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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E COMPUTAÇÃO - DCE


Onda negra,
medo branco
Disciplina: Antropologia dos Grupos Afro-brasileiros
Docente: Prof. Dr. Flávia Cristina de Melo
Discentes: Gabriel Alves, Marlon Santos, Mirela Amado, Mirella Ramos e Viviane Falcão

ILHÉUS, BA
2
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

O negro no imaginário das elites do século XIX


3
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 - EM BUSCA DE UM POVO


CAPÍTULO 2 - OS POLÍTICOS E A "ONDA" NEGRA
CAPÍTULO 3 - O "NÃO QUERO" DOS ESCRAVOS
CAPÍTULO 4 - ABOLICIONISMO E CONTROLE SOCIAL
CONCLUSÃO
EM BUSCA DE UM POVO 4

Início do século XIX com publicações de livros


sugerindo o fim da escravidão;
O que fazer com o negro após a ruptura da
polaridade senhor-escravo;
Movimento emancipacionista;

Movimento imigrantista;
Debate em torno do imigrante ideal ou do tipo
racial mais adequado para purificar "a raça
Autor: Breno Ximenes
brasílica" e engendrar por fim uma identidade
nacional.
PROJETOS EMANCIPACIONISTAS 5

Sociedade positiva alcançada mediante a construção da positividade do


trabalho;
Para Vellozo de Oliveira, havia uma sociedade negativa, propôs um plano de
aproveitar os vários tipos de trabalhadores disponíveis e em potencial.
Memória sobre a necessidade de Abolir a Introdução dos Escravos Africanos no
Brasil - Inspirar o amor ao trabalho nos "homens livres da classe do povo de
todas as cores";
Incentivo à reprodução de escravos e a imigração de trabalhadores europeus;
Para José Bonifácio - a superação da "heterogeneidade física e civil" da
população só seria possível mediante a extinção lenta e gradual da escravidão
PROJETOS EMANCIPACIONISTAS 6

Memória sobre Escravatura e Projecto de Colonisação dos Europeus e Pretos da


África no Império do Brazil - escravidão como fonte de todos os males do Brasil;
Frederico Leopoldo defende a devolução dos negroa à África, retrata no livro
Memoria Analytica á Cerca do Commercio d'Escravos e á Cerca dos Males da
Escravidão Domestica a situação opressiva dos negros no Brasil, submetidos à
crueldade da "classe egoísta";
Brandão Jr. defendia um conjunto de medidas disciplinares.
ÓCIO E LATIFUNDIO 7

Manter ocupados os "desocupados";


Domingos Barreto aborda ócio como antigo vício humano;
Reformadores relacionavam o ócio da maioria da população pobre com a
estrutura fundiária;
Visconde e Marechal-de-campo Henrique Pedro Carlos de Beaurepaire-Rohan -
problema real da lavoura no Brasil repousava na grande propriedade.
PEDAGOGIA DA TRANSIÇÃO 8

De nada adiantaria a coação policial ao trabalho e o controle administrativo das


vidas se não ocorresse simultaneamente uma internalização da hierarquia social
ou um reconhecimento subjetivo da posição social a ocupar e dos limites das
aspirações;
As fases da correção e instrução sob a responsabilidade direta dos senhores de
escravos eram essenciais para um melhor funcionamento da escravidão e para o
futuro das relações sócio-raciais;
"castigo econômico".
MULHERES, AO TRABALHO! 9

Nisia Faria - esforço militante em prol da afirmação


da mulher como ser social tão atuante e necessário
em termos produtivos quanto o homem;
Defendia que não havia necessidade de trazer
imigrantes quando no próprio país havia "com que
formar, querendo numerosas e respeitodas legiões
de bravos!".
MULHERES, AO TRABALHO! 10

Moralizar o trabalho, tornando-o positivo e


inevitável não só aos olhos das mulheres pobres
como também das ricas;
Afirmação da mulher como ser social últil,
equiparado ao homem em termos de produção
material e mental só poderia ser conquistada
mediante a sua inserção no mercado de trabalho
livre.
PROJETOS IMIGRANTISTAS 11

Ideia de crise caso o país não conseguisse assegurar a evolução rumo à meta
sonhada - o progresso;
Passagem do velho Brasil colonial para o novo Brasil, onde leis de mercado
regeriam, livremente e em igualdade de condições, as relações entre patrões e
empregados;
Necessidade de preencher uma carência básica: a nacionalidade;
Reformadores passam a tratar o tema do negro livre sob a perspectiva da sua
substituição física pelo imigrante tanto na agricultura, como nas diversas
atividades urbanas.
O alagoano Aureliano Cândido abordava sobre a necessidade de renovar a
população brasileira a partir da imigração branca;
PROJETOS IMIGRANTISTAS 12

O autor defendia a tendência do europeu para a pequena propriedade, cujo


"espírito" é de "conservação" e "liberdade";
A presença do negro só resultara em grande propriedade monocultura, atraso e
escravidão;
Pereira Barreto propunha políticas para assegurar condições favoráveis à
imigração européia, tais como separação da religião do Estado, a grande
naturalização, o casamento civil, a secularização dos cemitérios, a elegibilidade
dos não-católicos.
Mesmo que o país alcançasse algum progresso material, sem brancos e
embranquecidos, ele se ressentiria da falta de avanços morais e intelectuais.
O IMIGRANTE E A PEQUENA 13

PROPIEDADE

Fundação da Sociedade Central de Immigração (SCI), no Rio de Janeiro, em 1883;


Desenvolvimento do "Novo Brasil";
Perspectiva do senador Alfredo Taunay sobre a "vagabundagem" do brasileiro;
Organização da família no país;
PROJETOS ABOLICIONISTAS 14

A propaganda abolicionista a princípio foi desenvolvida na imprensa e restringia-se aos


limites estreitos da elite brasileira.
Os abolicionistas mais propagandeavam a abolição do que se posicionavam firmemente
a respeito.
15

OS POLÍTICOS E A
"ONDA NEGRA"
OS POLÍTICOS E A ONDA NEGRA 16

Corrente imigrantista
Projeto do imigrantista Lopes Chaves;
Revogação da lei nº12, de 9 de março de 1871;
A ruina do regime escravista 18

Movimento abolicionista: O crescimento do movimento abolicionista, tanto no Brasil quanto


internacionalmente, desempenhou um papel fundamental na denúncia da escravidão como uma prática
imoral e na pressão por sua abolição.
Pressões econômicas: As transformações econômicas, como a industrialização e a ascensão do capitalismo,
levaram à necessidade de mão de obra livre e assalariada. A escravidão tornou-se menos lucrativa.
Resistência e revoltas escravas: As frequentes revoltas e resistência dos próprios escravos contribuíram para
minar o regime escravista. Essas ações desafiavam a autoridade dos senhores e destacavam as injustiças e
atrocidades do sistema.
Pressões internacionais: A pressão internacional também desempenhou um papel significativo na ruína do
regime escravista. Países como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos aboliram a escravidão, o que afetou a
reputação e as relações comerciais do Brasil.
Leis abolicionistas: A promulgação de leis abolicionistas foi um fator decisivo na ruína do regime escravista. A
Lei Eusébio de Queirós (1850) proibiu o tráfico de escravos, restringindo o fornecimento de novos escravos. A
Lei do Ventre Livre (1871).
Crimes de escravos 19

Assassinatos de senhores e feitores


Ataques a administradores e suas famílias
Crimes contra a propriedade
Reação intensa no local de trabalho
Revoltas, fugas e apoio popular 20

Fuga das fazendas: Após a fuga das fazendas, os negros libertos buscavam solucionar seu destino como homens livres de
formas variadas.
Saqueando cidades e vilas: Alguns negros se reuniam em grupos nos matos e saqueavam cidades e vilas para sobreviver
temporariamente.
Busca por abrigo no quilombo do Jabaquara: Os negros esperavam encontrar abrigo no quilombo do Jabaquara,
especialmente montado para eles a partir de 1882 por dirigentes abolicionistas.
Recomendação de intervenção do governo: O presidente da província recomenda a intervenção do governo para regular
as novas relações estabelecidas e conter os excessos e desvios dos ex-escravos.
Negociação entre fazendeiros e escravos libertos: Os fazendeiros reconhecem a escassez de mão de obra e acabam
oferecendo salários em troca de trabalho aos escravos libertos.
Imigrantes Rebeldes e 21

Negros perigosos
Ações político e sociais de minimizar o tráfico de escravos.
Explosiva aglomeração de negros nas provinciais geraram
pressões para a criação do projeto de lei em 1881.
TH
O deputado Paulo Souza, presidente da Assembleia destaca
em sua fala a importância de não haver mais esses "braços"
comprometedores e quiçá perigosos, o que enfatiza a
atmosfera de medo e pressão para que não houvessem mais
negros nas províncias.
O NACIONAL LIVRE EM DEBATE
IMIGRANTES IMPRESTÁVEIS 22

Estrangeiros que deparavam com uma rotina de "fogo, enxada


e machado".

TH
Não adequação ao modelo de trabalho agrícola.

Ideia de não adaptação de estrangeiros ao campo e adoção dos


nacionais como contraproposta.
O NACIONAL LIVRE EM DEBATE
COAÇÃO AO TRABALHO E 23

CONTROLE DO TEMPO
"Como atrair os nacionais para as fazendas?"
Em primeiro lugar, Arouca queria a votação de "leis adequadas
que obriguem e facilitem aos nossos paisanos a aceitação do
trabalho".
Em segundo lugar, foi apresentado uma proposta mais TH
concreta com o objetivo de se ter um maior controle sobre o
tempo de trabalho dos agregados.

Possibilidade de trabalho em setores novos que demandavam


mão de obra e pagavam melhor, como as ferrovias.

Estratégias disciplinares com persuasão moral por meio do


aprendizado profissional.
O NACIONAL LIVRE EM DEBATE
VADIAGEM E ESCASSEZ DE 24

BRAÇO
Disputa de ideologias sobre a superioridades dos imigrantes
com relação a incorporação dos paisanos, homens livres a
força de trabalho nacional.
Todos os debates encobriam 3 grandes questões:
TH
1. A não-submissão do nacional pobre a um "tempo burguês",
externo às suas necessidades de sobrevivência e por isso
mesmo conflitante com o seu bem-viver.
2. O arbítrio dos governantes a entravar a própria possibilidade
de disciplina de trabalho livre, bem como o processo de sua
internalização pelo nacional.
3. Os "altos salários" exigidos pela mão-de-obra interna ou o seu
poder de barganha.
O SENTIDO RACISTA IMIGRANTISMO
BEM-VINDOS, BRANCOS! 25

Nesse ponto são destacados algumas características de


discursos nacionalistas da época:

Exaltação da pátria em frases abstratas, generalizadoras;


A depreciação da pátria nos momentos em que uma
TH
argumentação racista aponta para a inferioridade da "raça
brasileira";
O caráter considerado irrefutável desta inferioridade,
responsável por um nacionalismo defensivo, que se omite
quanto à questão racial;
A demonstração de que amar a pátria significa modificar a sua
raça, purificando-a mediante a transfusão de sangue de raças
superiores.
O SENTIDO RACISTA IMIGRANTISMO
O PERIGO AMARELO 26
Tentativas e discussões sobre a imigração chinesa ao país.
Os chineses como imigrantes transitórios.

Inferioridade dos chineses atribuída a índole inferior - egoísta,


atrasada, apegada as suas tradições e adversa à civilização
ocidental, incapaz, portanto, de se estabelecer por toda vida
TH
em outro país que não o seu.

Superioridade dos chineses com relação aos africanos.

Por fim, é destacado no texto que na época a concepção geral


era de que neste período transitório o pais precisava de
trabalhadores supostamente baratos e dóceis para
desenvolver a produção e os chineses seria essa solução.
O GRANDE AVANÇO IMIGRANTISTA
A DEFESA DA BARREIRA À 27

ONDA NEGRA
Quando os discursos não centravam nos defeitos dos negros -
como o deputado Rafael Correa, para quem era preciso "arredar
de nós esta peste, que vem aumentar a peste que já aqui existe".
Era cercado em demonstrar a preocupação com os sentimentos TH
do trabalhadores europeus que estariam se nivelando ao escravo.
Ao invés de aumentar a prosperidade da província, o crescimento
do número de escravos resultaria em mais "assassinatos" e
"crimes" contra os senhores . E, por fim, o ingresso de mais
escravos significaria mais problemas para a província quando se
extinguisse a escravidão, pois, conforme enfatizava o deputado, a
ociosidade inevitável dos negros livres resultaria em 'quilombos
armados cá e lá, agredindo as povoações" e "trazendo a
perturbação social por toda a parte"
O GRANDE AVANÇO IMIGRANTISTA
DO ESCRAVO TRAIÇOEIRO AO 28

ESCRAVO FIEL
Temos então duas formulações imigrantistas a respeito da relação
escravo-senhor. A primeira que ressaltava o ódio e a
impossibilidade de um relacionamento futuro harmonioso.
TH
E o segundo, tratava-se então de provar que os escravos não
podiam ser separados de seus senhores, ressaltando-se a
amizade existente entre eles e tecendo-se a imagem do negro
muito próxima à de um fiel cão de estimação, embora com
capacidade para superar sua inferioridade mental. Em decorrência
teríamos desde já um relacionamento harmonioso, com o escravo
participando do progresso alcançado pelo fazendeiro, o que
possibilitaria inclusive a compra futura de sua alforria.
29

"O abolicionismo e
controle social"
O que fazer com o negro 30

em liberdade?
Abolicionistas;
O jornal " A Redempção"

Denunciar a escravidão em geral;


Oferecer meios para solucionar o destino do
negro livre;
Função pimeira: Fuga dos escravos para Santos.

Fonte: Wikipédia
Movimento de Fuga 31

Esses movimentos de fuga, muito


citado pela historiografia, transmite a
ideia de um movimento planejado de
fugas de escravos das fazendas, ida
para Santos.

Tempos Históricos distintos:

Racionalidade;
Fonte: Cidade e cultura
Irracionalidade
Sérgio Buarque de Holanda.
Projeto Imigrantista 32

Inimigo Domiciliar;
-Imoralidade;
-Vícios na sociedade;
Visão de barbarie, preguiça incapacidade;

Tráfico interprovincial de escravos;


-aumento de crimes;
Fonte: Diário do turismo
Persistência dos escravos 33
Célia sustenta em sua obra a argumentação de que a resistência dos
escravos atraves de sua recusa a se enquadrar no regime de trabalho
almejado pelas elite, colocou o pais em instabilidade, incerteza e
medo .

A resitencia ecrava foi o grande agente pela ruptura com o escravismo

Fonte: Naufragios
A defesa da 34

ordem
"Immigração"
Nesse artigo autor que provar que o
Brasil necessita de imigrantes porque
eles constituem importação de
trabalho e de capital.

Por isso a escravidão precisa ser Fonte: "Imigrantes no Brasil", Maria Lucia e Sergio Odilon

abolida, abrindo espaço pra aqueles


que virão vivificar a pátria.
A abolição nao deve ser vista como
uma desordem.
No artigo "Immigração" tem-se duas imagens bem distintas, que 35
caracteriza o periodo pós ecravista:

o imigrante;
-Representante da ordem, o progresso;

O liberto;
-Representação da desordem, o retrocesso;

O papel dos abolicionistas seriam justamente em coibir a desordem e


viabilizar a ordem
Leis Abolucionistas 36

Lei Eusébio de Quirós (1850);

Lei do Ventre Livre ( 1871);

Lei dos Sexagenarios (1885)

Lei Áurea (1888) Fonte: Nossa Causa


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“Assim, encerrado o tráfico, uma massa de recursos surgiu da noite para o


dia, como num passe de mágica, A saída para o Estado foi investir na
infraestrutura do país, e acima de tudo na área dos transportes
ferroviários. Para dar uma ideia, de 1854 a 1858 foram construídas as
primeiras linhas telegráficas e de navegação e as primeiras estradas de
ferro, a iluminação a gás chegou às cidades, e o número de escolas e de
estabelecimentos de instrução começou a crescer.”

Lilia Schwarcz e Heloisa Starling


Conclusão 38

Participação ativa dos escravos no processo;

Na conclusão do livro, a autora Célia Marinho reforça a ideia de que


o imaginário das elites do século passado, em relação ao negro,
sobreviveu e chegou até o século XX, influenciando a historiografia e
ate mesmo militantes do movimento negro.

Diante ao conteúdo abordado temos uma visão mais ampla sobre a


necessidade de tomarmos precauções em relção as ideias
preconcebidas, nascidas em grupos que de varias formas tentaram
ao longo da história impor suas vontades e versões de mundo.
REFERÊNCIAS 39

Azevedo, Celia Maria Marinho. Onda Negra, Medo Branco: 0 Negro


no Imaginário das Elites - Século XIX. Rio de Janeiro, Paz e Terra,
1987. 267 p.

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