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O dia 20 de novembro de 1695 tem seu lugar na história brasileira em virtude do assassinato de
Zumbi dos Palmares. Há 325 anos, o legado de um dos maiores protagonistas da luta
antiescravista e antirracista tem servido como inspiração para quem tem sido obrigado a
experimentar a pior parte de um país onde o racismo ainda dá as cartas. Como é sabido, o fim
formal da escravidão não significou a extinção do racismo no Brasil. Por consequência,
posicionar-se para combater a desigualdade racial em todas as suas formas e para demandar a
ocupação de espaços nos quais a ausência do negro é naturalizada faz-se um imperativo moral
para todos os indivíduos que se reputam antirracistas.
Entre as últimas décadas do século XVI e o último decênio do século seguinte, Palmares
contou com sucessivos líderes. Até o momento, conhecem-se nominalmente os dois últimos:
Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares. Este permaneceu à frente do quilombo entre 1678 e
1694, quando da destruição definitiva por ação de uma empreitada encabeçada por Domingos
Jorge Velho. A resistência na região prosseguiu após a extinção de Palmares até que, em 20
novembro de 1695, Zumbi foi morto.
O fim de Palmares não significou de modo algum o fim dos quilombos em terras brasileiras. Já
no período imperial, têm-se registros de quilombos como o do Jabaquara, localizado na cidade
de Santos e o do Leblon, no Rio de Janeiro. As camélias cultivadas no último tornaram-se
símbolo do movimento abolicionista. Por sua vez, a mobilização antiescravista no Brasil
alcançou seu objetivo em 13 de maio de 1888, com a entrada em vigor da Lei 3.353, também
conhecida como Lei Áurea.
O Brasil nunca implantou um regime de apartheid para que atualmente negros sejam
sub-representados em postos profissionais de comando, nas cadeiras do Poder Legislativo
federal e nas classes sociais mais elevadas. Negros também são maioria entre as vítimas de
homicídio, entre os encarcerados e nas classes sociais menos abastadas, além de
apresentarem nível de escolaridade mais baixo e taxas de analfabetismo e de desemprego
mais elevadas que as dos brancos. Quando empregados, o rendimento mensal médio dos
negros é 57% daquele destinado aos brancos. Bastou que o Estado brasileiro retardasse em
mais de um século a implantação de políticas públicas de inclusão para preservar até os
tempos hodiernos um estado de coisas no qual o racismo é estrutural, é regra e não exceção.
No ano de 2020 e nos anos vindouros, a resistência outrora protagonizada por Zumbi dos
Palmares deve ser motivação para que desigualdades materiais fundadas em raça sejam
lançadas por terra no Brasil. A consciência negra e o antirracismo devem ser as principais
razões para que práticas discriminatórias sejam extirpadas da vida em sociedade e das
instituições brasileiras.
1. O Quilombo dos Palmares foi um dos mais importantes da história do Brasil. Sabendo
disso destaque dois aspectos importantes de sua história de resistência.
6. Por que a tese da democracia racial costuma ser utilizada por aqueles que negam a
existência do racismo no Brasil?
7. No Brasil, embora nunca tenha tido o regime do Apartheid como na África do Sul e nos
EUA, as desigualdades de raça e classe se apresentam de forma intensa. Retire do
texto dois trechos que servem de exemplo para tais desigualdades.
8. A VIII SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA deste ano, teve como tema “Pedagogias
que Emergem da Luta antirracista: 20 anos da Lei 10.639/03”. Dentre as atividades
ocorridas na semana, destaque duas que se relacionaram com os conteúdos
trabalhados em Geografia neste bimestre.