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Um dos reis e heróis de guerra desse quilombo era chamado Zumbi, nome
advindo da palavra nzumbi, que, na língua banta, significa algo como guerreiro e
líder espiritual. O Zumbi dos Palmares, como ficou conhecido, foi executado pelos
portugueses em razão da queda do quilombo, destruído por expedições capitaneadas
pelo experiente bandeirante Domingos Jorge Velho.
Zumbi se tornou um mártir e símbolo da resistência negra, no Brasil, tanto
que o dia de sua execução, 20 de novembro de 1695, é hoje celebrado como o Dia da
Consciência Negra, no país. A influência dos quilombos foi tão grande que, até hoje,
em alguns lugares da América Espanhola, existe uma expressão popular denominada
quilombo, indicando problema ou situação complicada (denotando como os quilom-
bos incomodavam a sociedade escravocrata).
De qualquer forma, por se constituírem em um grande grupo populacio-
nal, ainda que não homogêneo, estiveram presentes em todos os cantos do Brasil.
Dessa maneira, acabaram por permear a própria identidade nacional brasileira como
um todo, apesar da oposição das camadas dominantes.
No século XIX, a despeito da Abolição da Escravatura promovida pelos
próprios europeus, na América, foram aperfeiçoadas as “teorias raciais” que já vi-
nham se desenvolvendo na Europa, desde o final da Idade Média. Tais teorias procu-
ravam justificar o neocolonialismo (de dominação militar mais incisiva), na África, e
afirmar que o branco era “civilizado” e, por razões biológicas (sem nenhuma compro-
vação científica plausível), mais inteligente e capaz do que os negros. Condenavam
ainda, fortemente, a miscigenação entre as raças, com o argumento de que as gera-
ções oriundas dessa “mistura” seriam “degeneradas”.
Como o Brasil era um país altamente influenciado pela cultura europeia,
pensava-se que o negro era uma raça de origem inferior, algo acentuado pela cultura
da escravidão, muito presente no país, que foi um dos últimos países no mundo a
realizar a abolição da escravatura.
No entanto, a cultura negra não agradava às elites governantes, que, larga-
mente influenciada pela cultura francesa introduzida no país, no século XIX, deseja-
va que o Brasil fosse visto como “civilizado” e mais próximo aos europeus.
Os movimentos de imigrantes europeus foram, ao mesmo tempo, uma
forma de mão de obra barata que visava a substituir os escravos, e também uma for-
ma de promover a chamada “branquificação” do país, que tinha uma população de
negros muito maior do que a de brancos, até então.
Hofbauer, ao analisar a ideia de branqueamento, afirma que esta “é uma
ideologia (teoria) genuinamente brasileira, que surgiu no final do século XIX como
uma adaptação das teorias raciais clássicas à situação brasileira” (HOFBAUER, 2003,
p.10-11).