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Diversidade e educação

Apresentação
Um dos grandes desafios do século 21 tem sido romper, em definitivo, com o preconceito e a
exclusão. Não raro, porém, pessoas das mais variadas faixas etárias ainda sofrem algum tipo de
discriminação por causa de sua condição social, sua visão de mundo, suas características físicas ou
emocionais, sua etnia ou gênero.

A escola é um local fecundo para o crescimento do respeito à diversidade. Entretanto, ela pode ser
também um fator que ocasiona a falta de equidade e de oportunidade na vida de seus alunos.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre as formas de expressão da diversidade
humana, bem como reconhecer os desafios de uma educação que respeite a diversidade. E, por fim,
vai compreender a importância da equidade em um contexto de diversidade, dentro e fora da
escola.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir a diversidade humana e suas formas de expressão.


• Identificar os desafios para a construção de uma educação de qualidade, no respeito à
diversidade.
• Promover a prática da equidade a partir da diversidade tanto nas escolas como em outros
contextos sociais.
Desafio
O Dia Nacional da Consciência Negra foi instituído pela Lei n.o 12.519/2011. O dia 20 de
novembro foi escolhido em decorrência da data de aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, no
ano de 1965, considerado o maior líder do Quilombo dos Palmares e um dos maiores
representantes da resistência da população negra da época. Essa é uma parte da história que
apresenta a luta pela equiparação dos direitos negados à população negra.

Nesse contexto, imagine a situação a seguir:


Seu desafio consiste em ajudar o professor, procurando apresentar algumas sugestões de resposta
enquanto aprofunda a temática. Se possível, pense também em estratégias que podem ser
planejadas pelo professor para serem apresentadas em outro encontro com a mesma turma.
Infográfico
A diversidade humana é abrangente e pode ser agrupada de acordo com características comuns. É
preciso considerar que tais agrupamentos são uma forma de organização dentro de um sistema de
referenciamento que a linguagem demanda. Ao utilizar, portanto, uma sigla ou ao destacar um
grupo de pessoas com base em certas características, é importante não desconsiderar a
singularidade e a dignidade de cada pessoa.

Veja, no Infográfico a seguir, os principais agrupamentos que dizem respeito à diversidade humana.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
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Conteúdo do livro
No cotidiano da escola, é preciso ter sempre presente a ideia do "binômio" educação e diversidade,
pois estes são conceitos que se relacionam mutuamente e se apresentam por meio da
heterogeneidade na sala de aula.

O fato de os alunos terem a mesma faixa etária não quer dizer que tenham as mesmas
características e interesses, ou seja, cada sujeito tem diferentes maneiras de aprender, que devem
ser respeitadas. E, então, devem ser oferecidas melhores condições de aprendizagem.

No capítulo Diversidade e educação, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai
aprender mais sobre esse assunto, conhecendo importantes documentos que garantem o direito
dos alunos a uma educação de qualidade que respeite as diferenças educacionais de cada sujeito.

Boa leitura.
SOCIEDADE,
CULTURA E
CIDADANIA

Diego Coletti Oliva


Diversidade e educação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir a diversidade humana e suas formas de expressão.


 Identificar os desafios para a construção de uma educação de quali-
dade, com respeito à diversidade.
 Promover a prática da equidade a partir da diversidade, tanto nas
escolas como nos diferentes contextos sociais.

Introdução
Neste capítulo, você aprenderá como surge o debate sobre diversidade
e como tem impacto na sociedade, cultura e educação, levando em
consideração as teorias mais modernas sobre o tema e todas as problema-
tizações e os questionamentos necessários para trabalhar as diversidades
e as diferenças enquanto parte de um conjunto de teorias que pensam
uma educação para todos.
Dessa forma, você encontrará não só as ideias-base dos textos clássicos
sobre diversidades, mas também os desenvolvimentos feitos, por exemplo,
na aplicação de políticas de diversidade dentro da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB). Encontrará também a contextualização do debate
que envolve as temáticas de diferenças e de globalização, temas que
influenciam diretamente nas diferentes abordagens do tema no Brasil.
A educação tem sido o caminho central para esse debate, que merece
ser aprofundado e desenvolvido. Por isso, as temáticas educacionais são
a base das reflexões que serão aqui colocadas, levando em considera-
ção suas conexões com as culturas locais e globais, bem como com as
legislações e disputas em torno desse debate.
2 Diversidade e educação

Diversidade humana
Para começar a pensar sobre diversidade, precisamos compreender, antes
de qualquer coisa, o que esse conceito significa, para, posteriormente, apro-
fundarmo-nos nos debates sobre educação, legislação, cultura e sociedade.
Entende-se por diversidade tudo aquilo que é abundante, mas não igual. A
palavra remete a múltiplos elementos, que formarão um conjunto de atribu-
tos, de aglomerados ou de nomeações. Falar sobre diversidade, então, é falar
sobre diversas coisas, contextos e condições que interagem ou não entre si.
Essa é uma definição a priori, que nos dá algumas coisas para pensar, mas
que não explica o conceito de diversidade, o que entenderemos conforme nos
aprofundamos neste capítulo.
Para pensarmos mais densamente essa questão, nos fundamentamos em
Paula (2013), que faz uma retomada do percurso de globalização que homo-
geneíza, ou seja, torna semelhante, as relações entre sujeitos, mesmo que
não sejam iguais. Ao mesmo tempo, acaba deixando evidente, nessa mesma
tentativa de igualar, as diferenças entre os sujeitos.
Globalização refere-se ao momento em que as fronteiras do mundo estão
mais flexíveis, em que capitais, ideias e mercadorias rodam os países de
forma mais rápida e mais direta, ou seja, é uma rede de conexões que envolve
política, economia e cultura. A globalização extrapola as relações comerciais e
financeiras, e a tecnologia é uma de suas marcas mais fortes, sobretudo quando
pensamos sobre o acesso à internet e aos computadores de forma cada vez
mais massiva, caracterizando uma forma rápida de se conectar com pessoas,
conhecendo aspectos culturais e sociais do mundo todo. Cada vez mais, as
tecnologias se mostram como uma grande potência, capaz de transpor as
barreiras territoriais, ligando pessoas e ideias, tendo essa função como parte
das dinâmicas sociais.
Contudo, há alguns pontos da globalização que são complexos e críticos,
como um massivo domínio de algumas culturas como base para transpor as
barreiras, o predomínio da língua inglesa e também o avanço do capitalismo de
forma desregrada e descontrolada. Nesse sentido, pensando sobre diversidade,
a autora afirma que:

Atualmente, podemos perceber que a diversidade está na ordem do dia, em pau-


ta. Por que isso acontece se uma das características da sociedade globalizada
são os paradigmas mais homogeneizantes? As diferenças agregam múltiplos
processos de pertencimento – étnico, de gênero, geracional, geográfico,
religioso, etc. – que têm sido hierarquizados e convertidos inadvertidamen-
te em desigualdades. A ruptura desse ciclo implica em compreendermos a
Diversidade e educação 3

multiplicidade e a complexidade das relações. Tal compreensão nos leva a


incorporar a ideia de que somos uma rede de subjetividade formada em inú-
meros contextos cotidianos [...] (SANTOS, 1995 apud PAULA, 2013, p. 20.).

Vale ressaltar que, assim como aponta a autora, as questões de raça e etnia,
gênero, geração, religião, entre outros marcadores da diferença, são caras ao
debate sobre diversidade e serão aprofundadas posteriormente ao longo dos
estudos. O importante, aqui, é que sejamos capazes de perceber a necessidade
dessa ruptura com uma percepção homogeneizante da sociedade e de enxergar
a complexidade e a multiplicidade dessas relações em nosso contexto.

Quer saber mais sobre Globalização? Assista ao documentário “O Mundo Global


Visto do Lado de Cá”, do cineasta Sílvio Tendler, lançado em 2002, que tem como
ponto de partida a visão de Milton Santos, um dos principais teóricos e intelectuais
da Geografia brasileira.

Ao falar sobre a rede de subjetividade, Paula (2013) nos aponta um pouco


da perspectiva que será inscrita neste capítulo: a de que todos os elementos
constitutivos dos indivíduos devem ser considerados dentro do contexto em
que eles vivem. Assim, jamais a universalidade de um grupo predominante
funcionará para explicar as relações entre outros grupos, como já apontamos
anteriormente com a massividade da língua inglesa, como um dos modos de
viver “plenamente” a queda das barreiras mundiais e conseguir usufruir dos
benefícios desse contexto.
Paula (2013) também nos aponta um importante documento que marca
o advento da discussão de diversidade no mundo: a Conferência Geral da
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura na sua
31ª sessão, no dia 2 de novembro de 2001, de onde saiu a Declaração Universal
sobre a Diversidade Cultural. Esse documento trata os aspectos da diversi-
dade a partir da cultura, e, nele, o tema que aqui tratamos é colocado como
fundamental, e não só central, em debates sobre humanidades. Na referida
declaração, a entidade afirma que “[...] a difusão da cultura e a educação da
humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são indispensáveis à dignidade
humana e constituem um dever sagrado que todas as nações devem cumprir
4 Diversidade e educação

com espírito de assistência mútua [...]” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES


UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA, 2001).
Já no relatório Investindo na diversidade cultural e no diálogo intercultural
(UNESCO, 2009), há uma série de propostas, dividida em capítulos que abor-
dam a diversidade cultural, como o documento acima, mas também educação,
criatividade, entre outros, trazendo, em especial, a proposta de compreensão
de diálogo intercultural.
Esses dois documentos apresentam uma série de preceitos para se pensar a
diversidade, como a educação justa, a conquista da paz, a diversidade cultural,
elementos fundamentais para a dignidade humana, isto é, para a atuação livre
de indivíduos com suas particularidades, dentro de seus contextos. A UNESCO
também convoca que todos os Estados devem cumprir com esses preceitos
da dignidade humana, ou seja, cada nação soberana deve contribuir para a
diversidade dentro do seu território (UNESCO, 2009).
Dentro dos Estados, além de declarações oficiais que falem sobre diver-
sidade, temos a atuação de outros grupos e instituições. Com as conquistas
de diversos movimentos sociais, antes pouco vistos ou contemplados, legal,
discursiva e institucionalmente, o tema da diversidade passa a ser fundamental
para entender e explicar a sociedade. Com o reforço e o advento dos diversos
movimentos sociais, como o movimento negro, o movimento feminista e os
movimentos de direitos humanos, além de atuações de organizações não-
-governamentais, a diversidade passa a ser uma pauta de combate à discrimi-
nação e à exclusão social de diversos sujeitos.
Dessa forma, a escola, por exemplo, é um dos lugares das disputas simbóli-
cas de poder e de verdades, assim como espaços médicos, prisionais e religiosos,
espaços onde os temas referentes à diversidade e aos direitos humanos serão
pautados e normatizados, assim como em outros espaços e momentos serão
refletidos, ampliados e considerados. A escola é um espaço que nem sempre
promoveu a diversidade, pois, durante muito tempo, teve seus muros fechados
para uma pequena elite de iguais, produzindo um conteúdo que buscava ho-
mogeneizar os sujeitos, acreditando, assim, que teria um resultado igual para
todos. No entanto, essa homogeneização se mostrava uma impossibilidade,
pois, mesmo entre sujeitos similares, ainda havia particularidades que a escola
acabava por suprimir ou rejeitar, causando uma defasagem nos saberes.
Diversidade e educação 5

Os jesuítas são considerados os responsáveis pelos primeiros processos escolares dos


quais temos registros no Brasil. Isso ocorreu com a colonização portuguesa, sendo os
jesuítas os primeiros professores que tentaram sobrepor o conhecimento religioso à
cultura local indígena. Ao estudar a diversidade, porém, é importante salientar que,
antes da colonização portuguesa e da atuação dos jesuítas como professores dos
indígenas, e até hoje, os indígenas tiveram e mantêm seus próprios processos de
ensino e aprendizagem.

Para entender a importância de olhar para a história da educação, assista ao vídeo “Por
que estudar História da Educação?”, de Dermeval Saviani, publicado no canal Nova
Escola. Acesse o link disponível a seguir.

https://goo.gl/aem41m

Para complementar essa introdução ao tema da diversidade, Paula (2013)


nos lembra por que são fundamentais uma educação e uma sociedade com-
prometidas com a diversidade:

Somos, portanto, diferentes com características singulares. Essa constatação,


infelizmente, não impediu que proporções cada vez maiores de tipos homofóbi-
cos, racistas, fanáticos, machistas, xenófobos, fossem produzidos pelo mundo.
Todos esses tipos têm em comum a ideia de superioridade, em nome da qual
a humanidade sofre vítimas de guerras, genocídios, holocaustos, ditaduras,
apartheids. A história apresenta exemplos de violências cometidas contra os
diferentes: as “minorias”, como negros, mulheres, crianças, idosos, etc. Essa
diferença, ao ser traduzida como desigualdade, tem propiciado e justificado
práticas cada vez mais violentas. (PAULA, 2013, p. 19-20).
6 Diversidade e educação

A citação da autora nos traz questões fundamentais para esse ponto de


partida, falar em diversidade é, muitas vezes, complexo, pois precisamos
compreender as formas de exclusão, segregação e violência que grupo mar-
ginalizados vivem ou viveram, ou seja, ao falarmos de diversidade também
falamos de exclusão:

Sob o manto da diversidade, o reconhecimento das várias identidades e/ou


culturas é atravessado pela questão da tolerância, tão em voga, já que pedir
tolerância ainda significa manter intactas as hierarquias do que é considerado
hegemônico. Além disso, a diversidade é a palavra-chave da possibilidade
de ampliar o campo do capital, que penetra cada vez mais em subjetividades
antes intactas. Vendem-se produtos para as diferenças e, nesse sentido, é
preciso incentivá-las. Ou seja, a diversidade foi entendida como uma forma
de governamento exercido pela política pública no campo da cultura, como
uma estratégia de apaziguamento das desigualdades e de esvaziamento do
campo da diferença, tendo como função borrar as identidades e quebrar as
hegemonias. (RODRIGUES; ABRAMOWICZ, 2013, p. 18).

Para trabalhar a diferença, existem dois grandes modelos:

1. a diferença pode ser vista como um subtema dentro da diversidade,


remetendo-se diretamente a ela como uma parte que a constitui, sendo
a partir da multiplicidade de diferenças que se debate diversidade (essa
perspectiva é a mais utilizada na educação);
2. abordar diretamente as diferenças como um tema próprio, uma pers-
pectiva que traz à tona os conflitos e a impossibilidade de apagamento
das multiplicidades, deixando claro que há diferenças e que estas de-
vem ser debatidas e entendidas como tal, diferenciando-se da primeira
perspectiva, que trabalha de modo mais coletivo.

Os documentos anteriormente citados da UNESCO e da ONU trazem


importantes reflexões para seus contextos. Todavia, a manutenção das ordens
estabelecidas, das desigualdades, é claramente percebida, visto que, embora
convoquem os países a se mover pela diversidade, pouco trazem de iniciativas
efetivas de combate ao preconceito e de um debate direto sobre desigualdades
e violência.
Ao contemplarmos a diversidade por meio da diferença, estamos pensando
também nos conflitos e nas produções normativas dos discursos quando
falamos em multiplicidades. Coloca-se, então, que a diversidade, aqui, será
Diversidade e educação 7

trabalhada não no sentido da tolerância, mas no sentido do conflito e das pro-


duções de saberes, produtivos e positivos. Como já apontava Michel Foucault
(2008), pensa-se uma perspectiva na qual as relações de poder e as construções
de saberes são opressoras e também produtivas, pois continuam a construir
diferenças e outros tipos de saberes em cima da norma.
Descarta-se também, aqui, a diversidade como uma produção atrelada à cul-
tura, retomando a perspectiva atrelada às relações sociais. Quando retomamos
a ideia de Paula (2013), de que a globalização impacta significativamente nos
debates das diferenças, podemos compreender o quanto o conceito de cultura
também fica difuso. Em um contexto de trocas mais rápidas e fronteiras mais
maleáveis, a cultura se torna algo difícil de ser definida e identificada.
A cultura é um conceito um tanto quando maleável e que tem servido de
base para diferentes estratégias políticas e sociais de afirmação de identida-
des, mas também serve de base para pensar o universal. Por muito tempo, foi
usada como conceito para nomear um tipo específico de cultura: europeia,
branca, colonizadora e cristã. Em outros momentos, a mesma palavra foi
usada para reforçar a necessidade de debate de alguns temas colocados como
“particulares”, como as questões de gênero e sexualidade.
Nesta ambiguidade, destaca-se a importância de se trabalhar as questões
culturais como um dos eixos, mas que também se mantenham as perspectivas
das diferenças, dos contextos e dos diferentes marcadores que são parte do
social. Por isso, ao pensar cultura no contexto de cada sociedade, ela pode ser
mutável, e, assim, parte-se da sociedade para pensar os demais conceitos e
uma diferença que fale da multiplicidade de forma crítica e contextual.

Diversidade e educação de qualidade


Quando pensamos no contexto da diversidade, uma das instituições de maior
importância, mas também de maiores disputas discursivas, é a escola. Por
ser um espaço de formação e de debates, as diversas instituições de ensino,
sejam as escolas ou as universidades, sempre foram espaços de disputas
entre diferentes discursos, e, nas questões das diferenças, não é diferente.
Justamente por ser o espaço de formação por excelência, a educação se
tornou uma área privilegiada para falar em igualdade, diversidade e combate
a preconceitos e desigualdades. Muitos autores, autoras e intelectuais veem
na educação a possibilidade de uma mudança cultural e social. Nas palavras
de Freire (1996, p. 14):
8 Diversidade e educação

O educador tem que trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com


que devem se aproximar dos objetos cognoscíveis (que se pode conhecer).
Ensinar não se esgota no tratamento do objeto ou do conteúdo, mas se alonga
à produção de condições em que aprender é possível, exigindo a presença de
educadores e educandos criativos, investigadores e inquietos, rigorosamente
curiosos, humildes e persistentes. Nas condições de verdadeira aprendiza-
gem, os educandos e educadores vão se transformando em reais sujeitos da
construção e reconstrução do saber ensinado.

Assim, fica claro para o autor a importância de se considerer os diferentes


aspectos que envolvem as condições sociais dos indivíduos, identificados em
marcadores, como classe social, raça, gênero, etc., para que se possa pensar
um processo de ensino-aprendizagem realmente produtivo e criativo, capaz de
desenvolver no estudante a construção de um pensamento crítico e conectado
com sua realidade.
Ao falarmos das diferenças na perspectiva da escola, estamos falando
em possibilidades de acesso e de permanência de todos os grupos dentro
do espaço de formação e dentro das salas de aula, com segurança e direitos
garantidos. Além disso, estamos pensando em combater a evasão de grupos
antes negligenciados e abordar temas para além da chave universalizante
caracterizada pelas narrativas: masculina, branca, heterossexual, europeia,
cristã. Os marcadores da diferença influenciarão as narrativas históricas e
as perspectivas culturais dentro da instituição educacional de forma geral.
Pensando nisso, é justamente quando a educação se torna um projeto
universal e de acesso aos direitos de todos e todas que começam a aparecer as
principais dificuldades em lidar com turmas e culturas não mais homogêneas.
Muitas vezes, os docentes, profissionais da educação e a própria estrutura da
escola não estavam preparados para lidar com a diversidade, pois não havia
uma boa preparação, nem histórica, nem de docentes, nem dos livros didáticos,
que falasse de cultura e de sociedade para além dos marcos já mencionados.
É importante ressaltar que, por um longo período da história brasileira,
a educação não foi um direito de todos. Na verdade, foi uma das formas de
distinção social de classes, na qual só ricos tinham acesso à uma educação
ampla e de qualidade. É somente na história mais recente do nosso país que a
educação torna-se um direito universal de todos os cidadãos. Vale destacar,
por exemplo, a Constituição Federal de 1988, ao afirmar que: “A educação,
direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho
[...]” (BRASIL, 1988, art. 205º).
Diversidade e educação 9

É a partir desse momento, de uma educação inclusiva e que faz parte dos
direitos básicos, que se toma uma nova ótica para entender e estender o ensino
e as instituições educacionais. Contudo, a diversidade, enquanto perspectiva
da tolerância, só aparecerá muitos anos depois, especialmente com a criação
da LDB, em meados de 1996 (BRASIL, 1996).

LDB refere-se a Leis de Diretrizes e Bases da Educação, o maior documento sobre


principíos educacionais, suas aplicações e minúncias do Brasil. Seu texto completo
está disponível nas páginas oficiais do governo brasileiro.

Assim, o debate que ascende e que vai tomando formato e força dentro da
educação é a ideia de que, por meio da diversidade, deve-se exercer a tole-
rância ao diferente. A tolerância pautou e ainda pauta uma série de políticas
públicas e educacionais, porém traz diversos problemas de invisibilização e
de não enfrentamento, pois, como vimos anteriormente, a tolerância não exige
respeito e pode implicar em ignorar as diferenças ou simplesmente aguentar
os limites da diferença para cada sujeito.
Dessa forma, o tema da diversidade pela tolerância vai ficando cada vez
mais defasado, provando que, embora tenha um impacto na educação, torna-
-se cada vez menos eficiente. Diversos educadores e acadêmicos, ao pensar
a diversidade, aderem à ideia de diferença, uma vez que aqui está uma das
possibilidades de saída de um estado letárgico que a tolerância pode gerar.
Nas palavras de Michaliszyn (2012, p. 66-67):

[...] “a homogeneidade é uma utopia. Ela é um parente próximo da unanimidade


e a unanimidade é inibidora da dúvida, da crítica e, portanto, do crescimento”
(ROSA, 1998, p. 45). Por isso, consideramos que não cabe à escola sustentar
os princípios e as ideias que fundamentam a estrutura social em vigor, da
mesma forma como imaginamos e desejamos uma escola comprometida com
a mudança social e a transformação de estruturas sociais injustas e desumanas
em modelos em que igualdade e a justiça social se façam presentes.

A década de 90 é considerada um marco para esse debate, pois foi nesse


período que diversas perspectivas se afirmaram. Embora hoje já se tenha
uma crítica bem desenvolvida e bem pautada como essencial ao debate sobre
10 Diversidade e educação

diversidade e diferença, por muito tempo tal ideia foi pioneira e conseguiu
destacar a necessidade de se falar sobre as diferenças. Contudo, o processo
brasileiro para inclusão dessas perspectivas deu-se também por uma pressão
internacional para que o país compreendesse em sua perspectiva educacional
uma relação mais justa.
Assim, as dificuldades com a escolarização em massa, como a aprendiza-
gem pouco efetiva e o abandono da escola, entre outros problemas, passaram a
ser compreendidas dentro do debate da diversidade a partir de uma perspectiva
social de inclusão. Para conseguir contemplar esses debates, a década de 90 foi
um marco significativo, pois encontramos mudanças fundamentais, principal-
mente com a Lei de Diretrizes e Bases, homologada em 1996 (BRASIL, 1996).

Diversidade nas leis e secretarias


A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) é importantíssima para pensar as relações
da educação com o contexto social e os parâmetros da escola, e, dessa forma,
nos aprofundaremos em compreender um pouco mais de nosso tema dentro da
lei e das iniciativas do Estado. Como um marco na educação, assim como os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a LDB deve ser entendida como
um avanço no debate da educação, pois consegue, por meio de seu documento,
pautar diretrizes modernas para o exercício da docência, bem como para os
programas escolares e educacionais (BRASIL, 1996).
A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, é um documento outorgado
para âmbito nacional que prevê detalhadamente todos os aspectos da escola-
rização e da educação no Brasil; foi uma reafirmação ao direto de educação
universal e como direito inalienável a todos e todas. É importante ressaltar
que, dentro da universalização do ensino, prevê-se a obrigatoriedade do ensino
fundamental (até o novo ano) por meio do acesso gratuito, inclusive para
aqueles e aquelas que não concluíram essa etapa em fase etária prevista. Já
para o ensino médio, propõe-se também a universalidade e o acesso gratuito,
mas não mais obrigatório (BRASIL, 1996).
Para este capítulo, o Art. 3° da LDB merece ser destacado:

I — igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II — liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensa-
mento, a arte e o saber;
III — pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV — respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V — coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI — gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
Diversidade e educação 11

VII — valorização do profissional da educação escolar;


VIII — gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legis-
lação dos sistemas de ensino;
IX — garantia de padrão de qualidade;
X — valorização da experiência extra-escolar;
XI — vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
XII — consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº
12.796, de 2013). (BRASIL, 1996, documento on-line)

Os parágrafos destacados na lei nos trazem a percepção da importância do


debate que está aqui sendo traçado. Previsto em lei, é imprescindível que, em
cursos ligados à área da educação, seja pela pedagogia, seja pelas licenciatu-
ras, se trate dos assuntos acima citados e se aborde as diferenças. Entretanto,
descarta-se a perspectiva da tolerância, como já apontado anteriormente,
prevendo um melhor uso teórico do debate a partir dos dissensos e da possibi-
lidade de demonstrar os limites da inclusão por meio da obrigatoriedade, sem
contexto ou sem auxílio efetivo da instituição e dos profissionais envolvidos:

O sistema escolar, assim como a nossa sociedade, vai avançando para esse
ideal democrático de justiça e igualdade, de garantia dos direitos sociais,
culturais, humanos para todos. Mas ainda há indagações que exigem respos-
tas e propostas mais firmes para superar tratos desiguais, lógicas e culturas
excludentes. (BRASIL, 2007, p. 14).

A citação do Ministério da Educação serve como base legal e institucional


para compreendermos ainda mais a importância dos temas que aqui estão
sendo trabalhados, pois entender como se estruturam as diferenças e como
são naturalizadas é uma parte fundamental desse processo, assim como
entender as iniciativas que buscam erradicar ou diminuir as desigualdades
(BRASIL, 2007).

Práticas de diversidades: escola, sociedade e


cultura
Neste tópico, conheceremos um pouco mais sobre um conceito profundamente
relacionado aos temas de diversidades e diferenças: as culturas. Para se traba-
lhar as diferenças a partir de uma perspectiva que não naturaliza a diversidade,
precisamos estar sempre atentos aos valores e morais que foram construídos.
Pensando especialmente a partir da perspectiva de Elias e Scotson (2000), por
12 Diversidade e educação

mais que não nos lembremos onde estão ancoradas as diferenças, vale sempre
compreender que estas foram construídas socialmente.
O conceito de cultura não será trabalhado com a perspectiva multicultu-
ral que homogeiniza as diferenças. Tal perspectiva é aquela trabalhada na
chave da diversidade para a tolerância, que expõe no seu cerne que todos
são iguais acima das diferenças e, assim, não contempla os conflitos. Já
a visão de cultura como parte significativa, fundamental e problemática
das diferenças, entende que todos somos diferentes em nossas particula-
ridades, por isso cada política ou conceituação precisa levar em conta os
conflitos, e não buscar captar todas as diferenças em grandes conceitos
universalizantes.
Nesse sentido, a visão de que a globalização nos aproxima não cabe
dentro desse conceito de cultura pelas diferenças, visto que, como abordado
anteriormente, a globalização nublou as fronteiras, mas tem como parte
de si uma homogeinização a partir do apagamento das diferenças e do
massivo aumento de uma cultura do norte global, como Estados Unidos e
Europa, como a cultura “certa” a ser seguida. Dessa forma, a globalização
se mostra como um grande fator de conflito quando traz consigo um modo
de aculturação.
Nesse sentido, a cultura não é o que nos une em um lugar comum, mas
é aquilo que pauta sentido, ora normatiza, ora particulariza, ora exclui, ora
inclui, de um modo que coloca os sujeitos dentro de uma esfera de inteli-
gibilidade, ou os exclui desta. A cultura nos ajuda, então, a compreender a
realidade social. Dessa forma, a cultura levada a cabo aqui, aparece como
parte dos processos de normatização discursiva das práticas de diferenciação,
e não como o suporte que nos une em um lugar comum, mas sim como parte
dos processos que explicam o social. Assim, o conceito de cultura passa a
ser algo enraizado, sentido e trabalhado por nós:

[...] é o que significa dizer que devemos pensar as identidades sociais como
construídas no interior da representação, através da cultura, não fora dela.
Elas são o resultado de um processo de identificação que permite que nos
posicionemos no interior das definições que os discursos culturais (exteriores)
fornecem ou que nos subjetivemos (dentro deles). Nossas chamadas subjeti-
vidades são, então, produzidas parcialmente de modo discursivo e dialógico.
Portanto, é fácil perceber porque nossa compreensão de todo este processo
teve que ser completamente reconstruída pelo nosso interesse na cultura; e
por que é cada vez mais difícil manter a tradicional distinção entre “interior”
e “exterior”, entre o social e o psíquico, quando a cultura intervém (HALL,
1997, p. 9, tradução nossa).
Diversidade e educação 13

Assim, é importantíssimo entendermos a nossa própria relação com o


mundo que nos cerca, mas também entender que cada pessoa terá diferentes
relações com sua realidade, a alteridade, assim como nossa cultura não deve
ser um processo de expectativa em cima de outros sujeitos e contextos, sendo,
por isso, tão importante a compreensão de que a diversidade é conflitiva, e
não agregadora. Assim se formula a diferença, dada a partir do outro e de
nossas próprias limitações, que serão sempre tensionadas.

Políticas de inclusão
As políticas de inclusão social e educacional não datam de hoje, são políticas
públicas reconhecidas como basilares na sociedade brasileira. Em 1961, a antiga
LDB, conhecida pela sigla LDBEN, já abordava a educação especial, mas de
forma altamente aquém ao que encontramos hoje. A LDB de 1961 afirmava
que: “A Educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no
sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade [...]” (BRA-
SIL, 1961, documento on-line). É importante ressaltar alguns trechos desta
já mencionada legislação, como o uso de “excepcionais”, termo comum na
época, mas que não é mais usado para categorizar pessoas com deficiências.
Também devemos ressaltar que a lei não obrigava as escolas a tomarem medidas
eficazes, deixando em aberto com “no que for possível”.
É com a Constituição Federal de 1988 que as políticas de inclusão começam
a tomar novo formato, especialmente quando observamos o Art. 205º que
rege, dizendo: “[...] a Educação como um direito de todos, garantindo o pleno
desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o
trabalho [...]” (BRASIL, 1988). A importância desse trecho se destaca com o
relato anterior, de 1961, pois não mais deixa espaços para a obrigação ou não
da inclusão e inserção de alguns, passa a ser imposta constitucionalmente
essa condição.
Isso não quer dizer que o ano de 1988 mudou as relações sociais de diferença
há muito colocadas no Brasil, porém foi um primeiro passo para as políticas
que se seguiram, e ainda seguem, em processo de implantação. Pensar a
educação para todos e todas foi uma mudança impactante, sendo que a uma
parte significativa da população o acesso a educação não era garantido ou
efetivamente pensado.
É só em 2001, contudo, que o Plano Nacional de Educação implanta uma
letra de lei mais eficaz e inclusiva, que aborda as deficiências como parte
da educação escolar, colocando “[...] a garantia de vagas no ensino regular
14 Diversidade e educação

para os diversos graus e tipos de deficiência [...]” (BRASIL, 2001). O modelo


mais próximo do que encontramos hoje, em termos de políticas de inclusão.
Em 2005, o Ministério da Educação publicou um documento que pensava as
políticas de inclusão, onde dizia:

Uma política efetivamente inclusiva deve ocupar-se com a desinstitucionaliza-


ção da exclusão, seja ela no espaço da escola ou em outras estruturas sociais.
Assim, a implementação de políticas inclusivas que pretendam ser efetivas e
duradouras deve incidir sobre a rede de relações que se materializam através
das instituições já que as práticas discriminatórias que elas produzem extra-
polam, em muito, os muros e regulamentos dos territórios organizacionais
que as evidenciam. (PAULON, 2005, p. 8).

O texto de Paulon (2005) nos deixa algumas pistas para compreender


como a inclusão era trabalhada na perspectiva institucional. A autora está
pensando justamente o papel das diferentes instituições em excluir os cida-
dãos de seus processos sociais, como a escola, já relatada, um dos espaços
de exclusão por excelência. Para Paulon (2005), é necessário combater as
próprias hierarquias institucionais feitas para segregar os sujeitos.
As políticas públicas de inclusão visam a pensar o acesso de alunos
e alunas, mas também precisam (re)pensar as educadoras e educadores
dentro das redes de ensino. Trabalhar com as diferenças geracionais entre
professoras e alunos e com as diferenças de sujeitos portadores de deficiência
exige compreender como incluí-los. É necessário descolonizar o ideal de
como tratar os sujeitos diferentes, assim como em todas as outras categorias.
Contudo, embora se reconheça aqui os importantes avanços das políticas
de inclusão, é importante tecer algumas críticas, algumas já feitas em outros
momentos deste texto. As políticas de inclusão não conseguem fazer os
embates que as diferenças implicam e questionar os preconceitos, ficando
estagnadas na mesma perspectiva da tolerância colocada pela diversidade.
Assim, é importantíssimo entendermos a nossa própria relação com o
mundo que nos cerca, mas também entender que cada pessoa terá diferentes
relações com sua realidade. A alteridade, assim como nossa cultura, não
deve ser um processo de expectativa em cima de outros sujeitos e contextos,
por isso é tão importante a compreensão de que a diversidade é conflitiva,
e não agregadora.
Diversidade e educação 15

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 03 dez. 2018.
BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-
-20-dezembro-1961-353722-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 03 dez. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da edu-
cação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>.
Acesso em: 03 dez. 2018.
BRASIL. Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá
outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/
l10172.htm>. Acesso em: 05 dez. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Departamento de Polí-
ticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Indagações sobre currículo: educandos
e educadores: seus direitos e o currículo. Brasília: MS, 2007.
ELIAS, N.; SCOTSON, J. L. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de poder
a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
HALL, S. The centrality of culture: notes on the cultural revolutions of our time. In: THOMP-
SON, Kenneth (Ed.). Media and cultural regulation. London: The Open University, 1997.
MICHALISZYN, M. S. Educação e diversidade. Curitiba: Intersaberes, 2012.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA. Decla-
ração Universal da Diversidade Cultural. Paris: UNESCO, 2001.
PAULA, C. R. Educar para a diversidade: entrelaçando redes, saberes e identidades. Curitiba:
Intersaberes, 2013.
PAULON, S. M. Documento subsidiário à política de inclusão. Brasília: MS, 2005.
RODRIGUES, T. C.; ABRAMOWICZ, A. O debate contemporâneo sobre a diversidade e a
diferença nas políticas e pesquisas em educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 39,
n. 1, p. 15-30, jan./mar. 2013.
UNESCO. Investir na diversidade cultural e no diálogo intercultural. 2009. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001847/184755por.pdf>. Acesso em: 03 dez.
2018.
16 Diversidade e educação

Leituras recomendadas
ABRAMOVICZ, A.; SILVÉRIO, V. R. (Org.). Afirmando diferenças: montando o quebra-cabeça
da diversidade na escola. Campinas: Papirus, 2015.
BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. [2018]. Dispo-
nível em: <http://www.seppir.gov.br/>. Acesso em: 03 dez. 2018.
BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres. Secretaria Nacional de Políticas
para Mulheres. 2012. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/sobre/a-secretaria>. Acesso
em: 03 dez. 2018.
CARVALHO, M. P. (Org). Diferenças e desigualdades na escola. Campinas: Papirus, 2013.
CORREA, R. L. T. Cultura e diversidade. Curitiba: Intersaberes, 2012.
MISKOLCI, R. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. São Paulo: Autêntica, 2012.
Dica do professor
A escola é considerada como o espaço de convivência em que os alunos ampliam seus
conhecimentos e constroem novas visões sobre o mundo. Nesse contexto, é preciso compreender
o universo escolar a partir do seguinte ponto, relativamente à temática da diversidade: a escola é o
lugar por excelência do encontro e da educação para a acolhida da diversidade, mas é também um
fator que ocasiona a diversidade.

É nesse contexto que o respeito às diferenças deve ser um dos valores mais desenvolvidos desde a
entrada das crianças na escola, promovendo sentimentos de respeito e empatia. Na escola, a
diversidade deve ser uma regra, e não uma exceção.

Nesta Dica do Professor, saiba mais sobre a diversidade no contexto escolar.

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Exercícios

1) A diversidade humana é definida de muitas maneiras, mas pode-se dizer que ela é resultante
do atual modo de pensar, que leva a comparações entre o eu e o outro. Em muitos casos,
essas comparações enfatizam sobretudo os aspectos negativos dos outros.

É necessário entender que as diferenças entre os seres humanos existem e é preciso


respeitá-las. A educação é um espaço de excelência para ensinar isso.

Com relação ao tema "diversidade e educação", marque a alternativa correta.

A) As capacidades inatas do aluno se sobrepõem aos estímulos adequados recebidos na escola.

B) No passado, educadores já trataram alunos de modo totalmente uniforme para que os


resultados fossem homogêneos.

C) Mesmo em um sistema escolar com base na atenção integrada às diferenças individuais, são
comuns os " bolsões de fracasso escolar".

D) O fator idade, alterado pela evasão escolar ou pela repetência, impede que o aluno, mesmo
frequente, possa progredir nos estudos.

E) O ponto de partida para o atendimento de crianças com histórico de vida muito divergente
dos demais é sempre o currículo escolar.

2) Pesquisas realizadas em diferentes países demonstram que, atualmente, a população tem


muito acesso à educação, de modo especial à escola pública, sendo que o desafio é garantir a
permanência e o sucesso escolar de todos os alunos, independentemente de sua faixa etária.

De acordo com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990), artigo 3o, é
necessário universalizar o acesso à educação e promover a equidade, melhorando sua
qualidade, bem como tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades.

Educar com qualidade, considerando o paradigma da diversidade, significa:

A) adotar um sistema de educação exclusivamente instrutivo ou de caráter disciplinar a fim de


lidar com a situação da diversidade.

B) considerar que, no ensino médio, a instituição escolar deve ater-se à transmissão de


conhecimentos avaliados como adequados.
C) rever e aperfeiçoar o sistema da educação pública e também o particular para alcançar a
qualidade desejada na educação.

D) ter uma visão clara de que a escola pública oferece um ensino de menor qualidade no que diz
respeito ao atendimento às diversidades.

E) universalizar o ensino, tornando-o uniforme por meio da adoção de um currículo único.

3) As discussões sobre diversidade ampliam-se a cada dia devido às pesquisas, aos eventos na
área, entre outros.

Analise as afirmativas a seguir e indique se são verdadeiras (V) ou falsas (F):

( ) É possível abordar as diferenças como um tema próprio ou como um subtema dentro da


diversidade.

( ) Trabalhar a diferença traz à tona os conflitos. Por isso, é preciso debater as


multiplicidades.

( ) Ao se trabalhar a diferença de modo coletivo, entende-se ela como uma parte que
constitui a diversidade.

( ) Na educação, a diferença é melhor trabalhada como tema próprio.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

A) V, F, V, V.

B) F, V, F, V.

C) V, V, V, F.

D) V, V, F, F.

E) F, F, V, F.

4) A atenção à diversidade tornou-se uma expressão frequente no processo educacional, em


especial no âmbito da educação inclusiva.

Com relação a essa atenção, assinale a alternativa correta:

A) A atenção à diversidade é uma estratégia especial usada para atender exclusivamente os


considerados deficientes.
B) As escolas que não estão atentas às diversidades e não elaboram currículos diversificados
possibilitam a baixa estima e a evasão.

C) Dar atenção às diversidades pode impedir que os mais capacitados desenvolvam-se


adequadamente.

D) No ensino médio, a atenção às necessidades específicas dos alunos torna-se desnecessária.

E) Para o professor de escola pública, a atenção às diversidades é subjetiva, sendo a transmissão


de conteúdos mais importante.

5) A acessibilidade é de fundamental importância no processo de inclusão das crianças na


escola, compreendendo a diversidade e oferecendo condições em que todos os alunos, sem
distinção, tenham acesso ao conhecimento e à aprendizagem, independentemente da sua
condição física.

Sendo assim, a construção de rampas de acesso, a remoção de barreiras, a adaptação de


mobiliários e materiais didático-pedagógicos são essenciais para o êxito dos alunos na
escola.

Tânia, uma aluna com politraumatismo, está terminando a formação profissional de nível
superior em pedagogia. Chegar a esse nível só foi possível graças a sua tenacidade, ao apoio
constante dos pais, ao estímulo dos colegas e a uma equipe de professores convencida de
que as dificuldades dela seriam superadas com sua integração no grupo e com a adaptação
do currículo às limitações sensoriais e intelectuais que ela apresentava.

Sobre os sistemas educacionais como esse, assinale a resposta correta:

A) As ações em favor de alunos como Tânia devem ser exclusivamente do poder público.

B) Ao considerar a diversidade, a integração dos alunos, em cada uma das séries, se dará de
modo inteiramente homogêneo.

C) A atenção do professor deverá estar centrada no currículo escolar, desenvolvendo as ações


nele previstas.

D) Em um sistema educacional como aquele em que Tânia estuda, o aluno especial é o único
beneficiado.

E) No tipo de educação oferecido a Tânia, há maiores chances de superação e equilíbrio frente


às descompensações individuais.
Na prática
A cultura da comunidade escolar deve ser considerada como elemento fundamental no ambiente
escolar, estando presente no processo de ensino e aprendizagem por meio das trocas de
conhecimentos entre os sujeitos escolares.

Acompanhe, neste Na Prática, a ação realizada pela Dra. Dorothy Smith, convidada pela professora
da escola, que desenvolveu junto aos alunos de uma turma do ensino médio conexões acerca da
significação local e cultural para o contexto educacional.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Diversidade e construção da identidade da criança no cotidiano


da educação infantil
Este artigo destaca um estudo acerca da construção da identidade das crianças no cotidiano da
educação infantil, considerando o seu autoconhecimento como sujeito social para desenvolver as
habilidades de aprender, ser e conviver com os outros.

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Transformando a sala de aula: ferramentas do design para


engajamento e equidade
O Capítulo 8 – Pensamento ágil do professor: decidindo ajustar ou ensinar, páginas 299 a 351
deste livro, trata da inovação na educação voltada para a diversidade, a equidade e a inclusão por
meio do pensamento e das ferramentas projetuais do design. Essa leitura dá visibilidade aos
recursos que permitem enxergar a diversidade nas salas de aula, empreender práticas inclusivas e
criar caminhos para a equidade.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Diferenciação pedagógica na prática: rotinas para engajar todos


os alunos
A diferenciação pedagógica na prática, abordada no Capítulo 4 – Diversidade, páginas 86 a 93,
apresenta a adequação do ensino para cada aluno, fornecendo informações indispensáveis sobre
como as pessoas aprendem e de que forma esse processo pode ser mais efetivo e eficiente para
professores e estudantes.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

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