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Material Teórico
Pluralidade Cultural, Educação e Políticas Públicas no Brasil
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Pluralidade Cultural, Educação e Políticas
Públicas no Brasil
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Evidenciar alguns aspectos da cultura brasileira.
· Tratar das influências multiculturais do Brasil.
· Discutir a questão da educação e das políticas em relação à pluralidade
cultural no Brasil.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
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O povo brasileiro, desde o período colonial, é formado pela miscigenação
de diferentes grupos humanos, sob distintas influências culturais que foram se
mesclando, ou que se sobrepuseram às demais formas de identidades culturais.
De forma resumida, delinearemos três questões que, em geral, são tratadas nos
livros da Educação Básica e no mundo acadêmico, a saber: os grupos indígenas,
os negros e sua diversidade cultural e, por fim, as imigrações europeia e japonesa.
É fato, também, que há traços mais comuns e que nos distinguem como brasileiros
quando somos comparados a outros povos. A maioria tem na língua portuguesa
seu principal idioma, alguns hábitos e crenças comuns, do conhecimento da cultura
esportiva atrelada ao futebol, da religiosidade, entre outros aspectos, os quais tidos
como importantes referências culturais.
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Povos Indígenas
Quando os portugueses e outros migraram para este território – onde atualmente
chamamos de Brasil – havia inúmeras tribos indígenas falando várias línguas.
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Por meio dele, a Coroa planejava, com o auxílio dos novos vassalos,
preservar as fronteiras, incrementar e diversificar a agricultura e converter
os índios em mão-de-obra disciplinada para as frentes de expansão colonial,
sobretudo na região amazônica. Cada povoação teria o seu diretor,
nomeado pelo governador e capitão-geral do Estado. A língua portuguesa
tornava-se obrigatória, os ritos e crenças indígenas considerados práticas
condenáveis, a bigamia perseguida e os casamentos mistos incentivados.
Os índios seriam incluídos na “civilização” por intermédio da agricultura,
comercialização de produtos agrícolas e pagamento de tributos.
Complementarmente, o Alvará de 4 de abril de 1755 estabeleceu que os
portugueses que se casassem com índias não perderiam seus privilégios,
nem cairiam em infâmia, antes seriam preferidos nas terras onde se
estabelecessem com a família.
Nas décadas de 1940 e 1950, com as pesquisas dos irmãos Villas Bôas e com o
interesse dos governos em ocupar a Amazônia, instituiu-se a criação do Parque do
Xingu, com várias etnias em uma reserva indígena delimitada formalmente.
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Entre essa população trazida da África, havia aqueles que tinham crenças
animistas, outros fetichistas, e ainda grupos que seguiam a religião islâmica.
Aqui, vieram para trabalhar na cana-de-açúcar da zona da mata nordestina e,
posteriormente, grandes grupos foram para as minas – nas cidades mineiras – e
para o Vale do Paraíba – em São Paulo – e Rio de Janeiro para o trabalho com
o café.
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da igreja católica, como forma de disfarçar suas crenças, o que posteriormente
originaria o candomblé e a umbanda, religiões brasileiras.
Em relação à escravidão, algumas poesias e obras dos séculos XVIII e XIX foram
contra tal condição, caso de Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, na qual
retrata uma escrava de cor de pele branca, mas de ascendência negra, que sofre
as consequências da origem negra de sua mãe escrava. Bernardo Guimarães criou
a personagem Isaura como escrava branca buscando evidenciar que qualquer um
pode ser submetido à escravidão. Trouxe à tona tal discussão, mas, ainda assim,
com uma escrava branca – e não negra.
Nesse período houve negros e mulatos que tiveram grande importância para
a sociedade brasileira, caso dos irmãos Rebouças, engenheiros que construíram
importantes redes ferroviárias no Brasil; Machado de Assis, atualmente reconhecido
como um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos; Teodoro Sampaio,
geógrafo, historiador e engenheiro, entre outros, como afirma Reis (2007, p. 88):
Nas cidades ela ocupava vários importantes setores da estrutura de
trabalho, era a mão-de-obra qualificada — os chamados “oficiais
mecânicos” — e aos poucos forçou sua entrada em ambientes que
constituíam espaços exclusivamente brancos, como eram as profissões
liberais. Muitos foram os mulatos que ao longo do século XIX alçaram
posições de médicos, professores, advogados, engenheiros, periodistas,
escritores, alguns ocupando também funções políticas e administrativas
no Legislativo e no Executivo. Mesmo que não exibissem e defendessem
causas sociais ligadas aos de sua cor — gente como os abolicionistas
negros Luiz Gama, José do Patrocínio e o pardo André Rebouças —,
muitas vezes brilhavam em círculos quase inteiramente brancos, como
foi o caso de Machado de Assis no mundo das letras. Todos, no entanto,
enfrentaram preconceitos raciais que certamente barraram a maioria de
também ascender socialmente, de ir além das ocupações manuais.
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discurso da época, ao mesmo tempo em que ilustra o branqueamento do mulato
por meio da mestiçagem entre brancos e negros como algo positivo.
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Outro grupo bastante comum em São Paulo e no Sul foram os italianos. Em São
Paulo, vieram para trabalhar na produção do café e no Sul, tornaram-se colonos,
por exemplo, na serra gaúcha, em cidades como Flores da Cunha, Caxias do Sul
e Bento Gonçalves.
Figura 5
Fonte: Wikimedia/Commons
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Já no Vale do Itajaí, SC, em Blumenau e Joinville prevalece a ocupação dos
descendentes de alemães, com as casas e construções que remetem às antigas
edificações aos moldes germânicos, bem como a Oktoberfest, que se tornou
conhecida nacionalmente.
Não podemos dizer que é cultura brasileira, mas que é cultura japonesa inserida
em território brasileiro, ressignificada. Essa influência nipônica se deu também nas
filosofias de vida e na religião, caso da seicho-no-ie ou do budismo, muito praticado
em países do Extremo Oriente – Leste da Ásia.
Em 1948, foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) a Declaração
dos Direitos Humanos como um marco importante no entendimento da busca da
cidadania, da igualdade e da fraternidade no mundo, embora concretamente ainda
há muito a ser feito em diversos países.
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Em 1951, elaboraram no Brasil uma Lei que ficou conhecida como Lei Afonso
Arinos, promulgada no governo Vargas e que proíbe a discriminação racial ou por
cor da pele no País, cuja punição ocorre somente por meio de flagrante.
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 1996, trouxe
novas preocupações relativas à pluralidade e respeito às diferenças. E nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) surgiu a pluralidade cultural como tema
transversal. Contudo, em um modelo de ensino ainda muito tradicional, reproduz-
se a ideia das três raças, sem discutir questões como racismo, intolerância religiosa
e cultural, bem como os preconceitos de todo o tipo, que ainda faltam ser melhor
debatidos na Educação Básica e nas universidades.
Não buscando uma essencialidade, pois sabemos que não existe nem raça, nem
cultura “pura”, há sempre transformações, assimilações de costumes de um ou
outro povo; mas que isso possa ocorrer dentro de princípios éticos, democráticos
– e não por meio da imposição de uma cultura sobre a outra.
Nos PCN há um tema transversal – temas que devem ser tratados de maneira
transdisciplinar – denominado pluralidade cultural, objetivando a valorização
das diferentes características étnico-culturais dos diversos grupos existentes em
território brasileiro. Como afirma esse documento, nas escolas brasileiras ainda há
muitas formas de discriminação e preconceitos produzidos por alunos, professores,
diretores, funcionários e também por familiares dos alunos, que ocorrem de forma
consciente ou não.
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Figura 6
Fonte: Istock/Getty Images
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O etnocentrismo e o sociocentrismo nutrem xenofobias e racismos e po-
dem até mesmo despojar o estrangeiro da qualidade de ser humano. Por
isso, a verdadeira luta contra os racismos se operaria mais contra suas raí-
zes ego-sócio-cêntricas do que contra seus sintomas. As idéias preconcebi-
das, as racionalizações com base em premissas arbitrárias, a autojustifica-
ção frenética, a incapacidade de se autocriticar, os raciocínios paranóicos,
a arrogância, a recusa, o desprezo, a fabricação e a condenação de culpa-
dos são as causas e as conseqüências das piores incompreensões, oriundas
tanto do egocentrismo quanto do etnocentrismo (MORIN, 2000, p. 98).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Parque do Xingu. Dir. Paula Saldanha. [20--]. 25min28. (Série Expedições).
https://goo.gl/GXWdbu
Filmes
Xingu
Xingu. Dir. Cao Hamburger, 2011.
Leitura
Brasil: 500 anos de povoamento
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Centro de Documen-
tação e Disseminação de Informações. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Ja-
neiro, 2007.
https://goo.gl/WRCkH5
Pertencimento étnico e territorialidade: italianos na região central do Rio Grande do Sul (Brasil)
ZANINI, Maria Catarina Chitolina. Pertencimento étnico e territorialidade: italianos na
região central do Rio Grande do Sul (Brasil). Redes, Santa Cruz do Sul, RS, v. 13, n.
3, p. 140-163, set./dez. 2008.
https://goo.gl/Tsj7eW
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Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília, DF, 1997.
CORRÊA, Rosa Lydia Teixeira. Cultura e diversidade. Curitiba, PR: Intersaberes, 2012.
FIORIN, José Luiz. Identidade nacional e exclusão racial. In: LARA, Gláucia Muniz
Proença; LIMBERTI, Rita de Cássia Pacheco (Org.). Representações do outro:
discurso, (des)igualdade e exclusão. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2016. p. 13-24.
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