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Identidades e Culturas
Material Teórico
Diversidade, Deficiência e Cultura Escolar
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Diversidade, Deficiência
e Cultura Escolar
• Diversidade e Deficiência;
• Escola e Cultura;
• Diversidade, Deficiência, Cultura
Escolar e Educação Especial.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conceituar e estabelecer relações entre diversidade e deficiência;
• Compreender a escola como instituição construtora de cultura própria;
• Entender a relação entre escola, diversidade, deficiência e Educação Especial.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Diversidade, Deficiência e Cultura Escolar
Contextualização
A escola precisa apresentar um território multicultural, isto é, deve possibilitar que
toda a diversidade dos costumes dos sujeitos sociais coexista (MEDEIROS, online).
Nesta unidade vamos estudar como a escola pode se relacionar com a diver-
sidade e a deficiência. Que tal conhecer a história de uma artista brasileira que
aprendeu a fazer arte superando os limites da deficiência? Conhece alguém que
pinta com os pés e a boca?
Veja a reportagem de Luiz Alexandre Souza Ventura, publicada no Jornal O Estado de São
Explor
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Diversidade e Deficiência
“Ser livre é conseguir flutuar entre a diversidade e a multiplicidade, sem perder a própria
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A identidade humana
Cultura, raça e diferença
Criada pelo conhecimento
Difundida pela crença
De joelhos a pregar a crença
É ingente e poderosa a religião
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A força da lei divina
Que obriga à Expansão
Explosões de ideias
De imposição forçada
Tanques de defesa à poltrona
De franqueza roubada
Entrada restrita pela cor ou ideia
Sinal de saída retardada
Violência moral, imortal
Devido à fala riscada
É o que cria o “cultural”
Julgada pela imortal
Decisão
Imutável,
Irrefutável.
Cada um tem seu jeito próprio, com sua história e cultura, o que determina o seu
jeito de ser, pensar e agir. Entretanto, as pessoas têm outras marcas que definem a
sua identidade e mesmo que sejam marcas físicas são determinantes para a inserção
na convivência em sociedade. O que se pode observar na aparência da pessoa com-
põe um conjunto de elementos que a faz única em meio a um universo de semelhan-
ças e diferenças entre seus pares.
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barreiras, podem ter obstruída sua participação plena e efetiva na sociedade, gerando
desigualdade de condições com as demais pessoas (ONU, 2011, online).
Vamos tomar por exemplo dessa relação entre diversidade e deficiência a biografia
de Aleijadinho, um dos maiores expoentes da arte brasileira e em especial do Período
Barroco, movimento artístico vigente nos séculos XVII-XVII, que se originou na Itália,
estabeleceu-se na Europa e, por conseguinte, no Brasil.
Na fase anterior à doença, suas obras são marcadas pelo equilíbrio, harmonia e sereni-
dade. São desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês
e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto, cidade histórica de Minas Gerais). Já com a
doença, Aleijadinho começou a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte.
É deste período, o conjunto de esculturas “Os Passos da Paixão” e “Os Doze Profetas”, da
Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo (Minas Gerais).
O trabalho artístico, formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e
12 feitas de pedra-sabão, é considerado um dos mais importantes e representativos do
Barroco brasileiro.
A biografia de Aleijadinho traz uma série de elementos que nos dão condição de
refletir sobre os processos que envolvem a construção da identidade: trata-se de um
homem nascido no século XVIII, cujas origens tem traços portugueses e afro-bra-
sileiros, o que deveria estar presentes em seus hábitos, costumes e manifestações.
O contato com a arte desde cedo pode ter fomentado tanto seu interesse quanto a
habilidade de lidar com a escultura, algo comum em seu ambiente familiar.
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radores de preconceito e exclusão. A deficiência de Aleijadinho não nasceu com ele.
Foi desenvolvida ao longo do tempo, ou seja, ele teve que aprender a se adaptar à nova
condição, diferente das pessoas que nascem sem deficiência e não conhecem uma vida
com restrições de cunho físico.
Escola e Cultura
Começamos a reflexão sobre a escola com questionamentos: o que é a escola? Qual
a sua função na sociedade? Como a escola se tornou uma construtora de cultura?
A origem da palavra escola vem da língua grega (online), com o termo Skhole,
que evoluiu para o latim scholae, que originou, em língua portuguesa, a palavra
escola tal como conhecemos na atualidade. Nessas línguas, a palavra tem o mes-
mo significado: discussão ou conferência. O significado também estava atrelado ao
lazer e tempo livre. Segundo Libâneo (2010, p.167), o termo foi usado no período
helenístico para designar o estabelecimento de ensino. Na mesma obra, o autor
ainda esclarece que a escola viveu historicamente diferentes concepções. A tradição
greco-romana desvalorizava a formação profissional e o trabalho manual, o que
justificava a concepção de escola como lugar de ócio e não de trabalho.
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Até o período citado, o Brasil não tinha um sistema de ensino com as caracte-
rísticas que se conhece. Essa situação ganha outros contornos a partir de 1827,
quando houve a criação de escolas de primeiras letras, equivalentes ao atual Ensino
Fundamental, responsáveis por ensinar a ler, escrever, quatro operações aritméti-
cas, outras noções de gramática e matemática e moral cristã (MARTINS, 2012). Foi
uma época de muitos decretos e reformas que tinham como objetivo a construção
de um sistema de ensino, em meio a mudanças sociais, políticas e econômicas, que
resultaram em dois fatos decisivos: o fim da escravidão em 1888 e a proclamação
da República em 1889.
Nas cidades e nas indústrias, a alfabetização se tornava urgente devido às novas de-
mandas que se exigia do trabalhador. Por conta disso, no século XX, paulatinamente é
instalado um processo de construção de um sistema de ensino, que tem a escola como
instituição-base, amparada pelos órgãos gestores municipais, regionais, estaduais e fe-
derais de educação.
A escola, que em princípio era privilégio de poucos, progressivamente foi ganhan-
do espaço na sociedade, tornando-se um local com características e regras próprias.
Nesse ponto, Heloísa Luck (2012, p.85), estudiosa dos meandros da gestão escolar,
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auxilia a compreender a concepção e papel da escola na sociedade vigente: ela é uma
organização social, isto é, uma coletividade dinâmica, intencionalmente organizada
com o objetivo de promover com seus alunos o desenvolvimento de cidadãos críticos,
mediante sua compreensão do mundo pelas experiências sociais significativas.
Tais experiências são apresentadas no currículo, definido por Sacristán (2013, p. 17)
como seleção organizada de conteúdos a aprender ou aquilo que o aluno estuda. Este
aponta os anseios de uma sociedade em relação ao que deve ser ensinado, mostrando
que a escola não está apartada de seu meio.
A legislação educacional aponta responsabilidades que vinculam a escola à prá-
tica social, dentre elas (BRASIL, online):
• elaborar e executar sua proposta pedagógica;
• […] velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
• […] articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de
integração da sociedade com a escola;
• […] informar pai e mãe sobre a frequência e rendimento dos alunos,
bem como a execução da proposta pedagógica da escola.
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Figura 3
Fonte: Getty Images
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mas, também, de partilha de sentimentos, emoções e descobertas. Isso faz com que
a aprendizagem esteja além dos conteúdos, que alguns sequer apreendem de maneira
satisfatória, todavia, podem possuir outras memórias da escola, mais ou menos signi-
ficativas, de acordo com suas experiências.
Pode-se resumir que analisar a cultura escolar implica em conhecer os valores ex-
pressados por ela. Sobre isso, em uma visão interacionista, Barroso (online) esclarece:
[...] a “cultura escolar” é a cultura organizacional da escola. Neste caso, não
falamos da Escola enquanto instituição global, mas sim de cada escola em
particular. O que está em causa nesta abordagem é a “cultura” produzida
pelos atores organizacionais, nas relações uns com os outros, nas relações
com o espaço e nas relações com os saberes.
São essas reflexões que permitem que se verifique os significados que abrangem
o currículo, pois este traz consigo influências “convergentes e sucessivas, coerentes
ou contraditórias.” (SACRISTAN apud FREIRE, 2016). Pois o currículo pode ser
algo comum a maior parte dos estudantes do mesmo ano escolar, contudo, os sa-
beres e características dos estudantes de cada local farão com que esses conteúdos
sejam ressignificados de acordo com a realidade deles.
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Desta maneira, entende-se que as equipes escolares têm papel relevante na vida dos
estudantes e no que diz respeito à criação de uma cultura de valorização e convivência
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com a pessoa com deficiência, à medida que prepara toda a equipe escolar, que inclui
alunos, professores, funcionários e indiretamente os pais dos alunos para lidar com as
diferenças de forma geral e com as especificidades das crianças com deficiência.
Conforme Martins (2016, p.69), o trabalho dos gestores inclui a orientação para
enfrentar os conflitos surgidos entre os alunos por conta das diferenças e a pesquisa
sobre a maneira de lidar com as limitações e deficiências. Esse trabalho se resume
em executar o que está descrito nos documentos institucionais que expressam a
proposta pedagógica: planejamento escolar, plano de gestão, projeto político peda-
gógico e outros, de acordo com a realidade de cada região.
O cotidiano dos gestores também se volta para a análise sobre como os alunos
interagem. Essa observação é constante, não precisa de data marcada para ocorrer.
Tais profissionais são responsáveis pela criação de pontes, isto é, facilitar a comu-
nicação entre os alunos e outras pessoas que fazem parte da comunidade escolar.
Nesse ponto, recreios e atividades fora da sala de aula são excelentes oportunidades
para observar se o processo de inclusão está sendo realmente efetivo para as crian-
ças com deficiência, porque são momentos em que há profissionais por perto mas
estão sem a intervenção direta de um professor.
Figura 4
Fonte: Getty Images
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o grupo formado na escola, sem as quais não seria o mesmo, dotadas de vontades
e sentimentos. Ou seja, a cultura criada na escola deve ter uma concepção de tole-
rância no sentido de ensinar a conviver e respeitar os colegas, ver o que está além
das diferenças, como afirma Freitas (2011, online):
[...] o processo de inclusão vai muito além da inserção de alunos com de-
ficiência na escola dita regular ou na reserva de um percentual de vagas
em concursos públicos a serem ocupadas por candidatos com deficiência.
É necessário que seja exigida uma mudança na estrutura social vigente, no
sentido de se organizar uma sociedade que atenda aos interesses de todas
as pessoas indiscriminadamente. Dessa forma, lutar a favor da inclusão
social deve ser responsabilidade de cada um e de todos coletivamente.
Em Síntese Importante!
A escola é um ambiente em que, por direito, todas as pessoas tem acesso. Sendo assim, a
cultura a ser construída precisa ser de acolhimento, colaboração e participação.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Educação Inclusiva: contexto histórico, análise das deficiências e uso das tecnologias no processo de aprendizagem
BARRETO, A., BARRETO, F. Educação Inclusiva: contexto histórico, análise das
deficiências e uso das tecnologias no processo de aprendizagem. São Paulo: Érica, 2014.
Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais
SILVA, T. (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis:
Vozes, 2000.
Na minha escola todo mundo é igual
RAMOS, R. Na minha escola todo mundo é igual. São Paulo: Cortez Editora, 2004.
Filmes
O guardião de memórias
O guardião de memórias. Diretor: Mick Jackson, Produtora: Sony Pictures, Local:
Estados Unidos, 89 minutos.
Querido Frankie
Querido Frankie. Diretora: Shona Auerbach, Produtor: Stephen Evans, Local:
Inglaterra, 105 minutos.
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Referências
AGOSTINHO, G. Multiculturalismo. Disponível em: <http:://multiculturalismo9a.
blogspot.com>. Acesso em: 20 jun. 2019.
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________. O Projeto Político-Pedagógico e Gestão da escola inclusiva. Ribei-
rão Preto: UNAERP, 2016.
ONU (Organização das Nações Unidas). Convenção da ONU sobre direitos das
pessoas com Deficiência. Disponível em: <https://www.fundacaodorina.org.br/a-
-fundacao/deficiencia-visual/convencao-da-onu-sobre-direitos-das-pessoas-com-de-
ficiencia/>. Acesso em: 03 jun. 2019.
SANTOS, M. et. all. EMEB Professor e escritor Nélson dos Santos Damasceno:
Plano de gestão 2017-2020. Franca: Prefeitura Municipal, 2017.
Sites Visitados
ESCOLA. Disponível em: <https://www.gramatica.net.br>. Acesso em: 04 jun, 2019.
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