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PERIGOSAS NACIONAIS

PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

Copyright © 2017 Evilane Oliveira

Megan e Ethan
1ª Edição

Capa: ML Capas
Diagramação digital: April Kroes

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e


acontecimentos que aqui serão descritos, são
produtos da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais é mera coincidência. Esta obra segue as regras
da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. É
proibido o armazenamento e/ou a reprodução de
qualquer parte dessa obra, através de quaisquer
meios, sem o consentimento escrito da autora. A
violação dos direitos autorais é crime estabelecido
pela lei nº. 9.610./98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.

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Todos os direitos reservados.

Edição Digital | Criado no Brasil.

PERIGOSAS ACHERON
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Índice
Índice
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Epílogo

PERIGOSAS ACHERON
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Capítulo um

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Megan
“Você precisa me ajudar. Eles vão me
matar.”
“Megan, me ajude!”
“Megan, só uma noite. Querida, seja boa.”
Acelero meus passos enquanto corro pelas
calçadas do meu bairro. A noite escura e a chuva
torrencial tornam quase que impossível enxergar.
As ruas estão alagadas, meus tênis estão
encharcados e meus olhos transbordam lágrimas
que se misturam com as gotas de chuva que caem
em meu rosto.
“Megan, acorde meu bem. Meu amigo está
aqui.”
Meus joelhos perdem a força assim que
chego no parque florestal da cidade e eu caio no
chão. Tampo meus ouvidos tentando não o escutar.
Tentando privar meus pensamentos de sua voz.
Não tento me erguer, pois sei que é inútil.
Abraço minhas pernas me deitando em posição
fetal na grama do parque. Fecho meus olhos
apertados e forço minha respiração.

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Encarando a chuva cair no chão eu escuto


minha respiração se normalizar e meu batimento
cardíaco desacelerar. Meus olhos focam a chuva
batendo no solo e assim eu consigo um pouco de
paz.
Sua voz não me alcança, pai. Não com a
chuva para me proteger.

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Et​han
— Inferno!
Praguejo quando o meu carro para no meio
da chuva. Eu te disse Ethan, vá por gasolina nessa
merda, mas você não faz. Idiota. Ligo meu celular e
dou graças a Deus quando vejo que tenho sinal.
Chamo um táxi e espero sentado enquanto
encaro a chuva. Estou cansado do treino de hoje.
Morar em Phoenix e ir e vir da Califórnia todos os
dias está sendo cansativo. Hoje mais ainda, pois fui
ao bar do meu primo ajudar com o atendimento.
Ele viajou e deixou-me responsável pelos próximos
dias.
Esfrego meu rosto cansado e me inclino
para a frente observando a chuva bater no meu
para-brisa. Sorrio a olhando. Gosto de ver a chuva
cair. É uma sensação diferente, mas me acalma.
Traz paz.
Além das gotas grossas eu vejo uma pessoa.
Parece ser uma mulher. Inclino minha cabeça
confuso após ver um vulto na chuva. Somente
alguém louco sairia tão tarde com tanta água caindo
do céu. Engulo em seco e ativo o limpador para que
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possa ver melhor. Suas roupas são de corrida e


parecem encharcadas. Quando subo os olhos para
enxergar seu rosto e assusto-me ao me deparar com
tamanha dor.
Seus olhos estão fechados com força e seus
cabelos loiros estão presos em um rabo de cavalo.
Assusto-me novamente quando ela desaba no chão
e se deita abraçando as pernas. Seus olhos estão
abertos e, mesmo no escuro, noto o quão azul eles
são.
Porém não é a cor tão diferente que me faz
sair do carro e correr em sua direção. É a dor. Uma
dor tão crua e mortal que me faz temer qualquer
coisa que ela esteja pensando.
Aproximo-me, sentindo a chuva gelada
bater em meu corpo. Minhas roupas ficam
encharcadas em questão de segundos. As botas de
couro em meus pés são caso perdido. Mas nada
disso importa nesse momento. Ajoelho-me em sua
frente e pego em sua mão, tentando fazê-la me
olhar.
Assim que nossas mãos se tocam a moça de
olhos azuis se senta e me encara. Seus olhos
duplicam de tamanho e ela engole em seco se
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arrastando para longe de mim.


— Calma...
— Não me toque — ela sussurra ainda se
arrastando e eu encaro a rua sem saber o que fazer.
— Eu não vou. Só fiquei preocupado. —
Esfrego meu rosto, frustrado, e me aproximo
novamente. — Não me tema, não lhe farei mal —
consigo dizer quando ela se ergue ficando de pé.
— Não se aproxime. Por favor... — sua voz
quebra e eu mordo meu lábio quando os olhos tão
lindos se enchem de lágrimas.
— Não irei te fazer mal. Só me deixe te
levar para casa. Já é tarde, não pode andar por aí
essa hora — explico pausadamente e ela engole em
seco se afastando.
— Não me toque. Minha casa é perto, já
estou indo — suas palavras são apressadas
enquanto ela se afasta andando rápido.

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Megan
Fecho meus olhos enquanto ando mais
rápido. Arisco olhar para trás procurando pelo
homem moreno, mas a chuva ainda é forte e eu não
consigo enxergá-lo. Meu Deus será que eu
enlouqueci de vez?
Não. Era um homem, ele falou comigo,
tocou em mim..
Pela primeira vez depois de algum tempo
essa foi a única vez que o toque de um homem não
doeu. Não ardeu. Me viro novamente à sua procura,
e o encontro parado onde eu o deixei. Seus braços
fortes estão cruzados. A chuva ainda cai e ele
parece estar totalmente molhado.
Será que mora perto? Será que eu deveria
oferecer uma toalha a ele lá em casa? Ele não me
pareceu alguém ruim. Se fosse, ele teria me pego a
força. Ele não fez. Só queria me manter segura. Me
viro pronta para chamar ele até minha casa para se
secar e chamar um táxi, mas ele não está mais
parado lá.
Meu coração bombeia rápido e eu sei que
isso significa a minha frustração em não o ver mais.
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Me viro e recomeço a andar depressa.


Assim que entro em meu prédio escuto um
carro parar. Não percebi, mas parece que estava me
seguindo. Ao me virar, com medo, vejo um táxi e
dentro dele está o moreno.
— Não saia à noite, pequena. É perigoso —
sua voz ecoa acima do som das gotas da chuva e eu
me sinto aquecer. Seus olhos focam em mim e eu
inclino minha cabeça sem entender por que ainda
está parado. Por que me seguiu. — Entre. — Ele
acena para meu prédio e eu desperto, entrando em
seguida.
Já do lado de dentro eu escuto o táxi partir.
Assim que entro em meu apartamento, corro
para o banheiro. Deixo a temperatura do chuveiro
mais quente que o normal e entro debaixo depois de
retirar as roupas molhadas e o tênis.
Deixo a água me aquecer e respiro fundo,
tentando guardar os olhos do moreno em minha
memória. Ele era maior que eu que tive que
levantar meu rosto para olhar em seus olhos,
levantei muito mais do que costumo levantar para
olhar para Derek ou Wally, meus amigos.

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Deito-me na cama e quando meus olhos se


fecham, pela primeira vez, não tenho pesadelos. No
lugar deles, sonho com belos olhos esverdeados
que me seguem por toda parte. Olhos que
pertencem especificamente a um certo moreno.

Na manhã seguinte eu acordo e fico


encarando o teto branco do meu quarto. O
sentimento de vergonha se apossa de mim quando
lembro que mais uma vez, eu deixei que meu pai
dominasse meus atos. Não gosto de lembrar do que
ele me ordenava fazer para pagar suas dívidas.
Odeio tudo que lembra luxo e dinheiro. Não quero
me envolver com homens por ter nojo do que eles
representam na minha vida.
Pagamento.
Meses atrás Leon apareceu para mim. Eu
gostei dele de cara, me aproximei e começamos a
sair. Com o passar dos dias eu via que ele queria
dar um passo a mais, eu não estou pronta para isso.
Não sei se um dia estarei. Então, ele seguiu sua
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vida. É raro quando nos encontramos na empresa,


mas ouvi boatos de que ele já tem outra pessoa.
Isso não me entristece. Eu quero que ele
seja feliz, que essa mulher cuide dele e o ame como
ele merece.
A contragosto levanto-me e me arrumo para
o trabalho. Sou assistente administrativa na
empresa da família de Derek, meu amigo e marido
de Kath. Quem arrumou esse trabalho para mim foi
ele, através de Dalilah, sua irmã.
Enquanto penteio meus cabelos loiros eu
me lembro que Derek foi quem me salvou de tudo.
Saí de Nova York com o único pensamento de
fugir. Deixar de cuidar dos vícios do meu pai para
cuidar da minha vida. Dos meus sonhos.
Derek me estendeu a mão quando eu
cheguei aqui e não sabia para onde ir. Ele me achou
no meio de uma praça, sentada em um banco. Não
tive medo dele, pois eu o conheci antes, na primeira
vez que fui acompanhar alguém.
Derek foi um cavalheiro e não me
desrespeitou, depois dele, nenhum fez o mesmo.
Todos me trataram como objeto e então eu quebrei
e corri para o mais longe possível.
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Saio de casa e sigo para o meu trabalho.


Disco o número de Lia, minha melhor amiga
enquanto ando até a entrada do prédio da empresa
depois de estacionar.
— Você lembrou que tem amiga? — Eu
sorrio devagar quando ela começa a falar.
Lia é tão parecida comigo. Não na
aparência, eu me refiro à personalidade. Somos
calmas, tímidas e quietas. Me identifiquei com ela
assim que ela entrou na casa de Derek com Kath
para me levarem em um passeio delas pelo
shopping. Nunca esqueci desse gesto das duas.
— Não esqueci de você. Só... — não
encontro palavras para terminar minha frase e fecho
meus olhos assim que entro no elevador.
— Noite daquelas? — ela pergunta em meio
ao meu silencio.
— Não. Só a corrida de ontem. Nada
demais. — Suspiro lembrando do moreno de olhos
verdes. Minha corrida me levou a ele. Isso é tão
louco.
— Já falamos sobre essas corridas. Megan,
você não pode sair à noite, mesmo que seja as sete,

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não importa. É perigoso — Lia murmura parecendo


impaciente e eu sei que é por que sua gravidez está
quase no fim. Leo está quase nascendo.
Perigoso. Lembro do moreno novamente e
suspiro.
— Eu sei. Eu vou parar com elas — minto e
omito a parte que ontem o horário da minha corrida
era bem superior às sete da noite. Não quero que
ela se preocupe.
— Tudo certo. Preciso ir. Amanhã
almoçamos juntas? — eu confirmo e logo desligo.
A manhã passa rápida e quando Dalilah
aparece na minha sala me chamando para almoçar,
eu respiro aliviada. Já estava morrendo de fome.

— Você deveria comer mais Meg. Criar


mais bunda, coxas. É disso que os homens gostam.
— Dalilah sorri brincando e eu sinto minhas
bochechas pegarem fogo.
— Não fale assim, você sabe que não gosto.
— digo mordendo meu pedaço de carne.

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— Tudo bem. Olha, eu preciso te falar uma


coisa.
— O que? Você vai me despedir? — Meus
olhos se arregalam e eu perco totalmente a fome.
Afasto o prato vendo ela gargalhar.
— Não. Você vai ser promovida. — Ela
bate palmas rindo e eu relaxo deixando um sorriso
enorme cobrir meu rosto.
— Sério Lilah? Meu.... Muito obrigada. —
Engulo em seco sem saber se grito ou se começo a
pular.
— Você merece, querida. — Ela pisca e eu
sorrio agradecendo novamente.
— Então como está Chloe? — pergunto
suavemente.
— Está ótima. Ela perguntou por você outro
dia. — Seu sorrio é gigante e é por isso que sempre
trago sua filha para nossa conversa.
— Depois passo lá — digo e volto a comer.
— Ah, hoje Nara e Vivian vão a um bar, me
chamaram para ir, mas você sabe. Todas as sextas
tenho cinema com minha pequena. — Eu aceno
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sorrindo. — Então eu falei que você iria...


— Você não fez isso! — exclamo
arregalando os olhos.
Eu odeio estar em bares e boates. Não gosto
de lugares amontoado de pessoas, detesto ver
bebidas rolando. Prefiro correr a ficar em um bar.
— Fiz e não desmarque. Ficarei
superchateada. — Ela faz um bico para me
convencer e eu deixo meus ombros caírem,
derrotada.
Depois do almoço, Dalilah vai para seu
escritório e eu começo a arrumar minhas coisas. Ela
me disse que eu seria sua secretária a partir de hoje.
Não consigo colocar em palavras o quão feliz
estou.
Assim que desço do elevador na cobertura,
avisto uma morena muito simpática e logo depois
uma moça com pele clara e com os cabelos tão
escuros quanto a noite, ambas sorriem para mim.
Sorrio de volta para Nara e Vivian, e as ouço dizer
que estarão à minha espera no bar às vinte e uma.
Eu forço um sorriso e confirmo minha
presença. O que não faço por Dalilah...

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No final da tarde meu celular vibra com


uma mensagem. É Nara me enviando o endereço.
Assim que dá oito horas da noite e já estou em
casa, me preparo para inventar uma desculpa, pego
o celular para ligar para Vivian ou Nara, mas ele
começa a chamar com o nome de Dalilah piscando
na tela.
— Sei que quer desistir, mas não vai. Agora
vista um vestido bonito e faça seus cabelos loiros.
Melhor, faça alguns cachos nas pontas e passe os
dedos por eles. Você vai ficar poderosa. — Engulo
em seco ouvindo suas dicas.
— Lilah, eu já estou me arrumando.
Obrigada — tento convencê-la, mas ela não desiste
e fica falando comigo até eu estar arrumada. —
Cadê sua seção de cinema com Chloe? — pergunto
calçando meu sapato de salto baixo.
Pego minha bolsa na cama e paro em frente
ao espelho. Estou com um vestido preto um pouco
justo e um salto também preto, me sinto bonita,
mas ao mesmo tempo que gosto do que vejo penso
que os outros vão gostar também e isso não me
tranquiliza; pelo contrário, me faz ficar apreensiva.
— Ela dormiu...
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— Então você pode ir...


— Não. A babá saiu.
Quero gritar de frustração, mas suspiro e me
despeço dela.

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Capítulo dois

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Ethan
Despacho mais uma bebida e me viro para
Adam. Ele é o barman principal do bar do Gavin,
meu primo. O lugar está crescendo e ele teve que
contratar mais algumas pessoas como Andra, Kelly
e o outro barman, James. Tudo antes de viajar.
— Isso aqui está uma loucura. — Ele
aponta para as pessoas no balcão pedindo bebidas
para ele e para James.
— Nem me fale — murmuro pegando o
pedido de outra garota.
— Uma corona — uma menina grita
estendendo o dinheiro para mim e eu pego os dois
pedidos e entrego.
— Você precisa de ajuda? — Andra sorri
para mim e eu aceno em direção a mais garotas.
— Obrigado — digo sorrindo enquanto ela
sai para atender as meninas.
Com o passar das horas o lugar parece
acalmar mais e eu relaxo contra meu banco. Levo
uma cerveja a boca e dou um longo gole tentando
descansar. Olho em direção ao balcão novamente e
me sinto tonto quando enxergo a loira de ontem à
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noite se inclinando em direção a Adam.


Diferente de ontem seus olhos não parecem
com dor, somente assustados. Tento fechar e abrir
meus olhos novamente com medo de ser apenas
uma miragem como as que tive o restante da noite
de ontem, mas ela continua ali.
Me ergo andando até ela, mas antes que eu
chegue até lá Adam já está a atendendo. Empurro
seu ombro para o lado e sorrio o mandando atender
a próxima. Ele dá de ombros e se vai. Quando me
viro para a loira de olhos azuis ela está me
encarando como se eu fosse um fantasma. Talvez
estejamos iguais, pois para mim, ela é como uma
miragem.
— Como vai? — pergunto suavemente, mas
alto para que ela ouça acima da música.
— Eu... bem. Hum... E você? — Suas
bochechas estão coradas e eu me pergunto se ela
pensa que estou lembrando de ontem à noite. Se
está envergonhada por eu ter visto ela debaixo da
chuva chorando.
— Bem. Está acompanhada? — Enrugo
minhas sobrancelhas com minha pergunta. Merda,
Ethan.
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— É... sim. — Ela acena enquanto fala e eu


mordo meu lábio e aceno também.
— Ah. Beleza. O que você vai querer? —
me forço a perguntar enquanto encaro a multidão a
procura de alguém que esteja encarando ela. Que a
esteja acompanhando.
— Uma água. — Volto minha atenção para
ela e estranho sua escolha.
— Só?
— Sim. Eu não bebo. — Ela dá de ombros
com um pequeno sorriso e eu aceno enquanto pego
a sua água.
— Bom. Obrigado. — Pego o dinheiro que
me estende e entrego a garrafinha com cuidado
para não a tocar.
— De nada. É... eu vou indo. Minhas
amigas... estão me esperando — ela termina de
falar gaguejando, e eu sorrio. Meu cérebro parece
soltar fogos de artifício, comemorando. Não é um
namorado. São só as amigas.
— Até. — Aceno e a vejo sumir entre as
pessoas.
— Tem baba escorrendo. — Kelly ri ao
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passar por mim.


— O que? — Franzo a testa e ela ri mais
ainda. Balanço a cabeça e me viro voltando ao
trabalho.
Com o passar das horas procurei a moça
pelas pessoas. Eu esqueci de perguntar seu nome, e
isso me irrita. Passo a mão pelo cabelo curto e
sorrio atendendo mais um cliente. Ela ainda deve
estar aqui, penso e me viro procurando por Adam.
— Saindo. Cuide do bar, por favor. — Ele
acena e eu saio o bar entrando entre as pessoas.
Procuro por ela enquanto me movo pelas pessoas.
Qualquer cabelo loiro que passe ou vestido preto
chama minha atenção.
Depois de alguns minutos eu me recosto na
parede perto do banheiro feminino e sorrio para
algumas clientes que já conheço.
— Tem uma moça chorando no banheiro —
escuto uma morena falar e eu me viro vendo
algumas meninas conversando.
— Como ela é? — questiono me
aproximando. As meninas sorriem e começam a
falar.

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— Loira, pequena e de olhos azuis. Um


vestido preto. — Eu aceno mordendo o lábio.
— Podem chamar ela? Diga que suas
amigas estão aqui — peço preocupado. Não sei o
que me deu, mas tenho quase certeza que é a loira
do parque.
— Claro.
Alguns minutos depois que a moça entra,
ela sai com a menina do parque. Deus, ela parece
uma bagunça. Seus cabelos estão presos no alto da
cabeça e seu rosto está vermelho.
— Ei. Vamos lá. Vou te levar para casa. —
Deixo minhas mãos longe e vejo quando seus olhos
azuis encontram os meus.
Ela se assusta, mas logo relaxa e se
aproxima mais de mim.
— Por favor — seu murmúrio é baixo, mas
eu escuto pela proximidade de nós dois.
— Eu posso... pegar sua mão? — pergunto
baixinho perto do seu ouvido enquanto ergo minha
mão bem na sua frente. Ela acena colocando sua
mão na minha e eu respiro fundo quando apenas
nossas mãos se tocam.
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Ela engole em seco encarando meu rosto e


eu suspiro me afastando um pouco. Jesus Cristo, o
que estou fazendo?
Começo a andar para a saída do bar e envio
uma mensagem de texto a Adam avisando que
precisei ir embora. Antes que eu guarde o celular
no bolso sinto a menina se aproximar de repente.
Elevo minha cabeça e vejo um homem à sua
frente. Puxo ela para o lado e escuto sua respiração
entrecortada se acelerar.
— Você gostou, vamos lá querida.
Precisamos terminar o que começou. — O homem
parece bêbado falando e eu sinto meu sangue
esquentar.
— O que você acabou de falar? — pergunto
baixo querendo que apenas ele escute.
— Cara, eu a vi primeiro. Ela é minha.
— Sua? — Arqueio minha sobrancelha e
sinto a mão dela apertar a minha enquanto me
puxa.
— Cara...
— Cala a boca e saia desse bar agora, porra!
— Empurro ele para trás e ele volta já com algo na
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mão. Não tenho tempo de desviar, só sinto algo


cortando meu braço. Merda.
Encaro meu braço vendo o corte e procuro o
homem, mas ele sumiu. Merda, corte de faca. Tento
estancar o corte com minha blusa, mas é inútil. Tiro
minha jaqueta e me viro procurando a menina. Seus
olhos estão apavorados, mas não tenho tempo de
acalmá-la. Preciso ligar para Wesley. Ele vai cuidar
dessa merda. Gavin paga ele para ter controle sobre
as coisas que entram aqui.
Em alguns minutos falo com ele e vou para
o estacionamento com ela ao lado, segurando meu
braço.
— Você está bem? Ele te cortou... — ela
sussurra. Me viro para falar com ela, mas seus
olhos estão em meu braço. Tiro a jaqueta e volto a
pressionar em um lado do tecido que não tenha
muito sangue.
— Estou bem. Só preciso ir à minha casa.
Você pode pegar um táxi, se preferir...
— Não. Eu vou com vo-você — ela gagueja
novamente e eu aceno aproximando ela mais um
pouco de mim.

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— Vamos lá.
Durante o trajeto até minha casa, ela só
ficou encarando meu braço. Tentei fazer com que
ela se distraísse com música, mas nada. Ela só
encara o corte idiota.
— Qual é seu nome? — pergunto saindo do
carro e pegando sua mão novamente.
— Megan. Qual o seu? — Seus olhos
bonitos não me encaram, então eu pego seu queixo
e elevo seu rosto para que ela possa me ver.
— Ethan — murmuro olhando para suas
profundezas azuis.
— Ethan. — Fecho os meus olhos apertados
ao ouvi-la. — Por favor, preciso que faça parar esse
sangue. Estou a ponto de desmaiar. — Eu sorrio
por suas palavras e a arrasto para cima.
Assim que abro meu apartamento Megan
sorri olhando para as paredes simples com enfeites
de madeira que o marido da minha irmã, Penélope,
faz.
— Vou limpar o corte, fique à vontade. —
Aceno para a casa, mas ela nega.
— Eu limpo. — Tento falar algo, mas ela
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acena me mandando seguir.


— Okay, Megan. — Eu sorrio ao falar seu
nome. É lindo.
Entro em meu banheiro e pego minha
maleta de primeiros socorros. Lavo o ferimento
devagar e solto um gemido quando a água bate
dentro do corte.
Me sento no sofá na sala com uma toalha
estancando o sangue e observo Megan sentar na
mesa de centro começando a pegar os materiais
para terminar de limpar minha ferida.
— Vai arder um pouco — ela avisa antes de
retirar a tolha. O corte é pequeno. Tem menos de
cinco centímetros e não aparenta ser profundo.
— Sem problema. — Mordo meu lábio
observando ela fazer careta ao olhar para o
ferimento. Suas mãos são delicadas enquanto passa
o algodão depois de embebedado na água
oxigenada.
Em alguns minutos Megan limpa, passa
pomada e faz um curativo. Eu sorrio quando ela
suspira e ergue seu belo rosto.
— Prontinho. — Seus cabelos caem no seu
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rosto e eu me inclino segurando uma mecha entre


meus dedos.
— Obrigado Megan — murmuro deslizando
meus dedos pela sua bochecha. Seus olhos se
arregalam, mas ela não se afasta de mim.
— Era o mínimo que eu podia fazer...
depois daquele homem... — Ela engole em seco e
desvia os olhos de mim.
— O que ele fez? — questiono me sentando
na ponta do sofá, ficando mais próximo dela. Suas
pernas estão no meio das minhas, ela olha para
nossa aproximação e fecha os olhos parecendo com
medo. — Eu não vou te machucar, pequena — falo
firme e ela eleva seu rosto para me encarar.
— Eu sei, só... Não quero falar sobre hoje.
Quero esquecer...
— Até eu? — minha voz sai grave e eu sei
que isso pode assustar ela. Não conheço essa
menina, mas ela não sai de meus pensamentos
desde ontem. Eu quero cuidar dela, isso é a maior
loucura que já falei, mas é verdade.

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Megan
Seus olhos verdes me prendem de uma
forma quase inexplicável. Sua pele morena me atrai
de um jeito tão bom. Quero tocar nele, acariciar seu
cabelo curto.
— Não. Você não. — Engulo em seco e
sinto meu peito acelerar enquanto o vejo se
aproximar mais. Seus lábios estão a centímetros
dos meus e pela primeira vez, eu quero me inclinar
e beijar um homem como se não houvesse amanhã.
— Eu não te conheço, Megan, mas eu me
sinto atraído por você...
— Mas...
— Você parece estar batalhando contra o
mundo e eu quero ser um guerreiro ao seu lado.
Quero ganhar essa guerra que há dentro de você. —
Eu fecho meus olhos e acabo com a distância entre
nós dois.
Os lábios de Ethan tocam os meus devagar,
parecendo aproveitar cada segundo que a macies
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dele atinge a minha. Minhas mãos correm por seus


braços e eu relaxo sentindo sua pele morena contra
minhas palmas. Ethan me segura pela cintura
firmemente enquanto nossos lábios se abrem e
nossos línguas começam a procurar uma a outra
com suavidade e calma.
Não é um beijo carnal, nada de desejo ou
sexo. Apenas um carinho, um toque intimo que
alcança meu coração.
Nos afastamos assim que a porta da sala se
abre. Meus olhos triplicam quando vejo uma
mulher parada na porta. Sua boca está
completamente aberta e com alguns segundos seus
olhos começam a lacrimejar. Não sei quem ela é,
mas sei que ela gosta do Ethan.
— Andra — a voz de Ethan ecoa e eu me
levanto rapidamente.
Ele tem namorada.
Uma pessoa.
Meus olhos se fecham quando minhas mãos
começam a tremer. Como ele ousou?
— Eu... vou embora. — Pego minha bolsa
no sofá e grito quando Ethan segura minha mão e
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me puxa para ele.


— Isso não é o que está pensando, Megan.
Andra é minha amiga — sua voz está forte e seus
olhos tão determinados, mas nada disso é
importante quando sinto o toque dele começar a
arder.
Arder.
Deixo que ele veja meus olhos e devagar o
aperto no meu braço diminui. Ethan engole em seco
e dá um passo para mais perto de mim.
— Megan, eu vou te deixar. Vamos lá. —
Me viro para procurar pela mulher, Andra e a vejo
encostada na porta limpando seu rosto.
— Me desculpe, eu... eu não sabia que ele
tinha alguém...
— Eu não tenho ninguém. Andra, pelo amor
de Deus, fale para ela! — Ethan me interrompe
com a voz firme e eu me afasto indo em direção a
porta.
— Somos apenas... amigos — a voz de
Andra é tão baixa que eu sinto daqui sua dor. Ela é
apaixonada por ele. Como Ethan não percebeu
ainda?
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— Eu sinto muito. Estou indo. — Saio de


sua casa e ando até o elevador de frente para a porta
dele.
— Megan, eu vou te deixar. Inferno! Andra
vá para casa. Iremos conversar amanhã. — Ele
suspira andando comigo e eu engulo em seco
querendo que ele fique lá.
— Você deveria...
— Eu vou deixá-la em casa em segurança
— ele me corta assim que o elevador se abre.
O silencio se intensifica entre nós e eu foco
minha atenção nos meus pés. Ótimo. Na minha
vida só acontecem coisas assim. Não bastasse Kath
me pegar na cama de Derek quando nos
conhecemos e achar que eu e ele tínhamos algo,
agora tenho que engolir a vergonha de beijar o
homem que uma mulher é apaixonada.

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Capítulo três

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Megan
Eu fico calada até estarmos em seu carro.
Ethan bate seus dedos no painel parecendo nervoso.
Eu não sei como ele é capaz de levar uma mulher
para casa, mesmo que para ajudar com seu
machucado, e ainda a beijar, tendo alguém em sua
vida.
Encaro as ruas tentando reprimir a vontade
de acariciar meus lábios. Estou enlouquecendo,
mas seu beijo me tirou do eixo. Ethan é um homem
lindo e eu seria louca se não me sentisse atraída por
ele.
Ele tinha que ter uma mulher o amando?
— Andra não é minha namorada, nada
disso, Megan — sua voz ecoa no carro e eu aceno
ainda encarando as ruas.
— Ela gosta de você — murmuro e me viro
para o encarar.
— Não. Ela é minha amiga, trabalha no bar
comigo...
— Isso é besteira. Ela chorou ao ver que
estávamos nos beijando. — Balanço a mão em
desdém e ele para o carro no acostamento virando
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para me encarar.
— Eu não entendi aquilo, mas ela vai me
explicar depois. — Ele esfrega o rosto e eu quero
revirar os olhos para seu desentendimento.
— Eu não estou pedindo explicações. Foi só
um beijo. Nada mais— explico, tentando soar séria.
Não é verdade. O beijo foi o melhor que já tive e
por mais errado que possa parecer eu quero
novamente.
— Nada mais. — Ele acena voltando para a
pista e eu engulo meu nervosismo ao ver os nós da
sua mão completamente brancos, sua mandíbula
tensa e sua boca em uma linha fina.
— Isso.
Ele continua acenando e no meio do
caminho eu lembro que deixei meu carro no bar.
Ainda estou nervosa, eu quero correr ou ir ver o
mar. Sei que não vou dormir quando chegar em
casa, não depois de tudo que aconteceu hoje.
É tarde e eu não vou pedir que Ethan me
leve para o mar, mas eu vou pegar meu carro e irei
sozinha.
— Me deixe no bar — peço baixinho e vejo
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ele se virar para me encarar.


— O que? Para que?
— Deixei meu carro lá e quero pegar —
explico olhando para minhas unhas.
— Megan eu posso deixar no seu prédio
amanhã...
— Eu quero ir pegá-lo. Por favor. —
Engulo em seco e tiro as mechas, que se
desprendem do meu coque, da frente do meu rosto.
— Tudo bem.
Em poucos minutos estamos no bar. Eu
desço do seu carro sem esperar que ele fale algo.
Não preciso de explicação. Nem nos conhecemos.
Não posso viver com suas mentiras. Já sobrevivo
com muitas.
Entro em meu carro sem olhar para trás e
suspiro saindo do estacionamento.
Meus olhos voam para o retrovisor para
procurar por Ethan, mas não o vejo mais parado.
Suspiro e me forço a me acalmar enquanto sigo até
a praia mais próxima.

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Flashes do bar entram em meus


pensamentos enquanto me sento na areia macia da
praia. As ondas batem contra as pedras na costa ao
lado e eu sinto quando as lágrimas começam a
descer por meu rosto.
Sentir as mãos daquele homem me puxando
contra ele me fez vomitar no banheiro. Por que
alguns homens são assim? Principalmente, por que
não posso ser normal e apenas lhe dar o dedo do
meio como minhas amigas, com certeza, fariam?
Enxugo meu rosto enquanto sinto mais
lágrimas e dor se espalharem por meu corpo.
Ethan.
Quem é ele? Por que de repente eu me senti
tão protegida com ele? Por que seu toque não dói
como os dos outros homens?

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Ethan

Aperto o volante sentindo meu coração


correr acelerado. O suor pelo meu corpo é frio e eu
a muito tempo não sinto esse sentimento percorrer
meu corpo; medo.
Observo Megan chorar enquanto encara a
praia turbulenta. O que aconteceu com essa
menina? Por que a quero para mim? Por que sinto
que devo protegê-la?
Meus olhos duplicam quando a vejo se
erguer e começa a andar em direção as ondas.
Merda, merda e merda. Retiro meu cinto de
segurança e desço do carro engolindo em seco.
Faço meu caminho até a areia sem desprender
minha atenção dela.
Seus cabelos loiros estão soltos e revoltos
por causa do vento forte, seu vestido preto está
colado e suas pernas nuas aceleram os seus
movimentos. Assim que ela entra na água eu retiro

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minha camisa. Meu braço ainda tem o curativo que


ela fez, mas não ligo para isso. Se algo acontecer
com ela nessa praia eu não vou me perdoar. Nunca.
Ela mergulha na água e eu sufoco uma
maldição. Percorro meus olhos pela água ao redor a
sua procura e alívio me atinge quando ela emerge.
Ao longe não consigo ver seus olhos direito, mas
eu vejo quando seu corpo treme e ela leva as mãos
aos lábios. Ela está chorando.
Foda-se.
Corro até a água e nado com dificuldade até
ela. Quando eu estou quase a alcançando ela
mergulha. Me viro tentando encontrá-la. A raiva
borbulha dentro de mim enquanto ela não aparece.
Minha preocupação aumenta e eu vou tirar dela o
que diabos tanto a faz sofrer.
Respiro aliviado quando ela emerge bem a
minha frente. Dou passos até ela e vou para sua
frente. Seus olhos azuis estão cheios de lágrimas ou
água, não sei. Seu cabelo loiro está em seu rosto e
eu me movo para mais perto dela.
— Ethan — ela sussurra piscando seus
cílios bonitos e eu aceno a puxando para meus
braços. Megan não luta contra mim, pelo contrário,
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ela se segura a mim tão forte, como se eu fosse sua


salvação.
E porra, eu quero ser.
Suas pernas rodeiam minha cintura e eu
beijo seu rosto bonito. Ela suspira contra meus
lábios e eu a beijo. As ondas parecem se acalmar
diferente do nosso beijo. Nossas línguas se
procuram com tanta precisão, com desejo e eu
aperto o corpo dela junto ao meu querendo tirar
dela o que ela quiser me dar.
Devagar, ainda com nossos lábios juntos, eu
começo a me mover, a levando para fora do mar.
Assim que estamos na areia longe da água, eu me
sento com ela. Seu vestido subiu e eu me forço a
não olhar para suas pernas bonitas. Ela não precisa
disso.
— Porra pequena. O que estava fazendo? —
questiono baixinho contra seus cabelos.
— Fugindo — sua resposta é cheia de
sinceridade. Ela não titubeia para me dizer isso.
— De que? De quem? — pergunto
deslizando minha mão em suas costas. O vento bate
em nós dois e eu a sinto estremecer. Pego a minha

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blusa do lado e tiro a areia dela. — Retire o vestido.


— Peço e pego as pontas dele.
— Ethan... — Seus olhos vêm para os
meus, apavorados, e eu lhe dou um selinho.
— Vestir a blusa, querida. Tire o vestido
molhado e vista a minha camisa — explico, e ela
acena me deixando tirar seu vestido. Mesmo
sabendo que aqui não tem ninguém eu ainda me
viro procurando pessoas. Nada. Deserto.
Retiro seu vestido e logo coloco a camisa
seca. Daqui a pouco vai amanhecer então o sol vai
secá-la. Afasto seus cabelos molhados do seu rosto
e me inclino beijando sua clavícula.
— De que está fugindo Megan? — volto
com minha pergunta e ela sorri triste.
— Das lembranças.
— Quem te deu lembranças que você não
deseja relembrar, baby?
— Quem deveria cuidar de mim. — Ela
desvia os olhos dos meus assim que meu corpo se
tenciona.
— O que? Como assim? Te tocaram de
forma errada Megan? — Um grande caroço se
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forma em minha garganta enquanto mil


pensamentos passam por minha cabeça.
— Não. Meu pai, nunca — ela responde
rápida. — Não quero falar sobre isso. Por favor,
Ethan. — Seus olhos azuis me imploram e mesmo
que a sua resposta esteja martelando em minha
cabeça eu resolvo deixar essa conversa para outra
hora.
— Tudo bem. Mas iremos conversar sobre
isso. — Eu suspiro quando ela engole em seco e se
aconchega novamente contra mim.
Em silencio Megan e eu vemos o sol nascer.
Ela sorri com sono quando nossos olhos se cruzam
depois de ver o sol no horizonte. Respiro o ar da
maresia e seguro Megan contra mim. Suas costas
agora estão pressionadas em meu peito. Seus
cabelos estão secos e voam tocando o meu rosto.
— Obrigada. — Escuto seu sussurro e
sorrio vendo o sol banhar seu corpo bonito.
— Pelo que? — Elevo minha sobrancelha a
vendo se virar para me olhar diretamente.
— Por me seguir. — Megan respira fundo e
prende seus cabelos fazendo algum tipo de nó.

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— Eu só comecei.
Suas bochechas coram e eu me levanto a
levando comigo. Paro ao lado do seu carro e beijo
sua testa a colocando sobre o capô dele.
— Quero te ver novamente. Quando pode?
— pergunto mantendo minhas mãos segurando a
minha blusa para que não suba e mostre suas coxas.
— Não sei. — Ela suspira e eu ergo seu
queixo fazendo ela me olhar. — Ethan, eu sou
complicada...
— Eu gosto do complicado. — Meu olhar
permanece firme e ela sorri fechando os olhos.
— Tudo bem. Quinta-feira. Pegue meu
número. — Busco meu celular no meu carro a
deixando sobre o capô e ela sorri me dizendo o seu
contato.
— Até quinta-feira Megan — sussurro e me
inclino beijando seus lábios. Suas mãos vão para
meu pescoço e ela me puxa em sua direção
aprofundando nosso beijo.
Coloco ela dentro do seu carro e lhe dou um
último beijo antes de vê-la sorrir e partir. Entro em
meu carro e a sigo até sua casa.
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Quando ela entra em seu prédio eu sigo para


casa e durmo até a tarde. Acordo quando escuto
minha campainha tocando.
— Eu me pergunto desde ontem para que
você tem esse celular de merda. Nunca atende.
Fiquei preocupada. Wesley me ligou e disse que
você levou uma facada. — Fecho meus olhos e
tranco a porta depois que Penélope entra fazendo
seu discurso.
— Eu sai e não olhei para o celular. E não
foi uma facada. O que diabos Wesley quer te
ligando? — pergunto confuso. Que diabos?
— Você deveria ter ido para minha casa. Eu
cuidaria de você. — Ela suspira e puxa meu braço
inspecionando o ferimento que esqueci de limpar
depois que cheguei da praia.
— Estou bem, Cacheada — murmuro ainda
sonolento e ela semicerra os olhos e suspira.
— Tudo bem. — Ela se senta em meu sofá
e eu vou até ela.
— O que foi? Estou bem mana. Não fique
preocupada — insisto e ela balança a cabeça e eu
franzo a testa vendo seus olhos com lágrimas.

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— Pedi a separação — sua voz sai firme e


eu me sento a sua frente.
— O que? Você está louca? Que diabos?
Por que Penélope? — questiono frenético. — Dário
fez algo?
Não tem um ano que ela se casou. O que
aconteceu?
— Não é ele. Ele não é a pessoa que eu...
— Wesley — respondo antes que finalize.
— Isso não tem nada a ver com ele — ela
mente sem me encarar e respiro fundo.
— Claro que não. — Reviro os olhos. —
Você sabe que vou te apoiar em qualquer decisão.
Mas Dário não merece isso. Ele te ama. — A
lembro e a vejo acenar limpando o rosto.
— Eu sei. Ele saiu do apartamento ontem
mesmo. Disse que eu vou procurá-lo quando
estivesse pensando melhor...
— Você vai?
— Não. Eu não o amo — sua resposta é
rápida.
— Tudo bem. — Me sento ao seu lado e a

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puxo para mim. — Uma coisa eu sei, Wesley vai


amar saber disso.
— Foda-se você e ele. — Ela me empurra
chateada e eu sorrio balançando a cabeça.

Penélope vai embora e eu sigo para a casa


de Andra. Que diabos foi aquilo ontem?
Ela abre sua porta e engole em seco me
dando passagem. Sua casa está arrumada e eu pego
uma sombra quando alguém sai do seu banheiro.
Ótimo. Wesley. Ele arregala os olhos para mim e
eu aceno não lhe dando importância.
— Wesley veio buscar as chaves da boate.
Ontem eu a fechei e ia te entregar naquela hora...
— Andra explica e eu aceno mordendo meu lábio.
— Preciso conversar com você — digo
sério e ela acena abrindo a porta para ele ir.
Ando pela sala e ela se senta no seu sofá
juntando as mãos. Andra é funcionária do bar há
alguns meses apenas. Não a conheço direito, mas
tenho carinho por ela. Ela é uma boa pessoa.

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— Desculpe por ontem. Eu fui deixar suas


chaves, não sabia que uma mulher estaria lá. Você
não tem ninguém a algum tempo...
— Agora eu tenho — falo uma meia
verdade, por que eu quero que em breve Megan
seja minha.
— Eu percebi. Realmente, eu sinto muito —
ela reforça e eu aceno me aproximando.
— Megan e eu vimos seus olhos com
lágrimas. Ela insistiu em dizer que você gosta de
mim, o que eu acho que é uma loucura, mas ela não
tirou isso...
— Eu gosto. Mas é só bobeira minha. Sério,
Ethan, não se preocupe. — Ela sorri e eu fecho
meus olhos acenando.
— Faz pouco tempo que conheci Megan,
mas eu... sei que é ela. Eu só queria que você
entendesse, caso não, teremos um problema lá no
bar. Estou cuidando dele para o Gavin por esses
dias — explico não querendo que ela pense que
estou querendo fazê-la sofrer. Estou apenas sendo
honesto.
— Não teremos. É... agora eu preciso sair.

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— Aceno entendendo, e saio de sua casa.

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Capítulo quatro

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Megan
Antes de sair do meu carro no
estacionamento do meu prédio eu respiro fundo
lembrando da minha madrugada. Ethan me seguiu
até a praia. Como ele faz essas coisas? Como ele
segue uma menina que acabou de conhecer? Por
que ele parecia tão preocupado?
Eu não consigo entender.
Seus olhos verdes ainda estão em meus
pensamentos. Cravados em meu coração. Não sei
por que confio tanto nele, mas hoje eu vi que ele
era como uma tábua de salvação. Enquanto me
peguei sofrendo com lembranças ele me puxou de
volta para o presente. Afastou as dores, me
manteve em seus braços e cuidou de mim. Do meu
coração.
Desço do meu carro balançando a cabeça
para afastá-los e faço meu caminho para meu
apartamento.
— Onde você estava? — Me assusto
quando saio do elevador. Lia está de pé ao lado de
Kath, Derek e Wally.
— Olá. Como assim? — Dou passos até
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eles e suspiro.
— Dalilah disse a Derek que você tinha
sumido do Bar que foi com algumas amigas. Ela
ligou e nos preocupamos. Viemos até sua casa e
não tinha ninguém aqui — Lia fala frenética e eu
me aproximo.
— Desculpem. Eu saí e fui para a praia...
— Que praia? Em Phoenix não tem praia...
— Kath murmura confusa e eu suspiro.
— Você foi até Califórnia? — Derek
começa e Wally balança a cabeça me
repreendendo.
— Sim, eu fui e estou bem. Eu preciso
descansar agora. — Mordo meu lábio e encaro
minhas unhas. — Sei que os preocupei, mas estou
bem — tento suavizar minha voz.
Nunca ninguém se preocupou comigo. Meu
coração se aperta ao ver que meus amigos o fazem.
— Tudo bem. Eu vou dormir. Vamos
Derek. — Kath sai e leva seu marido. Lia sorri para
mim e me abraça.
Meus trajes não são os melhores.
Recoloquei o vestido e ainda estou com a blusa do
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Ethan.
— Almoço, hoje. — Aceno e ela me deixa
entrar em casa e segue para o elevador com Wally
ao seu lado.
Tomo um banho rápido e só acordo quando
meu telefone desperta me dizendo que está na hora
do meu almoço com Lia. Olho para a camisa de
Ethan e fecho meus olhos lembrando dos seus
beijos.
Assistir ao nascer do sol com ele foi
especial e por mais que eu queira me manter
afastada, sinto como se existisse uma corda me
puxando para ele. Nos mantendo conectados.

— Você estava com alguém? — Eu desvio


os olhos de Lia para meu prato com frango
grelhado, arroz e salada. — Fiquei preocupada...
— Desculpe — murmuro. — Eu não quis
preocupar ninguém. Ontem eu fiquei fora de mim
quando um homem me puxou contra ele e disse que
queria fazer sexo comigo...
— O que? Meu deus! O que você fez? —
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Lia me encara séria e tão preocupada que eu me


sinto mal.
— Eu fugi...
— Com?
— Eu fugi para o banheiro e encontrei
Ethan. — Deixo um suspiro sair quando me lembro
dele me protegendo daquele homem idiota.
— Quem é Ethan? — Seus olhos estão
desconfiados e eu sinto meus ombros caírem
quando lembro que não falei nada dele para ela ou
Kath.
— Eu o conheci em uma das minhas crises.
Estava correndo no parque e cai em exaustão. Ele
me ajudou a ir para casa. Era madrugada, ele foi
bom para mim — explico sentindo meu coração
acelerar. Falar o que ele fez para mim o torna tão
mais especial do que ele já é.
— Entendi. E ele estava no bar e foi com
você a praia? — Lia pergunta levando a colher com
seu almoço a boca.
— Mais ou menos. — Ela arqueia a
sobrancelha e eu respiro fundo. — Ele ia me tirar
do bar, mas o mesmo homem que falou aquilo para
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mim o atacou com uma faca. O corte foi pequeno,


mas fiquei preocupada e fui até a casa dele ajudar a
limpar o corte...
— Meu deus, sua noite foi agitada...
— Você não imagina o quanto — murmuro
espantando a preocupação de que o corte dele
poderia ser maior. — Eu... nos beijamos, mas uma
mulher chegou e eu decidi ir embora. Ethan jurou
que ela era apenas sua amiga. Eu acreditei, mas sei
que ela gosta dele, Lia, ela chorou ao nos ver tão
perto — explico enquanto corto o frango. Meu
apetite sumiu. Não quero comer nada.
— Jesus cristo. Como assim? Você beijou
ele? Gostou amiga? Diz que sim, vai...
— Mais que gostei. Ele é o primeiro cara
que quero repetir os beijos — confesso e sinto
minhas bochechas esquentarem. — Ele quis me
deixar em casa, mas pedi que me levasse até meu
carro. Eu fui para a praia e ele me seguiu. Me
seguiu acredita? — Lia está sorrindo enquanto me
escuta.
— Você pergunta para a mulher que teve o
carro rastreado pelo namorado? — Ela ri de si
mesma e eu acompanho. — Agora, voltando para
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você, o que fizeram na praia? — Sua sobrancelha


arqueia e eu sinto meu rosto se tornar mais
vermelho.
— Nos beijamos. Assistimos ao nascer do
sol. Ele me chamou para sair e eu aceitei. —
Respiro fundo cutucando minhas unhas longas e
pintadas de rosa clássico.
— Sua noite foi mais que agitada, foi
memorável.
E coloca memorável nisso. Penso com um
sorriso.

Enquanto arrumo minha mesa no escritório


três dias depois, me pego pensando se Ethan está
bem. O corte foi molhado na água do mar, não sei
de todo se faz mal, mas ontem pensei nisso e até
agora está martelando em minha cabeça.
Não sei se ligo para ele, acho melhor não.
Vai que ele acha que estou ligando atrás dele...
Balanço a cabeça e foco minha atenção em minhas
atividades. Duas horas depois o elevador se abre e
Leon sai dele. Seus olhos vêm para mim e eu
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engulo em seco. Nos vimos poucas vezes na


empresa, depois que deixamos de sair.
— Bom dia. — Ele sorri apertado
segurando sua maleta e eu me ergo sorrindo.
— Bom dia. Ahn, Dalilah está a sua espera?
Ela não disse nada...
— Não. Só vim falar algo com ela. — Ele
desvia os olhos de mim e se afasta indo para a porta
dela. — Você parece bem, Meg. — Com um olhar
triste ele se vira entrando na sala de Dalilah.
Meu coração dói quando seu olhar
permanece em meus pensamentos. Será que ele está
triste? Eu não consigo entender. Saímos algumas
vezes e eu sei que ele estava gostando disso, mas
não tanto, não é? Já disseram até que ele está vendo
outra pessoa...
Umedeço meus lábios e me sento na
cadeira. Quando ele sair eu pergunto. Decido, por
fim. Assim que ele sai da sala dela tem um celular
na orelha, mesmo não querendo interromper eu me
levanto e vou até ele.
— Eu não sei, Fia — sua voz se torna suave
e eu mordo meu lábio ao ver que ele deve estar

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falando com sua nova namorada. — Nossos pais


estão cansados disso. Eu serei seu padrinho, mas de
onde você tirou um novo noivo? Pelo amor de
deus, não fale. Preciso desligar. Te amo. — Ele
sorri colocando o celular no bolso e eu respiro
fundo.
Uma irmã.
— Você quer algo? — ele pergunta sorrindo
e eu aceno sentindo minhas mãos tremerem.
— Você está bem? Não sei... eu só fico um
pouco preocupada...
— Estou, querida. Não se preocupe. — Ele
sorri estendendo a mão para tocar em meus cabelos.
Porém me afasto antes que me alcance. Seu olhar
se torna magoado, e eu institivamente começo a
sentir as lágrimas chegarem.
— Sinto muito. Ainda...
— Está com problemas — ele finaliza por
mim e eu aceno mordendo meu lábio ao encarar
meus sapatos. — Posso te ajudar, te levo a um
psicólogo. Fico com você...
— Não estou pronta — explico, sentindo
um caroço grande crescer mais na minha garganta.
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— Eu preciso ir. Me preocupo com você


Meg. Não quero que se afaste de mim tudo bem?
Podemos ser amigos...
— Sério que quer? — pergunto sentindo
uma centelha de esperança crescer em meu
coração.
— Claro. Estou seguindo Megan. Sei que
não sou o cara certo para você. — Ele dá de
ombros e eu aceno sorrindo.
— Por favor, quero sua amizade. Até
mesmo de Owen. — Sorrio e ele ri mais ainda.
Owen saiu com Lia e a levou em um bar do time
que Wally, o cara que ela sempre foi apaixonada e
que hoje estão juntos, joga. Achei tão hilário
quando ela me contou.
— Te ligo para saímos os três então...
— Para algo suave, por favor — peço rindo
e ele pisca.
— Claro.
Quando ele se vai eu me sinto tão melhor.
Leon é uma pessoa incrível. Merece alguém que o
ame, e eu não sou essa pessoa, infelizmente.

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Na quinta-feira eu me preparo para sair com


Ethan. Meus cabelos estão enrolados e em meus
lábios tem um pouco de batom rosado. Minha
roupa se resume a uma calça jeans azul um pouco
claro, uma blusa rosa de seda e um blazer preto.
Meu sapato também é preto e eu estou me sentindo
bonita.
Sorrio quando uma mensagem chega no
meu celular vindo do número dele.
6:45 é cedo para sair de casa?
Não quando se mora longe.
Sorrio para minha resposta e coloco um
pouco de perfume. Passo mais rímel e me assusto
ao ouvir o interfone. Meu porteiro diz que um
homem chegou e está me chamando, então corro e
pego minha bolsa.
Assim que saio do elevador me assusto ao
ver Leon parado na saída do prédio. O que
aconteceu?
— Oi. Ahn. Aconteceu algo? — questiono
quando chego à sua frente. Ele se vira para mim e
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eu sufoco meu medo ao ver que ele parece bêbado.


— Eu só queria te ver. — Ele sorri e seus
olhos parecem nublados. — Não tenha medo. Só
bebi um pouco, sei o que estou fazendo...
— Não estou com medo. Você quer alguma
coisa? Precisa de algo? — pergunto preocupada.
Ele não parece bem.
— Senti sua falta. É uma loucura já que nos
conhecemos a pouco tempo. — Ele suspira e se
inclina pegando minha mão. Novamente sinto
minha pele arder, mas engulo em seco e o deixo
segurá-la. — Você foi boa para mim Meg. Quero
você de volta...
— Você disse que podíamos ser amigos,
Leon. — O lembro enquanto seus dedos deslizam
pela minha palma, sinto como se fogo estivesse se
alastrando e eu me acho tão estúpida por isso.
Leon é incrível. Eu que sou uma doente
idiota.
— Eu sei. — Ele esfrega o rosto com a mão
que não me toca e respira fundo se aproximando
mais. — Vamos tentar novamente, baby. Por favor.
— Seus olhos estão lacrimejando e eu sinto meu

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coração doer.
— Estou interrompendo algo? — Pulo
assustada quando escuto isso e me viro para
encontrar um moreno alto e completamente furioso.
Ethan.

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Ethan
Meus dedos doem de tanto apertar minhas
mãos. Como Megan se atreve? Ela me mandou
mensagem minutos atrás. Me disse para vir, o que
diabos está havendo? Principalmente, quem é esse
idiota?
— Ethan, só um momento, por favor — sua
voz é calma e ela parece assustada.
Ela tem que parecer sempre tão inocente?
Por que tenho que sentir que devo proteger ela de
tudo?
— Estou esperando. — Cruzo meus braços
e ela franze as sobrancelhas parecendo confusa.
Encaro o almofadinha de terno e ele parece bem
bêbado.
— Leon, você pode ir para casa sozinho?
Eu estou de saída — ela é suave enquanto explica.
Meus olhos passam por eles dois e meu sangue
volta a ferver ao ver sua mão no corpo dela.
Me aproximo e a pego pela cintura a
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afastando dele. Merda, estou parecendo um louco,


mas foda-se, não sei o que há. Estou irritado, quero
gritar e bater nesse idiota. Estou com ciúmes.
Muito.
— Você... — O tal Leon se cala franzindo
as sobrancelhas e se vira indo embora.
Megan se afasta de mim na mesma hora.
Ela se vira colocando as mãos na cintura.
— Por que me puxou? Eu estava tentando
conversar com ele...
— Ele estava te tocando — explico como se
somente isso fosse motivo suficiente para eu
começar a surtar.
— Eu sei, mas eu estava aguentando. O
ardor até diminuiu...
— Arde quando te tocam? — questiono
confuso. Que merda é essa?
— Homens — ela sussurra e segura sua
bolsa contra seu corpo.
— Ardeu quando estávamos na praia? Por
que não me contou? — questiono irritado.
Enquanto seu toque me faz bem, o meu faz sua pele
arder?
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— Você não. Seu toque não arde... quero


dizer, ardeu quando Andra, sua amiga, chegou
aquele dia. — Ela suspira e eu me aproximo
colando nossos corpos.
— Que bom — sussurro antes de me
inclinar e tomar seus lábios nos meus.
Megan parece tensa por alguns segundos,
mas logo relaxa em meus braços e segura meus
ombros. Seus lábios se abrem e eu deixo a minha
língua vagar pelo seu gosto viciante.
Estou encrencado com essa menina. Muito
encrencado.

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Capítulo cinco

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Ethan
— Quem era o cara? — pergunto quando
saio do estacionamento do seu prédio.
— Um amigo — sua resposta é vaga e eu
aceno encarando a avenida.
Permanecemos calados enquanto fazemos
nosso caminho até o restaurante que fiz nossas
reservas. Megan parece nervosa e eu não sei por
que isso está me incomodando.
— Você está bem? — Megan questiona
assim que nos sentamos no restaurante que eu
reservei. Passei o resto do nosso caminho calado.
Se ela não quer falar, quem sou eu para forçá-la?
Pois é, ninguém.
— Humrum. Você gostou do vinho? —
questiono vendo sua careta para a taça.
— Não. Me desculpe. Eu...
— Não tem problema, pequena — sussurro
achando inacreditável o modo como ela sempre tem
que se desculpar.
— Eu só não gosto de nada com álcool. —
Ela dá de ombros e eu aceno. Chamo o garçom e

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peço um suco para ela. Megan escolhe o de


maracujá e eu sorrio pela escolha.
— Você quer se acalmar? — Sorrio para ela
enquanto meus olhos fitam a aparência tão linda
que ela possui.
— Um pouco. Eu.... É algo novo vir a um
encontro — ela murmura e eu elevo a sobrancelha.
— Sério? Você já saiu com outros homens,
não? Aquele amigo, talvez? — Mordo minha
língua assim que falo. Merda. Viro meu copo de
vinho e me mantenho ocupado enquanto ela
responde.
— Sim, mas com você é diferente. — Ela
suspira desviando os olhos de mim e suas
bochechas ganham um tom mais avermelhado. —
Não sei o motivo, mas com você tudo está sendo
diferente. — Ela volta a dá de ombros e eu me
inclino levantando seu queixo para que nossos
olhos estejam presos um no outro.

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Megan
Seu olhar é tão intenso que me faz perder o
ar e antes de um segundo sua boca está na minha.
Seus lábios se abrem e sua língua me procura.
Entreabro a boca e escuto Ethan soltar um gemido
baixo quando eu começo a explorar a sua com
minha língua.
— Megan... — é uma suplica. Não sei o que
especificamente ele quer, mas o que sei é que eu
gosto desse som.
Nos afastamos por completo e eu sorrio
envergonhada enquanto baixo meus olhos. Ethan
me faz sentir como se eu fosse uma adolescente de
novo, não que eu saiba o que uma adolescente faça
exatamente, eu não fui uma garota normal. Eu não
sou uma. Nunca fui.
— O que faz da vida? Aquele bar é seu? —
questiono sorrindo enquanto bebo um pouco de
água.
— Sou jogador de futebol americano. Você

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não é fã, presumo. — Ele ri de mim e eu balanço a


cabeça.
— Não sou. — Ele gargalha e passamos a
conversar sobre nossos trabalhos.
— Eu quero te levar em um lugar depois
daqui — Ethan informa assim que terminamos de
comer o jantar.
— Sério? Onde? — questiono inquieta.
Sério que ele planejou a noite inteira para nós dois?
Meu coração acelera com isso.
— Você vai ver. — Ele pisca e eu suspiro
acenando.
Depois de alguns minutos estamos saindo
do estacionamento do restaurante. Ethan sorri
pegando minha mão e eu relaxo contra seu ombro.
— Quem era o seu amigo? — Eu me viro
quando escuto sua voz. Pensei que ele tivesse
esquecido isso, mas pelo que estou vendo, não
esqueceu.
— É um cara que saí algumas vezes. Agora
ele é apenas meu amigo — explico enquanto
encaro Ethan. Seu rosto está fechado e devagar as
batidas do meu coração começam a acelerar. —
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Você está com ciúmes? — Minha boca se abre e eu


sinto um caroço crescer em minha garganta.
Não gosto de ciúmes. Temo alguém que
sinta ciúmes. Vi coisas medonhas no clube de
acompanhantes. Homens que se sentiam donos das
meninas, era terrível.
— Só fiquei confuso, Megan. Mas passou.
— Ele sorri me passando confiança e eu volto a
relaxar, acenando.
Quando Ethan estaciona, eu não faço ideia
de onde estamos. Porém sei que é fora de Phoenix,
pois passou quase uma hora desde que saímos do
restaurante. Estamos em um condomínio de luxo.
— Onde estamos? — murmuro quando
começo a olhar ao redor.
— Longe. Venha. — Ele pega minha mão
me arrastando e eu sorrio suspirando.
Assim que enxergo a minha frente eu sei
que estamos na casa de alguém conhecido dele.
Ethan aciona um botão e o portão grande se abre.
Nos movemos entrando na casa e eu sinto minhas
mãos suarem. Estou nervosa, será que aqui é sua
casa? Ou da sua família?

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Ethan abre a porta da casa depois que aperta


minha mão, e um homem aparece no meio de uma
sala cheia de luxo. Ele está sentado de costas para
nós dois.
— Pai — ele saúda com a voz elevada e eu
sinto o nervosismo me consumir. Ele me trouxe
para ver seu pai? Meu Deus.
Sufoco o sorriso de felicidade ao perceber
que ele realmente quer algo sério comigo. Quando
o homem se vira, o sorriso que queria sair despenca
completamente. Meus olhos crescem, meu coração
acelera e eu sinto frio me consumir.
Não...
— Pai, essa é Megan. Megan, esse é meu
pai Cristian — a voz de Ethan está tão distante.
Meu queixo treme e o caroço na minha garganta
quer me sufocar. Minhas pernas se movem e então
eu me sinto correndo. Para longe disso.
Longe de Ethan e do meu passado.

De verdade, eu não sei quanto tempo passou


até que eu coloquei os pés na calçada da minha
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casa. Pode ter passado horas, dias e eu não saberia.


O motorista de táxi me olhou com pena o caminho
inteiro. Eu pensei que ele achava que eu estava
bêbada e queria me repreender, mas quando desci
do táxi ele só me disse para não andar à noite
sozinha.
Prendo meus cabelos e entro em meu
elevador. Jogo minha bolsa no sofá da sala assim
que entro em meu apartamento. Minhas mãos
tremem enquanto tiro o vestido e coloco minha
roupa de correr. Vocês não vão me alcançar.
Menos de dez minutos que entrei, eu saio de
casa. Não me alongo e não faço nenhuma atividade
normal que antecede uma corrida longa. Eu só saio
em disparada. Corro, corro e corro novamente. Os
pensamentos se inundam e ninguém me alcança,
nem mesmo meu passado.
Quando penso que nada vai chegar a mim,
os olhos do pai de Ethan voltam como um baque
em minha mente. Já acompanhei aquele homem em
um jantar. Ele queria que eu me vendesse para ele
por alguns dólares. Eu neguei, tentei ir embora, mas
ele me arrastou para seu apartamento em Nova
York. Já passei por coisas parecidas e piores do que
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isso, já sim.
Eu me deitei com o primeiro homem da
minha vida para pagar uma dívida do meu pai. Ele
era mais velho que eu, na época, com apenas 16
anos. Os próximos chegavam e foi como um
negócio. Meu próprio pai me tratava como uma
mercadoria. Meu corpo era vendido e eu não podia
fazer nada. Eles matariam meu pai e a mim
também.
No final, consegui fugir de Cristian. Bati
nele com um vaso de planta e corri para o mais
longe possível. Por isso sinto que a corrida é tão
essencial para mim. Ela me salvou. Não dos
primeiros homens, infelizmente. Mas de alguns,
sim. Do pai de Ethan, sim.
Não percebo que lágrimas descem por
minha bochecha até sentir o gosto salgado na
minha língua. Limpo ele rigidamente e sufoco com
um soluço. Por que tinha quer ser pai do Ethan?
Será que ele é assim também? Deus, eu
espero que não. Não quero que o único homem que
me fez desejar o toque seja um idiota sádico e
estuprador.
Me sento contra uma arvore e abraço
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minhas pernas. Fecho meus olhos fortemente e


tento tirar os olhos de Cristian da minha mente.
Será que ele me reconheceu? Por favor, não.
Respiro mais forte e abro meus olhos para
encarar minha pele. Suja. É assim que me sinto
todas as noites. Quando o passado entra em meus
sonhos. Quando me faz enxergar o quão podre eu
sou, o quão sempre fui.
— Sabia que ia te encontrar aqui. — Ergo
meus olhos quando escuto a voz de Ethan. Seu
semblante é tão preocupado e eu me pergunto se ele
se importa comigo tanto quanto deixa transparecer.
— Ethan — paro de falar quando me viro e
procuro seu pai. Ninguém está na praça além de
nós dois. Relaxo instantaneamente e volto a olhar
em direção a seu rosto.
— Megan, o que aconteceu? Você saiu de
repente. Eu não entendi nada. — Sua mão se ergue
e ele retira os fios de cabelo que saiu do meu
coque.
— Acabou — murmuro e me afasto de sua
mão me pondo de pé.
— Como assim? Do que está falando? —

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Ele franze as sobrancelhas e eu começo a andar


rapidamente fazendo meu caminho para casa. —
Megan!
— Não quero me envolver com ninguém.
Acho melhor não nos vermos mais. — Me viro
falando alto e ele estanca, parecendo doente. Seus
olhos confusos e sua boca abrindo e fechando
fazem meu coração doer.
— É aquele amigo, não é? Você gosta
daquele...
— Não Ethan, esse é o problema, eu não
gosto de ninguém. Nem de mim mesma. — Meus
olhos se enchem de lágrimas e eu suspiro querendo
sumir. Desejando que ele não tivesse vindo atrás de
mim.
— Eu não estou entendendo nada. Me
explica. O que te fez correr da minha casa? — Seus
punhos se fecham e a raiva fica estampada em seu
semblante.
— Eu era uma acompanhante de luxo. —
Engulo em seco ao ver seu olhar espantado assim
que escuta minhas palavras. — Eu acompanhei seu
pai num dia e ele quis me forçar a algo. Ele
representa o passado que quero esquecer — minha
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voz fica esganiçada e ele dá um passo para longe de


mim.
— Não minta para me afastar de você. Meu
pai não é assim, não fale dele assim — ele rosna
furioso e eu dou de ombros sentindo meu coração
quebrar.
— Não estou mentindo! Meu pai me dava
como forma de pagamento para todas as suas
dívidas desde os meus 16 anos. Meses atrás ele
arranjou uma dívida maior ainda com um dono
desse clube de acompanhantes de luxo. Ele não
quis me usar, mas mandou que eu trabalhasse para
ele... — minha voz parece tão forte, mas dentro de
mim, eu sei a quão fraca eu estou nesse momento.
Revelar meus segredos para outra pessoa é algo que
requer um nível muito alto de confiança e, nesse
momento, Ethan é alguém em quem confiaria
minha vida.
— Megan, me fale o nome deles. — Ethan
se move num segundo e me leva ao chão. Seu
corpo grande fica sobre o meu me cobrindo inteira.
Seus olhos verdes estão furiosos e eu quero
acalantar ele. Quero cuidar dele, como eu queria
que alguém tivesse cuidado de mim.
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— Não importa, Ethan. Eu fugi e estava


bem até eu encontrar seu pai...
— Ele vai pagar, baby. Ele vai ter que me
dizer o que diabos fez a você. Não me mande
embora. Vou cuidar de você pequena. Eu vou te
seguir. — Seus lábios estão a centímetros dos
meus.
Minhas lágrimas continuam descendo e eu
puxo o rosto dele, colando nossos lábios. Eu nunca
senti isso, essa inquietação na barriga, o coração
acelerado por algo bom. Eu nunca me apaixonei.
Pena que durou tão pouco.

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Capítulo seis

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Ethan
Suas mãos empurram meu peito e eu a
deixo me afastar. Saio de cima dela e me sento a
sua frente. Sei o que ela quer dizer apenas olhando
para seu rosto completamente devastado. Ela pensa
que vai me mandar embora e eu estarei indo. Ela
está tão enganada.
— Eu sofri com o meu passado Ethan, não
quero ninguém que me leve de volta a ele. — Ela
balança a cabeça veemente e eu me inclino
querendo pegar em seu rosto, mas ela se levanta. —
E você me leva, porque junto de você vem seu pai.
— Ela limpa o rosto como dorso da mão
rigidamente e eu balanço a cabeça negando.
— Nos conhecemos a pouco tempo, Megan,
talvez você pense que isso vai fazer eu virar e ir
embora mais rápido. — Eu finjo rir e me levanto
ficando mais alto que ela. — Não vou. Se você
fugir, eu vou te seguir. Não vai se livrar de mim,
assim tão fácil.
— Eu não quero nada com você Ethan. Foi
um erro.
— Você gosta de errar e vai acontecer
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novamente — prometo deixando meus olhos presos


nos seus azuis. Ela parece tão indefesa, mas ao
mesmo tempo tão forte. Essa menina cresceu antes
do que era previsto.
Saber que seu pai a vendia para pagar suas
dívidas me põe louco. Eu quero encontrá-lo e tirar
todos os dentes que ele tem na boca. Quero saber
quem é cada pervertido que tocou nela sem a sua
permissão. O principal; eu quero socar meu pai por
tentar fazer algo que ela não queria.
— Se cuida. — Ela suspira virando e vai
embora a passos rápidos que logo se tornam uma
corrida.
Eu ando atrás dela, mantendo uma distância
segura. Seus cabelos loiros balançam de um lado
para o outro enquanto eu começo a correr atrás
dela. Assim que ela vira na esquina eu acelero com
medo de perder ela de vista.
Viro na esquina e dou uma parada abrupta
ao vê-la parada de frente para mim. Minha boca se
abre para tentar explicar o que eu estava fazendo,
mas me surpreendo quando ela começa a falar.
— Por que você tem que ser assim? Por que
você se preocupa comigo? — Ela tem duas
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lágrimas escorrendo por suas bochechas e eu


respiro fundo tentando descansar.
— Você é importante...
— Mas por que está me seguindo? Ethan eu
acabei de dizer que eu era acompanhante de luxo.
Que eu fui abusada por homens que meu pai devia
dinheiro de jogos. Seu pai tentou fazer isso
comigo... — Ela balança a cabeça soluçando e eu
dou um passo querendo acabar com a nossa
distância.
— Não sei. Não sei merda — murmuro
exasperado. — Se me perguntar o que diabos estou
fazendo, eu não sei te explicar. Eu só sei que você
me enfeitiçou. Sei que quero te conhecer mais,
quero sair e me divertir. Meg, eu estou parecendo
um louco. Mas eu quero cuidar de você, quero fazer
você esquecer essas coisas que passou...
— Você não pode...
— Me deixa tentar, pequena — peço
fechando a distância que existia entre nós.
Megan engole em seco e devagar seus cílios
se fecham me convidando a beijar seus lábios. Me
inclino e tomo sua boca. Ela entreabre seus lábios e

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eu aceito seu pedido silencioso e levo minha língua


para sua boca, beijando-a com intensidade.
Megan segura meus ombros enquanto me
inclino mais em sua direção querendo provar mais
dela. Seu gosto me fascina. Quero essa mulher para
mim e eu vou tê-la. Eu vou convencer até ela disso.
— Você vai me deixar tentar? — Encosto
minha testa na dela e escuto sua respiração
entrecortada. — Por favor, Megan...
— Seu pai, Ethan...
— Eu vou falar com ele. Não se preocupe,
por mim, você nunca mais vai vê-lo. Não importa
nada, eu só quero que continuemos a nos ver —
insisto abrindo meus olhos e a fazendo me encarar.
— Você é louco. Eu não deveria estar aqui
ainda...
— Megan.
— Vou deixar. Porém isso também é por
mim. — Inclino minha cabeça sem entender o que
quis dizer. — Eu gosto de você Ethan. O que você
fez ao me seguir hoje e no dia que nos conhecemos
atingiu meu coração... Ninguém, nunca, cuidou de
mim. Se preocupou como você. — Ela suspira
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piscando as lágrimas e eu a pego nos braços


deixando ela chorar baixinho enquanto começo a
andar em direção à sua casa.

— Você quer algo? — Megan pergunta


quando me sento em seu sofá.
Seu apartamento é bonito. Penélope gostaria
de entrar aqui e colocar todos os objetos de madeira
que gosta. As paredes são lisas. Os móveis não têm
porta-retratos. A casa parece nua.
— Não pequena — sussurro e mordo meu
lábio vendo ela se apoiar na bancada da cozinha. —
Venha cá — chamo quando suas bochechas
começam a esquentar.
— Por que? — seu murmúrio é um sussurro
e eu quase não a escuto.
— Deve existir um? — pergunto vendo um
pequeno sorriso se formar em seus lábios rosados
enquanto seu cabelo cai formando uma cascata
loira por seus ombros.
— Hum... não. — Ela dá um passo em
minha direção e eu me inclino para trás relaxando
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em seu sofá.
Meus olhos correm por suas coxas
apertadas dentro da legging, por seu quadril e pela
sua barriga lisa que agora está descoberta, pois sua
blusa subiu. Sinto meu membro endurecer e me
penalizo por isso. Ela não pensa nisso. E eu
entendo. Não tem por que pensar. Meu pau vai
entender isso logo.
Olho para seu rosto e eu sorrio
envergonhado quando sei que ela percebeu o que
eu estava pensando. Suas sobrancelhas estão
arqueadas, sua boca bonita forma um “Oh”
perfeito e suas bochechas estão mais vermelhas.
Deus, ela é a coisa mais linda que já vi. Sua
inocência, mesmo depois de tudo que passou,
prevalece e isso me enfeitiça.
Megan é uma joia rara que acabou de ser
descoberta. Eu preciso esculpi-la, polir sua beleza e
depois vou apenas apreciar. Essa pequena é a
minha esmeralda.
— Venha — volto a chamar e ela acena se
pondo de pé a minha frente. Pego seus quadris e a
puxo fazendo com que ela se sente em meu colo.
Meus lábios tocam sua testa devagar e eu a escuto
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soltar um pequeno gemido ao sentir minhas mãos


apertarem sua cintura.
— Ethan. — Meu nome é como uma prece
em seus lábios bem desenhados.
— Megan — respondo em tom baixo. Não
me movo para fazer o primeiro movimento em
direção aos seus lábios. Espero por Megan e ela é
perspicaz ao perceber isso. Sua boca cai sobre a
minha e eu sinto o desejo fluindo de nós dois. Cada
poro dos nossos corpos exala desejo e paixão.
Em meio aos nossos beijos eu a levo para a
cama. Me deito de lado e observo ela me encarar.
Megan se aconchega em meus braços e eu beijo
seus cabelos sentindo pela primeira vez em algum
tempo, a paz me consumir.
Os minutos que passam enquanto escuto sua
respiração se transformam em horas e então eu sei
que ela adormeceu. Meus punhos se fecham
enquanto as coisas que ela me contou passam por
meus olhos. A pequena Megan sendo moeda de
troca entre um velho viciado em jogos e ricos
doentes e pervertidos.
Eu quero matar eles. Todos.

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Saio da casa de Megan a deixando dormir.


Volto caminhando para a praça e pego meu carro.
Enquanto piso no acelerador, imagino o quão ruim
vai ser daqui para frente à minha relação com
papai.
Minha mãe faleceu quando eu e Penélope
éramos apenas adolescentes. Meu pai sempre
cuidou de nós do jeito que podia, mas a bebida
sempre o manteve distante e aéreo. Me pergunto
como ele ainda não evaporou por causa dela. Hoje
eu resolvi levar Megan lá para conhecer ele. Para
ver se ele sai dessa bolha, mas jesus. Nunca
imaginei que ele pudesse ter feito algo assim com
Megan ou com qualquer outra pessoa.
Quando estaciono em frente à casa que
cresci vejo meu pai abrir a porta. Ele está de pijama
e eu sei que não dormiu desde que saí daqui.
— O que houve com a moça? — Meu pai
franze as sobrancelhas e eu suspiro passando por
ele e entrando em casa.
Dou passos pela sala e vejo quando ele se
senta em sua poltrona.
— Filho, o que houve? — sua voz está
cansada e eu encaro seu rosto não vendo alguém
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que poderia forçar uma menina a nada.


Ele não é assim, nunca foi.
— Megan a garota que eu trouxe aqui foi
acompanhante de luxo há algum tempo atrás. —
Começo sentindo um gosto ruim na boca. Papai
continua com as sobrancelhas franzidas e eu me
sento no outro sofá, longe dele. — Ela reconheceu
você pai. Ela disse que você queria forçar ela a...
Eu não vou falar isso. Você fez isso pai? — Encaro
seus olhos apertando minhas mãos.
Não quero sentir raiva do meu pai. Não
mesmo, mas se ele fez isso mesmo. Eu não sei
como vou me segurar para não socar ele.
— Eu... — sua fala é interrompida e seus
olhos se fecham. Por alguns segundos parece que
ele é inundado por lembranças. — Meu deus! —
Quando seu olhar pega o meu, eu sei que Megan
estava certa. Papai me olha tão envergonhado.
— Como você pode? Ela é apenas uma
menina porra! — grito me pondo de pé.
— Eu estava bêbado...
— Quando você não está? — rujo com o
sangue bombeando em meus ouvidos.
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— Não sabia o que diabos estava fazendo.


Ela fugiu filho. Eu sinto remorso desde esse dia. —
Ele se põe de pé também e limpa duas lágrimas que
descem por seu rosto.
— Deus, ela ainda é tão traumatizada por
isso. Por toda a merda que ela viveu. Como você...
— Desculpe. Eu não sabia o que estava
fazendo. Fui estúpido e imprudente. Vou conversar
com ela e pedirei perdão.
— Não. Você não vai se aproximar dela. —
Encaro seu rosto temendo essa merda. Megan
fugiria de mim novamente. — Eu a conheço a
pouco tempo, pai, mas eu gosto dela. Ela é
diferente e eu não vou perdê-la por sua causa. —
digo vendo ele acenar enquanto desvia os olhos de
mim.
— Eu... só quero que seja feliz, filho.
— Ela me faz feliz.

Quando chego em casa respiro fundo ao ver


minha irmã na minha cozinha. Ela morde o lábio
enquanto mexe uma panela. Me aproximo e ela se
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vira.
— Papai me ligou.
— Imagino — murmuro me sentando na
bancada da cozinha.
— Você não me contou sobre a moça,
Ethan. Por que? — Ela inclina a cabeça confusa.
— Por que ela é arredia. Não quer
relacionamento, tem medo de aproximação e tudo
mais...
— Por que você e papai brigaram? —
Minha irmã senta à minha frente e puxa minhas
mãos para as suas.
— Megan era acompanhante de luxo —
explico vendo os olhos dela crescerem. — Um dia
ela acompanhou nosso pai a algum lugar. Ele
tentou forçar ela a se deitar com ele. Graças a Deus,
ela fugiu. — Respiro fundo enquanto Penélope se
afasta de mim.
— Meu pai não faria isso... Como você
acreditou numa prostituta? — ela se eleva gritando
e eu balanço a cabeça.
— Não a chame assim!
— É isso que ela era, não é? Puta, prostituta
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o que for. Como ousa acreditar numa mulher que


conheceu agora a nosso pai? — Penélope me
questiona enquanto anda de um lado para o outro.
— Ele confessou, Penélope! Ele confessou!
— grito fazendo ela cessar seus movimentos.
— O que?
— Ele disse que aconteceu. Ele disse que
estava bêbado, não sabia o que estava fazendo...
— Como? — Ela respira fundo e eu vejo
seus olhos encherem de lágrimas.
— É verdade, Pene. Desculpa, irmã, mas é
— afirmo e ela limpa o rosto e deixa sair um
suspiro.
— Tudo bem. Eu preciso ir. — Ela anda
para a sala e eu a sigo a passos rápidos.
— Não fique assim. Eu estou com raiva
dele e talvez, minhas visitas irão diminuir, mas ele
continua sendo meu pai.
— Ele estava bêbado. Ele é doente, você
sabe disso. — Ela bate à porta fechada e eu caio em
meu sofá.
Merda.

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Capítulo sete

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Megan

Quando os raios do sol entram pela minha


janela eu já estou sentada na cama. Ethan não está
em nenhum lugar e eu temo que ele tenha ido ao
seu pai. Não quero que os dois briguem, céus, isso
é a última coisa que desejo.
Só quero que meu passado fique onde está,
longe.
Como vou poder ficar com Ethan sabendo
que seu pai faz parte da fase que mais odeio e temo
da minha vida? Balanço a cabeça e me forço a
levantar.
Depois de tomar banho e comer meu café
eu bato na porta de Kath. Espero alguns minutos e
ela logo abre a porta com Coban nos braços.
— Olá pequeno. — Pego ele dos braços
dela e a vejo sorrir aliviada.
— Pensei que não viria mais aqui. Onde a
senhora estava aquela noite? — ela questiona assim
que entramos.
— Eu conheci um cara e aquele dia fomos a

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praia. Eu estava em surto. — Engulo em seco e seu


rosto suaviza.
— Entendo. Quem é o cara? — Engulo meu
nervosismo para contar isso.
Como as meninas irão reagir ao saber que
eu estou saindo com um jogador de outro time? Eu
estou nervosa.
— É o Ethan Davis — murmuro devagar e
eu me encolho quando seus olhos crescem.
— Você sabe que ele joga nos Chargers? —
ela questiona baixinho e eu suspiro.
— Você está saindo com o Ethan? — a voz
de Derek surge e eu pulo assustada.
— Humrum. — Aceno indo para o lado de
Kath.
— Ele parece ser um cara legal — Kath fala
enquanto Derek está franzindo o cenho.
— Ele é. Já o vi algumas vezes e ele é um
cara legal — o marido da minha amiga murmura.
— Onde se conheceram? — Derek questiona e eu
engulo em seco.
— Em uma das minhas corridas...

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— Noturnas?
— Sim — murmuro e vejo os dois se
entreolharem.
— Megan, já falamos que é perigoso. Você
não é uma criança e tanto eu como todos os seus
amigos não precisamos ficar te dizendo isso.
— São os surtos, os pesadelos. — Mordo
meu lábio e pisco a umidade. — Eu só consigo me
curar deles correndo — explico baixinho e sinto
Kath me puxar para seus braços.
— Tudo bem — ela sussurra e eu beijo a
bochecha de Coban.
— Semana que vem Dominick vai fazer um
jantar na casa dele, leve Ethan. Vamos conhecer
seu namorado — Derek diz indo para a porta com
sua bolsa, capacete e luvas depois de beijar Kath e
Coban.
— Ele não é meu namorado! — Franzo as
sobrancelhas vendo ele rir e ir embora.
Me viro para Kath e ela ri. Mando língua
para ela a fazendo ri mais. Bobos.
A noite eu espero por Ethan com o celular
na mão. Lia acabou de ir para casa com seu marido.
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Derek contou a Wally que estou com Ethan e ele


veio aqui saber de tudo.
Tento esperar por Ethan, mas o sono vence
e eu acabo dormindo no sofá.

Minha respiração está entrecortada e meu


coração bate acelerado. Meus passos ecoam no
corredor escuro e eu sinto minha pele queimar
enquanto papai me guia pela boate escura.
— Seja boa, princesa — sua voz me arrepia
e eu tento puxar minha mão para longe dele. —
Megan, você quer que o papai morra? — ele fala
abruptamente e eu engulo meu medo.
— Não.
— Então vamos lá. Se comporte, faça o que
pedem e eu estarei aqui no começo da manhã para
te levar para casa — ele promete e eu aceno
enquanto mordo meu lábio com força suficiente
para sentir o gosto metálico de sangue na boca.
Assim que chegamos a sala eu me sinto fria.
Me viro a procura de papai e o vejo me observar.

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— Aqui está ela!


Naquele momento eu percebi que eu era
uma mercadoria. Meu corpo era o modo como meu
pai sempre sobrevivia e eu logo morreria.
Acordo gritando e me sento a procura de ar.
— Por que papai? — grito questionando
enquanto fecho os olhos sentindo as lágrimas
queimarem minha pele
Até quando eu vou sentir isso? Até quando
eu vou sofrer com isso?
— Shiu querida. Estou aqui — a voz de
Ethan ecoa segundos antes dele me puxar para seus
braços. Ele deve ter chegado depois que adormeci.
Deixei a porta aberta para ele. Não é uma loucura,
já que moro no último andar com apenas um
vizinho, Derek e Kath.
Me sento sobre seu colo e o deixo me
acalmar. Meu sangue está quente e eu sinto meu
coração batendo ainda mais rápido.
— Eu preciso correr — consigo murmurar
para Ethan. — Por favor.
— Não precisa, amor. Se acalme
respirando. Por favor, tente. Respire fundo e solte
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devagar — Ethan me encara enquanto murmura e


eu aceno me rendendo a sua voz fraca.
Com algumas respirações eu me sinto mais
calma. Ethan deita na cama e me puxa para ficar
sobre ele. Sua respiração é suave e eu me sinto
sonolenta. Com alguns minutos logo adormeço.
— Megan. — Sinto um balanço em meu
ombro e suspiro me virando. Ethan está sorrindo
enquanto tem uma bolsa na mão. — Estou saindo.
Hoje tenho treino mais cedo. — Seu rosto está
retorcido e eu sei que ele não queria sair daqui.
— Ah, hum, eu falei para meus amigos que
estou te conhecendo.
— Que bom. Eles falaram algo?
— Você conhece eles.
— Conheço?
— Sim. Eles jogam no Arizona Cardinals
— murmuro e vejo sua boca se abrir.
— Sério? Qual o nome deles?
— Derek Collins, Dominick Reilow, Wally
Driven e tem o Caleb também, mas não sou tão
próxima dele...

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— Então você conhece eles? Que mundo


pequeno. — Ele ri e se inclina esfregando
suavemente seus lábios sobre os meus. — Somos
rivais, você sabe — ele murmura e eu engulo em
seco.
— Mas eu... Hum. Vocês podem ser amigos
fora do campo. Quero dizer, temos até um jantar na
casa do Dominick. Vai ser legal — insisto me
levantando.
— Sério? Que bom. Claro que podemos ser
amigos fora do campo, mas é por você. — Ele ri e
eu suspiro aliviada e beijo seus lábios.
— Obrigada. Agora eu também tenho que
sair — digo indo para o banheiro.
— Vou te esperar. — Ele pisca e eu sorrio
acenando.
Ethan se afasta e senta na minha poltrona.
Me arrumo rápido e logo estamos saindo de casa.
Ele sorri para mim e eu suspiro aliviada quando ele
me puxa para seus braços.
Assim que entramos no elevador escuto
alguém pedir para esperar por ela, pois pegará o
elevador. Minhas bochechas coram quando vejo

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Kath e Derek.
— Hum. E esses são meus amigos — digo a
Ethan baixinho e ele acena deixando sua cabeça
elevada.
— Estamos aqui Megan — Kath murmura
enquanto Derek puxa ela para sua frente.
— Esse é Ethan. Esses são Katherine e
Derek Collins — apresento e Ethan sorri dando a
mão a Derek. — Esse é meu... Ethan. — Mordo
meu lábio e Kath eleva a sobrancelha.
— Prazer Ethan. — Os dois sorriem e eu
sinto minhas bochechas esquentarem.
Os dois saem quando chegamos ao
estacionamento e eu corro em direção a minha
vaga. Cada apartamento tem duas vagas e as
minhas estão ocupadas com o meu carro e o de
Ethan.
— Eu te levo e te pego mais tarde. — Ele
diz me abraçando. Eu sorrio, mas nego.
— É melhor não. Ando sempre com meu
carro por que minha amiga está grávida. Caso algo
aconteça, eu a ajudo — explico enquanto ele se
inclina e beija meu o pescoço.
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— Já falei que você é incrível? — sua


pergunta me faz sorrir.
— Não, mas obrigada.
Ele me encara por alguns segundos e eu sei
onde seus pensamentos estão indo. Seu pai, as
coisas que aconteceram comigo... tudo.
— Não pense nisso — peço baixinho
encostando minha testa em seu queixo.
— Desculpe. Ele... Meu pai não é um
homem mal, Megan — ele murmura e eu aceno me
afastando.
— Eu não o conheço, então acredito em
você — murmuro e suspiro. — Eu quero muito que
isso dê certo, Ethan. Eu estou gostando de você,
mas vamos devagar com seu pai e qualquer coisa
referente ao passado — digo firme e ele acena.
— Não se preocupe. Agora mexa sua
bunda. Temos trabalho. — Eu sorrio e entro em
meu carro. — Se cuida — sussurro e ele se inclina
roubando mais um beijo.

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Uma semana depois...


— Você está bonita. — Eu sorrio enquanto
me espreguiço na cama. Ethan está sentado me
olhando e eu sinto meu coração bater mais forte.
— Imagino. — Eu sorrio e me sento. Ethan
está sorrindo relaxado na poltrona do seu quarto.
Passamos a semana alternando entre minha
casa e a dele. Não sei por que, mas ele não quis
dormir em casa sozinho. Toda noite foi à minha
casa e ficava até estarmos na cama dormindo
juntos.
— Sério — ele murmura e eu reviro os
olhos.
Me levanto e sigo para o banheiro. Escovo
os dentes e visto minha roupa de trabalho. Me sento
a mesa com Ethan e sorrio ao ver a mesa posta. Ele
é assim. Nas duas vezes que dormi aqui acordei
com café da manhã.
— Eu tenho que sair mais cedo, então fique
à vontade para terminar de se arrumar. — ele diz já
levantando e eu aceno.
Me levanto também e sorrio quando ele me
eleva e devora meus lábios. Sinto sua excitação
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contra minha barriga e solto um gemido. Me


surpreendo com isso, mas esses últimos dias estão
sendo tão diferentes. Eu sei que Ethan espera por
isso, e eu também espero. Muito.
— Vamos parar, pequena. — Ele se afasta e
eu engulo em seco ao ver o desejo estampado em
seus olhos verdes.
— Tá bom — consinto e deixo um selinho
em seus lábios enquanto ele me põe em pé.
Vejo ele sair de casa e volto a sentar. Levo a
torrada com geleia aos lábios e sorrio ao ouvir a
porta ser aberta. Ethan deve ter esquecido algo. Me
viro sorrindo, mas ele despenca dos meus lábios ao
ver uma morena ao lado da porta.
— Você deve ser a Megan. — Ela sorri e eu
suspiro ao constatar que ela é a Penélope, a irmã do
Ethan.
Sua pele é igual a dele, uma cor de jambo
linda. Seus cabelos são encaracolados e bem
volumosos. Os olhos que tanto amo em Ethan,
também estão nela. Ela é uma mulher linda.
— Hum, sim. Você deve ser Penélope —
murmuro e ela acena.

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— Vi meu irmão saindo. É, eu imaginei que


estivesse aqui, pois tem um carro na minha vaga.
— Ela sorri e eu sinto minhas bochechas
esquentarem.
— Desculpe.
— Não tem problema. Sempre uso a do...
Wesley. — Ela desvia os olhos dos meus e eu
aceno. Hum, isso é interessante.
— Seu amigo mora aqui, nesse prédio,
também? — pergunto curiosa.
— Sim. No primeiro andar — ela explica e
sorri engolindo em seco.
Me mantenho calada e me ergo levando as
louças para a máquina. Penélope me segue e se
senta no balcão.
— Gostaria de falar uma coisa...
— Claro — murmuro e sorrio.
— Minha mãe faleceu quando eu e Ethan
éramos apenas adolescentes. Ele era um
encrenqueiro e eu sempre fui mais quieta. No dia
que ela morreu, Ethan tinha brigado na escola. —
Ela pisca e eu engulo em seco sentindo meu
coração doer por eles. — No dia anterior mamãe
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pediu a meu pai que conversasse com Ethan. Pediu


que ele explicasse que era errado e disse que estava
cansada de ser chamada na escola.
“Meu pai apenas brincou com Ethan
dizendo que se ele brigasse não deveria apanhar,
mas sim bater. Minha mãe morreu num acidente de
carro. Meu pai se culpa pela morte dela, pois não a
levou aquele dia para o trabalho. Ethan, se culpa
por não atender o último pedido dela.
“Meu pai não é ruim, Megan — ela
murmura e limpa as lágrimas. — Ele só se perdeu
depois que mamãe morreu. Eu sinto muito pelo que
ele te fez, mas ali não era ele. Era a bebida — ela
explica e eu aceno entendendo. — Ethan não está
falando com ele, então ele não sabe, mas meu pai
está em reabilitação. Ele aceitou se tratar e eu tinha
que falar isso para você. Meu pai sente falta do
filho e eu sei que não posso e não tenho direito de
pedir isso, mas converse com ele. Por favor, peça
que ele vá ver meu pai. ”
Eu limpo minhas lágrimas e abraço o corpo
de Penélope. Seu soluço se mistura ao meu e eu
aceno.
— Falarei com ele. Sinto muito pela sua
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mãe. De verdade. — Suspiro e ela acena


agradecendo.
Depois que ela vai embora eu também saio
de vou para o trabalho. Me esquivo quando vejo
Leon. Ainda lembro do dia que ele foi bêbado a
minha casa. Não sei o que falar para ele, então
quando ele apenas acena, eu respiro aliviada.
Passo o dia ajudando Dalilah com contratos
e assinaturas. As quatro eu estava liberada então
corro para casa, pois hoje é o jantar na casa de
Dominick. Envio um texto para Ethan lhe mando
chegar às sete da noite e ele responde que chegará
antes.
Sorrindo passo um pouco de maquiagem e
hidrato minha pele. Solto meus cabelos e suspiro
por não ter que fazer nada neles. Passo apenas um
pouco de anti-frizz e os deixo no lugar. Deslizo um
vestido rodado e sorrio ao me olhar no espelho. O
tecido do vestido é branco com algumas formas
geométricas.
— Acho que terei trabalho em manter meus
olhos longe de você hoje — Ethan fala suavemente
e eu me viro o vendo inclinado contra a porta.

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Capítulo oito

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Megan

— Você está lindo — murmuro rindo e


andando até ele.
Ethan me enlaça pela cintura e segura meu
pescoço para ter controle sobre minha boca. Seus
lábios escovam os meus e eu me coloco nas pontas
dos meus saltos para alcançá-lo e tomar sua boca na
minha.
Ethan geme quando deslizo minha língua
sobre a sua e chupo ela. Sua excitação se faz
presente e eu suspiro querendo me enrolar com ele
na minha cama.
— Você vai me matar — ele geme e eu me
afasto vendo seus olhos verdes dilatados. — Vamos
embora pequena.
Eu aceno e juntos saímos de casa. Kath e
Derek foram mais cedo junto com Coban, então
vamos só nós dois.
Me sinto nervosa quando estacionamos.
Não que eu me preocupe com a opinião de todos,
mas eles são importantes para mim. Eles me
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acolheram, eu preciso que eles aceitem meu


namoro também.
Eu disse namoro? Eu acho que sim.
Saímos do carro de Ethan e juntos entramos
no prédio onde Kayla e Dom moram. Assim que
batemos na porta, Kayla a abre com um sorriso
enorme em seu rosto. Ainda fico boba com a beleza
dela.
— Hey! Entrem. Derek e Kath falaram que
viriam. — Ela sorri me cumprimentando com um
beijo e acena para Ethan.
— Oi Kayla. Como você está? — pergunto
sorrindo e ela responde que está ótima. — Esse é
Ethan — apresento e ela sorri pegando sua mão.
Entro na casa e suspiro, aliviada ao ver Lia.
Corro em sua direção e puxo Ethan comigo. Porém
quase caio quando uma menina loira para na minha
frente. Suas mãos estão nos quadris e ela olha para
meu vestido e para mim com a testa franzida.
— Oh. Pensei que fosse minha mamãe —
sua voz é baixa, mas escuto tudo. — Você está com
o vestido igual ao dela. — Ela inclina a cabeça e eu
fico sem saber o que falar até que alguém fala antes

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de mim.
— Tessa. — Eu viro para dar de cara com
um homem; Caleb. Essa é a filha dele, então.
— Papai, minha mãe está com um vestido
assim, não é? — Ela vai para perto dele pegando
sua mão.
— Sim, querida. — Ele sorri pegando-a nos
braços. — Prazer, Caleb. — Ele estende a mão para
mim e em seguida para Ethan.
— Esse é Ethan e eu sou Megan. — Nos
apresento e ele acena. Uma loira chega e eu sorrio
ao ver Marianne. Só vi ela uma vez, em um dos
jogos do Wally que fui.
Nos apresentamos rapidamente e eu
constato que estamos com vestidos iguais. Ela sorri
por isso e logo eles vão para longe de nós. Sigo
para Lia e suspiro aliviada ao chegar até ela.
— Esse é seu namorado? — Lia pergunta e
dá a mão a Ethan. — É um prazer, espero que você
esteja cuidando bem da minha amiga. — Ela fecha
a cara e Ethan suspira me puxando para perto dele.
— Não se preocupe. Eu cuido dela — ele
murmura firme e eu relaxo contra seu peito.
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— Isso é bom. Espero que cuide dela


melhor do que cuida da bola no campo — Wally
murmura e eu abro a boca em choque. Como ele
ousa?
— Com certeza, mas e você? Já perdeu o
lugar de quarterback para Dominick? Todos estão
ansiosos por isso — Ethan responde e eu me afasto
para olhar de um para o outro.
O que está acontecendo? Wally está sendo
malvado no primeiro encontro dos dois e Ethan...
por que ele disse isso também?
— Isso é interessante — Hayden murmura
se sentando no sofá com Emma em seu colo. Eu
faço careta para ele e ela sorri balançando a cabeça.
— Wally isso foi muito feio da sua parte —
digo séria, pois foi ele quem começou.
Os dois se encaram por alguns segundos e
eu começo a puxar Ethan para que possamos ir
embora, mas antes disso eles caem na gargalhada e
se abraçam. Lia olha para mim em choque e eu
estou igualmente surpresa.
— Já nos conhecemos. Estávamos
brincando — Wally diz e eu reviro os olhos

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enquanto Ethan me puxa mais para seus braços.


— Idiotas — resmungo enquanto Ethan ri
contra meu pescoço.
No final da noite eu estou ansiosa para que
possamos ir embora. Ethan está se despedindo dos
meninos e eu estou na porta depois de dar tchau
para as meninas.
— Devemos marcar de ir ao shopping —
Kath fala sorrindo e eu vejo Kayla e Marianne
acenarem concordando. Eu e Lia sorrimos e
agradecemos o convite.
Quando saio do jantar, Ethan está mais leve
e eu sorrio por isso. É bom saber que não teve
clima estranho por ele ser de outro time. Vamos
para casa em silencio enquanto no som toca
algumas músicas que ele parece gostar. Seus dedos
tamborilam contra o volante e eu sorrio sentindo
paz preencher meu peito.

Ethan se senta no sofá da sua casa assim


que entramos. Eu pego duas taças com vinho e lhe
dou uma. Sua sobrancelha se eleva e eu sei que está
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questionando o porquê de eu estar bebendo. Não


sei. Eu só quero fazer algo. Estou nervosa.
Eu quero que Ethan me toque hoje. Quero
que suas mãos me façam esquecer as coisas ruins.
Que me ensinem que o desejo, sexo e luxúria é
mais do que algo ruim. Eu quero que ele me ensine
a amar.
— Megan — meu nome é como um aviso
sonoro. Eu balanço a cabeça e me sento ao seu
lado.
— Eu resolvi que devemos... — Minhas
bochechas coram e Ethan se inclina acariciando
minha bochecha. — Eu quero Ethan — afirmo
engolindo em seco.
— O que você quer pequena? — Seus olhos
verdes estão brilhantes e sua pele morena me fazem
o desejar mais ainda. Ele é tão lindo.
— Você. Quero que me faça sua. — Mordo
meu lábio e ele respira fundo enquanto com seu
polegar, retira meu lábio que está entre meus
dentes.
— Você já é minha Megan. Desde o dia que
te segui até aquela praia — ele murmura sério e eu

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entreabro meus lábios umedecendo-os. — Hoje eu


só vou amar seu corpo. Nós dois queremos isso,
não é? — sua pergunta é quase aflita. Eu aceno de
prontidão e ele logo toma meus lábios para si.
Suas mãos me pegam pela cintura e me
coloca sobre seu colo. Eu seguro seu rosto entre
minhas mãos e o deixo aprofundar nosso beijo mais
e mais.
Com uma lentidão excruciante Ethan se
ergue e me leva em seu colo para o quarto. A
macieis de seus lençóis atinge minha pele e eu solto
um gemido contra sua boca ao sentir sua rigidez.
Nossas roupas saem de nossos corpos rapidamente.
E eu me surpreendo ao ver nossa pele tão diferente
juntas.
Amo sua pele mais escura em contraste com
a minha pálida e quase sem vida. Suas mãos sobem
por minha barriga em direção aos meus seios e
Ethan geme quando eu o deixo acariciar os bicos
rijos.
Sem pressa ele contorna meu corpo e faz
carinho em qualquer pedaço de pele exposta. Ele é
tão carinhoso e quando ele está me preenchendo eu
sinto que isso é uma das qualidades dele. Carinho.
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Ele me dá esse carinho enquanto nossos corpos se


juntam e explodem de prazer.
— Você é minha pequena — Ethan
murmura contra meus cabelos e eu o encaro
sentindo meu coração bater mais acelerado que
quando o prazer tomou meu corpo.
— Sim, eu sou sua — murmuro e acho que
nunca falei algo que eu desejasse tanto.

— Eu queria falar uma coisa — sussurro no


escuro do quarto depois de termos acordado.
Ethan está atrás de mim enquanto descansa
sua mão na minha cintura. Ele fica rígido por um
minuto e depois relaxa se elevando e me fazendo
deitar de bruços para o olhar.
— O que quer falar?
— Sua irmã esteve aqui ontem — conto
engolindo em seco.
— Ela falou algo para você? Te disse algo
ruim? — Seu rosto está tenso e eu sorrio passando
a mão pela sua pele.

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— Não. Ela só contou que seu pai está em


reabilitação. Você não está indo visita-lo. —
Aponto o obvio e ele suspira se erguendo e
sentando na cama.
— Ela tentou falar isso para mim, mas não
deixei. Ainda não consigo engolir que ele fez algo
assim com você...
— Não era ele, era a bebida. Não vou dizer
que quero conviver com ele, porque seria mentira,
mas eu quero que você fique com o seu pai, Ethan.
Quero que cuide dele porque ele precisa mais de
você agora do que já precisou um dia. — Encaro
seus olhos e ele baixa a cabeça ficando em silencio
por alguns minutos.
— Eu vou visitá-lo. — Eu respiro aliviada e
o abraço por trás.
— Você faz bem, querido — digo sorrindo
levemente contra suas costas.

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Capítulo nove

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Megan

Um ano e meio depois...


— Você não deve ficar aqui — Kath
murmura ao meu lado enquanto Lia ri da minha
cara apavorada.
— Lógico que sim. Kath você está me
irritando! — digo frustrada enquanto escuto Kayla
e Marianne rirem também. Traíras.
— Todo mundo está olhando para você —
ela fala baixinho e eu me viro procurando as
pessoas e dou de cara com centenas de torcedores
do Arizona Cardinals olhando para mim.
Jesus Cristo.
— Seu marido é do outro time, até aí tudo
bem, mas você tinha que vir com a camisa dele? —
Kath volta a murmurar e eu mordo meu lábio
enquanto encaro a blusa que Ethan comprou para
que eu vestisse no seu jogo.
Em todos os jogos dele eu venho com essa
blusa ou a outra que também ganhei dele. Incrível
ou não, o jogo de hoje é contra o time do Derek,

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Wally e Caleb. Por isso eu quis ficar com minhas


amigas, mas parece que elas não estão gostando da
ideia.
— É claro! Vocês todas estão com a blusa
de seus maridos, por que eu não viria com a dele?
— pergunto cruzando os braços.
— Tudo bem. Deixe ela em paz Kath. Você
sabe que os hormônios dela estão altos. — Lia fala
dando uma piscadela e eu franzo as sobrancelhas
sem entender.
— O que? Do que estão falando?
— Elas se referem a sexo. Sabemos que
Ethan viajou muito nesse mês e você ficou em
casa... — Marianne dá de ombros enquanto suas
bochechas coram.
— Meu Deus! Vocês prestam atenção até
nisso? — pergunto mortificada.
— Calem a boca! Meu homem vai joga —
Emma resmunga e todas nos calamos enquanto
nossos olhos correm para nossos maridos.
Vejo Ethan entrar no campo e seus olhos
logo me notam — também, eu sou a única
torcedora do Chargers na torcida do Cardinals. Ele
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pisca sorrindo e eu derreto na cadeira.


O jogo passou com os gritos de Emma e
Kath quase como se elas estivessem disputando. No
final, o time de Ethan perdeu, mas ele não parecia
triste. Eu suspiro aliviada e me ergo correndo ao
encontro de Ethan. Sorrio quando as meninas me
seguem. Parecemos loucas enquanto corremos em
direção a eles. Ethan me eleva e eu o rodeio com
minhas pernas enquanto sua boca cai sobre a minha
com urgência.
Olhando para os lados parece que fizemos
em sincronia. Todas estão no colo dos seus
maridos.
Saio do estádio com Ethan e juntos vamos
para casa. Tivemos que nos mudar por causa do seu
trabalho. Ele fazer essa viagem de Califórnia para
Phoenix todo dia era muito cansativo. Então
resolvemos nos mudar.
Eu suspiro feliz olhando pela janela para a
paisagem. É incrível como anos atrás eu era infeliz
e vivia com medo de tudo. Hoje, eu sou tão
diferente. Ethan entrou em minha vida e modificou
tudo. Para melhor, é claro.
Ano passado eu recebi uma ligação de um
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número desconhecido. Com medo eu dei a ele para


atender. Ethan engoliu em seco e se virou para mim
dizendo que meu pai tinha sido morto e que aquele
dia seria seu enterro. Ethan me puxou para seus
braços e disse que a decisão de ir lá era minha.
Eu não fui. Meu pai não merecia.
Sinto os dedos de Ethan acariciarem a
palma da minha mão e eu sorrio me virando para
olhar para ele.
— Eu te amo pequena. — Essa frase
aqueceu meu coração e eu me inclino em sua
direção querendo tocar ele o máximo que eu puder.
Ele foi minha salvação.
— Eu te amo mais, amor.

FIM.

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Epílogo
— Você ficou triste de repente. Por que? —
viro, afastando minha atenção da paisagem com
jardins bonitos e franzo a testa ao ver a cara de
preocupação de Ethan.
— Não estou triste. — Contraponho
tentando despistá-lo. Ethan me encara mais alguns
segundos enquanto alterna seu olhar da estrada para
mim.
— Então está nervosa. — ele acena
parecendo completamente certo disso e está. Eu
estou mais que nervosa, eu sinto que estou fazendo
meus nervos borbulharem.
Duas semanas atrás era o seu jogo contra os
meninos e ficamos super bem. Ethan não pareceu
chateado por seu time ter perdido. Eu estava feliz.
Mas minha felicidade triplicou quando minha
menstruação atrasou alguns dias. Eu poderia estar
grávida.
— Só quero chegar lá. — suspiro e foco
minha atenção na estrada novamente. — Ah,
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Penélope viajou? Wesley não estava tão contente


por ela viajar para longe. — murmuro e Ethan faz
careta.
— Ele é um idiota. Ela está subindo na
carreira, ele ao invés de apoiar, fica com
inseguranças bobas. — ele suspira e eu sorrio
acenando.
Com alguns minutos nós estamos na praia
em que passamos a noite e vimos o pôr do sol
depois do nosso desastroso reencontro. Nossa casa
é próxima a praia, mas não tanto quanto eu
gostaria. Saio do carro pegando sua mão e juntos
vamos para o lugar em que ficamos.
Já passa das quatro da manhã e logo o sol
vai aparecer. É quase uma tradição; uma vez ao
mês a gente vem aqui e olha o sol nascer.
— Eu sei o que quer me dizer. — ele
sussurra quando me sento a sua frente deixando
minhas costas em seu peito. Engulo meu
nervosismo e puxo as mangas do seu casaco do
Chargers que Ethan sempre me dá para vestir.
— Sabe? — murmuro incerta. Tem como
ele saber antes de mim que estou grávida? Eu só
soube hoje de manhã.
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— Sim. — ele beija meu pescoço e eu


respiro fundo vendo o sol começar a nascer. —
Você vai me dar um filho Meg. — ele afirma ao
mesmo tempo que eu começo a chorar.
— Ethan, — me viro e encaro seus olhos
verdes. — Como pode saber? Eu descobri hoje...
— Eu sou o adorador do seu corpo,
Pequena, não tem nada que mude nele que eu não
perceba. — ele leva as mãos para seu casaco e o
abre puxando minha camiseta preta para cima,
deixando minha barriga a mostra. Sua palma cobre
ela e eu ofego ao ver que há uma protuberância que
não estava aqui. — Esse é meu bebe.
Sua afirmação me faz soluçar. Deus como
eu o encontrei? Ele é tão perfeito. Eu sou tão grata
por Ethan ter entrado em minha vida. Por me amar
e principalmente por desejar nosso bebê tanto
quanto eu.
— Eu te amo, Ethan. Você vai ser um pai
incrível. — seu olhar verde se enche de lágrimas e
logo sua boca toma a minha.
— Eu que te amo pequena. E nosso bebê
também vai te amar. — ele me dá um selinho e se
afasta para encarar o sol. — Quem não ama, Megan
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e Ethan, não é mesmo?


Eu gargalho dele e logo estamos novamente
enlaçados olhando o pôr do sol.

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