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ser reproduzido ou usado de forma alguma sem autorização expressa, por
escrito, do autor, exceto pelo uso de citações breves em uma resenha do
ebook.
Vanessa Secolin
1ª edição - 2019
Dedicatória
Índice
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capitulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Epílogo
Bônus especial
Agradecimentos
Sobre a autora
Prólogo
Sua família nunca soube da existência dela e esse foi o seu maior
acerto, não contar sobre ela foi sua melhor decisão, mas talvez se tivesse
contado, a apresentado, a dor ainda não seria tão forte, Emily não teria
mais tanto poder sobre ele, enfrentar isso sozinho o sufocava.
Bem tolas essas regras, mas até aquele instante nenhuma mulher
conseguiu ultrapassar nem a primeira delas.
Allana se recordava bem, certa vez quando seu pai tentava ensiná-
la a andar de bicicleta, a mãe ficara responsável por registrar com fotos
aquele precioso momento em família, mas das duas dúzias que ela tirou,
apenas uma fotografia foi aproveitada, na imagem Allana demonstrava
medo nos lindos olhos azuis acinzentados, porém o sorriso de Alfonso a
tranquilizou e foi quando ele soltou a bicicleta e deixou que ela
pedalasse sozinha, andar sem rodinhas com apenas cinco anos, na época
foi a sua maior conquista, mas ali, olhando incrédula para a tela do seu
notebook ela soube que o pai tinha razão.
Quase vinte anos depois, ela percebeu que o homem que mais ama
na vida estava certo. Um único e-mail fez seu dia ganhar mais cor, fez
seu sorriso dobrar de tamanho e fez seu coração se acelerar.
— Meu Deus minha filha, é sobre aquela inscrição que você fez?
— Não precisa surtar, sei que tirará de letra, tenho certeza que
onde quer que Alfonso e Denise estejam, eles estão muito orgulhosos de
você. — Solange a apertou em um abraço maternal delicioso.
Allana deixou as lágrimas caírem, tudo o que ela mais queria era
ter os pais ali, comemorando com ela essa nova conquista. Com certeza
eles fariam questão de estar em Nova Iorque com ela, em um dos
melhores momentos da sua vida.
— Meu bem é óbvio, quero estar com você nesse dia especial.
Serei o porto seguro que você precisa.
Fora nessa cidade que viveu os melhores dias de sua vida ao lado
dos pais já falecidos, de Suzy, Solange e alguns amigos, mas nunca
imaginou que o seu trabalho seria reconhecido fora de sua terra, tão
longe.
Mesmo assim irá arriscar, esse é o seu sonho e não será agora que
irá desistir pelo simples fato de sentir medo do desconhecido.
∞∞∞
— Vai sair?
— Você ainda vai morrer por causa desse vício. — Suzy falou
ainda de olhos fechados.
A loira sorriu alto, poderia morrer, mas nunca abriria mão do seu
bom e velho café.
— Pelo menos eu morrerei feliz. — Allana fechou a porta do
quarto antes que Suzy voltasse a reclamar do único vício que ela tem.
— Tudo bem. — O tom dele foi calmo e gentil, mas nem isso a
acalmou.
Descendo um pouco mais o olhar ela viu o estrago que tinha feito
na camisa dele, nem o terno que estava aberto seria capaz de cobrir.
A peça elegante que lhe caia perfeitamente foi escolhida por Suzy,
tudo em Allana gritava sexy, mas sofisticada. O tom é champanhe,
acompanhado de uma grande fenda lateral na perna esquerda e um
decote em “v” discreto, a peça é longa e requer o uso de um salto
altíssimo.
— Serei sempre seu porto amiga, assim como você é o meu, mas
não dá esses vacilos não. — A morena sorriu.
∞∞∞
— Acho que foi sim, ele está vindo para cá. — Allana contou
animada.
Suzy não ousou olhar para trás, ela simplesmente saiu em busca de
uma bebida, deixando a artista da noite sozinha com o francês.
Saber que ele estava ali deixou-a nervosa, Lana desviou o olhar e
encarou sua obra.
Ela não entendia o motivo das mãos trêmulas, das pernas bambas e
do coração acelerado.
— Ela foi tirada na última férias que tive com os meus pais,
estávamos acampando, me lembro que quando vi a paisagem, eu corri
para pegar a minha câmera. — Ela sentiu seus olhos marejarem e
engoliu em seco.
— Quantos anos você tinha? — Matthew perguntou, percebendo o
quão emocionada ela estava.
— Eu sinto muito pela sua perda. — Ele sabia que essas palavras
não ajudavam em nada, mas foi sincero.
— Uma pena seus pais não terem vindo, mas foi por um bom
motivo afinal. — Desiree se dirigiu a Matt, dando uma piscadinha
elegante para ele.
Megan.
Lana sorriu agradecida, sua noite nem tinha começado e suas obras
já estavam esgotadas.
— Parabéns.
Ela sorriu para ele, não sabia o que nesse Bittencourt que o tornava
tão cativante, algo nele a puxava, era como se o conhecesse a muito
tempo, não apenas naquela manhã desastrosa e nesse início de noite.
— O prazer é meu.
— É a profissão que mais combina com você irmã, ela não pode
ver uma pessoa se arrumando, que já se intromete. — Matthew tirou
sarro e ganhou um tapa no ombro.
— Uma pena que não poderá ir, mas eu colocarei o seu nome na
lista, caso mude de ideia. — Megan deu uma piscadinha sapeca.
Ela sabia que não iria para esse desfile, que não sairia de Genebra
tão cedo após essa exposição, mas sorriu e agradeceu educada.
Tão lindo...
— Sei que sorriso é esse, aquele que você também fica quando o
Miguel está por perto. — Matthew a provocou, mas voltou a olhar para
Allana, que dessa vez estava acompanhada de Suzy.
— Por que você está toda corada? Quem é aquele bonitão que
estava com você?
— Mas você disse que ele não foi com a sua cara. — Allana
comentou confusa, mas realmente tinha notado a troca de olhares entre
os dois.
— Eu sempre fui assim, você bem sabe. Por que não vem
conosco? — Suzy sugeriu e tomou mais da sua bebida.
— Você é tão certinha, acredito que é por isso que sempre nos
demos bem, afinal eu sou a doida, explosiva, que fala e faz sem pensar,
já você é totalmente diferente.
— Da dupla uma deve ter juízo. — Allana riu com a careta que
Suzy fez.
— Por isso você deveria ir comigo hoje, vai que eu beba demais e
acabo me perdendo na cidade? Quer a minha mãe te culpando para
sempre? — Suzy arqueou as bonitas sobrancelhas.
— Sei bem onde você vai se perder, nos braços daquele francês
ali. — Lana indicou Pierre com um aceno discreto.
Antes de sair completamente, ela deu uma olhada pelo local e não
viu Matthew, ele e Megan não se despediram quando foram embora.
— Eu vou ficar.
— Pode deixar, ela vai voltar inteira para casa. — Ele garantiu.
— Sabe que não pode ser assim para sempre Allana, você é tão
nova, precisa se divertir.
— Pode ficar tranquila, tenho certeza que o meu filho cuidará dela.
— Então ela está com a pessoa certa, Pierre é certo demais, ele
precisa de alguém assim na vida dele. Alguém que o tire dos trilhos às
vezes. — Desiree foi sincera.
— Pode ir minha querida, parabéns mais uma vez pelo seu talento.
— Desiree a abraçou apertado e Allana retribuiu.
Desiree a olhou com amor, essa jovem estava mais do que apenas
perdida, ela precisava de um amparo.
— Deixa-me ver... Tem cara de ser uma pessoa boa, mas é como a
minha tia diz, quem vê cara não vê coração. — A loira repetiu o mantra
que Solange vive falando para ela e para a filha.
— Essa sua tia é uma pessoa muito sábia, mas não irei fazer mal a
você, ficar aqui sozinha sim pode ser perigoso.
— Eu gosto sim.
Mas para Matthew esse pensamento não era para ter sido dito.
Allana o olhou por alguns minutos.
Quando saí essa manhã de casa eu já sabia que meu dia não seria
fácil, parecia uma intuição, um sentimento, até mesmo Ane me alertou e
mandou eu tomar cuidado.
Acenei com a cabeça o fundo da casa para ele, mas eu segui pela
frente. Alcancei a porta a abri devagar, foi quando o olhar do homem
caiu sobre mim que eu vi o desafio.
O desgraçado estava espancando a esposa e ainda se achava no
direito de me desafiar?
Seu olhar dirigido a mim estava vidrado. Sem esperar ele avançou
sobre mim, tentando me golpear no braço, já que eu estava com colete.
Essa era a razão de eu estar ali, eu sabia que não era apenas mais
um simples chamado.
— Você está seguro agora, não precisa mais ter medo, eles não
vão te machucar — comecei calmo.
— O que foi? Sei que aconteceu algo, você está tenso — segurei
suas mãos, mas ele apenas suspirou e disse:
— Mas eu queria ter você aqui todos os dias. — Ele fez uma
careta bonita demais.
∞∞∞
∞∞∞
Ele abriu a porta do carro para mim e acariciou o meu rosto, mas
só me respondeu quando o carro já estava em movimento.
Minha intenção era ensinar que isso é errado, que não se toma as
coisas alheias, mas não vi nenhuma das poucas crianças que tinha ali
com o brinquedo dele.
— Não foi aqui — percebi que ele não queria falar sobre isso,
então encerrei o assunto.
— Eu me chamo Tayane Herrera, mas pode me chamar de Ane —
estendi a mão e ele deixou um riso escapar, revelando dentes pequenos e
alinhados.
— Por isso que eu não me canso de dizer que você é perfeita para
mim, eu te amo...
Capítulo 8
— Não, mas acho que é um amor materno, mesmo não sendo dela,
ela sentiu essa ligação. — Ele comentou sincero.
— Sim, estou ligado ao caso, mas... Digamos que meu pai tem
muitos contatos.
Allana assentiu, não tinha parado para pensar que Matthew
Bittencourt pode ser um homem rico, influente e com certeza membro
de uma das famílias mais importantes de Nova Iorque. O jeito simples e
humilde dele e Megan não denunciou, os dois estavam bem arrumados,
se portam com elegância, mas Allana e Suzy também estava e não são
de famílias ricas e influentes.
Allana trazia uma confiança que nunca antes uma mulher trouxe,
nem mesmo Emily.
Ela não tentou mais se afastar, afinal era apenas um toque gentil de
mãos, mas que estava lhe trazendo uma sensação tão boa, eletrizante,
confiável, diferente, inesquecível.
— O que você quer saber? — Ela perguntou e usou a mão livre
para pegar sua taça com água e beber.
— Qual é a sua...
— 23.
— Você está tentando mudar o assunto. Por que iria falar comigo?
— Ela o olhou questionadora, querendo entender aquilo.
— Eu não tinha nenhum até te conhecer, mas sei que isso está
prestes a mudar. — Ele falou em um tom rouco e foi quando Allana
percebeu que Matthew Bittencourt é um homem decidido, ele nunca
deixaria o assunto anterior morrer, não sem antes falar o que queria...
Capítulo 9
Sempre foi uma garota bonita, mas nunca lhe falaram palavras tão
provocantes e carregadas de segundas intenções. Estava acostumada aos
simples elogios, aos olhares de vez em quando, mas nunca se sentiu tão
ligada a um homem como se sentiu em relação ao Bittencourt.
Queria que fossem os lábios dele que ela mordesse assim, queria
beijar aquela mulher mais do que qualquer coisa no momento.
Na entrada do hotel, ela deu uma última olhada para ele e sorriu,
recebendo um outro sorriso em resposta.
Suzy mal conhecia Nova Iorque, mas nem isso a fez dormir no
hotel. Imediatamente Allana pegou o seu celular e ligou para a amiga.
— Eu não nasci para perder tempo Lana, sou assim e sempre serei.
Gosto de aproveitar cada momento que a vida me dá — respondeu
sussurrando, tentando evitar que Pierre a ouvisse.
Arriscou dar uma espiada nele, ainda estava dormindo e pelo visto
o sono é bem pesado, afinal não acordou nem quando o celular tocou.
Ou ela acha que não.
— Sabe que pode e sabe muito bem o que penso a respeito disso...
— Suzy começou com seu habitual diálogo.
— Tudo bem, tudo bem, está cedo demais para discutirmos sobre
isso. Vai aproveitar esse francês mais um pouco e inicia o dia da forma
mais deliciosa que tem. — Allana sugeriu.
— Você acha que não? É claro que irei aproveitar mais desse
homem, pensa em um cara gostoso. Sério eu poderia me perder nele
para sempre. — Ela deixou um suspiro escapar e voltou a admirar Pierre
adormecido na cama, apenas um lençol cobrindo a sua nudez masculina.
— Eu vivi para ouvir que você vai ficar com um homem mais de
uma vez? O mundo está acabando, só pode. — Allana dramatizou.
Allana sorriu.
Suzy suspirou satisfeita, ela com certeza queria muito mais desse
homem.
— Se você acha que ontem foi a melhor foda da sua vida, esteja
preparada para apreciar esse corpo aqui, sem álcool nas veias. — Pierre
apontou para si mesmo, todo a vontade em sua própria nudez.
Ontem ambos tinham bebido, só que nem isso foi o suficiente para
a noite não ser maravilhosa e memorável, mas o olhar de Pierre nessa
manhã estava deixando Suzy ainda mais curiosa e desejosa para
aproveitar-se dele.
E foi isso que ela fez, o beijou ferozmente, cheia de vontade e sem
reservas, querendo muito passar o dia todo na cama com ele, afinal
amanhã já teria que ir embora...
Capítulo 11
Como o dia estava frio, ela optou pelo seu habitual jeans e casaco.
Uma escolha confortável.
Não é errado sair com ele. Repetiu mentalmente, desde que não
caísse na tentação daqueles lábios.
Mesmo que em seus sonhos ela acabou cedendo ao desejo e
provou do beijo de Matthew, ela lutaria e resistiria até o fim.
O nome no visor era a razão da sua dúvida, sabia que não deveria
ir, mas ao invés de cancelar com Matt, ela simplesmente rejeitou a
ligação e seguiu o seu coração pela primeira vez.
Ele também optou por um jeans, só que escuro, tão preto quanto
sua camisa de mangas longas, ele estava todo de preto, mas o que mais
chamou a atenção dela foi o sorriso e o brilho nos olhos azuis.
Os dois estavam em uma mesa afastada, mas que dava para ver
todo o estabelecimento.
Sempre foi de ficar na dela, sem chamar a atenção para si, mas
parecia que Matthew era bem diferente, atraia olhares até mesmo
masculinos.
— Não obrigada.
Estava sendo uma idiota, e não deixaria uma coisa boba dessas
estragar o único café que tomaria com ele.
— Não é você, sou eu, estou acostumada a beber apenas café de
manhã — mentiu sorrindo, afinal Solange nunca deixava as meninas
saírem para o trabalho sem tomar um bom e reforçado desjejum.
Acreditou que ele diria algo sobre estar acompanhado, mas não,
ele apenas sorriu sem mostrar os dentes e aceitou o guardanapo com o
número da desconhecida.
— É por causa da mulher? Sei que foi chato, mas não deve
estragar a nossa manhã por causa disso. — Ele a tocou na mão.
Allana se retraiu.
Sabia que suas ações e palavras demonstravam isso, mas ela não
tinha esse direito.
— Ciúmes? Não, claro que não. — Ela olhou para a xícara, seu
café já estava frio, assim como todo o seu corpo agora, apenas em
cogitar que estava sendo ciumenta logo por ele, um homem que nem ao
menos conhecia.
— Mas ela não percebeu isso, a única coisa que ela estava
pensando é nesse seu maldito sorriso sexy. — Ela não controlou as
palavras antes que saíssem.
— Juro que não tinha te visto, senão eu nem teria estragado o meu
café. — Ela comentou engraçada.
Pelo pouco que dava para ver com o colarinho da camisa aberta,
não tinha marca nenhuma, a não ser que fosse mais em baixo.
— Não estava, mas depois que descobri que você é de uma família
de advogados, sendo advogado também, eu comecei a me preocupar
muito.
— Por quê? — Ele perguntou com um sorriso, já imaginando o
que ela responderia.
Matt sorriu ainda mais, ele sempre sorria com Lana ao seu lado.
— Por quê? — Ele ainda estava perto demais dela. Tão próximo
que estava cada vez mais difícil se segurar.
Allana percebeu que estava muito envolvida em algo que ela sabia
que não deveria, então se afastou, aproveitando a brecha que Matthew
deu ao tocá-la na face.
— Não sou esse tipo de mulher, uma noite e já basta, não sou
assim. Sei que você está acostumado a ter tudo o que quer, percebi isso
no café, qualquer mulher daria tudo para estar aqui no meu lugar, mas eu
não sou assim.
— Por que você acha que eu fui atrás de você? Por ter notado que
você não é assim. — Ele contou, querendo que ela deixasse essa história
de errado para trás e permitisse que a beijasse.
— Então por que pegou o número da mulher do café? — Ela tinha
que perguntar isso, ela queria muito entender.
— Juro que não farei nada que você não queira. — Ele prometeu.
— O quê?
De todas as promessas que já fez, essa foi uma das mais difíceis de
cumprir. Só não foi a mais difícil porque a que fez para Megan é a que
ocupa o primeiro lugar, prometer para a sua irmãzinha que não contaria
para o pai de seu filho a existência do bebê, foi a coisa mais difícil que
ele já fez.
— Como você tem tanta certeza que não ligaria para aquela
mulher do Starbucks? — A pergunta de Allana o tirou de seus
pensamentos.
Os dois estavam caminhando até o carro dele, o dia já estava
chegando ao fim e Matthew detestava isso.
— Regras? Para quê? — Ela não queria ser invasiva, mas sua
curiosidade era gritante.
Ela quis rir, se conheciam a tão pouco tempo, mas ele parecia
conhecê-la tão bem.
— Não, hoje não, mas saiba que você já passou por três delas. —
Ele voltou a olhá-la rapidamente.
Porra, estava atraído demais por essa mulher, mas a cada passo
que ele dava, ela recuava dois.
Mas tinha tantas coisas no caminho dos dois, por isso ela sentiu
medo, muito medo.
Allana o entendia, ela sentia o mesmo, mas sabia que não poderia,
nunca deveria ter alimentado essa pequena atração entre os dois.
Sua atenção estava nos lábios dele, ela queria tanto poder beijá-lo,
mas isso era um erro, o maior que ela poderia cometer.
— Eu não sou assim, eu... — Ela voltou a falar, se afastando.
— Sei que também sente isso Allana, dá para ver nos seus olhos.
Ele ansiava pelo momento que ela cederia passagem para a língua
dele, para enfim provar o gosto que ele tinha certeza que seria a sua
perdição.
Allana olhou para o toque dele, depois para o seu rosto e por fim
para os seus lábios.
— Ficou com ela? — Meg apoiou o rosto nos braços, olhando para
ele curiosa.
Matthew assentiu, a pior parte de tudo isso é que sendo sincera, ela
acabou ultrapassando a quarta regra e ele se angustiava com medo de
que ela ultrapassasse a quinta sem ele notar.
Quando a mulher que ocupa a mente dele desde que ele a viu,
confessou ser comprometida, Matthew sentiu como se um balde de água
fria tivesse sido jogado na cara dele.
Mas o olhar dela gritava que não podia fazer isso, e ele não fez,
simplesmente a olhou com pesar, virou as costas, entrou no carro e saiu
do estacionamento sentindo ciúmes de alguém que nunca foi dele.
— Às vezes não entendo a razão dos nossos pais não terem parado
no quarto filho. — Ele foi para a frente do espelho, dando o nó na sua
gravata.
Megan revirou os olhos, mania essa que ela e Elliot têm, e que fez
com que Matthew se lembrasse de Allana.
Ele se sentou ao lado dela e narrou o que achou ser útil, contou
que Allana também estava atraída, mas que no fim não podia por ter um
compromisso.
Ele refletiu.
Era uma grande loucura isso, vindo de Megan só poderia ser, mas
Matthew se pegou pensando no assunto. Querendo ir.
— Mas quem disse que ela é casada? Você foi lerdo demais e nem
perguntou. Vai atrás dela e ao menos tente.
Essa frase fez com que o coração dele saltasse no peito. Nem no
domingo, não estava com nenhuma aliança desde que a viu no
Starbucks.
— Talvez eles sejam aqueles casais que não usam alianças. — Ele
comentou.
A curiosidade dele estava cada vez mais intensa. Pedir para Ethan
investigar a vida de Allana estava fora de cogitação, mas por que a
vontade de pegar o celular e fazer exatamente isso passava pela mente
dele?
Ethan olhou para Matthew querendo sorrir, ninguém ali além dele
sabia da existência de Allana.
— Só deve ser cansaço. Entendo você, hoje o meu dia também foi
puxado. Como está o caso do Enzo? — Ethan o salvou, todos se focaram
na questão da adoção.
Ethan se via cada dia mais apaixonado por aquela mulher, que
alegou, mesmo após a conclusão da adoção de Enzo, ela faria questão de
todos os meses visitar aquele lar e fazer daquelas crianças um pouco
mais felizes.
∞∞∞
— Entre — mandou.
— Não sei se vou conseguir ajudar, quase não sei nada sobre ela.
— Com as palavras de Matthew, Ethan franziu o cenho confuso.
É ela só é isso. A garota que foi embora sem nem ao menos beijá-
lo.
A foto de Allana apareceu, revelando que seu único crime foi uma
multa de carro, por excesso de velocidade, uma única vez há dois anos,
mas já foi o suficiente para encontrar ela no sistema.
— Sim, claro que está. Vai até a Suíça apenas para matar a
curiosidade então? — Ethan sorriu maldoso.
Ela não é casada e se a atração que ele sentiu foi recíproca, ele não
desistirá de tentar algo com ela.
Não sabia o que diria, o que faria, mas de uma coisa tinha certeza,
iria atrás dela.
— Pelo visto você está sem sono mesmo e me fará companhia, não
é? — Matthew falou com o menino de apenas um ano e meio em seu
colo. — A mamãe precisa descansar também garotão, cuidar de você
sozinha não é fácil para ela. — Ele comentou, recebendo em resposta
um bufinho como se estivesse irritado.
— Você não vai dormir pelo visto, então vamos ficar aqui os dois,
sem nada para fazer até as sete da manhã, o que acha? — Ele encarou o
bebê.
— Hoje o tio irá buscar a sua futura titia, não vou voltar sem ela
nos meus braços, me deseja sorte viu? — Henrique bocejou, deitando a
cabeça no ombro do tio novamente.
— Ela tem um namorado ou noivo, sabia? Mas isso não vai ser o
suficiente para eu desistir, sei que ela também sente algo por mim. —
Ele continuou falando e lentamente os dedinhos do menino pararam de
se mexerem nos cabelos do tio, demonstrando que ele havia dormido.
— Acho que eu não deveria viajar Megan, não com os nossos pais
fora, não devo deixá-la sozinha.
— Megan ele quer muito, todos sabemos, mas você sabe que um
dia ele vai cansar de insistir.
— Matt...
— Ontem ele falou papai para o Miguel, bem nítido. Foi até fofo.
— Ela comentou emocionada.
Ele continuou com ela em seus braços, cuidando da caçula que ele
sempre iria proteger. Até que ela adormeceu, pensando nas palavras do
irmão.
∞∞∞
Já que nessa manhã despertou disposto, iria atrás dela, após tomar
o seu desjejum.
Matthew notou que a mulher à sua frente não era tão fluente no
seu idioma quanto Allana.
— Quero falar com a Allana. Ela está? — Por incrível que pareça,
ele falou devagar, calmo, deixando a senhora compreender suas
palavras.
Ele desceu do carro decidido. Não iria embora sem falar com ela.
É claro que a vida não seria tão fácil, não podia ser um
namorado, tinha que ser um noivo. — Pensou Matthew com evidente
ciúme de alguém que nem era dele.
Foda-se que era noiva dele, ele estava ali e não sairia sem falar
com ela. Nem se tivesse que esperar.
Matthew o olhou sem entender. O que raios ele quer dizer com
isso?
— O que você quer dizer com isso? — Seu tom ainda firme, a
cada segundo detestando mais o infeliz que a decretou como sua.
— Pelo visto você não desistiu, vir de Nova Iorque até aqui atrás
da minha garota. — O loiro fez questão de frisar o pronome possessivo.
Ele acreditou que Allana também o desejava, afinal via isso nos
olhos acinzentados dela, mas pelo visto se enganara, afinal ela aceitou se
casar com um babaca completo.
— É melhor você voltar para o seu país, logo ela será minha
esposa, não é você e nem ninguém que mudará isso. — O tom do loiro
fez Matthew sair de seus pensamentos.
— Quem perde é ela, não sou eu. — Ele respondeu por fim, saindo
do lugar onde nem deveria ter pisado...
Capítulo 18
Allana Sulatte...
Esse garoto foi o que acreditei amar, não o homem que ele se
tornou.
Tinha quase certeza que a razão dele não me acompanhar foi por
orgulho ferido.
Ele.
Eu queria, mas não podia confessar em voz alta a falta que estava
sentindo do Bittencourt, afinal ainda estou com o Luan, mesmo que seja
em um relacionamento complicado, ainda é um.
Nada dele.
Não era esse beijo que eu queria, não era mais ele quem eu queria.
Quando Luan me encarou, vi em seu o olhar a confusão.
— Sim, eu sei.
— Foi você quem não quis ir comigo, não venha com graça agora
— respondi ríspida.
Confesso que me dói terminar tudo, mas ele mudou tanto, não é o
mesmo garoto que me encantava.
— Eu quero termin...
— Desde que você viajou eu senti muito a sua falta, então decidi
comprar isso. — Ele retirou uma caixinha do bolso.
O quê? Bem agora? Não! Que não seja o que estou pensando.
Olhei para a caixinha que ele abriu lentamente, depois para o anel
e depois para ele, que me olhava em expectativa.
Dessa vez eu não faria tudo por ele, não mesmo. O pedido formal
teria que vir dele.
— Allana, você não vai terminar tudo assim, não mesmo, isso só
acaba quando eu quiser. — Ele se exaltou e agarrou meu braço forte.
Essa frase e esse puxão me fizeram notar que o nosso fim não seria
amigável.
— Sabe que eu não sou assim Luan, nunca te trairia. Sabe que esse
relacionamento não está dando certo, deveríamos ter terminado muito
tempo antes.
— Tudo isso só por que eu não viajei com você? É isso? Porra
Allana, eu queria ganhar essa exposição, eu merecia mais que você. —
Ele respondeu a própria pergunta, de forma rude.
O olhei chocada, achei que mesmo perdendo, ele me apoiaria, mas
pelo visto não.
— É outro homem tenho certeza, sua amiga Suzy quem fez você
ficar com outro, não é? Ela é uma vadia, sempre quis nos separar e pelo
visto você se tornou uma também. — A única resposta minha que ele
recebeu foi um belo tapa na cara. Dei o tapa com toda a minha força,
sentindo minha mão latejar com o ato.
— Já que tudo está bem, por que não aceita o anel? — Ele o
retirou da caixinha e o enfiou no meu dedo.
— Luan quem você acha que eu sou? Depois de tudo acha que eu
ainda iria querer olhar para você? Me casar com você? Me deitar com
você? Você só pode estar louco se acha que sim — joguei o anel na cara
dele, indo para a porta do quarto e a abrindo, pelo menos Suzy e Solange
poderiam me ajudar a tirar ele daqui.
Allana Sulatte...
Eu sei que isso era causado por Matthew, mesmo cinco dias
depois, eu ainda pensava nele, o desejava.
Minha vida é aqui, sempre foi, acredito que ele nem pense mais
em mim, que essa obsessão louca aconteceu só comigo, afinal quando eu
contei que era comprometida, vi a decepção nos olhos lindos e claros,
ele ficou triste. Não pretendo voltar para lá e enxergar esse olhar
novamente nele.
Mas pensar sobre isso agora me faz rir, afinal todo o respeito que
dei a esse homem, não me resultou no mesmo, afinal Luan mesmo
confessou que me traía, com frequência.
— Bom dia Allana, venha até a minha sala. — Hugo, meu chefe e
dono desse estúdio pediu.
Meu Deus será que ele irá me demitir? Eu não posso perder esse
emprego.
∞∞∞
— Para de rir de mim, você cozinha tão mal quanto eu. — Ela me
bateu com o pano de prato.
— Por que não buscamos alguma coisa? — Sugeri e vi quando os
olhos dela brilharam, satisfeita ela desligou o fogão, dando fim ao seu
prato malsucedido.
Matthew Bittencourt...
Isso fez dela a minha obsessão, pelo menos era assim que eu me
sentia em relação a essa loira, linda e talentosa.
O que levou ela a aceitar se casar com ele? Alguém que nem ao
menos a acompanha em um evento especial como o que ela ganhou.
Tão linda...
Mas cada um tem o que quer e pelo visto é ele quem ela quer, não
sou eu quem vou atrapalhar isso.
∞∞∞
Allana Sulatte...
Olhei incrédula para a mensagem.
— Meu Deus, Matthew esteve aqui Suzy, aqui em casa, ele veio
atrás de mim. — Comecei a andar pelo quarto nervosa.
Só então me toquei.
— Megan?
— Não estou brava. Estou furiosa, como e por que o Pierre tem o
número daquela mulher? Em? Ele me respondeu na hora, como se
soubesse o número de cabeça, acredita? — Ela desviou o olhar do
trânsito e me olhou.
— Do jeito que você fala até parece que estão juntos há anos em
um relacionamento sério.
— Eu sei bem.
— Porque é lá que ele está, ou assim espero, já que foi isso que a
Megan disse. Temos menos de cinco minutos para o voo decolar. —
Suzy comentou.
Senti meu coração se acelerar ainda mais. Saber que ele está indo
embora, sem nem ao menos me procurar, me afetou mais do que eu
gostaria.
Luan tinha conseguido o que queria, ele fez todo aquele teatro na
frente do estúdio apenas para Matthew ver, e eu me arrependo por não
ter entendido antes.
Está no sangue dessa família não desistir e com Matthew não foi
diferente, não conseguiria ir embora sem falar com ela uma última vez.
Voou até ali, apenas para vê-la, ir embora sem fazer isso era
exatamente o que o noivo dela queria. Que ele desistisse sem nem ao
menos tentar.
Quando chegou em frente a bonita casa, ele notou que estava tudo
apagado. Não havia ninguém.
Foi quando Matthew supôs que ela estaria com o loiro de mais
cedo, ele sentiu o sangue esquentar. Um ciúme que não deveria existir,
surgir.
Allana tinha ido atrás dele feito uma louca, para no fim descobrir
que o Bittencourt embarcou de volta para Nova Iorque sem nem ao
menos falar com ela.
Aquilo doeu mais do que deveria e foi quando ela percebeu que
estava se apaixonando por um completo desconhecido.
— Você deveria ir para Nova Iorque, falar com ele, quem sabe não
consigam se resolver? — Suzy comentou tentando ajudar a amiga.
E foi virando lentamente que Allana o viu, parado logo atrás dela,
provavelmente ciente do que ela acabou de desabafar com a amiga.
A loira ainda não acreditava que ele viajou até ali por ela, estava
parado diante dela, na frente de sua casa.
Allana tinha se tornado tão transparente para ele, que ele saberia o
que se passava em seus pensamentos apenas olhando-a.
Allana o olhou agora surpresa, não esperava que ele fosse tão
direto assim tão fácil, desde que conheceu o Bittencourt ela percebeu
que ele não era extrovertido, Matthew era mais na dele, mais tímido.
— Acredito que você tenha ouvido o que contei para Suzy, certo?
Ela cruzou os dedos mentalmente, torcendo para que ele não tenha
ideia do que ela está falando, mas o sorriso genuíno que cresceu nos
belos lábios do homem à sua frente foi a prova de que sim, ele já sabia
que ela estava entrando em um caminho perigoso e desconhecido, a
paixão.
Para ela, estar com Matthew parecia o correto, era muito mais
prazeroso a companhia do Bittencourt, um homem que ela pouco
conviveu, a de Luan, o garoto que cresceu ao seu lado e se mostrou ser
um completo desconhecido no fim.
Ela apenas sorriu, satisfeita com essa resposta, mas o que ele disse
em seguida a surpreendeu ainda mais.
— Eu vim para cá para saber se você se sentiu tão atraída por mim
quanto eu por você, se você também sentiu a minha falta, e... — Ele deu
uma pausa, mas decidiu ser sincero — queria ter certeza que você não
era casada, e se não fosse, aproveitaria para saber se há alguma chance
entre nós.
Allana que não sabia o que responder ficou em silêncio por alguns
instantes, os olhos claros dele a analisando com atenção, aflito, desde
seu último envolvimento, ele não tentou nada mais sério com nenhuma
outra mulher.
Matthew detestou o que ouviu, saber que Allana foi daquele infeliz
por quase uma vida o incomodava demais.
— Sim.
— Por que ele não foi com você para Nova Iorque? — Matthew
perguntou o que mais o intrigava.
— Ele não aceitou muito bem a rejeição, falou coisas dos meus
falecidos pais, se mostrou ser alguém que eu não conhecia, ele nunca
tinha sido violento antes. — E essa última frase fez Matthew se afastar
dela, olhando-a com atenção.
— Não minta para mim. Eu sei que ele te agrediu, você é péssima
mentindo.
Ele iria voltar para Nova Iorque, mas não antes de dar uma boa
lição naquele infeliz.
— Eu apenas não contei para proteger vocês, não queria que Suzy
ou a Solange fossem falar com ele e acabassem machucadas, assim
como não quero que aconteça nada com você, Luan é violento, agora eu
sei disso. — Ela respondeu preocupada também, a ideia de Matthew ou
as duas mulheres que ela considera sua família se machucar por causa
dela a amedrontava demais.
Pensar que teria que voltar para casa o sufocava, Allana parecia
ser o certo para ele, e nada seria capaz de mudar isso, nem mesmo a
distância.
Allana encarou o cara à sua frente, tão lindo que até parecia ser um
pecado, e não se viu encaixada em uma família perfeita dessas, com
mulheres incrivelmente lindas, sem contar a mais nova, a filha com
certeza era digna de um prêmio por graça, beleza e educação, Megan era
definitivamente uma bela mulher.
— Pelo visto você também, já que sabe até onde eu moro, isso eu
não sei de você. — Allana sorriu, sentindo um pequeno arrepiou de frio.
— Você tem algum compromisso aqui? — Ela sabia que não, mas
perguntou mesmo assim.
Matthew sabia que não deveria, mas aquela mulher o tinha nas
palmas das suas mãos e nem sabia disso.
Allana Sulatte...
Sozinha com ele pela primeira vez, confesso que estava nervosa,
mas de um jeito delicioso. Nesse momento não sabia se o meu
nervosismo era a razão das minhas mãos frias ou se era o frio que estava
lá fora.
Tem variados tipos de fotos, com Suzy fazendo graça, Solange nos
mimando, meus pais quando eram vivos fazendo churrasco com todos os
amigos, minhas na escola, na adolescência e até mesmo bebê.
Não estava com medo e tão pouco arrependida, longe disso, ter
Matthew aqui parece o certo para mim.
Tudo é, afinal desde que o vi pela primeira vez, algo inédito surgiu
em mim.
— Não estou assustada, apenas não sei como agir. — Optei por ser
sincera.
E as consequências?
— Claro que sim, tive que fugir, se não teria te arrastado para o
banheiro do Starbucks e teria feito você minha ali mesmo.
— Não costumo sair, mas tive que me vestir às pressas para correr
atrás de um homem que estava indo embora sem falar comigo — mordi
meu lábio inferior devido ao olhar que ele me lançou.
— Sim Matt, não poderia deixar você ir embora sem saber que era
tudo um mal-entendido.
Ele sorriu, aquele sorriso que ilumina tudo ao redor e me faz sorrir
também.
É tão delicioso e ele sabe fazer tão bem que não demorou para eu
atingir um orgasmo forte, gostoso, nunca sentido com tamanha
intensidade antes.
— Você é tão linda baby, nunca mais deixarei que saia da minha
vida. — Com essas palavras, Matthew me possuiu.
A minha primeira noite com ele está sendo tão deliciosa e tão
certa.
Matthew Bittencourt...
Estar ali com ela parece tão certo, que minha vontade é nunca mais
ir embora.
Mas na noite passada eu percebi que já era tarde para sentir receio,
já estou apaixonado por essa mulher, não viria até aqui se não estivesse
e a noite passada só serviu para me confirmar ainda mais isso.
Notei desde o início, desde que a vi pela primeira vez, que Allana
é diferente de todas as mulheres que já conheci, principalmente de
Emily, não pelo fato de ela estar sorrindo para a fachada de um
Starbucks, mas por notar que o sorriso era verdadeiro, que ela estava se
sentindo feliz apenas em poder estar ali.
Eu estava quase indo atrás dela, mas a visão do seu corpo despido,
em plena luz do dia, me paralisou.
— Volte para essa cama baby, é tão injusto sair assim e me deixar
nesse estado.
Só ouvi o riso dela e fui atrás.
— Você poderia ter feito na hora que abriu esses belos olhos —
falei acariciando a sua cintura nua.
Estava feliz em ter feito amor com ela pela primeira vez em seu
quarto...
— Fico feliz que eu tenha sido o primeiro que dormiu ao seu lado
— comentei convencido, a puxando para mais perto.
Allana gargalhou.
— Isso mesmo que você ouviu senhor Bittencourt, você não foi o
primeiro.
— Você não fez isso. — Ele caminhou para mais perto, pegou a
foto da mão dela e analisou.
Sorrindo ela caminhou até ele, ainda segurando a mini câmera nas
mãos.
Ela o olhou. Sua expressão não era uma das melhores, para
Matthew sentir ciúmes é ainda pior do que esconder seus sentimentos, é
algo tão ruim, uma vontade louca de pegar a pessoa e ter apenas para si,
assim nunca mais correr o risco de sentir aquilo novamente.
— Ainda bem que sim, eu busco a sua mala, cadê a chave daquela
belezura lá fora.
— Mãe, acredito que mesmo com quase trinta anos, eu nunca vou
conseguir ouvir você falando de suas intimidades. — Ela fez drama e
Allana apenas achava graça da situação.
Imaginava como seria agora, com os pais vivos, será que eles se
importariam de Matthew ter dormido com ela? Será que também fariam
brincadeiras a respeito disso? Tantos serás que não serão respondidos.
Allana estava quase se entristecendo, quando a voz de Solange a
despertou desse devaneio:
— Acha que você foi feita como filha? Com meu dedo que não
foi. — O tom cobre intenso que tingiu o rosto de Suzy mostrou que ela
estava envergonhada.
— Nem tente, minha mãe não bate muito bem. Só o fato de ela
estar de bom humor essa hora da manhã, já mostra que ela é louca. —
Suzy foi evasiva.
— Não, sim...
— Sim ou não?
Bônus Suzy...
— Também dei o meu número para você, por que não ligou? —
Eu quis ser simpática, já que quem precisa de um número para salvar o
quase relacionamento da melhor amiga sou eu, mas né? Eu sou assim,
não levo desaforo para casa.
Droga, eu não deveria ter ligado para ele, não se soubesse que
seria assim.
Mas eu ainda tenho que ligar para a loira lá e assim eu fiz, com
isso descobri que Matthew pegaria um voo em pouquíssimo tempo.
Ele estava indo embora, sem falar com a Allana. Isso é inaceitável.
Eu já estava quente, desejando ter alguém que sei que nunca seria
meu, quando meu celular tocou.
Talvez fosse o destino, talvez fosse uma ligação entre nós, talvez
fosse... Apenas sorte.
Era Pierre me ligando e eu juro que iria deixar tocar até cair na
caixa postal, mas meu dedo traidor aceitou a ligação e meu coração,
bom eu já não tinha certeza se era realmente meu...
Capítulo 29
Bônus Pierre...
— Não sei como me conhece tão bem, queria ser assim com você,
mas você é igual ao seu pai sabe esconder seus sentimentos.
A expressão fechada da minha mãe foi a prova de que não era isso
que ela queria saber.
Só quem tem uma mãe intrometida e louca para saber sobre a sua
vida amorosa vai me entender nesse momento.
Ou ao menos tentar...
Sua chegada foi tão turbulenta, só não ganhou de sua partida, que
foi mais turbulenta e repentina ainda.
— Eu a adorei, sabe? Meu santo e o dela bateu, ela seria uma boa
nora, meio doidinha, mas é disso que você está precisando, vive essa
vida responsável e chata, precisa dela para dar uma chacoalhada nessa
chatice. — E aí estava a sinceridade.
Suspirei levantando-me.
Ela disse que não teria como continuarmos, disse que a distância
era grande demais e que nunca daríamos certo.
Essa foi a razão de eu ainda não ter ligado, ela não quer, eu não
ligarei.
Será que ela sente a minha falta assim como eu sinto a dela?
— Também dei o meu número para você, por que não ligou? —
Eu quis contar que nesses cinco dias fiquei encarando o celular louco
para ligar, mas foi ela quem não quis que eu me aproximasse.
— Que bom, então me manda. — Após isso ela desligou sem nem
ao menos se despedir.
— Sua mãe não te ensinou que desligar na cara das pessoas é falta
de educação? — Eu provoquei.
— Touché. Você tem razão, liguei porque queria ouvir a sua voz,
só mais um pouco. — Eu fui sincero.
— É claro que respondi, você que não percebeu. — Pelo seu tom
tenho certeza que ela está brava.
— Eu preciso desligar.
E a saudades me matou.
— Está bem, eu passo aqui para te pegar daqui a uma hora. — Ele
respondeu colocando a carteira no bolso e pegando a chave do carro.
Era meio verdade, já que ele ligaria para Ethan que estava
preocupado com a audiência e ligou várias vezes na noite passada, mas
sobre o hotel era mentira, ele não tinha mais nada para resolver lá, afinal
fez o checkout no dia anterior.
Mas precisava fazer uma visita para alguém e deixar claro que
Allana tem quem a protege agora.
— Bom... Eu liguei e disse que não vou hoje, falei que estava com
mal-estar.
— Foi uma pequena mentirinha, só para não ir. — Ela sorriu sem
graça, fazendo uma carinha de culpada.
— Pelo visto você nunca fez isso antes. — Ele constatou ainda
rindo.
— E por que irá faltar hoje? — Ele sabia a resposta, mas queria
ouvi-la confessando.
— Oras, não é óbvio? Eu quero ficar com você até as três, te levar
no aeroporto e me despedir com carinho.
Isso estava virando um vício. Beijar ela era tão bom que Matthew
detestava imaginar como seria ficar sem Allana.
Matthew Bittencourt...
Ela está furiosa e tenho certeza que já sabe o que foi que eu fiz.
Antes de mais nada, quero ressaltar que não me arrependo nem por
um segundo.
É injusto, eu sei.
Porém hoje de manhã quando eu fui procurar por ele, coisa que
não foi difícil já que com um telefonema eu consegui as informações, o
bastardo teve a ousadia de dizer que passou a noite com ela, nem vou
entrar em detalhes das merdas que ele me disse.
Avisei e saí, sabendo que ele me procuraria, tinha certeza que isso
não tinha acabado ainda. Mas o mais importante era Allana e nela eu
sabia que ele não encostaria nunca mais, já que seu ódio foi direcionado
a mim agora.
— Não penso como você, ele te marcou e isso ele teve que pagar
— falei me levantando e tocando levemente no machucado dela.
Beijei a marca roxa e fui subindo pelo braço, até chegar eu sua
boca, para beijá-la intensamente.
É sério isso?
— Está preocupada com ele? — Meu tom saiu mais rude do que
eu pretendia.
Mas amor?
— Sim Matthew, eu amo você, pode ser cedo eu sei — ela sorriu
se esforçando para não chorar, mas prosseguiu, — só que nada nem
ninguém pode mudar o que eu sinto por você.
Allana o ama, mas esse sentimento está apenas nascendo, ele irá
crescer e se depender dela ele irá permanecer entre os dois.
Quando ela confessou amá-lo, não esperou ouvir que era
recíproco, ela só quis contar. E Matthew não disse se a amava também
ou não.
Ela assentiu, percebendo que era sim alguma coisa, mas que
aquele não era o momento ideal para cobrar respostas sinceras.
Tudo o que queria estava ali com ela, por pouco tempo, mas ainda
assim, com ela.
∞∞∞
A cada instante ele pensava nela, ao fechar os olhos era ela quem
via e ao se recordar de anos antes ele percebia que era com ela com
quem ele queria estar.
A última regra seria falar a frase até então proibida, a que ele tanto
fugiu. Afinal apenas três mulheres na sua vida a ouviram, a sua mãe, a
sua irmã e a última foi o seu maior erro.
Não antes de ter certeza que essa mulher é merecedora de tal ato...
Capítulo 33
O amor é algo estranho, para ele não existe tempo, idade, religião,
nada disso importa. Nada disso precisa ser levado em consideração.
Quando dois corações se tornam apenas um, não tem como evitar.
É amor na certa.
Ela tinha namorado, mas era com o Matthew que ela queria estar...
Encontrar com ele a mulher quente que ela sabia que existia dentro
de si.
Não foi difícil, a cada toque ela se sentia queimar, de uma forma
única, intensa demais, mas tão boa, que ver Matthew indo embora a
partiu.
Por que não demonstrar que é tão louca por ele também?
Por que não deixar seu país de nacionalidade e voar para Nova
Iorque atrás de alguém que fez o mesmo por ela?
Suzy sempre seria a sua cupido preferida, isso quando era com
Matthew, afinal Luan passou a não ter o afeto da melhor amiga de uns
tempos para cá.
Para quem nunca tinha saído do país que nasceu, viajar para a
cidade que nunca dorme duas vezes no mesmo mês era um grande feito.
E ela estava indo confiante, ela tinha uma razão para isso.
Claro que no fim do mês a fatura do seu cartão de crédito irá pesar,
mesmo estando na classe econômica, mas valerá a pena.
O homem que ela ama vai ganhar o seu primeiro caso e ela quer
estar com ele.
O mais interessante ainda era que esse não era um simples caso,
mas sim a adoção de um futuro sobrinho.
Estar lá para Allana é o certo... E assim ela fez, planejou sua ida
para chegar a tempo de assistir a audiência.
Ela tinha percebido assim que ele partiu, que nada faria mais
sentido sem ele ao seu lado. Precisam dar um jeito nessa distância.
∞∞∞
— Relaxa Matt, você parece mais preocupado do que nós dois que
somos os futuros pais.
— Você não vai nos desapontar Matt, acredite se tem alguém para
ganhar essa causa, esse alguém é você. — Tayane falou confiante.
Assim como Elliot, mas para Matthew, ele tinha quase certeza que
sempre se sentiria nervoso.
— Eu não perderia isso por nada, Elliot apostou comigo que você
estaria suando de nervoso, pelo visto eu acabei de perder mil pratas.
Isso fez Matthew se recordar da sua infância, ele era sempre o saco
de pancadas nos treinos, era sempre o culpado por quebrar as coisas e
era sempre ele quem tinha que brincar com a Megan, já que Angélica
vivia repetindo que a menina se sentia sozinha no meio de quatro irmãos
mais velhos.
Allana Sulatte...
Não consegui ver Matthew antes, nem desejar boa sorte, mas eu
estava ali, isso o que importa.
Não o conheço a tanto tempo, mas notei que estava nervoso, olhei
ao redor, tinham bastante pessoas presentes, entre elas todos os
Bittencourt, eles estavam algumas fileiras à frente de mim, do lado
oposto.
Notei que estavam ali para apoiar Matthew em seu primeiro caso,
assim como por Ethan, sua namorada Tayane e o futuro neto. Saber
disso me fez admirar um pouco mais cada um deles.
Pesquisar sobre a família foi o certo afinal, já que agora sei quem é
cada um.
Alfredo também me olhou, sorri sem jeito para eles e voltei minha
atenção para o homem em questão, aquele que roubou meu coração no
instante em que o vi, tão lindo e tão molhado de café.
As palavras que ele dizia eram tão dolorosas que tentei não prestar
muita atenção, os maus-tratos que o pequeno Enzo de apenas cinco anos
sofria, estavam sendo ditos em voz alta para todos ali presentes.
Pelo visto ele também tem alguém do seu passado que resolveu
voltar.
O olhei de volta, da mesma maneira, mas algo que ele viu em mim
o fez mudar sua expressão facial para confuso.
Todos ali presentes devem ter percebido, afinal a tensão foi tanta
que qualquer um é capaz de notar.
Matthew Bittencourt...
Falar a respeito mexeu comigo, fez uma parte minha amá-lo ainda
mais, ele merece ser cuidado, ser amado e ser aceito em uma família
como a minha.
Tudo o que Enzo merece é um lar estável, uma família que cuide
dele com devoção.
Emily...
Queria saber a razão dela estar aqui, mas ainda maior era a minha
curiosidade para saber a razão de suas lágrimas.
Será que tinha acontecido alguma coisa com a Suzy ou a Solange?
Confesso que não imaginei que todos estariam presentes, mas ter o
apoio de quem eu mais amo foi gratificante.
— O que você está fazendo aqui Emily? — Meu tom saiu grosso,
nem toda a educação que recebi dos meus pais me faria tratá-la bem.
Para mim, quando se está com alguém, é apenas com essa pessoa,
mais ninguém.
Allana ficou sem jeito, retribuiu o abraço meio dura, meio perdida,
não estava esperando por tanta intimidade logo no primeiro encontro
delas.
Ela estava lutando para não demonstrar a sua raiva e o seu ciúme,
mas foi difícil, ela nunca soube ocultar o que sente.
— Digo o mesmo.
— Estou orgulhoso de você filho. Parabéns pela audiência. —
Alfredo abraçou Matthew, carinhoso.
— É só curiosidade.
Allana passou os olhos pelo local mais uma vez e viu o par de
olhos verdes fixos nela.
Bônus Suzy...
Eu estou com ela a tempo demais, ela viveu muita coisa ao meu
lado, compartilhou seus maiores sucessos comigo, desde o primeiro
emprego conquistado até a viagem para Nova Iorque.
Sim, macumbeiro, só pode ser isso, ele deve ter feito alguma
simpatia de amarração, não tem outra explicação para esse vazio no meu
peito desde o momento que finalizei aquela maldita ligação.
Eu estava sendo uma idiota por querer um sinal? Nem que fosse de
fumaça, apenas um maldito sinal que demonstrasse que ele também
pensa em mim.
Merda, será que devo ligar? Ou faço como a Allana e vou atrás
dele? Não, não posso deixar Genebra nesse momento, não quando
acabei de ser promovida no trabalho.
Dar o braço a torcer uma vez na vida não vai te matar Suzy... —
Era a voz da minha mãe, hoje de manhã, me alertando que correr atrás
do que quero nunca será um erro.
E eu resolvi ligar.
Merda, sei muito bem quando ele fica com essa respiração agitada.
Isso é irrevogável.
Diga para mim, como não se apegar? Eu amo a forma que ele fala
belle femme naquele tom luxuriante.
Esse sempre foi o meu maior defeito, quando estou com medo,
como, quando estou brava, como, quando estou frustrada, como, quando
estou triste, como ainda mais.
Suzy encarou o seu pijaminha, ele é lindo, mas é aquele lindo que
você sempre usa de tão bom que é, e o conjuntinho estava surrado
demais.
Suzy por sua vez puxou os fios de cabelo dele, colando os seus
lábios novamente.
Ela também sentiu muito a falta dele, mas não confessaria, era
orgulhosa demais.
Quando Suzy estava para abrir a porta do quarto, ela foi puxada
novamente.
— O que te faz pensar que eu não vou abrir a porta assim? — Ela
provocou dando uma voltinha e enquanto isso, o entregador ainda tocava
a campainha impaciente.
Suzy suspirou indignada, nunca abriria a porta nua, mas era tão
bom provocar o francês que isso se tornou seu vício.
— Eu estou bem mãe, tudo bem, não ligo de passar a noite sozinha
em casa. — Suzy sorriu para o homem ao seu lado, sozinha ela
realmente não estava.
— Ela não está sozinha senhora. — E quando Suzy percebeu, a
merda já estava feita.
— Ele foi atrás de você filha? Meu Deus coloca na viva voz —
exigiu.
A filha teve que colocar, não adianta a idade que você tenha, sua
mãe sempre vai conseguir mandar em você.
— Desculpe por isso, minha mãe não tem freio na língua — falou
colocando o celular novamente no criado mudo.
— Que história é essa de nunca se relacionar? — Ele perguntou
curioso.
Pierre engoliu em seco, nunca tinha visto Suzy tão séria. Ele notou
que a mulher em seu colo estava com um conflito dentro de si.
— Ela não estragou, pelo contrário, ela acabou nos ajudando a nos
abrir um com o outro, eu também estava com medo de confessar o que
sinto por você.
— Sério?
— Sim, agora sei para quem você puxou, você é igual a sua mãe,
confesso que minha sogra também me conquistou.
— Claro, quero você na minha vida, ou acha que eu viajei até aqui
apenas para dormir com você? Confesso que para isso também, mas eu
tenho muitas outras coisas em mente e não aceito um não como resposta.
— Ele foi firme.
Allana deixou que Matthew a conduzisse até o seu carro, não era
o mesmo que ele usou em Genebra, afinal aquele foi alugado para a sua
estadia lá.
Ele respirou fundo, a presença dela ali é o que ele mais desejou,
mas não dessa forma.
— Chegamos — comentou.
— Você ainda não viu nada. — Matthew abriu a porta para ela e
os dois entraram de mãos dadas.
Ela está grávida de sete meses, mas nem isso a fez se afastar do
seu trabalho.
— Divino.
Ele sorriu e bebeu mais do seu suco, estava dirigindo e optou por
não ingerir bebida alcoólica.
— Aí você me pegou.
— Quero os dois.
Ela assentiu.
— Eu quero provar.
— Exatamente.
— Meu Deus.
— Sente mesmo?
— Sim, sei o quanto esse emprego era bom para você. — Ele foi
sincero.
— Eu fiquei sabendo.
— E então? — perguntou.
— Foi uma ligação para se despedir, disse que está feliz por eu
estar feliz e se desculpou.
— Assim espero, ele nunca mais vai tocar em você baby, eu vou
garantir isso.
Allana odiava isso, quando o clima bom some e o ruim pesa entre
os dois.
A cara dele.
— Achei que a sua vinda até aqui era para presenciar a minha
vitória. — Ele respondeu, se virando e pegando a água na geladeira.
Saber quem era aquela mulher e o que ela significou na vida dele.
— Me faça entender.
Allana não protestou mais, ela o seguiu, sentindo que ele precisava
desse tempo para começar a contar.
Abriu a primeira folha e uma letra perfeita escrita com uma caneta
rosa, a fez arregalar os olhos.
De sua Emily!"
Releu mais umas três vezes, e realmente era isso o que estava
escrito.
De sua Emily...
— Tem certeza? Deu para perceber que ela mexe com você
Matthew, de uma forma intensa demais.
Matthew Bittencourt...
Ela partiu para Nova Jersey sem mim, nos falávamos todos os
dias na primeira semana, mas ela começou a ignorar as minhas
ligações, com o tempo e com várias recusas eu parei de insistir e só
voltei a vê-la no primeiro dia de aula.
Eu teria um filho com a mulher que mais amo, mas ela perdeu a
criança. A sensação como se uma faca estivesse entrando no meu peito
foi sentida, doía quase fisicamente.
Doía tanto.
Doía demais.
— Não é o meu perdão que você precisa, tudo o que você faz tem
consequência.
— Mas é como minha mãe sempre disse, tem males que vem para
o bem.
A fotógrafa não sabia se ficava chateada por ele afirmar que ainda
estaria com a Emily, ou se ficava feliz por ele se declarar tão
abertamente.
— Acredito que sim, ela era minha amiga e da minha turma, não
teria razões para me separar. — Ele foi sincero.
Alla cruzou os braços se sentindo uma idiota por isso, ele tinha
acabado de contar a pior fase da sua vida para ela, e ela simplesmente se
sentiu enciumada por ele supor estar com Emily ainda.
— E você não é tola, nunca mais diga isso. — Allana sorriu com a
careta dele.
— Vai ser difícil para você, já que o meu coração já não pertence
mais a mim, ele só bate aqui, mas a razão de bater é você. — Matt
colocou a palma da mão dela em seu peito, onde o coração batia
acelerado.
— Não, a minha forma de dizer que te amo é mais intensa, sei que
você vai amar.
— O quê?
— Exatamente.
Allana olhou para Matthew. Ele não tinha dito nada a respeito.
— São mesmo e são tão unidos. — Tay falou sorrindo para a loira.
— Mas eles não são primos? — Foi inevitável para ela não
perguntar.
— Sim, acho que a Megan tem razão, olha o jeito que eles se
olham. — Tayla comentou, olhando para o filho e July juntos.
— Parem de falar merda, Andrew a ama sim, mas como uma irmã,
vocês enxergam romance em tudo. — Elliot carrancudo reclamou.
— Aceita logo Elliot, meu filho vai se casar com a sua filhinha. —
Christopher provocou.
Mas Enzo estava olhando para Olívia que estava nos braços de
Christopher.
— Sim.
Nico não demorou a sorrir, era aquele sorriso que iluminava o dia
de Allana, mas o pai, esse pegou o pequeno no colo e revidou.
Ela tentou correr, mas Matthew foi mais rápido e não demorou
muito para os três se encharcarem.
Nico chegou para completar aquele vazio que eles não sabiam que
existia, ele veio e trouxe a felicidade que só um filho pode trazer.
— Aposto que você não imaginou que aquela louca que te despiu
seria a sua esposa, a mãe do seu filho e ainda por cima a mulher que te
atormentaria em relação as regras. — Ela brincou.
— E o que tem?
Ele sabia bem, depois que o filho nasceu cada segundo a sós
deveria ser muito bem aproveitado.
A resposta de Matthew foi simples, ele se livrou das roupas e a
desceu da bancada, colocando-a de costas para ele.
Sempre que ele fazia isso ela se emocionava. Não pelo ato em si,
mas pelo carinho que ele demonstrava com esse gesto.
Amava prova-lo.
Suzy e Pierre
Ela não queria se casar, sempre que Pierre tocava no assunto ela
desconversava e dizia que estava perfeito apenas namorando.
Só que para ele não estava, ele queria mais, estavam juntos desde
quando ele se mudou de vez para Genebra, há três anos.
Pierre queria ter essa confiança, mas Suzy já o negou três vezes e
nesses últimos dias estava até o evitando.
Ótimo, ela queria distância para ter essa conversa. Ele pensou
preocupado.
— Vou direto ao assunto, não vou conseguir comemorar com você
amanhã. — Ela encarou as mãos, incapaz de olhá-lo.
Pierre se levantou.
— Tão molhada e pronta para mim. Você não vai sair daqui essa
noite.
∞∞∞
— Tem outro cara, é isso? — Ele não queria perguntar, mas não
sabia mais o que fazer.
Ele olhou para a mão da Suzy em seu ventre e depois para os olhos
assustados e marejados dela.
— É um filho.
Não estava nos planos de Pierre ser pai ainda, mas tocar na barriga
da sua noiva, enquanto ouvia o riso gostoso de Nicolas, filho de
Matthew e Allana, o fez perceber que um filho só vai completar o que já
estava perfeito.
Ela nunca imaginou que o pai de seu filho a ferisse de uma tal
maneira, deixando assim marcas que nem ao menos o tempo apagaria.
Um segredo...
Um possível recomeço...
Será que o amor, o sentimento mais forte que existe, pode curar
feridas que nem o tempo foi capaz de diminuir?
Sobre a autora
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