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Os descendentes do crime

Lutando pelo seu amor!

Carolina Dalcomuni
Copyright © 2016 B. Carolina
1° Edição – 2019
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução no
todo ou em parte, por quaisquer meios, sem a
autorização da autora.
Capa: ESCapas
Revisão: Grace
Sinopse
Todos cometemos erros, o meu erro foi ter humilhado a única garota que
amei, e tudo isso pra mostrar aos meus amigos, que eu era o melhor. Partir o
coração da Caroline depois da melhor noite da minha vida, foi o começo do
meu fim.
Depois daquela noite, nunca mais a vi. Segui com a minha vida, ignorando
todos os riscos e danos que meu comportamento poderia causar, até que sofri
um acidente. O tipo de acidente que te marca para a vida!
O engraçado é que na mesma noite que pensei estar prestes a morrer, a
pessoa que mais feri me trouxe de volta a vida, e ela se tornou meu tudo!
E eu me recuso a perdê-la mais uma vez!
Prólogo
Max
Caroline passa por mim e meus amigos no refeitório da escola, a maior
parte desses caras está no time de futebol da escola. Meus amigos do clube e
meus dois irmãos Ana e Dean se negam a se sentar nessa mesa, com o que
minha irmã chama de “desgraça na terra”. E eu tenho que concordar, esses
caras são idiotas, mas são o meu time e tenho que estar com eles, mesmo que
isso signifique entrar no papo idiota.
Caroline é amiga dos meus irmãos, ela está sempre na minha casa junto com
a Ana e com o Dean, ela também me evita como uma praga.
— Eu aposto vinte que pego a gorda. — Paul um dos caras mais patéticos
que já conheci diz.

— Cara, ela não vai foder com você. — Jeremy, meu melhor amigo e filho
de um dos membros do clube responde. — Você devia respeitar ela, Caroline
é linda.
O elogio dele me deixa irritado.

— Ela deve ter padrões, eu consigo ficar com ela. — Respondo, eu nem
mesmo sei o que estou fazendo, só sei que preciso evitar que esses babacas
toquem no que considero meu.
— Aposto vinte pratas que ela não fode com você. Ela é o tipo de garota
que se guarda para o verdadeiro amor. — Gregori zomba do outro lado da
mesa.
— Eu estou dentro. — Os outros caras dizem ao mesmo tempo, e Jeremy
apenas balança a cabeça, se negando a participar.
— Me nego a descer tão baixo! Eu sabia que vocês era idiotas, só não sabia
que era a esse ponto.
— Ele se levanta e se afasta da mesa, balançando a cabeça.

— Bom, agora eu quero saber como vai se aproximar dela. — Paul


murmura, com um sorriso.

— Ela está sempre na minha casa, se esqueceu que é amiga dos meus
irmãos?

—Ah, sim! Os irmãos que se acham bons de mais para o resto da escola. —
Gregori fala com desgosto. — Sua irmã é bem gostosa, pena que é uma…
Antes que ele possa terminar o que está dizendo, eu estou apertando a
cabeça dele contra a mesa. Ninguém fala da minha família, meus irmãos e eu
somos muito próximos, e esses idiotas acham que o horário de almoço define
nossa relação.
— Abra a sua maldita boca para falar da minha irmã e eu te arrebento, está
me ouvindo? — Pergunto. — Acho que se esqueceu com quem está falando,
o meu clube iria se divertir e muito com você.
—Foi mal, estava apenas brincando. — Diz quando o libero.

— Mantenha sua merda longe da minha irmã.

Me levanto e vou em direção a minha próxima aula, Ana me encontra no


corredor e me olha com cara feia.
— Sabe que a mãe não quer que a gente entre em problemas. — Ela diz
zangada e eu tento me controlar para não rir.
Minha irmã é a cara da minha mãe, não apenas a cara mais também o gênio.
Ana sempre está lá para ajudar quem precisa e ela é ótima em resolver merda
que parece impossível, assim como a minha mãe.
— Eu sei, mas eu não ia deixar aquele filho da puta falar mal de você. —
Respondo.

— Sabe que não ligo para as merdas do seu time. — Rebate. — Se eu me


importasse cada vez que eu escuto eles me chamando de cadela fria por dar
um fora neles, eu nem saia de casa. Estou bem em ser chamada de Ice, e sabe
o motivo? Não vou perder meu tempo com garotos que apostam quem
consegue pegar quem, quando eu sair com um cara vai ser com um homem
que sabe o que quer!
— É bom mesmo, não quero ter que matar alguém por ter quebrado o seu
coração. —Falo abraçando ela.
As pessoas sempre estranham como conseguimos nos ignorar na escola e ao
mesmo tempo estar lá um para o outro. O que eles não sabem, é que nossos
pais nos criaram para nos amar acima de tudo, e sempre estar lá para apoiar
um ao outro.
— Vai ter treino hoje? — Pergunta se afastando.

— Não, eu acho que vou para o clube. — Respondo.

— Certo, Caroline vai lá para casa, então se você puder evitar fazer piadas
sem graças e espantar ela, eu agradeço.
— Ah, qual é? Você e Dean ficam sempre em cima dela quando ela está lá,
eu só brinco! Sou inofensivo.
— Sei bem o quão inofensivo você é, irmão. — Ela se vira e começa a se
afastar. Parece que vou ter a minha chance está noite.
***

Chego em casa por volta das sete, e encontro Caroline sentada na sala junto
com os meus irmãos. Meus pais estão conversando e rindo na cozinha, chega
ser ridículo como esses dois se amam, eles não desgrudam desde que me dou
por gente e isso faz muito tempo.
— Estou em casa. — Anúncio, enquanto subo para o meu quarto me trocar.

— O jantar está quase pronto. — Minha mãe grita do andar de baixo.

Me troco rápido e desço, para encontrar toda a minha família reunida em


volta da mesa. Caroline está sentada ao lado da única cadeira vazia, e ela
parece um pouco desconfortável com isso.
— Boa noite. — Digo a todos.

— Noite, como foi seu dia? — Minha mãe pergunta.

Os anos não parecem ter passado para os meus pais, eles ainda se parecem
jovens e isso irrita a merda fora de mim. Com todos os caras da escola
falando o quanto ela é gostosa e as garotas suspirando quando meu pai vai até
lá.
— Normal, eu tenho um jogo na próxima semana. — Falo, e nós nos
perdemos em assuntos bobos do dia a dia.
Depois do jantar, os meus pais saem enquanto a gente arruma toda a
bagunça. Caroline está na cozinha, ajudando Dean com a louça, e a risada dos
dois me irrita.
Dean é tão musculoso e grande quanto eu, acho que puxamos isso do meu
pai, o que é uma coisa boa. A diferença é que, enquanto eu sou o cara do
futebol, meu irmão prefere ignorar a maior parte das pessoas e fazer de conta
que o resto do mundo não existe.
— Acho que você está babando. — Ana me provoca, me vendo olhar para
Caroline. — Se for esperto, vai falar com ela antes que seja tarde de mais.
— Depois da louça, arrume uma desculpa para nos deixar sozinhos. —
Falo.

— Seu desejo é uma ordem. — Zomba.

Como combinado, Ana convida a todos para assistir a um filme, e como


Dean tem que sair para ajudar no clube, fica apenas nós três na sala. Nem
mesmo dez minutos do filme se passou, e minha irmã arruma uma desculpa
para subir.
— Eu vou com você…

—Não precisa, você gosta desse filme e sei que não está com sono. — Ana
diz. — Fique e assista.
— Eu prometo não fazer nada, que você não queira. — Digo em tom de
brincadeira. — A não ser que tenha medo de mim…
— Achei que você não queria ver o filme, mas se você quer, então eu fico.
— Ela se senta no sofá e noto como ela se afasta de mim.
Me recusando a me abalar com isso, me sento mais perto dela e puxo uma
manta para nos cobrir. Ela fica tensa por um momento, mas logo relaxa e eu
uso isso a meu favor, começo a puxar conversa com ela e quando menos
espero, estamos rindo e nos divertindo.
Devia ter feito isso antes, não que eu ligue para o que o povo da escola
pensa, eu só tive a impressão de que ela sairia correndo de mim se pudesse.
— Então, você correu de mim todo esse tempo… — Começo, sem saber
como continuar a minha pergunta.
— Não tenho medo se é isso o que está pensando, eu só não sei lidar com
você! — Declara e eu sinto que tem algo mais ai.
— E?

— E como eu me sinto quando está perto de mim.

— Como você se sente? — Pergunto, olhando nos olhos dela.

— Não quero falar sobre isso.

— Engraçado, eu tenho a impressão de que você se sente da mesma forma


que eu! E eu me sinto muito bem quando chego em casa e te encontro aqui.
— Antes que eu perceba, estou beijando ela e porra, é muito bom! — Eu
posso parar…
— Não quero que pare. — É a resposta dela.

Uma coisa leva outra e quando percebo, estamos indo em direção ao meu
quarto. Roupas sendo tiradas e de repente, estou diante da melhor vista que já
tive. A garota dos meus sonhos, nua na minha cama e pronta para ser tomada.
Caroline
Eu sempre tive medo do que as pessoas pensavam de mim, me fechei para
qualquer garoto que se aproxima por causa do meu peso. Segundo os meus
pais, eu devia ser muito estúpida para pensar que algum garoto normal se
apaixonaria por mim e me assumiria. Essas palavras ditas várias vezes ao
longo dos anos, cimentou um sentimento terrível dentro de mim, e foi por
esse motivo que nunca consegui me aproximar do Max.
Mesmo sendo amiga dos irmãos dele, nunca consegui ficar por perto
quando ele estava lá. Mas nesse final de semana as coisas mudaram, Max me
mostrou como as coisas podem ser diferentes para mim, que sou digna de
amor e de respeito e que meu peso não significa nada.
Como de costume, eu sou uma das primeiras a chegas na escola, sempre
saio mais cedo em uma tentativa de evitar meus pais. Eles tentem a tecer os
piores comentários logo de manhã, e eu não quero que eles acabem com o
meu bom humor.
Vou para a quadra coberta e me sento em baixo da arquibancada, não quero
ser incomodada logo cedo. Puxo um livro da minha mochila e começo a ler,
ignorando os atletas que se sentam na arquibancada. Eles não fazem ideia que
eu estou ali, e eu finjo que eles não estão, pelo menos até que escuto meu
nome;
— Ainda não consigo acreditar que o filho da puta do Max levou a aposta e
dormiu com a gorda, e eu aqui achando que a baleia ia manter as pernas
fechadas. Eu devia saber melhor que o tipo como ela é louco por atenção. —
Um deles fala e eu quebro, então foi isso o que fui para Max, uma aposta.
— Você não sabe ainda se ele realmente pegou ela ou não. — O outro diz.

— Passei na frente da casa dele no domingo e ele estava beijando ela na


porta, ela estava usando uma camisa dele e tudo. — Responde o outro. —
Não sei como entrou, mas que se foda…
Paro de ouvir a conversa. Já ouvi tudo o que precisava. Não vou deixar
esses idiotas me ferirem mais do que já estou, pra mim toda essa merda
acabou hoje!

Max
Chego na escola e os caras já vem me parabenizar pela aposta que eu
ganhei, dando risada eu aceito o dinheiro deles e começo a procurar a
Caroline. Ana me disse que ela tinha vindo mais cedo para a escola por causa
dos pais dela, eu ainda quero entender o que está acontecendo com eles.
— Você é o assunto da escola, meu caro. — Gregori ri enquanto bate nas
minhas costas.

Minha irmã e meu irmão se aproximam de mim e antes que eu perceba,


Dean me dá um soco no rosto.
— Acho que nossa mãe não te ensinou tão bem quanto pensa. — Ele fala.
— Você é um pedaço de bosta, machucar uma garota inocente como Caroline
foi muito baixo.
—Eu não…
— Cala boca! Caroline já tem coisas de mais para lidar, não precisava
disso. — Minha irmã diz e então os dois se afastam.
— Parece que você irritou eles.

Levou alguns dias para eu descobrir a intensidade dos meus atos, minha
mãe ficou sabendo o que eu fiz e eu acabei de castigo, meu pai decidiu que o
meu serviço no clube estava mole e me puniu me colocando pra fazer o
pesado. Mas não foi isso o que mais me afetou, aquele dia de manhã, na porta
da minha casa, foi a última vez que vi Caroline.
E isso sim fodeu comigo.

***

Sete anos depois

Max
São duas e meia da manhã, eu já deveria ter terminado meu serviço, mas a
merda do tempo me atrasou.
— Tenho que ir para casa agora. — Falo para um dos caras que veio me
ajudar com a loja do clube.
— É uma péssima ideia, olha o tempo. — Aponta.

— Eu ando de moto, desde criança, uma chuva dessas não vai me impedir
de chegar em casa. — Respondo e monto minha moto, em questão de
segundos estou me afastando da loja em direção a estrada principal.
Ser cabeça dura e não ouvir as pessoas sempre foi o meu defeito, só que
dessa vez ele cobrou um preço muito alto. No momento em que chego na
estrada principal, a chuva aumenta o suficiente pra que eu não veja o carro
vindo na contramão, não até que ele me tem preso contra a barra de proteção
da pista.
Não sei o que acontece depois, só sei que um anjo de cabelos escuros e
olhos claros se aproxima de mim. Eu conheço esse anjo, Caroline!

Caroline
Voltar para casa nunca foi tão bom, reencontrar meus dois melhores amigos
é ainda melhor. Ana e Dean sabem que estou chegando e eles estão me
esperando para jantarmos juntos, isso claro se o mal tempo cooperar.
Estou na estrada principal, quando uma moto, passa do meu lado da pista e
logo em seguida é presa contra a barra de proteção por um carro na contra-
mão. Imediatamente jogo meu carro para o acostamento e ligo para a
emergência, depois de pedir ajuda eu saio para prestar os primeiros socorros.
Meu mundo para quando noto quem está lá. Max!
Uma das pernas dele está por cima do carro e a outra está com metade presa
entre a moto e o carro, pelo ângulo é possível dizer que ele não vai ter como
salvar ela.
— Ei, Max. — Chamo, tentando impedir que ele durma. — Lembra de
mim?

— Anjo? — Ele chama.

— Sou eu Caroline, amiga dos seus irmãos. — Falo. — Fique comigo, não
durma. — Estou nervosa, quase chorando de medo de perder ele.
O único homem a quem eu amei, mesmo depois de todos esses anos.

— Fique comigo. — Ele repete e então desmaia.

Escuto o barulho da sirene da ambulância e eles chegam, acompanhados dos


bombeiros que fazem um trabalho rápido em liberar Max das ferragens e o
levam para o hospital. Envio uma mensagem para Ana e aviso o que
aconteceu, então corro para o meu carro e sigo a ambulância até o hospital.
Por favor Deus, que ele fique bem.
Capítulo 1
Caroline
Dez meses depois do acidente

Voltar para a cidade onde cresci tem sido uma aventura constante. E isso
está ligado ao meu passado. Ter reencontrado os meus amigos e a família
deles após o acidente do Max, foi a pior parte. Alexa e Tayler me
agradeceram por ter ajudado o filho deles, e Ana e Dean demonstravam o
mesmo tipo de agradecimento. Mas eu não me sentia digna de ser grata, meus
pais sempre me culpavam por tudo de ruim que aconteceu nas vidas deles, e
eu me senti assim com o acidente do Max.
Não ajudou que depois de ter feito de tudo para conseguir ver ele antes da
família dele entrar, ele me mandou embora, as palavras dele vão ficar comigo
para o resto da minha vida;
— Não quero você aqui. Provavelmente já te disseram a grande notícia,
não tenho mais uma das minhas pernas! — Ele fala, sem nem ao menos
olhar para mim. — Lamento que tenha ficado aqui até agora, mas eu não
posso te ver, você é a lembrança do pior momento da minha vida.
Agradeceria se fosse embora.
Por mais partido que meu coração esteja partido, e por mais que eu queira
ficar aqui ao lado dele. Não posso me forçar em sua vida. Ele precisa se
recuperar e depois de todo esse tempo e de tudo o que aconteceu entre nós,
Max já deve ter seguido em frente. Provavelmente tem uma namorada
nervosa e pronta para entrar e ver como está.
Com esse pensamento eu saio do quarto, sem dizer uma palavra.
Se uma coisa esse reencontro trágico me mostrou, é que as vezes por mais
duras que sejam as palavras, nossos pais têm razão. Eu não nasci para ser
amada, e muito menos para amar.
— Dra Bryant? — Uma das enfermeiras vem na minha direção chamando
o meu nome.

— Sim? — Pergunto.

— Tem uma mulher procurando por você na sala da enfermaria, ela disse
que é sua amiga. — Responde.
— Estou indo.

Ando até a enfermaria e quando chego lá, me deparo com Ana, sentada em
uma maca. Ela obviamente estava envolvida em um acidente e eu começo a
examinar ela, procurando por qualquer trauma, uma vez que ela tem
hematomas pelo rosto.
— Alguém já veio te examinar? — Pergunto e olho para a enfermeira.

— Não, ela disse que queria que você a examinasse. — Responde.

— Certo, eu quero uma radiografia de crânio nas incidências


anteroposterior e lateral. Eu não vi nenhuma fratura de convexidade, mas eu
quero garantir que tudo está bem. — Falo e a enfermeira vai preparar a sala
de exames para levar Ana.
— Carol…

— Eu não quero saber agora, me deixe garantir que tudo está bem e então
vamos conversar de como você ficou assim. — Respondo e continuo a
examinar.
— Ok.

Ana tem vários hematomas, parece que ela esteve em uma luta com alguém
muito maior que ela e isso está me matando. Preciso entender o que
aconteceu com ela, antes de ligar para seus pais e mais uma vez ser a
portadora de más notícias.
Uma hora depois eu tenho os resultados dos exames dela. Nenhum osso
quebrado, os exames da cabeça são bons e ela pode ir para casa com alguns
remédios para dor na bolsa. Mas Ana sabe melhor que isso, ela tem que me
dizer o que aconteceu para que eu possa ajudar ela da próxima vez.
— Então? — Pergunto.

— Eu fui sequestrada por alguns idiotas, eles acham que queriam enviar
um recado para a minha família e me espancaram para isso. — Responde. —
Eu sabia que outro médico teria chamado a polícia e você me daria tempo
para explicar.
— Ana, você precisa contar isso para os seus pais o mais rápido possível,
não tem como eles levarem numa boa essa situação. — Explodo. — Como
você conseguiu fugir?
— Eles me deixaram no meio de uma estrada que levava para uma
fazenda, andei até lá e pedi ajuda. O homem me trouxe até aqui. —
Responde.
— Certo, você precisa ligar para os seus pais. — Digo e entrego o meu
celular para ela, que pega e me encara.
— Eu posso cuidar de mim mesma. — Ela discute comigo, e me lembra a
mãe dela.

— Pode mesmo? Você poderia estar morta agora, então é um ponto


discutível.

— Fui pega de surpresa. — Fala.

— Sei que foi, e não queremos que algo assim te aconteça de novo.
Ana pega o meu celular e liga para os pais dela, por mais parecida que ela
seja com Alexa, é claro que a tia Alexa passou por muita coisa para ser a
mulher que se tornou hoje em dia, e nisso Ana não se parece e nem nunca vai
se parecer com a mãe.
Ouvi boatos na cidade, as pessoas falavam muito enquanto eu crescia e até
onde sei, a mãe da Alexa era uma pessoa muito ruim. Assim como os meus
pais, ela desprezava a filha, só que ela foi muito além nesse ódio e tentou
matá-la.
Ela leva um tempo explicando toda a situação para os pais, e então desliga.

— Eles vão mandar um dos meus irmãos vir me pegar.

— Dean vai vir?

— Não, o Max. — Fico tensa com sua resposta, tenho evitado ele desde o
acidente. —Vocês dois não se falam desde o dia do acidente, aconteceu
alguma coisa?
— Nada, — minto. — Apenas ando muito ocupada com o serviço. Como
ele está?

— Você conhece o Max, ele é cabeça dura e age como se não precisasse de
ninguém. Ele fez fisioterapia e o fisioterapeuta disse que é milagre a forma
como está atualmente. Ele está até começando a se adaptar a prótese e isso é
milagre.
— Levando em conta o tempo que geralmente leva, é um milagre mesmo.
— Respondo. — Ele teve algum quadro de depressão?
— Ele ficou mal por uns dois dias após ter saído do hospital, então a minha
mãe fez ele levantar a bunda cama e lutar para viver, isso foi o que fez ele se
dedicar a fisioterapia e funcionou. — Diz.
— É uma grande notícia, fico muito feliz por ele estar melhor.

— Porra, alguma coisa aconteceu entre vocês dois após o acidente! —


Afirma e olha nos meus olhos em busca de respostas. — Não minta para
mim, está escrito em todo o seu rosto e na forma como você evita até chegar
perto da minha família quando ele está por perto.
— Seu irmão me disse que eu lembrava o acidente dele, e tudo de ruim que
havia acontecido com ele naquele dia. — Desabafo. — E eu entendo, fui a
primeira pessoa que ele viu lá, não quero que ele viva com mais esse peso.
— Ele é um maldito idiota, eu vou…

— Não vai fazer nada, somos amigas e eu quero que isso fique só entre
nós. — Peço. — Prometa.
— Tudo bem, eu prometo!
— Ótimo, agora me diga como anda as coisas no escritório? — Ana seguiu
os passos da mãe, e assim como ela, é uma das melhores advogadas do país.
Estou muito orgulhosa dela!

— Sabe como é, pôr em ordem a merda alheia. — Ri.

Passamos mais alguns minutos conversando quando uma das enfermeiras


entra no quarto, ela avisa que Max já está aqui para levar Ana e também me
avisa que eu tenho mais um paciente chegando.
— Te vejo depois, e se cuide. — Peço, não quero ver ela nessa sala mais
uma vez.

— Pode deixar, eu sou osso duro de roer. — Afirma e eu abraço ela, e saio
do quarto.

Mal saio do quarto e bato contra um peitoral duro e definido. Quando olho
para cima, eu queria que um buraco se abrisse no chão e me engolisse.
— Max! — Digo, pronta para correr. — Ana está te esperando.

Ele me encara, seu olhar me mede dos pés até a cabeça e eu tento não me
sentir desconfortável com isso.
Por mais que tenha tentado todos os tipos de dietas malucas, eu não
emagreci, e depois de fazer um checape, percebi que não precisava disso! Eu
estava me alimentando e vivendo de maneira saudável e isso estava bom para
mim.
— Você está bem? — Ele pergunta, me pegando de surpresa.
— Ótima, sua irmã me contou que você é o que chamam de “milagre da
reabilitação”. — Brinco, forçando um sorriso. — Fico feliz por você.
— Eu queria…

Seja o que for que ele estivesse prestes a dizer, é cortado pelo meu nome
sendo chamado no alto-falante do hospital.
— Preciso ir. — Digo. — Adeus!

Mais uma vez eu me afasto do homem dos meus sonhos, o único homem
que amei e que partiu o meu coração em mais de uma forma. Quando
menino, eu o perdoei e parti, precisava me manter afastada dos meus pais e
de toda a fofoca que começou a circular na escola. Maldita aposta!
Quando homem, ele me lembrou que tudo o que trago para as pessoas que
amo é dor, sofrimento, e acima de tudo, más lembranças.
***
Depois que termino o meu turno, vou direto para casa, não passo nem na
loja pegar alguma coisa para comer. Com o dia que eu tive hoje, só preciso
me deitar e esquecer da minha vida e dos meus problemas.
Infelizmente assim que chego na minha casa, me deparo com os meus pais
lá. Eles tem tentado falar comigo desde que voltei para a cidade, só que eu
me recuso. Não tenho falado com eles desde que fui embora, e isso fez
maravilhas para o meu eu adolescente que estava perdido em meio a todas as
ofensas.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Pergunto descendo do carro e
passando por eles em direção a porta da frente da minha casa.
— Queremos conversar com você. Estamos tentando fazer isso há muito
tempo, mas você nunca atende. — Minha mãe diz.
Olhar para ela depois de tanto tempo é como voltar a viver no passado. Ela
não mudou nada desde o dia em que voltei para casa e fugi no meio da noite,
seu rosto ainda é cheio de cirurgias plásticas e todo coberto de maquiagem.
— Vocês só queriam gritar comigo e me humilhar naquela época, não vejo
o que mudou agora.
— Falo.

— Nós mudamos, e podemos provar isso se nos der uma chance. — Meu
pai fala. Ele também se aparece o mesmo.
— Escuta, sei que está com medo e insegura, nós fomos péssimos pais,
mas aprendemos a lição.
— Minha mãe pede. — Jante com a gente essa semana, eu prometo que as
coisas vão ser diferentes.
— Não posso, peguei o turno da noite na emergência do hospital, até o
sábado. — Aviso, me sentindo grata por estar atolada em trabalho.
— Que tal o almoço de domingo? — Meu pai oferece.

— Pode ser, agora se me dão licença, preciso me deitar. — Falo e eles


acenam e se afastam.

Fecho a porta e começo a tirar a minha roupa, quando a campainha toca


mais uma vez. Eu estou apenas de sutiã e calça jeans branca. Penso em por
uma roupa, mas esse seria um bom teste para a minha mãe, ela sempre odiou
me ver assim.
Quando abro a porta, mais uma vez me deparo com ele!

— Max? O que está fazendo aqui? — Pergunto, usando minha camiseta


para me cobrir.

— Podemos conversar?
Capítulo 2
Max
O dia do meu acidente foi uma merda confusa. O que era para ter sido a
minha volta para casa se tornou meu pior pesadelo e como bônus, magoei
Caroline mais uma vez. Vi a forma como ela me olhou. Eu não queria ela
presa a um aleijado. Eu mal sabia o que faria comigo, e todos os sentimentos
se misturaram, acebei ficando raiva e descontei na primeira pessoa que vi, e
essa pessoa foi ela.
Desde que sofri o acidente eu não tenho a visto, ela tomou minhas palavras
e fez exatamente o que pedi, e isso tem me matado. Pedi diversas vezes para
meus irmãos armarem um encontro ou almoço entre nós todos, mas ela nunca
compareceu e sempre deu uma desculpa a respeito do trabalho. E com a
minha reabilitação, foi difícil arrumar tempo para ir atrás dela.
No nosso breve re encontro no hospital, ela saiu correndo para atender
outros pacientes e eu tinha minha irmã para me preocupar. A história contada
pela Ana foi muito mal contada e temo pela segurança dela. Deixei ela na
casa dos meus pais, que estavam mais do que zangados pela falta de
consideração dela em dar notícias. É claro para todos que ela está mentindo,
só não sabemos o motivo.
Depois de deixar minha irmã em casa, voltei para o hospital e esperei
Caroline sair, quando a vi atravessar o estacionamento sozinha, tive que
controlar a minha fúria por ela ser tão descuidada com a própria segurança.
Nessa simples caminhada dela até o carro, ela poderia ter sido atacada e
levada, sem que qualquer pessoa percebesse.
Contendo a minha raiva, e lembrando que ela não tem ninguém para cuidar
dela, espero ela sair do estacionamento e arranco logo depois. Me preocupa
que Caroline não tenha percebido que eu estava a seguindo, porra, eu nem
tentei esconder que a estava seguindo. E quando penso que no meu lugar,
poderia ser um maluco perseguidor.
No momento em que paro perto da casa dela, vejo duas pessoas em frente a
casa e imediatamente reconheço como sendo seus pais. Meus irmãos me
disseram que eles não tem um bom relacionamento e que Caroline os evita
como a peste.
Penso em descer do carro e ajudá-la a se livrar deles, mas quando vejo que
estão tendo uma conversa amigável decido ficar no carro e esperar que vão
embora. O que para a minha sorte não demora muito e eu logo desço indo
bater em sua porta. Nervoso e sem saber ao certo o que falar, e ao mesmo
tempo rezando para que ela não me mande embora e bata a porta na minha
cara.
Sei que mereço isso.

Não demora muito para que ela atenda a porta, e quando ela abre o meu
mundo para e o meu pau fica duro. Não consigo evitar de correr meus olhos
por seu corpo, ela não mudou nada desde que estávamos na escola e eu a tive
na minha cama.
— Podemos conversar? — Pergunto, vendo como ela tenta se esconder de
mim.

— Claro, entre. — Ela se afasta da porta e me deixa entrar. — Fique à


vontade, eu só preciso tirar a roupa do hospital, não gosto de usar ela em
casa. — Aceno com a cabeça dizendo que espero, sem tirar os olhos de sua
bunda enquanto ela sobe as escadas.
Enquanto ela vai se trocar, reparo em sua casa. Todo o andar inferior tem
conceito aberto, a cozinha tem uma ilha enorme e equipamentos de última
geração. A sala de estar é confortável e acolhedora, sem perder a elegância e
eu fico surpreso com o quão bonito é. Caroline construiu uma casa que reflete
quem ela é, uma mulher simples e elegante que é impossível não amar.
— Voltei. — Ela diz, poucos minutos depois de eu me sentar no sofá e ficar
olhando uma foto dela. — Você deve estar preocupado com Ana.
Meu peito aperta, não sei como pude fazer tanto mal a essa garota, a ponto
dela achar que o único motivo para eu estar aqui com ela, é a minha irmã.
Minha única desculpa é o meu estado emocional que eu estava quando
amputaram minha perna.
— Estou, mas não é sobre isso que eu quero falar. — Admito.
— Você me pegou um pouco de surpresa com a sua visita. — Confessa, se
sentando no outro sofá, e me encarando.
— Eu sei, e… Não sei bem por onde começar.

— Vai com calma, ninguém está com pressa. Imagino que precisa de um
tempo para pôr em ordem seus pensamentos e decidir o que quer dizer. — Se
levantando, ela anda em direção a cozinha e começa a mexer nas panelas. —
Já jantou? — Nego com a cabeça. — Gostaria de me acompanhar?
— Por favor.

Ando até a cozinha e ela me entrega uma cerveja, me sento no balcão e


observo ela trabalhar preparando o nosso jantar, enquanto eu luto para decidir
o que falar. É como se minha cabeça tivesse ficado em branco e todos os
meus pensamentos coerentes evaporassem na presença dela.
Depois de tanto tempo longe e com o peso do passado, nada parecesse
certo.

— Sinto muito pelo que te fiz no colegial. — Digo, quebrando o silêncio.


— Não sinta, eu superei aquilo há muito tempo. — Ela sorri para mim, e
pela primeira vez não parece forçado. — A gente comete erros quando é
jovem, é a vida.
— Isso não me dava o direito de fazer o que fiz.

— Sabe? Eu ainda não entendi o que levou você a apostar que ficaria
comigo, todas as garotas da escola ficariam felizes em te ajudar.
— Eu tinha uma queda por você. — Ainda tenho. Penso. — Tentei me
aproximar, mas você fugia de mim. Os caras estavam falando sobre tentar
ficar com você e fiquei furioso, disse que eu faria e fiz. Só queria ter te
contado, quem sabe não estaríamos juntos hoje em dia?
— Eu era um desafio, você perderia o interesse fácil. — Brinca. — E como
eu disse, foi uma coisa estúpida que eu perdoei muito tempo atrás.
Sinto no tom de voz dela e na maneira que me olha, que está sendo sincera.

— Não consigo me perdoar. — Admito. — Não só pelo que aconteceu


entre a gente no colegial, que te fez correr, mais por tudo o que disse no dia
do meu acidente. Você ficou comigo e eu fui um imbecil.
— Não foi o que você fez que me fez ir embora, foi uma soma de coisas.
Eu não estava bem em casa e os boatos na escola só pioraram tudo. — Fala.
— Meus pais eram difíceis, eu evitava estar em torno deles, precisei de
coragem pra partir e os comentários maldosos na escola me deram isso. Por
um tempo eu fiquei com raiva, mas logo ela passou.
— Quando? Quando a sua raiva passou e você seguiu em diante?

Ela pega alguns legumes e começa a picar dentro de uma panela. Carolina
não me olha nos olhos por um tempo, focada no trabalho.
— Quando eu percebi que pela primeira vez eu não estava sendo insultada
por simplesmente acordar, eu podia acordar e pensar apenas em mim. Não
tinha ninguém gritando comigo ou me dizendo o que fazer ou como eu fazia
tudo errado, e que todas as coisas ruins do mundo eram minha culpa. —
Caroline olha para cima e me encara com um sorriso. — As coisas acontecem
por um motivo, e eu fico feliz que tenham acontecido.
— Você é corajosa, poucas pessoas pensam assim. — Desvio o olhar para a
minha perna. — Quando meu acidente aconteceu fiquei muito mal, eu estava
com raiva do mundo, das pessoas e do maldito motorista que causou o
acidente. Passei alguns dias bem ruins, até que a minha mãe entrou no meu
quarto e chutou a minha bunda. Ela me disse que não criou um filho
desistente. Que eu não deveria desistir de todas as partes de mim, após ter
perdido um pedaço. Segundo ela
Eu devia me sentir bem por estar vivo e que se tivesse ficado apenas metade
de mim, já seria bom o bastante.
— Alexa tem um ponto. — Diz sorrindo. — Deveria ouvir ela mais vezes,
ela sabe o que fala.

— Sei disso, e foi por esse motivo que me levantei e fui fazer a terapia,
queria ficar bom logo. Então eu conversei com o meu fisioterapeuta e
aumentamos minha carga de exercícios, foi assim que consegui usar a prótese
em tempo recorde.
— Estou orgulhosa de você.

— Acontece que… eu… não sinto que tudo está bem comigo.

— Você está ótimo, com o tempo as coisas vão ficar melhores. O começo é
sempre mais difícil, lidar com a perda de um membro é complicado mesmo.
— Divaga. — Os pacientes passam por um período de depressão e…
— Caroline?

— Sim?

— O que está pesando na minha vida é a forma como eu te tratei naquele


dia. — Admito e vejo toda a cor evaporar do seu rosto.
— Sou uma mulher adulta, e se não bastasse sou médica. Lido com
pacientes mal humorados me mandando a lugares diferentes todos os dias, se
foi por isso que veio aqui, está tudo bem.
— Se estivesse tudo bem, você não estaria me evitando e desmarcando
encontros com os meus irmãos com a desculpa de ter que trabalhar.
Caroline parece envergonhada com tudo o que eu disse, e para tentar
disfarçar coloca os legumes e juntos com a carne e os leva ao forno.
— Sendo sincera? Estava com medo de como se sentiria com a minha
presença. Não queria te trazer as lembranças do acidente.
— Sua presença não me traz nenhuma memória ruim, foi você quem me
salvou e me fez ficar vivo. Eu só disse tudo aquilo por raiva, precisava gritar
e ferir alguém da mesma forma que eu estava ferido, e infelizmente foi você.
Se perguntar a Ana, ser o melhor irmão do mundo fugiu de mim, também
gritei com ela e disse algumas coisas horríveis, ela não falou comigo por uma
semana. — Admito.
Caroline ri. Ver ela sorrindo torna impossível para mim desviar o olhar. Ela
é linda e é tudo o que não quero perder, tudo o que não vou me permitir
perder.
— Mudando de assunto, como tem ido os outros aspectos da sua vida? —
Pergunta.
— Acho que continuo sendo o mesmo idiota, se não um pouco mais. Ana
tem ficado louca com as minhas ligações para ela no horário dela voltar para
casa.
— Sendo bem sincera? Todos vocês são cabeças dura. Ana tem me deixado
louca com essa história de me dar um cachorro.
— Ela só quer te dar um para poder ficar aqui cuidando dele. — Digo,
minha irmã ama animais.

— Acha que eu não sei, ela me trancou no meu banheiro por uma hora e
disse que só ia me deixar sair se eu comprasse um cachorro.
— E como você saiu?

— Dean veio e me salvou.

— Essa casa é alugada?

— Não, eu comprei antes de me mudar. Quase não tem vizinhos e eu amo


isso nela. Você mora perto dos seus pais?
— Eu aluguei um apartamento perto do clube, amo a casa dos meus pais,
mas o lugar só tem casas enormes e eu não preciso de tanto espaço. —
Admito.
— Você está morando em daqueles prédios baratos? Juro que uma vez teve
uma infestação de baratas em um deles. — Ela estremece e dou risada.
— Sim, é a única merda que fica perto do clube.

— Nunca pensou em sair daqui?


— Não, essa cidade é a minha casa. Não gosto de mudanças, quando fui
para a faculdade eu quase fiquei louco com todo o barulho e as pessoas
surtando em volta.
— Fez faculdade do que?

— Engenharia, eu abri a minha própria construtora e como Dean é


arquiteto, nos juntamos e temos trabalhado juntos. Ana sempre nos ajuda com
a parte burocrática.
— Isso é incrível, as pessoas constroem muitas coisas aqui perto?

— As vezes sim, a maior parte do nosso trabalho é em outros estados. A


fama da construtora se espalhou e agora temos alguns escritórios fora, viajo
uma vez por semana para verificar o andamento das coisas e volto para casa.
— Ah, que vida cruel. — Ela faz um gesto dramático e eu dou risada. —
Sua mãe deve ter orgulho de vocês, mesmo tendo decidido se afastar do
clube?
— Não nos afastamos, trabalhamos perto e contratamos mais pessoas para
que a gente fique e cuide do clube junto com os membros. O clube é a nossa
família e a gente não abandona, só não vivemos em torno dele sempre, minha
mãe disse que não queria que a gente fosse como ela, que vivia lá.
— É bom se distrair um pouco e não ficar muito preso em algumas coisas.

Nós passamos tanto tempo jogando conversa fora, falando sobre esportes,
séries de TV e músicas, que quando percebemos já está tarde e eu tenho que
ir. O jantar foi delicioso e eu estou triste por ter que partir, tanto tempo e só
agora eu começo a conhecer ela de verdade.
— Se cuide. — Fala, me levando até a porta.

— Pode deixar. — Prometo, quando a porta está quase se fechando atrás de


mim, tomo coragem e pergunto. — Quer sair comigo amanhã a noite?
Ela sorri, mas logo parece decepcionada.

— Bem que eu queria, mas não posso… — Sinto meu sorriso sumir do
meu rosto, até que escuto tudo o que ela tem a dizer. — Tenho que trabalhar
amanhã no turno da noite.
— Se o problema é esse, então podemos almoçar juntos? Eu quero te
conhecer, gosto de estar com você.
— Claro, que tal me mandar uma mensagem marcando o lugar e a hora?

— Perfeito, até amanhã. — Falo e vou para o meu carro, só lá eu me


lembro que não tenho o número dela. Mas tudo bem, Ana e Dean tem e eles
vão me passar.
Mal posso esperar pra que chegue amanhã, não quero perder mais um
minuto sequer longe da Caroline. Já perdi tempo demais com besteira, ela vai
ser minha, só preciso fazer ela confiar em mim.
Capítulo 3
Caroline
Foi pouco depois das onze e meia da noite que eu recebi a primeira
mensagem do Max. Logo depois que saiu, me dei conta de que ele não tinha
o meu número, mas ao que parece, conseguir meu número não foi um
problema. Trocamos mais algumas mensagens antes de finalmente eu pegar
no sono.
Sonhos quente com Max. É como se a noite de ontem fosse um tipo de
alucinação e o meu subconsciente não conseguisse sair dessa alucinação. E
quando acordei e olhei para o relógio, estava quase na hora do almoço e eu
tinha que correr se quisesse parecer bem no nosso almoço.
Seria mentira da minha parte se eu dissesse que não criei expectativas sobre
nosso almoço e a forma como ficamos próximos ontem a noite, ele se abriu
para mim e realmente falou o que estava sentindo. Diferente de todos os anos
atrás, onde ele me evitava e mal dizia duas palavras.
Deus, quase tive um ataque do coração quando ele me disse que gostava de
mim no colegial. Saio do banho e me encaro no espelho, falando comigo
mesma.
— Pare de se iludir, ele só quer uma amiga em você. Ele mesmo disse que
gostava, no passado.
— Preciso me trazer de volta para o mundo real, onde tudo o que parece
ser perfeito sempre acaba dando em merda. Príncipes não existem e os sapos
são a única alternativa.
Meu telefone toca, o toque personalizado da Ana.
— Sim? — Falo, enquanto passo um pouco de rímel.

— Fiquei sabendo que vai almoçar com o meu irmão, e isso depois de
jantar com ele na sua casa. — Ela grita do outro lado da linha.
— Caramba, como descobriu tudo isso? Duvido que o Max tenha te dito
por livre espontânea vontade.
— E está certa em duvidar, eu disse que só passaria seu número se ele me
contasse TUDO.

— Você é uma péssima irmã, sabe disso, né?

—Ei, estou cuidando das minhas crianças.

— Não sei em que mundo Max e eu somos crianças, e outra, ele só quer
uma amiga. Uma pessoa que não esteja envolvida na vida dele como você e
sua família.
— Max não quer uma “amiga”, ele simplesmente te quer, meu irmão está
apenas te dando tempo para se acostumar a ele. Acredite em mim, já tem até
uma aposta rolando, então me ajude a ganhar. Aguente uma semana sem
abrir as pernas e terça-feira que vêm você pode dar até assar.
— Não sei onde eu estava com a cabeça quando virei sua amiga, você está
me vendendo. — Acuso, me segurando para não rir.
— Se você já deu pro meu irmão eu vou ficar muito puta, ajude uma
amiga! Dean vai cuidar do meu jardim por um ano se você aguentar.
— Você mora em apartamento!

— Vou ter que repensar a aposta, quem sabe eu não compro uma casa?
Sua vizinha está querendo vender e eu amo o seu bairro…
— Você já comprou! — Acuso. — E não me contou nada.

— Era uma surpresa, agora seja boa e mantenha as pernas fechadas. Te


vejo depois, tchau. — Ana desliga antes que eu possa responder.
De qualquer forma já estou meio atrasada, então que se dane!

Ao contrário do que eu teria feito se estivesse indo em um encontro, decido


usar uma roupa simples, não quero que Max pense que estou desesperada por
sua atenção, ou até mesmo com esperança de que ele esteja me oferecendo
algo mais.
***

No meu caminho até o restaurante, recebo uma mensagem de texto da


minha mãe, e ela pede para que eu esteja vestida de forma apropriada, o que a
meu ver significa que entrei em outra furada ao aceitar jantar com eles.
Assim que chego no restaurante, noto que a garçonete é uma das nossas
velhas colegas de escola. Como se não bastasse, ela é uma das mulheres que
sempre davam um jeito de me humilhar e mostrar que eram melhores que eu.
A última vez que ouvi falar dela, ela jurava que ia se tornar uma modelo
famosa e deixar essa “cidade de merda” para trás.
— Olha, só quem está aqui. — Ela se aproxima de mim com um olhar de
desdém. — Parece que eu não fui a única que se achou boa de mais e acabou
na merda, a diferença é que eu sou bonita e você é?
— Eu sou uma médica com doutorado e muito dinheiro na conta, desculpa,
sua merda não vai me atingir mais. — Respondo desviando dela e indo em
direção a mesa que o Max está, mas antes; — E só pra constar, ser uma
drogada de merda acabou com toda sua “beleza”.
Com isso dito eu me sento na mesa, onde Max está me encarando de um
jeito estranho, ele parece estar orgulhoso da minha resposta.
— Você se saiu bem, por um momento eu…

— Pensou que eu ainda era a garota que saiu daqui humilhada? Não, eu
posso não ser a pessoa mais confiante do mundo, mas também não vou deixar
uma drogada de merda me humilhar. — Respondo.
Deus, o que diabos eu estou fazendo aqui mesmo?

Desde quando voltar para a cidade onde todos me humilharam e pisaram em


mim, é a solução para a minha vida solitária? Sei que tenho problemas, só
que eles não vão se resolver comigo estando aqui.
— Não é um erro. — Max parece adivinhar os meus pensamentos. — A
maior parte das pessoas que estudou com a gente, está em um lugar bem
perto do que ela se tornou. Fico surpreso por você ainda não ter visto eles no
hospital.
— Eu passo a maior parte do meu tempo cuidando dos casos mais graves,
drogados não estão na minha lista de emergência. — Respondo.
— Achei que salvar vidas era…

— Importante? E é, mas drogados raramente precisam de atendimento, eles


só querem enganar os médicos para conseguir pilulas. — Vejo como ele me
olhar, e decido esclarecer as coisas um pouco mais. — É uma lição dura que
a gente aprende logo no começo dos plantões.
— E uma overdose?

— Sinais de overdose são claros, e raramente a pessoa consegue simular o


líquido nos pulmões que leva a dificuldade de respirar. E cada droga tem um
sintoma que os médicos ficam atentos, sem falar que os familiares vem junto
em um caso de overdose. — Explico.
— Um dos sinais é a família junto? — Ele pergunta rindo.

— Pessoas que estão tendo uma overdose estão tão drogadas que não
percebem que estão morrendo.
— Você não gosta de drogas, não é? — Sei que ele está perguntando isso
por causa do clube e do que os pais dele fazem, mas eu conheço a família
dele o bastante para entender.
— Não, não me é atrativo perder o controle sobre o meu corpo e não saber
o que é real ou não.
— Explico. — As pessoas têm a escolha de usar ou não.

— Você tem razão.

Dou risada do jeito que ele fala.

— Como chegamos a essa discussão mesmo? — Pergunto.

— Não faço a mínima ideia, acho que viajamos. — Responde, rindo.

Quando uma senhora vem nos atender, ela acaba me reconhecendo como a
pessoa que atendeu o filho dela alguns dias atrás. Ela está muito agradecida e
oferece a nossa comida de graça, mas eu acabo negando e insistindo em
pagar.
— É assim o tempo todo aqui na cidade? — Max pergunta.

— Não muito, algumas pessoas ficam agradecidas um pouco de mais. —


Digo, envergonhada pela atenção dele.
— Tenho certeza que eu sou uma delas, eu poderia ter morrido se não fosse
por você. — Ele segura a minha mão por cima da mesa, e eu acabo puxando
envergonhada.
— Como eu disse, é o meu trabalho. — Respondo. — Gosto de saber que
estou salvando vidas, só não gosto da sensação de perder uma vida.
— Imagino como você se sente.
— Bom, mas e você? Estamos apenas falando sobre o meu trabalho e eu
gostaria de fugir um pouco dele. — Brinco.
— Desculpe, eu só queria saber mais sobre você e…

— Não tem motivo para pedir desculpas, a minha vida ultimamente tem
sido trabalhar e dormir.

— Ontem, quando fui até a sua casa, eu vi seus pais lá. — Admite. —
Achei que vocês não tinham uma boa relação.
— E não temos, mas os dois gostam de fingir que sim. Eles foram me pedir
desculpas e me convidar para jantar. — Pego meu celular e mostro a
mensagem que recebi pra ele. — Infelizmente para mim, eu acho que cai no
papo deles mais uma vez.
— Vocês não se falavam?

— Quando eu fui embora, cortei eles da minha vida.

— Sinto muito.
— Não sinta, os meus pais não são boas pessoas como os seus. Eles podem
agir como se fossem melhor que todos, mas eles são escória. Bem vestidos,
porém escória.
Quando a nossa comida chega, ambos comemos em silêncio e por incrível
que pareça, não fiquei desconfortável com nosso silêncio. Ficar em torno do
Max sempre foi uma coisa complicada para mim, mesmo quando eu sabia
que algo entre nós era impossível. Hoje parece mais uma coisa de amigos
tentando pôr o papo em dia.
— E você namorou depois que saiu daqui? — Ele pergunta.

— Eu conheci pessoas, pessoas com as quais eu gostei de passar um


tempo. — Explico e ele me olha como se tivesse magoado.
— Você ainda fala com essas pessoas?

— Sim, somos amigos. — Tomo um gole da minha bebida. — E você?


Como anda sua vida amorosa?
— Bem, eu acho…

— Só bem? Eu me lembro bem de você na época da escola. — Provoco.

— Eu mudei depois daquela época, e depois disso, — ele aponta para a


prótese. — As mulheres meio que pularam fora, não que eu tenha tentando
falar com elas, estava focado nos meus objetivos.
— Sei que é difícil, muitas pessoas têm dificuldade em voltar para suas
vidas depois de um trauma.
— Não só por isso, eu simplesmente não conseguia me ver com nenhuma
outra mulher.

— Posso garantir que virar gay não é resultado de um trauma. — Brinco e


ele dá risada, e é um som tão bom.
— Não é isso, eu só não me imagino com nenhuma outra mulher que não
seja…

— Max, não acredito que você está aqui. — Uma mulher alta, loira e que
parece ter saído de uma capa de revistas se aproxima da nossa mesa e
praticamente se joga nele, impedindo que ele termine de falar. — Eu fui te ver
no escritório, mas me disseram que você não ia lá hoje. Achei que a gente
podia matar a saudade e…
Max não está dando muita atenção pra ela, sendo sincera, ele está me
encarando como se esperasse que eu fizesse algo. Porém, esse é o problema,
eu não sou nada dele e não posso agir como uma namorada ciumenta, será
que ele quer que eu saia daqui?
— Hum…eu vou deixar vocês dois conversarem. — Digo me levantando e
pegando minha bolsa, jogo algumas notas em cima da mesa, que vão pagar a
comida de ambos, e ainda deixar uma boa gorjeta para a garçonete que nos
atendeu. — Foi bom te ver.
Começo a sair, mas Max segura o meu braço e nossos olhos se encontram;

— Caroline, por favor…

— Eu preciso ir me preparar para o trabalho, de qualquer forma você devia


aproveitar o dia. — Dou um sorriso e me afasto.
A cada passo que dou, é como se estivesse perdendo parte do meu coração.
Querendo ou não, tenho sentimentos pelo Max que eu nunca tive por
qualquer outra pessoa, e talvez nunca vá ter.
— Passe o tempo que passar e você nunca vai mudar, sempre a mesma
idiota caída de amor por um cara que é mil vezes melhor que você. — Minha
ex colega de escola diz. — Nem mesmo estando aleijado o Max te quer.
— Desculpa, eu sei que a gente estudou junta, mas eu não lembro seu
nome. — Respondo. — Talvez isso tenha haver com o fato de que você
passava mais tempo chupando o pau dos caras da escola do que estando em
sala de aula, acho que isso explica onde está hoje em dia.
— Sua puta gorda…

— Me poupe das suas merdas. — Digo e me afasto em direção ao meu


carro. Talvez voltar tenha sido uma má ideia, e eu deveria partir de novo.
Capítulo 4
Max
— Ainda bem que ela se foi, assim nós podemos aproveitar melhor o
momento. — Otávia passa a mão pelo meu peito em um gesto convidativo.
Não faço a mínima ideia de como acabei nessa situação indesejada, só tenho
certeza de que se não fizer nada nesse momento, posso perder Caroline por
causa de um mal entendido. E perder a única mulher que já me fez sentir
algo, por causa de alguém a quem desprezo, é algo pelo qual não quero
passar.
— Sério? Porquê eu estava muito bem sem você vindo aqui e fodendo com
o meu momento ao lado da mulher que gosto. — Respondo me afastando
dela e me levantando.
Olho para o dinheiro que Caroline deixou na mesa, é suficiente para pagar
nossa refeição e dar uma boa gorjeta para a garçonete, e saber que ela não me
deixou nem fazer isso, me irrita. Fui em quem a convidou, ela poderia ter no
mínimo me deixado fazer isso.
— Ma… Ma..

— Cale-se, nunca tivemos e nem nunca vamos ter absolutamente nada. —


Sei que estou sendo mal educado, mas essa cadela tá acabando com a minha
paciência e não é de hoje. — Pare de ir ao meu escritório e pedir informações
sobre mim pra incompetente da minha nova secretária.
— Max, eu só pensei que a gente poderia sair e ver onde podemos chegar,
você sempre foi tão…
Eu sei exatamente onde essa filha da puta está querendo chegar, ela acha
que agora que eu estou aleijado, vou dar uma chance pra ela.
— Deixa eu te explicar, aleijado ou não, eu nunca vou te foder. — Com
isso eu me afasto da mesa e saio do restaurante, a tempo de ver Caroline
arrancar com o carro dela.
Rachel, a garçonete maldosa que estudou com a gente, está fumando um
cigarro com um sorriso convencido no rosto. Não sei o que ela falou, mas é
evidente que teve mais um ataque e que a vítima foi Caroline.
— Sabe, eu nunca pensei que veria o dia em que “O cara” da escola,
ficaria todo apaixonado pela gorda solitária. — Ela me provoca. — Achei
que tinha algum padrão, lembrando que já esteve comigo e…
— Não me fale, esse foi um dos maiores arrependimentos da minha vida.
— Zombo.

— E foi por isso que apostaram que pegaria a gorda?


Eu posso deixar isso de lado e simplesmente entrar no meu carro, fingir que
essa cadela estúpida não falou merda, mas vendo como ela está se achando,
eu não consigo controlar o meu temperamento.
— A conversa na escola era o fato dela nunca ter dado bola pra nenhum
dos caras, por isso a gente apostou. — Explico. — Eu sei que você ficou puta
da vida por pensar que os caras te queriam, mas a verdade é que você era só
um buraco fácil que passou na mão de todos do colégio. E quando digo todos,
me refiro até mesmo aos nerds, que você tando zombava. Não foi assim que
você se formou? Fodendo com gente que faria o seu trabalho escolar por
você?
Sem esperar pela resposta dela, me afasto e entro no meu carro. Esse dia
tinha tudo para ser bom, mas veja onde estou, lidando com a merda do meu
passado, quando a única garota que eu quero, me deixou sem olhar para trás.
Dirijo sem rumo por alguns minutos, até que me encontro na frente do meu
escritório e tomo a decisão de começar a mudar algumas coisas, e isso vai
começar pela secretária incompetente.
Assim que entro, encontro a dita cuja postando uma foto no Instagram, e a
legenda é alta e clara “Cansada de ser escravizada”.
— Senhor, eu não sabia que viria para o escritório hoje eu…quero dizer o
senhor não avisou…

— Na minha sala, agora. — Falo passando por ela e entrando no meu


escritório. Assim que ela entra e vai para fechar a porta, eu a impeço; — Não
se preocupe em fechar a porta, você vai sair em alguns segundos.
— O senhor quer um café?
— Não, eu quero que você suma do meu escritório, e não falo em sair da
minha sala e ir para a sua mesa. — Explico. — Você está demitida!
— Eu sou a melhor secretária que já passou por aqui. — Ela tenta se
justificar.

— Primeiro, você é uma temporária, segundo, você é uma incompetente e


se a agência que te mandou tem você como o melhor a oferecer, eu temo
pelos que pegam o pior. Agora saia daqui e não volte mais. — Falo, e aceno
para ela sair e fechar a porta.
Assim que a porta se fecha atrás dela, eu relaxo contra a minha cadeira e
começo a ler alguns dos novos contratos e propostas de projeto que temos
recebido. Ana tinha ficado de analisar o contrato que eles nos enviaram, mas
com o acidente de ontem, esse detalhe acabou sendo adiado.
— Não sabia que estava aqui. — Dean entra na minha sala com um sorriso.
— Eu vi que demitiu a secretária, humor do cão?
— Adiei essa demissão por tempo demais. — Explico. — Cheguei e ela
estava se queixando do trabalho nas redes sociais.
— Grande erro. — Zomba.

Coloco os papéis na mesa e me viro para encarar Dean, que fica em


silêncio.

— Então? — Pergunto, e ele sorri.

— O que?

— Sério? Eu geralmente sou o irmão que tem o bom humor e você o filho
da puta, mau humorado. Esse sorriso e comportamento não combinam com
você.
Dean está com um sorriso idiota que não vai sair de jeito nenhum, e eu me
pergunto o que diabos está havendo com ele.
— Fiquei sabendo que você se encontrou com a Caroline hoje, sabe como
é cidade pequena e tudo, — diz. — Eu só quero saber como foi, mas vendo
seu humor, sei que foi mal.
— Mal? Foi péssimo. — Conto a ele o que aconteceu no restaurante e ele
ouve tudo com atenção.
— Porra, tanto lugar pra levar ela, você vai levar justamente onde as
malucas da cidade se reúnem?
Dean tem um ponto, eu poderia ter sido mais esperto do que fui e marcado
em qualquer outro lugar, mas a verdade é que os outros lugares, são lugares
onde geralmente se leva um encontro romântico, e eu não queria que ela
ficasse nervosa comigo. Ela está me aceitando aos poucos, e eu quero ser
amigo dela entes de tentar algo mais. Quero dizer, nós só nos falamos ontem,
e ela me evitou por meses.
— Eu sei que dei mancada, mas todo mundo sabe sobre os outros lugares
e…

— Vai dizer que você não quer ter um relacionamento com ela? — Dean
pergunta.

— Quero, e é por isso que eu estou indo de vagar, quero que ela se adapte
a mim. Sabe, quero ser amigo dela entes de ter algo mais.
— Essa me parece a pior ideia que alguém já teve, entrar na friendzone é
um caminho sem volta, uma vez amigo, ela vai querer falar merda de garota
com você, você tecnicamente deixa de ter um pau e passa a ter uma boceta.
— Explica. — Sem contar que ela vai começar a sair com caras e vai te
contar toda a merda, vai ser doloroso.
— Não sei o que diabos estou fazendo, recebendo conselhos amorosos de
um bastardo que nunca namorou. — Digo.
— E sabe o motivo pra isso? — Pergunta. — Eu entendo a mente
feminina, ela é muito complicada, mas eu entendo. Eu não vou passar parte
da minha vida aturando merda de uma foda qualquer. Se for pra fazer isso, eu
vou fazer com a mulher certa, e essa mulher ainda não apareceu.
— E se ela nunca aparecer?

— Ela vai, eu sei disso. — Garante, e eu queria ser um pouco parecido


com o meu irmão nesse aspecto. — Agora, eu tenho um compromisso.
— Trabalho?

— Sim, um Italiano está comprando um apartamento para a filha dele


morar, ele quer o lugar reformado e seguro. — Diz. — Só espero que a garota
não apareça e comece a agir como uma mimada em cima do meu trabalho.
— Boa sorte com isso. — Digo quando ele sai.

Sozinho no meu escritório eu começo a pensar no que Dean disse, e por


mais que eu acredite que ele esteja errado, sei de alguém que pode me ajudar
a resolver esse problema. Minha mãe e meu pai são os melhores no sentido
de relacionamento, quero dizer, olha onde eles estão e eu nunca os vi
brigarem ou se exaltarem um com outro, eles são bons nisso e podem me
ajudar.
Saio do escritório e vou direto para a casa dos meus pais, e assim que chego
lá me deparo com a moto do meu avô, o que significa que minha irmã está
encrencada. Bradox não vai deixar minha irmã sair bem dessa, o que significa
que se ela não contar o que está acontecendo, meu outro avô Archer vai
aparecer, e ele vem com o humor do cão. Eles gostam de brincar de tira bom
e tira mau.
— Eu já disse que não vou falar nada, mamãe me criou para lidar com os
meus problemas e saber os que eu posso resolver sozinha e os que não.
Acreditem em mim, eu posso cuidar desse.
— A voz irritada da minha irmã pode ser ouvida da varanda da frente,
talvez ter vindo aqui tenha sido uma má ideia.
— Precisa de ajuda? — Minha mãe pergunta aparecendo do lado da casa.

— Achei que todos estavam lá dentro dando uma bronca na Ana. —


Respondo.

— Sua irmã é como eu, ela sabe até onde pode ir. Não criei meus filhos
para serem idiotas. — É tudo o que minha mãe diz, e eu sei que ela tem
razão.
Minha mãe sempre se orgulhou de ter criado filhos independentes que
sabem o que podem e o que não podem fazer. Ela não nos criou para desistir
antes de tentar e se tentar e achar que não pode conseguir sem ajuda, saber
que sempre podemos contar com a família para tudo.
Mamãe está me encarando com os braços cruzados esperando que eu
responda sua pergunta inicial, dando de ombros eu a sigo até a parte de trás e
nos sentamos nas cadeiras que ficam na beira da piscina.
— Eu fui falar com a Caroline. — Digo, e ela arqueia a sobrancelha. —
Ela me tratou bem e eu expliquei que eu estava meio desequilibrado no dia
do acidente.
— E? Isso não me parece um grande avanço da sua parte, quero dizer, se
você ama a garota tem que lutar por ela. — Responde.
— A gente almoçou hoje, mas não saiu como planejado e ela me deixou na
companhia de uma maluca que tem corrido atrás de mim. — Explico.
— Essa garota passou por muita coisa, e eu tenho certeza que os pais dela
estão armando pra ela mais uma vez. — Diz. — Foi um mau passo levar ela
nesse lugar para comer, mas você pode estar ao lado dela e a tornar uma
mulher mais forte, ou vocês dois podem ficar fugindo dos problemas e nunca
sair do mesmo lugar.
— E isso quer dizer que?

— Que você tem que lutar por ela, protegê-la quando achar que deve, mais
ao mesmo tempo dar a ela espaço para crescer e superar os medos do
passado. Vocês são adultos agora, e por mais irritante que seja, ela ia ter que
enfrentar essas pessoas em algum momento. Nossa cidade é pequena e
sempre esbarramos em alguém. — Lembra.
— Foi isso o que o papai fez? — Pergunto.

— Seu pai não me deu espaço para lutar, ele sabia que eu não era o tipo de
mulher de dar o braço a torcer. E se pensa em tentar algo parecido, lembre
que Caroline é o tipo de garota que corre quando sente medo, então
pressione, mas não tanto. Mostre que você não é o garoto idiota que aprontou
com ela, e que ela pode contar com você.
Resumindo, minha mãe está me dando mais enigmas para resolver.

— Você não está me ajudando. — Franzo a testa quando ela sorri.

— Querido, você é um garoto inteligente! Eu tenho certeza que vai pensar


em alguma coisa, afinal, você tem os genes do seu pai em você. — Ela dá um
tapinha na minha perna e se levanta.
— Agora vamos lá, sua irmã já ouviu merda o suficiente por uma vida
inteira.

— E por que a senhora deixou? — Pergunto seguindo ela para dentro de


casa.

— Ela mereceu por quase me matar do coração. Eu não gosto de ir buscar


meus filhos no hospital, e isso vai ensinar ela a ser mais cuidadosa. —
Explica.
Assim que entramos, nos deparamos com a minha irmã com o rosto
vermelho de raiva, e os braços cruzados. Esse é um sinal de que ela está
irritada com o sermão e vai ficar longe da vista dos meus avôs por um tempo.
— Eu já ouvi tudo o que vocês tem a me dizer, então, será que eu posso ir
para a minha casa? — Pergunta.
— Essa é a sua casa. — Meu pai diz de seu lugar no sofá.

— A minha casa nova, que fica perto da minha melhor amiga. — Ela
responde se levantando. — E antes que comecem novamente com o show, eu
sei o que estou fazendo, não preciso ouvir mais nada de vocês.
Assim que minha irmã sai, e deixa a porta bater atrás dela, todos os olhos na
sala caem sobre mim.
— E você garoto, qual é o problema? — Meu avô pergunta.

— Eu já cuidei disso, papai. — Minha mãe passa a mão pelas costas do


meu avô, tentando acalmar ele antes que o velho tenha um ataque cardíaco.
— Se tivesse cuidando tão bem, seus filhos não achariam que podem
dominar o mundo. — Meu avô resmunga.
— Na verdade, esse é um sinal de que os criei bem. Não fiz tudo o que fiz
na minha vida, para que meus filhos fossem acomodados que esperam ganhar
tudo na mão. Correr atrás do que acreditam e do que querem é uma
característica muito importante. — Responde minha mãe orgulhosa, fazendo
meu pai rir.
— Essa é a minha esposa. — Ele fala orgulhoso. — Mas, eu poderia ter um
momento de paz, entre você e nossos filhos eu sinto que estou ficando velho.
— Você está velho querido. — Minha mãe provoca e meu pai levanta,
puxando ela para seus braços e dando um beijo do tipo que a gente só vê nos
cinemas.
Deixei de me incomodar com esse tipo de gesto há muito tempo, eles
sempre foram assim e nunca esconderam de ninguém o quanto se amam.
Vendo a forma como eles se entendem e confiam um no outro, eu sei
exatamente o que preciso fazer para conseguir Caroline na minha vida, e com
sorte na minha cama.
Capítulo 5
Caroline
A noite no hospital é sempre um caos, achei que em uma cidade pequena as
coisas seriam diferentes, mas acabei me enganando. A cidade que antes era
pequena acabou crescendo por causa dos negócios do clube e da família do
Max, e o crescimento trouxe famílias com jovens estúpidos que não tem
medo de morrer.
— Olá Brandon, eu sou a doutora Caroline e vou ser a sua médica hoje. —
Falo com o garoto de vinte e um anos que acabou de ser trazido pelos
socorristas, depois de sofrer um acidente de carro. — Eu vou te examinar e
pra isso preciso que fique quieto, você têm um contato de emergência para
quem possamos ligar?
— O socorrista já me passou e já entramos em contato. — Uma da
enfermeira entra na sala e me diz.
— Bom. — Falo e começo a examinar.

De imediato eu sei que a situação do garoto não é boa, ele está com o
abdome rígido, que significa que houve uma ruptura no baço.
— Brandon, você está sentindo dor aonde? — Pergunto.

— No meu ombro esquerdo. — Ele diz e meu residente sorri para o garoto,
como quem diz que não é nada.
Residente estúpido.

— Brandon, você sofreu uma ruptura no baço e eu preciso te operar o mais


rápido possível, pra isso eu preciso saber o seu tipo sanguíneo. — Peço.
— O negativo. — Responde gemendo de dor.

— Certo, inicie uma transfusão de sangue, e prepare a sala de cirurgia. Não


esqueça de avisar a família que ele estará em cirurgia. — Mando meu
residente fazer isso, enquanto eu vou até a sala do lado para anteder ao amigo
dele.
Para a minha sorte o amigo não está tão mal, e eu não preciso me preocupar
com ele.

Com a sala de cirurgia pronta, eu passo as próximas horas removendo o


baço do garoto, e tendo que aturar um residente que não sabe absolutamente
nada do que está falando ou dos motivos pelos quais estamos fazendo o
procedimento.
Quando tudo termina, dou a notícia para a família do paciente e aviso que
ele logo estará no quarto, então vou falar com a chefe de cirurgia do hospital,
ela precisa saber que tipo de pessoas estão trabalhando para ela.
— Você está me dizendo que ele não sabia nada sobre as consequências do
rompimento do baço?
— Ela pergunta, surpresa.

— Exatamente, eu não sei se isso é uma coisa dele, ou se acontece com


todos os residentes do hospital, mais isso precisa mudar e logo. Lidamos com
vidas, e se um médico despreparado como ele pega um caso desse, temo que
perderemos muitas vidas e o hospital receberá um grande processo. — Aviso.
— Agora, se me der licença, preciso ir pra casa e descansar.
— Claro, eu vou ver com algum médico se ele pode dar uma aula para eles.
— Explica.

Saio da sala e vou para o vestiário me trocar, em questão de minutos estou


no meu carro a caminho da minha casa, não sabendo o que fazer primeiro,
comer ou dormir?
Para a minha surpresa eu não preciso tomar essa decisão, pois assim que eu
paro o carro na minha garagem, Max aparece com uma sacola com comida e
um sorriso convencido no rosto.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto, saindo do carro e indo até a
minha porta.

— Você me deixou hoje cedo, e eu sabia que estaria cansada quando saísse
do trabalho, por isso eu comprei comida e vim te esperar. — Diz. — Com
fome?
— Morrendo. — Digo com um sorriso. — Achei que você estivesse
dormindo a essa hora, sua irmã fala que vocês quase não tem descanso.
Abro minha casa e deixo ele entrar, em seguida ascendo as luzes e vou para
cozinha, pego pratos e coloco sob o balcão. Tentando me acostumar com a
presença do Max na minha vida, isso tudo é muito novo e por mais que tenha
aceitado tentar ser amiga dele, eu não sabia que isso ia acontecer tão rápido.
— Dia muito ocupado? — Pergunta. — Eu ouvi sobre o acidente com os
garotos.

— Um deles rompeu o baço, o que me fez correr com ele para a sala de
cirurgia, e o meu residente era estúpido o bastante para não saber o quão
grave essa lesão era. — Digo, dando a primeira garfada no macarrão que ele
me trouxe. — Hum… Está muito bom. — Max não me responde e quando
levanto meus olhos para o observar, encontro ele me encarando com a boca
aberta e os olhos escuros, como se ele me desejasse. — Então, a Ana me
mandou uma mensagem dizendo que vai se mudar para a casa dela amanhã.
— Ela decidiu isso hoje, depois que os meus avôs deram uma bronca nela.
— Ele responde, depois de um momento de silêncio. — Minha mãe não foi
de muita ajuda para nenhum dos lados embora.
— Alexa não é o tipo de pessoa que passa a mão na cabeça, então eu
imagino que isso tenha deixado ela irritada. — Completo.
Alexa é o tipo de mulher que eu sempre quis ter como mãe, ela sempre está
disposta a defender os filhos e os protege a qualquer custo, mas ela também
não liga de dizer na cara deles quando estão errados. Ela os criou para serem
pessoas fortes e terem voz, enquanto os meus pais queriam uma filha muda
que aceitasse tudo calada e abaixasse a cabeça para um idiota rico qualquer.
— Minha mãe sabe que se a gente precisar de ajuda, vamos pedir, mas ela
não gosta de nos encontrar em um hospital, então meus avôs fazem o trabalho
sujo por ela.
— As broncas que duram horas? — Dou risada, me lembrando como Ana
evitava aprontar por causa das horas de discurso que seus avôs dão.
— Exatamente. — O sorriso do Max é como um dia de sol, que é
acompanhado de um arco-íris enorme e com pássaros voando pelo céu,
crianças correndo no parque; resumindo, é como algo que você não consegue
evitar de parar e aproveitar. Eu só não posso me esquecer que a última vez
que fiz isso, acabei machucada — Pra minha sorte a minha mãe evitou que eu
entrasse lá e fizesse parte da bronca, e de quebra ainda consegui conselhos.
Deixo de lado os sentimentos ruins que vem com as lembranças da
adolescência, não somos mais aqueles adolescentes.
— Que tipo de conselho? — Pergunto no mesmo tom de brincadeira que
ele.
— Conselhos de como conseguir você na minha vida e de forma
permanente. — Ele responde me pegando de surpresa. — Eu fiz alguns
planos, e então eu decidi que primeiro preciso fazer você confiar em mim, e
te mostrar que eu não sou aquele cara do colegial e, muito menos, o babaca
do hospital.
— Eu entendi o que aconteceu no hospital. — Lembro.

E estou sendo sincera quando digo isso, não é fácil sair de um trauma como
aquele, ainda mais quando se perde um membro. Max teve uma nova vida
lançada nele, e eu entendi que ele precisava de um tempo e que talvez essa
nova vida não incluísse uma amizade.
— Mas eu não entendi, eu não consigo me perdoa pelo que te disse. —
Responde. — Então, eu preciso que você me dê a chance de me redimir por
tudo.
— Mesmo comigo dizendo que não precisa e que você pode seguir a sua
vida sem medo de que eu vá desmoronar por isso? Não precisa vir aqui e
tentar mudar o passado, por causa da culpa que está sentindo.
— Não estou aqui pela culpa, estou aqui por que eu quero que me dê a
chance de te conquistar e de mostrar que eu sinto algo por você. Eu só te peço
isso, me dê uma chance e eu prometo que não vou te desapontar. — A
intensidade das palavras dele me deixam um tanto zonza, eu nunca pensei
que esse dia chegaria.
— Não sei se estou pronta, eu tenho questões para lidar e…

— Eu sei que você as têm, e prometo que vou com calma e se me permitir,
vou te ajudar com elas.
— Como amigos? Preciso que a gente comece sendo amigos. — Admito.
— Não sou o tipo de pessoa que confia fácil e…
Talvez a gente nunca passe disso, penso.

— Ei, eu entendo e está tudo bem. Vamos começar sendo amigos e vamos
no seu tempo. Ok?

— Ok.

Parece que eu acabei de fazer um pacto com o diabo, mas eu me sinto tão
bem nesse momento que não ligo para o castigo que vai vir depois. O resto da
noite a gente passa conversando e eu fico surpresa com a quantidade de
coisas em comum que temos, claro que temos nossas diferenças e em um
momento eu vou perceber que o Max não é tão perfeito assim.
— Como assim você não gosta de filmes de terror? — Pergunto. — É um
dos melhores gêneros.

— Sério? Você viu os novos? Os filmes de terror eram bons antes, quando
não criavam tramas ridículas que fazem as pessoas rir em vez de ter medo. —
Ele fala. — E não me diga que estou errado, tô vendo na sua cara que
concorda comigo.
Ele tem razão, o dia em que assisti Mama, eu chorei horrores com o final.
Aquele espírito era mal compreendido, tudo o que ele queria era proteger
aquelas meninas e no final viraram lindas borboletas.
— Tem rasão, mas se quiser assistir filme comigo vai ter que ser um
desses, ok?

— Tudo bem, vamos seguir as suas regras. — Ele levanta a mão em sinal
de rendição.

Estamos conversando quando o telefone dele toca, Max franze a testa e


então atende com um olhar irritado no rosto.
— Como vocês esperaram tanto tempo para me ligar? Meu apartamento
deve estar em baixo d’água a essa altura. — Ele se levanta e depois de alguns
minutos discutindo, desliga o telefone.
— O que aconteceu? — Pergunto, preocupada com ele.

— Um cano estourou no meu apartamento, e inundou tudo. — Diz. — Vou


ter que sair de lá por um tempo, pelo menos até que seja concertado.
Penso por um momento antes de me oferecer para deixar ele ficar aqui.
Quero dizer, Max tem os irmãos dele e a família dele, que estariam mais do
que felizes em ajudar, e eu estou sozinha e acabamos de nos tornar amigos.
Ele quer ser mais do que apenas seu amigo.

A voz irritante no fundo da minha mente me lembra, e eu tento calar ela.


Ainda não estou pronta para isso, ele me feriu antes e eu não quero que isso
aconteça de novo. Preciso me proteger e aprender a me amar antes de estar
pronta para mar alguém, e esse pode ser um caminho longo para percorrer.
— Você pode ficar aqui. — Digo, e ele me olha de um jeito esperançoso.
— No quarto de hóspedes. — Explico e o sorriso dele diminui.
— Não vou te atrapalhar? — Pergunta.

— Eu passo pouco tempo em casa, e tenho horários malucos, não é como


se estivéssemos o dia todo juntos. Deixe suas coisas em ordem e temos um
negócio. — Brinco.
— Nesse caso, eu vou buscar as minhas coisas. Ainda tem muito o que eu
preciso arrumar e para a minha sorte já são sete horas e…
— Sete horas? — Pergunto assustada.
— Sim, algum…

— Você vai buscar suas coisas e eu preciso ir dormir. — Admito. — Estou


exausta e tenho que trabalhar em algumas horas.
Não acredito que fiquei das duas da manhã, até as sete, sentada,
conversando com o único homem que eu jamais imaginei passar um tempo,
quero dizer, depois do nosso passado? Nunca pensei que fossemos nos tornar
o que quer que estivéssemos nos tornando.
Deixar o passado para trás é bom, e quem sabe ter a companhia de alguém
tão confiante como ele não me ajude a me tornar uma pessoa mais forte,
afinal tudo no Max grita força e confiança.
Capítulo 6
Max
Sabe quando você sabe que está sendo um babaca, mas não consegue
evitar? Bem, eu estou sendo esse cara babaca, pra minha sorte, esse meu lado
está se mostrando para o meu irmão, que está me ajudando a carregar
algumas coisas que vou precisar ter na casa da Caroline.
— Você já pensou que talvez, só talvez, ela não esteja mais a fim de você e
te pediu um tempo para conseguir uma desculpa melhor pra te dar o pé na
bunda? — Dean pergunta, carregando a última caixa para fora do
apartamento.
— Deixa de ser um pau no cu, ela só pediu para as coisas irem com calma,
e eu entendo e aceito isso. — Respondo. — Não quero que ela se sinta
insegura com a minha presença em sua casa.
Ele coloca a caixa na traseira na caminhonete e se vira para mim.

— Com calma? Você chama ir morar na casa dela, de ir com calma? — Ele
franze a testa. — E não pense que não ouvi você dizendo que pode demorar o
tempo que precisar.
Porra, achei que ele tivesse fora do apartamento quando pedi ao funcionário
para ir com calma com o serviço. Não vou mentir que tenho esperanças de
não precisar voltar para a minha casa, se tudo der certo, Caroline não vai
demorar muito a perceber que a amo.
— Eu pedi que ele adaptasse algumas coisas no apartamento, tenho tido
algumas dificuldades.
— Minto, e ele parece acreditar em mim.
— Por que não me contou? — Diz com raiva. — E sabe que poderia ficar
na casa de qualquer um de nós.
— Mamãe e papai estão sempre na pele um do outro. — Me refiro as
escapadas sexuais de ambos. — E você mora em um lugar apertado, até que
sua casa fique pronta. — Lembro.
Dean tem essa coisa em construir a casa perfeita para a sua mulher dos
sonhos, a única como ele diz. E em sua busca pela casa perfeita, ele leva
semanas e as vezes até meses para conseguir as peças ideais.
— Ok, você sabe que a Ana comprou uma casa perto da Carol? — Ele me
avisa. — E depois da briga com os avôs, ela decidiu ir ficar lá, mesmo com as
reforma que ainda precisam ser feitas.
— Você sabe como ela é, e eu no lugar dela teria feito a mesma coisa. —
Digo, entrando no carro, e não contando que estava na casa quando minha
irmã anunciou sua decisão.
Minha irmã é esperta o suficiente para saber quando pedir ajuda, e todos
sabem disso, o que faz com que meus pais não deem nenhum tipo de sermão
sobre suas atitudes. Mas não significa que nossos avôs não façam isso por
eles, e ambos os meus pais se divertem, uma vez que é a recompensa pôr os
tirar do sério.
Depois de um tempo em silêncio, com Dean dirigindo e eu apenas mexendo
no meu celular, falando com um dos empreiteiros da obra do prefeito, Dean
quebra o silêncio.
— Se machucar a Caroline de novo, eu vou te matar. — Ele fala, sem tirar
os olhos da estrada.
— Só estou te avisando, caso decida fazer alguma merda mais pra frente e
pensar que não haverá consequências.
— Não vou machucar ela, aprendi a lição. E ela não precisa de você para
defendê-la. — Digo com raiva, ela é minha e ele não tem o direito de se
preocupar.
— Precisa sim, acha que aqueles pais de merda dela se importam? —
Pergunta com raiva. — Eles só querem tirar vantagem e rebaixar ela.
— Eles estavam na casa dela quando a procurei. — Aviso, preocupado. —
Ela vai jantar com eles essa semana.
— Porra, você precisa ir com ela. — Manda. — Achei que não fosse
verdade o boato que está circulando na cidade, mas agora vejo que é.
— E que boato é esse? — Pergunto.

Será que a gente mora na mesma cidade? Por que ninguém me contou nada?

— Os pais dela estão quebrados, não têm grana pra nada e estão lutando
para manter as aparências. — Diz. — Então o pai dela soube de seu retorno
para a cidade e conversou com um amigo e eles vão tentar forçar ela a se
casar.
— Só por cima do meu cadáver. — Estou muito puto com isso, Caroline
não vai ficar perto dos pais dela.— Vou falar com ela, Caroline não está mais
aceitando tudo o que eles jogam pra ela.
— Espero mesmo que não. — Dean diz, parando com o carro na frente da
casa ao lado da Caroline, bem atrás do carro na Ana.
Puta que pariu, a Caroline não dormiu nada e minha irmã pra ajudar vem
visitar quando ela finalmente vai descansar.
Saio do carro e pego minha mala, Dean traz as duas caixas que ficaram na
caminhonete. Abro a porta da sala e vejo as duas sentadas na sala
conversando animadas, Caroline está com uma cara de sono.
— Ei maninho. — Ana diz com um sorriso.

— Caroline está cansada e você não a deixou dormir. — Falo, deixando


minha mala no chão e dando um abraço na minha irmã, então me sento ao
lado da Caroline e pego sua mão.
Para minha sorte, Caroline está tão chocada comigo cuidando dela que não
percebe que estou segurando sua mão.
— Ei, vai com calma. — Ela diz. — Ela já estava acordada quando
cheguei, na verdade estávamos indo comer alguma coisa.
— Eu vou fá…

— Na verdade não vai, estamos sem nada. — Caroline me corta antes que
eu termine o que estou dizendo. — Vamos comer alguma coisa e em seguida
fazer compras.
— Achei que tinha que ir trabalhar. — Lembro.

— O hospital me ligou há alguns minutos, não vou precisar trabalhar pelo


resto da semana. — Diz. — A diretora decidiu fazer um treinamento com o
pessoal que já trabalhava lá, e vai os colocar pra trabalhar em dobro, usar na
prática as novas técnicas.
— Isso é ótimo. — Digo, criando uma lista de mil e uma coisas que
podemos fazer juntos. — Posso ser seu guia pela cidade e te mostrar as coisas
que mudaram.
— Isso seria legal, embora esse final de semana eu tenho que jantar com os
meus pais. — Lembra.
— Sobre isso, eu gostaria de falar com você, ouvi algo na cidade e…
— Sobre a crise que eles estão e o casamento arranjado? Eu ouvi também,
e vou lá apenas para mostrar que eles não podem mais me subjugar, não sou
mais aquela criança tola que eles se aproveitaram anos atrás.
— Falou como alguém que sabe o que quer. — Ana parabeniza.

— Acho que estou me aperfeiçoando. Medicina não é uma coisa para os


fracos, se me ensinou alguma coisa, é que os fracos se tornam péssimos
médicos. — Responde. — Agora vamos de uma vez comer.
— Seu filho da puta, carrega uma mala e me deixa com resto. — Dean
reclama entrando na casa com a última caixa.
— Fui pego no momento. — Brinco.
— O momento em que eu socar essa tua cara, ai sim você vai ser pego. —
Resmunga e eu dou risada.
— Você pode ficar aqui se chorando ou vir comer com a gente. — Falo.

— Claro que vou comer, e você vai pagar. — Ele ajuda as meninas a entrar
na caminhonete, depois que todos entramos ele toca em direção a uma
cafeteria que eu nunca estive antes, mas que parece sem bem popular pras
pessoas que moram nesse bairro.
— Nunca estive aqui. — Admito, e todos me olham.

— Não contou pra ele sobre esse lugar? — Ana pergunta ao Dean, que dá
de ombros.

— Ele não merecia, vocês duas, sim. — Diz e eu me sinto traído.

— Isso sim que é lealdade para com os irmãos. — Digo e eles riem de
mim.

Assim que entramos, vamos direto para uma mesa e uma garçonete vem nos
atender, ela é toda risonha e jogando conversa fiada para cima do meu irmão
que não dá muita bola e fica com os olhos fixos no cardápio. Será que as
mulheres dessa cidade não entendem que meu irmão não fode por ai?
— Minha filha, foca no seu serviço que meu irmão tá aqui pra comer
comida e não quenga. — Ana diz, e a mulher fica pálida. Rapidamente ela
anota os pedidos, e sai para pegar nossa comida.
— Graças a Deus por você ser minha irmã. — Dean diz, agradecido. —
Aquela mulher já estava me irritando.
— Pode contar comigo sempre pra esse tipo de coisa, eu particularmente
amo infernizar a vida dessas mulheres. — Ela sorri satisfeita, quando uma
outra garçonete vem nos trazer nossa comida.
— Isso é algo que percebemos, mana. — Provoco.

Estamos conversando sobre as coisas que tem acontecido nas nossas vidas
nos últimos tempos, quando um cara se aproxima da nossa mesa, seus olhos
presos na minha irmã. O pior é que o filho da puta nem tenta esconder que
está olhando para os peitos dela.
— Antão, Ana. — Ele para na nossa mesa, ele sequer cumprimenta o resto
de nós. — O que você acha de sair comigo está noite? Posso te mostrar como
um homem de verdade é.
Quando ele diz isso, minha irmã ri. Ela sabe que Dean e eu estamos prontos
para pra cima desse imbecil, mas ela quer lidar com isso, então ela olha para
o cara dos pés a cabeça e dá um sorriso debochado.
— Pra você conseguir mostrar um homem de verdade, você precisa
conhecer um. — Ana responde, então finge estar surpresa. — Oh, não. Você
estava se referindo a si mesmo? Quero dizer, nós dois sabemos que você não
daria conta. Agora sai daqui ou vai ter um problema sério comigo e com a
minha família.
O cara não se move, ele na verdade se aproxima mais da nossa mesa, o que
me faz ficar tenso no meu lugar, esse filho da puta não me passa confiança
nenhuma.
— Sugiro que se afaste. — Digo me levantando.

— E se eu não fizer, o que você vai fazer? Um aleijado como você não
daria… — Antes que ele termine de falar eu estou em pé segurando ele pela
garganta.
— Termine de falar, acha que eu estou blefando? Posso ser aleijado, como
você diz, mas, ainda assim, eu consigo te matar com apenas uma mão. —
Felo perto de seu rosto. — Então cai fora daqui, antes que eu decida fazer
isso na frente de todos.
Quando o solto, ele se afasta e praticamente corre do restaurante, em seu
caminho ele diz que “vai ter volta”, ele não poderia estar mais enganado.
Estou atendo a cada movimento dele, e pela forma como olhou para minha
irmã, sei que todo cuidado com ele é pouco.
— Isso foi… interessante. — Caroline diz e eu tenho que sorrir para forma
como ela diz. — Você é bem rápido.
— Tem coisas que precisam de agilidade, — pisco para ela que acaba
corando.
Depois que terminamos de comer, Dean nos leva até o Shopping e assim
que descemos ele diz que precisa ir e resolver algumas coisas, com um beijo
de despedida nas meninas ele vai embora e me deixa a sós com ambas.
Vendo o sorriso malandro no rosto da minha irmã, sei que a peste está
tramando alguma coisa para foder comigo.
— Então, você sabia que a nossa cidade conseguiu recentemente um ótima
loja de lingeries exclusivas? — Ana pergunta e me lança um olhar.
— Não. — Carol responde sem graça.

— Venha eu vou te mostrar. — Ana agarra a mão dela, e sai arrastando


Caroline até a porra da loja.
— Mas e o seu irmão…

— Ele pode vir junto, afinal ele pode te dar uma opinião melhor sobre sua
roupa de baixo. — Ana diz. — Assim quando você for transar com alguém
vai ter uma lingerie aprovada.
O simples pensamento de algum idiota tocando na Caroline já é o suficiente
para me deixa a beira de matar alguém. Não sei que porra Ana tem na cabeça
para dizer algo assim, mas eu vou ter uma conversa com a minha irmã e
esclarecer os limites que ela está ultrapassando.
— Eu não me sinto confortável com isso, talvez eu venha aqui outra hora,
mas não hoje. — Caroline diz.
— Ah vamos lá, só um conjunto. — Ana propõe.

Caroline fica tensa por um momento, mas então balança a cabeça e entra na
loja. Sigo logo atrás, rezando para que minha irmã mantenha a merda dela no
lugar e deixe apenas Caroline fazer parte do show.
As duas passam alguns minutos olhando as peças, enquanto eu encontro
uma cadeira e me sento, minha perna está doendo, mas já estou acostumado
com isso e não quero fazer nenhum show e acabar com o momento delas.
Finalmente as duas encontram um conjunto que agrada a elas e minha irmã
empurra Caroline para o provador e entra junto com ela, elas passam alguns
minutos lá dentro e então minha irmã chama o meu nome;
— Max, se prepare para ter um verdadeiro ataque do coração. — Ana diz e
então puxa a cortina, revelando Caroline.
Eu poderia morrer aqui e estaria na porra do céu, a lingerie escolhida pela
Caroline é toda feita de renda, a parte de cima cobre o centro do seio, com
uma corda que vem por cima dos seios chamando ainda mais atenção para os
seios dela. A calcinha, é pequena e as laterais são duas cordinhas finas.
Me mexo desconfortavelmente no sofá, tentando esconder a minha ereção.

— Ficou horrível, não é? — Caroline pergunta, parecendo pronta para


correr e se esconder.

— Muito pelo contrário, você está linda. — Elogio.

— Não precisa ser educado com isso, eu posso ouvir a verdade. —


Caroline diz, quando Ana se afasta para escolher mais algumas peças.
— Você quer saber a verdade? — Me levanto e chego bem perto dela, faço
com que ela vire para o espelho enquanto fixo em suas costas, meus braços
em sua cintura. — Você está linda, e eu poderia te foder aqui.
— Max, isso não é…
— Eu sei que você não está pronta e que ainda temos coisas para
esclarecer, mas eu não vou mentir e dizer que não quero te foder. Leve essas
peças ou eu levo. — Digo e então me afasto.
Porra, acho que passei dos limites, mas me mata ver Caroline toda insegura.
Saber que isso é culpa do tratamento que ela recebeu dos pais delas, e em
parte pelo que fiz na época da escola, me deixa irritado. Se eu pudesse voltar
no tempo, chutaria a minha bunda.
Carolina volta para o provador e a minha irmã se senta ao meu lado, ela
cruza os braços e me dá o mesmo olhar que a mamãe dá, quando fazemos
algo que a irrita. Meu pai sempre achou fofo isso vindo tanto da minha irmã
quanto da minha mãe, já Dean e eu, achamos isso uma merda, pois elas
sempre chuta, nossas bundas.
— Grande momento, irmão. — Ela diz. — Você nem está agindo como um
maldito psicopata obcecado.
— Eu estou a fim dela, não vou mentir. — Retruco. — E outra, se ela pensa
que vou deixar que ela fique nessa merda de achar que é feia, temos um
problema, porquê eu jamais vou permitir que ela se rebaixe tanto física
quando emocionalmente.
— Você é um bom cara, irmão. — Ela elogia. — Carolina precisa disso,
então não vou me meter. Mas se quer uma dica, uma mulher começa a sentir
sexy pelas lingeries.
Eu sei exatamente o que a minha irmã está propondo, ela quer que entregue
a ela o meu cartão, assim ela pode comprar todas as roupas íntimas que ela
achar bonita e brincar de Barbi usando a Caroline.
Pego o meu cartão e dou pra ela;
— Pare de influenciar ela a foder com algum babaca. — Aviso, entregando
o cartão.

— Fique tranquilo, ela está tão assustada com os homens que vai ser
preciso muito mais do que eu a incentivando pra ela dar uma chance a
qualquer um. E isso maninho, é culpa sua! — Ana cruza os braços e me
encara com raiva. — Sugiro que mexa a sua bunda e lute pra conquistá-la,
antes que eu arrume alguém mais competente que você.
Vejo a minha irmã se afastar de mim e seriamente considero esganar a
pequena peste, mas se eu fizesse isso, minha mãe me mataria, e eu tenho
muito medo da minha mãe para fazer algo assim.
O que me resta é fazer o que a minha irmã disse e lutar de verdade para
mostrar a Caroline que a amo e que o babaca que a feriu ficou no passado.
Capítulo 7
Caroline
Depois de uma tarde no shopping com Ana e o Max, finalmente estamos
voltando para casa. Estou surpresa com a quantidade de coisas que Ana
comprou na loja, e não são coisas baratas não, muito pelo contrário. Ela
comprou coisas exclusivas que fizeram os meus olhos se arregalar com o
preço.
— Finalmente estamos em casa. — Digo, vendo Max abrir a porta da
frente e sair.

Reparei que ele está mancando, mas tenta disfarçar. Enquanto ele sai do
carro, pego a minha sacola, com a lingerie que Max me disse para comprar.
Fico surpresa quando Ana abre o porta-malas e começa a recolher as sacolas.
— O que você está fazendo? — Pergunto.

— Pegando as suas sacolas. — Diz.

— A minha sacola, está aqui. — Levanto minha sacola na minha mão e


balanço para ela ver.

— Não seja boba. — Ela me responde. — Essas compras aqui são para
você, ou achou que íamos entrar em uma loja só pra você sair com uma
sacolinha dessas? Me respeita! — Ela pega as sacolas e vai pra entregar para
Max, mas eu as pego antes que ela entregue a ele.
Não quero que ele carregue peso estando com dor, na verdade eu
simplesmente não quero que ele sinta dor. Max não gosta de dizer quando
está com dor, ele nem demonstra na verdade, tanto que os irmãos dele nem
percebem. Mas como médica, eu tenho que perceber algumas coisas, nem
sempre um paciente é honesto e a merda do “de um a dez quanto é a sua
dor?” as vezes é um maldito mil e a pessoa diz que é um.
— Pode deixar que eu levo, e me mande o valor total pra que te dê o
dinheiro. — Digo.

— É um presente. — Ana responde e olha para Max. Foi o Max!


— Não acredito que deu seu cartão de crédito pra essa desajuizada, sua
irmã compraria até uma pedra se estivesse em uma vitrine. — Reclamo.
— Se essa pedra fosse um diamante ou algo precioso, eu compraria
mesmo. — Ana sorri quando Max e eu olhamos para ela. — O que? O papai
sempre me disse que se a gente vê algo que realmente ama, deve fazer de
tudo pra conseguir.
Max revira os olhos para a irmã.
— Ele se referia ao amor. — Corrige.

— Que se dane, aplica a tudo na vida. — Ela rebate. — E a mamãe


concorda comigo! Agora se já terminaram de me acusar de ser uma
compradora compulsiva, eu vou embora. Para a minha casa, a qual eu
comprei, com o meu dinheiro! Por que tudo o que eu compro é por mérito
próprio! — Com isso dito ela entra no carro e manda beijos para nós.
Sorrindo e ainda cheia de sacolas nas mãos eu começo a andar para a porta,
até que percebo que Max está andando mais lentamente atrás de mim. Ele
também está mancando um pouco, então eu volto e passo meu braço em volta
de sua cintura.
— O que você está fazendo? — Ele pergunta.

— Estou te ajudando a diminuir o peso na sua perna, percebi que você está
com dor desde cedo, mas não falou nada. — Digo, quando estamos quase
chegando na porta principal.
— Como você…

— Eu sou médica, sei como descobrir se alguém está com dor ou não. —
Lembro.

— Me esqueci disso. — Ele sorri.

Abro a porta e deixo ele sentado no sofá, cuido para deixar as sacolas em
um lugar onde ele não vá tropeçar e vou pegar um creme de massagem que
eu tenho guardado, então volto para a sala e vejo que Max já tirou a prótese
dele.
Indo até ele no sofá, me ajoelho em sua frente.

— O que você está fazendo? — Pergunta.

— Fazendo uma massagem, pra relaxar os muculos da sua perna e aliviar a


dor. — Explico.

— Eu não…

— Max? — Chamo e ele me olha.

— Sim?

— Apenas relaxe, eu quero te ajudar com a dor. — Digo e ele acena com a
cabeça.

A perna do Max tem uma cicatriz onde os pontos foram dados, e eu percebo
que ele está nervoso por eu mexer e tocar em uma parte dele que acredito,
que ele não mostre muito para as pessoas.
Trabalhei com amputados no começo da minha residência e eu sei o tipo de
confusão mental e dor que essas pessoas passam. Quero dizer, em um dia está
tudo bem, seu corpo é perfeito e você não precisa se preocupar com nenhum
tipo de dor. Mas ai vem o acidente e temos que lidar com a perda do membro
e as dores do membro fantasma.
— Hum. — Max solta um gemido e deita a cabeça contra o encosto do
sofá.

— Está aliviando a dor? — Pergunto e ele concorda com a cabeça.

— Onde você aprendeu isso?

— Residência, eu queria saber de tudo em um hospital, então eu corri para


aprender o máximo que eu podia. — Dou de ombros. — E a minha colega de
quarto era fisioterapeuta, então ela me ensinou algumas coisas.
— Vocês ainda tem contato? — Pergunta.

— Olivia é a filha de um empresário italiano, o pai dela sempre foi muito


protetor dela, então ele pediu que ela voltasse para a Itália logo que eu disse
que estava me mudando. — Explico. — Como ela é próxima de toda a
família, decidiu voltar.
— Vocês ainda tem contato? — Pede.

— Sim, não só com ela como com toda a família dela, os irmãos mais
novos dela são como se fossem os meus. — Sorrio em lembrar das crianças.
Todo o clã Brassanini são ótimas pessoas, pessoas que amam umas as outras
e estão sempre dispostos a se unir para proteger aqueles que amam. Isso eu
admiro, quando fui os visitar não só me trataram como se fosse da família,
como me aceitaram e me tratam como uma filha.
— Pelo sorriso no seu rosto eu acho que eles são a sua família também. —
Ele aponta.
— Eles são! — Afirmo. — Vindo do tipo de família que eu vim, eu sei
diferenciar quando as pessoas estão atrás de mim por interesse ou quando
realmente gostam de mim. Os Brassanini, são o segundo tipo.
Max me encara, como quem está decidindo o que vai falar a seguir.

— Esse nome não me é estranho. — Fala Max, então estrala os dedos


como se tivesse lembrando.
— Meu irmão está fazendo um projeto para a filha de um tal de Luca
Brassanini.

— Olivia? Ela está se mudando pra cá? — Pergunto.

— Acho que sim. — Diz me dando um sorriso. — Dean tá nervoso com a


possibilidade de alguém tentar mexer no projeto dele.
— Conhecendo a Olivia como eu conheço, ela não vai ficar em cima dele e
mandar ele mudar as coisas, ela simplesmente vai mudar. — Digo rindo com
a ideia dos dois se bicando.
Olivia é a pessoa mais doce que eu conheço, ela é boa e gentil e sempre está
disposta a ajudar os outros. Mas como a filha de um homem poderoso como
Luca, ela é muito protegida e mimada, o que deu a ela algum espírito.
Traduzindo, ela é muito boa, até que você pisa no calo dela ou tenta atacar
sua família, então ela vai virar uma leoa e proteger a todos. Essa é a educação
que ela teve e eu admiro uma família assim.
Continuo a massagear a perna do Max até que percebo que ele pegou no
sono, estudo o jeito tranquilo que ele está dormindo, e depois de me sentir
como uma maluca pôr o observar dormir, me levanto e vou para o meu
quarto.
Preciso arrumar as sacolas de coisas que o Max me deu, é tão estranho
como me sinto me bem com ele e ao mesmo tempo me sinto com medo e
pronta para correr a qualquer sinal do nosso passado, e isso inclui cem por
cento as pessoas que estudaram com a gente.
Desocupo uma gaveta do meu armário que tinha apenas alguns lenços e
guardo todo o meu novo arsenal de roupas íntimas, olhando o relógio vejo
que já está ficando tarde, e como mal comemos durante o dia, começo a
pensar no que fazer para a janta.
É quando meu telefone toca e eu vejo que é Ana, essa maluca saiu daqui há
pouco tempo, o que ela está querendo agora?
— Esqueceu alguma coisa? — Pergunto atendendo o telefone.

— Só ligando para perguntar se já comeu?

— Ainda não, eu estava arrumando as coisas nas gavetas. — Explico.


— Só agora?

— Seu irmão estava com dor, então eu fui fazer uma massagem na perna
dele.

— Já está fazendo massagem nele? Nesse ritmo eu perderei a aposta, então


por favor, mantenha as pernas fechadas. — Pede.
— Não estamos fazendo nada.

— Ainda não, mas vão! Eu sei quando vejo duas pessoas apaixonadas e
vocês, estão nessa coisa desde o colegial, só eram estúpidos para ficarem
juntos.
— Seu irmão não gostava de mim no colegial!

Ana ri, me deixando confusa.


— Não sei se te protejo por ser tão inocente, ou se dou uns tapas na cara
pra apender a ser mulher e ver o que está na sua cara. — Ela diz irritada, se
ela estivesse aqui sei que seria a opção do tapa na cara.
Quando estávamos no colegial, ela teve um ataque por causa de um menino
estúpido e eu posso ter dado um soco nela, quando ela chegou em casa e
explicou pra Alexa o motivo do soco, a mãe dela me deu os parabéns e disse
que a gente não deve chorar por homem nenhum.
Depois da liação de moral da Alexa, ela nos levou para um dia de mulheres
no SPA, foi um dos melhores dias da minha vida. Foi ali que eu entendi o
tipo de cumplicidade que mãe e filha devem ter.
— Eu sei que você ia me dar o tapa na cara. — Dou risada.

— Cadela, você sabe que me deve uma! — Ela grita do outro lado da linha
me fazendo rir. — E só para constar, de onde eu estava espiando vocês,
parecia que você estava dando ao meu irmão um boquete.
— Não acredito que você voltou para nos espionar.

— Eu preciso manter meus investimentos protegidos, se vocês estivessem


perto de começar o vuco-vuco, eu ia entrar em cena. — O pior de tudo isso é
que ela realmente ia fazer uma coisa dessas, Ana é o tipo de pessoa que não
tem filtro.
— Quer vir e jantar com a gente? — Ofereço.

— Eu quero sim, as coisas aqui estão uma bagunça e com as obras que
estou fazendo não dá nem pra andar pela casa. — Explica. — E eu devo isso
aos meus avôs.
— Não tem nenhum lado positivo nisso?

— Só os caras da obra que são uns gostosos da porra. — Ana diz


sonhadora me fazendo rir.

— Algum gostos que tenha a sua atenção? — Pergunto.

— Só um russo, ele que me encara de um jeito estranho. — Ela diz e pela


forma como ela fala o russo está fazendo muito mais do que apenas mexer
com ela.
— Você está a fim dele!

— Talvez, mas ele é fechado e as vezes ele parece saber mais do que diz,
sem falar que acho que já o vi uma vez, mas não como um construtor e sim
em um terno e algo mais.
— Já pesquisou ele no Google? — Pergunto.

— Não tive coragem.


— Você pesquisa todo mundo, chega ser assustador. — Respondo. —
Pesquise ele ou me passe o nome que eu faço, na verdade me passe agora e
também me diga o motivo de não ter feito isso ainda.
— Primeiro, o nome dele é Izack. Eu não tenho o sobrenome, mas tudo bem
pois foi a minha mãe quem o indicou pra me ajudar.
— Qual é a empresa que ele trabalha?

— Petrov, eles tem negócios por tudo e meus pais são velhos amigos da
minha mãe. — Responde.
O nome da empresa e da família não me é estranho, uma vez quando visitei
Olivia os pais dela receberam a visita do Dimitri Petrov e do filho mais velho
dele, só não me lembro o nome do cara, uma vez que ele era bem fechado.
— Me dá um minuto. — Peço e então abro a parte de pesquisa do meu
celular e coloco Izack Petrov e qual é a minha surpresa quando o filho do
Dimitri Petrov aparece. — Sua mãe não queria que seus irmão cuidassem do
projeto da sua casa?
— Dean desenhou, mas meus irmãos estão cheios de coisas para fazer e
quando minha mãe descobriu, ela me indicou e disse que o tal do Zack era o
cara certo pra a minha obra. — Ela fala, imitando a própria mãe.
Então algumas coisas fazem sentido para mim, Alexa não indicou uma
empresa diferente para ajudar na obra da casa da filha dela, ela não sabotaria
a empresa dos próprios filhos assim, ela simplesmente quer juntas os dois.
Até mesmo porquê a Ana não é o tipo de garota que se encanta por dinheiro,
ela é do tipo que gosta de um homem rústico e meio bruto. Coisa que aposto
que o tipo de serviço que Zack está fazendo praticamente transpira.
Ou, talvez eu esteja ficando louca e Alexa apenas queira uma empresa que
seja boa.

Tenho que ligar para Alexa, se ela quer fazer a Ana se apaixonar, eu vou
querer estar nessa.

— Você ainda está ai? — Ana pergunta e eu tiro minha atenção do celular.

— Ainda estou aqui, desculpe, eu não achei nada sobre ele. — Minto, não
quero que ela descubra por mim esse tipo de merda, não antes deles estarem
apaixonados.
— Eu imaginei que não fosse ter nada, por isso nem perdi o meu tempo. —
Diz.

Vendo a hora, tomo um susto, estamos há bastante tempo no telefone e


depois do dia de hoje, o mínimo que posso fazer para agradecer por tudo o
que o Max me deu, é o jantar.
— Vou fazer a janta e estou te esperando. — Falo.

— Ótimo, estou saindo de casa e já te encontro. — Diz e desliga.

Saio do quarto e vou para a cozinha, corto alguns legumes e cozinho no


vapor com manteiga, enquanto isso tempero alguns bifes e coloco na grelha.
Estou tão distraída que tomo um susto quando me viro e vejo Max sentado do
outro lado da ilha me observando com um sorriso no rosto.
— Você quase me matou de susto. — Digo com a mão no peito.

— Desculpe, eu não percebi que você estava tão distraída. — Fala. — Você
fica fofa quando cozinha.
Sorrio para ele e dou de ombros.

— Eu gosto, é meio terapêutico pra mim. Embora eu quase nunca faça por
causa do meu trabalho. —Cortando algumas folhas de alface, coloco em uma
tigela. — A dor na sua perna melhorou?
— Sim, suas mãos são incríveis. — Ele pisca para mim, quando ouvimos a
campainha. Max olha para mim e eu decido explicar o que está acontecendo.
— Ana me ligou e disse que não tinha como fazer comida, como somos
vizinhas, chamei ela para vir e jantar com a gente. — Explico e ele se levanta.
— Não acho que seja a minha irmã na porta. — Ele reponde se levantando
e indo até ela. — Minha irmã não bate, ela simplesmente entra.
Por mais que eu queira discutir e alegar que é impossível que outra pessoa
esteja na porta, eu sei que ele está certo. Ana não é o tipo de pessoa que bate,
nunca foi.
Fico na cozinha e espero Max ver quem está batendo, mas pouco tempo
depois escuto uma voz masculina irritada;
— Quem diabos é você e o que está fazendo na casa da minha noiva?

Espera, eu ouvi a palavra noiva?

Largo a faca que estou segurando e corro para a porta, quero saber quem
está gritando aos quatro ventos que somos noivos. Chegando lá vejo um
homem bem-vestido, alto, que parece que saiu de uma passadeira de tão
alinhado que está.
— Quem é você? — Pergunto.

— Eu sou seu noivo! — Responde.


— O caralho que é, ela é minha! — Max rebate e eu quero saber como
acabei presa no meio de um concurso de mijo.
A recompensa deles vai ser o que? Mijar em mim como se eu fosse a porra
de uma árvore?

— Vocês dois querem parar! — Grito e os dois calam a boca. — Eu não


sou a sua noiva, nunca te vi na minha vida, então eu sugiro que você volte de
onde saiu e diga aos meus pais que o nosso jantar está cancelado e que eles
podem enfiar a boa vontade deles na bunda.
O homem parece chocado com o que eu acabei de dizer, mas o choque logo
é substituído por um olhar ameaçador.
— Isso não vai ficar assim, guarde as minhas palavras. — Diz. — Seus
pais me deram você e eu não vou embora sem ter o que é meu.
Max dá um passo para a frente, sua postura ameaçadora, pronta para atacar.

— Quer apostar como vai? Eu não sou o tipo de pessoa com quem você
gostaria de mexer. — Ameaça.
— Isso faz de nós dois. — Com isso dito o homem vai embora, quase
derrubando as sacolas que Ana está carregando até a nossa porta de entrada.
— Isso não me pareceu uma coisa boa. — Ela diz.

— Conhece aquele homem? — Pergunto baixinho, enquanto ajudo ela com


as sacolas da nossa confeitaria favorita, que ela trouxe.
Max fica para trás e tranca a porta da frente.

— Tudo o que eu sei é que ele não é boa notícia.


Capítulo 8
Caroline
Ana não me deu muitos detalhes sobre quem era o homem na minha porta e
eu não fiquei insistindo, não quando eu vi a preocupação estampada no rosto
do Max. Ele ficou checando o celular e trocando mensagens, se eu tivesse
que chutar diria que é com algum membro do clube.
Depois de deixar toda a cozinha limpa, Ana e eu nos sentamos na sala junto
com Max, que escolhe um filme de comédia para assistirmos. Mesmo rindo
durante o filme, eu vejo que ele não tira os olhos da porta, como se estivesse
esperando que alguém invadisse a minha casa e me levasse a força.
— Você está esperando alguém? — Pergunto para ele.

— Eu pedi pra minha mãe enviar alguns prospectos do clube para cuidar da
sua casa durante a noite. — Ele fala.
Ana acaba escutando e ri do irmão.

— Não está mais se garantindo, maninho? — Zomba.

— Eu me garanto, assim como eu sei que você se garante, mas não quero
correr nenhum risco, não com a Caroline. — A forma como ele fala é como
se eu fosse alguém importante para ele, alguém que ele ama.
— Bom ponto. — Ela responde então olha a hora e se levanta. — Acho
que vou indo.

— Fique, eu tenho mais um quarto de hóspedes. — Ofereço.


— Não, eu quero estar na minha casa quando o dia amanhecer, é quando eu
tenho a melhor vista.
— Ela pisca para mim e eu me lembro do Zack.

— Quer que eu te deixe em casa? — Pergunto.

— Você não vai sair. — Max dia para mim, e eu pisco surpresa com seu
tom mandão.

— Como é?

— Tem um maluco andando atrás de você graças aos seus pais, e você quer
sair? — Ele rebate.

— Eu posso fazer o que eu quiser! — Digo, colocando a minha mão na


cintura. — Sou uma adulta e você é apenas o meu hóspede.
— Eu sou muito mais que isso, a gente só não está explorando essa merda
ainda. — Diz, imitando a minha postura.
Eu tenho que admitir, a visão do Max com raiva é algo muito sexy. Seu
corpo é grande e todo definido, seus olhos estão escuros, talvez ele não esteja
apenas com raiva, mas com tesão também.
— Você só pode estar louco! — Levanto as mão e tento ignorar Ana, que
está com o celular apontado na nossa direção, gravando a nossa briga.
— Você me deixa louco. — Max rebate. — Eu estou indo pegar as chaves
do meu carro, pra levar a minha irmã para casa, então se você vai a algum
lugar, vai ser no banco do passageiro do meu carro.
Assisto Max se afasta em direção ao quarto no andar de baixo, é quando me
levanto e pego as chaves do meu carro.
— Vamos. — Chamo Ana que salta da cadeira feliz em desafiar o irmão.

Corremos para o meu carro e eu arranco da garagem na mesma hora que o


Max abre a porta da frente da casa. Posso sentir seu olhar zangado e eu sei
que ele estará me esperando para continuar com a nossa briga.
É estranho eu dizer que gosto que ele seja mandão comigo na mesma
intensidade em que gosto de desafiá-lo?
— Meu irmão estará te esperando quando voltar, e ele não estará feliz. —
Ana diz animada.

— E desde quando você teme o seu irmão? — Pergunto.

— Eu nunca, só lamento não estar la pra ver o que vai acontecer. — Ela ri
quando eu fico tensa só de pensar em como Max vai lidar com a minha fuga.
— Você está com tudo em dia ai em baixo?
— ANA! — Grito.
— O que? Sexo com raiva é o melhor. — Oferece.

Olho para ela e dou um sorriso, Ana não é o tipo de garota que faz sexo com
qualquer um, a prova disso é que ela ainda é virgem e segundo ela, não tem
planos para mudar as coisas tão rápido.
— Isso tudo vindo de uma virgem, é uma grande coisa. — Provoco.

— Vai se foder, não acredito que está jogando na minha cara minha
virgindade tardia. — Ela cruza os braços e me encara. — Peça desculpa, sua
vaca.
— Não vou pedir, você está me provocando sobre o seu irmão.
— Eu nunca me senti tão traída como estou me sentindo nesse momento,
as mulheres têm que se unir e não ficar jogando merda assim na cara uma da
outra. — Ela faz beicinho, o que é engraçado nela.
— Certo, eu não vou te provocar sobre a sua virgindade e sim sobre Zack.
— Dou risada quando ela me olha chocada.
— Vaca! Nunca fale sobre aquele troglodita enorme.

— Então, já o viu pelado pra saber que ele é enorme? — Zombo, gostando
de ver a minha amiga me olhando apavorado.
— Eu posso ter entrado no banheiro quando ele estava no banho, mas em
minha defesa, ele não trancou a porta e eu estava de fone. — Diz.
— Sei bem que tipo de fone é esse. — Digo, parando com o carro dou
outro lado da rua, em frente a sua casa.
A gente mal para com o carro quando eu vejo uma sombra se movendo na
porta da frente da Ana, imediatamente penso em ligar o carro e sair dali, mas
mudo de ideia, já que o meu carro tem vidros escuros, e a pessoa não
reconheceria.
— Quem é aquele? — Pergunto para Ana, que se estica no carro para
enxergar.

— Ah meu Deus, o que o Zack está fazendo aqui? — Ela murmura.

— Espera, aquele é o Zack? — Pergunto, abrindo a porta do carro para ir


falar com ele, mas Ana agarra a porta e fecha de volta.
— O que diabos está fazendo?
— O que diabos você está fazendo? Eu quero conhecer ele. — Digo.

Estou doida para ver a reação dele ao me ver, será que ele vai ficar com
medo de eu contar para Ana quem ele realmente é?
— Você vai ficar aqui e voltar pro meu irmão, eu vou sair e ver o que faço
com o senhor eu apareço a hora que eu quiser. — Ela me dá um beijo na
bochecha e sai do carro antes que eu possa protestar.
Não arranco com o carro imediatamente, na verdade eu fico no maior
silêncio para poder ouvir o que eles estão dizendo, quem sabe eu não espere
eles entrar e vá ouvir a conversa em baixo da janela?
— Onde diabos você estava? — Zack pergunta, para Ana apontando para o
meu carro.
— Não é da sua conta, o que você está fazendo aqui? — Ana rebate, mas é
muito tarde e Zack está andando na direção do meu carro, enquanto Ana
sacode os braços atrás dele, me mandando ir embora.
Não querendo ser pega arranco com o carro antes que ele consiga ver quem
está no volante, no caso, eu. O engraçado é que a forma como ele falou com a
Ana, me lembrou muito o pai da Olivia quando estava com ciúmes da mãe
dela.
Será que Zack tem sentimento pela Ana?

Claro que tem! Homens não agem assim quando não gostam de uma
mulher. Mas o que me deixou com a pulga atrás da orelha foi a forma como
ele falou com ela, como se ele já tivesse algum direito sobre ela.
Alexa não faria algo assim, não sem saber do que a Ana gosta.

Paro em um sinal fechado e pego o meu celular, se eu estou certa no que


estou pensando, então a Alexa tem alguma coisa planejada para Ana há
algum tempo.
— Alô?

— Oi Alexa, é a Caroline. Tudo bem? — Pergunto.

— Tudo ótimo, como você está?

— Estou bem também, eu estou ligando pra te convidar pra um almoço,


amanhã. O que acha?
— Perfeito, eu já estava querendo falar com você mesmo. — Fico curiosa
com o que ela pode querer comigo, mas decido ignorar.
Amanhã eu vou descobrir tudo sobre o Zack e Ana, esses dois têm alguma
coisa rolando entre eles e eu odiaria que a minha amiga fugisse dele por um
mal entendido. Até porquê, homens como Zack gostam de uma boa caçada.
— Ótimo. Então a gente se fala amanhã, tchau.

— Tchau, tenha uma boa noite. — Diz e desliga.

Chago em casa e apenas a luz da sala está acesa, será que Max está
acordado me esperando? Talvez ele esteja cansado e tenha ido dormir, penso
enquanto estaciono o carro e caminho pra a porta da frente.
Eu mal tenho tempo de abrir a porta quando sou arrastada para dentro e
presa contra a parede, os lábios do Max estão nos meus e eu não sei o que
está acontecendo comigo, as minhas mãos estão vagando pelo corpo dele.
Cedo de mais ele se afasta de mim e me encara com um sorriso.

— Vai me deixar louco esperar, mas eu vou te respeitar e te dar o tempo


que você precisa. — Diz e vai para o quarto dele.
Eu demoro um tempo para me recuperar e organizar os meus pensamentos,
então eu tranco a casa e vou para o meu quarto, no andar de cima, sozinha.
Infelizmente.

Não sei qual é a do Max, mas ele está obviamente tentando me deixar louca,
com toda sua intensidade e suas palavras meticulosamente calculadas para me
deixar louca de necessidade. Na verdade, se eu tivesse que dizer que sei uma
coisa sobre o Max, é que ele não é mais um menino bobo, e sim um homem
que sabe exatamente o que faz para uma mulher.
Cansada eu tomo um banho rápido e vou para a cama, onde eu rolo a noite
toda sem conseguir dormir.
Obrigado Max, você está me deixando louca!

***

Acordo com o cheiro de bacon e panquecas, e o meu estômago começa a


reclamar de fome. Olho para o relógio ao lado da minha cama e vajo que são
nove horas, logo vou ter o meu almoço com a Alexa.
Ando até o meu banheiro, faço a minha higiene e ainda vestindo minha
camisola, vou em direção a cozinha para encontrar o Max sem camisa na
frente do fogão. Ele está cuidando das panquecas, enquanto o bacon está no
forno, esse é um truque que ele aprendeu com a mãe dele.
— Não sabia que você cozinhava. — Digo me sentando no balcão.

— Com a minha mãe a gente aprende de tudo. — Ele ri. — Como foi sua
noite?

— Boa. — Minto, quando ele se vira pra me olhar.

Seus olhos correm pelo meu rosto e em seguida vão para o meu decote,
tento não me sentir desconfortável com a forma como ele está me olhando. É
engraçado como algumas inseguranças vem a tona quando a gente está
apaixonado por alguém.
Espera! Apaixonada?

— E a sua noite? A cama é boa?

— É apenas uma cama, eu não dou muita bola para isso. — Diz.

— Ok, vai sair hoje? — Pergunto, sabendo que ele tem trabalho.
— Sim, Dean me pediu para cuidar de uma obra para ele, então eu vou dar
uma olhada. — Ele coloca algumas panquecas na minha frente, junto com
uma xícara de café. — E você, algum plano?
— Na verdade, sim. — Respondo e ele me encara curioso. — Sua mãe e eu
vamos almoçar.

— Algum assunto em especial?

— Não, apenas duas mulheres tendo um tempo de mulheres. —


Desconverso.

Max quer me questionar mais, mas eu sei que ele não vai, ele não quer me
fazer ficar desconfortável, e eu sou grata a isso, uma vez que ele e seus
irmãos têm um tipo de conexão especial e eles sempre contam tudo um para o
outro.
Quando Max dá a volta para se sentar ao meu lado, noto que ele está usando
Shorts de basquete que pendem abaixo do seu quadril de uma forma sexy,
que está me fazendo babar como uma maluca.
Max deve interpretar mal o meu olhar, pois ele começa a se levantar;

— Acho melhor por uma calça…

— Não estou te encarando por causa da sua perna, estou na verdade


olhando para o seu quadril.
— Coro ao admitir a verdade, mas eu não podia deixar que ele pensasse
que o meu olhar era de repulsa ou desgosto.
— Você me confunde, Caroline. — Ele diz se sentando de volta e eu não
consigo me segurar, me inclino na direção dele e dou um beijo leve em seus
lábios.
— Acho que somos dois. — Respondo sorrindo e voltando a comer a
minha comida.

É como eu disse, no fim das contas estar apaixonado traz a tona todos os
nossos medos e inseguranças.
Capítulo 9
Caroline
Estou tão nervosa com o meu almoço com a Alexa, é como se eu sentisse
que ela tem muita coisa para me contar e eu não quero saber. Esconder um
segredo da Ana é uma coisa muito grande, e eu não quero ter que escolher
entre ser leal a minha amiga ou não.
Entro no restaurante e vejo que Alexa já está me esperando na nossa mesa,
quando me aproximo dela, vejo ela também parece estar um pouco nervosa.
— Alexa. — Dou um beijo no rosto dela e me sento do outro lado da mesa.

— Como você está? Soube que o Max está ficando na sua casa.

— Ele está, o apartamento dele está com problemas. — Digo. — Mas não
é sobre isso que eu quero falar.
— Então é sobre o que? — Pergunta.

Alexa é uma mulher esperta, ela está sempre três passos a frente de todos,
então não saber o que estou fazendo aqui está a deixando ansiosa.
— Ana me contou sobre esse cara que está trabalhando na casa dela a seu
pedido, ela não entendeu o motivo de você ter indicado uma outra empresa
que não as dos irmãos dela. — Começo e assisto ela beber o vinho. — Então
ela me mandou uma foto do chefe de construção dela e eu o conheço como
Izack Petrov.
Alexa quase cospe o vinho dela por toda mesa.
— Como…

— Eu sou amiga da Olivia Brassanini, e eles tem negócios com os Petrov.


— Digo. — Uma vez eu estava lá e o Zack chegou, mas ele estava usando
um terno caríssimo e não roupas simples como na foto.
— Onde você quer chegar?

— Ontem quando fui levar a Ana para casa, Zack estava lá e ele ficou um
pouco nervoso ao ver ela sair de um carro desconhecido, ele achou que era
um homem. — Digo.
— Era você? — Ela parece aliviada em saber que era eu.
— Sim, a Ana queria fazer ciúmes para ele. — Respondo. — Mas a
questão é, eu conheço homens como Zack e a família dele e eu sei que pra ele
agir como se a Ana fosse dele, é porquê ela é dele.
— Como…

— Vocês tem um acordo. — Digo. — Ana não vai gostar se ela souber,
mesmo que ela goste dele, ela vai ficar com medo e se sentir insegura.
— Não tenho um acordo com ele, Allyssa a mãe dele e eu somos amigas,
Zack é sobrinho da Willow. — Explica. — A Ana e ele se conheceram quando
eram crianças e eles tinham tudo para ficar juntos, então ela parou de querer
viajar e quis ficar mais no clube, eles acabaram se desencontrando.
— E vocês quiseram aproximar eles?

— Não, Zack veio visitar a Willow e viu a Ana, ele então veio me procurar
e pediu ajuda para se aproximar dela. — Explica.
— E a melhor forma de ajudar eles é colocando ele pra fazer obras? Eu
nunca imaginei que chegaria o dia em que um Petrov usaria algo diferente de
um terno sob medida. — Dou risada.
— É pra você ver o que as pessoas fazem por amor, e eu acho que ele ama
ela. — Alexa diz sem pensar.
— Ana também sente alguma coisa por ele, eu sei que ela está lutando por
gostar da perseguição.

— Zack também gosta, e da família a qual ele vem, perseguir a mulher está
no sangue.
— Vamos ver quem vai conseguir o que quer primeiro. — Aposto e Alexa
sorri.

Toda essa situação é diferente do que eu pensei que seria, eu vim aqui
preparada para um casamento arranjado entre famílias e descobri um homem
apaixonado que sabe o que quer e está disposto a tudo para ter a minha
amiga.
Isso sim é um jogo divertido.

—Outra coisa, Ana gosta dele, então você tem que dizer pra ele dar um jeito
de ficar logo com ela. — Aconselho e Alexa sorri.
— Isso vale para o Max também? — Pergunta e eu fico sem jeito. — Qual
é, Caroline? Eu sei que ambos se gostam, meu filho está louco por você há
muito tempo e sei que você sente o mesmo. O que está te impedindo de ir
atrás do meu filho?
Direta como sempre, essa é a Alexa que eu conheço e amo como se fosse
uma mãe.
— Quando seu filho e eu eramos jovens a gente teve um negócio de uma
noite, no outro dia eu descobri que ele estava na verdade apostando com os
garotos da escola quem tiraria a minha virgindade, esse foi um dos motivos
pra que eu saísse correndo da cidade. Eu tinha uma imagem do Max, e depois
do acidente ele me afastou, eu entendi que naquele momento ele precisava de
espaço. — Tomo um gole do meu vinho e volto a falar. — Eu consegui
esquecer a coisa do acidente, mas na nossa adolescência aquilo ficou comigo
por muito tempo, meus pais não me diziam coisas boas e depois eu ouvi
aquilo e me senti ferida, magoada. Agora eu estou conhecendo o Max de
verdade e estou me apaixonando por ele. E por mais que eu me sinta com
medo e insegura, eu admito que não sei por quanto tempo vou conseguir me
segurar. — Admito.
— O meu filho é um homem bom, ele cometeu alguns erros, porém todo
mundo erra. Você não esteve aqui e viu como ele ficou depois que você foi
embora, o meu filho ficou perdido sem você. E outra, muitas mulheres
tentaram conquistar ele, no entanto, ele não se abriu pra ninguém. Ai você
chega e o meu filho, mesmo tendo perdido uma perna volta a ser quem ele
era, eu vejo os olhos dele brilhando cada vez que ele fala de você. O Max te
ama, e ele está disposto a esquecer das próprias inseguranças e lutar por você.
— Eu não sabia de tudo isso, Max nunca me contou. — Admito.

— Max nunca vai fazer com que se sinta obrigada a ficar com ele, se
depender do meu filho, ele vai te esperar até o dia da morte dele. Isso é o
quanto ele te ama. — Alexa é direta, ela me falou coisas que eu nunca esperei
ouvir. — Quando você vai começar a lutar pelo meu filho?
— Estou tentando. — Falo.
— Tente mais, lute mais! Se esconder atrás do medo é a justificativa que os
fracos dão para não sair e lutar pelo que querem. — Diz.
Como sempre Alexa está coberta de razão, ela me contou muita coisa que o
Max não me contou. Eu só gostaria de saber o por que dele não ter me dito
essas coisas?
— Você está certa. — Finalmente digo, percebendo que Alexa está
esperando a minha resposta, e ela sorri.
— Isso não é nenhuma novidade, eu sempre estou certa. — Ela responde.
— Pergunte ao Tayler, o homem está casado comigo há anos e ainda não
percebeu isso.
— Eu acho que ele percebeu, ele só se faz de bobo pra você continuar
provando que é a pessoa certa na relação. — Brinco.
Tayler é apaixonado pela Alexa, ele faz tudo por ela e pelos filhos. Segundo
Ana, os pais dela sempre foram um grude um com o outro, e o Tayler sempre
deixa de lado as coisas que ele está fazendo para garantir que Alexa e os
filhos estejam bem e em segurança.
Esse é um dos motivos pra que ela e o Dean estejam esperando as pessoas
certas, eles não querem perder tempo com alguém que não vai ficar
permanentemente em suas vidas, alguém com quem eles vão apenas se
divertir.
Deixando de lado esses pensamentos, volto a atenção a nossa conversa
sobre o Tayler estar errado, nós duas estamos rindo e conversando enquanto
comemos, quando os meus pais param ao lado da nossa mesa, com um olhar
assassino e a minha mãe cruza os braços.
Parece que esse é o momento em que a máscara que eles colocaram no dia
que em que foram atrás de mim, vai cair e eles vão mostrar a que vieram.
Será que eu conto que já sei do noivado arranjado?

Melhor esperar e deixar que eles caiam na própria armadilha.

— Eu deveria saber que assim que voltasse para a cidade, você correria de
volta para essa gentinha, nem ao menos foi visitar o seu pai e eu, mas essas
pessoas, você corre para ver. — Minha mãe diz, olhando com desprezo para
Alexa que sorri de um jeito assustador. — E não pense que não fiquei
sabendo do que fez ao seu noivo ontem, vamos conversar durante o jantar na
nossa casa.
Essa mulher só pode estar de brincadeira comigo, eu não vou na porcaria da
casa dela, não depois de ontem a noite, e muito menos vou me casar com
algum idiota cheio de dinheiro que vai tirar esses dois da lama.
— Meu noivo? — Dou risada dela. — O único homem com quem um dia
eu vou me casar ainda não me fez o pedido, lamento informar isso para
vocês. E quando ao estar com gentinha, acho que vocês estão enganados, eu
estaria em má companhia se estivesse ao lado de vocês.
— Como você se atreve… — Minha mãe levanta a mão para me dar um
tapa na cara mas eu seguro seu braços.
— A falar com vocês assim? Simples, eu demorei um tempo, mas eu
percebi o tipo de gente que vocês são. Só lamento ter deixado vocês quase
terem me destruído. — Digo, sem me importar com as pessoas a nossa volta.
— Isso é jeito de falar com a sua mãe em público? — Meu pai
praticamente grita as palavras, sempre o pau mandado dela.
— Esse sempre foi o jeito que vocês dois me tratarem, então não vejo
motivos para ser diferente.
— Respondo. — E como vocês se atrevem a mandar um completo
desconhecido até a minha casa e dizer que é meu noivo?
— Nícolas é um amigo da família, e está disposto a se casar com você para
nos salvar da ruína.
— Meu pai sempre pensando no dinheiro, assim como a minha mãe.

— Nossa família? — Dou risada. — Vocês dois não tem sido a minha
família há anos, na verdade, desde de que eu nasci.
— Se perdermos tudo você vai ficar sem herança, é isso o que quer, morrer
pobre? — Minha mãe me olha como se ela tivesse acabado de me descrever o
meu pior pesadelo.
— É ai que vocês se enganam, eu tenho dinheiro, eu trabalhei por esse
dinheiro e mesmo que não tivesse, não me importo com essas coisas. Prefiro
morrer pobre do que ter que me casar com alguém pra ajudar vocês dois. —
Estou lutando para controlar a minha raiva, não sei como pude aguentar esses
dois durante a minha infância e adolescência. — Ah, e antes que eu me
esqueça, vocês podem cancelar o jantar, a não ser que tenham outra filha que
eu não saiba. — Falo e faço sinal com a mão para que eles saiam.
— Não pensem que esse seu comportamento vai ficar assim, você vai se
casar com o Nícolas nem que eu tenha que te arrastar até o altar. — Minha
mãe ameaça.
— Eu quero ver você tentar. — Uma voz irritada vem de trás deles e eu
vejo Max, ali parado.
— Você e a sua mãe deviam voltar do prostíbulo de onde saíram e deixar
que nós cuidemos da nossa filha. — Meu pai diz, mas Max apenas ri.
Quando eu penso que tudo vai ficar bem, Max dá um soco na cara do meu
pai, que cai no chão com a mão no rosto, enquanto a minha mãe se abaixa
para ajudá-lo a se levantar.
— Você vai se arrepender de fazer isso, seu aleijado. — Minha mãe diz, e
dessa vez quem não aguenta essa merda sou eu, e sem pensar dou um soco na
cara da minha mãe.
Ambos os meus pais me olham chocados com o que eu acabei de fazer, e
por mais que eu esteja com a minha mão doendo, eu admito que valeu muito
a pena. Ninguém vai ofender as pessoas que eu amo, nem mesmo os meus
próprios pais.
Minha mãe e meu pai saem bufando e segurando seus narizes, as pessoas a
nossa volta rindo da cara deles. Se tem uma coisa que não muda é o quanto
eles são odiados pelas pessoas dessa cidade, graças a Deus as mesmas
pessoas que os odeiam, sempre foram gentis comigo.
— Ai está, a confiança que você precisava. — Alexa diz baixinho pro Max
não ouvir quando eu volto a minha atenção para ela. — Agora só resta saber
como você vai seduzir o meu filho.
— Vamos ver aonde as coisas vão parar. — Digo, sem coragem de admitir
que eu ainda não faço ideia do que vou fazer para seduzir o Max.
Max está olhando entre nós duas, curioso com o que estamos cochichando,
ele se senta ao meu lado na mesa e sua mão vai parar na minha coxa.
— Como está indo o almoço de vocês? — Max pergunta, fazendo sinal
para o garçom.

— Muito bem, na verdade. — Respondo.

— Mesmo com os seus pais aqui? — Max parece um pouco incerto com a
minha resposta.

— Mesmo com eles aqui, eu já estava pensando em ir e falar com eles. —


Admito. — Eles apenas encurtaram a minha viagem.
— Eu não gosto de você perto deles. — Ele diz.

— E eu não estarei mais, essa foi a última vez que falei com eles.

Olho para Alexa e vejo que ela está nos observando com um sorriso,
enquanto Max faz o pedido dele, ela pega a bolsa e se levanta.
— Eu vou indo, tenho uma reunião com um cliente novo e não quero em
atrasar. — Ela diz e depois de dar um beijo no meu rosto e um no do filho, ela
sai.
Max assiste a mãe sair do restaurante, para só então se virar para mim e me
encarar, ele quer respostas, e eu não vou dar nenhuma.
— Então?
— Então o que? — Pergunto.

— O que você e a minha mãe tanto falaram?

— Coisas de mulher, você sabe. — Pisco para ele, que sorri.

— Você me confunde, Caroline. — Ele repete a mesma coisa que me disse


ontem a noite.

— Eu sei que faço, e eu quero mudar isso. — Respondo.

— Como?

Sem dizer mais nada, eu puxo Max para um beijo, antes que eu consiga
pensar onde estamos, ele está aprofundando. Nós só nos afastamos quando
escutamos um pigarrear na mesa ao lado e eu me afasto para ver uma senhora
e um senhor sentados.
— Em casa a gente conversa. — Ele diz.
— Em casa eu planejo fazer outras coisas com você. — Seguro a minha
risada quando Max engasga com a bebida.
Parece que eu descobri um novo passatempo, fazer o Max sofrer.
Capítulo 10
Caroline
Max leva um tempo para se recuperar do que eu disse, e aproveito esse
tempo para comer um pouco da minha comida e beber o meu vinho. Pela
primeira vez em um longo tempo estou feliz comigo mesma, me sentindo em
paz e tendo a certeza de que eu sou o suficiente para alguém.
Conheço a família do Max há muito tempo e eu sei que eles nunca fazem ou
dizem algo que não querem ou sentem. Se Max não gostasse de mim, ele
estaria muito longe e não arrumando desculpas para morar na minha casa.
— Então, como foi na obra? — Pergunto e ele me encara como se eu
tivesse duas cabeças.

— Foi bem, o pessoal está adiantado. — Ele responde.

— Essa é a obra que você falou que é da minha amiga?

— Não, essa é a construção da clínica comunitária que alguns amigos da


minha mãe estão construindo. — Explica.
— Isso é muito legal, e já tem um prazo pra ela ficar pronta?

— Dentro de um mês e meio vamos finalizar a parte de construção, ai vão


começar a instalar equipamentos e os móveis. — Explica.
A comida do Max chega e ele começa a comer, enquanto nós conversamos.

— E já tem voluntários? Sei que isso é organizado antecipadamente. — Já


trabelhei como voluntária, na verdade essa é uma das minhas paixões.
— Acho que ainda não, sendo sincero, não tenho muitos detalhes sobre
isso. — Diz. — Eu sou apenas o engenheiro.
— Verdade, eu vou falar sobre isso com a sua mãe, ela deve saber me
responder.

— Sobre essas suas conversas com a minha mãe…

— Sim? — Olho pra ele usando a minha cara de inocente.

— Não vai mesmo me dizer o que estavam falando? — Pergunta.

— Eu já disse, coisas de mulher. — Respondo.

Eu poderia contar pra ele sobre a Ana, mas prometi que me manteria calada
e sei que se Max ou Dean souberem o que está acontecendo, eles vão surtar e
tentar interferir nas coisas, talvez até afastar a Ana e o Zack.
— Geralmente quando a minha mãe e irmã dizem isso uma delas acaba em
uma enrascada. — Explica. — Eu só quero saber pra ficar atento com você.
Dou risada da desculpa que ele me dá.

— Se algo acontecer eu mesma vou pedir ajuda pra você, fique tranquilo.

Max ainda está inseguro com o que eu disse, no entanto, eu entendo. Ele
ainda não sabe o que se passou na minha cabeça nas últimas horas. Droga,
desde ontem a noite tudo o que eu consigo pensar é em como ele me faz
sentir segura em seus braços.
— Mesmo?

— Eu prometo, sou uma nova pessoa. — Respondo com um sorriso e ele


para de comer e me encara.
— Sério?

Sem responder eu dou risada, como eu pude pensar que tudo bem levar as
coisas entre nós devagar?
— Estou começando a achar que você tem algum problema comigo. —
Provoco. — Mas, tudo bem, quando a gente chegar em casa a gente pode
resolver de outras formas.
Max engasga com a bebida e eu dou tapinhas em suas costas, enquanto luto
contra a minha risada, quando uma mulher se aproxima da nossa mesa. Ela
nos olha de um jeito maldoso, cheio de desgosto, e em seguida se afasta pra ir
pra própria mesa.
Faço de conta que não percebi e continuo o que estou fazendo.
— Se você continuar a dizer coisas como essa, nós não vamos terminar o
almoço. — Max diz.

— Correção, você não terminará o almoço. — Respondo e ele larga o garfo


e pega a carteira.

— O que está fazendo?

— Pagando a conta e te levando para casa, já está mais do que na hora da


gente ir embora. — Diz.
— E a sua comida?

— Eu vou comer outra coisa em casa, fique tranquila. — Ele pisca pra
mim e me arrasta para fora do restaurante.
— Não acha melhor você ir mais devagar?

— Achei que fosse isso que você queria…


Reviro os olhos, ele acha que eu estou falando sobre a gente, quando na
verdade estou falando sobre ele pegar leve com sua perna.
— Não estou falando disso e sim de pegar leve com a sua perna, não corra.
— Explico.

— Ah, certo. — O olhar confuso e magoado em seus olhos se vai. — Não


estou com dor na perna, acho que se a gente não correr, outra coisa em mim
vai ficar com mais dor.
Chegamos no estacionamento e eu vejo seu carro estacionado ao lado do
meu, eu não quero ir pra casa separada dele, mas também sei que se não levar
ele agora, mais tarde eu vou ter um trabalhão pra vir buscar.
— Tenho que ir no meu carro. — Falo pra ele.

— Deixe o seu carro aqui.

— Não posso! Podem me ligar do hospital com alguma emergência e como


vou fazer? — Pergunto.
— Deixe aqui, mais tarde eu peço pra um dos meus primos vir buscar. —
Fala.

— Ok.

Eu não vou discutir que isso é mais trabalho, não quando eu quero muito
ficar perto dele. Max me ajuda a entrar em sua caminhonete e em seguida dá
a volta e sobe no banco do motorista, em poucos minutos estamos na estrada
a caminho da minha casa.
Eu tenho que admitir que por mais excitada que eu esteja, um pouco de
medo e insegurança bate em mim, porém, me recuso a deixar esses
sentimentos assumirem e me privar de algo tão bom.
É com esse tipo de pensamento que eu mantenho a minha merda no lugar e
quando chegamos em casa, sou a primeira a saltar do carro. Max me lança
um olhar irritado, ele não gostou que eu desci do carro sem esperar por ele,
desde quando ele faz isso pra alguém?
— O que foi? — Pergunto, fingindo não saber o motivo da sua irritação.

— Eu quero abrir a porta pra você, então da próxima vez, espere por mim.

— Eu sou perfeitamente capaz de fazer isso. — Digo.

— Sei que é, mas eu quero mostrar com gestos o quanto você é importante
pra mim. — Explica.

— Eu me sinto desconfortável. — Admito.

— Não precisa, eu sou seu e quero fazer tudo o que estiver ao meu alcance
pra te deixar feliz.

Eu devo ser muito idiota pra ficar toda derretida com essas palavras dele,
talvez eu até volte para o carro e deixe ele abrir a porta pra mim agora. O
pensamento de voltar pro carro logo fica pra
Trás quando eu vejo o volume em suas calças, nós não podemos perder
tempo discutindo coisas idiotas como quem vai abrir a porta do carro, quando
ambos temos algo muito melhor pra fazer.
— Quer saber? — Pergunto com os braços cruzados.

— O que?

— Estamos perdendo tempo aqui. — Respondo e então puxo ele pra um


beijo, quando me afasto, saio correndo na direção da casa e abro a porta.
Não faço ideia de como o Max pode ser tão rápido, mas antes que eu
perceba, ele está atrás de mim me erguendo em seus braços e me carregando
em direção ao seu quarto no final do corredor.
— Como você…

— Achei que era hora de parar de perder tempo. — Ele responde, no


momento que me joga na cama.
— Você está roubando a minha ideia. — Reclamo, me sentando na cama e
tirando a minha camisa e em seguida o sutiã.
— Agora estamos brigando sobre ideias? — Max pergunta, abrindo as
calças.

Nós dois caímos na risada ao mesmo tempo, mas logo somos interrompidos
por uma voz vagamente familiar.
— Olha que fofo, vocês brigam até na hora de foder.

Max e eu pulamos, em seguida ele corre pegar a camiseta que ele descartou
no chão, e lança ela pra mim. Pego ela e me cubro, em seguida me levando
para encontrar Ana sentada na minha varanda com uma garrafa de cerveja na
mão.
— Que porra você tá fazendo aqui? — Max praticamente grita com ela.

— Estou garantindo que a minha grama seja cortada por uma pessoa que
não vai ser eu. — Ana responde.
— Como?

Max está confuso quanto a isso, mas eu sei bem o que está se passando
aqui. Será que o prazo dessa aposta entre ela e o Dean já não passou?
— Achei que o prazo da aposta já tinha acabado. — Respondo, ignorando o
olhar que o Max me lança.
— Nós decidimos fazer algumas mudanças, e agora eu estou aqui,
cuidando da sua periquita e garantindo que o meu irmão tarado não faça
nada. — Ela sorri e toma um pouco da cerveja.
— Você sabe do que a minha irmã está falando? — Max me pergunta.

— Ela e o Dean fizeram uma aposta maluca sobre nós dois tendo sexo e
serviços domésticos. — Explico.
— Seus dois fodidos, é melhor pararem com essa merda! — Max está além
da raiva. — E eu sugiro que saia daqui.
— Não fica irritado, maninho. — Ana provoca.

— Fica calmo, ela já está saindo daqui. — Digo, fazendo um sinal pra Ana
com a cabeça.

Ana sorri e se levanta da cadeira, ela faz um sinal como quem diz “estou de
olho” e sai do quarto; no momento em que ela sai, eu caio na cama rindo
como uma louca. Como a gente não percebeu ela ali?
— Não tem graça! — Max ainda está surtando. — Mais um pouco e a
minha irmã quase vê o meu pau, e nós dois teríamos um trauma pra vida.
Eu não consigo me ajudar e rio ainda mais.

— Meu Deus. — Digo, tentando recuperar o folego.

— Vai dando risada, se depender dos meus irmãos a gente não vai transar
nunca. — Ele fala e eu paro de rir. — Ou você acha que eles vão parar com
essa merda?
— Eles vão parar, eu mesma vou falar com a Ana.

— Ana é uma versão nova e atualizada da minha mãe, nesse momento a


minha irmã deve estar se mudando pra sua casa pra empatar a nossa foda.
Max tem razão sobre os irmãos dele serem impossíveis, mas o que ele não
sabe é que eu posso falar com Zack, aposto que ele vai amar sequestrar a Ana
por um tempo. E quanto ao Dean, preciso falar com a Olivia, se a obra que o
Dean está cuidando, for dela, a minha amiga vai me ajudar infernizando a
vida do meu amigo.
— Deixa comigo, eu vou cuidar de tudo. — Me levanto e dou um beijo
nele.

— O que você vai fazer? — Ele pergunta me olhando pegar o meu celular.

— Resolver os nossos problemas, — pisco pra ele. — Não se vista, em


alguns minutos nós vamos retomar de onde paramos.
Enquanto pego o meu telefone e procuro os números das duas pessoas que
podem me ajudar nesse momento, penso em quão rápido eu deixei minhas
dúvidas pra trás e me tornei uma mulher mais confiante.
Estou aprendendo a me amar e a confiar em mim mesma!
Capítulo 11
Caroline
Assim que chego na cozinha, me deparo com a Ana mexendo na minha
geladeira. A minha amiga acabou de passar dos limites e por mais que eu ame
ela, nós duas sabemos que é melhor ela e o Dean deixarem a minha periquita
em paz.
— Parece que o meu plano deu certo. — Ela diz, enquanto eu começo a
digitar uma mensagem pro Zack.
Por favor não me perguntem como eu consegui o número dele, sendo que
nós mal nos falamos quando ele visitou a família da Olivia.
Eu; Oi Zack, aqui é a Caroline, nós nos conhecemos na casa da Olivia,
lembra de mim?

Eu não sei quanto tempo vai demorar pra ele me responder, muito menos se
ele vai me responder, será que eu falo pro Max se vestir? Talvez seja…
Zack; O que você quer?

Eu; Eu sou amiga da Ana, queria saber se você pode vir buscar ela na
minha casa. Eu soube pela Alexa que você está interessado nela e pesei em te
dar uma ajuda.
Zack; Me mande seu endereço, estou indo buscar ela.

Digito o meu endereço rapidamente e em seguida encontro o número da


Olivia, faz tanto tempo que não nos vemos.
Eu; Oi bebê, tudo bem?
Oli; Tudo ótimo, você não vai acreditar nas novidades que eu tenho.

Essa é a Olivia que eu tanto amo, a minha amiga é tão aleatória que muitas
vezes ela vem pedir desculpas por achar que falou alguma grosseria, quando
na verdade ela é bem fofa.
Eu; Deixa eu adivinhar, você está se mudando para Hagerstown?

Oli; Sua vaca, como descobriu?

Eu; Simples, meu melhor amigo Dean é o arquiteto que o seu pai
contratou.

Oli; Espera! Aquele gostoso?

Eu: Vocês já se viram?

Oli; Não, mas eu fui pesquisar a empresa dele e do irmão, e tinha uma foto
lá.
Eu; Sabe que eles são gêmeos, né? Emfim, eu preciso da sua ajuda com ele.

Oli; Fala.

Eu; Preciso que você fique no pé dele, na verdade eu acho que vocês vão
combinar muito.

Oli; Amanhã eu chego na cidade, pode deixar que eu vou ficar no pé dele.

Eu; Quando chegar me avisa que eu te pego no aeroporto, você pode ficar
na minha casa até a sua obra ficar pronta.
Oli; Ótimo, meu sonho é ser vela sua e do irmão dele. Preciso ir, beijos.

Amanhã eu vou poder apresentar Ana e Olivia, quero só ver como as


minhas duas amigas vão se dar. Do jeito que são loucas, elas vão se dar muito
bem.
—Que sorriso estranho é esse? — Ana pergunta. — Não parece ser um
sorriso de foda, a não ser que meu irmão seja o flash do sexo.
Reviro meus olhos pro comentário feito por ela.

— Olivia, a amiga de quem eu te falei, ela está se mudando pra cá e vai


chegar amanhã, — Digo.

— Então amanhã você vai me esquecer de novo. — Reclama.

— Nunca! Vocês duas são minhas melhores amigas e eu quero que se


conheçam, do jeito que ambas são parecidas, acho que eu é que tenho que
ficar com medo de me excluírem. — Respondo.
— Cadela, você sabe que isso nunca vai acontecer. — Ana sorri, e vem até
mim no mesmo momento que a minha campainha toca.
— Quem será? — Pergunto, me fazendo de boba.

— Essa é a sua casa, se você não sabe imagina eu. — Essa é a minha
amiga, suave como coice de mula.
— Você poderia ir atender pra mim. — Peço.

— Eu vou. — Diz, caminhando pra porta.

Não posso deixar de perceber que o sorriso dela some quando ela vê quem
está parado do outro lado da minha porta, então como se sentindo o meu
olhar, Ana se vira pra mim e me lança um olhar acusador.
— Sua cadela traidora. — Ela grita, quando Zack pega ela e a joga por
cima do ombro.

— Cadela empata foda, agora estamos quites! — Grito de volta.


Depois de me livrar da Ana e garantir que o Dean fique bem ocupado, volto
para o quarto e encontro Max de cueca em cima da cama. A visão de seu
corpo definido mexe comigo em mais sentidos do que deveriam ser normais.
Noto que ele está me olhando desconfiado pensando que a irmã vai entrar
no quarto e nos interromper novamente, mal sabe ele que isso não vai
acontecer.
— Tire a curca. — Falo, enquanto tiro a camiseta dele e fico só de
calcinha.

— Minha irmã…

— Ela já foi, agora vamos nos divertir. — Falo e ele sorri em seguida tira a
cueca e joga ela do outro lado do quarto.
A visão de seu pau duro me enche de vontade de chupá-lo.

Subo na cama e rastejo entre suas pernas até que o meu rosto fica a
centímetros de seu pau, em seguida passo a minha língua na ponta e aprecio o
gemido de prazer que ele solta, em seguida levo quase todo seu pau na minha
boca, até que sinto ele bater no fundo da minha gargante. É quando eu
começo a me mover mais rápido.
As mãos do Max vão até o meu cabelo e ele me puxa, olhando em seus
olhos eu desço e volto a dar a ele o melhor boquete de todos os tempos, desse
vez chupando seu saco, e em seguida voltando a minha atenção para o pênis.
— Porra, que boca gostosa. — Ele geme, e movimenta o quadril em
direção ao meu rosto.
Os movimentos dele ficam mais lentos e firmes na medida em que ele está
perto de gozar, quando me afasto e rodo a língua sobre a cabeça de seu pau,
ele goza na minha boca. Ainda estou chupando o pau dele, quando Max se
movimenta rapidamente e nos vira na cama, com ele ficando em cima de
mim.
Ele fica ao meu lado, sua boca nos meus seios enquanto sua mão corre pelo
meu corpo, hora apertando o meu outro seio, hora indo até a minha buceta e
me acariciando por cima da calcinha, brincando com o meu clitóris. Ele se
mantém assim, até puxa a minha calcinha pro lado e mete um dedo dentro de
mim em seguida ele tira o dedo e corre ele por cima do meu clitóris.
É nesse momento que ele vai descendo pelo meu corpo e começa a me
chupar, uma das minhas mãos vai para o cabelo dele, enquanto com a outra
eu acaricio os meus seios. Ele brinca com a língua traçando ela várias vezes
no meu clitóris, em seguida ele suga. A forma como ele me tortura me faz ver
estrelas, e em questão de segundos eu estou gozando em sua boca.
— Você está querendo me matar? — Pergunto, lutando pra recuperar o
folego.
— Você ainda não viu nada, tenho muitas coisas planejadas pra você. —
Responde. — Fica de quatro. — Manda, e eu imediatamente obedeço.
Assim que fico de quatro, sinto o pau dele cutucar a entrada da minha
buceta, em seguida ele entra com tudo dentro de mim.
Eu não vou mentir, a sensação é ótima e eu não vejo a hora de experimentar
tudo o que ele tem pra me mostrar. Max está entrando e saindo de mim com
força, ele me dá um tapa na bunda e eu grito com um misto de surpresa e
prazer, e então acabo gozando. Espero que Max me siga, mas ele continua a
entrar em mim, e me surpreende ao me puxar e colar os nossos corpos, e
depois que eu gozo mais uma vez, ele goza dentro de mim e ambos caímos
exaustos.
— Nós não usamos camisinha. — Falo, enquanto luto para recuperar o
meu folego.

— Eu estou limpo. — Ele diz e eu acredito.

— Também estou, mas a questão não é só essa. — Lembro. — Eu poderia


ficar grávida.

— Poderia?

— Não agora, pois eu tomo anticoncepcional, mas se eu não tomasse eu…

— Não me importo em ter um filho com você. — Ele me corta.

— Eu também não, mas estamos nos conhecendo e eu quero esperar antes


de acabar grávida. — Explico.
— Tem razão. — Ele diz, e então somos interrompidos pelo telefone dele.

— Atenda, enquanto vou preparar alguma coisa pra gente comer. — Digo e
me levanto, colocando a camiseta dele de volta e saindo do quarto.
Pego algumas coisas na geladeira e começo a preparar um sanduíche,
quando Max entra na cozinha, ele está pálido.
— Tudo bem? — Pergunto indo pro lado dele e segurando suas mãos.

— Meu primo está no hospital, ele está ferido. — Diz.

— O que aconteceu com ele? Qual é o estado dele?

— Ele está bem, com algumas queimaduras, mas bem. — Responde.

— Certo, mas como ele se queimou?

— Seu carro, ele foi pegar o seu carro e assim que ele abriu a porta ouviu
um clique, ele conseguiu sair correndo antes do seu carro explodir.
Por um momento eu sinto como se eu fosse desmaiar, o primo dele quase
foi morto por minha culpa.
— Não é culpa sua. — Max lê a minha expressão. — Algum fodido está
tentando te matar, e isso não é culpa sua!
— Como você pode achar isso? Seu primo quase morreu por minha causa!
— Grito.

— Já pensou que se a gente não tivesse vindo no meu carro, você estaria
morta? Não vou conseguir te ver sair por aquela porta e pensar que alguma
coisa ruim pode te acontecer.
— Max, coisas ruins acontecem o tempo todo. — Lembro. — Não vou
ficar aqui com medo de algo assim.
— Você precisa se cuidar.

— E eu vou, vou ir pro trabalho de Uber e…

— Eu vou te levar pro trabalho e vou te buscar todos os dias. Você não sai
daquele hospital sem me avidar ou avisar o prospecto que eu vou por atrás de
você. — Max mandão é uma coisa sexy.
— Ok. Agora nós podemos nos trocar pra que eu possa ir verificar o seu
primo no hospital?

— Sim.

Por mais que eu tenha um sorriso no meu rosto enquanto nos trocamos, e eu
finja que tudo está bem quando entramos no carro do Max, e ele dirige a
caminho do hospital, não posso deixar de lado a sensação de que algo ruim
está pra acontecer e que isso foi um aviso.
A única questão é, quem estaria tão disposto a me matar que plantaria uma
bomba no meu carro em plena luz do dia e em um estacionamento lotado?
Capítulo 12
Max
O caminho até o hospital é demorado e Caroline não diz nenhuma palavra,
me deixando sem saber o que fazer ou dizer. Por mais que eu queira
tranquilizá-la, sei que um pouco de medo vai mantê-la segura das merdas que
vem pela frente.
Não consigo deixar de lado o sentimento estranho de que aquilo foi apenas
um aviso. Afinal, uma bomba com temporizador seria arriscada, ela poderia
explodir sem que a Caroline estivesse no carro, enquanto uma bomba com
um detonador, explodiria na hora que o sinal fosse enviado. Só não entendo
como meu primo conseguiu escapar da explosão, a não ser que fosse um
aviso, um que seria ouvido claramente pelas pessoas próximas da minha
mulher.
O que me leva ao ponto que essa pessoa pode querer ela fora da cidade, ou
me atingir.

— O que você está pensando? — Caroline me pega de surpresa ao


perguntar.

— Em quem pode estar por trás disso, não sou um grande especialista
nessas coisas, mas me parece que isso foi um aviso. — Digo.
Quero que a Caroline saiba exatamente o que está acontecendo, pra que ela
tenha ideia da gravidade dessa situação, e o quão importante é que ela se
mantenha perto das pessoas que vão protegê-la e garantir que ela chegue em
casa viva no fim do dia.
— Por que? — Ela murmura, falando consigo mesma. — Eu mal tive uma
vida social desde que cheguei na cidade, e então as coisas começaram a
acontecer e tudo ao mesmo tempo.
— Não precisa de um motivo, as pessoas são fodidas e usam qualquer
coisa para virarem malucos perseguidores. — Explico.
— Tem razão. — Ela volta a ficar em silêncio quando chegamos no
hospital.

Sem me dar tempo para ajudá-la a descer do carro, Caroline sai e caminha
até a frete do carro, esperando por mim. Quando paro ao lado dela, ela segura
a minha mão e entramos juntos no hospital, ganhando alguns olhares curiosos
de enfermeiras e funcionários.
— Seus amigos estão curiosos sobre a gente. — Digo.

— Talvez, eles são todos bem curiosos quando o assunto é a vida pessoal
de uma médica que aparentemente vive no trabalho. — Ri.
— Ainda bem que estou aqui para te ajudar a mudar isso. — Provoco,
quando uma mulher se aproxima da gente.
— Achei que estivesse de folga. — A mulher fala.

— Oi Lizzy, na verdade eu estou aqui com o meu namorado, o primo dele


estava na explosão e foi a vítima que trouxeram pra cá. — Caroline é direta.
— Dylan? — Pergunta a mulher me olhando.

— Sim.

— Ele ainda está sendo cuidado pelo médico responsável do caso. — Lizzy
responde.

— Quem?

— Ben está cuidando dele.

— Ben? — Caroline pede confusa.

— Ele é novo e parece ser um bom médico. — A mulher diz isso meio a
contragosto.

— Parece? — Pergunto, me intrometendo.

— Ele é um tanto excêntrico e…

— Eu quero dar uma olhada no Dylan. — Carolina a corta.


— Não acho que seria…

— Ah, mais é muito apropriado. — Eu falo. — Toda a minha família confia


na Caroline como médica, veja bem, ela foi a pessoa que cuidou de mim e da
minha irmã aqui, então todos sabemos o potencial dela.
— Tudo bem. — Lizzy diz e faz um sinal pra Carol a seguir.

— Eu já trago notícias dele pra você e sua família. — Ela murmura e então
corre atrás da outra mulher.
Enquanto Caroline vai cuidar do meu primo, ando até a sala de emergência
para encontrar toda a minha família e alguns outros membros do clube
lotando o lugar. Minha mãe e irmã estão andando de um lado para o outro
falando no celular, o meu pai está falando com meu tio Alek que
provavelmente vai entrar em contato com o pessoal do FBI dele.
Esse é o momento de respostas, não importa quem era o alvo da bomba, o
que importa é que estamos todos prontos para caçar essa pessoa e ensiná-la
uma lição que ela vai levar para o túmulo.
— Cade a Caroline? — Dean pergunta, se levantando do lugar onde estava
sentado ao lado da tia Claire.
— Ela foi ajudar o Dylan, parece que o médico que estava o atendendo é
novo aqui e ela queria ver como ele estava. — Explico.
— Ela é uma boa garota, você precisa cuidar dela. — Claire diz.

A tia Claire é a mãe do Dylan, ela e o tio Bishop são ótimos pais e sempre
fizeram de tudo pra que os filhos soubessem que são amados.
— Eu vou, mas fique calma. — Peço. — Você sabe como ele estava
quando o trouxeram pra cá?

— Não, quando chegamos aqui ninguém sabia de nada. — Bishop diz.

— Alguém está cuidando da cena do crime? — Pergunto.

— Seus avôs, Beno e Archer estão gostando desse negócio de unir forças e
desde então não param de meter nos assuntos. — Meu pai diz.
— Não é de se admirar, o vovô não ia passar muito tempo longe do clube.
— Dou risada. — Esse clube é a paixão dele! E com eles lá eu duvido que
alguém vai tentar foder com a cena do crime.
— Eu gosto do novo Xerife, ele é competente e gosta das coisas na linha,
também não tem medo de sair dela quando acha necessário. — Alek elogia.
— Verdade. — Todos concordamos.

— Agora, garoto. — Alek me encara. — Derrame tudo o que sabe, nós


vamos te ajudar com essa merda.
— Vou cuidar disso sozinho…
— Não! — Meu pai fala usando o tom duro dele, o mesmo tom que ele
usava quando passávamos dos limites. — Seja quem for que está atrás da sua
garota, não se importa em ferir as pessoas que estão por perto. Sugiro que
você aceite a nossa ajuda ou eu vou colocar sua mãe e a sua irmã no seu pé.
— Ok.

Quando eu digo isso não é inteiramente por medo da minha mãe ou por
estar puto com a Ana desde que ela decidiu se tornar uma empata foda, e sim
por querer eliminar o mais rápido possível qualquer coisa que ameace a
Caroline.
— Parece que temos mais alguém no clube das bocetas chico…

— Como é que é? — Claire corta o que o meu tio Bishop está prestes a
dizer.
— Era uma brincadeira. — Ele se defende, enquanto meu pai e eu olhamos
para o lado segurando o riso.
— É bom que seja mesmo, não estou no clima pra discutir com ninguém.
— Ela fala no momento em que as portas se abrem e Caroline aparece.
Todos se aproximam dela, curiosos para saber o estado do Dylan.

— Como ele está? — Meu tio rosna e eu dou um olhar de advertência pra
ele.

— Ele sofreu algumas queimaduras de segundo grau no rosto, por isso está
enfaixado. — Caroline explica. — O que está nos deixando preocupados são
as queimaduras de terceiro grau nas costas.
— São muitas?

— Não, mas a gente sempre se preocupa com a possibilidade do paciente


pegar alguma infecção e alguma bactéria, então ele precisa ficar em
observação e tomar os remédios no horário certo.
— Explica.

— Em quanto tempo ele vai ter alta? — Pergunto.

— Em dois dias, talvez. Tudo depende dos cuidados.

— Vou ficar com ele e cuidar do meu filho.

— Infelizmente você só vai poder ver ele, é melhor mantê-lo em um


ambiente esterilizado, pra evitar qualquer imprevisto. — Avisa.
— Você vai ser a médica responsável por ele? — Meu pai pergunta.

— Não, eu estava conversando com o doutor Ben, e ele é mais do que


capacitado para cuidar do Dylan, na verdade ele é uma ótima escolha. —
Garante.
— Se ele é o médico do meu filho, então por que ele não está aqui? —
Pergunta Bishop.

— Eu estava terminando de dosar a medicação dele, minha colega aqui


disse que viria tranquilizar a família. — O tal Ben diz e eu quero socar a cara
dele, o desgraçado olha para Caroline como se ele gostasse dela e eu não
gosto disso.
Sem contar que o tal Ben parece um maldito modelo, com olhos azuis,
óculos estilo nerd, a única coisa que foge da imagem é o corpo musculoso.
Que tipo de médico tem tempo pra malhar?
— Então o meu filho está correndo perigo? — Claire diz.

— Todos nós corremos riscos o tempo todo, as bactérias e infecções estão


por ai. O que acontece é que seu filho sofreu queimaduras e elas nos deixam
mais expostos e vulneráveis a essas coisas.
Pra sorte dele, estamos em um hospital capacitado que tem quartos isolados
e desinfetados. Seu filho está me boas mãos, vou cuidar dele e garantir que
tudo fique bem. — Eu tenho que admitir que ele parece ser um bom médico.
— Caroline e eu vamos trabalhar lado a lado para garantir que Dylan
melhore. E se tudo ocorrer bem, vamos dar alta para ele em dois dias.
Dessa última parte eu já não gostei, o que diabos esse cara quer trabalhando
lado a lado com a minha mulher?
— Muito obrigado. — Meu tio agradece e todos em volta concordam.

— Não estou fazendo nada além do meu trabalho. Vou liberar a visita para
ele, mas apenas dois de cada vez e cinco minutos cada. — Diz. — E todos
devem tomar os devidos cuidados.
— Claro.

Quando Ben se afasta, eu puxo Caroline pra perto de mim e a abraço.

— Pelo que a outra mulher disse, achei que ele era um idiota. —
Resmungo.

— Foi o meu pensamento também, mas quando entrei no quarto, ele estava
orientando todos a mover o Dylan pra um quarto todo esterilizado e limitando
a entrada de pessoas lá. — Explica.
— Então entendi que Ben é cuidadoso e pensa em todas as possibilidades
entes que algo pior aconteça, e eu gosto de trabalhar com pessoas como ele.
Concordo com ela, esse hospital está cheio de idiotas que acham que sabem
tudo, ter médicos como Carolina e Ben é um grande avanço para esse lugar.
— Caroline, que bom que você está bem. — Minha mãe puxa ela pra um
abraço.

— Obrigada, embora eu não goste de pensar que outra pessoa se feriu no


meu lugar. — Ela responde. — Eu gostaria de falar com o xerife, quero saber
se ele tem ideia do que aconteceu e quem pode ter feito isso com o meu carro.
— Eu vou junto com vocês, aquele cara me deve algumas explicações. —
Minha mãe resmunga.
— Se ele acha que eu vou ficar de fora enquanto eles fazem um serviço de
merda, está muito enganado.
Enquanto minha mãe e meu pai saem, Caroline eu nos despedimos dos
meus irmãos e vamos para o meu carro, antes de entrar eu verifico se não tem
nenhuma bomba escondida, pra só então deixar a Caroline entrar e toco com
o carro para a delegacia.
— Por que eu tenho a sensação de que as coisas não vão ser tranquilas por
muito mais tempo? — Ela diz.
— Estou com essa sensação também. Mas não se preocupe eu estou aqui e
não vou deixar que nada aconteça com você.
— O meu medo é que algo aconteça com você.
Capítulo 13
Caroline
Ter conversado com Ben e visto Dylan pessoalmente, me senti um pouco
melhor, o primo do Max estava bem na medida do possível e Ben era
cuidadoso o suficiente para evitar qualquer risco de infecção. As costas dele
são o que mais me preocupam, ele não só está com uma queimadura de
tamanho médio, como ele vai sentir dor por um tempo e vai ficar uma
cicatriz, assim como no rosto.
Sorte que ele está vivo, Ben me prometeu que vai cuidar dele e garantir que
Dylan fique bem.

Foi com esse pensamento que eu sai do hospital, junto com Max, Tayler e
Alexa, e fomos para a delegacia. Eu nunca estive lá em todo esse tempo na
cidade, mas já ouvi algumas pessoas falando muito bem do xerife local,
Mason.
O caminho até a delegacia é feito em silêncio, e eu aprecio isso, as vezes é
bom estar com alguém e não se sentir pressionado a forçar uma conversa.
Quando chegamos na delegacia, Tayler mal para quando Alexa salta do carro
e caminha para dentro.
— Sua mãe está com pressa. — Observo.

— E quando é que ela não está? Minha mãe não sossega até resolver tudo.
— Diz.

Ele está certo, Alexa é esse tipo de mãe. Aquela que primeiro luta pelos
filhos pra depois, quando está sozinha com eles, puxar a orelha por algo
errado que eles fizeram. Eu vi isso acontecer quando a gente estava na escola.
Os diretores tinham medo dela, então sempre investigavam os motivos das
brigas dos meninos.
Depois de estacionar o carro, Max e eu seguimos para dentro da delegacia
ao lado do Tayler, assim que entramos vemos Alexa tendo uma pequena
discussão com a atendente na recepção. A mulher parece estar a ponto de
explodir.
— Senhora, eu já disse que o xerife está ocupado em uma reunião…

— E eu já te disse que não perguntei. Chame o Mason aqui, tenho certeza


que ele vai querer falar comigo. — Alexa responde.
— Acontece que ele está em uma reunião com o FBI, não posso
interromper.

— Ah, mas eu acho que pode! — Alexa começa a andar em direção a sala
do xerife e a mulher corre para impedi-la. — Sugiro que saia da minha frente,
se Mason está falando com o FBI é graças ao meu cunhado. E eu te garanto
que eles não vão ficar chateados em me ver.
Com isso Alexa empurra a mulher da frente dela e faz um sinal para que a
gente a siga. Sem ter o que fazer e não querendo que o mau humor dela se
volte contra a gente, Tayler, Max e eu a seguimos para dentro da sala do
Mason.
Assim que entro noto que Mason é um homem lindo, moreno com os olhos
verdes, um corpo musculoso e bem definido, que deve ter todas as mulheres
virando para checá-lo.
— Alexa. — Ele reconhece a presença da minha sogra e apenas acena a
cabeça para gente.

— Estou supondo que já tem alguma novidade sobre o caso da minha nora.
— Ela aponta pra mim.
— Estamos trabalhando nisso, nenhuma testemunha viu nada. — Diz. —
Nem as câmeras pegaram algo.
— Elas estavam funcionando? — Pergunto.

Aquela bomba não poderia estar no meu carro antes de eu chegar no


restaurante, quem poderia saber que eu estava indo me reunir com a Alexa?
— Sim. — Garante.

— Tem alguma coisa errada, essa bomba tem que ter sido plantada lá! —
Agora é Max quem está surtando. — E se as câmeras foram adulteradas?
— Pouco provável, isso colocaria alguém lá dentro também. — Mason diz.

— Isso é pouco provável por?


— Quem se sujaria para adulterar câmeras de um restaurante?

— Não sei, alguém que explodiu um carro no meio de um estacionamento


lotado em plena luz do dia! — Alexa diz.
Tayler que está quieto, ele tem o celular na mão e está mandando mensagem
para alguém. Ele leva alguns minutos e só então fala algo.
— Não se preocupe com as câmeras, já coloquei o meu pessoal nisso. —
Tayler diz.

Mason está com o computador ligado em uma videochamada com alguém


do FBI. Ele não parece estar muito feliz em ter eles no seu pé, mas duvido
que qualquer homem ficaria em ter seu serviço sob supervisão.
— Se Tayler e os MC querem ajudar, sugiro que aceite. — O oficial do
outro lado da tela diz. — Não queremos correr o risco com um possível
terrorista.
— Isso está sendo tratado como um ataque terrorista? — Murmuro para
Max, que balança a cabeça afirmativamente.
— Eles ainda não sabem quem fez isso, e como o caso está aberto, estão
sendo cuidadosos. — Fala.
— Isso e uma análise rápida da bomba que foi jogada no sistema bateu
com outros dois casos de explosão em grandes cidades, acho que o nosso
amigo está fazendo uma visita para as pequenas cidades. — O oficial que eu
não sei o nome diz.
— Se esse é o caso então quer dizer que não sou o alvo? — A ideia de não
ser o alvo de um maluco me deixa mais tranquila.
— Infelizmente não podemos te dizer isso ainda. — Mason dá um encolher
de ombros, é quando o telefone dele toca. — Um minuto. — Pede e sai para
atender a ligação.
— Vamos dar um jeito nisso. — Alexa me garante, enquanto Max me
abraça.

— Espero que sim, não gosto de ver as pessoas se machucando por minha
causa. — Confesso.

— Ninguém gosta. E se depender de mim, ninguém mais vai se ferir. —


Max me aperta contra ele, não sei se é para me tranquilizar de que tudo está
bem, ou se para ele tentar ficar mais calmo.
Mason volta um tempo depois, e nós terminamos a conversa quando Alek, o
tio do Max entra com uma das filhas dele. Não sei se foi uma coisa óbvia
para todos ali, ou apenas eu percebi a tensão entre Mason e a filha do Alek.
Será que é mais uma coisa que eu vou ter que xeretar?
— Eu já falei com o pessoal do clube e eles estão olhando as câmeras da
vizinhança, qualquer pessoa suspeita que tenha sido vista no lugar, vai ser
investigada. — Alek garante.
— Bom. — Mason murmura, encarando a filha do Alek. Ok, o que está
acontecendo aqui?
— Helena vai trabalhar com você, ela sabe o que está fazendo. — Alek diz,
apontando para a filha mais nova.
— Achei que as mulheres ficariam de fora disso. — Mason tenta disfarçara
tensão entre ele e Helena, mas não tá funcionando muito bem.
— Acontece que eu sou ótima com computadores e vou ajudar com
qualquer problema tecnológico. E até onde eu saiba, nem você e nem
ninguém desse departamento sabe alguma coisa sobre computadores. —
Helena cruza os braços e sorri de forma satisfeita.
— Tanto faz. — Mason responde.

— Por mais divertido que seja, acho que é uma boa ideia ir pra casa e
deixar que eles resolvam isso, de qualquer forma já é tarde e todos
precisamos descansar. — Falo, antes que Alek perceba o que está
acontecendo aqui.
— Parece que faz anos desde o nosso almoço hoje. — Brinca Max.

— Isso explica o por quê de eu estar exausta. — Digo.

— Vocês dois têm razão, todos precisamos descansar um pouco. — Alexa


sorri.

Mason parece aliviado quando percebe que estamos nos despedindo para ir
embora. Quando estamos saindo da sala dele, Helena dá um beijo no rosto do
Alek e diz que vai ficar pra começar a processar algumas das imagens que
chegaram, em um programa que ela criou.
— Quando terminar aqui me ligue que eu venho te buscar. — Alek diz.

— Fique tranquilo, eu levo ela pra casa. — Mason diz, ganhando um olhar
curioso do Tayler.

— Se você não se importar.

— Sem problemas. — Mason responde e Tayler bufa atrás dele.


Parece que mais alguém além de mim descobriu o que está acontecendo
aqui, só quero ver quem vai ter coragem de contar ao Alek que a filha dele
tem um crush no xerife e que esse parece ter sentimentos sérios sobre ela.
Deixando o drama pra trás, Max e eu seguimos em direção ao carro dele.
Antes de entrar ele verifica em volta do carro se não tem nenhuma bomba, e
só então me deixa entrar no carro. Parece que essa vai ser a nossa nova rotina,
pelo menos até que a gente descubra quem está por trás disso tudo.
Por mais que eu não tenha falado nada, tenho a sensação de que essa bomba
não era pra matar ninguém e sim para mandar um aviso. Essa pessoa quer ser
notada, quer a gente saiba que ela existe e que pode nos machucar.
— Você está pensativa de novo. — Max murmura.

— São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, acho que estou


tentando assimilar tudo isso.
— Admito, não querendo deixar ele mais preocupado do que já está.

— O que importa é que a gente está junto, e eu vou cuidar de você. — Se a


intenção do Max era me fazer derreter por ele, ele conseguiu.
— Isso é o que está me deixando calma… — Sou cortada do que vou falar
quando vários carros do corpo de bombeiros passa por nós, com as sirenes
ligadas. — O que está acontecendo?
— Vamos descobrir. — Max acelera o carro, seguindo os caminhões e
conforme vamos indo, o lugar me parece mais familiar a cada segundo, até
que finalmente chegamos no local do incêndio.
— Filho da puta!
Capítulo 14
Max
O meu apartamento está em chamas, porra, não só o meu apartamento como
maldito prédio inteiro. Na medida em que paro com o carro no
estacionamento do prédio vejo os meus vizinhos sentados na calçada, com
manchas de fuligem no rosto.
— Esse filho da puta vai me pagar.

— Vamos descer e ver se alguém sabe o que aconteceu. — Antes que eu


possa protestar, Caroline já está com a porta aberta e sai do carro.
Desço do carro um tanto irritado. Não quero a Caroline no meio dessa
bagunça, mas então eu vejo ela indo a caminho das ambulâncias e
perguntando se eles precisam de ajuda com os feridos, e toda a minha raiva se
vai e eu decido aproveitar para falar com o chefe dos bombeiros.
James está na cidade há poucas semanas e todos os superiores dele disseram
que era um profissional muito competente, só espero que isso seja verdade,
pois eu quero respostas e as quero logo.
— Tem alguma informação sobre o que causou o incêndio? — Preciso de
respostas.

— Segundo os vizinhos, tudo começou no apartamento ao lado do seu.


Você sabe quem morava lá?
— Esse apartamento estava vazio há algum tempo. — Dou de ombros.

— Tem certeza?
— Sim, eu precisei verificar algumas coisas antes de começar uma obra no
meu apartamento, um cano tinha se rompido e alagou tudo. Então sim, eu
tenho certeza.
James me encara de um jeito estranho, nós dois sabemos que a minha
família manda nessa cidade. Porém, de vez em quando, alguém pensa que
pode nos desafiar e vir atrás do clube, felizmente todos aprendem rápido que
nessa cidade, todos são leais ao clube.
— Onde você tem ficado nos últimos dias?

— Na casa da minha namorada. — Estreito os meus olhos para ele, sei


bem onde ele quer chegar.
— Fiquei sabendo que você estava passando uns dias na casa da médica.
Todos estão falando sobre a forma como você anda correndo atrás dela e
fazendo de tudo para ela te perdoar. Isso
Tudo foi muito propício. — Insinua, claro que as fofocas correriam a cidade
e chegariam nos ouvidos de quem nem nos conhece.
— Propício? Acha que eu fiz isso pra ficar com a Caroline? — Dou risada.
— Você não sabe de nada e eu sugiro que cuide dessa merda, — aponto para
o prédio, — direito, ou eu te garanto que o clube vai cuidar de você.
— Não gosto de ameaças. — Eu tenho que dar créditos a ele, o filho da
puta não se encolhe de medo como o último.
— E quem disse que foi uma ameaça? Isso foi um aviso!

— De qualquer forma, não sou a pessoa pra quem você vai querer dar esses
avisos. — Diz. — Se como falam por ai, o seu clube está interessado em
cuidar das pessoas dessa cidade, então temos os mesmos interesses, e eu vou
cuidar dessas pessoas. Mas se eu descobrir que isso é uma porra de jogo pra
você…
— As pessoas dessa cidade são importantes para a minha família! As
pessoas desse prédio, são os meus vizinhos e amigos, pessoas que me
ajudaram quando eu precisei, então cuide deles. — Respondo. — Você está
aqui a pouco tempo, mas logo vai aprender que nessa cidade lealdade é algo
muito importante.
— As pessoas não falam de vocês por medo. — Supõe.

— Não, eles são leais a nós da mesma forma que nós somos leais a eles. —
Digo. — Agora se me der licença, vou ver se posso ajudar a minha mulher
nos primeiros socorros.
— Vou ficar de olho em você. — Grita e eu dou risada.
— Cuidado pra não se apaixonar! — Provoco.

Era só o que me faltava, ser suspeito de pôr fogo no prédio e colocar a vida
das pessoas em risco. Eu não estava brincando quando disse ao James que
essas pessoas são importantes para mim, elas são! E eu vou garantir que elas
tenham aonde ficar até que o seguro resolva essa merda.
— Oi dona Magda. — Cumprimento a senhora que mora no apartamento
que fica no andar abaixo ao meu. — A senhora está bem?
— Por sorte, quase que os meus gatos morrem queimados. — Ela diz. — E
eu acho que é tudo coisa daquele homem, quem anda vestido daquele jeito a
essa hora?
— Homem? — Caroline está terminando de cuidar de alguns arranhões nos
braços dela.

— Sim, achei que fosse um dos empregados da obra e como está um pouco
frio, não achei a touca de esqui esquisita. — Fala. — No entanto, achei
suspeito o horário.
— Esse homem estava aqui até pouco tempo atrás? — Pergunto.

— Sim, quando todos saíram do prédio ele estava sentado no muro em


frente, assistindo tudo queimar, como se estivesse gostando do que viu. —
Dona Magda começa a chorar e Caroline a abraça. — Aonde vamos ficar
agora? Tudo se foi.
— Ei calma, eu vou cuidar disso. — Prometo. — E depois o seguro vai
cobrir tudo.

Na menção do seguro ela começa a chorar ainda mais e eu começo a


suspeitar que ela não colocou um seguro no apartamento dela.
— A senhora não tem um seguro? — Caroline pergunta e Mag apenas nega
com a cabeça. — Tudo bem, não se preocupe.
— Eu vou cuidar disso. — Garanto a ela. — Por enquanto a senhora pode
ficar em um hotel por minha conta.
— E os meus gatos?

— A senhora pode ficar com eles. — Caroline diz e vejo Mag ficar mais
aliviada.

Faço um sinal para Caroline e me afasto, mandando uma mensagem pra


minha mãe e pedindo para que ela arrume tudo. Se tem uma pessoa que vai
organizar tudo isso rápido é a minha mãe. Nem mesmo cinco minutos depois,
vários dos meus tios chegam acompanhando um ônibus de viagem, os meus
pais estão no carro logo atrás.
— Já sabem onde o fogo começou? — É a primeira coisa que o meu pai
pergunta, me lançando um olhar preocupado.
— No apartamento ao lado do meu. — Digo. — James até mesmo suspeita
que seja um plano meu pra ficar com a Caroline.
Pela primeira vez eu digo isso com um bom humor, e sem vontade de matar
o infeliz.

— O que? — Minha prima, Lorena diz. — Quem esse filho da puta pensa
que é pra pensar que você faria algo assim?
Meu tio Erick e a minha Tia Willow vem logo atrás, os dois sabem que não
tem quem controle a minha prima quando ela está nesse humor. Se eu for
sincero, todos achamos fofo a forma como ela fica vermelha e parece a
Tinker Bell.
— Ele é novo na cidade e…

— E nada! Nós cuidamos dos nossos e essas pessoas são os nossos. —


Lorena sai andando na direção do James e todos assistimos quando ela chuta
a canela dele e começa a gesticular como uma louca.
— Quem é você? — James pergunta, para ela.

— Quem eu sou? A pergunta aqui é quem você pensa que é pra insinuar
que o meu primo faria isso com essas pessoas? — Lorena grita e os meus
vizinhos se aproximam para ver o show. — Quando o Max sofreu um
acidente essas pessoas ajudaram ele, eles são parte da nossa família e o clube
não machuca a família!
Um dos moradores do meu andar se aproxima do James.

— Ela está falando a verdade, Max jamais faria algo assim. — Diz.

James ainda está encarando a minha prima, é como se ele não conseguisse
desviar os olhos dela e o sorriso que toma conta do rosto dele em seguida, é
diferente. Acho que ninguém viu esse homem sorrir, uma vez que até os
homens do corpo de bombeiros param pra ver.
— Entendo. O meu trabalho é criar hipóteses pra que a gente consiga
investigar junto com a polícia. — Ele fala auto, sem desviar os olhos da
Lorena. — Não foi a minha intenção acusá-lo.
— Tanto faz. — Lorena diz e volta para perto de mim e do pai dela.

— Isso foi sutil. — Provoco.

— Tanto faz. Deixamos o Dylan no hospital porquê ele é um idiota mal


humorado, e agora temos que lidar com isso? Não obrigado. — Diz. — Se
me dão licença, vou ajudar a mamãe e os outros.
Meu tio Erick observa Lorena se afastar em direção a tia Willow, que está
nesse momento ajudando a Caroline com curativos.
— Acho que vou precisar ter uma conversa com esse James. — Erick fala.

— Tio, se ele for correr atrás da Lorena tenho certeza que a minha prima
vai fazê-lo sofrer na medida certa. — Brinco.
— E acha que eu não sei disso? As minhas meninas sabem o que fazer. —
Ele soa orgulhoso do fato das minhas primas conseguirem fazer da vida de
qualquer um, um verdadeiro inferno.
Todas as meninas que nasceram no complexo sabem se defender, mas isso
não muda o fato de que nós, homens, temos que protegê-las de outros tipos
de perigos. E como os irmãos mais velhos delas estão fora em missão militar,
nós cuidamos para que os caras permaneçam na linha.
— Elas são terrores. — Observo enquanto as mulheres do clube ajudam a
contornar a situação, elas começam a guiar as pessoas para o ônibus.
— Por mais que eu queira me divertir e ver o capitão se foder nas mãos da
minha filha, não é o momento pra deixar ninguém se aproximar do clube. —
Fala. — Seja quem for que está por trás disso está atrás de todos nós.
— Todos nós?

— Isso estava no meu carro quando sai do hospital.— Meu tio me entrega
um pedaço de papel.

Abro o pedaço de papel amassado e vejo que tem alguns respingos de


sangue em cima dele.

“Acha que o garoto escapou por um erro meu? Ele está vivo porquê eu quis
que fosse assim! No lugar de vocês, começava a se cuidar mais, pois isso só
vai piorar.”
Capítulo 15
Max
O bilhete recebido pelo meu tio é uma clara declaração de guerra, a
problema em tudo isso? Como podemos lutar uma guerra aonde não
conhecemos o nosso inimigo? Essa pessoa já nos atacou duas vezes, isso e o
fato de que pessoas inocentes se feriram no meio dessa bagunça toda, uma
bagunça que está apenas começando.
— Tem uma pista de quem deixou isso? — Pergunto ao Erick.

— Não, e eu tenho a sensação de que o sangue no papel é de um dos


nossos. — Diz.

— Algum irmão da estrada? — O clube tem vários irmãos que não gostam
de passar muito tempo em um só lugar e rodam o país, até descobrirmos qual
deles é vai ser uma longa estrada.
— Talvez, ou talvez seja de um informante. — Pensar que um dos nossos
foi torturado e não aguentou me irrita. — É única explicação que temos pra
ele conseguir informações nossas, um membro do clube jamais revelaria
segredos do clube. — De qualquer forma eu vou pedir um teste de DNA,
enquanto isso, vá pra casa com a sua garota e tente não enlouquecer, assim
que a gente tiver alguma informação mando notícias. — Erick me dá um tapa
nas costas e vai atrás da minha tia e das meninas que estão agora perto do
ônibus, enquanto eu vou pegar a Caroline.
— Ei. — Ela sorri pra mim, e se afasta das crianças que estão fazendo
perguntas a ela.
— Já terminou por aqui?

— Sim, eles estão embarcando com os pais e indo para o hotel. — Explica,
apontando por cima do para onde as crianças correram..
— Bom, estou cansado e doido pra cair na cama e esquecer que esse diz
existiu, pelo menos as partes ruins. — Pisco para ela, que vem e me abraça,
em seguida deposita um beijo no meu queixo.
— Querido, o nosso dia foi susto atrás de susto. — Ela sorri pra mim e pela
primeira vez depois de toda essa merda eu não estou mais com raiva, apenas
preocupado com ela.
E eu sei que quando o assunto é a Caroline eu sempre estarei preocupado, e
isso vai permanecer até o dia que eu deixar de respirar.
De mãos dadas caminhamos até o meu carro, no caminho passo pela Lorena
que está tendo mais uma discussão com James. Parece que as coisas entre
esses dois vão ser complicadas, eu só espero que quando eles se acertarem
olhem pra tudo isso e deem risada da situação.
— Eles já parecem um casal. — Brinca Caroline. — E a sua prima não
aprece levar numa boa o fato dele ter te acusado.
— Por que?

— Eles estavam perto de mim e James pediu pra ela pegar o rádio
comunicador e ela disse “pega você, eu sou a prima do maluco que colocou
fogo nisso tudo”. — Carolina imita a Lorena direitinho, e eu dou risada.
— Essa é a minha família, não espere nada diferente.

— Eu gosto deles, então não importa. — Ela entra no carro no banco do


passageiro e eu no lado do motorista. — Acha que dá tempo da gente passar e
pegar alguma coisa pra comer?
— Tudo o que você quiser. — Saímos do estacionamento e vamos até a
lanchonete, onde nos encontramos há poucos dias.
***

Caroline

Para variar o lugar está lotado e a maior parte das pessoas aqui são
conhecidas, e também são fofoqueiras. Imediatamente me arrependo de ter
pedido pra comer alguma coisa, não me sinto bem estando por perto de um
monte de gente e quando Rachel vem atender a nossa mesa, a fome se vai e
algo ruim se instala no meu estômago.
— Olha se não é a porca gorda e o aleijado, o que traz vocês dois aqui? —
Pergunta e eu sinto Max ficar tenso do outro lado da mesa, e eu estico a
minha mão e seguro a dele.
— Vejo que do puteiro de onde você saiu não ensinaram você a tratar os
clientes bem. — Digo.
— Mas não é uma grande surpresa, uma vez que você deve passar a maior
parte do tempo com a boca ocupada.
— Se a questão é eu chupar um pau pode perguntar para o seu namorado se
eu sou boa, garanto que ele vai dizer que sim. — Eu poderia me irritar,
também poderia sair daqui e deixar que as coisas que ela me diz me afetem,
mas eu não sou mais a rata assustada que ela conheceu.
— Uma coisa nessa vida você tem que saber fazer, até mesmo, porquê se
você não tem um cérebro pra usar, precisa usar o que tem. — Zombo. —
Agora será que você pode anotar os nossos pedidos ou eu vou ter reclamar
com os donos? Afinal eu sou a cliente e você é a empregada.
Se eu tivesse olhado na direção do Max teria visto o sorriso orgulho com a
qual ele me olha, mas eu prefiro focar na minha comida. Comida essa que eu
não sei se devo ou não comer, já que Rachel parece com raiva o suficiente
para cuspir nela.
— O que você vai querer? — Pergunta com mau humor.

— Um hambúrguer e batatas fritas, pra beber um copo de coca bem gelada.


— Digo. — E eu recomendo que não faça nada com a minha comida, não vai
querer que eu me vingue quando você for no hospital, não é? O que seria
pior, comer uma comida ruim ou levar pontos errados, perder um órgão
durante uma cirurgia, quem sabe ficar com uma cicatriz na cara toda?
— Está me ameaçando? — Rachel está com medo de mim, e eu gosto
disso.

— Eu? Nunca! Apenas estou dizendo que acidentes acontecem. —


Explico, e aponto para Max.
— Ele vai fazer o pedido agora.

Sorrindo, Max pede a mesma coisa que eu e quando ela se afasta, ele cai na
gargalhada.

— Nunca pensei que veria esse dia. — Diz.

— Que dia?

— O dia que você deixaria de lado os seus medos e colocaria pessoas


como ela em seu devido lugar. — Explica.
— É como todo mundo diz, chega uma hora que a gente aprende que não
pode abaixar a cabeça pra qualquer um. — Dou de ombros. — Essa cidade é
tão minha quanto dela, se eu não pretendo me mudar então preciso lutar.
Deixo de lado o fato de que eu não quero que ele ou o a família dele sintam
vergonha de mim ou pensem que tem que proteger sempre. E se isso vai me
tornar uma pessoa mais forte, então esse tipo de comportamento é muito
bem-vindo.
— Você não precisa lutar sozinha, eu estou aqui. — Ele afaga a minha mão.

Nós passamos alguns minutos conversando sobre nossas músicas favoritas,


e então nosso pedido chega, Rachel coloca tudo na mesa e sai correndo sem
olhar pra trás. Será que é isso que acontece com todo valentão quando é
confrontado?
— Espero que ela não tenha cuspido na nossa comida. — Murmuro e Max
ri.

— Ela é uma cadela, mas não brinca com comida assim. — Diz.

— Por que? — Pergunto curiosa.


— Rachel é uma viciada que as vezes escolhe se vai comer ou se vai se
drogar. — Responde. — Todo mundo na cidade sabe, mas ninguém tenta
ajudá-la.
Me sinto mal por ela, mesmo tendo feito da minha um inferno já vi casos
como o dela nos meus primeiros meses de residência; a raiva e o
comportamento violento é uma coisa que vem com as drogas. Alguns dos
meus pacientes usavam drogas como o Crack para emagrecer. Funcionava,
mas então era praticamente impossível se livrar do vício.
— Talvez eu possa ajudá-la. — Penso em voz alta.

— E por que você faria isso?

— Porquê todo mundo merece se livrar do vício, ela pode tentar ser
alguém depois de ser recuperada e se a gente tiver sorte ela sai da cidade. —
Brinco a última parte.
— Pense bem, não acho que você vai querer esse tipo de problema.

— E se fosse eu no lugar dela?

— Claro que eu tentaria te ajudar, mas você é o amor da minha vida e não
uma cadela que passou o colegial infernizando a vida de todo mundo. — Diz,
sendo direto. — E outra, eu cresci acreditando que essas são escolhas que a
gente faz para vida, ninguém obrigou ela a sair e usar drogas, ela fez isso
sozinha.
— A gente tem escolhas o tempo todo, porém a vida as vezes nos tira a
oportunidade de fazer escolhas. — Lembro. — Trabalhei em uma clínica de
reabilitação por um tempo, e ficaria chocado com a quantidade de pessoas
que se droga devido a algo que outras pessoas fizeram ou agiram.
Max levanta a mão como se tivesse se rendido e não quer começar uma
discussão, e eu sou grata por isso. Posso ser quieta e tudo mais, mas eu sou o
tipo de pessoa que luta pelo que eu acredito. E por mais cadela que a Rachel
seja, acho que ela precisa de alguém que a ajude.
— Você é louca as vezes. — Max ri.

— Não vou discutir com você sobre isso. — Rebato, mostrando a língua
pra ele e em seguida rindo.
Nós comemos tranquilamente e depois que terminamos Max pega a carteira
e joga algumas notas em cima da mesa, ele dá a Rachel uma boa gorjeta,
tomara que ela não use isso para as drogas.
O caminho até a minha casa é tranquilo, e os únicos sons no carro vem do
rádio onde está tocando a música “Kiss me” do Ed Sheeran, o Max que está
cantarolando baixinho enquanto eu fico em silêncio, chocada com o quão
bem ele canta. A música termina quando estamos
Estacionando na minha garagem, depois de desligar o rádio, a gente sai e de
mãos dadas entramos em casa.
— Estou pronta para cair na cama e dormir até semana que vem. —
Reclamo.

— Somos dois. — Diz.

Juntos caminhamos até o meu quarto, chegando lá, tiro a minha roupa
enquanto o Max tira a dele e em seguida remove a prótese, depois disso, nos
jogamos na cama e dormimos abraçados.
***

Enquanto Caroline e Max dormem, eu fico aqui observando o recém-


formado casal, achando que estão seguros, que estar dentro de casa vai os
proteger de mim. É essa sensação que eu gosto, de poder acabar com eles a
qualquer minuto e os pombinhos não fazem a mínima ideia.
É engraçado como um jogo de poder faz a gente se sentir bem, enquanto
eles dormem achando que podem me deter, eu apenas observo e aguardo o
momento de dar o meu próximo passo. O carro e o prédio foram apenas o
começo, o jogo está prestes a se tornar mais perigoso e não apenas eles vão
sofrer, todos que se colocarem no meu caminho vão pagar.
Nesse jogo sou eu quem dá as cartas, e está na hora de começar a mexer os
meus peões!

A pergunta que não quer calar é, quanto tempo vai levar até que eles
percebam que tem uma bomba na casa da Caroline e outra na da Ana? Qual
das duas vai ser a infeliz de estar dentro dela no momento em que a casa ir
pelos ares?
Capítulo 16
Max
Acordo com o barulho de uma explosão muito perto da casa da Caroline e
imediatamente minha irmã vem a mente. Ana está morando há uns dois
quilômetros daqui e a sensação que se instala no meu estômago é horrível.
— Que barulho foi esse? — Caroline pergunta do meu lado da cama.

Ela está com os olhos meio fechados de sono. Por mais que eu queria ficar e
me perder nela, preciso ligar pra minha irmã e me tranquilizar de que ela está
bem.
— Foi uma explosão, e eu acho que pode ter vindo da casa da minha irmã.
— Digo, assistindo o medo tomar conta dos olhos dela.
Caroline salta da cama e começa a se vestir, enquanto eu coloco a minha
prótese e a minha calça que estava em cima da cadeira. Nesse meio tempo,
ela já está toda vestida e com o celular na mão.
— Não atende. — Diz. — Sua irmã não está atendendo.

Ana teria atendido a Caroline, não tem nada nesse mundo que mantenha
minha irmã longe do celular dela. É como se a vida dela estivesse toda ali, e
ela sempre está atendendo ligações de todos os cantos do mundo.
— Vamos até lá.

Carolina me segue até a porta da frente, o cabelo dela está uma bagunça a
qual ela tenta conter amarrando. Pego a chave do meu carro que está na mesa
ao lado da porta e juntos saímos, nós mal colocamos os pés na calçada
quando o caminhão do corpo de bombeiros passa correndo e em seguida uma
ambulância.
Que não seja minha irmã!

Não sei quantas vezes repito isso na minha cabeça, acho que o suficiente
para pensar que eu enlouqueci.
— Não pode ser ela. — Caroline diz, enquanto verifico o meu carro.

Ver se os nossos carros têm uma bomba ou não se tornou uma rotina para
mim, só ontem eu vi umas três vezes e isso não parece ser uma coisa que vá
mudar em breve.
Estou quase terminando quando Caroline corre para o meu lado e
praticamente se joga em cima de mim, logo em seguida o meu carro é
alvejado com tiros por um carro preto, que passa lentamente pela rua.
As placas do carro estão cobertas, mas não é isso o que está me
preocupando, e sim o sangue escorrendo pela camiseta dela.
— Você levou um tiro. — Digo.

— Foi de raspão no ombro. — Responde.

— Ainda assim, era a minha função te proteger.

— Isso não importa, não agora. — Ela está com dor. — Precisamos chegar
na Ana e ver se ela está bem.
— A gente precisa cuidar de você primeiro.

— Depois, eu sou médica e sei o que posso aguentar. — Discute e eu vejo


a determinação nos olhos dela. — Se você não for comigo, eu vou sozinha.
Caroline e a minha irmã compartilham do mesmo mal, ambas são cabeça
dura quando o assunto é a segurança das pessoas que elas amam. Sempre foi
assim, me lembro que na época da escola, a Ana ficou doente e a Caroline
faltou aula e foi até a minha casa, ela ficou ao lado da minha irmã e só foi
embora quando Ana estava melhor.
Infelizmente ela também ficou doente, só que a gente só descobriu quando a
mãe dela foi até a escola para pegar as provas e trabalhos pra ela.
— Será que o seu carro chega lá? — Ela pergunta.
— Se não estourou nenhum pneu, sim. — Digo.

Caroline levanta de cima de mim e estende a mão pra me ajudar, claro que
eu não aceito e ainda olho de cara feia pra ela.
— O que?

— Cuide do seu ombro. — Mando.

— Gosto quando você fica mandão. — Ela pisca pra mim e então me ajuda
a verificar os pneus do carro. — Aqui, estão todos em ordem.
— Aqui também. — Respondo.

O caminho até a casa da Ana está trancado, todos os vizinhos estão fora de
suas casas olhando na direção do que devia ser a casa da minha irmã, mas
que em seu lugar resta apenas ruínas. Paro
Com o carro perto da entrada onde os bombeiros estão e saio, dando a volta
no carro e ajudando a Caroline a sair, ela segura a minha mão com força
enquanto nos aproximamos.
Assim que chego na barreira de proteção avisto os meus pais, eles estão ao
lado do James, o fogo já foi controlado, e homens carregando uma maca
entram.
— Ela está bem. — Caroline diz, tentando soar firme. — Ela tem que estar
bem.

— Você não pode passar. — Um policial tenta me barrar, e olha para o


braço da Caroline.

— Essa é a casa da minha irmã, aqueles são os meus pais. — Aponto e o


homem me deixa passar, murmurando um; — Sinto muito.
A questão é, por que ele sete muito?

Ele sente muito pela casa da minha irmã ou por eu ter pedido a minha irmã?

— Mãe! — Chamo, tentando ser forte.

— Filho. — A expressão da minha mãe diz tudo o que eu preciso saber,


tem alguém dentro da casa.
— Pode ser um trabalhador, a casa da Ana estava sempre cheia dos
empregados trabalhando na obra. — Digo, e uma lágrima escorre pelo rosto
da minha mãe.
Essa lágrima é o que parte o meu coração. Se a Caroline não estivesse aqui,
se eu não tivesse ela do meu lado, não sei o que seria de mim. Ana não é só a
minha irmã, ela é a minha irmã gêmea, ela e o Dean, ambos são parte de mim
de um jeito que poucas pessoas sabem como é.
— Estou rezando por isso. — Ela fala. — Eu nunca rezei pra que um
inocente morresse no lugar de outra pessoa, mas é a minha filha, a minha
garotinha lá dentro.
— Como vocês chegaram aqui tão rápido. — Pergunta Caroline para o
meu pai.

— A gente estava na estação do corpo de bombeiros, estávamos falando


com James quando o alarme tocou ele disse que era uma explosão, decidimos
seguir ele e quando vimos onde tudo estava indo…
— Se ele colocou uma bomba na casa da Ana, pode ter feito na casa de
outros membros do clube. — Caroline diz. — Ele pode ter feito isso na
minha, é perto da casa da Ana e…
— Vou mandar um dos nossos meninos dar uma olhada. — Meu pai fala, é
quando James sai de dentro do que antes era a casa da minha irmã e vem falar
com a gente.
— Então? — Pergunto.
— O corpo está bem queimado, é quase impossível reconhecer, mas eu
posso te dizer que é de uma mulher, os acessórios que ela usa podem ajudar
vocês. — Diz, é quando a maca sai de dentro da casa, em cima dela um saco
preto.
James faz sinal para os homens que estão empurrando a maca pararem e
então ele abre o saco, minha mãe e meu pai se abraçam, enquanto a Caroline
solta a minha mão e dá um passo excitante.
— Eu posso fazer isso. — Ela fala, e a minha mãe dá um olhar agradecido
a ela.

Na medida em que Caroline se aproxima, eu sei que não posso deixar que
ela faça isso sozinha. Não é justo jogar o peso dessa situação nela, não quanto
todos aqui sabem quem está dentro daquele saco.
— Vamos fazer isso juntos. — Digo.

A primeira coisa que vem até mim conforme me aproximo do saco é o


cheiro horrível de carne queimada, é tão forte que chego a dar um passo pra
trás, meu estômago embrulhado. Lutando contra a vontade de vomitar volto a
olhar, ignorando o cheiro e a aparência do cadáver, um detalhe me chama
atenção.
Se tem uma coisa que a minha irmã ama, é um colar que o nosso avô Archer
deu para ela. Era da mãe dele e como a minha mãe era a única filha mulher,
ele deu para ela, que passou para a minha irmã.
É esse o colar que está no corpo.

— É ela! — Murmuro, como se fosse desabar. — É a minha irmã. —


Declaro no minuto que a Caroline desmaia.
Capítulo 17
Max
Acontece que a Caroline não aguentou ver o cadáver da minha irmã e
desmaiou, um dos paramédicos veio e ajudou ela, em seguida fez um curativo
no ombro aonde ela tomou um tiro de raspão. Com isso resolvido voltamos
para junto dos meus pais e irmão.
Mesmo ferida Caroline não sai do meu lado, e isso é muito importante para
mim. Ainda mais quando tenho que lidar com a minha mãe que está em
negação. Ela não acredita que seja a minha irmã morta dentro do saco.
— Eu sei o que você está dizendo, mas eu não sinto isso. — Minha mãe
diz.

— Talvez ver o corpo vá te ajudar. — Meu pai oferece, quando paramos ao


lado deles. O saco com o corpo da minha irmã ainda está aberto.
Todos estamos sofrendo, e a minha mãe agindo assim depois de um longo
momento de choro, não está ajudando. Ninguém aqui quer ficar repetindo que
a Ana está morta, ninguém quer acreditar que a minha irmã não está mais
aqui.
A minha mãe concorda e se aproxima do corpo, ela passa algum tempo em
silêncio analisando tudo, então estica a mão e puxa o colar da minha irmã.
Ninguém fala nada, nem mesmo James que apenas observa.
— O que você está fazendo? — Dean pergunta.

— Pegando o colar da minha filha. — A frase dita pela minha mãe pode ser
interpretada de duas formas, mas ninguém aqui quer começar uma discussão
com ela. — Também vou falar com os vizinhos, eles devem ter visto alguma
coisa.
— Esse é um bairro calmo, as pessoas não ficam cuidando da vida dos
outros. — Um dos bombeiros fala e ganha um olhar maldoso da minha mãe.
— Acho que estamos falando de bairros diferentes então, pois no pouco
tempo que estou aqui vi dois vizinhos dentro de suas casas nos observando
com binóculos. — Minha mãe fala e se afasta.
É quando ela levanta a cabeça que a visão do meu carro chega nela e ela
para no lugar, em seguida se vira para mim com uma sobrancelha arcada,
Alexa quer respostas e as únicas pessoas que tem elas são Caroline e eu.
— Explica.
Caroline se encolhe com o tom da minha mãe, mas como eu não digo nada
ela decide começar a falar.
— Quando Max e eu estávamos saindo de casa, um carro preto passou e
atirou contra a gente. — Explica. — O meu pensamento é que, talvez eles
tenham passado para garantir que Max eu estivéssemos mortos e como a
minha casa não explodiu, eles tentaram fazer o serviço por eles mesmos.
— Isso é bom, talvez a gente consiga rastrear as balas e quem sabe
encontrar uma pista de quem está por trás de tudo. — Minha mãe sorri e eu
me sinto estranho.
— Não sei o que dizer quando você está agindo assim. — Admito para a
minha mãe, meu pai e meu irmão se encolhem.
— Você não precisa dizer nada, apenas aceite que eu sou mais esperta que
vocês. — Fala. — Agora se me dão licença, eu vou ver se consigo descobrir
alguma coisa com os seus vizinhos, depois quero ir na sua casa Caroline, e
recolher as balas.
— Claro, tem uma chave reserva no meio das plantas. — Caroline diz,
vendo a minha mãe se afastar e o meu pai correr atrás dela.
A minha mãe estar em negação, é uma coisa muito ruim que e nós não
queremos ter que lidar com isso. Eu nunca a vi assim, sendo sincero a minha
mãe parece uma psicopata.
— Uma hora a ficha dela vai cair. — Mason o xerife diz, me assustando.
— A negação é comum em casos como esse.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto.

— Cena de crime, policial, policial, cena do crime. — Ele aponta para a


casa da minha irmã e para si mesmo. — E a sua prima, Helena está
preocupada com isso e eu não queria ela aqui.
— Está protegendo a minha prima? — Dean está estreitando os olhos.

— Sim, ela não precisa ver essas coisas, não antes do velório. — Ele diz.
— Também tenho notícias sobre a bomba no seu carro.
— Pode falar. — Caroline pede segurando a minha mão com força.

Mason me encara por um momento, como se ele tivesse com medo de falar
perto de mim.

— Eles são a minha família, pode falar na frente deles.

— As digitais encontradas no que sobrou do carro são suas. — Mason olha


pra mim.

— Como?
— Os técnicos conseguiram encontrar uma digital parcial e tudo aponta pra
você, estou segurando o máximo que posso a ordem de prisão, mas não sei se
vou conseguir por muito tempo. — Ele parece se sentir culpado por isso. —
A promotoria está doida atrás de um culpado, a imprensa está na cidade, eles
querem que isso seja um exemplo.
— Não fui eu! — Declaro.

— É claro que não foi ele, o Max nunca faria uma coisa dessas. —
Caroline vem em minha defesa.
— Acha que eu não sei? Eles só querem alguém pra jogar a culpa. —
Mason explica.

— Eu colocaria fogo no meu apartamento e na casa da minha própria irmã?


— Estou praticamente gritando.
— Encontraram uma garrafa de gasolina e mais das suas digitais no
incêndio, não sei como o James não te disse isso.
— Talvez porquê a minha irmã esteja morta! — Dean avança na direção do
Mason e dá um soco na cara dele. — Seu filho da puta.
Seguro Dean e Caroline se coloca entre eles, Dean não vai arriscar feri-la.

— Vou ignorar isso, não sou seu inimigo. — Mason faz um sinal para os
outros policiais se afastarem. — Estou te contando isso pra que você consiga
sumir por um tempo, até que eu consiga provar a sua inocência.
— Eu não vou correr, vou ficar aqui e vou provar que sou inocente. —
Rosno.
— Eles acham que o Max colocaria uma bomba no meu carro? Ele está
vivendo comigo! — Carolina grita. — E as imagens das câmeras?
— Ainda nada, elas foram adulteradas.

— E a bomba da casa da Ana? — Dean pergunta.

— Não sobrou nada. — Mason corta.

— Pode ser que tenha uma bomba na minha casa. — Caroline diz. — O
clube pode…

— Se eles tocarem nela a promotoria vai pensar que foi adulterada.

— Então vá lá, e veja se tem ou não. — Diz Caroline. — Se tiver a pessoa


pode ter deixado uma digital.
— Se tiver mesmo uma bomba, é bom que não tenha uma digital do Max.
— Mason fala se afastando.
Assisto Mason se afastando e puxo Caroline para os meus braços, se não
fosse por ela confiar em mim, qualquer outra pessoa poderia acreditar que eu
sou o culpado.
— A gente precisa pegar esse cara! Eu sei que vai ser complicado com a
perda da Ana, mas não temos tempo para sofrer. — Dean diz e eu sei o quanto
dizer isso está doendo no meu irmão.
Caroline também sabe, é por isso que ela se afasta de mim e abraça o meu
irmão.

— Hoje nós vamos nos concentrar em velar a Ana e em enterrá-la, amanhã


a gente volta a correr atrás dessa pessoa. — Ela diz. — Hoje é tudo por ela.
— Você está certa. — Dean diz quando a puxo para longe dele, não quero
meu irmão muito perto da minha garota. — E como eu sei que a mamãe não
está bem, vou cuidar das coisas, talvez eles peçam um teste de DNA só para
confirmar.
— Duvido que isso vá acontecer, é apenas uma vítima e a gente sabe a
quem a casa pertence. — Caroline responde. — Se quiser eu posso cuidar de
tudo, enquanto isso vocês vão pro clube e tentam pensar em algo.
— Não é justo jogar isso nas suas costas, a Ana é a nossa irmã. — Digo.

— Ana é a minha melhor amiga, ela é como se fosse a minha irmã e ela
estaria bem comigo cuidando disso, o que ela não ia querer é que você fosse
pra cadeia.
— Um dos prospectos estará com você. — Falo. — Não quero que fique
sozinha. — E também temos que avisar o Zack, ele gostava dela.
— Não se preocupe com isso, eu vou ligar para ele. — Diz. — Posso até
passar na casa dele e pedir que ele me acompanhe.
Zack é treinado, vindo da família que ele tem é meio que uma necessidade.
E se a Caroline for ficar perto de alguém, vou me sentir mais seguro que esse
alguém seja ele.
— Tudo bem, fique ao lado dele e se ele disse que não pode ficar por perto,
me ligue. — Mando.

— Fica tranquilo, tudo vai dar certo. — Garante.

Faço sinal para um dos prospectos que está nos companhando de longe, e
ele se aproxima.

— Você vai cuidar dela hoje, se alguma coisa acontecer com a Caroline, eu
vou atrás de você. — Aviso. — Não faça merda.
— Não vou fazer!

Caroline me dá um beijo e se afasta, o prospecto que está acompanhando ela


é esperto e está atendo a cada detalhe em volta.
— Ele é um dos melhores prospectos do clube. — Dean elogia.

— Vamos ver depois que essa merda acabar. — É tudo o que eu falo. —
Vamos entrar na casa?

— Sim, eu quero procurar pelo celular da Ana. — Diz.

— Ele não estava na lista de pertences? — Pergunto, estranhando isso.

— Não, pode ser que tenha queimado ou a pessoa que plantou a bomba o
levou.

— Se ela levou, então a gente pode tentar rastrear. — Penso em voz alta.

— É com isso que eu estou contando.

Ana pode estar morta, mas em breve quem a matou estará também.
Capítulo 18
Caroline
Antes de ir para a casa do Zack, fui para o necrotério, pra onde o corpo foi
levado. Todos lá sabem quem eu sou e que sou amiga da família da Ana,
então não tive muita dificuldade em entrar na sala e falar com o responsável
pela autópsia.
— Vocês já colheram o material da família para ver se o DNA bate? —
Pergunto para o homem de meia idade.
— Não, eles tem tudo no banco de dados. — Explica e eu travo.

— Já viram se o DNA, bate ou não? — Peço.

— Ainda não, o resultado chegou agora. — Ele aponta para o computador


que está mexendo e quando eu penso que as coisas vão sair do controle e dar
tudo errado, uma enfermeira bate na porta. — Sim?
— Estão precisando do senhor na diretoria. — A mulher diz e ele me olha,
em seguida volta a conversar com a enfermeira e eu tomo esse tempo para
olhar em volta e garantir que não tem câmeras por aqui.
Não têm, bom pra mim!

— Pode ir, eu vou esperar o senhor voltar para saber o resultado, até lá vou
ficar com o corpo da minha amiga. — Uma lágrima escorre dos meus olhos e
ele me dá um tapinha no ombro.
— Fique à vontade. — Diz e sai, fechando a porta atrás dele.
Espero alguns minutos e quando tenho certeza que ele não vai voltar, pulo
da cadeira e tranco a porta. Está na hora das coisas começarem a dar certo pra
mim. Com a porta trancada ando até o computador e abro o e-mail com o
resultado, parece que alguém aqui “errou” no teste. Então tudo o que eu faço
é arrumar o resultado, em seguida apago todos os meus vestígios do sistema,
e corro destrancar a porta.
Bem a tempo!

Assim que destranco a porta o médico entra e sorri para mim.

— Estava indo a algum lugar? — Pergunta.

— Sim, eu ia pegar um copo d’água, mas já que o senhor está aqui vou
pegar o teste primeiro. — Respondo.
— Quer saber o resultado? — Ele franze a testa.

— Não, todos já sabemos o que está escrito ai. — Choro. — Vou levar para
a família, apenas.

— Entendo, esses procedimentos de rotina da polícia muitas vezes são


cruéis com a família e com os amigos. — Diz. — Vou imprimir e te entregar.
— Obrigada.

Em uma questão de segundos, o médico imprime o teste, olha o resultado e


a dobra, guardando em um envelope, em seguida o lacra. Eu nunca burlei as
regras, no entanto, vou fazer o que for preciso para garantir que tudo saia
como planejado.
Com o teste em mãos eu me despeço do velho e saio da sala, menos uma
coisa na minha lista de afazeres. A próxima coisa que eu tenho que fazer é
dar um jeito de me livrar desse prospecto. Sei que o Max quer que eu fique
segura, mas nesse momento não tenho nada a temer, apenas ser descoberta
com a mão na massa.
— Você pode me pegar uma água? — Peço no corredor do hospital.

— O Max me mandou ficar perto de você. — Ele lembra.

— Estamos dentro de um hospital, no necrotério, quem tentaria alguma


coisa aqui? — Pergunto.

— Certo, mas não saia daqui. — Manda.


— Não vou.

Assisto o homem se afastar, e entro na sala que fica em frente a porta do


necrotério. Esse lugar é cheio de salas e uma delas está marcada como o meu
próximo compromisso, no que eu me meti? Não posso contar!
— Achei que ia ter que remarcar, seu amigo não saia da porta. — O homem
na sala diz.

— Ele está cuidando de mim, a pedido do Max. — Respondo, ignorando a


careta dele.

— Sua amiga me procurou depois do incidente na sua casa, ela queria que
eu ficasse na linha. — Sorri. — Garota divertida.
— Ana também me avisou sobre você, ela disse que você não era uma boa
notícia.

— E aqui estamos nós, reunidos e falando dela. É uma pena que os mortos
não falam. — Ri.

— Por que, eles teriam uma nova história para me contar? — Peço.

— Isso é com eles, vai que vocês duas se reencontram em algum


momento? Algo me diz que vai ser em breve. — Ele entende a mão e me
entrega o celular. — Fique esperta e siga as instruções.
Pego o celular e escondo no meu bolso, em seguida saio da sala sem olhar
para trás. Mal saio no corredor e o prospecto volta carregando um copo, a
qual eu pego e bebo tudo.
— Obrigado.

— Você parece nervosa. — Diz.

— Não estou, já liguei para a funerária e eles vão vir buscar o corpo. —
Falo. — Eles o levarão para a cede do clube.
— E agora onde você vai? — Pergunta. — Max me disse pra ficar ao seu
lado o dia inteiro.

— Eu sei o que o meu namorado disse. — Sorrio. — Eu estou com fome,


então antes de ir até o Zack, quero comer alguma coisa.
— Ok.

Saímos do hospital pela porta dos fundos, que é a que dá acesso ao


necrotério. O prospecto está dirigindo um carro blindado. Esse é só mais um
dos bens de alta segurança do clube. Alexa e os outros membros gostam de
investir em segurança, é uma pena que isso não está ajudando em nada agora.
Hoje decido comer em um lugar diferente e a primeira pessoa que encontro
quando chego lá é o Zack, ele está sentado em uma mesa sozinho, e quando
me vê faz um sinal, em seguida seus olhos caem no prospecto e ele nega com
a cabeça, dou de ombros.
— Você pode me deixar aqui e voltar, Zack está aqui e ele vai me
acompanhar no resto do dia.
— Max mandou…

— O Max te mandou cuidar de mim, mas ele também disse que eu estaria
em segurança com o Zack, que é com quem eu vou sentar. — Corto. — E eu
não quero que você fique perto quando eu contar para ele que a minha melhor
amiga, a mulher que ele ama, está morta.
— Vou estar do lado de fora. — É tudo o que ele diz e eu decido ignorar.

Ando até a mesa e me sento, ignoro a forma como as pessoas me olham.


Não estou vestida pra um restaurante como esse e o meu rosto está vermelho
de tanto chorar, sem contar na bagunça que o meu cabelo tá.
— Veio me contar que a Ana morreu? — Pergunta, os olhos estreitos em
mim. — Estou te acompanhando há algum tempo.
— Bom, assim você sabe que eu já cobri todas as bases que precisava. —
Digo, então puxo o celular do bolso. — Esse é o celular da Ana, ele já foi
limpo e todas as informações de base foram apagadas, ninguém vai saber de
nada.
— E por nada você quer dizer que ninguém vai rastrear e chegar até você e
a sua amiga?

— Por nada quero dizer que ninguém vai descobrir o que a Ana descobriu.
— Digo.

— Que boa amiga você é.

— Quer mesmo entrar nisso? Você é o namorado. — Zombo. — Ou


melhor, até onde eu sei estava tentando ser.
— Bom ponto. — Ri. — Vamos almoçar, e em seguida quero te mostrar
um lugar.

— Quer me mostrar o quanto essa cidade é pequena? — Rio.

— Quero te mostrar como salvar o seu namorado da cadeia. — Diz.

— Essa é outra coisa que eu quero falar com você, quem foi que colocou
as digitais do Max na bomba do carro?
Isso está totalmente fora do roteiro que eu recebi essa manhã, quando eu
acordei e estava tentando falar com a Ana, o meu celular tinha uma
mensagem de um número desconhecido. Ela tinha o roteiro do plano e
instruções pra que eu apagasse a mensagem assim que tivesse decorado todas
as partes.
Claro que eu não precisei de muito tempo para ler e entender tudo, mas
culpar o Max não estava no roteiro.
— Efeito colateral? — Pede.

— Mentiroso! — Acuso.

— Tem razão, estamos trabalhando nisso, mas isso diminui a nossa lista. —
Ele me lembra. — Até a gente descobrir, sua função é mantê-lo longe de
tudo.
— Ele descobriu que a irmã morreu, o que você quer que eu faça?

— Convença ele a ir pra casa do lago,— Zack me entrega as chaves. —


Diga que você pegou emprestada de um amigo e que isso é pra mantê-lo
longe da mira da polícia, é isso ou ele vai pra cadeia.
Pego a chave e me levanto.

— Pronto para ir? — Pergunto.

— Vamos lá, estão todos ansiosos para te ver.

Saímos do restaurante pela porta dos fundos, e entramos no carro preto do


Zack. Ele dirige o caminho todo em silêncio até que entramos em uma
estrada escondida fora da cidade, poucos minutos depois chegamos no nosso
destino.
Eu sei que as coisas estão complicadas para o meu lado, mas em minha
defesa, tudo o que eu estou fazendo é para garantir que quem plantou as
bombas seja preso e pague por isso. E para garantir que isso acontecesse,
precisei aceitar o plano e ir contra a verdade.
— Que demora de vocês.
Capítulo 19
Caroline
Ana está parada em frente a cabana, esse lugar é do Zack e ele disse que
ofereceu pra ela se esconder enquanto espera a hora do velório.
Sim, Helena, Mason e James, sabem o que está acontecendo, assim como
Zack, eu e o meu falso noivo. O último entrou na história porquê é muito
bom com computadores e está ajudando Helena a juntar as imagens das
câmeras.
— Quem mandou fingir a própria morte? — Pergunto. — Sabe o quanto eu
tive que me conter pra não contar pro seu irmão e pros seus pais?
— Eu sei, e não pense que não estou sofrendo com tudo isso. — Diz. —
Mas eu tenho que cobrir o máximo de base que eu posso.
— Ela acha que é alguém do clube. — Helena aparece. — Foi por isso que
ontem enquanto todos iam pra suas casas, nós ficamos e olhamos as câmeras
e bolamos esse plano.
— Max, ele não pode ser preso. — Digo.

— O meu irmão é o próximo na linha de ataque, foi por isso que colocaram
uma bomba na sua casa e quando não conseguiram matar vocês, tentaram
metralhar. — Diz. — Por isso a gente precisa que ele saia da cidade, não
queremos ele exposto.
— Você já sabia da bomba? — Isso é uma loucura.

— Sim, eu tenho sensores na minha casa e quando um deles tocou eu


fiquei esperta, quando cheguei em casa olhei por tudo e achei a bomba no
forno. — Explica. — Então fui até a sua casa e encontrei outra lá, Zack aqui
que desarmou. — Sorri. — Mason chegou lá quando o meu pai estava
abrindo o forno e mandou ele se afastar, fez todo o teatro de desarmar a
bomba e então saiu de lá com ela nas mãos.
— Meu herói. — Zombo. — Você explodiu a sua casa!

— E comi as sobras da sua geladeira, aliás, ótimo aquele café inglês que
você tem. — Ana pisca pra mim e eu ando até ela e a abraço.
— Sua mãe não acredita que você está morta. — Conto.

— Eu deixei o meu colar pra despistá-la. — Ana abaixa a cabeça triste. —


Ela precisa acreditar por mais algum tempo.
— Mas não funcionou, ela disse que sentiria se fosse você.
Ana chora.

— Eu amo a minha mãe. — Diz entre lágrimas.

— E ela te ama, e vai entender o que você está fazendo. — Tento acalmá-
la. — Se algo me diz, é que você aprendeu tudo isso com ela.
— Tem razão. — Sorri e limpa as lágrimas do rosto.

Pego o envelope com o teste de DNA realizado pelo necrotério e mostro pra
ela.

— Não pensou nisso. — Balanço o envelope.

— Achei que não iam pedir. — Admite.

— Eles sempre fazem, o teste deu negativo e eu invadi o sistema e corrigi.

— Obrigada.

— Agora, qual é a próxima parte do plano? — Peço. — E só pra constar, já


eliminamos um dos meus suspeitos.
— Quem? — Zack pergunta atrás de mim.

— O falso noivo que os meus pais arrumaram. No dia que ele saiu da
minha casa eu achei que podia ter sido dele, ainda mais depois do que você
disse.
— Eu falei que ele não era boa notícia, não que era um maluco homicida!
— Ana grita e Zack ri.

— Essa é a lógica dela. — Ele explica e dá de ombros.

— A mesma lógica que quer fazer uma aparição dramática no próprio


velório— Helena diz. — Ou a que achou que seria legal que o Max fosse
preso, pra que ficasse seguro em uma cela na delegacia.
— Eu queria dar pra Carol a chance de saber como é uma vista intima!
Preciso de amigas que possa me dizer como essa coisa funciona. — Ana
parece ofendida com isso. — E eu percebi que era uma má deia, eles podem
explodir a delegacia.
— Testa com outra pessoa. — Dou risada.

— Mesmo não sendo eu dentro daquele caixão, quero que tudo seja
perfeito no meu falso enterro e eu também quero uma aparição dramática. —
Declara.
— Por falar em dramática, não acha que isso é um pouco demais? Fingir
que morreu por apenas algumas horas, não estou entendo o seu plano. —
Digo.
— Se um dos membros do clube está por trás disso, já imaginou a cara que
ele vai fazer quando eu entrar lá me fazendo de sonsa? Isso vai expor ele!
O plano da Ana faz sentido? Nenhum!
Mas, se tudo der certo e for mesmo um membro do clube esse membro vai
se revelar ou tentar fingir que nada aconteceu. No entanto, eu duvido que isso
vá acontecer. Todos os membros do clube são leias, nenhum deles tentaria
ferir a Ana e todos conhecem a fama que a Alexa tem junto com Tayler.
— Resumindo, você está dando um tiro no escuro, e é claro que vai
surpreender as pessoas. Todos acham que você está morta! — Afirmo.
— Se for isso o que acontece, nós podemos focar nos inimigos fora do
clube. — Ana dá de ombros.
— Tanto faz, estou indo embora e eu vou deixar todos reunidos para a sua
aparição no clube. — Digo, Ana sorri.
— Vou com você, assim esses dois podem discutir sem ninguém tendo que
ouvi-los. — Helena pega o meu braço e me leva para a porta da frente.
— Qualquer atualização te envio uma mensagem. — Ana grita.

— Ok. — Respondo.

Esse funeral vai ser um show e tanto, só quero ver a Alexa gritando para o
Max e os outros que ela avisou. Sem contar que os meninos devem ter ficado
pra ver se sobrou alguma pista de quem está por trás disso, quando a minha
amiga aparecer, vai ter que explicar todo o plano maluco.
***

Eu mentiria se dissesse que a Helena não é uma motorista perigosa, eu


pensei que ia morrer algumas vezes durante o caminho. Coitado do Max, ia
ter uma grande surpresa. Primeiro a irmã volta dos mortos, e depois a
namorada morre.
— O meu primo deve estar te enlouquecendo. — Helena diz quando o meu
celular apita com mais uma mensagem do Max.
— Ele está surtando porquê eu deixei o prospecto na porta do restaurante e
sumi com Zack pela porta dos fundos. — Me sinto mal por ele. — Ele está
sofrendo achando que Ana está morta enquanto isso eu estou rindo com ela
pelas costas dele.
— Meu primo não vai pensar assim. — Ela protesta.

— Você acha mesmo isso? Se eu fosse o Max terminaria comigo. — Sou


honesta. — E nós sabemos como ele lida com as novas descobertas quando
eu estou por perto.
— Bom ponto. — Ela murmura. — Mas são apenas algumas horas, nada
de muito grande.

Max vai reagir bem, pelo menos eu espero que sim. Ele estará feliz em
descobrir que a irmã está viva e eu acredito que todos vão ficar mais
tranquilos quando a Ana contar a lógica maluca dela e todos souberem que
não tem um traidor no clube.
— Mason parece gostar de você. — Comento e ela dá de ombros.

— Mason é complicado. — Ela responde e então para com o carro em


frente ao clube.

Saio do carro concordando com ela, e entro dentro do clube. A primeira


coisa que eu vejo é que o caixão já está aqui e Alexa está do outro lado do
salão, ainda segurando o colar da Ana e murmurando com o Tayler.
Droga.

A Ana precisa vir pra cá agora!

Mando uma mensagem pra ela, que responde com um emoji de carinha
feliz.

— Onde você esteve? — Max pergunta.

— Fui ao necrotério pegar isso. — Mostro o exame de DNA falso. — E


depois o Zack não ficou bem, então a gente foi conversar longe de todo
mundo.
— Lamento que você tenha sido pega no meio disso tudo. — Ele diz.

— Não importa, eu faria qualquer coisa por você. — Falo. — E eu acho


que você devia aceitar o conselho do Mason e sair da cidade por um tempo.
— Não vou te deixar aqui e os meus pais…

— Seus pais e os membros do clube vão trabalhar com a polícia para


garantir que o culpado seja pego, e eu estarei com você. — Ofereço sorrindo.
— Sem contar que eles vão nos dar atualizações o tempo todo
— O que você tem em mente?

— A gente pode passar uns dias na cabana de um amigo. — Pego as chaves


no meu bolso e balanço na frente dele.
Max franze a testa, ele sabe que eu não tenho muitos amigos por aqui do
mesmo modo que ele sabe que eu jamais faria uma proposta dessas, não
quando a minha melhor amiga acabou de morrer.
— Você tá estranha. — Fala.

— Você vai descobrir em breve o motivo pra eu estar assim. — Declaro.


— O que aconteceu hoje enquanto esteve fora?

— Muita coisa, depois eu te conto tudo. — Prometo.

— Todos já estão aqui? — Zack para ao meu lado e olha na direção do


caixão.

— Sim. — Max responde, sem tirar os olhos de mim.

— Bom. — É tudo o que o Zack diz, então ele aponta para a porta do lado
onde a Ana está parada olhando para as pessoas, mas ninguém a vê.
As pessoas se sentam nas cadeiras de frente para o caixão e Alexa sobe para
começar a homenagem, é nesse momento que a Ana decide aparecer e para
ao lado da mãe. As pessoas ficam chocadas com ela ali.
— O que está acontecendo aqui? — Ana pergunta e eu reviro os olhos, tão
boa atriz. Alexa vira para trás e sorri para ela, em seguida anda até a filha e a
abraça.
— Eu disse a todos que você estava viva, ninguém acreditou em mim, —
Alexa diz.

— Não fique assim mãe, agora todos sabem que eu sou a filha favorita e eu
vou explicar tudo. — Ana responde.
Max vira pra mim e franze a testa, em seguida ele cruza os braços contra o
peito e diz;

— Parece que a minha irmã não é a única a ter que explicar as coisas por
aqui. — Max me encara.
— Eu vou explicar, mas antes quero saber como o Zack e ela chegaram
aqui tão rápido, e mais importante, por que eles me deixaram vir com a
Helena? Ela é um perigo no volante!
Capítulo 20
Caroline
Max ignora todas as minhas queixas sobre a direção perigosa da Helena, e
me encara esperando que eu responda como sabia sobre a irmã dele estar
viva, mas não sei como contar tudo o que aconteceu nas últimas horas.
Deus, a Ana não esperou muito pra ressuscitar, ele não pode ficar exigindo
respostas de mim.

— A Ana vai explicar, e outra foram apenas algumas horas. — Digo, porém
ele me olha estranho e não diz nada.
Ana e Alexa estão se abraçando e chorando, ambas muito emocionadas com
tudo o que aconteceu e pelo susto que passaram com a bomba. Tayler no
entanto, está sério e com os braços cruzados esperando respostas da filha.
— Agora que vocês duas já se abraçaram e todos aqui já sabem que você
está bem, estamos esperando por respostas. — Tayler cruza os braços e
encara Ana.
Ana e Alexa se afastam, elas se viram de forma que possam encarar a todos
nós, então Ana sorri e começa a contar seu plano maluco.
— Poucas pessoas sabem, mas eu coloquei alguns sensores na minha casa.
Foi ideia do Zack e no começo eu achei besta, porém, depois de tudo o que
aconteceu com o Dylan eu concordei. Enquanto a gente estava a mil por hora
ontem, os sensores dispararam e eu fiquei um tanto curiosa com quem estaria
na minha casa. — Ana analisa suas unhas por um instante e em seguida volta
a falar. — Sabendo que alguém tinha invadido a minha casa, comecei a
procurar por alguma coisa estranha e acabei encontrando uma bomba na
minha cozinha, mas não foi só isso o que encontrei.
— A mulher na sua casa era uma invasora?

— Sim, e também era uma das putas do clube há algum tempo. — Explica.
— Isso foi o que me deixou mais curiosa, e então eu criei um plano.
— A mulher já estava morta? — Pergunto, sem conseguir me conter.

Max me encara, ele acha que eu sei de tudo o que aconteceu. Quando na
verdade, eu sei apenas o que a Ana me contou na mensagem de texto que me
mandou e o que ela me contou na cabana, o que não é muito.
— Não, ela percebeu que eu sabia sobre a bomba e me atacou. Uma
drogada que não sabia de nada lutando contra alguém treinada e lucida. —
Ri. — Ainda assim, eu não a matei, achei que nada mais justo que ela
morresse no meu lugar. E como essa mulher fez parte do clube uma vez…
— Você achou que alguém do clube estava por trás de tudo. — Tayler olha
para os irmãos do clube, todos estão um tanto chateados com a linha de
raciocínio da Ana.
— Sim, então reuni forças com as poucas pessoas que eu confiava e que
não estariam ligadas ao clube e começamos a juntar as peças. — Diz. —
Também desarmamos a bomba na casa da Caroline, assim ninguém mais
correria perigo. A gente só não sabia que eles atacariam meu irmão e ela.
— Quem estava te ajudando nisso tudo? — Max está praticamente
rosnando essa pergunta.

— Primeiro eu contei pro Zack, em seguida Helena e Mason, e hoje mais


cedo enviei uma mensagem para a Caroline de um número privado. Ela
também cobriu as bases como o teste de DNA e todo resto.
— Tudo isso pra você aparecer aqui e fazer esse show? Sabe o quanto a
gente ficou preocupado e sofrendo por ter te perdido? — Dean é quem diz
dessa vez.
— Não é só por isso, agora que sabemos que o inimigo não está aqui e ele
pensa que um de nós está morto, vamos ficar de olho nos rastros que a puta
deixou, eles podem nos levar até essa pessoa. — Responde. — E, agora nós
temos como evitar o próximo ataque.
— Você sabe quem vai ser o próximo? — Tayler pede.
— Sim, todos nós sabemos. — Ana sorri. — Caroline vai ser a próxima,
eles querem atacá-la e fazer parecer que tudo isso é coisa do Max.
— Por que incriminá-lo? — Murmuro, mas a minha escuta e sorri.

— Essa,é mais uma das coisas que a gente tem que ficar de olho. — Dá de
ombros. — Agora que sei que posso contar com todos aqui, vamos focar nas
coisas certas. As fitas de segurança que foram adulteradas, a Helena já está
trabalhando nelas, e no rastro que a puta deixou.
As respostas que a Ana deu deixaram todos satisfeitos, mesmo que o plano
não tenha feito nenhum sentido, pelo menos ela tirou essa merda da cabeça.
Também não posso deixar de ficar chateada por ela não ter me contado quem
era a mulher.
— Esse dia está uma loucura. —Falo. — Você está mais tranquilo?
Max me encara com raiva, a forma como seus punhos estão fechados e as
veias do braço dele saltadas, me diz o quão bravo ele está com toda essa
situação.
— Durante horas eu pensei que a minha irmã estava morta. Você me
consolou, me disse que tudo ia ficar bem e tudo isso enquanto ria pelas
minhas costas. — Acusa.
Não vou mentir, essa merda dói e dói muito, mesmo comigo estando
esperando por algo assim.

— Você sabe que eu não fiz isso! — Me defendo. — A sua irmã é a minha
melhor amiga e me pediu que eu ficasse em silêncio, eu devia isso a ela.
— Você devia essa merda pra mim que era seu namorado. — Não sei se ele
percebeu que se referiu a mim como namorado no passado, acho que mentir
pra ele mesmo que por pouco tempo acabou saindo caro.
— A Ana me pediu, o que você faria se ela tivesse te pedido isso, sabendo
que a vida de todos a sua voltava estava correndo perigo? — Ele desvia o
olhar. — É foi o que eu pensei, é fácil ficar bravo quando a corda está do
outro lado.
Me afasto dele, preciso respirar e refrescar a minha cabeça. Estar ao lado do
Max e com toda essa carga emocional que está vindo de dentro desse salão é
muita coisa.
— Onde você vai? — Ele grita atrás de mim, soando um tanto arrependido.

— Respirar, eu preciso de um tempo. — Digo e saio.

No momento que abro a porta e saio para o estacionamento vazio do clube,


mesmo estando do lado de fora me sinto sufocada, o aperto no meu peito vem
acompanhado de uma sensação ruim no meu estômago, e isso faz com que eu
continue andando até que chego no portão da frente e faço um sinal pro
prospecto abrir pra mim.
— Não posso deixar você sair sem ninguém. — Ele grita do posto dele.

— Não estou pedindo a sua permissão, se você não me deixar sair eu vou
chamar a polícia. — Ameaço.
— O Max não vai gostar.

— Ele não precisa gostar. Pode ser uma surpresa pra um idiota como você,
mas nós mulheres não fomos feitas para agradar aos homens. — Coloco meus
braços na minha cintura e me mantenho firme.
Sorte a minha que o imbecil facilita pra mim e abre o portão.

Saio na rua e começo a andar sem destino, quando dou por mim estou em
frente ao restaurante onde a Rachel trabalha. Ela está parada do lado de fora,
um cigarro na mão e o telefone na
Orelha. Está visivelmente discutindo com alguém, ela gesticula e anda de
um lado para o outro, nervosa.
Se o que a Ana disse sobre a ex puta do clube é verdade e ela era uma
drogada, Rachel pode conhecê-la, e essa é a minha chance de tentar conseguir
alguma coisa.
— Rachel? — Chamo, me aproximando dela depois que ela desligou o
telefone.

— O que você quer? — Ela pergunta agressiva.

— Estou a procura de uma pessoa… Rachel não me deixa terminar de falar.


— Seu namorado já deu um pé na sua bunda gorda? — Ri.

— Não, Max e eu estamos bem. — Minto, não faço a mínima ideia de


como nós estamos nesse momento. — Estou procurando por uma mulher que
foi vista saindo da casa da Ana.
— Não sei do que você está falando, e mesmo que soubesse quem é essa
pessoa, por que eu te ajudaria?
— Eu tenho dinheiro e posso te ajudar a sair do vício das drogas, tudo o
que você precisa fazer é me ajudar a reunir algumas informações sobre essa
mulher. — Pego a foto que Zack me passou hoje cedo e mostro pra ela.
Rachel analisa a foto por um momento e então ela me entrega meu celular
de volta.

— Ela normalmente fica em um estacionamento de trailers fora da cidade.


— Conta e eu fico surpresa por ela aceitar a minha ajuda e me ajudar em
troca. — Sabe onde fica?
— Sei, obrigada pela ajuda. — Pego uma nota de cem no meu bolso e
entrego pra ela. —Não use em drogas. —Peço, mas ela pega o dinheiro e
entra de volta no restaurante.
Com essa informação em mãos, chamo um Uber com a intenção de ir e ver
se encontro o lugar que essa mulher vivia.
— Caroline? — O motorista pergunta, o boné que ele está usando cobre o
rosto e não me deixa o ver direito. — Eu sou o motorista. — Diz me
tranquilizando.
Entro no carro e ele tranca as portas, até ai tudo bem, todos os motoristas
fazem isso. O que não está tudo bem é o fato dele dirigir na direção oposta ao
meu pedido. Quando eu começo a me desesperar e pedir pra descer do carro,
ele aperta um botão e libera um tipo de gás.
— Tem alguém que quer te ver. — Escuto ele dizer antes de desmaiar.
Capítulo 21
Caroline
Acordo em um lugar mal iluminado, cheio de pó e entulhos, o que me faz
pensar que estou em uma obra ou em um lugar abandonado. Também estou
sentindo uma dor no meu peito conforme respiro, isso deve ser o resultado do
produto que aspirei no carro.
— Parece que a ratinha acordou. — Uma pessoa encapuzada e toda vestida
de preto está sentada em uma cadeira no canto. — Por um momento achei
que ia ter que caçar o homem que a trouxe aqui e puni-lo por ter te matado.
— Como se você não fosse me matar. — Respondo, ofegante.

Eu sei que sair sozinha foi uma jogada idiota, mas essa oportunidade de
ficar cara a cara com o nosso inimigo, é uma chance única, posso tentar
aprender alguma coisa e deixar alguma pista para os outros.
Quando fui conversar com a Rachel o pensamento de algo poderia
acontecer a qualquer momento sempre esteve comigo, mas eu não podia ficar
sentada e esperar que a Ana cuidasse de tudo. Ainda mais, sabendo que o
próximo a ser atacado é o Max.
— Matar você? — Ri, e é quando eu percebo que ele está usando alguma
coisa pra mudar a voz, e se ele precisa de um aparelho desse tipo, é sinal de
que o conheço. — A minha intenção é que você e seus amigos saibam quem
está no comando de tudo isso, te matar é a última coisa na minha lista.
Interessante, por que ele não quer me matar agora?

— Então você não vai me matar? Por quê?


As minhas perguntas fazem com que ele dê risada, e graças ao alterador de
voz, ele ficou com um ar aterrorizante. Novamente, por mais medo que eu
esteja, sinto que preciso conseguir reunir informações sobre esse homem.
— Claro que vou, só não vai ser hoje e nem agora. — Responde. — Como
todo bom plano de vingança, existem fases pelas quais eu devo passar para
conseguir o que eu quero.
Tipica coisa de psicopata.

— E no que se baseia esse seu plano? — Peço. — Me assustar e então me


fazer ser a sua garota de recados?
Ele se levanta e caminha até onde estou, parando na minha frente e se
abaixando de forma que seu rosto fica a poucos centímetros do meu. Se eu
estivesse com as minhas mãos livres, talvez eu conseguisse puxar a máscara
dele e finalmente ver seu rosto, infelizmente isso não é possível.
— Você é uma mulher inteligente Caroline, sempre foi. — Declara, seu
hálito quente batendo contra o meu rosto — Mas age como uma burra se
pensa que vai sair daqui sem que antes eu me divirta com você.
A forma como ele fala me divirta tem um pouquinho de sotaque, no entanto,
não consigo dizer de onde é o sotaque, mais uma vez é a porcaria do alterador
de voz.
— O que isso quer dizer? — Tento fazê-lo falar mais, mantê-lo falando
significa descobrir mais coisas.
Ele passa a mão pelo decote da minha camiseta, puxando para baixo e
revelando os meus seios. Luto para me afastar dele, uma onda de náusea
tomando conta de mim, até que mais uma vez ele ri e se afasta, não antes de
arrumar a minha camiseta de volta no lugar.
— Tudo ao seu tempo, infelizmente não vai ser agora que vou ter essa
diversão. — Ele se levanta e antes que eu consiga registrar seu próximo
movimento ele me dá um chute na barriga que me faz saltar para trás e acabo
deitada no chão gemendo de dor. — Esse é o tipo de diversão que eu quero
ter nesse momento, sua puta. Achou mesmo que eu ia esquecer o que você e
seus amigos me fizeram?
— Nós nunca fizemos nenhum mal pra ninguém! — Garanto.

— Isso é o que você pensa.


Seu punho se conecta com o meu rosto, e logo ele está em cima de mim, me
batendo mais. Com as mãos amarradas não consigo me proteger e perco a
consciência. Fico sem sentido por algum tempo, até que ele me acorda
jogando um balde de água na minha cara, noto que agora estou deitada em
uma mesa improvisada, com as mãos e pés presos.
Ao lado da mesa tem algumas ferramentas que são usadas normalmente em
obras, o que reforça a minha teoria de que estamos em um tipo de construção.
— Por que está fazendo isso? — Pergunto, ou, pelo menos, tento fazer com
que as palavras saiam.
Meus lábios estão inchados e eu não consigo enxergar direito, o gosto
metálico de sangue na minha boca é forte.
— Era pra ter sido eu, sempre foi eu! — É a resposta dele.
Quando penso em perguntar mais, ele joga um pano na minha cara e em
seguida começa a jogar água, sinto que estou me afogando, sem ar. Nunca
passei por nada desse tipo, já li sobre técnicas de tortura, mas jamais pensei
que um dia seria vítima de algo tão medieval e brutal como isso.
Começo a perder a consciência quando ele tira o pano do meu rosto.

— Sabe como foi frustrante pra mim ficar de lado por todo esse tempo? —
Pergunta, a raiva mal contida em sua voz. — Vocês acham que podem brincar
com as pessoas e que isso não tem nenhuma consequência, no entanto, existe,
e está na hora de mostrar isso.
— Foi por isso que colocou uma bomba na minha casa e mandou que
atirassem em mim? — Não sei de onde estou tirando forças para fazer
perguntas, se esse cara me matar, não vou poder ajudar o Max e a família dele
em nada.
— A bomba era uma pequena surpresa, um detalhe que poderia ou não
explodir, foi a chance que dei para vocês de sairem de tudo isso.
— Vocês?

— Ana e você, por mais que te matar não estivesse no topo da minha lista,
eu precisava dar essa chance.
— A sua forma de nos deixar fugir dessa história era nos explodindo? E
quanto ao Max e Dylan?

— Dylan foi apenas um momento de diversão. Eu também gosto de brincar


e ver aquele rosto bonito dele todo fodido foi o ponto alto da minha noite. —
Ri. — Agora eu quero ver ele conseguir tanta buceta como ele tinha na época.
Ele pega uma ferramenta que tem um tipo de manivela e prende ela no meu
braço, em seguida começa a girar a manivela. Isso vai fazendo com que a
ferramenta fique cada vez mais apertada até que me pego gritando para que
ele pare, mas ele não para, não até que escuto o osso do meu braço se quebrar
e grito de dor.
— Grita Caroline, é uma pena que você não saiba quem eu sou, se não
poderia gritar o meu nome. — Zomba.
— E te dar esse tipo de prazer? Não preciso saber seu nome pra entender
que você é um doente mental, um maldito psicopata. — Cuspo as palavras
em meio a dor. — Eu jamais te daria esse prazer.
— Isso é o que você pensa, quando eu tiver terminado com todos, você
estará me implorando. Talvez não pela sua vida, mais sim pela do seu
namoradinho e da família dele. —
— Se ache menos, a família do Max jamais vai deixar que alguém como
você chegue tão longe.
— Digo. —O clube vai vir atrás de você e quando eles te pegarem…

— Eles não vão!

— Vão! Nós dois sabemos disso, você está se divertindo enquanto pode.

— Isso é o que vamos ver. — Responde.

Não sei de onde ele tirou um chicote, tudo o que eu sei é que ele rasga a
minha camiseta com raiva e me vira de lado na mesa, é quando ele começa a
me bater nas costas. A dor é insuportável, sinto o couro rasgando a pele das
minhas costas uma e outra vez.
A forma como ele ri enquanto me bate é tão horrível, esse homem não tem
nenhuma emoção, ele se diverte com a dor que inflige aos outros e eu vejo
que isso vai ser um problema para o clube.
— Sabe o que mais me diverte em tudo isso? — Pergunta e quando o
ignoro, ele me bate de novo.
— O que? — Murmuro.

— O que mais me diverte é pensar em como isso tudo vai afetar o Max, ver
como ele falhou em te proteger.
— Ele não falhou! — Garanto.

— Mesmo? Não é isso o que ele vai pensar cada vez que ver as cicatrizes
nas suas costas? Ele vai pensar que são as minhas marcas espalhadas pelo seu
corpo.
— Ele não vai se culpar e sabe o por quê? — Peço. — Porquê cada vez que
ele começar a se culpar eu vou mostrar a ele o quanto o amo e como isso tudo
não passou de um pesadelo.
— Então vai se lembrar de mim, vai contar a todos sobre nossos momentos
juntos?

— Não! Você não vai passar de uma mera lembrança que jamais vai ser
mencionada.

— Vamos ver se não.

Essas são as últimas palavras que ele diz, antes de jogar um líquido nas
minhas costas feridas, a dor da queimação me tem gritando muito alto.
Ironicamente são os meus gritos de dor que acabam salvando a minha vida,
alguém deve ter o escutado, e alertado a polícia, pois ao fundo consigo ouvir
o barulho de várias sirenes.
— Nós vamos nos ver de novo muito em breve.
Capítulo 22
Max
Desde o momento que a Caroline saiu pra tomar um ar eu tenho me sentido
um tanto estranho, talvez seja a forma como eu a tratei.
— Você foi um babaca com ela, sabe que a minha amiga não entrou nessa
porquê quis e sim porquê eu a obriguei. — Ana me dá um tapa na cabeça. —
Ela fez isso pra te proteger, idiota.
— Ela mentiu e chorou na minha cara. — Falo e mesmo eu sei que a minha
raiva é por não ter feito parte do plano e não com a Caroline.
— Sugiro que você vá atrás dela e peça desculpas, ou se esqueceu que
estão começando agora e que ela pode te dar um pé na bunda e sair da
cidade? É a chance dela de se livrar de você e desse maluco.
Não digo nada quando me afasto da minha irmã e vou atrás da Caroline,
assim que saio para o estacionamento do clube e não vejo sinal dela percebo
que tem algo errado. Corro para o portão da frente e vejo um prospecto lá,
faço sinal pra ele, que me olha nervoso.
— Você viu a Caroline? — Pergunto.

— Ela saiu. — Responde sem me olhar.

— Ela saiu? Como?

— Pelo portão, ela disse que ia chamar a polícia se eu não deixasse ela sair.
— Explica.
— Se qualquer mulher do clube que esteja puta da cara, te ameaça com a
polícia você pega a porra do telefone e me liga. Você não deixa ela sair, não
quando um maluco fodido quer matar a todos. — Rosno.
— Desculpe. — O desgraçado está se encolhendo de medo.

— Desculpe? Não. Comece a rezar pra que ela esteja bem, se não dê adeus
a sua chance de entrar no clube.
Pego meu telefone e mando uma mensagem pro meu pai. Se a Caroline está
sozinha pela cidade é melhor procurar por ela junto com os outros, não
preciso ficar me preocupando com a segurança de mais ninguém.
Porra Caroline, por que você saiu sem um segurança?

— Para onde ela iria depois que saiu daqui? — Meu pai é o primeiro a se
aproximar de mim.
— Não sei, talvez ela tenha ido para casa. — Penso.

— Não, ela não é o tipo que fica com raiva e foge sem ter um motivo. —
Ana responde. — Ela deve ter ido tentar descobrir alguma coisa, depois de
tudo o que eu falei a escolha certa seria a mulher que estava na minha casa.
— E como você não sabia o endereço dela, Caroline deve ter ido falar com
alguém que tem os mesmos hábitos que essa mulher. — Murmuro,
imediatamente eu já sei onde ela foi.
— Sabe onde ela está? — Minha mãe aparece preocupada.

— Ela foi falar com a Rachel. — Corro para o meu carro e sou seguido
pelo meu irmão.

— Vamos no meu. — Fala. — Eu dirijo.

Entro no carro e o caminho até o restaurante onde a Rachel trabalh. O


caminho é feito em silêncio. Quando chegamos lá vejo ela parada do lado de
fora, discutindo com alguém por telefone.
— Posso falar com você? — Peço, tentando ser educado.

— Não tá vendo que eu tô ocupada? — Diz sem me olhar.

— Preciso da sua ajuda.

O meu pedido é o suficiente para que ela pare o que está fazendo e me olhe,
um sorriso aparecendo no rosto dela.
— Você é a segunda pessoa que me procura hoje com essa coisa de precisar
de mim, parece que as coisas estão mudando por aqui.
— Caroline esteve aqui? — Pergunto.

— Sim, mas isso foi há horas.

— E pra aonde ela foi? — Dean vendo que estou me segurando por pouco,
pergunta.

— Ela deve ter ido ao parque de trailer, tanto que até pegou um uber.

— Você a viu entrando em um carro? — Seguro o braço dela.

— Se foi o que eu acabei de dizer. — Revira os olhos e puxa o braço do


meu aperto.

— Vou avisar aos nossos pais, eles podem ir pra lá. — Dean se afasta e
manda uma mensagem para nossos pais.
— O que está acontecendo? — Rachel pergunta.

— Nada, obrigado pela ajuda. — Digo e volto para o carro.


Assim que entro Dean desliga o telefone.

— O pai e a mãe já foram lá, eles mostraram uma foto dela e disseram que
ninguém a viu por lá.

— Se ela não foi pra lá, então onde ela foi?

— Vamos passar na casa dela, quem sabe a gente não consegue alguma
coisa por lá. — Dean liga o carro e dirige para a casa dela.
No fim das contas o que era para ser uma pequena excursão de busca pela
Caroline se torna em algo muito maior. Conforme as horas vão se passando e
não temos nenhuma notícia dela o aperto no meu peito cresce.
Em casa não tem nenhum sinal, está tudo exatamente como nós deixamos
esta manhã, então saímos pra continuar a busca, ficar aqui não vai ajudar em
nada.
— Ela estará bem! — Dean diz enquanto saímos da casa dela.

— Não tenho tanta certeza disso, não quando as horas estão se passando e
a gente sabe que tem um maluco por ai. — Entro no banco do carona na
caminhonete do meu irmão e fico esperando ele entrar.
— A Carol sabe como se virar, ela não é boba.

— Acontece que ela estava com raiva de mim, ela saiu do clube porquê eu
briguei com ela. — Admitir isso em voz alta me irrita, se alguma coisa
acontecer com ela eu vou me culpar.
— Não, ela saiu do clube porquê na certa foi investigar alguma coisa. Não
fique se culpando assim.
Estou prestes a responder a ele, quando o rádio que Mason nos entregou
apita e em seguida a voz do outro lado da linha convoca todas as viaturas da
área para verificar as várias denúncias de gritos que estão vindo de uma
construção, no momento em que escutamos o endereço Dean vira o carro e
vai para o lugar.
Os gritos estão vindo da nossa obra, o hospital comunitário que a minha
mãe está construindo com a ajuda de alguns amigos dela.
— Ele não teria feito isso. — Dean diz em voz baixa.

— Ele teria, eu sinto que é ela. — Digo, e silenciosamente começo a rezar


pra que Caroline esteja viva.
No momento que chegamos no local tem três viaturas da polícia e uma
ambulância. Os paramédicos passam correndo entrando enquanto carregam
uma maca. É nesse momento que eu
Me desespero e corro em direção ao prédio, parando apenas quando Mason
aparece na minha frente.
— É ela? — Pergunto para ele.

— Sim. — Tento forçar a minha passagem, mas ele me segura. — Ela está
muito machucada.

— Ele…

— Não, mas ela está mal.

Um dos policiais vem até mim e me entrega o celular da Caroline.

— Estava escondido na calça dela, ele está com o gravador ligado, acho
que pode ter alguma pista de quem fez isso com ela. — Ele entrega o celular
pro Mason, que espera ele se afastar.
— Assim que eu tiver o que está aqui, sua prima vai te enviar. — Garante.
— Nós vamos pegar esse cara juntos.
— Vou ficar esperando. — É tudo o que eu digo.

A maca com a Caroline passa por mim, seu corpo está coberto, deixando
apenas seu rosto amostra e a simples visão do quão ferida ela está me deixa
com o estômago embrulhado. Eu vou matar esse filho da puta com as minhas
próprias mãos.
— Eu vou com ela. — Digo para os paramédicos e entro na traseira do
caminhão de resgate. Dean vem até a porta e diz;
— Vamos te encontrar no hospital.

Aceno com a cabeça, reconhecendo que ouvi o que ele disse, e volto a
minha atenção para Caroline, que está desacordada.
— Por que vocês estão mantendo ela deitada de lado? — Pergunto.

— As costas dela estão em carne viva. — Explica um dos homens, ele pega
o lençol e me mostra.
As costas da Caroline estão rasgadas, é como se ele…

— O filho da puta bateu nela com um chicote. — Falo pra ninguém em


especial.

— Sim, e aparentemente ainda jogou algum tipo de reagente em cima, ele


queria que ela sentisse dor. — O homem fala.
— Nossa preocupação agora é garantir que ela não sinta dor. — O outro
diz, cobrindo as costas da Caroline que o outro tinha me mostrado.
O caminho para o hospital é um verdadeiro inferno, parece que nunca
vamos chegar lá e quando finalmente chegamos, os médicos que são amigos
da Caroline chegam e a levam para longe de mim.
Ela precisa ficar bem!

Mesmo rezando e implorando eu sei que o que aconteceu com a minha


garota hoje pode ter mudado quem ela é para sempre. O desgraçado não só
torturou ela, ele também garantiu que ela ficasse marcada para o resto da
vida.
— Fique bem. — Imploro pra Deus protegê-la e fazer com ela volte pra
mim.

Que toda essa noite maldita fique no passado e que ela acorde e ainda seja a
minha garota.
Capítulo 23
Caroline
Acordo em uma sala branca, a luz fere um pouco os meus olhos, e quando
tento me mover sinto fios presos aos meus braços. A primeira coisa que eu
penso é que ainda estou presa com aquele maluco. Mas então sinto uma mão
segurando a minha e me inclino um pouco para ver o Max sentado na cadeira
ao lado da minha cama, a cabeça apoiada na cama, enquanto ele segura a
minha mão e dorme.
É quando o medo que eu estava sentindo se vai e dá ugar ao alívio de estar
com ele, saber que estamos bem.
Sinto as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto, devo ter feito
algum som, pois Max acaba acordando e pula da cadeira para ficar ao meu
lado, acariciando o meu rosto.
— Tudo bem, você está em segurança. — Chora. — Eu nunca mais vou
deixar ele chegar perto de você, por favor me perdoa pela forma como eu
agi…
— Max, eu não te culpo pelo que aconteceu eu jamais faria isso com você.
— Garanto. — Ter saído foi a minha escolha, eu queria ajudar vocês e…
— E ajudou, a sua gravação está com o Mason e com a Helena. — Ele fala
e eu respiro aliviada.

— Bom, estava com medo dele ter encontrado o celular. — Solto a


respiração que eu nem sabia que estava prendendo.
— O que você fez, ter saído sem proteção foi idiota. — Max diz e eu tenho
que rir dele. — Não de risada! Você poderia estar morta.
— É exatamente por isso que eu estou rindo, por estar viva. — Acaricio
seu rosto. — Ele tentou me quebrar lá, ele queria que eu pensasse nele e no
que ele fez comigo.
— O meu medo é que ele tenha conseguido. — Confessa em voz baixa.

— Não conseguiu, eu jamais permitiria que alguém como ele ficasse na


minha cabeça. — Conto.
— Ele queria isso, mas tudo o que ele fez foi me fazer mais forte.

— Você diz isso agora, quero ver quando os remédios passarem e a dor nas
suas costas voltar. — Ele fecha os punhos com raiva.
— Quando elas voltarem eu vou pensar em como sentir dor é bom, é um
sinal de que eu estou viva. — Sorrio.
Ser atacada foi uma merda, mas toda a dor que eu sofri mostra que sou forte
e posso aguentar qualquer coisa. Também mostra que eu estou viva e que
consegui passar por tudo o que jogaram em mim.
— Por pouco. — Max está de mau humor, o que é engraçado já que ele
está bem e eu sou a pessoa que tem um braço quebrado, a cara inchada e
estou com as costas fodida.
— Sabe, foi a minha dor que me fez gritar como uma maluca e foi isso o
que me salvou. — Conto. — Então por favor, não fique assim pelo que
aconteceu comigo, fique feliz pelo que não aconteceu.
— Eu ficaria mais feliz se você não tivesse saído do clube. — Resmunga.
— Olha como o seu rosto está, seu braço, suas costas!
— Max as coisas acontecem como tem que acontecer, agora aonde eu
estava quando vocês me encontraram?
A minha pergunta o deixa mais irritado.

— O desgraçado te levou pra construção do hospital comunitário. —


Conta. — A minha mãe está puta da cara, e os seguranças que ficam no lugar
foram todos demitidos.
— Não precisava de tudo isso. — Falo.

— Precisava, eles poderiam ter evitado.

Dói em mim ver a dor estampada em seus olhos, o medo de que eu estivesse
morta é o que está o deixando todo resmungão.
— Max, esse cara contratou alguém pra se passar por Uber, não acho que
tenha algo que ele não consiga fazer.
— Uber? — Pede.

— Exatamente, eu não sei se aparece as informações do motorista que ele


pagou no aplicativo e nem se era o mesmo carro, mas pode ser uma boa fonte
de informações.
— A Rachel disse algo assim quando fomos procurar por ela.

— Falou com ela?

— Logo depois que você sumiu a gente se dividiu e foi te procurar, Ana
me disse que você tentaria encontrar mais informações e como a única
drogada que conhecemos na cidade é ela…
— Faz bastante sentido. — Sorrio.
E então escuto uma batida na porta em seguida ela se abre e abre e vejo
Mason junto com os pais do Tayler e a Ana.
— Você conseguiu ver a cara dele? — Mason pergunta, assim que entra no
quarto.

— Não é o momento pra… — Max começa mas levanto a mão e o corto.

— Não, ele estava usando uma máscara que não deixava ver nada. — Falo,
cortando ele. — Ele também estava usando alguma coisa pra mudar a voz.
— Isso significa que ele tem medo a gente o reconheça. — Ana diz com
determinação.

As palavras dele sobre nós duas e a forma como todos o ignoraram e o


subestimaram ainda estão na minha cabeça. É isso o que me faz pensar que
talvez tenhamos o ignorado quando a gente era mais jovem, se esse for o caso
por que ele tem tanto medo de ser reconhecido?
— Esse olhar. — Alexa sorri pra mim, mas Max se intromete com seu mau
humor.

— Talvez agora que estamos todos aqui Caroline possa nos contar
exatamente o que aconteceu, Mason também precisa de uma declaração. —
Tayler oferece.
— Não acho que é uma boa hora, ela está com dor.

— Filho, ela vai ter que falar e ao que me parece a Caroline não está se
sentindo tão mal quanto parece. — Tayler se encolhe um pouco quando olha
para o meu rosto.
Sorte dele que não viu as minhas costas.

— Seu pai tem razão, e se eu for sincera é o seu mau humor que está me
mantendo em silêncio.
— Admito e vejo ele franzir a testa e em seguida me olhar bravo. — Não
me olhe assim, sei que você está com raiva e o seu comportamento mostra o
quanto é controlado, porém eu preciso que você me apoie.
— Você não precisa que eu te apoie, está toda fodida e por ser uma
estúpida. — Max se levanta e sai do quarto batendo a porta atrás dele.
Não estou chateada com a reação dele, eu sei o quão preocupado ele está
comigo e com medo de que essas cicatrizes e do que aconteceu comigo nos
afastem. Max está se culpando por algo que não é culpa dele.
— Ele está…

— Preocupado? Nervoso? Com medo por mim? — Ofereço as palavras


para Alexa. — Não estou brava com ele, o Max está certo foi estupidez da
minha parte sair do clube, mas eu fiz tudo de caso pensado. — Todos me
encaram como se eu fosse maluca. — Obviamente não a parte de ser
capturada e torturada.
— Essa merda não está te ajudando, todos ficaram preocupados com você.
— Ana grita pra mim.

— Me escutem por favor, eu estava de cabeça quente e você sabe que eu


acabo pensando de mais nas coisas e isso me levou a sair do clube e procurar
pela Rachel. — Começo. — Ela vive em um lugar ruim e usa drogas, as
chances dela saber quais eram as pessoas com quem a mulher que te atacou
andava, eram muito grandes, e eu estava certa, ela me passou o endereço dela.
— Devia ter no ligado e não pegado um Uber. — Dean diz. Reviro os olhos
pra mim.
— O seu clube é quem controla tudo por aqui, as pessoas que vivem fora
dessa bolha temem vocês e não diriam nada a respeito. — Explico. —
Voltando, eu chamei um Uber e quando entrei no carro e ouvi as trancas
acabei me sentindo um pouco estranha, a vibração do motorista não foi muito
boa e quando ele usou óxido nitroso para me fazer desmaiar, eu consegui
ligar o gravador e esconder o meu celular.
— Óxido nitroso? — Mason questiona.

— O famoso “gás do riso”

— Achei que isso só de deixasse feliz. — Dean comenta.

— Em altas doses ele pode te fazer apagar, mas ele deve ter modificado
alguma coisa nele, eu não fiquei anestesiada e sim apaguei, eu sentia tudo. —
Admito, estranhando o efeito.
— Talvez não fosse…
— Era, eu sou médica conheço o cheiro e o gosto que ele deixa na boca. —
Corto Tayler antes que ele possa começar uma nova teoria.
— Até que faz sentido se ele fez alguma mudança nessa merda, ele montou
uma bomba, deve saber mexer com química e tudo mais. — Ana responde.
— Quando eu estava lá ele disse coisas como “estou cansado de ser
deixado de lado ou ignorado por todos vocês”
— Pelo clube?

— Não acho que seja isso, ele falou como se fosse apenas os mais novos,
mas isso o fez ter raiva de todos que estão em nossa volta. — Minha cabeça
está me matando. — Ele disse que as bombas foram a chance que ele nos deu
de morrer sem sofrer o que ele tem planejado.
— Sabe alguma coisa sobre o plano…
— Tudo o que eu sei é o que está no gravador, e outra, essa pessoa deve ter
algum tipo de problema mental. Ele queria que eu sentisse dor, queria me
ferir pra que lembrasse dele e o temesse. — Conto. — Ele achou que as
cicatrizes nas minhas costas me afastariam do Max.
— Mais alguma coisa? — Mason pede.

— Sim, tortura. Esse cara sabe como torturar alguém, não sei se ele já fez
isso antes ou eu fui a primeira, mas ele parecia ter tudo ensaiado, que
conhecia o ambiente e o que ele poderia proporcionar pra ele.
— Bom, eu vou colocar no relatório e ver se conseguimos um perfil. —
Mason acena e sai.

— E nós vamos te deixar descansar. — Alexa empurra todos para fora.

Pouco tempo depois que a porta se fecha atrás deles o Max volta para o
quarto, seus olhos estão vermelhos de chorar, no entanto, não vou comentar
nada sobre isso. Eu entendo muito bem a forma como ele está se sentindo
com tudo o que aconteceu, se a situação fosse invertida eu poderia muito bem
ter tido um ataque e em seguida o matado por ter agido de forma estúpida.
— Suba na cama comigo. — Peço, estendo a minha mão.

— Não quero te machucar. — Responde.

— O que vai me machucar é ter você longe de mim. — Contrariado ele


sobe na cama, cuidando com o meu braço e costas.
— Desculpa pela forma como agi, nas duas vezes. — Ele fala.
— Não tem motivo pra se desculpar, eu sei que fui estúpida, se a situação
fosse invertida eu teria surtado com você. — Ele sorri, acho que mais por
mim do que por achar graça.
— O que eu não entendo é por que você fez aquilo?

— Se tivesse ficado aqui saberia, mas eu vou te dar a resposta mais curta e
direta. — Ofereço. — Eu fiz aquilo por saber que você é o próximo na linha
de ataque desse maluco, eu precisava tentar fazer alguma coisa e quando
acabei frente a frente com essa pessoa, pude ver com os meus próprios olhos
o quão doente ele é. Mas não foi só isso, eu trouxe informações comigo.
Podem não ser muito boas, mas vão ajudar.
— Valeu a pena passar por tudo isso, carregar as marcas dele no seu corpo?
As marcas no meu corpo são o que estão incomodando o Max.
— Sabe o que ele queria quando fez essas marcas em mim? — Pergunto e
ele nega. — Ele queria que cada vez que você ou eu olhasse pra elas, que nós
lembrássemos dele, sabe o que eu disse?
— Que essas marcas seriam pra mim uma lembrança da minha vida, que
eu jamais iria ver elas e lembraria dele. — Falo. — Essas marcas e a dor que
eu estou sentindo são uma lembrança de que estou viva e que tenho você
comigo. Por isso eu preciso que as veja da mesma forma que eu, não
queremos dar esse gosto pra quele lixo humano.
Max me dá um beijo de leve, mesmo com o meu rosto todo machucado e
corpo dolorido, quando ele me dá um simples beijo é como se ele tivesse me
incendiado, meu corpo anseia por ele.
Infelizmente Max está no modo protetor, então ele se afasta.

— Eu te amo. — Diz simplesmente.

— Você é a minha vida, não tem nada que eu não faria por você. —
Respondo. — Eu te amo parece muito pouco para o que eu estou sentindo.
— Fato, e o que vamos fazer agora? — Pergunta.

— Pegar aquele filho da puta!


Capítulo 24
Max
Caroline não deixa de me surpreender com o quão forte ela é, mas não é
momento certo pra bancar a mulher maravilha.
— Está enganada, acho que nós dois combinamos que iriamos pra a cabana
do seu amigo. — Lembro e dou risada com a careta que ela faz, no entanto,
observar seu rosto inchado tira toda a graça.
Seja quem for esse filho da puta eu vou caçá-lo e quando eu tiver ele nas
minhas mãos, vou garantir que ele sofra.
— Eu até ia reclamar, mas eu preciso que as minhas costas fiquem em dia,
estar viva dói que um caralho. — Caroline acha que fazendo piadas ela vai
tornar essa merda mais fácil pra mim, o problema em tudo isso é que só me
deixa com mais raiva.
Ela pensa que eu estou bem, mas a verdade é que estou mantendo a baixo da
superfície toda a raiva acumulada. De que me adiantaria brigar com ela,
sendo que a pessoa que eu quero caçar e matar está longe de ser pega?
Preciso dessa raiva pra manter a minha cabeça focada em pegar o filho da
puta e quando eu colocar as minhas mãos nele, vamos recriar as coisas que
ele fez com a Caroline só que mil vezes pior.
— Max? — Ela me chama e eu a encaro.

— Sim?

— Você estava longe. — Sorri, posso ver que ela está preocupada comigo.
A pessoa que foi sequestrada, torturada é a mesma pessoa que está sorrindo
e levando essa merda toda numa boa, não só isso, como também é a pessoa
que está tentando me acalmar.
— Eu estava pensando nas coisas que a gente tem que arrumar pra nossa
viagem. — Minto, não querendo que ela se envolva mais nessa história.
— Ok. — Ela não acredita em mim, mais também não diz nada e eu sou
grato por isso. — Você pode me entregar esse espelho que está ali. — Aponta
para a mesinha.
— Claro. — Pego o espelho e entrego para ela.

Prendo a respiração esperando pela reação dela ao ver o quão ferido seu
rosto está. Talvez seja agora que a ficha do que aconteceu com ela caia e que
ela vá perceber a gravidade do que aconteceu e o quão perto chegou de estar
morta.
— Não me olhe assim. — Diz. — Eu sei que estou feia, mas a minha
principal preocupação são os meus dentes, e como eu já sei que eles estão no
lugar deles e estão bem, não vai ter surto.
Não sei se esgano a Caroline por se preocupar com algo tão simples como
os dentes e ignorar as costas dela, ou se dou risada do fato dela ser maluca.
— Você é maluca pra caralho, sabe disso? — Me arrumo na cama ao lado
dela novamente e dou um beijo em sua testa.
— Eu sei, mas você ainda me ama.

— Com certeza! — Digo, então pego o meu celular e me levanto da cama.


— Vou pedir pros meus pais arrumarem as coisas pra nossa viagem, assim
que você sair daqui a gente vai pra cabana.
— Max? — Ela me chama quando estou perto da porta.

— Sim?

— Eu te amo, mas a próxima vez que você falar comigo da forma que
falou na frente da sua família, eu vou enfiar o meu pé na sua bunda e não vai
ser legal. — Fala e eu posso ver que ela realmente quer dizer isso.
— E a próxima vez que você se meter em merda assim e quase me matar
do coração, eu vou te prender na nossa cama. — Prometo e saio do quarto.
Caroline está certa, sempre que eu fico nervoso tenho a tendência de falar
merda e os meus ataques normalmente são com as pessoas que eu amo. Fico
feliz por ela ter me perdoado por ser um idiota, o que ela não sabe é tem
muitos apoiadores na minha família e que o meu irmão e irmã já chutaram a
minha bunda por ela.
O lado positivo?

Isso me mostra que mesmo que um dia eu não esteja aqui para mantê-la
segura, a minha família vai cuidar dela por mim.
— Olá, não sabia que ainda estava aqui. — Um dos paramédicos que
atendeu a Caroline para ao meu lado.
— A minha mulher está internada, e onde ela está eu estou. — Falo, não
dando muita bola.

— Entendo, eu também cuidaria se tivesse alguém como ela na minha


vida, ainda mais depois disso. — Ele parece com raiva ao falar do que
aconteceu. — Imagino que já tenham pegado quem está por trás disso.
— A polícia está cuidando do caso.
— Bom, eu não quero ter que me preocupar com a minha namorada sendo
sequestrada também. Meu trabalho já fode com a minha cabeça o suficiente.
— Imagino, ver todas essas coisas acontecendo por ai, deve ser
complicado. — Enquanto nos falamos mando mensagens para a minha mãe
pedindo pra ela arrumar tudo pra nossa viagem.
— Eu fui um dos socorristas que te antedeu no seu acidente. — Diz, e eu
me viro para ele.

— Mesmo? Obrigada por ter ajudado a salvar minha vida. — Agradeço.

— Disponha, fico feliz em te ver bem. — Ele dá um tapa no meu ombro.

— Desculpe, eu não sei o seu nome?

— Me chamo Cody. — Se apresenta estendendo a mão e eu pego.

— Sou Max, é um prazer.

— O prazer é todo meu.

— Então, sua namorada trabalha aqui? — Pergunto.

—Não, ela trabalha no ramo alimentício. — Responde, então o celular dele


toca. — Se me dá licença, deve ser o trabalho me chamando.
Quando Cody se afasta eu já combinei tudo com a minha mãe, a única coisa
que falta é a liberação da Caroline, coisa que eu duvido que vá acontecer tão
cedo.
— O que você está fazendo aqui? — Ben o médico do Dylan pergunta
passando por mim.

— A Caroline está sendo atendida. — Falo e ele parece surpreso.

— O que aconteceu com ela?

— Ela foi sequestrada e está bem ferida. — Conto.

— Vou entrar e ver como ela está. — Ben entra e eu o sigo, Caroline está
dormindo tranquilamente quando entramos.
— Acho que ela estava com dor e apertou o botão do sedativo. —
Murmuro, enquanto ando até ela e a cubro.
Ben me ignora e lê o prontuário dela, ele faz careta em alguns pontos como
se desaprovasse o que o médico responsável por ela fez. Quando ele fecha o
prontuário estou pensando em trocar de médico e quem sabe ir atrás dele e
socar a cara do filho da puta por não cuidar bem da minha garota.
— O que foi? — Questiono.
— Nada, só não gosto dos remédios que estão administrando nela, são
muito fracos. — Explica.
— Pra ferimentos como os que ela tem nas costas é preciso de algo muito
mais forte e eficaz, não queremos que ela morra por uma infecção.
— Como você sabe que ela tem um ferimento tão grave nas costas? —
Pergunto.

— O prontuário dela. — Dá dê ombros. — Deixe comigo, vou mudar a


medicação e informar seu médico que estou assumindo o caso.
— Obrigada. — Digo.

— Disponha, Caroline é alguém com quem me importo, sem contar que


uma colega de trabalho incrível pelo que falam.
— Outra coisa, você sabe quanto tempo ela vai ficar por aqui? — Preciso
saber pra poder tirar ela desse lugar e mantê-la segura.
— Mais uns dois dias, só quero garantir que ela se recupere.

— Ok.

Mais dois dias, dois dias tendo a minha mulher presa nesse lugar onde as
pessoas entram e saem e em um ambiente que não tenho um controle total.
Porém, isso vai ter que mudar, se vamos ficar aqui vou garantir que ela e
Dylan tenham segurança completa.
Eu; Preciso de uma escala de membros que vão ficar no hospital de
guarda, tanto na Caroline como no Dylan.
Mãe; Já cuidei disso, o primeiro prospecto estará ai em algumas horas.
Eu; Obrigada, não vejo a hora dessa merda acabar.

Mãe; Somos dois ;)

Por mais que eu queira que tudo isso acabe, tenho um sentimento estranho
de que tem muita coisa ainda para acontecer.
Me sento na cadeira ao lado da cama da Caroline e começo a trocar
mensagens com a Helena. Ela foi a pessoa que ficou encarregada de descobrir
se encontra algo nas câmeras e na gravação de voz que a minha garota fez.
Quando minha prima me diz que não tem nenhuma informação nova, deixo o
meu celular de lado e vou até o banheiro.
Depois de aliviar a minha bexiga, lavo as mãos e me encaro no espelho.
Meus olhos estão inchados e vermelhos, um reflexo do meu choro incessável
enquanto Caroline dormia. Eu não queria que ela me visse chorar, ser fraco
nessa hora não é permitido.
Eu fui criado por duas pessoas que lutaram com tudo o que tinham para
manter sua família unida, os meus pais são o símbolo de força e luta, e eu me
recuso a ser diferente deles. Há anos os meus pais lutaram um pelo outro e
pelo clube, está na hora de eu lutar pela Caroline e pelas pessoas que eu amo.
Abro a porta do banheiro e encontro uma enfermeira no quarto, mas não é
ela quem chama a minha atenção e sim o vaso de flores vermelhas que está
na mesa ao lado da cama.
— Quem trouxe essas flores? — Pergunto a mulher toma um susto ao me
ver.

— Não sei, quando eu entrei elas já estavam aqui. — A mulher diz.

— E o que você está fazendo aqui? — Cruzo os braços em frente ao peito e


espero pela resposta.

— O doutor Bentley me pediu pra vir aqui e trocar o medicamento dela, é


isso o que eu estou fazendo. — Explica.
— Bom. — Me afasto dela e ando até as flores, procuro pelo cartão que
veio com as flores e o encontro em cima da mesa, ao lado das flores.
O envelope não tem nenhum nome ou informação de quem as mandou, e
quando o abro o meu sangue ferve e aperto o cartão na minha mão.
“Adorei a sua companhia, não vejo a hora de te encontrar de novo e
terminar o que começamos.”
O desgraçado não apenas entrou no quarto dela, ele fez isso enquanto eu
estava aqui. O filho da puta quer mostrar que não tem medo de mim, ele não
tem medo de ninguém e está disposto a tudo para conseguir nos atingir.
Pego o meu telefone e ligo para o Dean, que atende no segundo toque.

— Fala mano, aconteceu alguma coisa?

— Ele está no hospital, preciso que venha aqui e me ajude a encontrá-lo.

— No meu caminho.

Parece que hoje é dia de caçar.


Capítulo 25
Max
Assim que os prospectos chegam no hospital, junto com o meu irmão, eu os
arrumo em saídas estratégicas. Noto que a minha mãe mandou o mesmo
idiota que deixou a Caroline sair sozinha do complexo, pra cuidar dela
enquanto eu procuro pelo filho da puta.
— Se foder com isso de novo, eu vou acabar com você. — Aviso.

— Não vou falhar de novo. — Garante.

— Espero que não.

Assim que me aproximo do meu irmão, noto que ele já está conversando
com o chefe de segurança e que já coordenou tudo com diretor do hospital.
As saídas já estão todas fechadas e as identidades estão sendo checadas. Não
que nesse momento essa merda seja de muita ajuda, não sabemos como é o
rosto do filho da puta.
— Tem certeza que quer continuar com isso? — Dean pergunta.

— Não, mas se ele está aqui eu preciso tentar. — Respondo. — O filho da


puta teve a cara de pau de vir até o hospital, ele entrou no quarto dela comigo
lá.
— Ai é mais uma coisa que a gente tem que se preocupar, ele não tem
medo.
— Se ele fez uma visita para a Caroline, pode ter ido até o Dylan. — Digo
e sem esperar pela resposta do meu irmão, saio correndo na direção do quarto
do meu primo.
Assim que abro a porta encontro o meu primo sentado na cama mexendo no
celular, ele me olha como se uma terceira cabeça tivesse aparecido em mim.
O filho da puta não tem nenhuma noção do que está acontecendo fora daqui.
— Qual é a porra do seu problema? — Pergunta, levantando uma
sobrancelha quando Dean entra. — Não sabe respeitar as pessoas que estão
tentando dormir? Caso não se lembre eu tive uma semana de merda.
— Ele está aqui. — Digo. — Ninguém diferente esteve no seu quarto?

— Não, que eu me lembre apenas o Ben esteve aqui ele estava reclamando
sobre idiotas que não sabem fazer o serviço direito. Ah, e um amigo meu
também veio aqui e saiu para tomar café com a minha mãe e o meu pai, nada
de mais. — Explica. — Você conseguiu ver o rosto do filho da puta?
— Pareço com alguém que viu o rosto dele? — Meu mau humor toma
conta.
— Você parece feio, mas é assim todos os dias, não tenho uma base de
comparação. — Debocha. Dean ri atrás de mim.
— Filho da puta, tem sorte de estar no hospital. — Pego uma das armas
que normalmente carrego e entrego para ele. — Fique esperto, qualquer
pessoa estranha que entre aqui, não pense duas vezes e atire.
— Isso vale pra você? — Zomba.

Ignoro o humor maluco dele e saio do quarto, se Dylan não foi visitado pelo
desgraçado é sinal de que ele está focado apenas na Caroline. Talvez ela seja
a obsessão dele, foi por isso que ele colocou aquela marca nas costas dela, ele
queria que ela pensasse nele da mesma forma que ele pensa nela.
— Vou atrás da dos nossos tios, consegue cuidar de tudo aqui? — Dean
pede.

— Claro, veja se reconhece esse amigo do Dylan. — Peço e ele se afasta.

Virando o corredor me deparo com Mason, os seguranças do hospital estão


logo atrás dele e não parecem nem um pouco felizes comigo.
— Encontrou ele? — É a primeira coisa que eu pergunto.

— As câmeras do hospital foram todas desligadas, nenhuma delas filmou


nada desde que vocês chegaram no hospital. — Explica.
— Quem cuida das câmeras? — Pergunto, sabendo que agora tenho
alguém pra direcionar a minha raiva.
— Os seguranças trocam de turno a cada poucas horas, o vigia do primeiro
turno desligou tudo.
— Um homem corpulento que trabalha para o hospital diz.

— E onde ele mora? Eu quero falar com ele.

— Esse é o problema Max, você não pode falar com ele.

— Como não?

— Ele foi encontrado morto aqui no hospital. — Explica Mason. — Foi


espancado até a morte, se não fosse pela ajuda deles a gente não teria
conseguido identificar o homem.
Se ele foi espancado é um sinal de que temos uma pista para achar ele. Se
esse cara matou o segurança com os próprios punhos, ele deve estar com as
mãos machucadas. Penso em todas as pessoas com quem falei hoje e não
consigo me lembrar de ter reparado nas mãos delas.
— Porra, sempre que eu penso que vamos pegar esse filho da puta, alguma
coisa acontece. — Digo. — É como se ele sempre estivesse dois passos a
nossa frente.
— A gente tá lindando com uma pessoa que não é psicologicamente
equilibrada, ele está brincando com todos e só age de caso pensado. —
Mason tenta me acalmar, mas não está funcionando.
É com isso que estou contando, as coisas começam a se encaixar e uma
ideia se forma.

— Se esse cara está agindo assim é um sinal de que ele já fez essa merda
antes, você consegue falar com outras delegacias do país e ver se descobre
algum caso parecido nos últimos tempos?
— Claro, eu vou ver se encontro algum caso de sequestro…

— Não foque em casos de sequestro, foque nas vítimas, procure por


mulheres com as mesmas características da Caroline e da minha irmã,
também veja os laudos da autópsia, mulheres que foram torturadas e
chicoteadas. — Falo.
Esse cara tem experiência e pra fazer algo tão perfeito é preciso de prática.
Talvez todos esses anos ele tenha praticado com mulheres desconhecidas pra
que quando chegasse a hora ele conseguisse fazer tudo perfeitamente com a
pessoa que ele sempre quis.
— Como você chegou a essa conclusão? Esse cara pode estar atrás do
clube…

— Isso é pessoal! Ele não atacou o Dylan porquê o meu primo fazia parte
do clube, ele atacou porquê sabia que era meu primo, da mesma forma que
ele deixou o bilhete no carro do meu tio Alek, mas era pra a minha prima. —
Explico. — A ligação aqui não é o clube e sim a Caroline e eu.
É como se em um momento eu fosse um idiota que está pronto para sair
correndo tentando pegar fumaça com as mãos e no momento seguinte tudo se
encaixasse e começasse a fazer sentido.
Todas as pessoas que foram atacadas são pessoas que estão diariamente
comigo e com ela, eu só não entendo como ele não me atacou ainda, tirando o
tiroteio.
— Se isso é verdade, como ele ainda não chegou até você ainda? — Mason
está curioso. — Ele sabia que você não estava no prédio quando colocou
fogo, ele te mandou um aviso apenas.
Mais uma coisa se encaixa nessa crescente lista de merda, eu já fui atacado
por ele e esse maluco achou que tinha conseguido acabar com a minha vida.
— Ele já me atacou, eu só não percebi isso antes. — Falo. — E agora ele
só está brincando comigo.
— Como assim?
— O meu acidente, o acidente em que eu perdi a minha perna e quase me
matou, foi causado por ele. — Explico. — Não me pergunte como, eu apenas
sei que foi assim.
— Vou dar uma olhada nisso, se for esse o caso, a pessoa que te atropelou
deve ter deixado algum registro. — Mason está me olhando como se eu fosse
um fodido maluco.
Mas pela primeira vez em muito tempo, não me sinto como se fosse um
maluco. É como se um véu tivesse sido retirado dos meus olhos e eu posso
ver tudo com clareza, analisando cada pequeno pedaço dessa situação de
merda.
— Faça isso o mais rápido possível, não é seguro deixar nenhuma
informação de fora, não com essa pessoa solta por ai.
— Mais alguma coisa?

— Sim, Dylan disse que foi visitado por um velho amigo e que ele foi
almoçar com os meus tios, acho bom dar uma olhada nele. — Peço.
— Ok, não vou deixar de fora ninguém que vocês tenham conhecido. —
Mason garante. — Até lá é bom você ficar esperto.
— Já estou, essa merda vai acabar logo. — Garanto.

Passo pelo Mason e volto para o quarto, surpreendendo o prospecto sentado


em uma cadeira do lado del fora, ele está mexendo no celular, qual é a porra
das pessoas que não fazem o que eu mando?
— Eu não te disse pra ficar de olho em tudo?

— Sim. — Pula da cadeira nervoso.


— Então me explique o que você está fazendo mexendo no celular?

— Eu estava conversando com um amigo, ele trabalha com a empresa de


segurança que cuida do hospital. — Explica. — Quando ouvi que as câmeras
estavam desligas eu mandei uma mensagem pra ele, normalmente as
empresas mantêm um duplo servidor e quando um não funciona o outro
funciona.
— Seu amigo tem acesso as imagens que o hospital não tem? — Pergunto
apenas para confirmar.

— Sim, mas ele não vai arriscar perder o emprego sem uma recompensa.
— Diz.

— Mande ele entrar em contato comigo, se ele me enviar essas imagens


em menos de uma hora, eu pago um milhão pra ele. — Digo. — E também
converso com os outros membros pra votar a sua entrada antes.
Não espero a resposta dele, entro no quarto e encontro a Caroline acordada,
ela está olhando para o teto e vejo uma lágrima escorrer pelo rosto dela.
— Ei, o que foi? — Pergunto, correndo até ela preocupado.

— Nada, é só que tanta coisa tem acontecido com a gente. — Chora.

— Ei, eu estou aqui, nada de ruim vai te acontecer. — Garanto. — Logo a


gente estará em uma cabana tranquila e longe de tudo isso.
— Você acha que é certo deixar eles lidando com tudo? — Ela sorri.

— Não, mais os meus irmãos estão nos devendo. — Dou risada, mas soa
forçado.

Ela me encara, como se estivesse procurando alguma coisa no meu rosto e


quando ela encontra o sorriso se vai e ela fica séria.
— Você descobriu alguma coisa. — Não é uma pergunta e sim uma
declaração.

— Sim e não, apenas liguei alguns pontos. — Admito.

— E esses pontos são…?

— Nós somos a chave, isso pode ter começado há muito tempo. — Digo.

— Ele disse que a gente o menosprezou. — Ela franze a testa. — Será que
isso não foi no tempo de escola?
— Acredito que sim, Mason está procurando por pistas. — Caroline
continua me encarando, esperando que eu dê mais detalhes.
— Tem alguma coisa que você não está me contando. — Comenta.

Se eu for sincero comigo mesmo, não quero comentar com ninguém além
do Mason, sobre as minhas suspeitas com relação ao meu acidente, mas eu
também não quero manter nada da Caroline.
— Como eu disse eu acabei ligando alguns pontos e um deles acredito que
seja mais antigo do que pensei. — Falo.
— Qual? — Pergunta.

— Você lembra de alguma coisa da noite do meu acidente? — Pergunto.

Caroline franze a testa como se estivesse tentando lembrar o que aconteceu


naquela noite, mas ela balança a cabeça negando.
— Aquela noite foi muito complicada, assim que o acidente aconteceu eu
sai do carro e foquei apenas em te salvar, eu fiquei com você o tempo todo.
— Conta. — Não vi o motorista do carro nem nada, você acha que…?
Ela não quer formular as palavras e eu entendo o sentimento, eu também
não queria pensar que o meu acidente foi criminoso, que alguém planejou
tudo isso com a intenção de se vingar de algo que aconteceu no passado.
— Estou começando a suspeitar que sim, eu não corri atrás de nada
daquela noite depois e os meus pais estavam em cima de mim o tempo todo.
— Por que? Não faz sentido te atacar e anos depois voltar a nos
atormentar. — Ela franze a testa, é uma coisa tão bonitinha.
— Faz se o que ele queria era nos manter afastados. — Digo.

— Naquela época eu estava chegando na cidade, a gente nem tinha se


encontrado.

— Foi por isso que ele só me atacou, eu era o primeiro alvo, a raiva mal
contida dele.

— Tem mais coisa ai que você não me contou. — Ela aponta.

— Eu acredito que o meu acidente era pra ser uma vingança rápida, ele só
queria garantir que eu ficasse fora do caminho para quando ele estivesse
pronto.
— Pronto pra que?

— Pra você! Falei com Mason pra ele investigar casos de desaparecimento
e assassinatos envolvendo as mesmas características suas e do que ele fez
com você.
— Você acha que ele estava treinando para quando estivesse comigo…

— Psicopatas tem essa coisa com o crime perfeito, eles sempre querem que
a realidade seja igual à fantasia, é por isso que acredito que ele está vindo
atrás de você apenas agora, ele se sente pronto.
— Ou ficou desesperado pela nossa aproximação. — Caroline sussurra a
última parte.

Nenhum de nós quer acreditar que essa merda seja real, pois se tudo isso
for, estamos lidando com alguém muito mais perigoso do que pensamos.
Alguém que não tem medo do que vai acontecer e que sabe que vai pagar um
preço alto no final de tudo isso.
— Falou com os seus pais? — Ela pede.

— Ainda não, só você e Mason sabem das minhas suspeitas.

— Max, eles precisam saber.


— Depois, quero ter as informações reunidas e até lá, nós vamos te tirar da
cidade e te manter escondida.
— E como você pretende fazer isso?

— A cabana do seu amigo. — Pisco para ela que me olha confusa.

Eu amo a Caroline, e é por isso que vou lutar para encontrar esse animal e
garantir que ele morra.

— Tudo bem, mas antes eu preciso fazer uma coisa. — Ela fala.

— Tudo bem, eu tenho algumas coisas para resolver também.

Uma dessas coisas é a forma segura de te tirar daqui sem que as pessoas
saibam, não vou arriscar que ele nos siga.
Capítulo 26
Max
A coisa que a Caroline tinha que fazer era encaminhar Rachel para uma
casa de reabilitação, que ela conseguiu com um amigo médico que dirige uma
clínica fora da cidade. Quando ligamos pra ela, Rachel ficou com o pé atrás,
mas quando o próprio médico pegou o telefone e falou com ela, a maluca
aceitou a ajuda. A essa altura, ela já deve estar na clínica. Um dos prospectos
do clube a levou até lá.
— Não acredito que você fez tudo isso por aquela mulher. — Ana diz
entrando no quarto na manhã seguinte.
— Eu prometi que ia ajudar ela a encontrar um novo rumo. — Caroline dá
de ombros.

— Essa é a prova de que você deve ser uma santa, ninguém em sã


consciência ajudaria aquela mulher. — Ana trouxe uma bolsa com algumas
roupas para mim e outra pra Caroline.
Eu menti que a Caroline queria ter algumas peças de roupas para usar, pelo
menos as partes de baixo, e para a minha sorte a minha irmã compro a minha
mentira, ou fingiu que acreditou em mim e está me dando um voto de
confiança.
— Quer saber o que eu acho de tudo isso? — Ana pergunta.

— Não, mas eu sei que você vai dizer do mesmo jeito. — Caroline
reclama.
Caroline acordou se sentindo melhor, seu rosto está começando a mudar de
cor e eu espero que em alguns dias essa parte já esteja melhor. Quanto as suas
costas, vai levar mais algumas semanas pra que elas se recuperem.
— O que você prometeu pro prospecto que está parado do lado de fora? —
Ana me questiona. — O coitado está desesperado no telefone.
— Ele me disse que tem um amigo que pode me ajudar com outro servidor
que recebe imagem das câmeras e que mesmo que elas estejam desligadas
aqui, a empresa que cuida das câmeras poderia ter recebido as imagens. —
Dou de ombros.
— E é isso o que ele está fazendo?

— Sim, ele está tentando recuperar as informações que eu pedi, se ele


conseguir, falei que anteciparia a votação dos prospectos.
— Prometeu que ele entraria?
— Não, eu disse que nós votaríamos, não que era garantido. — Dou risada
do jeito que a Ana me olha, como se só agora descobrisse que eu tenho um
cérebro.
Porra, ela acha que eu entrei faculdade usando o meu pau?

— Esperto da sua parte maninho, muito esperto. — Elogia. — Agora, se


vocês me dão licença, tenho que ir e cuidar de algumas coisas com a Helena.
— Ela está ajudando o Mason a reunir algumas informações. — Admito.
— Eles te contaram?

— Não, acho que é isso o que eles querem de mim. — Ana me entrega a
chave de um carro. — Sei que não quer falar nada sobre isso, porém, eu quero
te ajudar.
— Não conte pra ninguém. — Peço.

— Jamais, esse é o nosso segredo. — Sussurra.

Assisto minha irmã caminhar até a Caroline e as duas, depois de se


insultarem e rirem sobre algo que eu não faço ideia do que seja, se despedem
e Ana sai do quarto.
— O que foi aquilo? — Pergunto.

— Ana vai encontrar com a Olivia, as duas vão se reunir essa semana para
falar sobre os documentos da casa dela e elas também estão planejando como
tirar o Dean do sério. — Ri.
Porra, justo agora que eu preciso do meu irmão focado, as mulheres
malucas começam com essa droga de plano. A minha sorte é que o meu
irmão vai provavelmente morrer virgem e esperando a mulher perfeita, o que
coloca essa Olivia para escanteio.
— Tomara que Dean fique focado. — Resmungo e ela revira os olhos, ou
eu acho que fez, não posso dizer com a cara dela inchada do jeito que está.
Olho o relógio pela milésima vez nos últimos trinta minutos. Preciso que a
enfermeira que está fazendo a ronda da noite venha verificar a Caroline, eu
paguei para que ela me trouxesse uma bolsa com os suprimentos e
medicamentos que a Caroline vai precisar. Ela também sabe que não deve
dizer a ninguém o que vai acontecer.
— O que está acontecendo? — Caroline pergunta.

— Você confia em mim? — Peço e ela balança a cabeça. — Então fique


tranquila e me deixe cuidar de tudo.
Finalmente a enfermeira entra e me entrega a sacola com os suprimentos,
ela também dá mais uma dose de medicação para a Caroline.
— Está tudo limpo, a saída de trás do hospital não tem câmeras e a sua
irmã deixou o carro lá. — Diz em voz baixa. — Seu amigo que estava na
porta me pediu para te dizer que precisava de café e foi até a máquina do
corredor.
— Obrigada. — Digo enquanto assisto ela livrar a Caroline de todos os
aparatos médicos que estavam presos a ela.
Caroline me olha confusa, mas ela não me questiona, apenas segue a onda.
Depois que a enfermeira sai eu ajudo ela a sair da cama e a guio na direção da
porta, a senhora da limpeza me disse que esse é o horário da troca de turnos
dos seguranças e ninguém vai nos ver nas câmeras e nem pelos corredores.
— Devo me preocupar por estrar sendo sequestrada? — Ela murmura.

— Não, eu vou te proteger. — Garanto.

— Sei disso.

Caroline se apoia em mim enquanto andamos para a saída de emergência e


entramos em uma porta que leva direto para o elevador de serviços que dá na
rua dos fundos do hospital. Assim que saímos vejo o carro que a Ana deixou
pra mim e dou graças por ser grande, Caroline precisa de espaço para
descaçar as costas.
— A Ana está te ajudando? — Caroline pergunta enquanto ajudo ela a
entrar no carro.

— Não e sim, ela sabe que eu tenho algumas coisas planejadas, mas ela
também sabe que não vou falar sobre isso. — Dou de ombros e fecho a porta.
Corro para o outro lado do carro e entro, é irônico pensar que a minha perna
não tem doido tanto ultimamente, o estresse superou a dor e o medo de perder
a Caroline deixou ela em último lugar na minha lista de prioridades.
— Pra onde vamos?

— Segredo. — Pisco pra ela.

— Se vamos fazer essa fuga, eu quero pelo menos poder rir dos outros
também. — Diz, e eu dou risada.
— Não é uma questão de rir, não quero arriscar. — Entrego meu celular
para a Caroline. — Ligue pro Mason, quero saber se ele descobriu mais
alguma coisa.
Caroline rapidamente liga para ele e conecta o meu celular no carro.

— Tem alguma informação nova pra mim? — Peço, assim que ele atende.
— Sim, enquanto aguardo sua prima correr com as informações dos casos
de homicídio e sequestro, fui ver as informações do seu acidente e encontrei
algumas coisas bem interessantes.
— Admite.

— Como? — Peço apertando o volante.

— O motorista que causou o acidente não tinha álcool o suficiente no


sangue para estar embriagado. — Conta. — Quando os oficiais que cuidaram
do caso na época fizeram o exame no homem, colocaram uma observação no
caso falando sobre isso. Mas como o caso ficou sem ter continuidade por um
tempo, eles arquivaram.
— Você tem o endereço desse homem? — Caroline pede.

— Duvido que ele ainda more lá, ninguém seria tão estúpido. — Comento.

— Pode ser que ele esteja lá, ele pode ter se sentido seguro em continuar lá
vendo que vocês não foram atrás dele. — Mason entra na conversa.
— Mande o endereço dele. — Digo e vejo a Caroline procurar um pedaço
de papel para anotar o endereço enquanto Mason fala.
— Você vai pedir pra alguém passar lá ou quer que eu vá? — Ele pergunta.

— Pode deixar isso com a gente. — Caroline diz e desliga antes que o
Mason possa perguntar mais alguma coisa.
— Tem certeza que quer fazer isso? — Olho para Caroline esperando a
resposta dela.
— Não sou eu quem tem que ter certeza, foi você quem esse cara feriu. —
Lembra. — Se você estiver confortável em ir até lá, acho que é a coisa mais
sensata a se fazer.
Olho para o endereço nas mãos da Caroline e percebo que ele faz parte do
nosso caminho, querendo ou não nós vamos passar por esse lugar. Acelero
um pouco mais e toco com o carro para a saída da cidade.
— Esse lugar está no nosso caminho. — Finalmente falo alguma coisa para
a Caroline que me encara. — Chegando lá eu quero que você fique no carro.
— Max, eu não vou ficar no carro enquanto você conversa com um
maldito psicopata.

— Você está machucada e eu não quero que você fique perto de um


maluco. — Rebato.

— Lamento por você, pois eu vou descer.

— Então eu não vou lá. — Respondo simplesmente. Caroline ri sem


humor.
— Se não for lá vai ser um idiota, esse cara pode ter a resposta pra tudo o
que a gente precisa.

Pelos próximos minutos eu me mantenho em silêncio, tentando controlar o


meu mau humor, enquanto isso ela dorme ao meu lado. Vendo a Caroline
dormindo tranquilamente, nem parece que ela tem tentado me tirar do sério e
me fazer ter um ataque cardíaco.
Algumas horas depois entro em uma estrada de terrada quando já está
começando a amanhecer, eu não queria andar pela rodovia principal pra não
correr o risco de ser rastreado atreves das câmeras de segurança da cidade, e
isso cobrou seu preço.
— Já chegamos? — Caroline acorda, pro meu desespero. Ela não poderia
esperar a gente sair daqui pra acordar?
— Sim. — Respondo.

Mau paro com o carro na frente da casa e a Caroline puxa uma manta que
está no banco de trás do carro, ela usa a manta para se cobrir e esconder as
roupas do hospital que ela ainda está usando.
— Será que você pode pelo menos esperar por mim? — Resmungo
correndo para o lado dela.

— Claro. — Responde estendendo a mão pra mim.

Subimos juntos na varanda do homem e eu me coloco entre ela e a porta, só


então eu bato na porta e espero que alguém venha nos atender. Depois de um
longo tempo de espera e sem ninguém nos atender, eu começo a descer as
escadas quando a Caroline me trava.
— A casa está aberta, tem alguém aqui. — Responde, então ela pega no
trinco e gira, abrindo a porta.
— Caroline não entre na casa dos outros, se esqueceu o que aconteceu com
você? — Aponto para seu rosto todo ferido.
— Não, mas se a casa está aberta e ninguém veio nos atender, acho que a
gente pode entrar e ver se descobre alguma coisa.
Viu o que eu falo? Não dá pra por muita mulher maluca perto da outra.
Caroline não era assim antes de ficar muito perto da minha irmã, ainda mais
depois que a Ana ficou adulta e ficou mais maluca do que já era.
— Isso não te dá o direito de entrar na… — Assim que entramos sinto um
cheiro terrível.

Caroline está protegendo o rosto contra o cheiro usando a manta, enquanto


eu cubro o meu com a manga da minha blusa. Mais pra frente descobrimos de
onde o mau cheiro está vindo, sentado
Em uma cadeira no canto da sala, com um buraco na cabeça, está o homem
que causou o meu acidente.
— Era essa a confirmação que você precisava? — Caroline me pergunta e
eu aceno.

— Precisamos ir embora. — Digo.

— Não! Esse cara está morto há algum tempo, significa que ninguém vem
aqui e a gente pode tentar encontrar alguma pista. — Pede.
— Primeiro eu quero você fora daqui, depois eu volto e procuro.

— Nem pensar, vamos fazer isso juntos. — Ela não espera por uma
resposta minha e começa a procurar.
O que aconteceu com a minha doce mulher?

Começo a procurar por qualquer pista quando me desequilibro e me apoio


em um quadro, que cai e revela um cofre.
— Bom trabalho. — Elogia. Reviro os olhos.
— Precisamos da senha. — Carolina comenta. — Aonde ele pode ter
escondido?

Ela faz menção de começar a procurar quando eu puxo ela pra perto de mim
e mostro que, atrás do quadro que caiu está escrita a senha.
— Que cara mais idiota. — Declara.
— Fale sobre isso. — Revira os olhos. — Não sei como quem o matou não
encontrou. — Ela olha em volta reparando na bagunça. — Se bem que devem
ter pensado que ele não guardava nada de valor.
— Sorte a nossa. — Digo abrindo o cofre.

Dentro dele tem uma pasta cheia de papéis, pego a pasta com tudo e fecho o
cofre.

— Vamos embora. — Digo, arrumando o quadro de volta e pegando a mão


boa da Caroline. Assim que entramos no carro eu ligo o motor, enquanto ela
começa a revirar os papéis.
— Odeio estar com o meu braço assim. — Resmunga, em seguida ela pega
um pepel e para pra ler. — Acho que encontramos.
—O que é isso?
— São comprovantes de depósitos da época do seu acidente, um foi feio no
dia anterior e outros três dias depois do acidente. — Mostra.
— Tem o número da conta ou algum dado de quem depositou? — Peço.

— Apenas o número.

— Isso já é o suficiente, eu vou mandar pro Dean e ver se ele consegue


rastrear.

— Por quê não o Mason, isso pode ajudar…

— Dean vai fazer o serviço mais rápido.

— Tudo bem, e enquanto a gente espera as respostas? — Pede.

— Enquanto isso nós dois vamos sumir por um tempo.

*** Caroline
Ele dirige por mais um tempo, não sei onde estamos indo pois ele está
usando estradas secundárias que eu nunca vi na minha vida. Quando
finalmente chegamos no nosso destino me deparo com uma cabana enorme,
com algumas paredes da entrada feitas de vidro. O lugar é lindo e eu não vejo
a hora de esquecer um pouco dos nossos problemas aqui.
Mal descemos do carro e o telefone do Max começa a tocar, quando ele
atende posso ouvir a voz da mãe dele do outro lado da linha.
— É bom que você saiba o que está fazendo, sequestrar a sua namorada
do hospital não me parece uma boa ideia.
— Confie em mim mãe.

Eu espero pela resposta da Alexa do outro lado da linha e depois de alguns


segundos de silêncio ela finalmente vem.
— Eu confio em você, mas você precisa saber que os pais dela souberam
do que aconteceu e estão malucos atrás da Caroline.
— Eu tenho tudo sob controle. — Max responde e então eles se despedem.

— Não posso acreditar que os meus pais estão aparecendo agora pra
encher o saco. — Murmuro, a dor nas minhas costas e braço não está
ajudando muito.
— Talvez eles tenham finalmente acordado. — Ele dá de ombros sem
acreditar muito nisso.

— Duvido, alguma coisa eles estão aprontando.


Os meus pais não costumam se preocupar comigo, pra isso acontecer eles
devem estar mais desesperados do que eu pensei.
Capítulo 27
Caroline
Eu tenho que dizer, quando o Max disse que a gente ia sumir por um tempo,
eu pensei que a gente ia ficar em uma cabana e ainda manter contato com as
nossas famílias e amigos. O que eu não esperava é que ele rejeitasse qualquer
contato por telefone fixo e que ninguém saberia aonde estamos.
Estar preza nessa caba por duas semanas se tornou chato rapidamente, o
meu rosto e costas estão priticamente curados, isso graças a um spray que o
Max achou no armário do banheiro, dica da mãe dele.
Outro ponto é o meu emprego, sei que tive alguns ferimentos sérios, mas o
hospital não pode ficar sem médicos, o que me leva a minha próxima
pergunta, será que eu ainda tenho um emprego?
Entro no escritório do Max e vejo ele sentado sem camisa enquanto mexe
no computador. Eu não sabia que ele usava óculos, mas agora que sei que ele
precisa deles para ler e mexer no computador, acho que não tem nada mais
sexy que isso.
— Max, já faz duas semanas que a gente está aqui, as minhas costas estão
boas e ainda assim…

— Nós não vamos embora. — Responde, fechando o notebook e me


encarando.

Eu sei que a gente não vai embora, não é esse o ponto que eu quero chegar.
Veja bem, nós estamos há duas semanas trancados nessa cabana, e eu estou
há duas semanas sem sexo, dormir de conchinha não está ajudando. Sem
contar que o Max não ajuda andando pela casa só de calças que pendem
abaixo do quadril dele de uma maneira bem sexy.
— Não estou falando de ir embora, eu preciso que você faça sexo comigo.
— Admito e ele me encara.
Eu sei que não tenho sido muito clara sobre o que eu preciso, mas se eu
andasse pela casa pelada mais uma vez e ele me olhasse como se isso fosse
uma coisa normal e não me fodesse, eu poderia ter sérios problemas com ele.
— É esse o problema? — Ele cruza os braços em frente ao peito.

— Exatamente, não sei se devia estar preocupada ou não por você não
sentir falta de fazer sexo comigo. — Imito sua postura.
— Achei que você precisaria de mais tempo, quero dizer, você sofreu um
ataque e…
— E tudo isso já passou, preciso que as coisas voltem ao normal entre a
gente.

É isso ai, esse é o momento que eu falo o que realmente preciso pra ele e se
tudo der certo o Max vai me dar o que eu quero, caso contrário, eu vou surtar
e sair correndo dessa cabana.
— Porra, você vai me matar se continuar me olhando desse jeito. — Max
diz e no próximo segundo ele está na minha frente me puxando para seus
braços e moendo sua boca contra a minha.
Seu corpo forte pressionado contra o meu, suas mãos correndo pelas minhas
costas, enquanto sua língua explora a minha boca. Não consigo nem dizer em
palavras o quanto eu senti falta disso. O que é um tanto irônico, já que
estivemos juntos apenas algumas vezes.
— Vamos pro quarto. — Ele diz.

— Não. — Respondo, me sentando na mesa e afastando as minhas pernas


pra que ele possa se encaixar entre elas.
Max se abaixa entre as minhas pernas, ficando cara a cara com a minha
buceta nua.

— Você só pode estar de brincadeira. — Murmura, e em seguida sinto sua


língua na minha buceta, um arrepio percorre todo o meu corpo e eu solto um
gemido de prazer.
Sua língua explora a minha buceta, me trazendo todos os tipos de boas
sensações, o meu primeiro orgasmo vem com força total quando ele combina
sua língua com seus dedos. Ele se afasta e me encara com um sorriso safado.
— Eu estava morrendo de saudade dessa sua buceta. — Diz.

— De bobo, porquê eu estava aqui pra você o tempo todo. — Minha


resposta petulante faz com ele dê risada e se encaixe entre as minhas pernas,
seu pau duro e grosso me cutucando sobre o tecido de sua calça. — Vai me
foder ou não?
— Peça. — Manda.

— Você só pode estar de brincadeira comigo, estou te pedindo, se eu não


tivesse te pedido a gente não estaria aqui. — Murmuro mal humorada.
— Peça pelo meu pau. — Manda e eu sei que se a gente for continuar
nesse jogo jamais vou ser fodida por ele.
— Você é um mandão chato! — Declaro, e ele apenas sorri, tirando o pau
pra fora e começando a se masturbar na minha frente.
A imagem dele se tocando me tem mais molhada e desesperada por seu
toque, a única coisa que me impediu é que a visão dele fazendo isso é algo
que eu não queria perder.
— Continue me olhando assim e eu não vou durar muito. — Alerta. —
Vamos Caroline, você sabe o que quer, dê isso pra nós dois.
— Por favor Max, me foda. — Peço.

Com um sorriso no rosto, Max esfrega seu pau contra o meu clitóris, só com
isso eu já poderia ter gozado, mas ele não fica ali por muito tempo, ele entra
dentro de mim com força, seu quadril batendo contra mim em um ritmo
frenético.
— Toque seu clitóris. — Manda e eu obedeço, perdida no prazer que estou
tendo.

— Isso, porra. Você não faz ideia do quão sexy perece. — Diz.

Nós dois ficamos perdidos no nosso momento, só parando de gemer e


murmurar sacanagens quando ambos gozamos. Ele fica dentro de mim por
mais alguns segundos, ambos dando tempo para recurar o fôlego, é nesse
momento que o telefone toca e ele faz que não com a cabeça.
Como eu disse, Max não tem atendido nenhuma ligação nos últimos dias.

— Alô. — Digo ignorando ele.

— Finalmente alguém atende essa porra de telefone, o idiota do meu


irmão não tem atendido ao telefone. — Dean diz zangado do outro lado da
linha.
O pau do Max ganha vida novamente, ainda dentro da minha buceta e ele
começa a se movimentar lentamente dentro de mim.
— Ele está paranoico. — Falo, Max sorri e começa a brincar com o meu
clitóris, fazendo círculos lentos e me tirando a razão. — Enfim, o que você
precisa?
— Dizer pro meu irmão que o prospecto não conseguiu nada com o amigo
dele, e que a conta que foi usada para fazer a transação na época do
acidente, foi encerrada e o banco não quis passar qualquer informação,
estou correndo alguns programas pra ver se consigo copiar o servidor do
banco.
— Oh… ok. — Digo, lutando contra um gemido.

— O que diabos vocês estão fazendo? Não acredito que atendeu o telefone
enquanto… Porra, depois a gente se fala. — Antes que eu responda Dean
desliga.
— Não acredito que você fez isso. — Reclamo, quando Max começa a
aumentar o ritmo.

— Te disse pra não atender o telefone. — Me dá um tapa na coxa.

— E que bom que eu fiz, ele tinha algumas novidades. — Dou de ombros.

— Ele poderia ter mandado por e-mail. — Fala.


Sinto seu corpo ficar tenso e logo em seguida ele goza, seu dedo contra o
meu clitóris não para de mover e em poucos segundos estou gozando pela
terceira vez.
— Vamos tomar um banho. — Digo. — E lá você pode me contar o que
você descobriu nos últimos dias, pois eu sei que o seu irmão não está sabendo
de nada além disso.
Max me carrega até o chuveiro, lá ele liga e só então me põe no chão. Ele se
afasta e vai tirar sua calça. É tão fácil esquecer que ele não tem uma perna, a
forma confiante com que ele age e o sorriso fácil, não combina com a pessoa
que está querendo caçar o homem que o fez tanto mal.
— Eu não quero eles envolvidos nessa situação.

— Por envolvidos você quer dizer mais do que já estão? — Lembro.

— Exatamente, seja quem for esse cara, ele não está de brincadeira.

Sinto que Max está carregando o peso de tudo em suas costas, ele não quer
compartilhar nada com a família dele, pois ele tem medo que aconteça com
eles a mesma coisa que aconteceu comigo. O que ele não entende é que o que
aconteceu comigo foi um risco que eu decidi correr e que do meu ponto de
vista vale a pena.
— Acha que se você ficar frente a frente com quem te atacou você vai
perceber que é ele? — Pergunta.
Dou de ombros.

— Não sei, fisicamente eu não posso, mas talvez eu sinta a presença dele.
— Dou de ombros.

— Essa é uma coisa que a gente nunca vai descobrir, se depender de mim
você nunca vai chegar perto dessa pessoa.
Eu queria dizer pra ele que não tem como prometer isso, que cedo ou tarde
eu teria que ficar cara a cara com esse homem. E que com toda certeza, se eu
tiver uma arma na minha mão, vou matá-lo sem pensar duas vezes.
Esse pensamento me traz um sentimento estranho, o sentimento de que
estamos prestes a descobrir quem essa pessoa é, e que vamos ter que fazer
escolhas muito difíceis para nos mantermos vivos.
— Você está bem? — Max pergunta, segurando o meu rosto.

— Sim, — balanço a cabeça quando uma onda de tontura me invade e tudo


fica escuro.
Capítulo 28
Max
Assim que a Caroline desmaia eu seguro ela antes que seu corpo caia no
chão, a carrego até a cama e deito ela, em seguida pego um copo de água ao
lado da cama, e molho um pouco a minha mão, e passo em seu rosto. Sem
sucesso, ando até o banheiro e pego no armário um algodão e molho com um
pouco de álcool.
Me sento ao lado dela na cama e tento acordá-la.

— Caroline, acorda. — Não sei o que eu tinha na cabeça em transar com


ela, é claro que ela ainda não está recuperada.
Pego o algodão com álcool e passo em frente ao seu nariz, aos poucos ela
começa a se mexer e o meu coração começa a desacelerar. Eu nunca pensei
que ia amar alguém tanto, a ponto de não conseguir imaginar a minha vida
sem essa pessoa, de me sentir perdido quando algo começa a dar errado.
— Graças a Deus. — Murmuro.

— Max? — Ela tenta se sentar.

— Sim, você quase me matou do coração. — Pego uma garrafada de água


do frigobar ao lado da nossa cama e entrego pra ela. — Aqui, tome um pouco
de água.
Caroline pega e bebe um pouco, em seguida ela me entrega e tenta se
levantar.
— Nem pense nisso. — Mando.

— Max, eu estou bem apenas com fome. — Diz dando de ombros. —


Deve ter sido uma quada de pressão, eu não comi nada hoje.
— Então fique aqui e eu vou prepara alguma coisa pra você comer. —
Mando. — Não quero que saia dessa cama pra nada.
— Max eu estou bem, juro. — Caroline segura a minha mão e tenta me
tranquilizar. — Eu sou médica, sei do que estou falando.
— Não acho…

— Por favor eu estou me sentindo bem, só preciso levantar.

Olho desconfiado pra ela, Caroline tem o mesmo gênio que a minha irmã, e
tanto quanto eu a amo, lidar com essas coisas quando estou tão preocupado
não é uma coisa que eu queira fazer.
— Até a cozinha tudo bem, mas vai ficar sentada lá enquanto eu preparo
alguma coisa pra gente comer. — Aviso.
— Mais…

— Sem mais. — Corto, me levantando e ajudando ela a se levantar.

Andamos até a cozinha e lá eu encontro a comida toda pronta, tudo o que eu


preciso fazer é esquentar.
— Era isso o que eu queria dizer, tudo estava pronto antes da gente ter o
nosso momento. — Ela sorri. — Precisa de ajuda pra esquentar o nosso
almoço?
— Não. — Respondo mal humorado.

Caroline se senta em frente a ilha e me observa esquentar o jantar, quando


tudo está pronto eu sirvo um prato pra ela e outro pra mim e coloco na ilha,
em seguida pego duas latas de refrigerante e coloco na frente dela.
— Você não espera que eu coma tudo isso, não é? — Ela me questiona.

— Você disse que estava com fome. — Lembro.

— Com fome, não que virei um pedreiro. — Debocha.

— Só coma, e o que você não quiser deixe.

Noto algo estranho em seu olhar, a forma como ela me olha como se
quisesse me dizer alguma coisa, em seguida balança a cabeça e começa a
comer em silêncio. Caroline está me escondendo algo referente a sua saúde?
— O que foi esse olhar? — Pergunto.

— Nada. — Diz e enche a boca de comida.

Decido que não quero começar uma briga ou uma discussão agora, então eu
começo a comer.

— Sabe, quando tudo isso acabar a gente podia fazer uma viagem. —
Propõe.

— E o seu emprego? — Peço.

— Depois desse tempo todo longe? Não sei se ainda tenho um.

— O hospital jamais vai perder uma médica como você.

— Ben é um bom médico também e ele está presente lá. — Caroline está
com medo de perder o emprego e, eu sei que ela ama trabalhar lá.
— Talvez a gente deva fazer uma viagem a passeio, mas só até que a
clínica que estamos construindo abra. Sei que a minha mãe e os sócios dela
vão querer alguém como você trabalhando lá.
Era pra ser uma surpresa pra ela, uma que a minha mãe ia dar a convidando
pra ser a diretora do hospital comunitário, pelo menos eu mantive a minha
boca fechada sobre a parte de ser a diretora.
— Não sei, Hagerstown é uma cidade pequena para algumas coisas e eu
não quero ser conhecida como a mulher que conseguiu um emprego graças a
mãe do namorado. — Dá de ombros.
— Vamos falar sobre isso depois. — Proponho, não gostando de onde as
coisas estão indo. — E antes de encerrar o assunto, as pessoas jamais
pensariam isso. Todos sabem como você é uma ótima profissional.
Caroline se vira para me encarar, seu garfo parado próximo da sua boca.
Mais uma vez ela me encara como se soubesse de algo que eu ainda não sei,
mas então o telefone celular dela toca e o assunto fica de lado.
— Eu preciso atender, é da clínica para qual a Rachel foi levada. — Ela
conta.

— Esse é mais um motivo pra não atender, se ela não aguentou o


tratamento e fugiu isso não é problema nosso. — Falo.
— Não é nosso problema, mas eu disse que ajudaria ela a melhorar.

— Meu bem, as pessoas só melhoram quando elas se ajudam. — Seguro


sua mão na minha. — E eles podem ligar pro Dean, ele vai atender e ajudar.
— Certo, mas eles ligarem de novo eu vou atender. — Reclama.
— Tudo bem. — Sorrio.

É bom que o Dean ou a Ana resolvam essa merda, não quero correr o risco
de ter as ligações rastreadas até aqui. Se os meus pais entenderam essa merda,
qual é o problema do resto das pessoas entender que eu não quero falar com
ninguém?
— Já terminou de comer? — Pergunta bebendo o refrigerante.

— Sim e você?

— Já, vamos vegetar um pouco?

Não respondo, eu simplesmente me levanto e a puxo pra sala. Enquanto ela


se senta no sofá eu escolho um filme qualquer de terror e coloco no DVD,
depois de ligar tudo me sento ao lado dela e a puxo para o meu braço.
— Já assistiu a esse filme? — Pergunta.

— Uma vez quando eu era mais novo. — Digo.

Caroline deita a cabeça no meu peito e a gente passa um bom tempo


assistindo ao filme juntos, o filme é tão ruim que na metade do filme Caroline
está dormindo tranquilamente contra o meu peito. Pego o controle da TV que
está ao meu lado e mudo de canal e coloco no noticiário local.
Quando menos espero vejo Mason dando uma entrevista coletiva em frente
a delegacia, todos estão falando sobre o xerife que descobriu a ligação de
vários casos de desaparecimento e assassinato com um único criminoso.
O meu sangue ferve, ele devia ter me passado essa notícia, não divulgado
pra todo mundo. Se esse assassino achar que está correndo o risco de ser
descoberto ele pode fugir, e ai sim ninguém vai conseguir pegá-lo.
Com raiva desligo a televisão depois que a reportagem acaba, pego a
Caroline nos meus braços e a levo para o nosso quarto, depois de deitá-la
fecho as cortinas do quarto e saio para o escritório.
Pego o meu telefone e disco o número do Mason, esse filho da puta vai ter
que me contar exatamente o que está acontecendo. Eu sumo por um tempo e
eles acham que podem vazar qualquer informação pra mídia.
— Alô.

— Que porra você pensa que está fazendo dando entrevista pra rede
nacional? — Rosno.

— Agora você dá as caras. — Responde no mesmo tom. — Faz mais de


uma semana que tenho te ligado e tentado te dizer que o comandante-geral
apareceu aqui. Alguém dentro da delegacia vazou a informação pra ele e
eles me obrigaram a dar essa entrevista.
— Você vazou tudo o que a gente sabia? — Pergunto.

— Claro que não, apenas algumas informações básicas. Eu acho que


consegui uma pista, mas não posso te passar por telefone o FBI enviou
alguns peritos e eles estão no meu pé.
— O meu tio Alek está sabendo dessa merda?

— Não, por quê?

— Ele trabalhou pro FBI, fale com ele e ele vai te ajudar. — Digo. — Até
lá, mande a minha prima me enviar as informações que você descobriu, ela
vai saber como fazer isso sem ser rastreada. Mais alguma coisa que eu deva
saber?
— Apenas uma, a Rachel foi sequestrada da clínica de reabilitação pra
qual a Caroline a enviou, e os pais da Caroline estão procurando por ela
desde que ela sumiu.
— Dean está cuidando do sumiço da Rachel, e sobre os pais da Caroline
eles devem estar querendo alguma coisa dela. — Falo, estranhando o fato
deles ainda estarem atrás dela.
Segundo a Caroline eles são do tipo que só ligam nos primeiros dias e
depois fazem de conta que está tudo bem e que nada está acontecendo. Será
que eles estão desesperados por dinheiro?
— Seja o que for eles estão desesperados, e antes que eu me esqueça,
alguém invadiu a casa da Caroline. Nada foi levado, mas algumas coisas
foram reviradas, sua irmã já cuidou de tudo.
— Quando isso aconteceu? — Peço, meus irmãos não me contaram essa
merda.

— Dois dias depois que vocês saíram.

— Ele deve ter ido atrás dela no hospital e percebeu que Caroline não estava
mais lá. — Penso.
— As câmeras da casa dela pegaram alguma coisa?

— Nada que eu tenha visto, seu irmão acha que o sistema de segurança
dela foi hackeado.

— Se for isso ele deve ter deixado alguma assinatura virtual.

— Estamos cuidando disso, se a Rachel não aparecer…

— Se ela não aparecer em vinte e quatro horas eu vou falar com o clube e
vamos dar um jeito nisso.
— Isso significa que vocês não vão voltar?

— Ele está desesperado pela Caroline, não vou voltar e arriscar a segurança
dela.

— Certo, o médico Ben perguntou como ela está, disse que é importante
ver as cicatrizes dela e garantir que tudo esteja bem. — Diz. — Ele também
se ofereceu pra ir até vocês disse que não vai contar nada pra ninguém.
— Não quero ninguém aqui, a Caroline é médica e disse que está tudo bem.
— Garanto.

— Você que sabe. — Diz e desliga.

Entendo a preocupação das pessoas com o nosso sumiço, mas eles precisam
entender que eu vou fazer de tudo para garantir que a minha mulher fique em
segurança, mesmo que isso signifique desaparecer por anos.
Capítulo 29
Caroline
Enquanto Max e eu assistíamos a um filme, acabei pegando no sono, só
para acordar alguns minutos depois com o barulho da porta do nosso quarto
se fechando atrás do Max. Eu sei que ele está voltando para o escritório em
uma tentativa de desesperada de encontrar a pessoa que está atrás de nós.
Essa busca incansável do Max está me deixando preocupada. Não por mim,
mas por ele e pelo que essa situação está fazendo com a gente, o tempo que
estamos perdendo perseguindo alguém que não quer ser encontrado.
Me levanto e vou tomar um banho, antes de entrar no chuveiro percebo que
não tem shampoo, então pego em baixo da pia um frasco. Assim que pego,
noto no fundo do armário uma sacola esquecida, que a Ana me deu como
uma forma de brincadeira.
Um teste de gravidez.

Por um segundo eu considero deixar o teste quieto, mas então me lembro


das minhas suspeitas de hoje cedo e eu o pego de novo. Não custa nada fazer
esse teste e eliminar qualquer medo que eu tenha.
Leio as breves instruções e em seguida faço o teste e o coloco em cima da
pia do banheiro, como sei que esses testes normalmente demoram um pouco,
entro no chuveiro e tomo o meu banho tranquilamente. Depois que desligo o
chuveiro e me seco olho o teste sem saber o que esperar e acabo congelando
no lugar.
É tão engraçado como a vida tem uma forma de pôr as coisas no lugar, eu
não fazia ideia de queria tanto um bebê até esse momento, mas, ao mesmo
tempo, o medo do que está por vir me faz pensar que não é uma boa ideia.
Depois de olhar o resultado do teste, enrolo a caixa com alguns papéis e
jogo no lixo, em seguida carrego o bastão comigo. Ando até o quarto, me
visto e coloco no bolso de trás da minha calça. Em seguida vou até o
escritório onde Max está, mas antes de entrar eu travo escutando o que ele
está dizendo no telefone.
— Se ela não aparecer em vinte e quatro horas eu vou falar com o clube e
vamos dar um jeito nisso. — Fala e poucos tempos depois diz; — Ele está
desesperado pela Caroline, não vou voltar e arriscar a segurança dela…
Não quero ninguém aqui, a Caroline é médica e disse que está tudo bem.
Intrigada com a conversa dele espero mais um tempo até ter certeza que ele
desligou o telefone pra só então entrar.
— O que aconteceu? — Pergunto entrando.

— Achei que estivesse dormindo. — Diz sem me olhar.

— Eu acordei e fui tomar um banho, com quem você estava falando? —


Peço.

— Mason, eu estava assistindo TV quando o vi dando uma entrevista. —


Caminho até ele e me sento em seu colo.
— Ele contou pra todos sobre…

— Segundo ele, ele passou apenas o básico. — Explica, antes que eu possa
concluir. — O que está me preocupando é o fato de ter aparecidos vários
casos de desaparecimento, em vários estados e todos com mulheres que tem o
seu perfil.
Isso não é uma grande revelação pra mim, eu senti como ele me odiava e o
quanto ele queria me ferir. O que ele fez comigo não é nem o começo do que
ele tinha planejado.
— Max, você precisa relaxar e entender que seja quem for essa pessoa, ele
não vai conseguir chegar até a gente. — Digo. — Nós temos um ao outro,
não vamos permiti-lo se aproximar de nós.
Beijo seu pescoço e passo a mão pelo seu peito.

Quem diria que um dia estaríamos aqui? Na escola nós dois eramos de
grupos diferentes e eu sempre evitei ficar muito perto dele. De alguma forma
sua aposta foi o que nos aproximou e de certa forma foi o que nos fez voltar
um para o outro há pouco tempo.
— Isso não afasta o medo que eu sinto. — Fala. — Eu nunca senti tanto
medo em toda a minha vida, nem mesmo quando achei que fosse morrer
depois do acidente.
— Você não precisa se preocupar.

— Preciso! Caroline você é o meu coração a minha vida, e eu não vou


resistir se alguma coisa acontecer com você. — Suas palavras ditas de forma
tão bonita e desesperada me tem em prantos.
Eu não consigo me conter e escondo o rosto em seu pescoço.

O Max pensa que esse tipo de sentimento é uma coisa só dele, quando na
verdade eu sei que não conseguiria viver se algo acontecesse com ele. Ele é
mais do que o meu coração, ele é o ar que eu respiro, o sangue que corre nas
minhas veias, ele é tudo!
— Eu me sinto assim sobre você também, eu te amo e estou com medo. —
Admito. — Não medo desse cara, mas do que ele pode fazer com você, com a
gente.
— Ele não vai fazer nada, eu não vou permitir. — Diz. — Mesmo que isso
signifique fugir com você e ficar longe de todos.
A convicção que ouço em sua voz é algo que me assusta, não precisamos
fazer isso.

— Max?

— Sim?

— Se tem uma coisa que eu aprendi com você e com a sua família, é que
sempre somos mais fortes quando estamos juntos. Não apenas nós dois, mais
os seus pais, irmãos, tios e avôs. — Lembro. — Sempre somos mais fortes
quando estamos em família, e por mais que ficar aqui nessa cabana seja legal,
precisamos voltar e enfrentar os problemas que estão surgindo.
Por mais tenso que ele esteja, eu sinto que essa batalha eu venci.
Principalmente quando o Max beija o topo da minha cabeça e me abraça mais
apertado, aproveito esse momento e fecho os meus olhos relaxando. Depois
dessa conversa eu sei que esta noite, vai ser a nossa última noite juntos nessa
cabana, amanhã vamos voltar para a vida real e finalmente enfrentar nosso
inimigo.
— Está com fome? — Pergunta.

— Sim, o que você quer comer? — Peço. Ele me encara e dá de ombros.


— O que você quiser comer, qualquer coisa pra mim está bom.

— Vamos lá, eu vou cozinhar e você me conta tudo sobre a conversa que
você teve com o Mason. — Me levanto e começo a puxá-lo em direção a
cozinha.
— Eu te disse…

— Você não contou tudo, apenas o que queria que eu soubesse. —


Repreendo. — Então vai querer seguir por esse caminho?
Eu não sei o que estava esperando que ele fizesse, só sei que não estava
esperando o sorriso safado que ele me dá, antes de me atirar por cima do
ombro e me levar até a cozinha.
— Você anda toda mandona. — Diz.

— Mesmo? Eu só estou acompanhando essa sua personalidade irritante. —


Reclamo.

— Personalidade essa que você ama.

— Vai pensando. — Murmuro quando ele me coloca no chão em frente ao


balcão.
Max me põe no chão e me beija. Sinceramente por um segundo eu penso
em não fazer comida, pular direto para a sobremesa e me esbaldar no corpo
definido do Max.
— Nem pense nisso, você está com fome e eu também. — Ele se afasta e
dá a volta no balcão.

— Ah se as pessoas do colégio vissem o Max pegador recusando sexo. —


Provoco.

— Max pegador? — Ele se vira e eleva uma sobrancelha.

— O que? Vai negar que você tinha uma reputação? — Cruzo os braços e o
encaro.

Nós dois ficamos nos olhando de um jeito estranho, até que eu acabo
sedendo e rindo da situação.
— Faz tanto tempo que a gente saiu dessa fase que chega ser engraçado
lembrar. — Diz.

— Pra você com toda certeza, mas pros seus irmãos e pra mim não tanto.
— Lembrar da época da escola é sempre complicado.
— Como assim?

— A gente tinha que lidar com os comentários feitos pelos seus amigos, e o
Dean sempre entrava em brigas por causa do… droga não consigo lembrar o
nome dele.
— Acho que você está se referindo ao Paul, e ele se mudou do estado há
um bom tempo e virou pastor de uma igreja. — Max diz.
— Deve ser penitência por ter sido a cria do diabo. — Comento e ele ri.

— É engraçado você falar dele, a última vez que eu tive notícias foi através
de um amigo em comum e a esposa dele estava grávida e ele estava
esperando uma vaga de pastor na igreja da nossa cidade. — Comenta.
Paul sempre foi um idiota que se achava melhor que todos, o único motivo
pra ele não ter agido assim na frente do Max na época do colégio, é porquê
ele sabia que ninguém conseguiria competir contra um herdeiro do trono MC.
— Achei que ele fosse melhor do que todos nessa cidade, muahahahaaaaa.
— Não consigo me conter e acabo zombando da situação, levantando as
minhas mãos e imitando um personagem de filme de terror com a minha
risada maligna.
Max se vira e me olha por um momento sério, acho que ele pensa que eu
tive um surto psiquiátrico. Quando ele finalmente me estuda por tempo
suficiente para perceber que eu estou bem e apenas brincando, ele cai na
risada.
— Você anda passando muito tempo com a minha família. — Finalmente
ele diz, depois de se recuperar.
— Não vem com essa, eu ando passando é muito tempo presa aqui. —
Sinalizo em volta. — Isso deixa as pessoas malucas.
— Amanhã a gente volta. — Seu riso é substituído por pura preocupação.

— Por falar nisso, você não me contou tudo…

Antes que eu possa falar sou interrompida pelo som do telefone tocando em
seu escritório.

— Eu vou atender, já volto. — Ele faz sinal de que vai me contar tudo e sai
da cozinha. Não leva nem meio minuto para ele voltar, o som do telefone
ainda tocando no escritório.
— Algum problema… — Assim que eu me viro me deparo com ele parado
segurando o teste de gravidez.
— O que é isso? — Pergunta.

— Acho que você sabe o que é isso. — Dou de ombros.

— Sei, o que eu não sei é por que você não me contou? — Pede, estou
prestes a responder quando o telefone volta a tocar no escritório.
— Parece ser importante. — Murmuro.

— Agora você quer colocar na balança o que é importante?


Eu quero discutir com ele, mas a verdade é que eu não sei o que dizer. Ele
está certo eu devia ter contado pra ele sobre as minhas suspeitas, também
devia ter o chamado pra se juntar a mim enquanto eu fazia, e não ter esperado
ele sair do quarto como a covarde que eu fui, mas fazer o que?
Eu não sou perfeita!

— Não use esse tom de voz comigo! Eu não sou uma das suas amiguinhas
que você fala o que quer e elas abaixam a cabeça. — Me levanto.
— Não você não é, você é a minha mulher e devia ter me contado sobre
isso. — Ele atira o teste em cima do balcão.
— Eu acabei de fazer essa merda, o que você queria que eu fizesse?
Secasse a minha buceta e fosse correndo te contar? — Provoco, se ele quer
brigar então vamos brigar. — Deixe de agir como um imbecil.
Ando até o escritório e pego o telefone, ignorando o Max que está vindo
logo atrás de mim com a cara amarrada e pronto para uma briga.
— Alô.

— Nós encontramos a Rachel, ela está no hospital em estado grave.— A


voz do pai do Max vem do outro lado da linha, firme e preocupada.
— O que aconteceu com ela? Foi uma recaída?

— Ela foi espancada e torturada, alguns dos ferimentos dela me lembram


os seus. — Com isso eu derrubo o telefone no chão e me sento.
Porra, a gente não devia ter sumido!

Enquanto estou na minha breve crise, escuto o Max falando ao fundo no


telefone e em seguida ele desliga e se ajoelha na minha frente.
— Não é culpa sua, nós vamos pegá-lo. — Garante.

— Eu espero mesmo que a gente o pegue. — Digo e choro.

Max me pega no colo e me leva para o nosso quarto, a fome que eu estava
sentindo antes se foi, dando lugar a uma bola de preocupação. Max se deita
ao meu lado e me puxa para os seus braços, onde eu choro até dormir.
Nossa discussão de minutos atrás, foi deixada de lado. Pelo menos por
enquanto.
Capítulo 30
Max
O clima no carro durante a nossa volta para casa é um tanto estranho, nós
dois deixamos a nossa briga de lado ontem a noite e tudo isso graças ao
imprevisto que aconteceu com a Rachel. Por mais que eu quisesse forçar a
Caroline a falar comigo, eu me controlei e dei espaço para ela.
Enquanto isso eu tentava buscar as minhas próprias respostas sobre o
motivo do ataque contra a Rachel.
— Eu estava com medo. — Caroline quebra o silêncio.

— Sobre…

— Uma possível gravidez, eu estava com medo de descobrir que estava


grávida e as coisas ficarem mais malucas do que já estão. — Diz. — Ter uma
criança nesse momento não era apropriado, ou foi isso o que eu pensei até
que vi o resultado negativo. — Estendo a minha mão e seguro a dela. —
Quando eu vi o teste negativo foi como se uma parte de mim tivesse se
apagado e eu me senti perdida.
— Você não precisa se sentir assim…

— Nesse momento eu preciso, não posso colocar o meu ressente desejo de


ser mãe acima da luta que temos pela frente. — Ver o quanto o que aconteceu
ontem afetou ela, e como ela está se deixando de lado por causa disso.
Essa merda tá me deixando maluco. Eu queria poder pegar todos esses
sentimentos e garantir que nada vai acontecer mas não posso, infelizmente
temos uma luta e tanto pela frente.
— Se você quiser nós dois podemos tentar…

— Vamos deixar isso pra lá. Eu só queria explicar o motivo de não ter dito
nada. — Dá de ombros. — Só não queria ter que lidar com mais alguém se
sentindo do mesmo jeito que eu.
Entendo isso. Esse nosso amor maluco, que faz com que um queira proteger
o outro guardando tudo pra si mesmo; é uma grande forma de foder com o
relacionamento e ambos teremos que trabalhar nisso juntos.
— Me desculpe por ontem, a forma como eu agi foi… Eu só queria ter
estado lá com você.

— Me vendo fazer xixi? Essa merda nunca aconteceria. — Rebate,


mudando o clima no carro. A mudança de assunto é bem-vinda, mesmo que
seja um assunto maluco e aleatório.
— Como não? Nós somos um casal e essa merda acontece.
— Querido, não vai rolar. — Dá de ombros.

— Você invadiu o banheiro enquanto eu usava. — Lembro e mais uma vez


ela apenas sorri.

— Você vai mesmo querer discutir isso?

— Não, apenas lembrando. — Ela pode estar se fazendo de irritada com o


assunto, mas eu me lembro muito bem dela entrando no banheiro e me
ignorando sentado no vaso, enquanto ela escovava os dentes.
— Lembrando? Max, eu não sou uma invasora de privacidade. — Cruza os
braços.

— Meu amor, você pode me interromper nos meus momentos quando


quiser. — Digo, e nós entramos em uma discussão boba qualquer.
É bom poder deixar esse assunto do teste negativo pra trás. Da mesma
forma que eu estou mais que ansioso pra por esse filho da puta no túmulo e
garantir que ele jamais tente ferir a minha família novamente.
A Caroline pode estar abalada agora por saber que não está grávida, mas eu
pretendo por um bebê em sua barriga o mais rápido possível, e isso é claro
vai incluir um anel de noivado enorme.
Quero que todos saibam a quem ela pertence.

— Que olhar é esse? — Pergunta.

— Nada. — Sorrio. — Então, ontem a gente foi dormir e deixou de lado o


assunto sobre as coisas que o Mason me disse.
Ela me encara, esperando que eu continue.

— Agora que você falou, estou me lembrando. — Responde. — O que


aconteceu?

— Bem, muita coisa aconteceu quando a gente estava fora. — Começo. —


Uma delas é que alguém invadiu a sua casa, estavam procurando por algo,
mas nada está faltando.
— Isso até que faz sentido, a gente fugiu.

— Não, essa merda não faz sentido e você vai ficar longe da minha irmã.
Esse tipo de pensamento é normal vindo dela. — Acuso.
— Eu jamais ficarei longe dela. — Responde sorrindo. Ela acha que estou
brincando, porém eu não estou.
Bufo em desgosto por sua resposta, e volto a falar sobre o assunto em
questão.

— A invasão a sua casa aconteceu dois dias depois que saímos da cidade.
— Conto. — Seus pais estão atrás de você. Segundo Mason, eles estão
desesperados.
— Eles querem dinheiro. O que me surpreende é eles não terem nos
encontrado, considerando o quão desesperados eles estão. — Mais uma vez
ela está calma e raciocinando tudo. — Mais alguma coisa que eu deva saber?
— Nada, que eu me lembre. — Penso por mais alguns segundos e
finalmente me lembro. — Ah, Mason tem alguma coisa importante que queria
me dizer, mas como estamos voltando, enviei uma mensagem e disse que nos
falamos pessoalmente.
— Ótimo, assim nós estaremos juntos quando ele contar. — Ela dá um tapa
na minha perna. — O que você acha da gente passar na minha casa antes de ir
até o hospital? Quero trocar de roupa.
Caroline meche as mãos de forma nervosa, ela está com medo de encontrar
a Rachel e ver o que aconteceu com ela. A minha garota pode ser forte
quando o assunto é ela, mas quando envolve os outros, as coisas mudam de
figura.
— Se você quer fazer assim, então nós vamos passar na sua casa antes. —
Tento acalmá-la. — Assim aproveito e tiro as malas do carro.
— Ótimo.

Assim que chegamos na cidade eu mudo o nosso caminho e vou direto para
a casa dela, nós mal paramos em frente quando seus pais aparecem ao lado do
carro e fazem sinal pra gente descer. Pego a minha arma e saio ao mesmo
tempo que a Caroline. Seus pais olham a arma nas minhas mãos e dão um
passo para trás.
— O que vocês querem? — Caroline pergunta, vindo até o meu lado e
segurando a minha mão.
— Como assim o que queremos? — Pergunta a mãe dela. — Quem você
pensa que é pra fugir com esse aleijado e nos deixar sem qualquer
informação? Seu noivo…
— Em primeiro lugar, eu não tenho um noivo, pelo menos ainda não. —
Ela aperta a minha mão.
— Em segundo lugar, Max não é um aleijado, ele é o meu namorado e o
homem com quem eu vou me casar um dia. Já vocês dois, não tem direito
nenhum de vir até aqui e agir como se eu devesse alguma satisfação pra
vocês.
— Você é uma garota mal criada, sem contar o fato de que você nos deve.
— Reclama a mãe dela.
— Deve o que? — Pergunto, dando um passo pra frente e fazendo com que
a puta recue.

— Nos deve a vida dela, e nós queremos o pagamento agora. — Seus olhos
desviam pra trás de nós e vejo que o meu irmão está se aproximando.
— Não sabia que a notícia da nossa chegada já tinha corrido. — Comento.
— Não correu, eu vim até aqui pra encontrar esses dois. — Meu irmão
aponta para a dupla de pilantras.
Vejo como os pais da Caroline ficam tensos com a chegada do meu irmão,
parece que eles aprontaram alguma coisa e estão com medo das
consequências.
— O que foi? — Caroline pergunta.

— Eu consegui recuperar o servidor da sua casa, foram eles que invadiram


o servidor e desligaram as câmeras, tudo isso pra roubar o seu cofre. — Meu
irmão conta. — Quanto você tinha lá?
— Dez mil dólares, eu não deixo muita coisa em casa. — Caroline dá de
ombros e em seguida se vira para os pais novamente. — E ainda tem coragem
de vir até aqui e me pedir mais?
— Você nos deve…

— Não devo porra nenhuma, não pra vocês dois de qualquer forma. —
Responde. — Saiam daqui e não me procurem mais, caso contrário eu vou
chamar a polícia e denunciar o roubo.
— Você não faria isso.

— Quer apostar? Eu estou doida pra ver como vão sair de lá sem dinheiro.
Puxo Caroline pra mim.
— E minha família e eu vamos ter o prazer de garantir que vocês sofram lá
dentro. Sabe como é nós criminosos nos ajudamos. — Zombo.
— Isso vai ter volta…
— É bom que não tenha, caso contrário eu vou foder com a vida de vocês.

A última frase poderia ter sido dita por mim ou pelo meu irmão, mas em vez
disso foi a Caroline quem falou, e eu mentiria se dissesse que não estou
orgulhoso da minha garota.
— Se é assim que você quer, então esqueça que somos seus pais. —
Ameaça.

O que mais me impressiona é o fato do pai da Caroline se manter em


silêncio, dele não defender a própria filha dos ataques que essa mulher
nojenta faz.
— Eu já esqueci há muito. — É a única coisa que a Caroline diz e os pais
dela se afastam.

— Olha só se não foi uma forma interessante de ser introduzido na família


da namorada. — Dean brinca.
— Nem me fale, isso se tornou um pesadelo sem medida. — Comento.
— Aproveitando que já resolvemos essa parte, o que acha de eu companhá-
los até o hospital? — Meu irmão oferece.
— A Caroline quer se trocar. — Explico.

— Na verdade, vamos logo. — Ela muda de opinião. — Se importa de nos


dar uma carona? Não quero andar com o carro do Max carregado, e eu não
tenho carro.
— A Ana já cuidou do seu seguro, eles vão enviar um carro novo. — Dean
deixa escapar.

— Ótimo. — Ela se anima.

Entramos no carro do meu irmão que nos conta as fofocas da cidade. Dean
sabe o quanto a Caroline está preocupada com tudo o que tem acontecido e
mantém o assunto mais fácil possível, e eu sou muito grato ao meu irmão por
isso.
Quando chegamos no hospital o ele nos deixa na porta e fala em qual quarto
a Rachel está, enquanto entramos ele vai estacionar o carro.
— Caroline? — A voz conhecida do Ben chama e nos viramos para ver ele
parado há alguns metros a frente.
— Ei, como está tudo por aqui? — Caroline vai até ele e o abraça.

— Bem, aonde você esteve? Eu estava preocupado com as suas costas e o


seu braço. — Aponta.
— Foi muito irresponsável sumir assim, ainda mais sem a permissão do
seu médico. — Depois de dar toda a bronca na Caroline, Ben se vira para me
cumprimentar. — Como você está Max?
— Bem, esse tempo longe fez muito bem para nós dois. — Minto.

— Eu imagino, a próxima vez que fizerem algo assim não esqueçam de me


avisar, assim eu me programo.
— Se programa…? — Caroline pergunta.

— Para te substituir no hospital, pra que mais? — Ben nos encara


esperando que a gente fale algo.
— Nada, achei que estava falando de um novo ferimento. — Rio.

— Espero não ter a Caroline na minha sala mais, tratar de um médico é


impossível. — Reclama.
— Se não está aqui para me ver, está fazendo o que?

— Nós estamos atrás de uma amiga Rachel…

— Não precisa terminar de falar, eu já sei quem é. Siga reto, ela está na
segunda porta a esquerda. — Aponta, em seguida seu nome é chamado e ele
se afasta.
— Ele é estranho. — Comento e a Caroline ri.

— Fisicamente ele poderia ser um ator ou modelo, — comenta. —


Mentalmente? Ben é um pouco cuidadoso de mais, mas esse é o charme dele.
Dando de ombros ela se afasta e eu a sigo, chegando no quarto da Rachel
nós entramos e Caroline vai até o lado da cama e segura a mão da outra
mulher.
— Ela quase não saiu viva dessa. — Caroline diz, apenas olhando para o
estado da Rachel.

— Ele pegou pesado com ela, a questão agora é saber o por quê?

— Você espera um minuto? Preciso chamar a enfermeira dela e verificar


algumas coisas. — Diz.

— Claro, Mason me mandou uma mensagem dizendo que está aqui. —


Mostro o meu telefone.

Ela passa por mim e me dá um beijo, quando vai sair a porta se abre e o
Mason entra com um olhar preocupado.
— Oi. — Ela diz passando por ele e não esperando uma resposta. Assim
que a porta se fecha atrás da Caroline eu o encaro.
— O que aconteceu? — Peço.

— Eu já sei quem está por trás de tudo isso, você não vai acreditar.
Capítulo 31
Max
Mason está me encarando, esperando que eu faça a grande pergunta. Porra,
ele não sabe o quão louco eu estou pra saber quem é esse filho da puta?
— Quem? — Peço, ansioso. — Como você descobriu?

— Lembra da ligação pra emergência que contava onde a Caroline estava?


— Pede e eu concordo. — Essa ligação foi feita pela Rachel.
Olho para a mulher que está inconsciente, a participação dela em tudo isso
vai nos levar diretamente para o culpado.
— Mas ela estava no trabalho. — Eu me lembro de ir até ela.

— Sim, isso significa que ela conhecia quem estava com a Caroline e o
lugar para o qual a levariam.
— Ela fez parte do plano. — Penso em voz alta.

— Tudo indica que sim, mas em algum momento ao longo do dia ela
mudou de ideia e decidiu salvar a Caroline. Ela ligou para a emergência e a
polícia chegou lá em alguns minutos. — Continua.
— E como isso levou você até… Mason me interrompe.
— Todas as ligações são salvas em um banco de dados interno, só os
funcionários têm acesso. — Diz. — A ligação feita por ela não foi diferente,
e adivinha quem acessou essa denúncia?
— Um policial? Mas isso não faz sentido, a Caroline disse que ela foi
dopada com algum tipo de gás usado por médicos. — Lembro.
— Não foi um policial, foi um paramédico. — Ele continua. — Eu fui
atrás das informações desse paramédico, Stevens.
— Ela é…

— Não, eu investiguei mais um pouco e ele esteve na emergência do


hospital durante todo o sumiço da Caroline.
— Se ele esteve aqui, não pode ser ele.

— E não é, mas o colega dele recebeu um aviso por chegar atrasado ao


trabalho no mesmo dia.
— Quem?

— O sobrenome dele é Jones, não tinha nenhum registro do nome então eu


tive que investigar mais e fui até o chefe dele. E esse chefe disse que o tal
Jones chegou no local do crime por meios próprios e encontrou a equipe lá,
atendendo a vítima. — Explica e então eu finalmente dou um rosto a esse tal
de Jones.
— Cody Jones? — Pergunto e ele concorda.

— Filho da puta! O desgraçado esteve aqui, agiu como se não tivesse feito
nada. — Eu estou com tanta raiva. — Vocês foram atrás dele?
— O endereço listado é frio, e o chefe não o vê há dois dias. — Diz.

— Isso porquê ele está escondido, esperando o momento certo de… —


Saio correndo do quarto e começo a procurar pela Caroline.
Mason parece ter entendido o meu medo e começa a correr atrás de mim,
chego no posto das enfermeiras.
— Vocês viram a Caroline? — Pergunto.

— Não, a doutora Caroline não passou por aqui. — Todas dizem.

— Eu vi, ela saiu com um homem alto. — A faxineira que estava passando
pela porta diz.

— Ele está com ela. — Eu quero gritar e bater em alguma coisa, no entanto
preciso me controlar e encontrá-la.
Saio correndo em direção a saída e esbarro no meu irmão.

— O que foi, mano? — Pergunta.

— Cody, o paramédico é o cara que estamos atrás, e ele está com a


Caroline. — Digo.

— Calma, depois da última vez, eu dei pra ela um rastreador ele está na
pulseira. — Promete. — Nós vamos chegar até ela.
— Já estou com o meu parceiro esperando na porta, se você me enviar a
localização estaremos atrás de vocês. — Avisa Mason e sai na frente.
— Vamos lá. — Dean me puxa em direção a saída até o carro dele e me
entrega o celular assim que fechamos as portas. — É o primeiro aplicativo,
tem o nome dela na tela com a localização.
Quando eu vejo o nome da minha mulher piscando na tela eu sinto o meu
coração se apertar, um medo inexplicável de não chegar até ela a tempo de
impedi-lo, me domina e eu começo a respirar com dificuldade.
— Porra, Max. — Dean resmunga. — Mantenha a tua merda em ordem, a
Caroline precisa de você.
— Espero que você nunca fique nessa posição. — Digo. — Você poderia
ter nos achado.

— Claro que eu podia, mas eu sabia que ela estava segura com você. —
Fala, e eu noto que talvez o meu irmão tenha tido uma queda pela minha
mulher.
— Você gostava dela na escola? — Pergunto.

— Claro que sim, nós eramos amigos. — Ele responde.

— Você me entendeu, você era apaixonado pela Caroline?

— Nós sempre fomos amigos, ela é como se fosse uma irmã. — Ele vira
na rua onde o GPS aponta. — Qual é o seu problema?
— Nada, eu estou sendo estúpido. — Admito, o meu telefone toca e eu
conecto com o alto- falante do carro. — Sim?
— Antes da gente chegar lá, se tudo der certo, Cody vai pra cadeia. —
Mason avisa.

— Sem chance. — Rosno.

— Esse caso se tornou publico, se você mata ele eu não tenho só um monte
de papelada para lidar, mas tenho promotores e juízes nas minhas costas. —
Diz. — Não vou arriscar nada por causa desse filho da puta.
— Acha que o fato dele estar na cadeia vai o proteger…

— Não, mas isso significa que eu não vou ter que lidar com um amigo lá.

— Foda-se Mason! Esse não é o seu jogo e não é você quem dá as castas.
— Rebato, estou farto de ter que trabalhar com a polícia nessa merda de
situação.
— Está errado, nesse jogo quem está dando as cartas é o FBI. E eles vão
foder com nós dois se esse filho da puta morrer pelas nossas mãos.
Desligo o telefone com raiva, estou tão puto com essa situação. O que o
Mason achou que ia acontecer quando essa situação finalmente chegasse ao
fim? Que eu ia sentar la e assistir enquanto ele leva o homem que torturou a
minha mulher?
Não, isso não vai acontecer!

— Não posso acreditar que ele me pediu isso. — Reclamo pro meu irmão.
Dean está quieto, ele se vira lentamente para me olhar e então solta um bufo.
— Você está sendo ridículo. Eu sei que você quer ter a sua vingança, mas já
pensou nas famílias das outras mulheres? Eles vão querer justiça e isso não
vai acontecer com ele estando morto. — Dean fala tudo tão rápido, e a cada
palavra sinto que devo socar o filho da puta.
— Essas famílias estarão felizes de saber que não tem que lidar com
julgamentos e depoimentos, que o desgraçado que matou as pessoas que eles
amam já está morto. — Respondo com raiva, então olho para o celular e
percebo que o ponto que sinalizava a Caroline parou de se mexer. — Parou, e
você não vai acreditar aonde esse filho da puta está nos levando.
— Onde?

— A escola, ela não está aberta? — Pergunto.

— Não, a escola está fechada se esqueceu que nessa época as crianças


estão de férias? — Lembra.
— Esqueci, faz tempo desde que eu estive nesse lugar. — Admito. — Por
que ele está nos levando lá? Não me lembro de ninguém como ele na nossa
turma.
— Talvez seja isso o que ele quis dizer quando sequestrou a Carol e falou
que ela íamos pagar pôr o subestimar.
— Se foi isso o que ele quis dizer, vou descobrir agora. — Comento.

— Você quis dizer, vamos…

— Não, você vai ser o backup. — Lembro.


— Mason é o backup.

— Então você é o backup do backup…

— Filho da puta, não vai me deixar de fora.

— Podemos parar de discutir isso? — Aponto para a escola na nossa


frente, o estacionamento só tem um carro e eu imagino que seja o do Cody.
— Vamos nos separar e procurar por eles. — Meu irmão propõe e eu vejo a
viatura do Mason encostar ao nosso lado.
Saio do carro e faço sinal pro Dean explicar o nosso mais novo plano,
separar e pegar o bandido. Só espero que Mason esteja longe quando eu
matar o filho da puta. Enquanto eles conversam, entro pela porta lateral que
está aberta. Começo a tentar me lembrar da época da escola e tentar descobrir
quem ele pode ser e pra qual lugar da escola ele levaria Caroline.
É então que me lembro de que ele me atacou primeiro. Ele quer me atingir,
me humilhar no lugar onde eu reinei e isso aconteceu no campo de futebol, e
é pra lá que eu vou. Assim que abro as portas que dão para o campo, vejo que
bem no meio dele tem duas pessoas, uma é a Caroline e a outra é o meu
inimigo.
E ele está pronto para começar seu show.
Capítulo 32
Caroline
Eu devo dizer, está ficando chato pra caralho ser atacada por esse maluco
sempre que estou sozinha. Se é que estar dentro de um hospital é considerado
estar sozinha. Cody me rendeu quando eu estava perto da enfermaria, eu o
reconheci imediatamente, foi como se uma sensação estranha corresse pelo
meu corpo, seu cheiro me levou direto para a noite do meu sequestro.
— Se você abrir a boca para gritar eu vou te matar então vou ir até o
quarto da Rachel e vou matar o seu namoradinho. — Ameaçou e eu sai do
hospital com ele.
— Por que está fazendo isso? — Perguntei, mas ele riu de mim.

— Na hora certa você vai descobrir, esse é um grande show. Vamos só


aguardar pelo público.

Fiquei surpresa quando ele nos levou diretamente para a escola, o campo de
futebol pra ser mais precisa e me jogou no chão. Não esperamos por muito
tempo, logo Max chegou e Cody abriu um sorriso enorme, esse é o momento
pelo qual ele tanto esperou.
— Finalmente está aqui. Sabe eu achei que as coisas iam ser mais
interessantes, mas ai você sumiu. — Cody diz. — Quem diria que um dia o
fodão do Max fugiria de alguém.
Max dá um sorriso e se aproxima, mas Cody aponta a arma para ele.

— Nem mais um passo. — Avisa e Max para.


— Eu não fugi de você! Tudo o que eu fiz nos trouxe até esse momento,
aonde você está tão desesperado que se revelou. — Max diz. — Agora, eu
não consigo enter o por quê?
Essa simples pergunta do Max faz com que o Cody perca a paciência.

— Talvez você não se lembre do quanto você e seus amigos pegavam no


meu pé, jogo após jogo eu tinha que aguentar as brincadeiras e como se isso
não bastasse, ver todas as garotas se jogarem em cima de você. — Ele rosna.
— Você era o garoto da água. — Sussurro, Max e Cody me encaram.

— Olha só, alguém se lembra de mim. — Zomba. — Sabe como eu me


senti quando te chamei pra um encontro e você me disse que não podia? Que
ia estudar na casa da Ana, como acha que eu fiquei ao chegar na escola e
saber que você tinha fodido com ele?
— As coisas não foram assim, Cody…
— Cala a porra da boca. — Grita e eu me encolho. — Você não passa de
uma vadia fácil que abriu as pernas pro babaca da escola.
— Se você se acha tão esperto como diz, então por que não conta tudo? —
Max pede. — Por que você planejou o acidente e por que esperou tanto
tempo pra começar tudo isso? Podia ter resolvido tudo há muito tempo.
— Ah que fofo, você quer que eu conte uma historinha antes de matá-los?
— Cody zomba rindo de um jeito que me dá arrepios.
— Se é isso o que você quer fazer, nos ajude a entender o que te tornou
esse fodido psicopata. — Max rebate de forma dura, no entanto isso diverte
Cody que ri mais alto.
— Sempre o Max idiota. — Zomba. — Achei que o tempo te deixaria mais
inteligente, mas isso não aconteceu.
— Você vai contar tudo ou vamos ficar aqui olhando um pro outro? —
Pergunto sem paciência.

— Gatinha manhosa, parece que o nosso tempo jutos não te ensinou nada.
— Com a menção do meu sequestro, Max dá um passo pra frente, no entanto,
quando Cody aponta a arma para a minha cabeça ele para. — Se vocês
querem tanto saber, eu vou contar tudo exatamente como começou.
“Primeiro ano da escola, eu me inscrevi para fazer parte do time, mas acabei
não conseguindo, o treinador me ofereceu o posto do cara da água, segundo
ele eu não era bom nem pra ser mascote. Mesmo tendo ouvido isso eu aceitei
o cargo, pensando que teríamos espírito de equipe, porém logo descobri que
vocês não passavam de idiotas. Só não sai do time porquê a Caroline ia
sempre ao jogos e se sentava ao meu lado e a gente conversava durante todo
o jogo. Essas conversas eram o ponto alto do meu dia, eu via a garota incrível
e atenciosa que sentava e fala comigo sobre todos os assuntos, ria das minhas
piadas e me incentivava a não desistir dos meus sonhos. Aquela garota era o
meu anjo, ela me manteve a salvo do meu pai e da cretina da minha mãe, dois
bêbados drogados.”
— O time tinha pegadinhas, todos passavam por isso, o que pegou foi o
fato dos caras não gostarem de você. — Max tenta explicar.
— Acha que eu não sei que isso era coisa sua? Você era o capitão do time,
todos seguiam as suas ordens. — Cody rosna.
— Eu não tinha o controle do time! — Max grita. — Você me fez perder
uma perna por causa disso?
— Não! O acidente era a minha forma de me vingar pelo que você fez pra
Caroline, achei que ela teria entendido o tipo de homem que você era depois
do que fez na escola. Então dei uma segunda chance para ela, mas ela não
aproveitou.
— Como assim uma segunda chance? — Peço.

— Vamos voltar a minha história. — Oferece e eu aceno que sim.

“Um dia eu finalmente tomei coragem pra te chamar pra sair, você via mais
do que o garoto magrelo e desastrado, mas você disse que a gente precisava
marcar outro dia, que você tinha trabalho na casa da sua amiga. A essa altura
eu tinha fé que você não ia cair na aposta dos caras, qual foi a minha surpresa
ao chegar na escola na manhã seguinte, e descobrir que você tinha fodido
com o Max? Eu queria te matar, mas ai você sumiu, no dia seguinte a notícia
da sua mudança estava correndo a cidade. Você não faz ideia de com quanta
raiva eu fiquei. Fui pra casa e meu pai idiota estava bêbado e tentou me bater,
quem diria que uma martelada na cabeça seria o suficiente pra matar o filho
da puta? Então a cadela da minha mãe chegou, pela primeira vez em anos ela
não estava alta e imediatamente tentou ligar pra polícia, foi quando a matei.
Sabe, eu nunca tinha sentido tanto prazer na minha, como eu senti quando a
matei, mas o crime não foi perfeito. Escondi os corpos e sai da cidade na
mesma noite, mudei de nome, comecei a treinar, precisava ser alguém por
quem as mulheres se atraíssem.”
— Então começou a buscar mulheres parecidas comigo? — Murmuro.

— Sim, os primeiros crimes me deixavam com aquela sensação de que


poderia melhorar, a sensação nunca passou até o dia que eu voltei pra cidade.
— Admite. — Soube através de um dos meus investigadores que você estava
voltando para a cá, então me adiantei e cheguei antes. Eu te daria a chance de
se arrepender por ter me esnobado, nós dois seriamos um casal eu te daria
tudo, inclusive a vingança contra o que o Max te fez. Afinal ele nos feriu e
isso nos uniria.
— Me matar era pra ser o seu presente para a Caroline?

Não consigo continuar ouvindo tudo isso, Max perdeu a perna dele por
causa dessa obsessão maluca que o Cody tem por mim. Como eu vou
conviver comigo mesma sabendo que é por isso que ele está assim? Será que
se fosse uma situação diferente nós estaríamos juntos ou ele estaria ao lado de
alguma modelo perfeita?
— Sim, e eu achei que tinha funcionado, até o dia que eu fui chamá-la para
sair eu vi vocês dois conversando. — Revela. — Eu ia dar um susto em você,
mas ai o Dylan apareceu e eu não resisti, seu primo era outro dos idiotas do
time e mereceu o estrago feito em seu rosto.
— Ai você atacou o meu prédio, sabe quantas pessoas inocentes poderia ter
matado?— Max grita.
— Seria um preço justo a pagar, assim você estaria ciente de que eu não
estava brincando. — Cody dá de ombros. — Mas não foi, eu encontrei dois
drogados que implantariam as bombas em suas casas, queria ver quanto
tempo sua irmão descobrira e ela não me decepcionou. Foi a primeira a
descobrir e desarmar as bombas, então eu tive que improvisar e contratar
alguns traficantes, dando o incentivo perfeito para eles, eles atiraram contra
vocês. Depois disso veio o seu sequestro e era pra gente ter acabado com tudo
se a traidora da Rachel não tivesse me denunciado, achei que foder a vadia e
alimentar a raiva delas contra vocês me ajudaria, mas não.
— Se ela trabalhou com você, então por que te traiu? — Essa é uma coisa
que não sai da minha cabeça.
— A desgraçada queria ficar limpa, ter uma vida melhor e todas essas
fodidas coisas. Você ofereceu e como um cão de rua que ganha carinho pela
primeira vez, ela aceitou e me traiu. — Rosna com raiva. — E então eu tive
que correr de lá, pra minha sorte ou azar olhei o meu celular e vi que a minha
equipe tinha sido chamada para te socorrer, sai do prédio e menti que estava
por perto.
— Você disse que estava lá no meu acidente. — Max está firme e sua
postura me assusta um pouco.
— E eu estava, queria assistir o seu fim.

Cody fala e age de uma forma tão fria que chega a dar medo, como uma
pessoa como ele conseguiu sair impune durante tanto tempo?
— Foi ai que você rastreou as gravações e descobriu que ela te traiu. —
Declaro.

— Exatamente, aproveitei o sumiço de vocês dois e me vinguei da puta.


Isso trouxe vocês dois até aqui, aonde eu vou ter o meu momento matando
ambos e fazendo os dois pagarem por tudo o que me fizeram. — Sorri. —
Mas eu não posso deixar de lado o seu grande momento de idiota, falando
com o homem que torturou a sua mulher bem na frente da porta do quarto
dela.
— As flores…

— Depois da nossa conversa eu me afastei e peguei as flores no meu


armário no hospital, assim que te vi entrar no quarto eu voltei e esperei você
ir até o banheiro, foi ai que deixei as flores e sai. Eu queria tanto ter gravado
a sua cara de idiota ao encontrá-las, mas eu tinha trabalho a fazer.
— Cody mexe em sua arma sorrindo. — Voltando ao assunto, a morte de
vocês…
— Isso não vai acontecer, nós dois sabemos disso. — Max diz. — Esse
prédio está cercado pela polícia, e eles não vão te deixar sair daqui com vida.
— Se eu não vou sair daqui então vocês também não.

Tudo acontece muito rápido, em um minuto Cody está nos ameaçando e no


próximo ele tem a arma apontada para mim, então o som do disparo da arma
é ouvido e eu sinto uma queimação contra o meu peito. Mesmo me sentindo
prestes a desabar, assisto a luta de Max contra o Cody e então Mason chega
acompanhado pelo Dean e por outros policias.
— Caroline? — Dean chama, se ajoelhando ao meu lado e me segurando
contra ele. Tento responder, mas nada sai e eu desmaio.
Capítulo 33
Max
Tudo acontece como se fosse em câmera lenta, Cody apontando a arma para
a Caroline, enquanto eu corro em sua direção e o jogo no chão, como se
estivéssemos em um jogo de futebol. Acho que era o sonho do filho da puta
estar em campo, e eu vou dar o jogo da vida dele.
— Seu desgraçado. — Ele ruge, mas eu já estou em cima dele socando seu
rosto.

— Você vai se arrepender de ter se metido com a gente. — Falo, e soco seu
nariz, sentindo ele se quebrar contra a minha mão. — Sei que você é o tipo
que adora se divertir com mulheres fracas, vamos ver quanto tempo você
resiste lutando contra alguém do seu tamanho.
Se eu pensei que essa fosse ser uma luta fácil, estava mais do que enganado.
De alguma forma ele consegue se desvencilhar do meu ataque e me dá um
soco. É isso ai, eu quero que esse desgraçado lute, quero poder quebrar cada
parte de seu corpo enquanto ele luta contra mim.
— Max! — Alguém grita por mim em algum lugar, mas eu tenho um
objetivo e nada vai me impedir de conseguir o que eu quero.
Matar o Cody com as minhas próprias mãos.

— Max, mano. — Dean tenta me puxar para longe do Cody, mas eu o


empurro e continuo a socar.
É preciso do Dean, Mason e mais dois oficiais para me tirarem de cima do
Cody, eles me imobilizam e Mason me algema.
— Me solte! — Rosno com raiva.

— Não! O que você pensa que está fazendo? — Dean pergunta, é quando
eu percebo que tem sangue em sua camisa.
— Eu te machuquei? — Pergunto confuso.

— Esse sangue não é meu…

— Então de quem é…

Olho para a esma direção que ele está olhando e vejo que Caroline está
caída no chão, cercada por uma equipe de paramédicos. Começo a andar em
sua direção quando meu escuto o meu nome sendo chamado.
— Max! — Quando me viro vejo Cody sentado no chão segurando uma
arma, a mesma arma que eu joguei há alguns metros de nós e ele de alguma
forma conseguiu pegar. — Eu te falei que não ia ter um final feliz pra vocês.
— Então ele atira, e em seguida eu sinto uma queimação no meu peito e caio
no chão, com o meu irmão me segurando.
— Max, fique comigo, mano por favor. — Dean está chorando o que
mostra a gravidade da situação. — Cuide da Caroline por mim.
— Não! Vocês dois filhos da puta não vão me deixar na mão, nenhum de
vocês vai morrer hoje.
— Reclama e eu desmaio.

***

Dean
Não faço ideia de como eu cheguei no hospital, tudo o que eu lembro é da
visão do meu irmão e da minha melhor amiga sendo carregados para dentro
de duas ambulâncias, enquanto o filho da puta que atirou neles, foi colocado
em um carro de polícia e levado para a delegacia.
— Dean, filho, o que aconteceu? — Meus pais e a minha irmã me
abraçam.

— Cody atirou na Carol e em seguida o Max estava socando ele, quando


eu finalmente consegui afastar o Max e mostrar a ele que a Carol estava mal,
Cody pegou uma arma e atirou nele.
— Meu filho… — Minha mãe se senta e o meu pai vai para o lado dela,
ele a puxa para os seus braços e olha em volta em busca de alguém que possa
dar informações. Ele está no modo protetor e vai dar o que a minha mãe
precisa.
— Aonde o filho da puta está? — Ele pergunta.

— Cody foi levado pra delegacia, logo vai ser transferido pra um presídio.
— Diz a minha irmã que se senta ao lado da nossa mãe.
Com a revelação da minha irmã eu me sento e a Ana segura a minha mão.
Não sei quanto tempo se passa até que Ben vem falar com a gente.
— Eu já cuidei da Caroline. Ela levou um tiro no abdômen, por sorte não
atingiu nenhum órgão vital e ela já está no quarto esperando a anestesia
passar. — Ele explica. — Quanto ao Max, ele tomou um tiro no peito e temos
o melhor médico da área operando ele.
— Eu posso ver a minha amiga? — Ana pede.

— Ainda não, pelo menos não até que o efeito da anestesia passe. — Ben
se despede e sai.
— Pelo menos um deles está bem. — Minha mãe murmura. — Caroline é
como uma filha e eu não sei o que…
— Mãe, calma. — Peço, vendo que ela está quase chorando.

— Tudo vai ficar bem. — Prometo e começo a rezar esperando que tudo
fique bem.

***

Caroline
Acordo no hospital com uma agulha no meu braço, eu odeio agulhas.

— Finalmente você acordou, eu já estava ficando preocupado. — Me viro


para encontrar Ben.

— Ei, o que aconteceu? Cadê o Max? — Pergunto.

— O Max está sendo atendido, ele também levou tiro. — Ben diz. — Mas
o motivo pra eu estar aqui com você é pra te dizer que você tem muita sorte,
nós conseguimos salvar o seu bebê.
Eu sinto como se tudo parasse, como assim?

— Eu não estou grávida, eu fiz um teste e deu…

— Você é médica, sabe melhor do que ninguém que testes de farmácia nem
sempre estão certos.
— Me repreende.

O meu bebê conseguiu sobreviver a tudo o que Cody nos fez, eu preciso que
o Max fique bem. Nosso filho e eu precisamos disso.
— Obrigado. — Digo de coração, Ben se tornou um grande amigo.

— Você sabe que eu estou aqui. — Ele me tranquiliza. — Vou permitir que
os seus amigos entrem para te ver.
— Espere um pouco, eu posso ver o Max antes deles me visitarem? —
Peço.

— Sabe que não pode se levantar, tem que ficar de repouso. — Alerta.

— E você sabe que eu vou ver o meu namorado, você querendo ou não. —
Desafio.

— Tudo bem. — Diz desistindo.

Depois de me ajudar a me levantar e me sentar na cadeira de rodas, Ben me


leva para ver o Max e eu o encontro dormindo e com o curativo no peito. Vê-
lo assim me lembra do dia em que ele perdeu sua perna, e a dor no meu peito
aperta ainda mais.
Eu fui a culpada por tudo o que aconteceu com ele, também vi a dor em
seus olhos quando Cody disse que fez aquilo por mim. Max está nesse lugar
por minha culpa e eu não posso continuar fazendo da vida dele esse inferno.
Como posso olhar na cara dele depois de tudo isso? De saber que sempre
que ele sentir alguma dor ou que sofrer algum tipo de preconceito, vai ser por
minha causa?
— Finalmente eu me dei conta do que preciso fazer. — Sussurro pra ele,
pegando em sua mão e a beijando. — Não vou deixar que você precise
escolher e muito menos que se sinta obrigado a viver comigo por causa do
nosso filho.
Alguém bate na porta e em seguida ela se abre, revelando Alexa e a diretora
do hospital. A minha chefe me encara de um jeito estranho, em seguida força
um sorriso e sai do quarto, se eu tinha esperanças de conseguir meu emprego
de volta elas acabaram de ir pelo ralo.
— Como está se sentindo? — Alexa pergunta me olhando.

— Bem. — Minto.

— Deve estar com alguma dor. Não devia ter vindo até aqui, ainda mais
depois de ter sido operada. — Diz.
— Eu precisava ver como ele estava, não sei como tudo isso foi acontecer
as coisas ficaram tão loucas. — Choro.
— Se elas ficaram assim é porquê tinham de ficar, e outra, agora que vocês
dois estão bem. É só pensar pelo lado positivo, Cody está prezo e vocês
podem seguir com a vida. — Não sei se é uma coisa da minha cabeça, mas a
forma Alexa diz seguir com a vida me traz um sentimento estranho.
— Eu vou fazer isso, no fim é o certo pra todo mundo. — Digo.

— Tenho certeza que sim. — Responde se voltando para o Max.

— Você vai ficar aqui com ele? — Peço.

— Sim, a menos que queria que eu providencie tudo pra que tragam a sua
cama pra cá. — Oferece.
— Não, eu não quero que ele fique nervoso ou estressado. — Alexa franze
a testa com as minhas palavras, mas antes que ela diga alguma coisa a porta
se abre e Ana aparece.
Não é nenhuma novidade que essas duas tenham conseguido entrar aqui,
enquanto os rapazes da família tem o costume de usar a força as mulheres são
inteligentes para usar o cérebro e conseguir aquilo que querem.
— Quer que eu te leve até o seu quarto? — Ana oferece.

Só de olhar sinto que ela já sabe o que se passa na minha mente e que vai
me fazer perguntas, o problema é que não tenho escolha, Ben me mataria se
me visse fazendo força.
— Claro. — Sorrio e ela pega a cadeira e leva até o meu quarto.

No nosso caminho eu passo pelo quarto da Rachel e vejo o meu pai saindo
de lá junto com a minha mãe e mais uma mulher que me parece um pouco
familiar. Não perco a cara de surpresa que todos fazem ao me verem ali no
corredor.
— O que vocês estão fazendo aqui? Ainda mais saindo do quarto da
Rachel.

Ana coloca a mão no meu ombro, como se estivesse me dando apoio para o
que está por vir, mas o que ela pode saber que a faz agir assim?
— Parece que finalmente chegou a hora de vocês contarem tudo pra ela,
chega de mentiras Bernadete. — A mulher diz.
Minha mãe se vira na direção da mulher como se ela estivesse prestes a
pular nela. Eu nunca a vi agindo de um jeito tão descontrolado como ela está.
— E que verdade seria essa? — Peço então me viro pro meu pai. — Pai?
Sem nenhuma surpresa o meu pai continua em silêncio.
— Se você não contar de uma vez por todas, eu vou. — A mulher ameaça
mais uma vez e quando ninguém diz nada ela solta a bomba. — Eu sou sua
mãe e também a mãe da Rachel, vocês duas são irmãs. — A mulher diz.
— Mãe… — Falo com Bernadete, esperando uma negação.
— Você ouviu ela, eu não sou sua mãe. — Bernadete diz. — Agora que
você sabe o que está nos devendo, nos deve sua vida e tudo o que é hoje!
As coisas que ela me dizia finalmente começam a fazer sentido, tudo o que
eu passei nas mãos dessa mulher fazem total sentido.
— Se você não me queria por que me adotou? — Peço.

— Eu não podia ter filhos e seu pai dormiu com essa vagabunda que era
nossa empregada e ela acabou grávida, primeiro veio a outra e pouco tempo
depois veio você. — Bernadete explica. — Eu não podia ter filhos então
paguei pra essa desgraçada sumir das nossas vidas, eu só não sabia que você
se tornaria um problema.
— Como? — Sussurro, sem forças pra continuar fazendo essas perguntas.
— Primeiro olhe pra você, você não se parece em nada comigo e depois,
— ela se volta para a outra mulher, minha possível mãe. — Eu mandei que
ela desse a outra menina para um casal qualquer.
— Você destruiu a vida da Rachel também? — Rio de quão cruel essa
mulher pode ser.

— Não podia arriscar, mas então a pequena vadia descobriu que era
adotada e começou a investigar, eu tive que tomar uma decisão e com um
pouco de dinheiro paguei um traficante pra viciá-la.
Porra nada do que eu estou ouvindo aqui faz sentido, como essa mulher
pode destruir a vida da Rachel dessa forma?
— Por que? — Choro.

— Porquê assim ela não estaria sã pra continuar procurando, eu só não


esperava que essa mulher começasse a te procurar também. — Diz.
— Também não esperava que eu voltasse rica e pronta pra acabar com eles.
— Minha mais nova “mãe” diz.
Dou risada.

— E acha que agora vai mudar alguma coisa? — Zombo. — Você nos
abandonou e a Rachel poderia estar morta em uma vala se dependesse de
você.
— Por favor me deixe explicar. — Pede.

— É muito tarde, e fique longe da Rachel, eu estou cuidando dela.


Ana começa a me levar para o meu quarto, mas não rápido o suficiente para
que a Bernadete corra na minha frente e pergunte;
— E quanto a mim e ao seu pai?

— Vocês? Eu quero que vão pro inferno e não me procurem mais. — Digo.

Assim que entramos no quarto a Ana se senta na cadeira ao lado da minha


cama e me deixa na cadeira de rodas, ela fica me encarando como se quisesse
falar alguma coisa, mas esse não é o momento dela e sim o meu.
— Quanto tempo? — Pergunto.

— O que?

— Não se faça de idiota, eu quero saber há quanto tempo você sabe que a
Rachel é a minha irmã, e que a minha mãe não era a minha mãe?
— Quando os ataques começaram eu investiguei brevemente os seus pais e
descobri uma ligação com a Rachel, que nem ela sabe. — Explica. — Não sei
como você vai fazer com isso…
— Eu sei! Vou cuidar dela, Rachel pode ser uma cadela, mas eu acredito
que tudo isso possa mudar, e outra, mesmo sem saber quem eu era ela salvou
a minha vida. — Lembro.
— Depois de tentar te matar!

— Preciso tentar. — Choro e ela me abraça.

— Sabe que estou aqui do seu lado pro que você precisar. — Oferece.

— E eu te agradeço, mas isso é uma coisa que preciso fazer sozinha.

— O Max não vai deixar…

— Nesse caso é bom que a gente esteja acabado e que ele não tenha mais
nada a dizer.

— Como? Vocês dois ainda estão juntos e o meu irmão vai querer te ver. —
Ela lembra.

— Max não vai querer me ver, não depois de saber que Cody armou o
acidente dele como um presente pra mim, que tudo de ruim que aconteceu
com ele é minha culpa. — Ana me olha um pouco chocada. — Foi assim
quando o acidente aconteceu, ele disse que não podia me ver porquê
lembraria do dia e agora ele não vai só lembrar do dia como vai saber que foi
por minha culpa.
Ana me dá um sorriso estranho.

— E como você vai fazer para se livrar dele? As coisas do meu irmão estão
na sua casa e ele não vai sair.
— A casa vai ser dele, o meu pagamento por tudo o que aconteceu com ele.
— Explico.

— E você?

— Vou embora e dessa vez não vou voltar.

— E quanto a Rachel?

— Ela vai pra clínica e eu vou cuidar dela. Quando ela melhorar se quiser
morar comigo vou deixar que ela fique o tempo que precisar. — Dou de
ombros.
Ana não pode saber que eu jamais poderia continuar aqui, não quando a
minha barriga começar a crescer ou quando o Max finalmente começar a
seguir em frente e aparecer com uma nova namorada, isso me mataria.
— Não fuja do meu irmão. — Pede.

— Não estou fugindo, estou apenas começando uma nova vida em um


novo lugar.
— E quanto tempo até que você saia da cidade? — Pergunta.

— Mais alguns dias, eu tenho coisas para resolver antes.

— Ok, se é isso o que você quer. — Ela se levanta, me dá um beijo no


rosto e caminha até a porta. — Se cuida Carol.
— Você também. — Respondo vendo a porta se fechar atrás dela. Passo a
mão na minha barriga.
“É filho, agora somos apenas nós dois”
Capítulo 34
Max
Faz dois dias que eu estou preso nesse hospital, dois dias que eu não vejo a
Caroline. No começo pensei que ela estava mal, até que ouvi do Ben que a
minha mulher já recebeu alta do hospital e estava liberada para ir pra casa.
Por que ela não veio até aqui me ver?

Será que aconteceu alguma coisa que eu não sei e ela está com raiva de
mim?

— Eu preciso ver a Caroline. — Digo pra minha mãe que me olha de um


jeito estranho.

— Você precisa se recuperar, depois se preocupa com outros assuntos. —


Responde.

— Então existe algo pra me preocupar? E isso está ligado a minha mulher?
— Peço. Ana que estava em silêncio mexendo no celular se levanta e vem até
o lado da cama.
— Está na hora dele saber, a Carol está indo pro aeroporto e ela não vai
voltar. — Minha irmã diz.
— Por que ela está indo embora? — Faço que vou me levantar mas a
minha mãe me impede.

— Ela acha que você não quer vê-la, está se culpando por tudo o que
aconteceu com você e acha que você vai culpá-la também. — Explica. —
Isso não é o pior, ela descobriu que a Rachel é irmã dela e que a mulher que a
criou como se fosse a mãe dela, não é.
Eu não sabia de toda essa merda, por que ninguém me contou? Estou farto
das coisas acontecendo e ninguém me contar. Preciso chegar até ela, com
cuidado eu afasto a minha mãe e me levanto, só pra cair sentado na cama com
a dor no meu peito.
— Você não pode sair daqui. — Minha mãe está preocupada.

— Eu preciso, como você se sentiria se fosse o papai indo pra longe de


você? — Peço e ela se afasta.
— Tudo bem, mas eu estarei ao seu lado e se fizer qualquer merda errada
eu te arrasto pra cá. — Ameça.
— Pode deixar. — Sorrio.

— Fique aqui, vou pedir pro seu pai te trazer algumas roupas. — Ela diz e
sai do quarto.

— Essa merda vai demorar. — Murmuro pra minha irmã.

— Vai sim.
— Não tenho tempo pra isso. — Digo.

— É você não tem. — Ela fala.

Se esperar até que as minhas roupas cheguem aqui, corro o risco de perder a
minha mulher, e eu não estou disposto a correr esse risco. Não agora que toda
essa merda passou e nós podemos ser felizes sem precisar ficar olhando por
cima do ombro o tempo todo.
— Chame a mamãe e diga pra ela que eu preciso da ajuda dela no
banheiro, quando ela entrar você tranca a porta por um tempo. — Falo,
saindo da cama e me escondendo em baixo dela.
— Esse seu plano vai foder comigo, você vai ficar me devendo. —
Resmunga, então abre a porta. — Mãe o Max não está bem, acho que algum
ponto dele abriu.
— Eu disse pra ele que não deveria levantar. — Nossa mãe vai direto para
o banheiro, e quando ela abre a porta a Ana dá um empurrão e tranca ela lá.
— Corre de uma vez.
Saio de baixo da cama e corro pelo hospital, passo pela ala das enfermeiras
que me olham e vem correndo na minha direção, sorte a minha que o
elevador abre as portas no mesmo momento e eu entro.
— Porra, parece que todo mundo quer me prender nesse lugar. — Reclamo
pro homem que está ao meu lado, ele também está usando uma roupa
hospitalar.
— Nem me fale, faz dois meses que estou preso na área psiquiátrica do
hospital e tudo isso porquê eu disse alienígenas estão vindo. E eles ainda
tiraram o meu chapéu, como vou me proteger?
Ok, esse cara é a prova de que nem todo mundo bate bem.

— Imagino. — Forço um sorriso.

No momento em que as portas abrem no estacionamento subterrâneo eu


procuro o carro da minha mãe, então vou até a roda e procuro a chave
reserva, quando encontro, entro no carro e para a minha surpresa o maluco
entrou do lado do passageiro.
— Olha cara, você não pode ir comigo. — Argumento.

— Vou com você, sinto que estamos ligados pelo destino, acredito que no
futuro você poderá me ajudar na luta contra os invasores. — Ele me responde
e eu balanço a cabeça.
Tudo o que eu precisava era correr pro aeroporto na companhia de um
maluco que acredita em alienígenas. Saio do estacionamento cantando pneu e
acelero o máximo que eu posso até o aeroporto. Tudo parece dar certo até que
eu vejo o engarrafamento enorme em frente ao aeroporto.
Não tem chance nenhuma de eu conseguir chegar até a Caroline.

— Escuta louco, você sabe dirigir? — Pergunto.

— Claro que sei. — O maluco responde.

— Bom, você vai assumir o volante e estacionar, enquanto isso eu vou


atrás da mulher da minha vida. — Digo.
— Pode deixar comigo. — O sorriso que ele dá me faz duvidar que esse
cara realmente sabe o que está fazendo, só que nesse momento estou pouco
me lixando.
Saio do carro e corro para dentro do aeroporto, todos param pra me olhar e
alguns até mesmo estão gravando o que está acontecendo, ou talvez seja o
fato da minha bunda estar toda de fora. Se essa situação por si só já não fosse
uma merda, o meu peito parece que vai explodir e eu tenho certeza que abri
alguns pontos.
Viro em direção as escadas quando me deparo com a Caroline no meio
delas.

— CAROLINE. — Chamo, usando toda a força dos meus pulmões. O que


pode ter sido um tanto exagerado, mas o que importa é que ela se vira na
minha direção, junto com todos a nossa volta. — POR FAVOR, NÃO VÁ
EMBORA.
Ando em sua direção e as pessoas abrem passagem para mim, e vários
celulares são apontados no meu rosto.
— EU TE AMO, E NÃO POSSO IMAGINAR A MINHA VIDA SEM
VOCÊ. — Continuo o meu discurso. — A CADA MINUTO, A CADA
SEGUNDO DO MEU TEMPO EU SÓ CONSIGO PENSAR EM VOCÊ E
NO QUANTO EU TE AMO.
— Por favor Max, apenas… — Ela sussurra quando eu finalmente paro na
frente dela.

— Jamais vou te deixar ir embora, não quando você é o meu coração. —


Choro. — Por favor, não me deixe. Sei que não o melhor cara do mundo e
que você conseguiria encontrar alguém muito melhor que eu por ai, mas eu
posso ser esse cara. Não me importo em mudar se essa mudança significa que
você vai permanecer na minha vida pra sempre.
Me ajoelho no chão em frente a ela e puxo o meu colar para fora do meu
“vestido” de hospital, pego o anel que tenho deixado pendurado ali e me
ajoelho na frente dela.
— Você aceita se casar comigo e ser a minha mulher, a mãe dos meus
filhos e me deixar te amar até o dia da minha morte? — Peço e ela se ajoelha
chorando e me puxa para um beijo.
Se ela soubesse o lugar que o vento está batendo, esperaria eu me levantar
antes de me beijar dessa forma.
— Sim. — Chora quebrando o beijo. — Eu pensei que…

— Eu sei o que você pensou e eu quero te pedir perdão por um dia ter te
feito se sentir tão culpada a ponto disso ter voltado para te assombrar. —
Aperto ela com força contra mim. — Eu tenho muita coisa para pôr em
ordem entre nós dois, mas nós vamos passar por isso.
Todos a nossa volta estão nos aplaudindo e comemorando o nosso
momento, até que somos interrompidos pelo alto-falante do aeroporto.
“O proprietário do carro placa BEE6D65, favor retirar o veículo do meio
da pista”

— Essa não é placa do carro da sua mãe? — Caroline pergunta, se


levantando e me ajudando a levantar também.
— Doido filho da puta. — Digo e ela me encara curiosa. — Longa história,
vamos.

— Você vai andar mais de vagar, isso sim. Eu não acredito que você fugiu
do hospital, você poderia ter morrido. — Avisa.
— Se você tivesse ido embora, ai sim eu teria morrido. — Puxo ela pra
perto de mim, ignorando a dor no meu peito quando me mexo. — E as suas
malas?
— Não estou levando nada, ia comprar tudo lá. — Admite.

— Sobre a Rachel ser sua irmã…

— Você soube disso.


— A Ana me contou, como você está se sentindo? — Pergunto.

Saio do hospital e me deparo com o carro da minha mãe parado no meio da


pista, várias pessoas em volta olhando para o louco que está pelado em cima
dele. Puta que pariu, se a minha mãe não me matar por ter fugido do hospital
e feito a minha irmã prender ela no banheiro, depois disso, com certeza, ela
me mata e o meu pai ainda ajuda.
— Mas que porra é essa? — Eu grito.

— Eles estão tentando nos roubar. — Diz o maluco. — E aqueles ali nos
prender.

— Eles não vão te prender, saia dai. — Digo. — Já estamos indo embora.
— Acalmo os policiais que me reconhecem e se afastam.
— Parece que você tem novos amigos. — Minha garota está no modo
brincalhão.

— Esse louco fodido invadiu o meu carro. — Explico.

— Ah querido, não seja assim, vocês dois são bem parecidos. — Ri e é


então que eu percebo que ela está olhando pro pelado.
— Feche os olhos, e você cubra as suas merdas. — Grito. — A minha mãe
vai matar nós dois.

— Sua mãe é um deles?

— Minha mãe é pior que todos eles. — Respondo.

— Nesse caso, nossa parceria acaba aqui. — O maluco pula do carro e


corre para longe de todos.

Caroline entra no banco do motorista e enquanto eu entro no do passageiro,


ela liga o carro e dirige com cuidado para o hospital.
— Se você tivesse me ligado eu teria voltado. — Ela fala. — Achei que
você me culpava pelo que aconteceu com você…
— Isso tudo é culpa do Cody. Eu não queria arriscar, você é importante
para mim.

— E agora estamos noivos. — Sorri. — E tem mais uma coisa que eu


quero te contar.

— O que?

— Eu estou grávida.

Quando ela diz que está grávida é como se o mundo todo congelasse e eu
não sei o que falar. Caramba, eu vou seu um pai! Estou mais do feliz em saber
disso, mas o que não me alegra é saber que ela ia embora e nem me contaria
sobre o nosso filho.
— Você não ia me contar? — Pergunto.

— Ia, não agora. — Ela dá de ombros, — Desculpe por isso, eu só estava


confusa. Descanso a minha mão em sua perna e aperto um pouco.
— Tudo bem, Cody jogou muita coisa em nós.

Chegando no hospital encontro Ben nos esperando na porta do hospital, ele


está me olhando com cara feia, o que significa que a notícia da minha fuga
acabou se espalhando.
— Vocês ainda vão me deixar louco. — Diz, nos seguindo até o meu
quarto.

Assim que abro a porta do quarto, a minha mãe corre como um furacão na
minha direção, ela está puta comigo e eu estou seriamente pensando que não
vou conseguir conhecer o meu filho, ou…
— Eu não acredito que você e sua irmã pensaram em me deixar trancada
no banheiro, te disse que não deixaria a Caroline sair da cidade…
— Mas eu precisava ir, não posso deixar a mãe do meu filho ir embora. —
Sorrio quando a minha mãe congela e a Carol fica tensa ao meu lado.
— Vo...Você está grávida?

— Sim. — Caroline confirme.

— Oh meu Deus, eu vou ser uma avó. — Não sei se a minha mãe está feliz
ou triste.

— Isso é bom ou…

— É ótimo, eu não vou ser uma velha quando os meus netos estiverem
grandes, mas caralho, eu também sou nova e…
— Mãe! — Ana chama, minha irmã pula na direção da minha mulher e de
repente as três estão pulando de alegria.
— Eu estou tão feliz por vocês, acho que a proposta pra ser a diretora do
hospital comunitário vai ter que esperar.
— Não! Eu ficaria muito feliz em aceitar o cargo e poder ajudar lá. —
Carol fala rapidamente. — Muito obrigada.
— Obrigada a você por fazer a minha família maior e mais feliz. —
Mamãe chora.

— Agora que tudo está resolvido, vamos mãe, temos que contar a novidade
para os outros. — Ana sai arrastando a minha mãe do quarto, enquanto eu
subo na cama e puxo Caroline pra ela junto comigo.
— Eu não poderia estar mais feliz do que já estou. — Ela comenta.

— Nem eu, obrigado por isso. — Digo.


— Você me fez a mulher mais feliz do mundo.

— Eu te amo.

— Eu também te amo, mais do que tudo. A minha vida não poderia ser
melhor.
Esse é o problema de pessoas como o Cody, eles tentam arruinar tanto a
vida de outras pessoas que acabam arruinando a própria vida, enquanto nós
seguimos felizes e mais unidos do que nunca.
Epílogo 1
Caroline
As coisas não poderiam estar melhores na nossa vida. Desde que Cody foi
preso e Max finalmente saiu do hospital, é como se tudo estivesse
trabalhando a nosso favor.
— Não acredito que finalmente você teve alta do hospital. — Tayler, o pai
do Max, diz dando um abraço no filho.
— Nem eu. Eu só não esperava que a mamãe fosse surtar e dar uma festa
no clube. — Max reclama, mas sei que ele está feliz pela festa e por receber o
carinho e apoio de todos.
— Se esqueceu que não é apenas uma festa, mais também um chá de bebê.
— Tayler nos lembra.
— E todos da família estão aqui.

Tayler me olha quando diz família, acho que ele espera que eu fale alguma
coisa sobre a Rachel ou sobre a mulher que apareceu há pouco tempo e tem
insistido em falar comigo. Tanto que o clube decidiu intervir e dizer que no
momento que eu estiver pronta, irei atrás dela.
— Estão sim. — Sorrio. — E por falar nisso, acho que é a hora. Tanto Max
quanto Tayler me encaram surpresos.
— Mesmo? — Max pergunta.

— Sim, eu não posso ficar adiando ter essa conversa com a Rachel e muito
menos com a minha mais nova “mãe”. — Sorrio. — E também, não quero
que nosso filho nasça comigo tendo algo assim pendente.
— E quando você quer fazer isso?

— Amanhã, eu já marquei com o médico da Rachel e aquela mulher vai


nos encontrar lá. — Explico.
— Vou com você. — Max não me dá espaço para discussão e nem eu
quero.

— Tudo bem, mas durante a conversa eu vou precisar de um tempo com as


duas.

— Certo. — Responde a contragosto.

— Bom, agora vamos lá temos muita coisa pra comemorar.

***

Eu não esperava que o mento da conversa com a minha mãe e com Rachel
fosse chegar tão rápido, desde o dia no hospital eu não tenho falado com os
meus pais de criação, nem eles
tentaram entrar em contato comigo. Esse silêncio por parte deles me
mostrou que existem coisas nas quais a gente não deve mexer, essas situações
já tem uma solução e é deixar no passado.
Outra situação bem diferente foi o caso da Rachel e da Catalina, descobrir
que eu tinha uma irmã e que a minha mãe biológica nos abandonou foi um
baque. Só que isso eu não posso deixar para trás, precisamos conversar e eu
preciso entender o que aconteceu.
É por esse motivo que estou na clínica de reabilitação da Rachel esperando
pela chegada da Catalina e dela.
— Caroline? — Rachel pergunta, assim que ela entra no escritório do
terapeuta da clínica.

— Rachel, como você está? — Pergunto, observando enquanto ela se


senta.

— Bem, graças a você. — Murmura.

— Eu sei o que você fez junto com o Cody. Rachel vira o rosto, sem
conseguir me encarar.
— No começo eu estava com raiva de você e…

— Não quero saber o que te levou a fazer aquilo, também soube que você
foi quem ligou para a polícia contando onde eu estava.
— Cody me ofereceu a vingança perfeita contra a pessoa que eu sempre
quis ser, você tinha tudo e eu não tinha nada! Eu amava o Max e por mais que
eu me forçasse nele, tudo o que eles falavam era você. — Diz. — Abracei a
vingança, achei que ele queria só te dar um susto, mas acabei descobrindo
que ele queria matar você, e eu não podia deixar.
— Por que?

— Porquê depois de tudo o que eu te falei e te fiz, você foi a única pessoa
a me oferecer ajuda.
— Chora.

Isso tá sendo tão diferente do que eu pensei que seria. Quando eu descobri o
que ela pra mim, pensei em tentar ser amiga dela, em me aproximar e ser a
irmã que ela precisava. Só que nesse momento eu percebo que não posso,
talvez eu tente ser amiga dela, mas não vamos passar disso. Não vamos ter o
tipo de relacionamento que Max tem com os irmãos dele.
— Sinto muito por você ter passado por tudo isso. —Digo, quando uma
batida na porta nos faz ficar em silêncio e Catalina entra. — Catalina.
A mulher que se diz minha mãe sorri de um jeito fraco para mim, então ela
vai até a cadeira ao lado da Rachel e se senta. Rachel não está entendo nada e
me encara, esperando uma resposta, mas não sou eu quem tem que explicar e
sim a nossa “mãe”.
— Quem é você? — Ela pede.

— Eu sou a mãe de vocês duas. — Catalina responde, indo direto ao ponto.

— Nossa mãe? Nós não somos… — Rachel me olha esperando que eu


negue, no entanto não posso.
— Eu descobri depois do seu acidente. — Digo. — Mas essa não é a
minha história para contar e sim a dela.
Catalina chora, e então começa a contar a história dela.

— Eu vim de uma família muito pobre e fui trabalhar na casa do seu pai,
ele era gentil e nos apaixonamos. — Começa. — Viramos amantes, pouco
tempo depois eu descobri que estava grávida e…
Catalina conta exatamente a mesma coisa que a minha mãe de criação me
contou no hospital, ela só adiciona o quanto ela se arrependeu por ter feito
aquilo e o quanto ela lutou para se erguer e chegar aonde está, pra só então
nos encontrar e contar a verdade. Ela acha que o dinheiro vai comprar nosso
afeto.
— Engraçado, você só apareceu depois que eu comecei a te procurar. —
Rachel estreita os olhos.
— Você achou que ia aparecer aqui e tudo ia ficar bem. Sabe o por que de
eu ter te procurado?

— Não.

— Eu queria ajuda pra encontrar um tratamento, engraçado é que a pessoa


que é a minha irmã e nem sabia que era foi a única que me ajudou. — Rachel
diz. — Você pode ir embora e se foder.
— Eu…

— Não me interessa, você sumiu e nos abandou por dinheiro. Pode pegar
seu fodido dinheiro e ir embora daqui, eu preciso falar com a minha irmã. —
Rachel não se parece com a mulher que eu conheci na escola, nesse momento
ela está mais madura.
Catalina me olha, esperando que eu fale alguma coisa e interceda por ela, no
entanto, não vou fazer isso. Me chame de idiota mas eu não consigo perdoar
o que ela fez, não agora que eu sei que estou grávida.
Eu jamais trocaria um filho por dinheiro!

Finalmente ela percebe que não vai receber ajuda aqui e sai da sala, nesse
momento ela não parece chorar, apenas estar com raiva. Assim que a porta se
fecha atrás dela, Rachel anda até mim e se ajoelha na minha frente, ela
começa a chorar e sem reação passo a minha mão em seu cabelo.
— Me perdoa, por favor me perdoa. — Chora. — Eu jamais teria feito o
que fiz se eu soubesse, por favor… por… favor. — Ela murmura sem parar,
implorando para que eu a perdoe.
Max abre a porta e quando ele vê o que está acontecendo sai e fecha
silenciosamente.

— Tudo bem Rachel, eu te perdoo. — Murmuro. — Nós duas mudamos,


assim que você terminar a sua reabilitação eu vou te levar pra casa e tudo vai
ficar bem. Nós vamos deixar tudo isso no passado e ser as irmãs que
devíamos ter sido.
Rachel se afasta e limpa as lágrimas.

— Eu prometo que não vou te decepcionar, eu vou fazer você ter orgulho
de mim. — Ela diz.

— Bom, eu venho te visitar e o seu médico tem o meu número, você pode
me ligar e eu venho nos dias de visita. — Prometo.
— Feito.

Rachel e eu conversamos mais um pouco e então a enfermeira vem e a leva.


Quando me encontro com o Max no corredor e ele me abraça, eu tenho uma
sensação muito boa de que as coisas vão ficar bem e que Rachel e eu vamos
superar isso.
— Como foi? — Ele pergunta.

— Com a Catalina foi péssimo, já com a Rachel… Eu senti que ela precisa
de alguém, ela estava desesperada por aprovação e queria tanto ser alguém de
quem eu fosse me orgulhar.
— E você acreditou?

— Eu vi como ela estava, sinto que as coisas vão ser boas com ela. —
Sorrio entrando no carro.

— Fico feliz por você amor, e sabe que eu estou do seu lado sempre.

— Te amo. — É a minha resposta e em vez de me beijar, Max sorri.

***

Cody

Faz dias que estou preso nesse buraco e ainda não consegui entrar em
contato com a pessoa que vai me tirar daqui, é como se estivesse fazendo isso
de propósito. O único lado bom de toda essa merda fodida é que eu consegui
matar a cadela da Caroline e o desgraçado do Max.
Se eles querem tanto ficar juntos, eles vão ficar no inferno.
— Quando vou poder tentar dar o meu telefonema? — Pergunto para o
policial que me prendeu, eles estão prestes a me transferir para um presídio e
eu não posso arriscar.
— Agora, embora eu duvide que algum advogado vai trabalhar pra você.
— Diz zombando.

Ele me entrega as algemas e como sempre, eu as coloco e só então ele abre


a cela e me leva para o telefone que fica na área interna. Disco o número e
depois de alguns segundos finalmente a chamada é atendida.
— Finalmente, achei que tinha esquecido de mim. — Reclamo. — Preciso
que me tire daqui.

— Eu te avisei que não devia ser pego. — A voz irritada vem do outro
lado da linha.

— Como assim? Preciso que me tire daqui!

— Não vai acontecer, bons sonhos. — A linha fica muda.

— Filho da puta. — Grito batendo o telefone no gancho e me virando para


o policial. — Pode rir, pelo menos eu matei aqueles dois.
Minhas palavras fazem o desgraçado rir ainda mais, então ele solta as
algemas, me empurra pra dentro da cela e tranca a porta, mas antes de se
afastar ele diz;
— Você não os matou, Caroline e Max estão mais felizes do que nunca
enquanto você vai apodrecer no presídio.
— ME TIRA DAQUI… — Grito e me lanço contra as grades, eu preciso
terminar o que eu comecei.
***

Estou na minha sela, faz um dia desde que me transferiram pra cá e fiquei
sabendo que alguns dos detentos estão planejando uma fuga, tentei falar com
eles, mas não me dão abertura por ser um novato aqui.
Odeio passar qualquer segundo nesse buraco. É como se o tempo levasse
uma eternidade para passar. Está tudo escuro e todos estão prontos para
dormir, é quando escuto um barulho na minha cela e a porta se abre, três
homens encapuzados entram e se atiram em mim.
Luto o quanto posso, mas eles me vencem e me jogam no chão, é quando
um outro homem entra, ele carrega uma faca e se aproxima de mim com um
sorriso macabro.
— Você foi avisado. — É tudo o que ele diz antes de cortar a minha
garganta.

***
Mason
Faz dois dias desde a transferência do Cody para um presídio, dois dias e o
filho da puta já apareceu morto. Claro que o departamento quer respostas e
estão me cobrando, isso significa que eu tenho que ir até o Max e descobrir se
ele e a família dele sabem de alguma coisa.
Paro com o carro em frente a casa deles e saio, quando estou perto da porta
ela se abre e Max sai, seu sorriso some quando ele me vê.
— Algum problema? — Pergunta.

— Você me diz, o que foi que fez com o Cody? — Digo, indo direto ao
ponto.

— De que porra você tá falando? Você levou o filho da puta, preso e graças
a isso eu vou ter que ver a minha mulher grávida depor. — Reclama.
— Não vai, o Cody foi morto na noite passada.

— Como?

— Exatamente, achei que poderia se você ou o clube, mas…

— Não fomos nós! Eu queria, mas então começaram a aparecer várias


vítimas e a Caroline me convenceu a não fazer nada. — Admite.
— Bom, porquê alguém fez e eu preciso descobrir quem é.

— Que seja, com esse filho da puta morto não tenho que me preocupar,
então pode ir embora. — Me dispensa.
Com um aceno de cabeça me afasto.

Tanto para ter amigos verdadeiros e eu arrumo esses filhos da puta.


Epilogo 2
Max
A vida tem sido incrível ao lado da Caroline, ela assumiu a diretoria do
hospital comunitário, nosso filho Evan nasceu e está com três meses. A
minha mulher construiu uma relação com a irmã, que está agora namorando
um médico, e está trabalhando ajudando a recuperar jovens do vício.
A única coisa que faltava era o nosso casamento e finalmente chegou e eu
não estou me aguentando de nervosismo, ando de um lado para o outro
enquanto meu irmão, nossos primos e amigos dão risada.
— Aqui, ele acabou de mamar. — Minha irmã entra carregando o meu
filho. Antes que ela me entregue, Dean se mete na frente e rouba o meu filho
dela.
— Me dê o meu filho, não tô com paciência pra você seu ladrão de bebê.
— Resmungo.

— Em primeiro lugar, ele gosta de mim, segundo lugar ele gosta de mim.
— Meu irmão babaca diz feliz. — Então não vou te entregar ele e outra, eu
posso ser o pai backup.
— Você não vai ser backup de pai, essa porra nem existe. — Rebato.

Estou pronto pra pular no pescoço do meu irmão, quando o meu pai entra
junto com a minha mãe e ela vai e rouba o meu filho novamente. Eu não
sabia que as pessoas tinham essa tendência de roubar o filho alheio.
— Será que vocês podem me dar o meu filho? — Pergunto.
— Não!— É resposta dos meus pais. — Ainda não acredito que a Caroline
conseguiu parir uma criança que não tinha cara de joelho, todos vocês
nasceram parecendo o cão.
— Ei. — Meus irmãos protestam.

— Estou falando a verdade. — Minha mãe diz e meu pai dá de ombros,


esperando a vez dele de roubar o meu filho.
— Vocês estão bem em recusar uma lua de mel? — Ana pede.

— Sim, Evan é muito pequeno e a gente quer estar perto dele. — Digo,
sem tirar os olhos do meu filho. — Queremos aproveitar ao máximo essa
fase.
— Cara, eu ainda não consigo imaginar você todo papai babão. — Meu
primo fala e eu dou de ombros.
— É só olhar pro meu filho e você vai entender. — Evan finalmente se
cansa de toda atenção e faz beicinho de choro, é quando a minha mãe
finalmente o entrega pra mim. — Pronto filho, o papai está aqui.
Todos me olham, mas eu faço um bom trabalho em ignorá-los. Bando de
ladrões de filho alheio!
Desde que ele nasceu é a mesma história, Evan se diverte nos braços dos
membros da família, no entanto, quando ele se cansa da brincadeira, ninguém
além da Caroline e eu consegue fazer com que ele se acalme. E o beicinho
que ele faz é a coisa mais fofa do mundo, então todos correm para fazer o que
o bebê quer.
Se o meu filho é mimado? Um pouco.
Se nós ligamos? Não!
Todos o amam mais que tudo e isso é o que importa.

— Ei, por mais fofo que esteja essa cena, está na hora. — Anuncia minha
mãe.

— Vamos lá. — Ela faz sinal de quem vai pegar o bebê, mas eu nego. —
Pode deixar ele comigo.
Saio da sala e ando até o quintal dos fundos, como dessa vez tivemos tempo
para planejar o casamento, meus pais insistiram em criar um jardim especial
que vai ficar pra que as próximas gerações do clube tenham um lugar pra
brincar.
Depois da criação do jardim, minha noiva e minha mãe começaram a fazer
os preparativos. Não foi uma grande surpresa quando o meu pai se envolveu,
o resultado é um casamento noturno, com várias lâmpadas penduradas ao
longo do jardim, as mesas estão dispersas de uma forma simples e ao mesmo
tempo elegante.
Ando até o altar improvisado, passando pelos nossos amigos e familiares
que estão sentados ansiosos para o começo da cerimonia. Passo pela Rachel
que está sentada na primeira fila, ao lado do marido e também ao lado da mãe
biológica delas. Segundo minha mulher, elas estão se dando bem e a Rachel
tem tendado mostrar esse outro lado da mãe delas pra Caroline.
Se vai funcionar? Não faço ideia.
Parado no altar com o meu filho em meus braços, aguardo a marcha nupcial
começar. Quando finalmente a música toca e a Caroline entra na igreja com o
meu irmão ao seu lado, é como se o mundo tivesse parado e só existisse nós
três.
Desço e caminho até ela, meu irmão ri de mim, mas me entrega a minha
esposa.

— Bom te ver futura esposa. — Sorrio, nosso filho fazendo pequenos


barulhos.

— Bom ver vocês dois também. — Ela responde, os olhos brilhando de


alegria.

Quando subimos no altar minha mãe se inclina e pega Evan de mim, que vai
feliz com sua avó.

— Estamos reunidos aqui hoje para unir esse jovem casal em


matrimônio…

Eu mentiria se dissesse que escutei tudo o que o cerimonialista disse, tudo o


que eu conseguia ver era a minha mulher e pensar na vida que vamos ter
daqui para frente.
— Você aceita esta mulher como sua futura esposa? — Caroline me cutuca
nessa hora e eu sorrio.
— Sim.
— Caroline Bryant, você aceita esse homem como seu futuro esposo?

— Sim.

— Com o poder a mim investido, eu os declaro marido e mulher, pode


beijar a noiva. Não precisa falar duas vezes.
Tomo a minha esposa em meus braços e a beijo como se não houvesse
amanhã, todos gritam e fazem barulhos, o que resulta na Caroline me
empurrando e corando.
— Finalmente marido. — Ela murmura enquanto andamos em direção a
pista de dança.

— Finalmente. — Beijo sua cabeça.

Quando nossa música começa a tocar nós dois dançamos coladinhos ao som
de Fire On Fire do Sam Smith.
— Eu te amo, não tenho palavras para agradecer tudo o que você me deu.
— Caroline murmura contra o meu peito.
— Foi você quem me deu tudo, você me fez querer viver, me fez querer
ser um homem melhor.
— Digo. — Nada do que eu diga ou faça vai ser o suficiente para mostrar
como me sinto por você. Até mesmo dizer eu te amo, parece ser tão pouco,
perto de como me sinto.
— Lá vai você me fazer chorar. — Ela resmunga. — Mas eu sei como
você se sente, me sinto da mesma forma.
— Bom, por falta de palavra melhor vamos continuar usando eu te amo. —
Ofereço, dando risada.
— Parece bom pra mim. — Ela sorri.

Depois da dança, nossa festa começa e somos lançados num turbilhão de


pessoas ansiosas para nos dar parabéns e nos abraçar.
— Eu vou alimentar o Evan. — Caroline diz e logo se afasta, sem me dar
tempo para ir junto com ela.
***

Caroline
A festa está sendo incrível, não sei como consegui esperar tanto tempo para
me casar com o Max, tudo tem sido tão perfeito desde o dia do aeroporto que
eu me sinto perdida em tanto amor.
— Vamos comer, meu amor? — Falo com Evan.

Meu filho é a cópia exata do pai, tirando uma coisa ou outra de mim. Se o
Max não fosse tão bonito, eu estaria com raiva de ter passado por todo o
trabalho de parto traumático, pra ter uma xerox dele.
Mal entro no clube quando a porta se abre novamente e eu vejo a minha
mãe, nós duas não temos uma boa relação e eu a evito o máximo que eu
posso, enquanto isso a Rachel está tentando nos unir.
Pensar na Rachel como minha irmã é algo tão natural agora, ainda mais
depois de ver todo o esforço que ela fez pra melhorar e se aproximar de mim.
Ela tentou ao máximo se redimir pelo passado e eu acredito que ela tenha
aprendido.
— Posso falar com você? — Ela pede.

— Pode. — Dou de ombros sem me importar.

Desde o dia no hospital eu não falo com os meus pais de criação, eu os bani
da minha vida da mesma forma que eles fizeram comigo e pouco tempo
depois, ambos foram embora da cidade. Foi um alívio eles terem ido, eu pude
andar por ai sem me preocupar com esbarrar neles.
— Eu sei que é complicado entre nós duas, mas eu queria que você me
desse uma chance, eu errei e eu era jovem. — Ela se senta olhando para o
meu filho. — Eu era jovem e pobre, louca pra sair por ai e conhecer o mundo
e quando me ofereceram um pouco de dinheiro eu aceitei, imediatamente me
arrependi, porém já era tarde de mais.
Finalmente ela está sendo sincera, tanto comigo quanto com ela mesma.
— Eu posso lidar com isso, não me importo com essa coisa toda, por mais
ruins que os meus pais fossem eles me deram tudo o que eu podia querer. —
Dou de ombros. — O que eu não podia lidar era saber que você estava
mentindo, quero dizer, quanta cara de pau a pessoa tem que ter pra se dizer
arrependida e ainda assim continuar mentindo?
— Demorei pra entender isso, a Rachel me ajudou.

— Fico feliz por vocês duas terem esse tipo de relacionamento, e quero
que saiba que eu não vou mais te afastar, mas também não vou forçar uma
relação enquanto eu não estiver pronta. — Sou sincera. — Vamos com calma,
e o tempo vai dizer o que vai acontecer.
— É tudo o que eu quero. — Me agradece, então se levanta, me dá um
beijo na cabeça e sai. Ela mal sai quando o Max entra, ele parece preocupado.
— Tudo bem? — Pergunta.

— Sim, acho que as coisas vão melhorar entre nós duas. — Sorrio.

— Você merece que elas melhorem. — Responde.

— Nós merecemos! Ao que parece tudo está se encaminhando para o


nosso “felizes para sempre”
— Desde que você esteja ao meu lado, nosso “felizes para sempre” já está
acontecendo.

É incrível como a vida nos surpreende, eu nunca pensei que Max e eu


terminaríamos aqui, casados e com um filho, mas aqui estamos nós felizes e
com a nossa família feita. E eu não tenho palavras para dizer o quanto isso é
importante pra mim e o quanto estou feliz.
E nada e nem ninguém vai conseguir tirar isso de mim.
Conto Bônus
Rachel
Quando eu conheci Cody, estava cheia de raiva.

Com raiva de mim, da vida e do que os meus pais adotivos fizeram comigo.
Cody foi como um príncipe, ele queria vingança contra aqueles que um dia o
fizeram sofrer e quando descobrimos que tínhamos isso em comum, me uni a
ele.
Max foi o meu amor da escola e ele me trocou por uma garota que tinha
tudo e não ligava pra ninguém. Quando descobrimos isso em comum, foi
como um abrir de portas.
Pensei que ele queria dar um susto nele, fazer com que ambos se
separassem e assim nós teríamos nosso caminho livre. Nossa vingança seria
separar o casal de pombinhos e garantir que eles fossem tão infelizes quanto a
gente.
O que eu não sabia era que seus planos iam muito além de separar os dois,
Cody queria matar a Caroline e o Max. E não era isso o que devia acontecer,
eu não sou uma assassina, e quando soube dos planos dele, corri para impedi-
lo, liguei para a polícia e fiz com que achassem a Caroline.
Infelizmente ela já estava machucada, e ainda assim, ela não deixou de me
ajudar e me mandou para a clínica. Nunca pensei que o meu pior pesadelo
seria exatamente aquilo que me levaria direto pra melhor fase da minha vida.
A clínica de reabilitação começou sendo o meu pesadelo, a dor e o
desespero que eu senti quando senti as drogas saindo do meu corpo não
tinham iguais, em alguns momentos eu pensei que morreria.
Eu desejei a morte!

Então Cody veio e me mostrou o que era desejar estar morta, ele me
mostrou um novo tipo de dor, um a qual nunca estive familiarizada. Mais
uma vez, foi a presença constante da Caroline na minha vida que me salvou,
foi graças a ela que o xerife me procurou e conseguiu salvar a minha vida.
Foi um longo período no hospital, até que finalmente voltei a clínica e pude
me concentrar no meu tratamento. Eu precisava me fortalecer pra poder
encontrar a minha mãe e quem sabe, entender o motivo dela ter me
abandonado. Mas a vida não tinha acabado comigo, pouco tempo depois eu
descobri que a Caroline era na verdade a minha irmã, e que a mulher que eu
tanto busquei tinha se escondido.
De todas as pessoas do mundo, a que eu mais machuquei e a que eu mais
humilhei, era a minha irmã. Eu precisava me tornar alguém de quem a
Caroline e o meu futuro sobrinho se orgulhasse, e foi isso o que eu fiz, lutei
contra todos os meus instintos.
Foi então que o encontrei. Gael, ou melhor, Doutor Gael.
Um homem moreno, alto com os olhos castanho claro e o corpo que parece
ter sido esculpido por um Deus.
Nosso começo não foi muito fácil, eu tinha acabado de ser liberada e estava
vivendo na antiga casa da Caroline. Todos os dias eu ia até a clínica para
ajudar os novos pacientes e ajudá-los a superar o vício como eu.
“Não vejo a hora de começar com a nova turma, as enfermeiras estão
orgulhosas de mim e a minha irmã está me apoiando a cada passo.
Minha irmã.

É tão estranho me referir a Carol assim, e ao mesmo tempo é tão natural.


Nós duas nos aproximamos bastante nos últimos meses e ela tem sido tão
presente a cada passo do meu caminho, um caminho que sei que não teria
trilhado sem o apoio dela.
— Finalmente está aqui, as enfermeiras me falaram sobre você e me
disseram que era pontual, acho que o relógio delas deve estar quebrado. —
O homem na minha frente diz.
— Você é?— Pergunto, confusa.

— Eu sou o novo diretor da clínica. — Responde. — E você é uma das


nossas antigas pacientes, acha mesmo que está capacitada pra vir aqui e
falar sobre isso?
Ele me olha com um olhar de desprezo, como se estivesse ironizando o fato
de eu dar um serviço de ajuda pra pessoas que estão em uma situação
complicada sendo que já passei por algo parecido.
— O que? Você não acha que uma viciada pode falar como é o processo de
desintoxicação e como é a sensação de finalmente estar livre das drogas? Ou
talvez eu não saiba como é lutar contra o impulso de sair por ai e me drogar.
— Zombo, passando por ele.
— Não foi isso o que eu quis dizer… Diz enquanto me segue.
— Não me importa o que você quis dizer, o que me importa são essas
pessoas. — Aponto na direção da sala onde estão todos reunidos.
Mais uma vez não espero por uma resposta, entro na sala e fico cara a cara
com o que um dia eu já fui.
— Olá, sejam todos bem-vindos. — Cumprimento, notando o olhar
debochado de alguns. — Eu sei que é estranho estar em um lugar onde as
pessoas ajudam na luta contra o vício, .É irônico que eles saibam como nos
ajudar quando na verdade nunca passaram por nada do tipo, eles não sabem
como é estar tão revoltado com a realidade que qualquer saída, por mais
dolorosa que seja é boa o bastante. Quando eu era jovem, vivia em um lar
desfeito, com pessoas que me odiavam apenas por respirar, qualquer coisa
era motivo pra me bater e me dizer o quão pouco eu valia. Como a jovem que
eu era, comecei a acreditar e no começo eu buscava o sexo, era a minha
forma de me sentir bem, tendo prazer. — Olho para o médico que me seguiu
e está me encarando. — Então uma pessoa me ofereceu uma nova saída, era
a minha chance de me sentir bem e eu aceitei. Não vou mentir, foi bom pra
caramba. Quando me batiam, eu estava longe o suficiente pra não sentir dor,
eu estava feliz. Então o efeito passava e a realidade voltava, e isso não era
bom, todos os sentimentos misturados e a sensação de vazio e dor. Foi nessa
busca, nesses sentimentos, que eu acabei me tornando espelho daqueles a
quem eu odiava e cometi o meu maior erro. Minha irmã hoje carrega marcas
as quais sempre que olho me levam direto ao passado, me lembram dos meus
erros e da pessoa que eu vejo. Sabem o que ela disse quando eu contei isso
pra ela? — Eles negam com a cabeça. — Que todas as vezes que eu olhasse
para as cicatrizes dela, eu devia me sentir mais forte e menos tentada a
voltar para o meu antigo caminho. Mas a minha irmã não é única pessoa que
carrega cicatrizes por minha causa. — Tiro a minha jaqueta e mostro a eles
as minhas costas. — Eu as carrego também e cada vez que me olho no
espelho vejo o quanto as drogas acabaram comigo. Essas pessoas, podem
não saber como é a dor e como é lutar contra o vício, mas eles sabem como
nos curar, só que não podem fazer isso sozinhos. Não deixe que eles lutem
sozinhos nessa batalha, lutem por si mesmos.
Vençam as drogas e ganhem como prêmio uma vida linda cheia de amor e
conquistas, lutem pra se orgulhar de quem são.
Quando término de falar, todos começam a bater palmas e alguns dos
familiares que estão por aqui limpam as lágrimas. Espero ter ajudado essas
famílias contando a minha história, mostrando o quanto o amor por nós
mesmo é importante na hora de vencer o vício.
Saio da sala em silêncio, deixando que as pessoas nela conversem e
busquem uns nos outros o apoio que precisam.
— Sinto muito. — O médico diz. — A propósito, me chamo Gael.

— É um prazer doutor. — Respondo, sem querer me tornar intima dele.


— Por favor me desculpe, eu não queria te ofender ou…

— Eu sou uma ex viciada, convivo com o preconceito todos os dias. — Me


aproximo dele. — Só não deixe eles descobrirem o que realmente pensa, não
seria muito legal da sua parte.
Com isso eu me viro e começo a me afastar, é quando me deparo com um
enfermeiro que está parado de costas pra mim, ele me lembra tanto o Cody e
por mais que eu saiba que Cody está morto, começo a sentir falta de ar e
antes que perceba estou caída no chão chorando e lutando por ar.
— Rachel? Você pode me ouvir? — Gael se ajoelha na minha frente, ele
está segurando o meu rosto, sua voz está tão longe. — Devagar, respire e
inspire.
Ele começa a me mostrar o que devo fazer e eu imito seu gesto, quando
começo a recuperar o ar ele me ergue no colo e me leva para uma sala. Não
sei quanto tempo passa, até que a porta se abre a Caroline aparece.
— Você está bem? Eu fiquei tão preocupada. — Ela fala, seu namorado
Max entra logo depois e começa a conversar com o Gael.
— Estou melhor agora, por favor, não fique preocupada, o bebê…

— Ele está seguro dentro de mim, o que aconteceu? Como eu fico em


silêncio, Gael começa a explicar.
— Ela viu um dos nossos enfermeiros de costas e começou a ter um ataque
de pânico.

— Pode me mostrar esse enfermeiro? — Caroline pede.


— NÃO! — Grito. — Ele me lembra o Cody…

É quando conhecimento passa pelo rosto do Gael.

— Eu vi o caso na TV, não sabia que…

— Tudo bem, não importa. Eu preciso sair daqui.

— Pode deixar que eu cuido dela. — Gael praticamente dispensa Caroline


e o Max.

— Não sei…

— Tudo bem. — Garanto pra minha irmã que vou ficar bem e depois de
uma pequena discussão, ela finalmente vai embora.
— Não devia ter ligado pra ela, não viu que ela está grávida?

— O que eu vi foi que você precisava de ajuda. — Responde.


— Não preciso, eu posso cuidar de mim.

— E olha onde estamos, você está tendo ataques de pânico há quanto


tempo?

— Esse foi o primeiro. — Admito.

— A partir de hoje, eu estarei de olho em você.

— Você não pode…

— Posso, acabei de perceber uma coisa Rachel.

— O que?

Esse homem sabe como ser intenso e como me deixar confusa.

— Eu quero você, e eu cuido do que é meu.

— Não sou sua!

— É só não percebeu ainda.

De um jeito estranho, Gael estava certo, ele só precisou ser um pouco


insistente e finalmente eu percebi que ele não queria me usar como os outros
fizeram, Gael queria cuidar de mim e ele fez.
Eu sou a mulher mais feliz do mundo.”

Eu não preciso dizer que Caroline quase surtou quando dois meses depois
eu apareci casada e estava anunciando que ia morar na casa do Gael. Também
devo admitir que ela ficou surpresa por eu me casar com ele e não com seu
amigo médico que me ajudou na clínica.
Agora, enquanto assisto a minha irmã e meu cunhado fugirem da cerimonia
de casamento para ter um pouco de sexo quente, não consigo tirar o sorriso
estúpido do meu rosto.
— Eu gosto desse sorriso no seu rosto. — Meu marido sussurra enquanto
dançamos. — Apenas não sei se gosto do fato de não ter sido eu quem o
colocou ai.
— Ah mais foi você quem o colocou aqui. — Sorrio ainda mais amplo. —
A Caroline me ajudou a sair do buraco que eu estava, você me ensinou a
viver e a amar.
— Eu não sabia o que era viver até que te conheci. — Ele me beija. —
Você é tudo o que importa na minha vida.
— Acho que vamos ter que mudar isso. — Coloco sua mão na minha
barriga. — Parabéns, papai.
Assisto fascinada quando o meu marido começa chorar, e caindo no chão
ele beija a minha barriga.
Eu nunca estive tão feliz como estou nesse momento, e mesmo que eu
vivesse por mais um dia, eu partiria feliz e tendo a certeza de que Deus nos
dá as maiores bençãos nos nossos piores momentos.
Sorte a minha que eu teria muitos anos de vida ao lado do meu marido, e
assistiria meus filhos e netos crescerem e se tornarem pessoas as quais eu me
orgulharia eternamente.
Porquê o amor verdadeiro é eterno.

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