O sorriso do meu pai ficou mais tenso. Ele tolerava Raelynn


por causa de sua família e sua riqueza, mas ele a via como muito
selvagem e uma má influência.

— Você está deslumbrante, — disse Camden, vindo por trás


do meu pai.

Eu lutei contra meu suspiro pesado com o elogio de Camden.


Não havia nada de errado com isso, e de qualquer outra pessoa,
eu sorriria e diria obrigado, mas o aborrecimento ainda pinicava
na superfície desde nosso último encontro.

— Obrigada. — Eu consegui dizer.

Ele se aproximou, deslizando o braço em volta da minha


cintura, seus dedos deslizando ao longo da pele nua das minhas
costas. Meus músculos se contraíram como se tentassem me
afastar do leve arranhão.

— E quem é esta criatura deslumbrante?

Os lábios de Raelynn se curvaram em um sorriso que parecia


um rosnado. Camden estendeu a mão, nunca desenrolando o
outro braço das minhas costas, e esperou que Raelynn colocasse
a dela na dele. Eu poderia dizer que ela queria fazer coisas muito
mais violentas com a mão do que dar a ele, mas como eu, ela tinha
muita etiqueta enfiada nela para ignorar seu pedido.

Camden levou a mão dela aos lábios e provavelmente a teria


beijado por muito tempo se Raelynn não a tivesse puxado
suavemente de volta.

— Esta é minha amiga da faculdade, Raelynn Vos.


— Vos? — Camden estudou Raelynn com um pouco mais de
interesse que ia além da luxúria. — Como em Vos Enterprises?

— O primeiro e único, — disse ela, erguendo o champanhe em


um brinde à empresa de sua família antes de tomar um longo gole.

— A família Vos irá ao nosso casamento? — Camden me


perguntou.

— Ummm... — eu gaguejei. Nem havíamos conversado sobre


estar noivos, muito menos sobre o casamento.

— Claro, eles irão. — Raelynn respondeu por mim. — Pelo


menos eu estarei lá, pronta para ajudá-la a fugir, como a boa dama
de honra que serei.

Camden percebeu a ameaça e inclinou a cabeça para trás com


uma gargalhada. — Você é engraçada. Eu espero ansiosamente te
conhecer melhor.

— Eu aposto que sim.

— Bem, senhoras, provavelmente deveríamos nos misturar e


falar de negócios entre os homens. — Pisquei para esconder meus
olhos revirados para a arrogância condescendente de Camden. —
Além disso, ainda preciso enviar a doação considerável que a
família Conti fará esta noite, é claro.

— Claro. — O sorriso de Raelynn era pequeno e suave


enquanto seus olhos se estreitaram como se estivessem tentando
queimá-lo vivo.

Eu cobri minha risada com uma tosse falsa, meio que amando
sua irritação flagrante com ele. Especialmente porque Camden não
percebeu nada. Meu pai percebeu, no entanto. Seus olhos foram
de Raelynn para Camden e, finalmente, para mim, alargando-se
como se implorasse para eu controlar minha amiga. Quase quis
mandar um de volta para ele, para controlar o funcionário.

— Cam, eu vi Joe Banks no bar. Vou apresentá-lo como o mais


novo membro da Mariano Shipping.

Camden se inclinou e deu um beijo no topo da minha cabeça,


demorando-se para sussurrar: — Guarde uma dança para mim.

Antes que ele desse um passo, seus dedos arrastaram pela


minha espinha, ousando mergulhar abaixo do tecido do meu
vestido, ficando perigosamente perto da fenda da minha bunda
antes de finalmente se afastar.

— Que idiota, — Raelynn anunciou uma vez que eles se


afastaram. — Não acredito que você vai dormir com isso pelo resto
da vida.

Eu engoli o resto do meu champanhe, colocando-o em uma


bandeja de passagem e pegando outra. — Ugh. Não me lembre.

— Você sabe... você ainda pode encontrar outra pessoa. — Ela


cantou.

— Eu nem quero me preocupar com o esforço disso.

— Você poderia experimentar o Tinder.

— Aí credo.

Eu não era o tipo de garota de uma noite. Especialmente com


os esquisitos do Tinder, de que ouvi falar.

— E se...
— O quê? — Eu perguntei quando ela não continuou.

Ela lambeu os lábios e me estudou como se estivesse tentando


adivinhar minha resposta para qualquer que fosse sua sugestão.
— E se eu te dissesse que outro tipo de festa estava acontecendo
esta noite?

Meu olhar se estreitou, sabendo que ela não estava falando


sobre uma festa real. O hotel nunca seria tão grosseiro de dar duas
festas na mesma noite. O que significava que tinha que ser uma
festa do tipo Raelynn. Provavelmente ilícito e cheio de más
decisões.

— Eu diria que você estar tão ansiosa para vir hoje à noite faz
muito mais sentido.

Ela encolheu os ombros, sem arrependimento como sempre.


— Eu conheço alguém que trabalha aqui no hotel. Ele dirige um
pequeno negócio paralelo para quando eles hospedam grandes
eventos como este.

— Que tipo de negócio paralelo?

— Um pervertido.

— Oh garota. — Tomei outro gole fortificante de champanhe.


— Conte-me.

— Você envia seu nome e preenche um questionário. Ele então


o colocará em par com outra pessoa.

— Quem? E o que você quer dizer com par?

— Alguém para foder esta noite, — afirmou ela sem rodeios.


Meu queixo caiu. Antes que eu pudesse protestar, ela continuou.
— É completamente anônimo. Você não vai remover sua máscara
nem dizer nenhum nome. Sinceramente, algumas vezes nem quero
que eles falem. É como uma festa de aquário; você joga suas chaves
em uma tigela e nunca sabe quem você vai conseguir no final da
noite.

— Mas... e se for alguém que eu conheço? Alguém velho?


Alguém pouco atraente? E se for Camden?

Nós duas estremecemos com o pensamento.

— É como um Tinder de elite, exceto que ele é o único que vê


os perfis. Ele se certifica de não colocar você em contato com
ninguém muito familiar. Quanto ao resto, é para isso que serve o
questionário. Quarto de hotel? Encontro aleatório no jardim ou no
telhado? Palmada? Linguagem suja ou não? Anal? — Eu me afastei
com um estremecimento e ela riu, erguendo as mãos. — Sem
julgamento. O que quer que você goste.

Quando eu não disse não imediatamente, ela sorriu. Meu


coração trovejou no meu peito e eu torci o anel antigo da minha
mãe em meu dedo.

Uma senhora não se inquieta, a voz de minha mãe soou na


minha cabeça.

Desculpe, mãe. Uma senhora também não pensa em deixar


um estranho transar com ela. Terminei meu champanhe e peguei
outro. — Eu não sei.

— Você não tem que fazer nada que não queira. É apenas uma
maneira de experimentar outra pessoa fora de Camden, sem o
incômodo de realmente procurar por ela.
Meus olhos correram ao redor da sala, observando todos os
homens mascarados, me perguntando se eu fizesse isso, se um
deles seria com quem eu estaria.

Um homem alto vestido de preto faz meu corpo ter vibrações.


Como se pudesse sentir meu olhar percorrendo seu amplo corpo,
ele se virou, seus olhos escuros colidindo com os meus. Eu respirei
fundo. Sua ornamentada máscara de prata parecia a metade
superior de um crânio. Os olhos estreitos criaram uma imagem
surpreendente, mas bonita. Mesmo do outro lado da sala, através
de sua máscara, eu podia ver seus olhos escuros brilhando através
das fendas finas. Meu corpo aqueceu sob seu olhar quando ele fez
questão de mover a cabeça o suficiente para me deixar saber que
ele estava me olhando de cima a baixo.

Algo sobre ele, sobre a maneira como sua atenção me


queimava, tinha um calor familiar como se já nos conhecêssemos.

E se... e se eu fizesse par com ele? Isso fez meu coração


disparar por uma razão totalmente nova, além dos nervos. Um
homem se aproximou do estranho, desviando sua atenção, me
libertando do transe.

Eu olhei para o resto da sala antes de olhar para trás para Rae
quando Camden chamou minha atenção e ergueu o copo,
oferecendo uma piscadela. Minhas bochechas se contraíram, mas
nunca formaram um sorriso. Eu poderia me casar com ele sabendo
que nunca tinha realmente experimentado nada? Sempre me
arrependeria de ser uma senhora perfeita quando tive a chance de
não ser? Eu queria ser celibatária até nos casarmos? Ele estava
sendo celibatário?

Uma risadinha se soltou. Provavelmente não.


Lembrei-me de como ele me chamou de boa garota antes de
eu entrar no carro depois do jantar. Lembrei-me da maneira como
ele me chamou de pura, como se eu estivesse me guardando para
ele.

Ele provavelmente presumiu que eu talvez tivesse dormido


com meu namorado da faculdade com as luzes apagadas e debaixo
das cobertas. E ele não estaria completamente errado. Minha
primeira vez foi na faculdade com meu namorado de longa data, e
tinha sido papai e mamãe com as luzes apagadas. Mas também
tive alguns outros. Além disso, só porque eu fiz sexo assim, não
significava que era tudo que eu queria. Puras não seria a palavra
que eu usaria para descrever as fantasias que só me vinham tarde
da noite.

Não. Eu não queria guardar nada para ele, especialmente


minhas fantasias. Eu queria viver isso em meus próprios termos.
Ele poderia ganhar meu carinho mais tarde, como minha mãe
disse que faria. Por enquanto, eu estava pronta para dar um
grande foda-se para o homem que assumiu que poderia mandar
em mim.

Foda-se ser um fantoche.

— Vamos fazer isso. — Eu disse antes que pudesse mudar de


ideia.

— Yay. — Raelynn gritou.

— Se algo der errado, vou culpar o champanhe. — Eu levantei


meu copo e ela bateu o dela contra ele, nós duas engolindo as
bolhas efervescentes.

Eu a segui até o saguão e ri quando o álcool finalmente atingiu


minha corrente sanguínea, me deixando tonta.
Ela se aproximou de um homem de terno atrás do balcão do
concierge e ele pegou uma caneta e papel. Meus olhos se
arregalaram com todas as seleções. Havia um bloco de idade,
fetiches, limites rígidos e uma linha para quaisquer notas extras.
Fiz questão de anotar o nome de Camden e o de meu pai no espaço
para pedidos de não correspondência, porque melhor prevenir do
que remediar. Risquei a opção de um quarto, querendo ser capaz
de escapar quando quisesse. O que isso significava, eu não sabia,
mas uma emoção passou por mim pensando em todos os lugares
que poderiam substituir um quarto.

Sem pensar muito, deslizei o papel de volta para o homem e


puxei minha mão antes de mudar de ideia.

— As instruções serão entregues quando uma combinação for


feita, — disse ele com um breve aceno de cabeça.

Raelynn enrolou seu braço ao meu e me puxou de volta para


o salão. — Você não vai se arrepender disso. Nunca tive uma
experiência ruim.

— Com que frequência você faz isso?

— Por que você acha que eu realmente participo desses


eventos?

Pensei em todas as vezes que ela foi para casa para assistir a
uma festa de gala com a família ao longo dos anos. — Droga, Rae.

— Ei, sem julgamento.

— Nenhum mesmo.

— Vamos, pequena corajosa. Acho que é necessário um shot.


No nosso caminho para o bar, meus olhos encontraram uma
máscara prateada familiar. Ele era mais alto do que os outros em
seu círculo de conversa, mas sua atenção não estava neles.

Foi por minha conta.

Meu coração acelerou como um pássaro preso em uma gaiola,


implorando para ser libertado. Um arrepio de excitação passou por
mim, imaginando-o como o homem com quem eu fizesse par esta
noite. Sua cabeça inclinou para o lado e eu segurei seu olhar até
que um grupo de pessoas se moveu entre nós, quebrando o
contato.

— Duas doses de tequila, por favor. — Raelynn ordenou assim


que chegamos ao bar. Com os copos nas mãos, os erguemos bem
alto. — Para as más influências.

— Para as melhores influências.

Batemos nossos copos e bebemos o líquido azedo, levando um


limão aos lábios.

— Ei, eu vejo um conhecido. Você se importa se eu sair do seu


lado por um momento?

— Não. Continue. Acho que vou ficar aqui um pouco. — Eu


poderia usar algum tempo no canto do bar para me orientar.

— OK. Deixe-me saber se você precisar de mim.

Surpreendentemente, apenas alguns minutos depois que ela


saiu, um homem se aproximou, deslizando um cartão dobrado
pela parte superior do bar, encontrando meu olhar com um
igualmente sério, antes de liberar o cartão e ir embora.
Eu o agarrei com os dedos trêmulos e engoli em seco, abrindo-
o.

Encontre-me na varanda quatro.

Era isso, nada mais. Não há tempo. Sem instruções ou dicas


sobre o que aconteceria.

A varanda quatro ficava no andar acima de nós. Eu nem tinha


certeza se conseguiria chegar lá.

Eu seria capaz de chegar onde ele me queria? E se eu não


fizesse? Eu perderia a oportunidade? Eu pediria para refazer?

Eu balancei minha cabeça. Se eu me permitisse, ficaria


sentada lá a noite toda, pensando em todos os cenários, mas
nenhum deles importava a menos que eu realmente tentasse. Eu
vim até aqui, precisava ir até o fim.

Puxando meus ombros para trás, agarrei o cartão com força e


caminhei com confiança. Se eu parecesse focar em algo, talvez
ninguém me parasse.

Subi as escadas e a música foi diminuindo lentamente. O piso


acarpetado abafou o som dos meus saltos quando me aproximei
das portas fechadas, totalmente preparada para que fossem
trancadas. Ninguém estava por perto quando agarrei a maçaneta
e puxei, surpresa quando abri sem esforço. Escorregando pela
fenda que criei, olhei ao redor para ver se alguém notou, mas
estava sozinha. No escuro, pude distinguir um salão de baile
menor com portas de vidro no chão, levando à grande varanda.

Torcendo o anel da minha mãe novamente, eu dei meu


primeiro passo, parando com o barulho alto que meus saltos
fizeram na madeira. Em vez de ceder à tensão gritando para eu
virar e correr, eu continuei. Poder e força surgiram através de mim
a cada passo mais perto da varanda.

Eu meio que esperava que alguém estivesse esperando por


mim quando abri as portas de vidro, mas era apenas o céu escuro
brilhando com as luzes da cidade. Uma música fraca se estendeu
e eu caminhei até a grade para encontrar a festa logo abaixo de
nós. Os foliões se misturavam na varanda abaixo, fumando e rindo
com os amigos.

Eu estava tão focada em todos os outros que não tinha


percebido que não estava sozinha até duas mãos com longos dedos
aparecerem em volta da borda do corrimão de pedra. Braços
envoltos em preto me enjaulavam. O calor derramava dele,
trazendo minha pele à vida antes mesmo que ele me tocasse.

Eu estava pronta para fugir, para mudar de ideia e exigir que


ele me libertasse quando sua voz profunda e rica passou por
minha bochecha.

— Não se vire.
Nico

— O quê?

Sua palavra sussurrada me atingiu com familiaridade, apenas


uma picada na minha consciência antes de cair na noite.

— Não se vire.

Apesar da minha ordem, sua cabeça virou para o lado, seus


lábios vermelhos ousados aparecendo. Como punição, inclinei-me
e mordi sua orelha, acalmando-a com uma lambida. Seu suspiro
mudou para um suave oh, seus lábios formando o círculo perfeito
em que eu queria deslizar meu pau.

— Não fale. — Eu pressionei meu peito em suas costas,


esfregando contra ela para deixá-la sentir o quão duro eu já estava.
— Apenas me sinta.

Seu peito pesava sob sua respiração, e eu doía para puxar o


tecido de lado e expor as pontas duras pressionando contra o
tecido fino, mas usei a contenção, em vez disso me concentrei em
sua pele, suave como pétalas, enquanto arrastava meus dedos por
seus braços. Arrepios ondularam ao longo de sua pele, e sua
cabeça caiu para frente ao mesmo tempo em que pressionou
contra mim.
Eu a notei assim que ela entrou na sala. Seu corpo envolto em
vermelho, o vestido torcido de uma forma que parecia que um
movimento errado poderia levar a uma espreitada em seus seios.
Seu cabelo escuro empilhado em sua cabeça me fez ansiar por
arrancar os grampos apenas para que eu pudesse vê-lo cair em
cascata pelas costas.

Metade de seu rosto estava coberto pela máscara de renda


preta, mas o arco de cupido perfeito de seus lábios carnudos me
lembrava de uma mulher da qual não tenho podido escapar.

Verana.

Eu sabia que não era ela. Eu a ouvi no escritório, conversando


sobre planos com amigos neste fim de semana. Mas naquele
momento, eu queria que fosse ela.

Então, quando fiz meu pedido, perguntei especificamente pela


mulher de vermelho. Nem sempre foi cem por cento, mas a gorjeta
de cinquenta dólares ajudou. Entrando no quarto do andar de
cima para encontrá-la encostada no parapeito da varanda, com as
costas nuas e me implorando por mais, eu sabia que teria pagado
quinhentos dólares para ter certeza de que essa mulher era a única
esperando por mim.

Por esta noite, eu me permitiria essa fantasia, para, apenas


uma vez, exorcizar meus demônios.

Eu dei meu comando para olhar para frente e não falar. Eu


não queria correr o risco de sua máscara cair e quebrar a ilusão.
Não queria ouvir uma voz que não fosse à da Verana. Talvez esta
noite aliviasse a dor, a frustração e eu pudesse deixa-la para trás.

Eu patinei meus dedos ao longo do tecido onde ele se estendia


por seu pescoço, deixando-os cair para deslizar a renda floral preta
que se espalhou ao longo de uma única omoplata como se estivesse
alcançando sua coluna vertebral. Seus músculos ficaram tensos
quando eu arrastei um único dedo em cada vértebra. Ela engasgou
quando minhas mãos alcançaram seus quadris. Ela era tão
pequena, meu polegar cavou na carne madura de sua bunda ao
mesmo tempo em que meus dedos pressionaram em seus quadris.
Eu não podia esperar para segurá-la aqui no lugar, enquanto eu a
fodia com força.

Em breve.

Primeiro, eu a queria ofegante e molhada. Eu queria saber se


ela tinha um gosto tão delicioso quanto parecia.

— Segure-se na grade. — Eu disse contra a pele quente de seu


pescoço.

Com seus dedos pressionados no corrimão, eu puxei seus


quadris para trás, forçando-a a tropeçar alguns passos para trás.
Suas costas arquearam e apresentaram sua bunda perfeita para
mim.

Com a primeira pressão de meus lábios em suas costas, ela se


arqueou mais, procurando por contato. Eu trabalhei meus lábios
enquanto meus dedos lentamente subiam a saia justa. No
momento em que cheguei à base de suas costas, ela mal conseguia
ficar parada, balançando de um lado para o outro para me ajudar
a mover seu vestido para cima, ao mesmo tempo causando atrito
entre suas pernas.

— Não se mova. — Eu ordenei novamente.

Ela acenou com a cabeça bruscamente e eu caí de joelhos,


deslizando minhas mãos por suas pernas firmes. Seu vestido
descansava logo abaixo das bochechas de sua bunda, e eu
empurrei meus dedos sob o tecido, empurrando-o para cima,
desnudando para mim cada centímetro cremoso.

Ela ficou tensa, apertando suas coxas com modéstia, e eu gemi


com o doce perfume que me atingiu.

Apenas uma fina camada de renda preta estava no meu


caminho, e eu considerei arrancá-los, não querendo esperar um
segundo para enterrar minha língua dentro dela, mas gostei da
tensão ameaçando estalar entre nós. Eu não estava pronto para
desistir da sensação.

Demorei para tirar o tecido delicado de suas pernas,


orientando-a a levantar a perna para sair delas. Olhando meu
prêmio, coloquei sua calcinha no bolso do meu terno.

— Abra suas pernas.

— O que? — ela engasgou.

— Eu quero comer sua boceta. Abra suas pernas.

Ela deu dois pequenos passos para fora, ainda escondendo o


que eu queria. Com uma risada profunda, trabalhei minha palma
de volta em sua perna e agarrei sua bunda firme, segurando-a
firme enquanto batia um pé mais largo. Ela tropeçou em choque,
e eu deslizei minha mão por suas bochechas macias para
pressioná-la de volta, forçando-a a enfiar sua bunda na minha
cara.

Finalmente, as dobras úmidas rosa apareceram, e cada


segundo de tortura prolongada valeu a pena porque ela era
deslumbrante. Meu pau latejava e eu dei um aperto rápido para
me lembrar de que estaria enterrado lá em breve.
Minhas mãos engoliram suas bochechas redondas, a pele
macia pálida sob meus dedos bronzeados. Ela empurrou de volta,
e eu não podia esperar mais. Usando meus polegares, eu a separei
como as pétalas de uma flor, e sem qualquer provocação ou
aquecimento, eu passei minha língua de seu clitóris até sua
abertura, empurrando para dentro.

Ela gritou e apertou, seus quadris empurrando para frente.


Ela teria se afastado se eu não a tivesse agarrado com tanta força.
Com minha língua enterrada em sua boceta molhada, alcancei
seus quadris e encontrei o topo de sua fenda, tocando seu feixe de
nervos.

— Tão bom ‘pra’ caralho. — Eu murmurei contra sua pele


enquanto a fodia com minha língua.

Ela pressionou minha mão e se balançou contra minha boca,


me procurando a cada vez que eu me afastava.

Eu lambi cada centímetro que pude alcançar, chupando suas


dobras, lambendo o orgasmo úmido que escorria por suas coxas.

Ela ofegou mais forte. Suas pernas tremeram e ela balançou


para trás, montando meu rosto. Deve ser uma das coisas mais sexy
que eu já vi.

Precisando sentir o calor úmido contra meu pau, sacudi seu


clitóris com força e empurrei minha língua o mais fundo que pude.
Sua mão bateu contra sua boca e todo o seu corpo vibrou com
cada aperto de sua boceta pulsando em torno de mim. Antes
mesmo que ela terminasse, eu abri a fivela da minha calça,
desesperado para libertar meu pau. A brisa fresca não fez nada
para acalmar o sangue quente que pulsava em meu comprimento.
Pela primeira vez, eu estava grato pela camada extra do
preservativo para me ajudar a durar dentro dela. Eu não sabia
quem era essa mulher, mas sabia que pensaria nela muito depois
que a noite terminasse.

Ela seria meu momento com Verana e eu o seguraria por perto.


Eu sabia que era errado estar com uma mulher e imaginar outra
pessoa, mas toda essa situação não era sobre respeito e carinho.
Era sobre transar com uma estranha. A excitação ilícita de
encontrar alguém ao acaso e se perder dentro dela sem
expectativas. Podia ser qualquer uma, e esta noite, eu queria que
fosse Verana.

Com um último golpe da minha língua, fiquei ereto,


provocando entre suas pernas, esfregando a cabeça do meu pau
para cima e para baixo em sua fenda encharcada.

— Por favor. — Ela implorou. — Faça.

Eu pretendia relaxar. Eu sabia que ela estava molhada o


suficiente, mas ela estava inchada de seu orgasmo, e eu estava
duro. Mas com seu apelo ofegante, eu não pude segurar. A
necessidade tamborilou dentro de mim como uma batida
enlouquecida. Era tudo que eu podia ouvir, tudo em que conseguia
me concentrar.

Uma mão agarrou seu quadril e a outra seu ombro, eu me


alinhei e empurrei com força. Sua mão bateu de volta na boca a
tempo de cobrir o grito.

— Porra. Merda. Merda, — ela ofegou.

Merda. Eu a machuquei? Eu sabia o risco, mas porra, eu não


esperava que ela fosse tão apertada. Seu calor me apertou como
um punho, e quando me movi para aliviar a pressão, ela apertou
como um torno tentando me sugar de volta.
— Eu sinto muito. Eu deveria ter te dado mais tempo.

Sua mão disparou de volta e agarrou meu quadril, me


segurando no lugar. — Não. Por favor. Você só... — ela respirou
fundo. — Tão grande. Mas Deus, é tão bom. Eu vou morrer se você
parar.

Meu ego cresceu. Eu sabia que tinha um pau grande, mas tê-
la esticada, ofegante por tê-lo esticando-a tanto que doía, mas
ainda querer que eu a fodesse me fez querer bater no meu peito e
bater contra ela como um animal.

Eu puxei lentamente até que apenas a ponta descansou dentro


e empurrei de volta, minhas bolas batendo contra ela. Ela mordeu
a palma da mão e empurrava para trás toda vez que eu empurrava.
Pequenos choramingos escapavam, mas se perdiam na noite antes
que alguém pudesse ouvir.

Movendo minha mão para seu pescoço, eu a puxei para cima


e nos movi contra a grade, o cimento áspero cavando em seus
quadris. Sua cabeça caiu para trás no meu ombro, dando-me a
visão perfeita de seus lábios de rubi entreabertos, sugando o ar.

— Melhor ficar quieta, Vixen.1 Não gostaria que todos lá


embaixo soubessem o quanto você gosta de ter sua boceta
apertada fodida por um estranho.

Sua mandíbula cerrada com força, assim poderia parar os


gritos de prazer que ela não conseguia conter. Sua mão deslizou
atrás de nós e apertou minha bunda, me pedindo mais rápido.

1
Vixen: Significa raposa em inglês, mas no sentido do livro ele quer dizer “mulher sedutora”.
— Você pode tentar conter seus gemidos, mas nada pode
esconder o som de como sua boceta apertada está molhada.

A sucção molhada do meu comprimento, forçando seu


caminho dentro de seu corpo, ecoou ao nosso redor. Eu sabia que
ninguém podia ouvir, mas afundou em meu sangue e o esquentou
ainda mais.

— Deixe-os ouvir.

Com essas três palavras, o fio fino do meu controle se partiu.


Esta mulher era realmente uma megera. Imaginei que era Verana
e estávamos no meu escritório com ela presa contra a minha mesa
para fazer o que eu quisesse. Eu imaginei que tinha o controle para
descontar minha frustração nela.

Eu a segurei como se estivesse tentando fundi-la a mim e


bombeei meus quadris mais forte e mais rápido. Suas unhas
cavaram através do material do meu terno e picaram minha carne,
enviando raios de prazer para minhas bolas.

Seus seios balançaram e eu cedi à necessidade de vê-los,


quase rasgando o material em meu desespero. Imediatamente,
minha mão disparou para segurar seu peso, beliscando a ponta
rosa escura entre o polegar e o indicador. Sua outra mão segurou
meu pulso como se eu fosse me afastar. Como se possível, ela
ficava mais molhada a cada puxão e torção. Eu sabia que seu
orgasmo estaria nas minhas calças no final disso, e eu nunca
poderia lavá-las novamente, então eu poderia me lembrar do
aperto forte de seu corpo.

— Por favor. Sim. — Ela choramingava palavras incoerentes


de prazer e súplica. Quando mergulhei minha mão entre suas
coxas para dedilhar seu clitóris, ela cravou os dentes em seu lábio
inferior e pressionou a palma sobre ele, caindo pela borda de seu
orgasmo. Apesar de seus esforços, seus gritos escaparam, mal
mascarados pela música suave e pela conversa abaixo.

Seus pulsos vibrantes exigiam que eu tivesse um orgasmo com


ela, e eu não conseguia me conter por mais tempo. Não querendo
remover minhas mãos de qualquer parte deliciosa dela, enterrei
meus dentes na base de seu pescoço e gemi enquanto pulso após
pulso de esperma disparava do meu corpo. Gozar dentro dela foi
como tocar um fio elétrico, e meu corpo vibrou e formigou
enquanto eu lentamente descia do alto.

Gentilmente, escovei meus dedos contra seu clitóris uma


última vez e ao redor de seu mamilo corado, amando o
estremecimento que sacudiu seu corpo. Afastando-me, lambi e
beijei a marca de mordida que deixei no meu orgasmo
enlouquecido. Ela apoiou as duas mãos na grade de cimento, a
cabeça pendendo para o lado enquanto ela respirava com
dificuldade. Odiando cada segundo, puxei o vestido de volta sobre
seu seio, fazendo o meu melhor para reorganizar o pescoço para
cobrir a marca de mordida. Parte de mim queria exigir que ela o
deixasse descoberto, então quando voltamos para conversar um
pouco e beber champanhe, todos poderiam ver minha marca.

Nós dois gememos quando puxei meu pau amolecido, apesar


de seu núcleo apertar como se ela quisesse me manter lá para
sempre. Antes de soltá-la, dei um último comando. — Espere eu
sair antes de você se virar. Então espere alguns minutos para sair.

Ela apenas acenou com a cabeça, e eu lutei para me afastar e


me esconder. Ela ficou curvada, encostada na grade enquanto eu
fechava minhas calças. Sua pele macia me chamou, me
implorando para tocá-la uma última vez antes de sair. Ela pode
não ser realmente Verana, mas ela me deixou na beira da loucura,
mal me contendo, como Vera faz.
Aproximando-me, inclinei-me e pressionei um beijo demorado
entre seus ombros. — Obrigado.

E antes que pudesse me convencer do contrário, me afastei,


me recusando a olhar para trás.

Meu plano não funcionou. Eu não tinha tirado Verana fora do


meu sistema. Eu não tinha fodido Verana em tudo. Se qualquer
coisa, eu só me fiz desejá-la mais.

Talvez eu precisasse de outra rodada. Talvez eu precisasse ver


o rosto da mulher. Perder-me na estranha. Talvez essa fosse à
resposta para esquecer Verana. Algo sobre ela estava errado, e eu
odiava que minhas entranhas gritassem que ela estava me usando,
ao mesmo tempo que gritavam para que eu a tomasse.

Eu não gostava de mentirosos, e o instinto de que Verana


estava mentindo me cercava.

Com esse lembrete, decidi pegar uma bebida e me aproximar


da minha megera novamente antes que a noite acabasse.
Certamente, eu poderia encontrar uma maneira de convencê-la a
voltar para casa comigo e me ajudar a me perder.

Antes que eu pudesse descer as escadas, meu telefone tocou


com uma ligação do enfermeiro do meu avô.

Às dez horas de uma noite de sexta-feira.

A adrenalina inundou meu sistema e me fez descer correndo


as escadas em direção à porta antes mesmo de responder.

— O que foi?
— Sr. Rush? Aqui é Anthony, da Beckett Homes. — Ele me
irritou com suas apresentações inúteis.

— O que está acontecendo?

— Oh, desculpe pelo horário da ligação. Seu avô está muito


desorientado e foi difícil fazer com que ele se acalmasse. Então ele
começou a pedir para falar com você, ficando muito chateado
quando não atendemos imediatamente, então achei que não faria
mal ligar.

— Dê a ele o telefone. — Não tive tempo para ser educado.

— Sim senhor.

— Nicholas? — A voz frágil do meu avô me atingiu como uma


tonelada de tijolos, me assustando. Lembrei-me de sua voz
estrondosa quando era mais jovem. Sua risada orgulhosa. Me
matava ouvi-lo tão confuso e frágil agora.

— Ei, vovô. Sou eu.

— Sinto tanto a sua falta, Nicholas. Quando você vai me visitar


novamente? Queria falar com um gerente e descobrir onde você
estava. Esses homens tentaram me fazer sentar e eu não queria.
Eu só queria saber onde eu estava, caramba.

Eu subi na parte de trás do carro, certo de que meus molares


quebrariam a qualquer momento.

— Eles me deram um remédio e eu disse que não queria, mas


deram mesmo assim. Minha memória, Nicholas, não é — Ele
interrompeu com um grunhido de frustração. — Eu sinto que perdi
dias em algum lugar, e eu só queria que você estivesse aqui. Faz
tanto tempo.
Faz alguns dias. Não faz muito tempo.

— Eu estarei aí. Estou a caminho agora. Durma um pouco, e


estarei esperando por você pela manhã.

— OK. OK. Isso atrapalha seus planos?

Minha mente voltou para a mulher de vermelho.

— Não quero estragar nenhum plano. Especialmente se for


com uma senhora. Você precisa encontrar uma boa mulher, Nico.
Dê-me alguns bisnetos.

Eu sorri com as palavras familiares. Ele disse que eu não


estava nem perto do melhor que poderia ser, a menos que
encontrasse uma boa mulher para ficar ao meu lado e me elevar
ao meu máximo potencial. Só não tive tempo de procurar uma
quando divido meu tempo entre Nova York e Charleston.

— Sem planos, vovô. Já estou a caminho.

Seu suspiro pesado alcançou o telefone. — Tudo certo. Talvez


eu tenha que armar para você. Há algumas enfermeiras bonitas
aqui.

Eu gemi de brincadeira e saboreei sua risada quase familiar.

— Vejo você em breve.

— OK. Te amo.

— Eu também te amo. — Eu disse.

O suficiente para que eu estivesse disposto a fazer o que fosse


necessário para reconstruir o negócio da família de volta à sua
antiga glória antes de ser tirado dele. O suficiente para que eu
passasse outra noite pensando em Verana, tentando descobrir
qual lado do meu instinto estava certo, em vez de esquecê-la com
outra pessoa qualquer.
Vera

Não me movi além de cavar meus dedos na grade de cimento


com tanta força que as pontas ficaram brancas. Levou tudo em
mim para não me virar, para não correr atrás dele e implorar para
que ele fizesse isso de novo. O clipe de seus sapatos no piso de
madeira diminuindo até o rangido suave da porta, seguido pelo
estalo dela fechando, anunciou que eu estava sozinha.

Minhas coxas cerraram e meu núcleo doeu. Nunca senti dor


depois do sexo, nunca fui tão completamente usada que eu
soubesse que o sentiria dias depois.

Quem sou eu?

Eu sempre tive um bom sexo, sexo romântico na cama com


meu namorado em cima de mim. Tínhamos feito posições
diferentes, mas sempre foi lento e terno. Eu gozei e gostei, mas a
memória se desvaneceu em nada agora que eu experimentei a foda
áspera que tinha acabado de acontecer.

Eu não tinha ideia de que poderia ser feito com tanta paixão e
desespero entre dois estranhos. Eu não tinha ideia de que gostaria
tanto, que me transformaria na Vixen que ele continuou me
chamando. Foi descuidado, impetuoso e ousado, indiferente a
quem ouvisse meu prazer. Eu não teria me importado se todos
abaixo assistissem e ouvissem, desde que ele nunca parasse.
E embora eu possa não saber quem ele era, minha mente
evocou uma imagem. Eu conhecia seu tipo de corpo. Assim que vi
o flash de sua máscara de prata com o canto do meu olho, eu soube
que era o estranho sexy que eu não consegui parar de olhar a noite
toda. Mas quando inalei sua familiar colônia picante e amadeirada,
o estranho mudou rapidamente para Nicholas. Minha mente tinha
gaguejado com o pensamento, freneticamente juntando os
vislumbres que vi dele, tentando decidir se era realmente ele.
Então me lembrei dele falando sobre ir para Charleston neste fim
de semana, e rapidamente me afastei.

Isso não impediu minha mente de imaginá-lo atrás de mim.


Pode ter sido um completo estranho me fodendo, mas na minha
mente, era Nicholas. Eu odiava e amava isso. Eu não queria
imaginar um homem que constantemente lutava comigo, mas não
havia como negar nossa atração e o quanto eu gostava da ideia de
agradá-lo. Lembrei-me de seus gemidos e grunhidos de prazer, a
maneira como ele se agarrou ao meu pescoço para esconder os
sons de seu orgasmo que ele não conseguiu conter.

Meus dedos acariciaram a área sensível da pele e sorri.

Outra surpresa, gostei de como ele era áspero. Eu ansiava por


voltar para casa e encontrar cada marca, revivendo os momentos
em que ele as deu para mim.

Uma risada alta me tirou do meu torpor e decidi que já tinha


esperado o suficiente. Certificando-me de que tudo estava de volta
no lugar correto, me virei e saí, altamente ciente de que não estava
mais com minha calcinha. Isso só aumentou a emoção.

Talvez tenha me dado um motivo para abordá-lo novamente e


exigir que ele a devolvesse. Talvez ele me peça para merecê-la.
Eu sabia que era para ser apenas uma vez, mas tinha sido
bom demais para não tentar repetir. Apenas o suficiente para
passar pela minha liberdade antes de ser entregue a Camden.

Os lustres, velas e vestidos cintilantes brilhavam muito forte


após as sombras do andar de cima, e eu pisquei para me ajustar.
Eu, é claro, procurei meu estranho sexy primeiro, mas não o
localizei. Não que eu quisesse correr para ele assim que nos
separássemos. Eu queria ser à estranha igualmente sexy do andar
de cima. Não uma carente de estágio cinco.

Não. Primeiro, eu precisava encontrar Raelynn. Ela saberia o


que fazer. Ela me ajudaria a ser a Vixen e não a boa menina.
Passando por algumas pessoas, eu a avistei do outro lado da sala,
capturando seus olhos. Ela estava no meio da conversa, mas
quando ela olhou duas vezes, eu sabia que ela podia ver minhas
bochechas coradas, olhos aquecidos e batom desbotado de onde
eu mastiguei tudo. Seus olhos se arregalaram e um sorriso lento
apareceu em seus lábios. Ela pediu licença e caminhou em minha
direção. Antes que ela pudesse me alcançar, Camden se colocou
entre nós, bloqueando minha visão.

— Aí está você.

Eu pisquei, me ajustando ao homem na minha frente. Ele


sorriu e, pela primeira vez, parecia que me via, seus olhos eram
suaves. Imediatamente, a culpa me inundou e me perguntei se
tinha cometido um erro. A sensação foi destruída quando me movi,
sentindo a ternura entre minhas coxas. Mesmo com a culpa, eu
nunca me arrependeria do que fiz.

— Ei. — Eu disse, tentando dar um sorriso verdadeiro.

— Dance Comigo. Por favor.


Ele não esperou por uma resposta, não que eu tivesse dito não.
Ele segurou minha mão e nos levou para o chão, girando-me uma
vez antes de me puxar para seus braços. Seus dedos se
espalharam ao longo da minha espinha nua e eu fiquei tensa, não
querendo substituir o toque do meu estranho sexy pelo de
Camden.

— Eu mencionei como você está deslumbrante? O vermelho


combina com você.

— Obrigado. — Tentei esconder a confusão do meu tom. Seu


comentário soou genuíno e não disfarçou algum significado
pomposo.

— Então, seu pai disse que você estudou em Wharton.

— Sim, eu estudei!

— O Dr. Mulrooney ainda está lá? Sempre odiei a aula dele.

— Você estudou na Wharton?

— Claro. É uma das melhores. Eu também fiz meu MBA lá.

— Sim. — Eu teria adorado fazer meu MBA, mas por que me


preocupar se eu nem mesmo usaria meu bacharelado por muito
tempo. Some-se a isso a falta de apoio de meu pai, e era um ponto
discutível. — E sim, Dr. Mulrooney ainda está lá e ainda é difícil.

Ele soltou uma risada baixa. — Acho que mal passei na aula
dele.

— Consegui tirar um A, mas foi por pouco.

Suas sobrancelhas se ergueram. — Uau, inteligente e linda.


Pela primeira vez com Camden, corei com seu elogio. —
Obrigado.

Ele me girou e me puxou de volta. Talvez fosse o champanhe.


Talvez fossem meus músculos soltos por terem sido usados tão
completamente. Talvez fosse o fato de que Camden não estava
sendo um idiota completo, mas pela primeira vez desde que voltei
para casa e meu pai anunciou seus planos, eu não os odiei. Pela
primeira vez, pensei que talvez minha mãe estivesse certa, e este
foi o começo de Camden ganhando meu respeito, e talvez nossa
vida não fosse tão difícil quanto eu imaginava. Talvez meu pai
soubesse o que era certo, afinal.

Apesar de estar nos braços do meu futuro noivo e do


sentimento positivo de esperança pelo meu futuro, não conseguia
parar de procurar o homem que tinha acabado de me foder tão
profundamente.

— O que aconteceu com o seu pescoço?

Sua pergunta me encharcou como um balde de água fria.


Minha mão disparou para a pele macia onde meu estranho me
mordeu, e puxei o material do meu vestido de volta no lugar para
cobri-lo. — Oh. — Eu ri desconfortavelmente. — Só este vestido
bobo. Deve estar esfregando e deixando uma marca.

Ele estudou por mais um momento, como se pudesse ver


através do material, e eu prendi a respiração. Mas ele encolheu os
ombros e ofereceu um sorriso torto. — A moda feminina sempre
parece tão dolorosa.

— Sim. — Eu disse na minha expiração aliviada.

— Vamos dar uma volta e bater um papo, — disse ele quando


a música terminou. — Eu quero te exibir.
Desta vez eu não hesitei em pegar sua mão, e quando vi
Raelynn parada ao lado com a confusão estragando seu rosto
perfeitamente maquiado, eu apenas dei de ombros. Eu mesmo não
conseguia explicar direito, então eu simplesmente fui.

No terceiro grupo que fomos, a esperança positiva havia


desaparecido e eu queria voltar para o Camden na pista de dança.
Ele certamente se gabou de mim e do meu diploma. Disse a todos
como eu era inteligente e bonita e como ele trabalharia para
conquistar a filha do chefe. No entanto, ele nunca me deixou falar.
Cada vez que alguém fazia uma pergunta na minha direção, ele
respondia por mim e voltava a me tratar como a mulher bonita e
pequena que ele esperava que eu fosse.

Por mais frustrada que eu estivesse, eu empurrei para baixo.


Estávamos apenas começando. Estávamos dando passos de bebê
e eu não queria esquecer o pequeno forro de prata que vi na pista
de dança. Com o tempo, tinha certeza de que veria mais.
Certamente. Eu tinha que continuar esperançosa.

No final da noite, a exaustão pairava no meu pescoço e eu


peguei uma taça de champanhe no meu caminho para fora. Não
que eu precisasse, porque Raelynn me cumprimentou do lado de
fora com uma também.

— Droga. Olha quem é. Minha amiga perdida que me


abandonou a noite toda. Aquela que eu sei muito bem que tem
coisas que ela precisa me dizer, mas me deixou esperando até ela
pudesse. Juro, quase derrubei Camden para chegar até você. Eu
podia ver sexo escrito por todo o seu corpo. E parecia bom.

— Rae. — Eu sussurrei e gritei, procurando por alguém que


tivesse ouvido. — Controle-se.

Ela revirou os olhos. — Ahhh, a boa menina está de volta.


— Cale-se.

— Puta, entre no meu carro e comece a falar antes que eu


comece a gritar bem aqui.

Eu arregalei meus olhos, sabendo muito bem que ela faria, e


subi no banco de trás.

— Como você escapou do garoto-amante? Eu pensei que ele


iria colar você ao lado dele e sequestrar você esta noite.

Foi a minha vez de revirar os olhos. — Eu disse a ele que iria


ficar com você esta noite, já que todas as minhas coisas estavam
na sua casa.

Ela acenou com a cabeça, abrindo a janela de privacidade e


me passando uma garrafa de champanhe. — Beba e converse.

Eu tomei um gole da garrafa e, em seguida, bebi mais um


pouco.

— Tão ruim assim? Porque parecia bom.

Caindo de volta para o assento, fechei meus olhos e suspirei.


— Bom pra caralho.

— Droga.

— Sim. Droga.

— Me diga mais.

O calor corou minhas bochechas, mas então me lembrei que


era Rae, e ela não iria julgar. Mesmo assim, mantive os detalhes
para mim, em vez disso, optando pelo local em vez do que
realmente fizemos.
— De novo, droga. Você ganhou na loteria. Então, isso significa
que você irá para a próxima festa e fará de novo?

— Não. Uma vez foi definitivamente o suficiente. — A menos


que fosse ele. Eu queria repetir com ele todas as vezes. Mas eu
acreditei em Raelynn. Acho que acertei na loteria e não queria fazer
isso de novo apenas para ter uma experiência abaixo da média. Eu
seguraria esta noite perto e apreciaria. Se eu visse meu estranho
sexy em outra festa, talvez renunciasse ao intermediário e o
abordasse eu mesma.

O problema era: eu o reconheceria sem sua máscara?

Não. Uma vez foi o suficiente. Não foi?

— Bem, talvez dê a si mesma uma segunda rodada esta noite,


— disse ela, balançando as sobrancelhas.

— Oh meu Deus. — Eu ri.

— Estou orgulhosa de você. — Ela tomou um longo gole e


passou a garrafa de volta para mim. — Minha pequena e boa
menina está se soltando um pouco.

Bebi o champanhe, terminando a garrafa, e recostei-me com


um sorriso satisfeito.

— Talvez eu esteja. Um pouco.

Eu só não sabia o que isso significava para mim, se eu


deixasse de lado o controle rígido que tinha sobre tudo. Sobre
crenças em que fui criada.

Mas fiquei animada para descobrir.


Nico

— É seguro entrar? — Ryan chamou pela fresta da porta.

Eu tirei meus polegares dos olhos secos e observei uma mão


segurando uma xícara de café deslizar pela porta.

— Eu venho trazer presentes.

— Entre. — Eu respondi rispidamente.

Ele passou pela porta com o café e uma pilha de papéis


debaixo do braço. Eu mal segurei meu gemido, mentalmente me
repreendendo por estar nesta posição. Talvez se eu tivesse
esquecido de dormir, eu poderia ter estado na reunião esta manhã
e perdido esta recapitulação que eu sabia que estava naqueles
jornais. O café não aliviou o que era a difícil batalha sob seu braço.

Eu dirigi de Charleston tarde da noite - ou cedo, dependendo


de como você olhava. Minha cama me recebeu às quatro da
manhã, depois que um acidente na 95 me deixou sentado no
trânsito por quase duas horas. Quando o edredom macio atingiu
meu rosto, nada me levantaria por pelo menos três horas. Por isso
perdi a reunião desta manhã.

Por mais que odiasse chegar tarde, faria tudo de novo para ver
meu avô se iluminar quando eu entrasse no quarto.
— Eu pesquisei a Troy Shipping. — Ryan começou entrando
imediatamente. — É uma empresa menor com muito potencial de
crescimento. Eu posso ver porque você está interessado.

A Troy Shipping era uma boa empresa, mas seu potencial era
um aspecto secundário do meu desejo de combiná-los com a Rush
Shipping.

— Após pesquisas adicionais, descobri que não somos a única


empresa interessada.

Suas sobrancelhas franziram e ele respirou fundo como se


estivesse se preparando para dar más notícias. Não que isso
importasse, porque eu sabia o que ele diria antes que abrisse a
boca, e honestamente, estava o mais longe das más notícias. Era
o detalhe que me fez persegui-la.

— Continue. — Eu ordenei em sua hesitação.

— Parece que a Mariano Shipping está em contato com eles há


algum tempo. Quase como se eles estivessem preparando-os para
uma fusão, mas não acho que seja esse o seu objetivo principal.
Pelo menos não historicamente. A Mariano Shipping está mais
para assumir o controle do que para estabelecer parcerias.

Eu bufei com desdém.

Claro, a fusão não era seu plano. Nunca foi. Mesmo esperando
a notícia, meus punhos ainda cerraram quando ele disse o nome.

Mariano Shipping.

A empresa que desmantelou quase completamente a da minha


família. A empresa que tinha tomado e tomado, deixando meu avô
lutando e trabalhando demais até seu ponto mais fraco,
transformando-o no homem que desvanecia todos os dias, antes
da chegada de sua hora.

Mariano Shipping foi o motivo do meu interesse pela Troy.


Obviamente, seria uma boa decisão para os negócios. Eu não
estava prestes a jogar pedras no meu próprio telhado. Mas a
alegria de arrebatar uma empresa de Mariano me encheu de uma
satisfação mesquinha. Fiz isso discretamente com uma das outras
empresas que adicionei ao meu império. Eu fiz isso por mim.

Além disso, havia rumores de que Mariano estava escondendo


um armário de decisões ruins de negócios, que estavam,
lentamente, ficando fora de seu controle. Quanto mais eu os
estudava, mais acreditava. Para alguns, pode parecer que eles
estão se movendo em um ritmo mais rápido, mas quando você
somava todas as compras rápidas, parecia mais uma confusão do
que um plano estratégico.

Compras de empresas à beira da falência, feitas de forma


rápida, silenciosa e maníaca. Como um vampiro à beira da morte,
desesperado por qualquer fonte de sangue, mesmo que fosse um
animal pequeno e inconsequente, incapaz de se sustentar por
conta própria.

Recentemente, eles contrataram Camden Conti como seu novo


CFO, e eu não pude deixar de me perguntar por quê. Ele foi
dispensado de seu último emprego por motivos questionáveis, mas
também tinha fortes conexões. Isso me fez supor que o que ele fez
em sua empresa anterior não superava suas conexões. O que me
fez pensar por que Mariano precisava dessas conexões em vez de
um CFO moralmente correto.

Mariano parecia estar desmoronando, silenciosa e lentamente,


mas por conta própria. E as peças se encaixaram para mim mais
rápido do que eu esperava, colocando meu objetivo ao alcance. Tive
que me lembrar de ser paciente e não mostrar minhas cartas muito
cedo quando estendesse a mão para pegá-los. Eu precisava
continuar esperando, como fazia há anos.

— Bom. — Eu disse a Ryan. — Continue procurando e me


avise se alguma coisa mudar. Qual é o próximo?

— Discutimos avançar com o projeto Sequirus. Eles nos


procuraram e listaram três vezes mais do que o planejado
originalmente dentro do limite de tempo originalmente solicitado.

— Não. Descrevemos qual é o nosso processo e eles


concordaram. Não vou comprometer nossa empresa porque eles
gastaram seu tempo e decidiram que queriam mais depois que
chegamos a um acordo.

— Ajudaria saber que eles se ofereceram para dobrar a taxa


além do custo básico para envio?

Hesitei, executando os números em minha cabeça. — Isso


ainda nos coloca em posição de lutar para atender a demanda de
outros projetos.

— Sobre isso. — Ryan folheou alguns papéis antes de puxar


um com notas rabiscadas no topo. — A srta. Barrone ofereceu um
plano excepcional que tem alguns problemas, mas definitivamente
poderia funcionar. Ela fez anotações resumidas de uma
programação e organização que é diferente do que costumamos
fazer, mas tem mérito. Especialmente por ter sido criado em pouco
tempo. Com mais detalhes e tempo, ela poderia criar um plano que
funcionasse. — Meu lábio se curvou ao mesmo tempo que meu
pau estremeceu na minha calça. — Não fique muito animado. —
Ryan brincou.
Mesmo depois do fim de semana, depois do meu encontro com
a Vixen de vermelho, não conseguia tirar Verana da cabeça. Meus
sonhos começaram com a mulher mascarada em meus braços,
apenas para ela virar e puxar sua máscara para revelar olhos
castanhos que gritavam inocência e maldade ao mesmo tempo. Eu
a içava em meus braços e antes que ela pudesse afundar no meu
pau, ela sussurrava: — Eu sou uma mentirosa, mas posso fazer
valer a pena.

Contando até dez, concentrei-me em relaxar minha mandíbula


e forçar meu pau a se concentrar na parte falada do sonho e não
no calor úmido.

— Mande-a entrar depois do almoço. Ela pode revisar suas


anotações comigo, e Angie pode continuar a partir daí.

Ryan congelou, piscando lentamente. Eu gostava de Ryan


como meu assistente porque ele não se incomodava em esconder
seus pensamentos. Eu não precisava me preocupar com ele
mentindo, porque eles sempre estavam escritos em seu rosto
momentos antes de saírem de sua boca. Não importava que eu
fosse seu chefe; ele me dava isso diretamente.

— Não faça isso. — Eu levantei minha mão, interrompendo


qualquer reprimenda sobre injustamente pegar a ideia de outra
pessoa e passá-la. — Angie tem mais experiência e talvez quando
terminarmos nossas reuniões, ela pode se encontrar com a Srta.
Barrone para revisar tudo, e a Srta. Barrone pode usar isso como
uma oportunidade de aprendizado.

Contanto que eu não tivesse que vê-la todos os dias. O projeto


Sequirus era meu, e eu não poderia me colocar perto dela assim.

Os lábios de Ryan franziram e, apesar do meu raciocínio


lógico, a culpa ainda se fechava.
— Algo mais? — Eu perguntei, escovando.

— Não. Essa foi a maior parte. Vou enviar-lhe as notas da


reunião antes do final do dia.

— Obrigado. Por favor, mande a Srta. Barrone depois do


almoço.

— Sim senhor.

Eu ignorei a irritação em seu tom e me concentrei nos e-mails


que enchiam minha caixa de entrada.

Trabalhei durante o almoço para recuperar a manhã perdida


e, logo em seguida, uma batida suave preencheu e a forma ágil de
Verana apareceu.

— Você queria me ver? — Seu tom era cauteloso, mas


esperançoso. Obviamente, Ryan não explicou meu plano. Talvez
ele tivesse alguma esperança equivocada de que eu mudaria de
ideia.

— Entre. Sente-se. Por favor. — Acrescentei como uma


reflexão tardia.

Eu a observei deslizar pelo escritório em suas calças pretas


cortadas e blusa branca básica, pérolas alinhadas perfeitamente
com sua clavícula acentuada. Ela se sentou e a abertura de sua
camisa mudou. Eu juro, quase também me movi para ver se
conseguia dar uma olhada em seu decote. E esse era todo o motivo
pelo qual eu precisava manter minha decisão de removê-la de
qualquer possibilidade desse projeto.
Seus olhos mudaram de cautelosamente esperançosos para
cautelosos quando encontraram os meus frios. Todo o seu
comportamento ficou rígido, pronto para defender seus segredos.

— Ouvi dizer que você teve algumas ideias na reunião de hoje.

— Sim.

— Você se importa em explicar? — Eu perguntei lentamente


como se estivesse falando com uma criança. Era imaturo, mas
acrescentou um pouco de água gelada entre nós.

— Eu não precisaria se você estivesse lá. Outro fim de semana


selvagem? — ela perguntou com falsa doçura.

Eu cerrei minha mandíbula, querendo vê-la engolir suas


palavras quando eu a deixasse saber que eu estava com meu avô
doente. Em vez disso, não joguei os jogos que queria, indo direto
ao ponto.

— Bem. Passe adiante seu plano para a Sra. Donald, e minha


equipe cuidará dele.

— Sou mais do que capaz de desenvolver este plano.

— Eu tenho certeza que você é.

Sua boca abriu e fechou sobre meu sorriso condescendente,


muito confusa para formar uma réplica. Boa.

Sua mandíbula travou e ela puxou os ombros para trás. Ela


escovou o cabelo atrás da orelha, erguendo o queixo com orgulho.

Expondo uma marca profunda onde seu pescoço encontrava


seu ombro. Quase como uma mordida.
Sua língua alisou seus lábios vermelho-rubi e, como se
estivesse em um déjà vu, minha mente voltou-se para a Vixen em
meus braços fazendo exatamente a mesma coisa. A mesma forma.
O mesmo arco de cupido perfeito em cima. A mesma mandíbula.
As mesmas orelhas delicadas.

Como diabos eu perdi isso? Como não vi que era ela? Eu a


queria tanto que presumi que as semelhanças estavam todas na
minha mente?

Eu estava inventando? Eu estava imaginando agora?

Não.

Havia muito do mesmo.

Ela mudou de novo, e a marca zombou de mim e gritou comigo,


que eu era um idiota cego.

Ela sabia que era eu? Ela havia planejado a coisa toda? Isso
era mais do jogo dela?

— Sr. Rush...

— Qual diabos é o seu jogo? — Eu perguntei. Não parei para


pensar ou confirmar. Minha boca se abriu e a necessidade de saber
foi derramada.

Sua boca se fechou e ela recuou como se eu a tivesse acusado


de ser secretamente uma sereia. — O quê?

— Seu pescoço. A mordida que me lembro de ter dado a você


de forma bastante vívida.
Sua mão disparou para o alvo, e um lampejo de
reconhecimento acalorado passou por seus olhos, apenas para se
perder em confusão.

Eu deveria ter parado. Pensado mais nisso, mas a memória


dela em meus braços pulsou através de mim, e eu tinha que saber
se ela estava fodendo comigo o tempo todo. Se eu pudesse revelar
a tempo, talvez isso arruinasse quaisquer planos dela.

— Você planejou tudo isso?

— Não sei do que você está falando.

Eu ri, e sua confusão mudou para raiva. Pronto para empurrar


o que eu sabia na cara dela, alcancei minha pasta e tirei sua
calcinha de renda preta que eu não tinha sido capaz de separar,
batendo-a na minha mesa entre nós.

Seus olhos se arregalaram e a cor sumiu de seu rosto. Seu


peito inchou agitado, mostrando a marca de mordida em seu
pescoço com cada inspiração profunda. Ela olhou ao redor da sala
como se procurasse uma desculpa para se recuperar do meu
conhecimento antes que seus olhos deslizassem para os meus,
cautelosos.

— Onde você conseguiu isso?

— Eu acho que você sabe.

Novamente, sua boca se abriu e fechou enquanto ela


gaguejava sobre suas palavras, incapaz de formar uma única. Sua
recusa em admitir a derrota aumentou minha irritação.

— Você planejava foder seu caminho até o topo?


— Com licença?

— É muita coincidência que você me foda neste fim de semana


e depois venha hoje com um grande plano para um dos nossos
maiores projetos, você sabe que estou no comando. Você achou
que a ajudaria a ser escolhida para o time se molhasse meu pau?

O sangue correu em suas bochechas, sua mandíbula cerrada


e seus olhos brilharam com fogo como se ela quisesse me queimar
vivo. Fazer-se de boba não funcionou, então agora parecia que ela
usaria de indignação.

Ela engoliu em seco duas vezes e eu só adicionei combustível


ao fogo com um sorriso malicioso. Talvez se ela ficasse brava o
suficiente, ela escorregasse e finalmente admitisse como mentiu.

— Eu não sabia que era você. Se eu soubesse, acredite em


mim, eu teria corrido o mais longe e rápido que pudesse na outra
direção.

— Por favor. — Eu zombei.

— Você é rude e frio e ... E idiota.

Eu me inclinei na minha cadeira, sentindo a vitória sobre seus


insultos debatidos. — Grandes palavras para uma menina que
montou meu rosto e gozou em todo o meu pau neste fim de
semana.

Suas bochechas ficaram mais vermelhas. Ela pulou da cadeira


e olhou para mim com seu nariz empinado. — Eu te asseguro: eu
não transei com você para chegar a lugar nenhum. Eu posso fazer
isso sozinha, então não fique se gabando — ela quase rosnou. Com
a mesma rapidez, ela puxou os ombros para trás e franziu os lábios
como uma velha puritana. — Agora, se me der licença, tenho que
marcar um horário para encontrar Angie. Vou esquecer que tudo
isso aconteceu. Eu sugiro que você faça o mesmo.

Ela marchou até minha mesa e agarrou sua calcinha,


enfiando-a entre ela e seu caderno e saiu furiosa.

Ela não bateu a porta como eu esperava, mas nada sobre sua
reação foi a esperada. Agora que ela não estava bem na minha
frente com a energia de uma bomba entre nós, pensei em suas
reações que pareciam muito honestas para serem falsificadas.

Mas se ela não estava mentindo sobre este fim de semana,


então o que ela estava escondendo?

Eu olhei para baixo para onde a calcinha estava.

Droga. Eu queria ficar com ela.


Vera

De alguma forma, consegui chegar ao meu cubículo, apesar


das minhas pernas tremerem como gelatina. Eu mal me lembrava
como andar, focada exclusivamente na minha calcinha,
queimando um buraco no meu peito. Eu fugi de seu escritório tão
controlada quanto possível com meu queixo erguido, o mundo um
rugido maçante e embaçado ao meu redor.

Caí na minha cadeira e empurrei a renda preta para o fundo


da minha bolsa. Talvez se eu empurrasse fundo o suficiente, ela
iria desaparecer junto com o conhecimento de que Nicholas era o
homem que me fodeu tão bem neste fim de semana.

Meu chefe.

Meu chefe, que me odiava, enterrou o rosto entre minhas


pernas e me fez gozar com mais força do que nunca.

Talvez eu pudesse mergulhar no fundo da minha bolsa com a


calcinha sórdida e me perder em Nárnia com ela.

Baixando minha cabeça em minhas mãos, consegui conter


meu gemido. Uma coisa era imaginar que o encontro ilícito tinha
sido com Nicholas e outra coisa inteiramente diferente era
realmente ter sido com ele. Uma era uma fantasia que eu não tinha
que admitir para ninguém brincando em minha mente. O outro
estava tão envolvido em cordas complicadas que eu não conseguia
ver além dele.

Os hematomas em meus quadris de seu aperto forte latejavam,


e eu lutei para não bater minha cabeça na mesa para apagar
quaisquer memórias que tentassem voltar à mente.

Ele pensou que eu planejei tudo. Ele realmente pensou que eu


planejava fazer sexo com ele para que ele me desse uma posição
no próximo projeto. Como um homem poderia me fazer queimar de
tanto desejo ardente e raiva furiosa, tudo ao mesmo tempo?

Oh, como eu o odiava.

Eu odiava Nicholas Rush.

Parte de mim queria desistir agora. Eu não precisava do


trabalho. Não precisava do estresse de encará-lo ou andar por aí
com uma guilhotina na cabeça, esperando que ele encontrasse um
motivo para me despedir.

Mas de jeito nenhum eu daria a ele essa satisfação.

Não era como se eu tivesse que enfrentá-lo; era que ele teria
que me enfrentar e a percepção de que eu conquistaria esse
trabalho sozinha. Eu subiria na hierarquia e continuaria
apresentando minhas idéias, até que ele fosse forçado a reconhecer
que obtive sucesso em sua empresa por conta própria.

Pelo menos até eu me casar.

Meu estômago afundou, e o orgulho borbulhante se acalmou.


Eu tinha pelo menos um ano, tentei raciocinar. Eu teria tempo
antes que esse casamento decolasse. Nem tínhamos anunciado
um noivado. Eu levaria cada segundo para me sobressair.

Minha determinação veio em ondas, dividida pela dúvida, e eu


precisava esmagá-la. Procurando na minha bolsa, agarrei meu
telefone, puxando-o e abrindo meu chat em grupo com Rae e Nova.

Eu: 911. Quem está na cidade?

Nova: Desculpe, querida. Estou na Carolina do Norte.

Uma foto de seu cabelo ruivo balançando ao vento com as


montanhas atrás dela apareceu.

Raelynn: Estou em Londres.

Eu: O quê? Quando você foi lá? Por quê?

Raelynn: Quando surge uma oportunidade, você a aproveita.

Sua mensagem foi rapidamente seguida pelas costas


musculosas de um homem até uma bunda perfeitamente firme,
mal coberta com os lençóis da cama.

Nova: Sua foto é muito melhor do que a minha.

Eu: FOCO!! Eu preciso de um FaceTime de emergência

Raelynn: O que foi?

Nova: Você está bem??

Raelynn: Eu preciso matar alguém?


Eu: Estou bem... fisicamente. Não posso mergulhar nisso
agora. Só preciso saber que vocês estão me esperando quando eu
sair do trabalho.

Nova: Sempre. Eu estava planejando uma parada hoje à noite


de qualquer maneira.

Raelynn: Vocês duas são minhas prioridades. Eu estou


sempre aqui. E eu vou estar acordada de qualquer maneira. ;)

Saber que seria capaz de falar com minhas melhores amigas


esta noite fez minha frequência cardíaca desacelerar para um
galope rápido sobre um trem de carga apressado. Não é o melhor,
mas eu aceitaria.

Eu só não tinha certeza de como diabos eu iria sobreviver nas


próximas horas. Eu considerei fingir estar doente, mas
rapidamente rejeitei essa ideia. Era tudo de que precisava para
Nicholas pensar que estava fugindo. Ele provavelmente presumiria
que eu estava planejando um novo plano para assumir o controle
de sua empresa.

— Ei, pessoal, — disse Debra, uma das executivas da equipe


de marketing, me livrando de minhas aflições — é aquela época do
mês para fazer o trabalho pesado. Projetos antigos precisam ser
retirados e arquivados. Além disso, a pesquisa para novos painéis
de visão precisa ser organizada e montada. Eu sei que é muito
trabalhoso, e tentamos fazer rodízio, mas se alguém pudesse se
voluntariar para que eu não preci...

— Eu farei isso, — quase gritei, pulando da cadeira e jogando


minha mão no ar. Posso muito bem ter reencenado a cena de Jogos
Vorazes; eu fui tão dramática. Eu tirei muitos olhares de lado dos
meus colegas de trabalho, mas o trabalho pesado era feito dois
andares abaixo, e ninguém ia lá a menos que fosse necessário. Era
a fuga perfeita para passar o dia.

— Obrigada, Verana — Disse Debra lentamente,


provavelmente recuperando o juízo depois que quase me joguei em
cima dela.

Antes que pudesse segui-la, lembrei-me da ordem humilhante


de Nicholas.

— Eu só preciso falar com Angie e vou descer.

Posso ter que passar minhas ideias para outra pessoa, mas
todos naquela reunião sabiam de quem elas vieram e eu
continuaria aparecendo com mais. Nicholas não conseguiu me
bloquear completamente. Eventualmente, alguém solicitaria
minha presença em uma equipe por causa do que eu trouxe para
a mesa. A consistência sempre venceu.

No momento em que entrei em minha casa, poderia ter


desmaiado. O trabalho não foi difícil, mas a batalha mental que eu
travava contra mim mesma cobrou seu preço.

Larguei minha bolsa e me arrastei para a cozinha, abrindo


uma garrafa de vinho. Não me incomodei em esperar por um copo.
Eu a levei aos meus lábios e deixei o sabor rico da baga explodir
na minha boca. Tomei três goles sólidos antes de finalmente pegar
um copo e levar ambos para a minha sala de estar, onde configurei
meu computador para o meu tão necessário FaceTime.
Eles atenderam imediatamente. Nova tinha as montanhas
atrás dela vistas pelas portas abertas da sua van. Enquanto isso,
Raelynn estava sentada em uma cadeira enorme, a London Eye
brilhando no escuro através de suas janelas.

Elas não perderam tempo com saudações e conversa fiada, em


vez disso me pressionaram para contar o que me levou a convocar
esta reunião de emergência. Quanto mais eu explicava, mais os
olhos de Nova ficavam mais largos, e o sorriso de Raelynn crescia
até que ela estava quase quicando em sua cadeira e rindo.

— Oh. Meu. Deus, — ela praticamente gritou.

— Você fez o quê? — Nova gritou.

— Não se preocupe, Nova. Posso ligar para você na próxima


festa em que todos estivermos — brincou Raelynn. O rosto de Nova
se contraiu de desgosto e ela estremeceu.

— Gente. — Eu choraminguei, caindo de volta no sofá. — O


que diabos eu devo fazer? Eu sei que ainda quero trabalhar lá e
aparecer todos os dias, mas como eu vou conseguir?

- Continue, - Raelynn disse com um encolher de ombros como


se fosse tão fácil.

Eu me levantei do sofá, pegando a garrafa de vinho para


encher meu copo, parecendo uma mulher louca com pânico de
olhos arregalados. — Eu não posso continuar. Você está brincando
comigo? Olá? Camden?

— O que tem o Camden? — Rae zombou.

— Você nem está namorando ainda, — acrescentou Nova


suavemente.
— Ele foi realmente... meio fofo neste fim de semana. Minha
mãe disse que odiava meu pai quando se conheceram, mas eles
acabaram se apaixonando perdidamente. E se esse fim de semana
fosse o começo de Camden me mostrando um lado mais afetuoso?
E eu estraguei tudo? E se eu arruinar nosso futuro?

— Oooookay. Respire fundo, — Raelynn encorajou. — Você


não estragou nada. Especialmente porque você não deve a Camden
nenhuma explicação sobre nada.

— Ele vai ser meu marido e eu quero que isso funcione.


Sempre soube que esse era o meu futuro e o fim de semana
passado me mostrou um vislumbre de que meus pais estavam
certos e que isso poderia funcionar. Ele provavelmente é um bom
homem com toda sua bravata. Ele provavelmente está apenas
estabelecido em seus caminhos e precisa se ajustar para
compartilhar sua vida com alguém.

Os lábios de Nova franziram e seus olhos olharam para


qualquer lugar, menos para a tela.

— O que? — Eu perguntei. Ela era péssima em esconder seus


pensamentos.

— Nada.

— Oh, é definitivamente algo. — Raelynn disse. —


Provavelmente a mesma coisa que estou pensando.

— O quê? — Eu perguntei exasperado.

— Ele é... — Nova hesitou, olhando em volta como se as


palavras certas estivessem escritas nas paredes da van. — Eu
obviamente nunca o conheci, mas ele não parece muito bom.
Eu me endireitei, odiando que minha amiga não gostasse dele.
Eu entendi, mas queria que tudo funcionasse, mesmo que tivesse
que forçar. Eu abri minha boca para protestar quando Rae
interrompeu.

— Você sabe que nós apoiamos você, não importa o que


aconteça. E talvez ele mude para alguém melhor. Mas, por
enquanto, você não está namorando ninguém. Se você quer foder
seu chefe em todo o escritório, o dia todo, todos os dias. Você pode,
sem ter que responder a ninguém além si mesma.

Esvaziei meu copo na tentativa de cobrir minha boca seca.


Dormir com Nicholas não parecia horrível quando me lembrei de
nossa noite no pátio. No entanto, lembrar do nosso encontro
anterior parecia horrível. Meus lábios se torceram com a memória
de como ele falou rudemente comigo.

— Não importaria de qualquer maneira. Ele me acusou de


saber que era com ele que eu estava dormindo para conseguir uma
posição em um novo grande projeto do qual ele está encarregado.

— Que idiota, — disse Nova.

— Ugh. Homens. — Rae acrescentou ao mesmo tempo.

— E se... — eu comecei, com medo de expressar minha maior


preocupação. — E se ele descobrir porque eu estava realmente na
festa. Ele estava tão focado no fato de que era eu, que nem mesmo
considerou por que eu estava em um evento de caridade caro entre
a elite da navegação. Ele provavelmente me demitiria se soubesse
que menti sobre meu nome para conseguir este emprego.

— Não, — Raelynn disse, encolhendo os ombros. — Você ainda


é você. Você ainda conseguiu o emprego com suas próprias
credenciais incríveis. Você usou o nome de solteira da sua avó. Não
é como se você tivesse criado um pseudônimo totalmente novo que
nem se formou no ensino médio.

— Eu não sei.

— Você segue seu plano, — disse ela. Nova acenou com a


cabeça na tela ao lado dela, concordando com Rae. — Supere isso,
apareça todos os dias, conquistando aquele emprego, e trate-o
como se ele não existisse.

— Mate-o com bondade, — disse Nova. — Mostre a ele como


você arrasa sozinha.

— Ele não existe, e seu pênis não existe... mesmo sendo muito
grande. Quão grande de novo? — Rae perguntou, segurando suas
mãos separadas como se ela estivesse adivinhando o comprimento.

— Raelynn! — Nova repreendeu.

— Tem certeza que tem que parar de foder com ele? — Raelynn
perguntou, apenas parcialmente brincando.

— Oh meu Deus. — Eu disse, rindo dessa vez. — Sim. Temos


que parar.

Uma batida na porta desviou minha atenção da tela.

— Ok, pessoal. Eu tenho que ir. Alguém está batendo. Muito


obrigado por me acalmar e me ajudar a superar minha crise.

— A qualquer hora, — disse Nova.

— Mantenha-nos atualizados. — Raelynn pediu.

Nós nos despedimos e fechei meu laptop, indo em direção à


porta.
Fiquei um pouco chocada ao encontrar Camden do outro lado.
Abri e o encontrei em um terno azul marinho que provavelmente
usava para trabalhar naquele dia, sem gravata.

— Camden. Ei. O que você está fazendo aqui?

Ele passou por mim e virou à direita na sala de estar. — Estou


feliz que você esteja em casa.

Minhas sobrancelhas ergueram-se e eu olhei para os lados


como se outra pessoa estivesse olhando para trás com o mesmo
choque. Eu lentamente fechei a porta e encontrei-o parado no meio
da minha sala branca.

— Sim. — Eu disse desajeitadamente, não tenho certeza para


onde ir com isso. — Posso pegar algo para você beber?

— Só vou querer um pouco desse vinho. Obrigado. — Ele


encheu o copo vazio até a metade e bebeu, franzindo o nariz.

— Desculpe, não é uma boa garrafa.

— Sim, bem. Quando nos casarmos, terei que levá-la a um


vinhedo e ensiná-la sobre vinhos melhores.

Ignorei o tom arrogante e, em vez disso, optei por me


concentrar em como ele queria viajar juntos. — Estou ansiosa por
isso.

Ele terminou o vinho em três goles e pousou o copo antes de


enfiar a mão no bolso da camisa. Seu sorriso apareceu em seus
lábios lentamente, e os dois passos medidos mais perto fizeram
meus ombros puxarem para trás. Ele pegou um envelope branco e
algo sobre o brilho em seus olhos me avisou que eu deveria
simplesmente empurrá-lo de volta e dizer não, obrigado.
Em vez disso, puxei o pequeno retângulo de suas mãos e quase
não respirei, tentando o meu melhor para manter meu desconforto
escondido.

— Abra.

Com um gole, deslizei meu polegar sob a dobra e puxei a


cartolina creme grossa.

Minhas sobrancelhas franziram enquanto eu lia nossos nomes


no convite, confusa até que uma palavra chamou minha atenção.
Cada grama de sangue caiu sobre meus pés. Um zumbido
formigante começou na minha cabeça e se espalhou como gelo em
minhas veias.

— O que é isso? — Eu respirei a pergunta.

— Um convite para nossa festa de noivado, boba.

Festa de noivado.

Noivado. Festa.

Noivado.

Não importa quantas vezes eu li as palavras, elas não


mudaram.

— É em pouco mais de um mês.

— Eu queria fazer isso antes, mas o planejamento exigia mais


tempo.

Mais tempo? Este não era o tempo a mais que pensei que teria.
Eu pensei que tinha um ano. Achei que tinha pelo menos seis
meses. Eu pensei que tinha... mais.
A irritação fervilhava em minhas veias, esquentando o gelo que
me congelou. — Você nem falou comigo.

— Está de acordo com a nossa programação. Não havia


necessidade de discutir isso.

— Não. — Eu disse, deixando cair o cartão ao meu lado e


puxando meus ombros para trás. — Combina com a sua
programação. Você nunca me perguntou sobre a minha.

Ele riu suavemente. — Você não tem uma programação. Você


não trabalha e falei com seu pai sobre qualquer instituição de
caridade em que você possa estar trabalhando, e não havia nada.
Talvez você tenha brincado com suas amiguinhas, mas isso pode
ser mudado. Sua programação é minha programação.

— Eu não sou uma criança. — Eu grunhi. — Sou uma adulta


que precisa ser consultada sobre coisas como essa.

Seu sorriso mudou, tornando-se mau. A cada passo que dava


mais perto, mais sinos de alerta tocavam. — A única coisa que você
é, é minha futura esposa. E como minha esposa, espero sua
atenção em mim.

Ele ficou a menos de um pé de distância. Fiquei impotente


contra sua mão atirando em meu cabelo e me puxando contra seu
corpo, segurando meu rosto contra o dele. Eu engasguei com a
picada afiada e odiei a onda de medo que inundou meu corpo. Eu
nunca fui tratada tão rudemente ou com raiva, e o brilho escuro
em seus olhos me apavorou.

— Você vai ser uma boa esposa, certo?

Apesar do medo inundando meu corpo, eu não queria recuar.


Talvez se eu lutasse suavemente, ele veria. Ele entenderia que tipo
de casamento poderíamos ter. Eu abriria o precedente e oraria
para que ele me seguisse. — Você não me possui. — Eu disse
suavemente. — Serei a melhor esposa de um bom homem. É um
compromisso.

Ele correu o nariz pela minha bochecha e apertou meu cabelo


com mais força. — Errado. Eu serei seu dono.

— Você está me machucando.

Ele afrouxou o aperto ligeiramente e acariciou minha


bochecha com o polegar. Um pouco do pânico diminuiu e eu
esperava que fosse apenas um momento de perda de controle. Um
que não aconteceria novamente. Quando ele se inclinou para um
beijo, eu virei minha bochecha. Eu não pude. Era muito cedo, e ele
me assustou muito. Ainda tínhamos muito o que discutir e
trabalhar. Eu não pude beijá-lo. Precisávamos conversar primeiro.

Eu abri minha boca para que ele soubesse que precisávamos


nos sentar e conversar primeiro quando as palavras morreram na
minha garganta por causa de um suspiro engasgado. As costas de
seus dedos roçaram meu seio, virando-se para beliscar meu
mamilo.

— Camden. — Eu grunhi, tentando me afastar.

Por sua vez, ele espalmou meu peito. — Tão inocente. Uma
virgem, eu me pergunto?

Eu não poderia tê-lo refutado se quisesse. Tudo dentro de mim


se retraiu para um canto enquanto sua mão se movia pelo meu
corpo.

— De qualquer forma, vou deixá-la até nossa noite de núpcias.


Corre. Dê uma joelhada nas bolas e dê um soco na garganta e
corra. As vozes de Nova e Raelynn soaram na minha cabeça, mas
eu não conseguia me mover.

Sua mão escorregou entre minhas coxas e me agarrou com


força. — Mas eu planejo reivindicar essa boceta jovem e apertada
assim que a tinta secar. Quando e onde eu quiser. — Ele se
inclinou e mordeu o lóbulo macio da minha orelha. — Quer você
queira ou não.

Com isso, ele me puxou para ele novamente e pressionou seus


lábios nos meus como se estivesse tentando me marcar. Eu
mantive meus lábios presos e fechei os olhos com força.

Ele deu um passo para trás e quase desmaiei quando ele me


soltou. Mudando seu pau em suas calças, ele lambeu os lábios e
me olhou de cima a baixo. — Sim, você será a noiva perfeita.

Consegui ficar de pé até a porta se fechar atrás dele. Assim


que ele saiu, corri para trancar a porta e caí de joelhos, ofegante.

O que diabos aconteceu? Como eu deixei isso acontecer?

Lágrimas queimaram meus olhos, e bati meu punho contra a


porta em frustração.

Esse não era o homem que meus pais disseram que queriam
para o meu futuro. Esse não era um homem que mudaria e se
comprometeria com uma esposa.

Aquilo foi um monstro.

Ele deve ter sido o homem charmoso da festa de gala para meu
pai. De jeito nenhum meu pai sabia quem era o verdadeiro Camden
e esperava que eu me casasse com ele. Ele sempre quis o que era
melhor para mim. Ele e minha mãe prometeram.

Ele não poderia saber.

Bem, ele iria descobrir.

Com as pernas trêmulas, peguei minha bolsa e chamei um


carro.

Já era hora de acabar com isso de uma vez por todas.


Vera

Quando cheguei à casa de meu pai, minhas pernas não


estavam menos bambas. Mas minha espinha endureceu no
caminho, adrenalina do ataque misturada com uma justiça
ardente. Eu colocaria um fim nisso. Eu contaria a meu pai sobre
Camden ser um monstro em pele de cordeiro, e ele encerraria
nosso acordo.

Eu invadi o foyer, batendo a porta com tanta força que as flores


na mesa redonda balançaram no meio da entrada. Uma
empregada de olhos arregalados apareceu na esquina, mas não
parei para explicar. Em vez disso, pisando forte pelo corredor até
o escritório, onde meu pai passava a maioria das noites.

Eu poderia ter rido do jeito que ele quase escorregou para fora
da porta de seu escritório, seus óculos empoleirados acima de
olhos chocados, uma pilha de papéis agarrada em seu punho. Eu
poderia, se este dia já não tivesse minado todo o humor de mim.

— Verana?

— Eu não posso casar com ele. Eu não posso.

Ele piscou algumas vezes com a minha explosão, me olhando


de cima a baixo. Eu não tinha me olhado no espelho antes de sair,
e só podia imaginar como era minha aparência. A lágrima rastreia
minhas bochechas, meu cabelo emaranhado e uma bagunça de
onde Camden rudemente enfiou o punho nele. Minhas roupas
enrugaram de onde eu momentaneamente desabei no chão. Meus
olhos enlouquecidos de determinação selvagem.

— O que? — ele perguntou quando sua mandíbula finalmente


se fechou, seus olhos ainda preocupados. — Bambina, o que
aconteceu?

Ouvi-lo me chamar pelo apelido que minha mãe sempre me


chamava, quase me fez cair em seus braços, implorando-lhe para
melhorar tudo, como eu fazia quando era pequena. Mas o nojo de
como cheguei aqui me manteve firme, decidido a parar com isso.

— Camden. — Eu zombei de seu nome, jogando meus braços


largos. — Eu não posso casar com ele. Sei que você e mamãe
tiveram um bom casamento e sei que isso pode levar algum tempo.
Eu sei que você acha que escolheu um bom homem para mim, mas
papai, ele não é um bom homem.

Mordi meu lábio para conter o tremor que minha explosão


causou.

Ele engoliu em seco e me olhou de cima a baixo, como se


estivesse hesitante sobre suas próximas palavras. — Ele vai cuidar
de você, Verana, — disse ele, mas faltou convicção.

— Não. Você não está me ouvindo, — eu implorei. — Ele me


ameaçou.

A mandíbula de Papa cerrou-se e os papéis se enrugaram sob


seu aperto cada vez maior. Meu pai me amava, mesmo que tivesse
lutado para demonstrar isso depois que minha mãe morreu. Ele
nunca toleraria ninguém me tratando mal.
Todo o seu corpo se expandiu e cresceu no homem que me
salvou dos meus pesadelos. E então desinflou como eu nunca
tinha visto antes. A dor estampada em seu rosto, a tristeza em
seus olhos escuros familiares me fez prender a respiração. Esperei
ansiosamente que ele se enfurecesse e ficasse do meu lado. Esperei
que ele dissesse raivosamente como éramos Marianos e não fomos
desrespeitados.

Mas isso nunca aconteceu.

Em vez disso, uma veneziana fechou em qualquer emoção


familiar, e ele balançou a cabeça, agitando os papéis como se
estivesse tentando espantar uma mosca irritante. — Isso é um
absurdo.

Ele não acreditou em mim? Algo estava errado e eu queria


perguntar a ele para onde foi a preocupação, mas minhas emoções
estavam altas demais. Eu tive que fazê-lo me ouvir. — Não é. Eu
não estou inventando. E-Ele me ameaçou com... deveres como
esposa. Coisas horríveis. — Eu não conseguia nem repetir o que
Camden prometeu fazer.

Meu pai se ergueu alto e firme, desta vez, perdendo todo o


cavaleiro de armadura brilhante e deixando uma estátua que não
reconheci. Seu rosto estava carrancudo, mas determinado.
Alarmes soaram que não era determinação para me ajudar.

— Então seja uma boa esposa e faça-os, — disse ele, elevando


a voz.

— O que? — Eu tropecei para trás, suas palavras me atingindo


como um golpe físico. — Não. Eu não posso.

— Não é tudo sobre você, Verana. — Qualquer que fosse a


calma que ele segurou estalou, e seus lábios se curvaram em
frustração, seus punhos apertados ao seu lado. — Todos nós
devemos fazer sacrifícios. Agora, eu terminei com esta discussão.

Meu queixo caiu com sua explosão, em sua total disposição de


deixar isso continuar. Eu era sua filha, sua garotinha, sua
bambina. O que diabos estava acontecendo?

Eu o observei se virar e ir embora, minha visão embaçada


como se tudo fosse um sonho. Certamente, isso tinha que ser o
que tudo era. Certamente, o homem se afastando de mim no meu
momento de necessidade não era real.

— Não. — Eu disse, trazendo sua forma recuada de volta para


mim. — Não, não vou. Eu não vou fazer isso. — Eu balancei minha
cabeça e mal me segurei para não bater o pé como uma criança.
Se ele podia ser outra pessoa, eu também poderia.

Ele se virou com os olhos estreitos e se aproximou como um


leão encurralando sua presa. Pela primeira vez na vida, me afastei
de meu pai. Ele tratou minha mãe e eu como a realeza; raramente
levantando a voz, muito menos sendo ameaçador.

— Não me faça ser esse homem com você, Verana. Não me faça
ser mau.

— Então não faça. Por favor, papai, — implorei, estendendo


minhas mãos para o pai amoroso que eu sabia que estava lá. —
Certamente, você não pode querer isso para mim. Mama—

— Não está aqui. — Ele interrompeu, sua mão cortando o ar


antes de cavar o dedo em seu peito. — Eu estou, e estou ordenando
que você se case com Camden.

Seu rosto ficou vermelho de raiva, e eu sabia que o homem a


quem pedi ajuda não estava diante de mim. Meu peito se contraiu
com o pânico pôr o ter reconhecido. Este era um estranho e nunca
me senti mais sozinha ao perceber que ele não se importava, que
eu estava presa. Meus olhos olharam para a esquerda e para a
direita em torno de sua forma raivosa, procurando uma maneira
de sair dessa. Procurando alguém para aparecer e me dizer que
era tudo uma piada - para meu pai rir e me puxar para seus braços
e se desculpar por me assustar.

Mas era só eu.

— Por que você está fazendo isso? — Algo devia estar errado.
Alguma coisa o estava forçando a ser este homem comigo.

Ele engoliu em seco, mas segurou com força o escudo que me


bloqueava. — Porque é isso que deve ser feito pela empresa, e esse
é o seu trabalho.

— Eu posso casar com outra pessoa. Tem que haver um


equilíbrio entre o que é bom para a empresa e o que é bom para
mim. Não tem que ser assim.

— Não existe, porque Camden é quem eu decidi ser o mais


adequado, e você vai se casar com ele.

Fechei os olhos e me lembrei da carranca no rosto de Camden


quando ele prometeu me possuir. Lembrei-me da maneira como
seu punho cravou no meu cabelo, a maneira como ele me tocou
sem minha permissão.

Nunca respondi de verdade com meu pai. Eu nunca tive que


ir além de algumas discussões mesquinhas. Eu era a boa garota.
A filha obediente que nunca reclamava do futuro se propôs para
mim, mesmo que não fosse o que eu queria.
Mas isso era porque ele sempre esteve no meu canto, atrás de
mim.

Puxando meus ombros para trás, fiquei ereta. Eu não podia


me dar ao luxo de ser a boa garota que nunca respondeu agora.
Ninguém mais estava no meu canto, exceto eu.

— E se eu não fizer? — Eu perguntei, minha voz forte, mas


baixa.

— Então eu vou cortar você, — ele gaguejou, atrapalhado por


um momento com a minha resposta.

— Bem. Eu não preciso de você, de qualquer maneira. —


Enquanto ele ficou chocado com o desenrolar dos acontecimentos,
fiquei mais ereta - mais confiante. — Prefiro ser pobre do que
forçada a um casamento com aquele monstro. Vou embora e
nunca mais olharei para trás.

Ele se recompôs rapidamente com o meu desafio. Seus olhos


já escuros ficaram mais escuros, mas eu vi a indecisão que
espreitava nas profundezas. Hesitei por um momento, pensando
que talvez isso sugerisse que meu pai ainda estava lá, não aquele
estranho.

Eu estava errado.

— Verana... — ele mal disse meu nome e deu os dois últimos


passos até que olhou para mim, todos os sinais de um pai se foram.
— Não há nenhum lugar para onde você possa ir que eu não vá te
encontrar e te arrastar de volta, chutando e gritando. Você vai se
casar com Camden.
Eu tinha ouvido falar desse lado dele. O tubarão do mundo
dos negócios. O homem que conquistou tudo e subiu ao topo,
mesmo quando isso significava ser duro. Mas nunca comigo.

Por quê? Por que isso estava acontecendo?

Sentir a perda de seu apoio tirou mais fôlego das minhas velas
do que qualquer outra coisa. Incapaz de detê-los, as lágrimas
queimaram a parte de trás dos meus olhos e escorregaram.

Por um momento, Papa amoleceu. Ele passou a mão pelo


cabelo grisalho e suspirou. — Talvez eu possa falar com ele. Talvez
se você o fizer feliz, ele permitirá que você trabalhe e você possa
fazer parte da empresa.

Ele permitiria? Como se fosse um privilégio trabalhar na


empresa para a qual fui qualificada para trabalhar? A empresa que
tinha meu nome de família no prédio.

Não foi isso que foi prometido. Não foi isso que foi explicado na
hora de dormir. Isso não acabaria com a gente dançando na
cozinha um dia. Isso era me vender por qualquer coisa, e em
qualquer lugar na esperança de que ele talvez me permitisse
alguma decência básica.

Meu pai finalmente amoleceu, o desafiador perigoso de um


momento atrás desaparecendo para revelar aquele que eu estava
procurando. Mas era tarde demais.

Permitir.

Permitir.

Permitir.
Cada vez que eu pensava na palavra, o fogo crescia dentro de
mim. Ela explodiu como uma bomba, aquecendo cada centímetro
até que eu tivesse certeza de que iria entrar em combustão.

— Foda-se ele. — Eu rosnei, inclinando-me para que ele


pudesse sentir a raiva saindo de mim. — E foda-se você também.
Mamãe teria vergonha de você.

Eu ouvi o tapa antes de ser registrado. Soou no corredor, o


preâmbulo perfeito para a ardência das costas de sua mão em
minha bochecha.

A dor não ficou apenas na minha bochecha. Afundou em meu


peito e apertou com tanta força que tive certeza de que pararia de
respirar. Cobri o ponto quente e olhei para o homem diante de
mim. Talvez ele fosse um monstro como Camden, vestindo roupas
de cordeiro também.

Seu peito trabalhou horas extras; sua mandíbula cerrou mais


forte do que suas mãos. Mas seus olhos giraram com sua própria
batalha. Raiva, arrependimento, tristeza, frustração. Eu vi tudo, e
nada disso importava. Nós dois fomos longe demais.

— Saia. — Ele ordenou.

Ainda segurando minha bochecha quente, tropecei de volta


pelo caminho que vim, não parando até que passei pela porta.

Lágrimas nublaram minha visão enquanto eu caia no banco


de trás do carro.

— A loja de bebidas, por favor. — Eu engasguei. Eu não tinha


álcool suficiente em minha casa para voltar. Eu não tinha certeza
se havia álcool suficiente nesta cidade para ajudar nesta noite.
Abri meu telefone e toquei na mensagem de grupo com
Raelynn e Nova, mas não conseguia encontrar as palavras para
explicar a noite. Então, eu tranquei meu telefone e coloquei na
minha bolsa. Eu falaria com elas eventualmente, mas tudo estava
muito cru esta noite. Eu mal conseguia processar isso sozinha.

Corri para a loja de bebidas e vi as garrafas de champanhe.


Não tinha sido o que eu queria, mas vê-los me lembrou da última
vez que me senti livre, a última vez que me considerei no controle
do meu futuro.

A última vez que senti prazer.

Com Nicholas.

A realização me atingiu como um maremoto. Eu não teria a


chance de continuar trabalhando na Rush e provar a ele quão
valiosa eu era. Com minha festa de noivado em um mês, o gato
estaria fora da bolsa. Meu nome seria revelado quando Camden,
sem dúvida, gritasse dos telhados e obtivesse o máximo de
publicidade possível. Eu teria que parar antes mesmo de começar.

Pegando duas garrafas de champanhe, decidi morder a bala e


desistir antes de ser forçado a sair e revelar como a mentirosa que
Nicholas me acusou de ser.

Pelo menos eu poderia fazer isso sem os olhos vigilantes do


escritório.

Já era tarde, mas minha credencial deve funcionar. Se não,


então não era para ser, e eu marcharia amanhã, na frente de todos,
e desistiria, deixando minha cabeça baixa. A imagem de embalar
minha mesa com os olhos de todos em mim fez minha pele
arrepiar.
Por favor, deixe minha credencial funcionar.

Levantei a primeira garrafa aos lábios e agarrei a outra como


se ela fosse me salvar antes de tomar minha posição final para a
noite.

Talvez minha postura final de sempre.

— Rush Shipping Industries, por favor.


Nico

Para cada hora em que me atrasei esta manhã, passei duas


trabalhando depois.

E, no entanto, eu ainda tinha uma montanha de e-mails para


ler e arquivos para examinar. Talvez porque durante todo o dia
minha mente continuou se voltando para Verana.

Agora que eu realmente sabia que ela era a Vixen do fim de


semana, isso assumiu um significado totalmente novo. Qualquer
pensamento de encontrar a mulher e esperar que ela apagasse
Verana da minha mente desapareceu, e tudo que eu vi foi ela. Eu
a vi na minha cama. Eu a vi tirar a máscara enquanto caia de
joelhos. Eu a vi em meu escritório, sobre minha mesa.

Porra.

Era uma coisa para imaginar e outra coisa para saber. Agora
minhas fantasias vinham com um sentimento que estava gravado
tão profundamente na minha memória que eu sabia que estaria
comigo no dia da minha morte. Seu calor, sua pele macia, seus
gemidos vibrando em seu pescoço contra meus lábios, suas mãos
agarradas a mim.

Como diabos eu deveria sobreviver dia após dia sabendo de


tudo isso?
Suas palavras de despedida que ela sugeriu que eu esquecesse
como ela faria, me deixaram grato e querendo provar que ela estava
errada. Aquela noite foi tudo menos esquecível, e meu orgulho
masculino ergueu a cabeça, exigindo uma repetição.

O toque do meu telefone me tirou dos meus pensamentos.

O nome do meu advogado particular, Archer, apareceu na tela


e eu me esforcei para atender. Sua única função era trabalhar para
me ajudar a completar minha vingança, a derrubada da Mariano
Shipping. O fato de seu pai ter perdido o emprego quando Lorenzo
desmantelou nossa empresa familiar aumentou sua determinação
de alcançar um objetivo comum.

— Archer, — respondi.

— Nicholas, — ele respondeu, e só pelo meu nome, eu sabia


que ele não tinha boas notícias. — As ações subiram, mas a venda
fracassou.

— Filho da puta.

Essa tinha sido uma chance rara de obter um pedaço maior


de ações. Foi uma oportunidade que eu não esperava, e
estupidamente tive esperanças de que meus planos seriam
alcançados antes do planejado. Agora a linha de chegada se
estendia mais do que antes e, depois do dia, só aumentava a
exaustão.

— Vou ficar de olho neles para ver se alguma coisa muda.

— Obrigado.
E com isso, ele desligou, me deixando com minha decepção e
derrota. Cravei meus dedos em meus olhos, tentando aliviar a dor
de cabeça que eu não conseguia controlar.

O telefone tocou novamente, desta vez na linha do meu


escritório. Eu considerei não atender, não queria lidar com outra
tarefa hoje, mas continuei assim mesmo.

— Olá?

— Sr. Rush, desculpe incomodá-lo tão tarde, — disse Hank, o


segurança da recepção.

Olhei para o relógio, vendo que já passava das nove. Para onde
diabos o tempo foi?

— O que foi?

— A Srta. Barrone acabou de entrar e achei que você deveria


saber. Ela uhh... tomou uma garrafa de champanhe. Ela tentou
esconder, mas não fez um bom trabalho, — ele explicou com uma
risada, como se achasse sua tentativa fofa.

— Você confiscou? Parou ela?

— Uhhh. — Ele hesitou. — Não, senhor. Ela parecia inofensiva


e tinha um cartão. Mas eu queria que você soubesse, já que é
muito tarde.

— Obrigado.

Desliguei e disparei da minha cadeira, correndo para a porta,


pronto para descontar minha frustração em alguém que não seja
eu.
Que diabos ela estava jogando? Ela estava encontrando outra
pessoa para um encontro romântico? Não na porra do meu
escritório. Era hora de pegá-la em flagrante em suas mentiras. Era
hora de ela confessar que era exatamente como eu pensava,
tentando cortejar seu caminho até o topo.

Apesar de saber que finalmente descobriria a verdade sobre


ela, diminuí. Percebi que não queria estar certo.

Sentindo-me menos vitorioso do que pensava, fiz meu


caminho em direção à luz fraca que vinha dos cubículos. O barulho
suave e o arrastar de pés me deixaram saber que ela estava lá. Ela
estava com alguém em sua mesa?

— Que diabos está acontecendo aqui? — Eu rosnei.

Ela se levantou com um suspiro, seu cabelo castanho


balançando com o movimento espasmódico. A luz fraca não me
deixou vê-la bem, mas mesmo de longe, pude ver que ela parecia
em desordem. Seu cabelo estava mais desleixado do que nunca,
sua maquiagem borrada e sua camisa amassada com alguns
botões extras abertos. Uma mão bateu em seu peito como se eu a
tivesse assustado, mas ela se recuperou rapidamente.

— Oh, olá. — Sua saudação suave foi rapidamente seguida por


uma risadinha.

Uma risadinha de merda.

Que diabos?

Virei a esquina, pronto para descobrir quem ela estava com


ela, apenas para encontrá-la sozinha com uma caixa que continha
seus míseros pertences.
Minhas sobrancelhas franziram. — Você está... juntando suas
coisas?

— Sim. — Ela disse, completamente impenitente. Ela ergueu


a garrafa de champanhe com a outra mão e tomou um gole,
voltando-se para a mesa. Com a mesma rapidez, ela se virou por
cima do ombro. — A propósito, eu peço demissão.

Como se não tivesse jogado uma bomba, ela voltou a organizar


os papéis em uma pasta e colocá-los na caixa.

— O que? Você está bêbada?

— Claro que estou. Quer um pouco? — Ela me ofereceu a


garrafa e meu lábio se curvou em desgosto.

Isso é... Cooks?2 Eu levantei meu nariz para o champanhe da


prateleira inferior. Balançando a cabeça e empurrando a garrafa
como se estivesse doente, concentrei-me em obter algumas
respostas. — Srta. Barrone, o que diabos está acontecendo aqui?

— Eu desisto. — Ela disse novamente. Ela se virou e encostou-


se na mesa, baixando os olhos para o dedão do pé e deslizando
pelo chão. — Achei que deveria juntar minhas coisas sem uma
audiência. Não que eu tenha muito com esses dois meses de
liberdade.

Ela zombou da palavra liberdade como se fosse uma piada


para ela. Seu cabelo caiu sobre seu rosto, deixando apenas uma
visão de seus lábios torcidos em escárnio. O que diabos aconteceu

2
Cooks: Marca barata de champagne.
entre agora e nosso encontro? Ela lidou com o conhecimento que
era eu na festa muito melhor antes. O que mudou?

Vê-la derrotada, a contragosto, amenizou minhas acusações


contra ela, isso e encontrá-la sozinha. Se eu tivesse que admitir,
talvez ela fosse uma boa trabalhadora. E talvez eu não quisesse
que ela desistisse, especialmente por causa do que aconteceu.

— Olha, Verana. — Suspirei, passando minha mão pelo


cabelo. — Você não precisa parar por causa de mais cedo.

Seus ombros tremeram e eu congelei, me preparando para


lágrimas que eu não esperava. Fiquei parado como uma casa com
faróis até que ela olhou para cima e percebi que ela estava rindo.

— Ah não. Não é por sua causa. — Ela disse isso como se fosse
a coisa mais louca que eu já disse a ela, e minha irritação rugiu de
volta. — Meu futuro marido não me deixa trabalhar. Então, com
meu noivado iminente, sobre o qual eu não tinha nenhuma palavra
a dizer, eu achei que deveria desistir agora.

Tive que fechar os olhos para tentar processar a riqueza de


informações que ela anunciou. Mas uma palavra veio à minha
mente: Noivado.

Se eu pensava que estava com raiva antes, não chegava perto


da raiva de pensar nela com outra pessoa.

— Você estava saindo com alguém quando dormimos juntos?

— Não. — Ela balançou a cabeça com força, seu cabelo


balançando para frente e para trás. Mas então ela deu de ombros
e inclinou a cabeça. — Bem, não realmente. É meio arranjado.

— Isso é bárbaro.
— Eu sei, certo? Mas é o que é. — Sua energia caiu e seu
humor desapareceu, seus ombros caindo em derrota. — Achei que
ia ficar tudo bem, como o casamento dos meus pais. Eu pensei que
daria certo. Pelo menos até ele aparecer e ser um idiota gigante.

Ela empurrou o cabelo para trás e finalmente olhou


diretamente para mim pela primeira vez. Ficando tão perto, eu
podia ver uma descoloração vermelha em um lado de sua
bochecha, e a fúria acendeu dentro de mim. Avancei, como se
estivesse me preparando para a batalha. — Ele bateu em você? —
Eu perguntei, perigosamente suave.

Ela tocou a bochecha antes de soltar rapidamente a mão e


revirar os olhos. — Não que você se importe.

— Eu não tolero o abuso de mulheres.

— Bem, não foi ele. — Outro encolher de ombros como se ela


quisesse fingir que não era grande coisa, quando a realidade era
demais para suportar. — Meu pai não aceitou bem quando eu
disse que não me casaria com Camden. Ele ficou ainda pior
quando joguei a decepção da minha mãe morta na cara dele.

Outra enxurrada de informações, e me atrapalhei para


processar tudo. Mas sua luta para esconder sua dor empurrou
tudo isso de lado.

— Verana...

— Meu futuro marido me ameaçou, e meu pai ainda quer que


eu me case com ele. Parece normal para o dia.

Finalmente, a primeira lágrima caiu, apenas para ser


rapidamente enxugada. Em vez de congelar como antes, uma
beliscada forte perfurou meu peito e tive que me forçar a ficar
parado, apesar de querer confortá-la.

— O que você quer dizer com ameaçou?

— Nada. — Ela tomou outro gole de seu champanhe e o jogou


na mesa com um baque alto, voltando a empacotar seus pertences.
— A propósito. — Ela disse por cima do ombro. — Meu verdadeiro
sobrenome é Mariano. Usei o nome de solteira da minha avó para
conseguir o emprego já que meu pai me proibiu de trabalhar, sabe,
por causa do futuro noivado e tudo mais. Ele disse que me
colocaria na lista negra, então usei o nome de solteira da minha
avó.

Felizmente, ela estava de costas para mim, perdendo a


informação que me atingia com tanta força que tropecei alguns
passos para trás.

Mariano.

Santa merda. Porra. Merda.

Puta merda.

Ela era Verana Mariano.

Filha de Lorenzo Mariano.

Sob meu nariz o tempo todo.

De tudo que veio derramando hoje à noite neste pequeno


cubículo, isso quase me fez cair de joelhos. Ela estava escondendo
algo, certo. Ela tinha mentido o tempo todo. Só não estava
procurando no lugar certo. Não admira que ela soubesse tanto
sobre frete. Ela cresceu nisso.
Minha mente girava com pensamentos e ideias como uma tela
de computador com janelas abrindo e fechando enquanto eu
considerava e rejeitava ideias. Perder as ações fatoradas em cada
uma delas, e a esperança que havia desaparecido antes lentamente
voltou. Uma ideia despertou meu interesse, mas eu precisava de
mais informações antes de encerrá-la.

— Então, deixe-me ver se entendi, — eu disse na voz mais forte


que pude formar em torno do meu choque. — Seu pai quer que
você se case com Camden Conti, seu novo CFO. E você não quer.
E você usou um nome falso—

— O nome da minha avó. Não é falso.

— Você usou um nome que não é legalmente seu para poder


encontrar um emprego no setor de transporte marítimo sem que
Lorenzo a bloqueasse?

Ela parou, mas não se virou. — Sim. Resume tudo. Sorte


minha.

— Porque aqui?

Com isso, ela se virou e me deu toda a força de seus olhos


escuros e lábios delicados. — A K. Rush Shipping é menos
conhecida. Apareceu recentemente na vanguarda da indústria e
adquiriu empresas para crescer, como o Pacman, — disse ela com
uma risadinha — mesmo adicionando os movimentos de
investigação, antes de pensar em continuar. — Você está prestes
a ser enorme e eu queria fazer parte disso. Além disso, você teve
muito pouca interação com a Mariano Shipping, então, presumi,
que seria menos provável que você me reconhecesse.

Meu peito inchou de orgulho com sua análise da minha


empresa. Ela não tinha ideia de toda a história da empresa. Ela
não sabia o que o K significava. Eu trabalhei muito para esconder
isso à vista de todos. Mas o futuro que ela traçou era verdade e
tudo por minha causa.

Eu a observei, a energia gigantesca e frenética de antes se foi,


deixando uma garota cansada em seu lugar. A derrota agarrou-se
a ela, e ela o usava desconfortavelmente. Eu não a culpo. Desde
que a conhecia, Verana Bar ...Mariano, usava sua força como uma
armadura. Ela se erguia com as costas retas como uma vareta,
como se desafiasse alguém a duvidar dela. Suas pérolas, cardigãs
e sorrisos doces representavam uma mulher gentil, seguindo as
regras, mas de alguma forma, comigo, eu vi a determinação
impetuosa por baixo. Ela até podia seguir as regras, mas ela não
queria.

A ideia anterior se expandiu com as informações adicionadas.


Ela mudou e cresceu como uma bola de neve descendo uma colina,
ganhando ritmo, correndo para uma resposta. Era um risco sem
nenhum fato por trás disso, mas a maioria das elites distribuía
ações para membros de suas famílias. Certamente, Verana
também tinha.

Antes que eu pudesse pensar sobre isso e pesar totalmente os


prós e contras, meus lábios se separaram e deixei escapar.

— Case comigo.

A cabeça dela jogou para trás. — O quê?

— Case comigo. Se você se casar comigo, você não pode se


casar com Camden. — Eu praticamente zombei de seu nome. Ela
parecia estar apenas descobrindo o idiota que ele era, mas eu
sempre soube.

— Eu ... eu não posso. Meu pai-


— Não pode machucar você sob meus cuidados. — Eu
interrompi, ousando estender a mão e correr meu dedo ao longo
de sua bochecha avermelhada. A eletricidade desceu pelo meu
braço e lutei para permanecer imóvel.

— Nico, — ela respirou o apelido que apenas meus pais me


chamavam, e prazer misturado com o choque criou uma mistura
perigosa que eu empurrei de lado. Agora não era a hora. Eu deixei
cair minha mão e coloquei ambas nos bolsos para não repetir o
processo.

— Escute, Verana. Deixe a caixa. Vá para casa e pense nisso.


Tire folga amanhã. Então venha a minha casa amanhã à noite para
jantar, e podemos discutir mais o assunto. Foi um longo dia, e esta
não é uma discussão para ter depois de uma garrafa de
champanhe.

— Duas. — Ela murmurou.

Minhas sobrancelhas se ergueram. Duas garrafas em seu


corpo minúsculo? Jesus... ela se lembraria disso amanhã?
Ignorando isso por enquanto, eu continuei.

— Vamos. Eu sei que parece loucura, mas apenas... pense


nisso e prometa que podemos conversar. — Lutei para manter meu
tom neutro e não implorar para que ela aceitasse a ideia maluca.

Deus, foi tão louco. Mas era uma loucura com uma chance de
vitória, para repor a oportunidade que acabei de perder. E não
tinha chegado tão longe sem aproveitar todas as oportunidades
que tive.

— Ummm... — Ela balançou a cabeça, fechando os olhos, e


aproveitei a chance para empurrar a caixa para o canto. Não
querendo assustá-la, eu gentilmente descansei minha mão em seu
quadril e a guiei para longe do cubículo.

Ela me deixou levá-la até o elevador e ficou em silêncio,


esperando a chegada do elevador. Eu olhei em sua direção,
observando-a estudar o chão como se tivesse a resposta para a
minha pergunta. Seus lábios se franziram e suas sobrancelhas se
franziram. Eu a estudei como ela fazia com as linhas na madeira,
e eu gostaria de saber o que se passava naquela cabeça dela.

As portas se abriram e ela entrou. Antes que pudessem fechar,


ela finalmente falou: — Mas você me odeia.

Talvez fosse a esperança de que ela não se lembrasse de todo


o álcool ou da honestidade crua que se espalhou ao nosso redor
esta noite, mas minha língua se soltou e minha admissão escapou.
— Eu não te odeio. Longe disso. Posso até admirá-la um pouco.

No momento final, antes que as portas se fechassem, seus


lábios se curvaram em um sorriso tímido.

Com ela fora, a realidade do que eu acabei de oferecer rugiu


ao meu redor.

Meu sangue bombeou mais forte, a adrenalina inundando


minhas veias. Eu pedi Verana Mariano em casamento. Ela não
disse não. A filha do meu inimigo esteve sob meu teto o tempo todo,
como um presente que eu ainda não tinha encontrado.

De todas as emoções e dúvidas girando em torno de mim, a


excitação me atingiu com mais força.

Só não sabia se era porque tinha um ás na manga para


derrubar meu oponente ou se era porque meu às era ela.
Vera

Desconhecido: vou pedir a um motorista para buscá-la às


6h30.

Eu: Quem é?

Desconhecido: Nicholas Rush

Eu: Como você conseguiu meu número? Ou meu endereço?

Nicholas Rush: Está em seu arquivo.

Nicholas Rush: Ou você mentiu sobre isso também?

Eu: Não.

Nicholas Rush: Ótimo. Até logo.

Ele não perguntou se eu ainda queria ir ou se tinha planos.


Ele comandou.

Surpreendentemente, depois das últimas vinte e quatro horas,


não me importei.
Eu pensei o dia todo. Eu tropecei em casa ontem à noite e
desmaiei, sua oferta mal tocando o álcool. No entanto, quando
acordei esta manhã, ela me bateu de volta como outro tapa
doloroso no rosto.

Junto com a vergonha, o constrangimento, a raiva e todo um


furacão de emoções.

Eu pensei em ligar para o escritório e dizer a ele que de jeito


nenhum eu consideraria sua oferta, mas eu sempre parava,
sabendo que era uma mentira.

Como Camden me tratou, deixou sua marca. Embora eu possa


ter bebido até meu rosto formigar, eu verifiquei minhas fechaduras
duas vezes e deslizei uma cadeira na frente da porta do meu quarto
para o caso. E meu pai. Eu nem sabia por onde começar. Algo que
eu não podia ver estava por trás de tudo isso, mas eu sabia que
existia - como uma sombra ameaçadora. Fosse o que fosse, não
me importei em descobrir. Eu não queria fazer parte disso. Eu fui
a ele para obter ajuda e ele me machucou. Meu próprio pai. Meu
papai.

Não há nenhum lugar que você possa ir que eu não vá encontrar


e arrastar você de volta, chutando e gritando.

Suas palavras tocavam em uma repetição constante, me


impedindo de fazer a mala e correr. Todas as minhas portas se
fecharam quando tentei abri-las.

Então, tão rápido quanto disquei o número do escritório, eu o


coloquei de lado e voltei a andar no meu apartamento.

Eu também o peguei para ligar para Nova e Raelynn apenas


para jogar meu telefone em uma gaveta e ir embora. Elas teriam
perguntas para as quais eu não tinha respostas, e eu tinha o
suficiente para ocupar minha mente sem que outras pessoas
participassem. Decidi esperar.

Então, quando seu pedido veio sem questionamento, eu quase


fiquei aliviada por ter a decisão tirada de mim. Além disso, eu
sempre poderia ir embora.

O motorista foi profissional e cordial na viagem, bom o


suficiente para não comentar sobre minhas mãos retorcidas e meu
pé batendo.

Sabendo que Nicholas não passava todo o tempo em Nova


York, fiquei chocado ao estacionar em um prédio chique nos
limites do Central Park.

Eu disse obrigado ao motorista e fiz meu caminho até as portas


de vidro, meu coração batendo a um milhão de milhas por minuto.
Tão rápido quanto meu coração disparou, minhas pernas
desaceleraram.

Isso foi estúpido. Eu deveria chamar um táxi e correr.

Ele provavelmente só queria que eu viesse para que ele


pudesse me despedir em particular. Ele queria que eu soubesse
que sentia muito, mas a noite passada tinha sido um erro e ele
queria me decepcionar suavemente.

Porque foi um erro, certo?

Eu balancei minha cabeça no meio da calçada, sem me


importar com os olhares que recebia dos transeuntes. Isso era uma
loucura.

Eu dei um passo para trás quando a memória das palavras


cruéis de Camden e o tapa áspero do meu pai me fez ficar parada.
Mesmo que a coisa toda explodisse na minha cara e eu fosse
embora sem emprego, ainda decidida a me casar com Camden, eu
tinha que pelo menos tentar. Eu tinha que saber que pelo menos
tinha ouvido todas as minhas opções.

Com meu queixo erguido, atravessei as portas de vidro para o


saguão requintado. O porteiro me mandou para o último andar, é
claro. As portas se abriram para um pequeno saguão com uma
porta atrás de uma mesa redonda com flores. O saguão parecia
uma ilusão para o homem que eu conhecia que residia atrás da
porta. Os cremes suaves e as luzes quentes e suaves esconderam
o homem frio que morava aqui.

Deixando para trás, bati na porta e prendi a respiração,


esperando.

A porta se abriu para uma versão de Nicholas que eu nunca


tinha visto. Ele ainda usava as calças e a camisa do trabalho, mas
estava descalço no chão de madeira cinza suave, sem gravata e
com os botões superiores abertos, revelando um punhado de
cabelo escuro.

Eu já tinha achado o cabelo do peito tão sexy?

De repente, minhas calças pretas justas e minha camisa


branca engomada gritaram vestida demais.

— Verana. Bem-vinda, — ele disse quando eu fiquei lá mesmo


depois que ele deu um passo para trás.

Eu engoli e entrei em ação, dando os passos finais sobre a


soleira, deixando a ilusão para trás.

— Vera. Você pode me chamar de Vera.


— Vera, então. Combina com você.

— Obrigada.

Ele pegou minha bolsa e colocou-a de lado na mesa da entrada


antes de me levar mais para dentro do apartamento.
Surpreendentemente, embora as cores não fossem quentes, não
tinha o frio que eu esperava. O sofá cinza implorava para ser
preenchido com seus travesseiros fofos e manta. Eu queria
escorregar para fora dos meus sapatos e cavar meus dedos dos pés
no tapete creme que designava a sala de estar no espaço aberto.

Tudo isso dizia conforto, mesmo que parecesse impessoal.

Para piorar, o sol se pondo sobre o Central Park tornava todo


o resto quase irrelevante.

— Bela vista.

— Não é uma visão ruim. Eu ofereceria de comer na varanda,


mas choveu mais cedo, e a umidade está tornando o calor do verão
quase insuportável.

— Claro.

— A vista da sala de jantar não é ruim, no entanto.

A parede de vidro se estendia por toda a extensão da sala


aberta, abrangendo a sala de estar, a sala de jantar e a cozinha
moderna.

Eu o segui até a longa mesa de madeira. — Você tem muitos


convidados?

— Não.
— Oh. É apenas uma grande mesa.

— Eu não escolhi muito disso. Eu tinha uma palavra a dizer


no quarto, no escritório e na sala de estar, já que passo a maior
parte do tempo lá. Caso contrário, deixei para o designer.

— Oh.

Tão eloquente, eu me repreendi, lutando para não revirar os


olhos.

— Vinho?

Minha dor de cabeça persistente quase me fez dizer não, mas


meus ombros tensos e meus nervos formigando me fizeram
balançar a cabeça.

O jantar derreteu na minha língua. De longe, um dos melhores


risotos que já comi.

— Isso é fenomenal.

— Obrigado. Minha avó adorava cozinhar e garantiu que eu


conhecesse todas as suas receitas.

— Você fez isso? — Quase cuspi minha comida.

— Sou um homem adulto na casa dos trinta. Eu sei como me


alimentar.

— Eu meio que presumi que você mandou fazer.

— Sim, na maior parte, mas é principalmente por


conveniência. Não tenho tempo para cozinhar como quero.
— Bem, obrigada por isso. É realmente incrível. Minha mãe
fazia um risoto incrível, mas ela nunca me ensinou.

— Talvez eu possa mostrar a você um dia.

Meus olhos se ergueram para os dele do outro lado da mesa,


o primeiro indício de nossa conversa se estabelecendo entre nós.
Seus lábios carnudos deslizaram através de seu garfo, e sua
mandíbula afiada flexionou sob a espessa barba que ele usava tão
bem.

Com o pôr do sol atrás dele, seus olhos escuros não tinham
nenhum dos reflexos de avelã que eu tinha visto antes. Eles
pareciam tão profundos que eu poderia me perder neles se fosse
longe demais.

Baixei meu olhar de volta para o meu prato, tentando ignorar


a onda quente em meu peito. Ele pode ter ficado relaxado, mas nos
encontramos em seu território. Eu precisava tratar isso como uma
reunião de negócios em território inimigo. Se o último dia me
ensinou alguma coisa, foi que eu precisava me manter sozinha. Eu
precisava abandonar os contos de fadas e esperar que tudo desse
certo.

A conversa morreu rapidamente depois de seu comentário.


Evitei contato visual, e quanto mais a refeição se arrastava, mais
preocupada ficava se ele realmente diria que cometeu um erro e
me despedisse. Talvez eu tenha lido seu comentário errado.

Do canto dos meus olhos, eu o observei colocar calmamente o


guardanapo no prato e se recostar na cadeira. Eu não tive que
olhar para cima para saber que seus olhos estavam em mim. Eu
os senti, como um toque ardente, como um sussurro me incitando
a olhar para cima e enfrentar a verdade.
Merda. Ele ia me despedir. Por que ele não me deixou sair na
noite passada?

Prendi a respiração, mas quando os pontos dançaram na


frente dos meus olhos, deixei tudo correr para fora e me sentei,
erguendo o queixo, pronta para vencer a situação, não importa o
que acontecesse. — Olha, se você vai me despedir, então faça isso.
Eu estava bêbada e você ficou chocado. Eu entendo se você mudar
de ideia. Você não precisa suavizar o golpe com jantar e vinho.

Seus lábios se inclinaram suavemente como se ele achasse


meu discurso divertido.

Quando ele ainda não disse nada, eu coloquei meu


guardanapo para baixo e esperei. — Bem?

— Eu não estou oferecendo jantar e bebida para suavizar um


golpe. Eu estava com fome e pensei que poderíamos comer antes
de falar sobre qualquer coisa muito séria.

— Ah...— De volta ao ser eloquente graduado da Wharton.


Impressionante. — Então, você ainda quer o casamento que você
ofereceu?

— Sim.

Nossos olhos se encontraram como se esperassem que o outro


piscasse primeiro. No final, era eu porque uma pergunta queimou
que eu não conseguia descobrir em tudo isso.

— Por quê? Obviamente, eu saio de um casamento com um


monstro. Mas, de novo... — Eu hesitei, considerando algo pela
primeira vez. — E se eu estiver apenas pulando da frigideira para
o fogo, me alinhando com outro monstro?
— Eu garanto a você, eu não sou. Camden é... — O músculo
em sua mandíbula pulsou enquanto ele avaliava suas palavras
antes de falar. — Menos que palatável neste mundo.

Eu zombei. — Sim. Então, de volta à minha pergunta. O que


você ganha?

Sua língua deslizou pelos lábios e fiquei atordoada com a


simples ação. — Por um lado, eu não gosto de Camden. Posso
admitir que tirar você dele tem seu próprio apelo. — Ele encolheu
os ombros, sem remorso. Mas então ele se sentou mais ereto e
passou a mão pelo cabelo como se essa fosse a razão mais simples.
Sensação de formigamento fez cócegas na minha espinha e pensei
que talvez ele tirou mais proveito disso do que estava admitindo.
No entanto, rapidamente desapareceu quando ele deu de ombros
novamente, seus ombros suavizando. — Além disso, é conveniente.
Meu avô está doente e é minha única família viva. Seria bom para
ele me ver com alguém, ele já pediu isso o suficiente. Eu quero
fazê-lo feliz.

— Sinto muito por ouvir isso.

— Obrigado.

— Ainda parece que não é razão suficiente para casar com


alguém. — Eu disse lentamente. Eu não queria dissuadi-lo, mas
não conseguia acreditar que alguém como Nico se casaria com
uma mulher pela bondade de seu coração.

Ele mexeu a mandíbula para frente e para trás, respirando


fundo. — Há muitos eventos, e ter uma esposa ao meu lado me faz
parecer mais estável.

— E não há outra mulher com quem você pudesse se oferecer


para se casar para estar ao seu lado?
Ele sorriu, olhando para baixo, para onde girava sua taça de
vinho na base. — Tenho certeza que sim, mas ter alguém que
entende do negócio adiciona um ponto para você.

— Sorte minha.

— Além disso, como você sabe, essa indústria pode ser


pequena, apesar de ser tão grande. Posso admitir que ter um
Mariano como minha esposa abriria K. Rush para muito mais
oportunidades.

— Justo.

A conversa diminuiu novamente e entramos em outro


concurso de pseudo-olhares. Novamente, eu cedi primeiro.

Eu poderia ter vencido, mas quanto mais eu olhava, mais calor


inundava minhas veias, e eu não queria enfrentar a maneira como
ele me fazia sentir. Ele era meu chefe, o idiota que duvidou de mim
o tempo todo. Aquele que questionou minha moral e ética de
trabalho. Aquele que tentou tirar minhas ideias de mim.

— Então o que vem depois?

Ele se levantou e foi até a ilha da cozinha, puxando uma pilha


de papéis. — Eu tenho um contrato feito. Uma espécie de acordo
pré-nupcial.

— OK. Isso é bom. — As regras eram boas. Isso nos manteria


na linha. Deixava claro onde estávamos.

— Ficaremos casados por pelo menos cinco anos. Se for


conveniente ficarmos juntos por mais tempo ao final de cinco anos,
podemos discutir isso então. Se em qualquer momento dos cinco
anos você se sentir insegura, você pode sair.
— Obrigada. — Eu disse suavemente.

Ele acenou com a cabeça e continuou. — Nesse tempo,


nenhuma criança será trazida para a situação. Quando terminar,
iremos embora com os bens que trouxemos para o casamento. Se
adquirirmos alguma coisa juntos nesses cinco anos, faremos o
nosso melhor para dividir igualmente.

— Isso tudo parece justo.

— Uma última coisa. Nós dois permaneceremos fiéis um ao


outro. Não haverá casos, sossegados ou não.

Eu zombei, dando a ele meu olhar mais duvidoso quando tudo


o que ele fez foi levantar uma sobrancelha arrogante. Nicholas
exalava sexo. Não querendo tocar naquele assunto com uma vara
de três metros, voltei a examinar outras partes do contrato. — O
que é isso? O casamento precisa ser consumado? — Eu gritei.
Meus olhos dispararam, esperando que ele elaborasse, porque
certamente não significava o que eu pensava.

— Quero que esse casamento seja verdadeiro em todos os


sentidos da palavra. Podemos estar entrando nisso por causa da
conveniência para nós dois, mas quero que sejamos parceiros. São
cinco anos de nossas vidas com um compromisso um com o outro
- um compromisso que só será solidificado se ambos estivermos...
satisfeitos. Você será minha esposa.

— Você não me possui. — Eu disse, mas as palavras saíram


fracas. Algo sobre ele me chamar de esposa me atingiu com mais
força do que qualquer outra coisa que tinha sido discutida. Isso
trouxe a realidade quebrando minha bolha fina, mascarando isso
com um verniz de negócios. O que mais me deixou sem fôlego foi o
quanto gostei de ouvi-lo dizer isso.
— Eu nunca disse que era seu dono. Suas escolhas são suas.
Você está livre para trabalhar e continuar com sua vida
normalmente - apenas comigo como seu marido.

— Eu ...eu não estou dormindo com você. Você não pode


legalmente colocar isso em um contrato. — Poderia?

Ele seria Camden e pensaria que tinha direito a mim como e


quando quisesse?

Nicholas sorriu, o olhar disparou direto para o meu núcleo,


fazendo de mim uma mentirosa. — Novamente, eu preciso te
lembrar. Você parecia ter gostado da última vez. Por que não fazer
de novo?

— Eu não sabia que era você.

Por que minha voz não estava funcionando como eu queria?


Por que estava tão sem fôlego?

— Bem, não tenha medo. Eu não vou forçar você.

Ele ficou. Seus ombros largos e corpo duro elevaram-se sobre


mim enquanto ele se aproximava, as palavras uma fachada para
um leão se divertindo com sua presa.

No momento em que ele chegou ao meu lado, meu peito


acelerou, arfando por causa da minha respiração ofegante. Um
braço apoiado na mesa e o outro nas costas da minha cadeira. Ele
me prendeu, inclinando-se em meu espaço pessoal. Tudo parou
quando ele arrastou o nariz ao longo da minha bochecha até a
minha orelha.

— Diga-me, Vera. Você vai me beijar no dia do nosso


casamento? Ou apenas vai oferecer sua bochecha?
Abri a boca, sem saber o que sairia, quando ele deu um beijo
rápido na minha bochecha e recuou, pegando os pratos com ele.

Eu olhei para suas costas recuando, odiando o quanto ele me


afetou. Seu sorriso estúpido não deixou dúvidas de que ele
também sabia. Peguei os outros pratos e os trouxe para a ilha,
deslizando-os até a pia, mal conseguindo colocá-los na mesa
suavemente e não os quebrar a seus pés.

— Eu quero um casamento de verdade, — disse ele sem


levantar os olhos da louça.

— Por quê?

Ele parou por um momento antes de responder facilmente. —


Aparências.

Isso fazia sentido. Especialmente se ele esperava que se casar


com uma Mariano lhe trouxesse mais reconhecimento, um grande
evento só aumentaria isso.

— Visto que estamos indo contra alguma oposição, devemos


apressar o processo. Estou pensando em um mês ou assim. Vou
entrar em contato com alguém e fazer tudo acontecer de acordo
com nosso cronograma. O dinheiro não é um problema.

Eu caí de costas contra um dos bancos da ilha. Ele falava


sobre tudo tão facilmente como se fosse um negócio fechado. Ele
não parecia estar lutando com nada disso, enquanto meu corpo se
contorcia com indecisão e calor.

Ele falava como se planejar um casamento em Nova York em


um mês fosse tão simples quanto comer alguma coisa.
Pela primeira vez, realmente considerei a riqueza de Nicholas.
Entre seu apartamento e ser capaz de pagar o que fosse
necessário, talvez sua empresa tivesse mais sucesso do que eu
pensava inicialmente. Talvez fosse mais do que uma empresa à
beira do sucesso. Olhando para trás, para a vista do Central Park,
eu diria muito mais.

— Então? Você aceita?

Ele descansou as mãos no balcão, juntando os ombros fortes


sob a camisa, a abertura mudando para me dar uma visão melhor
de seu peito.

— Nunca pensei que meu casamento de conto de fadas seria


discutido com um contrato em cima de uma ilha de granito.

— É mármore.

— Claro que é. — eu murmurei.

— Se você espera por um conto de fadas, nunca será feliz.


Posso não ser o príncipe encantado que você imaginou, mas estou
aqui oferecendo o que você precisa.

Meus olhos dispararam de onde cobiçavam seu peito para


encontrar os dele, o sol poente trazendo à tona os tons de verde.

— O que você acabou de dizer? — Eu perguntei, quase um


sussurro.

O sangue correu pelos meus ouvidos, misturando-se com a


memória da coisa favorita da minha mãe para dizer quando eu
assistia todas as princesas da Disney.
Se você esperar por um conto de fadas, mia bambina, nunca
encontrará a felicidade. Às vezes, o Príncipe Encantado é tudo de
que você precisa quando você não sabia que precisava.

— Só estou dizendo que pode não ser perfeito, mas você pode
fazer o que precisar. No mínimo, mais um passo para o futuro —
disse ele, encolhendo os ombros. — Então, o que vai ser, Verana?
Você quer se casar comigo?

Eu não acreditava em sinais, mas se alguma vez acreditei,


tinha que ser isso.

Eu agarrei o contrato e o coloquei no balcão entre nós,


riscando a parte sobre consumar o casamento. — Sim. Estou
dentro.

Ele apenas sorriu com meu ato de desafio, como se não


precisasse de um contrato para fazer isso acontecer.

— Boa. Teremos uma festa de noivado no próximo fim de


semana.

— O que? — Eu suspirei.

— Isso não funciona para você? Se você tiver outras


obrigações, podemos reagendar. Eu só tenho que reformular o
contrato com suas... correções, então estaremos prontos para ir.

Para meu completo horror, o fogo queimou minha garganta até


meus olhos, e eu rapidamente desviei o olhar para escondê-lo. Ele
realmente quis dizer isso. Ele realmente queria minha opinião
sobre nosso noivado. E depois do que aconteceu com Camden e
meu pai, e nos últimos meses em geral, foi o mais valorizada que
eu me sentia há algum tempo.
Engolindo minhas emoções de volta, levantei minha cabeça
com um sorriso. — Sim, parece bom.

— Boa. Agora, deixe-me mostrar o apartamento. Você pode se


mudar assim que nos casarmos.

— Mas e a minha casa?

— Você é a dona?

— Sim.

— Quero dizer, em seu nome. Não do seu pai.

— Oh. Não. Ele comprou.

— Estou assumindo que ele não ficará feliz por eu morar lá


com você. Além disso, prefiro morar em um beco do que dentro de
qualquer coisa do Lorenzo. Além disso, fica perto do escritório.

O escárnio em seu tom me fez pensar se havia um motivo


maior para ele não gostar de meu pai, além de seu abuso e
associação com Camden, mas ele se virou, começando a turnê
antes que eu pudesse pensar mais sobre isso.

— Bom ponto. — Eu murmurei, olhando em volta, outra


explosão de realidade sobre como minha vida mudaria dentro de
um mês. O sofá cinza confortável seria meu. O pôr do sol sobre o
Central Park seria minha visão todas as noites. A cozinha elegante
do apartamento chique no bairro caro seria minha.

— E a sua casa em Charleston?

— Obviamente terei de mantê-la para quando viajar para


aquele escritório. Mas Nova York tomou mais do meu tempo nos
últimos anos, então não é uma grande mudança torná-la minha
base nos próximos cinco anos. Quando as coisas se acalmarem,
vou levá-la a Charleston para lhe mostrar os arredores.

— Eu nunca estive lá.

— É uma cidade linda.

— Você será feliz aqui? Em tempo integral?

Ele olhou por cima do ombro, diminuindo o ritmo. — Acho que


vou.

Eu não pude deixar de pensar que ele quis dizer comigo. Ele
pensou que ficaria feliz comigo. A ideia era maluca. Nós mal nos
conhecíamos - quase não gostávamos um do outro. Na verdade,
não. Eu diria que nos toleramos. Mesmo assim, do jeito que ele
olhou para mim agora, não pude deixar de torcer para que nosso
futuro fosse o que mamãe descreveu.

Claro, ele eliminou tudo isso abrindo a boca enquanto se


virava para liderar o caminho pelo corredor. — A propósito, não se
atrase para o trabalho amanhã. Só porque posso cuidar de você,
não significa que o farei.

— Claro. — Eu murmurei, cedendo ao revirar os olhos.


Nico

Reunião após reunião me manteve ocupado durante toda a


manhã. Pelo menos essa foi a desculpa que criei. Eu participava
de reuniões e incentivava outras, então não tinha motivo para
deixar meu escritório.

Recostando-me na cadeira, coloquei a minúscula caixa preta


na minha mesa, abrindo e fechando-a, uma pitada de ansiedade e
dúvida atingindo meu peito a cada brilho do diamante oval de dois
quilates. Fiz uma viagem especial ao meu banco assim que a tinta
de nosso contrato secou.

Eu imaginei o ouro rosa contra a pele bronzeada de seu dedo.


Eu a imaginei em nada mais além do anel, uma marca de minha
propriedade, a única coisa contra sua carne macia.

A caixa se fechou com um clique um pouco mais forte desta


vez.

Eu precisava desligar esses sentimentos. Não menti quando


disse a Verana que queria um casamento de verdade, mas pode ter
sido a única coisa sobre a qual falei a verdade. Quando ela
perguntou o que eu ganhei por me casar com ela, eu criei um
motivo na hora. As duas coisas que listei eram verdadeiras, mas
não a verdadeira razão.
Na verdade, eu precisava fazer um telefonema para colocar um
dos motivos em ação.

— Archer. — Ele cumprimentou.

— Sou eu.

— Está feito?

— Estou enviando o arquivo agora. — Digitei seu e-mail e


enviei o contrato assinado.

— Se você não se importa que eu pergunte, como você


conseguiu que ela assinasse?

Eu ri. — Eu adicionei uma cláusula no contrato que sabia que


ela não concordaria, deixando-me para refazer uma cópia. Quando
fiz isso, acrescentei uma nova cláusula no final, enterrada no
jargão, afirmando que ela cederia suas ações para mim no dia do
nosso casamento. Era um risco, mas eu esperava que ela tivesse
examinado o assunto com um pente fino da primeira vez e apenas
olhando para a cláusula modificada quando eu o levei para ela
assinar novamente.

— Droga. Isso é corajoso. Você é um filho da puta sortudo.

— Estou começando a pensar que sou.

— E se ela descobrir e processar sua bunda por fraude?

— Acho que vou cruzar essa ponte se ela aparecer.

Ele grunhiu, mas deixou passar. — Vou precisar de cerca de


duas semanas assim que tiver as ações, se tudo correr conforme o
planejado no próximo mês, o que deve acontecer. Mas ela não pode
interferir. Se ela fosse lutar com você, isso poderia se prolongar o
suficiente para dar a Mariano uma chance de lutar.

— Eu vou inventar algo. Levá-la embora em lua de mel.

— Você já ouviu falar em telefones? — ele brincou.

— Meu amigo, Xander, é um gênio da tecnologia. Vou mandá-


lo arranjar algo para mantê-la fora de comunicação. Vou fazer isso
funcionar.

— Trabalhamos por muito tempo para isso. Espero que


funcione.

— Vai. — Eu disse antes de desligar.

Se eu dissesse com bastante convicção, o destino faria


acontecer. Não que eu acreditasse no destino. Você fez o seu
próprio, e eu estaria condenado se não traçasse o plano mais
seguro para que tudo se encaixasse.

Terminada a conversa, sentei-me e me perguntei o que ela


faria quando descobrisse a verdade, que ela desempenhou um
papel para mim, finalmente, desintegrando a empresa de sua
família sob meus pés? Não que isso importasse. Fizemos um
acordo. Ela será minha por cinco anos, e eu tinha que me lembrar
constantemente do porquê, quando o apelo de a ter precedeu meus
pensamentos de vingança.

Muitos fatores estavam em jogo, e eu precisava permanecer


focado no objetivo, precisava manter distância.

Tive que admitir que tê-la ao meu lado preenchia um buraco


que eu não sabia que existia, um vazio que nunca planejei
preencher, então nunca reconheci sua existência. Mas quando
imaginei Verana no meu braço em eventos, pensei em minha mãe
e minha avó e como elas tinham estado ao lado dos homens de
nossa família. Quando me imaginei, sempre fiquei sozinho. Agora,
eu tinha Verana, e isso despertou uma resposta emocional que eu
precisava desligar. Eu planejei mantê-la fisicamente perto o
suficiente para não correr, mas usar minha frieza e arrogância
anterior para colocar uma barreira em torno da possibilidade de
cair na armadilha de querê-la para mais do que sexo.

Nenhuma mulher havia me atraído para longe da minha


vingança, nem mesmo perto. Ela também não iria. Eu seria o idiota
de que ela me acusou, e se eu pudesse lentamente destruir sua
decisão de não me foder, então melhor ainda.

Não era só em mim que eu estava pensando. Eu tinha uma


empresa e meu avô. Uma das minhas reuniões esta manhã foi com
um cuidador em Nova York. Ele não ficaria feliz em deixar seu
oceano quente e hospitalidade sulista, mas eu não poderia tê-lo
tão longe também.

Eu faria funcionar.

Eu faria tudo isso funcionar.

Começando por torná-lo oficial.

Pegando a caixa da mesa, fui em direção a sua mesa.

Eu caminhei firme, com um propósito, atraindo a atenção de


outros funcionários.

Debra percebeu minha abordagem na área do cubículo


principal e saiu de seu escritório. — Sr. Rush, o que posso fazer
por você?
Com isso, Vera ergueu a cabeça e encontrou meus olhos. Algo
no meu rosto a assustou, e seus olhos se arregalaram enquanto
ela se afastava como se quisesse fugir.

— Estou bem, Debra, obrigada. Só estou aqui para falar com


a Vera.

— Srta. Barrone?

Eu ri baixinho, como se achasse fofa a correção dela ao nome


formal de Vera. — Sim, Srta. Barrone. Embora, não por muito
tempo, — eu murmurei, realmente aumentando o show.

Se eu pensei que ela parecia alarmada antes, não foi nada


comparado à maneira como seu corpo se contraiu e sua mandíbula
cerrou. O sorriso suave que dei a ela provavelmente disparou ainda
mais alarmes, considerando que principalmente nos encaramos.

Eu tranquei o olhar suave no lugar, adicionando adoração lá


também enquanto me aproximava de sua mesa.

— Vera, — comecei, me aproximando. Ela balançou a cabeça


apenas um pouquinho, e eu quase ri de seu desespero para fazer
minha atenção sobre ela no meio do escritório parar.

O andar inteiro foi absorvido quando nosso momento privado


foi percebido. Os telefones colocados no mudo, teclados silenciosos
com dedos congelados pairando sobre as letras, quase nenhum
sussurro ou respiração, todos no limite e prendendo a respiração.

— Senhor Rush, — ela sufocou, suas mãos agarrando seus


braços.

— Vera, — eu disse novamente, revelando a caixa preta do


meu bolso.
— Não. — Ela sussurrou tão baixinho que eu mal ouvi.

Ignorando isso, caí sobre um joelho, criando um eco de


suspiros em todo o escritório. — Desde que você começou aqui,
não consigo tirar os olhos de você. Tentamos manter o
profissionalismo, mas os sentimentos entre nós não podiam ser
interrompidos. Você é inteligente, linda e representa tudo que eu
quero na minha vida. — Abrindo a caixa, me parabenizei por ter
feito uma proposta bastante verdadeira. — Verana Ma... —
Tropecei no nome e decidi deixá-lo de lado para continuar com a
verdade. — Verana, quer casar comigo?

Mãos voaram para as bocas como uma espécie de comédia


romântica. Enquanto isso, Vera observava o anel na caixa como se
fosse explodir a qualquer minuto.

Os segundos se passaram e minhas mãos ficaram úmidas a


cada momento que tive que esperar para ouvi-la dizer sim. E se ela
mudasse de ideia? E se ela me fizesse de bobo na frente dos meus
próprios funcionários? Meus músculos se contraíram como um
saca-rolhas esperando sua resposta.

Apesar de saber o que ela eventualmente diria, eu suspirei,


meus músculos relaxando como gelatina quando ela finalmente
sussurrou: — Sim.

Os aplausos eclodiram e coloquei o anel em seu dedo delicado.


Eu tirei vantagem de sua distração com o anel e agarrei sua outra
mão, puxando-a de pé e direto em meus braços. Aproveitando a
sorte, me inclinei para um beijo, apenas para pegar o canto de sua
boca quando ela se virou no último minuto.

— Cuidado, Vera, — murmurei em seu ouvido. — Temos que


fazê-los acreditar.
Ela se afastou, a mão cobrindo o rosto como se um beijo com
o noivo fosse contra a sua modéstia. Quando ela olhou para cima,
a noiva sorridente com fogo em seus olhos, ela rangeu os dentes
cerrados, — Bem, querido, eles te conhecem, sabe como você pode
ser um idiota e quantas mulheres você fodeu. Ninguém me
culparia por não querer beijar você com medo de pegar uma
doença.

Eu soltei uma risada genuína. Eu mal podia esperar para fazê-


la comer essas palavras, junto com meu pau.

— Sr. Rush, eu não fazia ideia. Parabéns, — disse Debra


genuinamente. — Você também, Vera.

Todos correram para dar abraços e suas próprias palavras de


ânimo. Todos chamavam Verana de Vera e brincavam com ela
como amigos. Eu não tinha percebido o quanto ela havia se
tornado parte desta empresa até então. Eu estava tão focado no
que suas ações amigáveis secretamente significavam que eu perdi
o quão reais elas eram.

Pela primeira vez, a culpa picou na minha consciência, mas


eu a empurrei para longe. Eram negócios, e cada um de nós
ganhou algo com a transação. Ela provou mais de uma vez que
podia cuidar de si mesma, e ela lidaria com isso também.

— Se você me der licença, gostaria de comemorar com minha


noiva em particular. — Eu pronunciei as palavras com uma
piscadela ilícita, trazendo risos das mulheres.

— Nico, — Vera repreendeu, apenas aumentando nossa


familiaridade. Ela escorregava, usando o nome abreviado cada vez
mais, e eu gostei.
Dei de ombros descaradamente e puxei uma Vera atrás de
mim.

— Por que toda a torcida? — Ryan perguntou.

Eu levantei a mão dela. — Vera concordou em ser minha


esposa.

As sobrancelhas de Ryan se ergueram e seus olhos se


fecharam como se a informação fosse demais para processar. Com
um pequeno aceno de cabeça, ele finalmente os abriu, mas não
parecia menos chocado.

Dando a ele um olhar penetrante, eu cerrei, — Eu também


fiquei chocado. Como eu tive tanta sorte?

Se recompondo, ele ofereceu um sorriso a Vera. — Parabéns,


vocês dois.

— Obrigada, — disse ela.

— Por favor, segure minhas ligações. Minha noiva e eu


precisamos conversar.

Assim que a porta se fechou, Vera arrancou a mão da minha


e cruzou os braços, fazendo seus seios incharem sob a blusa. —
Que diabos está errado com você?

— Não vou esconder nosso casamento, Verana. É aqui que


ambos trabalhamos. Quanto tempo você achou que demoraria
para eles descobrirem? Além disso, você é minha e quero que todos
saibam disso, — acrescentei, dando a volta na minha mesa, dando
uma olhada pontiaguda para o anel.
Ela zombou e revirou os olhos para a pedra preciosa. — Onde
você conseguiu isso? Uma máquina de chicletes a caminho do
trabalho esta manhã?

— Era da minha mãe, que era da mãe dela. Peguei no banco


na manhã seguinte à assinatura do contrato.

Toda arrogância sumiu de seu rosto. — Oh.

Sentei-me na cadeira e mexi nos papéis, mas não vi nenhum


deles. Em vez disso, concentrei-me nela dando passos suaves para
as cadeiras em frente à minha mesa e graciosamente sentada na
beirada. Seu fogo de momentos atrás se foi, perdido em sua gafe.

Ela estudou o anel e o torceu para um lado e para o outro. —


É lindo. Obrigada.

Meu coração deu um salto, imaginando o que minha mãe diria


ao ver isso nela. Ela aprovaria?

Empurrando as emoções de lado, mudei de assunto. — Você


já disse ao seu pai?

— Não. Eu não o vi desde nosso último encontro.

— E Camden? — Eu perguntei, ainda sem olhar para cima,


mas sentindo a tensão do outro lado da mesa.

— Não. — Quando eu não falei, ela preencheu o silêncio, seus


nervos eram palpáveis em sua voz trêmula. — Estou um pouco
nervosa para enfrentar meu pai de novo, e parece um anúncio
muito grande por telefone.

— Eu irei com você.


— Não. Tudo bem, — ela riu inesperadamente, finalmente
puxando minha atenção. — Não há necessidade de colocá-lo no
meio disso.

— Eu vou encarar isso eventualmente como seu marido.


Enfrentaremos juntos.

Ela ficou séria, e uma suavidade que eu mal percebi entrou


em seu olhar. O calor borbulhou desconfortável em meu peito e eu
o afastei, olhando para o nada.

— Nós iremos depois do trabalho.

Ela endureceu novamente, de volta ao seu jeito teimoso e


irritado. Com um aceno de cabeça, ela saiu, levando todo calor com
ela.

Aproximando -me da casa de arenito real, me perguntei se era


o fim da linha para ficar incógnito. Lorenzo me reconheceria? Ele
veria meu pai e meu avô que ele tão cruelmente quase destruiu em
minhas feições e saberia? Ele me veria e levantaria sua guarda
mais alto do que eu poderia passar? Uma coisa seria eu mergulhar
para pegar sua filha, mas se ele soubesse que eu tinha o menor
desejo de fazer isso com sua empresa também, o jogo poderia
terminar antes que eu estivesse pronto.

Eu confiei em sua arrogância e na visão de minha empresa ser


muito pequena para ser ameaçadora. Mesmo se ele me
reconhecesse, ele não saberia o que eu estava atirando nele.
Ir com Vera era um risco, mas o leve tremor que ela tentava
esconder atrás de uma espinha dorsal me fazia querer estar ao seu
lado. Eu não poderia mandá-la para os lobos sozinha.
Principalmente depois do que aconteceu da última vez que se
falaram.

— Eu nunca desobedeci a meus pais, — ela admitiu baixinho,


olhando pela janela. — Eu empurro meus limites, mas nunca
desobedeci abertamente.

Eu soltei a maçaneta e me virei para encará-la.

— Você não precisaria se eles tivessem o seu melhor interesse


em mente.

Ela se virou, colocando todo o efeito de seus grandes olhos de


corça em mim, trazendo o calor de volta. — Achei que sim. Em um
milhão de anos, nunca pensei que estaria aqui, pronta para
enfrentar meu pai, minha mãe, e a tradição que temos há anos.
Talvez isso seja um erro. Talvez eu esteja transformando um
pequeno morro em uma montanha.

Passei meu polegar ao longo de sua bochecha, lembrando-a


sem palavras do abuso que seu pai fazia a ela. — Por um lado, não
é apenas seu pai. Ninguém deve ceder a um homem como Camden.
— Ela mordeu o lábio em indecisão, baixando o olhar. Erguendo
seu queixo bem alto, puxei a carne grossa de sua mordida e
arrastei meus dedos para frente e para trás, acalmando o ataque.
— Em segundo lugar, nunca se acovarde para a aprovação de
ninguém. Faça montanhas. Em seguida, esmague-os sob suas
próprias decisões. As tradições são o passado e o passado nunca
é mais importante do que o nosso futuro. Faça acontecer.

Acalmei o pânico dela porque estimulou o meu. Minha visão


do futuro mudou em alta velocidade quando ela entrou na minha
vida - eu não poderia deixá-la recuar agora. Mas uma parte de mim
também acalmou seu pânico só porque eu queria. Eu queria
infundi-la com força e vê-la se levantar por conta própria. Ela
merecia.

Um aceno suave, e então ela ergueu o queixo sozinha, não


precisando mais do meu apoio. Foi uma bela visão vê-la colocar a
armadura no lugar, puxar os ombros para trás e deslizar seu
manto de força ao redor dela.

Ela se sentou como uma rainha e esperou que eu abrisse a


porta. Deixando-me ajudá-la a sair do carro e guiá-la escada
acima, como um camponês ali por sua vontade. Foi demais.

Uma empregada nos deixou entrar e, quando Lorenzo dobrou


a esquina, a compostura de Verana sumiu, mas eu estava lá,
minha mão nas costas dela para lembrá-la de seu lugar.

— Verana, o que você está fazendo aqui? — Sua pergunta


sugeriu seus nervos e esperança. Este não era um homem
acostumado a se opor à filha, mas também era um homem que
precisava que ela obedecesse. Nenhum de nós sabia a razão por
trás disso, mas seja o que for, obviamente superou tudo o mais.

— Papai, vim apresentar você ao meu noivo.

Os olhos de Lorenzo se voltaram para os meus e se estreitaram


em suspeita. Esperei pelo lampejo de reconhecimento, mas ele
nunca veio. — Seu o quê? — ele gaguejou. — Você está noiva de
Camden. Não isto ... isto

— Nicholas Rush, — respondi.


Mais uma vez, esperei pelo reconhecimento, caso ele tivesse
feito sua pesquisa melhor do que eu presumi, mas, novamente, ele
nunca veio.

— Ele me pediu em casamento e eu disse que sim.

Pressionando por uma polidez que a situação não tinha,


estendi minha mão, odiando até mesmo fingir ser educado com o
homem que destruiu minha família. — Prazer em conhecê-lo, Sr.
Mariano.

Ele olhou para minha mão e voltou a subir. Em seguida, para


sua filha, depois de volta para mim, seu rosto ficando cada vez
mais vermelho.

— Verana Mariano, — Lorenzo praticamente resmungou,


puxando os ombros para trás como a filha. Pelo menos ele tentou.
Faltou a convicção da postura de Vera. Sua testa ficou úmida e
suas mãos se mexeram ao lado do corpo. Este era um homem
nervoso à beira de perder. — Venha aqui agora.

Vera deu um passo para mais perto do meu lado e deslizou a


mão pelo meu braço para unir seus dedos aos meus. O orgulho
cresceu, sendo o homem que ela procurava. Eu seria um mentiroso
se não admitisse que uma parte de mim temia que ela fosse para
o pai.

Usando a mão livre, ela enfiou a mão na bolsa e tirou um


envelope que eu dei a ela no caminho. Quando seu pai não o
agarrou, ela o colocou sobre a mesa redonda, segurando um
grande arranjo de flores, e depois voltou para o meu lado.

— Vim deixar o convite para a festa de noivado neste fim de


semana. Eu queria te dar a mesma cortesia que Camden me deu.
O rosto de seu pai ficou vermelho com o golpe. — Sua mãe-

— Não está aqui, como você disse da última vez que


conversamos.

Visivelmente tentando se recompor, o desespero deu lugar à


raiva, e ele olhou para ela, respirando fundo. Quando sua filha não
desmoronou sob sua ira, ele redirecionou sua direção para mim.
— Ela está noiva de outro homem.

— Não mais. — Respondi facilmente. — Ela vai ser minha


esposa. O Sr. Conti pode se opor diretamente a mim, mas não irá
a lugar nenhum perto da minha noiva.

Lorenzo passou a mão pelos cabelos e pela boca, dando três


passos para trás e voltando. — Como diabos isso aconteceu? Você
o conheceu na faculdade? Na merda da rua?

— Ela se inscreveu na minha empresa há alguns meses. Claro,


nós a contratamos com seu currículo impressionante. As coisas
progrediram a partir daí. — A cabeça de Vera se virou para mim
com o elogio sobre seu currículo, mas me recusei a tirar minha
atenção de seu pai, em vez disso ofereci outro aperto em sua mão.

— Que merda de empresa?

— K. Rush Shipping.

Mais uma vez, prendi a respiração, mas ele estava longe


demais para sequer se preocupar em colocar qualquer coisa junto.
Ele estreitou os olhos para a filha e deu um passo ameaçador para
mais perto. Eu odiei o jeito que ela se encolheu quando ele levantou
o dedo para apontar para ela.
— Nós conversamos sobre isso, Verana. — Ele rosnou, sua
mão tremendo de raiva. — Você tem obrigações com esta família.
Para nossa comunidade. Você conhece o seu lugar, e aqui está
você, parecendo surpresa, atacando sua própria carne e sangue.
Nós criamos você melhor.

Vera deu um passo à frente, mas não largou minha mão. —


Você fez muito que eu não concordo.

— Verana Mariano, juro por Deus, eu... vou tirar tudo de você.

— Pegue. — Ela rosnou. — Eu não preciso de nada de você.


Esta visita é uma cortesia. Não é uma oportunidade de intervir.

Pai e filha olharam fixamente até que eu gentilmente a puxei


de volta.

— Esperamos ver você neste fim de semana. — Eu disse


suavemente. — Para as aparências, no mínimo.

Lorenzo permaneceu colado ao local, o queixo teimosamente


cerrado, enquanto saíamos. De alguma forma, consegui conter o
sorriso de vencer a primeira batalha da guerra. Abri a porta para
uma Vera ainda forte.

A vitória cresceu dentro de mim, e eu levei meu tempo dando


a volta no carro, deixando um pequeno sorriso escapar antes de
deslizar ao lado dela. No entanto, tudo parou quando a encontrei
lutando para apertar o cinto de segurança com as mãos trêmulas.
Eu gentilmente coloquei suas mãos de lado e deixei o cinto de
segurança deslizar para trás. Ela fungou, mas não olhou para cima
ou se afastou do meu toque enquanto eu a puxava pelo assento e
em meus braços.
O carro partiu e não dissemos nada. Ela enterrou a cabeça no
meu pescoço com os braços em volta dos ombros. Suas lágrimas
suaves terminaram muito antes de chegarmos a sua casa, mas ela
não se afastou nem uma vez.

Quando chegamos, ela se retirou cuidadosamente, agindo


como se os últimos quinze minutos nunca tivessem acontecido.

— Você precisa que eu te acompanhe?

Com a mão na maçaneta, ela olhou por cima do ombro com


um sorriso suave e olhos que não mostravam nada da turbulência
em que ela estivera momentos antes. A forte Verana estava de volta
em pérolas e cardigã, ainda mais atraente porque pude ver todas
as camadas por baixo.

— Estou bem, obrigada. Vejo você amanhã?

Apesar das mentiras em que nadei, deixei outra verdade


escapar. — Estou ansioso por isso.
Vera

Eu alegremente peguei o canto traseiro do elevador atrás da


multidão, tão ansiosa quanto eu para chegar em casa depois de
um longo dia.

Fazia dois dias desde o grande show de Nico, e eu estava


exausta. Sempre havia algum nível de escrutínio quando você
começava um trabalho, mas agora, todo mundo realmente assistia.
Eu odiei isso.

Seus olhares como o sol através de um microscópio, um


lembrete ardente para estar em meu melhor comportamento. Deus
me livre de demonstrar qualquer emoção além da felicidade,
porque eu tinha certeza de que isso iria espalhar o boato sobre o
que aconteceu nos bastidores entre o chefe e eu.

No entanto, quando um grupo de amigos se amontoou em uma


das paradas, minhas tentativas de conter o boato foram
infrutíferas.

— Ainda não consigo acreditar que ele vai se casar com alguém
da empresa, — sussurrou uma das garotas.

Era óbvio que eles estavam tentando manter a conversa


privada, mas quando você está espremido em um elevador com
outras sete pessoas, nada era privado. E comigo empurrado no
canto de trás, eles obviamente não reconheceram minha presença.

— Se eu soubesse que tinha uma chance, teria pressionado


por um emprego em seu andar.

A porta se abriu e um grande grupo saiu, deixando apenas


alguns de nós. Eu ainda permaneci despercebida enquanto os
outros dois estavam com fones de ouvido. A pseudo privacidade
aumentou sua honestidade, fazendo-me desejar um par de fones
de ouvido.

— Acho que é bastante óbvio como ela conseguiu um emprego


no andar dele.

— Não, — um tentou defender. — Ela é uma organizadora de


projetos. Todos eles trabalham em seu andar. Tenho certeza que é
isso.

— Existem organizadores de projetos em todos os lugares.

Eu revirei meus olhos. Eles não estavam em toda parte, e


apertei minha mandíbula com tanta força que meus molares
doeram.

— Ela provavelmente transou até chegar lá. Não posso culpá-


la também. Se eu soubesse que era uma opção, o deixaria fazer o
que quisesse.

Suas risadas percorreram meus nervos já em carne viva.

Seja legal. Seja legal. Seja legal.

— Honestamente, ela não é nem tão bonita. Quero dizer, seus


seios são meio pequenos, e o Sr. Rush parece um homem de seios.
As portas se abriram e aproveitei a chance de escapar desse
inferno. A cada passo em direção à liberdade, eu me lembrava de
manter minha cabeça erguida e ser a senhora que meus pais me
criaram para ser. Mas então meu telefone vibrou pela sétima vez
naquele dia com outra ligação de meu pai. Recusei a chamada,
mas era tarde demais. Como se a pequena vibração subisse pelo
meu braço e afrouxasse meu queixo, pensei foda-se e me virei. Bati
minha mão contra as portas que se fechavam e encontrei os olhos
de cada mulher, apreciando a maneira como eles se arregalaram
em choque.

— Eu garanto a você, eu não transei com ninguém para obter


um trabalho numa gondola, executando a planilha menos
importante, de um projeto também pouco importante.

Suas mandíbulas caíram e eu deixei minha mão cair. Antes


que as portas pudessem fechar completamente, meus lábios se
moveram novamente sem remorso.

— E meus seios são incríveis.

Uma vez que seus rostos chocados desapareceram, minha


energia também, e eu me inclinei para frente, respirando através
da torrente de adrenalina que me deixou exausto. Olhando para
cima, vi que havia descido no quinto andar. Não querendo arriscar
outro encontro no elevador, subi as escadas.

Por sorte, eu também não estava segura lá. A porta se fechou


atrás de mim quando uma voz profunda me cumprimentou dois
andares acima.

— Olá, futura esposa.

Revirando meus olhos, eu bufei uma respiração e o nivelei com


o olhar mais irritado que pude reunir. Raelynn ficaria orgulhosa.
— Não fique tão feliz em me ver.

Ainda no limite, balancei a cabeça e comecei a descer. Se eu


pudesse voltar para casa, ficaria bem. Uma garrafa de vinho, um
show de comédia, um bate-papo com as meninas e quem sabe um
banho curassem esse dia.

Nico perdeu minhas dicas e me seguiu, pressionando ainda


mais meus botões.

— Você me evita no trabalho e dá respostas curtas às minhas


mensagens, e agora está me ignorando completamente. Será este
o nosso casamento? Você planeja não falar comigo por cinco anos?

Suas perguntas bateram contra minhas costas levemente,


mas continham o fio da irritação. E eu não tinha espaço suficiente
para sua irritação em cima da minha.

Ele quase bateu nas minhas costas quando me virei no


patamar seguinte.

Uma sobrancelha arrogante ergueu-se lentamente com a


minha postura desafiadora, e ele parecia o alvo perfeito.

— Graças ao seu espetáculo no início desta semana, sou o


assunto do escritório. E não do jeito que eu quero ser. Fui para a
porcaria da Wharton e me formei com uma droga de quatro pontos,
mas será que dizem que consegui um emprego por causa disso?
Ooooh, não. Dizem que consegui o emprego por causa dos meus
seios nada impressionantes. — Ambas as sobrancelhas se
ergueram quando eu gritei essa palavra para ele. — Deus me livre
de você perceber o quão duro eu trabalho, e eu conseguir um papel
num projeto real porque ninguém vai acreditar que eu consegui
por minhas ideias e inteligência. Oh, não, eles vão assumir que eu
fodi com o chefe para ganhar essa posição.
Meu peito arfou ao final da minha declaração, e ele teve tempo
para me olhar de cima a baixo, passando um tempo extra no meu
peito.

— Se você conseguir uma promoção, será por causa do seu


trabalho, e não serei eu quem vai dar a você. Isso seria criticado
como nepotismo. As pessoas podem fofocar o quanto quiserem,
mas são apenas palavras. Palavras que vou encerrar, no entanto.
Não posso permitir que as pessoas espalhem boatos falsos sobre
minha empresa.

Sua resposta calma em face da minha ira me trouxe de volta


à terra. Eu respirei fundo e soltei o ar lentamente, me sentindo
mais como eu mesma do que a banshee de momentos antes.

— E garanto, Vera, seus seios são mais que suficientes. Um


punhado perfeito.

Ele deu ao meu peito um olhar apreciativo e eu engoli,


puxando meus ombros para trás para ficar ereta. Nem um pouco
para torná-los mais impressionantes. Ele foi gentil o suficiente
para apenas sorrir maliciosamente do que me chamar em meu
movimento.

— Obrigada.

— Você tem planos para esta noite? — ele perguntou como se


perguntasse sobre o tempo.

— Eu tenho que pegar meu vestido para a festa neste fim de


semana.

— Eu irei com você.

— Não, obrigada. Vou pegar um táxi e voltar para casa.


— Leve meu carro.

— Um táxi está bem.

— Absurdo. — Ele nem se incomodou em olhar para mim para


discutir. Ele puxou o telefone enquanto descia as escadas
novamente, deixando-me seguir atrás. Ele segurou a porta aberta
e apontou para o carro preto esperando na frente. — Tire uma foto
do vestido e envie para mim.

— Não. — Eu zombei. — E estou bem com um táxi.

Meu argumento caiu em ouvidos surdos enquanto ele me


guiava até o carro e abria a porta.

— Vou pegar um táxi. Agora entre.

Eu considerei discutir, mas o interior exuberante me chamava,


e depois do dia, a privacidade e o conforto eram bons demais para
deixar passar. — Bem. Mas não estou enviando uma foto, — eu
assegurei, entrando.

Antes de fechar a porta, ele piscou e sorriu. — Certo. OK.

Eu queria ficar irritada com sua arrogância, mas foi o mais


brincalhão que eu o vi desde o momento em que colidimos no
saguão. Eu não pude deixar de me encostar-se ao couro frio e
sorrir.

Felizmente, eu só tive que correr para pegar a roupa que


escolhi online e cheguei em casa mais cedo.

Minha chave deslizou na fechadura quando ouvi a primeira


gargalhada. Qualquer peso que eu carreguei pelo resto da tarde
caiu. Os planos de ficar sozinha em um banho quente
desapareceram quando abri a porta da frente e a bati com força
suficiente para anunciar minha presença.

— Bem, já estava na hora. — Rae chamou de seu lugar


esparramada no meu sofá.

Eu esperava por ela. Quem eu não esperava era a amiga ruiva


sentada de pernas cruzadas no chão em sua calça de veludo cotelê
extragrande e blusa curta, afirmando que gostava de fazer
caminhadas e tinha três pessoas.

— Nova! — Eu gritei, jogando minhas mãos para cima. — Você


está aqui.

— Sim. Esta é uma questão de convés, — Raelynn disse antes


de dirigir sua atenção para Nova e apontar sua taça de vinho para
mim. — Essa vadia me manda uma mensagem dizendo que está
noiva de alguém que não se chama Camden e depois diz que está
' muito ocupada'. Acho que não.

Aceitando meu destino, desabei no sofá com minhas malas e


bolsa ainda em meus braços.

— E chega dessa merda de palavra que você continua


respondendo. É hora de derramar.

— Como foi sua viagem, Nova?

Ela curvou os lábios para dentro para conter a risada, sabendo


que minha evasão apenas estimularia Rae mais.

— Nuh-uh. Acho que não. Não em minha casa.

— Esta não é sua casa. — Eu a lembrei com uma risada.


— Estamos na bolha da partilha de irmãs, que é a minha casa,
— afirmou ela com o queixo erguido, desafiando-me a contradizê-
la.

— O que há na bolsa? — Nova perguntou com uma risadinha.

Raelynn olhou para Nova. — Quer saber, vou deixar passar


porque adoro aquela loja e quero saber o que você comprou. Mas,
deixe-me saber, eu não aprecio vocês duas vadias se unindo contra
mim.

Nós duas rimos, e Raelynn nos deu um olhar arrogante que foi
arruinado por seus lábios se contraindo.

— É minha roupa para a festa de noivado.

Raelynn olhou fixamente por um tempo, considerando sua


resposta. Ela lutou para permanecer estoica com os braços
cruzados, mas acabou falhando, jogando os braços para cima em
derrota. — Ugh, tudo bem. Você sabe que eu amo roupas.
Experimente para nós, e então você pode derramar.

Corri escada acima para o meu quarto e rapidamente me


troquei, animada para obter a opinião de Raelynn.

Quando desci, Rae gritou. — Oh meu Deus. Um macacão


branco. É perfeito. Vire-se. Deixe-me ver tudo. — Eu obedeci e ri
de suas palmas animadas. — Ele vai morrer por isso. Toda aquela
pele. Hum, garota.

— Eu tenho que admitir, — acrescentou Nova suavemente. —


As mangas compridas e calças largas destacam as costas nuas e
profundas perfeitamente. É muito sexy.

— Sim?
— Claro que sim. Nicholas vai estar babando.

— Ele queria que eu lhe enviasse uma foto e eu disse um


inferno que não.

— Cara, envie, — disse Nova, me chocando.

— O que?

— Se Nova diz para fazer isso, então você sabe que tem que
fazer. — Rae afirmou.

— Não vou mandar uma foto para ele.

— Faça. Faça. Faça isso, — as duas cantaram ao mesmo


tempo. Nova bateu as mãos contra a mesa com a batida enquanto
Rae pegava meu telefone. Eu? Eu fiquei lá, incapaz de pará-lo.

— Oh meu Deus. Não.

— Pose. — Rae comandou.

— Não.

— Naughty3 Nova aqui está saindo, — brincou Raelynn,


inclinando a cabeça em direção a Nova. — Ela quer que você
mande uma foto também. E quando a Naughty Nova fala, você
escuta.

3
Naughty: Significa “Danadinha” ou “Atrevida” mas como no livro rima com o nome da amiga delas decidi

deixar no original.
Eu ri. Raelynn e eu pensamos em um nome para quando Nova
se libertasse de seu estado normal e relaxado. Dando de ombros,
cedi à luta perdida e fiz uma pose.

— Sim, rainha. Seja sensual. Seja sexy.

Depois de uma sessão de fotos de dez minutos, que se


transformou em abordar Nova e um monte de selfies, Rae ordenou
que eu fosse me trocar antes de estragar minha roupa.

Quando desci, ela me informou que tomou a liberdade de


enviar sua favorita para Nico.

— Eu não queria dar a você a chance de ser uma covarde e


desistir.

— Oh meu Deus. Me dê isto. — Meu coração parou, e eu me


atrapalhei, procurando meu telefone, quase deixando cair na
minha pressa para desbloqueá-lo.

Ela mandou um de mim rindo por cima do ombro, minha mão


cobrindo parte do meu rosto. Minhas costas nuas se destacaram
contra o branco, já que meu cabelo estava empilhado na minha
mão no topo da minha cabeça. Nunca pensei em mandar para ele,
mas gostei da foto. Parecia uma foto digna de Instagram que as
pessoas posariam por horas para conseguir.

Eu não odeio isso.

Isso não me impediu de jogá-lo de lado para evitar esperar por


sua resposta.

— Tudo bem, — disse Raelynn com uma palmada. — Chega


de brincadeira. Conte. Tudo.
Pegando minha taça de vinho, me enrolei no canto do sofá e
contei tudo. De Camden passando, para meu pai perdendo a calma
e confessando tudo para Nico. Elas engasgaram, praguejaram e
ameaçaram matar algumas pessoas durante tudo isso.

— Droga, — disse Nova assim que terminei.

Antes que Rae pudesse fazer um comentário, uma batida na


porta veio.

— Esse é provavelmente o chinês que eu pedi. — Rae


anunciou.

— Vou atender, — eu disse.

Pegando minha carteira, sem nenhuma preocupação no


mundo sobre quem iria me ver com meu coque bagunçado, shorts
de pijamas listrados e uma grande camiseta preta que dizia: — Vá
se foder. Estou dormindo, — eu abri a porta não para o entregador
chinês, embora ele tivesse nossa comida.

— Cheguei na mesma hora que a comida, então cuidei disso e


pensei em trazer.

— Foda-se. — Eu sussurrei, olhando para cima nos olhos cor


de chocolate.

— Não é a reação que eu esperava.

— Quero dizer, merda.

— Ainda não é a reação que eu esperava.


Balançando minha cabeça, eu reuni meu juízo, um pouco
impressionada por Nico parado na minha porta enquanto eu
parecia uma bagunça.

— Posso entrar?

— Sim. Desculpa. Eu não estava esperando você.


Simplesmente me pegou de surpresa.

— Obviamente. — Ele disse, seus lábios carnudos se curvando


para o sorriso que eu amava e odiava ao mesmo tempo.

— Pare de flertar com o entregador e traga minha comida.


Estou ficando com fome! — Rae gritou do canto. — Eu posso ter
que começar a comer...

Se eu não estivesse tão preocupada em cobrir meu peito sem


sutiã e afastar os fios perdidos do meu coque, eu teria rido do
queixo caído de Raelynn.

— Uau, — sussurrou Nova de seu lugar aos pés de Nico.

— Meninas, este é Nico, meu noivo. Nico, estas são minhas


melhores amigas, Raelynn e Nova.

— Boa noite. — Ele cumprimentou, sem perder o ritmo,


ignorando totalmente as mulheres boquiabertas. — Eu acredito
que já te vi antes, Raelynn, mas ainda não tive o prazer de conhecê-
la.

— Por favor, me chame de Rae. — Ela disse, finalmente se


recompondo. Sua socialite interior apareceu e ela se ergueu,
passando por cima de Nova para apertar a mão de Nico.
Nova se levantou e ofereceu a mão também. — Prazer em
conhecê-lo.

— Desculpe, não sabia que você tinha companhia, — ele me


disse. — Eu não vou mantê-la ocupada por muito tempo.

— Você quer ficar para comer? — Raelynn ofereceu, ignorando


completamente meus olhos arregalados, gritando para ela se calar
nas costas de Nico. — Eu encomendei o suficiente para um
exército.

— Agradeço a oferta, mas de acordo com o olhar que Vera está


fazendo, não devo demorar muito.

Nova bufou e eu rapidamente limpei meu rosto. Como diabos


ele viu isso quando eu estava atrás dele?

Minha confusão deve ter aparecido porque ele se virou para


mim com um sorriso astuto e explicou. — O espelho acima de sua
lareira.

Olhando para cima, encontrei meu rosto sem maquiagem sob


uma mecha de cabelo emaranhado e revirei os olhos. — Duh.

— De qualquer forma, tenho trabalho para fazer em casa e


acabei de comer. Eu queria passar por aqui e deixar isso.

Ele tirou do bolso uma pequena caixa depois de colocar a


comida na mesa de centro. Agarrei o item com cuidado, para não
escovar sua pele, e acariciei o veludo preto macio antes de puxar
a parte superior para trás.

— Oh meu. — Eu engasguei, minha mão cobrindo minha boca.


Em uma almofada escura e macia havia um par de brincos
deslumbrantes. O ouro rosa destacou-se contra os diamantes
cintilantes, adicionando ao design intrincado. À primeira vista,
parecia um mosaico de diamantes mais espesso no topo. Quase
como uma lágrima curva de cabeça para baixo. Mas quando olhei
mais de perto, era na verdade uma flor feita de um diamante em
forma de Pêra e diamantes em forma de folha pendurados nele. —
Estes eram da sua mãe?

— Não. Eu mesmo os escolhi depois do trabalho, quando


descobri que você estava comprando vestidos. Eu esperava que
funcionasse, e combina com o anel da sua mãe que você sempre
usa.

— Oh. — Eu respirei, tocando a fina faixa. Por um momento,


Rae e Nova deixaram de existir. Meu peito aqueceu e eu queria
entrar em seus braços e deixá-lo saber sem palavras o que seu
gesto significava para mim. Ele saiu e comprou algo. Só para mim.

Eu balancei meus pés e quase dei um passo à frente quando


Nova pigarreou.

Pisquei para sair do transe e fechei a caixa. — Muito obrigada,


Nico. Eles são deslumbrantes e ficarão perfeitos neste fim de
semana.

— Claro. — Ele passou a mão pelo cabelo como se estivesse


tão desconfortável quanto Nova ficara com a intimidade. Ele se
virou para as meninas e sorriu. — Foi bom conhecê-las. Espero ver
vocês neste fim de semana.

— Duh, — Raelynn respondeu, fazendo-o bufar uma risada.

— Estou ansioso por isso.

Com isso, ele saiu e eu me esforcei para segui-lo.


— Sinto muito por interromper, — disse ele novamente.

— Não é grande coisa, realmente. Talvez um pequeno aviso da


próxima vez. — Eu dei uma risada envergonhada e gesticulei para
meu traje.

Ele me examinou de cima a baixo e eu esquentei sob seu


escrutínio. Ainda mais com seu elogio fácil. — Você fica bem em
qualquer coisa.

Antes que ele passasse pela porta, agarrei sua mão por
impulso e apertei. — Obrigada novamente pelos brincos. Eles são
realmente lindos.

Em vez de oferecer mais palavras, ele apenas acenou com a


cabeça e apertou de volta antes de sair.

Como se estivessem contando até dez quando a porta clicou,


as garotas gritaram na hora de minha entrada.

— Oh meu Deus, ele é delicioso.

— Deixe-me ver os brincos.

— Eu não tinha ideia de que ele seria tão gostoso.

— Porra, esses são perfeitos. Totalmente vintage. Nova, até


você gostaria disso.

— Ah, merda. São totalmente vintage.

— Posso ficar com ele? Se você não o quiser, posso ficar com
ele? Só para foder uma ou duas vezes?
Eu ri da enxurrada de perguntas. — Vocês. Parem. Lembre-se,
não gostamos dele. Ele estava me humilhando e ainda meio que
está.

As duas caíram para trás, fazendo beicinho como se eu tivesse


pegado seu brinquedo favorito.

— Você sempre pode ter sexo odiando a pessoa. Tão gostoso.


Confie em mim. Eu transei com muitas pessoas que odeio.

— Pare, — Nova exclamou, cobrindo os ouvidos.

— Oh, Naughty Nova voltou a se esconder, — brincou Raelynn.


— Mas, falando sério, vocês transaram de novo?

— Não. E eu não quero.

— Tudo bem... — disse Nova zombeteiramente.

— Eu não.

Raelynn encolheu os ombros. — Tudo bem então. Se você não


estiver dormindo com ele, não se importará se eu dormir.

— Não, — quase gritei.

Seu sorriso me deixou saber que eu estava enganada, mas me


recusei a deixá-la pensar que era qualquer coisa além de seguir
regras.

— Está em nosso contrato que não vamos estar com outras


pessoas.

— Contrato? Ooooh, tipo 50 Tons de Cinzas? — Nova


perguntou com muito entusiasmo.
— Não. É mais como um acordo pré-nupcial.

— Bem, eu sugiro que você aproveite ao máximo seus cinco


anos e aproveite sempre que puder.

Abri a boca para negar que queria, mas não saiu. Talvez eu
pudesse viver em negação sozinha, mas nunca fui muito boa em
mentir para minhas amigas.

— Vamos comer antes que Raelynn coma você, Nova, — eu


disse, evitando comentar.

— Ei, talvez Nico possa voltar e comer Vera. — Rae balançou


as sobrancelhas e todos nós rimos.

Felizmente, ela estava muito focada na comida para ver o


quanto o pensamento de Nico ajoelhado aos meus pés me afetou.

Mas não importava.

Tudo o que importava era escapar de se casar com Camden,


sobreviver por cinco anos, e não me entregar a um prostituto que
agia como um idiota.

Às vezes.

Ele agia como um idiota, às vezes.

Mais e mais, ele agia como meu futuro marido, e isso meio que
me assustou pra caralho.

E se eu acreditasse mais nesses momentos do que nos de


idiotices e ao final de cinco anos, eu quisesse mais?
Nico

A imagem não lhe fez justiça.

Ela entrou, o sol do meio-dia iluminando-a com aquela roupa


branca. Foi como um prenúncio de como seria quando ela
caminhasse pelo corredor, e uma sensação como nenhuma outra
tomou conta de mim.

Uma mistura de calor, eletricidade e um arrepio de desejo


desceu pela minha espinha, puxando minha pele com força.

Ela parecia à noiva perfeita, acompanhada por suas duas


amigas. Ela agarrou sua pequena bolsa, olhando em volta,
parecendo tímida e animada ao mesmo tempo, e eu não pude
deixar de me perguntar se era uma atuação ou se talvez parte dela
estivesse pelo menos um pouco animada para comemorar o fato
de se tornar minha esposa.

Outra onda de emoção passou por mim, mais intensa e mais


forte do que a anterior, trazendo uma onda de perguntas depois
dela. Minha pele ficou ainda mais tensa e eu lutei para me sacudir
mentalmente de volta à realidade.

Eu tinha um objetivo e ela era um meio para um fim. Não


importava se ela estava animada. Não importava se ela gostou da
ideia ou não. Ela serve a um propósito.
Apesar de meus melhores esforços para afastar qualquer
coisa, exceto indiferença com a presença dela, eu fiquei um pouco
mais ereto. Meus instintos básicos de homem das cavernas
rugiram, me fazendo querer bater no meu peito, jogá-la por cima
do ombro e reivindicá-la como minha quando ela moveu a cabeça
muito rapidamente, fazendo os diamantes brilhantes contra sua
orelha delicada balançarem.

Minha. Minha. Minha.

Ver as joias que escolhi para ela me encheu de orgulho. Ainda


mais quando ela afastou as mechas de cabelo de sua bochecha e
meu anel brilhou intensamente.

Ela era minha.

Seu pai se aproximou e ela enrijeceu. Ele acenou com a cabeça


para as amigas e, com a mão em seu cotovelo, puxou Vera para o
lado.

Era hora de reclamar minha noiva.

A conversa parecia calma e agradável entre pai e filha, mas


quando me aproximei, vi a mandíbula cerrada e o aperto firme com
que ele segurava seu braço.

— Ouça-me, Verana. Conversei com Camden, e ele sente um


remorso extraordinário pela maneira como agiu. Ele teve uma
semana estressante e descontou em você. Todos nós fizemos, e não
foi justo.

Meu sangue gelou com seu tom bajulador. Ela ouviu como era
falso? Ela acreditou nele? E se ela fez? Eu queria diminuir a
distância entre nós, parar mais das mentiras vomitadas por
Lorenzo, mas meus pés me seguraram colado no local, me
perguntando como Vera reagiria.

— Não. — disse ela.

— Eu sei, e é por isso que eu queria falar com você. Eu olhei


para a posição que você está mantendo na Rush, e é vergonhoso.
Nenhum Mariano deveria estar trabalhando em uma posição de
nível básico. Eu... eu quero lhe oferecer um emprego na Mariano.

— O quê? — Vera perguntou, chocada tanto quanto eu com a


oferta.

— Sim. — Ele continuou, a excitação sobre balançar um


prêmio vencedor na frente dela acelerando suas palavras. — Uma
vaga de gerente de projeto. Você estaria na empresa da família,
exatamente como você queria.

Prendi a respiração esperando sua resposta, mais da metade


esperando que ela dissesse sim ao que sempre quis.

— E Camden?

— Verana, — ele quase implorou. Sua mandíbula tremeu e ele


levou a mão à boca. — Você pode ter tempo, tempo para Camden
provar que ele não é quem ele mostrou ser. Mas nossas tradições...

— São mais importantes do que eu. — Ela terminou por ele.

— Não, Verana. Você é minha filha. Você é importante.

Eu só podia ver seu perfil, mas as linhas elegantes de suas


costas se endireitaram, flexionando quando ela puxou os ombros
para trás. — Não.
— O quê? Não? Para quê?

— Para tudo isso. — Ela respondeu friamente.

— Mas estou oferecendo o que você quer, — disse ele. — Você


é minha filha, — minha família.

— Exatamente. Mas você ainda não está me ouvindo, papai,


— ela disse suavemente.

— Mia bambina, estou ouvindo você. Estou te dando o que você


quer.

— A um custo. — Lorenzo permaneceu em silêncio. — Diga-


me, quem iria organizar as galas?

— Bem, você. — Ele explicou como se fosse uma honra. —


Você seria uma gerente de projeto. Você é hábil o suficiente para
lidar com eles.

— E quando eu começar uma família?

— Verana, — disse ele com uma risada nervosa. — Pare de ser


tão teimosa. Eu nem te reconheço.

— E eu também não te reconheço. — Seu tom soou com força


e mágoa subjacente. — Talvez seja assim que sempre fomos.

— Não. Nós criamos você melhor. Criamos uma mulher que


tinha orgulho de sua família. Isso precisa parar, Verana. — Suas
palavras careciam de controle, gotejando desespero. Ele precisava
que ela cedesse. Mas ela iria?

— Obrigada, mas não, obrigada pela oferta. — Ela finalmente


respondeu. — Estou mantendo minha posição na Rush Shipping.
Eles têm um grande potencial e estou animada para expandir com
eles - com Nico. Ele é um bom homem que será um bom marido.

Um nó que eu não sabia que havia se amarrado em meus


pulmões se soltou.

Ela recusou.

Ela não só o rejeitou, mas também me defendeu no processo.


Pisquei, tentando processar o fluxo de informações, de
sentimentos. Eles se apertaram dentro do meu peito, de maneira
desconfortável e estranha.

— Agora, se você me der licença, devo encontrar meu noivo.

— Vera, é hora de você parar de birra e cancelar essa farsa, —


seu pai falou baixinho entre um sorriso forçado, a fachada
desaparecendo.

— Garanto-lhe, senhor Mariano, nosso noivado não é uma


farsa, — disse eu, finalmente intervindo.

Seu sorriso sumiu, mas o profissionalismo do homem não lhe


permitiu mostrar suas verdadeiras emoções em um evento tão
público.

Enfiei minha mão em torno do quadril de Vera, puxando-a de


suas mãos para o meu lado. Aproveitando ao máximo a situação,
pressionei meus lábios em sua bochecha macia e passei meus
dedos ao longo de suas costas nuas.

Ela engasgou, e um arrepio em sua espinha perseguiu meu


toque.
— Você está de tirar o fôlego. — Eu disse baixinho para ela,
mas alto o suficiente para que seu pai pudesse ouvir. — Eu só
posso imaginar como você ficará linda no dia do nosso casamento.

O vermelho tingiu suas bochechas, e eu lutei contra me


inclinar novamente para pressionar meus lábios contra o calor.

— Obrigada.

— Sr. Rush, — seu pai cumprimentou rigidamente.

— Eu serei seu genro em breve. Por favor, me chame de


Nicholas.

— Bem, Nicholas, havia algum motivo para minha filha entrar


sozinha? Como seu noivo, você não deveria acompanhá-la?

— Papai, — Vera repreendeu.

Lorenzo estava pescando em um barril vazio por motivos que


considerava minha falta. — Está tudo bem, Vera. Posso ver que
seu pai pensa que você precisa de um homem para entrar em uma
sala, mas ele não parece perceber que você é forte o suficiente para
ficar por conta própria. Você não precisa de mim. Mas tenho sorte
de você me ter.

Todos os meus elogios foram verdadeiros, apesar de nunca tê-


los dito antes. No entanto, eu disse isso facilmente com a vantagem
de irritar Lorenzo e conquistar Vera cada vez mais.

Suas narinas dilataram-se de leve e, pela primeira vez desde


que ela entrou na sala, ela olhou para mim. Com grandes olhos
castanhos, ela olhou para mim como uma miragem. Como se ela
nunca tivesse ouvido alguém dizer que ela era forte o suficiente por
si mesma. Curiosidade e admiração cintilaram nas profundezas,
junto com algo mais, algo mais profundo, que eu não conseguia
decifrar.

Fosse o que fosse, fiquei mais ereto ao lado dela. Ela


correspondeu à minha postura e, juntos, criamos uma frente
unida contra Lorenzo.

A vitória aumentou, uma vitória que eu não tinha planejado


obter. Uma que eu nem havia considerado. Eu não tinha dúvidas
de que em algum momento tiraria a Mariano Shipping debaixo das
mãos do Lorenzo, mas levar também a filha dele? Esse foi um
prêmio que eu nem pensei em disputar.

Um prêmio que caiu no meu colo e eu peguei sem pensar.

— Verana, — Lorenzo rosnou. — Este...

— Lorenzo. — Outro convidado cumprimentou jovialmente.


Ele se aproximou com a mão estendida, um sorriso caloroso no
lugar, completamente alheio à tensão que crescia. — É bom vê-lo
novamente e em uma ocasião tão feliz.

Lorenzo apertou sua mão, mudando seu humor para o


empresário vencedor que acreditavam ser. — Andrew, que bom ver
você. E sim, um evento tão feliz.

— Nicholas, — Andrew cumprimentou. — Obrigado pelo


convite. É sempre bom sair e ver todos fora das típicas reuniões.
Laura manda lembranças, mas está em casa com o recém-nascido.

— Claro. Espero que ela possa ir ao casamento.

— Oh, definitivamente. Ela me disse que eu poderia ficar em


casa com o bebê se não encontrássemos uma babá. — Ele riu e se
virou para Vera, com evidente afeto nos olhos. — Verana, não
acredito que você vai se casar. Ainda me lembro de você correndo
nas festas de gala, roubando bolo.

Ela riu da memória compartilhada. — Acho que me lembro de


você ter roubado um pouco comigo.

— Eu era um cachorrinho recém-saído da faculdade. Bolo


ajudava a acalmar os nervos.

O ciúme perfurou meu peito.

Essas deveriam ser minhas memórias. Eles deveriam ser meus


conhecidos. Eu deveria ter crescido entre a elite da navegação em
galas de caridade. Em vez disso, tudo foi roubado de minha família
antes que tivéssemos a chance.

— Estou feliz por você. Nicholas é um bom homem, mas


provavelmente não bom suficiente para você, — ele brincou, me
cutucando com o cotovelo.

Apesar de não ter crescido com todo mundo, fiz um nome para
mim mesmo nos últimos anos. Eu abri meu caminho de volta e,
desta vez, planejava excluir Lorenzo.

— Definitivamente não sou bom o suficiente para ela.

Envolvi meus dedos em volta de sua cintura, estabelecendo-


me na curva de seu quadril, puxando-a para mais perto, ao meu
lado. Com os olhos de todos em nós, ela não poderia recuar, e eu
tinha toda a intenção de tocá-la sempre que pudesse.

— Eu deveria me misturar, — Lorenzo murmurou. — Andrew,


foi bom vê-lo novamente. — Ele deu a Vera e a mim um breve aceno
de cabeça e se virou para ir embora, pegando uma taça de
champanhe no caminho.
— Acho que devo deixar vocês dois cumprimentando a todos e
seguir a deixa de Lorenzo. Mesmo quando não é um negócio, ainda
é um negócio.

— Sempre é, — Vera concordou com um sorriso triste.

Andrew abraçou Vera e apertou minha mão com mais um


parabéns, nos deixando a sós.

No entanto, assim que ele saiu, suas duas amigas tomaram


seu lugar.

— Então, como foi com o papai querido? — Raelynn


perguntou.

— Ele estava bem, — respondeu Vera.

— Você é tão cheia de merda, mas vou permitir.

— Senhoras. — Eu cumprimentei.

— Olá, Nicholas. — Raelynn cumprimentou. Nova sorriu


suavemente.

As três mulheres formavam um trio e tanto. Raelynn, a ousada


que provavelmente lhes causou mais problemas. Nova, a quieta
que seguia junto, limpando qualquer bagunça para que não
fossem pegas. E então Vera, aquela em algum lugar no meio.
Primitiva e educada, mas escondendo um lado que era liberado
quando Raelynn estava por perto.

— Este lugar é lindo. Não acredito que você está morando aqui,
— disse Nova.
— Cadela sortuda, — acrescentou Raelynn. — É sempre tão
difícil encontrar bons imóveis em torno do Central Park. E um com
espaços para eventos disponíveis? Uma agulha em um palheiro.

— Eu ainda não me mudei.

— Por que não? — Raelynn perguntou, olhando-me de cima a


baixo com uma sobrancelha levantada. Eu me senti como um
pedaço de carne sendo medido para uma refeição.

Vera riu desconfortavelmente, mas conseguiu olhar feio ao


mesmo tempo. Nova empurrou Raelynn com o cotovelo, e as três
tiveram uma discussão silenciosa antes de Raelynn revirar os
olhos, decidindo abandonar a pergunta.

— Então, Nicholas. Você vai cuidar da nossa garota?

Vera e Raelynn voltaram os olhos arregalados para Nova, que


parecia uma mãe pudica decidindo se eu era bom o suficiente para
sua filha preciosa.

— Tanto quanto ela me permitir.

Os lábios de Nova se contraíram como se estivesse segurando


uma risada. — Boa.

— Mas a verdadeira questão é...

Os olhos de Vera se arregalaram, virando-se para Raelynn, e


me preparei para o que quer que viesse da boca da mulher ousada.

— Você vai foder bem com ela?

— Jesus. Pare —Vera sussurrou e gritou, olhando em volta


para ver quem mais poderia ter ouvido.
Eu encontrei o olhar desafiador de Raelynn, respondendo
honestamente. Tudo isso enquanto fazia meu próprio desafio a
Vera. — Tanto quanto ela me permitir.

O sorriso lento de Raelynn confirmou que ela sabia a verdade


sobre nossa situação e, sem dúvida, sabia mais do que eu sobre a
teimosia de Vera impedindo-a de aproveitar todos os benefícios de
nosso casamento.

— Boa.

— Bem, agora que isso acabou, — disse Vera, exasperada com


nós dois.

Nova esvaziou seu champanhe. — Sim. Eu não sei sobre você,


mas eu poderia usar outro copo. — Ela ligou seu braço com uma
Raelynn ainda sorrindo. — Vamos deixar vocês para
cumprimentarem a todos.

Vera pressionou os dedos no centro da testa. — Desculpe por


isso. — Ela murmurou.

— Não se desculpe. Eu gosto dela.

Olhos questionadores agarraram os meus, preocupação


estragando suas feições. — Oh, bem, a maioria dos homens faz.

Como ela poderia assumir que eu preferia Raelynn a ela, eu


não tinha ideia, mas desliguei antes que pudesse começar. — Não
dessa forma. Ela é divertida de ouvir. Mas eu gosto da sua
preocupação de que eu gostaria de qualquer outra pessoa além de
você, — eu me regozijei.

— Eu não estou preocupada. — Ela ficou mais ereta e tentou


afastar sua reação não filtrada.
— Hmm. — Eu lentamente a apoiei em um canto privado. —
Você tem certeza?

— Sim. Por que eu me importaria com quem você gosta e não


gosta? Não é como se nós gostássemos um do outro.

— Você não gosta de mim? Estou ferido.

— Sim, certo. — Ela disse revirando os olhos.

— Você pareceu gostar de mim uma vez.

— Eu não sabia que era você. — Sua resposta atrevida foi


arruinada por ela tropeçar quando suas costas bateram na parede.

Eu pisei em seu espaço, descansando minha mão em seu


quadril, esticando meu polegar para roçar baixo em seu quadril.
— Eu poderia te lembrar. Sem máscaras. Cara a cara. Suas pernas
me envolvendo.

Eu dei a ela pontos por empurrar o queixo para cima e arquear


uma sobrancelha arrogante, mas seu peito arfante e o fato de
engolir em seco a denunciaram. Sua língua deslizou em seus
lábios exuberantes enquanto seus olhos pousavam nos meus.

— Não. — Ela sussurrou, tentando mentir. Mas o desejo rodou


nas profundezas de seus olhos castanhos como ouro derretido.

Mudei minha mão para suas costelas. — Você realmente está


deslumbrante.

Outra engolida. — Obrigada.

— É preciso tudo de mim para não foder você aqui neste canto.
Todo esse branco, toda essa pureza quando sei a diferença, eu
adoro isso. Como nosso segredinho, como você gosta de ser suja.
— Abaixando-me, encostei meu nariz no dela, respirando em suas
exalações rápidas. — Ou você só é suja para mim?

Seus lábios entreabertos me imploraram para beijá-la, para


tomar e tomar e tomar. Querendo prolongar o momento, querendo
ver se eu conseguia ouvir o apelo por mais sair de seus lábios, eu
me segurei. Em vez disso, levantando minha mão mais alto para
alisar seu seio. Meu polegar passou para frente e para trás,
trazendo a ponta dura para a vida, beliscando o botão macio.

— Você será minha esposa em breve. Por que não ceder?


Aumente o nosso acordo.

E assim, a mulher derretendo em meus braços enrijeceu. Uma


mão firme pousou no meu peito, me empurrando facilmente.

— Posso estar concordando em me casar com você, mas é isso.


Não estou vendendo meu corpo como uma prostituta. Além disso,
você não poderia me pagar. Não sou como todas as outras
mulheres que você só precisa estalar os dedos para fazê-las pular.
Infelizmente para você, eu valho mais do que isso.

Ela passou furiosa, mesmo tendo a audácia de me acertar com


o ombro. Uma única risada escapou livre, um pouco ligado por seu
desafio. Mais do que um pouco excitado com a maneira como ela
quase cedeu ao meu toque. Ela pode não querer admitir o quanto
ela me quer, mas em breve, nós viveremos sob o mesmo teto, e ela
não terá para onde correr.

Peguei uma taça de champanhe e saí da sala, dando um alívio


à minha futura noiva. Eu só andei alguns metros quando as vozes
me fizeram desacelerar e parar fora de vista.

— Já perguntei duas vezes.


— Angelo sempre foi um idiota teimoso. Inveja o nome da
minha empresa.

Não reconheci a primeira voz logo de cara, mas conhecia a de


Lorenzo em meu sono.

— E é por isso que, se não nos casarmos, meu nome não vai
estar no prédio. Ele não vai investir tanto quanto combinou
inicialmente se o nome Conti não estiver ao lado de Mariano.

Camden.

Eu não suportava tê-lo aqui, mas as aparências exigiam que


ninguém ficasse de fora. Especialmente alguém de posição tão alta
na empresa da família de Verana.

— Cazzo! A família de Camila me assombra mesmo quando


eles não estão por perto. Essa maldita alteração no contrato da
empresa. Ter que ser um membro da família para adicionar seu
nome à empresa é arcaico e besteira. É minha empresa. Devo ser
capaz de adicionar quem eu quiser.

Lorenzo forçar Vera a se casar com Camden fez muito mais


sentido depois daquele discurso furioso. Eu sabia que a Mariano
Shipping estava desmoronando, mas nunca esperei que Lorenzo
vendesse sua própria filha para um idiota como o Conti para salvá-
la.

Embora, eu devesse saber melhor. Eu sabia em primeira mão


o quão frio e calculado ele poderia ser. Tirar Vera dele ficou ainda
melhor e me deixou sem nenhum arrependimento sobre usá-la
neste jogo. Ela deveria ser grata por ter sido eu em vez de Camden,
ela foi forçada a se casar por razões fora de seu controle.
— Fodido Rush, — Camden zombou. — Algo novo e brilhante
na frente de Vera, e ela vai atrás do pau dele como uma prostituta.

Meus punhos cerraram-se e me movi para dobrar a esquina


quando um baque seguido por um oomf me parou.

— É da minha filha que você está falando — rosnou Lorenzo.

— Uma filha que você estava vendendo para mim para salvar
sua empresa. — Camden atirou de volta, ligeiramente
estrangulado.

— Fiz isso com o interesse de que você cuidasse dela. Não ser
algum idiota egoísta que a fez correr. Não olhe para mim como se
eu tivesse arruinado isso quando sua personalidade de merda a
empurrou.

— Tanto faz. Ela é uma causa perdida. Rush é dinheiro novo


sem metade das conexões que temos. Ele nunca será capaz de
fornecer a vida a que ela está acostumada.

— Isso tudo é uma bagunça.

— Mas não uma causa perdida. Meu pai ainda vai investir
enquanto estou trabalhando para chegar ao topo. Tudo o que
precisamos é de outro investidor. Vou jogar o jogo, e quando a
Verana terminar com aquele idiota arrogante, estarei lá para pegá-
la. Casaremos e o nome Conti será acrescentado ao Mariano.
Precisamos apenas de paciência.

— E um investidor silencioso. E espero que Verana não


engravide nesse meio tempo. O pai de Camila deixou apenas
algumas ações em seu nome quando faleceu, mas qualquer filho
de Vera receberia mais. Do jeito que as coisas estão indo perder
mais ações é muito perigoso. Eu preciso manter o máximo que
puder sob meu controle.

— Nosso controle. — Camden corrigiu.

— Tanto faz. — Lorenzo resmungou. — Vou ligar para meus


advogados para garantir o que é meu, o que restou de Camila. Não
que Rush tenha dinheiro suficiente para ser uma ameaça.

Nojo rolou em meu estômago. Parte de mim queria acreditar


que ele se importava com Vera, mas não tanto quanto com sua
empresa. Ela era um peão para ele.

Foder com a família de outra pessoa era uma coisa. Mas fazer
isso com o seu próprio sangue era outra.

Minha determinação foi aumentando. Eu levaria sua


companhia, e eu levaria sua filha, protegendo-a dos dois monstros
do outro lado da parede.

Voltando para minha futura noiva, fiz o meu melhor para


apagar a informação de que uma criança ganharia ações extras da
empresa. Tínhamos concordado, sem filhos na época do nosso
casamento, mas eu não podia ignorar o fascínio de tornar minha
vitória ainda mais segura com um filho.

Mas não. Eu estava me casando com Verana sob falsos


pretextos, usando-a para meu próprio ganho, ela nem sabia.

Derrubá-la não me faria melhor do que os monstros usando-a


como nada. Eu não podia fazer isso. Podia?
Vera

A festa progrediu em um borrão. Além do pequeno período de


tempo em que me afastei de Nico, ele não tinha saído do meu lado.
Seu toque permaneceu firmemente colado ao meu quadril,
soltando apenas para segurar minha mão, afastar meu cabelo,
acariciar a pele nua das minhas costas, ou para qualquer outra
forma que ele pudesse me tocar com a desculpa de parecer um
casal amoroso.

Meus músculos permaneceram rígidos o tempo todo,


segurando forte para não cair em uma poça a seus pés e implorar
para que ele me levasse como ele disse antes.

Não. Eu não cederia a Nicholas Rush. Especialmente quando


ele assumiu que tinha direitos sobre meu corpo só porque
concordei em me casar com ele. Estávamos nos ajudando. Eu não
estava em dívida com ele, eu não devia a ele tudo o que ele queria
tomar.

Mesmo se eu sonhasse com isso.

Lembrar daquela noite em que acordei dolorida, imaginando


exatamente o que ele disse, minhas pernas em volta de sua
cintura, sem máscaras, me fizeram hesitar quando ele perguntou
se eu queria pegar uma bebida no bar chique da porta ao lado.
Mas uma bebida noturna depois de um longo dia parecia bom. E,
eventualmente, eu teria que encontrar conforto em estar perto
dele. Em pouco mais de um mês, eu estaria morando com ele,
cercada por ele.

Deus, eu estava ferrada.

Não ajudou quando ele segurou a porta aberta para mim no


bar mal iluminado. Ou quando ele descansou a mão nas minhas
costas, me guiando até um banquinho. O arranhão áspero de sua
mão contra minha pele enviou arrepios na minha espinha. O
cavalheiro absoluto que ele era, esperou que eu me sentasse antes
de pegar o seu.

— Outra taça de champanhe? — ele perguntou.

— Só um vinho tinto, por favor. — perguntei ao barman.

Nico pediu o mesmo, e nós dois suspiramos, a tensão


diminuindo com nosso primeiro gole. Fechei os olhos, o murmúrio
suave da conversa misturado com o tilintar de copos em uma
mesa. Amigos rindo do jazz agradável que passava pelos alto-
falantes. Tudo isso trabalhando para deixar o estresse
desaparecer.

— Eu não percebi nenhuma família hoje. — Eu disse,


quebrando o silêncio.

— Eu poderia dizer o mesmo sobre você. Nossa festa de


noivado mais parecia uma convenção de navegação do que uma
reunião de amigos e familiares.

— Verdade. Mas meu pai estava lá, infelizmente, e Rae e Nova.


Elas são como minha família.
— Eu sei que você mencionou que sua mãe morreu, mas não
há mais ninguém?

— Eu nunca soube muito sobre o lado paterno da família. Ele


não era próximo a eles e aparentemente ficou ainda mais distante
quando se casou com minha mãe. Minha mãe era filha única e sua
mãe mora na Itália. Meu avô faleceu logo depois que minha mãe
morreu, e minha avó se mudou, não vindo mais para visitar. Acho
que é difícil para ela.

Tomei outro gole fortificante de vinho, escondendo qualquer


ressentimento persistente que minha avó colocou uma parede
entre nós.

— Mas você? — Eu estreitei meus olhos e apontei um dedo


acusador para ele. — Você não pode me distrair.

Seus lábios se curvaram no mais ínfimo dos sorrisos, sabendo


que eu o peguei fazendo exatamente isso. — Eu te disse. Meus pais
morreram e eu não tinha irmãos. Tenho um avô em Charleston e
ele não pode viajar facilmente para uma festa de fim de semana.

— Ele estará no casamento?

— Ele me mataria se eu me casasse sem ele lá. — Ele disse, o


afeto mudando seu tom para um que eu nunca tinha ouvido antes.
Calor deslizou pelo meu peito com seu sorriso cativante.

— Você é próximo dele.

— Ele é a única família que me resta e me ensinou tudo o que


sei. Ele construiu nossa empresa do zero.
Minhas sobrancelhas franziram. — Achei que K. Rush
Shipping fosse mais recente. Quando eu pesquisei antes de me
inscrever, pensei que tinha apenas dez anos?

Seus olhos desviaram dos meus. — Isto está certo. A empresa


dele encontrou alguns obstáculos antes que eu tivesse a chance de
trabalhar lá.

— Qual o nome da empresa dele? Talvez eu me lembre.

— Era uma empresa pequena. Você não reconheceria. — Nico


balançou a cabeça e acenou com a pergunta, voltando para quem
compareceu à recepção. — E você pode não ter tido muita família
lá, mas você conhecia quase todo mundo.

— Eu cresci neste mundo.

Eu ia a festas de gala desde pequena. Eu fiz todas as


instituições de caridade e eventos de negócios que incluíram
misturar-se com outras empresas. Era seu próprio pequeno
mundo dentro do mundo.

— Então, por que não trabalhar para o seu pai?

Uma pergunta tão simples com tantas explicações difíceis.

— Para ser breve, eu sou uma mulher.

— Já reparei.

Bebi meu vinho para esconder o calor sangrando em minhas


bochechas em sua leitura flagrante da minha feminilidade.

— Bem, na minha família, isso significa que tenho um papel a


desempenhar. Devo me casar com alguém que se enquadre na
empresa e seja capaz de assumi-la. E meu trabalho seria ser uma
socialite. Fazer parte de conselhos de caridade, ser um rosto
público da Mariano Shipping. Uma maldita mascote.

— Isso não soa como você.

— Não é. Mesmo se eu tentasse ser. Apesar de saber o que


meu futuro reservava, segui minha paixão. Eu cresci neste mundo
e adorei. Achei que talvez pudesse ser mais do que um mascote. E
se não desse em nada, pelo menos tentei. Tive que acreditar no
futuro que pintaram. Meus pais tiveram um casamento arranjado
e minha mãe me contou como eles se odiavam, mas se
apaixonaram. Ela me contou como eu me casaria com um bom
homem e para confiar neles. Ela me colocava na cama e falava
comigo como se fosse nosso segredo que ela teria a palavra final
sobre com quem eu me casaria, e ela sempre prometeu escolher o
mais bonito dos homens para mim. — As memórias pressionaram
fortemente meu peito. — Então ela morreu, mas eu ainda confiava
em meu pai. Eu confiei no amor que vi entre eles. Nunca em um
milhão de anos eu esperei alguém como Camden. Não tem como
Camden se tornar um marido decente.

Nico zombou e fez uma careta para combinar com a minha. —


Nunca haveria espaço para Camden amar você. Ele está muito
apaixonado por si mesmo.

Ele acertou o prego na cabeça, e eu não pude deixar de rir da


precisão.

— Ele provavelmente a levaria a uma viagem de golfe para sua


lua de mel.

— E se eu gostar de golfe? — Eu perguntei apenas para ser


teimosa.
— Então ele só falaria sobre si mesmo e esqueceria que você
estava lá. Ele provavelmente iria embora no carrinho, nem mesmo
vendo você lá.

— Oh, e você planeja me levar embora em uma lua de mel


romântica e me ver? — Eu finjo desmaiar e piscar meus olhos.

— Oh, pretendo ver toda você.

Novamente, outra leitura para cima e para baixo. Está mais


intenso e cheio de memórias não ditas de todas as coisas ilícitas
que tínhamos feito na varanda. Meu núcleo se apertou, em
completa oposição com meu cérebro, querendo mais - a moral que
se dane.

Lembrei-me de ter ficado dolorida dias depois. Lembrei-me dos


hematomas, a marca da mordida - a intensidade.

Droga. Eu estava derretendo novamente.

— E sim, eu tenho um iate reservado na Itália com várias


paradas para nossa lua de mel.

— O que? — Entre o derretimento e o choque, quase caí da


cadeira. — Você reservou uma lua de mel para nós?

— Claro, eu fiz. Por que não?

— Porque esse casamento não é real.

— Eu já expliquei isso, Verana. Eu quero que seja um


casamento de verdade. E, francamente, férias soam bem.
Férias soam bem. Umas férias longe da realidade. Correndo
com minha mão na de Nico enquanto meu mundo desmoronava
atrás de mim. Seria estúpido discutir.

— E o trabalho? Uma viagem à Itália parece mais do que uma


viagem de fim de semana.

— Tenho pessoas para cuidar de tudo de que preciso enquanto


estamos fora. E reservei voos para ficarmos um pouco menos de
duas semanas, mas podemos prolongar se quisermos. Você só tem
uma lua de mel.

Talvez não, uma vozinha sussurrou. — Você sempre pode se


casar novamente depois de cinco anos. Encontre uma mulher que
você realmente ame, ou pelo menos goste, e tenha tudo de novo.

— Eu gosto de você muito bem. Portanto, é melhor fazermos


certo da primeira vez, apenas para garantir.

Algo sobre a maneira como ele disse isso continha uma


corrente subjacente, como se talvez ele não acreditasse que
haveria algo além de nossos primeiros.

Talvez porque a luz fraca trouxe à tona as especificações de


verde em seus olhos que sempre me deixaram hipnotizada. Talvez
tenha sido o vinho. Talvez tenha sido a viagem pelo caminho da
memória e a lembrança de ter pedido à minha mãe um príncipe de
cabelos e olhos escuros.

Mas eu não pude deixar de me perguntar, Nico seria o homem


que mamãe sempre prometeu que eu encontraria. Seria ele com
quem me casaria e por quem acabaria me apaixonando?

O único?
Nico

— Tem certeza de que está feliz aqui?

— Estou feliz com minha família, Nicholas.

Vovô colocou sua mão desgastada em cima da minha e eu


encarei os dedos frágeis e a pele enrugada. Estas foram as mãos
que me jogaram para o alto quando eu era menino. As mesmas
mãos que me ensinaram a atirar e dar um soco. Embora tenha
ensinado a meu pai tudo o que sabia sobre o negócio, ele me
ensinou tudo o que sabia sobre a vida.

Ele tinha muito para dar e, ainda assim, o estresse, um ataque


cardíaco e muitos golpes do destino o deixaram em um asilo, sua
mente escapando mais rápido do que seu corpo.

— Além disso, meu amor está enterrado aqui.

— Podemos visitá-la esta semana.

Seus olhos se fecharam e um sorriso caloroso que ele


reservava apenas para minha avó cobriu seu rosto. — E contanto
que você me leve ao oceano de vez em quando.

— Claro, vovô.
— Boa. Agora, você disse que o trabalho estava mantendo você
aqui. Fale-me sobre o negócio. O que está acontecendo que o
mantém tão ocupado?

Foi uma decisão difícil trazer meu avô para cá. Nós dois
amávamos muito Charleston. O oceano, o sol, o conforto do sul, a
falta de lembranças do que foi tirado de nós a cada passo. Mas
quando expliquei por que queria movê-lo, ele concordou sem
hesitar.

Mas tê-lo aqui era como me olhar no espelho e encarar o


quanto havia mudado nos últimos meses, encarar tudo o que eu
estava fazendo e as linhas morais que cruzei. Eu fiz uma careta,
pensando em maneiras de contornar a verdade.

— Não me venha com essa cara. Sei que minha mente não está
tão afiada como costumava ser, mas ensinei tudo o que você sabe
e você pode agradar um velho falando sobre negócios. Então, e
quanto ao trabalho, você está voltando em tempo integral para o
lugar que disse que não gostava tanto?

Acontece que, assim como quando eu era criança, não havia


como contornar a verdade com o vovô. Esfregando a mão no rosto,
considerei a maneira mais delicada de dar a notícia sem inspirar o
terceiro grau. — Não se trata apenas de trabalho.

— Ohhhh. — Ele arrastou a palavra com um sorriso malicioso,


até mesmo conseguindo levantar as sobrancelhas em insinuação.
— Uma mulher.

— Sim. — Eu disse em uma expiração.

— Deve ser sério.

— Nós vamos nos casar.


Piscada. Piscada.

Cinco.

Quatro.

Três.

Dois.

Prendi a respiração, dizendo a mim mesmo que falaria


primeiro assim que chegasse a um.

Um e meio.

Um e um quarto.

— Santa merda, Nicholas. — Vovô gritou. Ele deu um tapa na


perna e riu, agarrando minha mão com força.

Quando Vera me perguntou o que eu ganhei em me casar com


ela, dei um motivo meio verdadeiro de fazer meu avô feliz, mas ver
sua exaltação de alegria instalou algo em meu peito que eu não
havia percebido que estava fora do lugar.

— Eu nem sabia que você estava saindo com alguém, — ele


exclamou com seu sorriso brilhante. — A quanto tempo? Eu posso
conhecê-la?

— Não muito. Tem sido um turbilhão, — respondi o mais


honestamente que pude, esperando evitar a segunda pergunta. No
final, apenas prolonguei o inevitável de explicar tudo. Sua mente
pode vagar para dentro e para fora, mas ele teve momentos de ser
afiado como uma tacha. Não haveria como explicar quem eu estava
fazendo de minha esposa.
Era como entrar em um vulcão, incapaz de se virar, sabendo
que estava fodido, mas continuar em seu caminho de qualquer
maneira.

— Então, vou conhecê-la? — ele perguntou novamente. — Ou


vou encontrar sua noiva depois que você fizer seus votos?

— Claro, antes do casamento. Em breve. Prometo.

— Não soa tão animado, — ele brincou. — Puxa, eu nem sei o


nome dela. Diga-me, Nico. Diga-me o nome do anjo que reivindicou
seu coração.

A imagem romântica que pintou tornou a verdade ainda mais


difícil de admitir, mas era melhor que ele soubesse antes de
conhecê-la. Meu peito apertou, e toda a felicidade que eu dei
momentos atrás escorregou como areia entre meus dedos.

— Verana Mariano. — Eu engasguei.

Ele se sentou ereto, sua mandíbula se abrindo e fechando


como se quisesse rir como uma piada e então me dizer que eu
estava falando merda ou que estava errado. Cada reação possível
tinha uma emoção diferente piscando em seu rosto até que,
finalmente, a compreensão e a frustração se estabeleceram.

—Nicholas Knightly Rush. Que merda você está fazendo?

— Não é ...

— O que eu penso?

Eu estremeci, odiando que ele me chamasse atenção por causa


da minha resposta idiota, porque nós dois sabíamos que, no fundo,
tinha a ver com minha vingança.
— Sim e não, mas eu não a procurei. Ela apenas... caiu no
meu colo.

Uma sobrancelha ergueu-se lentamente, me lembrando de


todas as vezes que ele me encontrava com migalhas de biscoito na
boca depois que eu já tinha ido para a cama. Sem dizer uma
palavra, ele se inclinou para trás com uma respiração profunda,
apoiando as mãos entrelaçadas sobre a barriga e esperou.

É hora de pular no vulcão.

Respirando fundo, expliquei como fiquei noivo da filha do


homem que mais odiava neste mundo.

— Ela é uma mulher inocente, Nicholas. Não a envolva em sua


vingança, — ele disse quando eu terminei.

— Ela está ganhando mais do que o suficiente com isso.

— E como ela vai lidar sabendo que ela foi a chave para o
colapso da empresa da sua família?

— Ela é inteligente o suficiente para começar a sua própria, e


depois de tudo que seu pai a fez passar, ela pode querer
exatamente isso. — Vovô balançou a cabeça, mas eu não deixaria
sua decepção me influenciar. Eu tinha ido longe demais — nós
passamos por muito.

— Eu sei o que estou fazendo e todos ficaremos melhores do


outro lado.

— Um casamento baseado em mentiras não é um casamento,


Nicholas. Mesmo um falso. Ninguém é melhor com isso.
— É um casamento em que ambos estamos caminhando com
mais honestidade do que a maioria. Este arranjo é adequado para
nós dois.

— Cinco anos é muito tempo. Muita coisa pode crescer entre


duas pessoas que vivem juntas, muita emoção. Se eu pensei que
amava sua avó quando me casei com ela, não foi nada comparado
ao quanto eu a adorei cinco anos depois. Não a machuque.

— Impossível. — Eu disse com uma risada bufante. — Nós


não... particularmente nos importamos um com o outro. Tudo o
que podemos esperar é uma parceria nisso. Ela é esperta.
Talentosa. Bonita. Corajosa.

— Não se importa com ela, hein? — ele perguntou com um


sorriso malicioso.

Eu fiz uma careta, não me preocupando mais em defender


minhas escolhas. A verdade estava lá fora e, francamente, seu
sorriso arrogante me irritou mais do que a carranca desapontada
de antes.

— Apenas... me faça um favor, — ele finalmente perguntou


quando eu não respondi ao seu cutucão. — Diga a ela antes de
fazer qualquer coisa drástica.

Sentindo o peso de seu pedido a cada segundo que tentei evitar


responder, finalmente cedi. — Eu direi a ela.

Em algum ponto.

Com isso, saí com a promessa de voltar com a Vera e levá-lo


para ver a vovó.
Eu não diria que corri para a saída depois de nossa conversa,
mas alguém provavelmente diria que foi uma caminhada rápida.

Eu precisava sair dali.

Deixar de lado sua desaprovação na viagem de volta ao


trabalho teve um custo e, quando cheguei ao escritório, meu
humor mergulhou em um território perigoso. Um que permitia
pouca educação e cortesia. Então, quando vi Vera parada ao lado,
rindo com colegas de trabalho, não me importei como minhas
ações pareciam. Eu precisava falar com ela e não queria esperar.

Adicione a maneira como apenas vê-la disparou um raio no


meu peito, fazendo meu coração pular uma batida extra. Ou a
forma como meu pau se contraiu imaginando desabotoar aquela
blusa branca abrindo um botão de cada vez, revelando seus seios
perfeitos, e a frustração sexual misturada com todas as outras
emoções fermentando, roubando qualquer aparência de controle.

Aproximei-me, deslizando minha mão em torno da pequena


curva de sua cintura e me inclinei, afastando seu cabelo para o
lado para emitir minha demanda contra sua orelha.

— Meu escritório. Agora.

Ela olhou para cima com os olhos arregalados para seus


colegas de trabalho antes de rapidamente desviar o olhar. Não me
preocupei em verificar a reação de ninguém ou ver se ela obedecia.
Sem nada mais, eu sabia que ela me seguiria para que ela pudesse
me repreender em particular, pelo menos.

— Que diabos está errado com você? — ela exigiu, quase


batendo a porta do meu escritório atrás dela.

— Eu precisava falar com você.


— Então, mande um pedido como uma pessoa normal. Não
venha sussurrar em meu ouvido como se eu... eu...

Eu esperei, sobrancelhas levantadas, para ela encontrar suas


palavras, desfrutando totalmente de seus braços se agitando em
frustração.

— Alguma chamada para uma rapidinha. — Ela finalmente


gritou.

— Eu garanto a você, você não é uma rapidinha.

— Bem, com certeza se parece com isso para todo mundo. Já


te disse, não vou perder o respeito dos outros porque acham que
estou fodendo com o chefe quando deveria estar trabalhando.

— E eu já expliquei que não me importo. Você será minha


esposa e se eles querem pensar que estou te fodendo por todo este
escritório, então que seja. Felizmente, eu sou o chefe e as opiniões
deles não importam.

— Elas são importantes para mim. — Ela olhou furiosa, mas


sob os lábios e os punhos cerrados, eu vi o apelo.

Não a machuque.

As palavras de meu avô criaram uma onda de irritação. No


entanto, a onda foi fina, não conseguindo esconder a verdade por
trás deles. Vera e eu podemos não nos importar particularmente,
mas se eu queria respeito. Eu poderia fazer o mesmo por ela.

— Tudo bem, — respondi. Foi curto e ainda borbulhando com


minhas frustrações do dia, mas era alguma coisa. — Se eu precisar
de você, mandarei chamá-la como um funcionário normal, embora
você não seja.
Ela revirou os olhos, aparentemente não sendo mais madura
do que eu. — Sobre o que você precisa falar comigo?

— Eu quero que você se mude antes do casamento.

— O que? Por quê?

Não gostei da reação dela como se tivesse pedido para ela


saltar de paraquedas sem paraquedas.

— Porque eu quero.

E ela não gostou o bastante da minha resposta. Suas


sobrancelhas se ergueram.

— Quer tentar de novo, Nicholas?

Respirando fundo, cerrei os dentes, desacostumado a ter que


me explicar para ninguém. — Faz sentido. Nós partiremos logo
depois para a lua de mel, e então teremos que colocar o trabalho
em dia depois. Eu quero isso feito antes disso.

Ela me estudou e eu lutei para permanecer em silêncio,


deixando que processasse a ideia. Ela demorou tanto que quase
considerei sentar para responder a alguns e-mails quando ela
finalmente falou.

— Quando?

— Este fim de semana.

— Eu tenho minha despedida de solteira.

— Você vai dar uma despedida de solteira? — Meu rosto se


contorceu com a ideia. Clubes de strip e homens sedutores vieram
à mente, seguidos rapidamente por uma pitada de irritação. É
melhor que minha futura esposa não enfie notas de um dólar na
tanga de algum stripper bombado.

— Raelynn não perderia a chance de comemorar.

Impressionante.

— Onde você vai?

Ela estreitou os olhos e hesitou. Então me ajude, se ela não


respondesse, eu a trancaria neste escritório. Felizmente, não
chegou a isso.

— Jantar e talvez um bar.

Eu concordei. — Bem. Tire um dia de folga esta semana para


organizar tudo para ser mudado antes disso. Você pode trabalhar
em casa, se necessário.

Ela engoliu em seco. — OK.

— Bom. Além disso, gostaria que você reservasse um tempo


para vir comigo visitar meu avô. Ele quer conhecê-la antes do
casamento.

— Eu posso fazer isso.

— Obrigado. Se ao menos você fosse tão agradável com tudo.


Não perderíamos tanto tempo.

— Bem, Nicholas. Uma coisa é ir encontrar um homem que,


suponho, tem que ser um santo por tolerar você, enquanto outra
é que você possa me dobrar à sua vontade porque torna mais fácil
para você fazer Deus sabe o que.
— Sim, o vovô é um bom homem, mas com quem você acha
que aprendi tudo? — Eu disse com uma piscadela. Se o vovô
estivesse lá, ele teria recuado com as mãos para cima, recusando-
se a reivindicar ter me ensinado qualquer das coisas nefastas que,
sem dúvida, passavam por sua cabeça.

— Ugh. Posso fazer mais alguma coisa por você? — ela


perguntou, seu aborrecimento em plena exibição.

Um milhão de pedidos passaram pela minha cabeça.

Fique de joelhos. Deixe-me realmente te foder neste escritório.


Alivie um pouco dessa tensão queimando em minhas veias toda vez
que te vejo.

De alguma forma, eu não achei que isso daria certo, então


optei por manter minha boca fechada e continuar com a
arrogância. Funcionava tão bem, ela ficava linda irritada.

— Isso é tudo.

— Sim, senhor.

Assistindo-a sair, sua saia apertada abraçando sua bunda


gorda, eu prometi que em algum momento, eu faria dizer isso para
mim novamente. Nua. E cumprindo pelo menos uma, senão todas,
as minhas fantasias.
Vera

O que diabos eu estava fazendo?

Eu conhecia bem o Nico?

E se ele fosse um vigarista?

E se quem ele era em casa fosse completamente diferente do


homem que eu conhecia?

Quaisquer respostas que eu encontrasse careciam da


confiança que eu normalmente tinha ao tomar decisões.

As perguntas vieram comicamente tarde, já que eu atualmente


estava no meio da grande cobertura aberta, observando os
carregadores definirem caixa após caixa para onde quer que eu os
direcionasse.

Eu estava louca?

Eu sabia a resposta para essa pergunta sem questionar. Sim.


Provavelmente insana comprovadamente.

— O que tem isso? — um dos homens perguntou. — Diz


quarto.
Eu abri minha boca para dizer a ele a primeira porta à
esquerda. Eu sabia, sem Nico me dizer diretamente, que ele
esperava que eu compartilhasse um quarto para ter o casamento
real que ele pediu. Em vez disso, as perguntas pairaram, as
dúvidas surgiram e eu disse: — Primeira porta à direita.

O quarto de hóspedes.

Dizer que Nico não ficou feliz quando voltou para casa seria
um eufemismo.

— Vera? — sua voz profunda alcançou o corredor da entrada


e acariciou minha espinha. Apenas meu nome, e minha pele
arrepiou, em parte de nervosismo, em parte por causa de outra
coisa que me recusei a nomear.

— Aqui.

Dobrei outra camisa, tentando me concentrar na tarefa


quando, na realidade, cada centímetro de mim se concentrou em
cada passo duro contra o chão de madeira se aproximando. Eles
pararam a alguns metros de distância, onde eu poderia imaginá-
lo olhando para a suíte master com confusão por não encontrar a
mim ou aos meus pertences lá antes de continuar novamente, se
aproximando.

Os passos pararam do lado de fora da porta aberta, sua


presença assomando como uma ordem para olhar para cima.
Tentei me concentrar na tarefa, para não mostrar minha
apreensão por ele me encarar.

O silêncio se estendeu e meus músculos doeram com a recusa


de tirar os olhos da camisa. — Como foi o trabalho?
Minha voz falhou, expondo meus nervos, e quando ele ainda
não respondeu, eu finalmente cedi, movendo meus olhos apenas o
suficiente para encontrar os dele. Suas narinas dilataram. Sua
mandíbula tremeu. Ele parecia um touro pronto para atacar, mal
segurando o controle. Eu encontrei seus olhos escuros por apenas
um momento antes de voltar a dobrar a maldita camisa.

Finalmente, com um bufo que soou assustadoramente perto


de um rosnado, ele saiu furioso, me libertando da tensão que
apertava cada músculo como um parafuso. Eu tinha acabado de
soltar a respiração que estava segurando quando a porta batendo
no corredor reverberou pelo apartamento, me fazendo pular.

Desta vez, eu fiz uma careta, empurrando meu olhar para a


porta como se ele fosse capaz de sentir minha desaprovação
através das paredes. Sério? Ele queria bater as portas como uma
criança porque eu não estava... o quê? Esperando em sua cama
como uma boa mulher?

Toda a apreensão de um momento atrás mudou. Irritação, e


mais uma vez a sensação de ser um brinquedo que não funcionava
como esperado tomou conta de mim. A necessidade de pisar no
corredor e abrir a porta apenas para que eu pudesse batê-la
novamente puxou meus músculos contraídos novamente. O desejo
de fazer meu próprio barulho tornou-se muito forte e me recusei a
me rebaixar ao nível dele.

Desistindo, joguei a maldita camisa em uma gaveta aleatória.


Demorei a vasculhar três caixas antes de encontrar meu robe e me
dirigir ao banheiro. Com sorte, um banho quente iria queimar a
raiva que fervilhava logo abaixo da superfície.

A água fumegante e o sabonete líquido de baunilha ajudaram


a me trazer de volta à mulher calma que minha mãe criou. No
momento em que me sequei e me envolvi em meu robe de seda, eu
estava pronta para enfrentar Nico novamente. Desta vez, para ter
uma conversa sobre nossos arranjos de vida como dois adultos.

Pelo menos, até que eu abrisse a porta para encontrá-lo


puxando um punhado de minhas roupas que eu tinha acabado de
guardar e se dirigindo para a porta.

— O que diabos você pensa que está fazendo? — Eu gritei.

Ele não se preocupou em parar, apenas gritou por cima do


ombro, — movendo sua merda para onde ela pertence.

— Elas pertencem aonde eu as coloquei.

Corri para a porta a tempo de vê-lo caminhar alguns metros


até o quarto principal e ouvir uma gaveta da cômoda abrir e fechar.
Tão rápido quanto ele desapareceu, ele deu a volta pela porta,
avançando em minha direção como se eu fosse a próxima coisa
que ele pegaria e jogaria no quarto.

Agarrei meu robe com mais força e recuei para dentro do


quarto, o queixo erguido. Quando ele passou por mim para pegar
mais roupas, dei um passo para o lado, bloqueando-o. — Não.

— Vera, — ele rosnou.

— O objetivo desse acordo não é ganhar liberdade e ficar longe


de todos que ditam tudo para mim? Então, quem se importa onde
eu durmo?

— Você é minha esposa.

Eu não pude evitar meu bufar de descrença, aparentemente


cutucando seu orgulho masculino. Ele ficou mais alto, maior, e a
cada passo para mais perto, avançando em meu espaço, eu me
arrastava para trás, até que minha bunda atingiu a borda da
cômoda, e suas mãos grandes agarraram a madeira de cada lado,
me prendendo.

— Estou te fazendo um favor aqui, Verana, — ele me lembrou


em uma voz perigosamente baixa. Não que meu corpo tenha
entendido isso como o aviso que deveria ser. Meus mamilos
endureceram como se estivessem sendo convidados para uma
festa e cruzei os braços em indignação e vergonha. — Eu não estou
fazendo você dormir comigo, embora nós dois saibamos que você
quer. Então, o mínimo que você pode fazer é dividir o quarto com
seu marido e parar de agir como uma porra de diva.

Seus olhos me desafiaram a mergulhar em seu abismo negro,


tão profundo que nem mesmo a lâmpada de cabeceira poderia
tocar suas profundezas. Eles me desafiaram a ceder, mas eu
recusei. Eu levantei meu queixo mais alto e permaneci
obstinadamente silenciosa.

— O que as pessoas vão pensar quando vierem e nos


encontrarem em salas diferentes?

— Eu ficaria mais preocupada em saber por que alguém


estaria bisbilhotando nossos quartos.

— E convidados? Onde eles dormiriam? — ele perguntou com


cada vez menos paciência.

— Por favor. — Eu zombei. — Que convidados? Ainda não


conheci um único amigo seu.

O músculo em sua mandíbula pulsou. — E Raelynn? Nova?

— Elas podem dormir comigo. Eles sabem a verdade. — Dei de


ombros, orgulhosa de rebater seus argumentos um por um.
— Pare de ser tão teimosa. — Pela primeira vez, ele ergueu a
voz além das baixas exigências.

Então, eu levantei minhas costas. — Não.

Outro olhar fixo onde os centímetros de espaço entre nós


desapareceram e o calor de sua determinação colidiu com a minha.

Seu lábio se curvou como um animal mostrando os dentes.

Tudo o que tive como aviso final foi seu rosnado profundo. Em
seguida, aqueles braços fortes e grandes mãos agarraram minha
bunda enquanto ele se abaixava e me erguia por cima do ombro.

Eu gritei, minhas mãos tentando me apoiar contra as curvas


flexíveis de suas costas e puxando meu robe para baixo para cobrir
minha bunda que parecia uma grande demais para ser coberta.

O mundo girou, e vi o porto seguro que planejei ser meu por


cinco anos ficar cada vez mais longe. Eu saltei contra o ombro de
Nico enquanto ele me carregava da mesma forma que fez com
minhas roupas para o outro lado do corredor.

- Droga, Nicholas Fodido Rush, Me. Coloca. No. Chão. — Eu


pontuei cada demanda com um pequeno punho em suas costas.
Em troca, eu recebi um forte tapa na minha bunda, o crack
alcançando meus ouvidos um momento antes da picada florescer
na minha bunda.

O choque me deixou sem palavras. Choque por eu estar


sentada em cima de seu ombro enquanto ele me arrastava como
um móvel. Choque por ele ter me batido. Choque que a picada se
transformou em uma queimadura que aqueceu meu núcleo, e
parte de mim queria continuar batendo em suas costas na
esperança de que ele me espancasse novamente.
Todo aquele choque desapareceu em um flash quando o
quarto se moveu muito rápido, e ele me atirou por cima do ombro,
me jogando na cama como uma boneca de pano.

Ele não me deu um segundo para escapar, em vez disso,


rastejou até a cama. Ele se inclinou sobre mim, seus punhos
cerrados, mergulhando no colchão ao meu lado. Tirei meu cabelo
do rosto e segurei seu olhar, com um pouco menos de certeza da
minha postura do que antes. Durante todo o tempo, fiz o possível
para arrumar meu manto para cobrir qualquer coisa importante.

— Você é minha esposa, droga.

Os avisos frios, calmos e perigosos de antes desapareceram.


Em seu lugar estava um Nico acalorado - um homem além da
paciência e do raciocínio. O abismo escuro de antes brilhou com
algo que eu não conseguia identificar, algo que me fez realmente
ouvir, quase algo como desespero.

— Este é o nosso casamento, nossa casa, e não vou dormir


nesta cama sozinho enquanto minha esposa estiver do outro lado
do corredor. Agora pare. Por favor.

Em algum lugar nessas três últimas palavras, algo rachou em


sua fachada, e eu vi além do homem dominador. Eu vi um pedaço
do homem que se preocupava com seu avô e sorria genuinamente
sempre que se falavam ao telefone. Eu vi o pedaço de um homem
que perguntou sobre a esposa e o filho de um colega de trabalho.
Eu vi apenas um homem. Talvez um solitário.

Por um momento, olhei para Nico como alguém diferente de


outra pessoa tentando controlar minha vida e ouvi as palavras de
minha mãe.
Nem sempre será fácil, mas você deve ser forte o suficiente para
superar o exterior duro que esses homens retratam. A verdade é que
somos mais fortes do que todos eles, e eles só precisam saber que
podem ser vulneráveis conosco. É aí, mia bambina, que o casamento
verdadeiro substitui o arranjado.

— Tudo bem. — Eu quase sussurrei.

Ele piscou como se eu tivesse batido nele, mas se recuperou


rapidamente, remendando qualquer rachadura que expusesse
qualquer fraqueza. Ele se levantou e acenou com a cabeça,
finalmente me dando espaço para respirar. — Obrigado.

Eu tinha acabado de concordar em compartilhar um quarto,


uma cama, com ele, e ele acenou para mim como se fosse uma
fusão de negócios. Isso me irritou apenas o suficiente para voltar
à petulância. — Mas eu escolho o lado direito.

Suas narinas dilataram-se. — Ver —

— Lado. Direito. Nicholas.

Eu segui seus olhos até onde eles mudaram para um livro,


relógio e despertador na mesa de cabeceira direita. Meus lábios se
contraíram, mal segurando um sorriso, sabendo que ele estava
considerando entrar nessa batalha, mas sabendo que ele iria
perder.

Seus punhos cerraram-se, mas ele finalmente cedeu. — Ok.

— Obrigado. Foi um prazer fazer negócios com você.

Não apreciando minha alegria, ele foi até o banheiro e bateu a


porta novamente. Enquanto ele tomava banho, tive extremo prazer
em mover minhas bugigangas de cabeceira para a mesa lateral
direita.

Naquela noite, agarrei-me à beirada da cama, ao mesmo tempo


desejando e temendo me virar para ele. Tive um pouco de prazer,
fingindo dormir como um bebê enquanto o ouvia se mexer e se
virar, resmungando sobre o desconforto e o maldito lado esquerdo.

Eu estava quase completamente adormecida, relaxando na


beirada da cama, quando o ouvi murmurar, — foda-se —, e tão
suave quanto um pai com medo de acordar uma criança
adormecida, ele deslizou seu braço em volta da minha cintura e
me puxou de volta para encontra-lo no meio.

Meu primeiro instinto foi levantar e exigir saber o que diabos


ele estava fazendo, mas a curiosidade venceu. Eu o sentiria
pressionando sua ereção contra minhas costas enquanto tentava
se aproveitar de nós na mesma cama? Ele queria ver se ele poderia
me pegar desprevenida enquanto durmo?

Eu queria que ele fizesse? Eu queria culpar o fato de estar


apenas meio acordada como a razão para eu ter considerado deixá-
lo se aproveitar de mim?

Mas nunca tive a chance porque ele não fez nada disso.

Em vez disso, lábios suaves acariciaram meu ombro e, pela


primeira vez em toda a noite, ele parou de se mexer e se virar,
adormecendo comigo em seus braços.

A coisa mais louca foi que eu também adormeci.


Vera

— Mais três doses de tequila, senhor —Raelynn gritou para o


barman.

— Duas. — Nova chamou por cima do ombro de Rae.

— Ah, vamos, Nova. Você tentou parar de beber no último bar,


— Rae lamentou.

— Uma de nós precisa nos levar para casa... espero que em


breve.

Rae revirou os olhos. — Você sabe que meu motorista vai nos
levar para casa. Basta um pequeno toque no meu telefone e puff,
ele nos leva embora em uma carruagem.

— E quando você estará chamando? Antes de vomitarmos


nosso almoço do ano passado ou depois?

— Definitivamente depois, — disse Raelynn com um sorriso e


uma piscadela. — Aquela salada foi uma perda de tempo e eu
quero que ela seja removida deste templo.

Nova tentou segurar seu olhar, mas seus lábios se contraíram,


o primeiro sinal de que ela se quebrou e lutou contra um sorriso.
Ela balançou a cabeça e cedeu, seus lábios se separando em uma
risada suave. — Você é louca.

— Uma de nós tem que ser.

Pegando meu copo do topo do balcão, pisquei para Nova. Uma


espécie de camaradagem entre as duas garotas não tão loucas,
mas completamente apaixonadas por uma garota selvagem. Ela
revirou os olhos, mas piscou de volta, e nenhuma de nós
mencionou como ela realmente não bebeu a dose, mas em vez
disso, levantou-a em um brinde conosco e rapidamente deslizou
de volta para o barman.

Com o álcool queimando em minhas veias, misturado com as


outras quantidades copiosas de bebidas que tomamos naquela
noite, decidi irritar Raelynn.

Aparentemente, ela notou o copo cheio de Nova porque ela


rapidamente o pegou de volta e enquanto a encarava, sem nenhum
calor no olhar, o devolveu à Nova. Esperei até que ela quase
esvaziasse o copo.

— Além disso, Nova. Ela provavelmente está esperando uma


desculpa para enviar uma mensagem de texto bêbado para Austin,
e ele virá em seu socorro. Dessa forma, ela pode se esfregar sobre
ele e dizer que é só porque ela estava bêbada e não precisar admitir
que esteja apaixonada.

Raelynn tossiu forte, mal evitando nos borrifar com tequila.


Ela bateu no copo com um baque que combinou com a batida do
baixo inundando o bar escuro e olhou por cima de sua mão
cobrindo a boca.

Nova e eu rimos.
— Eu. Não. Estou. Apaixonada — ela tossiu, ou pelo álcool
ainda em seus pulmões ou porque Raelynn tendia a engasgar com
a palavra quando não era conosco. — Não é assim entre Austin e
eu.

— Claro que não, — disse Nova, suas palavras cheias de


sarcasmo.

Eu bufei porque embora Nova pudesse parecer um cervo nos


faróis quando ela enfrentava Raelynn, ela sempre venceu com seus
comentários sarcásticos. Ela era mais como uma morte lenta,
enquanto Rae era uma bola de demolição.

— Então, você está dizendo que se Austin entrasse e se


oferecesse para te deixar escalá-lo como a árvore que ele é, você o
recusaria?

Ela ergueu uma sobrancelha arrogante. — Não, porque espero


que todo ele seja do tamanho de uma árvore, e nunca recuso algo
que pode me fazer sentir tão bem.

Austin era o outro melhor amigo de Raelynn, o completo


oposto dela. Eles se conheceram em uma festa da faculdade em
seu segundo ano e de alguma forma se tornaram amigos, apesar
de seu melhor esforço para dormir com ele. Acho que Raelynn
gostou, e provavelmente odiou um pouco, que ele foi o primeiro
cara a não querer dormir com ela. Ela era toda cidade grande, e
ele vinha de uma fazenda no interior do estado de Nova York.

A amizade deles era... intrigante, e Nova e eu podemos ou não


apostar que eles se casarão quando tiverem quarenta anos.

— Além disso, ele está visitando a família e não está na cidade.


— Ele é seu acompanhante para o casamento? — Eu
perguntei.

— Claro. Amigos para casamentos são perfeitos. E eu já o vi


de smoking uma vez e, droga, aquele homem preenche um terno
melhor do que ninguém.

— Pobre homem, — riu Nova. — Como ele se defendeu de você,


eu nunca saberei.

Raelynn encolheu os ombros, sem remorso por sua


objetificação de seu amigo. — Mais três doses — disse ela ao
barman, olhando Nova com um olhar desafiador.

Desta vez, ela bebeu obedientemente, nem mesmo


estremecendo. No fundo, todas nós sabíamos o quanto Nova
gostava de tequila. Meu lado rebelde sentava-se mais perto da
superfície do que o dela, mas ela ainda tinha um, e a Naughty Nova
adorava tequila.

As luzes piscaram, e o clube nos envolveu em uma música


remixada após a outra sem consumir nossas palavras. Ficamos
paradas no canto do longo bar, balançando ao som da música,
rindo e conversando. Precisávamos gritar um pouco, mas não
tanto que ficaríamos roucas pela manhã.

— Pergunta. — Eu comecei levantando meu dedo como se


estivesse preparando uma declaração. Ambas as meninas riram
quando eu tive que fechar meus olhos e apoiar minha mão na
barra por um momento, porque o álcool me atingiu um pouco forte.
Eu sacudi isso e continuei. — Será mesmo uma despedida de
solteira se não for um casamento de verdade?
— Por que não é um casamento de verdade? Isso é legal. Vocês
vivem juntos. Você está compartilhando quarto, — Raelynn
assinalou cada argumento.

— Porque não é. É um acordo. Como um contrato de negócios.

— Não foi isso que aconteceu entre você e Camden? Não foi
isso que seus pais planejaram o tempo todo?

Estremeci com a menção de Camden. — Isso é diferente.

— Quão diferente? — Perguntou Nova.

— Apenas é. — Meu cérebro lutou para formar um argumento


coerente com todo o licor.

— Você teria transado com Camden? — Raelynn perguntou.

Eu fingi amordaçar.

— Isso é um sim.

— Eu não sei. Talvez porque estou escolhendo isso e não


qualquer outra pessoa. Achei que se eu escolhesse meu marido,
seria por amor.

— Amor e negócios. — Ela acenou com a palavra como uma


mosca. — Você acabou de atualizar seu pacote de casamento
arranjado. Eu chamo de vitória.

— Camden era muito ruim, — acrescentou Nova.

— Tudo parece falso. — Eu disse, acenando minhas mãos para


cercar a sala.
— A faixa não faz você se sentir como uma noiva de verdade?
— Raelynn perguntou com falsa seriedade, sua mão no meu
ombro.

Eu olhei para baixo, acariciando o cetim barato e o brilho


áspero e irregular, declarando meu status. O material totalmente
branco se destacou contra o meu top preto e calças de couro preto,
tornando impossível passar despercebido. Razão pela qual
estávamos tão bêbadas. As pessoas adoravam comprar bebidas
para uma festa de despedida de solteira.

— Se isso não aconteceu, então a tiara e o buquê de flores


deveriam, — disse Nova.

— Demais? — Raelynn perguntou, seu rosto enrugado com


falsa preocupação.

— Não!

— Um pouco, — disse Nova ao mesmo tempo.

Raelynn encolheu os ombros, fazendo uma pose de


supermodelo, exibindo seu top de seda amarelo escuro e minissaia
de couro preto. — Merda. Eu sou demais, e vocês, vadias, adoram.

E assim, partimos do limite das minhas preocupações mais


profundas. Essa era a alegria de estar bêbada. Honestidade era
derramada, apenas para ser lavada por uma piada aleatória,
empurrada de volta para onde precisava ficar enterrada.

— Nós te amamos. — Eu balancei os dois passos e passei meus


braços ao redor dela.

Abri um braço para que Nova se juntasse, e ela entrou, dando


um beijo em nossas bochechas. Seu foco mudou para algo atrás
de nós, e seus lábios se separaram, apenas para fechar com a
mesma rapidez, antes de sorrir para Raelynn.

— Eu te amo tanto que quero te levar para casa antes que você
se odeie.

Um coro de vaias de nós duas acompanhou sua declaração.

— Vamos. Onde está a Naughty Nova? — Raelynn perguntou,


procurando o rosto de Nova como se ela encontrasse a garota
festeira interior de Nova escondida em seus olhos.

Nova era a estável. A que cedeu por último às palhaçadas de


Raelynn. Mas quando o fez, ela cedeu com força total.

— Nós a alimentamos com tequila. Por que ela não sai para
brincar? — Raelynn perguntou, olhando para mim com um
beicinho.

— Talvez ela queira dançar. Não dançamos o suficiente, —


acrescentei.

— Naughty Nova adora dançar.

Nós nos aproximamos, e ela sem entusiasmo tentou nos


empurrar para trás, rindo enquanto dançávamos ao seu redor. Eu
me virei e inclinei minhas costas em seu peito, esfregando minhas
mãos pelo meu corpo até meus pés. Com minhas pernas ainda
retas, eu fiz meu melhor movimento de bunda para os assobios de
Raelynn. Um tapa firme na minha bunda me puxou para cima e
olhei para Raelynn.

— Você gostou.
Lembrei-me de Nico me carregando para o quarto contra a
minha vontade e batendo na minha bunda. Lembrei-me do calor
que floresceu, e me lembrei de como eu tinha gostado. O mesmo
calor voltou com força, não por causa de Raelynn, mas porque toda
vez que eu pensava nele, meu corpo suavizava como se estivesse
se preparando para ceder.

— Vamos, Nova. Temos que deixar essa noiva tão bêbada que
ela deixe de ser uma vadia teimosa e finalmente salte sobre o noivo
como um pula-pula.

Eu empurrei Raelynn e tropecei para trás em meus saltos


espetados. — Pare com isso.

— Muitos drinques mais e ela não vai conseguir ficar de pé. —


Nova riu, me segurando firme.

— Você não precisa ficar de pé para foder.

Nova corou; o clube escuro incapaz de esconder o calor que


inundava suas bochechas sardentas.

— Está bem, está bem. Assunto sério. — Raelynn se virou para


mim e levou dois dedos aos olhos antes de apontar para mim. —
Apenas uma pergunta. Por favor.

— Tudo bem. — Eu disse, já sabendo que me arrependeria.

— A foda? Foi bom? Ótimo? Épico? Ruim? O quê? Dê-me um


número? Um de dez.

Suspirei. Parte na derrota, parte na lembrança onírica. — A.


Melhor. Foda. Tipo vinte.
— Droga. — Ela respirou. — E você nem mesmo tirou a roupa.
Ok, quão grande?

Culpei o álcool por responder tão honestamente quanto eu. —


Eu não consegui ver. Ele estava atrás de mim o tempo todo. Mas
ele apareceu grande e tão, tão bom. Grande como você imagina
que Austin seja.

— Droga. — Ela disse novamente. — Aposto que seu pobre


vibrador está se exercitando.

Nova engasgou com a água. Raelynn deu um tapa nas costas


dela, mas continuou.

— Você poderia, por favor, apenas foder com ele. Por nós. Nós
sabemos que você quer.

Eu enrolei meu lábio e estava a um segundo de cruzar os


braços e bater os pés. — Eu não quero querer.

— Mas você quer. — Raelynn exclamou, apontando o dedo


para mim vitoriosamente.

— Eu definitivamente terminei essa conversa.

— Mas estou tão interessado em saber.

Eu queria culpar a bebida em minhas veias por ouvir a voz


profunda familiar. Como se minha imaginação conjurasse o
estrondo áspero que assombrava meus sonhos. Mas as palavras
acariciaram minhas costas nuas, aquecendo meu núcleo, muito
intenso para não ser real.

Isso e as sobrancelhas de Raelynn tentando se fundir com sua


linha do cabelo enquanto ela se concentrava por cima do meu
ombro, me deixaram saber que isso não era fruto da minha
imaginação.
Vera

Eu me virei, ficando cara a cara com uma fileira perfeita de


botões pretos que segui até um pescoço forte em uma barba escura
que levava a seus lábios carnudos e sorridentes. Depois de me
demorar ali por muito tempo, finalmente encontrei seus olhos,
piscinas escuras de promessas ainda mais sombrias apenas
esperando para serem cumpridas.

— Oh ...há quanto tempo você está aqui?

A verdadeira questão era o quanto ele tinha ouvido.

Na verdade, a verdadeira questão era por que ele estava aqui,


mas minha mente tropeçou em si mesma, tentando processar a
situação.

— Não muito. Eu diria que cheguei bem na hora. — Ele me


examinou da cabeça aos pés, seu exame como o toque de um dedo,
deixando fogo em seu rastro. — Isso foi impressionante... como é
mesmo que se chama? Rebolar? Nova parecia um pouco
desconfortável, mas eu ficaria feliz se você executasse essa dança
em mim a qualquer momento.

Meus olhos se arregalaram e meu queixo caiu. O mundo


balançou, as luzes piscando em um borrão ao meu redor, todas
focadas no rosto sorridente de Nico.
— Oh meu Deus. — As palavras menos inteligíveis, mas tudo
que consegui murmurar em meu choque bêbado enquanto tentava
imaginar o que ele viu. Como não conseguia não imaginar o que
ele sugeria: eu dançando para ele.

— Eu ensinei a ela tudo que ela sabe. — Raelynn entrou na


conversa, me puxando para a realidade.

— Como você nos encontrou? — Eu perguntei.

Ele olhou por cima do meu ombro e eu segui seu olhar para
uma Nova estremecida.

—Sua pequena fofoqueira — Raelynn repreendeu com um


pequeno empurrão.

Nova, completamente impenitente, revirou os olhos. — É para


o seu próprio bem. Você com certeza não revelou o número do
telefone do motorista e eu sei a senha de Vera. Era a única maneira
de impedir que todos nós vomitássemos em algum beco com um
sem-teto que nos perguntaria se queríamos morar em sua tenda.

— Isso foi apenas vez. — Raelynn defendeu.

Eu bufei, lembrando vagamente daquela noite. Foi divertido.


Pelo menos até aquele momento. Eu não tinha certeza do que tinha
sido mais assustador, o mendigo ameaçando nos manter em seu
beco para sempre ou Austin invadindo a rua e nos levando para
casa no silêncio mais frio de todos.

— Uma de muitas, — disse Nova.

— Nova nunca vai te perdoar por isso, — consegui falar em


meio às minhas risadas bêbadas.
Se bem me lembrava, Nova era sua favorita.

— Tudo bem. — Raelynn cedeu. Ela cruzou os braços e ergueu


o queixo como uma princesa que sabia que estava errada, mas não
admitia. Uma princesa com decote amplo perfeitamente exibido em
seu decote em V baixo.

Eu esperava que Nico estivesse olhando para o peito dela,


inferno, eu estava. Em vez disso, eu o encontrei olhando para mim,
seu sorriso desapareceu e um olhar de curiosidade cautelosa,
como se ele estivesse montando um quebra-cabeça que não
conseguia decifrar, mas mal podia esperar para ver montado.

— O forro de esperança é que Vera terá que lidar com o homem


que vai buscá-la neste momento, e eu meio que gostei que ele a
ouviu admitir que queria transar com ele.

— Raelynn, sua vaca.

Agora foi a minha vez de olhar furiosa, a vez de Nova rir e a


vez de Raelynn dar de ombros sem arrependimento. Formamos um
grupo incrível.

— Amo vocês, vadias — anunciou Nova, pulando do


banquinho. Ela passou um braço em volta de nós duas e deu um
beijo em nossas bochechas. — Agora, vamos dar o fora daqui. Nico
só consegue tirar os olhos de Vera quando está nos observando
brincar. Sério, é como assistir um gato assistir a um jogo de tênis.
Hilário, — ela anunciou.

Eu bufei uma risada e corei. Nico estava olhando apenas para


mim? Obriguei-me a olhar para as meninas, com medo de negar
se desse muita atenção ao comentário.
Raelynn bateu na bunda de Nova e devolveu o beijo. — Você
tem sorte de eu te amar.

— Claro que tenho. — Ela nos virou para encarar Nico. — Para
onde, senhor?

Ele nos acolheu. Duas garotas bêbadas demais penduradas


em uma garota um pouco menos bêbada. Ele se demorou em mim
e eu prendi a respiração, esperando que ele negasse a acusação de
Nova. Em vez disso, ele balançou a cabeça, bufando uma risada.
— Eu tenho meu carro e o outro carro com o manobrista, e meu
motorista está na esquina. Acho melhor levar Vera para casa, e
vocês duas podem ir com Xavier.

Com um aceno de cabeça, Nova nos conduziu até a porta,


passando por ele. Mais beijos na bochecha, tapas na bunda e
abraços começaram antes que Nova finalmente conseguisse puxar
Raelynn para o banco de trás, deixando-me desabar no carro de
Nico.

O couro macio amanteigado e os assentos aquecidos


embalaram meu corpo pesado. Eu queria ficar acordada. Eu queria
ver se ele diria mais alguma coisa sobre o que ouviu. Eu queria ver
seu perfil no flash das luzes da cidade brilhando através das
janelas enquanto passávamos. Em vez disso, o zumbido do motor
me embalou para dormir.

Acordei bruscamente quando dois braços fortes deslizaram


sob minhas costas e coxas e me ergueram contra um peito ainda
mais quente.

— Merda. — Eu murmurei. — Eu posso andar.

Ele não se incomodou em responder. Especialmente quando,


apesar de minhas objeções a ser carregada, eu ainda passei meus
braços ao redor de seu pescoço e descansei minha cabeça em seu
ombro.

Em todos os lugares que ele tocou, eu queimei como fogo. O


calor espalhou de seus dedos, cavando em minhas costelas,
subindo meu peito e descendo até meu núcleo. Eu segui o caminho
do calor através de meus membros, ficando ao mesmo tempo, mais
relaxada e tensa com a necessidade.

O mundo balançou quando ele saiu do elevador e desceu o


corredor mal iluminado até a nossa porta da frente.

Nossa.

Talvez fossem as sete doses de tequila ou champanhe mais


cedo com o jantar, mas em algum lugar durante a noite, chamando
sua casa de nossa casa resolveu uma peça quebrada e flutuante
sobre nosso casamento.

— Você consegue ficar de pé?

— Sim.

Ele balançou a cabeça quando eu dei ênfase no S, mas peguei


seu sorriso antes que ele se virasse para destrancar a porta.

Ele segurou a porta aberta e eu tropecei, descendo o corredor


para o nosso quarto. Ele seguiu atrás, pegando meus itens caídos
descuidadamente. Meus sapatos. Minha bolsa. Minha faixa. Minha
tiara.

— Devo esperar esta faixa e tiara no casamento? — ele


brincou, colocando-as sobre a cômoda.
— Talvez. Acho que o glitter rosa choque vai bem com nossas
peônias creme. Acha que podemos adicionar um novo esquema de
cores de última hora?

Ele bufou, me observando desabotoar minhas calças.

Merda.

Percebendo que estava me despindo na frente dele, me virei


para ir para o armário. Enquanto ainda tentava tirar minhas
calças.

No meio do caminho, me concentrei demais em colocar minhas


mãos sob o cós da minha calça de couro e tropecei.

Mãos ásperas cobriram minhas costelas, me impedindo de


plantar o rosto no chão.

— Você está bem?

Meu corpo tremia. A risada começou no meu peito e


lentamente trabalhou seu caminho livre. Ele me virou e empurrou
meu cabelo, outrora perfeitamente encaracolado, mas agora uma
bagunça suada e emaranhada, do meu rosto, tendo até o cuidado
de arrancar alguns fios dos meus cílios.

— Oh meu Deus. Só vou morar nessas calças agora. De jeito


nenhum vou tirá-las, — eu afirmei entre gargalhadas.

— Eu sugeriria talco e loção para bebês, mas então pode se


transformar em uma pasta.

Meu queixo caiu. — Você assiste Friends. — Eu gritei de


empolgação.
Percebi o tom que alcancei quando seus olhos se arregalaram
antes de ele estremecer exageradamente e esfregar as orelhas.

— Oh, cale a boca. — Eu disse, empurrando seu ombro duro.

Claro, tendo muito mais massa e um centro de gravidade


melhor do que o meu, ele ficou parado e eu tropecei para trás. Ele
agarrou minha cintura novamente e eu voltei a rir.

— Quanto você bebeu?

— Muito. Nós meio que começamos na casa de Raelynn


quando estávamos nos preparando.

— Às quatro?

— Nós pelo menos esperamos até as cinco.

— São duas e meia agora.

— Droga. Estou meio que impressionada por ainda estar de


pé.

— Bem, estou segurando você.

— Verdade. — Eu bati em seu peito e balancei a cabeça como


se ele tivesse transmitido algum conhecimento épico.

Suspirei, meus ombros caindo enquanto a adrenalina da noite


deixava meu corpo a cada segundo que passava. Eu olhei para
minha calça de couro, lembrando-me de pensar que era a melhor
ideia de todas e agora querendo apenas cortá-la.

— Talvez eu apenas durma com isso.

— Mesmo? — ele brincou.


— Bem, eu as cortaria, mas meio que gosto delas.

— Você quer ajuda?

— Eu definitivamente acho que é um trabalho para dois


homens. E como somos só eu e você, você está com sorte. Tire-as,
— eu proclamei.

O suor de toda a dança esfriou e fez o couro grudar na minha


pele como cola e, naquele momento, não me importei se me
despisse na frente dele. Eu só queria tirar essa maldita coisa.

Nós dois abaixamos nossas cabeças e enfiamos nossas mãos


na cintura, tentando puxá-las para baixo. Eu tropecei de novo e
bati minha cabeça na dele.

— Merda. Desculpa.

— Sempre esbarrando em mim, — brincou.

— Ha-ha-ha.

Seus lábios se curvaram, suavizando a carranca usual ou o


sorriso arrogante. — Você xinga muito quando bebe.

— Como a porra de um marinheiro.

Puxando suas mãos, ele segurou as minhas e me guiou para


deitar na cama. — Assim pode ser mais fácil.

— Eu aposto. — Eu murmurei, deitando de volta.

Ele agarrou meus quadris de ambos os lados e puxou. Alguns


puxões me fizeram deslizar para baixo da cama com as calças, e
quando ele as abaixou o suficiente para rolá-las, eu tinha os dois
braços em volta da minha cintura, segurando meu estômago em
um ataque de riso.

— Jesus Cristo. Por que se usa algo assim? — ele perguntou,


sem fôlego.

— Porque eu fico gostosa com elas.

— Não posso argumentar contra isso.

Ele jogou as calças de lado e eu me levantei, levantando meus


braços como uma criança.

— Precisa de ajuda com o seu top?

— Está apertado. — Eu choraminguei. — E tudo está girando


um pouquinho mais rápido. Só... não olhe.

Fechei meus olhos como se eu não devesse olhar.

— OK.

Suas mãos roçaram a pele nua de meus quadris, acariciando


suavemente de uma forma que não tinha nada a ver com me
ajudar a tirar minha camisa, mas eu apenas mantive meus olhos
fechados e os braços para cima. Se eu não visse, não precisava
reconhecer o que poderia acontecer. Certo?

Certo.

Ele tirou aquele tecido preto rendado e elástico grudado em


minhas costelas, e eu prendi a respiração quando o ar frio atingiu
a parte inferior dos meus seios. Os segundos se estenderam no que
pareceu uma eternidade, sua respiração acelerando. O material
raspou pelos meus mamilos com uma lufada de ar frio, puxando-
os para os pontos doloridos. Ele puxou a blusa para cima e para
fora.

Deixei cair meus braços para os lados e forcei meus olhos a


abrirem, meio que esperando encontrá-lo olhando para meus
seios. Em vez disso, eu o encontrei olhando para mim. Nossos
olhos colidiram, e as perguntas de Raelynn sobre por que eu,
simplesmente, não transava com ele voltaram rugindo.

Seus olhos me acenaram como a cobra no jardim do Éden.

Ceda. Eu prometo que farei valer a pena.

Eu sabia que ele iria. Lembrei-me. E isso foi em uma festa,


totalmente vestida - imagine o que ele poderia fazer nu com um
quarto inteiro à sua disposição.

Mas como eu disse, eu não queria querê-lo.

A verdade era que Nico era uma escolha. Não foi um


casamento arranjado como tinha sido com Camden. Decidi
concordar com a proposta de Nico. E quando era pequena, nos
momentos em que me permitia imaginar um futuro que me fizesse
escolher o meu próprio marido, nunca foi aquele que não me
amasse.

Eu não queria desejá-lo, um homem que afirmava abertamente


que nunca me amaria.

Mas eu fiz.

E talvez, apenas por esta noite, eu pudesse repetir a dose. Se


eu acordasse de manhã com arrependimentos, colocaria a culpa
no álcool e juraria que nunca mais faria isso.
A tensão cresceu como uma coisa viva entre nós, envolvendo
nossos corpos, puxando-nos para mais perto. Ele se espalhou por
nossas costas, como uma bolha envolvendo-nos em nossas
necessidades básicas.

Apesar de estar na frente dele apenas com um pequeno pedaço


de renda, seus olhos nunca se perderam.

Eu descansei as pontas dos meus dedos na parte inferior de


seu abdômen, uma emoção correndo por mim quando seus
músculos rígidos ondularam sob minhas pontas do dedo.
Lentamente, levantei cada palma, subindo mais alto, passando por
seu peito até os ombros.

Usando-o como apoio, pressionei os dedos dos pés e inclinei-


me.

Apenas para ele agarrar meus pulsos como algemas e puxá-


los enquanto recuava.

Meu coração gaguejou com a batida rápida e forte. A dúvida


apertou meu peito com muita força.

— Eu não fodo com mulheres bêbadas, — disse ele.

O constrangimento tomou conta de mim como um balde de


água fria, congelando-me na ponta dos pés, meus pulsos em suas
mãos e meu queixo caído. Tudo em um pedaço de renda que
parecia sexy momentos atrás e agora parecia o último resquício de
dignidade que eu tinha.

O calor queimando em seus olhos aumentou, e parte de mim


se perguntou se talvez eu tivesse imaginado a coisa toda. Ele
realmente nunca esteve lá?
Porra.

Porra.

Eu engoli, lutando para me recompor, agarrando-me por


qualquer emoção, incapaz de sentir nada além do álcool
espiralando em meu estômago.

Oh meu Deus.

Que tola.

Ele disse que me foderia em qualquer lugar, e aqui estava eu


me jogando nele apenas para ele me rejeitar.

Esse era seu plano o tempo todo? Que eu cedesse apenas para
me recusar?

Merda. Que idiota.

Fechei os olhos para me concentrar, e uma emoção brilhou no


escuro. Aquela que rapidamente se tornava minha companheira
constante. Aquela que me levou até este exato momento, em um
quarto que não era meu. Em um apartamento que não era meu.
Nos braços de um homem que, tecnicamente, não era meu. Com
um anel de noivado que nunca deveria ter sido meu.

Raiva.

Estendi a mão e a agarrei com força, como um escudo.

Abrindo meus olhos, apertei minha mandíbula e arranquei


meus braços de seu aperto. Eu tropecei, e ele estendeu a mão para
me firmar, mas eu me esquivei, descansando minha mão na mesa
de cabeceira para não cair.
— Eu me arrependeria de qualquer maneira. — Eu cuspi. —
Assim como todas as outras mulheres que você provavelmente
fodeu e partiu arrependido.

Aparentemente, minha raiva acendeu a dele porque uma


cachoeira de gelo cobriu qualquer calor remanescente em seu
olhar e, em vez do quase sorriso de antes, seus lábios se curvaram
em um sorriso cruel. — Confie em mim, Vera. Não há nada sobre
estar dentro do seu corpinho apertado que me fizesse me
arrepender. O que você disse antes? — Ele franziu os lábios. — O
melhor de todos? Tipo vinte?

O constrangimento tentou me atingir de novo, mas usei meu


escudo como uma defesa fraca. — Foda-se.

— Com prazer. Que tal pela manhã, quando você pode


realmente participar?

Eu engasguei com uma risada forçada. — Okay, certo. Você


perdeu sua chance. Eu não dormiria com você se você fosse o
último homem na Terra.

— Veremos sobre isso. — A confiança gotejava de cada


palavra, prejudicando meu escudo mais do que o
constrangimento.

Incapaz de formar mais argumentos quando a exaustão


rastejou por meus membros, segurei meu queixo erguido. Lutando
para não cobrir meu peito, espelhei minha própria confiança, que
era toda uma fachada.

Eu passei por ele, cambaleando enquanto invadia o armário e


desajeitadamente colocava camiseta e shorts. A camisa estava do
avesso e o short estava virado para trás, mas não me importei. Eu
tinha cerca de dois por cento de vida restante em mim e estava
usando cada grama para salvar meu orgulho mutilado.

Abri a porta para encontrá-lo ainda de pé, então bati nele


novamente e subi no lado direito da cama.

— Boa noite, Nico. Estou realmente ansiosa para os próximos


cinco anos sem foder você.

Com isso, apaguei a lâmpada de cabeceira e rolei, sorrindo


com a minha pequena vitória de ter a última palavra.

Pelo menos até que sua risada baixa rastejou pelas sombras
como minha fantasia mais sombria, abrindo buracos em minha
fraca confiança.

— Boa noite, Verana.


Vera

— Última chance. Você quer fugir? — Raelynn perguntou.


Seus olhos oceânicos encontraram os meus através do meu véu.
Ela parecia uma granada com o pino puxado, mas não lançado.
Posso não me casar com alguém que amo, mas hoje tenho amor
ao meu redor. — Eu já preparei Austin para nos limpar o caminho
e cancelar tudo. Bruce está na discagem rápida na esquina com o
carro.

— Raelynn! — Nova repreendeu.

— O que? — Ela olhou para Nova como se ela fosse louca. —


Nós somos suas damas de honra. Não estaríamos fazendo nosso
trabalho se não pedíssemos a ela para fugir.

— Certo. Vera, você sabe que estou sempre com você se quiser
fugir, — disse ela, a amiga que me apoiava perfeitamente. Então
ela focou suas sobrancelhas franzidas de volta em Raelynn. —
Ainda assim.

Raelynn deu de ombros e se virou para mim, procurando em


meu rosto por qualquer sinal de que eu queria correr. — Você está
hesitando? Porque estou falando sério. Podemos fugir. Só garotas,
ilha do amor, aí vamos nós!
Ela acrescentou um brilho, parecendo deslumbrante em seu
vestido rosa claro.

Eu ri, me perguntando se talvez uma ilha só de garotas fosse


melhor do que a situação atual.

Eu me olhei no espelho. O véu bloqueando ligeiramente minha


visão de uma mulher toda de branco. A blusa rendada cortava um
V profundo que se encontrava na cintura justa do meu vestido
antes de fluir para uma seda macia e pesada. Eu não tinha certeza
sobre o top mais revelador, mas Raelynn prometeu que era
elegante e sexy.

Encontrando os olhos escuros da mulher no espelho,


segurando seu buquê de peônia todo branco, ela parecia tão
familiar, mas ao mesmo tempo era como se eu nunca a tivesse
visto na minha vida.

Ficando mais ereta, eu levantei meu queixo, retratando a


coragem desafiadora agitando as profundezas chocolate. Posso
não reconhecer cada centímetro da noiva no espelho, mas a força
me preencheu da mesma forma. Eu não era mais a mulher dócil e
obediente que esperava que seu futuro fosse escolhido porque
todos diziam que era a coisa certa.

Não. Eu era Verana Mariano.

E embora ela parecesse uma estranha, ela era eu. Ela era
apenas uma versão mais recente que eu não tinha percebido que
esteve adormecida todos esses anos.

— Estou pronta.

— Então vamos.
Com uma última respiração profunda, fui enfrentar meu
futuro.

Rumo a Nicholas Rush.

A cada passo mais perto, eu pensava sobre a última semana


quando me joguei embaraçosamente em cima dele.

Eu esperava encontrá-lo exultante na manhã seguinte. Em vez


disso, acordei com uma garrafa de água e um ibuprofeno na mesa
de cabeceira. Na verdade, nunca falamos sobre isso além de um
clarão do outro lado da ilha da cozinha - ele colocou bacon
gorduroso na minha frente quando eu finalmente encontrei a
coragem de deixar o quarto, e me irritou que ele estivesse tornando
difícil ficar com raiva dele.

O trabalho consumia nossos dias, não deixando espaço para


um tempo sozinho para enfrentar as consequências de minhas
ações embriagadas. Pelo menos, até que ambos nos deitássemos
na cama à noite. Eu me arrumava no banheiro de hóspedes para
evitar pegá-lo no banho. Isso tinha acontecido uma vez, e eu
imediatamente fechei meus olhos, correndo na outra direção como
uma puritana, sua risada seguindo atrás.

Considerei tentar me esconder no quarto de hóspedes, mas a


alegria mesquinha de ficar do lado dele da cama sempre me trazia
de volta para o quarto principal, onde me arrastava na cama e
dormia na beirada.

Todas as noites, eu apagava as luzes e fingia dormir, mas ele


sabia a verdade. E repetia a mesma risada arrogante e perguntava
se eu queria me oferecer em uma bandeja de prata.

- Eu ficaria feliz em comê-la, Verana. Lembro-me de como você


era doce na minha língua.
— Bem, segure firme essa memória, porque isso nunca vai
acontecer novamente.

— Oh, pode deixar. Eu a seguro com força em meu punho


todas as manhãs, geralmente no chuveiro. Você poderia ter visto
se tivesse ficado.

Eu engoli meu gemido, me lembrando que ele era um homem


desrespeitoso e prostituto. No entanto, apesar de meus melhores
esforços, houve momentos em que ainda acordei no meio da noite
em seus braços. Apesar de odiá-lo e recusá-lo, eu nunca me
afastei, em vez disso, fiquei parada, apenas para acordar sozinha
pela manhã.

Nico se levantava cedo para ir à academia antes de se enfiar


em seu escritório para as reuniões de preparação para a lua de mel
de duas semanas que planejara.

Ele esteve tão ocupado que realmente me deu atribuições além


das cotidianas. Eu me regozijei quando arrasei no trabalho, e o
cliente disse que minhas ideias eram únicas e tinham o potencial
de alcançar novos patamares. Isso o forçou a reconhecer minha
grandiosidade. Eu encontrei seu olhar escuro através da mesa de
conferência com um sorriso vencedor. Mas então seus lábios se
contraíram em uma aparência de sorriso, algo como orgulho
piscando em seu rosto antes que ele rapidamente prosseguisse
com a reunião.

A lembrança daquele momento me fez sorrir de novo, mesmo


enquanto me ajeitava para ficar em minha posição.

Ele podia ser um idiota, mas algo latente sob a superfície que
me instigou a ir mais longe. Não, eu não precisava fugir. Ainda
melhor, eu não queria.
Eu estava pronta.

— Que diabos, Nico? — Raelynn gritou, me impedindo de


andar pelo corredor. Nova lutou para evitar que meu vestido me
fizesse tropeçar antes de se juntar a Raelynn para criar uma
barreira de damas de honra - braços abertos e tudo. — Você não
pode vê-la antes do casamento.

— Eu só queria falar com ela um momento.

Uma onda de pavor envolveu meu peito e apertou. Ele queria


cancelar? Ele tinha alguém perguntando se ele queria fugir? Um
amigo que eu não conhecia? Uma antiga amante?

Oh meu Deus. Oh meu Deus.

Os pensamentos trouxeram ondas de adrenalina. Meus


membros tremeram tanto que quase deixei cair meu buquê. Minha
visão escureceu nas bordas enquanto cenário após cenário
passava por minha cabeça.

Eu teria que me casar com Camden.

Eu ficaria presa para sempre.

Eu olhei para a mão de Raelynn, imaginando agarrá-la e


correr.

— É melhor você não terminar com ela, — disse Nova com a


voz mais fria que eu já ouvi de sua alma gentil. Até a cabeça de
Raelynn estalou em seu caminho em estado de choque.

— Eu não vou. Eu só queria ter algumas palavras - em


particular - antes de dizermos nossos votos.
O alívio quase tirou meus joelhos e uma risadinha se soltou
porque tudo que eu conseguia pensar era que, se eu fosse
desmaiar, pelo menos estava cercada por uma pesada massa de
seda e tule. Seria a aterrissagem mais suave de todos os tempos.

Nova olhou para mim pedindo permissão e eu balancei a


cabeça, me recompondo.

— Bem.

— Mas fique no corredor. Sem espiar, ou vou arrancar seus


olhos com meus sapatos de salto alto — Raelynn ameaçou.

— Jesus. — Nico murmurou, puxando outra risadinha de


mim.

— É o dia do casamento dela. Real ou não, é especial.

— Garanto a você, é muito real.

— Mmhmm. — Raelynn se virou para mim. — Você está bem


com isso?

— Sim. Vou ficar no corredor. Obrigada, guarda-costas, — eu


brinquei.

— A qualquer momento. Vamos esperar por você na escada.

Ambas as garotas beijaram meu rosto e saíram. Nova


enfrentou Nico e levou dois dedos aos olhos brilhantes antes de
apontá-los para ele. Eu meio que gostaria de poder ver seu rosto,
mas apesar de todo esse sentimento de farsa, eu queria que fosse
o mais real possível. Sempre gostei das tradições bobas, então
fiquei escondida.
— O que está acontecendo, Nico?

Ouvi o tecido de seu terno esfregar e o imaginei encostando


seus ombros largos na parede para ficar confortável. Talvez ele
estivesse com as mãos enfiadas nos bolsos, puxando o material
com força sobre a protuberância.

— Vou beijar você hoje, Verana.

De todas as coisas que eu considerei ele dizendo, isso nem


havia passado pela minha cabeça. Demorou um pouco para
processar, as palavras ásperas virando o corredor para afundar em
meu peito como uma promessa. Loucamente, em todo esse tempo,
não nos beijamos. Eu sabia o quão rudemente suas mãos
espalharam meus seios, o quão forte elas agarraram meus quadris.
Eu sabia como sua língua se movia entre minhas coxas, como seu
pau me esticava ao máximo. Eu sabia de tudo isso, mas não sabia
como seus lábios se moviam nos meus.

Foi a última linha que cruzamos, e parecia mais íntimo do que


sexo.

— Você tem certeza? — ele perguntou tão baixinho que quase


perdi. Faltou a confiança usual que ele exalava sem tentar.

— Sobre o beijo ou o casamento? — Eu perguntei, tão


suavemente.

— Ambos.

Eu tinha certeza que queria que ele me beijasse? Eu tinha


certeza de que queria prosseguir com o casamento?

Hesitei, pensando em correr.


Mas me lembrei dos dez segundos de pavor que me engoliram
por inteiro quando pensei que ele viria cancelar tudo. E se eu
tivesse que ser honesta, talvez estivesse ansiosa para finalmente
beijá-lo. Talvez eu quisesse por mais tempo do que eu admitiria e
fazer isso para oficializar nosso arranjo parecia a desculpa perfeita.

Ainda assim, eu não poderia abrir mão de todo o controle. —


Acho que sim. — Eu respondi brincando.

— Sobre o beijo ou o casamento?

— Ambos.

Ele deu uma risadinha. Fechei os olhos, imaginando seu peito


se movendo com o estrondo profundo, seus lábios carnudos se
contraindo em um sorriso relutante.

— Isso significa que você vai me deixar foder você na nossa


noite de núpcias?

Eu engoli o sim, sentado na ponta da minha língua. — Nos


seus sonhos.

— Veremos. — Ele prometeu.

Revirei os olhos, ouvindo toda a confiança que estava faltando


antes.

— Mal posso esperar para ver você.

Com aquelas palavras de despedida que soaram sinceras, o


que é algo que eu não esperava ouvir de ninguém além de um noivo
que realmente amava sua noiva, ele foi embora.
Um momento depois, o farfalhar de vestidos anunciou o
retorno de Raelynn e Nova.

— O que ele disse?

— Ele olhou?

— Você está bem?

— Você está pálida. Eu preciso esfaqueá-lo?

Elas me atacaram com uma enxurrada de perguntas rápidas


demais para que eu pudesse acompanhar. Eu levantei minhas
mãos e ri. — Estou bem. Acho que foi só para ter certeza de que
realmente estou aqui.

Satisfeitas com minha resposta, elas relaxaram. — OK. Bem,


vamos começar a festa.

Elas me ajudaram a subir os degraus antigos para o nártex,


onde meu pai esperava, andando de um lado para o outro no chão
de ladrilhos.

Engoli o nervosismo e sorri para Nova quando ela apertou


minha mão para me tranquilizar.

Parte de mim não queria que meu pai me levasse até o altar,
nosso relacionamento rasgado em pedaços que eu não reconhecia
mais. Mas lá estava ele, principalmente pelas aparências, e pela
mamãe. Ela teria ressuscitado dos mortos para gritar com nós dois
se ele não estivesse lá para mim hoje.

Ele parou quando me viu. Seu queixo caiu enquanto ele me


olhava de cima a baixo.
Por um momento, foi o momento que eu imaginei quando era
uma menina. Ele olhava para mim com orgulho, seus olhos se
enchiam de lágrimas, e me puxava para seus braços, dizendo que
eu era a noiva mais linda que ele já tinha visto.

Eu esperei, prendendo a respiração.

Suas rugas se aprofundaram com uma carranca, como se o


peso de tudo que perdemos fosse pesado demais para ele suportar.
Meu nariz queimou quando me forcei a não correr para seus
braços. Eu queria o homem que ameaçou meu par do baile. Eu
queria o homem que me levou a um show do One Direction e até
dançou comigo. Eu queria o homem que me segurou quando
chorei por ter perdido mamãe.

Ele se parecia com aquele homem, mas eu sabia que não era,
e a verdade doía.

— Você está linda, Verana.

— Obrigada. — Eu me espremi passando o caroço que me


sufocava.

— Você não precisa fazer isso, — disse ele, dando um passo à


frente, quase implorando.

— Eu quero.

E lá estava, a lembrança de tudo que havíamos perdido. Seus


olhos se fecharam, escondendo o amor que ele sentia por mim.
Quando eles abriram, tudo o que restou foi o vazio de tudo o que
estava faltando.
Uma barreira para deslizar no lugar, como acontecia em
reuniões de negócios. Sua mandíbula se fechou e ele engoliu em
seco, ajustando as mangas de sua jaqueta enquanto se erguia.

— Então vamos, — disse ele.

Raelynn resmungou, mas felizmente, permaneceu em silêncio,


entrando na fila.

Meu pai ligou seu braço ao meu e eu desliguei tudo que havia
perdido, me concentrando em respirações lentas e profundas,
esperando a marcha nupcial.

— Talvez eu possa falar com seu noivo depois do casamento.


Coisas de negócios.

Meus olhos se fecharam, controlando a onda de decepção


enquanto o sonho que eu tinha desaparecia ainda mais.

— Claro, pai.

A música começou e as portas se abriram, revelando o longo


corredor forrado de flores e convidados. Os altos tetos arqueados
se estendiam acima, fazendo tudo parecer tão pequeno. Cada
clique dos meus saltos contra o azulejo vibrou do meu corpo até o
peito, fazendo meu coração pular uma batida. A marcha nupcial
encheu a enorme igreja e pressionou meu peito.

Comecei a tremer, mas continuei andando.

Eu estava fazendo isso.

Isso estava acontecendo.


Se eu me virasse e corresse, Raelynn me seguiria? Austin
impediria todo mundo? Eu chegaria ao carro antes de Nico chegar
até mim?

Nico.

Olhei para o final do corredor e lá estava ele, deslumbrante em


um smoking preto. Seu cabelo penteado com perfeição, sua barba
aparada mais curta, emoldurando seus lábios carnudos
perfeitamente.

Vou beijar você, Verana.

Meu coração gaguejou por um motivo totalmente novo.

Eu encontrei seus olhos escuros e respirei fundo pela primeira


vez.

Estávamos nisso juntos. Pode não ser o casamento com que


sonhei, mas foi uma parceria - uma que eu tive que escolher. Uma
em que eu estava segura.

Às vezes, o Príncipe Encantado é tudo de que você precisa


quando você não sabia que precisava.

As palavras de mamãe me envolveram, me lembrando que só


porque ela não estava aqui fisicamente, não significava que ela não
estava comigo sempre.

Não desviei o olhar de Nico pelo resto da caminhada. Ele nos


encontrou na beira do altar, e assim que minha mão escorregou
na sua, fiquei mais ereta.

Antes que eu percebesse, meus lábios prometiam ser dele, e


os dele prometiam ser meus.
Antes que eu percebesse, o padre disse: — Você pode beijar a
noiva.

Meu coração bateu tão forte que me perguntei se Nico podia


ver.

Ele levantou meu véu, dando-me a primeira visão clara de


flores e velas. Mas eu não conseguia olhar para qualquer lugar
além dele.

Ele se inclinou e eu prendi a respiração.

Vou beijar você, Verana.

— Você tem certeza? — ele sussurrou a centímetros dos meus


lábios.

Eu respirei uma risada, a pergunta me pegando tão


desprevenida. Encontrando seus olhos, passei minha língua em
meu lábio inferior, amando a maneira como ele seguia o
movimento e fazia o mesmo com o seu, e encolhi os ombros. —
Acho que sim.

Com um grunhido com a minha resposta brincalhona, ele


fechou a lacuna e colou seus lábios nos meus. Seus longos dedos
mediram minha cintura, esticando minhas costas, ficando
emaranhados no meu véu. Ele me puxou, colocando cada parte de
nossos corpos juntos.

Nosso primeiro beijo foi no dia do nosso casamento, e foi tão


indecente e apaixonado quanto nossa primeira noite juntos.

Não importava que houvesse mais de cem convidados


assistindo. Não importava que estivéssemos em um dos altares
mais antigos de toda Nova York. Não importava que um padre
estivesse a um metro e meio de distância.

Nada importava, exceto a sensação de seus lábios se movendo


nos meus.

Nada importava, exceto os fogos de artifício disparando por


todo o meu corpo, trazendo cada centímetro à vida.

Nada importava, exceto como eu não queria que acabasse.

Passei meus braços em volta de seus ombros, enterrando


meus dedos em seus cabelos, segurando-o tão forte quanto ele me
segurava.

Sua língua sacudiu de brincadeira contra meus lábios, e eu


me separei apenas o suficiente para provar.

Aplausos ruidosos passaram pela nossa bolha, e diminuímos


o beijo, ambos ofegantes como se tivéssemos corrido uma
maratona - ambos parecendo um pouco chocados com a
intensidade que nos consumia.

— Eu apresento a vocês, Sr. e Sra. Rush.

Ele entrelaçou seus dedos com os meus e sorriu um sorriso


cheio de vitória e promessa.

Eu sorri de volta em desafio e balancei minha cabeça,


deixando-o me levar pelo corredor para a limusine que esperava.

Ele me ajudou a entrar e me serviu uma taça de champanhe.


Com seus olhos examinando cada centímetro de mim, tomei meu
primeiro gole, as bolhas fazendo cócegas na minha língua.
— Você está linda pra caralho, e você é toda minha. — Ele
quase rosnou.

Calor sangrou em minhas bochechas. Surpreendentemente,


não me importei de ser chamada de sua. Surpreendentemente,
gostei de seu elogio grosseiro.

Talvez tenha sido o momento - o champanhe, o beijo, os


brindes, a limusine, o vestido e smoking, ou flores. Eu não sabia e
não me importava. Euforia e ousadia me fizeram chegar mais
perto, examinando-o antes de encontrar seu olhar de pálpebras
pesadas.

— Eu sou? — Eu desafiei suavemente. — Sou todo sua?

As pontas de seus dedos acariciaram meu braço nu, brincando


com a alça de renda no meu ombro antes de traçar a linha até o
meu decote.

Eu não o parei.

Fiquei imóvel, respirando com dificuldade.

Desejo me queimou de dentro para fora.

Ele colocou seu copo de lado, agarrando o meu para fazer o


mesmo. Seus dedos traçaram a borda da minha bochecha, pelo
meu pescoço, e deslizaram atrás da minha cabeça, me segurando
no lugar enquanto ele se inclinava.

— Sim. — Ele respondeu, seu hálito quente contra meus


lábios. — Você. É. Toda. Minha.

— Nico. — Eu disse, um esforço vazio para parar.


— Apenas mais um.

Desta vez, eu fechei a lacuna, deleitando-me em seus lábios.


Desta vez, não havia ninguém por perto para nos impedir. Não
havia igreja para nos manter na linha. Apenas meu orgulho
teimoso e um vestido grande demais para me permitir
escarranchar em seu colo como eu queria, sem prender nós dois
no processo.

Em vez disso, nós nos beijamos. Nossas mãos se segurando


no lugar para que pudéssemos provar cada centímetro que
tínhamos apenas imaginado nos últimos meses.

Sua língua duelou com a minha, e ele deu o melhor que


conseguiu. Surpreendentemente, nenhuma vez suas mãos se
desviaram do meu pescoço. Era como se ele quisesse saciar o que
eu neguei a ele por tanto tempo.

Parte de mim exigiu que eu parasse - para não ceder.

E eu faria.

Mas ainda não.

— Apenas para o passeio de limusine. — Eu ofeguei entre


beijos entorpecentes.

Ele sorriu, seu olhar duvidoso, mas eu não me importei porque


ele voltou a me beijar, e eu queria tomar o máximo que pudesse
antes de me obrigar a cumprir aquela promessa.

Porém, minha promessa foi inútil quando chegamos à


recepção. Todos batiam com os talheres no vidro, sorrisos enormes
esperando os recém-casados se beijarem. E cada vez que eu
tentava um beijinho, Nico me segurava no lugar para me devorar.
E a cada vez, eu cedi.

Assim que terminamos de comer, ele ligou sua mão à minha.


— Eu quero que você conheça alguém. Meu avô, — ele explicou.

— Claro.

Eu o segui até um homem largo com cabelos brancos e a


mesma boca de Nico. Eu não pude deixar de me perguntar se era
assim que Nico ficaria quando ficasse mais velho - e se eu
conseguiria ver.

— Vovô, gostaria que conhecesse minha esposa, Verana.


Verana, este é Charles.

— Charlie, por favor. — Ele se levantou e pegou minha mão,


pressionando um beijo suave em meus dedos. — Bem-vinda à
família, minha querida. Embora, Nico deveria ter trazido você
antes, — ele disse com um olhar feroz para Nico.

Apesar de o olhar não ter calor por trás disso, Nico ainda
esfregou a mão na barba e desviou o olhar. Eu poderia imaginá-lo
como um garotinho, se metendo em problemas e chutando a terra.

— Eu me senti muito mal por não conhecê-lo antes. O trabalho


tem nos mantido bastante ocupados. Especialmente porque temos
uma longa lua de mel planejada.

— Bem, se ele trabalhar demais, você pode vir me visitar. Sou


uma companhia muito melhor, de qualquer maneira, — ele disse
com uma piscadela.

— Eu, com certeza, vou me certificar de fazer isso. Você gosta


de baralho?
— Posso ter sido um tipo de tubarão na minha época. Ensinei
a Nico tudo o que ele sabe. Não deixe que ele a atraia para um jogo
de pôquer. Ele é melhor do que finge ser.

— Eu também posso ser um tubarão.

— Uma grande mulher de acordo com o meu próprio coração.


Linda, inteligente, trabalhadora e pode colocá-lo no seu lugar,
Nicholas.

— Veremos sobre isso. — Nico murmurou, me dando um olhar


desafiador, que eu devolvi com um meu, fazendo uma anotação
mental para pegar um baralho para nossa lua de mel.

— Sua avó teria adorado estar aqui, — disse ele a Nico. —


Agora, ela sim era um tubarão. A mulher mais bonita e forte que
já conheci. Ela me sustentou quando eu estava fraco e fez da nossa
vida o que era.

— Ela teria amado Vera. Me dizendo que ela era mais


inteligente do que eu merecia, — Nico acrescentou.

A mão de Nico deslizou em volta da minha cintura e me


segurou perto, e eu tive que me lembrar que foi isso que ele ganhou
com o casamento. Uma imagem feliz para retratar a seu avô
doente. Ele foi atencioso o dia todo, mas eu tinha que me lembrar
que não era real.

— Eu posso ver o quanto vocês se importam um com o outro.

Eu desviei o olhar, sem ter certeza sobre mentir para um


homem velho que eu aprendi a gostar no pouco tempo que
estivemos conversando.
— Sejam gentis com seus corações em tudo isso. O amor é um
jogo perigoso com muitas recompensas. Então, quando você o
tiver, lute muito para mantê-lo. — Ele olhou para o anel que
decorava meu dedo, provavelmente se lembrando dele no dedo de
sua esposa. — É precioso.

Seu amor encheu a sala e me aqueceu de dentro para fora.


Esse era o amor com que uma garota sonhava.

Como um homem como Nico - casando-se com uma mulher


por conveniência, cheio de arrogância e sem uma boa dose de
empatia - veio de um homem como Charles, eu nunca poderia
imaginar.

— Faremos o nosso melhor. — Nico prometeu.

— Se não, você vem a mim e eu vou colocá-lo nos eixos. —


Charlie prometeu com outra piscadela.

— Estou ansiosa por isso. — Eu disse, sorrindo para Nico.

— Obrigado, vovô. Você não deveria estar do meu lado?

— Nah, eu o criei para ser um bom homem e sei que você pode
cuidar de si mesmo.

Nico ficou um pouco mais alto, e por um tempo, apesar de sua


estrutura elevada, eu vi um menino, colocando cada grama de
orgulho em sua espinha, erguendo-se sob os elogios de seu avô.
Charlie era um homem que Nico respeitava e amava, e era um lado
dele que eu ainda não tinha visto.

Este não era o empresário arrogante ou o cara cheio de flerte


tortuoso - era apenas um homem - um bom homem. Se eu tivesse
uma câmera, eu teria tirado uma foto e guardado para puxar
quando eu quisesse imaginar Nico como meu príncipe encantado.
Em vez disso, eu a guardei mentalmente, querendo me lembrar
desse lado mais suave dele.

— Além disso, estou procurando por qualquer motivo para


esta linda jovem vir me visitar, para que eu possa compartilhar
todas as maneiras de vencê-lo nas cartas - posso lhe contar todos
os segredos dele.

Nico enrijeceu, e Charlie riu, batendo suavemente a mão no


peito de Nico. — Acalme-se, Nicholas. Você está nervoso como uma
garota trazendo seu primeiro namorado para casa.

As bochechas de Nico ficaram coradas e encararam Charlie


com um olhar de desaprovação, mas Charlie o encontrou com um
dos seus. O duelo se estendeu até que ficou claro que outra
conversa ocorreu sem palavras.

Finalmente, Charlie interrompeu a competição de encarar com


um bufo. — Não vou revelar todos os seus segredos. — A
mandíbula de Nico se contraiu e meus olhos se moveram para
frente e para trás, como se assistisse a uma partida de tênis.
Quando a tensão se tornou quase insuportável, Charlie piscou
para mim e voltou a flertar. — Ainda não, pelo menos. Embora eu
não tenha certeza de quanto tempo posso me conter e contar a
Vera sobre o ano em que você se recusou a usar calças.

Nico gemeu e eu ri - a tensão desaparecendo. Mas eu arquivei


o concurso de encarar ao lado de todos os outros boatos que eu
aprendi sobre Nico, incapaz de ignorar que talvez Charlie estivesse
sugerindo segredos que Nico não queria que eu soubesse. Parte de
mim queria cutucar mais e repassar as informações para estudá-
las em todos os ângulos, mas o ambiente ao nosso redor me fez
guardar para outra hora.
Isso, e Charlie me contando mais histórias de Nico quando
menino, que o fizeram pegar um copo e tentar esconder suas
bochechas coradas. Eu achei isso terrivelmente adorável e prometi
a Nico que nunca o deixaria sobreviver a essas histórias
embaraçosas.

Logo depois, Charlie foi embora, e a noite se moveu como um


borrão, as pessoas dançando, comendo e rindo. Negócios foram
fechados no bar, como só pode acontecer em um casamento que a
maioria dos convidados são parceiros de negócios. Raelynn
conseguiu arrastar Austin para a pista de dança e dançou ao redor
dele de uma forma que o fez corar. Eu ri quando Austin dançou
com Nova, e Raelynn olhou feio quando ela pensou que ninguém
estava olhando.

No final da noite, todos estavam rindo e se divertindo. Nico -


um dançarino surpreendentemente bom - me girou, puxando-me
de volta para seus braços.

Outra rodada de copos tilintando no final da noite levou seus


lábios aos meus novamente. Só que desta vez, quando ele se
afastou, ele me ergueu em seus braços. Eu gritei, segurando firme
em seu pescoço.

— É hora de ir, esposa. — Ele sussurrou.

Ele fez o seu caminho para a saída, acenando em despedida


para todos por quem passamos.

— Nico. Isso é rude e, ai meu Deus, o que eles vão pensar?

— Que estou levando minha noiva para nossa suíte, para que
eu possa tirar você deste vestido e foder você como seu marido.
Suas palavras dispararam direto para o meu núcleo e eu me
contorci em seus braços. Sua risada profunda retumbou como
uma promessa de coisas sujas.

Mas eu mesma fiz uma promessa de não dormir com ele. Eu


só esperava poder cumpri-la.

De repente, cinco anos pareceram uma eternidade.


Nico

A necessidade pulsava a cada passo mais perto de nossa suíte.


Eu não sabia se conseguiria chegar ao nosso quarto. Suas leves
lufadas de ar contra meu pescoço. Suas pequenas mãos segurando
firme em meus ombros. O peso suave de seu corpo embalado em
meus braços.

Eu queria chegar ao nosso quarto para que pudesse ter tudo


isso, sem o vestido, com as pernas em volta da minha cintura. Com
força. Contra uma parede.

Pelo menos na primeira vez.

A memória de seu calor enchia meu cérebro dia e noite.


Especialmente tendo ela enrolada na cama ao meu lado. E agora
ela era minha esposa. Eu teria uma vida inteira - ou pelo menos
cinco anos - para fodê-la de todas as maneiras que eu quisesse.

Eu só tinha que fazê-la admitir que ela também queria. Depois


de todos os beijos entorpecentes dos lábios que imaginei saborear
desde a primeira noite, eu sabia que ela estava tão pronta quanto
eu.

Quase ordenei ao atendente que desse o fora do elevador para


que eu pudesse provocá-la mais, mas Vera sorriu e riu
vertiginosamente quando ele entregou a cada um de nós uma taça
de champanhe e apertou o botão do nosso andar.

— Tiveram uma boa noite? — perguntou o atendente.

— Sim, tivemos, — respondeu Vera.

Seu sorriso cresceu em algo suave, e ela olhou para baixo,


mordendo o lábio, como se ela mal pudesse conter sua felicidade
genuína.

Um lampejo de emoção que acendeu em meu peito quando


peguei meu primeiro vislumbre dela caminhando pelo corredor
chamejou novamente. Pequeno e não identificável.

Desconfortável com o calor estranho, concentrei-me em meu


orgulho - na vitória inundando minhas veias. Assistir a carranca
mal contida de Lorenzo enquanto ele escoltava Vera até mim foi a
cereja do bolo que eu nunca imaginei ter. Melhor ainda porque ele
nem sabia que estava entregando sua filha ao inimigo. Ainda.

Felizmente, ele perdeu o vovô na cerimônia, e o vovô não estava


bem o suficiente para ficar na recepção por muito tempo. Não que
Lorenzo tivesse ficado muito depois de eu rejeitar sua tentativa de
falar de negócios. Obviamente, como seu plano com Camden
fracassou, ele olhou para seu próximo melhor cavalo de batalha.
Parte de mim queria jogar como ele jogou com meu avô. Mas eu
não queria jogar. Eu queria me esconder nas sombras e
lentamente retalhá-lo até que pudesse avançar com o golpe direto.

Assim como você está sendo direto com Vera?

Eu empurrei qualquer culpa para baixo e quase a arrastei para


fora do elevador.
Ela disse que não dormiria comigo, mas também disse que não
me beijaria e manteve seus lábios nos meus a noite toda.

Segurei a porta da suíte aberta, uma mesa redonda no meio


de um pequeno saguão com duas portas de cada lado. Uma garrafa
de champanhe gelado estava ao lado de um buquê de rosas
vermelhas e velas.

— Uau. — Ela respirou.

Música suave tocava das portas abertas à esquerda. Seu


vestido farfalhou ruidosamente, quase abafando seu suspiro
quando ela avaliou o interior do quarto. Pétalas de rosas vermelhas
e velas cobriam todas as superfícies. Com as mãos no peito, ela
girou, emitindo um som agudo de alegria, fazendo meus lábios se
contorcerem.

Em seu vestido branco - destacando-se entre as pétalas de um


vermelho profundo - o brilho fraco das velas e o horizonte de Nova
York brilhando através do canto das janelas atrás dela, ela parecia
um conto de fadas.

— Oh meu Deus. Nico.

Ela disse meu nome com admiração e alegria - como nunca


tinha dito antes - e aquela centelha de calor rugiu de volta. Olhei
em volta e enfiei as mãos nos bolsos, fingindo falta de interesse
enquanto olhava. — O hotel realmente faz tudo para suítes de lua
de mel.

Claro, eles fizeram tudo porque eu pedi a eles com instruções


muito específicas para usar velas perfumadas buttercream e o
mais profundo de um vermelho como o vestido que ela usou na
festa de máscaras.
— Oh... — ela disse suavemente, sua excitação
desaparecendo.

A chama em meu peito ficou desconfortavelmente grande com


a maneira como ela olhou para mim, e eu queria que isso fosse
embora, então a deixei pensar que não fui eu, mas a decepção me
incomodou ainda mais. E uma Vera desapontada não iria dormir
com o marido. Pelo menos, essa foi a minha desculpa, e a única
razão para que eu entendesse o porquê de eu dizer: — Dance
comigo.

— O que?

— Dance comigo. — Eu disse novamente, estendendo minha


mão, caminhando para encontrá-la no meio da sala.

Parte do desapontamento desapareceu e a curiosidade tomou


seu lugar. Ela me estudou e eu tentei ficar parado, me
perguntando se minha pequena mentira havia arruinado nossa
noite, e ela me recusaria. Em vez disso, um lado de sua boca se
inclinou e ela fechou a lacuna, deslizando sua mão na minha.

Eu a puxei para perto, envolvendo meus braços em volta de


sua cintura, meus dedos brincando com a curva exposta de sua
coluna e comecei a balançar.

— Onde você aprendeu a dançar?

Eu bufei e ri. — Minha mãe me ensinou algumas noções


básicas quando eu era pequeno. Ela alegou que um bom homem
pode conquistar qualquer mulher com movimentos suaves; pelo
menos essa foi a desculpa dela para se apaixonar pelo meu pai.

— Parece que eles foram felizes.


— Muito. Quando ela morreu, eu fiz algumas aulas para
manter parte dela perto de mim. — Eu me afastei o suficiente para
encontrar seus olhos e sorri. — E para conquistar as mulheres.

Ela revirou os olhos, mas sorriu antes de colocar a cabeça


contra meu peito.

— Minha mãe amava Billie Holiday. Ela amava todos os


antigos.

Eu sabia. Ela mencionou isso de passagem quando a peguei


na cozinha com Dean Martin ligado. Foi por isso que pedi que
tocassem na suíte.

Billie Holiday mudou de Frank Sinatra para Ben E. King, e


com cada música, eu nos movia mais perto do quarto do outro lado
do foyer. No momento em que chegamos ao pé da cama, meu corpo
doía para sentir seus lábios nos meus - para tirar o vestido de
noiva de seu corpo e me enterrar dentro dela a noite toda.

Passei minha mão por suas costas e em seu cabelo, puxando


suavemente sua cabeça para trás, para que eu pudesse me
inclinar para provar. Seus lábios brilhantes se separaram e eu
estava a centímetros do céu quando ela se afastou.

Olhos largos e nervosos encontraram os meus. Mas por trás


do nervosismo estava a resolução que eu estava tentando quebrar
a noite toda, e minhas sobrancelhas baixaram antes mesmo de ela
falar.

— Não estamos mais na limusine, Nico. E ninguém está


batendo os copos.

Meus dentes cerraram e eu inalei pelo nariz, procurando


conter minha irritação.
— Eu disse que não estava dormindo com você.

— Vera, — eu rosnei.

— Nico. — Ela disse, ficando mais ereta. Sua determinação


travou no lugar, e eu sabia que não haveria como superar isso.

A frustração me fez querer sair correndo. Para bater a porta


atrás de mim. Nós dois sabíamos que ela queria dormir comigo e
que era a teimosia absoluta que a impedia. Meu sangue bombeou
para a liberação, e meus músculos doeram de segurar por tanto
tempo.

Mas era minha noite de núpcias e eu não fugiria da minha


própria esposa. Se eu estava frustrado, então ela poderia muito
bem lidar com isso, mesmo que eu fosse um urso pelo resto da
noite. Ela poderia me negar, e eu sempre a respeitarei, mas isso
não significa que eu não poderia estar chateado com isso. Isso não
significa que eu ainda não poderia conseguir o que queria de outra
maneira.

Com um grunhido, virei-a para ficar de frente para a cama e


comecei a trabalhar nos pequenos botões nas costas do vestido.

— O que você está fazendo? — ela engasgou.

— Ajudando você a sair desta engenhoca. Presumo que alguém


a tenha ajudado e, a menos que queira dormir nele para sempre,
precisará de mim. Ou devo chamar alguém para vir?

— Não. Mas Nico, eu disse que não sou uma prostituta.

— Foi o que ouvi.

Liberando o último botão, a saia pesada se abriu e eu gemi.


— Como a porra de um presente que não consigo nem abrir.

Eu encarei o pequeno laço de cetim adornando o topo das


cordas segurando renda transparente sobre sua bunda. Ela
estremeceu quando eu arrastei meus dedos por suas costas e tirei
as alças de seu vestido de seus ombros. O material caiu para
empilhar contra a saia cheia. Segurando uma de suas mãos como
apoio, usei a outra para empurrar a saia para baixo.

— De um passo.

Ela fez o que eu disse, revelando as ligas de renda que eu


queria arrancar dela. Eu empurrei o vestido de lado, não me
importando com nada, mas fazendo esse inferno dentro de mim se
acalmar. Meu pau latejava com a provocação constante durante
toda a noite, por saber que essa mulher era minha - minha esposa.
Uma palavra que eu nunca soube que me deixaria duro como
pedra.

Meu desespero me deixou áspero quando agarrei seus quadris


e a empurrei para me encarar antes de levantá-la o suficiente para
jogá-la de volta na cama. Seus seios nus balançaram, adicionando
combustível ao fogo, as pontas rosadas endurecendo em bicos
rígidos. Sem perder tempo, coloquei um joelho na cama e depois o
outro, tirando minha jaqueta e gravata borboleta antes de
trabalhar nos botões da minha camisa.

— O que... o que você está fazendo? — Ela deslizou de volta


para os travesseiros, preocupação e desejo, colorindo seu belo
rosto.

Eu poderia tê-la, percebi a cada centímetro que me


aproximava. Eu poderia tê-la, mas queria que ela viesse de boa
vontade. Eu não queria que ela cedesse porque eu a seduzi. Eu
queria que ela cedesse porque ela queria e sabia que iria querer
novamente todos os dias depois. Se eu a tivesse esta noite, ela
daria desculpas amanhã.

Mas notei sua excitação enquanto me aproximava, gostando


que ela gostasse de mim sendo rude. Eu tomei nota disso e guardei
perto do gemido suave que ouvi quando a espanquei semanas
atrás.

— Nico? — ela perguntou, suas palavras ofegantes e incertas.

— É minha noite de núpcias. — expliquei, tirando minha


camisa antes de trabalhar em minhas calças. — No mínimo, eu
gostaria de gozar. Agora, fique aí enquanto eu me masturbo.

Seus olhos se arregalaram, rastreando meu corpo, quase


ofegante no momento em que puxei minhas calças para baixo o
suficiente para liberar meu pau. Eu gemi, e seus olhos voltaram
para os meus. Eu levantei uma sobrancelha, meio que esperando
que ela mandasse me foder e sair - pronto para me vestir se ela
realmente quisesse. Em vez disso, ela aproveitou a ocasião e cerrou
os maxilares, erguendo o queixo teimoso como um desafio. Ela se
apoiou nos cotovelos, empurrando seus seios atrevidos para fora,
e eu ansiava por cair e chupá-los até que estivessem rosados e tão
macios que o mais suave sopro de ar a irritasse.

Eu gemi de novo, me dando outro golpe áspero. Incapaz de se


conter, ela observou. E eu a observei.

Eu apertei meu pau e ao redor da cabeça, usando meu polegar


para espalhar o pré-gozo vazando da ponta. — Você ainda pode ter
isso dentro de você. — Eu ofereci uma última vez. — Posso lembrá-
la de como foi bom.

Ela engoliu em seco, mas se manteve firme. — Não. — Sua


negação, fraca e carente.
— Ok.

Com uma mão rolando minhas bolas, eu me acariciei mais


rápido e mais forte, observando sua pele elegante. Ela se contorceu
e ofegou, seus mamilos duros implorando por atenção. De vez em
quando, ela separava suas coxas apenas o suficiente para me dar
um vislumbre de suas dobras suaves sob o tecido transparente, o
cheiro de sua excitação me atingindo como um afrodisíaco.

— Só porque eu não estou te fodendo, não significa que você


não pode gozar. Sinta-se à vontade para brincar com sua linda
boceta.

Sua língua alisou seus lábios macios, e eu prendi a respiração,


rezando para que ela dissesse sim. Em vez disso, ela fechou a
mandíbula e balançou a cabeça, continuando a ofegar e se
contorcer na cama.

— Eu tenho feito isso mais desde que te conheci do que


quando era adolescente. Todas as manhãs, vou para o banho e
lembro da sua boceta macia e molhada na minha língua. Lembro-
me de como você se curvou e me deixou comer você. A maneira
como você esfregou sua boceta no meu rosto quando gozou. Eu me
lembro de como você era apertada. Como eu tive que enfiar meu
pau entre seus lábios inchados e entrar. Lembro-me de como seu
orgasmo deslizou pelo meu pau e cobriu minhas bolas enquanto
eu brincava com seus seios.

— Nico, — ela gemeu.

O desespero apenas em meu nome correu pela minha espinha,


e eu sabia que estava prestes a gozar.

— Lembro-me da maneira como você gritou enquanto pulsava


ao meu redor, ordenhando o esperma do meu pau.
Com essa memória e vendo suas coxas fortes esfregando
juntas em busca de fricção, eu gozei. Segurando a ponta, movi
minha mão mais rápida, sacudindo até a última gota de prazer do
meu corpo. Arrepios se espalharam pela minha pele, puxando-a
com muita força quando onda após onda me atingiu. Com mais
alguns golpes lentos, me acalmei, focando em Vera. Ela se deitou,
respirando tão forte quanto eu, um rubor percorrendo seu
pescoço.

Boa.

— Eu vou me limpar. Sinta-se livre para se juntar a mim.

Um redemoinho de necessidade e raiva assolou seus olhos cor


de caramelo, e acrescentei lenha ao fogo sorrindo antes de
desaparecer no banheiro. Imaginei que a raiva era dirigida tanto
ao seu próprio orgulho teimoso quanto a mim.

Não surpreendentemente, ela não se juntou a mim no


chuveiro. Enrolei a toalha em volta do meu corpo e saí para
encontrá-la descansando em uma pequena camisola de seda e
renda.

— Você usou isso só para mim? — Eu provoquei.

Ela não se preocupou em tirar os olhos da revista que folheou.


— Dificilmente. Raelynn embalou para mim.

— Ela embalou toda a sua lingerie? — Eu perguntei,


esperançoso e preocupado ao mesmo tempo. Se ela tivesse uma
camisola como a que está subindo em sua coxa e não fizesse nada
para esconder os pontos duros por baixo, eu teria uma morte lenta
nas próximas duas semanas de nossa lua de mel.

— Acho que você vai ter que esperar para ver, — ela zombou.
Ela nunca olhou para cima diretamente, mas eu senti a
maneira como ela me rastreou ao redor da beira da cama. Ela
queria me torturar. Bem, dois podem jogar esse jogo.

De pé ao lado da cama, observando sua reação, deixei cair a


toalha.

— Que diabos? — ela praticamente gritou.

Satisfeito que ela não conseguia tirar os olhos do meu pau


enquanto subia na cama ao lado dela, eu sorri. — Agora sou seu
marido, então tirei as luvas de pelica e durmo nu. Sinta-se livre
para se juntar a mim.

Com esforço, ela afastou os olhos e o fulminou com o olhar. —


Como desejar.

Eu tenho certeza que sim.


Vera

Rolando nas nuvens de cobertores e travesseiros, eu apertei


os olhos para os longos raios de sol alcançando através da janela
com cortinas creme para me acordar. Eu me estiquei depois de um
sono tão luxuoso quanto esta cama até que um brilho da minha
mão esquerda me lembrou do dia anterior.

Casei-me com Nicholas Rush.

Eu não era mais Verana Mariano, mas Verana Rush - Sra.


Rush.

Virando-me suavemente, rolei para o lado, de frente para Nico.


Sua pele bronzeada se destacava contra os lençóis brancos que
mal se agarravam aos quadris nus. Eu estudei cada mergulho e
sulco de seu corpo. Eu o tinha visto sem camisa algumas vezes,
mas nunca me permiti o luxo de memorizar cada cume e vale. Um
braço esticado atrás de sua cabeça e o outro descansado em seu
estômago - sua própria aliança de casamento impossível de perder.

Assim como foi difícil não notar na noite passada, quando ele
se masturbou na minha frente.

O calor se espalhou pelo meu corpo de novo como um fogo


aceso. Fechei os olhos e, como um filme em avanço rápido,
imagens dele passaram por trás das minhas pálpebras. As veias
ao longo de seus braços esticando-se com o esforço de acariciar
seu comprimento grosso enquanto ele alcançava seu orgasmo. Seu
peito firme subindo e descendo com sua respiração ofegante. Suas
bochechas coradas e cabelos umedecidos pelo suor. Seus lábios
carnudos alisados por sua língua, provocando com as palavras
mais sujas. A larga cabeça do seu pau vazando um líquido
perolado até a palma da mão subir para limpá-la. Suas bolas
pesadas embaladas em sua mão, sua nova aliança de casamento
brilhando - um lembrete brilhante de que este era meu marido.
Que se eu o quisesse, ele poderia ser meu.

Quase desisti. Quase disse foda-se e exigi que ele me fodesse.


Cada segundo de observação foi como uma hora do jogo mais
intenso que se possa imaginar. Meu corpo estava quente, tenso,
dolorido.

Eu sabia que deveria ter corrido. Eu deveria tê-lo empurrado


para longe e dormido em um dos outros quartos.

Mas a maneira como ele olhou para mim enquanto eu colocava


minha lingerie branca e rendada de casamento me encheu de um
poder intenso. Seus olhos de pálpebras pesadas me observaram
como se ele nunca tivesse visto nada como eu. A maneira como ele
olhou com admiração e não conseguia desviar o olhar me tinha
colada na cama. Aqui estava um homem que me respeitava o
suficiente para ouvir minhas palavras - embora parte de mim
quisesse que ele pressionasse, para que eu pudesse ceder e culpá-
lo pela manhã - mas ainda me queria de qualquer maneira que ele
pudesse me ter.

Poder.

Ele inundou minhas veias e me manteve no lugar. É incrível o


sentimento de que você está sendo ouvida - sendo vista - pode fazer
por você. Assim que ele foi para o banho, minha mão voou entre
minhas pernas, e eu segurei meu lábio inferior sob os dentes para
conter meus gemidos enquanto gozava em segundos.

Eu queria desistir.

Mas eu não fiz. Eu não seria a escolha certa de alguém por


cinco anos.

Eu não receberia ordens de ser um corpo puramente por


prazer só porque era sua esposa.

Eu não tinha escapado de Camden apenas para fazer isso com


Nico.

A promessa de Camden de me ter quando e como ele quisesse


me assombrara mais do que eu pensava. Eu a coloquei de lado,
focada em meus planos com Nico, sem saber que ela me
assombrava, tocando cada decisão que tomei. Como uma cicatriz,
não era muito visível, mas estava sempre lá.

Eu quase esqueci depois do dia e da noite mágicos, mas


quando ele começou a desfazer os botões do meu vestido e me
jogou na cama, eu tinha certeza que ele ia pegar o que quisesse,
especialmente quando eu apenas fiquei sentada ali ofegante de
necessidade.

Mas ele não fez. Ele tinha sido arrogante e exigente, mas ainda
respeitoso.

Concentrei-me de volta no homem na minha frente, seu peito


uma poeira de cabelo escuro subindo e descendo sobre sua
respiração profunda e regular. Seu rosto se acalma no sono, sem
sua expressão usual de aborrecimento ou placidez.
Nós partimos para nossa lua de mel de duas semanas hoje, e
eu não pude deixar de me perguntar se todas as noites seriam
como a noite passada.

Eu seria capaz de ser tão forte quanto ontem à noite com meu
corpo em chamas? Quanto tempo eu poderia queimar quando ele
se oferecesse para apagar o fogo? Eu seria forte o suficiente?

Eu tinha que ser. Eu gostaria.

No mínimo, eu queria uma amizade - um parceiro como minha


mãe havia descrito. Mesmo que nunca se transforme em amor,
cinco anos é muito tempo para estar com alguém de quem você
não gosta. Eu não conseguiria dormir com alguém que me via
como uma mulher inferior, ali apenas para atender às suas
necessidades, e Nico deixara bem claro como me via com cada
tarefa servil que me dava no trabalho. Parte do motivo pelo qual fiz
isso foi porque ainda podia trabalhar, podia provar o quão valiosa
eu era.

Eu precisava que Nico visse esse valor além de ser um


brinquedo antes de pensar em dormir com ele.

Então, mesmo que todas as noites pelos próximos cinco anos


fossem uma repetição da noite passada - mesmo que eu não
passasse de um monte de cinzas no final, eu iria aguentar firme.

No mínimo, gostaria de aproveitar as férias e conhecer o


mundo.

Eu estava no controle. Eu. Ele não. Mais ninguém.

— Bom Dia.
A voz matinal de Nico sempre me atingiu de forma diferente. O
som áspero profundo soou como sexo - duro, áspero, intenso.
Escorregou em meus ouvidos e desceu do meu corpo até o meu
núcleo. Droga.

— Dia.

A tensão se esticou como um elástico. Não havia muitas


manhãs em que acordávamos juntos desde que ele acordava
primeiro para se exercitar na maioria das manhãs.

Seus olhos percorreram meu rosto e me esforcei para esconder


a mistura de calor e nervosismo que me inundava. Seus lábios se
contraíram de um lado, e sem minha permissão, meus olhos
caíram como um farol, lembrando cada segundo que estiveram nos
meus.

Os cobertores se moveram e eu fiquei tensa, prendendo a


respiração, tentando me preparar mentalmente para que ele se
pavoneasse nu pela sala, como um deus grego sem vergonha.

Não olhe. Não olhe.

Ooooou, não o deixe pegar você olhando.

Sério, como isso coube dentro de mim?

Jesus, Vera. Não olhe.

Eu estava tão perdida em meus pensamentos que não tive


tempo de me afastar quando ele se inclinou, dando um beijo rápido
na minha bochecha, roçando o canto da minha boca. Pisquei,
chocada com o movimento, olhando tão fixamente aquela perfeição
que quando ele jogou as cobertas para trás e se levantou, sua
bunda firme e dura ficou perfeitamente alinhada com o meu olhar
chocado.

Sua bunda era a definição do ditado que diz “você poderia


quicar uma moeda com ela”.

Muito rápido e, ao mesmo tempo, não rápido o suficiente, um


par de calças de moletom cobriu sua bunda perfeita e ele se virou,
deixando-me olhando para a protuberância pressionando contra o
material.

É assim que ele se sentiu quando saiu e me encontrou em


minha lingerie? Porque homens de moletom são como lingerie para
mulheres.

— Partimos em algumas horas. Achei que isso nos daria tempo


suficiente para o café da manhã.

Pisquei, finalmente olhando para cima em seu peito esculpido


para encontrar seu olhar bem-humorado.

— Vou pedir o café da manhã e depois tomar banho. Quer se


juntar a mim? — ele perguntou com um sorriso malicioso.

Engoli em seco e balancei a cabeça, tentando parecer irritada,


mas falhei quando não consegui nem abrir a boca com medo de
acabar implorando para ele me deixar me juntar a ele.

— Justo. — Ele pegou o telefone e discou para fazer o pedido.


— Panquecas de banana e bacon, extra crocantes, certo?

Eu balancei a cabeça, surpresa por ele se lembrar de como eu


gosto do meu café da manhã. Eu devo ter mencionado isso de
passagem. Ele tinha refeições entregues, e eu me encolhi com as
panquecas de mirtilo uma manhã, mencionando brevemente que
panquecas de banana eram o único caminho a percorrer.

E ele se lembrou. Ele ouviu. Eu nem pensei que ele tivesse me


ouvido.

— C-como você sabia?

Ele revirou os olhos, mas sorriu. — Panquecas de banana são


minha segunda panqueca favorita, e o cheiro de bacon queimado
permaneceu no apartamento por quase uma semana. É difícil
esquecer.

Não sei por que ele se lembrar como gosto do meu café da
manhã me afetava tanto, mas afetava, e me lembrei que meu pai
nem lembrava que eu só gostava de panqueca de banana. Uma
gota de calor, ao contrário do calor que se espalhou como um
incêndio ao vê-lo nu, espalhou-se como uma gota de corante
alimentar em um oceano. Quase não muda a cor da água, nem é
perceptível, mas altera as coisas.

Desconfortável com a sensação, eu balancei minha cabeça,


cuidadosamente saindo da cama para pegar meu robe. Ontem à
noite, eu queria torturá-lo em minha camisola, mas com o sol
iluminando todo o quarto, eu poderia muito bem estar nua.

— Sinta-se à vontade para se juntar a mim. — Ele ofereceu


sombriamente, passando.

Desta vez, consegui lançar um brilho fraco. Um lado de seus


lábios se ergueu enquanto ele esticava os braços acima da cabeça.
Assistir Nico se espreguiçando pela manhã deveria ter sua própria
guia específica de fetiche no Pornô.
Uma cicatriz fina chamou minha atenção acima de sua cintura
de Adônis no lado esquerdo. Antes que eu pudesse perguntar, ele
se virou para ir embora e eu vesti um robe grosso e peguei meu
telefone, indo para a sala de jantar.

Raelynn: Você transou com ele? Diga-me que você o fodeu em


toda a suíte.

Nova: Como foi sua noite? Você sobreviveu?

Raelynn: Sim. Você sobreviveu? Ou você teve morte por


orgasmo? Por favor, diga morte por orgasmos.

Nova: Jesus, Raelynn.

Raelynn: Não aja como se não estivesse curiosa.

Nova: Quer dizer, estou, mas podemos ser um pouco menos


diretas.

Raelynn: Nah. Não é meu estilo.

Raelynn: Entããão...

Nova:...

Raelynn: Ok, ok. Ainda é muito cedo. Vou esperar e torcer


para que você tenha um sexo épico matinal.

Nova: Envie-nos uma mensagem para nos informar que você


está viva.

Raelynn: Além disso, envie-nos uma mensagem para que eu


possa contar sobre como Nova fez live no Instagram com PARKER
FODIDO CALLAN de sua banda favorita.
Nova: Eu te odeio muito.

Raelynn: Naughty Nova saiu para dançar depois de muitas


Vodkas Gimlets na noite passada, e ele estava fazendo uma Live
no Instagram, convidando os fãs para se juntar a ele e conversar.
Eu posso ter pedido para entrar em seu nome, e ele pode ter
aceitado, e eu posso ter mostrado ela sacudindo a bunda enquanto
ela cantava com Missy Elliot.

Nova: Sério... a pior amiga de todas.

Raelynn: Você está soletrando melhor amiga errado.

Eu ri, olhando para a troca delas esta manhã, querendo fazer


um FaceTime e ouvir tudo sobre o que aconteceu.

— O que é tão engraçado?

Nico entrou, calça de moletom de volta no lugar, o cabelo


úmido e puxado para trás descuidadamente, de alguma forma
ainda parecendo perfeito.

— Apenas as meninas.

— Diga a elas que eu disse oi.

— Umm... ok?

— O que? — ele perguntou.

— Por quê?

— Bem, elas são suas amigas. Você é minha esposa. Suas


amigas são importantes para você, por isso é do meu interesse ser
amigável com elas.
— Oh... bem, obrigada.

Ele acenou com a cabeça e quase se sentou quando uma


batida na porta anunciou nossa comida.

Eles rolaram os carrinhos, colocando as cúpulas prateadas na


mesa longa tão rápido e silenciosamente que era como se eles nem
estivessem lá.

Mais uma vez, me peguei pensando sobre o tipo de dinheiro


que Nico tinha. Minha família se deu bem, mas não ficamos nas
suítes da cobertura de um dos melhores hotéis de Nova York. Não
tínhamos mordomos silenciosos entregando nossa comida de uma
maneira que apenas uma quantia obscena de dinheiro poderia
comprar. Eu fiz uma pesquisa sobre a empresa dele, e ela mal
havia entrado em contato com o transporte marítimo
internacional, mas sua riqueza gritava sucesso mundial.

Ele se serviu de uma xícara de café - sem creme ou açúcar - e


se sentou, empurrando um prato de panquecas com bacon na
minha direção.

— Então, você tem algum amigo com quem eu deveria ser


amigável?

Ele mastigou seu bacon e me observou, pensando em sua


resposta. Eu estava tendo um momento em nosso primeiro dia de
casamento, percebendo que ainda sabia tão pouco sobre ele.

Não que isso importasse. Nosso acordo tinha um propósito, e


esse propósito não era saber todos os pequenos detalhes um do
outro. Isso era negócio.

— Eu tenho Ryan.
— Seu assistente?

— Sim, quem mais?

— Um Ryan que você não paga? — Ele parecia perplexo e eu


queria rir por ele ter ficado tão surpreso por eu lhe perguntar sobre
amigos. — Você tem algum amigo com quem você bebe? Sai? Foi
para a escola?

— Eu tenho conhecidos com quem eu bebo.

— Jesus, Nico. Você conversa com alguém fora do trabalho?


— Eu perguntei, rindo.

— Eu tenho um amigo da faculdade, Xander. Mas ele trabalha


tanto quanto eu e faz a maior parte de seus negócios no exterior.
Razão pela qual ele não pôde comparecer ao casamento.

— Oh. Talvez eu possa conhecê-lo algum dia.

— Certo. Da próxima vez que ele estiver na cidade. Acho que


ele está igualmente intrigado em conhecê-la.

— Oh sim?

— Ele quer conhecer a mulher que me fez sossegar.

— Você nunca planejou se casar?

Ele deu outra mordida, suas sobrancelhas caindo. — Eu não


pensava sobre isso. Estava tão focado no trabalho e na construção
do meu negócio que nunca pensei em nada além disso. E então a
saúde do meu avô piorou, e ele empurrou seu desejo de me ver
com uma família, e então... você me atropelou de repente.

— Eu dificilmente chamaria isso de atropelar.


— Você esbarrou em mim, — ele brincou.

— Oh meu Deus. Eu não fiz.

— Isso vai ser como Ross e Rachel e toda a coisa do intervalo,


onde discutimos sobre quem estava certo e errado nos próximos
anos?

— Um - estou certa. Você estava bêbado e olhando para o seu


telefone. Dois - ainda não consigo superar que você assistiu
Friends.

— Tive uma gripe no inverno passado, comecei por acaso na


Netflix e acabei assistindo a série inteira.

— Acontece. — Eu disse, acenando em compreensão. — Então,


o que estamos fazendo com todas as nossas coisas?

— Vamos deixar na recepção. Tenho alguém para vir buscar e


levar para casa.

— Com qual companhia aérea estamos voando?

— É um jato particular que Xander e eu dividimos e alugamos


ocasionalmente.

— Você tem seu próprio avião? — Eu perguntei, minhas


sobrancelhas arqueando alto.

— Não é como se fosse um “747”.

— Ainda. Nunca estive em um avião particular antes.

A tontura me inundou e não pude deixar de sorrir. Quanto


mais eu me imaginava dirigindo direto para o avião e subindo as
escadas para o couro macio e amanteigado, uma comissária de
bordo me trazendo champanhe e morangos, mais feliz eu ficava.
Uma risada escapou livre, e eu mordi meu lábio para me segurar
mais.

Ele me olhou como se tivesse visto algo que nunca tinha visto
antes, e eu esquentei sob sua inspeção.

— Estou feliz por ser o seu primeiro.

Ele terminou a insinuação com uma piscadela e, entre a noite


anterior, as panquecas, a felicidade e a diversão, algo se encaixou.
Algo que estava com os outros cacos da minha vida no meu peito
se juntou com outro e aliviou um pouco a pressão.

É lento, bambina. Um casamento nascido de uma fusão não é


assustador. Pode não ser as princesas que você adora assistir, mas
tem sua própria magia. Mais ou menos como a Bela e a Fera. Ela
fez isso por mais do que por ela mesma – fez por sua família. Nosso
negócio e nossas tradições são nossa família. Devemos respeitá-los.
Este casamento pode começar com ressentimento e um respeito
invejoso, mas com tempo e paciência, ele cresce. Uma peça afiada
de cada vez, o casamento vem junto, e antes que você perceba que
aconteceu, vocês se amam e não podem imaginar que não se
amaram sempre.

As palavras de minha mãe roubaram minha respiração por um


momento.

Foram essas as peças de que ela me contou? Eu queria que


elas fossem?

Eu estava me apaixonando por meu marido um pequeno


pedaço de cada vez?
Pela primeira vez, me perguntei se talvez Nico fosse o homem
de quem minha mãe me falou.

Pela primeira vez, o pensamento de Nico sendo meu primeiro


- de ser o meu primeiro muitas vezes - não parecia tão ruim.

Talvez esta lua de mel chegasse a algum lugar.

Talvez ele também tivesse os fragmentos, e nós dois tivéssemos


criado algo no final de tudo isso.

Talvez eu pudesse ser uma de suas primeiras vezes também.


Nico

Lorenzo deve estar sofrendo financeiramente há mais tempo


do que eu pensava, porque o espanto de Vera com cada
extravagância era melhor do que o anterior.

Claro, o avião particular foi exagerado, mesmo com as pessoas


mais ricas, mas quando perguntei se ela voava de primeira classe,
ela me disse que realmente não viajava. Seu pai ia sozinho ou não
ia. Ela só tinha estado na Itália uma vez quando era pequena,
antes de sua mãe falecer.

Para uma família tão profundamente enraizada na tradição,


eles não faziam muito juntos. A última vez que ela viu seus avós
foi um mês após o funeral de sua mãe.

— É aqui que vamos ficar? — ela engasgou, olhando pela


janela do nosso carro alugado.

Ela parecia uma criança do lado de fora de uma loja de doces,


quase pressionando o nariz no vidro para ver mais de perto. Ela
virou a cabeça com os olhos arregalados e maravilhados, seu
sorriso crescendo a cada segundo. Ela tinha feito isso durante todo
o trajeto, tentando assimilar cada centímetro da história que
podia. Mas agora que paramos na frente das portas duplas do
hotel, ela desafivelou e fechou a distância entre nós, pressionando
cada centímetro de sua perna na minha.
O sol ainda nem tinha começado a nascer, mas as luzes da
rua iluminavam a Escadaria Espanhola que se estendia abaixo.
Sua excitação a cegou para o quão forte ela se pressionou contra
mim enquanto tentava olhar pela minha janela. No entanto, nem
mesmo o papa com notas de cem dólares chovendo do céu poderia
desviar minha atenção de seus seios macios pressionados contra
meu braço, o calor de sua coxa aquecendo a minha. Eu ansiava
por colocar o cabelo atrás da orelha para descobrir seu pescoço
liso e chover beijos até que ela se perdesse no prazer.

— Signora? — Um membro da equipe do hotel manteve a porta


aberta.

Ela olhou de volta para a porta aberta e rapidamente desviou


os olhos para mim antes de fugir para trás.

— Desculpe. — Ela murmurou.

— Não sinta. Seu entusiasmo é bastante cativante.

Ela exalou uma risada suave e sorriu. Colocando a mecha de


cabelo que eu queria tão desesperadamente tocar atrás de sua
orelha, ela se afastou, agradecendo ao atendente enquanto ele a
ajudava a sair.

No momento em que nos registramos, o sol tinha apenas


começado a aparecer nas bordas de Roma.

— Eu não posso acreditar que este é o nosso quarto. — Ela


disse, girando para absorver tudo. Ela parou e me encarou, seus
lábios se esticando em um sorriso malicioso. — Quero dizer, é
apenas o segundo andar, mas acho que vai servir.

Meus lábios se contraíram com seu sarcasmo. — Ha. Ha.


Estaríamos no topo, mas acho que alguém famoso já o pegou.
Seus olhos se arregalaram ainda mais. — Eu me pergunto
quem é?

— Provavelmente ninguém especial. — Por um momento, lutei


para conter as palavras que rolavam na minha cabeça. Obriguei-
me a parar antes de adicionar ninguém tão especial quanto você.
O calor do nosso casamento voltou, maior do que antes, e eu lutei
para afastá-lo como antes, mas me recusei a me concentrar nisso,
a verdade do que pode ser demais para lidar às seis da manhã.

— Se Raelynn estivesse aqui, ela nos faria vigiar a sala para


descobrir.

— Você quer dizer que ela os perseguiria.

Ela torceu o nariz, mas depois deu de ombros e riu. — Sim, eu


acho.

O silêncio caiu, enchendo a sala. A opulência cercava cada


centímetro ao nosso redor, e ficamos como dois estranhos que
sabiam o que o outro estava pensando, mas nenhum dos dois iria
admitir.

Pelo menos, ela achava que sabia o que eu estava pensando.


Ela provavelmente presumiu que eu estava procurando uma
maneira de seduzi-la, mas em vez disso, fiquei frenético
procurando uma maneira de fazer esse calor suave crescendo no
meu peito ir embora.

Ela estava deslumbrante com leggings pretas, tênis e um


cardigã enorme. Seu cabelo fluiu em torno de seu rosto e seus
olhos brilharam de excitação. Quanto mais eles me olharam, mais
eles amoleceram e aqueceram. Ela pode não saber o que eu estava
pensando, mas eu sabia que ela pensava sobre nossa noite de
núpcias e como ela queria mais. Eu também sabia que sua
teimosia a impediria. Então ela piscou e um novo olhar suavizou
seu rosto. Ela sorriu, parecendo quase envergonhada quando
baixou os olhos para o chão. Quando ela ergueu os olhos para os
meus, algo que eu nunca tinha visto antes - de qualquer mulher -
me atingiu com força. Um olhar que não consegui identificar, mas
parecia querosene no calor em meu peito.

— É cedo. — Eu disse, quase engasgando com as palavras,


desesperado para escapar. — Por que você não vai se refrescar
enquanto eu desempacoto e nos instalo.

Ela piscou novamente e o olhar desapareceu. Disse a mim


mesmo que estava grato, mas uma parte de mim já sentia falta
disso.

— OK. Vou tomar um banho rápido. Talvez eu possa tirar uma


soneca antes de sairmos para o dia.

— Parece bom.

Ela pegou alguns itens e desapareceu no banheiro com um


último olhar por cima do ombro, como se estivesse olhando para
mim pela primeira vez.

Rapidamente desempacotei alguns itens e guardei nossas


malas, desejando poder enfiar essa sensação na gaveta com nossas
roupas. Ao ouvir o chuveiro ligado, um plano me atingiu. A
maneira mais infalível de fazer Vera olhar para mim com irritação
novamente e, com sorte, sumir com esse sentimento era pressioná-
la.

Peguei um par de calças e fui para o banheiro. Seus membros


longos e pele lisa me endureceram instantaneamente. Eu rastreei
a água, deslizando para baixo em seu corpo, através de seus
mamilos eretos e entre suas pernas. Deus, eu queria invadi-la,
pegá-la e empurrar dentro dela, tirando nós dois de nossa miséria.
Seu corpo era uma obra de arte e eu queria estudar cada
centímetro - com minha língua.

Tirei a roupa e esperei que ela me notasse, mas ela fechou os


olhos e enxaguou o cabelo, soltando um grito quando anunciei
minha presença.

— Que porra é essa, Nico? — ela gritou e lutou para cobrir seu
corpo.

Infundindo arrogância em ação, eu lentamente levantei uma


sobrancelha e olhei para ela de cima a baixo. — Já vi tudo, Verana.
Por que se esconder?

Em vez de responder, ela ergueu o queixo e olhou carrancuda,


fazendo o seu melhor para não me olhar de cima a baixo também.

— Eu estou pronto para tomar banho agora, então por que


esperar?

— Porque estou aqui.

— Então? Você é minha esposa.

Eu apertei um botão com esse comentário, e ela deixou cair os


braços, se aproximando. — Então? Isso não significa que você me
tem quando quiser.

Eu me aproximei dela também, gemendo quando a cabeça do


meu pau roçou seu estômago. Ela engasgou, mas não se afastou.
— Tem certeza disso, Verana? — Eu perguntei, afastando seu
cabelo liso para trás de sua testa. — Você gostaria que eu me
masturbasse para você de novo?
Ela zombou, mas não disse não.

— Não pense que eu não podia ouvir seus pequenos gemidos


de necessidade. Inferno, eu podia sentir o cheiro da sua excitação.
Isso me lembrou de como a sua boceta é deliciosa. — Ela engoliu
em seco e meus lábios se curvaram e eu me inclinei mais perto. —
Eu poderia cair de joelhos agora, levantar sua coxa sobre meu
ombro e comer sua boceta. Eu adoraria nada mais do que enterrar
minha língua dentro de você e sacudir seu clitóris. Melhor café da
manhã de todos os tempos.

Corri meu nariz ao longo de sua bochecha, movendo-me para


beliscar sua orelha.

— Cinco anos é muito tempo, Verana. Apenas ceda.

E isso a tirou disso. Ela recuou e eu a observei lutar para


endurecer contra o desejo que inundava seu corpo.

— Não. — Com isso, ela rapidamente se enxaguou e saiu,


pegando uma toalha no caminho.

— Você pode fugir Verona, mas nós dois sabemos que você
quer tanto quanto eu.

Ela olhou por cima do ombro. — Foda-se, Nicholas.

Eu ri de sua frustração, me sentindo um pouco mais leve, com


a maior parte do calor desaparecido. Mas preocupado porque algo
ainda persistia, cavando fundo em lugares que eu nunca soube
que existiam.

Quando saí do banho, encontrei Vera enrolada na beira da


cama, já desmaiada. Até sussurrei o nome dela para ter certeza de
que ela não estava fingindo dormir. Mas quando tirei o telefone da
mesa de cabeceira, ela ainda não moveu um músculo.

Eu rapidamente adivinhei a senha do telefone dela e conectei


ao USB que Xander me deu. O programa manteria seu telefone
parecendo estar funcionando, mas bloquearia quaisquer notícias
e ligações de seu pai e sua empresa. Duas semanas era o que eu
precisava para completar a aquisição, e se ela soubesse o que
estava acontecendo enquanto estávamos fora, ela nos faria voltar
antes que eu pudesse ir.

Coloquei o telefone de volta na mesa e conectei do jeito que


estava. Fechando a porta lentamente, observei qualquer
movimento dela e apertei o número de Archer.

— As ações acabaram de ser negociadas, — ele cumprimentou,


sem se preocupar com sutilezas. Trabalhamos juntos por tanto
tempo, não havia necessidade.

— Bom. Alguém foi alertado?

— Não que eu possa dizer. Eu tive que fazer algumas pesquisas


nos registros, mas a cláusula afirma que, uma vez que ela se
casou, elas são dela, livre do controle de qualquer outra pessoa.

Há anos venho adquirindo ações da Mariano Shipping.


Pequenos pedaços aqui e ali através de várias empresas de
fachada, pois eu não queria levantar nenhuma bandeira vermelha,
mas nunca tinha sido o suficiente. Pelo menos não tinha até
Verana cair no meu colo com apenas o suficiente de seu nome para
me colocar no limite. Com a parte dela agora minha e a Mariano
Shipping lutando silenciosamente com as finanças, eu tinha tudo
de que precisava para colocá-la em movimento.
— Ficamos três dias aqui e depois entramos em um iate.
Xander me deu um programa que faz o telefone dela perder o
serviço, e ela não vai ficar sabendo.

— Bom. Vou empurrar esses papéis e esperar seu sinal.

— Ok.

— Não consigo acreditar que finalmente está acontecendo.

— Sim. — Eu murmurei.

— Não soa tão animado. — Archer brincou.

Esfreguei o calor crescente em meu peito, lembrando-me das


risadas de Vera quando recebemos champanhe ao entrar no jato
particular.

Então me lembrei dos gritos de meu avô quando percebeu que


estava perdendo a empresa da família de sua esposa - a única coisa
que restava dela.

Como um balde de água gelada para o fogo, endureci meu


coração. Com um pouco menos de confiança do que antes,
respondi. — Estou feliz que isso esteja acontecendo.

— Bom. Continue assim.

Desligamos e o longo dia de viagem me atingiu. Fui para o


quarto e encontrei Vera agora esparramada, seu corpo ágil
ocupando cada centímetro do espaço do seu lado da cama, sua
mão estendida ao meu lado como se ela me procurasse
involuntariamente. Eu me deitei e arrastei meus dedos por sua
palma aberta, despreparado para quando ela se agarrou e se
enrolou perto de mim.
Sem dúvidas. Eu me lembrei.

Eu trabalhei por muito tempo e muito duro para deixar essa


mulher me segurar.

Recusei-me a deixar esse calor que ela criou em mim, queimar


meus objetivos até o chão.
Vera

— Ok, eu tenho que perguntar. O que você está fazendo?

Meu rosto se contraiu enquanto eu o via se abaixar pela


terceira vez naquele dia para pegar uma pedra e enfiá-la no bolso.

— Oh, apenas uma tradição da minha família, — explicou ele.

Ele desviou o olhar e soltou uma risada. Eu o observei,


intrigada com a curva suave de seus lábios enquanto ele pensava
sobre o que quer que fosse essa tradição familiar. O sol italiano
caiu lentamente no céu enquanto o dia se transformava em noite
e os vermelhos, roxos, laranjas e rosas brilhavam como o cenário
perfeito atrás de seu peito largo envolto em uma camisa branca
como a neve. Sua pele escura o fazia parecer mais italiano do que
eu, e ainda assim, ele ainda se destacava como único entre os
turistas dispersos ao redor da Fonte de Trevi.

— Meu pai começou. Ele coletava pedras em locais especiais


em todos os lugares que íamos, e meu avô continuou fazendo isso
para mim depois que meus pais faleceram.

— Eu amo isso. — Minha família era baseada em tradições,


mas nenhuma que me fizesse sorrir tanto quanto a de Nico. — Eu
não fazia ideia. Nunca vi nenhuma exibida em qualquer lugar em
casa.
Eu nem sequer lutei em chamar o apartamento de Nico de
casa. Se qualquer coisa, eu geralmente tinha que ficar chocada,
dada a facilidade com que isso saía da minha língua.

— Porque eu não exibo nenhuma. Sempre as mantemos em


sacos plásticos.

— Você era próximo deles?

— Muito. — Ele disse, seu olhar caindo. Quando ele olhou para
trás, ele tinha uma pequena inclinação nos lábios, mas com um
toque de tristeza. — Sempre viajamos juntos. Meu pai disse que só
porque o trabalho o afastou de casa, não tinha que afastá-lo de
sua família. Ele era um bom homem.

— Parece que sim.

— Quando eu era muito jovem para viajar muito, ele trazia as


pedras de volta para nós até que pudéssemos começar a coletá-las
juntos. Mamãe reclamou sobre eles serem enfiados em uma sacola
na gaveta, mas acabou revirando os olhos quando meu pai lhe
disse que havia coisas mais importantes do que decoração. Ela
argumentaria porque ela realmente amava decorar, mas ele
aparecia e a deixava saber que ele preferia dançar.

— Minha mãe e meu papai dançavam pela cozinha o tempo


todo. Eu adorava assisti-los.

— Eles tinham um casamento arranjado?

— Sim, e mamãe odiava papai quando se casou com ele, —


expliquei, rindo.

— Então por que ela se casou com ele?


— O casamento arranjado. Minha família foi construída em
torno de tradições. Meus bisavôs vieram da Itália para os Estados
Unidos e fundaram a Mariano Shipping com a tradição arcaica que
trouxeram de uma família rígida da Itália. Simplesmente
permaneceu.

— Até você.

— Até mim. — Eu concordei. — Sempre quis um casamento


como o deles. Nunca vi quando eles estavam tendo dificuldades.
Claro, eu os vi brigando. Minha mãe era uma mulher italiana
apaixonada, o que, segundo ela, foi como conquistou o respeito de
papai. Ela disse que depois disso, eles se apaixonaram sem que ela
soubesse. Eles se adoravam, e isso destruiu o âmago do meu pai
quando ela morreu. Acho que nunca percebi o quanto até agora.
Ele não é o homem que eu me lembro de ter me criado.

Um véu deslizou sobre os olhos de Nico, como geralmente


acontecia quando mencionei meu pai. Presumi que isso aconteceu
por causa de como acabamos nessa situação, mas uma parte de
mim se perguntou se havia mais.

Um silêncio constrangedor se estendeu e eu me esforcei para


preencher o vazio. O dia tinha sido bom. Havíamos conversado
sobre a história; ele explicou suas partes favoritas de Roma, e nós
comemos comida demais. Éramos turistas típicos, e ele foi gentil o
suficiente para tirar fotos minhas sempre que eu pedia. Ele até me
divertiu quando lhe pedi para tirar selfies comigo.

Foi... quase fácil.

E eu não queria que acabasse, então mudei para um tópico


mais seguro.

— Você sente falta do trabalho? — Eu perguntei.


Sentamos na borda de pedra da fonte, o respingo de água nas
nossas costas e a conversa suave dos turistas ao nosso redor. Ele
considerou minha pergunta, olhando para o céu de fogo.

— Sim e não.

— Isso esclarece tudo. — Eu brinquei.

Ele deu uma risada e balançou a cabeça. — É bem legal. Achei


que seria mais difícil não estar no escritório, mas trabalhei a vida
toda. Estudei o negócio quando adolescente, fazendo estágios onde
poderia obtê-los. Depois que me formei, trabalhei horas extras
para construir meu negócio e continuar meus estudos. Eu
realmente não parei.

— Não acredito que vou perguntar isso, mas quantos anos


você tem?

Ele se virou para mim e sorriu. Deus, seus lábios eram tão
carnudos. Deveria ser feminino, mas a barba escura e as bordas
afiadas de seu rosto os esculpiam em qualquer coisa, menos
feminina. Nico era totalmente homem, e naquele momento, minha
mente inundou com todas as vezes que seus lábios estiveram nos
meus. Uma dor começou no meu estômago ao senti-los
pressionados contra os meus novamente, e eu lutei para afastá-lo.

— Eu acho que pulamos algumas das partes do “conhecer um


ao outro”.

— Um pouco.

— Tenho trinta e cinco anos.

— Oh meu Deus. Você é um papa anjo, — eu falei engasgando


com a mão no peito.
Ele revirou os olhos. — Dificilmente. Você tem vinte e três anos
e é bastante adulta - toda mulher.

Seus olhos caíram para o meu peito, e aplaudi minha escolha


de usar o sutiã acolchoado sobre o bralette rendado. Caso
contrário, não teria havido como esconder a maneira como ele
olhou para mim, endureceu meus mamilos em picos desesperados.

— E sem férias em seus trinta e cinco anos?

— Poucas. Fui há algumas com o vovô.

— Talvez algumas viagens com todas as mulheres com quem


você já esteve? — Eu perguntei, tentando me fazer acreditar que
Nico provavelmente arrebatou mulheres para seduzi-las, apenas
para deixá-las. Talvez eu o desejasse menos se realmente pensasse
que ele realmente era o homem que me cumprimentava no
escritório todos os dias como se eu estivesse tentando dormir com
alguém para subir na carreira.

Em vez de um sorriso afetuoso de suas viagens como eu


esperava, ele bufou. — Dificilmente.

— O quê? Não consegue atrair nenhuma mulher?

— Oh, não, Verana. Eu poderia ter qualquer uma comigo, —


disse ele, a confiança escorrendo de suas palavras.

— Então, por que não levá-las?

O sorriso arrogante desapareceu, e ele me estudou novamente,


desta vez como se estivesse curioso e não como se pudesse ver
através das minhas roupas. Meu coração disparou com a mudança
e prendi a respiração.
— Acho que nunca encontrei ninguém com quem valesse a
pena viajar.

As palavras roubaram o fôlego que eu estava segurando, e


minha cabeça girou com suas palavras. Ele quis dizer que valia a
pena viajar comigo? Não tivemos que ir em lua de mel. Nós
poderíamos ter dito nosso 'sim' e voltado ao trabalho normalmente.

Seus olhos alcançaram os meus e meu corpo balançou como


se tivesse mente própria, desesperado para provar seus lábios
novamente.

— Uma foto? — perguntou uma voz com forte sotaque.

Pisquei, recuando e olhando para o homem baixo, segurando


suas mãos como se fosse uma câmera.

— Você pode tirar nossa foto? — Ele gesticulou para a mulher


deslumbrante atrás dele. — Algumas, por favor. — Ele esclareceu.

— Hum, claro.

Nico e eu nos levantamos e o casal tomou nosso lugar. Ela


colocou os braços em volta dele e olhou em seus olhos. Tirei uma
foto, querendo capturar o momento. Seu amor é tão palpável, meu
coração batia mais rápido por eles. Então ele se inclinou, e ela o
encontrou no meio do caminho, seus lábios batendo de paixão. Ele
a puxou para perto e sem saber se eles queriam tal momento
documentado, mas precisando fazer isso de qualquer maneira,
continuei a clicar no botão vermelho. Eles brilhavam na frente da
pedra branca, e água azul iluminada entre a escuridão. O amor
deles era lindo, e eu esperava que eles gostassem das fotos para
sempre.
— Obrigado, — disse ele quando eles se afastaram. — Esta é
minha esposa. Quinze anos.

Meu sorriso cresceu, ouvindo o orgulho em sua voz, e fiz um


gesto para Nico. — Meu marido. Porém, apenas alguns dias.

— Recém-casados. — O homem quase gritou de alegria. — Eu


posso tirar sua foto.

— Você não precisa—— Nico tentou dizer.

— Bobagem, — o homem interrompeu. — Vai. Segure sua


esposa perto da fonte.

Nico passou os braços em volta da minha cintura, roçando o


pedaço de pele nua entre o meu suéter e saia esvoaçante de cintura
alta. Meus dedos rastejaram em torno de seu corpo, secretamente
amando cada cume e declive que encontrei no caminho para o seu
lado. Ele me abraçou e sorrimos.

Antes que pudéssemos nos afastar, o homem ergueu a mão.


— Não. Você deve beijar. Minha esposa - nós nos beijamos aqui
quando nos casamos, e ainda somos felizes.

— Oh, eu não—— eu tentei dizer, com medo de que se


começasse a beijar Nico agora, eu não pararia.

Desta vez, foi Nico quem interrompeu. — Claro. — Ele se virou


para mim, seu sorriso repleto de promessas. — Talvez possamos
fazer nossa própria tradição.

Suas palavras foram leves e provocantes, mas me atingiram


como um trem. Apesar das tradições arcaicas, eu amava as
tradições. Muitas foram transmitidas e eu tinha fé no que meus
pais tinham, esperando ter a mesma felicidade que eles
encontraram. Mesmo que não tivesse acontecido como eu
imaginava, as tradições ainda tinham significado para mim, e ele
dizer que faríamos as nossas significava mais do que a piada que
pretendia.

— Ok!

Virei-me nos braços de Nico, fechando a menor lacuna, e


pressionei suavemente meus dedos em seu peito. Seus longos
dedos mediram minha cintura e me seguraram perto. Seus olhos
escuros brilhavam como um abismo no qual eu queria me perder.

Ele se inclinou, mas parou, todas as promessas e brincadeiras


sumiram de seu rosto sério. — Você tem certeza?

— Sobre o que?

— Um beijo. Posso pressioná-la e provocá-la porque sei o


quanto você me quer, mesmo que não admita, mas não vou me
aproveitar disso.

As vibrações se espalharam como um milhão de borboletas no


meu peito e eu engoli o nó na garganta. Eu queria perguntar o que
estava tão diferente agora do dia do nosso casamento, mas não me
importei. O fato de ele não ter me puxado para os braços e
aproveitado o momento despertou algo em mim que se espalhou
rapidamente como um incêndio, e não havia chance de eu dizer
não.

— Tenho certeza.

Assim que as palavras passaram pelos meus lábios, ele não


hesitou. Ele me levantou para encontrá-lo no meio do caminho, e
nós dois gememos quando nossas bocas colidiram. Começou lento,
duro, mas rapidamente minhas mãos arranharam seu peito, sobre
seus ombros e em seu cabelo, segurando-o contra mim. Passei
minha língua contra os lábios que me provocaram o dia todo, e
seus dedos cravaram com força nas minhas costas. Com um
gemido de rendição, ele separou os lábios, tocando sua língua na
minha por apenas um momento antes de assumir o controle.
Pressionei os dedos dos pés, empurrando meus quadris contra os
dele, choramingando com a dureza que encontrei.

O riso nos tirou de nossa bolha e de volta à realidade que


estávamos em público com um homem tirando uma foto nossa. Eu
me perguntei se quando eu olhasse para elas, eu encontraria a
mesma paixão que eu vi na deles.

Nico se afastou e eu rapidamente inclinei-me para beliscar seu


lábio inferior exuberante, sugando-o entre os meus antes de
finalmente me acomodar.

— Cuidado, Verana, — ele rosnou.

Incapaz de encontrar seus olhos depois da minha ousadia, eu


meramente mordi meu lábio, passando minha língua para pegar
até o último gosto dele, e me virei para o outro casal.

— Tanta paixão e amor, — disse o homem, entregando meu


telefone de volta para mim. — Tenho certeza que vocês terão um
casamento longo e feliz.

Naquele momento, eu queria acreditar nele. Queria ignorar o


contrato que assinamos por cinco anos e acreditar que nosso
casamento era real.

Eu queria ser corajosa o suficiente para admitir que estava me


apaixonando por meu marido e acreditar que isso não iria me
quebrar no final.
Nico

No terceiro dia, o entusiasmo de Vera não diminuiu nem um


pouco.

— Essa coisa toda é nossa? Quero dizer, - você - o possui?

Uma chama acendeu em meu peito em sua confusão de


chamar minhas coisas de nossas coisas. — Não. Nós não o
possuímos. Mas é nosso durante a semana.

Ela olhou para o iate de luxo, depois de volta para mim, então
para o iate e novamente de volta para mim, seu queixo caindo um
pouco mais a cada voleio. — Nico. Tem dois andares inteiros. Em
um barco.

— Na verdade, três. Você não pode ver o andar de baixo deste


ângulo.

— TRÊS?

Eu esfreguei minhas orelhas de brincadeira e estremeci, sua


exuberância alcançando um novo tom.

— Isso é insano.
— Champanhe para os noivos? — um mordomo perguntou
quando entramos a bordo. Ele ganhou toda a gorjeta por não
estremecer com o grito de excitação de Vera. Ela agarrou o copo e
saiu correndo, enfiando a cabeça em cada porta.

Algo mudou depois da fonte. Não nos beijamos de novo, mas


ela me olhava de forma diferente quando achava que eu não
percebia e às vezes até quando ela percebia, quase como um
sorriso de colegial, cheio de segredos e rubores. Inferno, esta
manhã eu acordei com ela pressionada nas minhas costas, e
estava com muito medo de me mover. Ela acordou logo depois,
pensando que eu estava dormindo. Eu esperava que ela se
afastasse, mas em vez disso, ela ficou perto e, se eu não me
enganei, até se inclinou para roçar o nariz no meu ombro.

Eu fiquei parado o tempo todo, não querendo que ela se


afastasse. Em vez disso, eu mergulhei em seu calor, deixando-o
sangrar no calor que floresceu como uma companhia constante em
meu peito.

— Isso é loucura, — disse ela, voltando.

— Foi o que você disse.

— Eu amo isso.

Eu inalei, absorvendo suas palavras, enchendo meu peito de


orgulho. — Bom. Achei que poderíamos descarregar e tomar sol no
nosso caminho para Nápoles e, em seguida, ancorar para jantar e
sair à noite.

Seus dentes retos se fixaram em seu sorriso largo e ela


assentiu, batendo palmas.

— Você parece uma criança.


— Eu nem me importo. Estou tão animada.

Eu balancei minha cabeça e a levei para nossos quartos.


Apesar de o barco ter quase dez quartos, ela não discutiu quando
coloquei nossos itens no mesmo quarto. Nós dividimos um quarto
em casa, mas parte de mim meio que esperava que ela discutisse
a cada passo do caminho.

Em vez disso, ela pegou seu maiô e girou para o banheiro.

Antes de me trocar, vasculhei sua bolsa e peguei seu telefone,


ouvindo atentamente se ela estava saindo. Verifiquei se tudo ainda
estava bloqueado e, quando fiquei satisfeito, conectei o USB e
carreguei o segundo programa.

Eu planejei esta lua de mel especificamente para mantê-la fora


do circuito. Nesse ponto, suas amigas podem ter percebido o que
estava acontecendo e eu precisava mantê-la longe de qualquer
informação. Planejei o iate porque seria mais crível que
perdêssemos o serviço na água.

Assim que eu estava guardando o telefone dela, o meu vibrou


com uma mensagem de texto recebida.

Archer: Veja se ela conhece alguma informação sobre a venda


da empresa quando ela foi transferida para L. Precisamos de mais
para prosseguir sem erros.

Eu: Entrego logo.

A culpa cresceu e a sabedoria de meu avô sobre a honestidade


em um casamento me atingiu.

Mas, como Verana me lembrou, este não era um casamento


de verdade. Isso não nasceu do amor como ele teve pela minha avó.
Isso era negócio. E para mim, foi vingança. A culpa não tinha lugar
aqui.

Não importa o quanto seus lembretes de que tudo isso era um


estratagema, criaram uma dor crescente em meu peito.

Eram negócios.

Talvez se eu dissesse o suficiente, afastaria qualquer dúvida.

Eu mal tinha colocado meu calção de banho quando ela saiu.


Quando eu olhei para cima, encontrei seus olhos grudados onde
meu pau estava momentos antes e sorri com a vitória de vê-la
engolir em seco.

No entanto, foi de curta duração. Quando chegamos ao topo


da piscina, ela tirou a capa de banho para descobrir um maiô preto
minúsculo, e fui eu quem ficou boquiaberto. Sua parte de baixo
era mais uma calcinha do que qualquer outra coisa e a parte
superior cobria seu decote, mas uma tira descobria a parte de
baixo de seus seios. Eu cerrei meus punhos ao meu lado, lutando
contra o desejo de rastejar sobre ela e chupar e morder as curvas
pálidas.

Mais champanhe foi trazido, mas ela pediu água,


ocasionalmente cantarolando ao som da música tocando nos alto-
falantes escondidos no convés. Eu ficava tenso cada vez que ela
pegava o telefone, mas ela apenas bufava e o deixava de lado.

— Tudo certo? — Eu finalmente perguntei.

— Sim. Meu telefone está estragando. Já reiniciei e tudo, mas


não tenho serviço.
— Se isso faz você se sentir melhor, o meu também está sem
serviço.

Seus lábios franziram e ela olhou para a água cintilante que


se estendia ao longo do horizonte. — É apenas um momento ruim.
Nova está fazendo uma viagem e é isolada com uma caminhada
intensa. Eu estava esperando uma FaceTime antes de ela sair, já
que ela terá ido embora quando voltarmos.

A culpa voltou, e eu abri minha boca antes que pudesse deixar


os riscos me convencerem do contrário. — Vou ligar para a
empresa e ver o que podemos fazer. Talvez possamos pelo menos
ligar para ela do telefone do iate.

— OK. Obrigada.

Ela ainda estudava a água, ocasionalmente pegando o


telefone. Cada vez que ela bufava, eu odiava a pressão que colocava
em meu peito, apertando cada vez mais forte.

Precisando distrair nós dois, me virei para o lado, apoiando-


me no cotovelo e apoiando a cabeça na mão. O cais tinha meia
dúzia de espreguiçadeiras, mas ela sentou-se na dupla comigo e
eu contei como uma vitória.

— Você sabe, tomar sol de topless é completamente normal na


Itália.

Eu infundi calor e insinuações em minha sugestão, e um


pouco da pressão diminuiu quando ela colocou o telefone de lado
e soltou uma risada.

— Você gostaria disso.


— Inferno, sim, eu gostaria. — Ela virou a cabeça e eu tomei
meu tempo examinando seu corpo inteiro, gastando um tempo
extra em seus seios. — Você tem seios perfeitos. Lembro-me deles
em minha mão, seus mamilos duros raspando minha palma e
implorando por meus dedos.

Acompanhei a maneira como seu peito subia um pouco mais


forte e mais rápido, olhando para cima em seu pescoço para vê-lo
funcionar depois de um gole pesado, e para suas bochechas,
ficando mais vermelhas do que o sol poderia torná-las. Ela franziu
os lábios e gostei de vê-la lutar para recuperar a compostura.

— Você só me quer pelo meu corpo.

— Não é verdade.

— Okay, certo.

Eu a queria por suas conexões. Eu a queria por vingança. Seu


corpo era um bônus - ou pelo menos, eu esperava que fosse. No
entanto, apesar de não ter seu corpo, descobri que seu sorriso era
um bônus - sua risada. Não que eu admitisse. Inferno, ele se
sentou em meu peito como um pino quadrado em um buraco
redondo; não havia como admitir para ela quando não conseguia
nem admitir para mim mesmo.

Em vez disso, decidi pela segurança do trabalho.

— Você ajudou minha empresa com suas ideias mais de uma


vez.

Seu rosto se suavizou. — Mesmo?

— Sim. Sua sugestão para Domenic no último projeto custou


quase cem mil. Fiquei impressionado.
— Uau. Um verdadeiro elogio vindo do homem que me acusou
de dormir para conseguir um emprego.

Eu encolhi os ombros, estremecendo com o meu tratamento


duro com ela no escritório. — Posso ter julgado muito cedo.

Ela virou para o lado, combinando com a minha posição, seus


seios saltando, perigosamente perto de escapar. Mas eu não sabia
para onde olhar, a carne atraente me provocando por uma espiada,
ou seu sorriso radiante e covinhas perfeitas.

No final, o sorriso venceu e tentei não pensar muito no porquê.

— Isso significa diferentes tarefas no trabalho?

— Talvez...

— Eu vou fazer.

— Você é muito inteligente, Verana. Seu currículo fala por si -


assim como suas ações. Seu pai foi um tolo por não utilizar seus
talentos.

Seu sorriso se desvaneceu e ela engoliu em seco novamente,


mal engasgando. — Obrigada, Nicholas.

— É apenas honestidade. Não vou entregar as tarefas


facilmente porque você é minha esposa, — eu disse muito
duramente. Ela estremeceu. Eu odiei e imediatamente voltei atrás.
— Mas não tenho dúvidas de que você vai merecer.

Ela me estudou, as emoções girando no fundo de seus olhos.


Isso me fez sentir como um pêndulo oscilante com ela. Eu queria
mantê-la à distância, mas odiava quando ela ia longe demais,
então a trazia de volta. Mas então ela voltava e olhava para mim
como se eu tivesse dado a ela o presente mais precioso, fazendo
aquele calor voltar rugindo, e eu lutei com o jeito que sangrava
mais e mais pelo meu corpo a cada vez. Então, eu a empurrava
novamente. Uma repetição.

Eu sabia que estava com tempo emprestado e sabia que em


algum momento o balanço iria parar; eu só não tinha certeza de
onde seria, com ela perto ou longe.

Eu não tinha certeza de onde queria que parasse.

Mas com o sorriso dela de volta no lugar e o calor suave


diminuindo cada vez menos a cada vez que eu me afastava, tive a
sensação de que sabia onde queria que ele pousasse.

Eu simplesmente não estava pronto para admitir que posso


estar me apaixonando por minha esposa.
Vera

O salto da minha bota de camurça prendeu-se na borda do


paralelepípedo e tropecei, agarrando-me ao braço de Nico. Ele
olhou para trás para me encontrar rindo, apreciando a sensação
de seu braço duro sob meus dedos.

— Você está bem? — ele perguntou, sorrindo comigo.

— Talvez eu devesse ter pulado a última taça de champanhe.

— Nah. É nossa lua de mel. Como você poderia recusar uma


garrafa do chef?

— Você está certo. Eu fiz a escolha correta.

Ele bufou uma risada e balançou a cabeça, sem dizer nada


quando me aproximei e mantive minha mão presa em seu braço
enquanto caminhávamos.

Essa tinha sido a nossa noite.

Depois do dia de sol, nos arrumamos e tivemos o mais


delicioso jantar. Mas melhor do que o jantar foi às paredes que
lentamente desapareceram ao longo do dia. A melhor parte foi o
riso e o flerte sutil. A melhor parte foi à facilidade que surgiu em
algum lugar entre Roma e Nápoles.
Ele até interrompeu meu banho novamente, e em vez de uma
discussão acalorada, eu simplesmente joguei minha bucha nele e
saí correndo, sorrindo, meio que amando sua risada provocante
atrás de mim.

A risada de Nico... Deve ser uma das maravilhas do mundo.


Saía do fundo de seu peito e jorrava de seus lábios carnudos. O
sorriso o desarmava, e então o estrondo áspero de humor me
atingia enquanto sua guarda estava baixa. Era sensual, profundo
- áspero.

Assim como a maneira como ele me fodeu contra a grade no


baile de gala.

Durante toda a noite, as mulheres olharam, desejaram e


tinham desejo em seus olhos, provavelmente da mesma forma que
estava nos meus. Elas olharam, mas a aliança de casamento de
prata brilhou mais forte em seu dedo, deixando-as saber que ele
está comprometido.

Meu.

A possessão inundou meu corpo cada vez que eu peguei um


vislumbre dele.

Eu me agarrei mais forte a ele e me perguntei se era assim que


os homens das cavernas se sentiam. Este desejo desesperado de
reclamá-lo, de marcá-lo como meu para que todos soubessem que
ele foi pego. Eu queria mostrar meus dentes como um animal para
afastar qualquer um que dissesse o contrário.

Eu o queria e não culpava nada além da minha necessidade.


Sem champanhe, sem viver o momento, sem decisões precipitadas.
Não havia nada para culpar, mas suas palavras tecendo seu
caminho em torno das rachaduras na minha parede e as emoções
que plantaram lá. Elas cresceram como uma flor no deserto, raras
e diferentes de tudo que eu já senti antes. As videiras teceram
através da minha barreira teimosa, criando fendas onde as
emoções deslizaram até que se libertaram e derramaram sobre
mim. Foi desgastante, lavando qualquer teimosia em que eu ainda
me apegasse.

Eu... me importava.

Quase ri com a palavra simples. Era mais do que me importar


e eu sabia muito bem disso.

Talvez tenha estado lá o tempo todo, crescendo à sombra do


meu desafio e persistência. Mas suas palavras brilharam como um
raio de sol, deixando claro que ele esteve lá o tempo todo.

Caminhamos pela rua estreita, as pessoas sentadas do lado de


fora, rindo e vivendo, curtindo a noite mais quente. Quando
viramos a esquina para um beco, encontramos músicos tocando
música para uma pequena multidão de dançarinos. Casais riam
sob as luzes de cordas, girando apenas para serem trazidos de
volta aos braços de seus parceiros. Eu peguei algumas palavras
em italiano na música sobre se perder no meio da noite com seu
amante, e parecia a melhor ideia que eu já ouvi.

— Dance Comigo.

— O quê? — ele perguntou.

Eu o puxei para fora do grupo. — Como nossos pais fizeram.


— Foi uma memória que compartilhamos de nossos pais dançando
juntos. Cada vez que encontrava meus pais rindo e se abraçando
com força na cozinha, era tudo que eu podia fantasiar para o meu
próprio futuro. — Como uma tradição.
Seu rosto suavizou, provavelmente se lembrando de seus
próprios pais, e deslizou seus braços em volta da minha cintura.
— Podemos torná-lo nossa própria tradição.

Suas palavras roubaram minha respiração. Foi a primeira vez


que conversamos sobre nosso casamento como se fosse real - como
se fosse a base inicial de um longo futuro e não apenas uma
transação comercial.

Ele me puxou para perto e eu passei meus braços em volta do


seu pescoço, inalando seu cheiro picante. Eu amei o jeito que ele
cheirava. Eu tinha desde o começo. Não que eu admitisse, mas se
ele interrompesse meu banho na hora certa, ele poderia ter me
encontrado sentindo o cheiro de seu sabonete líquido.

O violão tocou suavemente e o cantor cantou. Eu estava muito


perdida nos braços de Nico para tentar traduzir a letra. Em vez
disso, ouvi a batida e o deixei me guiar, concentrando-me na
sensação de suas coxas roçando as minhas, no vento acariciando
minhas coxas onde meu vestido subia. Eu me concentrei em
segurar meu gemido quando sua língua alisou seus lábios, e me
impedi de traçar os seus com a minha.

A música se tornou sensual, e o aperto de Nico aumentou,


movendo-se para cima e para baixo nas minhas costas, às vezes
parando para segurar meus quadris e me mover como ele queria.
Eu cavei meus dedos no cabelo macio na base de seu pescoço e
segurei. O ar quente, a música suave, as luzes cintilantes, a
própria paixão da Itália tecendo ao nosso redor.

A dança se tornou sensual, e nós nos agarramos um ao outro


como se mal estivéssemos conseguindo nos controlar. Nós nos
mexemos, formando nossa própria tradição de preliminares.
Quando a música terminou, ele se inclinou no meu ouvido. —
Pronta para voltar?

Eu balancei a cabeça, inclinando minha cabeça para o lado na


esperança de que seus lábios viajassem pelo meu pescoço. Eles
não fizeram, mas ele arrastou seu nariz ao longo da minha
bochecha, inalando meu cheiro como eu fiz com o dele. Eu me
afastei para olhar para ele, mas seus olhos estavam focados em
algo por cima do meu ombro.

— Fique bem aqui.

— O quê? — Isso não era o que eu esperava.

Ele olhou para baixo, um sorriso aparecendo em seus lábios.


— Eu quero pegar algo para você.

A excitação vertiginosa rapidamente substituiu minha


confusão. — O que seria?

— É uma surpresa.

— Vamos. Conte-me. Quero ter certeza de que vale a pena.

Queria ter certeza de que não valia a pena voltar correndo para
o iate e continuar de onde a dança terminava. Ele me deu um
tapinha no nariz e eu ri do gesto brincalhão.

— Tão impaciente.

— Síndrome da filha única.

— Bem, que pena. Fique aí e eu já volto.

— Tudo bem. — Eu choraminguei.


Ele se afastou, rindo dos meus dramas, e eu fiquei ali
maravilhada, outro sorriso fazendo meu rosto doer. Eu sorri mais
hoje do que nos últimos meses e não queria que acabasse. Eu vi
seus ombros largos desaparecerem atrás de algumas pessoas
enquanto ele examinava a loja do vendedor ambulante.

Tentei ver o que ele agarrou, mas a multidão bloqueou minha


visão. Quando ele finalmente fez o seu caminho de volta para mim,
ele riu do jeito que eu não pude deixar de pular na ponta dos pés.

Eu abri e fechei minhas mãos, querendo o que quer que


estivesse na bolsa marrom.

— Verana Rush, — ele zombou, me repreendendo. Ouvir meu


nome ligado ao dele só aumentou minha empolgação e eu ri. — Eu
deveria fazer você esperar até voltarmos.

— Não se atreva.

Ele balançou a cabeça e me deu a sacola. Rasguei o papel e


encontrei um copo de vidro ornamentado com a palavra amore
gravada na frente.

— O que é isso? — Eu perguntei lentamente. Certamente, ele


não poderia saber o que isso significava para mim.

— Presumo que você não tenha um copo da Itália?

— Não, por quê?

— Eu vi sua coleção em uma das caixas marcadas como coisas


de sua mãe. — Ele respondeu simplesmente. — Esqueci de dar a
você, mas também comprei um de Roma. Achei que poderíamos
encontrar uma maneira de exibi-los em casa quando voltássemos.
— Oh... — Eu não sabia mais o que dizer. — Isso é... obrigada.
Minha mãe tinha uma coleção e eu adicionei mais ao longo dos
anos.

— Acho que nós dois juntamos coisas para nos agarrarmos às


pessoas que perdemos muito cedo.

— Acho que sim.

Esta noite, eu queria agarrá-lo antes de perdê-lo. Eu queria


coletar memórias que eu pudesse segurar com força no final do
nosso acordo. Não há mais teimosia para me segurar. Sem mais
negação para me impedir de admitir o que sabia. Eu confiava nele,
e essa percepção apenas regava a flor, fazendo-a crescer e se tornar
algo que eu sabia que estava ficando sem tempo para evitar.

— Vamos. Vamos voltar.

Ele passou o braço em volta dos meus ombros e me segurou


na curta caminhada de volta ao iate. Cada passo solidificou minha
decisão. Parecia bater em mim a cada batida de meus calcanhares
no pavimento. No momento em que pisamos no iate, todos os
músculos se contraíram com a necessidade, prontos para
estourar.

— Nico. — Minha mão o segurou quieto, e ele se virou para ver


porque eu parei. Eu engoli e suas sobrancelhas franziram. — Você
me respeita?

Eu sabia que sim. Eu só queria ouvir. — Claro que sim.

— Então isso é o suficiente.

Primeiro deve vir o respeito. Então o amor pode crescer.


As palavras de minha mãe ecoaram em minha cabeça e não
tive dúvidas de que o amor já havia começado a crescer.

Eu puxei sua mão, puxando-o para perto, para que eu pudesse


envolver meus braços em volta do pescoço e puxá-lo para mim. —
Eu cansei de lutar. — Eu confessei tão perto de seu rosto que meus
lábios roçaram os dele.

Ele ficou congelado e, para deixar minha declaração clara,


passei minha língua contra seus lábios e pressionei meu núcleo
contra ele.

Com um grunhido, suas mãos caíram para agarrar minha


bunda e me levantaram. Envolvi minhas pernas em volta de sua
cintura e gemi quando ele se virou para nos pressionar contra a
parede.

Nós inalamos um ao outro como se estivéssemos em uma


gaiola faminta, olhando para um banquete do lado de fora. Eu
destranquei a porta, e nenhum de nós estava se segurando. Ele
me segurou com tanta força que eu tinha certeza de que teria
hematomas pela manhã e ansiava por cada um.

Ele se afastou e eu beijei seu pescoço, meu mundo girando


quando ele mudou e caminhou para onde nós descansamos antes.
O ar frio acariciou a curva da minha bunda onde meu vestido
subia, e um arrepio percorreu minha espinha quando ele me
sentou na superfície fria de uma das mesas.

Um atendente apareceu e, sem tirar os olhos de mim, Nico


ordenou que ele fosse embora.

— Dê o fora daqui, e ninguém aparece até que eu chame.


— Sim, senhor, — respondeu o atendente, como se um homem
resmungão e uma mulher seminua sobre uma mesa não fossem
novidade.

Assim que ficamos sozinhos novamente, colidimos.

Suas mãos estavam em todos os lugares, para cima e para


baixo em meus lados, apertando minha bunda para empurrar sua
virilha na minha. Agarrando minhas coxas para puxá-las
firmemente em torno de sua cintura, me segurando como se eu
fosse escapar a qualquer momento. Em meus seios, roçando meus
mamilos em carícias provocadoras e beliscões duros.

Minhas mãos se moviam freneticamente, desesperadas para


senti-lo. Ele andou em cada quarto de hotel nu, seu corpo dourado
duro como Adônis, e minhas mãos tremiam com a necessidade de
tocá-lo. Eu me atrapalhei com os botões, eventualmente desistindo
e puxando a camisa aberta, descobrindo o cabelo em seu peito
esculpido, não parando até que eu pudesse ver cada ondulação de
seu abdômen.

Ele puxou a gola do meu vestido, mordendo minha clavícula,


rosnando como um animal quando não conseguia alcançar o
suficiente para baixo do meu vestido, retribuindo o favor e
rasgando o tecido macio do suéter na frente.

Eu nem mesmo vacilei; em vez disso, arqueei meu peito, meu


corpo implorando para que ele me levasse. Sua mão envolveu
minhas costas e me ergueu, agarrando meu mamilo através do
sutiã fino. Meu grito de dor e prazer ecoou no céu noturno,
indiferente a se alguém pudesse ouvir. Eu o segurei para mim,
bagunçando seu cabelo, choramingando, e fazendo o meu melhor
para moer meu núcleo contra o comprimento duro de suas calças.
Sua mão livre brincou em minhas coxas, puxando minha
calcinha de lado para roçar suavemente em minhas dobras lisas.

— Porra. Senti falta dessa boceta.

Outra carícia e minha frustração aumentou. Tínhamos


esperado tempo suficiente e eu queria agora, agora, agora.

Empurrando-o de volta, eu deslizei da mesa, rasgando suas


calças para libertar seu pênis.

— Verana...

— Você me provou, agora deixe-me provar você.

Ele gemeu quando seu comprimento escorregou na palma da


minha mão. Olhando para cima, passei minha língua ao longo da
parte inferior, colocando beijos suaves contra a cabeça. Segurando
sua circunferência em minha mão, eu o encarei, o comprimento e
a espessura intimidantes. Seus dedos serpentearam em meu
cabelo e me puxaram de volta para olhar para cima. Com as luzes
cintilantes do convés, a única iluminação, ele olhou para mim
como o diabo, e eu alegremente me ajoelhei a seus pés.

— Chupe.

— É grande. — Eu disse, querendo lutar com ele porque era


tudo o que tínhamos feito.

Ele sorriu. — Eu sei. Agora abra esses lábios carnudos e chupe


meu pau como uma boa menina.

Minha boceta inundou com suas palavras, e corei por estar


tão excitada por sua conversa suja. Mas eu fiz o que mandou,
querendo deixá-lo tão desesperado quanto eu. Abrindo minha boca
o máximo que pude e ainda segurando seu olhar, afundei em seu
comprimento. Ele esticou minha mandíbula e cutucou minha
garganta. Eu rodei minha língua na parte de baixo e chupei meu
caminho de volta, batendo na cabeça novamente.

— Porra, sim. É isso aí.

Continuei a balançar para cima e para baixo, perdendo-me no


movimento, apreciando a dor na minha mandíbula, a picada das
lágrimas quando ele empurrou muito longe.

— Você sabe quantas vezes eu me masturbei pensando em


encher sua boca? Quantas vezes eu pensei em você engasgando
com meu esperma enquanto ele derramava de seus lábios
rosados?

Eu lutei para balançar minha cabeça.

— Quase todas as manhãs. Eu alterno entre todas as maneiras


que eu quero ver você tomar meu esperma. Uma e outra vez. Vou
marcar você, Verana. Eu vou te encher com tudo que eu tenho,
gozar onde eu quiser com você. Eu vou te fazer minha.

Eu deveria ter ficado ofendida. As palavras foram exatamente


o que me fez empurrá-lo com tanta força antes, fazendo-me sentir
como se não tivesse escolha. Mas eu tinha. Ele provou isso uma e
outra vez, e agora que fiz minha escolha de ficar com ele, queria
que ele fizesse todo o resto. Eu queria que ele me marcasse e me
reivindicasse. Eu queria que ele escapasse para cantos escuros
para me foder. Eu queria que ele me levasse para onde ele
quisesse.

Eu já fiz minha escolha.

Eu queria ser dele.


Eu cantarolei, rolando suas bolas na minha mão, e ele me
puxou de volta.

— Mas vamos guardar isso para mais tarde. Por enquanto,


quero estar dentro de você de novo.

Com isso, ele me puxou para cima e rasgou minha calcinha,


tirando os restos do meu vestido enquanto eu fazia o mesmo com
suas roupas. Inclinei-me para trás em minhas mãos, a mesa como
gelo em minha pele aquecida. Ele separou minhas pernas e
esfregou os dois polegares ao longo das minhas dobras,
separando-as como se quisesse ver cada centímetro, arrastando os
dedos pela umidade.

— Tão bonita e rosa. Tão quente. — Deslizando um dedo


dentro de mim e rolando o polegar ao longo do meu clitóris, ele
encontrou meus olhos. — Posso gozar dentro de você?

Fiquei menos nervosa quando ele sugeriu que nos


casássemos. Eu nunca deixaria um homem me foder sem
camisinha. Eu estava tomando pílula e ambos estávamos limpos,
mas era novo e pessoal.

E eu queria isso mais do que tudo. O pensamento de senti-lo


em carne viva dentro de mim, pele contra pele, de ter seu esperma
derramando dentro da minha boceta apenas para vê-lo vazar fez
com que um arrepio percorresse meu corpo.

— Por favor. — Eu implorei.

Ele passou a palma da mão pelas minhas dobras e revestiu


seu pau, levantando a cabeça para brincar nas minhas dobras
antes de empurrar com força. Observei sua cabeça gorda forçar
seu caminho dentro de mim, amando a picada de ser esticada tão
rapidamente, e tudo que eu conseguia pensar era que queria mais.
— Mais. — Eu implorei. — Mais duro.

Seus olhos brilharam e ele se inclinou contra meus lábios. —


Garota suja.

Eu abri meus lábios para uma observação inteligente, mas ela


desapareceu em um suspiro quando ele empurrou todo o caminho.
Segurando-me com força, meus mamilos roçando contra seu peito,
ele me fodeu. Por um momento, me perguntei se o céu noturno
carregava nossos ruídos animalescos através da água para outros
barcos, e eu esperava que sim.

Eu esperava que todos soubessem que ele era meu e eu dele.

— M...Merda. Pensei ter me lembrado de como sua bocetinha


é apertada, mas me enganei. Muito mais apertada. Você aperta
meu pau perfeitamente.

— Você é tão grande. — Choraminguei. Parecia clichê, mas era


verdade. — Tão bom.

— Tão gostosa. Nunca mais vou entrar nesta boceta com


camisinha. Eu não posso voltar. Eu nunca soube que poderia ser
tão gostoso.

— Você nunca...?

Ele diminuiu o ritmo e deslizou a mão ao longo da minha


bochecha, certificando-se de que eu pudesse ler sua sinceridade.
— Só você.

Eu pressionei um beijo em sua palma. — Só você também.

Um momento se estendeu onde ele parou, e nós nos olhamos.


O peso das palavras quase mais pesado do que o do que dissemos
em nosso casamento. Como se uma banda nos segurando
estalasse, nós batemos juntos ao mesmo tempo, nossas bocas e
línguas duelando. Ele me fodeu cada vez mais forte, correndo para
o nosso orgasmo.

Eu gritei quando ele puxou para fora, mas antes que eu


pudesse protestar, ele me virou, meus quadris cavando na mesa
enquanto ele empurrava de volta para dentro de mim por trás. Sua
mão mergulhou em meu cabelo e me manteve de pé.

— Olhe para você. Olhe para você me fodendo, porra.

Nosso reflexo nas portas de vidro escuro do iate brilhou de


volta para nós. Minhas costas arquearam, meus seios
pressionados para fora e saltando cada vez que ele empurrava com
força dentro de mim. Ele parecia uma sombra escura e dominante
atrás de mim, seus dentes à mostra como um animal no cio contra
sua companheira.

Sua mão deslizou entre minhas coxas e focou em meu clitóris.

— Fodidamente minha. — Ele rosnou contra meu ouvido.

— Sua. — Choraminguei de volta.

Ele beliscou meu clitóris e empurrou com força, me enviando


ao longo da borda. Se não fosse por sua mão entre minhas pernas
e a mesa em meus quadris, eu teria desabado em uma pilha.
Minhas pernas tremeram e o mundo desapareceu além da
supernova, explodindo como um milhão de fogos de artifício em
cada centímetro de mim.

Suas mãos apertaram e ele enterrou a cabeça no meu pescoço,


os dentes cravando no meu ombro como fizeram na primeira vez
que estivemos juntos, e ele gozou.
Seus gemidos de liberação enviaram ondas de choque para
meus mamilos e direto para minha boceta, ainda pulsando em
torno de seu pau se contraindo.

Observei nosso reflexo, exausta e satisfeita. Quase não


reconheci a mulher olhando no reflexo, seu cabelo uma bagunça e
suando, seu corpo ofegante e colado ao homem atrás dela. Eu não
a reconheci, mas eu queria.

Nico relaxou e uma onda de umidade escorreu pela minha


coxa, trazendo seus próprios mini espasmos de excitação. Ele
tropeçou para trás e me levou com ele, me pegando quando caímos
na espreguiçadeira. Beijando-me suavemente, ele deslizou os
dedos entre as minhas pernas, recolhendo nosso esperma, apenas
para trazê-lo ao meu mamilo e beliscá-lo.

O movimento foi simples e além de erótico. Eu queria ser


coberta por ele e gostava de saber que ele queria o mesmo.

— Por que eu lutei contra isso?

— Eu não sei, mas é melhor você parar. Não foi uma coisa de
uma vez, Verana.

Eu levantei uma sobrancelha, mas estava muito cansada para


fingir ser teimosa. — Com certeza não foi. — Eu concordei,
acariciando seu pau amolecido, amando a forma como nosso
esperma o cobria também. — Eu quero mais.

— Então darei mais a você.

Com uma energia que eu não sabia como ele tinha, ele se
levantou, me pegando, rindo do meu grito de surpresa.

— Vamos tentar algo novo.


— Oooo, parece bizarro. — Eu brinquei.

— Que tal uma cama?

Em uma cama, com seu grande corpo sobre o meu, parecia


tudo o que eu esperava.

— Perfeito.
Vera

O dia seguinte parecia semelhante ao anterior, exceto quando


Nico entrou no chuveiro comigo e se ofereceu para me comer,
aceitei de bom grado e retribuí o favor. Quando terminamos, a
água gelou e ele disse que precisava me levar de volta para a cama
para me aquecer.

Agora, deitamos nas espreguiçadeiras, o iate pulando para o


nosso próximo destino e, desta vez, aceitei sua sugestão, tomar sol
de topless. Ele ordenou que todos os funcionários ficassem longe
do convés da frente e murmurou sobre arrancar os olhos se alguém
visse os seios de sua esposa.

Eu amei.

Cortei o pensamento e afastei-o. Se meu telefone funcionasse,


eu ligaria para Raelynn, e ela prontamente gritaria, exigiria
detalhes e, em seguida, me repreenderia por estar bêbada se eu
sequer considerasse pensar nessas palavras.

Uma boca quente cercou meu mamilo, sua língua áspera


sacudindo para frente e para trás. — Eu amo esses peitos.

— Onde estamos indo hoje? — Eu perguntei, mantendo meus


olhos fechados, desfrutando de sua adoração pelo meu corpo.
— Sair para o mar por um tempo e depois voltar para a costa
um pouco ao sul.

— Soa perfeito.

Seus dedos roçaram para cima e para baixo em meu estômago,


circulando meu umbigo. Nunca tocando em nenhum lugar
importante, apenas se movendo como se quisesse memorizar cada
centímetro. Eu encarei seu corpo a cada segundo que tive e
provavelmente sabia mais do que cada centímetro. Isso me fez
querer saber o que estava além.

— Como você conseguiu K. Rush Shipping?

Seu dedo congelou por um momento antes de continuar seu


caminho. — O que você quer dizer?

Finalmente cedendo, virei minha cabeça e abri os olhos para


observá-lo. Seu cabelo se esticava em todas as direções com o mar
salgado e a brisa do iate. Ele parecia jovem e despreocupado. —
Você é jovem e tem mais sucesso do que eu posso imaginar. Como
você chegou aqui? Foi o que você sempre quis?

— Sim.

Revirando os olhos com sua resposta curta, empurrei seu


ombro. — Me diga mais.

— Meu avô era dono de sua própria empresa e meu pai


trabalhava com ele. Aprendi tudo o que sei com eles. Estágios
durante o verão, enviando correspondência e café antes mesmo de
chegar ao colégio. Está no meu sangue. Mais ou menos como no
seu.
— Você teve tempo para trabalhar entre todas aquelas garotas
que provavelmente namorou.

— Trabalhei bastante para jogar bastante.

— É esse o seu lema de vida?

— Dificilmente.

— Aposto que você foi o rei do baile, — eu disse, revirando os


olhos.

— Não, eu nunca cheguei ao baile real. Fiquei distraído na


limusine, — disse ele com arrogância.

—Idiota.

Ele riu dos meus falsos ruídos de engasgo. — Mas eu era o


capitão do time de beisebol.

— Ooooo, aposto que você ficava bem naquelas calças justas.

— Eu ficava bem em tudo.

Eu dei a ele meu olhar mais impassível enquanto ele balançava


as sobrancelhas.

— E você? Rainha do baile?

— Dificilmente. Mas eu estava no controle do comitê e


organizei tudo.

— Isso não me surpreende em nada.

— Você não é o único que gosta de estar no comando.


— Eu percebi o quanto você gostou de me montar na noite
passada. Controlando o ritmo e o quão fundo eu deslizei dentro de
você.

Eu fiz. Eu adorava sentar em seu grande corpo enquanto ele


lutava para encontrar seu próprio controle. Eu me sentia
poderosa, vista.

Entre nossa brincadeira e suas palavras, o calor se acumulou


na minha barriga e eu me contorci na almofada macia da
espreguiçadeira. Mas eu não queria parar. Cada resposta revelou
uma nova camada para a imagem que criei de Nico. Ele passou de
um desenho simples e carrancudo para uma imagem 3D com
coração e alma, e eu queria mais.

— Então, por que começar a Rush em vez de continuar a


trabalhar com seu avô? Quer dizer, eu mal posso imaginar você
não sendo o chefe, — eu provoquei. — Você gosta de estar no
controle.

Seus lábios puxaram meu mamilo, mas rapidamente o


puxaram para trás - apenas um beijinho provocador. — Eu faço.
E você adora.

— Talvez. — Eu disse, encolhendo os ombros. — Então me


conte.

— Como você disse, eu gosto de ser o chefe. Eu gosto dos


meandros de possuir uma empresa e fazer do meu jeito. E a
empresa da minha família não era bem o que costumava ser.

— Alguma mulher esteve envolvida na empresa?

— Não diretamente. Mamãe era a esposa troféu que seu pai


queria que você fosse exceto que era o que ela queria. Ela adorava,
e meu pai adorava que ela quisesse isso. Vovó adorava arte e foi
voluntária em museus para satisfazer essa necessidade.

— Ela era uma artista? Foi assim que você aprendeu a


desenhar?

— Por que você acha que eu posso desenhar?

— Eu vi seus rabiscos quando você está pensando. Eles são


muito bons.

Ele grunhiu uma não resposta ao meu elogio. — Não, ela não
era uma artista. Mais como uma colecionadora e apreciadora. Ela
desempenhou seu papel de anfitriã de eventos e instituições de
caridade, mas era muito esperta. Ela era a caixa de ressonância
do vovô. Ela era dura quando ele não podia ser e suave quando ele
não sabia como.

— Ela parece incrível.

— Ela era. Ambos eram.

Passei meus dedos sobre os seus longos dedos errantes,


oferecendo o mínimo conforto, e decidi não cavar mais com medo
que ele se fechasse. Falar sobre aqueles que você perdeu
raramente deixava alguém de bom humor. Em vez disso, voltei
para a empresa. — O que aconteceu com a empresa do seu avô?

Mais uma vez, seu dedo congelou e percebi que este tópico
pode não ser melhor do que o anterior.

— As coisas ficaram difíceis e a empresa diminuiu.

— Sinto muito, Nico. Eu não consigo imaginar perder a


empresa da minha família.
Desta vez, seus dedos se afastaram completamente e eu
imediatamente os perdi. A empatia me fez querer virar e puxá-lo
em meus braços, mas antes que eu pudesse, seus dedos
retornaram - desta vez se tornando travesso e mergulhando além
da borda da minha bunda.

— E você, Vera? O que te fez querer fazer isso?

Eu lutei para me concentrar quando ele deslizou seus dedos


entre minhas dobras, passando pelo meu clitóris, e empurrou dois
dedos profundamente dentro de mim.

— Ugh. Eu... merda.

— Isso não é uma resposta.

— Porra, — eu respirei sem qualquer calor. Abri minhas


pernas e fechei os olhos, tentando me concentrar. — Como você
disse, está no meu sangue. Eu queria fazer mais do que funções
de caridade. Queria ser útil e fazer parte dessa empresa que tanto
ditou nossas vidas. Era a empresa da família da minha mãe, e eu
queria estar mais envolvida, segurando esse pedaço dela.

— Esteve em sua família por gerações, correto? Como seu pai


conseguiu isso?

— Ele comprou deles. Depois da mamãe... —Minhas palavras


foram interrompidas quando ele beliscou meu clitóris. — Depois
dela, meu avô faleceu, e minha avó não quis ter nada a ver com
isso, então ela vendeu para ele.

— Mas isso não ia contra as tradições deles?

Suas palavras mal foram registradas. Eu recitei respostas


sobre como havia condições específicas no contrato, lutando para
pensar além de seus lábios pastando em meu mamilo quando ele
falou.

Ele poderia ter me pedido para assinar minha alma naquele


momento e eu provavelmente teria feito isso sem hesitação.
Qualquer coisa para mantê-lo em movimento. Eu choraminguei de
necessidade quando ele se mexeu, subindo em cima de mim e
beijando seu caminho pelo meu corpo. Seus ombros largos
empurraram minhas coxas largas e ele se acomodou,
pressionando sua língua contra meu clitóris antes de deslizar para
baixo e me foder com ela. Eu levantei meus quadris, impaciente
para gozar.

— Você quer o controle de novo? Você quer montar no meu


rosto?

— Eu quero você, Nico.

Ele mostrou os dentes como um animal e nos virou, colocando


minhas coxas de cada lado de sua cabeça. — Dê-me sua boceta.
— Ele ordenou.

Mesmo com ele embaixo de mim e à minha mercê, ele me


controlou com suas grandes mãos na minha bunda. Segurei as
costas da cadeira e deslizei para frente e para trás em seus lábios,
amando sua barba esfolando minha pele sensível. Parte de mim
temia me mover para o lado errado ou fazer errado, mas quando
ele sugou meu feixe de nervos com força, eu não me importei. A
água brilhava como diamantes refletindo o sol, e combinava com
os pontos borrados em meus olhos.

O orgasmo caiu sobre mim e eu segurei minha respiração,


perseguindo o prazer pulsante a ponto de quase desmaiar.
Movimentos suaves e beijos me trouxeram de volta à terra - de
volta a Nico. Sempre de volta para Nico.
Eu desabei para o lado, e ele me puxou em seus braços, seu
rosto molhado com meu orgasmo. — Você quer que eu pegue
minha toalha?

— Porra, não. Eu quero sentir você o dia todo.

Corei, imaginando meu orgasmo em seus lábios para que


todos vissem.

— Não se envergonhe, Verana. Sua boceta é deliciosa. Você já


provou a si mesma?

— Não. — Eu sussurrei, prendendo a respiração novamente,


esperando o que ele faria a seguir.

— Isso é uma vergonha. Vamos consertar.

Ele se inclinou e pressionou seus lábios molhados nos meus,


e eu não hesitei em abrir minha boca e deixar sua língua roçar
dentro. O sabor doce explodiu em minha língua, e acho que estava
mais viciada em sentir meu gosto nele do que apenas em mim.
Chupei seus lábios, mordiscando-os entre os dentes.

— Agora você sabe por que me ofereci para comer você todos
os dias?

— Achei que fosse apenas para me torturar.

— Isso também.

Eu o empurrei e ele riu, puxando-me de volta para seus braços


contra seu peito aquecido.

Como se ele não tivesse acabado de me fazer ver estrelas, ele


voltou para a conversa anterior. — Há um projeto com a mais
recente empresa que a Rush Shipping acabou de adquirir.
Gostaria que você assumisse a liderança sob a orientação de
Domenic.

— O quê? — Eu pressionei contra seu peito, piscando para ele


em estado de choque.

— Eu não estou dando isso a você porque você chupa um pau


como uma profissional.

— Foda-se, Nico. — Eu ri.

Ele piscou. — Fazemos isso com funcionários de menor nível


para que possam ver como é e aprender com os gerentes. Descobri
que isso os incentiva a se esforçarem mais. Seu currículo está além
do que você está fazendo na Rush e você merece mais. Quero dar
a você uma chance de provar isso.

— Nico. — Eu sussurrei, suas palavras validando tudo pelo


que eu trabalhei. Um nó se formou na minha garganta e me forcei
a engoli-lo. Todos aqueles anos de trabalho árduo, esperando que
meu pai me visse - ver que sou capaz de ser mais do que apenas
uma esposa troféu, e ele nunca viu. Mas Nico, sim. Nico me viu.

— Não é a empresa da sua mãe, mas ainda está no mundo da


navegação e talvez isso possa ser uma parte que você guarda dela.

As lágrimas turvaram minha visão e outro caroço subiu.


Encarando este homem que veio do nada e me deu algo que eu
sempre quis, eu sabia.

Eu o amava.
A cada dia ele me desafiava, e eu chamava isso de ódio, mas
também me pressionava mais e me obrigava a crescer. Ele fez isso
por mim como ninguém mais fez, e eu o amei.

As palavras imploravam para serem libertadas, mas não


consegui.

Este casamento não nasceu do amor, e só porque eu o amava,


não significava que algo tivesse mudado para ele.

Eu empurrei as palavras de volta para baixo. — Obrigada. —


Eu engasguei.

— Você mereceu isso.

E era isso mesmo. Eu não queria que fosse dado a mim. Eu


queria provar meu valor e fazer com que ele visse que eu era capaz
- e ele o fez.

Preocupada que meus lábios se abrissem e vomitassem


palavras que não estava pronta para dizer, decidi colocar minha
boca para trabalhar de outras maneiras.

Com nada além do sol e o barulho das ondas contra a lateral


do barco, retribuí o favor, usando minha língua e lábios, chupando
seu pau como uma profissional.

E quando ele encheu minha boca com seu esperma, engoli e


subi em seu corpo para deixá-lo provar seu próprio gosto na minha
língua.

Qualquer coisa para conter as palavras que eu temia, se


tornarem grandes demais para conter.
Eu só esperava que quando elas finalmente se libertassem,
Nico se importasse o suficiente para me deixar amá-lo.

Talvez até mais do que os cinco anos que combinamos.

Talvez para sempre.


Nico

O nome de Archer brilhou na minha tela e eu saí do quarto


para responder longe de Vera.

— Está feito? — Eu perguntei. Vera e eu voltamos para casa


amanhã, e essa aquisição estava chegando perto.

— A informação que você me deu ajudou, mas um


contratempo nos fez recuar.

Eu me encolhi, lembrando de como eu consegui as


informações dela. Ela estava tão perdida no prazer que mal
conhecia todos os detalhes que admitiu. Mas por que ela se
importaria? Eu era seu marido e, pelo que ela sabia, tinha tudo o
que poderia desejar. Por que ela se conteria?

Ela confiava em mim.

Eu me encolhi de novo e joguei a raiva que sentia por mim


mesmo em Archer. — O que diabos isso significa? — Eu perguntei
com os dentes cerrados.

— Precisamos de mais uma semana.

— Uma semana? — Respirei fundo, lembrando-me de Vera do


outro lado da porta. — Eu tenho uma maldita empresa para dirigir,
e estou pagando para você fazer isso a tempo. Não posso ficar longe
para sempre enquanto você tira a cabeça da bunda.

— Não planejamos que isso acontecesse nos próximos cinco


anos, então estamos fazendo funcionar. Finalmente está
acontecendo, Nicholas. O que é mais uma semana se
conseguirmos o que queremos? — Quando eu não respondi
imediatamente, ele vacilou. — Você quer isso, certo?

Fiquei olhando para a porta como se pudesse ver através dela


e observar Vera se arrumando. A culpa se apoderou de mim e, mais
do que qualquer coisa, era por isso que eu queria que já estivesse
feito. Qualquer outra vez que Archer me perguntou o quanto eu
queria isso, respondi sem hesitação. Agora, parei e procurei minha
esposa. Agora, em vez de empolgação e emoção passando por mim
com a ideia de esmagar Lorenzo, culpa e dúvidas se misturavam a
tudo o mais.

— E...eu não...

— Nicholas, — ele me cortou, seu tom inclinando-se para o


pânico. — Não há como voltar atrás. Estamos em um trem em alta
velocidade. A única diferença é que nós quebramos e queimamos
ou retiramos isso. Não importa o que você queira, quando você
voltar, ela saberá de sua vingança contra a empresa de seu pai. A
única opção que nos resta é fazermos isso com a empresa em
nossas mãos - ou não. Mas tudo já é tarde para mudar —.

Archer estava certo, e eu me encolhi com a compreensão tarde


demais. Meu coração bateu forte com o pânico de como ela reagiria
quando descobrisse. Mas não havia nada que eu pudesse fazer
sobre isso agora. Como ele disse, estávamos avançando com força
total. O mínimo que eu poderia fazer é a vingança que foi minha
companheira por mais de uma década. Não aliviou a culpa ou
pânico ou aquela maldita emoção pulsando um fogo em meu
coração, mas era algo.

— Eu farei acontecer. — Eu finalmente respondi. — Mas só


mais uma semana. Não mais.

— Mais uma semana.

Eu desliguei e cavei minhas mãos pelo meu cabelo, puxando


as mechas como se eu pudesse puxar a pressão crescente para
longe do meu corpo. Respirando fundo, eu balancei meus
membros, tentando soltar meus músculos. Não queria entrar
tenso e ter Vera fazendo perguntas. Ela se tornou estranhamente
boa em ler meu humor.

A música escapou pela porta fechada do banheiro e eu a segui,


abrindo a porta para encontrar Vera inclinada em direção ao
espelho, aplicando rímel enquanto cantava junto com Pressure, da
Muse. Sua bunda balançou de um lado para o outro, sua saia
roçando suas panturrilhas. Eu não sabia para onde olhar
primeiro, seu traseiro suculento, a pele macia de suas costas nuas,
ou seus seios mal contidos em um sutiã rendado que não fazia
nada para esconder seus mamilos empinados.

— Droga. — Eu murmurei.

Ela olhou no espelho, encontrando meus olhos e sorrindo, sem


perder o ritmo quando a música mudou para WTF, de Missy Elliot.

Eu nunca soube quem era a maioria dessas pessoas pois ouvia


música alternativa e rock mais antigo, mas suas listas de
reprodução variavam amplamente em todos os tipos de música.

Encostei-me no batente da porta e cruzei os braços, gostando


de apenas observá-la. Ela largou o rímel e se virou para mim,
fazendo um rap nas palavras e colocando todo o seu corpo para
dançar. Ela estalou os dedos e moveu os braços, franzindo os
lábios com atitude enquanto se aproximava. No momento em que
ela parou na minha frente, eu estava meio duro e sorrindo junto
com ela. Ela agarrou minhas mãos e me moveu até que eu me
desencostasse e me levantasse, cedendo sobre dançar com ela.

— Eu nunca pensei que você fosse o tipo de garota de rap.

— Eu sou um tipo de garota para tudo. Eu tenho movimentos


que você nunca viu.

— Oh sim?

Ela assentiu e eu a puxei para perto, dançando com ela. Eu a


girei para fora, os fios macios escapando da massa de cabelo
amontoado no topo de sua cabeça, escovando suas bochechas.
Quando eu fiz meu próprio rosto de franzido para imitar o dela, ela
caiu na gargalhada, segurando as mãos no peito.

O sol brilhou pela janela e iluminou suas sardas e covinhas


profundas. Porra, ela era deslumbrante.

O calor que veio e se foi quando começamos tudo isso não era
nada comparado ao inferno de fogo que empurrou os limites do
meu controle. Ele queria ser livre, e eu não sabia por quanto tempo
mais poderia negar sua existência.

A música mudou novamente, desta vez uma lenta de Nora


Jones. Eu a puxei de volta em meus braços e nos balancei para
frente e para trás. — Estaremos ancorando em breve para o jantar.
Planejei um lugar especial para a nossa última noite.

Sua cabeça inclinou para frente, batendo sua testa no meu


peito. — Como já é o fim de duas semanas? — ela gemeu.
Mais uma semana.

Ela me deu a abertura perfeita e eu nem precisei inventar um


motivo. A culpa pressionou um pouco mais forte, mas eu respirei.
Não era mentira.

— Que tal não voltarmos para casa ainda? — Sua cabeça se


ergueu, olhos arregalados encontrando os meus. — Nós
poderíamos dar uma olhada na França. Talvez experimentar um
pouco de vinho no campo?

Eu assisti a ideia afundar e vi faíscas de esperança. — E o


trabalho? — ela perguntou hesitante.

— O trabalho está mais do que bom, — assegurei-lhe. Eu


precisava que ela concordasse com isso porque se ela lutasse
comigo, não tenho certeza se minha culpa me permitiria fazer isso
acontecer. Pressionei com mais força, puxando-a para perto para
roçar meu nariz no dela. — Quero mais uma semana no paraíso
com você.

Eu disse isso para convencê-la, mas as palavras eram


verdadeiras. Parte de mim não queria voltar e enfrentar os desafios
à nossa frente.

Ela me estudou e tentei transmitir a verdade sobre as


mentiras. Emoções rodaram em seus olhos, e um sorriso lento
apareceu em seus lábios. Ela olhou para mim como se eu tivesse
alcançado a lua só para ela. Tive minha primeira experiência
quando ofereci a ela uma chance com o novo projeto, e vê-lo
novamente me fez perceber que eu queria que ela me olhasse assim
para sempre. Era a mesma maneira que minha mãe olhava para
meu pai, e eu nunca pensei que encontraria algo perto do que eles
tinham.
Mas com ela em meus braços, seu olhar adicionando a última
gota de combustível ao fogo queimando em minha resistência, eu
sabia que tinha encontrado.

Eu a amava.

De alguma forma, apesar de como começamos, eu a amava.

A verdade disso finalmente se libertou e sangrou em minhas


veias, enchendo cada centímetro de mim. A culpa pressionou com
mais força, quase demais para suportar.

— OK. Sim. Vamos fazer isso, — ela disse, a felicidade a


deixando tonta.

Foda-se a culpa. Foda-se a vingança. Eu surgiria com uma


solução melhor, inferno, eu poderia simplesmente dar a ela a
companhia. Eu descobriria um jeito.

Se ela permitisse. Se ela não me odiasse no final.


Vera

— Você de repente está com medo de voar? — Eu perguntei,


rindo um pouco.

Imediatamente, a perna de Nico parou de tremer e ele


espalmou a palma da mão sobre ela como se pudesse mantê-la
parada.

— Não. Por quê?

— Você está apenas nervoso. — Eu o estive observando nas


últimas duas horas de nosso vôo para casa, e ele estava mostrando
hábitos nervosos que eu não pensei que fosse capaz.

Ele encolheu os ombros. — Apenas muitas xícaras de café.


Pensando no trabalho e no que temos que fazer quando voltarmos.

Nós. Eu adorei ouvir isso. Eu fazia parte de sua vida, seu


negócio, e depois de ter sido excluída por toda a minha vida, eu
não conseguia o suficiente dele. Visões de trabalhar meu caminho
até o topo na empresa dele até que fosse nossa encheram minha
mente, me deixando tonta com o pensamento. Às vezes, quando
realmente deixava minha mente pensar e ter esperança, imaginava
crianças. Imaginei criar nossa própria empresa e passá-la para
nossos filhos, não importa o sexo.
Assim como na dança, eu queria começar novas tradições com
o Nico.

Assim que a conversa parou, sua perna começou a pular para


cima e para baixo novamente. Desta vez, ele apoiou o cotovelo no
apoio de braço e roeu a unha enquanto olhava para fora.

Assistir Nico agir nervoso era... inquietante, e eu queria


acalmá-lo do que quer que fosse.

— Que tal eu dar a você outra coisa em que pensar? — Eu


sugeri suavemente, deslizando de joelhos.

Eu avancei e pressionei suas pernas largas o suficiente para


caber entre elas. Sua mão deixou a boca e agarrou o apoio de braço
como se estivesse em uma montanha-russa sem cinto de
segurança.

Ele sibilou quando eu arrastei minhas unhas por suas coxas.


— Vixen.

Eu sorri e continuei minha tarefa de desamarrar seu cinto. Ele


se levantou para me permitir espaço para puxar suas calças para
baixo o suficiente para libertar seu pau e bolas. Seu comprimento
era alto e orgulhoso, cheio de veias que se estendiam da raiz às
pontas. Suas bolas pesadas descansando acima de sua cueca. Ele
gostava quando eu brincava com elas. Aprendi isso, não com
palavras, mas ouvindo seus gemidos quando os rolei na palma da
mão. Senti-lo estremecer na minha garganta quando eu puxei e às
vezes deslizei meu dedo atrás delas para tocar.

Segurando seu olhar, inclinei-me para frente e puxei primeiro


uma e depois o outra na minha boca.

— Porra, Verana.
— Você gosta de me ver chupar suas bolas entre os lábios? —
Nós dois sabíamos que sim, mas eu gostava de provocá-lo com
palavras tanto quanto ele me provocava. — Você gosta de saber
que minha boceta está ficando mais molhada a cada segundo
porque eu gosto disso também?

— Verana, — ele rosnou em advertência.

— Que tal quando eu beijo meu caminho até atrás e passo


minha língua através de sua fenda? Ou é o seu favorito quando
você força seu pau grande passando pelos meus lábios e empurra
com tanta força que lágrimas saem dos meus olhos?

— Porra, sim. — Sua mão agarrou meu cabelo, segurando-me


no lugar. — Eu quero foder essa pequena garganta. Eu me
pergunto se é mais apertado do que sua pequena boceta.

Minhas bochechas esquentaram. Ele empurrou contra o meu


reflexo de vômito, mas nunca muito longe, e eu não sabia o que
queria.

Na verdade, eu fiz. Eu queria que ele assumisse o controle e


tomasse o que queria de mim. Quando fiquei em silêncio, ele
percebeu e apertou com mais força. Uma das coisas que
descobrimos um com o outro foi o quanto eu gostava quando ele
era rude comigo. Eu tive fodas gentis e doces - todos os encontros
típicos de faculdade que uma boa garota pode ter.

O jeito que ele empurrou meu rosto contra sua virilha foi tudo
menos o que uma boa garota faria.

— Chupe minhas bolas.

Eu obedeci. Não que eu tivesse muita escolha com meu rosto


enterrado contra elas.
Uma vez que ele estava satisfeito, ele se aproximou, olhando
bem nos meus olhos, então eu não pude perder a promessa de
suas palavras. Seu dedo deslizou pelos meus lábios já inchados.
— Vou deslizar meu pau por toda a garganta até que seu nariz
esteja pressionado no meu estômago. E vou ficar lá até ficar
satisfeito. Então, vou recuar e fazer de novo. Vou controlar sua
respiração. Vou controlar tudo. E quando você achar que não
aguenta mais, vou foder seu rosto, você não será capaz de me
impedir porque suas mãos estarão ocupadas com seus seios,
beliscando e puxando até ficarem mais rosados do que sua boceta
corada. Se você tentar me impedir, vou começar tudo de novo.
Entendido?

O desejo infundiu cada centímetro do meu corpo. Sentei-me


embaixo dele ofegante, tão desesperada que quase espalhei
minhas pernas ao redor de seu sapato e esfreguei meu clitóris
contra ele até gozar.

Engolindo em seco e me lembrando de que estava segura com


Nico, assenti.

— Boa menina.

Ele deu um beijo doce e terno em meus lábios, saboreando os


momentos antes de sermos qualquer coisa, menos doce ou terno.
Quando ele se afastou, seus olhos brilharam com uma emoção que
eu não pude identificar. Tentei identificar, mas ele me puxou para
trás e se levantou.

— Mostre-me seus peitos. Mostre-me como seus mamilos já


estão duros.

O ar condicionado frio acariciou meu peito, puxando meus


mamilos ainda mais apertados. Fui beliscar como ele ordenou,
mas sua voz me parou.
— Ainda não. Mantenha suas mãos ao seu lado até que você
precise tocar minhas coxas.

Minhas mãos caíram para o meu lado e cerraram os punhos,


fazendo todo o possível para não agarrar os botões sensíveis até
que eu gozasse.

Ele ergueu o peso de seu pau na palma da mão e o levou aos


meus lábios. — Abra. — Assim que eles se separaram um pouco,
ele empurrou, gemendo quanto mais ele deslizou para dentro. —
Todo o caminho. Incline para trás e respire pelo nariz. É isso aí,
baby.

Ele não tinha ido até o fim e já estava sem fôlego. Sua cabeça
empurrou contra a abertura apertada da minha garganta, e eu
imediatamente engasguei. Em vez de se afastar como costumava
fazer, ele esperou minha garganta relaxar entre as mordaças e
empurrou ainda mais.

— Merda. Sim. Aí está. Porra, isso é bom.

Oh meu Deus, seu comprimento empurrou mais longe, e as


lágrimas queimaram meus olhos, deslizando pelo meu rosto. De
repente, meu nariz foi pressionado em sua virilha e ele me segurou
lá com força. Com seu pau na minha garganta, ele inclinou minha
cabeça para trás e me forçou a olhar para ele. Ele não se afastou,
mas ao invés disso ficou parado como se quisesse viver lá para
sempre, espalhando minhas lágrimas em minha bochecha antes
de levar o polegar aos lábios.

— Você é linda pra caralho. Cada vez que você luta contra meu
pau dentro da sua garganta, você me aperta com mais força. Tudo
que eu quero fazer é ficar aqui até que eu inunde você com meu
esperma.

Incapaz de me ajudar, eu choraminguei. Tanto da pulsação


entre minha boceta e meus mamilos e do desconforto de seu
comprimento na minha garganta por tanto tempo.

Ele finalmente deslizou de meus lábios e me deixou ofegar por


ar, mas apenas por um momento, porque assim que ele saiu, ele
empurrou de volta. Mais uma vez, ele se manteve ali e me disse
como eu estava linda. Ele me contou sobre como faria isso de novo,
mas ele me colocou para fora, para que ele pudesse ver seu pau
empurrar contra minha garganta. Ele me disse que tiraria fotos,
para que eu pudesse ver o quão deslumbrante eu estava.

Cada vez foi tão difícil quanto a anterior, e quando ele puxou
pela última vez, eu não sabia se estava chorando de desejo ou
engasgo. Toda a minha maquiagem havia sido removida, e eu só
podia imaginar como estava uma bagunça. Pelo menos para
qualquer outra pessoa. Nico elogiou o quão bagunçada eu parecia,
deixando-me saber o quão perfeita eu estava.

— Agora, Verana. Isso foi lento. Isso será rápido e duro. Você
é minha para usar e eu quero usar você. Mantenha a boca aberta
e as mãos nos mamilos.

Minhas mãos trêmulas se soltaram dos meus lados. Ele disse


que era apenas para ele, mas eu estava na borda de gozar e sabia
que era para mim também.

Assim que coloquei a menor pressão em meus botões, o prazer


disparou através de mim tão intenso que engasguei. Ele pegou a
abertura, agarrou meu cabelo para trás do meu rosto para que ele
pudesse assistir, e empurrou com força. Ao contrário da última
vez, quando ele ficou, ele empurrou de volta para fora e empurrou
de volta. Ele me usou como prometeu, indiferente ao meu reflexo
de vômito. Ele não esperou minha garganta relaxar, ele passou por
isso, fodendo profundamente na minha garganta como fez com
minha boceta.

Eu rolei meus mamilos e me contorci de lado a lado; a menor


fricção entre minhas coxas quase demais. Suas estocadas ficaram
erráticas e sua outra mão se juntou à primeira, agarrando os dois
lados da minha cabeça, me forçando a descer quando ele
empurrou para frente. Seus gemidos encheram o avião, e eu puxei
meus mamilos com força, com medo de que, se não segurasse com
força, colocaria minha mão entre minhas coxas e me tocaria.

— Porra, Verana. Eu vou gozar. Sim.

Ele empurrou todo o caminho para trás, seu esperma


disparando direto na minha garganta até onde eu mal senti o gosto
da coisa. Mas então ele se afastou, enviando seu próximo jorro de
esperma por toda a minha língua. Ele se afastou novamente
quando as gotas finais de seu orgasmo apenas pintaram meus
lábios. Tentei lamber tudo, mas escorreu pelo meu queixo.

Ele ofegou acima de mim, mas rapidamente caiu para trás em


sua cadeira, curvando-se para me empurrar para trás e abrindo
minhas pernas. Seus dedos varreram o esperma do meu queixo
antes de me empurrar de volta para descansar em minhas mãos.
A posição puxou meus quadris, mas o maior desconforto foi como
isso tirou minha capacidade de esfregar minhas coxas. Eu pulsava
de necessidade e minhas pernas estavam bem abertas, minha saia
subindo. Ele empurrou o resto do caminho para cima e empurrou
seus dedos cobertos de porra sob minha calcinha e esfregou
círculos duros sobre meu clitóris.
Eu gritei, meus braços quase cedendo. Meus olhos se
fecharam e cerrei os dentes, o contato direto quase demais para o
meu clitóris inchado.

Tentei erguer meus quadris contra sua mão, mas não tinha
para onde me mover. Finalmente, eu abri meus olhos para
encontrar os dele colados no meu rosto, ofegando tão forte quanto
eu. Seu braço se moveu furiosamente. — Nico. Eu não posso.

— Você pode.

— É muito grande. Porra. Por favor.

— Nada é maior do que eu. Agora goza.

Ele beliscou meu clitóris entre o dedo médio e o polegar,


batendo com o dedo indicador e eu explodi.

Fiquei surpresa que ninguém veio correndo com os gritos que


eu soltei. Parecia que estava morrendo, gritando como nunca
antes. Meu corpo inteiro vibrou, a tortura prolongada era demais
para aguentar. Mais lágrimas vazaram e gritei até minha voz
quebrar. O orgasmo mudou para outro e outro, um minúsculo
orgasmo após o próximo até que Nico finalmente teve misericórdia
de mim e diminuiu a velocidade de seus dedos, me deixando voltar
da explosão suspensa. Quando ele finalmente se recostou, eu
estava chorando, incapaz de recuperar o fôlego. Ele me puxou para
seu colo e me abraçou, me deixando gritar tudo o que ele libertou.

Eu nem sabia o que me fazia chorar, mas as emoções me


afogaram, e tudo que eu queria fazer era confessar meu amor e
entrar nele para sempre.

— Você foi incrível. Tão perfeitamente linda. Mal posso esperar


para te levar para casa e fazer amor com você em todas as
superfícies que pudermos. Podemos marcá-la como nossa - torná-
la nosso lar.

Meu corpo queria reagir ao jeito que ele disse — fazer amor—
em vez de foder, mas eu estava exausta demais para pensar, muito
menos mover minha boca e perguntar a ele. Eu o guardei para
mais tarde e me enrolei mais forte.

E foi assim que passamos o resto do vôo. Eu em seu colo


enquanto ele sussurrava palavras doces em meu ouvido. Em um
ponto, ele me montou em seu colo, deslizando para dentro e
movendo meus quadris lentamente, sem tirar os olhos dos meus
nenhuma vez. Quando terminamos, ele se soltou e continuou a me
abraçar, sem se preocupar em limpar o esperma escorrendo pelas
minhas coxas.

Não me incomodei em limpá-lo, mesmo quando descemos e


subimos na parte de trás do carro.

Enquanto eu relaxava quanto mais perto chegávamos de casa,


o salto nervoso de Nico e roer as unhas voltaram rugindo.

— Que tal pedirmos comida e abrirmos o tinto que você tanto


gostou? O que compramos na Sicília, — sugeriu.

— OK. Isso soa bem.

Enquanto eu sorria, Nico acenou com a cabeça, seu sorriso lá,


mas forçado.

— Depois de desfazer as malas, podemos comer e então...


talvez possamos conversar. Eu tenho algo que quero te dizer.

As palavras hesitantes e gaguejantes me deram uma pausa. A


maneira como ele soou como se os estivesse sufocando fez soar o
alarme. Mas eu não queria campainhas de alarme. Eu queria meu
marido. Eu queria começar nosso futuro juntos. Talvez esta noite
fosse a noite.

— OK. Também tenho uma coisa que quero te contar.

Meu coração pulou uma batida no peito, sabendo que estava


me preparando de uma maneira que não poderia escapar, mas não
queria.

Nova York nos recebeu de volta com a primeira frente fria, e


talvez um fogo e vinho tinto - nus - seria o momento perfeito para
deixá-lo saber que eu o amava. Se ele tentasse fugir, eu o
convenceria com meu corpo e o convenceria dos benefícios de ficar.

Ele me deu um aceno firme, apertando minha mão com força.

Tomei cuidado extra para sair do carro, pois minha calcinha


rasgada estava enfiada no bolso da calça de Nico. Horas depois, eu
ainda podia sentir a viscosidade entre minhas coxas. Mordi meu
lábio, corando com o segredo que ninguém mais sabia além dele.

Ele pegou minha mão e me levou para dentro. Tínhamos


acabado de passar pelas portas de vidro do saguão quando uma
versão de aparência abatida de meu pai se levantou de uma
cadeira e invadiu. Ele não tinha gravata; sua camisa estava
enrugada e seu cabelo despenteado em todas as direções. Ele
pisou mais perto, seu rosto ficando mais e mais vermelho, seus
olhos grudados em Nico.

Até que ele se afastou apenas alguns metros, ele agia como se
nem me visse. Mas então sua ira se direcionou para mim e eu dei
um passo para trás, nunca tendo sentido tanta raiva dirigida a
mim.
— Que porra você fez?
Nico

— Foda-se. — Eu sussurrei para mim mesmo. A mão de Vera


agarrou a minha com mais força e eu entrei em ação, movendo-me
para ficar entre ela e seu pai.

— Para a porra da sua própria família, Verana. Sua mãe teria


vergonha de você.

— Eu...eu não ... o quê?

Sua vozinha gaguejante esfaqueou minhas costas e foi como


uma experiência fora do corpo. Fiquei ao lado, observando a
bomba cair lentamente sobre todos nós, sabendo que não havia
nada que eu pudesse fazer.

— Verana, vamos... — Tentei levá-la para cima, mas seu pai


não aceitou.

— Sua pirralha mimada de merda.

— Papa. EU-

— Só porque eu não te daria a porra de um emprego, porque


esse não é o seu papel nesta família, algo que você sabia e aceitava
desde pequena. Você ataca a sua casa com essa porra de cobra e
dá a ele suas ações. É disso que se trata? Você se casou com ele
para que pudesse trabalhar com ele para tirar minha empresa de
mim, debaixo do meu nariz? Você queria roubá-la como a porra de
um ladrão? Sua mãe te criou melhor do que isso. Como você ousa?

Verana saiu de trás de mim, o choque do momento passando,


e ficando sozinha novamente. Ela assumiu uma postura agressiva
igual à de seu pai e perdeu a voz monótona de momentos atrás.

Ela era feroz e apaixonada e bonita e de fogo.

Eu a amava.

E eu fiquei lá, incapaz de me impedir de perdê-la.

— Eu não sei do que você está falando. Não dei minhas ações
a ele. E não é sua empresa. Era da mamãe.

— Exatamente. A última coisa que tinha sobrado dela, — ele


disse, sua voz quase quebrando com as palavras. — E agora, nem
mesmo é dela. Esse maldito idiota roubou dela, de mim.

A testa de Vera franziu, lutando para processar suas


acusações.

— Lorenzo, este não é o lugar para ter essa discussão, —


interrompi, tentando amenizar a situação. Eu precisava de um
segundo para me recompor, formular um novo plano além daquele
onde levava Vera para o andar de cima, dizia a ela que a amava e
que estava lhe dando a empresa. Eu só precisava de um segundo.

— Foda-se, — ele cuspiu. — O tempo teria sido em uma sala


de reuniões onde você me encara como um homem. Não um
covarde deixando seu advogado fazer seu trabalho sujo enquanto
vagava pela Europa fodendo minha filha.
— Papa, — disse Vera ofegante.

— Não se faça de boazinha agora, Verana. Você foi contra


nossa família e conspirou com nosso inimigo. Ele levou tudo, e
tudo porque você não conseguia seguir as malditas regras.

— Nico não é nosso inimigo. Eu não sei do que você está


falando.

Eu assisti seu peito subir, seus nervos quebrando em sua


fachada de força. Seus olhos se moveram de um lado para o outro
para ver se alguém estava observando, mas éramos apenas nós -
apenas eu, esperando pela morte iminente.

— Lorenzo, — tentei novamente.

— Não faça isso. — Ele voltou sua ira para mim. — Não pense
que eu não sei quem você é. Posso não ter feito isso a princípio,
mas seu advogado fez questão de agradecer a empresa em nome
de K. Rush Shipping— Knightly- Rush Shipping.

Cada vez que me imaginava enfrentando o Lorenzo Mariano


depois de roubar a empresa dele, imaginava essa vitória. Eu
fechava meus olhos e imaginava o choque e a ira em seu rosto
quando ele percebesse quem eu era. Eu me imaginava sorrindo da
mesma forma que ele sorriu quando meu avô implorou a ele que
não desmontasse a maior parte da empresa.

Eu tentei encontrar aquela descarga de adrenalina que eu


sentia a cada vez. Tentei encontrar as palavras que ele usou. São
apenas negócios. Mas eles não estavam em lugar nenhum.
Incineradas pelo fogo que Vera despertou dentro de mim meses
atrás. Meu amor por ela queimou minha vingança e me deixou com
o pânico de que iria perdê-la no momento em que finalmente a
conquistava.
— Do que você está falando? — Perguntou Vera. Ela enfiou as
mãos nos cabelos e fechou os olhos, balançando a cabeça como se
pudesse soltar algo e dar sentido a tudo. — Eu casei com Nico para
não ter que me casar com Camden. Casei-me com Nico porque
queria fazer minhas próprias escolhas e porque queria ser
valorizada além do que poderia oferecer a algum homem.

Lorenzo soltou uma risada descontrolada. — Eles sempre


dizem para dormir com o demônio, sabe, Verana? E é por isso que
seguimos essas tradições e arranjamos um casamento. Fizemos
isso para proteger nossa empresa. E você bagunçou tudo
quebrando as regras e estragando tudo.

Eles se encararam. Ele esperando que ela admitisse o que


tinha feito e ela esperando que fizesse sentido. Quando ela ficou
em silêncio, Lorenzo percebeu e ele riu.

— Sua garota burra.

— Isso é o suficiente. — Eu rosnei.

Mas era como se ele nem tivesse me ouvido. Sua risada se


transformou em uma gargalhada maníaca ecoando no piso de
cerâmica e nas paredes de vidro. — Você não sabe. Você nem sabe
que está sendo usada. Parece que não sou o único de quem ele
roubou a empresa.

—Maldição. — Rosnou Vera. — Alguém vai me dizer o que


diabos está acontecendo.

— Verana, se pudermos subir, eu posso explicar.

— O quê? — Lorenzo perguntou. — Mais mentiras? Acho que


não.
— Você não tem ideia do que está falando. E não vou ficar aqui
e permitir que você fale com minha esposa assim.

— Sua esposa? Ou o fantoche que você adquiriu para me


vencer?

— Ela não é um fantoche. — Eu rosnei, alcançando meus


próprios limites de controle. Vera era uma rainha e eu estava
prestes a perdê-la.

Ele sorriu quando viu o lampejo de pânico em meu rosto antes


que eu pudesse mascarar. Como se estivesse em câmera lenta, ele
se virou para Vera e eu abri a boca para impedir, mas não saiu
nada. Parte de mim queria jogá-la por cima do ombro e correr, mas
eu sabia que estava apenas lutando contra o inevitável. As
palavras do meu avô voltaram.

Um casamento baseado em mentiras não é casamento.

— Você se casou com Nicholas Knightly Rush. Neto do


proprietário da Navegação Knightly, ou quem ele costumava ser.
— Eu cerrei meus dentes em sua escavação. — Até que seu avô fez
uma má escolha de negócios—

— Ele não fez isso. — Eu rosnei.

—E eu entrei para ajudar. E quando ele não pôde pagar, eu


vendi o que era devido a mim.

— Você se aproveitou de um homem sofredor, seu idiota


arrogante. — Eu disse com a mandíbula cerrada.

— Eram apenas negócios. — Ele rebateu.


As palavras revelaram cada grama de raiva que me trouxe a
este momento, e eu estalei. Esqueci todos os planos que fiz na
semana passada para contar a verdade a Vera durante um jantar
à luz de velas em casa, de preferência nua e amarrada à cadeira
para que ela não pudesse correr. Esqueci tudo além da farpa de
merda de Lorenzo. — Sim, bem, eu comprar a Mariano Shipping
são apenas negócios, e espero que você goste de me ver tirar tudo
de você.

— Seu merda fodido. — Lorenzo perdeu a paciência e se


aproximou. Ele tentou chegar na minha cara, mas era muito baixo
para chegar perto de ser tão ameaçador quanto queria parecer. —
O quê? Você não conseguiu encontrar ações suficientes para sua
lamentável vingança, então você pegou minha filha? Isso não é
negócio, é covardia.

— Você praticamente a empurrou na minha cara com a


maneira como a tratou. Não me culpe por perder sua filha.

Ele abriu a boca, mas uma voz suave cortou toda a raiva
machista derramando ao nosso redor.

— Vingança?

Eu olhei para ela, seus olhos castanhos arregalados e cheios


de surpresa e dor. O olhar me deu um soco no estômago, roubando
todo o ar dos meus pulmões, da minha necessidade de vencer
Lorenzo.

— Vera—

— Há anos ele comprava ações da Mariano Shipping, usando


empresas de fachada para esconder sua identidade. E você, minha
filha mimada e ingrata, deu a ele as últimas poucas que ele
precisava, — Lorenzo forneceu.
— Isso não é...

— Você sabia quem eu era? — Vera perguntou, me


interrompendo. — É por isso que você me contratou? Porque você
sabia meu sobrenome o tempo todo? Você sabia que era eu sob a
máscara enquanto você me fodia? — Suas perguntas ficaram mais
altas. — Você planejou isso o tempo todo?

— Não, Vera. Nunca planejei... — Tentei explicar novamente,


apenas para ser interrompido por Lorenzo furioso com Vera.

— Talvez se você não tivesse passado uma semana a mais


abrindo as pernas para o inimigo, poderíamos ter lutado contra
isso, — interrompeu Lorenzo. — Tivemos uma chance e, em vez de
atender seu maldito telefone, você prolongou suas férias por mais
uma semana, dando a ele tempo suficiente para fechar o negócio.

Ela piscou, as sobrancelhas franzidas enquanto juntava as


peças. — França?

— Oh, é para lá que você foi? Isso foi antes ou depois de você
dar a ele os detalhes internos de nossa empresa? Ele sabia
exatamente onde nos atingir, Verana. Ele sabia exatamente como
contornar as cláusulas que sua avó colocou naquele contrato
idiota. Você revelou os segredos de boa vontade ou ele os roubou
também?

Ela tropeçou para trás como se as palavras de seu pai a


atingissem fisicamente.

— Verana. — Eu estendi a mão para ela, mas ela levantou a


mão me parando.

— Algo disso era verdade?


Ela agarrou seu estômago e estremeceu, à beira de quebrar
bem ali, e eu queria puxá-la em meus braços e mantê-la inteira.

— Eu ia te contar tudo. Explicar tudo. Eu ia dar ....

— Você faria isso enquanto me seduzia por mais informações?


Você usaria a maneira como me preocupo com você para conseguir
o que deseja? — ela rosnou.

Chupando o ar pelo nariz, ela fechou os olhos como se não


pudesse suportar olhar para mim.

— Verana, eu nunca quis te machucar.

— Cale a boca. — Ela retrucou, seus olhos abrindo como um


fogo ardente. A dor ainda persistia, mas estava sendo rapidamente
engolida pela raiva. — Deus, eu confiei em você.

— Você ca...

— Não. Eu me importei com você. Achei que você realmente


me enxergava, me respeitava, mas era tudo mentira. Você é como
todo mundo. Apenas estudando a melhor forma de me usar. Um
mentiroso. Um abusador. Na verdade, acreditei em você quando
elogiou meu trabalho.

Lorenzo zombou e eu quis dar um soco nele, mas lutei contra


a vontade e mantive meus olhos em Vera.

— Você sabe que eu vejo como você é inteligente.

— Eu não sei de nada, Nicholas.

— Por favor, suba para que possamos conversar sobre isso


sem seu pai. Você tem que me ouvir.
Peguei suas mãos novamente, desesperado para estar
conectado a ela de qualquer maneira que eu pudesse, mas ela
varreu sua mão, batendo na minha.

— Foda-se. — Ela rosnou. Seus lábios se curvaram como um


animal ferido lutando contra um agressor.

— Não se preocupe, Verana. Vamos anular isso. Podemos


consertar isso. — Lorenzo tentou se aproximar e alcançar sua
filha, mas ela voltou seu ataque feroz contra ele em seguida.

— Foda-se você também. Fodam-se vocês dois.

Ela se atrapalhou com sua bolsa, quase deixando-a cair com


as mãos trêmulas. Eu queria ver seu rosto, memorizá-lo como não
tinha feito quando pensei que tinha pelo menos mais cinco anos
para acordar com seu sorriso, suas covinhas, suas sardas frescas.
O medo de nunca mais poder colocar os olhos nela novamente
inundou minhas veias, quase arrancando minhas pernas debaixo
de mim.

— Verana. Por favor, escute, — eu engasguei. Eu queria


explicar tudo ali mesmo, gritar e forçá-la a ouvir, mas Lorenzo
permaneceu como um vírus e as palavras permaneceram presas
na minha garganta.

Cerrei meus punhos para me impedir de ir até ela e escovar


seus cabelos para trás.

Ela manteve a cabeça baixa até que finalmente colocou a bolsa


sobre o ombro e levantou a alça da mala.

Então ela me deu meu desejo. Ela escovou o cabelo para trás
e me nivelou com um último olhar angustiante. Nossos olhos se
encontraram por apenas um momento antes de ela sair
furiosamente, mas isso iria me assombrar para sempre.

A raiva ainda rodava nas profundezas marrons, mas banhada


pelo brilho da dor que ela lutou para conter. Seu nariz estava
vermelho de tanto lutar para conter as lágrimas. Nem uma única
covinha à vista.

Antes de sairmos do carro, imaginei me enrolar com ela e


contar a verdade. Eu me imaginei dizendo a ela que a amava e que
faria o que ela quisesse com a empresa enquanto ela ficasse. Eu
imaginei seu corpo nu brilhando pelo fogo enquanto eu prometia a
ela com minha boca e mãos que ela era mais importante.

Em vez disso, fiquei com a realidade de que minha vingança


tinha me dado exatamente o que pretendia obter.

Ganhei a empresa, esmaguei Lorenzo. E eu estava tão sozinho


quanto quando comecei.

—Seu filho da puta — Lorenzo rosnou assim que Vera voltou


a entrar no carro.

Mas não me importei. A vitória ecoou como um grito em uma


tumba vazia. Oca, sem ninguém para ouvir.

A exaustão puxou meus músculos, e eu só queria me perder


em uma garrafa de álcool até que não conseguisse mais me
lembrar da expressão em seu rosto.

Ele me seguiu, falando obscenidades e desafios, prometendo


revidar. Mas bateu nas minhas costas dormentes quando fui para
o elevador. Ele parou na frente das portas abertas, seu rosto
vermelho de raiva, mas tudo que eu vi foram as costas de Vera
desaparecendo além das portas.
Eu deveria ter ficado feliz em ver Lorenzo desmoronar diante
de mim.

Em vez disso, fiquei como uma concha vazia. Desejando voltar


e fazer diferente.

A risada de Vera passou pela minha mente. A maneira como


dançamos no banheiro enquanto ela se balançava ao som de Missy
Elliot. A maneira como ela se encaixava no meu corpo quando
dançávamos nas ruas da Itália. Seu sorriso quando elogiei seu
trabalho.

Não. Eu não poderia perdê-la.

Empenhado em chafurdar na minha miséria esta noite, peguei


a garrafa assim que cheguei ao apartamento vazio e caí no sofá no
escuro. Tomei um longo gole da garrafa, olhando para a tela escura
da TV.

Enquanto fazia o possível para apagar a noite, também


comecei a tramar um plano para recuperá-la. Ela só precisava de
tempo. Ela tinha que me ouvir. Ela era minha esposa.

E eu não estava pronto para abandonar isso ainda.

Se é que estaria pronto algum dia.


Vera

— Bem, olhe quem está viva. Eu pensei em você...

As palavras de Raelynn foram cortadas quando ela abriu


totalmente a porta do meu rosto manchado e minha mala.

— Que porra é essa? — Ela murmurou.

Ela agarrou meu braço e me puxou para dentro, olhando de


um lado para o outro como se alguém aparecesse na esquina. Mas
quando ela fechou a porta e me encarou, eu já tinha começado a
desmoronar.

— Oh, merda. — Disse ela antes de me puxar em seus braços.

No conforto dos braços da minha melhor amiga, não foi mais


possível segurar as rachaduras de se fenderam, e eu tombei
centímetro a centímetro. Meus ombros tremeram com meus
soluços silenciosos, assim como meu peito enquanto estes soluços
silenciosos se tornaram gritos altos de dor rasgando do fundo do
meu estômago. Ela me segurou com força, me segurando quando
minhas pernas tremeram.

— Quem eu tenho que matar? Eu vou rasgá-los pedaço por


pedaço. Mutilá-los porra. — Suas palavras deveriam ser sombrias
e assustadoras, mas a maneira como sua voz falhou roubou seu
trovão.

Ela nos mudou para o sofá e, quando nos sentamos, ela estava
chorando junto comigo.

— Vera, baby, — ela acalmou, esfregando as mãos para cima


e para baixo nas minhas costas. — O que aconteceu? Deus, eu não
aguento isso. Eu nem sei o que aconteceu, mas Deus, sua dor - eu
posso sentir isso, e isso dói.

— Eu sinto muito.

— Não se atreva. Me dê isto. Deixe-me ajudá-la a carregar isso


- seja lá o que for.

— N-N-Nico. — Eu engasguei. Mesmo pensar em seu nome


doía, mas pronunciá-lo fez outro rasgo em meu coração dilacerado.

Ela congelou, mas não me soltou. — Ele te machucou? — Sua


pergunta era mais ameaçadora do que qualquer uma de suas
promessas de mutilação anteriores. A mãe de Raelynn foi abusada
por seu pai, e essa era uma linha dura que mudava Raelynn de
brincalhona para séria num piscar de olhos.

— Não fisicamente.

Seu corpo se expandiu em meus braços com sua inspiração


profunda de alívio, e sua mão retomou o movimento para cima e
para baixo nas minhas costas.

Ela me deixou chorar, respirando, tremulamente, comigo. Ela


nos balançou para frente e para trás e me embalou como um bebê.
Isso me fez sentir falta da minha mãe, mas também me encheu de
gratidão por uma amiga tão incrível. Ela fazia parte do nosso trio
e, agora, me sustentou quando eu não pude.

Quando meu choro suavizou, ela finalmente falou. — O sexo


foi tão ruim assim?

Eu sufoquei uma risada, as lágrimas ainda escorrendo pelo


meu rosto. Deus, eu amo Raelynn. Só ela poderia aliviar essa dor
quando nós duas estávamos chorando de rir da piada.

— Toda a empolgação se foi porque você não estava em uma


festa lotada e ele não era um estranho? — Ela fingiu engasgar. —
Ele só faz papai e mamãe com as luzes apagadas e debaixo das
cobertas?

— Oh meu Deus. — Eu gemi, rindo ainda mais. Eu me afastei


e limpei minhas bochechas.

— Diga que não é assim, — disse ela com um falso sotaque


sulista, com a mão na testa.

— Jesus, Rae.

Ela sorriu e afastou a mecha de cabelo agarrada ao meu rosto.


— Deixe-me pegar um pouco de vinho, e então podemos conversar.
O que você acha? Sem taça? Uma garrafa para cada?

— Soa perfeito.

Com um sorriso, ela se levantou e se virou para ir embora, mas


parou bruscamente quando a maçaneta da porta balançou
freneticamente e batidas fortes reverberaram contra a porta.

— Que porra é essa? — ela sussurrou, virando os olhos


arregalados para mim.
— Ele sabe onde você mora?

— Como diabos eu vou saber?

Murmuramos sem parar, sem mover um músculo, como se


talvez se não nos mexêssemos, a pessoa não saberia que
estávamos lá.

— Abra essa maldita porta agora ou vou chutá-la, porra. Não


sei como, pois sou muito pequena, mas farei. Vou encontrar uma
maneira. Vocês, vadias, me deixem entrar.

Raelynn entrou em ação, abrindo a porta. — Nova?

Ela passou furiosa, seu longo cabelo ruivo flutuando atrás dela
como uma cachoeira de fogo. — Sim, porra de Nova. Quem você
esperava?

Ela ficou no espaço aberto, olhando entre os nossos olhos


vermelhos e rostos manchados.

— O que aconteceu? — Nova se ergueu, parecendo mais


imponente do que Raelynn jamais tivera.

- Droga, Xena, a princesa guerreira - Raelynn disse, olhando


Nova de cima a baixo. — Como diabos você chegou aqui tão rápido?
Achei que você estivesse fora da cidade. E por que você está tão
bem vestida? Isso são... saltos?

Nova revirou os olhos e suspirou com a brincadeira de


Raelynn, apenas relaxando um pouco de sua posição de ataque.
— Sim, e acabei de subir sete lances de escada porque seu elevador
é estupidamente lento. Tive um encontro tarde —
— Um encontro? — Raelynn perguntou, ofegando de excitação.
Nova realmente não namorava, e Raelynn constantemente a
assediava por isso.

— Uma reunião com um editor de uma revista. Cheguei esta


manhã e, quando recebi sua mensagem, fugi, mal dando uma
desculpa antes de jogar o dinheiro nele como uma porra de uma
stripper.

— O que diabos você mandou para ela? — Eu perguntei.

Nova pegou o telefone e me entregou.

Raelynn: OMG OMG OMG! 911 !!! EMERGÊNCIA!! FaceTime


imediatamente. Preciso de você. 911 !!! Algo está errado com V.
Call. Agora. 911!!!

— Uau. — Eu disse, devolvendo o telefone.

— Então, apenas me diga. Arranque como um Band-Aid. Você


está morrendo? Doente? Deus, eu não acho que posso perder você.

Funguei, mais lágrimas se formando, e Nova invadiu o sofá,


me puxando para um abraço forte.

— O que diabos está acontecendo? — ela implorou.

— Algo com Nico. — Raelynn respondeu por mim. — Eu ia


pegar um pouco de vinho para podermos conversar. Quer uma
garrafa?

— Uma garrafa inteira?


— Quando sua garota aparece na sua porta chorando pela
primeira vez em todos os anos de sua amizade, cada uma ganha
uma garrafa.

— Ummm... claro.

— Linda garota.

Raelynn desapareceu na cozinha e Nova se afastou,


emoldurando meu rosto com as duas mãos. — Você está bem?

Meu rosto se contraiu com a pergunta, meus lábios se


contraíram para conter mais lágrimas e eu balancei minha cabeça.
Meu corpo doía como se tivesse sofrido dez rodadas com um peso
pesado. A dor aguda em meu peito picou como uma faca em meu
coração, dificultando a respiração.

— Sinto muito, Vera, — ela sussurrou. — Nós vamos superar


isso. Você não está sozinha.

Mais lágrimas vazaram e eu caí em seus braços novamente.


Raelynn sempre me fez rir, e Nova sempre acalmou minha alma.
Apesar do peso esmagador da minha dor, eu sabia que superaria
isso com essas duas ao meu lado.

— Droga, Nova, eu acabei de fazê-la parar de chorar.

Eu ri de novo. Raelynn parecia uma mãe irritada com o marido


por acordar o bebê.

Eu sentei e enxuguei meus olhos. — Desculpa, meninas.

— Pare de se desculpar. — Raelynn repreendeu.


Ela colocou uma garrafa na frente de cada uma de nós, batatas
fritas e molho, M & Ms e uma bandeja de queijos, salames e frutas.

— Droga. — Eu sussurrei.

— Eu mantenho um estoque, e meu cozinheiro fez um hoje


cedo para eu mastigar. Eu sou habilidosa, mas não o suficiente
para preparar queijos e carnes decoradas com arte assim.

— Você quer que eu pegue os copos? — Perguntou Nova.

Raelynn sentou-se no canto da cadeira contra o sofá, dando a


Nova um tipo de sorriso que abençoe seu coração. — Oh, querida,
não. Estamos bebendo direto da garrafa.

— Oh. OK. Foi tão bom da última vez.

Nós rimos, minha risada rapidamente seguida por uma


fungada nada feminina.

— Aquilo era uma garrafa de tequila e nada vai bem quando


você bebe tequila direto da garrafa. Agora, Raelynn me encarou,
parecendo a filha de um político afetado e adequado, empoleirado
na beira do sofá. Tudo, exceto a maneira como ela agarrou sua
garrafa de vinho. — Fale.

Pegando minha própria garrafa da mesa, levei-a aos lábios,


dando longos goles. O vinho picante de frutas vermelhas tirou o
gosto de Nico, e eu bebi mais, querendo fazer tudo que eu pudesse
para lavá-lo de cada parte de mim, ao mesmo tempo que queria
manter cada parte dele por perto.

Coloquei a garrafa na mesa com um baque e comecei a contar


desde quando entramos no saguão para encontrar meu pai.
Quando eu terminei, as duas mulheres pareciam que estavam
prontas para queimar o mundo por mim.

— Que idiota, — disse Nova.

— Aquele filho da mãe mentiroso, — acrescentou Raelynn.

— A pior parte. — Eu disse, bufando uma risada sem humor.


— Eu o amo. Eu o amo tanto.

Tentei engolir as lágrimas, mas elas escorregaram e Nova


agarrou minha mão para me apoiar.

— Você acha que ele te ama também? — ela perguntou.

— Eu acho que uma parte de mim esperava que ele fizesse.


Nossa lua de mel foi incrível. Nós nos conhecemos. Nós rimos e
nos unimos e o sexo - Deus, o sexo. Ele apenas... me enxergou.

— Parece que ele se importa, — disse Nova.

— Não sei, porque agora tudo está colorido com essa mentira.
Cada conversa de negócios, cada pergunta que ele fazia, cada vez
que me perguntava sobre mim, agora me faz ver como uma forma
de ele conseguir informações para roubar a empresa da minha
família. A viagem para a França quando eu pensei que ele só queria
mais tempo a sós? Agora eu vejo o que era, apenas uma estratégia
para me manter longe. Tudo isso era mentira, e eu fui a idiota que
começou a acreditar nisso.

- Você não é idiota - Raelynn repreendeu com veemência. —


Você reagiu às informações que recebeu, e não havia pistas para
fazer você pensar o contrário.
— Você disse que Nicholas fez isso por vingança, mas por quê?
— Perguntou Nova.

Corri a noite toda, tentando me lembrar de tudo o que foi dito,


mas também tentando fazer tudo desaparecer ao mesmo tempo. —
E...eu não tenho certeza. Algo sobre a empresa de sua família.
Acho que meu pai fez alguma coisa.

— Que idiota, — disse Raelynn. — Isso é uma confusão entre


dois homens lutando com seus pênis. Por que diabos ele teve que
puxar você?

— E...eu não sei. — Minha voz vacilou com mais lágrimas. Eu


me fiz a mesma pergunta durante a viagem. Por que ele não
poderia simplesmente me deixar em paz? Nada dessa dor teria
acontecido se ele apenas tivesse me deixado em paz.

Sim, então você se casaria com Camden e nunca saberia o que


era amor.

Eu odiava a voz estúpida na minha cabeça. Se isso era amor,


então poderia se foder.

— Deus. — Eu gemi. — Talvez eu devesse ter apenas casado


com Camden.

— Eca, não, — disse Nova, encolhendo-se. — Se nada mais, o


lado bom de tudo isso é que você não é casada com Camden.

- Amém para isso - disse Raelynn, erguendo a garrafa.

Brindamos garrafas e todas beberam.

— Então o que você vai fazer?


Eu bufei uma risada. — Eu não sei. Não tenho casa, não tenho
emprego - porque tenho certeza que não vou voltar a trabalhar
para ele. Eu não tenho nada.

— Besteira, — disse Raelynn. — Você nos tem. E eu? Eu tenho


mais do que tudo. Vamos descobrir o que fazer e você pode ficar
aqui enquanto isso. Se tudo mais falhar, podemos seguir em frente
para a ilha de amor entre amigas —.

— Esse é o verdadeiro erro. Porra, pensando que você deveria


ter se casado com Camden. Nós realmente deveríamos ter fugido
quando Rae ofereceu.

Todas nós rimos da declaração de Nova.

Raelynn deu a Nova e a mim uma muda de roupas, e nós nos


enrolamos no sofá, uma segunda garrafa de vinho cada. Mas não
importa o quanto eu tentei me perder em minhas amigas - para
me concentrar em quanto amor eu tinha por elas - meu coração se
recusava a esquecer o quanto eu amava Nico.

E doeu continuamente quando lembrei o estúpido que ele era,


um mentiroso e não me amava de volta.

Como ele pode?


Nico

Desliguei a televisão, não querendo ouvir a reportagem do


apresentador sobre a aquisição hostil da Mariano Shipping. Meu
maior sonho em mais de uma década rolou na parte inferior de um
dos maiores canais de negócios, e me sentei esparramado no sofá,
sentindo falta da minha esposa.

Liguei para meu avô para ver como ele estava, mas ele estava
tendo um dia ruim e usei isso como desculpa para não visitá-lo.
Mas quatro dias se passaram e eu sabia que precisava ir até ele. O
problema é que eu sabia que ele me faria me olhar no espelho. Ele
me faria enfrentar o que eu fiz. Ele sempre fez. Quando eu
costumava me imaginar dizendo a ele que finalmente venci por
nós, imaginei seu olhar de repreensão por segurar a vingança, mas
também o brilho de orgulho em seus olhos por saber que uma
dívida havia sido paga.

Agora, eu sabia que qualquer lampejo de orgulho seria


frustrado se eu dissesse a ele.

— Como ele está hoje? — Perguntei a James, o cuidador que


mais trabalhava com meu avô.

— Melhor. — Sua resposta foi rapidamente seguida por um


estremecimento que me fez estremecer com ele, imaginando o que
tinha acontecido. — Dois dias atrás, nem tanto.
— O que aconteceu?

— Eu tinha assuntos familiares para resolver e era o dia de


folga de Asher, — explicou ele, referindo-se ao outro
acompanhante que ajudava. — Então, Jane trabalhou com ele.

— Merda. — Eu gemi, limpando minha mão no meu rosto.

— Ele uh... não foi o melhor dia para tê-la com ele.

Ele esfregou a barba como se a memória por si só trouxesse


de volta a tensão. Eu poderia relacionar.

— O que ele fez?

— Você sabe que não é ele. Seu cérebro... só... é diferente


agora. — Apreciei a tentativa de James de evitar responder e tentar
amenizar qualquer irregularidade.

— Eu sei. Não torna as coisas mais fáceis —.

— Isso nunca faz para ninguém. Observar a mente de alguém


desvanecer-se é difícil - vê-la se tornar uma pessoa completamente
diferente no processo é impossível. Se você precisar conversar...

Ele deixou pendurado como sempre fazia, esperando que eu


aceitasse sua oferta. Como sempre, eu balancei minha cabeça. —
O que ele fez?

— Ele mostrou a ela. Tudo de si mesmo.

— Jesus.

— E tentou persegui-la quando ela saiu correndo da sala.

— Oh, foda-se.
— Sim. Ela está bem, e Charlie se desculpou pelo menos um
milhão de vezes. Pediu flores e chocolates e abaixa a cabeça como
um cachorro chutado sempre que ela aparece.

Fechei os olhos, esperando a raiva emergir como acontecia


toda vez que recebia atualizações sobre como sua demência o
afetou naquela semana. Em vez disso, isso apenas machucou.

Eu não tinha mais a vingança à qual me agarrar. Eu não tinha


uma esposa para me segurar.

Não, eu fui deixado com o que já tinha e sem nada para fazer
a não ser enfrentar, e isso simplesmente doeu de maneira direta.
Agora, eu sabia como era ter tudo. Eu sabia que tirar a companhia
de Lorenzo dele não consertaria meu avô, mas esperava que sim -
não sei. Que tivesse aliviado qualquer peso sobre mim. Talvez fosse
mais fácil gerenciar - entender e aceitar. Em vez disso, eu ainda
queria me enfurecer e fazer tudo ir embora. Eu ainda estava
chateado por ela estar escapando de mim, escorregando por entre
meus dedos como areia.

Talvez seja esse o tema da minha vida. Eu tinha pessoas tempo


suficiente apenas para me fazer amá-las, e então elas sumiram.

— Obrigado, James. — Eu disse, empurrando a melancolia de


lado. Meu avô já tinha se machucado o suficiente; ele não
precisava que eu entrasse com olhares desapontados.

— Ei, vovô. — Eu disse, entrando na sala.

— Ei... Um... Droga.

— Ni—

— Nicholas. Aí está. Sempre na ponta da minha língua.


— Eu faço a mesma coisa o tempo todo. — Eu disse, mas nós
dois sabíamos que eu raramente lutava para lembrar nomes.
Minha mente estava afiada, assim como a dele costumava ser.

Ele riu sem jeito antes de me ver. Sua cabeça inclinada para o
lado, e suas sobrancelhas brancas franzidas juntas. — O que há
de errado, Nicholas?

Afundando na cadeira em frente ao sofá, soltei um longo


suspiro, caindo para trás como um balão murcho. — Comprei a
Mariano Shipping semana passada.

Assim como eu previ, uma faísca de orgulho brilhou antes de


seus lábios se achatarem, e ele balançou a cabeça. Ele abriu a boca
para falar, mas antes que pudesse, eu admiti tudo - arrancando o
band-aid.

— E Vera descobriu na noite em que voltamos – com o pai dela


nos confrontando no saguão. Ela não falou comigo desde que saiu
furiosa.

Seus olhos se fecharam e ele balançou a cabeça lentamente.


Isso me lembrou da noite em que bati o carro quando tinha apenas
quinze anos. Eu queria ouvir gritos. Eu queria qualquer coisa além
de sua decepção. Assim como então, eu abaixei minha cabeça e
olhei para minhas mãos fechadas e polegares girando.

— Você já tentou falar com ela?

Meus olhos piscaram para cima e para baixo, estremecendo,


pensando sobre a única mensagem que enviei pedindo para
conversar - a que ela não respondeu. — Não.

Ele riu baixinho e eu estremeci novamente. O silêncio se


estendeu e eu covardemente mantive minha cabeça baixa.
Nicholas Knightly Rush, CEO da K. Rush Shipping, macho alfa que
dominava a indústria naval, não estava mais no sofá. Não, Nico, o
adolescente rebelde, estava sentado lá se sentindo envergonhado.

— Você sabe que sua avó desempenhava um papel maior na


empresa do que qualquer um imaginava. Ela pode não ter
realmente trabalhado lá, mas ela era minha própria diretoria. Eu
fui até ela com quase tudo, e ela conhecia os meandros apenas por
ser minha esposa e aprender as coisas enquanto crescia no
mundo. Mas nem sempre foi assim.

Eu não poderia imaginar que não fosse assim. Aquela mulher


usava pérolas e se erguia, sua confiança em si mesma como uma
aura que a seguia por toda parte, fazendo as pessoas notarem. Ela
criou minha mãe para ter os mesmos atributos. Meu pai era um
homem igualmente forte, mas eu imitei minha força das duas
mulheres que me criaram.

— Cara. — Ele começou rindo. — Tomei uma decisão de


negócios que ela desaconselhou. O negócio era bom demais para
não ser aceito, mesmo que tenha ferrado algumas pessoas no
processo. Eram negócios. Mas, Diana? Nossa, garoto. Ela me disse
para não fazer isso, mas eu fiz mesmo assim. Disse a mim mesmo
que sabia melhor - que ela não precisava saber. Exceto que ela me
perguntou diretamente, e eu não pude dizer nenhuma dessas
coisas na cara dela, então menti. Nicholas, quando sua avó
descobriu, ela nem lutou. Nós estávamos casados há apenas um
ano, e ela calmamente me disse, um casamento de mentiras não
era casamento, fez as malas e foi embora.

— Ela deixou você? — Minhas sobrancelhas dispararam para


a linha do cabelo. Eu testemunhei meus avós brigando mais do
que o suficiente - eu também os testemunhei perdoando um ao
outro, mas eu nunca tinha visto minha avó realmente brava. Eu
nunca tinha visto nada além de amor entre eles.
— Sim. Meu orgulho machista me impediu de persegui-la por
três dias inteiros, mas era tudo uma fachada de como eu estava
com medo de que ela nunca mais voltasse. Os tempos eram
diferentes então, e eu pensei que se ela me quisesse, ela viria para
mim. Então eu raciocinei que se ela não estava vindo para mim,
então ela deve ter estado muito brava para falar, e ela mudou. No
terceiro dia, minha fachada desmoronou e fui até ela. Ela abriu a
porta com o queixo erguido como uma rainha. Eu pedi desculpas
e ela perguntou por quê. Deixe-me dizer, essa não era a resposta
que eu esperava. Ela com certeza não se jogou em meus braços
como eu esperava.

Eu ri e não pude deixar de imaginar Vera com a mesma


aparência - queixo erguido e orgulhoso.

— O que ela fez?

— Bem, quando eu disse a ela que sentia muito por mentir,


ela disse que não era o suficiente. Ela não poderia estar com um
criminoso e vigarista. Negócios podem ser negócios, mas ela
precisava estar casada com alguém que também tivesse alguma
humanidade e compaixão. Bateu a porta e não atendeu novamente
por mais uma semana.

— O que você fez para fazê-la falar? — Sentei na beirada do


sofá, ansioso por respostas. Talvez ele pudesse me dizer o que
fazer. Talvez ele tivesse as respostas para evitar a perda de Vera.

— Primeiro, fiquei bravo e bêbado de novo. Então, pensei no


que ela disse. Não apenas quando fui até ela, mas antes, quando
ela me aconselhou contra o acordo. Eu relutantemente admiti que
ela estava certa. E se eu não acreditasse nisso, não teria que
mentir para ela sobre isso. O negócio tinha sido uma merda - o
tipo de mudança que eu não queria para nossa empresa, e eu
estava evitando que ela me fizesse encarar essa verdade - me
fizesse olhar no espelho para encontrar o tipo de homem que
roubava negócios da porta dos fundos por dinheiro extra. Então,
eu menti para ela, agravando o problema. Depois de enfrentar essa
verdade, comecei a consertá-la.

— Como? — Quase implorei.

— Eu desfiz. Deixei de lado minha ganância e necessidade de


vencer e escolhi minha esposa. Ela não queria se casar com um
homem que mentia para ganhar, e eu a amava o suficiente para
não querer isso para ela também. Eu com certeza não iria deixá-la
ir para encontrar outra pessoa, então eu mudei. Voltei e desisti do
negócio, devolvendo-o à empresa da qual o roubei, e da próxima
vez que fui para sua avó, fui com humildade e o contrato para
provar que seria o homem que ela queria. Jurei nunca mais
mentir, e só então ela finalmente me perdoou.

— Não posso devolver a empresa ao Lorenzo. — Afirmei. — Ele


estava atirando no chão e, francamente, a maneira como tratou a
Vera me deixa ainda menos inclinado a desfazê-lo. Eu ia dar a ela
a companhia, mas nunca tive a chance de contar a ela.

— Às vezes, as chances não nos são dadas - temos que criá-


las.

— E se ela ainda me deixar. E se ela não puder me perdoar,


pegar a empresa e correr.

— Ahh, Nicholas. — Ele suspirou. — Fazer a coisa certa não


vem com garantias, mas você o faz porque quer mais para ela do
que para si mesmo.

Abaixando minha cabeça, esfreguei a mão ao longo da minha


barba, não satisfeito com minhas opções. Claro, eu queria que ela
fosse feliz. Eu só queria ser feliz com ela. Eu queria desfrutar de
uma vida fazendo-a feliz todos os dias - uma vida em que eu fosse
acordar com suas sardas e covinhas no rosto fresco.

— Você a ama?

Sem me preocupar em olhar para cima, eu balancei a cabeça.

— O que aconteceu com mal gostarem um do outro?

Desta vez, eu olhei para cima com um olhar inexpressivo. Eu


ouvi o eu te disse na voz dele. — Você quer que eu diga que você
estava certo?

— Nunca é demais ouvir.

Eu gemi e ele se inclinou para dar um tapinha no meu ombro.

— Eu vi no momento em que você me contou sobre ela. Eu vi


em vocês dois quando os vi fazer seus votos, mas vocês dois eram
um par teimoso, e eu sabia que seria uma viagem difícil. Eu só
esperava que você trouxesse sua própria humildade e talvez
percebesse que a amava mais do que sua vingança, antes que fosse
tarde demais.

— Obviamente, você tem muita fé em mim.

— Tenho? Eu acho que você vai consertar isso.

— Como?

— Oh, Nicholas, — disse ele, rindo. — Trinta e cinco anos e


ainda me procura para obter respostas - mesmo com um cérebro
pela metade.

— Você ainda é o homem mais inteligente que conheço.


A dor impediu que seu sorriso alcançasse seus olhos, sabendo
que a cada dia ele perdia mais e mais. — De qualquer forma, há
algumas coisas que precisamos responder a nós mesmos. É assim
que realmente aprendemos e não cometemos o mesmo erro
novamente.

— Vovô...

— Você é o homem mais inteligente que eu conheço. Você vai


descobrir um jeito.

Eu queria pressionar mais, mas James veio e me disse que o


tempo havia acabado. Meu avô precisava fazer terapia e jantar.

— Pare de pensar em você, Nicholas. Coloque-se no lugar dela


e descubra o que pode fazer por ela, apesar de tudo. Coloque seu
orgulho de lado e seja vulnerável o suficiente para deixá-la
machucar você. Caso contrário, você nunca saberá.

Suas palavras finais me seguiram por todo o caminho para


casa. Pensei nisso a noite toda, outra garrafa de bourbon como
companhia. Para o inferno, eu até peguei meu telefone e enviei a
mensagem que digitei e apaguei mil vezes.

Eu: sinto muito.

Digitei pelo menos mais dez.

Eu sinto sua falta.

Eu estraguei tudo.

Me liga.

Posso te ligar?
Eu sinto falta do seu corpo.

Pare de ser tão teimosa.

Eu te amo.

Todos eles excluídos. Principalmente o último. Se Vera me


deixar falar com ela de novo, eu vou dizer isso na cara dela, fazer
com que ela me ouça. Cheguei a pensar em ligar para o meu
motorista, ir imediatamente até ela e contar, mas fiz o que meu avô
sugeriu e me coloquei no lugar dela.

Ela presumiria que eu estava mentindo de novo e não poderia


culpá-la.

Mas isso não significava que eu não poderia começar um plano


para melhorar as coisas. Infelizmente, tive de admitir que não
conhecia minha esposa tão bem quanto queria, e talvez alguma
ajuda externa pudesse ser útil.

Sabendo que ela provavelmente ameaçaria minha


masculinidade, me preparei e apertei enviar.

Eu: Eu preciso falar com ela. Eu preciso que ela me ouça.

Raelynn: Foda-se.

Eu: Por favor.

Raelynn: Posso estar ouvindo, mas sem garantias. Talvez se


você implorar mais.

Eu: Eu estraguei tudo com ela. Não com você. Felizmente, vou
implorar para ela.
Raelynn: O código feminino afirma que se você foder com ela,
você fode com as amigas. Honestamente, eu teria mais medo de
Nova do que de mim agora.

Eu: Vou compensar todas vocês, mas não posso, se ela nem
me ouvir.

Raelynn: Oh, você quer dizer que ela não respondeu à


mensagem mais curta exigindo um tempo para falar. Uau. Estou
abalada.

Eu: Jesus.

Eu: Como eu disse, eu estraguei tudo. Não vou explicar para


você porque é entre nós, mas quero tornar isso melhor para ela.
Mesmo que não seja melhor para mim.

Eu: Mas eu não posso fazer isso se ela não falar comigo.

Raelynn: Você a ama?

Eu: Isso é entre Vera e eu.

Raelynn:...

Raelynn: Tudo bem. Talvez eu possa ajudar a orquestrar um


tempo para vocês conversarem.

Raelynn: Mas se você piorar as coisas. Vou arrancar seus


olhos.

Eu: Anotado.

Uma das quatrocentas amarras apertando meu peito se


soltou. Ainda doía respirar sem ela, mas eu pegaria o pingo de
alívio que a ajuda de Rae me deu. Ela falou que eu poderia falar
com ela no fim de semana e disse que ajudaria a manter Vera lá
para me ouvir.

Não me garantiu nada, mas pelo menos era um começo.

Fui trabalhar no dia seguinte, mal me concentrando no novo


projeto que Vera deveria estar conduzindo com Domenic, caçando
cada pedaço de conhecimento que eu tinha para pensar no que eu
diria neste fim de semana. Quando Ryan entregou o arquivo grosso
contendo o contrato oficial da Mariano Shipping Inc para eu
assinar, eu não consegui nem abrir.

Levei-o para casa e finalmente abri para análise, quando as


estrelas cintilantes da noite eram minha única companhia
brilhando através das grandes janelas que Vera tanto amava.

A Mariano Shipping estava sofrendo há mais tempo do que eu


imaginava. Lorenzo havia conduzido a empresa à beira da
destruição por conta própria. As cláusulas do contrato delineando
suas visões tradicionais foram a única coisa que quase o salvou.
Mas era apenas uma questão de tempo antes que ele perdesse tudo
por conta própria.

Talvez se Vera visse isso, ela seria mais compreensiva. Ela


veria que seu pai tinha arruinado tudo antes que eu roubasse a
empresa.

Sim, mostre a ela como a empresa de sua família estava à beira


da destruição - a coisa pela qual ela trabalhou tanto e amou, mesmo
que apenas pela conexão com sua mãe. Isso seria incrível.

Eu balancei minha cabeça e rosnei para nada.

Uma visão de Vera deitada de topless no deck, sorrindo


enquanto me contava sobre sua mãe e o quanto ela amava a
empresa, mas amava mais as tradições. Ela admitiu que queria
sentir a conexão com sua mãe e odiava que seu pai a cortasse sem
nem mesmo tentar.

E eu a roubei - a última parte de sua mãe - e nunca fiz um


grande esforço para que ela soubesse que ela poderia ficar com ela.
Ela provavelmente passou a semana de luto pelo último pedaço de
sua mãe que ela tinha perdido - e eu permiti isso, por causa do
meu orgulho.

— Porra. — Eu sussurrei.

Meu telefone tocou, puxando-me da bagunça na minha frente.

— Archer. — Eu cumprimentei.

— Nicholas. Acabei de ver os jornais.

— Sim, comprei hoje. — Eu disse, olhando para as pilhas


espalhadas pela mesa da minha sala de jantar.

— Então, isso significa que vamos manter a Mariano Shipping


para nós?

Folheei as páginas, procurando as notas adicionais sobre a


venda da empresa em relação à Vera. Quando eu vi que elas ainda
estavam lá, minhas sobrancelhas franziram em confusão. — O
quê? As cláusulas sobre a venda ainda estão aqui. Por que você
presumiu que não seria de Vera?

— Porque ela pediu o divórcio. Você disse que tem os papéis.

Como uma agulha em um balão, ele começou pequeno, o ar


vazando quando a compreensão o atingiu. Então acertou como
uma faca, estourando minha esperança como um tiro no peito.
Divórcio.

Divórcio.

Ela nem mesmo falou comigo.

Ela nem me deu uma chance.

Ela ne se importou em saber por quê? Ela ao menos se


importava? Sua risada. Seu gemido. Sua carranca. Sua exultação.
Tudo isso disparando como instantâneos em meu cérebro. Tudo
isso desaparecendo.

Ela nem me deu uma chance.

Como ela ousa tomar essa decisão sem nem mesmo me dar
uma chance.

Eu apertei o telefone com força, as bordas cavando na minha


palma.

Percebi então que o pensamento de que eu ficaria bem com ela


indo embora era uma mentira. Eu tinha esperança de que, assim
que ela me ouvisse, ela entenderia - ela me perdoaria, e nós
consertaríamos isso juntos. E se ela não me perdoasse, eu teria
lutado com unhas e dentes para reconquistá-la, porque eu sabia
que ela se importava - eu esperava que ela se importasse comigo
tanto quanto eu com ela. Eu esperava que meu amor fosse o
suficiente.

Mas com o divórcio, perdi isso. Perdi a capacidade de lutar


para mantê-la. Ela só iria embora.

— Você está aí? — Archer perguntou, parecendo distante.


— Eu quis dizer o contrato. — Eu grunhi com os dentes
cerrados.

— Ohh. — Ele disse lentamente. — Pensei que você soubesse.

— Eu garanto a você, eu não sabia. E não muda nada.

Desliguei e olhei para os papéis espalhados.

Ah não. Ela poderia pedir o divórcio que quisesse, mas me


ouviria primeiro.

Um aviso sussurrou no fundo da minha mente enquanto eu


pegava minhas chaves e saía furiosamente, batendo a porta atrás
de mim. Talvez ir até ela agora, com a onda de emoções violentas
passando por mim, não fosse a melhor ideia, mas eu era um
furacão - uma força imparável.

Foda-se o plano de Raelynn. Foda-se a linha do tempo dela.

Eu estava farto de esperar.

Estava na hora de visitar minha esposa.


Vera

— Devo comprar ações da fábrica de sorvete? Quero dizer, elas


devem subir com o quanto você está consumindo esta semana.

Revirei meus olhos para Raelynn, olhando para minha posição


desleixada no sofá. — Não aja como se você não tivesse uma colher
no bolso de trás, pronta para se juntar a mim.

Ela ergueu o quadril, mas rapidamente abandonou a atitude


falsa. — Você está certa. — Ela suspirou, agarrando sua colher e
caindo ao meu lado. — Me dá.

Eu obedeci, segurando o recipiente.

— Oh, Deus. — Ela gemeu após a primeira colherada. —


Caramelo salgado. Meu favorito. Você acha que eu poderia
conseguir que eles me patrocinassem no Instagram? Não sou uma
influenciadora, mas poderia me tornar uma por sorvete grátis.

— Vale a pena arriscar.

Nós duas nos divertimos, assistindo ao episódio de Friends


tocando baixinho ao fundo. Prendi a respiração, esperando que ela
trouxesse o dia.

— Entããão... como foi?


Eu encolhi os ombros e coloquei outro pedaço dentro.

— É uma roupa bonita. Parecer uma cadela durona tem que


ajudar.

— Definitivamente não.

Eu pensei que usar um terno preto me ajudaria a me sentir


mais forte. Eu queria me encontrar com o advogado de moletom e
sem sutiã, sem banho. Em vez disso, coloquei meus sapatos de
sola vermelha e uma calça cigarrete. Eu entrei com minha cabeça
erguida - mas tremendo.

Meu coração e meu cérebro lutaram pelo domínio. Meu


cérebro empurrando meus membros para frente para me separar
do homem que roubou de mim - da minha família - e me usou no
processo. Meu coração tentou me segurar, gritando que isso era
um erro.

No final, eu assinei os papéis. Então eu voltei para o meu carro


e comecei a chorar, mal conseguindo chegar em casa.

Isso foi há cinco horas, e eu não tinha me movido desde então,


exceto para pegar o sorvete. Como uma reviravolta cruel, Friends
apareceu na TV, trazendo a imagem de um Nico doente na cama,
assistindo a série.

Tudo em mim doía. Eu simplesmente não conseguia dizer se


era por estar tão brava com ele que eu queria empurrá-lo o mais
longe que eu pudesse ou lutando contra essa necessidade de ir até
ele a cada segundo do dia.

— Você mandou uma mensagem para ele?


— Não. — A mensagem de Nico veio logo antes de eu
adormecer e me seguiu em meus sonhos, me lembrando de cada
momento precioso de nossa lua de mel. O medo de que todos eles
tivessem sido armados e falsos me impediu de ir até ele. — O que
eu diria?

— Que você sente falta dele?

Eu zombei. — O quê? Você realmente quer que eu fale com ele?

— Escute, posso não querer um relacionamento para mim,


mas posso ver que você está sofrendo e odeio isso.

— Eu também odeio, mas não muda o que ele fez.

— Você sabe por que ele fez isso? Você conversou com ele?

— Não, — respondi, fazendo beicinho porque sabia que estava


sendo covarde.

— Você sabe que vou transformar as bolas daquele homem em


meus próprios brincos pessoais para você, mas Verana, talvez você
deva pelo menos falar com ele.

— Talvez ele devesse ter tentado. — Eu rebati.

— Ele é um homem. Ele estará para sempre esperando que


você diga a ele o que fazer, parado por aí com o pau na mão até
então, parecendo um idiota.

Engasguei com minha colherada de sorvete, rindo de sua


descrição, mas rapidamente me acalmei. — É tarde demais. Eu já
assinei.
— Então? Ligue para ele e diga que quer falar primeiro? Case-
se com ele de novo, se quiser. Ou apenas fiquem juntos. O
casamento é um laço de qualquer maneira. Só porque você ama
alguém, não significa que você tem que se arrumar e envolver o
governo.

— Eu não sei.

— Bem, felizmente, eu sei...

Eu deixei minha cabeça cair no sofá com um gemido, não


convencida.

Nós duas pulamos, deixando escapar os gritos mais femininos


quando uma batida forte sacudiu a porta da frente.

Outra batida forte fez Raelynn pular, encarando a porta como


um lutador premiado. — Que diabos está fazendo? — Eu
sussurrei.

— Eu não sei. Eles parecem muito sérios sobre como passar


pela porta, e este lugar não é grande o suficiente para se esconder
por muito tempo, então eu acho que vou pelo menos parecer
intimidante.

Pisquei lentamente, minhas sobrancelhas levantando em


dúvida enquanto eu olhava para ela de cima a baixo em seus
sapatos de salto agulha vermelhos, jeans rasgados e suéter curto.

— Oh, cale a boca, — ela repreendeu baixinho. — É melhor do


que ficar sentada aí. O que você vai fazer? Jogar sua colher neles?

— Talvez.

Outra batida forte.


— Talvez seja Nova de novo, — sugeri, esperançosa.

Raelynn olhou de soslaio e se aproximou da porta. Quando ela


estava prestes a olhar pelo olho mágico, uma voz profunda
substituiu a batida.

— Verana, eu sei que você está aí.

Nossas cabeças giraram uma para a outra, e eu sabia que


meus olhos estavam tão arregalados quanto os dela.

— Que porra é essa? — ela murmurou, estendendo as mãos


em busca de ajuda.

Eu apenas balancei minha cabeça. Ajuda para quê? Eu não


sabia.

Eu não sabia o que fazer.

Não sabia se queria deixá-lo entrar.

Não sabia se queria mandá-lo embora.

Não sabia como escapar da orquestra divagante de


pensamentos caóticos que lutavam pelo domínio em minha
cabeça.

— Por favor. — Ele parecia a Fera de Bela e a Fera. Com uma


raiva mal contida e desacostumado com a palavra - mas tentando
porque se importava.

Não. Nicholas Knightly Rush não se importava com ninguém


além de si mesmo. Tinha se passado uma semana e nenhuma
palavra além de um pedido para conversar até que eu finalmente
tomei uma decisão.
— Estou deixando-o entrar. — Ela murmurou, parecendo um
touro pronto para uma luta.

Olhei freneticamente ao redor, talvez esperando que um


buraco se abrisse no chão onde eu pudesse mergulhar, para nunca
mais vê-lo novamente.

Meu peito se encolheu, apertando com muita força. Meus


músculos se contraíram em uma batalha para ficar e enfrentá-lo
ou fugir para o outro lado. Havia uma saída de incêndio aqui?

Mas antes que eu pudesse tomar minha decisão, a porta foi


aberta, e a presença sombria e dominante de meu marido, que
chamou minha atenção em um restaurante lotado e até mesmo de
trás de uma máscara, engoliu a sala inteira - sugando cada bocado
de oxigênio para si.

Eu me levantei de repente e tive que apertar minhas mãos ao


lado do corpo para esconder seu tremor.

Ele examinou a sala até pousar em mim, seus olhos


escurecendo como a obsidiana mais negra. Sua barba tinha
crescido para uma barba cheia, mas ainda assim, seus lábios eram
carnudos demais para serem escondidos, e eu fui capaz de
observar a maneira como eles se enrolaram com um rosnado
selvagem.

No melhor da minha imaginação, ele implorava e implorava,


dizia que me amava e que tinha cometido um erro. Quando me
forcei a enfrentar a realidade, imaginei indiferença e talvez - talvez
- uma pitada de arrependimento. Mas nunca pensei sobre sua
raiva.

Porque diabos ele estava com raiva?


Ele conseguiu o que queria. Ele ganhou. Ele mentiu. Eu perdi.
Eu deveria ser a única com raiva. Em vez disso, tremi como uma
folha lutando contra a vontade de correr para seus braços.

— Que porra você pensa que está fazendo? — ele rosnou,


dando um passo ameaçador para mais perto.

- Ei, agora - Raelynn tentou interromper. Ela apoiou a palma


da mão em seu braço, mas ele a afastou como se ela nem tivesse
percebido.

Seus olhos se fixaram em mim e não se moveram nem um


centímetro enquanto ele se aproximava. — Fizemos um acordo,
Verana. Cinco malditos anos. Sem recuar.

— O quê? — Eu gritei, minha cabeça caindo para trás como se


suas palavras cruzassem o espaço e me batessem.

— Você achou que eu iria apenas assinar os papéis? Você


assinou um contrato.

— Você está brincando comigo agora? — Eu olhei para


Raelynn em busca de apoio, mas ela se mudou para a ilha da
cozinha e estudou suas unhas. Seus olhos se voltaram para os
meus, mas rapidamente se afastaram. — Sério, Raelynn?

Ela ergueu as mãos e, se tivesse uma bandeira branca, a teria


acenado com orgulho.

— Eu pareço estar brincando? — Sua voz ficou perigosamente


baixa, e ele fechou o espaço para apenas 30 centímetros entre nós.
— Porque estou falando sério pra caralho.

— Como você se atreve, Nicholas filho da puta Knightly Rush?


— O choque com toda a situação e a enxurrada de emoções que fiz
o melhor para bloquear durante toda a semana me deixaram quase
sem palavras. Eu poderia me defender em uma discussão, e lá
estava eu, jogando seu nome para ele como se fosse a melhor arma
que eu tinha. Eu poderia muito bem ter jogado a colher.

— Sim. O maldito Nicholas Knightly Rush. Também conhecido


como seu maldito marido, Sra. Rush.

— Você não pode me obrigar a isso.

— Posso, e vou.

Sua arrogância e a absoluta certeza em seus olhos fizeram


minhas paredes de aço se fecharem, bloqueando todo o resto,
fazendo-me ficar mais ereta atrás do escudo da minha armadura.

Eu puxei meus ombros para trás e levantei meu queixo, cada


movimento feito como o retinir de escotilhas sendo travadas, me
preparando para a batalha. Inclinei-me para frente e enrolei meu
lábio para combinar com o dele. — Não.

Sua única reação à minha única e calmamente pronunciada


palavra foi um piscar - um único piscar, mas foi o suficiente para
saber que eu tinha acertado um golpe. Infelizmente, eu tinha muita
confiança em minhas defesas e comemorei muito cedo. Nenhuma
quantidade de aço, nenhuma fechadura, nenhuma negação
teimosa poderia manter Nicholas Rush fora.

— Eu cansei dessa merda. Você está voltando para casa. —


Com essa declaração, ele se agachou o suficiente para envolver os
braços em volta das minhas pernas e me jogou por cima do ombro.

Soltei um grito selvagem e bati contra suas costas duras. —


Maldição, Nico. Ponha-me no chão.
— Não, — ele respondeu calmamente, jogando minha palavra
de volta no meu rosto.

— Raelynn. — Eu gritei, tentando me sustentar o suficiente


para procurar por minha amiga.

Ela invadiu, e eu tinha fé que mesmo em seu estilete vermelho,


ela impediria este homem de me levar. Ela enfiou uma unha
vermelha combinando em seu peito.

— Combinamos que seria no fim de semana.

— Você nunca me contou sobre a porra do divórcio. Isso


mudou as coisas.

— Do que diabos vocês estão falando? — Eu gritei.

Raelynn desviou seus olhos para os meus antes de voltar seu


olhar para Nico. — Se você a machucar, eu vou te matar. E não de
um jeito engraçado. Vou utilizar legitimamente todos os programas
policiais que assisti e também vou me safar disso.

— Eu nunca a machucaria. — Ele prometeu.

Ele parecia tão sincero, e isso despertou a raiva queimando em


meu peito. — Você está me machucando agora, — gritei,
engasgando com as palavras. Vê-lo - ter suas mãos sobre mim -
pela primeira vez foi demais, e não importa o quanto eu tentasse
escapar dele, eu não conseguia.

E se eu nunca pudesse, mesmo quando ele não estivesse lá?

— Eu quero mensagens a cada poucas horas, — afirmou


Raelynn.
Então, ela foi até a porta e fez a última coisa que eu esperava.
Ela segurou a porta aberta para ele.

— Raelynn, por favor. — Eu implorei. — Por favor, não o deixe


me levar. Eu não - eu não posso fazer isso. Por favor.

Seu rosto desmoronou com a minha dor e medo de ficar


sozinha com ele. Não porque ele me machucasse fisicamente, mas
por causa do que ele faria ao meu coração. Eu mal sobrevivi sem
enfrentá-lo - como poderia fazer isso com ele bem na minha frente.
Eu estava com tanto medo de perdoar todas as suas mentiras e
fechar os olhos quando ele fizesse isso de novo. Eu estava com
medo de tudo quando se tratava desse homem.

— Você é uma das mulheres mais fortes que eu conheço. E


não estou fazendo isso por ele. Estou fazendo isso por você, — ela
disse, sua voz falhando nas últimas palavras. Meu corpo
estremeceu contra seu ombro largo quando ele deu o primeiro
passo para fora. Os olhos de Raelynn nunca deixaram os meus,
mesmo quando ela falou com Nico.

— Lembre-se, Nico. Eu vou matar você.

— Anotado.
Nico

Vera olhava feio pela janela do carro durante todo o trajeto


para casa. Tudo em seu corpo transparecia contrariedade, os
braços cruzados e a mandíbula cerrada gritavam que ela não
queria estar aqui.

Mas eu ainda peguei os olhares rápidos em minha direção


como se ela estivesse tão desesperada para olhar para mim quanto
eu para olhar para ela. Mal tínhamos ficado juntos, ainda assim,
respirei fundo pela primeira vez, quando a vi parada ali, com os
olhos arregalados no meio daquela sala de estar.

Foi uma respiração cheia de fogo, mas uma respiração que


esticou meus pulmões além da pressão paralisante que pesava
sobre eles desde o saguão.

— Você vai subir ou devo carregar você? — Eu perguntei assim


que estacionamos.

— Foda-se, Nicholas.

Eu a observei atrapalhar-se com a maçaneta da porta antes de


sair tropeçando em suas botas de salto alto. Suas palavras
deveriam ter adicionado lenha ao fogo, mas eu estava tão feliz por
ouvi-la dizer meu nome novamente que não me importei.
Além disso, eu merecia sua ira. Eu merecia tudo.

Se ela fosse me deixar, seria bem depois que ela me ouvisse.

Caminhamos até nosso apartamento no último andar, e ela


bateu a porta na minha cara, balançando a moldura. Eu esperava
ouvir a fechadura em seguida, mas a maçaneta girou quando
tentei. Empurrei a porta a tempo de ver seu cabelo castanho voar
atrás dela enquanto ela virava no corredor.

Vê-la fugir de mim em nossa própria casa me fez bater a porta,


semelhante a como ela fez. Dois poderiam jogar esse jogo de
petulância.

— Verana Rush, — gritei. — Volte aqui agora.

Ela apareceu no corredor como um touro pronto para atacar.


— Eu não sou uma criança para você mandar e desmandar.

— Então pare de agir como uma.

— E não me chame assim.

— Por quê? — Eu perguntei, caminhando em sua direção para


a sala de estar. — É o seu nome. Porque você é minha esposa.

— Eu não sou sua esposa.

— Oh, eu tenho a licença e um contrato que diz o contrário.


Por mais cinco anos. Um juridicamente vinculativo.

Sua ira cresceu, e eu esperei a fumaça começar a sair de seus


ouvidos.
Suas narinas dilataram-se sobre sua respiração pesada, a
mandíbula cerrada tão apertada quanto seus punhos, e seus olhos
fazendo o possível para me incinerar.

— Eu te odeio. — Ela sibilou.

Eu vacilei, as palavras eram um tapa na cara. Um lembrete de


tudo que eu fiz para merecer sua raiva e acertando os nervos do
medo de que eu nunca teria de volta a mulher que me prometeu
jantar perto do fogo em nossa casa.

— Como você pôde pedir o divórcio sem nem mesmo falar


comigo?

Eu empurrei minha mágoa para o lado e cheguei ao cerne do


motivo pelo qual eu a trouxe aqui.

— Como você pôde me usar - casar comigo - para roubar a


empresa da minha família, a empresa da minha mãe?

Aparentemente, ela estava chegando ao cerne de seus


problemas também. Nenhum de nós segurou os socos. Minha raiva
tinha sido dirigida ao pedido de divórcio dela sem nem mesmo me
dar uma chance de lutar. Odiava perder - mas me recusei a perder
uma corrida que nunca tive a chance de correr.

Mas agora que eu estava lá, pronto para obter respostas às


minhas perguntas, percebi que tinha que responder às dela
também. Eu sempre soube que teria, mas fiquei lá como uma
criança olhando para uma prova para a qual não tinha estudado.
Eu tinha as respostas, mas elas eram confusas e cruas. Elas
flutuaram pela minha cabeça sem estrutura e vinham com a dor
mais sincera que eu já compartilhara com alguém.
O desconforto delas me fez recuar - evitando até que eu
pudesse controlar a direção.

— Verana...

— Não. Não, — ela disse, cruzando os braços e endireitando


as costas. — Não se atreva a ficar aí como se eu fosse à única que
está errada. Você me arrastou até aqui. Você me colocou nesta
posição. Você fez isso, Nicholas, então não ouse agir como se eu
estivesse pedindo o divórcio sem motivos.

— Você nem mesmo falou comigo. Toda história tem dois


lados.

— Então, você quer me dizer que há um lado que deixa tudo


bem? — ela perguntou, sarcasmo e falsa esperança gotejando de
suas palavras. — Há um lado que torna tudo bem você ter me
usado, mentido para mim, roubado de mim? Deus, Nicholas. —
Ela ergueu as mãos, rindo sem humor. — Você me tornou seu
cúmplice ao me roubar. Você me enganou para ajudá-lo.

— Eu nunca quis que fosse assim. Eu nunca te procurei. Você


apenas... apenas apareceu como uma oportunidade da qual eu não
poderia fugir.

— Uma oportunidade? — ela gritou. — Eu sou uma pessoa


real. Não algum peão.

— Eu sei disso. Mas Verana, eu nunca esperei você. Você me


perguntou por que eu nunca me casei, e eu disse a verdade. Eu
me dediquei ao meu trabalho porque construir minha empresa era
a minha vingança. Por mais de uma década, tudo o que fiz foi me
concentrar em obter retribuição para minha família.

— Então, você pegou meu legado para vingar o seu?


— Lorenzo estava destruindo seu legado, — gritei, perdendo a
paciência. Sim, eu tinha planejado desmontar a Mariano Shipping,
mas não era como se já não estivesse caindo. — Eu não deveria ter
levado apenas alguns anos para assumir o controle de uma
empresa que existe há gerações. Se você não tivesse aparecido, eu
ainda teria tido sucesso dentro dos próximos cinco anos. Tudo
porque a Mariano Shipping era um navio naufragando.

— Não. — Ela exalou a palavra como se a verdade tivesse


tirado o fôlego dela. — Não. Isso não é verdade.

— Por que você acha que seu pai estava empurrando você para
Camden? Porque ele precisava do dinheiro do pai de Camden para
manter a empresa funcionando. E o contrato que seus avós
escreveram afirmava que a empresa precisava ser repassada para
um homem com o nome de Mariano. É por isso que seu pai mudou
de nome quando se casou com sua mãe. Ele prometeu ao pai de
Camden que se ele comprasse a empresa, Camden poderia se
casar com você, e eles hifenizariam o nome.

Ela balançou a cabeça, seus lindos lábios puxando para baixo.


Eu queria puxá-la em meus braços e acalmá-la. Eu odiava que ela
sofresse.

— Posso ter aproveitado a oportunidade que você me deu, mas


pelo menos tinha algo a oferecer em troca. Com seu pai, você teria
ficado presa a um homem horrível como Camden. Eu teria lhe dado
liberdade.

— Isso não é liberdade. Sou apenas mais um peão roubado


para o lado de outra pessoa.

— Você está dizendo que preferia ficar com Camden?


— Estou dizendo que preferia ter feito minhas próprias
escolhas.

— Você fez suas próprias escolhas.

— Sim, a que custo? Cinco anos da minha vida ganhando isso?


— Ela inclinou a cabeça para o lado e estreitou os olhos. — Diga-
me, Nico. Por que cinco quando você só precisava de um mês? Você
quer me manter como um troféu até que você termine comigo?
Superar as más ações do meu pai, esfregando-me na cara dele?

— Ninguém forçou você a assinar. — Eu rosnei. Eu queria


cobrir sua boca e dizer que ela era tudo menos um simples troféu.

— Assinei com base em mentiras. Você mentiu para conseguir


o que queria. Assim como meu pai.

— Não me compare a ele. — Eu avisei.

— Por quê? Você me usou para conseguir o que queria. Você


roubou a empresa da minha família porque ele roubou a da sua.

— Ele tirou tudo de mim. — Gritei.

Ela recuou e eu imediatamente lamentei minha perda de


controle. Respirando fundo, eu controlei a explosão de raiva de ser
comparado a Lorenzo. — Ele não apenas pegou minha empresa.
Ele tirou tudo que meu avô tinha de sua família - de sua esposa.
E ele fez isso porque é uma cobra gananciosa e mentirosa. Ele fez
isso porque jogava sujo e não gostava de vencer por nenhum outro
motivo além de que podia.

— E por que você fez isso?


— Porque ele não merecia a Mariano Shipping, — falei sem
remorso. — Odeio ter mentido para você, mas não me arrependo
de ter tirado a Mariano Shipping dele.

- Não é só que você mentiu para mim, Nicholas. Você me usou.


Você me usou para levar meu legado - para levar minha última
conexão com minha mãe. Você sabia o quanto eu valorizava isso,
e você o roubou. — Sua voz falhou e ela parecia à beira de um
colapso - a raiva desaparecendo e deixando sua dor aparecer.
Assisti-la tentar parecer forte, quando eu sabia o quanto doía, me
destruiu. — Pior ainda, você me fez sentir diferente. Pela primeira
vez, pensei que alguém me via além de uma maneira de conseguir
o que queria - que me via por tudo o que eu tinha a oferecer. E eu
achava que você via, — ela disse com uma risada. — Só não o que
eu estava oferecendo de bom grado. Você me fez pensar que me
queria por mim. Você me fez am... — Ela cortou suas palavras
como se ela não dissesse, ela poderia fazer isso não ser verdade.

— Não saiu como eu planejei, Verana. Eu vejo você. Eu me


preocupo com você. Eu não planejei isso, mas você me fez am...

— Não faça isso. — Seus olhos se fecharam e ela balançou a


cabeça. — Sem mais mentiras. Não aguento mais. — Engolindo em
seco, ela abriu os olhos e me encarou com um olhar vazio. — O
que está feito está feito. O dano está feito e estou muito cansada
de lutar contra isso. Você venceu e eu perdi. Pelo menos tenha a
decência de me deixar ir. Não quero ficar ao seu lado por mais
cinco anos apenas para ver você desmontar minha empresa. Eu
não posso.

Minha mandíbula cerrou com força, me impedindo de dizer a


ela que faria a coisa certa. Eu queria agarrar seus ombros e fazê-
la ouvir, mas ela não me ouvia. Meu corpo lutou contra deixá-la ir
quando eu sabia que tinha que ser feito.
Ela deu um suspiro, seus ombros caindo para frente como se
ela não pudesse lutar mais um momento. — Vou para a cama no
quarto de hóspedes. É tarde demais para se preocupar em voltar
para a casa de Raelynn. Amanhã de manhã, pego algumas coisas
e vou embora. Por favor, deixe-me ir.

Mais uma vez, fiquei como uma estátua, estoicamente


silencioso, incapaz de dizer sim. Olhamos um para o outro no
apartamento escuro, as luzes da cozinha, projetando em suas
bochechas afiadas um brilho luminoso. Mas também destacou as
sombras escuras sob seus olhos, sua boca virada para baixo que
eu queria beijar até transformar em um sorriso. Eu sentia falta de
suas covinhas e sabia que se a mantivesse aqui, nunca mais as
veria.

Dia após dia, eu seria confrontado com sua decepção e mágoa.


Não haveria lua de mel em que eu pudesse seduzi-la. Verana não
era uma mulher que se deixava enganar facilmente e
definitivamente nunca mais de uma vez.

Então, eu permaneci em silêncio, me forçando a deixar o


arrependimento e minha própria dor sangrarem. Eu não conseguia
dizer as palavras, mas podia deixá-la entrar. Eu devia muito mais
a ela, mas era tudo o que eu podia fazer agora. Infelizmente, isso
só a fez mostrar mais dor, e as lágrimas brotaram.

Mas ela piscou de volta. — Boa noite, Nico. — Ela sussurrou,


passando por mim.

Eu a deixei ir, assim como eu sabia que faria pela manhã.

O clique de sua porta imitou o clique em minha mente,


liberando a torrente de palavras que eu queria dizer. Ela veio até
mim balançando como eu merecia, e foi como se meu corpo
entrasse em modo de luta, bloqueando qualquer fraqueza. Agora
que ela se foi, eles inundaram.

Não estou desmantelando a empresa.

Fiz o contrato de cinco anos porque queria você - por você.

Eu te enxergo.

Eu me importo com você.

Por favor, não vá.

Você é mais importante do que qualquer vingança.

Eu te amo.

Meus músculos se contraíram, querendo ir até ela e dizê-las.

Mas a realidade é que ela estava certa. O que foi feito, foi feito.
E se eu me importasse com ela, daria a ela a verdadeira liberdade
que ela merecia.

Mas, primeiro, eu tinha que fazer ligações.

Eu tive que cavar na parte de trás do meu armário de bebidas,


mas encontrei a garrafa fechada que eu estava procurando,
sabendo que seria uma longa noite.

Minhas ações me trouxeram aqui, e meus lábios


permaneceram presos em torno de todas as palavras que eu queria
dizer, mas eu poderia mostrar a ela.

Sentando-me à mesa, não me importei em usar um copo e


comecei a trabalhar.
Vera

Lorenzo estava colocando seu legado por terra.

Eu vejo você.

Eu me preocupo com você.

As palavras lutaram para escapar, e eu me perguntei se ele já


disse isso a alguém antes. Mas então percebi que não importava,
porque provavelmente era outra manobra para me fazer ficar. Ele
provavelmente só precisava de algo de mim. Por que mais alguém
iria me querer por perto a menos que eu fosse útil para suas
necessidades? Contanto que eu ficasse quieta e seguisse suas
regras.

Nossa discussão espalhou o caos pela noite, gerando um


pensamento após o outro até minha cabeça latejar sob o peso de
tudo isso. Assim que fechei a porta do quarto de hóspedes, o
primeiro soluço se soltou e corri para o chuveiro, deixando a água
escaldante lavar tudo. A raiva, a dor, o desejo, a necessidade... o
amor. Eu queria que tudo acabasse porque ficou grande demais
para suportar. Eu saí do chuveiro e limpei o vapor do espelho,
olhando para a concha de uma mulher olhando de volta - sem
reconhecê-la.
A última vez que não reconheci meu reflexo foi no iate, com
Nico atrás de mim, me tornando sua. Eu queria ser essa mulher.
Eu queria ser dele.

Eu não queria ser essa versão de mim mesma, mas não vi um


futuro onde me olhasse no espelho e visse outra coisa senão o que
perdi.

Você tem que perdê-lo?

Meu maior medo ao ver Nico novamente, levantou sua cabeça.


Eu o evitei porque - apesar das mentiras e da dor - eu o amava. Eu
queria ser a mulher que ele libertou e não queria enfrentar o que
sacrificaria de mim mesma para que isso acontecesse. Eu não
queria enfrentar a chance de ser uma mulher que fechava os olhos
às mentiras por causa do amor. Eu queria me amar mais do que
estar nesse tipo de relacionamento.

Quando o sol nasceu na manhã seguinte, eu tinha tido apenas


algumas horas de sono.

Eu apertei meus olhos inchados contra os raios brilhantes de


luz rastejando pelo chão. Rolando de costas, coloquei minhas
mãos em meu cabelo para aliviar um pouco da pressão de uma
noite de choro.

Olhando para o ventilador, eu repassei nossa conversa mais


uma vez.

Empatia pelo que ele passou misturada com raiva por ter sido
usada. Eu balancei como um pêndulo de um lado para o outro,
lutando para acompanhar e processar tudo. Eu entendia sua raiva
- eu estava com raiva por ele. Eu entendia sua necessidade de
vingança.
Eu só não entendia por que ele tinha que me fazer apaixonar
por ele para que isso acontecesse.

Respirando fundo, joguei as cobertas para trás e me sentei.


Verifiquei a hora e encontrei cerca de cem mensagens de Raelynn
e algumas de Nova. Eu mandei uma mensagem para Rae para
deixá-la saber que eu ainda estava fisicamente viva, mas indo para
a cama, e silenciei meu telefone...

Raelynn: Sinto muito. É minha culpa eu ter feito você ir. Eu


deveria ter dado um soco nele. Eu só... só pensei que qualquer
decisão que você tomasse seria melhor depois de ouvi-lo.

Raelynn: Eu te amo.

Raelynn: Você quer que eu vá buscar você?

Raelynn: Eu mencionei que sinto muito?

Nova: Raelynn me ligou. Ela pediu para não odiá-la.

Nova: Não vou fingir que sei o que você está passando, mas
vou sugerir não tomar nenhuma decisão até que suas emoções se
acalmem. Provavelmente me sentiria um pouco violenta se alguém
me carregasse também. Mas dê-se permissão para assimilar as
palavras dele sem que sua raiva questione tudo. Sim, ele mentiu,
e devemos fazê-lo sofrer por isso..., mas talvez dar a ele uma
chance de explicar.

Nova: Não deixe sua raiva fazer sua explicação cair em ouvidos
surdos. Não deixe sua raiva fazer todas as escolhas. É normal ouvir
e levar algum tempo para processá-lo. É normal acreditar que nem
tudo foi mentira. Dê a si mesma permissão para pensar sobre isso.
Falando por experiência própria, às vezes uma vez que uma
decisão é tomada - especialmente na raiva - ela não pode ser
desfeita. Portanto, tenha 100% de certeza de que é o caminho
certo.

Eu: Mas como vou saber se não foi tudo mentira?

Eu não sabia se Nova, onde quer que estivesse, tinha serviço


em sua van, mas eu precisava de seu raciocínio calmo mais do que
nunca.

E se tudo não fosse mentira?

Essa era a pergunta de um milhão de dólares - aquela em que


eu queria acreditar, mas na qual eu estava com medo de ter
esperança. Aquela em que eu estava com medo de que me
comprometer a acreditar. Quando os pontos começaram a saltar
na minha tela, inclinei-me para frente e prendi a respiração,
agradecendo aos deuses do telefone por Nova ter sinal de internet.

Nova: Você tem que ouvir e tomar a melhor decisão.

Eu: Mas e se eu tomar uma decisão porque o amo e sacrificar


o respeito só para estar com ele.

Nova: Você nunca faria isso. Eu conheço você. Você nem


mesmo os sacrificou pelas tradições que sua mãe deixou para você
e se casou com Camden. Você é boa, Verana, e quer seguir as
regras que as pessoas definem para você, mas tem uma linha.
Tenha confiança nessa linha.

Nova: Se ajudar, não acho que tenha sido tudo mentira. Eu vi


a maneira como ele olhou para você, caminhando pelo corredor.

Lágrimas saltaram dos meus olhos. O dia do meu casamento.


Foi o primeiro dia que Nico e eu nos beijamos. Primeiro dia em que
começamos a derrubar nossas paredes.
Tudo tinha sido uma atuação?

Mas por que ele iria começar a deixar suas barreiras caírem
depois que nos casamos? Ele já tinha conseguido o que queria. Por
que ele teria sido mais respeitoso e aberto em nossa lua de mel
quando não precisava?

Ele tirou informações de você. Ele fez você acreditar que queria
férias longas porque queria estar com você.

O lembrete me deu um soco no peito e eu queria sair furiosa


de novo.

Mas a mensagem de Nova para não deixar as emoções


tomarem minha decisão me manteve enraizada na cama.
Respirando fundo novamente, fechei meus olhos e empurrei a
névoa de dor para lembrar de tudo. Lembrei-me de todos os
momentos intermediários. Lembrei-me de sua risada fácil.
Lembrei-me de jogar cartas uma noite sem falar de negócios ou
família - apenas rimos e conversamos sobre música.

Lembrei-me de como ele planejava me dar a oportunidade de


provar meu valor em sua empresa. Ele tinha feito isso por culpa?
Ou ele realmente pensou que eu poderia fazer isso?

Essa pergunta eu poderia responder com certeza. Nico falou


sobre tudo que ele fez para construir seu negócio, e ele não
permitiria que a culpa o colocasse em uma posição onde ele
poderia ficar mal na frente de um cliente. Se ele não achasse que
eu era capaz de ter um bom desempenho, ele não deixaria.

A pepita da verdade floresceu, e eu me perguntei se eu


deixasse de lado o saco de emoções a que me agarrava com tanta
força, então talvez eu encontrasse mais.
Minha mente girava e girava.

Ele fez, ou não? Verdade ou mentira? Realmente se importa,


ou foi tudo uma atuação?

Pegando os lençóis, apertei meus olhos fechados e balancei


minha cabeça, fazendo tudo parar bruscamente. Eu poderia fazer
isso o dia todo com apenas uma conversa mínima ouvida com
raiva.

Talvez eu tenha dado o primeiro passo hesitante e ouvido.

Meu telefone apitou com outra mensagem.

Nova: Tudo bem dar a ele uma segunda chance. Se ele mentir
de novo, todos nós sabemos que Raelynn vai bater pra valer nele.

Nova: E eu também.

Eu ri, sentindo-me eufórica e estranha. Algumas risadas


fracas escaparam enquanto eu estava com Raelynn, mas todas
elas pareciam forçadas e pesadas. Esta era fraca, mas deslizou por
meus membros, infundindo um arrepio de esperança de que talvez
eu ficaria bem do outro lado. Eu só não sabia como era o outro
lado e se Nico estaria lá comigo.

E eu nunca descobriria, sentada nesta cama.

Com o lembrete de que eu poderia sair a qualquer momento,


que o ouvir não significava que eu tinha que perdoá-lo, eu me
levantei. Peguei um vestido de verão que guardei no armário extra
e saí.

Virei o corredor para a sala de estar para encontrá-lo na mesa


da cozinha com seu computador e uma pilha de papéis.
Quando ele finalmente percebeu minha presença, eu estava
no meio da sala de estar e ele me observou em silêncio. Colocando
os óculos de lado, ele fechou o laptop e nem uma vez desviou o
olhar, bebendo-me como se nunca mais tivesse a chance de me
ver.

Era esse o olhar de um homem que só me viu por uma


vingança que já havia conseguido?

— Tem café, se você quiser. — Ele finalmente disse quando


cheguei à cozinha.

Sua voz soava tão áspera quanto ele parecia - não a voz sexy
da manhã que tinha sido minha parte favorita ao acordar. Não,
essa voz áspera parecia exausta até os ossos. Essa voz parecia
pesada, arranhando suas cordas vocais como uma caixa com
excesso de peso contra o concreto.

— Quando voltamos, fiz questão de pedir o creme de


especiarias de abóbora que você gostou na Itália. No caso de que
você voltasse, — ele acrescentou hesitante.

Tão simples, mas tão doce. Essas foram às maneiras com que
Nico me destruiu em nossa lua de mel. Não foi a sedução sexual.
Foram os gestos simples e doces que ele fez porque sabia que eu
gostava deles. Não porque eu disse a ele que gostei deles, mas
porque ele me observou. Ele não teve que me comprar copos de
shots porque sabia que eu os colecionava para sua vingança. Ele
não precisava deixar meu bacon ainda mais crocante, embora
gostasse de crocante. Ele não tinha que pedir um creme especial
de abóbora quando eu não dei nenhuma indicação de que voltaria.

Por que ele se importava se já tinha o que queria?


Obrigando-me a me mover, apesar de querer ficar olhando
para ele a manhã toda, fui pegar uma xícara de café. Limpei as
poças de umidade crescendo em meus olhos quando peguei o
creme.

Tão doce e tão simples, mas tão impactante.

Quando me sentei, ele deslizou duas pilhas de papéis com a


face voltada para baixo sobre a mesa, mantendo os dedos mais
longos esparramados em cima delas. Observei sua pele bronzeada
contra o papel e me perguntei se algum dia os sentiria novamente.
Eu agarrei a caneca quente para evitar roubar outra sensação,
caso eu nunca conseguisse.

— Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu


tinha dez anos. Eles foram atropelados por um motorista bêbado
que saiu sem prestar socorro. Ele era filho de um senador e meu
avô ficou furioso. Ele gastou dinheiro além de dinheiro para que
fosse investigado. Adicione o fato de que o senador não gostou, ele
falou mal do negócio e meu avô lutou para se recuperar.

— Nico, sinto muito. — Perder minha mãe me esmagou. Eu


não conseguia imaginar como seria perder os dois ao mesmo
tempo.

— Então, quando eu tinha doze anos, minha avó foi


diagnosticada com câncer. — Ele continuou sem reconhecer que
eu falei, olhando para sua mão pressionada contra os papéis. —
Ficamos arrasados, mas meu avô se recusou a admitir a derrota.
Ele a amava e não é o tipo de homem que desiste sem lutar. Então,
ele pagou por qualquer tratamento que pudesse dar a ela mais
tempo. Ele tirou uma folga do trabalho para estar com ela a cada
passo do caminho. No meio de sua doença, a empresa sofreu mais
do que nunca. Ele estava prestes a perder tudo, e a última coisa
que queria era que sua esposa visse seu legado ser vendido
enquanto ela ainda estava viva. A Knightly Shipping era a empresa
de sua família, e ela e seu irmão não queriam nada com isso, mas
ela queria estar com o homem que trabalhava na sala de
correspondência na época.

Ele sorriu como se se lembrasse da história deles, e eu o


imaginei como um garotinho, sentado ouvindo seus avós falarem
sobre como eles se conheceram e se apaixonaram. Mas assim que
apareceu, o sorriso desapareceu.

— Quando Lorenzo Mariano veio a ele com uma oferta de


ajuda, ele aceitou, apesar do interesse exorbitante e das cláusulas.
Ele estava desesperado. Homens apaixonados desesperados
assumem riscos.

Ele ergueu os olhos escuros para mim e me prendeu no lugar,


suas palavras pressionando meu peito.

— Minha avó morreu um ano depois, e meu avô lutou para


continuar. Ele lutou para acompanhar o empréstimo de Lorenzo e
se esforçou para se manter no chão, lutando uma batalha perdida.
Ele aceitou empreitadas mais arriscadas e viajou mais. Ele se
exauriu e acabou contraindo um vírus que lutou para combater.
Ele acabou se curando, mas o vírus danificou partes de seu
cérebro. Talvez não tivesse acontecido se ele não tivesse lutado por
tanto tempo - talvez seu sistema imunológico tivesse sido mais
forte se ele não tivesse usado toda a sua energia para pagar
Lorenzo. Talvez ele não estivesse em um asilo com demência
crescente se não fosse por Lorenzo.

Sua mandíbula cerrou e eu sabia que não importava minha


decisão, Nico iria odiar meu pai para sempre, e depois dos últimos
meses, acho que o odiava também. Ele me mostrou suas
verdadeiras cores - saindo por trás da fachada de um pai
atencioso. Talvez não fosse uma fachada antes, mas depois que
minha mãe faleceu, o que quer que tenha sido real não sobrou.

— Lorenzo acabou levando a empresa, separando-a por


dinheiro, deixando-nos com o lado internacional do negócio como
um presente, como ele disse, — zombou. — Prometi a mim mesmo
fazer tudo certo e, quando fui para a faculdade, sabia exatamente
como queria fazer. Eu não me importava com quanto tempo ia
demorar; eu estava determinado a fazer isso acontecer. Então você
apareceu.

Engoli em seco, lembrando daquele primeiro dia em que


realmente nos conhecemos no saguão. Eu estava tão feliz com a
entrevista e instantaneamente atraída. A luxúria quase nos
engoliu inteiros ali mesmo.

— Verana, — ele disse meu nome como um apelo. Olhei de sua


mão para seus olhos, querendo mergulhar nas profundezas
escuras e nunca mais sair. Eu queria acreditar na necessidade
sincera por trás deles. — Eu nunca planejei usar você. Não na
minha vingança ou na minha vida. Eu tinha meus olhos tão
focados em levar sua empresa, que nunca olhei para sua família.
Mas quando você me disse seu nome com aquela marca em sua
bochecha, eu aceitei. Meu instinto me incentivou a pular. Então
eu fiz. Eu nunca planejei usar você.

Ele repetiu as palavras como se tivessem mais significado do


que apenas negócios.

— Não está certo que eu menti, e eu sinto muito. Eu deveria


ter sido paciente e continuado com meu plano, mas justifiquei tudo
porque ambos tirávamos algo disso.

— Nós dois conseguimos algo. — Eu concordei. No entanto,


minha raiva ainda persistia, fazendo-me adicionar um lembrete
rápido. Mas agora, não havia tanto calor por trás disso como antes.
— Eu fui a única a perder algo.

— Confie em mim, Verana. Estou perdendo algo que nunca


pensei que iria querer.

Meu coração deu um salto - esperança e desconfiança lutando.

Ele quer dizer eu? Não, ele só usou você. Nada mais.

Mas a dúvida foi ficando cada vez mais silenciosa. Seus olhos
suavizaram, a luz do sol fluindo para trazer à tona os verdes
profundos que se escondiam nas profundezas do marrom escuro.
Ele se sentou diante de mim, permitindo-me ver por mim mesma
se ele poderia ser honesto.

Eu queria muito acreditar que tudo o que eu sentia fora


construído com a verdade. Como chegamos aqui pode ter sido uma
mentira, mas eu queria que o respeito e a amizade - o amor -
fossem reais. Eu só estava com medo de tornar tudo real para tê-
lo de volta, mesmo que nada disso fosse verdade.

— Eu não quero que você perca nada nisso. Eu me vinguei,


mas percebi, tarde demais, que o que eu perdi não valeu a
vingança.

Eu queria separar suas palavras e mergulhar em seu


significado, mas ele finalmente virou as pilhas de papéis. Ele
apontou para um, mas continuou a me observar. Meus olhos
piscaram para cima e para baixo, não querendo perder seus olhos,
mas também curiosa sobre os papéis.

— Este aqui, — disse ele, com o dedo sobre o outro, — passa


a Mariano Shipping para você.
— O quê? — Eu engasguei, finalmente dando ao papel toda a
minha atenção.

— Meu plano era separá-la, para que ele pudesse sofrer como
fez meu avô. Mas não é minha para fazer o que quisesse. É o seu
legado, e você é mais do que inteligente o suficiente para executá-
la. Definitivamente melhor do que Lorenzo. Vou ajudá-la a
reconstruí-la até o topo, e então ela é todo sua. Eu tinha feito isso
enquanto estávamos na França. Eu planejava te contar quando
chegássemos em casa. Eu deveria ter contado tudo a você então,
mas não queria estragar nossa semana extra. Possivelmente
minha última semana com você.

Lágrimas queimaram minha garganta e eu lutei para engolir o


caroço que crescia, me deixando sem palavras. Antes que eu
pudesse reunir qualquer palavra, ele moveu o dedo para a outra
pilha de papéis.

— Verana, — disse ele, esperando que eu erguesse os olhos


para continuar. — Nunca amei nada mais do que a minha
vingança. Mas eu nunca conheci uma mulher como você. Forte,
orgulhosa, inteligente - provavelmente mais inteligente do que eu,
— ele disse com uma risada suave. — Você é linda e engraçada.
Você é... tudo que eu nunca considerei. Nunca amei nada mais do
que minha vingança, — disse ele novamente.

Eu respirei fundo, segurando-a com força em meus pulmões,


esperando que não estivesse imaginando a coisa errada.
Esperando que fosse verdade. Com muito medo de respirar caso
isso passasse, e eu perdesse o controle.

— No entanto, aqui está você, provando que estou errado.

— Nicholas... — eu implorei com a menor quantidade de ar


que eu deixei escapar.
— Eu te amo, Verana Rush.

Meu coração bateu contra meu peito, forçando todo o ar para


fora em um gemido. A dúvida tentou levantar a cabeça, mas por
que ele diria isso? O que ele ganharia? Todas as idéias que eu
pudesse inventar desapareceram quando ele explicou o segundo
documento.

— Estes são os papéis do divórcio assinados, refeitos para


quebrar nosso contrato de cinco anos - para libertar você.

Minha mão voou para a boca e olhei para os dois papéis, as


lágrimas finalmente caindo. Apertando meus lábios com força, eu
balancei minha cabeça, sem saber o que diabos fazer com isso. Faz
menos de vinte e quatro horas que me sentei em frente ao meu
advogado para pedir o divórcio?

Agora eu tinha o que pensava que queria, e nunca pareceu


mais errado.

— Você realmente acha que eu posso fazer isso? — Eu


perguntei, batendo no papel me dando minha companhia.

— Eu sei que você pode.

E isso era tudo que eu precisava saber.

Nicholas pode ter usado minhas emoções contra mim, mas ele
nunca usaria negócios. Ele trabalhou muito duro.

Sem dizer uma palavra, empilhei os dois contratos um em


cima do outro e me levantei, segurando-os contra o peito.

— Vera, eu-
Sua voz falhou, e eu olhei para baixo a tempo de ver sua
garganta balançar em um gole, e me perguntei se suas emoções
eram tão extremas quanto as minhas.

Eu balancei minha cabeça e virei minhas costas, indo para a


cozinha.

Eu olhei para o outro lado da ilha. Sua mão bateu na mesa, e


sua cabeça pendeu enquanto ele murmurava: — Foda-se.

Quando ele ouviu o clique do fogão a gás sendo ligado, sua


cabeça se ergueu. Segurando seu olhar, segurei os papéis do
divórcio sobre a chama até que pegasse fogo. Seu queixo caiu e ele
se levantou de repente, e nós dois vimos a chama lamber o papel
sobre a pia. Assim que alcançou meus dedos, deixei cair os
resquícios da chamada liberdade que ele me deu e que eu não
queria, abrindo a torneira para lavar qualquer evidência de sua
existência.

Olhando para cima, eu assentei o outro contrato entre nós. —


Vou ficar com este. Mas eu quero que você me ajude. Eu quero
aprender. Quero ser uma equipe porque Nicholas Knightly Rush,
eu também te amo.

— O quê? — ele perguntou como se talvez tivesse me


imaginado dizendo isso e precisava ouvir de novo para ter certeza.

— Eu. Amo. Você. Você me viu quando ninguém mais viu. Você
me apreciou além do que você poderia obter de mim. Levei um
tempo para ver - para você mostrar, mas quando o fez, nunca me
senti mais forte - com mais certeza. E eu nunca recebi isso de
ninguém. — Ele contornou a ilha, se aproximando de mim. — Nico,
eu te amo e não quero aqueles papéis idiotas do divórcio. Eu não
queria...
Nunca consegui terminar. Ele me puxou para seus braços e
bateu sua boca na minha. Eu não hesitei. Afundei em seu corpo
rígido, relaxando em seus braços como se estivesse voltando para
casa. Eu me perdi na suavidade de seus lábios, jurando nunca
ficar tanto tempo sem beijá-lo novamente.

— Você tem certeza? — ele perguntou entre beijos.

Eu balancei a cabeça, não querendo puxar minha boca, mas


não tive escolha quando ele se afastou para enquadrar meu rosto
e encontrar meus olhos.

— Eu te amo e nunca quis te machucar. Sinto muito por tudo,


Vera. Posso ter começado tudo isso por vingança, mas você tem
que saber que o quanto eu te amo é verdade. Tudo o que nos trouxe
aqui - todos os momentos, as minúsculas tradições que criamos
por conta própria - tudo era real. Nós somos reais, e vou aproveitar
cada dia que você permitir para provar isso a você. E se você
deixar, farei isso para sempre e não apenas por cinco anos.

— Fodam-se os cinco anos. Eu quero queimar esse contrato


também. Eu quero tudo, Nico. Eu quero você.

— Você me tem. Sou seu.

— Prove. — Eu desafiei.

Com um rosnado, ele agarrou minha bunda e me ergueu.


Envolvi minhas pernas em volta de sua cintura e voltei a beijá-lo.

Batemos nos móveis, e eu nem me incomodei em respirar por


causa de nossas risadas enquanto ele me carregava para o nosso
quarto, onde passou horas provando o quanto ele era meu e eu
dele.
Quando a noite caiu, finalmente tivemos nossa noite em frente
ao fogo, celebrando nosso amor da mesma forma que tudo
começou.

Com uma garrafa de champanhe.


Nico

— Eu ainda amo, e sempre farei.

Lágrimas brotaram de seus olhos e as covinhas que eu tanto


amava apareceram com elas. O sol refletido na água como
pequenos diamantes iluminou seu rosto, trazendo à tona as sardas
claras que eu poderia olhar para sempre.

— Eu ainda amo, e sempre farei, — disse ela.

O oficial falou algumas palavras sobre a importância de


manter nossa promessa um ao outro agora e para sempre, mas
tudo que eu conseguia focar era em seu rosto sorridente e lábios
macios. Fazia quase vinte e quatro horas desde que beijei minha
esposa, e um segundo a mais se estendeu como uma eternidade.

— Nico. — Ela sussurrou, rindo.

— O que?

— Beije sua esposa. — Ela ordenou.

Eu estive tão perdido nela que perdi minha deixa, mas não
precisei ouvir duas vezes.
Envolvendo meus braços em volta de sua cintura, eu fechei
meus lábios nos dela e a puxei contra meu peito. Seus braços em
volta do meu pescoço, sua boca sorridente pressionada na minha,
me prendendo no abraço mais seguro que eu temia nunca mais
ter.

Aplausos suaves misturados com o bater das ondas, tão


diferentes dos aplausos estrondosos de estranhos em nosso
primeiro casamento.

- Amo você, Nicholas Knightly Rush - disse ela suavemente


contra meus lábios.

Eu nunca me cansaria de ouvir ou dizer em troca. — Eu


também te amo, Verana Camila Rush.

Um assobio alto nos tirou de nossa bolha, e eu nem tive que


olhar para saber que Raelynn era a culpada.

Ligando minha mão com a dela, virei-nos para caminharmos


pelo curto corredor, passando pelos quatro bancos de convidados.
Olhei primeiro para o meu avô e fiquei um pouco mais ereto
quando ele piscou antes de enxugar uma lágrima perdida. Rae
aplaudiu mais alto, ganhando uma revirada de olhos da montanha
de um homem que eu vim a conhecer como Austin. Nova deu uma
cotovelada em Rae, mas riu, suavizando o golpe. Xander e sua
esposa estavam ao lado de Ryan e alguns outros associados
próximos do escritório de Charleston.

Este foi o casamento que sempre fomos feitos para ter.

Na noite seguinte que queimamos nosso contrato e os papéis


do divórcio, eu a pedi em casamento novamente. Eu me ajoelhei
em frente ao fogo e quase implorei para ela se casar comigo
novamente. Para me dar mais sorte do que eu merecia, ela
concordou, me jogando nos cobertores para outra rodada de
celebração.

— Pronta para o bolo? — Eu perguntei.

— Estou sempre pronta para o bolo.

— Posso enfiar na sua cara desta vez?

— Você pode tentar. — Ela desafiou.

Todos nós caminhamos até a pequena tenda montada perto,


onde a música tocava e champanhe já estava sendo servido.

Semelhante ao nosso outro casamento, fizemos este juntos no


prazo de um mês, sabendo que tentar levar a Mariano Shipping de
volta ao lugar onde deveria estar levaria todo o nosso tempo e
esforço.

Naquele mês, Vera decidiu fazer o MBA e continuar seus


estudos. Ela alegou que queria dirigir a empresa de sua família,
mas apenas quando ela fosse a melhor que poderia ser.

Minha esposa nunca parava de me surpreender.

— Um brinde, — disse o vovô Charlie, segurando sua taça de


champanhe. Todos obedientemente seguiram o exemplo. — Para
meu neto e minha linda neta. Não sei o que fiz para merecer vocês
dois, mas estou feliz que Nicholas conseguiu tirar a cabeça da
bunda por tempo suficiente para conquistá-la para nós dois.

— Sim, sim. — Eu resmunguei.

— Sua avó ficaria muito orgulhosa de você - assim como seus


pais. Vocês dois formam um lindo casal, e eu pude ver a força do
seu amor mesmo quando vocês não puderam. Não tenho dúvidas
de que vocês dois apoiarão um ao outro quando estiverem fracos e
se amarão apesar de tudo. Lembre-se sempre de ser honesto,
humilde e amar, mesmo quando for difícil. — Ele ergueu o copo
mais alto. — Para Nicholas e Verana.

Eu engoli o amontoado de emoções subindo pela minha


garganta junto com o líquido borbulhante gelado.

Antes que eu pudesse terminar, os talheres tilintaram contra


os copos, sinalizando para nos beijarmos.

Não perdendo nenhuma chance que tivesse, eu a puxei de


volta em meus braços e colei minha boca na dela, mordiscando
seus lábios macios. Quando ela fez o mesmo com a minha,
sacudindo sua língua ao longo da picada, eu coloquei meu copo de
lado e usei os dois braços para mergulhar suas costas e
aprofundar o beijo.

— Peguem um quarto, — gritou Xander.

Eu nos coloquei de pé e virei um sorriso malicioso para ele. —


Oh, estou pensando nisso.

Vera deu um tapa no meu peito, mas riu, um leve rubor


colorindo suas bochechas.

— Quanto tempo temos que ficar? — Eu perguntei a ela.

— Hmm... — ela fingiu refletir, apertando os lábios. — Estou


pensando a noite toda. Podemos festejar até o amanhecer. Quero
dizer, Rae já está pedindo tequila ao barman.

— Acho que não. Eles podem fazer o que quiserem, mas estou
pensando em duas horas no máximo.
— Uau, impressionante.

— O quê? — Eu perguntei.

— Eu estava pensando que teria sorte se aguentasse uma


hora.

— Deus, eu te amo.

— Eu também te amo.

— Agora, só precisamos de um bom motivo para desaparecer.

— Está bem. Podemos dizer que não estamos nos sentindo


bem. Podemos culpar o champanhe.

Eu bati meu copo no dela. — Soa perfeito. Assim como você.


Nova
Vera e Nico foram embora duas horas atrás, mas alguns de
nós mudaram a festa para o bar.

— Vamos. — Raelynn lamentou. — Eu quero jogar com a


Naughty Nova.

Eu dei a ela um olhar inexpressivo enquanto ela acenava com


a dose de tequila na minha cara. Ela sabia que era minha fraqueza
e, após a semana estressante de cumprir os prazos do meu novo
emprego, eu poderia aproveitar a noite para me soltar.

— Talvez possamos tentar o Instagram do Parker, — disse ela


em sua voz sedutora, seguido por ruídos de beijo.

Apenas ouvir seu nome trouxe uma série de emoções ligadas


a um milhão de memórias.

— Você é horrível. — Austin resmungou ao lado de Rae.

— Eu sou a melhor e você me ama, — disse ela, dando um


beijo em sua bochecha.

— Alguém precisa. — Ele revirou os olhos, mas continuou a


observá-la mesmo quando ela se virou. Rae o torturava, e ele
sempre a rejeitava, mas era tão óbvio para todos, menos para ela,
porque ele nunca a aceitou em um caso de uma noite. Ele queria
muito mais.

— Vamos lá, você estava rindo comigo, — ela disse a ele.

O último casamento que tivemos de Nico e Vera começou com


uma tonelada de tequila e terminou comigo dançando na pista de
dança enquanto Raelynn rolava pelo Instagram, roubando fotos
que eu jurei matá-la se ela postasse.

Não, ela nunca postou.

Mas ela tinha visto Parker iniciar um vídeo ao vivo no


Instagram que ele convidou os fãs para participar. Raelynn pediu
para se juntar pela minha conta e magicamente foi escolhida. Ela
o cumprimentou, anunciando que só conhecia sua banda porque
sua amiga estava meio apaixonada por ele. Naquele ponto, sem
que eu soubesse, ela virou a câmera para mim. Eu não tinha ideia
de que nada estava acontecendo e deslizei em direção a ela,
cantando junto com Missy Elliot.

Sim, eu não queria repetir aquela performance. Mas apenas a


lembrança disso me fez querer beber o embaraço para longe.

— Dê a Austin seu telefone. — Eu ordenei.

— Oh vamos lá.

— Faça isso. — Eu disse novamente, tirando a foto.

— Bem. — Ela deu a ele seu telefone, e ele o enfiou no bolso


da calça. — Mal posso esperar para caçar isso mais tarde, — disse
ela com uma piscadela.

— Jesus, — ele murmurou.

Ela riu antes de apoiar seu amplo decote no balcão para


chamar a atenção do barman. — Mais três doses, por favor.

Fizemos nossas fotos e meu telefone vibrou assim que outro


foi entregue a mim. Eu cavei no bolso e engoli a bebida.
— Venha dançar. — Rae implorou.

Eu olhei para a tela.

Mensagem de texto do Rockstar.

— Pegue Austin. Já vou sair, — eu disse distraidamente.

— Obrigado por me jogar debaixo do ônibus. — Austin


resmungou enquanto Rae o puxava passando por mim.

— Oh, nós dois sabemos que você gosta. — Eu gritei.

Isso o fez calar a boca.

Assim como toda vez que seu nome aparecia, meu coração
acelerava como um trem de carga imparável. A foto de uma
abóbora esculpida e dedos longos e fortes segurando-a no lugar
acompanhava uma mensagem de texto.

Rockstar: Lembra quando sua mãe fez todos nós esculpirmos


abóboras?

Eu: Sim, como se fôssemos o Brady Bunch. Esse foi o primeiro


ano após o casamento de nossos pais.

Rockstar: Um bom ano, se bem me lembro.

Tinha sido um ótimo ano, mas não consegui enviara resposta.


Quando eu não respondi, outra mensagem veio.

Rockstar: Eu queria que você estivesse aqui.

Rockstar: Quando você vai me deixar vê-la novamente?


Quando o pensamento não me enchesse de pânico. Quando
eu sentisse que poderia vê-lo e ter total controle de minhas
emoções, ao contrário de quando eu era uma adolescente
traumatizada e cheia de angústia.

Ele estava pedindo para me ver desde que me viu naquele


vídeo na sua live no Instagram.

Veja, eu sempre estive ciente dele, mesmo quando ele me


perdeu de vista.

Raelynn e Vera sabiam que eu amava sua banda - eles apenas


não sabiam que eu costumava amá-lo.

Elas não sabiam que ele era meu meio-irmão.

Fim...

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