O documento discute a diversidade cultural e religiosa na sociedade e na escola, enfatizando a importância do respeito às diferenças e do diálogo para promover a convivência pacífica entre grupos. Também reflete sobre os desafios de reconhecer a alteridade sem enxergá-la como ameaça.
O documento discute a diversidade cultural e religiosa na sociedade e na escola, enfatizando a importância do respeito às diferenças e do diálogo para promover a convivência pacífica entre grupos. Também reflete sobre os desafios de reconhecer a alteridade sem enxergá-la como ameaça.
O documento discute a diversidade cultural e religiosa na sociedade e na escola, enfatizando a importância do respeito às diferenças e do diálogo para promover a convivência pacífica entre grupos. Também reflete sobre os desafios de reconhecer a alteridade sem enxergá-la como ameaça.
Breve reflexão sobre multiplicidades sócio-culturais e respeito às
diferenças
Os seres humanos possuem a característica da diversidade, em vários
contextos históricos específicos. As sociedades, os vários grupos sócio- culturais, possuem diferentes dinâmicas relacionais, de modo a produzir símbolos, conhecimentos, práticas, sentidos e significados que dão direcionamentos à vida (CECCHETTI; BLANCK; HARD; RISKE-KOCH, 2013). As multiplicidades dizem respeito a vários aspectos, para além da etnia, língua, crença, a exemplo das questões geracionais, religiosas, gênero, processos de territorialização, com suas linhas de força, modos de representação que compartilham visões e significados comuns da realidade que os cerca. Sendo assim, é urgente a reflexão crítica-reflexiva a cerca do respeito às diferenças, às regras básicas de convivência. A diversidade cultural é um grande bem da humanidade, uma vez que servem de referência para a constituição das identidades pessoais e grupais. É necessária a promoção da dignidade humana, bem como sua valorização, via a interação positiva entre diferentes identidades culturais. Importante salientar que, a partir do século XX, as novas tecnologias de informação e comunicação, conectaram comunidades para além de suas fronteiras nacionais. As interações entre as pessoas propiciam novas combinações de espaços, tempos e territórios. (CECCHETTI; BLANCK; HARD; RISKE-KOCH, 2013). Neste sentido, ampliam-se a complexidade das sociedades, que, cada vez mais, e rapidamente, transformam-se e diversificam-se, configurando-se em novas identidades híbridas, fragmentadas e multifacetadas. Entretanto, há o crescente discurso de poder que reitera a necessidade de homogeneização social, pautada no paradigma capitalista. Isto torna mais desafiador reconhecer a alteridade, não enquanto uma ameaça ao andamento da vida, mas, enquanto potência para um viver criativo. Antes dar prosseguimento a discussão sobre interação entre as diferenças, nos variados âmbitos da sociedade, torna-se relevante trazer a tona o texto “O Menino, o Vento e a Pipa”, de autoria de Afornali e Faria. O mote da escrita é a reflexão acerca das mudanças de perspectiva de vida, na medida em que a idade avança. Em cada fase, muda-se a percepção do sentido da vida, das razões pelas quais continuasse perseverante a vencer os obstáculos que surgem. No referido texto, conta-se uma história sobre um lugar onde moram muitas crianças, mas, em especial, um menino e sua pipa. Inteligente e brincalhão, João, o sonhador, em sua grande residência amarela, recebeu a visita de um adulto (o narrador da história). João estava prestes a propiciar uma mudança na vida do adulto, ao ensinar o segredo mais valioso da vida, a alegria de viver. Com sua fantástica imaginação ele levou o adulto para uma viagem pelo seu mundo de sonhos. Apresentou cada cômodo da casa, compreendido como vários mundos de imaginação, permeados por coisas legais que ninguém mais sabia ver. João confessou seu gosto especial por empinar pipa e vê-la no voando no céu. Sendo assim, o adulto pediu para que ele brincasse com ela. A pipa voava tão alto que parecia perder-se de vista. A cada tentativa de empiná-la, ela subia, para o céu, rodopiava e caia. Insistentemente João, com alegria, repetia a ação. Aquela pipa era uma metáfora de que podemos vê-la como qualquer coisa que se queria, a exemplo de um pássaro que pode ver além dos muros e dos portões da residência, trazendo novidades, dizendo o quão é bonito o mundo lá fora. O adulto entendeu que não importa como as coisas se mostram diante dos olhos, mas sim, como queremos enxergar. Compreendeu que é necessário tentar muitas vezes para conseguir atingir os objetivos e que uma pedra não pode servir como obstáculo e impedir a caminhada rumo aos sonhos. Depois deste dia, ele decidiu ensinar o que aprendeu com o menino João e com sua pipa. Na vida, é preciso insistir, não importa a idade. As dificuldades são passageiras, sendo que todos passam por problemas, em várias fases da vida. Viver é uma tarefa de insistência. A referida história abre portas para a discussão sobre lidar com alteridades, de modo a expandir entendimentos sobre o entorno, a exemplo do assunto geracional, com foco nos conceitos de diversidade e respeito às diferenças. Pensar em gerações significa refletir sobre questões de representações, identidades e situações sociais que se confrontam com as de outros grupos geracionais ou categorias sociais e de gênero. Existem desafios postos pela sociedade contemporânea, principalmente no que diz respeito à diversidade humana e ao pluralismo cultural. A diversidade humana existe desde os primórdios da humanidade, mas, apenas a partir do final do século XX é que a sociedade se dá conta desta especificidade, declarando que os seres humanos não são iguais. Existe uma polissemia do conceito geracional, uma vez que não há um meio termo em sua definição. Entretanto, de acordo com Motta (2010), percebe-se a utilidade analítica do termo para compreender as relações entre grupos de idade no tempo histórico e na mudança social ou tem-se negado as conexões sociais coletivas porque parecem demasiado mutáveis. A questão da mudança de posições etária e geracional, durante a história, tem haver com jogos de poder entre as gerações, que são expressas tanto em regulações legais, quanto informais, consuetudinárias e ideológicas, mudando a dinâmica social, ao longo do tempo. O segmento alvo de maiores pesquisas consiste no segmento etário da juventude, justamente por compreender que está relacionado à potência da mudança sócio-cultural. Entretanto, atualmente e tardiamente, o grupo etário dos mais velhos passa a ser alvo de pesquisas e reflexões. Isso resulta do aumento da longevidade e, como conseqüência, da constituição de um nicho de aumento do consumo capitalista de serviços e, também, por integrarem ações sociais de lazer, além da formação de grupos políticos, em prol dos seus direitos legais e normativos, a exemplo de políticas públicas sobre a aposentadoria. A percepção da significação dos idosos nos traz para discussão o reconhecimento social acerca a violência contra a mulher idosa, com o intuito de propor formas de prevenção ou contenção deste fenômeno. O enfoque analítico da violência contra as idosas converge para as relações de gênero, principalmente no caso da violência doméstica, também por uma questão de conflitos na esfera das relações intergeracionais. Conviver e respeitar a diversidade cultural é desafiador e necessário para a promoção dos direitos humanos, bem como uma tarefa imprescindível da educação (CECCHETTI; BLANCK; HARD; RISKE-KOCH, 2013). A liberdade religiosa, também é um assunto importante. No contexto escolar, é necessário o desenvolvimento de práticas pedagógicas contra a discriminação religiosa. A religiosidade é a manifestação e a construção histórico-cultural dada de diferentes modos em inúmeros grupos e sociedades humanas, em diferentes tempos, espaços e lugares, ocorre de modo singular, complexo e diverso. (CECCHETTI; BLANCK; HARD; RISKE-KOCH, 2013). Diferentes pensamentos e ações, que norteiam princípios morais e éticos construindo um sistema de valores simbólicos de coesão social, isto é, integra a diversidade cultural, o patrimônio da humanidade. Entretanto, a história nos mostra que a religiosidade pode, também, alienar as pessoas, ao ponto de gerar conflitos em relação ao diferente e às diferenças. A promoção dos direitos, enquanto à liberdade religiosa ou da livre adesão ou não às crenças, tradições e/ou movimentos religiosos, é de suma importância, para a promoção da paz entre alteridades. A compreensão dos direitos humanos parte do entendimento sobre “[...] um conjunto de preceitos e exigências entendidas como inerente ao ser humano e [...], igualmente inerente à natureza ou ao planeta Terra. (CECCHETTI; BLANCK; HARD; RISKE-KOCH, 2013, p. 28). Os direitos humanos foram conquistados, ao longo da história, também, por tensões e lutas sociais, de modo exercer a proteção contra a barbárie e o desprezo à vida humana. A comunidade das escolas públicas, nos seus processos de ensino e aprendizagem, enfrenta desafios para a ação docente do educador. É necessário valorizar a singularidade de cada aluno, independente de qual religião pertença, tendo consciência de que cada uma teve e tem sua contribuição ao longo da história. Assim, as diferentes expressões religiosas devem ser consideradas na escola, especialmente na escola pública (SANTOS, 2008). Isso porque parte-se da idéia de religiosidade enquanto patrimônio cultural e histórico. O contexto escolar é um campo fértil para efetivar o processo de reconhecimento do outro, no aspecto religioso, para além de explicações ideológicas, doutrinais e catequéticos. A mediação do professor para o entendimento das tramas identitárias individuais e coletivas é de grande importância, para a erradicação de preconceitos excludentes e de desigualdades. A metodologia do diálogo sobre o conhecimento acerca da diversidade cultural e religiosa é eficaz no sentido do aprendizado de se lidar com a convivência e respeito entre as diferenças. A escola é um ambiente onde deve-se proporcionar um modelo de tolerância a ser aplicado na sociedade. E a questão de gênero, também se faz presente. Os variados papéis da mulher, bem como a discussão da orientação sexual, são assuntos que devem ser abordados. Homossexuais e transsexuais, por exemplos, são expostos na sociedade a toda forma de violência, de maneira é que é preciso desconstruir os preconceitos de gênero e seus estereótipos. Outro ponto importante é a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, considerando os mesmos direitos e oportunidades da comunidade discente. As especificidades devem ser atendidas, tendo como forma de complementação curricular os apoios e serviços especializados. (SANTOS, 2008). O Brasil é fruto de uma fusão de matrizes culturais diferenciadas, por meio da miscigenação de vários grupos étnicos. O país possui uma riqueza cultural, repleta de distintos comportamentos, crenças e dinâmicas de vida. Somos todos frutos dessa diversidade, de modo que não faz sentido discursos de preconceito e de segregação, pautada em um entendimento eurocentrista, de padronização cultural. A diversidade deve ser compreendida e respeitada, bem como as minorias políticas precisam ter os mesmos direitos, a exemplo das culturas afro-brasileiras e indígenas. O menino João, o sonhador, nos ensina que, para além dos nossos muros de existência, existem outros modos de vida, tão importantes e relevantes, quanto os nossos. A grande questão é se abrir para o desconhecido, conhecer outros contextos para compreender que o ser humano é dotado de possibilidades e, sendo assim, não há uma verdade fixa, um único modo correto de se viver. Todos já vivenciaram uma ou algumas situações onde o respeito às diferenças foi marcante. Sou professora universitária, em um contexto repleto de diversidades. As e os transexuais não se sentem contemplados em várias discussões no fazer-dizer em artes. No entanto, tento trazer para a sala de aula, textos que refletem sobre essa condição, no campo da dança e do teatro, para, também, ampliar o conhecimento de todos da turma. Além disso, nós, docentes, implementamos a mudança de nome social destes (as) alunos (as), aumentando sua auto-estima e representatividade na instituição. Outro ponto importante é o acolhimento de discentes com problemas psicológicos, a exemplo de transtornos de ansiedade e depressão. Fazemos um acompanhamento, de modo que percebo resultados positivos. Não basta saber, mas, sim, agir em prol do acolhimento de todo o corpo de alunos da universidade, inclusive, em sala de aula.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
(SECAD/MEC). Gênero e Diversidade Sexual na Escola: reconhecer diferenças e superar preconceitos (Caderno 5). Brasília. 2007 FLEURI. Reinaldo Matias (Orgs.). Diversidade religiosa e direitos humanos: conhecer, respeitar e conviver. Blumenau: Edifurb, 2013. FREITAS, Fátima e Silva. A diversidade cultural como prática na educação. (Livro eletrônico). Curitiba: Editora InterSaberes, 2012. MOTTA, Alda Britto da. A atualidade do conceito de gerações na pesquisa sobre o envelhecimento. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? script= sci_arttext&pid=S010269922010000200005> Acesso em: 19/10/2019. SANTOS. Ivone Aparecida dos. Educação para a Diversidade: uma prática a ser construída na Educação Básica. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?opti on=com_docman&view=download&alias =32111-diversidade-religiosa-e- direitoshumanos-pdf&Itemid=30192> Acesso em: 20/10/2019.