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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DO AMAZONAS

1º 05 / FISÍCA
André Victor Machado da Silva

HISTÓRIA NEGRA DO BRASIL

MANAUS/AM
2020
INTRODUÇÃO
O movimento negro começou a surgir no Brasil durante o
período da escravidão. Para defender-se das violências e
injustiças praticadas pelos senhores, os negros escravizados
se uniram para buscar formas de resistência. Ao longo dos
anos, o movimento negro se fortaleceu e foi responsável por
diversas conquistas desta comunidade, que por séculos foi
injustiçada e cujos reflexos das políticas escravocratas ainda
são visíveis na sociedade atual.
História do movimento negro

O movimento negro no Brasil surge, ainda de forma precária e


clandestina, durante o período escravagista. Grandes
personagens se insurgiram contra o sistema e impulsionaram o
movimento.
Dentre eles, um dos mais conhecidos é Zumbi dos Palmares
(líder do Quilombo dos Palmares). Vale lembrar que os
escravizados utilizavam-se da quilombagem (fuga para os
quilombos e outros tipos de protestos) e do bandoleirismo
(guerrilha contra povoados e viajantes) para rebelar-se contra a
escravidão.
Ainda no mesmo período, o Movimento Liberal Abolicionista
passa a ganhar força, desenvolvendo a ideia de fim da
escravidão e comércio de escravos. Como resultado, foi
promulgada em 13 de Maio de 1888 a Lei Áurea, encerrando o
longo período escravagista. A população negra inicia então um
novo desafio: a luta contra o preconceito e desigualdade social.
O movimento negro após a
abolição da escravatura

Ao final do século XIX e durante uma grande parte do século


XX, circulam jornais e revistas voltados aos negros. Os
periódicos são fundados por associações dos mais diversos
tipos, desde carnavalescas, até literárias. As publicações
começam com o intuito de discutir a vida da população negra
em geral e promover assuntos interessantes à época.
Porém, esses periódicos acabaram se tornando meios de
denúncia de atos praticados contra os negros, das dificuldades
desse grupo no período pós-escravagista, da desigualdade
social entre negros e brancos e das restrições sofridas em
decorrência do preconceito racial. O agrupamento de todas as
publicações passou a ser conhecido como Imprensa Negra
Paulista. Dentro deste mesmo período, em 1931, é fundada a
Frente Negra Brasileira. Esse movimento viria a se transformar
em partido político, extinto com os demais na criação do
Estado Novo.
Após o Estado Novo, esses grupos começam a se organizar,
formando entidades importantes na história pelo direito dos
negros, tendo como exemplo a União dos Homens de Cor e o
Teatro Experimental do Negro. Já na década de 60, a
caminhada dos grupos no Brasil ganha novas influências e
referências, como o Movimento dos Direitos Civis nos EUA e a
luta africana contra a segregação racial e libertação de
colônias. Destacam-se personalidades como Rosa Parks,
Martin Luther King, Nelson Mandela e Abdias Nascimento.
Assim como influências advindas do movimento conhecido
como “Black is Beautiful”.
O movimento negro a partir dos
anos 70

Alguns anos depois, nas décadas de 70 e 80, vários grupos


são formados com o intuito de unir os jovens negros e
denunciar o preconceito. Protestos e atos públicos das mais
diversas formas passam a ser realizados, chamando a atenção
da população e governo para o problema social – como a
manifestação no Teatro Municipal de São Paulo, que resultaria
na formação do Movimento Negro Unificado.
A Marcha Zumbi, realizada em Brasília em 1995, contou com a
presença de 30 mil pessoas, despertando a necessidade de
políticas públicas destinadas aos negros, como forma
compensatória e de inclusão nos campos socioeducativos.
Com dados alarmantes do IBGE e IPEA , um decreto do
presidente Fernando Henrique Cardoso instituiu o Grupo de
Trabalho Interministerial para a Valorização da População
Negra.
Porém, a instauração de medidas práticas passa a ser
realizada só após a Conferência Mundial Contra o Racismo,
Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatadas de
Intolerância (Durban, África – 2001). A partir desse momento, o
governo brasileiro passa a ter interesse em demonstrar,
efetivamente, o cumprimento de resoluções determinadas
internacionalmente pelos órgãos de Direitos Humanos.
Desse momento em diante, são criados programas de cotas
raciais, iniciativas estaduais e municipais, e em 2003, a
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial da Presidência da República (SEPPIR).
O que o movimento negro busca
hoje?

Após a abolição, os negros passaram a habitar guetos e


comunidades, como forma de proteção, e em razão da falta de
oportunidades. Entre as reivindicações do movimento negro
hoje em dia está a compensação por todos os anos de trabalho
forçado e à falta de inclusão social após esse período; a falta
de políticas públicas destinadas a maior presença do negro no
mercado de trabalho e nos campos educacionais. Também, a
efetiva aplicabilidade das leis que buscam a criminalização do
racismo e a plena aceitação e respeito à cultura e herança
histórica.
O que diz a lei em relação à
igualdade racial?

Iniciando as batalhas jurídicas contra o racismo no Brasil, foi


estabelecida a lei 1390/51 (1951), conhecida como “Lei Afonso
Arinos”, proibindo qualquer tipo de discriminação racial no país.
Sua aplicabilidade não demonstrava qualquer eficácia, visto
que as punições não eram aplicadas, mesmo em casos claros
de discriminação.
A “Lei Caó”, de 1989, tipificou o crime de racismo no Brasil.
Hoje, esse crime é imprescritível e inafiançável no país. Além
da “Lei Caó”, há a injúria racial (Art. 150, CP), utilizada nos
casos de ofensa à honra pessoal, valendo-se de elementos
ligados à cor, raça, etnia, religião ou origem.
No caso da inclusão dos negros no sistema educacional
brasileiro, foi criada a Lei 12.711/12, que determina a criação
de cotas em universidades públicas para a população negra.
Para maior presença no campo de trabalho, foi determinada,
também, uma cota relacionada a concursos públicos, através
da Lei 12.990/14. 20% das vagas oferecidas nos concursos
são destinadas aos negros.
Polêmicas

Desde sua aplicação, o sistema de cotas instaurado no Brasil


provocou muitas manifestações contrárias. Uma parte dos
vestibulandos e candidatos a concursos alegam
inconstitucionalidade, apoiados por alguns juristas e juízes
brasileiros. Entretanto, o STF manifestou-se unanimemente a
favor da constitucionalidade da medida.
Além do problema em relação às cotas, os negros são alvos
recorrentes de racismo, seja ele de forma velada ou explícita.
Exemplos, infelizmente, muito comuns são:
Jogadores de futebol chamados de “macacos” em estádios;
Mensagens ofensivas destinadas a atores, jornalistas e atletas
negros por meio das redes sociais – como o caso
nacionalmente conhecido, relacionado à jornalista Maria Júlia
Coutinho (Maju, apresentadora de meteorologia do Jornal
Nacional, Rede Globo);
Alunos em idade escolar alvo de preconceito por seus cabelos.
São apenas uma pequena amostra de como o racismo ainda
persiste na cultura brasileira, mesmo sendo um país de tanta
diversidade cultural e étnica.
BIOGRAFIAS:
Luiz Gama
Líder abolicionista
Luiz Gama (1830-1882) foi um importante líder abolicionista,
jornalista e poeta brasileiro. É o patrono da cadeira n.º 15 da
Academia Paulista de Letras. Luiz Gonzaga Pinto da Gama
nasceu em Salvador, Bahia, no dia 21 de junho de 1830. Filho
de um fidalgo de origem portuguesa (cujo nome jamais citou) e
da escrava livre Luiza Mahin que, segundo ele, participou da
revolta do Malês em 1835 e da Sabinada em 1837 e, como
consequência teve que fugir para o Rio de Janeiro, deixando o
filho aos cuidados do pai. Em 1840, com 10 anos, Luiz Gama
foi levado, por seu pai, para o Rio de Janeiro e vendido ao
negociante e alferes Antônio Pereira Cardoso, para pagar uma
dívida de jogo. O fato de ser baiano, que tinha fama de
insubordinado, o comerciante não conseguiu vende-lo e o
levou para sua fazenda no município de Limeira. Com 17 anos,
conheceu o estudante Antônio Rodrigues do Prado, hóspede
da fazenda, que lhe ensinou a ler e escrever. Em 1848, com 18
anos, sabendo que sua situação era ilegal, uma vez que sua
mãe era livre, fugiu para a cidade de São Paulo. Nesse mesmo
ano, alistou-se na Força Pública da Província. Em 1850 casa-
se com Claudina Gama, com quem teve um filho. Ainda nesse
ano, tentou ingressar no curso de Direito do Largo de São
Francisco, mas por ser negro e ser hostilizado pelos
professores e alunos, frequentou as aulas como ouvinte. Em
1854, após uma insubordinação na Força Pública, ficou 39 dias
preso, sendo em seguida expulso da corporação. Mesmo sem
ter se formado em Direito, adquiriu conhecimentos que lhe
permitiu atuar na defesa jurídica dos escravos. Em 1856
tornou-se escriturário da Secretaria de Polícia da Província de
São Paulo.
O abolicionista

Em 1864, junto com o ilustrador Ângelo Agostini, Luiz Gama


inaugurou a imprensa humorística paulista ao fundar o jornal
“Diabo Coxo”, que se destacou por utilizar caricaturas que
ilustravam as reportagens dos fatos cotidianos da conjuntura
social, política e econômica, o que permitia os iletrados
compreenderem os fatos. Em 1869, junto com Rui Barbosa,
fundou o “Jornal Paulistano”. Colaborou com diversos jornais
progressistas, entre eles, Ipiranga e Cabrião. Luiz Gama esteve
sempre envolvido nos movimentos contra a escravidão,
tornando-se um dos maiores líderes abolicionistas do Brasil.
Em 1873 participou da Convenção de Itu, que criou o Partido
Republicano Paulista. Ciente de que naquele espaço dominado
por fazendeiros e senhores de escravos suas ideias
abolicionistas não receberiam apoio, passou a denunciá-los e
condená-los de todas as formas. Em 1880, foi o líder da
Mocidade Abolicionista e Republicana. Nos tribunais, Luiz
Gama usava uma oratória impecável e com seus
conhecimentos jurídicos defendia os escravos que podiam
pagar pela carta de alforria, mas eram impedidos por seus
donos. Defendia os escravos que entraram no território
nacional após a proibição do tráfico negreiro de 1850.
Participava de sociedades secretas, como a Maçonaria, que o
ajudavam financeiramente. Conseguiu libertar mais de 500
cativos.
Livros e poemas

Luiz Gama projetou-se na literatura em função de seus


poemas, nos quais satirizava a aristocracia e os poderosos de
seu tempo. Muitas vezes se ocultava sob o pseudônimo de
“Afro”, “Getulino” e “Barrabás”. Em 1859 publicou uma
coletânea de versos satíricos, intitulado “Primeiras Trovas
Burlescas de Getulino”, que fez grande sucesso, onde se
encontra o poema “Quem Sou Eu?” popularmente chamada de
“Bodarrada”, “bode” era uma gíria que tentava ridicularizar os
negros.
Quem Sou Eu? : (...) Se negro sou, ou sou bode/Pouco
importa. O que isto pode?/Bodes há de toda casta/ Pois que a
espécie é muito vasta.../Há cinzentos, há rajados,/Baios,
pampas e malhados,/Bodes negros, bodes brancos,/E,
sejamos todos francos,/Uns plebeus e outros nobres./Bodes
ricos, bodes pobres,/Bodes sábios importantes,/E também
alguns tratantes...
Entre outras poesias destacam-se: “Meus Amores”, “Minha
Mãe”, “O Rei Cidadão”, “Coleirinho”, “Lá Vai Verso”, “A Cativa”,
“A Borboleta” e “Retrato”. Em 1861, lançou “Novas Trovas
Burlescas” uma edição ampliada. Luiz Gama deixou também
peças líricas de reconhecido valor.

Luiz Gama faleceu em São Paulo, no dia 24 de agosto de


1882.
Ruth de Souza
Atriz
Ruth Pinto de Souza nasce no Rio de Janeiro em 12
de maio de 1921. Até os 9 anos de idade vive com a
família em uma fazenda em Porto do Marinho,
pequena cidade do interior de Minas Gerais. Com a
morte do pai, ela e a mãe voltam a morar no Rio de
Janeiro, em uma vila de lavadeiras e jardineiras, no
bairro de Copacabana. Interessa-se por teatro ainda
menina, quando assiste a récitas no Municipal. Pela
Revista Rio, toma conhecimento do grupo de atores
liderados por Abdias do Nascimento, o Teatro
Experimental do Negro. Une-se ao grupo e faz sua
estreia em O imperador Jones, de Eugene O’Neill,
em 8 de maio de 1945, no palco do Municipal. Por
indicação de Paschoal Carlos Magno, recebe bolsa
de estudo da Fundação Rockefeller e passa um ano
nos Estados Unidos: na Universidade Harvard, em
Washington, e na Academia Nacional do Teatro
Americano, em Nova York. Em 1948, indicada pelo
autor Jorge Amado, estreia no cinema em Terra
violenta, adaptação do seu romance Terras do sem
fim. Com direção do norte-americano Edmond
Bernoudy, o filme tem ainda no elenco Anselmo
Duarte, Maria Fernanda, Heloisa Helena e
Ziembinski. A partir daí, sua carreira de atriz
prossegue focada no cinema. Participa de diversas
produções das três empresas pioneiras: Atlântida,
Maristela Filmes e Vera Cruz. Na Atlântida, roda
Falta Alguém no Manicômio (1948) e Somos Irmãos
(1959), ambos de José Carlos Burle, e A Sombra da
Outra (1950), de Watson Macedo. Contratada para o
elenco fixo da Vera Cruz, atua em Ângela (1951),
Terra é Sempre Terra (1952) e Sinhá Moça (1953),
todos dirigidos por Tom Payne, e Candinho (1954),
de Abílio Pereira de Almeida, estrelado por
Mazzaropi. Por seu desempenho em Sinhá Moça,
torna-se a primeira atriz brasileira indicada para
prêmio internacional: o Leão de Ouro, no Festival de
Veneza de 1954, em que disputa com estrelas como
Katherine Hepburn, Michele Morgan e Lili Palmer,
para quem perde por dois pontos. Em 1958 filma
Ravina, com Rubem Biáfora, um marco na
cinematografia brasileira. Em 1959 vive um momento
especial no palco, quando protagoniza Oração para
uma Negra, de William Faulkner, com Nydia Licia e
Sérgio Cardoso, no Teatro Bela Vista, em São
Paulo. Com Roberto Farias aparece em Assalto ao
Trem Pagador, em 1962, ao lado de Eliézer Gomes,
Luíza Maranhão e Reginaldo Farias. Depois de atuar
em radionovelas, trabalha nos teleteatros da Tupi e
da Record. Em 1969 integra o elenco da TV Globo e
nela se torna a primeira atriz negra a protagonizar
uma novela: A Cabana do Pai Tomás, na qual divide
o estrelato com Sérgio Cardoso. Há 30 anos
participa intensamente da teledramaturgia da
emissora. Atravessando gerações, marca presença
no cinema com cineastas mais jovens, como Walter
Salles, em A Grande Arte (1991), Aluísio Abranches,
em Um Copo de Cólera (1999), e Zito Araújo, em As
Filhas do Vento (2004).
Referências:

• Biblioteca Nacional (13 de maio de 1888 – Dia da


Abolição da Escravatura)
• Abdias Nascimento
• The King Center (About Dr. King)
• DW – 1955: Rosa Parks se recusa a ceder lugar a um
branco nos EUA
• Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012
• Lei nº 12.716, de 5 de janeiro de 2009
• Lei nº 12.990, de 9 de junho de 2014
• JusBrasil – Lei Afonso Irinos

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