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ARTES VISUAIS EAD

Disciplina: Atualidades em Educação e Diversidade

Tutor: Cristiane Regina Tozzo RA: 8095707

Aluna:  Elke Siedler Turma: Artes Visuais

Unidade: Curitiba

Breve reflexão sobre multiplicidades sócio-culturais e respeito às


diferenças

Os seres humanos possuem a característica da diversidade, em vários


contextos históricos específicos. As sociedades, os vários grupos sócio-
culturais, possuem diferentes dinâmicas relacionais, de modo a produzir
símbolos, conhecimentos, práticas, sentidos e significados que dão
direcionamentos à vida (CECCHETTI; BLANCK; HARD; RISKE-KOCH, 2013).
As multiplicidades dizem respeito a vários aspectos, para além da etnia, língua,
crença, a exemplo das questões geracionais, religiosas, gênero, processos de
territorialização, com suas linhas de força, modos de representação que
compartilham visões e significados comuns da realidade que os cerca.
Sendo assim, é urgente a reflexão crítica-reflexiva a cerca do respeito às
diferenças, às regras básicas de convivência. A diversidade cultural é um
grande bem da humanidade, uma vez que servem de referência para a
constituição das identidades pessoais e grupais. É necessária a promoção da
dignidade humana, bem como sua valorização, via a interação positiva entre
diferentes identidades culturais.
Importante salientar que, a partir do século XX, as novas tecnologias de
informação e comunicação, conectaram comunidades para além de suas
fronteiras nacionais. As interações entre as pessoas propiciam novas
combinações de espaços, tempos e territórios. (CECCHETTI; BLANCK; HARD;
RISKE-KOCH, 2013). Neste sentido, ampliam-se a complexidade das
sociedades, que, cada vez mais, e rapidamente, transformam-se e
diversificam-se, configurando-se em novas identidades híbridas, fragmentadas
e multifacetadas. Entretanto, há o crescente discurso de poder que reitera a
necessidade de homogeneização social, pautada no paradigma capitalista. Isto
torna mais desafiador reconhecer a alteridade, não enquanto uma ameaça ao
andamento da vida, mas, enquanto potência para um viver criativo.
Antes dar prosseguimento a discussão sobre interação entre as
diferenças, nos variados âmbitos da sociedade, torna-se relevante trazer a tona
o texto “O Menino, o Vento e a Pipa”, de autoria de Afornali e Faria. O mote da
escrita é a reflexão acerca das mudanças de perspectiva de vida, na medida
em que a idade avança. Em cada fase, muda-se a percepção do sentido da
vida, das razões pelas quais continuasse perseverante a vencer os obstáculos
que surgem.
No referido texto, conta-se uma história sobre um lugar onde moram
muitas crianças, mas, em especial, um menino e sua pipa. Inteligente e
brincalhão, João, o sonhador, em sua grande residência amarela, recebeu a
visita de um adulto (o narrador da história). João estava prestes a propiciar
uma mudança na vida do adulto, ao ensinar o segredo mais valioso da vida, a
alegria de viver.
Com sua fantástica imaginação ele levou o adulto para uma viagem pelo
seu mundo de sonhos. Apresentou cada cômodo da casa, compreendido como
vários mundos de imaginação, permeados por coisas legais que ninguém mais
sabia ver. João confessou seu gosto especial por empinar pipa e vê-la no
voando no céu. Sendo assim, o adulto pediu para que ele brincasse com ela.
A pipa voava tão alto que parecia perder-se de vista. A cada tentativa de
empiná-la, ela subia, para o céu, rodopiava e caia. Insistentemente João, com
alegria, repetia a ação. Aquela pipa era uma metáfora de que podemos vê-la
como qualquer coisa que se queria, a exemplo de um pássaro que pode ver
além dos muros e dos portões da residência, trazendo novidades, dizendo o
quão é bonito o mundo lá fora.
O adulto entendeu que não importa como as coisas se mostram diante
dos olhos, mas sim, como queremos enxergar. Compreendeu que é necessário
tentar muitas vezes para conseguir atingir os objetivos e que uma pedra não
pode servir como obstáculo e impedir a caminhada rumo aos sonhos. Depois
deste dia, ele decidiu ensinar o que aprendeu com o menino João e com sua
pipa. Na vida, é preciso insistir, não importa a idade. As dificuldades são
passageiras, sendo que todos passam por problemas, em várias fases da vida.
Viver é uma tarefa de insistência.
A referida história abre portas para a discussão sobre lidar com
alteridades, de modo a expandir entendimentos sobre o entorno, a exemplo do
assunto geracional, com foco nos conceitos de diversidade e respeito às
diferenças. Pensar em gerações significa refletir sobre questões de
representações, identidades e situações sociais que se confrontam com as de
outros grupos geracionais ou categorias sociais e de gênero.
Existem desafios postos pela sociedade contemporânea, principalmente
no que diz respeito à diversidade humana e ao pluralismo cultural. A
diversidade humana existe desde os primórdios da humanidade, mas, apenas
a partir do final do século XX é que a sociedade se dá conta desta
especificidade, declarando que os seres humanos não são iguais.
Existe uma polissemia do conceito geracional, uma vez que não há um
meio termo em sua definição. Entretanto, de acordo com Motta (2010),
percebe-se a utilidade analítica do termo para compreender as relações entre
grupos de idade no tempo histórico e na mudança social ou tem-se negado as
conexões sociais coletivas porque parecem demasiado mutáveis. A questão da
mudança de posições etária e geracional, durante a história, tem haver com
jogos de poder entre as gerações, que são expressas tanto em regulações
legais, quanto informais, consuetudinárias e ideológicas, mudando a dinâmica
social, ao longo do tempo.
O segmento alvo de maiores pesquisas consiste no segmento etário da
juventude, justamente por compreender que está relacionado à potência da
mudança sócio-cultural. Entretanto, atualmente e tardiamente, o grupo etário
dos mais velhos passa a ser alvo de pesquisas e reflexões. Isso resulta do
aumento da longevidade e, como conseqüência, da constituição de um nicho
de aumento do consumo capitalista de serviços e, também, por integrarem
ações sociais de lazer, além da formação de grupos políticos, em prol dos seus
direitos legais e normativos, a exemplo de políticas públicas sobre a
aposentadoria.
A percepção da significação dos idosos nos traz para discussão o
reconhecimento social acerca a violência contra a mulher idosa, com o intuito
de propor formas de prevenção ou contenção deste fenômeno. O enfoque
analítico da violência contra as idosas converge para as relações de gênero,
principalmente no caso da violência doméstica, também por uma questão de
conflitos na esfera das relações intergeracionais.
Conviver e respeitar a diversidade cultural é desafiador e necessário
para a promoção dos direitos humanos, bem como uma tarefa imprescindível
da educação (CECCHETTI; BLANCK; HARD; RISKE-KOCH, 2013). A
liberdade religiosa, também é um assunto importante. No contexto escolar, é
necessário o desenvolvimento de práticas pedagógicas contra a discriminação
religiosa.
A religiosidade é a manifestação e a construção histórico-cultural dada
de diferentes modos em inúmeros grupos e sociedades humanas, em
diferentes tempos, espaços e lugares, ocorre de modo singular, complexo e
diverso. (CECCHETTI; BLANCK; HARD; RISKE-KOCH, 2013). Diferentes
pensamentos e ações, que norteiam princípios morais e éticos construindo um
sistema de valores simbólicos de coesão social, isto é, integra a diversidade
cultural, o patrimônio da humanidade. Entretanto, a história nos mostra que a
religiosidade pode, também, alienar as pessoas, ao ponto de gerar conflitos em
relação ao diferente e às diferenças.
A promoção dos direitos, enquanto à liberdade religiosa ou da livre
adesão ou não às crenças, tradições e/ou movimentos religiosos, é de suma
importância, para a promoção da paz entre alteridades. A compreensão dos
direitos humanos parte do entendimento sobre “[...] um conjunto de preceitos e
exigências entendidas como inerente ao ser humano e [...], igualmente inerente
à natureza ou ao planeta Terra. (CECCHETTI; BLANCK; HARD; RISKE-KOCH,
2013, p. 28). Os direitos humanos foram conquistados, ao longo da história,
também, por tensões e lutas sociais, de modo exercer a proteção contra a
barbárie e o desprezo à vida humana.
A comunidade das escolas públicas, nos seus processos de ensino e
aprendizagem, enfrenta desafios para a ação docente do educador. É
necessário valorizar a singularidade de cada aluno, independente de qual
religião pertença, tendo consciência de que cada uma teve e tem sua
contribuição ao longo da história. Assim, as diferentes expressões religiosas
devem ser consideradas na escola, especialmente na escola pública
(SANTOS, 2008). Isso porque parte-se da idéia de religiosidade enquanto
patrimônio cultural e histórico.
O contexto escolar é um campo fértil para efetivar o processo de
reconhecimento do outro, no aspecto religioso, para além de explicações
ideológicas, doutrinais e catequéticos. A mediação do professor para o
entendimento das tramas identitárias individuais e coletivas é de grande
importância, para a erradicação de preconceitos excludentes e de
desigualdades. A metodologia do diálogo sobre o conhecimento acerca da
diversidade cultural e religiosa é eficaz no sentido do aprendizado de se lidar
com a convivência e respeito entre as diferenças.
A escola é um ambiente onde deve-se proporcionar um modelo de
tolerância a ser aplicado na sociedade. E a questão de gênero, também se
faz presente. Os variados papéis da mulher, bem como a discussão da
orientação sexual, são assuntos que devem ser abordados. Homossexuais e
transsexuais, por exemplos, são expostos na sociedade a toda forma de
violência, de maneira é que é preciso desconstruir os preconceitos de gênero e
seus estereótipos.
Outro ponto importante é a inclusão de alunos com necessidades
educacionais especiais, considerando os mesmos direitos e oportunidades da
comunidade discente. As especificidades devem ser atendidas, tendo como
forma de complementação curricular os apoios e serviços especializados.
(SANTOS, 2008).
O Brasil é fruto de uma fusão de matrizes culturais diferenciadas, por
meio da miscigenação de vários grupos étnicos. O país possui uma riqueza
cultural, repleta de distintos comportamentos, crenças e dinâmicas de vida.
Somos todos frutos dessa diversidade, de modo que não faz sentido
discursos de preconceito e de segregação, pautada em um entendimento
eurocentrista, de padronização cultural. A diversidade deve ser compreendida
e respeitada, bem como as minorias políticas precisam ter os mesmos
direitos, a exemplo das culturas afro-brasileiras e indígenas.
O menino João, o sonhador, nos ensina que, para além dos nossos
muros de existência, existem outros modos de vida, tão importantes e
relevantes, quanto os nossos. A grande questão é se abrir para o
desconhecido, conhecer outros contextos para compreender que o ser humano
é dotado de possibilidades e, sendo assim, não há uma verdade fixa, um único
modo correto de se viver.
Todos já vivenciaram uma ou algumas situações onde o respeito às
diferenças foi marcante. Sou professora universitária, em um contexto repleto
de diversidades. As e os transexuais não se sentem contemplados em várias
discussões no fazer-dizer em artes. No entanto, tento trazer para a sala de
aula, textos que refletem sobre essa condição, no campo da dança e do teatro,
para, também, ampliar o conhecimento de todos da turma. Além disso, nós,
docentes, implementamos a mudança de nome social destes (as) alunos (as),
aumentando sua auto-estima e representatividade na instituição.
Outro ponto importante é o acolhimento de discentes com problemas
psicológicos, a exemplo de transtornos de ansiedade e depressão. Fazemos
um acompanhamento, de modo que percebo resultados positivos. Não basta
saber, mas, sim, agir em prol do acolhimento de todo o corpo de alunos da
universidade, inclusive, em sala de aula.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade


(SECAD/MEC). Gênero e Diversidade Sexual na Escola: reconhecer
diferenças e superar preconceitos (Caderno 5). Brasília. 2007
FLEURI. Reinaldo Matias (Orgs.). Diversidade religiosa e direitos humanos:
conhecer, respeitar e conviver. Blumenau: Edifurb, 2013.
FREITAS, Fátima e Silva. A diversidade cultural como prática na
educação. (Livro eletrônico). Curitiba: Editora InterSaberes, 2012.
MOTTA, Alda Britto da. A atualidade do conceito de gerações na pesquisa
sobre o envelhecimento. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
script= sci_arttext&pid=S010269922010000200005> Acesso em: 19/10/2019.
SANTOS. Ivone Aparecida dos. Educação para a Diversidade: uma prática a
ser construída na Educação Básica. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?opti
on=com_docman&view=download&alias =32111-diversidade-religiosa-e-
direitoshumanos-pdf&Itemid=30192> Acesso em: 20/10/2019.

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