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Sumário
Sinopse
Prólogo
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo catorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Epílogo
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Sinopse
Um poderoso CEO
chefe e secretária.
uma jovem cheia de sonhos, que tocava com sua banda todos os finais de
semana no local. A conexão e o desejo entre eles foram quase instantâneos,
pai, Noah precisou partir às pressas. Ele e Carla não chegaram nem a trocar
recebeu foi bem claro: ele não queria saber daquela criança. Chegou a
oferecer dinheiro para que ela desaparecesse para sempre.
Anos depois, ela se mudou para São Paulo com o filho e conseguiu
Dia do reencontro
17:38
Aliás, definir aquele dia assim talvez fosse até mesmo um elogio
Eu não queria bancar o idiota. Mas, que droga... Ela era muito
amiga, ou uma ex-namorada. Ela era conhecido com alguém com quem eu
E eu, logo que avistei aquela nova secretária, tive a insana certeza
de que fosse a mesma mulher que conheci em um bar seis anos antes. E,
revirando no túmulo de ódio pelo que eu tinha feito com o seu legado.
Depois de todo aquele papelão, só me restava esperar pelas
claro, se ela voltasse para a empresa depois de ter fugido de mim por tantos
andares.
Aquela última parte seria mais difícil, já que em seis anos não tinha
se passado um único dia sem que eu tivesse me lembrado dela.
cinto de segurança. Logo que o tirei da vaga, fazendo a curva para seguir
perceber que ele parecia estar bem. Ele piscou algumas vezes, percorrendo
os olhos por todo o meu rosto. Segundos depois, abriu um enorme sorriso.
familiaridade em suas feições. Ele era muito parecido com alguém que eu
conhecia.
-----***-----
Capítulo um
Aos vinte e três anos, qualquer coisa parecia uma grande diversão
enlaçasse de vez.
cidadezinha que eu até então eu nunca tinha sequer ouvido falar, situada no
Logo no nosso primeiro dia por lá, decidimos sair para explorar o
que a noite daquela cidadezinha tinha a oferecer. E foi assim que paramos
em um barzinho que era até que bem simpático. Estava tendo uma
apresentação de uma banda local, que tocava uns rocks antigos e um pouco
de MPB. O grupo era formado por dois homens e duas mulheres, todos
jovens, na mesma faixa etária que eu. A vocalista era muito bonita, mas
Foi algo em seu semblante. Era como se houvesse uma sombra encobrindo
seus olhos. E isso foi apenas se tornando cada vez mais e mais evidente
ambiente.
A última parte era verdade. Fazia mais de trinta graus naquela noite
e o bar contava apenas com alguns ventiladores que não davam conta.
Ou você paga a sua e eu a minha, tanto faz. Mas acho que a gente poderia ir
gostaria disso.
legitimamente estava sendo sincero. Não iria mentir dizendo que não
adoraria ter algo com aquela mulher linda, mas, naquele momento, eu
andando. Achei que fosse meramente embora, porém ela parou no balcão e
me lançou um olhar antes de pedir ao atendente:
querer o quê?
pegando a carteira para pagar, mas ela se adiantou em dizer que não
deixar de perguntar:
música da noite.
seu lado, ainda intrigado com aquilo. Parecendo perceber, ela explicou:
Não dá para viver de música em uma cidadezinha como esta. Mas então,
Ela puxou o lacre da lata e deu o primeiro gole, olhando para mim
de forma provocadora.
Sabia que tinha dito que meu único interesse era a conversa, mas
pergunta.
original...
está triste com algo, eu realmente tenho um palpite de que seja pela perda
de alguém.
demitida de um emprego?
— Bem, vamos lá... Perdi o meu irmão há quatro anos e minha mãe
entendedor de luto.
não?
— Provavelmente sim.
— Mas se não quiser falar a respeito, por mim está tudo bem.
Eu ri.
interprete como se eu não quisesse flertar com você. É só que, junto a isso,
eu reparei que você estava mal e pensei que talvez quisesse sair, tomar um
respeito disso.
ou fique nos desejando força e torcendo para que a gente mude de assunto.
— Isso é horrível.
— ‘Sente muito’?
— Exatamente.
aqui sozinha.
— É errado. Mas sei como é isso. Senti muita raiva do meu irmão, e
— Está insuportável. Tanto que vou fazer o que jurei que jamais
faria: voltar para a casa dos meus pais. Entrego as chaves de volta ao
moramos aqui perto e a gente vem a pé. Não vou gastar com transporte
intermunicipal para isso.
Ela queria ser beijada, e foi o que eu fiz, tomando os lábios dela
com os meus.
Foi um beijo leve e lento, embora tenha durado muito menos tempo
do que eu esperava. Então, ela se levantou e anunciou:
— Isso é um convite?
-----***-----
Capítulo dois
A partida precoce dela fazia com que essa afirmação fizesse mais
sentido do que nunca.
suficiente para contar com os dedos de apenas uma das mãos. E tinha ido
para a cama apenas com um, o meu último namorado, com quem eu tinha
ficado junto por mais tempo. Nossa relação não tinha terminado de forma
muito amigável, e aquele era mais um dos motivos para eu ter decidido ir
embora dali.
André, meu ex, era também o dono da pequena casa onde eu agora
morava. E era Gisele quem vinha, nos últimos meses, tratando com ele
aluguéis.
Sem contar que aquilo sequer tinha sido um encontro. Foi um cara
Mais louca ainda pelo fato de que eu não conseguia parar de pensar
uns dois ou três anos mais velho que eu, ele era um homão e tanto. Era bem
alto e forte, do tipo que com certeza frequentava academia ou fazia algum
Sabia apenas que ele, assim como eu, tinha sofrido pela perda de
alguém que amava muito. E ele parecia conhecer tão bem aquele
aproximação. Conversar com ele sobre aquilo, mesmo que de forma rápida
e vaga, tinha me valido muito mais do que todas as conversas que eu tive
O carinha do bar sabia que a vida seguia, mas não da mesma forma.
Ele entendia que aquilo era uma merda de uma ferida que iria doer para
sempre.
E eu gostei dele pela sinceridade com que disse isso. E pela
identificação que senti ao conversar com alguém que realmente sabia como
eu estava me sentindo.
chegávamos mais cedo para testar o som e deixar tudo preparado para
tinha vinte e cinco anos e era um homem bem bonito – embora sequer se
atrativo nele desde que descobri que ele me traía com basicamente metade
relacionamento.
meses, pedindo perdão e achando que poderíamos ter volta. E eu odiava ter
que, sequer, olhar para a cara dele. Contudo, desde a morte de Gisele eu
— Sabe que não precisa fazer isso, não é? Eu entendo que seja
complicado continuar morando na mesma casa sem a sua amiga, mas pode
Ao contrário do que disse, ele não entendia. Eu tinha ido para aquela
cidade junto com Gisele, e estar em qualquer lugar ali sem ela era difícil
lugar por ali e morar em outra casa não me faria me sentir melhor. Eu
estava vulnerável demais para ficar sozinha. Era uma mulher adulta, mas
precisava, naquele momento, voltar para o colo dos meus pais e para a
dor amenizar.
independente.
— E saí. Mas não é vergonha alguma admitir que às vezes a gente
— Você não precisa retornar. Não precisa escolher entre voltar para
Dito isso, eu apenas desviei dele, seguindo o caminho até o bar, que
ficava a cerca de dez minutos a pé dali. Logo que cheguei, ainda do lado de
— Eu sei. Mas o dono do bar disse que eu podia entrar para assistir
ri, embora sentisse realmente o arrependimento por não ter avisado a ele
sobre a comida péssima que serviam ali. — Então, ontem você estava com
tanta pressa para ir embora, que achei que, se eu chegasse antes do show, a
gente talvez pudesse conversar um pouco mais. Se isso não for te atrapalhar
me lançou foi como um recado para que deixasse que eles cuidassem de
tudo por ali e apenas aproveitasse a companhia do bonitão.
— Eles se viram bem sem mim. Quer ir de novo lá para fora pegar
um ar e se livrar do cheiro de óleo velho dessas coxinhas?
na noite anterior.
eu mal o conhecia.
— instiguei.
— Quem disse que eu não sei o seu nome, Carla? — Vendo minha
surpresa, ele riu e explicou. — Eu perguntei hoje para os seus colegas de
banda.
— Mas corri atrás de corrigir o meu erro e agora eu sei. Mas você
ainda não sabe o meu, não é?
ontem com um grupo de amigos, mas não os vi mais depois que saímos do
bar.
então.
— Claro que somos. Tudo o que sei a seu respeito é o seu nome e
sua experiência em lutos.
cantava, e que seria maravilhoso poder trabalhar com isso, mas achava
muito pouco provável que isso pudesse acontecer. Ao menos, não vivendo
a primeira vez que eu conseguia falar a respeito dela sem sentir vontade de
chorar.
— Foi mal. É que quero guardar uma recordação sua. É possível que
minha mão e posicionou seu rosto ao lado do meu, esticando o braço para
uma selfie.
Ele tinha comentado que meu semblante triste na noite anterior tinha
chamado a sua atenção, e foi isso o que fez com que ele viesse conversar
comigo. Desta vez, no entanto, eu estava certa de que minhas feições
estavam bem diferentes. Desde a partida da minha melhor amiga que eu não
tinha voltado a curtir verdadeiramente tocar em cima de um palco.
Então, foi o que aconteceu. Seguimos lado a lado pelas pacatas ruas
da cidade, enquanto voltávamos a conversar sobre muitas coisas e sobre
Fomos bem devagar, mas, ainda assim, aquele trajeto nunca pareceu
tão curto.
pouco mais e inclinou seu rosto em direção ao meu, eu sabia que não seria
possível resistir àquele beijo.
Então, apenas deixei que ele tomasse a minha boca com a sua e que
suas mãos deslizassem sobre as minhas costas, puxando meu corpo para
mais junto do seu.
-----***-----
Capítulo três
Deixei seus lábios quando ela, aflita, virou-se de costas para mim,
indicando-me o fecho do vestido preto que usava. Eu o abri, deixando-o
cair sobre os pés dela, fazendo em seguida o mesmo com o sutiã. A visão de
suas costas nuas atraiu minha boca até o seu pescoço, descendo em uma
trilha de beijos pelo contorno de sua coluna, indo até a barra da calcinha – a
única peça de roupa que ela ainda usava – e depois subindo novamente.
Enquanto eu fazia isso, sentia a respiração dela ficando mais forte, deixando
Com ela ainda de costas para mim, contornei meus braços ao seu
redor, levando minhas mãos aos seus seios. Segui a beijar seu pescoço,
suas costas contra o meu peito. Minha ereção, ainda por baixo das roupas,
mamilo, enquanto a outra desceu, deslizando para dentro de sua calcinha até
me perguntei se aquele controle seria por ela ter, durante muito tempo,
seu clitóris para penetrá-la, e depois mais um, estocando-os dentro dela.
em êxtase com os sons de prazer emitidos por ela, que iam ficando cada vez
mais altos.
Ela estava prestes a chegar ao orgasmo, mas eu não permiti. Não tão
rápido assim.
e confessou:
— Ei... A gente só não vai voltar a se ver se você não quiser. São
Paulo fica a quatro horas daqui, não é outro país. Se preferir deixar isso
uma indicação para que ela se deitasse. Ela assim o fez e, quando suas
já não mais censurando os próprios gemidos. Dessa vez, eu fui até o fim,
deixando que ela gozasse em minha boca.
arrancando o que restava das minhas roupas. Eu precisava estar dentro dela,
penetrei com força, estocando-a bem fundo, arrancando dela mais um grito
de surpresa e prazer. Talvez eu devesse ser mais delicado, já que ela tinha
me confessado só ter ido para a cama com um único homem antes de mim.
Mas eu não conseguia me controlar e, mais do que isso: percebia que ela
forma bruta.
rosto dela. Então, não me controlei em tomar a sua boca com a minha em
casa.
pus meus olhos sobre ela. E tudo entre nós dois parecia ter uma intensidade
maior. Na noite anterior, quando a conheci, conversamos apenas por alguns
estendido por algumas horas, e a cada assunto, a cada opinião dela, mais
sentidos possíveis.
de suas pernas, tocando novamente em seu ponto mais sensível. Ela gemeu
em minha boca, enquanto eu a estimulava em um movimento de vai-e-vem
como sendo meu, mas o ignorei completamente. Não havia nada que me
fizesse parar.
Dei a ela mais um orgasmo, desta vez usando apenas a minha mão.
decidisse atender.
seu vestido e agora estava sentada sobre a cama, olhando para mim de
forma preocupada.
Contudo, quando ela veio até mim e apenas me deu um breve beijo,
eu soube que ela compreendia. Que ela sabia que eu não podia perder nem
um só segundo.
perdido alguém que amava sabia o valor de qualquer segundo a mais que se
pudesse estar com aquela pessoa em vida.
-----***-----
Capítulo quatro
21:32
cantando para ele dormir, quando fui interrompida por aquele pedido. Ele
tinha o seu próprio quarto na casa dos meus pais, mas vinha, nos últimos
dias, dormindo comigo. Eu não conseguia negar aquilo a ele, já que vinha
me sentindo uma péssima mãe.
estava muito feliz com isso, então eu vinha tentando compensar aquela
tristeza cedendo a todos os pedidos que ele me fazia, o que incluía dormir
comigo.
a tela. Acessei a galeria, encontrando uma das fotos tiradas seis anos antes.
Noah tinha ido embora. E eu não tive qualquer motivo para achar
que aquilo fosse uma fuga após conseguir ir para a cama comigo. A ligação
contando sobre o pai dele estar mal parecia ter sido real.
ônibus intermunicipal, levando minhas malas de volta à casa dos meus pais.
Algumas semanas se passaram até que eu começasse a sentir que
perguntei se, por acaso, alguém teria ido até a casa onde eu morava antes
Era óbvio que a resposta seria um ‘não’. Noah sabia que eu estava
com Verônica – ela foi a primeira pessoa para quem contei sobre a gestação
sido muito sério, mas eles tinham trocado telefone. Ela me passou o número
dele e entrei em contato. O rapaz, chamado Eduardo, disse que não tinha
Alguns dias depois, foi o pai dele quem telefonou para mim, em
uma tentativa de golpe. E disse que o próprio filho tinha garantido a ele que
mas garantiu que tinha usado camisinha e, por isso, seria impossível o filho
ser dele.
Logo que Samuel nasceu, e eu fui tomada por uma sensação tão
plena de amor, decidi que sempre seria sincera com ele. É, claro,
E foi o que eu fiz logo que ele começou a perguntar sobre o pai.
aguardar alguns anos até que meu filho fosse um pouco maior para receber
Mas ele queria saber sobre o pai, então eu contava sobre o que eu
sabia. Que ele se chamava Noah, que morava em São Paulo, tinha feito
meu celular, para que Samuel sempre pudesse ter uma referência visual de
Talvez tudo aquilo fosse um enorme erro. Talvez fosse uma ilusão
que apenas faria com que o meu garotinho sofresse mais no futuro, quando
— Por que você acha que ele foi embora, mamãe? — Samuel me
perguntou, ainda olhando para as fotos. — Acha que ele não gostava de
mim?
— Ele não chegou a te conhecer, meu amor. Seria impossível não te
amar
— Mas ele foi embora, não foi? Quando eu ainda era um bebê
Mas aquela era mais uma das verdades que eu precisava enfeitar um
não querem ser encontradas”. Mas essa era uma das verdades que eu não
teria como dizer, ainda, a ele.
Ao invés disso, dei mais um beijo em sua testa e falei:
Ele não perguntou mais nada. Mas seguiu com seus olhinhos fixos à
sono.
*****
Capítulo cinco
Dia do reencontro
6:45
que meu filho Samuel gostava. Tinha biscoitos de vários tipos, bolo de
de ser compreendido por uma criança de cinco anos. Tudo o que Samuel
sabia era que que ele estava vivendo sua vida feliz, morando na mesma casa
que seus avós, indo e voltando da escola todos os dias com os amiguinhos
da rua, tinha uma professora que ele amava e até mesmo um cachorro, o
Farofa – que, na verdade era do nosso vizinho, mas ia todos os dias brincar
em nosso quintal.
Então, de repente, sua mãe tinha chegado nele e contado que tinha
conseguido um emprego em São Paulo e que eles precisariam se mudar. O
emprego era bom, ela teria um salário bem melhor e ainda estaria na capital
do estado, em uma cidade grande onde ela poderia tentar correr atrás de
Mas isso significava que ele agora só veria os avós uma vez ao mês
e que passaria a ter outros coleguinhas e outros professores. E ele não
você gosta?
— Tô sem fome... — ele resmungou, nitidamente emburrado.
diz, não é? O café da manhã é a refeição mais importante do dia! E você vai
precisar de muita energia para brincar com seus novos amiguinhos na nova
creche.
não foi? Nós tivemos que nos mudar porque a mamãe conseguiu um
emprego melhor, e com isso vai ter um salário melhor... e vai poder dar uma
poder, quando crescer, fazer uma faculdade do que você quiser, e realizar
todos os seus sonhos. A mamãe não teve condições de fazer isso, mas você
terá. Sem contar que você sempre quis conhecer São Paulo, não é?
Porém, eu nunca quis que isso causasse nele falsas esperanças com
relação à nossa mudança para aquela cidade. Afinal, eu nem sabia se Noah
beijo em sua testa e deixando claro que não teríamos tempo para conversas
Depois que ele enfim comeu alguma coisa, eu vesti o seu uniforme,
usado, há uns três anos – e seguimos para o meu primeiro dia na nova
empresa.
Deixei Samuel na creche, situada no terceiro andar do prédio,
para o décimo quinto andar, onde eu iria iniciar o meu trabalho como
secretária.
aposentar. Ela iria me treinar para que eu assumisse a função que ela,
tolera atrasos — foi a primeira frase que ela me disse pela manhã, logo que
nos apresentamos.
funções, ela foi me passando mais uma lista interminável de coisas que o
rigorosa em uma planilha que deveria ser enviada para ele no final da
semana anterior. Que seu café estivesse frio, ou fresco, ou mesmo morno.
Que o café fosse adoçado. Que o café não fosse entregue para ele
sua sala sem anunciar antes pelo telefone. E mais uma relação infinita de
coisas.
observações, quando minha atenção foi desviada para a porta de uma das
Foi então que eu, de repente, senti como se estivesse tendo algum
tipo de alucinação.
noite que passamos juntos. Eu tinha fotos dele há seis anos no meu celular.
seguida.
Noah Bianchi?
eu tinha imaginado algo infinitamente mais simples que aquilo. Pensei que
ele poderia ser pertencente à classe média-alta ou até mesmo – e muito
provavelmente – até mesmo rico. Mas rico de uma forma mais... modesta,
talvez?
Não um milionário, bilionário, ou sei lá em qual classe exatamente o
dono da Bianchi Construtora devia estar classificado.
Isso fez com que eu me lembrasse das palavras ásperas ditas a mim
por telefone pelo pai dele. Acusando-me de ser uma oportunista e de querer
dar um golpe em seu filho.
Ele tinha dito que foi o próprio Noah que mandara aquele recado e
eu nunca pude ter certeza a respeito daquelas palavras. Mas agora, vendo
aquele homem tão sério, enfiado em um terno que deveria custar quase um
ano inteiro do meu aluguel, eu voltei a cogitar aquilo ser realidade.
mover antes que ele virasse o rosto em minha direção, olhando diretamente
para mim.
Afinal, tinha sido apenas uma noite de sexo depois de algumas horas de
conversa, e isso já tinha acontecido há seis anos. Ele não teria qualquer
forma, especial para ele. Era óbvio que não. Provavelmente, ele se lembrava
de ter recebido a notícia de que eu estava grávida e de ter mandado seu pai
Eu simplesmente fugi.
Eu sequer raciocinava direto sobre o que eu fazia, mas agia por puro
ele chegasse perto de Samuel e dissesse qualquer coisa que pudesse partir o
coraçãozinho do meu garotinho.
Assim como não iria suportar que ele me dissesse palavras horríveis
como as que o pai dele havia me dito seis anos antes. Se ele tentasse sequer
sugerir me dar uma quantia em dinheiro para eu ‘sumir de sua vida’ levando
coraçãozinho do meu filho ao contar que ele não voltaria para aquela creche
no dia seguinte. Eu não iria, de jeito nenhum, trabalhar para aquele homem.
e eu agarrei a mão de Samuel, seguindo com ele até o local onde tinha
deixado o meu carro. Soltei-o por apenas alguns segundos, para pegar a
chave dentro da minha bolsa e, quando voltei a olhar para o meu lado, vi
que meu filho não estava mais ali.
Dia do reencontro
17:39
adulto escondido, que tinha mandado aquela criança ir até mim e dizer
aquela frase.
infância. Os olhos dele eram idênticos aos meus, e os cabelos dele tinham o
mesmo tom castanho-claro que os meus quando eu tinha aquela idade. Mas
uma forma que me pareceu familiar. Onde eu tinha visto aquele sorriso
antes?
minutos antes. A mesma que eu tinha achado tão parecida com alguém que
ela.
pronunciar.
sentido.
— Não se preocupe... — Carla falou, encarando-me com um olhar
assustado e com lágrimas já descendo pelo seu rosto. — Nós vamos ficar
Ainda levei alguns instantes até conseguir ter alguma reação. Corri
forma direta.
para dentro.
Era óbvio que era filho dela. Eu sabia que tinha reconhecido aquelas
covinhas.
— Eu não sabia que você trabalhava aqui... muito menos que era
dono daqui, e... Enfim, não importa... Não vamos voltar a nos ver.
O quê?
Eu queria respostas e não fugas.
o seu braço.
estacionamento.
O som de sua voz mexeu com algo dentro de mim. Algo que foi
ainda mais remexido quando eu o olhei e vi que ele chorava, olhando para
Especialmente diante dos olhos assustados daquela criança, que podia ser
meu...
ordem, de modo com que alguma coisa ali fizesse qualquer sentido.
Mas eu sabia que isso não seria possível, simplesmente por eu não
do RH da empresa.
*****
Capítulo sete
cabecinha dele. Que aquele era apenas um homem muito parecido com o
das fotos que ele via sempre no meu celular
naquela versão.
meu quarto, e pedi também uma pizza de quatro queijos – que era a
predileta dele.
Mas nada disso teve o resultado esperado. Ele se distraía por cinco
— Ele ficou muito assustado quando eu contei que ele era o meu
papai.
— Olha só, não é nessa cena que o panda faz aquela dancinha que
você gosta? — E eu sempre tentava fazer com que ele voltasse sua atenção
para a TV.
Mas eu não sabia, ainda, como contar essa parte para ele.
— Estou, mamãe. A gente pode ligar pra eles? Quero contar sobre
Ok... eu ainda nem sabia como lidar com Samuel naquela situação...
Sem, condições de ainda envolver meus pais naquilo. Deixaria para contar
deles pessoalmente?
apenas uma visita, mas era melhor dar uma informação por vez.
Que belo momento para o meu filho decidir que seria um aluno
Ele voltou a sorrir, animado com a ideia de seu jantar ser pizza na
pequena sala de estar e abrindo a porta sem ao menos perguntar quem era.
nascida e criada no interior, que jamais suspeitaria que uma batida em sua
segurou.
ao seu desenho? A mamãe precisa ter uma conversa com... esse moço...
Mas será rápido. Por favor, volte para o quarto. ...Por favor, Samuel, faça o
bem no meio da pequena sala de estar, com a porta fechada atrás de si. Os
olhos dele estava fixos na direção por onde Samuel tinha ido.
sempre soube.
irritado.
nunca entrou em contato comigo para contar que engravidou naquela noite.
Ele tinha deixado um bilhete com o telefone dele para o André?
entregaria.
— Bem, isso não importa. Eu nunca recebi nenhum bilhete com seu
telefone, mas sei que eu tentei entrar em contato com você por intermédio
passando o seu recado de que não queria saber de mim ou do bebê que eu
estava esperando.
Ele passou uma das mãos pela cabeça, parecendo tentar processar
número, mas quem me ligou, dias depois, foi o seu pai. Disse que estava
deste momento, caso fosse falsa, faria dele um ator digno de receber um
Oscar.
muito a respeito. E, ainda que pensasse, eu nunca poderia cogitar que meu
pai devesse a ele por algum favor ou alguma informação. E nunca, jamais
poderia imaginar que meu próprio pai faria algo desse tipo.
uma tola por acreditar tão facilmente nele, mas tudo na reação dele me
parecia tão verdadeiro...
Assim como o Noah que eu conheci seis anos antes... O cara para
quem me entreguei por completo em apenas algumas horas de conversa em
que você, tanto quanto eu, tem muito o que pensar. Mas, por favor... Me
prometa que não vai deixar o emprego. Você não precisa voltar amanhã,
pode tirar uns dias de folga para colocar a cabeça no lugar, mas... Eu te
espero na empresa para que possamos conversar com calma.
— Eu sinto muito...
Minha frase fez com que um leve sorriso surgisse no rosto dele. E eu
sabia exatamente o motivo. Eu me lembrava bem do que aquela frase
remetia.
querem falar sobre o assunto e apenas dizem coisas como ‘Sinto muito’.
coisas tão horríveis e aparentemente feito com que meu filho crescesse sem
um pai tinha muito, muito o que explicar.
— Prometa que não vai embora, Carla. Por favor — ele voltou a
pedir.
Ele se mostrava tão sincero que eu não tinha como negar aquele
pedido.
vilões nessa história, mas não somos nós. E eu vou te provar que eu
também não sou um deles.
descendo pelo meu rosto. Passou-se menos de dois minutos até que a
campainha voltou a tocar e eu corri em direção à porta, abrindo-a de forma
*****
Capítulo oito
festas e viagens.
Mas isso não fazia com que eu deixasse de considerar a atitude dele
como uma traição. Não tanto quanto a do meu próprio pai, óbvio. Mas
Eduardo estava vivo e era a única pessoa que eu tinha para confrontar a
respeito daquela situação.
mentindo.
qualquer motivo para ter escondido aquilo de mim durante tanto tempo.
A não ser que alguém tivesse feito com que ela acreditasse que eu
fui para a minha sala, mas para a sala do diretor do setor administrativo.
— Eu estava aqui pensando sobre o dia que descobri que você tinha
bem quais são os meus. Mas queria que você me contasse quais exatamente
foram os seus.
privilégio nenhum. Seu pai apenas queria alguém mais jovem para o cargo.
— O que é isso agora? Aonde quer chegar com essa conversa? Vai
me demitir, é isso?
Eu iria, sem sombra de dúvidas. E esperava ter autocontrole
meu filho.
agora.
uma versão dos fatos que parecesse mais leve para o lado dele. Afinal, ele
tinha sido colocado ali durante a gestão do meu pai, mas, agora, eu é que
era o CEO.
eu precisava.
com você tentando chegar a mim e o número do telefone dela foi parar com
descobrir que até hoje eu não tenho o seu telefone. E você nunca foi
quando a moça ligou para mim, nós já tínhamos encerrado o último ano
letivo. Eu disse a ela que tentaria dar um jeito de te passar o número dela
época CEO da Bianchi... Mas não conseguiu o meu, mesmo tendo tantos
sempre foram realizadas diretamente por ele. Não fiz nada de errado, Noah.
Tentei contato com você pelos meios que eu tinha, seu pai quis saber qual
era a situação, eu contei a ele e ele disse que resolveria e me pediu para não
comentar nada a respeito com você. O que foi feito dali em diante é uma
Canalha! Como ele podia ainda ter a cara de pau de tentar passar a
sala se abriu nesse momento e não me virei para ver quem era. Deduzi que
fosse a secretária dele ao ouvir sua voz aflita respondendo ‘Sim, senhor’
quando ele gritou exigindo que ela chamasse os seguranças e ligasse para a
polícia.
O pedido foi tão extremo que me fez perceber que ele já tinha
que já tinha a empresa do papai lhe garantindo um futuro certo logo que
— Seu filho... Fala isso com tanta certeza. A mulher deu tão fácil e
rápido para você, que devia ir para a cama com qualquer um. Mas era óbvio
que iria alegar que o filho é do milionário babaca da cidade grande, não é?
sangue ferveu quando ele falou daquele modo a respeito de Carla, como se
ela fosse uma oportunista tentando me dar um golpe.
nos últimos anos, sido uma mulher que criou um filho sem qualquer apoio
do pai da criança e que tinha saído da segurança de sua pequena cidade para
vir para uma capital em busca de algo melhor, provavelmente tanto para ela
quanto para o seu filho.
respeito dela.
Por isso, não consegui mais me controlar e soquei o rosto dele com
uma das mãos, enquanto com a outra o segurava pelo colarinho, mantendo-
o junto à parede.
Ele tentou revidar, mas o meu ódio era tanto que eu apenas segui
socando-o repetidas vezes. Cheguei a perceber que ele tinha conseguido me
atingir uma ou duas vezes, mas sequer senti dor alguma. Só parei quando
várias mãos me agarraram, afastando-me dele.
Fui arrastado para fora da sala, sendo ainda detido por aqueles
Segui tentando me soltar, até que uma súbita calmaria pareceu surgir
— Noah?
Virei o rosto em sua direção, vendo Carla caminhando até mim. Ela
*****
Capítulo nove
preso, ainda que por apenas algumas horas. E quase sorri ao pensar no
quanto o meu pai surtaria se estivesse ainda vivo para ver aquilo.
mundo dos vivos, o canalha do meu pai deveria estar bem puto em um
momento como aquele.
momento, era o que me restava para tentar ver algo bom no fato de eu ter
ido parar em uma cela de delegacia depois de agredir um homem.
caminhava pelo corredor das celas rumo à saída da delegacia, onde ele
se prendeu a isso por mais do que meio segundo, quando percebi que ele
não estava sozinho.
Parei de andar, olhando para ela, surpreso por vê-la ali. Vieira, meu
empresa? — Ele me tratava pelo primeiro nome, já que tinha sido advogado
do meu pai desde que eu era criança e, sendo assim, praticamente me viu
crescer.
— Que coisa?
— Reconhecimento de paternidade.
levaria em casa. Mas vi o carro dela, acho que você vai preferir ir comigo.
mim.
suas feições.
— É a segunda vez que me diz essa frase hoje. Bem, sou sua
secretária. Achei que seria correto acompanhar seu advogado até aqui, e a
dona Andreia concordou comigo. Ela queria ter vindo, mas estava nervosa
demais para isso.
antes.
Bem… Melhor irmos logo. Tenho orientações da dona Andreia para te levar
para casa.
— E o menino?
— Ainda são três da tarde, ele está na creche. Tenho duas horas para
digitando o endereço.
viagem, mas eu não prestei muita atenção àquilo. — Então… melhor irmos
logo.
para o dia. Você até que está lidando com tudo muito bem. E eu nem sei se
você é casado, se tem uma namorada, enfim, se tem alguém na sua vida.
Espero que tudo isso não tenha lhe causado um problema ainda maior.
— Não. Sou mesmo apenas eu para lidar com isso. Mas não
chamaria um filho de uma bomba. É mais como... uma enorme surpresa.
em ser mãe?
bom tempo. Não era um plano para os meus vinte anos. Mas… Apesar de
não ter sido no momento que eu considerava como o certo, foi sem dúvidas
— É um ótimo nome.
— É, eu sei. Ele não é apenas a luz da minha vida, mas a dos meus
pais também.
— Fico feliz por você ter tido apoio familiar. Que não tenha estado
sozinha nessa. — pensei em completar com um “já que eu não estava por
perto”, mas isso apenas deixaria o clima pesado. E eu gostava do clima do
jeito que estava. — Seus pais lidaram bem com a notícia da sua gravidez?
— Bem, meu pai quis matar você. Muito provavelmente, ainda quer.
Minha mãe chorou todos os dias durante umas duas ou três semanas, no
início lamentando porque ela achava que eu era jovem demais para ter um
bebê. Mas logo o choro dela passou a ser o de emoção porque teria um
netinho.
— Não quero que me leve para casa, Carla. Quero ir para a empresa.
— Eu não pretendo trabalhar. Não vou sequer circular por lá. Quero
ideal? — perguntei.
— Nós tiramos algumas selfies juntos. No bar. Bem, você não deve
se lembrar disso.
ficasse maior para dizer mais claramente que o pai não o queria. Era a
versão que eu tinha dos fatos.
— Obrigado por esperar. Por não o magoar com algo tão cruel. E
por mostrar minhas fotos para ele.
homem que me concebeu era um alcoólatra que sumiu no mundo para não
ter que assumir a paternidade. E a minha mãe biológica me deu para a
adoção porque não tinha condições de me criar. Como tudo isso aconteceu
em uma cidadezinha onde todo mundo se conhece, sei que ela morreu três
anos depois. Meus pais, os de verdade, que me criaram, contaram tudo isso
para mim no tempo e da forma certa. Cresci sabendo que não tinha o
mesmo sangue que eles, mas que isso não fazia qualquer diferença.
Todo aquele relato me fez pensar que, no fim das contas, ela tinha
muito mais perdas do que a que tinha me contado quando nos conhecemos,
Quando me dei conta, percebi que ela não tinha seguido o caminho
-----***-----
Capítulo dez
dia anterior.
— Ela me passou uma lista infinita de coisas que você não tolera.
— Na verdade, é uma lista de coisas que o meu pai não tolerava. Ele
comandava isso aqui com mãos de ferro. Andreia sabe que não sou como
ele, mas gosta de espalhar para todo mundo que eu sou tão rígido quanto o
minha porta-voz. E se para ela tudo funciona melhor fazendo uma imagem
elevador.
como era possível que, apenas vinte e quatro horas depois daquele nosso
Eu tinha passado seis anos nutrindo mágoa e raiva por Noah. Certo,
agora eu já sabia que tudo aquilo tinha sido por conta de uma mentira
contada por outras pessoas. Mas, ainda assim, como era possível que eu tão
rapidamente já me sentisse tão confortável na companhia dele?
vista. Seria exagerado dizer que amei Noah desde o primeiro momento que
o vi, ou mesmo que o amava agora. Mas eu sabia que existiam conexões à
primeira vista. Pessoas com quem basta uma troca de olhares e de alguns
família se mudou para uma casa no final da rua onde eu morei a vida inteira
com meus pais. Lembrava de ter apenas seis anos de idade – era pouco
maior que Samuel – e de estar andando de bicicleta na rua, quando passei
casa, me chamando para que eu entrasse, porque logo iria anoitecer. Dias
Conexões...
segurou em seus braços pela primeira vez, sentiu que eu era sua filha. Um
sentimento sem qualquer explicação, já que ela e meu pai nunca tinham
momento.
— Ele já sabe que sou o pai dele. Não quero que se sinta mais
rejeitado por eu adiar isso. É só que... É estranho, Carla. Eu não sei o que
sentir.
— E você não tem como saber. Não é uma comparação exata, mas...
que havia uma vida sendo gerada dentro de mim me pareceu tão... difícil de
chamou de pai... Eu não tenho como adiar reencontrá-lo. Eu apenas não sei
funcionária da creche nos olhou com surpresa, parecendo assustada por ver
dia.
— Boa tarde. Vim buscar o Samuel — eu falei.
no verbo no plural.
Então, foi a vez de meu filho parecer paralisar. Ele parou de andar
para o pai.
Temi que tivéssemos sido precipitados demais. Que meu filho agora
senti que o mesmo acontecia com os meus, ao mesmo tempo em que sentia
um aperto forte em meu peito.
Dizendo aquela frase, Samuel não deu brecha para nenhuma reação
de Noah e simplesmente se atirou em seus braços, abraçando-o.
-----***-----
Capítulo onze
nos dias seguintes. Eduardo seguiu com a acusação contra mim, então eu
estava formalmente sendo processado por agressão física. Ao menos ele não
tinha ido à mídia, o que era bom tanto para a empresa quanto para mim.
ainda não estava muito ambientada com São Paulo, pedi a um dos meus
Mais do que um dia para socializar com o meu filho, eu queria iniciar os
varanda que dava vista para a piscina. Logo que me viu, Samuel se soltou
me alcançou.
quiser.
— Eu e a mamãe?
questionamento dele.
Eu sorri.
Troquei mais um olhar com Carla, que durou pouco tempo, porque
— Bem, ele chegou aqui há uns dois anos e foi ficando. Pedi aos
Carla riu.
— E ainda acho. Ele próprio decidiu que iria morar aqui, só restou a
do bichano.
Carla.
Pensei que Garfield, no fim das contas, era mesmo muito esperto.
Porque era impossível deixar de gostar de Samuel. Ele estava há tão pouco
tempo na minha vida e eu já tinha um sentimento tão grande por ele, que
Pedi para que ela cuidasse de Samuel, já que chamei Carla para me
acompanhar.
segundo andar.
— Na verdade, não foi para isso que meu advogado veio até aqui.
Pedi para que ele viesse hoje porque precisamos legalizar a situação de
Samuel.
para virmos aqui era para você e Samuel passarem o dia juntos.
dele, Carla. Ele já passou tempo demais sem meu nome em seus
documentos.
Ela assentiu, mas percebi que estava ainda chateada por eu não ter
dito aquilo a ela com antecedência. Somente naquele momento pensei que
isso teria sido justo da minha parte, mas na hora nem tinha refletido a
respeito. Eu apenas queria resolver a situação e achei que fosse óbvio que
que eu sofria. Perdi meu irmão, que era meu melhor amigo, e depois minha
mãe. Meu pai e eu nunca fomos muito próximos, mas a morte dele também
me abalara bastante – embora eu, agora, só conseguisse sentir ódio pelo que
uma mesa. Vieira abriu uma pasta diante de si, começando a falar:
o que eu já tinha dito a ele pelo telefone. — Samuel é meu filho, eu não
falou, embora eu soubesse que ele exigia isso justamente por não acreditar
plenamente naquilo.
— Isso não é um problema — Carla declarou, enfática, embora
estivesse claro que a situação não era confortável para ela. — Podemos
Vieira continuou:
incômodo nas feições de Carla diante daquela última frase. Eu sabia que
Vieira era apenas prático e direto em suas palavras, mas era óbvio que se
filho... é natural que a gente decida sobre como ficará a guarda dele.
sendo assim. Podemos combinar finais de semana e feriados para ele ficar
com você.
prosseguiu.
Não é uma coisa que eu queira, mas sei que é seu direito, como pai, pedir
algo nesse sentido.
— Claro que não, Carla. Eu nunca faria isso. Seria realmente uma
concordaria que seria muito melhor que ele morasse de forma mais fixa
com o pai.
— Eu não fiquei cinco anos longe dele porque quis. Eu não reneguei
— Você renegou, sim! Disse que voltou até a casa onde eu morava e
deixou um bilhete com o meu ex...
— E por que não tentou me encontrar? Podia ter ido ao bar, todo
mundo lá me conhece.
— Porque eu achei que você tivesse recebido meu recado e
simplesmente não quisesse nada comigo. Que merda, a gente teve só uma
transa. Não usamos camisinha, eu sei, mas imaginei que você estivesse se
— Mas você não está mais sozinha. Eu quero agora assumir isso
comigo, porque eu tenho mais condições de dar uma vida mais confortável
para ele. Olha para essa casa... e pense no lugar onde você mora com ele.
— O que sei é que você é realmente um playboy que acha que bens
materiais importam mais do que família.
— Eu não acho isso. Eu nunca disse isso. Só achei que pudesse ser
melhor para Samuel morar comigo. E até mesmo para você. Ele poderia
estudar em uma ótima pré-escola ao invés de ter que ficar na creche da
empresa, porque você trabalha o dia inteiro e não tem como ficar com ele.
— Claro. Aqui ele teria babás, não é? Isso compensaria o fato de ele
filho de volta para a nossa casa simples. Porque foi de forma simples que
ele foi criado até hoje, e nunca lhe faltou nada. Ele pode não ter uma
mansão com piscina e brinquedos caros. Mas ele sempre teve um teto, boa
comida e, principalmente, muito amor.
retornar para a casa dos meus pais, de onde talvez eu nunca devesse ter
saído. Ao menos não para ir para São Paulo.
qualquer lugar para onde eu fugisse. Então, após passar a noite toda
pensando no que eu deveria fazer, decidi que o certo era seguir ali e lutar.
E por mais que ser secretária de Noah não fosse a melhor das
pela mão, guiei-o até o elevador, apertando o botão do terceiro andar, onde
da creche. Não eram pais levando seus filhos, mas sim um grupo de
repórteres.
Então, percebi que não era para mim que apontavam as câmeras,
mas sim para Samuel. Assustado, ele se agarrou em minhas pernas e eu o
empurrei para trás delas, tentando protegê-lo de seja lá quem fosse aquela
gente.
Todas aquelas pessoas começaram a me fazer perguntas
aquilo.
Eu estava tão assustada e confusa com tudo aquilo que apenas segui
descendo os degraus, até voltarmos ao estacionamento, onde Noah nos
levou até o seu carro. Havia um motorista nos esperando lá, então entramos
abraçando-o.
— Vou pedir para alguém vir buscar o seu carro quando estivermos
acontecendo?
— Está com seu celular aí? Uma busca no Google pelo meu nome já
te responde.
compreendi que não era essa a intenção. Ele queria que eu procurasse e
lesse para não ter que falar diante de Samuel, que ainda estava muito
assustado.
e levar uma surra, aquele... — ele conteve um palavrão. — ele decidiu jogar
Samuel?
— Uma boa parte delas está na própria reportagens. Outras, como o
de jornalistas.
tentei me conter por Samuel. Ele não entendia a dimensão de tudo o que
como tudo aquilo poderia afetar sua vida. Ainda assim estava tão assustado,
a segurança reforçada de lá, eles não tinham como entrar, o que fez a nossa
estar. Mesmo estando no mesmo cômodo que nós, de onde estava Samuel
trabalhar, levar meu filho para a creche ou transitar na rua com ele agora?
— Vai, mas não agora. A assessoria de imprensa da Bianchi está
cuidando de tudo. Foi feita uma nota em meu nome rebatendo a todas as
a você.
— Meu Deus...
— É, eu sei. É bom que você avise aos seus pais, porque é possível
— E você acha que a nota que sua assessoria vai divulgar pode dar
um fim a isso?
— Desculpe, Carla. Eu sinto muito por tudo isso. Mas apenas a nota
não será o bastante. Aos poucos, a opinião pública vai entendendo a versão
semanas, e você pode me auxiliar aqui também. Com isso não terá
necessidade de deixar o Samuel na creche.
Ele suspirou.
Mas, como você mesma disse, será questão de dias ou de horas até a
imprensa te encontrar, e então vocês terão que se mudar novamente para
conforto e você pode trabalhar comigo sem precisar ficar longe dele. Sei
que está com raiva de mim e passar algum tempo morando sob o mesmo
teto que eu não deve ser a mais divertida das ideias, mas seria a mais
tranquila e segura, tanto para você quanto, principalmente, para Samuel.
-----***-----
Capítulo treze
Também solicitei ao meu motorista que voltasse de táxi até a empresa para
buscar o carro de Carla.
Enquanto tudo isso era resolvido, ela ligou para os pais e passou
ligação que meu pai fez para ela anos antes, nem sequer sabia sobre ter tido
um filho.
me matar, mas agora com uma intensidade bem menor. Eu não tinha
necessariamente medo de que um senhor de seus mais de sessenta anos
pudesse representar algum risco à minha integridade física, mas confesso
que era bem mais agradável não receber todo aquele ódio dele.
Fiz questão de mostrar a casa toda para ele, e seus locais favoritos
comemorou por ter uma cama ‘tão grandona’ inteirinha só para ele.
deixo você vir para a minha cama — Samuel rebateu, falando como se
fosse ele o pai falando com a filha criança.
pertences de Samuel e de Carla, que eles próprios haviam listado para que
fossem levados. Samuel tinha muito mais coisas, já que ele fez questão de
parecia bem velho e surrado. E eu não pude deixar de pensar no quanto tudo
aquilo, mesmo tão simples, era tão especial para ele. Porque tudo parecia ter
uma história.
Tinha o par de tênis que seu avô tinha comprado de presente para
ele no último Natal, e que ficara um pouco folgado na época, mas agora já
originalmente projetada ali para que o hóspede pudesse usar como mesa de
pandas.
— Mas pandas ainda existem, mamãe. Um dia eu ainda vou ver um.
com o outro. Carla era rígida com Samuel quando precisava ser, e ele a
respeitava muito. Porém, ao mesmo tempo, tinha uma relação de amizade
com ele. Era algo que eu não tive com o meu pai, e nem mesmo com a
minha mãe, por mais que ela sempre tivesse sido mais presente e carinhosa.
Mas tive com o meu irmão. E isso fez a minha infância ter sido mais
feliz.
como tudo, ao mesmo tempo, tinha uma história que trazia alegria a ele. Eu
tinha sido um garotinho rico, tive tudo de material que poderia sonhar em
pequeno furo em uma de suas bermudas, que tinha sido feito pelo cachorro
dele. Mamãe falou que vamos visitá-lo quando formos ver o vovô e a vovó
nas férias.
— Vamos, meu amor — Carla respondeu. — Mas vai demorar ainda
um pouquinho.
e o Farofa.
viagem mais divertida para ele se animar em fazer quando tiver uma folga.
ambiente. Contudo, Samuel nos olhava à espera de uma resposta, então dei
isso a ele:
Eles serviam umas coxinhas horríveis, aliás. Elas pareciam boiar em óleo
velho.
— Mas o lugar valia muito à pena pela música. Sua mãe estava
— Na verdade, não tive essa honra. Tinha outra moça cantando. Sua
que amava, enquanto eu seguia a minha vida sem fazer ideia de que tinha
um filho, ao mesmo tempo em que tinha condições de dar toda a estrutura
necessária aos dois.
Eu jamais perdoaria meu pai por aquilo. E nem aquele filho da puta
do Eduardo, que, não bastasse tudo o que havia feito seis anos antes, agora
também havia espalhado todas aquelas mentiras para a imprensa.
Samuel foi até as caixas, pegando o violão que estava sobre elas e
levando-o até a mãe.
gosta.
música no dia seguinte ao que nos conhecemos, e eu até hoje não ouvi você
cantar.
Ela fez uma pausa, pensativa. Mas, por fim, aceitou, pegando o
violão e indo se sentar com ele na beira da cama. Levou ainda alguns
Ela não era apenas afinada. Tinha uma voz tão doce, tão deliciosa de
ouvir, que eu sabia que seria capaz de passar horas ouvindo-a cantar.
no rosto. Carla tinha uma sensualidade que chamou a minha atenção desde
o momento em que a vi no palco de um bar, em um visual meio roqueira,
natural.
fizemos sexo uma única vez. E isso tinha sido há seis anos. Tive inúmeras
mulheres antes dela, e várias outras depois dela. A maioria casuais, algumas
perfeição dos momentos em que estivemos juntos, mesmo que tanto tempo
já tivesse se passado.
afinado assim.
-----***-----
Capítulo catorze
como dizer?
Fofo?
Lindo?
Encantador?
via os dois juntos? Era como se nenhum espaço de tempo tivesse se passado
Outra coisa que eu não podia negar era o quanto ver aquela versão
ebulição. Certo, eu tinha agora vinte e seis e ainda era muito jovem, e sabia
desejos sexuais. Porém, tinha passado os últimos anos morando na casa dos
poder dar o melhor a ele, e também em destinar todo o meu foco à minha
família.
Não passei esse tempo todo em celibato. Tive dois namorados
durante aquele período, mas nenhum eles durou mais do que alguns meses.
Eu não me sentia pronta para assumir nada sério. Na verdade, por mais que
deveria incluir sair e conhecer outros homens. Porém, era um tempo que eu
vinha dedicando totalmente a outra coisa que sempre teve uma posição de
mundo e de um dia fazer da música a minha profissão, mas isso seria difícil
Noah e com todos aqueles acontecimentos, isso tinha acabado por ficar em
segundo plano.
das cinco da tarde. Noah não apenas tinha um escritório em sua casa, como
tinha também uma biblioteca no cômodo ao lado, e o local foi adaptado
para funcionar como minha sala de trabalho. Sempre que eu terminava meu
sobre as estantes que iam do chão até o teto. Noah tinha me dito que eu
poderia pegar o que quisesse para ler e, naquele dia, após encerrar a leitura
já tinha informado que não jantaria conosco, porque ficaria preso em seu
Então, jantei com Samuel e o levei até o seu quarto, onde li para ele
Noah:
— Ei...
quarto entreaberta. Aquela casa era tão grande, que eu às vezes perdia um
pouco a noção de que não estava sozinha ali. Especialmente durante a noite,
quando os únicos funcionários que permaneciam lá eram os seguranças que
está te incomodando?
próprio encerraria aquilo com um ‘boa noite’ e seguiria para o seu quarto.
Mas, ao invés disso, ele parecia querer prolongar aquele momento comigo.
— Nada demais.
— Como não seria nada demais? Você cria músicas. Isso é algo
tipo... sensacional.
ouvir.
possa gostar...
pessoas...
então tentei me focar nas que eu mesma mais gostava e mais me orgulhava
de ter composto.
E, em meio a isso, a minha escolha foi por uma música que, de certo
modo, tinha a ver com Noah. Não era sobre ele, mas surgiu a partir da
primeira conversa que tivemos.
escrito. Mas aquela, sem dúvidas, tinha sido a mais sofrida de ser composta
e, ao mesmo tempo, também a mais libertadora, porque falava de tudo o
irmão.
exemplo a vida toda. Meu irmão mais velho, o cara que era mais esperto,
mais maduro e mais experiente na vida do que eu... E, de repente, eu estou
chegando aos trinta, enquanto a vida dele foi interrompida aos vinte e três.
ela também sempre foi a mais experiente entre nós. A que tirou as rodinhas
de apoio da bicicleta primeiro, a que viveu antes o primeiro beijo, e veio me
na minha vida... enquanto a dela foi interrompida de uma forma tão triste...
música?
— Olha... esse com certeza foi o elogio mais sincero que já ouvi a
respeito de uma das minhas canções.
— Era uma possibilidade... Até o meu nome ficar famoso por outros
com um pseudônimo ou apenas com suas iniciais, e então você saberá que
todas as views serão pelo seu talento e não por curiosos a respeito de
polêmicas familiares.
A ideia era boa, algo no qual eu não tinha pensado ainda. Estava há
Porém, havia algo em tudo o que Noah disse que chamou a minha
no plural.
— Sim, podemos. Toda grande artista precisa de um empresário. E,
que coisa, eu sou justamente isso!
— Sei... Não está fazendo isso porque eu sou a mãe do seu filho,
não é?
Ele ergueu a mão que estava até então sobre a minha, estendendo-a
para mim.
Porém, assim como na primeira vez que o vi, existia uma aura de
pessoal comigo pelo fato de ser pai do meu filho, mas isso parava por ali.
Fora isso, ele era meu patrão, e agora viria também a ser empresário da
-----***-----
Capítulo quinze
Pensei que o vídeo para a internet seria algo bem simples, uma gravação da
música feita pelo celular, junto a uma edição de imagens bem caseira.
Bem profissional.
quartos de sua mansão para isso, contratou pessoas para fazerem todo o
O estúdio tinha se tornado meu lugar favorito da casa. Era para onde
ali comigo. Ele amava ambientes que remetiam à música, tinha interesse em
instrumentos musicais – o sonho dele, aliás, era ter uma bateria – e eu tinha
Ele tinha saído neste dia, ido a um jantar de negócios com empresários
estrangeiros, algo que já estava agendado há meses e, por isso, não havia
como adiar.
Sorri, fazendo um sinal para que ele entrasse. Quando ele abriu mais
fiquei ali, olhando para os dois feito uma boba, sentindo meu coração
aquecido por ver meu filho tão feliz... E por ver como Noah também
concluir.
DNA. Tudo o que ele soube, quando foram coletar seu sangue, era que seria
para um exame de saúde, como os que o pediatra dele pedia todos os anos.
sua atividade.
tenho qualquer dúvida de que ele seja meu filho. Isso sem contar, é claro,
— Pois não deveria se bastar nisso. Vai que, depois que você foi
parecido. Tipo algum irmão meu perdido por aí, que nem eu sei da
existência.
viesse a achar outro cara tão lindo quanto ele, mas achei que este seria um
apartamento, ele vai continuar morando com você e eu vou buscá-lo nos
segurava a emoção.
— Estou. Mesmo que eu tenha certeza de que ele é meu filho... Não
temendo apanhá-lo.
Eu acreditava nele quando dizia que não tinha qualquer dúvida com
ideia vaga na mente dele. Como quando eu descobri que estava grávida.
Sabia que, naquele momento, eu já era mãe. Contudo, a informação foi se
Noah já sabia.
alegria.
— De alegria? — Samuel sorriu. — Porque eu terminei de montar o
panda?
Achei que aquela frase deixaria Samuel ainda mais confuso. Mas, de
— Eu te amo, papai.
-----***-----
Capítulo dezesseis
estúdio enquanto Noah foi levar Samuel para o seu quarto. Levou quase
uma hora até que ele voltasse, agora já sem a gravata e com os olhos ainda
um pouco vermelhos do choro.
ao lado da minha.
sucesso na internet. Acho que já podemos lançar mais uma online nos
próximos dias. Pensei na que você fez para o Samuel, o que acha?
música foi muito bem, mas não temos como saber como o público receberá
as outras.
música para o Samuel é tão linda quanto a que fez para a Gisele. Já as
outras três são canções de amor, todas com letras muito bonitas e uma
engraçado?
— Não é o que você disse. Mas a situação em si. Lembrei que todos
a mídia nos últimos dias fez uma imagem sua como a de um homem sem
coração. E eu mesma te julguei de forma péssima por achar que você tinha
o meu sonho, ainda é uma pessoa que mostra o lado positivo das coisas.
mostrando que não acreditava muito naquela versão que ele dava para
carreira.
— Talvez não seja esse o meu foco. Mas realmente acredito que
tudo vai dar certo. E, quanto aos rios de dinheiro, não seria algo ruim.
cantora, desde que me entendo como gente. Já o Samuel, tem mil planos
que mudam todos os dias. Às vezes ele diz que quer ser bombeiro, em
outras diz que quer tocar bateria em uma banda, em outras ele quer ser um
astronauta... Mas na maioria do tempo ele diz que quer ser veterinário, para
'cuidar dos bichinhos'. E meu instinto materno me diz que ele realmente tem
que suas ideias de profissões mudem de um dia para o outro, e que eles
tenham ainda tanto caminho até a idade adulta para pensar a respeito de
novas alternativas.
— Mas eu nunca tive alternativas, Carla. Eu já cresci sabendo que
irmão, mas que eu seria o apoio dele nisso. Nunca ninguém sequer me
deixou cogitar que eu poderia fazer qualquer outra coisa na minha vida.
— Mas você pode. Caso não esteja feliz com o que outras pessoas
Ele ficou em silêncio, apenas olhando para mim, e isso fez com que
trabalho maçante, posso dizer, com toda a certeza, que nunca estive tão feliz
forcei em focar que aquela felicidade não tinha ligação direta comigo.
é a única.
entrar com o investimento necessário para fazer isso dar certo. Não apenas
trabalhar para ele como produtora musical. Porém, tal alegria foi um tanto
quanto sufocada pela decepção de quem esperava por algo bem diferente.
não é?
Não era uma mentira, enfim. Porém, eu não conseguia disfarçar para
comigo.
— Você sabe, tanto quanto eu, que não é apenas isso, Carla. Somos
Mas até quando vamos continuar fingindo que isso é tudo o que existe entre
nós?
Dizendo isso, ele arrastou sua cadeira para mais perto, virando-se de
completamente acelerada.
Que ele não estivesse prestes a me dar mais um banho de água fria.
Ele estava deixando a decisão para mim. Aquilo era cruel, porque
— A última vez que nos beijamos, Noah, a minha vida mudou para
sempre. Não faça isso de novo se for para me machucar.
Dito isso, ele se aproximou ainda mais, de modo com que nossos
lábios se tocavam de forma muito leve, roçando uns nos outros de uma
forma terrivelmente torturante.
inferno, tive como consequência a maior alegria da minha vida, que era o
meu filho, mas tive junto muito sofrimento por me sentir abandonada em
-----***-----
Capítulo dezessete
meu redor. Ela usava um vestido e, mesmo eu estando com calça social – já
que tinha retornado de uma reunião – era capaz de sentir o calor de sua
boceta contra a minha ereção.
Desci as mãos pelas suas costas, deslizando-as sobre suas coxas e
voltando a subi-las, desta vez por baixo do vestido, até encontrar sua bunda,
onde ficava o caderno que ela usava para suas composições, junto a canetas
e lápis. Tudo foi ao chão, mas nenhum de nós se importou com isso.
calcinha, deixando-a apenas com o vestido. Afastei suas pernas e levei uma
descer os lábios pelo seu pescoço, extasiado com os sons de seus gemidos
dedos.
depois mais um, deslizando com facilidade para dentro dela, de tão molhada
que estava. Levei a outra mão ao bolso de trás da minha calça, pegando
minha carteira. Sabendo que não conseguiria abri-la com apenas uma mão,
carteira que eu havia entregado a ela. Meus dedos agora a fodiam com mais
que sempre tive camisinhas na carteira. Mas foi tudo tão insano, que...
fode.
forma sedutora.
camisa.
— Não acho que seja uma boa ideia tentar fazer o mesmo comigo,
Carla... — respondi.
calça. Desta vez, fui eu que soltei um gemido quando ela, sem qualquer
cerimônia, enfiou a mão dentro da minha cueca e agarrou o meu pau,
colocava em mim. Fez isso o máximo que pôde com a boca, usando a mão
Ela ainda se divertiu por algum tempo com aquela tortura, até que
se e vindo se sentar sobre mim. Posicionando sua entrada sobre o meu pau,
minha mão entre nós, usando meu polegar para acariciar seu clitóris em
ritmo da cavalgada.
até a bancada, onde a deitei de costas, sem sair de dentro dela, assumindo
orgasmo, mas não lhe dei trégua nem tempo para se recuperar e continuei a
estava prestes a gozar. Mas segurei o quanto pude, usando minhas mãos
para levantar o vestido dela e abrir o fecho frontal de seu sutiã, tendo agora
uma visão completa de seu corpo nu. Comecei a acariciar seus mamilos,
arquear mais uma vez comigo dentro dela, foi que me permiti gozar.
Debrucei-me sobre ela, tomando sua boca com a minha. Desta vez,
também estava satisfeita com o sexo bruto. Mas eu sentia que ela merecia
mais. Ela merecia algo que eu sequer sabia se era capaz de fazer.
alguma mulher para a minha casa. Era sempre na casa delas ou em hotéis,
meus braços.
— Para a cama.
minhas próprias roupas. Meu pau já estava novamente duro, pronto para
outra.
Desta vez, o sexo foi diferente de tudo o que tinha feito até então.
Foi lento, e ao mesmo tempo mais intenso do que antes.
-----***-----
Capítulo dezoito
ainda mais rápido que a primeira, e logo a cantora conhecida apenas pelas
iniciais CM (de Carla Mendes) já era relativamente famosa. Eu já tinha
para contar a Noah que o juiz tinha enfim dado a sentença que declarava o
após desligar o celular, pegou Samuel nos braços, jogando-o para o alto.
‘dia mais feliz’. E sabe qual foi a coisa boa de hoje? Que agora somos
pela notícia, mas estava evidente que nada daquilo fazia muito sentido na
— Ele tem cinco anos, Noah. Brincar com um gato é muito mais
— Tenho certeza de que seus planos são ótimos, mas certamente não
são os mesmos aos quais eu me referi. Não podemos sair para jantar, porque
alguns dias.
meses vazio, imagine o tanto de poeira que juntou por lá. E preciso limpar
empresa, esqueceu?
péssimo momento para deixar a sua empresa falir. Tem trabalhado de casa
há todo esse tempo, mas você mesmo já disse que não é a mesma coisa.
— Nós vamos revelar sua identidade nos próximos dias, você já está
com inúmeras propostas de show... Sinto que em breve vou perder minha
secretária.
Ele me beijou, mas percebi que se controlou para que fosse um beijo
breve. Eu podia sentir a ereção dele contra o meu ventre e nós dois
muito bem escondido. Mas não podia contar muito com isso.
— Estou. Mas você tem razão quando disse que sou agora pai.
plena. Mas entendo que abrir mão da Bianchi para se dedicar a algo
completamente novo não seja algo fácil. A empresa é o legado do seu pai,
afinal.
— O legado que meu pai deixou de mais profundo na minha vida foi
ter tirado os primeiros anos da vida do meu filho de mim. A Bianchi era
importante para ele... Mais do que a própria família. Para mim, sempre foi
realmente quer.
— Sabe o que eu quero, Carla? Quero o que nós temos agora. Quero
— Você vai nos ver todos os dias na Bianchi, Noah. Pelo menos
Samuel vai voltar a frequentar a creche de lá. E ele virá ficar na sua casa
— Não é isso o que eu quero, Carla. Não quero ter que me despedir
desta casa, até você estar completamente exausta e saciada. Quero que você
durma junto a mim, na minha cama. Quero que você seja a minha primeira
do café da manhã. E então vamos passar o resto do dia ansiosos para que
mais uma noite chegue, enquanto trabalhamos juntos com o que amamos e
— Você está confusa? Porque os seus olhos me dizem que tudo isso
Abri a boca para tentar dizer algo, mas nenhum som saiu, minha voz
passando os polegares pela minha face para secá-la. Então, seus lábios
voltaram a se unir aos meus em mais um beijo. Desta vez, mais demorado
trazia em seus braços. Contudo, quando ele levantou seu rostinho e viu que
eu chorava, mostrou-se preocupado.
— É sobrenome, meu amor. Mas não é por isso que estou chorando.
-----***-----
Capítulo dezenove
Bianchi.
olhar para o nosso filho. — Você sabe o quanto o Garfield ama dormir o dia
Afinal, por mais que a opinião pública já tivesse perdido grande parte do
interesse na minha história com Noah, o mesmo não se podia esperar com
nosso retorno.
Noah e eu tinha sido apenas uma conexão de almas e corpos, que, caso não
para se tornar amor. Este sentimento, de forma mais plena, só tinha surgido
Mesmo com todos aqueles olhares sobre mim, segui o meu trabalho
com a maior naturalidade possível, ainda que eu fosse super tímida e aquilo
realmente me incomodar.
Até que, por volta das quatro e meia da tarde, fui à sala de Noah,
trabalho de amanhã.
— O trabalho de amanhã pode ficar para amanhã — ele comunicou,
perto agora.
trabalho.
— Já está todo mundo olhando para mim. Imagine o que vão falar
Você é uma estrela da música. Ainda anônima, mas logo que seu rosto for
Eu ri, porque aquilo ainda parecia uma realidade tão distante para
mim.
bolsa. Quando voltei para a sala dele, no entanto, ele estava falando ao
telefone, pela linha fixa da empresa. Parou por um instante quando me viu e
falou:
devolvi, com a voz sussurrada para que a pessoa com quem ele conversava
em casa.
Ele veio até mim e me deu um selinho. Comecei a me afastar, mas
corredor que levava até ela. Havia um homem parado diante da porta,
Samuel...
Apesar de ser um nome comum e talvez ter mais de uma criança ali
passos. Meu coração acelerou com a confirmação que veio com a resposta
do homem.
— Já disse que sou um funcionário de Noah Bianchi e que fui
— Ei, você! — gritei, em fúria, tomada por uma raiva tão absurda
— Cale a boca, merda! Não era para ser desse jeito! — E voltou a
olhar para mim. — Você, entre já aqui antes que mais alguém nos veja.
na porta de um lugar cheio de crianças. Por isso, levantei as mãos para que
ele visse que eu não pretendia reagir e me aproximei devagar, passando por
me agredir e tirar o meu emprego, ele ainda sujou o meu nome. Não
consegui mais emprego, estou afundado em dívidas. Então, avise a ele que,
dará quanto dinheiro você quiser para que não leve o nosso filho.
um argumento que poderia fazer com que ele repensasse aquilo. — Todo
mundo nesse prédio conhece o Samuel, e vão vê-lo deixando o local com
você.
olhe para ele verá que está assustado. Você não vai conseguir ir muito longe
levando-o junto.
bala nele.
lo com força, mas não tinha como fazer isso. Por isso, esforcei-me para me
manter firme.
— É, acho que é uma boa troca. Além de dar menos trabalho, estou
certo de que Noah pagará qualquer coisa por você. Você o dobrou
Ele largou Samuel, que correu até mim. Abaixei-me para abraçá-lo
com força, temendo o fato de ainda estarmos sob a mira de uma arma que
— Não, mamãe...
— Por favor, filho. Vai ficar tudo bem, eu prometo para você. Eu te
amo muito.
Afastar-me do meu filho naquele momento foi a coisa mais dolorosa
que já precisei fazer em toda a minha vida. Ele não queria me soltar, e uma
-----***-----
Capítulo vinte
casa.
o trabalho paralelo que eu vinha realizando junto com Carla, sendo seu
empresário. Vínhamos juntos, inclusive, buscando trabalhos de outros
dedicar inteiramente àquilo ficava a cada dia mais forte na minha mente.
Apenas alguns minutos depois que Carla passou pela minha sala, eu
que ela tinha levado para mim e, enfim, pude sair. Entrei no elevador e
Sabia que Carla podia ter parado para conversar com as professoras
estivesse errado.
andar.
reconheci vozes das funcionárias informando que estavam presos lá. Girei a
Mas eu não ficaria ali parado esperando. Passei meu filho para os
para deduzir que certamente era Eduardo. Não havia qualquer outra pessoa
que me odiasse tanto a ponto de fazer algo assim e, ainda que houvesse, não
facilmente ter usado seu antigo crachá para conseguir entrar na empresa
nos arredores do prédio, e ele não se arriscaria a tentar fugir dali levando
levantar suspeitas.
Contudo, logo que me viu, ele entendeu que não poderia manter tal
prudência. Por isso sacou a arma que escondia dentro do paletó e, com o
— Solta ela, cara. Vamos subir para o meu escritório para conversar.
sem envolver a polícia nisso, a não ser que não queira tê-la de volta com
vida.
não é? As câmeras estão filmando tudo isso. Nenhum de nós vai poder
esconder isso que está acontecendo aqui: você está ameaçando uma mulher
com uma arma e vai colocá-la a força dentro de um carro e levá-la. Você vai
ser encontrado pela polícia antes mesmo que consiga me ligar pedindo
qualquer resgate. Você sabe disso. E sabe que nem eu terei como evitar isso.
estivesse nitidamente sob o efeito de drogas, ele pareceu entender que não
— Você já destruiu a minha vida, Noah. Se for para ainda ser preso,
golpe da barriga.
para conseguir dinheiro que você armou esse sequestro. Você é esperto, se
pensasse um pouco mais saberia que, mesmo que saísse do país com o
momento. Não era essa a sua intenção principal, mas sim a de me ferir.
— E o que iria te ferir mais do que ver essa vadia morrer diante dos
seus olhos?
— Não é ela que você quer ver morrer, Eduardo. Seu ódio sempre
foi de mim. Por me julgar um playboy com a vida ganha, por eu ter
destruído tudo o que você conseguiu chantageando o meu pai com a
mais que fosse uma provocação para direcionar o ódio dele novamente para
mim e fazer com que ele desistisse de ferir Carla, confesso que senti uma
— Posso fazer melhor. Posso matá-la diante dos seus olhos e deixá-
lo sofrer com isso antes de te matar também.
Ela merecia viver, criar o nosso filho, realizar seus sonhos e ser
feliz. E eu não permitira que aquele verme a impedisse disso.
pelo outro braço dele ao redor de seu pescoço. Eu não queria que ela visse
aquilo.
— Feche os olhos, meu amor — pedi, em um sussurro. — Eu amo
você.
— Noah, não... — foi tudo o que ela conseguiu dizer, antes de gritar,
em pânico, com o som do estalo da arma.
pude fazer aquilo que já tinha feito antes, mas que ainda desejava tanto
fazer novamente: socar com toda a minha ira a cara daquele filho da puta.
que nocauteado.
acalmá-la.
— Nunca mais faça isso! — ela pediu, em meio ao choro, ainda com
seus braços me apertando com força. — Ele ia atirar em você...
— Não vai nos perder, meu amor. Nós nunca mais vamos nos perder
-----***-----
Capítulo vinte e um
Voltar para casa ao final do dia nunca teve um sabor tão especial
seu auge e recebi muitas ofertas, o que facilitou bastante na negociação por
um valor que fosse bem vantajoso para mim.
minha vida.
A Bianchi sempre tinha sido algo tedioso para mim. Contudo,
depois de tudo o que acontecera lá há alguns meses, passou a ter uma carga
embora Eduardo não fosse mais uma ameaça para nós. Ele tinha sido peso
em flagrante, naquela mesma tarde, por tentativa de homicídio, sequestro e
Logo que pus meus pés na sala de estar ao entrar em casa, fui
— Nossa, posso saber por que estou ganhando uma festa surpresa?
— perguntei.
— Não faça drama. Você segue tão milionário quanto sempre foi,
daqui a dez dias. Então, até lá, para todos os efeitos, eu estou sem trabalho.
— Vai sonhando... Tem muito trabalho para fazer. Sou sua sócia,
mas também sou a primeira artista empresariada por você. A agenda dos
por trás das músicas virais da internet causou um burburinho que foi até
mesmo difícil de lidar. Carla ainda imaginava que precisaria continuar com
emprego regular. Ela agora era uma cantora famosa. E, desde então, vinha
— Você pode pedir o que quiser. Hoje é dia de festa! Agora anda,
cama.
lábios se afastaram.
Passei os dedos sobre os seus cabelos, tirando alguns confetes
especial para a nossa família e ele... claro, perguntou se a gente podia comer
empresa e o início de uma nova empreitada profissional dos pais, mas ele
felizes.
Carla prosseguiu:
— Então, eu falei para ele: ‘Que tal se a gente fizer uma grande
chapeuzinhos foi toda dele. — Ela voltou a rir enquanto tirava o chapéu da
cabeça.
— Bem... Fico muito feliz que tenha gostado. Mas... Talvez não seja
Antes que ela pudesse responder, Samuel surgiu no alto das escadas,
descendo, dessa vez sem Garfield, que muito provavelmente devia ter
Ele desceu e parou bem diante de nós, já usando uma jaqueta com o
zíper fechado. Ele trocou um olhar cúmplice com a mãe, antes de voltar a
olhar para mim e anunciar.
— É... eu tive informações a respeito disso. Mas ainda não sei o que
é.
Ele voltou a olhar para Carla e riu, e eu não fazia ideia do que
aqueles dois estavam armando para mim.
incrível pensar que havia já um pequeno ser sendo gerado ali dentro.
Um filho nosso.
-----***-----
Epílogo
mesmo eu dizendo que não precisava, meus pais fizeram questão de irem
para São Paulo passar os primeiros dias após o parto comigo, ajudando no
pais... passando pela perda da melhor amiga e por uma gestação acreditando
que tinha sido renegada pelo pai do bebê... E agora, lá estava eu, sentindo-
me o ser humano mais cercado de amor que poderia existir na face da terra.
com força.
música.
minhas músicas.
— E pensar que essas músicas passaram tanto tempo escondidas...
mim e por eu ter reencontrado você e nosso filho, e tidos juntos a nossa
filha.
juntos, moramos, trabalhamos e vivemos juntos. Por que não tornar isso
oficial? Eu já sou o homem mais feliz do mundo com a nossa família. Mas
você tem o poder de aumentar a cada dia mais esse sentimento. Aceita se
seria difícil explicar aquilo para uma criança. Nós já morávamos juntos e já
éramos uma família, então, para ele, tudo seguiria igual. — Nós vamos ter
Samuel sorriu.
teríamos em nossa festa de casamento tudo o que ele quisesse. Até mesmo o
Garfield poderia estar presente, caso ele quisesse, já que faríamos a festa
em casa. Mas duvidávamos muito que nosso gato preguiçoso iria querer sair
alta.
Alguns meses depois, o grande dia chegou.
promessa.
FIM
-----***-----
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lugar que considerava seu lar. E era lá que pretendia criar sua filha Olívia,
Vindos de origens tão opostas e com personalidades tão diferentes, será que
para sempre"?.
O maior projeto da vida dele era provar que clichês não passavam de uma
grande bobagem
Ele precisava de uma cobaia. E achou que sua inocente secretária era a
qualquer coisa, era um escritor, que, desde a morte de sua esposa, que o
deixou sozinho com uma bebê pequena, não conseguia mais pensar em uma
qual escrever. Um livro que contasse seu experimento feito com alguma
perfeita logo surgiu em seu caminho: Melissa, sua nova secretária, uma
Ele testa com ela todos os tipos de temas e situações clichês, ao mesmo
tempo em que escreve sua obra, que tem certeza de que será um sucesso de
vendas.
Mas ele não contava que, em meio a isso, ele pudesse cair em sua própria
Um CEO viúvo que descobre que tem um bebê perdido pelo mundo.
Uma secretária virgem disposta a tudo para cuidar da sobrinha após a morte
da irmã.
Viúvo há quase dois anos, acabei me permitindo uma noite de sexo sem
telefonema dela, contando que havia ficado grávida naquela noite. Eu não
teria acreditado nisso, se não fosse uma foto de um bebê com uma marca de
nascença idêntica à minha. Porém a mulher desligou sem me dar mais
qualquer detalhe, sem deixar pistas de onde estaria junto ao meu filho ou
filha.
Desde esse dia, encontrar o meu bebê tem sido a maior missão da minha
vida.
primeiro momento, foi o fato de ela ter uma bebê, que, depois de um tempo
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Uma bebê inesperada que irá mostrá-los que eles são mais parecidos do que
poderiam imaginar.
Apesar de ter crescido em uma fazenda, meu pai sempre desejou que eu me
que fez com que eu passasse anos sem vê-lo. Já tinha recomeçado uma vida
de cowboy em outra fazenda quando recebi a notícia de que meu pai e sua
última esposa haviam morrido em um acidente de carro. Agora, eu
precisava voltar para casa para assumir o comando das coisas em meu
antigo lar.
Contudo, o que eu não poderia imaginar era que eu não era o único
herdeiro. Minha madrasta tinha uma filha, Alícia, uma mulher da cidade
grande que trabalhava reformando e revendendo imóveis antigos. Ela queria
a parte da fazenda onde estava a casa onde eu cresci, coisa que eu não
pretendia permitir. Como nenhum dos dois se mostrava disposto a abrir mão
Eu estava mais do que decidido a infernizar a vida daquela mulher até que
ela desistisse da casa e fosse embora. O problema era que ela tinha a mesma
intenção.
Era para ser só uma noite de bebedeira, mas eu acabei na cama com meu
chefe – e noiva dele.
Miguel Marino era o típico homem que poderia ter a mulher que quisesse:
O que eu não sabia sobre Miguel era que ele tinha uma bebezinha e que
estava lutando pela guarda dela. O fato de termos sido filmados juntos,
bêbados e indo para um quarto de hotel, poderia arruinar sua causa e dar a
vitória de bandeja aos avós da menina.
Tudo o que ele precisava fazer para ganhar a ação era sustentar a imagem
de um homem sério e responsável. Por isso, me fez uma proposta: fingir ser
Era para ser uma mentirinha de nada, algo inofensivo, mas não contávamos
que o destino daria suas cartas e que o amor entraria em jogo, pronto para
Consequentemente, um emprego.
Mas a sorte parecia estar sorrindo para mim, porque meu vizinho milionário
bom pai ele era, além de ser um homem completamente diferente de todos
os que eu conhecia. E eu também precisava provar para ele que não era a
mulher sem coração que por acaso tinha o mesmo nome que eu.
Será que o segredo que eu escondia poderia nos levar a um coração partido
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Tudo ia muito bem na minha vida. Era o bem-sucedido CEO de uma grande
Foi por uma aposta que a conheci. Uma briga de egos com meu irmão, que
Eu teria duas semanas para seduzi-la, mas ela não poderia saber quem eu
era; não poderia saber que era rico, muito menos que era seu chefe.
O problema era que eu não esperava que Luíza fosse tão especial e que eu
acabasse me apaixonando por ela e por sua filhinha, Sofia, com quem
precisei fazer um pacto muito engenhoso quando descobriu minha
O que era para ser apenas uma aposta, acabou tomando rumos diferentes.
Agora, não era apenas uma conquista que estava em jogo... mas também o
meu coração.
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Sinopse: Uma viagem longa de ônibus não era algo que estivesse nos meus
planos. Mas surgiu um compromisso muito importante em outra cidade
distante. Eu poderia ir de avião, mas simplesmente me recusava a entrar em
um.
Sim, era um CEO bem-sucedido, com grana suficiente para ter o meu
próprio jatinho, mas tinha medo de entrar em um avião. Ir de carro seria
uma opção, mas era uma viagem longa e cansativa e, de última hora, não
consegui um motorista disposto a aceitar o trabalho bem nessa época do
ano.
Eu não me importava que esse compromisso fosse no dia 26 de dezembro e
essa viagem significasse que eu passaria o Natal sozinho. Esse já era o meu
padrão. Desde garoto, sempre fui um solitário durante todos os dias do ano,
uma data no calendário não tornava as coisas diferentes.
Contudo, tal viagem trouxe algumas surpresas. Umas ruins, como um
imprevisto na estrada que acabou atrasando tudo ainda mais. Outras, muito
melhores do que eu poderia imaginar, como a jovem Laura e seu bebê
Daniel, que foram minhas companhias no assento ao lado.
Talvez aquele Natal fosse diferente de tudo o que eu já tinha vivido até
então.