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Pedro Borges
Realidade
31 Agosto 2017
ALMA PRETA< 31 Agosto 2017, http://www.almapreta.com/editorias/realidade/panteras-
negras-todo-poder-ao-povo
Figuras como Huey P. Newton, Kathleen Cleaver, Bobby Seale, Ericka Huggins,
Eldridge Cleaver e Fred Hampton compõem o imaginário do ativismo anti-racista
em todo mundo.
As influências
A justificativa dos Estados Unidos para atacar o Vietnã e outras nações no mundo
era e ainda é marcada pela ideia de levar a liberdade para fora do país. Essa
premissa foi questionada pelos Panteras Negras, porque para eles, a comunidade
negra era uma colônia dentro dos EUA e não gozava de liberdade e nem de
direitos.
O pedido de mudanças da juventude nos anos 1960 também vai inflar os Panteras.
A Guerra do Vietnã motivava o dilema “Não faça guerra, faça amor”, na mesma
medida em que crescia a segunda onda do feminismo e os movimentos de contra-
cultura se espalhavam pelo mundo, como o Hippie e o de estudantes na França.
Emory Douglas, ministro da Cultura dos Panteras Negras, que ingressou no Partido
em 1967, era o responsável pelo jornal The Black Panther e pela identidade visual
da organização. Em entrevista ao Alma Preta, o ex-integrante do Comitê Central
dos Panteras Negras diz que a produção artística do movimento bebeu das
mesmas fontes que construíram a linha política do grupo.
Seus desenhos e traços foram influenciados por aquilo que era produzido pelos
artistas dos movimentos políticos de libertação na África, Ásia, América Latina e
da Palestina, e também pelas produções da comunidade negra americana.
No Norte, a violência sofrida pela comunidade negra era mais próxima daquilo que
se chama hoje de racismo institucional. A legislação não permitia de maneira
aberta a manifestação do racismo, mas a sociedade estruturada na segregação
racial incentivava essa prática por parte das instituições.
Outro exemplo era a ação policial. Mesmo que sem a presença marcante de
brancos sulistas com os trajes da Ku Klux Klan, a violência dos agentes de
segurança direcionada sobretudo contra homens negros era uma realidade
constante.
O pesquisador da UFABC acrescenta que o próprio Martin Luther King Jr., nas suas
passagens pela grandes cidades do Norte, percebia que o método da não-violência
dialogava mais com o modelo racial da região Sul do país.
Não à toa, a expectativa criada em torno da Lei dos Direitos Civis gerou frustração
para a comunidade e os ativistas negros, em especial, da região Norte. As poucas
mudanças sentidas por aqueles que continuavam a enfrentar a violência policial,
vão fazer uma geração de jovens abandonar a estratégia da não violência.
“Ele é uma, entre várias figuras da época, que vai fazer essa transição, que saem
dessa cultura política da não-violência, que tinha como símbolo o Martin Luther
King Jr., e vão começar a fazer um discurso, que é do Black Power”, conta Flávio. À
Stokely Charmichael se atribui a criação do movimento Black Power.
“Você tem uma juventude negra em sua grande maioria sem perspectiva. Esse
contexto econômico e social é outro fator importante”, descreve Raquel Barreto.
Flávio Thales destaca outro ponto para o surgimento dos Panteras Negras e o seu
repentino sucesso, as características pessoais e políticas dos dois fundadores do
partido, Bobby Seale e Huey P. Newton. Para ele, ambos eram “prodígios”,
“carismáticos”, com vasta formação intelectual e política.
Bobby Seale (esquerda) e Huey Newton (direita), os dois fundadores do Partido dos
Panteras
A história do partido pode ser dividida em quatro partes. A primeira, que vai de
1966 até 1971, é o período de ouro da entidade, quando Bobby Seale, presidente do
grupo de 1966 a 1974, diz que a organização chegou a ter, em 1970, 45 sedes em
todo o país e 5 mil filiados. Esse momento é também posto como representante de
toda a história do partido, deixando de lado as singularidades de cada umas das
fases.
Essa é a visão compartilhada por Emory Douglas, Ministro da Cultura dos Panteras
Negras. “A minha visão política é um reflexo da visão política do partido. Nós
tínhamos uma perspectiva e um ritmo, uma plataforma e um formato que nos
guiava. Era basicamente uma concepção socialista e marxista, mas com uma
interpretação no contexto urbano”, relata Emory Douglas.
A primeira ação política dos Panteras Negras foi a autodefesa contra a violência
policial, entendida como uma manifestação do racismo. Para enfrentar esse
problema, decidiram por acompanhar as patrulhas policiais com armas em mãos e
uma cópia da legislação do Estado da Califórnia, que dava a permissão para o
porte legal de armamentos. A ideia era evitar que qualquer abuso de autoridade
fosse feito por parte dos agentes de segurança do Estado.
Foi nesse momento que os Panteras Negras apresentaram ao público uma outra
característica que os marcaria: a performance.
A campanha faz o partido crescer e receber uma série de novos filiados. Entre eles,
uma figura importante, o já reconhecido autor do livro “Uma Alma no Exílio”,
Eldridge Cleaver. Ele ingressa na organização e aumenta o diálogo dos Panteras
Negras com grupos da esquerda e intelectualidade branca norte-americana.
Mais do que assassinar um dos grandes líderes do Século XX, Martin Luther King
Jr. representava o modelo de luta da não-violência. De acordo com os Panteras
Negras da época, a sociedade norte-americana enterrou com Martin Luther King Jr.
a possibilidade de dialogar e resolver o racismo e a violência contra a comunidade
negra de modo pacífico.
É nesse contexto que Eldridge Cleaver e o jovem Bobby Hutton, de 17 anos, foram
encurralados por agentes de segurança depois de uma operação policial em
Oakland. Em menor número, Cleaver sugeriu que os dois tirassem toda a roupa e
saíssem nus para que os policiais não desconfiassem que eles estivessem
armados. Cleaver fez isso, mas o jovem ficou envergonhado, e tirou apenas a
camiseta.
Após essa ação, em 28 de Novembro de 1968, Cleaver vai para Cuba e depois para
a Argélia, para fugir da perseguição do Estado norte-americano. Lá, funda a seção
internacional dos Panteras Negras.
Os olhares em torno do Partido haviam crescido. Ainda na primeira fase, e bem
incipiente, os Panteras Negras passaram a despertar o olhar não só da polícia
local. Depois de 1967, o partido passa a ser monitorado pelo FBI.
Repressão
O principal alvo da COINTELPRO foram os Panteras Negras. Das 290 ações feitas
pelo serviço secreto, 245 foram direcionadas ao partido. As táticas utilizadas
foram as mais diversas, desde aumentar as disputas internas, que ganhariam
corpo com a discordância entre Eldridge Cleaver e Huey Newton, pela ameaça e
perseguição constante dos membros, pelo forjar de provas para o aprisionamento
de líderes, e até a execução de integrantes do grupo. O serviço de contra-
inteligência também estimulou a rivalidade entre os Panteras Negras e outras
organizações do Black Power, fazendo com que essas entidades chegassem
inclusive aos conflitos físicos.
Quatro dias depois da morte de Fred Hampton e Mark Clark em Chicago, a polícia
de Los Angeles invadiu o escritório dos Panteras Negras na cidade. Em 8 de
dezembro de 1969, 300 membros da SWAT atacaram a sede da organização. Os
Panteras não se renderem, o que resultou num conflito armado que durou cerca de
5h, deixando alguns feridos, e que contabilizou a utilização de 5 mil cartuchos.
Durante o processo, Seale pediu para que se adiasse o seu julgamento por conta
da não presença do advogado. Como o pedido foi negado, Seale solicitou o direito
de fazer a sua própria defesa.
Nesse momento, ainda vivo, Fred Hampton pronunciou uma frase que marcaria a
luta dos Panteras Negras. “Você pode prender um revolucionário, mas não pode
prender a revolução”.
A sede de Nova York tinha uma visão mais próxima do nacionalismo negro,
diferente dos núcleos de Oakland e Chicago, mais próximos ao socialismo.
Ainda na primeira fase dos Panteras Negras, o grupo dá início aos seus programas
sociais. As ações ganham mais força depois da proibição do uso de armas em
vias públicas no Estado da Califórnia.
O programa que ganhou mais repercussão foi o café da manhã gratuito, com início
em Janeiro de 1969. Os membros do partido se encontravam nas primeiras horas
da manhã para cozinhar para as crianças negras da região. Era do conhecimento
do Comitê Central que as crianças que pouco se alimentavam antes das aulas
tinham um pior rendimento na escola. No auge do programa, calcula-se que foram
servidas em média 20 mil refeições por semana.
Em agosto de 1971, um boicote foi feito a uma loja de bebidas de Oakland depois
de um dos comerciantes se recusar a dar dinheiro para os Panteras Negras. Essa
era uma das estratégias utilizadas para pressionar os lojistas a colaborarem com a
entidade.
Emory Douglas considera que a mídia negra serve como poderosa ferramenta na
luta contra a opressão racial.
“A mídia negra pode lutar contra o racismo mostrando que o racismo é atrelado ao
sistema e é institucionalizado. No jornal você pode expor o que você trata, e
mostrar para as pessoas as contradições entre o que deveria estar acontecendo e
o que não está sendo feito, em relação às pessoas de cor e negras”, disse Emory
Douglas.
A pesquisadora Raquel Barreto diz que essa é também uma fase que, em certos
momentos e análises, é tida como total da história do partido. É nessa etapa que
começa a existir uma centralidade na figura de Huey Newton, o que vai lhe dar
poderes que em alguns momentos foram utilizados para fortalecer a sua posição
em detrimento da organização.
Desde o início dos Panteras Negras, Huey Newton é construído como um mito,
como a figura que lideraria a comunidade negra na luta contra a supremacia
branca, imaginário esse que só se fortalece com sua liberdade.
O jovem, preso quando o partido ainda tinha características locais, volta às ruas e
encontra uma organização que crescera também por conta da campanha pela sua
liberdade e que naquele momento tinha reconhecimento no país e em outras
partes do mundo.
A principal mudança da segunda fase dos Panteras Negras, porém, está no campo
das estratégias políticas. Em 1972, Huey Newton decide por mobilizar toda a força
política da organização para a eleição de Bob Seale para prefeito de Oakland, e
Eliane Brown, para um cargo na Câmara Municipal.
Para essa ação, os Panteras decidem por fechar quase todas as suas sedes em
outras regiões do país e convidam todos os membros possíveis para ajudar na
campanha com o objetivo de vencer e mostrar para o mundo a cidade de Oakland
como um exemplo a ser seguido para os municípios com forte presença de afro-
americanos e a transformar em modelo de administração.
O segundo lugar nas eleições com mais de 500 mil votos para Bobby Seale e a não
eleição de Eliane Brown, marcou uma etapa na desmobilização dos Panteras
Negras. A organização havia centrado todos seus recursos humanos, políticos,
financeiros nas disputas para a câmara municipal e a prefeitura.
A terceira fase, que vai de 1973 a 1977, se inicia com cerca de 500 filiados, de
acordo com Bobby Seale. O início dessa etapa, em 31 de Julho de 1974, conta com
o desligamento de Seale do partido, depois de grave desentendimento com Huey
Newton. Depois de sua saída, uma série de integrantes abandonam a organização,
que passa a registrar 200 filiados.
Huey Newton, naquele momento, tinha status de celebridade local, prestígio por
parte de alguns membros do partido, e medo de outros.
Ainda em 1974, Huey Newton se vê obrigado a deixar o país, por conta de uma
acusação de assassinato e agressão, e se exila em Cuba. A saída de Newton abriu
espaço para Eliane Brown assumir a presidência dos Panteras Negras, retomar
parte do prestígio regional da entidade, arranhada por conta de comportamentos
violentos de Huey Newton.
Apesar de contar com poucos filiados, Eliane Brown tem êxito na estratégia dos
Panteras Negras de influir na política de Oakland.
Eliane Brown foi presidenta dos Panteras Negras na fase final do partido.
O fim
O fim do partido, e o início da quarta e última fase, que vai de 1977 a 1982, tem
como marca fundamental o retorno de Huey Newton aos Estados Unidos. Em
1977, Eliane Brown alega falta de condições físicas e mentais para seguir na
dirigência do partido e sai da entidade.
Em 1980, é publicada a última versão do jornal “The Black Panther”, e o fim dos
Panteras Negras é marcado de maneira oficial em 1982, com o fechamento da
escola comunitária de Oakland.
Além das pressões do FBI e das disputas internas, erros estratégicos como o
fechamento da estrutura nacional para as eleições de Oakland, e a centralidade
das decisões de Huey Newton, foram outros fatores que colaboraram para o fim
do partido dos Panteras Negras.
“Qualquer “ismo” que possa melhorar e dar esclarecimento pode ajudar na luta
contra o racismo e para transformação da sociedade. Mas todo “ismo” também
tem suas limitações”, conta Emory Douglas.
O porco enquanto representação dos policiais norte-americanos é uma das
principais obras de Emory Douglas.
As Mulheres e o Machismo
Ela aponta que, como historiadora, prefere olhar para aquele período histórico. A
década de 1960 é o momento em que ocorre a chamada segunda onda do
feminismo. Muitas das conhecidas feministas da época vinham de movimentos
progressistas e de esquerda, onde apontavam a presença do machismo nesses
espaços.
Uma das propostas de Elaine Brown, única presidenta do Partido, foi a de fazer as
mulheres articularem os programas de autodefesa e os homens cuidarem do café
da manhã.
Ela acha que é preciso ter cuidado com determinadas afirmações categóricas,
como a de marcar o Partido dessa maneira, como machista.
Influência e legado
Todas as lutas travadas e o mito construído em torno dos Panteras Negras fez a
organização ter grande influência nos EUA, no Brasil e em outras partes do mundo.
Raquel lembra que ambos, Black Lives Matter e os Panteras Negras, surgiram de
momentos de enfrentamento à violência policial. O Black Lives Matter ganhou
muita força nos EUA depois de Ferguson, com a morte do jovem Michael Brown, de
18 anos.
Flávio recorda que os Panteras Negras também serviram de inspiração para outras
entidades nos EUA, como as organizações de latino-americanos e os movimentos
de porto-riquenhos contra o domínio dos Estados Unidos.
Ainda na esfera política, Flávio acredita que o partido representa um golpe à ideia
de excepcionalismo democrático dos EUA. A nação, que prega a democracia por
todo o mundo, teve as suas contradições também apresentadas pelos Panteras
Negras.
As escolas comunitárias e a importância de educar a juventude negra a partir do
olhar afro-americano influenciou a construção dos “Black Studies”, que em
português significam “Estudos Negros”. Hoje em muitas universidades norte-
americanas há centros de African Studies (Estudo Africanos) ou African-American
Studies (Estudos Afro-Americanos). No Brasil, de maneira mais recente, há a
criação dos Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB), em muitas universidades
federais pelo país.
Toomie Smith e John Carlos marcaram os jogos olímpicos de 1968 com o símbolo
do Black Power.
José Adão Oliveira, um dos fundadores do MNU, destaca como legado dos
Panteras Negras o conhecimento da legislação nacional para desmascarar o
racismo, a utilização do orgulho negro como forma de ação política e a luta contra
o modelo econômico vigente.
O artigo de Raquel Barreto, “Os Panteras Negras e o Brasil: Notas sobre uma
História da Diáspora”, é uma fonte para entender as relações existentes entre o
partido e o país.
A partir da leitura, é possível observar que não foram só os Panteras Negras que
influenciaram o movimento negro brasileiro. Na lista de leituras obrigatórias do
partido em casos de emergência, em momentos de maior pressão do Estado,
estava o Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano, de Carlos Marighella, integrante da
Ação Libertadora Nacional (ALN). O texto foi traduzido para o inglês por volta de
1969.
Quatro dias depois da morte de Carlos Marighella, assassinado pela Ditadura
Militar, a edição do jornal dos Panteras Negras de 8 de Novembro de 1969
publicou na sessão de notícias internacionais o texto de Carlos Marighela,
“Chamamento ao Povo Brasileiro”, de 1968. Mesmo sem uma indicação direta de
que aquilo é uma homenagem, há fortes indícios de que sim.
“Essa juventude não vai achar elementos para a construção de uma identidade
negra na cultura nacional. Ela vai buscar fora. Você tem um discurso de que não há
problema de raça no Brasil, e essa juventude está criando uma identidade racial e
está fazendo discurso de orgulho negro”, conta Flávio Thales.
O ator e cineasta Zózimo Bulbul também bebeu da fonte dos Panteras Negras. Em
1973, o artista apresentou o curta-metragem com o título de “Alma no Alho”,
inspirado no livro de Eldridge Cleaver, “Alma no Exílio”. A obra do Ministro da
Informação do partido foi divulgada em 1971 no Brasil, e o filme de Zózimo não
chegou a ser publicado, pois foi censurado pela Ditadura.
Existe hoje nos Estados Unidos um movimento chamado New Black Panthers, ou
Novos Panteras Negras em português. Apesar de carregar a marca e a simbologia
do Partido dos Panteras Negras, líderes da história organização afastam as
aproximações.
Bobby Seale, em entrevista, disse que os New Black Panthers nada tem a ver com
os originais e Mumia Abu-Jamal, em texto escrito, diz que esse grupo está mais
próximo da Nação do Islã, de Malcolm X, do que dos Panteras Negras.
Flávio diz que não há uma ideologia anti-colonial, marxista, assim como há uma
ausência de intelectuais negros, marcas dos antigos Panteras Negras.
“São grupos para-militares que utilizam essa representação dos Panteras Negras e
tentam se colocar como os Novos Panteras Negras. Não existe algo que
estabeleça uma relação direta entre esse grupo e o que atuou nas décadas de 60 e
70”, explica Flávio Thales.
Albert Woodfox, ex-integrante dos Panteras Negras, ficou 43 anos preso, muitos
deles na solitária. Acusado de assassinar um policial, Albert ficou conhecido como
“os três de Angola”. Angola é o nome de uma prisão norte-americana, criada sob
uma antiga fazenda, em que os negros que trabalhavam no local de forma escrava
vinham do país homônimo. Albert Woodfox foi libertado em 2016.
Apesar dos anos se passarem, Flávio Thales acredita que essas prisões
representam que os EUA, assim como o Brasil, é um país marcado pelo racismo.
“Eu não consigo ter outro argumento para a manutenção dessas prisões senão a
de como a supremacia branca resiste na justiça norte-americana”.
Referências:
Artigo de Raquel Barreto: “Os Panteras Negras e o Brasil: Notas sobre uma história
da diáspora”.