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Carolina Dalcomuni
Copyright © 2016 B. Carolina
1° Edição – 2019
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução no
todo ou em parte, por quaisquer meios, sem a
autorização da autora.
Capa: ESCapas
Revisão: Grace
Sinopse
Todos cometemos erros, o meu erro foi ter humilhado a única garota que
amei, e tudo isso pra mostrar aos meus amigos, que eu era o melhor. Partir o
coração da Caroline depois da melhor noite da minha vida, foi o começo do
meu fim.
Depois daquela noite, nunca mais a vi. Segui com a minha vida, ignorando
todos os riscos e danos que meu comportamento poderia causar, até que sofri
um acidente. O tipo de acidente que te marca para a vida!
O engraçado é que na mesma noite que pensei estar prestes a morrer, a
pessoa que mais feri me trouxe de volta a vida, e ela se tornou meu tudo!
E eu me recuso a perdê-la mais uma vez!
Prólogo
Max
Caroline passa por mim e meus amigos no refeitório da escola, a maior
parte desses caras está no time de futebol da escola. Meus amigos do clube e
meus dois irmãos Ana e Dean se negam a se sentar nessa mesa, com o que
minha irmã chama de “desgraça na terra”. E eu tenho que concordar, esses
caras são idiotas, mas são o meu time e tenho que estar com eles, mesmo que
isso signifique entrar no papo idiota.
Caroline é amiga dos meus irmãos, ela está sempre na minha casa junto com
a Ana e com o Dean, ela também me evita como uma praga.
— Eu aposto vinte que pego a gorda. — Paul um dos caras mais patéticos
que já conheci diz.
— Cara, ela não vai foder com você. — Jeremy, meu melhor amigo e filho
de um dos membros do clube responde. — Você devia respeitar ela, Caroline
é linda.
O elogio dele me deixa irritado.
— Ela deve ter padrões, eu consigo ficar com ela. — Respondo, eu nem
mesmo sei o que estou fazendo, só sei que preciso evitar que esses babacas
toquem no que considero meu.
— Aposto vinte pratas que ela não fode com você. Ela é o tipo de garota
que se guarda para o verdadeiro amor. — Gregori zomba do outro lado da
mesa.
— Eu estou dentro. — Os outros caras dizem ao mesmo tempo, e Jeremy
apenas balança a cabeça, se negando a participar.
— Me nego a descer tão baixo! Eu sabia que vocês era idiotas, só não sabia
que era a esse ponto.
— Ele se levanta e se afasta da mesa, balançando a cabeça.
— Ela está sempre na minha casa, se esqueceu que é amiga dos meus
irmãos?
—Ah, sim! Os irmãos que se acham bons de mais para o resto da escola. —
Gregori fala com desgosto. — Sua irmã é bem gostosa, pena que é uma…
Antes que ele possa terminar o que está dizendo, eu estou apertando a
cabeça dele contra a mesa. Ninguém fala da minha família, meus irmãos e eu
somos muito próximos, e esses idiotas acham que o horário de almoço define
nossa relação.
— Abra a sua maldita boca para falar da minha irmã e eu te arrebento, está
me ouvindo? — Pergunto. — Acho que se esqueceu com quem está falando,
o meu clube iria se divertir e muito com você.
—Foi mal, estava apenas brincando. — Diz quando o libero.
— Certo, Caroline vai lá para casa, então se você puder evitar fazer piadas
sem graças e espantar ela, eu agradeço.
— Ah, qual é? Você e Dean ficam sempre em cima dela quando ela está lá,
eu só brinco! Sou inofensivo.
— Sei bem o quão inofensivo você é, irmão. — Ela se vira e começa a se
afastar. Parece que vou ter a minha chance está noite.
***
Chego em casa por volta das sete, e encontro Caroline sentada na sala junto
com os meus irmãos. Meus pais estão conversando e rindo na cozinha, chega
ser ridículo como esses dois se amam, eles não desgrudam desde que me dou
por gente e isso faz muito tempo.
— Estou em casa. — Anúncio, enquanto subo para o meu quarto me trocar.
Os anos não parecem ter passado para os meus pais, eles ainda se parecem
jovens e isso irrita a merda fora de mim. Com todos os caras da escola
falando o quanto ela é gostosa e as garotas suspirando quando meu pai vai até
lá.
— Normal, eu tenho um jogo na próxima semana. — Falo, e nós nos
perdemos em assuntos bobos do dia a dia.
Depois do jantar, os meus pais saem enquanto a gente arruma toda a
bagunça. Caroline está na cozinha, ajudando Dean com a louça, e a risada dos
dois me irrita.
Dean é tão musculoso e grande quanto eu, acho que puxamos isso do meu
pai, o que é uma coisa boa. A diferença é que, enquanto eu sou o cara do
futebol, meu irmão prefere ignorar a maior parte das pessoas e fazer de conta
que o resto do mundo não existe.
— Acho que você está babando. — Ana me provoca, me vendo olhar para
Caroline. — Se for esperto, vai falar com ela antes que seja tarde de mais.
— Depois da louça, arrume uma desculpa para nos deixar sozinhos. —
Falo.
—Não precisa, você gosta desse filme e sei que não está com sono. — Ana
diz. — Fique e assista.
— Eu prometo não fazer nada, que você não queira. — Digo em tom de
brincadeira. — A não ser que tenha medo de mim…
— Achei que você não queria ver o filme, mas se você quer, então eu fico.
— Ela se senta no sofá e noto como ela se afasta de mim.
Me recusando a me abalar com isso, me sento mais perto dela e puxo uma
manta para nos cobrir. Ela fica tensa por um momento, mas logo relaxa e eu
uso isso a meu favor, começo a puxar conversa com ela e quando menos
espero, estamos rindo e nos divertindo.
Devia ter feito isso antes, não que eu ligue para o que o povo da escola
pensa, eu só tive a impressão de que ela sairia correndo de mim se pudesse.
— Então, você correu de mim todo esse tempo… — Começo, sem saber
como continuar a minha pergunta.
— Não tenho medo se é isso o que está pensando, eu só não sei lidar com
você! — Declara e eu sinto que tem algo mais ai.
— E?
Uma coisa leva outra e quando percebo, estamos indo em direção ao meu
quarto. Roupas sendo tiradas e de repente, estou diante da melhor vista que já
tive. A garota dos meus sonhos, nua na minha cama e pronta para ser tomada.
Caroline
Eu sempre tive medo do que as pessoas pensavam de mim, me fechei para
qualquer garoto que se aproxima por causa do meu peso. Segundo os meus
pais, eu devia ser muito estúpida para pensar que algum garoto normal se
apaixonaria por mim e me assumiria. Essas palavras ditas várias vezes ao
longo dos anos, cimentou um sentimento terrível dentro de mim, e foi por
esse motivo que nunca consegui me aproximar do Max.
Mesmo sendo amiga dos irmãos dele, nunca consegui ficar por perto
quando ele estava lá. Mas nesse final de semana as coisas mudaram, Max me
mostrou como as coisas podem ser diferentes para mim, que sou digna de
amor e de respeito e que meu peso não significa nada.
Como de costume, eu sou uma das primeiras a chegas na escola, sempre
saio mais cedo em uma tentativa de evitar meus pais. Eles tentem a tecer os
piores comentários logo de manhã, e eu não quero que eles acabem com o
meu bom humor.
Vou para a quadra coberta e me sento em baixo da arquibancada, não quero
ser incomodada logo cedo. Puxo um livro da minha mochila e começo a ler,
ignorando os atletas que se sentam na arquibancada. Eles não fazem ideia que
eu estou ali, e eu finjo que eles não estão, pelo menos até que escuto meu
nome;
— Ainda não consigo acreditar que o filho da puta do Max levou a aposta e
dormiu com a gorda, e eu aqui achando que a baleia ia manter as pernas
fechadas. Eu devia saber melhor que o tipo como ela é louco por atenção. —
Um deles fala e eu quebro, então foi isso o que fui para Max, uma aposta.
— Você não sabe ainda se ele realmente pegou ela ou não. — O outro diz.
Max
Chego na escola e os caras já vem me parabenizar pela aposta que eu
ganhei, dando risada eu aceito o dinheiro deles e começo a procurar a
Caroline. Ana me disse que ela tinha vindo mais cedo para a escola por causa
dos pais dela, eu ainda quero entender o que está acontecendo com eles.
— Você é o assunto da escola, meu caro. — Gregori ri enquanto bate nas
minhas costas.
Levou alguns dias para eu descobrir a intensidade dos meus atos, minha
mãe ficou sabendo o que eu fiz e eu acabei de castigo, meu pai decidiu que o
meu serviço no clube estava mole e me puniu me colocando pra fazer o
pesado. Mas não foi isso o que mais me afetou, aquele dia de manhã, na porta
da minha casa, foi a última vez que vi Caroline.
E isso sim fodeu comigo.
***
Max
São duas e meia da manhã, eu já deveria ter terminado meu serviço, mas a
merda do tempo me atrasou.
— Tenho que ir para casa agora. — Falo para um dos caras que veio me
ajudar com a loja do clube.
— É uma péssima ideia, olha o tempo. — Aponta.
— Eu ando de moto, desde criança, uma chuva dessas não vai me impedir
de chegar em casa. — Respondo e monto minha moto, em questão de
segundos estou me afastando da loja em direção a estrada principal.
Ser cabeça dura e não ouvir as pessoas sempre foi o meu defeito, só que
dessa vez ele cobrou um preço muito alto. No momento em que chego na
estrada principal, a chuva aumenta o suficiente pra que eu não veja o carro
vindo na contramão, não até que ele me tem preso contra a barra de proteção
da pista.
Não sei o que acontece depois, só sei que um anjo de cabelos escuros e
olhos claros se aproxima de mim. Eu conheço esse anjo, Caroline!
Caroline
Voltar para casa nunca foi tão bom, reencontrar meus dois melhores amigos
é ainda melhor. Ana e Dean sabem que estou chegando e eles estão me
esperando para jantarmos juntos, isso claro se o mal tempo cooperar.
Estou na estrada principal, quando uma moto, passa do meu lado da pista e
logo em seguida é presa contra a barra de proteção por um carro na contra-
mão. Imediatamente jogo meu carro para o acostamento e ligo para a
emergência, depois de pedir ajuda eu saio para prestar os primeiros socorros.
Meu mundo para quando noto quem está lá. Max!
Uma das pernas dele está por cima do carro e a outra está com metade presa
entre a moto e o carro, pelo ângulo é possível dizer que ele não vai ter como
salvar ela.
— Ei, Max. — Chamo, tentando impedir que ele durma. — Lembra de
mim?
— Sou eu Caroline, amiga dos seus irmãos. — Falo. — Fique comigo, não
durma. — Estou nervosa, quase chorando de medo de perder ele.
O único homem a quem eu amei, mesmo depois de todos esses anos.
Voltar para a cidade onde cresci tem sido uma aventura constante. E isso
está ligado ao meu passado. Ter reencontrado os meus amigos e a família
deles após o acidente do Max, foi a pior parte. Alexa e Tayler me
agradeceram por ter ajudado o filho deles, e Ana e Dean demonstravam o
mesmo tipo de agradecimento. Mas eu não me sentia digna de ser grata, meus
pais sempre me culpavam por tudo de ruim que aconteceu nas vidas deles, e
eu me senti assim com o acidente do Max.
Não ajudou que depois de ter feito de tudo para conseguir ver ele antes da
família dele entrar, ele me mandou embora, as palavras dele vão ficar comigo
para o resto da minha vida;
— Não quero você aqui. Provavelmente já te disseram a grande notícia,
não tenho mais uma das minhas pernas! — Ele fala, sem nem ao menos
olhar para mim. — Lamento que tenha ficado aqui até agora, mas eu não
posso te ver, você é a lembrança do pior momento da minha vida.
Agradeceria se fosse embora.
Por mais partido que meu coração esteja partido, e por mais que eu queira
ficar aqui ao lado dele. Não posso me forçar em sua vida. Ele precisa se
recuperar e depois de todo esse tempo e de tudo o que aconteceu entre nós,
Max já deve ter seguido em frente. Provavelmente tem uma namorada
nervosa e pronta para entrar e ver como está.
Com esse pensamento eu saio do quarto, sem dizer uma palavra.
Se uma coisa esse reencontro trágico me mostrou, é que as vezes por mais
duras que sejam as palavras, nossos pais têm razão. Eu não nasci para ser
amada, e muito menos para amar.
— Dra Bryant? — Uma das enfermeiras vem na minha direção chamando
o meu nome.
— Sim? — Pergunto.
— Tem uma mulher procurando por você na sala da enfermaria, ela disse
que é sua amiga. — Responde.
— Estou indo.
Ando até a enfermaria e quando chego lá, me deparo com Ana, sentada em
uma maca. Ela obviamente estava envolvida em um acidente e eu começo a
examinar ela, procurando por qualquer trauma, uma vez que ela tem
hematomas pelo rosto.
— Alguém já veio te examinar? — Pergunto e olho para a enfermeira.
— Eu não quero saber agora, me deixe garantir que tudo está bem e então
vamos conversar de como você ficou assim. — Respondo e continuo a
examinar.
— Ok.
Ana tem vários hematomas, parece que ela esteve em uma luta com alguém
muito maior que ela e isso está me matando. Preciso entender o que
aconteceu com ela, antes de ligar para seus pais e mais uma vez ser a
portadora de más notícias.
Uma hora depois eu tenho os resultados dos exames dela. Nenhum osso
quebrado, os exames da cabeça são bons e ela pode ir para casa com alguns
remédios para dor na bolsa. Mas Ana sabe melhor que isso, ela tem que me
dizer o que aconteceu para que eu possa ajudar ela da próxima vez.
— Então? — Pergunto.
— Eu fui sequestrada por alguns idiotas, eles acham que queriam enviar
um recado para a minha família e me espancaram para isso. — Responde. —
Eu sabia que outro médico teria chamado a polícia e você me daria tempo
para explicar.
— Ana, você precisa contar isso para os seus pais o mais rápido possível,
não tem como eles levarem numa boa essa situação. — Explodo. — Como
você conseguiu fugir?
— Eles me deixaram no meio de uma estrada que levava para uma
fazenda, andei até lá e pedi ajuda. O homem me trouxe até aqui. —
Responde.
— Certo, você precisa ligar para os seus pais. — Digo e entrego o meu
celular para ela, que pega e me encara.
— Eu posso cuidar de mim mesma. — Ela discute comigo, e me lembra a
mãe dela.
— Sei que foi, e não queremos que algo assim te aconteça de novo.
Ana pega o meu celular e liga para os pais dela, por mais parecida que ela
seja com Alexa, é claro que a tia Alexa passou por muita coisa para ser a
mulher que se tornou hoje em dia, e nisso Ana não se parece e nem nunca vai
se parecer com a mãe.
Ouvi boatos na cidade, as pessoas falavam muito enquanto eu crescia e até
onde sei, a mãe da Alexa era uma pessoa muito ruim. Assim como os meus
pais, ela desprezava a filha, só que ela foi muito além nesse ódio e tentou
matá-la.
Ela leva um tempo explicando toda a situação para os pais, e então desliga.
— Não, o Max. — Fico tensa com sua resposta, tenho evitado ele desde o
acidente. —Vocês dois não se falam desde o dia do acidente, aconteceu
alguma coisa?
— Nada, — minto. — Apenas ando muito ocupada com o serviço. Como
ele está?
— Você conhece o Max, ele é cabeça dura e age como se não precisasse de
ninguém. Ele fez fisioterapia e o fisioterapeuta disse que é milagre a forma
como está atualmente. Ele está até começando a se adaptar a prótese e isso é
milagre.
— Levando em conta o tempo que geralmente leva, é um milagre mesmo.
— Respondo. — Ele teve algum quadro de depressão?
— Ele ficou mal por uns dois dias após ter saído do hospital, então a minha
mãe fez ele levantar a bunda cama e lutar para viver, isso foi o que fez ele se
dedicar a fisioterapia e funcionou. — Diz.
— É uma grande notícia, fico muito feliz por ele estar melhor.
— Não vai fazer nada, somos amigas e eu quero que isso fique só entre
nós. — Peço. — Prometa.
— Tudo bem, eu prometo!
— Ótimo, agora me diga como anda as coisas no escritório? — Ana seguiu
os passos da mãe, e assim como ela, é uma das melhores advogadas do país.
Estou muito orgulhosa dela!
— Pode deixar, eu sou osso duro de roer. — Afirma e eu abraço ela, e saio
do quarto.
Mal saio do quarto e bato contra um peitoral duro e definido. Quando olho
para cima, eu queria que um buraco se abrisse no chão e me engolisse.
— Max! — Digo, pronta para correr. — Ana está te esperando.
Ele me encara, seu olhar me mede dos pés até a cabeça e eu tento não me
sentir desconfortável com isso.
Por mais que tenha tentado todos os tipos de dietas malucas, eu não
emagreci, e depois de fazer um checape, percebi que não precisava disso! Eu
estava me alimentando e vivendo de maneira saudável e isso estava bom para
mim.
— Você está bem? — Ele pergunta, me pegando de surpresa.
— Ótima, sua irmã me contou que você é o que chamam de “milagre da
reabilitação”. — Brinco, forçando um sorriso. — Fico feliz por você.
— Eu queria…
Seja o que for que ele estivesse prestes a dizer, é cortado pelo meu nome
sendo chamado no alto-falante do hospital.
— Preciso ir. — Digo. — Adeus!
Mais uma vez eu me afasto do homem dos meus sonhos, o único homem
que amei e que partiu o meu coração em mais de uma forma. Quando
menino, eu o perdoei e parti, precisava me manter afastada dos meus pais e
de toda a fofoca que começou a circular na escola. Maldita aposta!
Quando homem, ele me lembrou que tudo o que trago para as pessoas que
amo é dor, sofrimento, e acima de tudo, más lembranças.
***
Depois que termino o meu turno, vou direto para casa, não passo nem na
loja pegar alguma coisa para comer. Com o dia que eu tive hoje, só preciso
me deitar e esquecer da minha vida e dos meus problemas.
Infelizmente assim que chego na minha casa, me deparo com os meus pais
lá. Eles tem tentado falar comigo desde que voltei para a cidade, só que eu
me recuso. Não tenho falado com eles desde que fui embora, e isso fez
maravilhas para o meu eu adolescente que estava perdido em meio a todas as
ofensas.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Pergunto descendo do carro e
passando por eles em direção a porta da frente da minha casa.
— Queremos conversar com você. Estamos tentando fazer isso há muito
tempo, mas você nunca atende. — Minha mãe diz.
Olhar para ela depois de tanto tempo é como voltar a viver no passado. Ela
não mudou nada desde o dia em que voltei para casa e fugi no meio da noite,
seu rosto ainda é cheio de cirurgias plásticas e todo coberto de maquiagem.
— Vocês só queriam gritar comigo e me humilhar naquela época, não vejo
o que mudou agora.
— Falo.
— Nós mudamos, e podemos provar isso se nos der uma chance. — Meu
pai fala. Ele também se aparece o mesmo.
— Escuta, sei que está com medo e insegura, nós fomos péssimos pais,
mas aprendemos a lição.
— Minha mãe pede. — Jante com a gente essa semana, eu prometo que as
coisas vão ser diferentes.
— Não posso, peguei o turno da noite na emergência do hospital, até o
sábado. — Aviso, me sentindo grata por estar atolada em trabalho.
— Que tal o almoço de domingo? — Meu pai oferece.
— Podemos conversar?
Capítulo 2
Max
O dia do meu acidente foi uma merda confusa. O que era para ter sido a
minha volta para casa se tornou meu pior pesadelo e como bônus, magoei
Caroline mais uma vez. Vi a forma como ela me olhou. Eu não queria ela
presa a um aleijado. Eu mal sabia o que faria comigo, e todos os sentimentos
se misturaram, acebei ficando raiva e descontei na primeira pessoa que vi, e
essa pessoa foi ela.
Desde que sofri o acidente eu não tenho a visto, ela tomou minhas palavras
e fez exatamente o que pedi, e isso tem me matado. Pedi diversas vezes para
meus irmãos armarem um encontro ou almoço entre nós todos, mas ela nunca
compareceu e sempre deu uma desculpa a respeito do trabalho. E com a
minha reabilitação, foi difícil arrumar tempo para ir atrás dela.
No nosso breve re encontro no hospital, ela saiu correndo para atender
outros pacientes e eu tinha minha irmã para me preocupar. A história contada
pela Ana foi muito mal contada e temo pela segurança dela. Deixei ela na
casa dos meus pais, que estavam mais do que zangados pela falta de
consideração dela em dar notícias. É claro para todos que ela está mentindo,
só não sabemos o motivo.
Depois de deixar minha irmã em casa, voltei para o hospital e esperei
Caroline sair, quando a vi atravessar o estacionamento sozinha, tive que
controlar a minha fúria por ela ser tão descuidada com a própria segurança.
Nessa simples caminhada dela até o carro, ela poderia ter sido atacada e
levada, sem que qualquer pessoa percebesse.
Contendo a minha raiva, e lembrando que ela não tem ninguém para cuidar
dela, espero ela sair do estacionamento e arranco logo depois. Me preocupa
que Caroline não tenha percebido que eu estava a seguindo, porra, eu nem
tentei esconder que a estava seguindo. E quando penso que no meu lugar,
poderia ser um maluco perseguidor.
No momento em que paro perto da casa dela, vejo duas pessoas em frente a
casa e imediatamente reconheço como sendo seus pais. Meus irmãos me
disseram que eles não tem um bom relacionamento e que Caroline os evita
como a peste.
Penso em descer do carro e ajudá-la a se livrar deles, mas quando vejo que
estão tendo uma conversa amigável decido ficar no carro e esperar que vão
embora. O que para a minha sorte não demora muito e eu logo desço indo
bater em sua porta. Nervoso e sem saber ao certo o que falar, e ao mesmo
tempo rezando para que ela não me mande embora e bata a porta na minha
cara.
Sei que mereço isso.
Não demora muito para que ela atenda a porta, e quando ela abre o meu
mundo para e o meu pau fica duro. Não consigo evitar de correr meus olhos
por seu corpo, ela não mudou nada desde que estávamos na escola e eu a tive
na minha cama.
— Podemos conversar? — Pergunto, vendo como ela tenta se esconder de
mim.
— Vai com calma, ninguém está com pressa. Imagino que precisa de um
tempo para pôr em ordem seus pensamentos e decidir o que quer dizer. — Se
levantando, ela anda em direção a cozinha e começa a mexer nas panelas. —
Já jantou? — Nego com a cabeça. — Gostaria de me acompanhar?
— Por favor.
— Sabe? Eu ainda não entendi o que levou você a apostar que ficaria
comigo, todas as garotas da escola ficariam felizes em te ajudar.
— Eu tinha uma queda por você. — Ainda tenho. Penso. — Tentei me
aproximar, mas você fugia de mim. Os caras estavam falando sobre tentar
ficar com você e fiquei furioso, disse que eu faria e fiz. Só queria ter te
contado, quem sabe não estaríamos juntos hoje em dia?
— Eu era um desafio, você perderia o interesse fácil. — Brinca. — E como
eu disse, foi uma coisa estúpida que eu perdoei muito tempo atrás.
Sinto no tom de voz dela e na maneira que me olha, que está sendo sincera.
Ela pega alguns legumes e começa a picar dentro de uma panela. Carolina
não me olha nos olhos por um tempo, focada no trabalho.
— Quando eu percebi que pela primeira vez eu não estava sendo insultada
por simplesmente acordar, eu podia acordar e pensar apenas em mim. Não
tinha ninguém gritando comigo ou me dizendo o que fazer ou como eu fazia
tudo errado, e que todas as coisas ruins do mundo eram minha culpa. —
Caroline olha para cima e me encara com um sorriso. — As coisas acontecem
por um motivo, e eu fico feliz que tenham acontecido.
— Você é corajosa, poucas pessoas pensam assim. — Desvio o olhar para a
minha perna. — Quando meu acidente aconteceu fiquei muito mal, eu estava
com raiva do mundo, das pessoas e do maldito motorista que causou o
acidente. Passei alguns dias bem ruins, até que a minha mãe entrou no meu
quarto e chutou a minha bunda. Ela me disse que não criou um filho
desistente. Que eu não deveria desistir de todas as partes de mim, após ter
perdido um pedaço. Segundo ela
Eu devia me sentir bem por estar vivo e que se tivesse ficado apenas metade
de mim, já seria bom o bastante.
— Alexa tem um ponto. — Diz sorrindo. — Deveria ouvir ela mais vezes,
ela sabe o que fala.
— Sei disso, e foi por esse motivo que me levantei e fui fazer a terapia,
queria ficar bom logo. Então eu conversei com o meu fisioterapeuta e
aumentamos minha carga de exercícios, foi assim que consegui usar a prótese
em tempo recorde.
— Estou orgulhosa de você.
— Acontece que… eu… não sinto que tudo está bem comigo.
— Você está ótimo, com o tempo as coisas vão ficar melhores. O começo é
sempre mais difícil, lidar com a perda de um membro é complicado mesmo.
— Divaga. — Os pacientes passam por um período de depressão e…
— Caroline?
— Sim?
— Acha que eu não sei, ela me trancou no meu banheiro por uma hora e
disse que só ia me deixar sair se eu comprasse um cachorro.
— E como você saiu?
Nós passamos tanto tempo jogando conversa fora, falando sobre esportes,
séries de TV e músicas, que quando percebemos já está tarde e eu tenho que
ir. O jantar foi delicioso e eu estou triste por ter que partir, tanto tempo e só
agora eu começo a conhecer ela de verdade.
— Se cuide. — Fala, me levando até a porta.
— Bem que eu queria, mas não posso… — Sinto meu sorriso sumir do
meu rosto, até que escuto tudo o que ela tem a dizer. — Tenho que trabalhar
amanhã no turno da noite.
— Se o problema é esse, então podemos almoçar juntos? Eu quero te
conhecer, gosto de estar com você.
— Claro, que tal me mandar uma mensagem marcando o lugar e a hora?
— Fiquei sabendo que vai almoçar com o meu irmão, e isso depois de
jantar com ele na sua casa. — Ela grita do outro lado da linha.
— Caramba, como descobriu tudo isso? Duvido que o Max tenha te dito
por livre espontânea vontade.
— E está certa em duvidar, eu disse que só passaria seu número se ele me
contasse TUDO.
— Não sei em que mundo Max e eu somos crianças, e outra, ele só quer
uma amiga. Uma pessoa que não esteja envolvida na vida dele como você e
sua família.
— Max não quer uma “amiga”, ele simplesmente te quer, meu irmão está
apenas te dando tempo para se acostumar a ele. Acredite em mim, já tem até
uma aposta rolando, então me ajude a ganhar. Aguente uma semana sem
abrir as pernas e terça-feira que vêm você pode dar até assar.
— Não sei onde eu estava com a cabeça quando virei sua amiga, você está
me vendendo. — Acuso, me segurando para não rir.
— Se você já deu pro meu irmão eu vou ficar muito puta, ajude uma
amiga! Dean vai cuidar do meu jardim por um ano se você aguentar.
— Você mora em apartamento!
— Vou ter que repensar a aposta, quem sabe eu não compro uma casa?
Sua vizinha está querendo vender e eu amo o seu bairro…
— Você já comprou! — Acuso. — E não me contou nada.
— Pensou que eu ainda era a garota que saiu daqui humilhada? Não, eu
posso não ser a pessoa mais confiante do mundo, mas também não vou deixar
uma drogada de merda me humilhar. — Respondo.
Deus, o que diabos eu estou fazendo aqui mesmo?
— Pessoas que estão tendo uma overdose estão tão drogadas que não
percebem que estão morrendo.
— Você não gosta de drogas, não é? — Sei que ele está perguntando isso
por causa do clube e do que os pais dele fazem, mas eu conheço a família
dele o bastante para entender.
— Não, não me é atrativo perder o controle sobre o meu corpo e não saber
o que é real ou não.
— Explico. — As pessoas têm a escolha de usar ou não.
Quando uma senhora vem nos atender, ela acaba me reconhecendo como a
pessoa que atendeu o filho dela alguns dias atrás. Ela está muito agradecida e
oferece a nossa comida de graça, mas eu acabo negando e insistindo em
pagar.
— É assim o tempo todo aqui na cidade? — Max pergunta.
— Não tem motivo para pedir desculpas, a minha vida ultimamente tem
sido trabalhar e dormir.
— Ontem, quando fui até a sua casa, eu vi seus pais lá. — Admite. —
Achei que vocês não tinham uma boa relação.
— E não temos, mas os dois gostam de fingir que sim. Eles foram me pedir
desculpas e me convidar para jantar. — Pego meu celular e mostro a
mensagem que recebi pra ele. — Infelizmente para mim, eu acho que cai no
papo deles mais uma vez.
— Vocês não se falavam?
— Sinto muito.
— Não sinta, os meus pais não são boas pessoas como os seus. Eles podem
agir como se fossem melhor que todos, mas eles são escória. Bem vestidos,
porém escória.
Quando a nossa comida chega, ambos comemos em silêncio e por incrível
que pareça, não fiquei desconfortável com nosso silêncio. Ficar em torno do
Max sempre foi uma coisa complicada para mim, mesmo quando eu sabia
que algo entre nós era impossível. Hoje parece mais uma coisa de amigos
tentando pôr o papo em dia.
— E você namorou depois que saiu daqui? — Ele pergunta.
— Max, não acredito que você está aqui. — Uma mulher alta, loira e que
parece ter saído de uma capa de revistas se aproxima da nossa mesa e
praticamente se joga nele, impedindo que ele termine de falar. — Eu fui te ver
no escritório, mas me disseram que você não ia lá hoje. Achei que a gente
podia matar a saudade e…
Max não está dando muita atenção pra ela, sendo sincera, ele está me
encarando como se esperasse que eu fizesse algo. Porém, esse é o problema,
eu não sou nada dele e não posso agir como uma namorada ciumenta, será
que ele quer que eu saia daqui?
— Hum…eu vou deixar vocês dois conversarem. — Digo me levantando e
pegando minha bolsa, jogo algumas notas em cima da mesa, que vão pagar a
comida de ambos, e ainda deixar uma boa gorjeta para a garçonete que nos
atendeu. — Foi bom te ver.
Começo a sair, mas Max segura o meu braço e nossos olhos se encontram;
— O que?
— Sério? Eu geralmente sou o irmão que tem o bom humor e você o filho
da puta, mau humorado. Esse sorriso e comportamento não combinam com
você.
Dean está com um sorriso idiota que não vai sair de jeito nenhum, e eu me
pergunto o que diabos está havendo com ele.
— Fiquei sabendo que você se encontrou com a Caroline hoje, sabe como
é cidade pequena e tudo, — diz. — Eu só quero saber como foi, mas vendo
seu humor, sei que foi mal.
— Mal? Foi péssimo. — Conto a ele o que aconteceu no restaurante e ele
ouve tudo com atenção.
— Porra, tanto lugar pra levar ela, você vai levar justamente onde as
malucas da cidade se reúnem?
Dean tem um ponto, eu poderia ter sido mais esperto do que fui e marcado
em qualquer outro lugar, mas a verdade é que os outros lugares, são lugares
onde geralmente se leva um encontro romântico, e eu não queria que ela
ficasse nervosa comigo. Ela está me aceitando aos poucos, e eu quero ser
amigo dela entes de tentar algo mais. Quero dizer, nós só nos falamos ontem,
e ela me evitou por meses.
— Eu sei que dei mancada, mas todo mundo sabe sobre os outros lugares
e…
— Vai dizer que você não quer ter um relacionamento com ela? — Dean
pergunta.
— Quero, e é por isso que eu estou indo de vagar, quero que ela se adapte
a mim. Sabe, quero ser amigo dela entes de ter algo mais.
— Essa me parece a pior ideia que alguém já teve, entrar na friendzone é
um caminho sem volta, uma vez amigo, ela vai querer falar merda de garota
com você, você tecnicamente deixa de ter um pau e passa a ter uma boceta.
— Explica. — Sem contar que ela vai começar a sair com caras e vai te
contar toda a merda, vai ser doloroso.
— Não sei o que diabos estou fazendo, recebendo conselhos amorosos de
um bastardo que nunca namorou. — Digo.
— E sabe o motivo pra isso? — Pergunta. — Eu entendo a mente
feminina, ela é muito complicada, mas eu entendo. Eu não vou passar parte
da minha vida aturando merda de uma foda qualquer. Se for pra fazer isso, eu
vou fazer com a mulher certa, e essa mulher ainda não apareceu.
— E se ela nunca aparecer?
— Sua irmã é como eu, ela sabe até onde pode ir. Não criei meus filhos
para serem idiotas. — É tudo o que minha mãe diz, e eu sei que ela tem
razão.
Minha mãe sempre se orgulhou de ter criado filhos independentes que
sabem o que podem e o que não podem fazer. Ela não nos criou para desistir
antes de tentar e se tentar e achar que não pode conseguir sem ajuda, saber
que sempre podemos contar com a família para tudo.
Mamãe está me encarando com os braços cruzados esperando que eu
responda sua pergunta inicial, dando de ombros eu a sigo até a parte de trás e
nos sentamos nas cadeiras que ficam na beira da piscina.
— Eu fui falar com a Caroline. — Digo, e ela arqueia a sobrancelha. —
Ela me tratou bem e eu expliquei que eu estava meio desequilibrado no dia
do acidente.
— E? Isso não me parece um grande avanço da sua parte, quero dizer, se
você ama a garota tem que lutar por ela. — Responde.
— A gente almoçou hoje, mas não saiu como planejado e ela me deixou na
companhia de uma maluca que tem corrido atrás de mim. — Explico.
— Essa garota passou por muita coisa, e eu tenho certeza que os pais dela
estão armando pra ela mais uma vez. — Diz. — Foi um mau passo levar ela
nesse lugar para comer, mas você pode estar ao lado dela e a tornar uma
mulher mais forte, ou vocês dois podem ficar fugindo dos problemas e nunca
sair do mesmo lugar.
— E isso quer dizer que?
— Que você tem que lutar por ela, protegê-la quando achar que deve, mais
ao mesmo tempo dar a ela espaço para crescer e superar os medos do
passado. Vocês são adultos agora, e por mais irritante que seja, ela ia ter que
enfrentar essas pessoas em algum momento. Nossa cidade é pequena e
sempre esbarramos em alguém. — Lembra.
— Foi isso o que o papai fez? — Pergunto.
— Seu pai não me deu espaço para lutar, ele sabia que eu não era o tipo de
mulher de dar o braço a torcer. E se pensa em tentar algo parecido, lembre
que Caroline é o tipo de garota que corre quando sente medo, então
pressione, mas não tanto. Mostre que você não é o garoto idiota que aprontou
com ela, e que ela pode contar com você.
Resumindo, minha mãe está me dando mais enigmas para resolver.
— A minha casa nova, que fica perto da minha melhor amiga. — Ela
responde se levantando. — E antes que comecem novamente com o show, eu
sei o que estou fazendo, não preciso ouvir mais nada de vocês.
Assim que minha irmã sai, e deixa a porta bater atrás dela, todos os olhos na
sala caem sobre mim.
— E você garoto, qual é o problema? — Meu avô pergunta.
De imediato eu sei que a situação do garoto não é boa, ele está com o
abdome rígido, que significa que houve uma ruptura no baço.
— Brandon, você está sentindo dor aonde? — Pergunto.
— No meu ombro esquerdo. — Ele diz e meu residente sorri para o garoto,
como quem diz que não é nada.
Residente estúpido.
— Você me deixou hoje cedo, e eu sabia que estaria cansada quando saísse
do trabalho, por isso eu comprei comida e vim te esperar. — Diz. — Com
fome?
— Morrendo. — Digo com um sorriso. — Achei que você estivesse
dormindo a essa hora, sua irmã fala que vocês quase não tem descanso.
Abro minha casa e deixo ele entrar, em seguida ascendo as luzes e vou para
cozinha, pego pratos e coloco sob o balcão. Tentando me acostumar com a
presença do Max na minha vida, isso tudo é muito novo e por mais que tenha
aceitado tentar ser amiga dele, eu não sabia que isso ia acontecer tão rápido.
— Dia muito ocupado? — Pergunta. — Eu ouvi sobre o acidente com os
garotos.
— Um deles rompeu o baço, o que me fez correr com ele para a sala de
cirurgia, e o meu residente era estúpido o bastante para não saber o quão
grave essa lesão era. — Digo, dando a primeira garfada no macarrão que ele
me trouxe. — Hum… Está muito bom. — Max não me responde e quando
levanto meus olhos para o observar, encontro ele me encarando com a boca
aberta e os olhos escuros, como se ele me desejasse. — Então, a Ana me
mandou uma mensagem dizendo que vai se mudar para a casa dela amanhã.
— Ela decidiu isso hoje, depois que os meus avôs deram uma bronca nela.
— Ele responde, depois de um momento de silêncio. — Minha mãe não foi
de muita ajuda para nenhum dos lados embora.
— Alexa não é o tipo de pessoa que passa a mão na cabeça, então eu
imagino que isso tenha deixado ela irritada. — Completo.
Alexa é o tipo de mulher que eu sempre quis ter como mãe, ela sempre está
disposta a defender os filhos e os protege a qualquer custo, mas ela também
não liga de dizer na cara deles quando estão errados. Ela os criou para serem
pessoas fortes e terem voz, enquanto os meus pais queriam uma filha muda
que aceitasse tudo calada e abaixasse a cabeça para um idiota rico qualquer.
— Minha mãe sabe que se a gente precisar de ajuda, vamos pedir, mas ela
não gosta de nos encontrar em um hospital, então meus avôs fazem o trabalho
sujo por ela.
— As broncas que duram horas? — Dou risada, me lembrando como Ana
evitava aprontar por causa das horas de discurso que seus avôs dão.
— Exatamente. — O sorriso do Max é como um dia de sol, que é
acompanhado de um arco-íris enorme e com pássaros voando pelo céu,
crianças correndo no parque; resumindo, é como algo que você não consegue
evitar de parar e aproveitar. Eu só não posso me esquecer que a última vez
que fiz isso, acabei machucada — Pra minha sorte a minha mãe evitou que eu
entrasse lá e fizesse parte da bronca, e de quebra ainda consegui conselhos.
Deixo de lado os sentimentos ruins que vem com as lembranças da
adolescência, não somos mais aqueles adolescentes.
— Que tipo de conselho? — Pergunto no mesmo tom de brincadeira que
ele.
— Conselhos de como conseguir você na minha vida e de forma
permanente. — Ele responde me pegando de surpresa. — Eu fiz alguns
planos, e então eu decidi que primeiro preciso fazer você confiar em mim, e
te mostrar que eu não sou aquele cara do colegial e, muito menos, o babaca
do hospital.
— Eu entendi o que aconteceu no hospital. — Lembro.
E estou sendo sincera quando digo isso, não é fácil sair de um trauma como
aquele, ainda mais quando se perde um membro. Max teve uma nova vida
lançada nele, e eu entendi que ele precisava de um tempo e que talvez essa
nova vida não incluísse uma amizade.
— Mas eu não entendi, eu não consigo me perdoa pelo que te disse. —
Responde. — Então, eu preciso que você me dê a chance de me redimir por
tudo.
— Mesmo comigo dizendo que não precisa e que você pode seguir a sua
vida sem medo de que eu vá desmoronar por isso? Não precisa vir aqui e
tentar mudar o passado, por causa da culpa que está sentindo.
— Não estou aqui pela culpa, estou aqui por que eu quero que me dê a
chance de te conquistar e de mostrar que eu sinto algo por você. Eu só te peço
isso, me dê uma chance e eu prometo que não vou te desapontar. — A
intensidade das palavras dele me deixam um tanto zonza, eu nunca pensei
que esse dia chegaria.
— Não sei se estou pronta, eu tenho questões para lidar e…
— Eu sei que você as têm, e prometo que vou com calma e se me permitir,
vou te ajudar com elas.
— Como amigos? Preciso que a gente comece sendo amigos. — Admito.
— Não sou o tipo de pessoa que confia fácil e…
Talvez a gente nunca passe disso, penso.
— Ei, eu entendo e está tudo bem. Vamos começar sendo amigos e vamos
no seu tempo. Ok?
— Ok.
Parece que eu acabei de fazer um pacto com o diabo, mas eu me sinto tão
bem nesse momento que não ligo para o castigo que vai vir depois. O resto da
noite a gente passa conversando e eu fico surpresa com a quantidade de
coisas em comum que temos, claro que temos nossas diferenças e em um
momento eu vou perceber que o Max não é tão perfeito assim.
— Como assim você não gosta de filmes de terror? — Pergunto. — É um
dos melhores gêneros.
— Sério? Você viu os novos? Os filmes de terror eram bons antes, quando
não criavam tramas ridículas que fazem as pessoas rir em vez de ter medo. —
Ele fala. — E não me diga que estou errado, tô vendo na sua cara que
concorda comigo.
Ele tem razão, o dia em que assisti Mama, eu chorei horrores com o final.
Aquele espírito era mal compreendido, tudo o que ele queria era proteger
aquelas meninas e no final viraram lindas borboletas.
— Tem rasão, mas se quiser assistir filme comigo vai ter que ser um
desses, ok?
— Tudo bem, vamos seguir as suas regras. — Ele levanta a mão em sinal
de rendição.
— Com calma? Você chama ir morar na casa dela, de ir com calma? — Ele
franze a testa. — E não pense que não ouvi você dizendo que pode demorar o
tempo que precisar.
Porra, achei que ele tivesse fora do apartamento quando pedi ao funcionário
para ir com calma com o serviço. Não vou mentir que tenho esperanças de
não precisar voltar para a minha casa, se tudo der certo, Caroline não vai
demorar muito a perceber que a amo.
— Eu pedi que ele adaptasse algumas coisas no apartamento, tenho tido
algumas dificuldades.
— Minto, e ele parece acreditar em mim.
— Por que não me contou? — Diz com raiva. — E sabe que poderia ficar
na casa de qualquer um de nós.
— Mamãe e papai estão sempre na pele um do outro. — Me refiro as
escapadas sexuais de ambos. — E você mora em um lugar apertado, até que
sua casa fique pronta. — Lembro.
Dean tem essa coisa em construir a casa perfeita para a sua mulher dos
sonhos, a única como ele diz. E em sua busca pela casa perfeita, ele leva
semanas e as vezes até meses para conseguir as peças ideais.
— Ok, você sabe que a Ana comprou uma casa perto da Carol? — Ele me
avisa. — E depois da briga com os avôs, ela decidiu ir ficar lá, mesmo com as
reforma que ainda precisam ser feitas.
— Você sabe como ela é, e eu no lugar dela teria feito a mesma coisa. —
Digo, entrando no carro, e não contando que estava na casa quando minha
irmã anunciou sua decisão.
Minha irmã é esperta o suficiente para saber quando pedir ajuda, e todos
sabem disso, o que faz com que meus pais não deem nenhum tipo de sermão
sobre suas atitudes. Mas não significa que nossos avôs não façam isso por
eles, e ambos os meus pais se divertem, uma vez que é a recompensa pôr os
tirar do sério.
Depois de um tempo em silêncio, com Dean dirigindo e eu apenas mexendo
no meu celular, falando com um dos empreiteiros da obra do prefeito, Dean
quebra o silêncio.
— Se machucar a Caroline de novo, eu vou te matar. — Ele fala, sem tirar
os olhos da estrada.
— Só estou te avisando, caso decida fazer alguma merda mais pra frente e
pensar que não haverá consequências.
— Não vou machucar ela, aprendi a lição. E ela não precisa de você para
defendê-la. — Digo com raiva, ela é minha e ele não tem o direito de se
preocupar.
— Precisa sim, acha que aqueles pais de merda dela se importam? —
Pergunta com raiva. — Eles só querem tirar vantagem e rebaixar ela.
— Eles estavam na casa dela quando a procurei. — Aviso, preocupado. —
Ela vai jantar com eles essa semana.
— Porra, você precisa ir com ela. — Manda. — Achei que não fosse
verdade o boato que está circulando na cidade, mas agora vejo que é.
— E que boato é esse? — Pergunto.
Será que a gente mora na mesma cidade? Por que ninguém me contou nada?
— Os pais dela estão quebrados, não têm grana pra nada e estão lutando
para manter as aparências. — Diz. — Então o pai dela soube de seu retorno
para a cidade e conversou com um amigo e eles vão tentar forçar ela a se
casar.
— Só por cima do meu cadáver. — Estou muito puto com isso, Caroline
não vai ficar perto dos pais dela.— Vou falar com ela, Caroline não está mais
aceitando tudo o que eles jogam pra ela.
— Espero mesmo que não. — Dean diz, parando com o carro na frente da
casa ao lado da Caroline, bem atrás do carro na Ana.
Puta que pariu, a Caroline não dormiu nada e minha irmã pra ajudar vem
visitar quando ela finalmente vai descansar.
Saio do carro e pego minha mala, Dean traz as duas caixas que ficaram na
caminhonete. Abro a porta da sala e vejo as duas sentadas na sala
conversando animadas, Caroline está com uma cara de sono.
— Ei maninho. — Ana diz com um sorriso.
— Na verdade não vai, estamos sem nada. — Caroline me corta antes que
eu termine o que estou dizendo. — Vamos comer alguma coisa e em seguida
fazer compras.
— Achei que tinha que ir trabalhar. — Lembro.
— Claro que vou comer, e você vai pagar. — Ele ajuda as meninas a entrar
na caminhonete, depois que todos entramos ele toca em direção a uma
cafeteria que eu nunca estive antes, mas que parece sem bem popular pras
pessoas que moram nesse bairro.
— Nunca estive aqui. — Admito, e todos me olham.
— Não contou pra ele sobre esse lugar? — Ana pergunta ao Dean, que dá
de ombros.
— Isso sim que é lealdade para com os irmãos. — Digo e eles riem de
mim.
Assim que entramos, vamos direto para uma mesa e uma garçonete vem nos
atender, ela é toda risonha e jogando conversa fiada para cima do meu irmão
que não dá muita bola e fica com os olhos fixos no cardápio. Será que as
mulheres dessa cidade não entendem que meu irmão não fode por ai?
— Minha filha, foca no seu serviço que meu irmão tá aqui pra comer
comida e não quenga. — Ana diz, e a mulher fica pálida. Rapidamente ela
anota os pedidos, e sai para pegar nossa comida.
— Graças a Deus por você ser minha irmã. — Dean diz, agradecido. —
Aquela mulher já estava me irritando.
— Pode contar comigo sempre pra esse tipo de coisa, eu particularmente
amo infernizar a vida dessas mulheres. — Ela sorri satisfeita, quando uma
outra garçonete vem nos trazer nossa comida.
— Isso é algo que percebemos, mana. — Provoco.
Estamos conversando sobre as coisas que tem acontecido nas nossas vidas
nos últimos tempos, quando um cara se aproxima da nossa mesa, seus olhos
presos na minha irmã. O pior é que o filho da puta nem tenta esconder que
está olhando para os peitos dela.
— Antão, Ana. — Ele para na nossa mesa, ele sequer cumprimenta o resto
de nós. — O que você acha de sair comigo está noite? Posso te mostrar como
um homem de verdade é.
Quando ele diz isso, minha irmã ri. Ela sabe que Dean e eu estamos prontos
para pra cima desse imbecil, mas ela quer lidar com isso, então ela olha para
o cara dos pés a cabeça e dá um sorriso debochado.
— Pra você conseguir mostrar um homem de verdade, você precisa
conhecer um. — Ana responde, então finge estar surpresa. — Oh, não. Você
estava se referindo a si mesmo? Quero dizer, nós dois sabemos que você não
daria conta. Agora sai daqui ou vai ter um problema sério comigo e com a
minha família.
O cara não se move, ele na verdade se aproxima mais da nossa mesa, o que
me faz ficar tenso no meu lugar, esse filho da puta não me passa confiança
nenhuma.
— Sugiro que se afaste. — Digo me levantando.
— E se eu não fizer, o que você vai fazer? Um aleijado como você não
daria… — Antes que ele termine de falar eu estou em pé segurando ele pela
garganta.
— Termine de falar, acha que eu estou blefando? Posso ser aleijado, como
você diz, mas, ainda assim, eu consigo te matar com apenas uma mão. —
Felo perto de seu rosto. — Então cai fora daqui, antes que eu decida fazer
isso na frente de todos.
Quando o solto, ele se afasta e praticamente corre do restaurante, em seu
caminho ele diz que “vai ter volta”, ele não poderia estar mais enganado.
Estou atendo a cada movimento dele, e pela forma como olhou para minha
irmã, sei que todo cuidado com ele é pouco.
— Isso foi… interessante. — Caroline diz e eu tenho que sorrir para forma
como ela diz. — Você é bem rápido.
— Tem coisas que precisam de agilidade, — pisco para ela que acaba
corando.
Depois que terminamos de comer, Dean nos leva até o Shopping e assim
que descemos ele diz que precisa ir e resolver algumas coisas, com um beijo
de despedida nas meninas ele vai embora e me deixa a sós com ambas.
Vendo o sorriso malandro no rosto da minha irmã, sei que a peste está
tramando alguma coisa para foder comigo.
— Então, você sabia que a nossa cidade conseguiu recentemente um ótima
loja de lingeries exclusivas? — Ana pergunta e me lança um olhar.
— Não. — Carol responde sem graça.
— Ele pode vir junto, afinal ele pode te dar uma opinião melhor sobre sua
roupa de baixo. — Ana diz. — Assim quando você for transar com alguém
vai ter uma lingerie aprovada.
O simples pensamento de algum idiota tocando na Caroline já é o suficiente
para me deixa a beira de matar alguém. Não sei que porra Ana tem na cabeça
para dizer algo assim, mas eu vou ter uma conversa com a minha irmã e
esclarecer os limites que ela está ultrapassando.
— Eu não me sinto confortável com isso, talvez eu venha aqui outra hora,
mas não hoje. — Caroline diz.
— Ah vamos lá, só um conjunto. — Ana propõe.
Caroline fica tensa por um momento, mas então balança a cabeça e entra na
loja. Sigo logo atrás, rezando para que minha irmã mantenha a merda dela no
lugar e deixe apenas Caroline fazer parte do show.
As duas passam alguns minutos olhando as peças, enquanto eu encontro
uma cadeira e me sento, minha perna está doendo, mas já estou acostumado
com isso e não quero fazer nenhum show e acabar com o momento delas.
Finalmente as duas encontram um conjunto que agrada a elas e minha irmã
empurra Caroline para o provador e entra junto com ela, elas passam alguns
minutos lá dentro e então minha irmã chama o meu nome;
— Max, se prepare para ter um verdadeiro ataque do coração. — Ana diz e
então puxa a cortina, revelando Caroline.
Eu poderia morrer aqui e estaria na porra do céu, a lingerie escolhida pela
Caroline é toda feita de renda, a parte de cima cobre o centro do seio, com
uma corda que vem por cima dos seios chamando ainda mais atenção para os
seios dela. A calcinha, é pequena e as laterais são duas cordinhas finas.
Me mexo desconfortavelmente no sofá, tentando esconder a minha ereção.
— Fique tranquilo, ela está tão assustada com os homens que vai ser
preciso muito mais do que eu a incentivando pra ela dar uma chance a
qualquer um. E isso maninho, é culpa sua! — Ana cruza os braços e me
encara com raiva. — Sugiro que mexa a sua bunda e lute pra conquistá-la,
antes que eu arrume alguém mais competente que você.
Vejo a minha irmã se afastar de mim e seriamente considero esganar a
pequena peste, mas se eu fizesse isso, minha mãe me mataria, e eu tenho
muito medo da minha mãe para fazer algo assim.
O que me resta é fazer o que a minha irmã disse e lutar de verdade para
mostrar a Caroline que a amo e que o babaca que a feriu ficou no passado.
Capítulo 7
Caroline
Depois de uma tarde no shopping com Ana e o Max, finalmente estamos
voltando para casa. Estou surpresa com a quantidade de coisas que Ana
comprou na loja, e não são coisas baratas não, muito pelo contrário. Ela
comprou coisas exclusivas que fizeram os meus olhos se arregalar com o
preço.
— Finalmente estamos em casa. — Digo, vendo Max abrir a porta da
frente e sair.
Reparei que ele está mancando, mas tenta disfarçar. Enquanto ele sai do
carro, pego a minha sacola, com a lingerie que Max me disse para comprar.
Fico surpresa quando Ana abre o porta-malas e começa a recolher as sacolas.
— O que você está fazendo? — Pergunto.
— Não seja boba. — Ela me responde. — Essas compras aqui são para
você, ou achou que íamos entrar em uma loja só pra você sair com uma
sacolinha dessas? Me respeita! — Ela pega as sacolas e vai pra entregar para
Max, mas eu as pego antes que ela entregue a ele.
Não quero que ele carregue peso estando com dor, na verdade eu
simplesmente não quero que ele sinta dor. Max não gosta de dizer quando
está com dor, ele nem demonstra na verdade, tanto que os irmãos dele nem
percebem. Mas como médica, eu tenho que perceber algumas coisas, nem
sempre um paciente é honesto e a merda do “de um a dez quanto é a sua
dor?” as vezes é um maldito mil e a pessoa diz que é um.
— Pode deixar que eu levo, e me mande o valor total pra que te dê o
dinheiro. — Digo.
— Estou te ajudando a diminuir o peso na sua perna, percebi que você está
com dor desde cedo, mas não falou nada. — Digo, quando estamos quase
chegando na porta principal.
— Como você…
— Eu sou médica, sei como descobrir se alguém está com dor ou não. —
Lembro.
Abro a porta e deixo ele sentado no sofá, cuido para deixar as sacolas em
um lugar onde ele não vá tropeçar e vou pegar um creme de massagem que
eu tenho guardado, então volto para a sala e vejo que Max já tirou a prótese
dele.
Indo até ele no sofá, me ajoelho em sua frente.
— Eu não…
— Sim?
— Apenas relaxe, eu quero te ajudar com a dor. — Digo e ele acena com a
cabeça.
A perna do Max tem uma cicatriz onde os pontos foram dados, e eu percebo
que ele está nervoso por eu mexer e tocar em uma parte dele que acredito,
que ele não mostre muito para as pessoas.
Trabalhei com amputados no começo da minha residência e eu sei o tipo de
confusão mental e dor que essas pessoas passam. Quero dizer, em um dia está
tudo bem, seu corpo é perfeito e você não precisa se preocupar com nenhum
tipo de dor. Mas ai vem o acidente e temos que lidar com a perda do membro
e as dores do membro fantasma.
— Hum. — Max solta um gemido e deita a cabeça contra o encosto do
sofá.
— Sim, não só com ela como com toda a família dela, os irmãos mais
novos dela são como se fossem os meus. — Sorrio em lembrar das crianças.
Todo o clã Brassanini são ótimas pessoas, pessoas que amam umas as outras
e estão sempre dispostos a se unir para proteger aqueles que amam. Isso eu
admiro, quando fui os visitar não só me trataram como se fosse da família,
como me aceitaram e me tratam como uma filha.
— Pelo sorriso no seu rosto eu acho que eles são a sua família também. —
Ele aponta.
— Eles são! — Afirmo. — Vindo do tipo de família que eu vim, eu sei
diferenciar quando as pessoas estão atrás de mim por interesse ou quando
realmente gostam de mim. Os Brassanini, são o segundo tipo.
Max me encara, como quem está decidindo o que vai falar a seguir.
— Seu irmão estava com dor, então eu fui fazer uma massagem na perna
dele.
— Ainda não, mas vão! Eu sei quando vejo duas pessoas apaixonadas e
vocês, estão nessa coisa desde o colegial, só eram estúpidos para ficarem
juntos.
— Seu irmão não gostava de mim no colegial!
— Cadela, você sabe que me deve uma! — Ela grita do outro lado da linha
me fazendo rir. — E só para constar, de onde eu estava espiando vocês,
parecia que você estava dando ao meu irmão um boquete.
— Não acredito que você voltou para nos espionar.
— Eu quero sim, as coisas aqui estão uma bagunça e com as obras que
estou fazendo não dá nem pra andar pela casa. — Explica. — E eu devo isso
aos meus avôs.
— Não tem nenhum lado positivo nisso?
— Talvez, mas ele é fechado e as vezes ele parece saber mais do que diz,
sem falar que acho que já o vi uma vez, mas não como um construtor e sim
em um terno e algo mais.
— Já pesquisou ele no Google? — Pergunto.
— Petrov, eles tem negócios por tudo e meus pais são velhos amigos da
minha mãe. — Responde.
O nome da empresa e da família não me é estranho, uma vez quando visitei
Olivia os pais dela receberam a visita do Dimitri Petrov e do filho mais velho
dele, só não me lembro o nome do cara, uma vez que ele era bem fechado.
— Me dá um minuto. — Peço e então abro a parte de pesquisa do meu
celular e coloco Izack Petrov e qual é a minha surpresa quando o filho do
Dimitri Petrov aparece. — Sua mãe não queria que seus irmão cuidassem do
projeto da sua casa?
— Dean desenhou, mas meus irmãos estão cheios de coisas para fazer e
quando minha mãe descobriu, ela me indicou e disse que o tal do Zack era o
cara certo pra a minha obra. — Ela fala, imitando a própria mãe.
Então algumas coisas fazem sentido para mim, Alexa não indicou uma
empresa diferente para ajudar na obra da casa da filha dela, ela não sabotaria
a empresa dos próprios filhos assim, ela simplesmente quer juntas os dois.
Até mesmo porquê a Ana não é o tipo de garota que se encanta por dinheiro,
ela é do tipo que gosta de um homem rústico e meio bruto. Coisa que aposto
que o tipo de serviço que Zack está fazendo praticamente transpira.
Ou, talvez eu esteja ficando louca e Alexa apenas queira uma empresa que
seja boa.
Tenho que ligar para Alexa, se ela quer fazer a Ana se apaixonar, eu vou
querer estar nessa.
— Você ainda está ai? — Ana pergunta e eu tiro minha atenção do celular.
— Ainda estou aqui, desculpe, eu não achei nada sobre ele. — Minto, não
quero que ela descubra por mim esse tipo de merda, não antes deles estarem
apaixonados.
— Eu imaginei que não fosse ter nada, por isso nem perdi o meu tempo. —
Diz.
— Desculpe, eu não percebi que você estava tão distraída. — Fala. — Você
fica fofa quando cozinha.
Sorrio para ele e dou de ombros.
— Eu gosto, é meio terapêutico pra mim. Embora eu quase nunca faça por
causa do meu trabalho. —Cortando algumas folhas de alface, coloco em uma
tigela. — A dor na sua perna melhorou?
— Sim, suas mãos são incríveis. — Ele pisca para mim, quando ouvimos a
campainha. Max olha para mim e eu decido explicar o que está acontecendo.
— Ana me ligou e disse que não tinha como fazer comida, como somos
vizinhas, chamei ela para vir e jantar com a gente. — Explico e ele se levanta.
— Não acho que seja a minha irmã na porta. — Ele reponde se levantando
e indo até ela. — Minha irmã não bate, ela simplesmente entra.
Por mais que eu queira discutir e alegar que é impossível que outra pessoa
esteja na porta, eu sei que ele está certo. Ana não é o tipo de pessoa que bate,
nunca foi.
Fico na cozinha e espero Max ver quem está batendo, mas pouco tempo
depois escuto uma voz masculina irritada;
— Quem diabos é você e o que está fazendo na casa da minha noiva?
Largo a faca que estou segurando e corro para a porta, quero saber quem
está gritando aos quatro ventos que somos noivos. Chegando lá vejo um
homem bem-vestido, alto, que parece que saiu de uma passadeira de tão
alinhado que está.
— Quem é você? — Pergunto.
— Quer apostar como vai? Eu não sou o tipo de pessoa com quem você
gostaria de mexer. — Ameaça.
— Isso faz de nós dois. — Com isso dito o homem vai embora, quase
derrubando as sacolas que Ana está carregando até a nossa porta de entrada.
— Isso não me pareceu uma coisa boa. — Ela diz.
— Eu pedi pra minha mãe enviar alguns prospectos do clube para cuidar da
sua casa durante a noite. — Ele fala.
Ana acaba escutando e ri do irmão.
— Eu me garanto, assim como eu sei que você se garante, mas não quero
correr nenhum risco, não com a Caroline. — A forma como ele fala é como
se eu fosse alguém importante para ele, alguém que ele ama.
— Bom ponto. — Ela responde então olha a hora e se levanta. — Acho
que vou indo.
— Você não vai sair. — Max dia para mim, e eu pisco surpresa com seu
tom mandão.
— Como é?
— Tem um maluco andando atrás de você graças aos seus pais, e você quer
sair? — Ele rebate.
— Eu nunca, só lamento não estar la pra ver o que vai acontecer. — Ela ri
quando eu fico tensa só de pensar em como Max vai lidar com a minha fuga.
— Você está com tudo em dia ai em baixo?
— ANA! — Grito.
— O que? Sexo com raiva é o melhor. — Oferece.
Olho para ela e dou um sorriso, Ana não é o tipo de garota que faz sexo com
qualquer um, a prova disso é que ela ainda é virgem e segundo ela, não tem
planos para mudar as coisas tão rápido.
— Isso tudo vindo de uma virgem, é uma grande coisa. — Provoco.
— Vai se foder, não acredito que está jogando na minha cara minha
virgindade tardia. — Ela cruza os braços e me encara. — Peça desculpa, sua
vaca.
— Não vou pedir, você está me provocando sobre o seu irmão.
— Eu nunca me senti tão traída como estou me sentindo nesse momento,
as mulheres têm que se unir e não ficar jogando merda assim na cara uma da
outra. — Ela faz beicinho, o que é engraçado nela.
— Certo, eu não vou te provocar sobre a sua virgindade e sim sobre Zack.
— Dou risada quando ela me olha chocada.
— Vaca! Nunca fale sobre aquele troglodita enorme.
— Então, já o viu pelado pra saber que ele é enorme? — Zombo, gostando
de ver a minha amiga me olhando apavorado.
— Eu posso ter entrado no banheiro quando ele estava no banho, mas em
minha defesa, ele não trancou a porta e eu estava de fone. — Diz.
— Sei bem que tipo de fone é esse. — Digo, parando com o carro dou
outro lado da rua, em frente a sua casa.
A gente mal para com o carro quando eu vejo uma sombra se movendo na
porta da frente da Ana, imediatamente penso em ligar o carro e sair dali, mas
mudo de ideia, já que o meu carro tem vidros escuros, e a pessoa não
reconheceria.
— Quem é aquele? — Pergunto para Ana, que se estica no carro para
enxergar.
Estou doida para ver a reação dele ao me ver, será que ele vai ficar com
medo de eu contar para Ana quem ele realmente é?
— Você vai ficar aqui e voltar pro meu irmão, eu vou sair e ver o que faço
com o senhor eu apareço a hora que eu quiser. — Ela me dá um beijo na
bochecha e sai do carro antes que eu possa protestar.
Não arranco com o carro imediatamente, na verdade eu fico no maior
silêncio para poder ouvir o que eles estão dizendo, quem sabe eu não espere
eles entrar e vá ouvir a conversa em baixo da janela?
— Onde diabos você estava? — Zack pergunta, para Ana apontando para o
meu carro.
— Não é da sua conta, o que você está fazendo aqui? — Ana rebate, mas é
muito tarde e Zack está andando na direção do meu carro, enquanto Ana
sacode os braços atrás dele, me mandando ir embora.
Não querendo ser pega arranco com o carro antes que ele consiga ver quem
está no volante, no caso, eu. O engraçado é que a forma como ele falou com a
Ana, me lembrou muito o pai da Olivia quando estava com ciúmes da mãe
dela.
Será que Zack tem sentimento pela Ana?
Claro que tem! Homens não agem assim quando não gostam de uma
mulher. Mas o que me deixou com a pulga atrás da orelha foi a forma como
ele falou com ela, como se ele já tivesse algum direito sobre ela.
Alexa não faria algo assim, não sem saber do que a Ana gosta.
Chago em casa e apenas a luz da sala está acesa, será que Max está
acordado me esperando? Talvez ele esteja cansado e tenha ido dormir, penso
enquanto estaciono o carro e caminho pra a porta da frente.
Eu mal tenho tempo de abrir a porta quando sou arrastada para dentro e
presa contra a parede, os lábios do Max estão nos meus e eu não sei o que
está acontecendo comigo, as minhas mãos estão vagando pelo corpo dele.
Cedo de mais ele se afasta de mim e me encara com um sorriso.
Não sei qual é a do Max, mas ele está obviamente tentando me deixar louca,
com toda sua intensidade e suas palavras meticulosamente calculadas para me
deixar louca de necessidade. Na verdade, se eu tivesse que dizer que sei uma
coisa sobre o Max, é que ele não é mais um menino bobo, e sim um homem
que sabe exatamente o que faz para uma mulher.
Cansada eu tomo um banho rápido e vou para a cama, onde eu rolo a noite
toda sem conseguir dormir.
Obrigado Max, você está me deixando louca!
***
— Com a minha mãe a gente aprende de tudo. — Ele ri. — Como foi sua
noite?
Seus olhos correm pelo meu rosto e em seguida vão para o meu decote,
tento não me sentir desconfortável com a forma como ele está me olhando. É
engraçado como algumas inseguranças vem a tona quando a gente está
apaixonado por alguém.
Espera! Apaixonada?
— É apenas uma cama, eu não dou muita bola para isso. — Diz.
— Ok, vai sair hoje? — Pergunto, sabendo que ele tem trabalho.
— Sim, Dean me pediu para cuidar de uma obra para ele, então eu vou dar
uma olhada. — Ele coloca algumas panquecas na minha frente, junto com
uma xícara de café. — E você, algum plano?
— Na verdade, sim. — Respondo e ele me encara curioso. — Sua mãe e eu
vamos almoçar.
Max quer me questionar mais, mas eu sei que ele não vai, ele não quer me
fazer ficar desconfortável, e eu sou grata a isso, uma vez que ele e seus
irmãos têm um tipo de conexão especial e eles sempre contam tudo um para o
outro.
Quando Max dá a volta para se sentar ao meu lado, noto que ele está usando
Shorts de basquete que pendem abaixo do seu quadril de uma forma sexy,
que está me fazendo babar como uma maluca.
Max deve interpretar mal o meu olhar, pois ele começa a se levantar;
É como eu disse, no fim das contas estar apaixonado traz a tona todos os
nossos medos e inseguranças.
Capítulo 9
Caroline
Estou tão nervosa com o meu almoço com a Alexa, é como se eu sentisse
que ela tem muita coisa para me contar e eu não quero saber. Esconder um
segredo da Ana é uma coisa muito grande, e eu não quero ter que escolher
entre ser leal a minha amiga ou não.
Entro no restaurante e vejo que Alexa já está me esperando na nossa mesa,
quando me aproximo dela, vejo ela também parece estar um pouco nervosa.
— Alexa. — Dou um beijo no rosto dela e me sento do outro lado da mesa.
— Como você está? Soube que o Max está ficando na sua casa.
— Ele está, o apartamento dele está com problemas. — Digo. — Mas não
é sobre isso que eu quero falar.
— Então é sobre o que? — Pergunta.
Alexa é uma mulher esperta, ela está sempre três passos a frente de todos,
então não saber o que estou fazendo aqui está a deixando ansiosa.
— Ana me contou sobre esse cara que está trabalhando na casa dela a seu
pedido, ela não entendeu o motivo de você ter indicado uma outra empresa
que não as dos irmãos dela. — Começo e assisto ela beber o vinho. — Então
ela me mandou uma foto do chefe de construção dela e eu o conheço como
Izack Petrov.
Alexa quase cospe o vinho dela por toda mesa.
— Como…
— Ontem quando fui levar a Ana para casa, Zack estava lá e ele ficou um
pouco nervoso ao ver ela sair de um carro desconhecido, ele achou que era
um homem. — Digo.
— Era você? — Ela parece aliviada em saber que era eu.
— Sim, a Ana queria fazer ciúmes para ele. — Respondo. — Mas a
questão é, eu conheço homens como Zack e a família dele e eu sei que pra ele
agir como se a Ana fosse dele, é porquê ela é dele.
— Como…
— Vocês tem um acordo. — Digo. — Ana não vai gostar se ela souber,
mesmo que ela goste dele, ela vai ficar com medo e se sentir insegura.
— Não tenho um acordo com ele, Allyssa a mãe dele e eu somos amigas,
Zack é sobrinho da Willow. — Explica. — A Ana e ele se conheceram quando
eram crianças e eles tinham tudo para ficar juntos, então ela parou de querer
viajar e quis ficar mais no clube, eles acabaram se desencontrando.
— E vocês quiseram aproximar eles?
— Não, Zack veio visitar a Willow e viu a Ana, ele então veio me procurar
e pediu ajuda para se aproximar dela. — Explica.
— E a melhor forma de ajudar eles é colocando ele pra fazer obras? Eu
nunca imaginei que chegaria o dia em que um Petrov usaria algo diferente de
um terno sob medida. — Dou risada.
— É pra você ver o que as pessoas fazem por amor, e eu acho que ele ama
ela. — Alexa diz sem pensar.
— Ana também sente alguma coisa por ele, eu sei que ela está lutando por
gostar da perseguição.
— Zack também gosta, e da família a qual ele vem, perseguir a mulher está
no sangue.
— Vamos ver quem vai conseguir o que quer primeiro. — Aposto e Alexa
sorri.
Toda essa situação é diferente do que eu pensei que seria, eu vim aqui
preparada para um casamento arranjado entre famílias e descobri um homem
apaixonado que sabe o que quer e está disposto a tudo para ter a minha
amiga.
Isso sim é um jogo divertido.
—Outra coisa, Ana gosta dele, então você tem que dizer pra ele dar um jeito
de ficar logo com ela. — Aconselho e Alexa sorri.
— Isso vale para o Max também? — Pergunta e eu fico sem jeito. — Qual
é, Caroline? Eu sei que ambos se gostam, meu filho está louco por você há
muito tempo e sei que você sente o mesmo. O que está te impedindo de ir
atrás do meu filho?
Direta como sempre, essa é a Alexa que eu conheço e amo como se fosse
uma mãe.
— Quando seu filho e eu eramos jovens a gente teve um negócio de uma
noite, no outro dia eu descobri que ele estava na verdade apostando com os
garotos da escola quem tiraria a minha virgindade, esse foi um dos motivos
pra que eu saísse correndo da cidade. Eu tinha uma imagem do Max, e depois
do acidente ele me afastou, eu entendi que naquele momento ele precisava de
espaço. — Tomo um gole do meu vinho e volto a falar. — Eu consegui
esquecer a coisa do acidente, mas na nossa adolescência aquilo ficou comigo
por muito tempo, meus pais não me diziam coisas boas e depois eu ouvi
aquilo e me senti ferida, magoada. Agora eu estou conhecendo o Max de
verdade e estou me apaixonando por ele. E por mais que eu me sinta com
medo e insegura, eu admito que não sei por quanto tempo vou conseguir me
segurar. — Admito.
— O meu filho é um homem bom, ele cometeu alguns erros, porém todo
mundo erra. Você não esteve aqui e viu como ele ficou depois que você foi
embora, o meu filho ficou perdido sem você. E outra, muitas mulheres
tentaram conquistar ele, no entanto, ele não se abriu pra ninguém. Ai você
chega e o meu filho, mesmo tendo perdido uma perna volta a ser quem ele
era, eu vejo os olhos dele brilhando cada vez que ele fala de você. O Max te
ama, e ele está disposto a esquecer das próprias inseguranças e lutar por você.
— Eu não sabia de tudo isso, Max nunca me contou. — Admito.
— Max nunca vai fazer com que se sinta obrigada a ficar com ele, se
depender do meu filho, ele vai te esperar até o dia da morte dele. Isso é o
quanto ele te ama. — Alexa é direta, ela me falou coisas que eu nunca esperei
ouvir. — Quando você vai começar a lutar pelo meu filho?
— Estou tentando. — Falo.
— Tente mais, lute mais! Se esconder atrás do medo é a justificativa que os
fracos dão para não sair e lutar pelo que querem. — Diz.
Como sempre Alexa está coberta de razão, ela me contou muita coisa que o
Max não me contou. Eu só gostaria de saber o por que dele não ter me dito
essas coisas?
— Você está certa. — Finalmente digo, percebendo que Alexa está
esperando a minha resposta, e ela sorri.
— Isso não é nenhuma novidade, eu sempre estou certa. — Ela responde.
— Pergunte ao Tayler, o homem está casado comigo há anos e ainda não
percebeu isso.
— Eu acho que ele percebeu, ele só se faz de bobo pra você continuar
provando que é a pessoa certa na relação. — Brinco.
Tayler é apaixonado pela Alexa, ele faz tudo por ela e pelos filhos. Segundo
Ana, os pais dela sempre foram um grude um com o outro, e o Tayler sempre
deixa de lado as coisas que ele está fazendo para garantir que Alexa e os
filhos estejam bem e em segurança.
Esse é um dos motivos pra que ela e o Dean estejam esperando as pessoas
certas, eles não querem perder tempo com alguém que não vai ficar
permanentemente em suas vidas, alguém com quem eles vão apenas se
divertir.
Deixando de lado esses pensamentos, volto a atenção a nossa conversa
sobre o Tayler estar errado, nós duas estamos rindo e conversando enquanto
comemos, quando os meus pais param ao lado da nossa mesa, com um olhar
assassino e a minha mãe cruza os braços.
Parece que esse é o momento em que a máscara que eles colocaram no dia
que em que foram atrás de mim, vai cair e eles vão mostrar a que vieram.
Será que eu conto que já sei do noivado arranjado?
— Eu deveria saber que assim que voltasse para a cidade, você correria de
volta para essa gentinha, nem ao menos foi visitar o seu pai e eu, mas essas
pessoas, você corre para ver. — Minha mãe diz, olhando com desprezo para
Alexa que sorri de um jeito assustador. — E não pense que não fiquei
sabendo do que fez ao seu noivo ontem, vamos conversar durante o jantar na
nossa casa.
Essa mulher só pode estar de brincadeira comigo, eu não vou na porcaria da
casa dela, não depois de ontem a noite, e muito menos vou me casar com
algum idiota cheio de dinheiro que vai tirar esses dois da lama.
— Meu noivo? — Dou risada dela. — O único homem com quem um dia
eu vou me casar ainda não me fez o pedido, lamento informar isso para
vocês. E quando ao estar com gentinha, acho que vocês estão enganados, eu
estaria em má companhia se estivesse ao lado de vocês.
— Como você se atreve… — Minha mãe levanta a mão para me dar um
tapa na cara mas eu seguro seu braços.
— A falar com vocês assim? Simples, eu demorei um tempo, mas eu
percebi o tipo de gente que vocês são. Só lamento ter deixado vocês quase
terem me destruído. — Digo, sem me importar com as pessoas a nossa volta.
— Isso é jeito de falar com a sua mãe em público? — Meu pai
praticamente grita as palavras, sempre o pau mandado dela.
— Esse sempre foi o jeito que vocês dois me tratarem, então não vejo
motivos para ser diferente.
— Respondo. — E como vocês se atrevem a mandar um completo
desconhecido até a minha casa e dizer que é meu noivo?
— Nícolas é um amigo da família, e está disposto a se casar com você para
nos salvar da ruína.
— Meu pai sempre pensando no dinheiro, assim como a minha mãe.
— Nossa família? — Dou risada. — Vocês dois não tem sido a minha
família há anos, na verdade, desde de que eu nasci.
— Se perdermos tudo você vai ficar sem herança, é isso o que quer, morrer
pobre? — Minha mãe me olha como se ela tivesse acabado de me descrever o
meu pior pesadelo.
— É ai que vocês se enganam, eu tenho dinheiro, eu trabalhei por esse
dinheiro e mesmo que não tivesse, não me importo com essas coisas. Prefiro
morrer pobre do que ter que me casar com alguém pra ajudar vocês dois. —
Estou lutando para controlar a minha raiva, não sei como pude aguentar esses
dois durante a minha infância e adolescência. — Ah, e antes que eu me
esqueça, vocês podem cancelar o jantar, a não ser que tenham outra filha que
eu não saiba. — Falo e faço sinal com a mão para que eles saiam.
— Não pensem que esse seu comportamento vai ficar assim, você vai se
casar com o Nícolas nem que eu tenha que te arrastar até o altar. — Minha
mãe ameaça.
— Eu quero ver você tentar. — Uma voz irritada vem de trás deles e eu
vejo Max, ali parado.
— Você e a sua mãe deviam voltar do prostíbulo de onde saíram e deixar
que nós cuidemos da nossa filha. — Meu pai diz, mas Max apenas ri.
Quando eu penso que tudo vai ficar bem, Max dá um soco na cara do meu
pai, que cai no chão com a mão no rosto, enquanto a minha mãe se abaixa
para ajudá-lo a se levantar.
— Você vai se arrepender de fazer isso, seu aleijado. — Minha mãe diz, e
dessa vez quem não aguenta essa merda sou eu, e sem pensar dou um soco na
cara da minha mãe.
Ambos os meus pais me olham chocados com o que eu acabei de fazer, e
por mais que eu esteja com a minha mão doendo, eu admito que valeu muito
a pena. Ninguém vai ofender as pessoas que eu amo, nem mesmo os meus
próprios pais.
Minha mãe e meu pai saem bufando e segurando seus narizes, as pessoas a
nossa volta rindo da cara deles. Se tem uma coisa que não muda é o quanto
eles são odiados pelas pessoas dessa cidade, graças a Deus as mesmas
pessoas que os odeiam, sempre foram gentis comigo.
— Ai está, a confiança que você precisava. — Alexa diz baixinho pro Max
não ouvir quando eu volto a minha atenção para ela. — Agora só resta saber
como você vai seduzir o meu filho.
— Vamos ver aonde as coisas vão parar. — Digo, sem coragem de admitir
que eu ainda não faço ideia do que vou fazer para seduzir o Max.
Max está olhando entre nós duas, curioso com o que estamos cochichando,
ele se senta ao meu lado na mesa e sua mão vai parar na minha coxa.
— Como está indo o almoço de vocês? — Max pergunta, fazendo sinal
para o garçom.
— Mesmo com os seus pais aqui? — Max parece um pouco incerto com a
minha resposta.
— E eu não estarei mais, essa foi a última vez que falei com eles.
Olho para Alexa e vejo que ela está nos observando com um sorriso,
enquanto Max faz o pedido dele, ela pega a bolsa e se levanta.
— Eu vou indo, tenho uma reunião com um cliente novo e não quero em
atrasar. — Ela diz e depois de dar um beijo no meu rosto e um no do filho, ela
sai.
Max assiste a mãe sair do restaurante, para só então se virar para mim e me
encarar, ele quer respostas, e eu não vou dar nenhuma.
— Então?
— Então o que? — Pergunto.
— Como?
Sem dizer mais nada, eu puxo Max para um beijo, antes que eu consiga
pensar onde estamos, ele está aprofundando. Nós só nos afastamos quando
escutamos um pigarrear na mesa ao lado e eu me afasto para ver uma senhora
e um senhor sentados.
— Em casa a gente conversa. — Ele diz.
— Em casa eu planejo fazer outras coisas com você. — Seguro a minha
risada quando Max engasga com a bebida.
Parece que eu descobri um novo passatempo, fazer o Max sofrer.
Capítulo 10
Caroline
Max leva um tempo para se recuperar do que eu disse, e aproveito esse
tempo para comer um pouco da minha comida e beber o meu vinho. Pela
primeira vez em um longo tempo estou feliz comigo mesma, me sentindo em
paz e tendo a certeza de que eu sou o suficiente para alguém.
Conheço a família do Max há muito tempo e eu sei que eles nunca fazem ou
dizem algo que não querem ou sentem. Se Max não gostasse de mim, ele
estaria muito longe e não arrumando desculpas para morar na minha casa.
— Então, como foi na obra? — Pergunto e ele me encara como se eu
tivesse duas cabeças.
Eu poderia contar pra ele sobre a Ana, mas prometi que me manteria calada
e sei que se Max ou Dean souberem o que está acontecendo, eles vão surtar e
tentar interferir nas coisas, talvez até afastar a Ana e o Zack.
— Geralmente quando a minha mãe e irmã dizem isso uma delas acaba em
uma enrascada. — Explica. — Eu só quero saber pra ficar atento com você.
Dou risada da desculpa que ele me dá.
— Se algo acontecer eu mesma vou pedir ajuda pra você, fique tranquilo.
Max ainda está inseguro com o que eu disse, no entanto, eu entendo. Ele
ainda não sabe o que se passou na minha cabeça nas últimas horas. Droga,
desde ontem a noite tudo o que eu consigo pensar é em como ele me faz
sentir segura em seus braços.
— Mesmo?
Sem responder eu dou risada, como eu pude pensar que tudo bem levar as
coisas entre nós devagar?
— Estou começando a achar que você tem algum problema comigo. —
Provoco. — Mas, tudo bem, quando a gente chegar em casa a gente pode
resolver de outras formas.
Max engasga com a bebida e eu dou tapinhas em suas costas, enquanto luto
contra a minha risada, quando uma mulher se aproxima da nossa mesa. Ela
nos olha de um jeito maldoso, cheio de desgosto, e em seguida se afasta pra ir
pra própria mesa.
Faço de conta que não percebi e continuo o que estou fazendo.
— Se você continuar a dizer coisas como essa, nós não vamos terminar o
almoço. — Max diz.
— Eu vou comer outra coisa em casa, fique tranquila. — Ele pisca pra
mim e me arrasta para fora do restaurante.
— Não acha melhor você ir mais devagar?
— Ok.
Eu não vou discutir que isso é mais trabalho, não quando eu quero muito
ficar perto dele. Max me ajuda a entrar em sua caminhonete e em seguida dá
a volta e sobe no banco do motorista, em poucos minutos estamos na estrada
a caminho da minha casa.
Eu tenho que admitir que por mais excitada que eu esteja, um pouco de
medo e insegurança bate em mim, porém, me recuso a deixar esses
sentimentos assumirem e me privar de algo tão bom.
É com esse tipo de pensamento que eu mantenho a minha merda no lugar e
quando chegamos em casa, sou a primeira a saltar do carro. Max me lança
um olhar irritado, ele não gostou que eu desci do carro sem esperar por ele,
desde quando ele faz isso pra alguém?
— O que foi? — Pergunto, fingindo não saber o motivo da sua irritação.
— Eu quero abrir a porta pra você, então da próxima vez, espere por mim.
— Sei que é, mas eu quero mostrar com gestos o quanto você é importante
pra mim. — Explica.
— Não precisa, eu sou seu e quero fazer tudo o que estiver ao meu alcance
pra te deixar feliz.
Eu devo ser muito idiota pra ficar toda derretida com essas palavras dele,
talvez eu até volte para o carro e deixe ele abrir a porta pra mim agora. O
pensamento de voltar pro carro logo fica pra
Trás quando eu vejo o volume em suas calças, nós não podemos perder
tempo discutindo coisas idiotas como quem vai abrir a porta do carro, quando
ambos temos algo muito melhor pra fazer.
— Quer saber? — Pergunto com os braços cruzados.
— O que?
Nós dois caímos na risada ao mesmo tempo, mas logo somos interrompidos
por uma voz vagamente familiar.
— Olha que fofo, vocês brigam até na hora de foder.
Max e eu pulamos, em seguida ele corre pegar a camiseta que ele descartou
no chão, e lança ela pra mim. Pego ela e me cubro, em seguida me levando
para encontrar Ana sentada na minha varanda com uma garrafa de cerveja na
mão.
— Que porra você tá fazendo aqui? — Max praticamente grita com ela.
— Estou garantindo que a minha grama seja cortada por uma pessoa que
não vai ser eu. — Ana responde.
— Como?
Max está confuso quanto a isso, mas eu sei bem o que está se passando
aqui. Será que o prazo dessa aposta entre ela e o Dean já não passou?
— Achei que o prazo da aposta já tinha acabado. — Respondo, ignorando o
olhar que o Max me lança.
— Nós decidimos fazer algumas mudanças, e agora eu estou aqui,
cuidando da sua periquita e garantindo que o meu irmão tarado não faça
nada. — Ela sorri e toma um pouco da cerveja.
— Você sabe do que a minha irmã está falando? — Max me pergunta.
— Ela e o Dean fizeram uma aposta maluca sobre nós dois tendo sexo e
serviços domésticos. — Explico.
— Seus dois fodidos, é melhor pararem com essa merda! — Max está além
da raiva. — E eu sugiro que saia daqui.
— Não fica irritado, maninho. — Ana provoca.
— Fica calmo, ela já está saindo daqui. — Digo, fazendo um sinal pra Ana
com a cabeça.
Ana sorri e se levanta da cadeira, ela faz um sinal como quem diz “estou de
olho” e sai do quarto; no momento em que ela sai, eu caio na cama rindo
como uma louca. Como a gente não percebeu ela ali?
— Não tem graça! — Max ainda está surtando. — Mais um pouco e a
minha irmã quase vê o meu pau, e nós dois teríamos um trauma pra vida.
Eu não consigo me ajudar e rio ainda mais.
— Vai dando risada, se depender dos meus irmãos a gente não vai transar
nunca. — Ele fala e eu paro de rir. — Ou você acha que eles vão parar com
essa merda?
— Eles vão parar, eu mesma vou falar com a Ana.
— O que você vai fazer? — Ele pergunta me olhando pegar o meu celular.
Eu não sei quanto tempo vai demorar pra ele me responder, muito menos se
ele vai me responder, será que eu falo pro Max se vestir? Talvez seja…
Zack; O que você quer?
Eu; Eu sou amiga da Ana, queria saber se você pode vir buscar ela na
minha casa. Eu soube pela Alexa que você está interessado nela e pesei em te
dar uma ajuda.
Zack; Me mande seu endereço, estou indo buscar ela.
Essa é a Olivia que eu tanto amo, a minha amiga é tão aleatória que muitas
vezes ela vem pedir desculpas por achar que falou alguma grosseria, quando
na verdade ela é bem fofa.
Eu; Deixa eu adivinhar, você está se mudando para Hagerstown?
Eu; Simples, meu melhor amigo Dean é o arquiteto que o seu pai
contratou.
Oli; Não, mas eu fui pesquisar a empresa dele e do irmão, e tinha uma foto
lá.
Eu; Sabe que eles são gêmeos, né? Emfim, eu preciso da sua ajuda com ele.
Oli; Fala.
Eu; Preciso que você fique no pé dele, na verdade eu acho que vocês vão
combinar muito.
Oli; Amanhã eu chego na cidade, pode deixar que eu vou ficar no pé dele.
Eu; Quando chegar me avisa que eu te pego no aeroporto, você pode ficar
na minha casa até a sua obra ficar pronta.
Oli; Ótimo, meu sonho é ser vela sua e do irmão dele. Preciso ir, beijos.
— Essa é a sua casa, se você não sabe imagina eu. — Essa é a minha
amiga, suave como coice de mula.
— Você poderia ir atender pra mim. — Peço.
Não posso deixar de perceber que o sorriso dela some quando ela vê quem
está parado do outro lado da minha porta, então como se sentindo o meu
olhar, Ana se vira pra mim e me lança um olhar acusador.
— Sua cadela traidora. — Ela grita, quando Zack pega ela e a joga por
cima do ombro.
— Minha irmã…
— Ela já foi, agora vamos nos divertir. — Falo e ele sorri em seguida tira a
cueca e joga ela do outro lado do quarto.
A visão de seu pau duro me enche de vontade de chupá-lo.
Subo na cama e rastejo entre suas pernas até que o meu rosto fica a
centímetros de seu pau, em seguida passo a minha língua na ponta e aprecio o
gemido de prazer que ele solta, em seguida levo quase todo seu pau na minha
boca, até que sinto ele bater no fundo da minha gargante. É quando eu
começo a me mover mais rápido.
As mãos do Max vão até o meu cabelo e ele me puxa, olhando em seus
olhos eu desço e volto a dar a ele o melhor boquete de todos os tempos, desse
vez chupando seu saco, e em seguida voltando a minha atenção para o pênis.
— Porra, que boca gostosa. — Ele geme, e movimenta o quadril em
direção ao meu rosto.
Os movimentos dele ficam mais lentos e firmes na medida em que ele está
perto de gozar, quando me afasto e rodo a língua sobre a cabeça de seu pau,
ele goza na minha boca. Ainda estou chupando o pau dele, quando Max se
movimenta rapidamente e nos vira na cama, com ele ficando em cima de
mim.
Ele fica ao meu lado, sua boca nos meus seios enquanto sua mão corre pelo
meu corpo, hora apertando o meu outro seio, hora indo até a minha buceta e
me acariciando por cima da calcinha, brincando com o meu clitóris. Ele se
mantém assim, até puxa a minha calcinha pro lado e mete um dedo dentro de
mim em seguida ele tira o dedo e corre ele por cima do meu clitóris.
É nesse momento que ele vai descendo pelo meu corpo e começa a me
chupar, uma das minhas mãos vai para o cabelo dele, enquanto com a outra
eu acaricio os meus seios. Ele brinca com a língua traçando ela várias vezes
no meu clitóris, em seguida ele suga. A forma como ele me tortura me faz ver
estrelas, e em questão de segundos eu estou gozando em sua boca.
— Você está querendo me matar? — Pergunto, lutando pra recuperar o
folego.
— Você ainda não viu nada, tenho muitas coisas planejadas pra você. —
Responde. — Fica de quatro. — Manda, e eu imediatamente obedeço.
Assim que fico de quatro, sinto o pau dele cutucar a entrada da minha
buceta, em seguida ele entra com tudo dentro de mim.
Eu não vou mentir, a sensação é ótima e eu não vejo a hora de experimentar
tudo o que ele tem pra me mostrar. Max está entrando e saindo de mim com
força, ele me dá um tapa na bunda e eu grito com um misto de surpresa e
prazer, e então acabo gozando. Espero que Max me siga, mas ele continua a
entrar em mim, e me surpreende ao me puxar e colar os nossos corpos, e
depois que eu gozo mais uma vez, ele goza dentro de mim e ambos caímos
exaustos.
— Nós não usamos camisinha. — Falo, enquanto luto para recuperar o
meu folego.
— Poderia?
— Atenda, enquanto vou preparar alguma coisa pra gente comer. — Digo e
me levanto, colocando a camiseta dele de volta e saindo do quarto.
Pego algumas coisas na geladeira e começo a preparar um sanduíche,
quando Max entra na cozinha, ele está pálido.
— Tudo bem? — Pergunto indo pro lado dele e segurando suas mãos.
— Seu carro, ele foi pegar o seu carro e assim que ele abriu a porta ouviu
um clique, ele conseguiu sair correndo antes do seu carro explodir.
Por um momento eu sinto como se eu fosse desmaiar, o primo dele quase
foi morto por minha culpa.
— Não é culpa sua. — Max lê a minha expressão. — Algum fodido está
tentando te matar, e isso não é culpa sua!
— Como você pode achar isso? Seu primo quase morreu por minha causa!
— Grito.
— Já pensou que se a gente não tivesse vindo no meu carro, você estaria
morta? Não vou conseguir te ver sair por aquela porta e pensar que alguma
coisa ruim pode te acontecer.
— Max, coisas ruins acontecem o tempo todo. — Lembro. — Não vou
ficar aqui com medo de algo assim.
— Você precisa se cuidar.
— Eu vou te levar pro trabalho e vou te buscar todos os dias. Você não sai
daquele hospital sem me avidar ou avisar o prospecto que eu vou por atrás de
você. — Max mandão é uma coisa sexy.
— Ok. Agora nós podemos nos trocar pra que eu possa ir verificar o seu
primo no hospital?
— Sim.
Por mais que eu tenha um sorriso no meu rosto enquanto nos trocamos, e eu
finja que tudo está bem quando entramos no carro do Max, e ele dirige a
caminho do hospital, não posso deixar de lado a sensação de que algo ruim
está pra acontecer e que isso foi um aviso.
A única questão é, quem estaria tão disposto a me matar que plantaria uma
bomba no meu carro em plena luz do dia e em um estacionamento lotado?
Capítulo 12
Max
O caminho até o hospital é demorado e Caroline não diz nenhuma palavra,
me deixando sem saber o que fazer ou dizer. Por mais que eu queira
tranquilizá-la, sei que um pouco de medo vai mantê-la segura das merdas que
vem pela frente.
Não consigo deixar de lado o sentimento estranho de que aquilo foi apenas
um aviso. Afinal, uma bomba com temporizador seria arriscada, ela poderia
explodir sem que a Caroline estivesse no carro, enquanto uma bomba com
um detonador, explodiria na hora que o sinal fosse enviado. Só não entendo
como meu primo conseguiu escapar da explosão, a não ser que fosse um
aviso, um que seria ouvido claramente pelas pessoas próximas da minha
mulher.
O que me leva ao ponto que essa pessoa pode querer ela fora da cidade, ou
me atingir.
— Em quem pode estar por trás disso, não sou um grande especialista
nessas coisas, mas me parece que isso foi um aviso. — Digo.
Quero que a Caroline saiba exatamente o que está acontecendo, pra que ela
tenha ideia da gravidade dessa situação, e o quão importante é que ela se
mantenha perto das pessoas que vão protegê-la e garantir que ela chegue em
casa viva no fim do dia.
— Por que? — Ela murmura, falando consigo mesma. — Eu mal tive uma
vida social desde que cheguei na cidade, e então as coisas começaram a
acontecer e tudo ao mesmo tempo.
— Não precisa de um motivo, as pessoas são fodidas e usam qualquer
coisa para virarem malucos perseguidores. — Explico.
— Tem razão. — Ela volta a ficar em silêncio quando chegamos no
hospital.
Sem me dar tempo para ajudá-la a descer do carro, Caroline sai e caminha
até a frete do carro, esperando por mim. Quando paro ao lado dela, ela segura
a minha mão e entramos juntos no hospital, ganhando alguns olhares curiosos
de enfermeiras e funcionários.
— Seus amigos estão curiosos sobre a gente. — Digo.
— Talvez, eles são todos bem curiosos quando o assunto é a vida pessoal
de uma médica que aparentemente vive no trabalho. — Ri.
— Ainda bem que estou aqui para te ajudar a mudar isso. — Provoco,
quando uma mulher se aproxima da gente.
— Achei que estivesse de folga. — A mulher fala.
— Sim.
— Ele ainda está sendo cuidado pelo médico responsável do caso. — Lizzy
responde.
— Quem?
— Ele é novo e parece ser um bom médico. — A mulher diz isso meio a
contragosto.
— Eu já trago notícias dele pra você e sua família. — Ela murmura e então
corre atrás da outra mulher.
Enquanto Caroline vai cuidar do meu primo, ando até a sala de emergência
para encontrar toda a minha família e alguns outros membros do clube
lotando o lugar. Minha mãe e irmã estão andando de um lado para o outro
falando no celular, o meu pai está falando com meu tio Alek que
provavelmente vai entrar em contato com o pessoal do FBI dele.
Esse é o momento de respostas, não importa quem era o alvo da bomba, o
que importa é que estamos todos prontos para caçar essa pessoa e ensiná-la
uma lição que ela vai levar para o túmulo.
— Cade a Caroline? — Dean pergunta, se levantando do lugar onde estava
sentado ao lado da tia Claire.
— Ela foi ajudar o Dylan, parece que o médico que estava o atendendo é
novo aqui e ela queria ver como ele estava. — Explico.
— Ela é uma boa garota, você precisa cuidar dela. — Claire diz.
A tia Claire é a mãe do Dylan, ela e o tio Bishop são ótimos pais e sempre
fizeram de tudo pra que os filhos soubessem que são amados.
— Eu vou, mas fique calma. — Peço. — Você sabe como ele estava
quando o trouxeram pra cá?
— Seus avôs, Beno e Archer estão gostando desse negócio de unir forças e
desde então não param de meter nos assuntos. — Meu pai diz.
— Não é de se admirar, o vovô não ia passar muito tempo longe do clube.
— Dou risada. — Esse clube é a paixão dele! E com eles lá eu duvido que
alguém vai tentar foder com a cena do crime.
— Eu gosto do novo Xerife, ele é competente e gosta das coisas na linha,
também não tem medo de sair dela quando acha necessário. — Alek elogia.
— Verdade. — Todos concordamos.
Quando eu digo isso não é inteiramente por medo da minha mãe ou por
estar puto com a Ana desde que ela decidiu se tornar uma empata foda, e sim
por querer eliminar o mais rápido possível qualquer coisa que ameace a
Caroline.
— Parece que temos mais alguém no clube das bocetas chico…
— Como é que é? — Claire corta o que o meu tio Bishop está prestes a
dizer.
— Era uma brincadeira. — Ele se defende, enquanto meu pai e eu olhamos
para o lado segurando o riso.
— É bom que seja mesmo, não estou no clima pra discutir com ninguém.
— Ela fala no momento em que as portas se abrem e Caroline aparece.
Todos se aproximam dela, curiosos para saber o estado do Dylan.
— Como ele está? — Meu tio rosna e eu dou um olhar de advertência pra
ele.
— Ele sofreu algumas queimaduras de segundo grau no rosto, por isso está
enfaixado. — Caroline explica. — O que está nos deixando preocupados são
as queimaduras de terceiro grau nas costas.
— São muitas?
— Não estou fazendo nada além do meu trabalho. Vou liberar a visita para
ele, mas apenas dois de cada vez e cinco minutos cada. — Diz. — E todos
devem tomar os devidos cuidados.
— Claro.
— Pelo que a outra mulher disse, achei que ele era um idiota. —
Resmungo.
— Foi o meu pensamento também, mas quando entrei no quarto, ele estava
orientando todos a mover o Dylan pra um quarto todo esterilizado e limitando
a entrada de pessoas lá. — Explica.
— Então entendi que Ben é cuidadoso e pensa em todas as possibilidades
entes que algo pior aconteça, e eu gosto de trabalhar com pessoas como ele.
Concordo com ela, esse hospital está cheio de idiotas que acham que sabem
tudo, ter médicos como Carolina e Ben é um grande avanço para esse lugar.
— Caroline, que bom que você está bem. — Minha mãe puxa ela pra um
abraço.
Foi com esse pensamento que eu sai do hospital, junto com Max, Tayler e
Alexa, e fomos para a delegacia. Eu nunca estive lá em todo esse tempo na
cidade, mas já ouvi algumas pessoas falando muito bem do xerife local,
Mason.
O caminho até a delegacia é feito em silêncio, e eu aprecio isso, as vezes é
bom estar com alguém e não se sentir pressionado a forçar uma conversa.
Quando chegamos na delegacia, Tayler mal para quando Alexa salta do carro
e caminha para dentro.
— Sua mãe está com pressa. — Observo.
— E quando é que ela não está? Minha mãe não sossega até resolver tudo.
— Diz.
Ele está certo, Alexa é esse tipo de mãe. Aquela que primeiro luta pelos
filhos pra depois, quando está sozinha com eles, puxar a orelha por algo
errado que eles fizeram. Eu vi isso acontecer quando a gente estava na escola.
Os diretores tinham medo dela, então sempre investigavam os motivos das
brigas dos meninos.
Depois de estacionar o carro, Max e eu seguimos para dentro da delegacia
ao lado do Tayler, assim que entramos vemos Alexa tendo uma pequena
discussão com a atendente na recepção. A mulher parece estar a ponto de
explodir.
— Senhora, eu já disse que o xerife está ocupado em uma reunião…
— Ah, mas eu acho que pode! — Alexa começa a andar em direção a sala
do xerife e a mulher corre para impedi-la. — Sugiro que saia da minha frente,
se Mason está falando com o FBI é graças ao meu cunhado. E eu te garanto
que eles não vão ficar chateados em me ver.
Com isso Alexa empurra a mulher da frente dela e faz um sinal para que a
gente a siga. Sem ter o que fazer e não querendo que o mau humor dela se
volte contra a gente, Tayler, Max e eu a seguimos para dentro da sala do
Mason.
Assim que entro noto que Mason é um homem lindo, moreno com os olhos
verdes, um corpo musculoso e bem definido, que deve ter todas as mulheres
virando para checá-lo.
— Alexa. — Ele reconhece a presença da minha sogra e apenas acena a
cabeça para gente.
— Estou supondo que já tem alguma novidade sobre o caso da minha nora.
— Ela aponta pra mim.
— Estamos trabalhando nisso, nenhuma testemunha viu nada. — Diz. —
Nem as câmeras pegaram algo.
— Elas estavam funcionando? — Pergunto.
— Tem alguma coisa errada, essa bomba tem que ter sido plantada lá! —
Agora é Max quem está surtando. — E se as câmeras foram adulteradas?
— Pouco provável, isso colocaria alguém lá dentro também. — Mason diz.
— Espero que sim, não gosto de ver as pessoas se machucando por minha
causa. — Confesso.
— Por mais divertido que seja, acho que é uma boa ideia ir pra casa e
deixar que eles resolvam isso, de qualquer forma já é tarde e todos
precisamos descansar. — Falo, antes que Alek perceba o que está
acontecendo aqui.
— Parece que faz anos desde o nosso almoço hoje. — Brinca Max.
Mason parece aliviado quando percebe que estamos nos despedindo para ir
embora. Quando estamos saindo da sala dele, Helena dá um beijo no rosto do
Alek e diz que vai ficar pra começar a processar algumas das imagens que
chegaram, em um programa que ela criou.
— Quando terminar aqui me ligue que eu venho te buscar. — Alek diz.
— Fique tranquilo, eu levo ela pra casa. — Mason diz, ganhando um olhar
curioso do Tayler.
— Tem certeza?
— Sim, eu precisei verificar algumas coisas antes de começar uma obra no
meu apartamento, um cano tinha se rompido e alagou tudo. Então sim, eu
tenho certeza.
James me encara de um jeito estranho, nós dois sabemos que a minha
família manda nessa cidade. Porém, de vez em quando, alguém pensa que
pode nos desafiar e vir atrás do clube, felizmente todos aprendem rápido que
nessa cidade, todos são leais ao clube.
— Onde você tem ficado nos últimos dias?
— De qualquer forma, não sou a pessoa pra quem você vai querer dar esses
avisos. — Diz. — Se como falam por ai, o seu clube está interessado em
cuidar das pessoas dessa cidade, então temos os mesmos interesses, e eu vou
cuidar dessas pessoas. Mas se eu descobrir que isso é uma porra de jogo pra
você…
— As pessoas dessa cidade são importantes para a minha família! As
pessoas desse prédio, são os meus vizinhos e amigos, pessoas que me
ajudaram quando eu precisei, então cuide deles. — Respondo. — Você está
aqui a pouco tempo, mas logo vai aprender que nessa cidade lealdade é algo
muito importante.
— As pessoas não falam de vocês por medo. — Supõe.
— Não, eles são leais a nós da mesma forma que nós somos leais a eles. —
Digo. — Agora se me der licença, vou ver se posso ajudar a minha mulher
nos primeiros socorros.
— Vou ficar de olho em você. — Grita e eu dou risada.
— Cuidado pra não se apaixonar! — Provoco.
Era só o que me faltava, ser suspeito de pôr fogo no prédio e colocar a vida
das pessoas em risco. Eu não estava brincando quando disse ao James que
essas pessoas são importantes para mim, elas são! E eu vou garantir que elas
tenham aonde ficar até que o seguro resolva essa merda.
— Oi dona Magda. — Cumprimento a senhora que mora no apartamento
que fica no andar abaixo ao meu. — A senhora está bem?
— Por sorte, quase que os meus gatos morrem queimados. — Ela diz. — E
eu acho que é tudo coisa daquele homem, quem anda vestido daquele jeito a
essa hora?
— Homem? — Caroline está terminando de cuidar de alguns arranhões nos
braços dela.
— Sim, achei que fosse um dos empregados da obra e como está um pouco
frio, não achei a touca de esqui esquisita. — Fala. — No entanto, achei
suspeito o horário.
— Esse homem estava aqui até pouco tempo atrás? — Pergunto.
— A senhora pode ficar com eles. — Caroline diz e vejo Mag ficar mais
aliviada.
— O que? — Minha prima, Lorena diz. — Quem esse filho da puta pensa
que é pra pensar que você faria algo assim?
Meu tio Erick e a minha Tia Willow vem logo atrás, os dois sabem que não
tem quem controle a minha prima quando ela está nesse humor. Se eu for
sincero, todos achamos fofo a forma como ela fica vermelha e parece a
Tinker Bell.
— Ele é novo na cidade e…
— Quem eu sou? A pergunta aqui é quem você pensa que é pra insinuar
que o meu primo faria isso com essas pessoas? — Lorena grita e os meus
vizinhos se aproximam para ver o show. — Quando o Max sofreu um
acidente essas pessoas ajudaram ele, eles são parte da nossa família e o clube
não machuca a família!
Um dos moradores do meu andar se aproxima do James.
— Ela está falando a verdade, Max jamais faria algo assim. — Diz.
James ainda está encarando a minha prima, é como se ele não conseguisse
desviar os olhos dela e o sorriso que toma conta do rosto dele em seguida, é
diferente. Acho que ninguém viu esse homem sorrir, uma vez que até os
homens do corpo de bombeiros param pra ver.
— Entendo. O meu trabalho é criar hipóteses pra que a gente consiga
investigar junto com a polícia. — Ele fala auto, sem desviar os olhos da
Lorena. — Não foi a minha intenção acusá-lo.
— Tanto faz. — Lorena diz e volta para perto de mim e do pai dela.
— Tio, se ele for correr atrás da Lorena tenho certeza que a minha prima
vai fazê-lo sofrer na medida certa. — Brinco.
— E acha que eu não sei disso? As minhas meninas sabem o que fazer. —
Ele soa orgulhoso do fato das minhas primas conseguirem fazer da vida de
qualquer um, um verdadeiro inferno.
Todas as meninas que nasceram no complexo sabem se defender, mas isso
não muda o fato de que nós, homens, temos que protegê-las de outros tipos
de perigos. E como os irmãos mais velhos delas estão fora em missão militar,
nós cuidamos para que os caras permaneçam na linha.
— Elas são terrores. — Observo enquanto as mulheres do clube ajudam a
contornar a situação, elas começam a guiar as pessoas para o ônibus.
— Por mais que eu queira me divertir e ver o capitão se foder nas mãos da
minha filha, não é o momento pra deixar ninguém se aproximar do clube. —
Fala. — Seja quem for que está por trás disso está atrás de todos nós.
— Todos nós?
— Isso estava no meu carro quando sai do hospital.— Meu tio me entrega
um pedaço de papel.
“Acha que o garoto escapou por um erro meu? Ele está vivo porquê eu quis
que fosse assim! No lugar de vocês, começava a se cuidar mais, pois isso só
vai piorar.”
Capítulo 15
Max
O bilhete recebido pelo meu tio é uma clara declaração de guerra, a
problema em tudo isso? Como podemos lutar uma guerra aonde não
conhecemos o nosso inimigo? Essa pessoa já nos atacou duas vezes, isso e o
fato de que pessoas inocentes se feriram no meio dessa bagunça toda, uma
bagunça que está apenas começando.
— Tem uma pista de quem deixou isso? — Pergunto ao Erick.
— Algum irmão da estrada? — O clube tem vários irmãos que não gostam
de passar muito tempo em um só lugar e rodam o país, até descobrirmos qual
deles é vai ser uma longa estrada.
— Talvez, ou talvez seja de um informante. — Pensar que um dos nossos
foi torturado e não aguentou me irrita. — É única explicação que temos pra
ele conseguir informações nossas, um membro do clube jamais revelaria
segredos do clube. — De qualquer forma eu vou pedir um teste de DNA,
enquanto isso, vá pra casa com a sua garota e tente não enlouquecer, assim
que a gente tiver alguma informação mando notícias. — Erick me dá um tapa
nas costas e vai atrás da minha tia e das meninas que estão agora perto do
ônibus, enquanto eu vou pegar a Caroline.
— Ei. — Ela sorri pra mim, e se afasta das crianças que estão fazendo
perguntas a ela.
— Já terminou por aqui?
— Sim, eles estão embarcando com os pais e indo para o hotel. — Explica,
apontando por cima do para onde as crianças correram..
— Bom, estou cansado e doido pra cair na cama e esquecer que esse diz
existiu, pelo menos as partes ruins. — Pisco para ela, que vem e me abraça,
em seguida deposita um beijo no meu queixo.
— Querido, o nosso dia foi susto atrás de susto. — Ela sorri pra mim e pela
primeira vez depois de toda essa merda eu não estou mais com raiva, apenas
preocupado com ela.
E eu sei que quando o assunto é a Caroline eu sempre estarei preocupado, e
isso vai permanecer até o dia que eu deixar de respirar.
De mãos dadas caminhamos até o meu carro, no caminho passo pela Lorena
que está tendo mais uma discussão com James. Parece que as coisas entre
esses dois vão ser complicadas, eu só espero que quando eles se acertarem
olhem pra tudo isso e deem risada da situação.
— Eles já parecem um casal. — Brinca Caroline. — E a sua prima não
aprece levar numa boa o fato dele ter te acusado.
— Por que?
— Eles estavam perto de mim e James pediu pra ela pegar o rádio
comunicador e ela disse “pega você, eu sou a prima do maluco que colocou
fogo nisso tudo”. — Carolina imita a Lorena direitinho, e eu dou risada.
— Essa é a minha família, não espere nada diferente.
Caroline
Para variar o lugar está lotado e a maior parte das pessoas aqui são
conhecidas, e também são fofoqueiras. Imediatamente me arrependo de ter
pedido pra comer alguma coisa, não me sinto bem estando por perto de um
monte de gente e quando Rachel vem atender a nossa mesa, a fome se vai e
algo ruim se instala no meu estômago.
— Olha se não é a porca gorda e o aleijado, o que traz vocês dois aqui? —
Pergunta e eu sinto Max ficar tenso do outro lado da mesa, e eu estico a
minha mão e seguro a dele.
— Vejo que do puteiro de onde você saiu não ensinaram você a tratar os
clientes bem. — Digo.
— Mas não é uma grande surpresa, uma vez que você deve passar a maior
parte do tempo com a boca ocupada.
— Se a questão é eu chupar um pau pode perguntar para o seu namorado se
eu sou boa, garanto que ele vai dizer que sim. — Eu poderia me irritar,
também poderia sair daqui e deixar que as coisas que ela me diz me afetem,
mas eu não sou mais a rata assustada que ela conheceu.
— Uma coisa nessa vida você tem que saber fazer, até mesmo, porquê se
você não tem um cérebro pra usar, precisa usar o que tem. — Zombo. —
Agora será que você pode anotar os nossos pedidos ou eu vou ter reclamar
com os donos? Afinal eu sou a cliente e você é a empregada.
Se eu tivesse olhado na direção do Max teria visto o sorriso orgulho com a
qual ele me olha, mas eu prefiro focar na minha comida. Comida essa que eu
não sei se devo ou não comer, já que Rachel parece com raiva o suficiente
para cuspir nela.
— O que você vai querer? — Pergunta com mau humor.
Sorrindo, Max pede a mesma coisa que eu e quando ela se afasta, ele cai na
gargalhada.
— Que dia?
— Ela é uma cadela, mas não brinca com comida assim. — Diz.
— Porquê todo mundo merece se livrar do vício, ela pode tentar ser
alguém depois de ser recuperada e se a gente tiver sorte ela sai da cidade. —
Brinco a última parte.
— Pense bem, não acho que você vai querer esse tipo de problema.
— Claro que eu tentaria te ajudar, mas você é o amor da minha vida e não
uma cadela que passou o colegial infernizando a vida de todo mundo. — Diz,
sendo direto. — E outra, eu cresci acreditando que essas são escolhas que a
gente faz para vida, ninguém obrigou ela a sair e usar drogas, ela fez isso
sozinha.
— A gente tem escolhas o tempo todo, porém a vida as vezes nos tira a
oportunidade de fazer escolhas. — Lembro. — Trabalhei em uma clínica de
reabilitação por um tempo, e ficaria chocado com a quantidade de pessoas
que se droga devido a algo que outras pessoas fizeram ou agiram.
Max levanta a mão como se tivesse se rendido e não quer começar uma
discussão, e eu sou grata por isso. Posso ser quieta e tudo mais, mas eu sou o
tipo de pessoa que luta pelo que eu acredito. E por mais cadela que a Rachel
seja, acho que ela precisa de alguém que a ajude.
— Você é louca as vezes. — Max ri.
— Não vou discutir com você sobre isso. — Rebato, mostrando a língua
pra ele e em seguida rindo.
Nós comemos tranquilamente e depois que terminamos Max pega a carteira
e joga algumas notas em cima da mesa, ele dá a Rachel uma boa gorjeta,
tomara que ela não use isso para as drogas.
O caminho até a minha casa é tranquilo, e os únicos sons no carro vem do
rádio onde está tocando a música “Kiss me” do Ed Sheeran, o Max que está
cantarolando baixinho enquanto eu fico em silêncio, chocada com o quão
bem ele canta. A música termina quando estamos
Estacionando na minha garagem, depois de desligar o rádio, a gente sai e de
mãos dadas entramos em casa.
— Estou pronta para cair na cama e dormir até semana que vem. —
Reclamo.
Juntos caminhamos até o meu quarto, chegando lá, tiro a minha roupa
enquanto o Max tira a dele e em seguida remove a prótese, depois disso, nos
jogamos na cama e dormimos abraçados.
***
A pergunta que não quer calar é, quanto tempo vai levar até que eles
percebam que tem uma bomba na casa da Caroline e outra na da Ana? Qual
das duas vai ser a infeliz de estar dentro dela no momento em que a casa ir
pelos ares?
Capítulo 16
Max
Acordo com o barulho de uma explosão muito perto da casa da Caroline e
imediatamente minha irmã vem a mente. Ana está morando há uns dois
quilômetros daqui e a sensação que se instala no meu estômago é horrível.
— Que barulho foi esse? — Caroline pergunta do meu lado da cama.
Ela está com os olhos meio fechados de sono. Por mais que eu queria ficar e
me perder nela, preciso ligar pra minha irmã e me tranquilizar de que ela está
bem.
— Foi uma explosão, e eu acho que pode ter vindo da casa da minha irmã.
— Digo, assistindo o medo tomar conta dos olhos dela.
Caroline salta da cama e começa a se vestir, enquanto eu coloco a minha
prótese e a minha calça que estava em cima da cadeira. Nesse meio tempo,
ela já está toda vestida e com o celular na mão.
— Não atende. — Diz. — Sua irmã não está atendendo.
Ana teria atendido a Caroline, não tem nada nesse mundo que mantenha
minha irmã longe do celular dela. É como se a vida dela estivesse toda ali, e
ela sempre está atendendo ligações de todos os cantos do mundo.
— Vamos até lá.
Carolina me segue até a porta da frente, o cabelo dela está uma bagunça a
qual ela tenta conter amarrando. Pego a chave do meu carro que está na mesa
ao lado da porta e juntos saímos, nós mal colocamos os pés na calçada
quando o caminhão do corpo de bombeiros passa correndo e em seguida uma
ambulância.
Que não seja minha irmã!
Não sei quantas vezes repito isso na minha cabeça, acho que o suficiente
para pensar que eu enlouqueci.
— Não pode ser ela. — Caroline diz, enquanto verifico o meu carro.
Ver se os nossos carros têm uma bomba ou não se tornou uma rotina para
mim, só ontem eu vi umas três vezes e isso não parece ser uma coisa que vá
mudar em breve.
Estou quase terminando quando Caroline corre para o meu lado e
praticamente se joga em cima de mim, logo em seguida o meu carro é
alvejado com tiros por um carro preto, que passa lentamente pela rua.
As placas do carro estão cobertas, mas não é isso o que está me
preocupando, e sim o sangue escorrendo pela camiseta dela.
— Você levou um tiro. — Digo.
— Isso não importa, não agora. — Ela está com dor. — Precisamos chegar
na Ana e ver se ela está bem.
— A gente precisa cuidar de você primeiro.
Caroline levanta de cima de mim e estende a mão pra me ajudar, claro que
eu não aceito e ainda olho de cara feia pra ela.
— O que?
— Gosto quando você fica mandão. — Ela pisca pra mim e então me ajuda
a verificar os pneus do carro. — Aqui, estão todos em ordem.
— Aqui também. — Respondo.
O caminho até a casa da Ana está trancado, todos os vizinhos estão fora de
suas casas olhando na direção do que devia ser a casa da minha irmã, mas
que em seu lugar resta apenas ruínas. Paro
Com o carro perto da entrada onde os bombeiros estão e saio, dando a volta
no carro e ajudando a Caroline a sair, ela segura a minha mão com força
enquanto nos aproximamos.
Assim que chego na barreira de proteção avisto os meus pais, eles estão ao
lado do James, o fogo já foi controlado, e homens carregando uma maca
entram.
— Ela está bem. — Caroline diz, tentando soar firme. — Ela tem que estar
bem.
Ele sente muito pela casa da minha irmã ou por eu ter pedido a minha irmã?
Na medida em que Caroline se aproxima, eu sei que não posso deixar que
ela faça isso sozinha. Não é justo jogar o peso dessa situação nela, não quanto
todos aqui sabem quem está dentro daquele saco.
— Vamos fazer isso juntos. — Digo.
— Pegando o colar da minha filha. — A frase dita pela minha mãe pode ser
interpretada de duas formas, mas ninguém aqui quer começar uma discussão
com ela. — Também vou falar com os vizinhos, eles devem ter visto alguma
coisa.
— Esse é um bairro calmo, as pessoas não ficam cuidando da vida dos
outros. — Um dos bombeiros fala e ganha um olhar maldoso da minha mãe.
— Acho que estamos falando de bairros diferentes então, pois no pouco
tempo que estou aqui vi dois vizinhos dentro de suas casas nos observando
com binóculos. — Minha mãe fala e se afasta.
É quando ela levanta a cabeça que a visão do meu carro chega nela e ela
para no lugar, em seguida se vira para mim com uma sobrancelha arcada,
Alexa quer respostas e as únicas pessoas que tem elas são Caroline e eu.
— Explica.
Caroline se encolhe com o tom da minha mãe, mas como eu não digo nada
ela decide começar a falar.
— Quando Max e eu estávamos saindo de casa, um carro preto passou e
atirou contra a gente. — Explica. — O meu pensamento é que, talvez eles
tenham passado para garantir que Max eu estivéssemos mortos e como a
minha casa não explodiu, eles tentaram fazer o serviço por eles mesmos.
— Isso é bom, talvez a gente consiga rastrear as balas e quem sabe
encontrar uma pista de quem está por trás de tudo. — Minha mãe sorri e eu
me sinto estranho.
— Não sei o que dizer quando você está agindo assim. — Admito para a
minha mãe, meu pai e meu irmão se encolhem.
— Você não precisa dizer nada, apenas aceite que eu sou mais esperta que
vocês. — Fala. — Agora se me dão licença, eu vou ver se consigo descobrir
alguma coisa com os seus vizinhos, depois quero ir na sua casa Caroline, e
recolher as balas.
— Claro, tem uma chave reserva no meio das plantas. — Caroline diz,
vendo a minha mãe se afastar e o meu pai correr atrás dela.
A minha mãe estar em negação, é uma coisa muito ruim que e nós não
queremos ter que lidar com isso. Eu nunca a vi assim, sendo sincero a minha
mãe parece uma psicopata.
— Uma hora a ficha dela vai cair. — Mason o xerife diz, me assustando.
— A negação é comum em casos como esse.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto.
— Sim, ela não precisa ver essas coisas, não antes do velório. — Ele diz.
— Também tenho notícias sobre a bomba no seu carro.
— Pode falar. — Caroline pede segurando a minha mão com força.
Mason me encara por um momento, como se ele tivesse com medo de falar
perto de mim.
— Como?
— Os técnicos conseguiram encontrar uma digital parcial e tudo aponta pra
você, estou segurando o máximo que posso a ordem de prisão, mas não sei se
vou conseguir por muito tempo. — Ele parece se sentir culpado por isso. —
A promotoria está doida atrás de um culpado, a imprensa está na cidade, eles
querem que isso seja um exemplo.
— Não fui eu! — Declaro.
— É claro que não foi ele, o Max nunca faria uma coisa dessas. —
Caroline vem em minha defesa.
— Acha que eu não sei? Eles só querem alguém pra jogar a culpa. —
Mason explica.
— Vou ignorar isso, não sou seu inimigo. — Mason faz um sinal para os
outros policiais se afastarem. — Estou te contando isso pra que você consiga
sumir por um tempo, até que eu consiga provar a sua inocência.
— Eu não vou correr, vou ficar aqui e vou provar que sou inocente. —
Rosno.
— Eles acham que o Max colocaria uma bomba no meu carro? Ele está
vivendo comigo! — Carolina grita. — E as imagens das câmeras?
— Ainda nada, elas foram adulteradas.
— Pode ser que tenha uma bomba na minha casa. — Caroline diz. — O
clube pode…
— Ana é a minha melhor amiga, ela é como se fosse a minha irmã e ela
estaria bem comigo cuidando disso, o que ela não ia querer é que você fosse
pra cadeia.
— Um dos prospectos estará com você. — Falo. — Não quero que fique
sozinha. — E também temos que avisar o Zack, ele gostava dela.
— Não se preocupe com isso, eu vou ligar para ele. — Diz. — Posso até
passar na casa dele e pedir que ele me acompanhe.
Zack é treinado, vindo da família que ele tem é meio que uma necessidade.
E se a Caroline for ficar perto de alguém, vou me sentir mais seguro que esse
alguém seja ele.
— Tudo bem, fique ao lado dele e se ele disse que não pode ficar por perto,
me ligue. — Mando.
Faço sinal para um dos prospectos que está nos companhando de longe, e
ele se aproxima.
— Você vai cuidar dela hoje, se alguma coisa acontecer com a Caroline, eu
vou atrás de você. — Aviso. — Não faça merda.
— Não vou fazer!
— Vamos ver depois que essa merda acabar. — É tudo o que eu falo. —
Vamos entrar na casa?
— Não, pode ser que tenha queimado ou a pessoa que plantou a bomba o
levou.
— Se ela levou, então a gente pode tentar rastrear. — Penso em voz alta.
Ana pode estar morta, mas em breve quem a matou estará também.
Capítulo 18
Caroline
Antes de ir para a casa do Zack, fui para o necrotério, pra onde o corpo foi
levado. Todos lá sabem quem eu sou e que sou amiga da família da Ana,
então não tive muita dificuldade em entrar na sala e falar com o responsável
pela autópsia.
— Vocês já colheram o material da família para ver se o DNA bate? —
Pergunto para o homem de meia idade.
— Não, eles tem tudo no banco de dados. — Explica e eu travo.
— Pode ir, eu vou esperar o senhor voltar para saber o resultado, até lá vou
ficar com o corpo da minha amiga. — Uma lágrima escorre dos meus olhos e
ele me dá um tapinha no ombro.
— Fique à vontade. — Diz e sai, fechando a porta atrás dele.
Espero alguns minutos e quando tenho certeza que ele não vai voltar, pulo
da cadeira e tranco a porta. Está na hora das coisas começarem a dar certo pra
mim. Com a porta trancada ando até o computador e abro o e-mail com o
resultado, parece que alguém aqui “errou” no teste. Então tudo o que eu faço
é arrumar o resultado, em seguida apago todos os meus vestígios do sistema,
e corro destrancar a porta.
Bem a tempo!
— Sim, eu ia pegar um copo d’água, mas já que o senhor está aqui vou
pegar o teste primeiro. — Respondo.
— Quer saber o resultado? — Ele franze a testa.
— Não, todos já sabemos o que está escrito ai. — Choro. — Vou levar para
a família, apenas.
— Sua amiga me procurou depois do incidente na sua casa, ela queria que
eu ficasse na linha. — Sorri. — Garota divertida.
— Ana também me avisou sobre você, ela disse que você não era uma boa
notícia.
— E aqui estamos nós, reunidos e falando dela. É uma pena que os mortos
não falam. — Ri.
— Por que, eles teriam uma nova história para me contar? — Peço.
— Não estou, já liguei para a funerária e eles vão vir buscar o corpo. —
Falo. — Eles o levarão para a cede do clube.
— E agora onde você vai? — Pergunta. — Max me disse pra ficar ao seu
lado o dia inteiro.
— O Max te mandou cuidar de mim, mas ele também disse que eu estaria
em segurança com o Zack, que é com quem eu vou sentar. — Corto. — E eu
não quero que você fique perto quando eu contar para ele que a minha melhor
amiga, a mulher que ele ama, está morta.
— Vou estar do lado de fora. — É tudo o que ele diz e eu decido ignorar.
— Por nada quero dizer que ninguém vai descobrir o que a Ana descobriu.
— Digo.
— Essa é outra coisa que eu quero falar com você, quem foi que colocou
as digitais do Max na bomba do carro?
Isso está totalmente fora do roteiro que eu recebi essa manhã, quando eu
acordei e estava tentando falar com a Ana, o meu celular tinha uma
mensagem de um número desconhecido. Ela tinha o roteiro do plano e
instruções pra que eu apagasse a mensagem assim que tivesse decorado todas
as partes.
Claro que eu não precisei de muito tempo para ler e entender tudo, mas
culpar o Max não estava no roteiro.
— Efeito colateral? — Pede.
— Mentiroso! — Acuso.
— Tem razão, estamos trabalhando nisso, mas isso diminui a nossa lista. —
Ele me lembra. — Até a gente descobrir, sua função é mantê-lo longe de
tudo.
— Ele descobriu que a irmã morreu, o que você quer que eu faça?
— O meu irmão é o próximo na linha de ataque, foi por isso que colocaram
uma bomba na sua casa e quando não conseguiram matar vocês, tentaram
metralhar. — Diz. — Por isso a gente precisa que ele saia da cidade, não
queremos ele exposto.
— Você já sabia da bomba? — Isso é uma loucura.
— E comi as sobras da sua geladeira, aliás, ótimo aquele café inglês que
você tem. — Ana pisca pra mim e eu ando até ela e a abraço.
— Sua mãe não acredita que você está morta. — Conto.
— E ela te ama, e vai entender o que você está fazendo. — Tento acalmá-
la. — Se algo me diz, é que você aprendeu tudo isso com ela.
— Tem razão. — Sorri e limpa as lágrimas do rosto.
Pego o envelope com o teste de DNA realizado pelo necrotério e mostro pra
ela.
— Obrigada.
— O falso noivo que os meus pais arrumaram. No dia que ele saiu da
minha casa eu achei que podia ter sido dele, ainda mais depois do que você
disse.
— Eu falei que ele não era boa notícia, não que era um maluco homicida!
— Ana grita e Zack ri.
— Mesmo não sendo eu dentro daquele caixão, quero que tudo seja
perfeito no meu falso enterro e eu também quero uma aparição dramática. —
Declara.
— Por falar em dramática, não acha que isso é um pouco demais? Fingir
que morreu por apenas algumas horas, não estou entendo o seu plano. —
Digo.
— Se um dos membros do clube está por trás disso, já imaginou a cara que
ele vai fazer quando eu entrar lá me fazendo de sonsa? Isso vai expor ele!
O plano da Ana faz sentido? Nenhum!
Mas, se tudo der certo e for mesmo um membro do clube esse membro vai
se revelar ou tentar fingir que nada aconteceu. No entanto, eu duvido que isso
vá acontecer. Todos os membros do clube são leias, nenhum deles tentaria
ferir a Ana e todos conhecem a fama que a Alexa tem junto com Tayler.
— Resumindo, você está dando um tiro no escuro, e é claro que vai
surpreender as pessoas. Todos acham que você está morta! — Afirmo.
— Se for isso o que acontece, nós podemos focar nos inimigos fora do
clube. — Ana dá de ombros.
— Tanto faz, estou indo embora e eu vou deixar todos reunidos para a sua
aparição no clube. — Digo, Ana sorri.
— Vou com você, assim esses dois podem discutir sem ninguém tendo que
ouvi-los. — Helena pega o meu braço e me leva para a porta da frente.
— Qualquer atualização te envio uma mensagem. — Ana grita.
— Ok. — Respondo.
Esse funeral vai ser um show e tanto, só quero ver a Alexa gritando para o
Max e os outros que ela avisou. Sem contar que os meninos devem ter ficado
pra ver se sobrou alguma pista de quem está por trás disso, quando a minha
amiga aparecer, vai ter que explicar todo o plano maluco.
***
Max vai reagir bem, pelo menos eu espero que sim. Ele estará feliz em
descobrir que a irmã está viva e eu acredito que todos vão ficar mais
tranquilos quando a Ana contar a lógica maluca dela e todos souberem que
não tem um traidor no clube.
— Mason parece gostar de você. — Comento e ela dá de ombros.
Mando uma mensagem pra ela, que responde com um emoji de carinha
feliz.
— Bom. — É tudo o que o Zack diz, então ele aponta para a porta do lado
onde a Ana está parada olhando para as pessoas, mas ninguém a vê.
As pessoas se sentam nas cadeiras de frente para o caixão e Alexa sobe para
começar a homenagem, é nesse momento que a Ana decide aparecer e para
ao lado da mãe. As pessoas ficam chocadas com ela ali.
— O que está acontecendo aqui? — Ana pergunta e eu reviro os olhos, tão
boa atriz. Alexa vira para trás e sorri para ela, em seguida anda até a filha e a
abraça.
— Eu disse a todos que você estava viva, ninguém acreditou em mim, —
Alexa diz.
— Não fique assim mãe, agora todos sabem que eu sou a filha favorita e eu
vou explicar tudo. — Ana responde.
Max vira pra mim e franze a testa, em seguida ele cruza os braços contra o
peito e diz;
— Parece que a minha irmã não é a única a ter que explicar as coisas por
aqui. — Max me encara.
— Eu vou explicar, mas antes quero saber como o Zack e ela chegaram
aqui tão rápido, e mais importante, por que eles me deixaram vir com a
Helena? Ela é um perigo no volante!
Capítulo 20
Caroline
Max ignora todas as minhas queixas sobre a direção perigosa da Helena, e
me encara esperando que eu responda como sabia sobre a irmã dele estar
viva, mas não sei como contar tudo o que aconteceu nas últimas horas.
Deus, a Ana não esperou muito pra ressuscitar, ele não pode ficar exigindo
respostas de mim.
— A Ana vai explicar, e outra foram apenas algumas horas. — Digo, porém
ele me olha estranho e não diz nada.
Ana e Alexa estão se abraçando e chorando, ambas muito emocionadas com
tudo o que aconteceu e pelo susto que passaram com a bomba. Tayler no
entanto, está sério e com os braços cruzados esperando respostas da filha.
— Agora que vocês duas já se abraçaram e todos aqui já sabem que você
está bem, estamos esperando por respostas. — Tayler cruza os braços e
encara Ana.
Ana e Alexa se afastam, elas se viram de forma que possam encarar a todos
nós, então Ana sorri e começa a contar seu plano maluco.
— Poucas pessoas sabem, mas eu coloquei alguns sensores na minha casa.
Foi ideia do Zack e no começo eu achei besta, porém, depois de tudo o que
aconteceu com o Dylan eu concordei. Enquanto a gente estava a mil por hora
ontem, os sensores dispararam e eu fiquei um tanto curiosa com quem estaria
na minha casa. — Ana analisa suas unhas por um instante e em seguida volta
a falar. — Sabendo que alguém tinha invadido a minha casa, comecei a
procurar por alguma coisa estranha e acabei encontrando uma bomba na
minha cozinha, mas não foi só isso o que encontrei.
— A mulher na sua casa era uma invasora?
— Sim, e também era uma das putas do clube há algum tempo. — Explica.
— Isso foi o que me deixou mais curiosa, e então eu criei um plano.
— A mulher já estava morta? — Pergunto, sem conseguir me conter.
Max me encara, ele acha que eu sei de tudo o que aconteceu. Quando na
verdade, eu sei apenas o que a Ana me contou na mensagem de texto que me
mandou e o que ela me contou na cabana, o que não é muito.
— Não, ela percebeu que eu sabia sobre a bomba e me atacou. Uma
drogada que não sabia de nada lutando contra alguém treinada e lucida. —
Ri. — Ainda assim, eu não a matei, achei que nada mais justo que ela
morresse no meu lugar. E como essa mulher fez parte do clube uma vez…
— Você achou que alguém do clube estava por trás de tudo. — Tayler olha
para os irmãos do clube, todos estão um tanto chateados com a linha de
raciocínio da Ana.
— Sim, então reuni forças com as poucas pessoas que eu confiava e que
não estariam ligadas ao clube e começamos a juntar as peças. — Diz. —
Também desarmamos a bomba na casa da Caroline, assim ninguém mais
correria perigo. A gente só não sabia que eles atacariam meu irmão e ela.
— Quem estava te ajudando nisso tudo? — Max está praticamente
rosnando essa pergunta.
— Essa,é mais uma das coisas que a gente tem que ficar de olho. — Dá de
ombros. — Agora que sei que posso contar com todos aqui, vamos focar nas
coisas certas. As fitas de segurança que foram adulteradas, a Helena já está
trabalhando nelas, e no rastro que a puta deixou.
As respostas que a Ana deu deixaram todos satisfeitos, mesmo que o plano
não tenha feito nenhum sentido, pelo menos ela tirou essa merda da cabeça.
Também não posso deixar de ficar chateada por ela não ter me contado quem
era a mulher.
— Esse dia está uma loucura. —Falo. — Você está mais tranquilo?
Max me encara com raiva, a forma como seus punhos estão fechados e as
veias do braço dele saltadas, me diz o quão bravo ele está com toda essa
situação.
— Durante horas eu pensei que a minha irmã estava morta. Você me
consolou, me disse que tudo ia ficar bem e tudo isso enquanto ria pelas
minhas costas. — Acusa.
Não vou mentir, essa merda dói e dói muito, mesmo comigo estando
esperando por algo assim.
— Você sabe que eu não fiz isso! — Me defendo. — A sua irmã é a minha
melhor amiga e me pediu que eu ficasse em silêncio, eu devia isso a ela.
— Você devia essa merda pra mim que era seu namorado. — Não sei se ele
percebeu que se referiu a mim como namorado no passado, acho que mentir
pra ele mesmo que por pouco tempo acabou saindo caro.
— A Ana me pediu, o que você faria se ela tivesse te pedido isso, sabendo
que a vida de todos a sua voltava estava correndo perigo? — Ele desvia o
olhar. — É foi o que eu pensei, é fácil ficar bravo quando a corda está do
outro lado.
Me afasto dele, preciso respirar e refrescar a minha cabeça. Estar ao lado do
Max e com toda essa carga emocional que está vindo de dentro desse salão é
muita coisa.
— Onde você vai? — Ele grita atrás de mim, soando um tanto arrependido.
— Não estou pedindo a sua permissão, se você não me deixar sair eu vou
chamar a polícia. — Ameaço.
— O Max não vai gostar.
— Ele não precisa gostar. Pode ser uma surpresa pra um idiota como você,
mas nós mulheres não fomos feitas para agradar aos homens. — Coloco meus
braços na minha cintura e me mantenho firme.
Sorte a minha que o imbecil facilita pra mim e abre o portão.
Saio na rua e começo a andar sem destino, quando dou por mim estou em
frente ao restaurante onde a Rachel trabalha. Ela está parada do lado de fora,
um cigarro na mão e o telefone na
Orelha. Está visivelmente discutindo com alguém, ela gesticula e anda de
um lado para o outro, nervosa.
Se o que a Ana disse sobre a ex puta do clube é verdade e ela era uma
drogada, Rachel pode conhecê-la, e essa é a minha chance de tentar conseguir
alguma coisa.
— Rachel? — Chamo, me aproximando dela depois que ela desligou o
telefone.
Eu sei que sair sozinha foi uma jogada idiota, mas essa oportunidade de
ficar cara a cara com o nosso inimigo, é uma chance única, posso tentar
aprender alguma coisa e deixar alguma pista para os outros.
Quando fui conversar com a Rachel o pensamento de algo poderia
acontecer a qualquer momento sempre esteve comigo, mas eu não podia ficar
sentada e esperar que a Ana cuidasse de tudo. Ainda mais, sabendo que o
próximo a ser atacado é o Max.
— Matar você? — Ri, e é quando eu percebo que ele está usando alguma
coisa pra mudar a voz, e se ele precisa de um aparelho desse tipo, é sinal de
que o conheço. — A minha intenção é que você e seus amigos saibam quem
está no comando de tudo isso, te matar é a última coisa na minha lista.
Interessante, por que ele não quer me matar agora?
— Sabe como foi frustrante pra mim ficar de lado por todo esse tempo? —
Pergunta, a raiva mal contida em sua voz. — Vocês acham que podem brincar
com as pessoas e que isso não tem nenhuma consequência, no entanto, existe,
e está na hora de mostrar isso.
— Foi por isso que colocou uma bomba na minha casa e mandou que
atirassem em mim? — Não sei de onde estou tirando forças para fazer
perguntas, se esse cara me matar, não vou poder ajudar o Max e a família dele
em nada.
— A bomba era uma pequena surpresa, um detalhe que poderia ou não
explodir, foi a chance que dei para vocês de sairem de tudo isso.
— Vocês?
— Ana e você, por mais que te matar não estivesse no topo da minha lista,
eu precisava dar essa chance.
— A sua forma de nos deixar fugir dessa história era nos explodindo? E
quanto ao Max e Dylan?
— Vão! Nós dois sabemos disso, você está se divertindo enquanto pode.
Não sei de onde ele tirou um chicote, tudo o que eu sei é que ele rasga a
minha camiseta com raiva e me vira de lado na mesa, é quando ele começa a
me bater nas costas. A dor é insuportável, sinto o couro rasgando a pele das
minhas costas uma e outra vez.
A forma como ele ri enquanto me bate é tão horrível, esse homem não tem
nenhuma emoção, ele se diverte com a dor que inflige aos outros e eu vejo
que isso vai ser um problema para o clube.
— Sabe o que mais me diverte em tudo isso? — Pergunta e quando o
ignoro, ele me bate de novo.
— O que? — Murmuro.
— O que mais me diverte é pensar em como isso tudo vai afetar o Max, ver
como ele falhou em te proteger.
— Ele não falhou! — Garanto.
— Mesmo? Não é isso o que ele vai pensar cada vez que ver as cicatrizes
nas suas costas? Ele vai pensar que são as minhas marcas espalhadas pelo seu
corpo.
— Ele não vai se culpar e sabe o por quê? — Peço. — Porquê cada vez que
ele começar a se culpar eu vou mostrar a ele o quanto o amo e como isso tudo
não passou de um pesadelo.
— Então vai se lembrar de mim, vai contar a todos sobre nossos momentos
juntos?
— Não! Você não vai passar de uma mera lembrança que jamais vai ser
mencionada.
Essas são as últimas palavras que ele diz, antes de jogar um líquido nas
minhas costas feridas, a dor da queimação me tem gritando muito alto.
Ironicamente são os meus gritos de dor que acabam salvando a minha vida,
alguém deve ter o escutado, e alertado a polícia, pois ao fundo consigo ouvir
o barulho de várias sirenes.
— Nós vamos nos ver de novo muito em breve.
Capítulo 22
Max
Desde o momento que a Caroline saiu pra tomar um ar eu tenho me sentido
um tanto estranho, talvez seja a forma como eu a tratei.
— Você foi um babaca com ela, sabe que a minha amiga não entrou nessa
porquê quis e sim porquê eu a obriguei. — Ana me dá um tapa na cabeça. —
Ela fez isso pra te proteger, idiota.
— Ela mentiu e chorou na minha cara. — Falo e mesmo eu sei que a minha
raiva é por não ter feito parte do plano e não com a Caroline.
— Sugiro que você vá atrás dela e peça desculpas, ou se esqueceu que
estão começando agora e que ela pode te dar um pé na bunda e sair da
cidade? É a chance dela de se livrar de você e desse maluco.
Não digo nada quando me afasto da minha irmã e vou atrás da Caroline,
assim que saio para o estacionamento do clube e não vejo sinal dela percebo
que tem algo errado. Corro para o portão da frente e vejo um prospecto lá,
faço sinal pra ele, que me olha nervoso.
— Você viu a Caroline? — Pergunto.
— Pelo portão, ela disse que ia chamar a polícia se eu não deixasse ela sair.
— Explica.
— Se qualquer mulher do clube que esteja puta da cara, te ameaça com a
polícia você pega a porra do telefone e me liga. Você não deixa ela sair, não
quando um maluco fodido quer matar a todos. — Rosno.
— Desculpe. — O desgraçado está se encolhendo de medo.
— Desculpe? Não. Comece a rezar pra que ela esteja bem, se não dê adeus
a sua chance de entrar no clube.
Pego meu telefone e mando uma mensagem pro meu pai. Se a Caroline está
sozinha pela cidade é melhor procurar por ela junto com os outros, não
preciso ficar me preocupando com a segurança de mais ninguém.
Porra Caroline, por que você saiu sem um segurança?
— Para onde ela iria depois que saiu daqui? — Meu pai é o primeiro a se
aproximar de mim.
— Não sei, talvez ela tenha ido para casa. — Penso.
— Não, ela não é o tipo que fica com raiva e foge sem ter um motivo. —
Ana responde. — Ela deve ter ido tentar descobrir alguma coisa, depois de
tudo o que eu falei a escolha certa seria a mulher que estava na minha casa.
— E como você não sabia o endereço dela, Caroline deve ter ido falar com
alguém que tem os mesmos hábitos que essa mulher. — Murmuro,
imediatamente eu já sei onde ela foi.
— Sabe onde ela está? — Minha mãe aparece preocupada.
— Ela foi falar com a Rachel. — Corro para o meu carro e sou seguido
pelo meu irmão.
O meu pedido é o suficiente para que ela pare o que está fazendo e me olhe,
um sorriso aparecendo no rosto dela.
— Você é a segunda pessoa que me procura hoje com essa coisa de precisar
de mim, parece que as coisas estão mudando por aqui.
— Caroline esteve aqui? — Pergunto.
— E pra aonde ela foi? — Dean vendo que estou me segurando por pouco,
pergunta.
— Ela deve ter ido ao parque de trailer, tanto que até pegou um uber.
— Vou avisar aos nossos pais, eles podem ir pra lá. — Dean se afasta e
manda uma mensagem para nossos pais.
— O que está acontecendo? — Rachel pergunta.
— O pai e a mãe já foram lá, eles mostraram uma foto dela e disseram que
ninguém a viu por lá.
— Vamos passar na casa dela, quem sabe a gente não consegue alguma
coisa por lá. — Dean liga o carro e dirige para a casa dela.
No fim das contas o que era para ser uma pequena excursão de busca pela
Caroline se torna em algo muito maior. Conforme as horas vão se passando e
não temos nenhuma notícia dela o aperto no meu peito cresce.
Em casa não tem nenhum sinal, está tudo exatamente como nós deixamos
esta manhã, então saímos pra continuar a busca, ficar aqui não vai ajudar em
nada.
— Ela estará bem! — Dean diz enquanto saímos da casa dela.
— Não tenho tanta certeza disso, não quando as horas estão se passando e
a gente sabe que tem um maluco por ai. — Entro no banco do carona na
caminhonete do meu irmão e fico esperando ele entrar.
— A Carol sabe como se virar, ela não é boba.
— Acontece que ela estava com raiva de mim, ela saiu do clube porquê eu
briguei com ela. — Admitir isso em voz alta me irrita, se alguma coisa
acontecer com ela eu vou me culpar.
— Não, ela saiu do clube porquê na certa foi investigar alguma coisa. Não
fique se culpando assim.
Estou prestes a responder a ele, quando o rádio que Mason nos entregou
apita e em seguida a voz do outro lado da linha convoca todas as viaturas da
área para verificar as várias denúncias de gritos que estão vindo de uma
construção, no momento em que escutamos o endereço Dean vira o carro e
vai para o lugar.
Os gritos estão vindo da nossa obra, o hospital comunitário que a minha
mãe está construindo com a ajuda de alguns amigos dela.
— Ele não teria feito isso. — Dean diz em voz baixa.
— Sim. — Tento forçar a minha passagem, mas ele me segura. — Ela está
muito machucada.
— Ele…
— Estava escondido na calça dela, ele está com o gravador ligado, acho
que pode ter alguma pista de quem fez isso com ela. — Ele entrega o celular
pro Mason, que espera ele se afastar.
— Assim que eu tiver o que está aqui, sua prima vai te enviar. — Garante.
— Nós vamos pegar esse cara juntos.
— Vou ficar esperando. — É tudo o que eu digo.
A maca com a Caroline passa por mim, seu corpo está coberto, deixando
apenas seu rosto amostra e a simples visão do quão ferida ela está me deixa
com o estômago embrulhado. Eu vou matar esse filho da puta com as minhas
próprias mãos.
— Eu vou com ela. — Digo para os paramédicos e entro na traseira do
caminhão de resgate. Dean vem até a porta e diz;
— Vamos te encontrar no hospital.
Aceno com a cabeça, reconhecendo que ouvi o que ele disse, e volto a
minha atenção para Caroline, que está desacordada.
— Por que vocês estão mantendo ela deitada de lado? — Pergunto.
— As costas dela estão em carne viva. — Explica um dos homens, ele pega
o lençol e me mostra.
As costas da Caroline estão rasgadas, é como se ele…
Que toda essa noite maldita fique no passado e que ela acorde e ainda seja a
minha garota.
Capítulo 23
Caroline
Acordo em uma sala branca, a luz fere um pouco os meus olhos, e quando
tento me mover sinto fios presos aos meus braços. A primeira coisa que eu
penso é que ainda estou presa com aquele maluco. Mas então sinto uma mão
segurando a minha e me inclino um pouco para ver o Max sentado na cadeira
ao lado da minha cama, a cabeça apoiada na cama, enquanto ele segura a
minha mão e dorme.
É quando o medo que eu estava sentindo se vai e dá ugar ao alívio de estar
com ele, saber que estamos bem.
Sinto as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto, devo ter feito
algum som, pois Max acaba acordando e pula da cadeira para ficar ao meu
lado, acariciando o meu rosto.
— Tudo bem, você está em segurança. — Chora. — Eu nunca mais vou
deixar ele chegar perto de você, por favor me perdoa pela forma como eu
agi…
— Max, eu não te culpo pelo que aconteceu eu jamais faria isso com você.
— Garanto. — Ter saído foi a minha escolha, eu queria ajudar vocês e…
— E ajudou, a sua gravação está com o Mason e com a Helena. — Ele fala
e eu respiro aliviada.
— Você diz isso agora, quero ver quando os remédios passarem e a dor nas
suas costas voltar. — Ele fecha os punhos com raiva.
— Quando elas voltarem eu vou pensar em como sentir dor é bom, é um
sinal de que eu estou viva. — Sorrio.
Ser atacada foi uma merda, mas toda a dor que eu sofri mostra que sou forte
e posso aguentar qualquer coisa. Também mostra que eu estou viva e que
consegui passar por tudo o que jogaram em mim.
— Por pouco. — Max está de mau humor, o que é engraçado já que ele
está bem e eu sou a pessoa que tem um braço quebrado, a cara inchada e
estou com as costas fodida.
— Sabe, foi a minha dor que me fez gritar como uma maluca e foi isso o
que me salvou. — Conto. — Então por favor, não fique assim pelo que
aconteceu comigo, fique feliz pelo que não aconteceu.
— Eu ficaria mais feliz se você não tivesse saído do clube. — Resmunga.
— Olha como o seu rosto está, seu braço, suas costas!
— Max as coisas acontecem como tem que acontecer, agora aonde eu
estava quando vocês me encontraram?
A minha pergunta o deixa mais irritado.
Dói em mim ver a dor estampada em seus olhos, o medo de que eu estivesse
morta é o que está o deixando todo resmungão.
— Max, esse cara contratou alguém pra se passar por Uber, não acho que
tenha algo que ele não consiga fazer.
— Uber? — Pede.
— Logo depois que você sumiu a gente se dividiu e foi te procurar, Ana
me disse que você tentaria encontrar mais informações e como a única
drogada que conhecemos na cidade é ela…
— Faz bastante sentido. — Sorrio.
E então escuto uma batida na porta em seguida ela se abre e abre e vejo
Mason junto com os pais do Tayler e a Ana.
— Você conseguiu ver a cara dele? — Mason pergunta, assim que entra no
quarto.
— Não, ele estava usando uma máscara que não deixava ver nada. — Falo,
cortando ele. — Ele também estava usando alguma coisa pra mudar a voz.
— Isso significa que ele tem medo a gente o reconheça. — Ana diz com
determinação.
— Talvez agora que estamos todos aqui Caroline possa nos contar
exatamente o que aconteceu, Mason também precisa de uma declaração. —
Tayler oferece.
— Não acho que é uma boa hora, ela está com dor.
— Filho, ela vai ter que falar e ao que me parece a Caroline não está se
sentindo tão mal quanto parece. — Tayler se encolhe um pouco quando olha
para o meu rosto.
Sorte dele que não viu as minhas costas.
— Seu pai tem razão, e se eu for sincera é o seu mau humor que está me
mantendo em silêncio.
— Admito e vejo ele franzir a testa e em seguida me olhar bravo. — Não
me olhe assim, sei que você está com raiva e o seu comportamento mostra o
quanto é controlado, porém eu preciso que você me apoie.
— Você não precisa que eu te apoie, está toda fodida e por ser uma
estúpida. — Max se levanta e sai do quarto batendo a porta atrás dele.
Não estou chateada com a reação dele, eu sei o quão preocupado ele está
comigo e com medo de que essas cicatrizes e do que aconteceu comigo nos
afastem. Max está se culpando por algo que não é culpa dele.
— Ele está…
— Em altas doses ele pode te fazer apagar, mas ele deve ter modificado
alguma coisa nele, eu não fiquei anestesiada e sim apaguei, eu sentia tudo. —
Admito, estranhando o efeito.
— Talvez não fosse…
— Era, eu sou médica conheço o cheiro e o gosto que ele deixa na boca. —
Corto Tayler antes que ele possa começar uma nova teoria.
— Até que faz sentido se ele fez alguma mudança nessa merda, ele montou
uma bomba, deve saber mexer com química e tudo mais. — Ana responde.
— Quando eu estava lá ele disse coisas como “estou cansado de ser
deixado de lado ou ignorado por todos vocês”
— Pelo clube?
— Não acho que seja isso, ele falou como se fosse apenas os mais novos,
mas isso o fez ter raiva de todos que estão em nossa volta. — Minha cabeça
está me matando. — Ele disse que as bombas foram a chance que ele nos deu
de morrer sem sofrer o que ele tem planejado.
— Sabe alguma coisa sobre o plano…
— Tudo o que eu sei é o que está no gravador, e outra, essa pessoa deve ter
algum tipo de problema mental. Ele queria que eu sentisse dor, queria me
ferir pra que lembrasse dele e o temesse. — Conto. — Ele achou que as
cicatrizes nas minhas costas me afastariam do Max.
— Mais alguma coisa? — Mason pede.
— Sim, tortura. Esse cara sabe como torturar alguém, não sei se ele já fez
isso antes ou eu fui a primeira, mas ele parecia ter tudo ensaiado, que
conhecia o ambiente e o que ele poderia proporcionar pra ele.
— Bom, eu vou colocar no relatório e ver se conseguimos um perfil. —
Mason acena e sai.
Pouco tempo depois que a porta se fecha atrás deles o Max volta para o
quarto, seus olhos estão vermelhos de chorar, no entanto, não vou comentar
nada sobre isso. Eu entendo muito bem a forma como ele está se sentindo
com tudo o que aconteceu, se a situação fosse invertida eu poderia muito bem
ter tido um ataque e em seguida o matado por ter agido de forma estúpida.
— Suba na cama comigo. — Peço, estendo a minha mão.
— Se tivesse ficado aqui saberia, mas eu vou te dar a resposta mais curta e
direta. — Ofereço. — Eu fiz aquilo por saber que você é o próximo na linha
de ataque desse maluco, eu precisava tentar fazer alguma coisa e quando
acabei frente a frente com essa pessoa, pude ver com os meus próprios olhos
o quão doente ele é. Mas não foi só isso, eu trouxe informações comigo.
Podem não ser muito boas, mas vão ajudar.
— Valeu a pena passar por tudo isso, carregar as marcas dele no seu corpo?
As marcas no meu corpo são o que estão incomodando o Max.
— Sabe o que ele queria quando fez essas marcas em mim? — Pergunto e
ele nega. — Ele queria que cada vez que você ou eu olhasse pra elas, que nós
lembrássemos dele, sabe o que eu disse?
— Que essas marcas seriam pra mim uma lembrança da minha vida, que
eu jamais iria ver elas e lembraria dele. — Falo. — Essas marcas e a dor que
eu estou sentindo são uma lembrança de que estou viva e que tenho você
comigo. Por isso eu preciso que as veja da mesma forma que eu, não
queremos dar esse gosto pra quele lixo humano.
Max me dá um beijo de leve, mesmo com o meu rosto todo machucado e
corpo dolorido, quando ele me dá um simples beijo é como se ele tivesse me
incendiado, meu corpo anseia por ele.
Infelizmente Max está no modo protetor, então ele se afasta.
— Você é a minha vida, não tem nada que eu não faria por você. —
Respondo. — Eu te amo parece muito pouco para o que eu estou sentindo.
— Fato, e o que vamos fazer agora? — Pergunta.
— Sim?
— Você estava longe. — Sorri, posso ver que ela está preocupada comigo.
A pessoa que foi sequestrada, torturada é a mesma pessoa que está sorrindo
e levando essa merda toda numa boa, não só isso, como também é a pessoa
que está tentando me acalmar.
— Eu estava pensando nas coisas que a gente tem que arrumar pra nossa
viagem. — Minto, não querendo que ela se envolva mais nessa história.
— Ok. — Ela não acredita em mim, mais também não diz nada e eu sou
grato por isso. — Você pode me entregar esse espelho que está ali. — Aponta
para a mesinha.
— Claro. — Pego o espelho e entrego para ela.
Prendo a respiração esperando pela reação dela ao ver o quão ferido seu
rosto está. Talvez seja agora que a ficha do que aconteceu com ela caia e que
ela vá perceber a gravidade do que aconteceu e o quão perto chegou de estar
morta.
— Não me olhe assim. — Diz. — Eu sei que estou feia, mas a minha
principal preocupação são os meus dentes, e como eu já sei que eles estão no
lugar deles e estão bem, não vai ter surto.
Não sei se esgano a Caroline por se preocupar com algo tão simples como
os dentes e ignorar as costas dela, ou se dou risada do fato dela ser maluca.
— Você é maluca pra caralho, sabe disso? — Me arrumo na cama ao lado
dela novamente e dou um beijo em sua testa.
— Eu sei, mas você ainda me ama.
— Sim?
— Eu te amo, mas a próxima vez que você falar comigo da forma que
falou na frente da sua família, eu vou enfiar o meu pé na sua bunda e não vai
ser legal. — Fala e eu posso ver que ela realmente quer dizer isso.
— E a próxima vez que você se meter em merda assim e quase me matar
do coração, eu vou te prender na nossa cama. — Prometo e saio do quarto.
Caroline está certa, sempre que eu fico nervoso tenho a tendência de falar
merda e os meus ataques normalmente são com as pessoas que eu amo. Fico
feliz por ela ter me perdoado por ser um idiota, o que ela não sabe é tem
muitos apoiadores na minha família e que o meu irmão e irmã já chutaram a
minha bunda por ela.
O lado positivo?
Isso me mostra que mesmo que um dia eu não esteja aqui para mantê-la
segura, a minha família vai cuidar dela por mim.
— Olá, não sabia que ainda estava aqui. — Um dos paramédicos que
atendeu a Caroline para ao meu lado.
— A minha mulher está internada, e onde ela está eu estou. — Falo, não
dando muita bola.
— Vou entrar e ver como ela está. — Ben entra e eu o sigo, Caroline está
dormindo tranquilamente quando entramos.
— Acho que ela estava com dor e apertou o botão do sedativo. —
Murmuro, enquanto ando até ela e a cubro.
Ben me ignora e lê o prontuário dela, ele faz careta em alguns pontos como
se desaprovasse o que o médico responsável por ela fez. Quando ele fecha o
prontuário estou pensando em trocar de médico e quem sabe ir atrás dele e
socar a cara do filho da puta por não cuidar bem da minha garota.
— O que foi? — Questiono.
— Nada, só não gosto dos remédios que estão administrando nela, são
muito fracos. — Explica.
— Pra ferimentos como os que ela tem nas costas é preciso de algo muito
mais forte e eficaz, não queremos que ela morra por uma infecção.
— Como você sabe que ela tem um ferimento tão grave nas costas? —
Pergunto.
— Ok.
Mais dois dias, dois dias tendo a minha mulher presa nesse lugar onde as
pessoas entram e saem e em um ambiente que não tenho um controle total.
Porém, isso vai ter que mudar, se vamos ficar aqui vou garantir que ela e
Dylan tenham segurança completa.
Eu; Preciso de uma escala de membros que vão ficar no hospital de
guarda, tanto na Caroline como no Dylan.
Mãe; Já cuidei disso, o primeiro prospecto estará ai em algumas horas.
Eu; Obrigada, não vejo a hora dessa merda acabar.
Por mais que eu queira que tudo isso acabe, tenho um sentimento estranho
de que tem muita coisa ainda para acontecer.
Me sento na cadeira ao lado da cama da Caroline e começo a trocar
mensagens com a Helena. Ela foi a pessoa que ficou encarregada de descobrir
se encontra algo nas câmeras e na gravação de voz que a minha garota fez.
Quando minha prima me diz que não tem nenhuma informação nova, deixo o
meu celular de lado e vou até o banheiro.
Depois de aliviar a minha bexiga, lavo as mãos e me encaro no espelho.
Meus olhos estão inchados e vermelhos, um reflexo do meu choro incessável
enquanto Caroline dormia. Eu não queria que ela me visse chorar, ser fraco
nessa hora não é permitido.
Eu fui criado por duas pessoas que lutaram com tudo o que tinham para
manter sua família unida, os meus pais são o símbolo de força e luta, e eu me
recuso a ser diferente deles. Há anos os meus pais lutaram um pelo outro e
pelo clube, está na hora de eu lutar pela Caroline e pelas pessoas que eu amo.
Abro a porta do banheiro e encontro uma enfermeira no quarto, mas não é
ela quem chama a minha atenção e sim o vaso de flores vermelhas que está
na mesa ao lado da cama.
— Quem trouxe essas flores? — Pergunto a mulher toma um susto ao me
ver.
— No meu caminho.
Assim que me aproximo do meu irmão, noto que ele já está conversando
com o chefe de segurança e que já coordenou tudo com diretor do hospital.
As saídas já estão todas fechadas e as identidades estão sendo checadas. Não
que nesse momento essa merda seja de muita ajuda, não sabemos como é o
rosto do filho da puta.
— Tem certeza que quer continuar com isso? — Dean pergunta.
— Não, que eu me lembre apenas o Ben esteve aqui ele estava reclamando
sobre idiotas que não sabem fazer o serviço direito. Ah, e um amigo meu
também veio aqui e saiu para tomar café com a minha mãe e o meu pai, nada
de mais. — Explica. — Você conseguiu ver o rosto do filho da puta?
— Pareço com alguém que viu o rosto dele? — Meu mau humor toma
conta.
— Você parece feio, mas é assim todos os dias, não tenho uma base de
comparação. — Debocha. Dean ri atrás de mim.
— Filho da puta, tem sorte de estar no hospital. — Pego uma das armas
que normalmente carrego e entrego para ele. — Fique esperto, qualquer
pessoa estranha que entre aqui, não pense duas vezes e atire.
— Isso vale pra você? — Zomba.
Ignoro o humor maluco dele e saio do quarto, se Dylan não foi visitado pelo
desgraçado é sinal de que ele está focado apenas na Caroline. Talvez ela seja
a obsessão dele, foi por isso que ele colocou aquela marca nas costas dela, ele
queria que ela pensasse nele da mesma forma que ele pensa nela.
— Vou atrás da dos nossos tios, consegue cuidar de tudo aqui? — Dean
pede.
— Como não?
— Se esse cara está agindo assim é um sinal de que ele já fez essa merda
antes, você consegue falar com outras delegacias do país e ver se descobre
algum caso parecido nos últimos tempos?
— Claro, eu vou ver se encontro algum caso de sequestro…
— Isso é pessoal! Ele não atacou o Dylan porquê o meu primo fazia parte
do clube, ele atacou porquê sabia que era meu primo, da mesma forma que
ele deixou o bilhete no carro do meu tio Alek, mas era pra a minha prima. —
Explico. — A ligação aqui não é o clube e sim a Caroline e eu.
É como se em um momento eu fosse um idiota que está pronto para sair
correndo tentando pegar fumaça com as mãos e no momento seguinte tudo se
encaixasse e começasse a fazer sentido.
Todas as pessoas que foram atacadas são pessoas que estão diariamente
comigo e com ela, eu só não entendo como ele não me atacou ainda, tirando o
tiroteio.
— Se isso é verdade, como ele ainda não chegou até você ainda? — Mason
está curioso. — Ele sabia que você não estava no prédio quando colocou
fogo, ele te mandou um aviso apenas.
Mais uma coisa se encaixa nessa crescente lista de merda, eu já fui atacado
por ele e esse maluco achou que tinha conseguido acabar com a minha vida.
— Ele já me atacou, eu só não percebi isso antes. — Falo. — E agora ele
só está brincando comigo.
— Como assim?
— O meu acidente, o acidente em que eu perdi a minha perna e quase me
matou, foi causado por ele. — Explico. — Não me pergunte como, eu apenas
sei que foi assim.
— Vou dar uma olhada nisso, se for esse o caso, a pessoa que te atropelou
deve ter deixado algum registro. — Mason está me olhando como se eu fosse
um fodido maluco.
Mas pela primeira vez em muito tempo, não me sinto como se fosse um
maluco. É como se um véu tivesse sido retirado dos meus olhos e eu posso
ver tudo com clareza, analisando cada pequeno pedaço dessa situação de
merda.
— Faça isso o mais rápido possível, não é seguro deixar nenhuma
informação de fora, não com essa pessoa solta por ai.
— Mais alguma coisa?
— Sim, Dylan disse que foi visitado por um velho amigo e que ele foi
almoçar com os meus tios, acho bom dar uma olhada nele. — Peço.
— Ok, não vou deixar de fora ninguém que vocês tenham conhecido. —
Mason garante. — Até lá é bom você ficar esperto.
— Já estou, essa merda vai acabar logo. — Garanto.
— Sim, mas ele não vai arriscar perder o emprego sem uma recompensa.
— Diz.
— Não, mais os meus irmãos estão nos devendo. — Dou risada, mas soa
forçado.
— Nós somos a chave, isso pode ter começado há muito tempo. — Digo.
— Ele disse que a gente o menosprezou. — Ela franze a testa. — Será que
isso não foi no tempo de escola?
— Acredito que sim, Mason está procurando por pistas. — Caroline
continua me encarando, esperando que eu dê mais detalhes.
— Tem alguma coisa que você não está me contando. — Comenta.
Se eu for sincero comigo mesmo, não quero comentar com ninguém além
do Mason, sobre as minhas suspeitas com relação ao meu acidente, mas eu
também não quero manter nada da Caroline.
— Como eu disse eu acabei ligando alguns pontos e um deles acredito que
seja mais antigo do que pensei. — Falo.
— Qual? — Pergunta.
— Foi por isso que ele só me atacou, eu era o primeiro alvo, a raiva mal
contida dele.
— Eu acredito que o meu acidente era pra ser uma vingança rápida, ele só
queria garantir que eu ficasse fora do caminho para quando ele estivesse
pronto.
— Pronto pra que?
— Pra você! Falei com Mason pra ele investigar casos de desaparecimento
e assassinatos envolvendo as mesmas características suas e do que ele fez
com você.
— Você acha que ele estava treinando para quando estivesse comigo…
— Psicopatas tem essa coisa com o crime perfeito, eles sempre querem que
a realidade seja igual à fantasia, é por isso que acredito que ele está vindo
atrás de você apenas agora, ele se sente pronto.
— Ou ficou desesperado pela nossa aproximação. — Caroline sussurra a
última parte.
Nenhum de nós quer acreditar que essa merda seja real, pois se tudo isso
for, estamos lidando com alguém muito mais perigoso do que pensamos.
Alguém que não tem medo do que vai acontecer e que sabe que vai pagar um
preço alto no final de tudo isso.
— Falou com os seus pais? — Ela pede.
Eu amo a Caroline, e é por isso que vou lutar para encontrar esse animal e
garantir que ele morra.
— Tudo bem, mas antes eu preciso fazer uma coisa. — Ela fala.
Uma dessas coisas é a forma segura de te tirar daqui sem que as pessoas
saibam, não vou arriscar que ele nos siga.
Capítulo 26
Max
A coisa que a Caroline tinha que fazer era encaminhar Rachel para uma
casa de reabilitação, que ela conseguiu com um amigo médico que dirige uma
clínica fora da cidade. Quando ligamos pra ela, Rachel ficou com o pé atrás,
mas quando o próprio médico pegou o telefone e falou com ela, a maluca
aceitou a ajuda. A essa altura, ela já deve estar na clínica. Um dos prospectos
do clube a levou até lá.
— Não acredito que você fez tudo isso por aquela mulher. — Ana diz
entrando no quarto na manhã seguinte.
— Eu prometi que ia ajudar ela a encontrar um novo rumo. — Caroline dá
de ombros.
— Não, mas eu sei que você vai dizer do mesmo jeito. — Caroline
reclama.
Caroline acordou se sentindo melhor, seu rosto está começando a mudar de
cor e eu espero que em alguns dias essa parte já esteja melhor. Quanto as suas
costas, vai levar mais algumas semanas pra que elas se recuperem.
— O que você prometeu pro prospecto que está parado do lado de fora? —
Ana me questiona. — O coitado está desesperado no telefone.
— Ele me disse que tem um amigo que pode me ajudar com outro servidor
que recebe imagem das câmeras e que mesmo que elas estejam desligadas
aqui, a empresa que cuida das câmeras poderia ter recebido as imagens. —
Dou de ombros.
— E é isso o que ele está fazendo?
— Não, acho que é isso o que eles querem de mim. — Ana me entrega a
chave de um carro. — Sei que não quer falar nada sobre isso, porém, eu quero
te ajudar.
— Não conte pra ninguém. — Peço.
— Ana vai encontrar com a Olivia, as duas vão se reunir essa semana para
falar sobre os documentos da casa dela e elas também estão planejando como
tirar o Dean do sério. — Ri.
Porra, justo agora que eu preciso do meu irmão focado, as mulheres
malucas começam com essa droga de plano. A minha sorte é que o meu
irmão vai provavelmente morrer virgem e esperando a mulher perfeita, o que
coloca essa Olivia para escanteio.
— Tomara que Dean fique focado. — Resmungo e ela revira os olhos, ou
eu acho que fez, não posso dizer com a cara dela inchada do jeito que está.
Olho o relógio pela milésima vez nos últimos trinta minutos. Preciso que a
enfermeira que está fazendo a ronda da noite venha verificar a Caroline, eu
paguei para que ela me trouxesse uma bolsa com os suprimentos e
medicamentos que a Caroline vai precisar. Ela também sabe que não deve
dizer a ninguém o que vai acontecer.
— O que está acontecendo? — Caroline pergunta.
— Sei disso.
— Não e sim, ela sabe que eu tenho algumas coisas planejadas, mas ela
também sabe que não vou falar sobre isso. — Dou de ombros e fecho a porta.
Corro para o outro lado do carro e entro, é irônico pensar que a minha perna
não tem doido tanto ultimamente, o estresse superou a dor e o medo de perder
a Caroline deixou ela em último lugar na minha lista de prioridades.
— Pra onde vamos?
— Se vamos fazer essa fuga, eu quero pelo menos poder rir dos outros
também. — Diz, e eu dou risada.
— Não é uma questão de rir, não quero arriscar. — Entrego meu celular
para a Caroline. — Ligue pro Mason, quero saber se ele descobriu mais
alguma coisa.
Caroline rapidamente liga para ele e conecta o meu celular no carro.
— Tem alguma informação nova pra mim? — Peço, assim que ele atende.
— Sim, enquanto aguardo sua prima correr com as informações dos casos
de homicídio e sequestro, fui ver as informações do seu acidente e encontrei
algumas coisas bem interessantes.
— Admite.
— Duvido que ele ainda more lá, ninguém seria tão estúpido. — Comento.
— Pode ser que ele esteja lá, ele pode ter se sentido seguro em continuar lá
vendo que vocês não foram atrás dele. — Mason entra na conversa.
— Mande o endereço dele. — Digo e vejo a Caroline procurar um pedaço
de papel para anotar o endereço enquanto Mason fala.
— Você vai pedir pra alguém passar lá ou quer que eu vá? — Ele pergunta.
— Pode deixar isso com a gente. — Caroline diz e desliga antes que o
Mason possa perguntar mais alguma coisa.
— Tem certeza que quer fazer isso? — Olho para Caroline esperando a
resposta dela.
— Não sou eu quem tem que ter certeza, foi você quem esse cara feriu. —
Lembra. — Se você estiver confortável em ir até lá, acho que é a coisa mais
sensata a se fazer.
Olho para o endereço nas mãos da Caroline e percebo que ele faz parte do
nosso caminho, querendo ou não nós vamos passar por esse lugar. Acelero
um pouco mais e toco com o carro para a saída da cidade.
— Esse lugar está no nosso caminho. — Finalmente falo alguma coisa para
a Caroline que me encara. — Chegando lá eu quero que você fique no carro.
— Max, eu não vou ficar no carro enquanto você conversa com um
maldito psicopata.
Mau paro com o carro na frente da casa e a Caroline puxa uma manta que
está no banco de trás do carro, ela usa a manta para se cobrir e esconder as
roupas do hospital que ela ainda está usando.
— Será que você pode pelo menos esperar por mim? — Resmungo
correndo para o lado dela.
— Não! Esse cara está morto há algum tempo, significa que ninguém vem
aqui e a gente pode tentar encontrar alguma pista. — Pede.
— Primeiro eu quero você fora daqui, depois eu volto e procuro.
— Nem pensar, vamos fazer isso juntos. — Ela não espera por uma
resposta minha e começa a procurar.
O que aconteceu com a minha doce mulher?
Ela faz menção de começar a procurar quando eu puxo ela pra perto de mim
e mostro que, atrás do quadro que caiu está escrita a senha.
— Que cara mais idiota. — Declara.
— Fale sobre isso. — Revira os olhos. — Não sei como quem o matou não
encontrou. — Ela olha em volta reparando na bagunça. — Se bem que devem
ter pensado que ele não guardava nada de valor.
— Sorte a nossa. — Digo abrindo o cofre.
Dentro dele tem uma pasta cheia de papéis, pego a pasta com tudo e fecho o
cofre.
— Apenas o número.
*** Caroline
Ele dirige por mais um tempo, não sei onde estamos indo pois ele está
usando estradas secundárias que eu nunca vi na minha vida. Quando
finalmente chegamos no nosso destino me deparo com uma cabana enorme,
com algumas paredes da entrada feitas de vidro. O lugar é lindo e eu não vejo
a hora de esquecer um pouco dos nossos problemas aqui.
Mal descemos do carro e o telefone do Max começa a tocar, quando ele
atende posso ouvir a voz da mãe dele do outro lado da linha.
— É bom que você saiba o que está fazendo, sequestrar a sua namorada
do hospital não me parece uma boa ideia.
— Confie em mim mãe.
— Não posso acreditar que os meus pais estão aparecendo agora pra
encher o saco. — Murmuro, a dor nas minhas costas e braço não está
ajudando muito.
— Talvez eles tenham finalmente acordado. — Ele dá de ombros sem
acreditar muito nisso.
Eu sei que a gente não vai embora, não é esse o ponto que eu quero chegar.
Veja bem, nós estamos há duas semanas trancados nessa cabana, e eu estou
há duas semanas sem sexo, dormir de conchinha não está ajudando. Sem
contar que o Max não ajuda andando pela casa só de calças que pendem
abaixo do quadril dele de uma maneira bem sexy.
— Não estou falando de ir embora, eu preciso que você faça sexo comigo.
— Admito e ele me encara.
Eu sei que não tenho sido muito clara sobre o que eu preciso, mas se eu
andasse pela casa pelada mais uma vez e ele me olhasse como se isso fosse
uma coisa normal e não me fodesse, eu poderia ter sérios problemas com ele.
— É esse o problema? — Ele cruza os braços em frente ao peito.
— Exatamente, não sei se devia estar preocupada ou não por você não
sentir falta de fazer sexo comigo. — Imito sua postura.
— Achei que você precisaria de mais tempo, quero dizer, você sofreu um
ataque e…
— E tudo isso já passou, preciso que as coisas voltem ao normal entre a
gente.
É isso ai, esse é o momento que eu falo o que realmente preciso pra ele e se
tudo der certo o Max vai me dar o que eu quero, caso contrário, eu vou surtar
e sair correndo dessa cabana.
— Porra, você vai me matar se continuar me olhando desse jeito. — Max
diz e no próximo segundo ele está na minha frente me puxando para seus
braços e moendo sua boca contra a minha.
Seu corpo forte pressionado contra o meu, suas mãos correndo pelas minhas
costas, enquanto sua língua explora a minha boca. Não consigo nem dizer em
palavras o quanto eu senti falta disso. O que é um tanto irônico, já que
estivemos juntos apenas algumas vezes.
— Vamos pro quarto. — Ele diz.
Com um sorriso no rosto, Max esfrega seu pau contra o meu clitóris, só com
isso eu já poderia ter gozado, mas ele não fica ali por muito tempo, ele entra
dentro de mim com força, seu quadril batendo contra mim em um ritmo
frenético.
— Toque seu clitóris. — Manda e eu obedeço, perdida no prazer que estou
tendo.
— Isso, porra. Você não faz ideia do quão sexy perece. — Diz.
— O que diabos vocês estão fazendo? Não acredito que atendeu o telefone
enquanto… Porra, depois a gente se fala. — Antes que eu responda Dean
desliga.
— Não acredito que você fez isso. — Reclamo, quando Max começa a
aumentar o ritmo.
— E que bom que eu fiz, ele tinha algumas novidades. — Dou de ombros.
— Exatamente, seja quem for esse cara, ele não está de brincadeira.
Sinto que Max está carregando o peso de tudo em suas costas, ele não quer
compartilhar nada com a família dele, pois ele tem medo que aconteça com
eles a mesma coisa que aconteceu comigo. O que ele não entende é que o que
aconteceu comigo foi um risco que eu decidi correr e que do meu ponto de
vista vale a pena.
— Acha que se você ficar frente a frente com quem te atacou você vai
perceber que é ele? — Pergunta.
Dou de ombros.
— Não sei, fisicamente eu não posso, mas talvez eu sinta a presença dele.
— Dou de ombros.
— Essa é uma coisa que a gente nunca vai descobrir, se depender de mim
você nunca vai chegar perto dessa pessoa.
Eu queria dizer pra ele que não tem como prometer isso, que cedo ou tarde
eu teria que ficar cara a cara com esse homem. E que com toda certeza, se eu
tiver uma arma na minha mão, vou matá-lo sem pensar duas vezes.
Esse pensamento me traz um sentimento estranho, o sentimento de que
estamos prestes a descobrir quem essa pessoa é, e que vamos ter que fazer
escolhas muito difíceis para nos mantermos vivos.
— Você está bem? — Max pergunta, segurando o meu rosto.
Olho desconfiado pra ela, Caroline tem o mesmo gênio que a minha irmã, e
tanto quanto eu a amo, lidar com essas coisas quando estou tão preocupado
não é uma coisa que eu queira fazer.
— Até a cozinha tudo bem, mas vai ficar sentada lá enquanto eu preparo
alguma coisa pra gente comer. — Aviso.
— Mais…
Noto algo estranho em seu olhar, a forma como ela me olha como se
quisesse me dizer alguma coisa, em seguida balança a cabeça e começa a
comer em silêncio. Caroline está me escondendo algo referente a sua saúde?
— O que foi esse olhar? — Pergunto.
Decido que não quero começar uma briga ou uma discussão agora, então eu
começo a comer.
— Sabe, quando tudo isso acabar a gente podia fazer uma viagem. —
Propõe.
— Depois desse tempo todo longe? Não sei se ainda tenho um.
— Ben é um bom médico também e ele está presente lá. — Caroline está
com medo de perder o emprego e, eu sei que ela ama trabalhar lá.
— Talvez a gente deva fazer uma viagem a passeio, mas só até que a
clínica que estamos construindo abra. Sei que a minha mãe e os sócios dela
vão querer alguém como você trabalhando lá.
Era pra ser uma surpresa pra ela, uma que a minha mãe ia dar a convidando
pra ser a diretora do hospital comunitário, pelo menos eu mantive a minha
boca fechada sobre a parte de ser a diretora.
— Não sei, Hagerstown é uma cidade pequena para algumas coisas e eu
não quero ser conhecida como a mulher que conseguiu um emprego graças a
mãe do namorado. — Dá de ombros.
— Vamos falar sobre isso depois. — Proponho, não gostando de onde as
coisas estão indo. — E antes de encerrar o assunto, as pessoas jamais
pensariam isso. Todos sabem como você é uma ótima profissional.
Caroline se vira para me encarar, seu garfo parado próximo da sua boca.
Mais uma vez ela me encara como se soubesse de algo que eu ainda não sei,
mas então o telefone celular dela toca e o assunto fica de lado.
— Eu preciso atender, é da clínica para qual a Rachel foi levada. — Ela
conta.
É bom que o Dean ou a Ana resolvam essa merda, não quero correr o risco
de ter as ligações rastreadas até aqui. Se os meus pais entenderam essa merda,
qual é o problema do resto das pessoas entender que eu não quero falar com
ninguém?
— Já terminou de comer? — Pergunta bebendo o refrigerante.
— Sim e você?
— Que porra você pensa que está fazendo dando entrevista pra rede
nacional? — Rosno.
— Ele trabalhou pro FBI, fale com ele e ele vai te ajudar. — Digo. — Até
lá, mande a minha prima me enviar as informações que você descobriu, ela
vai saber como fazer isso sem ser rastreada. Mais alguma coisa que eu deva
saber?
— Apenas uma, a Rachel foi sequestrada da clínica de reabilitação pra
qual a Caroline a enviou, e os pais da Caroline estão procurando por ela
desde que ela sumiu.
— Dean está cuidando do sumiço da Rachel, e sobre os pais da Caroline
eles devem estar querendo alguma coisa dela. — Falo, estranhando o fato
deles ainda estarem atrás dela.
Segundo a Caroline eles são do tipo que só ligam nos primeiros dias e
depois fazem de conta que está tudo bem e que nada está acontecendo. Será
que eles estão desesperados por dinheiro?
— Seja o que for eles estão desesperados, e antes que eu me esqueça,
alguém invadiu a casa da Caroline. Nada foi levado, mas algumas coisas
foram reviradas, sua irmã já cuidou de tudo.
— Quando isso aconteceu? — Peço, meus irmãos não me contaram essa
merda.
— Ele deve ter ido atrás dela no hospital e percebeu que Caroline não estava
mais lá. — Penso.
— As câmeras da casa dela pegaram alguma coisa?
— Nada que eu tenha visto, seu irmão acha que o sistema de segurança
dela foi hackeado.
— Se ela não aparecer em vinte e quatro horas eu vou falar com o clube e
vamos dar um jeito nisso.
— Isso significa que vocês não vão voltar?
— Ele está desesperado pela Caroline, não vou voltar e arriscar a segurança
dela.
— Certo, o médico Ben perguntou como ela está, disse que é importante
ver as cicatrizes dela e garantir que tudo esteja bem. — Diz. — Ele também
se ofereceu pra ir até vocês disse que não vai contar nada pra ninguém.
— Não quero ninguém aqui, a Caroline é médica e disse que está tudo bem.
— Garanto.
Entendo a preocupação das pessoas com o nosso sumiço, mas eles precisam
entender que eu vou fazer de tudo para garantir que a minha mulher fique em
segurança, mesmo que isso signifique desaparecer por anos.
Capítulo 29
Caroline
Enquanto Max e eu assistíamos a um filme, acabei pegando no sono, só
para acordar alguns minutos depois com o barulho da porta do nosso quarto
se fechando atrás do Max. Eu sei que ele está voltando para o escritório em
uma tentativa de desesperada de encontrar a pessoa que está atrás de nós.
Essa busca incansável do Max está me deixando preocupada. Não por mim,
mas por ele e pelo que essa situação está fazendo com a gente, o tempo que
estamos perdendo perseguindo alguém que não quer ser encontrado.
Me levanto e vou tomar um banho, antes de entrar no chuveiro percebo que
não tem shampoo, então pego em baixo da pia um frasco. Assim que pego,
noto no fundo do armário uma sacola esquecida, que a Ana me deu como
uma forma de brincadeira.
Um teste de gravidez.
— Segundo ele, ele passou apenas o básico. — Explica, antes que eu possa
concluir. — O que está me preocupando é o fato de ter aparecidos vários
casos de desaparecimento, em vários estados e todos com mulheres que tem o
seu perfil.
Isso não é uma grande revelação pra mim, eu senti como ele me odiava e o
quanto ele queria me ferir. O que ele fez comigo não é nem o começo do que
ele tinha planejado.
— Max, você precisa relaxar e entender que seja quem for essa pessoa, ele
não vai conseguir chegar até a gente. — Digo. — Nós temos um ao outro,
não vamos permiti-lo se aproximar de nós.
Beijo seu pescoço e passo a mão pelo seu peito.
Quem diria que um dia estaríamos aqui? Na escola nós dois eramos de
grupos diferentes e eu sempre evitei ficar muito perto dele. De alguma forma
sua aposta foi o que nos aproximou e de certa forma foi o que nos fez voltar
um para o outro há pouco tempo.
— Isso não afasta o medo que eu sinto. — Fala. — Eu nunca senti tanto
medo em toda a minha vida, nem mesmo quando achei que fosse morrer
depois do acidente.
— Você não precisa se preocupar.
O Max pensa que esse tipo de sentimento é uma coisa só dele, quando na
verdade eu sei que não conseguiria viver se algo acontecesse com ele. Ele é
mais do que o meu coração, ele é o ar que eu respiro, o sangue que corre nas
minhas veias, ele é tudo!
— Eu me sinto assim sobre você também, eu te amo e estou com medo. —
Admito. — Não medo desse cara, mas do que ele pode fazer com você, com a
gente.
— Ele não vai fazer nada, eu não vou permitir. — Diz. — Mesmo que isso
signifique fugir com você e ficar longe de todos.
A convicção que ouço em sua voz é algo que me assusta, não precisamos
fazer isso.
— Max?
— Sim?
— Se tem uma coisa que eu aprendi com você e com a sua família, é que
sempre somos mais fortes quando estamos juntos. Não apenas nós dois, mais
os seus pais, irmãos, tios e avôs. — Lembro. — Sempre somos mais fortes
quando estamos em família, e por mais que ficar aqui nessa cabana seja legal,
precisamos voltar e enfrentar os problemas que estão surgindo.
Por mais tenso que ele esteja, eu sinto que essa batalha eu venci.
Principalmente quando o Max beija o topo da minha cabeça e me abraça mais
apertado, aproveito esse momento e fecho os meus olhos relaxando. Depois
dessa conversa eu sei que esta noite, vai ser a nossa última noite juntos nessa
cabana, amanhã vamos voltar para a vida real e finalmente enfrentar nosso
inimigo.
— Está com fome? — Pergunta.
— Vamos lá, eu vou cozinhar e você me conta tudo sobre a conversa que
você teve com o Mason. — Me levanto e começo a puxá-lo em direção a
cozinha.
— Eu te disse…
— O que? Vai negar que você tinha uma reputação? — Cruzo os braços e o
encaro.
Nós dois ficamos nos olhando de um jeito estranho, até que eu acabo
sedendo e rindo da situação.
— Faz tanto tempo que a gente saiu dessa fase que chega ser engraçado
lembrar. — Diz.
— Pra você com toda certeza, mas pros seus irmãos e pra mim não tanto.
— Lembrar da época da escola é sempre complicado.
— Como assim?
— A gente tinha que lidar com os comentários feitos pelos seus amigos, e o
Dean sempre entrava em brigas por causa do… droga não consigo lembrar o
nome dele.
— Acho que você está se referindo ao Paul, e ele se mudou do estado há
um bom tempo e virou pastor de uma igreja. — Max diz.
— Deve ser penitência por ter sido a cria do diabo. — Comento e ele ri.
— É engraçado você falar dele, a última vez que eu tive notícias foi através
de um amigo em comum e a esposa dele estava grávida e ele estava
esperando uma vaga de pastor na igreja da nossa cidade. — Comenta.
Paul sempre foi um idiota que se achava melhor que todos, o único motivo
pra ele não ter agido assim na frente do Max na época do colégio, é porquê
ele sabia que ninguém conseguiria competir contra um herdeiro do trono MC.
— Achei que ele fosse melhor do que todos nessa cidade, muahahahaaaaa.
— Não consigo me conter e acabo zombando da situação, levantando as
minhas mãos e imitando um personagem de filme de terror com a minha
risada maligna.
Max se vira e me olha por um momento sério, acho que ele pensa que eu
tive um surto psiquiátrico. Quando ele finalmente me estuda por tempo
suficiente para perceber que eu estou bem e apenas brincando, ele cai na
risada.
— Você anda passando muito tempo com a minha família. — Finalmente
ele diz, depois de se recuperar.
— Não vem com essa, eu ando passando é muito tempo presa aqui. —
Sinalizo em volta. — Isso deixa as pessoas malucas.
— Amanhã a gente volta. — Seu riso é substituído por pura preocupação.
Antes que eu possa falar sou interrompida pelo som do telefone tocando em
seu escritório.
— Eu vou atender, já volto. — Ele faz sinal de que vai me contar tudo e sai
da cozinha. Não leva nem meio minuto para ele voltar, o som do telefone
ainda tocando no escritório.
— Algum problema… — Assim que eu me viro me deparo com ele parado
segurando o teste de gravidez.
— O que é isso? — Pergunta.
— Sei, o que eu não sei é por que você não me contou? — Pede, estou
prestes a responder quando o telefone volta a tocar no escritório.
— Parece ser importante. — Murmuro.
— Não use esse tom de voz comigo! Eu não sou uma das suas amiguinhas
que você fala o que quer e elas abaixam a cabeça. — Me levanto.
— Não você não é, você é a minha mulher e devia ter me contado sobre
isso. — Ele atira o teste em cima do balcão.
— Eu acabei de fazer essa merda, o que você queria que eu fizesse?
Secasse a minha buceta e fosse correndo te contar? — Provoco, se ele quer
brigar então vamos brigar. — Deixe de agir como um imbecil.
Ando até o escritório e pego o telefone, ignorando o Max que está vindo
logo atrás de mim com a cara amarrada e pronto para uma briga.
— Alô.
Max me pega no colo e me leva para o nosso quarto, a fome que eu estava
sentindo antes se foi, dando lugar a uma bola de preocupação. Max se deita
ao meu lado e me puxa para os seus braços, onde eu choro até dormir.
Nossa discussão de minutos atrás, foi deixada de lado. Pelo menos por
enquanto.
Capítulo 30
Max
O clima no carro durante a nossa volta para casa é um tanto estranho, nós
dois deixamos a nossa briga de lado ontem a noite e tudo isso graças ao
imprevisto que aconteceu com a Rachel. Por mais que eu quisesse forçar a
Caroline a falar comigo, eu me controlei e dei espaço para ela.
Enquanto isso eu tentava buscar as minhas próprias respostas sobre o
motivo do ataque contra a Rachel.
— Eu estava com medo. — Caroline quebra o silêncio.
— Sobre…
— Vamos deixar isso pra lá. Eu só queria explicar o motivo de não ter dito
nada. — Dá de ombros. — Só não queria ter que lidar com mais alguém se
sentindo do mesmo jeito que eu.
Entendo isso. Esse nosso amor maluco, que faz com que um queira proteger
o outro guardando tudo pra si mesmo; é uma grande forma de foder com o
relacionamento e ambos teremos que trabalhar nisso juntos.
— Me desculpe por ontem, a forma como eu agi foi… Eu só queria ter
estado lá com você.
— Não, essa merda não faz sentido e você vai ficar longe da minha irmã.
Esse tipo de pensamento é normal vindo dela. — Acuso.
— Eu jamais ficarei longe dela. — Responde sorrindo. Ela acha que estou
brincando, porém eu não estou.
Bufo em desgosto por sua resposta, e volto a falar sobre o assunto em
questão.
— A invasão a sua casa aconteceu dois dias depois que saímos da cidade.
— Conto. — Seus pais estão atrás de você. Segundo Mason, eles estão
desesperados.
— Eles querem dinheiro. O que me surpreende é eles não terem nos
encontrado, considerando o quão desesperados eles estão. — Mais uma vez
ela está calma e raciocinando tudo. — Mais alguma coisa que eu deva saber?
— Nada, que eu me lembre. — Penso por mais alguns segundos e
finalmente me lembro. — Ah, Mason tem alguma coisa importante que queria
me dizer, mas como estamos voltando, enviei uma mensagem e disse que nos
falamos pessoalmente.
— Ótimo, assim nós estaremos juntos quando ele contar. — Ela dá um tapa
na minha perna. — O que você acha da gente passar na minha casa antes de ir
até o hospital? Quero trocar de roupa.
Caroline meche as mãos de forma nervosa, ela está com medo de encontrar
a Rachel e ver o que aconteceu com ela. A minha garota pode ser forte
quando o assunto é ela, mas quando envolve os outros, as coisas mudam de
figura.
— Se você quer fazer assim, então nós vamos passar na sua casa antes. —
Tento acalmá-la. — Assim aproveito e tiro as malas do carro.
— Ótimo.
Assim que chegamos na cidade eu mudo o nosso caminho e vou direto para
a casa dela, nós mal paramos em frente quando seus pais aparecem ao lado do
carro e fazem sinal pra gente descer. Pego a minha arma e saio ao mesmo
tempo que a Caroline. Seus pais olham a arma nas minhas mãos e dão um
passo para trás.
— O que vocês querem? — Caroline pergunta, vindo até o meu lado e
segurando a minha mão.
— Como assim o que queremos? — Pergunta a mãe dela. — Quem você
pensa que é pra fugir com esse aleijado e nos deixar sem qualquer
informação? Seu noivo…
— Em primeiro lugar, eu não tenho um noivo, pelo menos ainda não. —
Ela aperta a minha mão.
— Em segundo lugar, Max não é um aleijado, ele é o meu namorado e o
homem com quem eu vou me casar um dia. Já vocês dois, não tem direito
nenhum de vir até aqui e agir como se eu devesse alguma satisfação pra
vocês.
— Você é uma garota mal criada, sem contar o fato de que você nos deve.
— Reclama a mãe dela.
— Deve o que? — Pergunto, dando um passo pra frente e fazendo com que
a puta recue.
— Nos deve a vida dela, e nós queremos o pagamento agora. — Seus olhos
desviam pra trás de nós e vejo que o meu irmão está se aproximando.
— Não sabia que a notícia da nossa chegada já tinha corrido. — Comento.
— Não correu, eu vim até aqui pra encontrar esses dois. — Meu irmão
aponta para a dupla de pilantras.
Vejo como os pais da Caroline ficam tensos com a chegada do meu irmão,
parece que eles aprontaram alguma coisa e estão com medo das
consequências.
— O que foi? — Caroline pergunta.
— Não devo porra nenhuma, não pra vocês dois de qualquer forma. —
Responde. — Saiam daqui e não me procurem mais, caso contrário eu vou
chamar a polícia e denunciar o roubo.
— Você não faria isso.
— Quer apostar? Eu estou doida pra ver como vão sair de lá sem dinheiro.
Puxo Caroline pra mim.
— E minha família e eu vamos ter o prazer de garantir que vocês sofram lá
dentro. Sabe como é nós criminosos nos ajudamos. — Zombo.
— Isso vai ter volta…
— É bom que não tenha, caso contrário eu vou foder com a vida de vocês.
A última frase poderia ter sido dita por mim ou pelo meu irmão, mas em vez
disso foi a Caroline quem falou, e eu mentiria se dissesse que não estou
orgulhoso da minha garota.
— Se é assim que você quer, então esqueça que somos seus pais. —
Ameaça.
Entramos no carro do meu irmão que nos conta as fofocas da cidade. Dean
sabe o quanto a Caroline está preocupada com tudo o que tem acontecido e
mantém o assunto mais fácil possível, e eu sou muito grato ao meu irmão por
isso.
Quando chegamos no hospital o ele nos deixa na porta e fala em qual quarto
a Rachel está, enquanto entramos ele vai estacionar o carro.
— Caroline? — A voz conhecida do Ben chama e nos viramos para ver ele
parado há alguns metros a frente.
— Ei, como está tudo por aqui? — Caroline vai até ele e o abraça.
— Não precisa terminar de falar, eu já sei quem é. Siga reto, ela está na
segunda porta a esquerda. — Aponta, em seguida seu nome é chamado e ele
se afasta.
— Ele é estranho. — Comento e a Caroline ri.
— Ele pegou pesado com ela, a questão agora é saber o por quê?
Ela passa por mim e me dá um beijo, quando vai sair a porta se abre e o
Mason entra com um olhar preocupado.
— Oi. — Ela diz passando por ele e não esperando uma resposta. Assim
que a porta se fecha atrás da Caroline eu o encaro.
— O que aconteceu? — Peço.
— Eu já sei quem está por trás de tudo isso, você não vai acreditar.
Capítulo 31
Max
Mason está me encarando, esperando que eu faça a grande pergunta. Porra,
ele não sabe o quão louco eu estou pra saber quem é esse filho da puta?
— Quem? — Peço, ansioso. — Como você descobriu?
— Sim, isso significa que ela conhecia quem estava com a Caroline e o
lugar para o qual a levariam.
— Ela fez parte do plano. — Penso em voz alta.
— Tudo indica que sim, mas em algum momento ao longo do dia ela
mudou de ideia e decidiu salvar a Caroline. Ela ligou para a emergência e a
polícia chegou lá em alguns minutos. — Continua.
— E como isso levou você até… Mason me interrompe.
— Todas as ligações são salvas em um banco de dados interno, só os
funcionários têm acesso. — Diz. — A ligação feita por ela não foi diferente,
e adivinha quem acessou essa denúncia?
— Um policial? Mas isso não faz sentido, a Caroline disse que ela foi
dopada com algum tipo de gás usado por médicos. — Lembro.
— Não foi um policial, foi um paramédico. — Ele continua. — Eu fui
atrás das informações desse paramédico, Stevens.
— Ela é…
— Filho da puta! O desgraçado esteve aqui, agiu como se não tivesse feito
nada. — Eu estou com tanta raiva. — Vocês foram atrás dele?
— O endereço listado é frio, e o chefe não o vê há dois dias. — Diz.
— Eu vi, ela saiu com um homem alto. — A faxineira que estava passando
pela porta diz.
— Ele está com ela. — Eu quero gritar e bater em alguma coisa, no entanto
preciso me controlar e encontrá-la.
Saio correndo em direção a saída e esbarro no meu irmão.
— Calma, depois da última vez, eu dei pra ela um rastreador ele está na
pulseira. — Promete. — Nós vamos chegar até ela.
— Já estou com o meu parceiro esperando na porta, se você me enviar a
localização estaremos atrás de vocês. — Avisa Mason e sai na frente.
— Vamos lá. — Dean me puxa em direção a saída até o carro dele e me
entrega o celular assim que fechamos as portas. — É o primeiro aplicativo,
tem o nome dela na tela com a localização.
Quando eu vejo o nome da minha mulher piscando na tela eu sinto o meu
coração se apertar, um medo inexplicável de não chegar até ela a tempo de
impedi-lo, me domina e eu começo a respirar com dificuldade.
— Porra, Max. — Dean resmunga. — Mantenha a tua merda em ordem, a
Caroline precisa de você.
— Espero que você nunca fique nessa posição. — Digo. — Você poderia
ter nos achado.
— Claro que eu podia, mas eu sabia que ela estava segura com você. —
Fala, e eu noto que talvez o meu irmão tenha tido uma queda pela minha
mulher.
— Você gostava dela na escola? — Pergunto.
— Nós sempre fomos amigos, ela é como se fosse uma irmã. — Ele vira
na rua onde o GPS aponta. — Qual é o seu problema?
— Nada, eu estou sendo estúpido. — Admito, o meu telefone toca e eu
conecto com o alto- falante do carro. — Sim?
— Antes da gente chegar lá, se tudo der certo, Cody vai pra cadeia. —
Mason avisa.
— Esse caso se tornou publico, se você mata ele eu não tenho só um monte
de papelada para lidar, mas tenho promotores e juízes nas minhas costas. —
Diz. — Não vou arriscar nada por causa desse filho da puta.
— Acha que o fato dele estar na cadeia vai o proteger…
— Não, mas isso significa que eu não vou ter que lidar com um amigo lá.
— Foda-se Mason! Esse não é o seu jogo e não é você quem dá as castas.
— Rebato, estou farto de ter que trabalhar com a polícia nessa merda de
situação.
— Está errado, nesse jogo quem está dando as cartas é o FBI. E eles vão
foder com nós dois se esse filho da puta morrer pelas nossas mãos.
Desligo o telefone com raiva, estou tão puto com essa situação. O que o
Mason achou que ia acontecer quando essa situação finalmente chegasse ao
fim? Que eu ia sentar la e assistir enquanto ele leva o homem que torturou a
minha mulher?
Não, isso não vai acontecer!
— Não posso acreditar que ele me pediu isso. — Reclamo pro meu irmão.
Dean está quieto, ele se vira lentamente para me olhar e então solta um bufo.
— Você está sendo ridículo. Eu sei que você quer ter a sua vingança, mas já
pensou nas famílias das outras mulheres? Eles vão querer justiça e isso não
vai acontecer com ele estando morto. — Dean fala tudo tão rápido, e a cada
palavra sinto que devo socar o filho da puta.
— Essas famílias estarão felizes de saber que não tem que lidar com
julgamentos e depoimentos, que o desgraçado que matou as pessoas que eles
amam já está morto. — Respondo com raiva, então olho para o celular e
percebo que o ponto que sinalizava a Caroline parou de se mexer. — Parou, e
você não vai acreditar aonde esse filho da puta está nos levando.
— Onde?
Fiquei surpresa quando ele nos levou diretamente para a escola, o campo de
futebol pra ser mais precisa e me jogou no chão. Não esperamos por muito
tempo, logo Max chegou e Cody abriu um sorriso enorme, esse é o momento
pelo qual ele tanto esperou.
— Finalmente está aqui. Sabe eu achei que as coisas iam ser mais
interessantes, mas ai você sumiu. — Cody diz. — Quem diria que um dia o
fodão do Max fugiria de alguém.
Max dá um sorriso e se aproxima, mas Cody aponta a arma para ele.
— Gatinha manhosa, parece que o nosso tempo jutos não te ensinou nada.
— Com a menção do meu sequestro, Max dá um passo pra frente, no entanto,
quando Cody aponta a arma para a minha cabeça ele para. — Se vocês
querem tanto saber, eu vou contar tudo exatamente como começou.
“Primeiro ano da escola, eu me inscrevi para fazer parte do time, mas acabei
não conseguindo, o treinador me ofereceu o posto do cara da água, segundo
ele eu não era bom nem pra ser mascote. Mesmo tendo ouvido isso eu aceitei
o cargo, pensando que teríamos espírito de equipe, porém logo descobri que
vocês não passavam de idiotas. Só não sai do time porquê a Caroline ia
sempre ao jogos e se sentava ao meu lado e a gente conversava durante todo
o jogo. Essas conversas eram o ponto alto do meu dia, eu via a garota incrível
e atenciosa que sentava e fala comigo sobre todos os assuntos, ria das minhas
piadas e me incentivava a não desistir dos meus sonhos. Aquela garota era o
meu anjo, ela me manteve a salvo do meu pai e da cretina da minha mãe, dois
bêbados drogados.”
— O time tinha pegadinhas, todos passavam por isso, o que pegou foi o
fato dos caras não gostarem de você. — Max tenta explicar.
— Acha que eu não sei que isso era coisa sua? Você era o capitão do time,
todos seguiam as suas ordens. — Cody rosna.
— Eu não tinha o controle do time! — Max grita. — Você me fez perder
uma perna por causa disso?
— Não! O acidente era a minha forma de me vingar pelo que você fez pra
Caroline, achei que ela teria entendido o tipo de homem que você era depois
do que fez na escola. Então dei uma segunda chance para ela, mas ela não
aproveitou.
— Como assim uma segunda chance? — Peço.
“Um dia eu finalmente tomei coragem pra te chamar pra sair, você via mais
do que o garoto magrelo e desastrado, mas você disse que a gente precisava
marcar outro dia, que você tinha trabalho na casa da sua amiga. A essa altura
eu tinha fé que você não ia cair na aposta dos caras, qual foi a minha surpresa
ao chegar na escola na manhã seguinte, e descobrir que você tinha fodido
com o Max? Eu queria te matar, mas ai você sumiu, no dia seguinte a notícia
da sua mudança estava correndo a cidade. Você não faz ideia de com quanta
raiva eu fiquei. Fui pra casa e meu pai idiota estava bêbado e tentou me bater,
quem diria que uma martelada na cabeça seria o suficiente pra matar o filho
da puta? Então a cadela da minha mãe chegou, pela primeira vez em anos ela
não estava alta e imediatamente tentou ligar pra polícia, foi quando a matei.
Sabe, eu nunca tinha sentido tanto prazer na minha, como eu senti quando a
matei, mas o crime não foi perfeito. Escondi os corpos e sai da cidade na
mesma noite, mudei de nome, comecei a treinar, precisava ser alguém por
quem as mulheres se atraíssem.”
— Então começou a buscar mulheres parecidas comigo? — Murmuro.
Não consigo continuar ouvindo tudo isso, Max perdeu a perna dele por
causa dessa obsessão maluca que o Cody tem por mim. Como eu vou
conviver comigo mesma sabendo que é por isso que ele está assim? Será que
se fosse uma situação diferente nós estaríamos juntos ou ele estaria ao lado de
alguma modelo perfeita?
— Sim, e eu achei que tinha funcionado, até o dia que eu fui chamá-la para
sair eu vi vocês dois conversando. — Revela. — Eu ia dar um susto em você,
mas ai o Dylan apareceu e eu não resisti, seu primo era outro dos idiotas do
time e mereceu o estrago feito em seu rosto.
— Ai você atacou o meu prédio, sabe quantas pessoas inocentes poderia ter
matado?— Max grita.
— Seria um preço justo a pagar, assim você estaria ciente de que eu não
estava brincando. — Cody dá de ombros. — Mas não foi, eu encontrei dois
drogados que implantariam as bombas em suas casas, queria ver quanto
tempo sua irmão descobrira e ela não me decepcionou. Foi a primeira a
descobrir e desarmar as bombas, então eu tive que improvisar e contratar
alguns traficantes, dando o incentivo perfeito para eles, eles atiraram contra
vocês. Depois disso veio o seu sequestro e era pra gente ter acabado com tudo
se a traidora da Rachel não tivesse me denunciado, achei que foder a vadia e
alimentar a raiva delas contra vocês me ajudaria, mas não.
— Se ela trabalhou com você, então por que te traiu? — Essa é uma coisa
que não sai da minha cabeça.
— A desgraçada queria ficar limpa, ter uma vida melhor e todas essas
fodidas coisas. Você ofereceu e como um cão de rua que ganha carinho pela
primeira vez, ela aceitou e me traiu. — Rosna com raiva. — E então eu tive
que correr de lá, pra minha sorte ou azar olhei o meu celular e vi que a minha
equipe tinha sido chamada para te socorrer, sai do prédio e menti que estava
por perto.
— Você disse que estava lá no meu acidente. — Max está firme e sua
postura me assusta um pouco.
— E eu estava, queria assistir o seu fim.
Cody fala e age de uma forma tão fria que chega a dar medo, como uma
pessoa como ele conseguiu sair impune durante tanto tempo?
— Foi ai que você rastreou as gravações e descobriu que ela te traiu. —
Declaro.
— Você vai se arrepender de ter se metido com a gente. — Falo, e soco seu
nariz, sentindo ele se quebrar contra a minha mão. — Sei que você é o tipo
que adora se divertir com mulheres fracas, vamos ver quanto tempo você
resiste lutando contra alguém do seu tamanho.
Se eu pensei que essa fosse ser uma luta fácil, estava mais do que enganado.
De alguma forma ele consegue se desvencilhar do meu ataque e me dá um
soco. É isso ai, eu quero que esse desgraçado lute, quero poder quebrar cada
parte de seu corpo enquanto ele luta contra mim.
— Max! — Alguém grita por mim em algum lugar, mas eu tenho um
objetivo e nada vai me impedir de conseguir o que eu quero.
Matar o Cody com as minhas próprias mãos.
— Não! O que você pensa que está fazendo? — Dean pergunta, é quando
eu percebo que tem sangue em sua camisa.
— Eu te machuquei? — Pergunto confuso.
— Então de quem é…
Olho para a esma direção que ele está olhando e vejo que Caroline está
caída no chão, cercada por uma equipe de paramédicos. Começo a andar em
sua direção quando meu escuto o meu nome sendo chamado.
— Max! — Quando me viro vejo Cody sentado no chão segurando uma
arma, a mesma arma que eu joguei há alguns metros de nós e ele de alguma
forma conseguiu pegar. — Eu te falei que não ia ter um final feliz pra vocês.
— Então ele atira, e em seguida eu sinto uma queimação no meu peito e caio
no chão, com o meu irmão me segurando.
— Max, fique comigo, mano por favor. — Dean está chorando o que
mostra a gravidade da situação. — Cuide da Caroline por mim.
— Não! Vocês dois filhos da puta não vão me deixar na mão, nenhum de
vocês vai morrer hoje.
— Reclama e eu desmaio.
***
Dean
Não faço ideia de como eu cheguei no hospital, tudo o que eu lembro é da
visão do meu irmão e da minha melhor amiga sendo carregados para dentro
de duas ambulâncias, enquanto o filho da puta que atirou neles, foi colocado
em um carro de polícia e levado para a delegacia.
— Dean, filho, o que aconteceu? — Meus pais e a minha irmã me
abraçam.
— Cody foi levado pra delegacia, logo vai ser transferido pra um presídio.
— Diz a minha irmã que se senta ao lado da nossa mãe.
Com a revelação da minha irmã eu me sento e a Ana segura a minha mão.
Não sei quanto tempo se passa até que Ben vem falar com a gente.
— Eu já cuidei da Caroline. Ela levou um tiro no abdômen, por sorte não
atingiu nenhum órgão vital e ela já está no quarto esperando a anestesia
passar. — Ele explica. — Quanto ao Max, ele tomou um tiro no peito e temos
o melhor médico da área operando ele.
— Eu posso ver a minha amiga? — Ana pede.
— Ainda não, pelo menos não até que o efeito da anestesia passe. — Ben
se despede e sai.
— Pelo menos um deles está bem. — Minha mãe murmura. — Caroline é
como uma filha e eu não sei o que…
— Mãe, calma. — Peço, vendo que ela está quase chorando.
— Tudo vai ficar bem. — Prometo e começo a rezar esperando que tudo
fique bem.
***
Caroline
Acordo no hospital com uma agulha no meu braço, eu odeio agulhas.
— O Max está sendo atendido, ele também levou tiro. — Ben diz. — Mas
o motivo pra eu estar aqui com você é pra te dizer que você tem muita sorte,
nós conseguimos salvar o seu bebê.
Eu sinto como se tudo parasse, como assim?
— Você é médica, sabe melhor do que ninguém que testes de farmácia nem
sempre estão certos.
— Me repreende.
O meu bebê conseguiu sobreviver a tudo o que Cody nos fez, eu preciso que
o Max fique bem. Nosso filho e eu precisamos disso.
— Obrigado. — Digo de coração, Ben se tornou um grande amigo.
— Você sabe que eu estou aqui. — Ele me tranquiliza. — Vou permitir que
os seus amigos entrem para te ver.
— Espere um pouco, eu posso ver o Max antes deles me visitarem? —
Peço.
— Sabe que não pode se levantar, tem que ficar de repouso. — Alerta.
— E você sabe que eu vou ver o meu namorado, você querendo ou não. —
Desafio.
— Bem. — Minto.
— Deve estar com alguma dor. Não devia ter vindo até aqui, ainda mais
depois de ter sido operada. — Diz.
— Eu precisava ver como ele estava, não sei como tudo isso foi acontecer
as coisas ficaram tão loucas. — Choro.
— Se elas ficaram assim é porquê tinham de ficar, e outra, agora que vocês
dois estão bem. É só pensar pelo lado positivo, Cody está prezo e vocês
podem seguir com a vida. — Não sei se é uma coisa da minha cabeça, mas a
forma Alexa diz seguir com a vida me traz um sentimento estranho.
— Eu vou fazer isso, no fim é o certo pra todo mundo. — Digo.
— Sim, a menos que queria que eu providencie tudo pra que tragam a sua
cama pra cá. — Oferece.
— Não, eu não quero que ele fique nervoso ou estressado. — Alexa franze
a testa com as minhas palavras, mas antes que ela diga alguma coisa a porta
se abre e Ana aparece.
Não é nenhuma novidade que essas duas tenham conseguido entrar aqui,
enquanto os rapazes da família tem o costume de usar a força as mulheres são
inteligentes para usar o cérebro e conseguir aquilo que querem.
— Quer que eu te leve até o seu quarto? — Ana oferece.
Só de olhar sinto que ela já sabe o que se passa na minha mente e que vai
me fazer perguntas, o problema é que não tenho escolha, Ben me mataria se
me visse fazendo força.
— Claro. — Sorrio e ela pega a cadeira e leva até o meu quarto.
No nosso caminho eu passo pelo quarto da Rachel e vejo o meu pai saindo
de lá junto com a minha mãe e mais uma mulher que me parece um pouco
familiar. Não perco a cara de surpresa que todos fazem ao me verem ali no
corredor.
— O que vocês estão fazendo aqui? Ainda mais saindo do quarto da
Rachel.
Ana coloca a mão no meu ombro, como se estivesse me dando apoio para o
que está por vir, mas o que ela pode saber que a faz agir assim?
— Parece que finalmente chegou a hora de vocês contarem tudo pra ela,
chega de mentiras Bernadete. — A mulher diz.
Minha mãe se vira na direção da mulher como se ela estivesse prestes a
pular nela. Eu nunca a vi agindo de um jeito tão descontrolado como ela está.
— E que verdade seria essa? — Peço então me viro pro meu pai. — Pai?
Sem nenhuma surpresa o meu pai continua em silêncio.
— Se você não contar de uma vez por todas, eu vou. — A mulher ameaça
mais uma vez e quando ninguém diz nada ela solta a bomba. — Eu sou sua
mãe e também a mãe da Rachel, vocês duas são irmãs. — A mulher diz.
— Mãe… — Falo com Bernadete, esperando uma negação.
— Você ouviu ela, eu não sou sua mãe. — Bernadete diz. — Agora que
você sabe o que está nos devendo, nos deve sua vida e tudo o que é hoje!
As coisas que ela me dizia finalmente começam a fazer sentido, tudo o que
eu passei nas mãos dessa mulher fazem total sentido.
— Se você não me queria por que me adotou? — Peço.
— Eu não podia ter filhos e seu pai dormiu com essa vagabunda que era
nossa empregada e ela acabou grávida, primeiro veio a outra e pouco tempo
depois veio você. — Bernadete explica. — Eu não podia ter filhos então
paguei pra essa desgraçada sumir das nossas vidas, eu só não sabia que você
se tornaria um problema.
— Como? — Sussurro, sem forças pra continuar fazendo essas perguntas.
— Primeiro olhe pra você, você não se parece em nada comigo e depois,
— ela se volta para a outra mulher, minha possível mãe. — Eu mandei que
ela desse a outra menina para um casal qualquer.
— Você destruiu a vida da Rachel também? — Rio de quão cruel essa
mulher pode ser.
— Não podia arriscar, mas então a pequena vadia descobriu que era
adotada e começou a investigar, eu tive que tomar uma decisão e com um
pouco de dinheiro paguei um traficante pra viciá-la.
Porra nada do que eu estou ouvindo aqui faz sentido, como essa mulher
pode destruir a vida da Rachel dessa forma?
— Por que? — Choro.
— E acha que agora vai mudar alguma coisa? — Zombo. — Você nos
abandonou e a Rachel poderia estar morta em uma vala se dependesse de
você.
— Por favor me deixe explicar. — Pede.
— Vocês? Eu quero que vão pro inferno e não me procurem mais. — Digo.
— O que?
— Não se faça de idiota, eu quero saber há quanto tempo você sabe que a
Rachel é a minha irmã, e que a minha mãe não era a minha mãe?
— Quando os ataques começaram eu investiguei brevemente os seus pais e
descobri uma ligação com a Rachel, que nem ela sabe. — Explica. — Não sei
como você vai fazer com isso…
— Eu sei! Vou cuidar dela, Rachel pode ser uma cadela, mas eu acredito
que tudo isso possa mudar, e outra, mesmo sem saber quem eu era ela salvou
a minha vida. — Lembro.
— Depois de tentar te matar!
— Sabe que estou aqui do seu lado pro que você precisar. — Oferece.
— Nesse caso é bom que a gente esteja acabado e que ele não tenha mais
nada a dizer.
— Como? Vocês dois ainda estão juntos e o meu irmão vai querer te ver. —
Ela lembra.
— Max não vai querer me ver, não depois de saber que Cody armou o
acidente dele como um presente pra mim, que tudo de ruim que aconteceu
com ele é minha culpa. — Ana me olha um pouco chocada. — Foi assim
quando o acidente aconteceu, ele disse que não podia me ver porquê
lembraria do dia e agora ele não vai só lembrar do dia como vai saber que foi
por minha culpa.
Ana me dá um sorriso estranho.
— E como você vai fazer para se livrar dele? As coisas do meu irmão estão
na sua casa e ele não vai sair.
— A casa vai ser dele, o meu pagamento por tudo o que aconteceu com ele.
— Explico.
— E você?
— E quanto a Rachel?
— Ela vai pra clínica e eu vou cuidar dela. Quando ela melhorar se quiser
morar comigo vou deixar que ela fique o tempo que precisar. — Dou de
ombros.
Ana não pode saber que eu jamais poderia continuar aqui, não quando a
minha barriga começar a crescer ou quando o Max finalmente começar a
seguir em frente e aparecer com uma nova namorada, isso me mataria.
— Não fuja do meu irmão. — Pede.
Será que aconteceu alguma coisa que eu não sei e ela está com raiva de
mim?
— Então existe algo pra me preocupar? E isso está ligado a minha mulher?
— Peço. Ana que estava em silêncio mexendo no celular se levanta e vem até
o lado da cama.
— Está na hora dele saber, a Carol está indo pro aeroporto e ela não vai
voltar. — Minha irmã diz.
— Por que ela está indo embora? — Faço que vou me levantar mas a
minha mãe me impede.
— Ela acha que você não quer vê-la, está se culpando por tudo o que
aconteceu com você e acha que você vai culpá-la também. — Explica. —
Isso não é o pior, ela descobriu que a Rachel é irmã dela e que a mulher que a
criou como se fosse a mãe dela, não é.
Eu não sabia de toda essa merda, por que ninguém me contou? Estou farto
das coisas acontecendo e ninguém me contar. Preciso chegar até ela, com
cuidado eu afasto a minha mãe e me levanto, só pra cair sentado na cama com
a dor no meu peito.
— Você não pode sair daqui. — Minha mãe está preocupada.
— Fique aqui, vou pedir pro seu pai te trazer algumas roupas. — Ela diz e
sai do quarto.
— Vai sim.
— Não tenho tempo pra isso. — Digo.
Se esperar até que as minhas roupas cheguem aqui, corro o risco de perder a
minha mulher, e eu não estou disposto a correr esse risco. Não agora que toda
essa merda passou e nós podemos ser felizes sem precisar ficar olhando por
cima do ombro o tempo todo.
— Chame a mamãe e diga pra ela que eu preciso da ajuda dela no
banheiro, quando ela entrar você tranca a porta por um tempo. — Falo,
saindo da cama e me escondendo em baixo dela.
— Esse seu plano vai foder comigo, você vai ficar me devendo. —
Resmunga, então abre a porta. — Mãe o Max não está bem, acho que algum
ponto dele abriu.
— Eu disse pra ele que não deveria levantar. — Nossa mãe vai direto para
o banheiro, e quando ela abre a porta a Ana dá um empurrão e tranca ela lá.
— Corre de uma vez.
Saio de baixo da cama e corro pelo hospital, passo pela ala das enfermeiras
que me olham e vem correndo na minha direção, sorte a minha que o
elevador abre as portas no mesmo momento e eu entro.
— Porra, parece que todo mundo quer me prender nesse lugar. — Reclamo
pro homem que está ao meu lado, ele também está usando uma roupa
hospitalar.
— Nem me fale, faz dois meses que estou preso na área psiquiátrica do
hospital e tudo isso porquê eu disse alienígenas estão vindo. E eles ainda
tiraram o meu chapéu, como vou me proteger?
Ok, esse cara é a prova de que nem todo mundo bate bem.
— Vou com você, sinto que estamos ligados pelo destino, acredito que no
futuro você poderá me ajudar na luta contra os invasores. — Ele me responde
e eu balanço a cabeça.
Tudo o que eu precisava era correr pro aeroporto na companhia de um
maluco que acredita em alienígenas. Saio do estacionamento cantando pneu e
acelero o máximo que eu posso até o aeroporto. Tudo parece dar certo até que
eu vejo o engarrafamento enorme em frente ao aeroporto.
Não tem chance nenhuma de eu conseguir chegar até a Caroline.
— Eu sei o que você pensou e eu quero te pedir perdão por um dia ter te
feito se sentir tão culpada a ponto disso ter voltado para te assombrar. —
Aperto ela com força contra mim. — Eu tenho muita coisa para pôr em
ordem entre nós dois, mas nós vamos passar por isso.
Todos a nossa volta estão nos aplaudindo e comemorando o nosso
momento, até que somos interrompidos pelo alto-falante do aeroporto.
“O proprietário do carro placa BEE6D65, favor retirar o veículo do meio
da pista”
— Você vai andar mais de vagar, isso sim. Eu não acredito que você fugiu
do hospital, você poderia ter morrido. — Avisa.
— Se você tivesse ido embora, ai sim eu teria morrido. — Puxo ela pra
perto de mim, ignorando a dor no meu peito quando me mexo. — E as suas
malas?
— Não estou levando nada, ia comprar tudo lá. — Admite.
— Eles estão tentando nos roubar. — Diz o maluco. — E aqueles ali nos
prender.
— Eles não vão te prender, saia dai. — Digo. — Já estamos indo embora.
— Acalmo os policiais que me reconhecem e se afastam.
— Parece que você tem novos amigos. — Minha garota está no modo
brincalhão.
— O que?
— Eu estou grávida.
Quando ela diz que está grávida é como se o mundo todo congelasse e eu
não sei o que falar. Caramba, eu vou seu um pai! Estou mais do feliz em saber
disso, mas o que não me alegra é saber que ela ia embora e nem me contaria
sobre o nosso filho.
— Você não ia me contar? — Pergunto.
Assim que abro a porta do quarto, a minha mãe corre como um furacão na
minha direção, ela está puta comigo e eu estou seriamente pensando que não
vou conseguir conhecer o meu filho, ou…
— Eu não acredito que você e sua irmã pensaram em me deixar trancada
no banheiro, te disse que não deixaria a Caroline sair da cidade…
— Mas eu precisava ir, não posso deixar a mãe do meu filho ir embora. —
Sorrio quando a minha mãe congela e a Carol fica tensa ao meu lado.
— Vo...Você está grávida?
— Oh meu Deus, eu vou ser uma avó. — Não sei se a minha mãe está feliz
ou triste.
— É ótimo, eu não vou ser uma velha quando os meus netos estiverem
grandes, mas caralho, eu também sou nova e…
— Mãe! — Ana chama, minha irmã pula na direção da minha mulher e de
repente as três estão pulando de alegria.
— Eu estou tão feliz por vocês, acho que a proposta pra ser a diretora do
hospital comunitário vai ter que esperar.
— Não! Eu ficaria muito feliz em aceitar o cargo e poder ajudar lá. —
Carol fala rapidamente. — Muito obrigada.
— Obrigada a você por fazer a minha família maior e mais feliz. —
Mamãe chora.
— Agora que tudo está resolvido, vamos mãe, temos que contar a novidade
para os outros. — Ana sai arrastando a minha mãe do quarto, enquanto eu
subo na cama e puxo Caroline pra ela junto comigo.
— Eu não poderia estar mais feliz do que já estou. — Ela comenta.
— Eu te amo.
— Eu também te amo, mais do que tudo. A minha vida não poderia ser
melhor.
Esse é o problema de pessoas como o Cody, eles tentam arruinar tanto a
vida de outras pessoas que acabam arruinando a própria vida, enquanto nós
seguimos felizes e mais unidos do que nunca.
Epílogo 1
Caroline
As coisas não poderiam estar melhores na nossa vida. Desde que Cody foi
preso e Max finalmente saiu do hospital, é como se tudo estivesse
trabalhando a nosso favor.
— Não acredito que finalmente você teve alta do hospital. — Tayler, o pai
do Max, diz dando um abraço no filho.
— Nem eu. Eu só não esperava que a mamãe fosse surtar e dar uma festa
no clube. — Max reclama, mas sei que ele está feliz pela festa e por receber o
carinho e apoio de todos.
— Se esqueceu que não é apenas uma festa, mais também um chá de bebê.
— Tayler nos lembra.
— E todos da família estão aqui.
Tayler me olha quando diz família, acho que ele espera que eu fale alguma
coisa sobre a Rachel ou sobre a mulher que apareceu há pouco tempo e tem
insistido em falar comigo. Tanto que o clube decidiu intervir e dizer que no
momento que eu estiver pronta, irei atrás dela.
— Estão sim. — Sorrio. — E por falar nisso, acho que é a hora. Tanto Max
quanto Tayler me encaram surpresos.
— Mesmo? — Max pergunta.
— Sim, eu não posso ficar adiando ter essa conversa com a Rachel e muito
menos com a minha mais nova “mãe”. — Sorrio. — E também, não quero
que nosso filho nasça comigo tendo algo assim pendente.
— E quando você quer fazer isso?
***
Eu não esperava que o mento da conversa com a minha mãe e com Rachel
fosse chegar tão rápido, desde o dia no hospital eu não tenho falado com os
meus pais de criação, nem eles
tentaram entrar em contato comigo. Esse silêncio por parte deles me
mostrou que existem coisas nas quais a gente não deve mexer, essas situações
já tem uma solução e é deixar no passado.
Outra situação bem diferente foi o caso da Rachel e da Catalina, descobrir
que eu tinha uma irmã e que a minha mãe biológica nos abandonou foi um
baque. Só que isso eu não posso deixar para trás, precisamos conversar e eu
preciso entender o que aconteceu.
É por esse motivo que estou na clínica de reabilitação da Rachel esperando
pela chegada da Catalina e dela.
— Caroline? — Rachel pergunta, assim que ela entra no escritório do
terapeuta da clínica.
— Eu sei o que você fez junto com o Cody. Rachel vira o rosto, sem
conseguir me encarar.
— No começo eu estava com raiva de você e…
— Não quero saber o que te levou a fazer aquilo, também soube que você
foi quem ligou para a polícia contando onde eu estava.
— Cody me ofereceu a vingança perfeita contra a pessoa que eu sempre
quis ser, você tinha tudo e eu não tinha nada! Eu amava o Max e por mais que
eu me forçasse nele, tudo o que eles falavam era você. — Diz. — Abracei a
vingança, achei que ele queria só te dar um susto, mas acabei descobrindo
que ele queria matar você, e eu não podia deixar.
— Por que?
— Porquê depois de tudo o que eu te falei e te fiz, você foi a única pessoa
a me oferecer ajuda.
— Chora.
Isso tá sendo tão diferente do que eu pensei que seria. Quando eu descobri o
que ela pra mim, pensei em tentar ser amiga dela, em me aproximar e ser a
irmã que ela precisava. Só que nesse momento eu percebo que não posso,
talvez eu tente ser amiga dela, mas não vamos passar disso. Não vamos ter o
tipo de relacionamento que Max tem com os irmãos dele.
— Sinto muito por você ter passado por tudo isso. —Digo, quando uma
batida na porta nos faz ficar em silêncio e Catalina entra. — Catalina.
A mulher que se diz minha mãe sorri de um jeito fraco para mim, então ela
vai até a cadeira ao lado da Rachel e se senta. Rachel não está entendo nada e
me encara, esperando uma resposta, mas não sou eu quem tem que explicar e
sim a nossa “mãe”.
— Quem é você? — Ela pede.
— Eu vim de uma família muito pobre e fui trabalhar na casa do seu pai,
ele era gentil e nos apaixonamos. — Começa. — Viramos amantes, pouco
tempo depois eu descobri que estava grávida e…
Catalina conta exatamente a mesma coisa que a minha mãe de criação me
contou no hospital, ela só adiciona o quanto ela se arrependeu por ter feito
aquilo e o quanto ela lutou para se erguer e chegar aonde está, pra só então
nos encontrar e contar a verdade. Ela acha que o dinheiro vai comprar nosso
afeto.
— Engraçado, você só apareceu depois que eu comecei a te procurar. —
Rachel estreita os olhos.
— Você achou que ia aparecer aqui e tudo ia ficar bem. Sabe o por que de
eu ter te procurado?
— Não.
— Não me interessa, você sumiu e nos abandou por dinheiro. Pode pegar
seu fodido dinheiro e ir embora daqui, eu preciso falar com a minha irmã. —
Rachel não se parece com a mulher que eu conheci na escola, nesse momento
ela está mais madura.
Catalina me olha, esperando que eu fale alguma coisa e interceda por ela, no
entanto, não vou fazer isso. Me chame de idiota mas eu não consigo perdoar
o que ela fez, não agora que eu sei que estou grávida.
Eu jamais trocaria um filho por dinheiro!
Finalmente ela percebe que não vai receber ajuda aqui e sai da sala, nesse
momento ela não parece chorar, apenas estar com raiva. Assim que a porta se
fecha atrás dela, Rachel anda até mim e se ajoelha na minha frente, ela
começa a chorar e sem reação passo a minha mão em seu cabelo.
— Me perdoa, por favor me perdoa. — Chora. — Eu jamais teria feito o
que fiz se eu soubesse, por favor… por… favor. — Ela murmura sem parar,
implorando para que eu a perdoe.
Max abre a porta e quando ele vê o que está acontecendo sai e fecha
silenciosamente.
— Eu prometo que não vou te decepcionar, eu vou fazer você ter orgulho
de mim. — Ela diz.
— Bom, eu venho te visitar e o seu médico tem o meu número, você pode
me ligar e eu venho nos dias de visita. — Prometo.
— Feito.
— Com a Catalina foi péssimo, já com a Rachel… Eu senti que ela precisa
de alguém, ela estava desesperada por aprovação e queria tanto ser alguém de
quem eu fosse me orgulhar.
— E você acreditou?
— Eu vi como ela estava, sinto que as coisas vão ser boas com ela. —
Sorrio entrando no carro.
— Fico feliz por você amor, e sabe que eu estou do seu lado sempre.
***
Cody
Faz dias que estou preso nesse buraco e ainda não consegui entrar em
contato com a pessoa que vai me tirar daqui, é como se estivesse fazendo isso
de propósito. O único lado bom de toda essa merda fodida é que eu consegui
matar a cadela da Caroline e o desgraçado do Max.
Se eles querem tanto ficar juntos, eles vão ficar no inferno.
— Quando vou poder tentar dar o meu telefonema? — Pergunto para o
policial que me prendeu, eles estão prestes a me transferir para um presídio e
eu não posso arriscar.
— Agora, embora eu duvide que algum advogado vai trabalhar pra você.
— Diz zombando.
— Eu te avisei que não devia ser pego. — A voz irritada vem do outro
lado da linha.
Estou na minha sela, faz um dia desde que me transferiram pra cá e fiquei
sabendo que alguns dos detentos estão planejando uma fuga, tentei falar com
eles, mas não me dão abertura por ser um novato aqui.
Odeio passar qualquer segundo nesse buraco. É como se o tempo levasse
uma eternidade para passar. Está tudo escuro e todos estão prontos para
dormir, é quando escuto um barulho na minha cela e a porta se abre, três
homens encapuzados entram e se atiram em mim.
Luto o quanto posso, mas eles me vencem e me jogam no chão, é quando
um outro homem entra, ele carrega uma faca e se aproxima de mim com um
sorriso macabro.
— Você foi avisado. — É tudo o que ele diz antes de cortar a minha
garganta.
***
Mason
Faz dois dias desde a transferência do Cody para um presídio, dois dias e o
filho da puta já apareceu morto. Claro que o departamento quer respostas e
estão me cobrando, isso significa que eu tenho que ir até o Max e descobrir se
ele e a família dele sabem de alguma coisa.
Paro com o carro em frente a casa deles e saio, quando estou perto da porta
ela se abre e Max sai, seu sorriso some quando ele me vê.
— Algum problema? — Pergunta.
— Você me diz, o que foi que fez com o Cody? — Digo, indo direto ao
ponto.
— De que porra você tá falando? Você levou o filho da puta, preso e graças
a isso eu vou ter que ver a minha mulher grávida depor. — Reclama.
— Não vai, o Cody foi morto na noite passada.
— Como?
— Que seja, com esse filho da puta morto não tenho que me preocupar,
então pode ir embora. — Me dispensa.
Com um aceno de cabeça me afasto.
— Em primeiro lugar, ele gosta de mim, segundo lugar ele gosta de mim.
— Meu irmão babaca diz feliz. — Então não vou te entregar ele e outra, eu
posso ser o pai backup.
— Você não vai ser backup de pai, essa porra nem existe. — Rebato.
Estou pronto pra pular no pescoço do meu irmão, quando o meu pai entra
junto com a minha mãe e ela vai e rouba o meu filho novamente. Eu não
sabia que as pessoas tinham essa tendência de roubar o filho alheio.
— Será que vocês podem me dar o meu filho? — Pergunto.
— Não!— É resposta dos meus pais. — Ainda não acredito que a Caroline
conseguiu parir uma criança que não tinha cara de joelho, todos vocês
nasceram parecendo o cão.
— Ei. — Meus irmãos protestam.
— Sim, Evan é muito pequeno e a gente quer estar perto dele. — Digo,
sem tirar os olhos do meu filho. — Queremos aproveitar ao máximo essa
fase.
— Cara, eu ainda não consigo imaginar você todo papai babão. — Meu
primo fala e eu dou de ombros.
— É só olhar pro meu filho e você vai entender. — Evan finalmente se
cansa de toda atenção e faz beicinho de choro, é quando a minha mãe
finalmente o entrega pra mim. — Pronto filho, o papai está aqui.
Todos me olham, mas eu faço um bom trabalho em ignorá-los. Bando de
ladrões de filho alheio!
Desde que ele nasceu é a mesma história, Evan se diverte nos braços dos
membros da família, no entanto, quando ele se cansa da brincadeira, ninguém
além da Caroline e eu consegue fazer com que ele se acalme. E o beicinho
que ele faz é a coisa mais fofa do mundo, então todos correm para fazer o que
o bebê quer.
Se o meu filho é mimado? Um pouco.
Se nós ligamos? Não!
Todos o amam mais que tudo e isso é o que importa.
— Ei, por mais fofo que esteja essa cena, está na hora. — Anuncia minha
mãe.
— Vamos lá. — Ela faz sinal de quem vai pegar o bebê, mas eu nego. —
Pode deixar ele comigo.
Saio da sala e ando até o quintal dos fundos, como dessa vez tivemos tempo
para planejar o casamento, meus pais insistiram em criar um jardim especial
que vai ficar pra que as próximas gerações do clube tenham um lugar pra
brincar.
Depois da criação do jardim, minha noiva e minha mãe começaram a fazer
os preparativos. Não foi uma grande surpresa quando o meu pai se envolveu,
o resultado é um casamento noturno, com várias lâmpadas penduradas ao
longo do jardim, as mesas estão dispersas de uma forma simples e ao mesmo
tempo elegante.
Ando até o altar improvisado, passando pelos nossos amigos e familiares
que estão sentados ansiosos para o começo da cerimonia. Passo pela Rachel
que está sentada na primeira fila, ao lado do marido e também ao lado da mãe
biológica delas. Segundo minha mulher, elas estão se dando bem e a Rachel
tem tendado mostrar esse outro lado da mãe delas pra Caroline.
Se vai funcionar? Não faço ideia.
Parado no altar com o meu filho em meus braços, aguardo a marcha nupcial
começar. Quando finalmente a música toca e a Caroline entra na igreja com o
meu irmão ao seu lado, é como se o mundo tivesse parado e só existisse nós
três.
Desço e caminho até ela, meu irmão ri de mim, mas me entrega a minha
esposa.
Quando subimos no altar minha mãe se inclina e pega Evan de mim, que vai
feliz com sua avó.
— Sim.
Quando nossa música começa a tocar nós dois dançamos coladinhos ao som
de Fire On Fire do Sam Smith.
— Eu te amo, não tenho palavras para agradecer tudo o que você me deu.
— Caroline murmura contra o meu peito.
— Foi você quem me deu tudo, você me fez querer viver, me fez querer
ser um homem melhor.
— Digo. — Nada do que eu diga ou faça vai ser o suficiente para mostrar
como me sinto por você. Até mesmo dizer eu te amo, parece ser tão pouco,
perto de como me sinto.
— Lá vai você me fazer chorar. — Ela resmunga. — Mas eu sei como
você se sente, me sinto da mesma forma.
— Bom, por falta de palavra melhor vamos continuar usando eu te amo. —
Ofereço, dando risada.
— Parece bom pra mim. — Ela sorri.
Caroline
A festa está sendo incrível, não sei como consegui esperar tanto tempo para
me casar com o Max, tudo tem sido tão perfeito desde o dia do aeroporto que
eu me sinto perdida em tanto amor.
— Vamos comer, meu amor? — Falo com Evan.
Meu filho é a cópia exata do pai, tirando uma coisa ou outra de mim. Se o
Max não fosse tão bonito, eu estaria com raiva de ter passado por todo o
trabalho de parto traumático, pra ter uma xerox dele.
Mal entro no clube quando a porta se abre novamente e eu vejo a minha
mãe, nós duas não temos uma boa relação e eu a evito o máximo que eu
posso, enquanto isso a Rachel está tentando nos unir.
Pensar na Rachel como minha irmã é algo tão natural agora, ainda mais
depois de ver todo o esforço que ela fez pra melhorar e se aproximar de mim.
Ela tentou ao máximo se redimir pelo passado e eu acredito que ela tenha
aprendido.
— Posso falar com você? — Ela pede.
Desde o dia no hospital eu não falo com os meus pais de criação, eu os bani
da minha vida da mesma forma que eles fizeram comigo e pouco tempo
depois, ambos foram embora da cidade. Foi um alívio eles terem ido, eu pude
andar por ai sem me preocupar com esbarrar neles.
— Eu sei que é complicado entre nós duas, mas eu queria que você me
desse uma chance, eu errei e eu era jovem. — Ela se senta olhando para o
meu filho. — Eu era jovem e pobre, louca pra sair por ai e conhecer o mundo
e quando me ofereceram um pouco de dinheiro eu aceitei, imediatamente me
arrependi, porém já era tarde de mais.
Finalmente ela está sendo sincera, tanto comigo quanto com ela mesma.
— Eu posso lidar com isso, não me importo com essa coisa toda, por mais
ruins que os meus pais fossem eles me deram tudo o que eu podia querer. —
Dou de ombros. — O que eu não podia lidar era saber que você estava
mentindo, quero dizer, quanta cara de pau a pessoa tem que ter pra se dizer
arrependida e ainda assim continuar mentindo?
— Demorei pra entender isso, a Rachel me ajudou.
— Fico feliz por vocês duas terem esse tipo de relacionamento, e quero
que saiba que eu não vou mais te afastar, mas também não vou forçar uma
relação enquanto eu não estiver pronta. — Sou sincera. — Vamos com calma,
e o tempo vai dizer o que vai acontecer.
— É tudo o que eu quero. — Me agradece, então se levanta, me dá um
beijo na cabeça e sai. Ela mal sai quando o Max entra, ele parece preocupado.
— Tudo bem? — Pergunta.
— Sim, acho que as coisas vão melhorar entre nós duas. — Sorrio.
Com raiva de mim, da vida e do que os meus pais adotivos fizeram comigo.
Cody foi como um príncipe, ele queria vingança contra aqueles que um dia o
fizeram sofrer e quando descobrimos que tínhamos isso em comum, me uni a
ele.
Max foi o meu amor da escola e ele me trocou por uma garota que tinha
tudo e não ligava pra ninguém. Quando descobrimos isso em comum, foi
como um abrir de portas.
Pensei que ele queria dar um susto nele, fazer com que ambos se
separassem e assim nós teríamos nosso caminho livre. Nossa vingança seria
separar o casal de pombinhos e garantir que eles fossem tão infelizes quanto a
gente.
O que eu não sabia era que seus planos iam muito além de separar os dois,
Cody queria matar a Caroline e o Max. E não era isso o que devia acontecer,
eu não sou uma assassina, e quando soube dos planos dele, corri para impedi-
lo, liguei para a polícia e fiz com que achassem a Caroline.
Infelizmente ela já estava machucada, e ainda assim, ela não deixou de me
ajudar e me mandou para a clínica. Nunca pensei que o meu pior pesadelo
seria exatamente aquilo que me levaria direto pra melhor fase da minha vida.
A clínica de reabilitação começou sendo o meu pesadelo, a dor e o
desespero que eu senti quando senti as drogas saindo do meu corpo não
tinham iguais, em alguns momentos eu pensei que morreria.
Eu desejei a morte!
Então Cody veio e me mostrou o que era desejar estar morta, ele me
mostrou um novo tipo de dor, um a qual nunca estive familiarizada. Mais
uma vez, foi a presença constante da Caroline na minha vida que me salvou,
foi graças a ela que o xerife me procurou e conseguiu salvar a minha vida.
Foi um longo período no hospital, até que finalmente voltei a clínica e pude
me concentrar no meu tratamento. Eu precisava me fortalecer pra poder
encontrar a minha mãe e quem sabe, entender o motivo dela ter me
abandonado. Mas a vida não tinha acabado comigo, pouco tempo depois eu
descobri que a Caroline era na verdade a minha irmã, e que a mulher que eu
tanto busquei tinha se escondido.
De todas as pessoas do mundo, a que eu mais machuquei e a que eu mais
humilhei, era a minha irmã. Eu precisava me tornar alguém de quem a
Caroline e o meu futuro sobrinho se orgulhasse, e foi isso o que eu fiz, lutei
contra todos os meus instintos.
Foi então que o encontrei. Gael, ou melhor, Doutor Gael.
Um homem moreno, alto com os olhos castanho claro e o corpo que parece
ter sido esculpido por um Deus.
Nosso começo não foi muito fácil, eu tinha acabado de ser liberada e estava
vivendo na antiga casa da Caroline. Todos os dias eu ia até a clínica para
ajudar os novos pacientes e ajudá-los a superar o vício como eu.
“Não vejo a hora de começar com a nova turma, as enfermeiras estão
orgulhosas de mim e a minha irmã está me apoiando a cada passo.
Minha irmã.
— Não sei…
— Tudo bem. — Garanto pra minha irmã que vou ficar bem e depois de
uma pequena discussão, ela finalmente vai embora.
— Não devia ter ligado pra ela, não viu que ela está grávida?
— O que?
Eu não preciso dizer que Caroline quase surtou quando dois meses depois
eu apareci casada e estava anunciando que ia morar na casa do Gael. Também
devo admitir que ela ficou surpresa por eu me casar com ele e não com seu
amigo médico que me ajudou na clínica.
Agora, enquanto assisto a minha irmã e meu cunhado fugirem da cerimonia
de casamento para ter um pouco de sexo quente, não consigo tirar o sorriso
estúpido do meu rosto.
— Eu gosto desse sorriso no seu rosto. — Meu marido sussurra enquanto
dançamos. — Apenas não sei se gosto do fato de não ter sido eu quem o
colocou ai.
— Ah mais foi você quem o colocou aqui. — Sorrio ainda mais amplo. —
A Caroline me ajudou a sair do buraco que eu estava, você me ensinou a
viver e a amar.
— Eu não sabia o que era viver até que te conheci. — Ele me beija. —
Você é tudo o que importa na minha vida.
— Acho que vamos ter que mudar isso. — Coloco sua mão na minha
barriga. — Parabéns, papai.
Assisto fascinada quando o meu marido começa chorar, e caindo no chão
ele beija a minha barriga.
Eu nunca estive tão feliz como estou nesse momento, e mesmo que eu
vivesse por mais um dia, eu partiria feliz e tendo a certeza de que Deus nos
dá as maiores bençãos nos nossos piores momentos.
Sorte a minha que eu teria muitos anos de vida ao lado do meu marido, e
assistiria meus filhos e netos crescerem e se tornarem pessoas as quais eu me
orgulharia eternamente.
Porquê o amor verdadeiro é eterno.