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2018
Curitiba/PR
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INTRODUÇÃO
Olá estudante!
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Palavra da professora-autora
Bons estudos!
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Aula 1 – Relações étnico-raciais: reflexões iniciais e contexto
histórico
Fonte: Jurandyrjunior/WikimediaCommons
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Olá! Seja bem-vindo à primeira aula da disciplina de História e Cultura
das Relações Étnico Raciais. Nesta aula você realizará uma reflexão sobre a
relação dialógica referente aos aspectos históricos que permeiam a cultura
étnico-racial, bem como participará de discussões não só a respeito da
relevância dessa temática para sua formação acadêmica, mas também que
possam criar um sentimento humanizado diante do objeto de estudo,
proporcionando uma compreensão crítica sobre ele. Vamos interagir!
Vocabulário
Mister: sinônimo de necessário, essencial, fundamental, indispensável, etc.
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Nessa busca por um sentimento de humanidade, que possa estimular
um estudo coerente a respeito da temática abordada, é imprescindível refletir
sobre as relações que se estabelecem na realidade brasileira, historicamente
constituída por povos com diferentes caraterísticas biológicas que deram
origem a uma grande e particular diversidade étnica nacional.
Essa etnicidade que nos caracteriza como nação, é um dos objetos de
estudo desta disciplina, como área do conhecimento necessária à formação
humana de qualquer cidadão que pretenda fazer a diferença nos diversos
ambientes de convivência social, e aprender a estabelecer relações cada vez
mais humanas com os seus iguais, de forma a desenvolver os principais
aspectos inerentes à cidadania no seu contexto social e político.
Nesse contexto do estudo da temática étnico-racial, é imprescindível
sublinhar a postura humana que deve estar presente em todo o ato de reflexão,
ou seja, a pessoa interessada em compreender, ou mesmo analisar, os dados
históricos e políticos que permeiam esse estudo específico, necessita fazê-lo
sob uma ótica humana para, então, compreender a realidade presente em
todos os aspectos que abrangem a vivência étnico-racial, a fim de munir-se de
argumentos válidos que possam questionar as certezas dos pragmatismos que
prevalecem nos meios políticos e sociais, que fomentam atitudes
preconceituosas, doentias e desumanas em relação ao diferente.
Isso significa que a pessoa precisa revestir-se de humanidade para
compreender afetivamente as condições culturais, sociais, políticas, e tantas
outras que corroboram para a formação étnica do seu semelhante.
Vocabulário
Pragmatismo: é uma corrente filosófica que se baseia no conceito de que as
ideias e ações só são verdadeiros se servirem para a solução imediata de
problemas, opondo-se a qualquer tipo de improviso.
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contemporâneas entre os sujeitos humanos, com a intensificação da
tecnologia, da internet, dos meios de comunicação, enfim, todas as facilidades
de conexão entre os indivíduos.
Apesar das distâncias geográficas, essas características da
modernidade, de alguma forma, intensificaram a aproximação com o diferente,
com aquilo que não é comum na cultura em que estamos inseridos.
Dessa maneira, a diversidade é algo mais natural para as novas
gerações do que para as antigas, ou pelo menos deveria ser. Para tanto, desde
os primórdios de sua existência e/ou desenvolvimento, as pessoas devem ser
educadas no respeito ao outro, à diversidade e às diferenças, com a noção do
dinamismo da realidade humana, bem como da vastidão cultural que a
caracteriza.
Ainda no âmbito dessa reflexão, é pertinente parafrasear Freire (2012),
ao nos incitar a pensar na pessoa humana como sujeito histórico, inacabado,
em constante desenvolvimento, ou seja, como autor da sua própria história.
A história existe porque os seres humanos, na complexidade da sua
existência, a constroem no decorrer dos tempos, tornando-se assim necessário
aprender a conviver com a diversidade natural existente entre os semelhantes.
Em resumo, as pessoas precisam aprender, por meio da educação
formal e não formal, a respeitar os outros em todos os planos das relações
humanas.
Mídias Integradas
Para fundamentar a discussão apresentada até aqui, recomendamos que
assista ao filme Human, de Yann Arthus-Bertrand, o qual ilustra a diversidade
humana e apela à humanidade necessária que se deve ter diante do estudo
das relações étnico – raciais. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=TnGEclg2hjg&list=PLdTvmFPBr0MmlhTVh
P1Nncs3GADBCL7u8>.
Se preferir assistir ao filme na íntegra, acesse:
<https://www.netflix.com/watch/80080758?trackId=14170032&tctx=0%2C0%2C
1118aa7c-d5ff-4e86-9363-6468d1228548-4726925>.
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A singularidade do sujeito humano deve estimular o estudo a respeito da
etnicidade, sabendo que o comportamento humano e suas nuances devem ser
observadas e respeitadas em todos os momentos da vida.
Assim, para refletir a respeito dos aspectos étnicos de um povo, veja as
imagens apresentadas no filme: Humano: Uma viagem pela vida, a fim de abrir
sua mente à compreensão do outro, de sua diversidade e singularidade, com
vistas a contribuir, como cidadão humano, para o estabelecimento de relações
sociais e políticas, que se convertam em ferramentas para a construção de um
mundo menos desigual.
Vocabulário
Nuance: sutileza; diferença quase imperceptível entre coisas quando
comparadas.
Vocabulário
Etnia: do grego ethnos, significa povo e, historicamente, foi utilizado para a
definição da diversidade cultural das pessoas que constituem o mundo, ou
seja, a complexidade cultural da sua língua, músicas, comidas, roupas, cor da
pele, etc.
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uma interação positiva para que as gerações vindouras tenham referências
positivas de como conviver com as diferenças.
Portanto, busca-se a formulação de novas ideias e/ou reflexões que
possam ser úteis à sua formação humana, sendo que, segundo Freire (2003),
essa ação formadora não pode ser mecânica, mas deve resultar de um
processo histórico e social profundo e complexo.
Vocabulário
Eurocêntrico: forma de julgar o mundo a partir de um ponto de vista europeu;
pessoa que busca compreender o mundo tendo em conta somente valores
europeus.
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Destarte, esse espírito de superioridade racial, que intoxica a mente, traz
consequências desastrosas nas concepções das pessoas a respeito dos seus
semelhantes e do que é diferente.
O contexto histórico étnico-racial precisa desenvolver, nos membros da
sociedade brasileira atual, o respeito à diversidade resultante da influência das
várias etnias que a formaram, sendo que as relações estabelecidas entre elas
produziram um vasto conjunto de conhecimentos, disseminados ao longo do
tempo, que vão se reformulando com o passar do tempo, por meio dos
recentes avanços tecnológicos, criando e recriando a cultura dominante na
sociedade brasileira.
Para tanto, é necessário refletir sobre os termos etnia e raça. A este
respeito, vejamos a seguir a fundamentação teórica de Aranha (2006, p. 327-
328):
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Mídias integradas
Para refletir a respeito da raça humana, assista ao videoaula do Professor
Doutor Kabengele Munanga, no qual relata os fatos históricos que contribuíram
para a formação étnica dos nossos tempos. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=7FxJOLf6HCA>.
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Portanto, nos dias de hoje, precisamos intensificar os estudos e adequar as
condutas frente aos semelhantes, para que a sociedade atual e a vindoura
sejam cada vez menos injustas para com seus cidadãos, fazendo com que os
sujeitos se respeitem mutuamente, como seres humanos que habitam o
mesmo planeta.
Antes de você continuar a leitura do nosso material, convido-o a refletir
um pouco mais sobre raça e etnia, pelo viés histórico, assistindo ao vídeo
indicado abaixo nas Mídias Integradas.
Vocabulário
Viés: orientação; linha; orientação; tendência.
Mídias integradas
Assista ao vídeo Raça e Etnia, de Roger Wanderwegen, para ampliar seus
conhecimentos sobre essa temática. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=APEXbnsLYBc>.
De acordo com essa ótica, o passado não está morto, mas sim é o
alicerce do presente, devendo ser percebido com um olhar de criticidade, a fim
de que os saberes atuais possam ser instrumentos de consolidação de novos
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conhecimentos e estes, por sua vez, originem concepções cada vez mais
humanas em relação aos semelhantes.
Assim sendo, o conhecimento do processo histórico é imprescindível
para a compreensão do tema tratado, ou seja, a aquisição e análise dos
conhecimentos históricos são relevantes no contexto de quaisquer estudos
acadêmicos e devem ser utilizados como ferramentas valiosas no processo de
ensino e aprendizagem, de forma a produzir um vasto conjunto de
conhecimentos que auxiliem na formação de sujeitos mais autônomos,
protagonistas de sua própria história e das relações sociais e políticas que
estabelecem na sociedade em que estão inseridos, com vistas à concretização
de uma sociedade mais justa, quiçá mais igualitária.
Atividade de aprendizagem
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Aula 2 – Relações étnico-raciais: reflexões pelo viés do
contexto político e legislação
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Olá, estudante! Seja bem-vindo à segunda aula da disciplina História e
Cultura das Relações Étnico-Raciais. Nesta aula abordaremos fatos políticos
que corroboraram a conjuntura histórica das relações étnico-raciais no decorrer
dos tempos, que indica a predominância dos interesses da classe dominante
sobre os menos favorecidos, bem como a luta histórica que esteve na origem
da legislação, criada para garantir o respeito às singularidades das pessoas.
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Contudo, nos últimos anos, esse conhecimento vem sendo
desconstruído pelas pesquisas científicas que passaram a enaltecer a riqueza
e importância da história desses povos africanos, desde os primórdios da
humanidade.
Munanga (2012) nos instiga a fazer um percurso ao longo dos séculos
em relação ao conceito de raça.
Assim, do século XV ao XVI, o conceito de raça é, predominantemente,
disseminado pelos conhecimentos teológicos, pois o monopólio do
conhecimento estava nas mãos das ordens religiosas e, em se tratando de
povos cristianizados pela cultura católica, predominava a imagem, por
exemplo, de um “Jesus Branco”.
A esse respeito, deixamos para você refletir a seguinte questão: Será
que tal imagem ainda predomina numa cultura judaico–cristã?
Dando continuidade a tais teorias, ao longo dos séculos, Munanga
(2012), refere o século XVIII como sendo um exemplo das discussões
filosóficas que se realizavam pela Europa sobre os povos do resto do mundo,
dando origem assim a novas e difusas concepções sobre raça.
Até o século XX ocorrem muitas discussões e estudos sobre as
distinções de raças, nas perspectivas religiosa, científica e filosófica. Ou seja,
as divisões do ser humano em diversas raças, numa tentativa de
hierarquização e sob uma perspectiva mais lógica, científica, conduziu a
pesquisa pela perspectiva da genética.
Tais estudos contribuíram para a aquisição de saberes, cujas
concepções de “racialismo” científico originaram tantas características
comportamentais nas sociedades impregnadas pela cultura eurocêntrica,
propagando atos racista que devastaram tantas vidas humanas, ao longo da
história.
Vocabulário
Racialismo: também denominado racismo científico, é ideia de que “raças”
humanas são substancialmente diferentes um do outro e essas diferenças
raciais determinar fortemente as habilidades e comportamento dos indivíduos e
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dos povos. Leia mais em: https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-
geral/racialismo. Copyright © Portal São Francisco.
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esquecer que tais adversidades sucederam em favor de crenças políticas que
sublinham a superioridade de uns seres humanos sobre outros.
No contexto brasileiro, foi notória a intensa luta dos africanos por sua
libertação, sabendo que os fatores políticos foram cruciais para tal
determinação histórica.
Segundo Munanga, por mais de 380 anos, se travou uma luta ímpar em
favor da libertação dos escravos em terras brasileiras, destacando:
Mídias integradas
Vale a pena assistir ao filme nacional Quilombo, que ilustra a história de Zumbi
dos Palmares, e permite analisar o contexto histórico e político da época em
que os fatos aí narrados aconteceram. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=SQEMAPIa6uk&t=1637s>.
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Continuando a análise dos aspectos políticos nesse contexto histórico, é
importante falar um pouco mais sobre o século XIX, sobretudo referindo o
Decreto Imperial da Lei Áurea, promulgado em 13 de maio de 1888, como
marco histórico, político e humano que aboliu, pela primeira vez, a divisão entre
“livres e escravos”; ao menos em termos jurídicos iniciaram-se as conquistas
políticas do povo escravizado, conforme elucida Costa (2012).
Mesmo assim, foram intensas as lutas para aceitação dos libertos pela
sociedade, lutas que se dão, de certa maneira, até os dias atuais.
Contudo, ainda segundo Costa (2012), a Proclamação da República, em
15 de novembro de 1889, não obteve tanto impacto sobre a visão de mundo
das pessoas, quanto a Lei Áurea proclamada no ano anterior.
Destarte, é bem verdade que papéis não mudam o comportamento e/ou
a cultura de um povo, ou seja, tal fato histórico foi e é primordial para a
constituição histórica da luta pela igualdade política dos povos africanos,
escravizados no Brasil.
Sendo assim, essa luta foi um grande avanço para a época, e continua
sendo um ponto de reflexão para os estudos atuais, levando à formulação de
ideias e ideais que promovam a formação de novos cidadãos, capazes de olhar
para o passado com o intuito de introduzir novos atos políticos na realidade
brasileira atual, a fim de transformar as estruturas sociais, atuais e vindouras, e
criar novos espaços de discussão, nos quais todo e qualquer cidadão tenha
uma participação ativa que se traduza em atos democráticos e atitudes mais
solidárias, quiçá mais humanas, diante do semelhante.
Para corroborar essas inferências a respeito de uma sociedade pós-
escravista, seguem abaixo as palavras de Cunha (2008, p. 18):
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inferiores e ainda infantilizados, embrutecidos ou corrompidos pelos
séculos de servidão, os negros podiam permanecer legitimamente em
posição subalterna, sem que isso comprometesse o edifício liberal do
abolicionismo e da república.
Atenção
Toda a caracterização que define o termo “gente” é concebida como etnia,
buscando cada vez mais os fundamentos e a objetividade para compreender o
estudo das relações étnicas, de forma mais humana, desconstruindo a
ignomínia de ações preconceituosas das sociedades de outrora.
Mídias integradas
Para suscitar mais uma reflexão sobre os conceitos abordados até aqui,
indicamos o filme Amstad, de 1997, uma produção dos EUA com direção de
Steven Spielberg, que retrata as formas desumanas como os povos africanos
foram tratados durante o período em que foram escravizados. Disponível em:
<http://megaboxfilmesonline.com/2015/07/assistir-amistad-dublado.html>.
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Em suma, os processos políticos tiveram sempre relevância no processo
de libertação dos povos africanos, bem como na historicidade de suas
conquistas, pois os fatos históricos não acontecem sem a intervenção de
interesses políticos e/ou de dominação, isto é, sempre existe algum interesse
por trás das decisões historicamente tomadas, porém, nas sociedades
democráticas atuais busca-se a concretização de ações políticas que atendam
ao bem comum, independentemente de etnia.
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muitos aspectos que precisam ser remodelados e/ou reestruturados por
intermédio da participação popular.
A Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988) prevê em seu
preâmbulo que:
TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
II - a dignidade da pessoa humana;
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
V - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade. (BRASIL, 1988).
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estabelecida pelas diretrizes da democracia instaurada no país, depois das
eleições democráticas da década de 1990.
Assim sendo, em 09 de janeiro de 2003, é promulgada a Lei n. 10.639,
que altera a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, constituindo a primeira
legislação que, de fato, estendeu a igualdade de direitos aos afrodescendentes,
dando voz a esse povo que tanta importância teve para a concepção étnica
brasileira, e que inclui o estudo obrigatório da História e Cultura Afro-Brasileira
no currículo oficial das escolas públicas do país.
Saiba mais
Saiba mais
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Mídias integradas
Assista à série La Esclava Blanca, a qual leva à reflexão sobre o que ocorreu
com os povos africanos em todo o mundo e revela as condições desumanas a
que eles foram submetidos como escravos. Disponível em:
<https://www.netflix.com/watch/80114422?trackId=14170287&tctx=0%2C0%2C
af1be6c3-001f-435b-b91d-fd15f090f15e-48609237>.
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dizimado pela colonização europeia, por intermédio da aculturação. As mortes
ocasionadas pelas doenças disseminadas propositadamente, as armas de fogo
que predominaram sob as flechas, enfim, são imensas as características desse
fragmento histórico que podem ser descritas, as quais demonstram toda a
crueldade realizada a este povo nativo.
Mídias integradas
Assista a um vídeo educativo e lúdico que ilustra a história dos primeiros
habitantes das terras brasileiras, acessando:
<https://www.youtube.com/watch?v=cQkA5PDow2s>.
Você sabia?
A FUNAI (Fundação Nacional do Índio) é o órgão indigenista do Estado
brasileiro, criado em 05 de dezembro de 1967. Sua missão institucional é
proteger e promover os direitos dos povos indígenas no Brasil. Convido-o a
acessar a página da FUNAI, disponível em: <http://www.funai.gov.br>.
Fonte: http://www.funai.gov.br/
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Atividade de aprendizagem
Leia o artigo sobre a Lei n. 10.639, escrito por Nilma Lino Gomes,
disponível em: <http://antigo.acordacultura.org.br/artigo-25-08-2011>.
Com base na leitura do referido artigo e do conteúdo exposto nessa
aula, elabore um resumo de uma lauda sobre suas impressões a respeito da
discussão proposta.
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Aula 3 – Relações Étnico-Raciais: apontamentos relevantes
sobre os movimentos sociais
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Olá, estudante! Nesta terceira aula serão abordadas as características
dos movimentos sociais, sublinhando sua relevância para o processo histórico
e político da sociedade em que tais movimentos se desenvolvem e vice-versa,
tendo em mente que a configuração de um movimento social é a coletividade.
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seus conceitos e saberes a partir das discussões e/ou reflexões aqui
propostas.
Vocabulário
Perspicaz: característica de quem entende com facilidade o que a maioria das
pessoas acha difícil perceber (aluno perspicaz); que possui inteligência,
sagacidade, que vê ao longe.
Vocabulário
Utopia: etimologicamente vem do grego (topos) lugar do melhor, lugar ideal.
Filosoficamente, é o termo pelo qual podemos conceber o plano desejável de
uma sociedade extremamente harmônica, estável e funcional, comprometida
com o bem-estar da coletividade.
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3.2: Luta pelos Direitos Humanos
Fonte: © freepik.com
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Ainda que muitas vezes os resultados sejam morosos, porém, ao longo
da história, serão efetivados pelas ilimitadas possibilidades da vida, ou seja, as
pessoas engajadas numa luta específica, dificilmente verão todo o fruto do seu
trabalho, no entanto, serão as gerações posteriores as que mais se
beneficiarão com suas conquistas.
Indubitavelmente, o trabalho efetivado hoje “por mim e por você” em
favor dos direitos sociais e políticos, ou em favor de qualquer outra causa, vai
trazer algum benefício para esta e para as futuras gerações, tornando-se a
nossa parcela de contribuição para a concretização utópica de um mundo
menos desigual, que possibilite melhores condições de vida e um
relacionamento mais harmonioso entre todos os seres humanos, e em que a
sociedade civil se mobilize em favor das principais causas sociais.
Fonte: Depositphotos.com
Mídias integradas
Assista ao filme nacional Quanto vale ou é por quilo? o qual revela a luta
incessante dos afrodescendentes pela aceitação dos seus direitos na
sociedade brasileira, desde os primórdios da sua “libertação escravagista”,
além de permitir a reflexão sobre as mazelas sociais de uma sociedade
baseada na corrupção, no preconceito e na dominação da elite branca.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2NEcwzvbNOk>.
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Curiosidade
Você sabia que Abdias Nascimento foi, e é, um grande nome na história da luta
democrática no Brasil, como porta-voz do Movimento Negro Brasileiro, quer no
Parlamento, em seus escritos, em sua postura de vida, quer mediante seu
testemunho em todas as esferas da sociedade, para dar voz ao seu povo?
Disponível em: <http://www.abdias.com.br/obra_artistica/obra_artistica.htm>.
Você sabia
Que é muito interessante a vida e obra do fotógrafo francês Piere Verger?
Para conhecer mais sobre o legado de seu trabalho, consulte a página da
Fundação Pierre Verger, disponível em: <www.pierreverger.org.br>.
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Veja no Quadro 3.1 a seguir os principais aspectos históricos e políticos que
fundamentam as ações dos movimentos sociais no contexto mundial.
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1950 – Anos dourados.
1960 – Anos rebeldes (advento da pílula anticoncepcional –
Feminismo).
1968 – Martin Luther King (morte do grande líder do Movimento
Negro Americano).
1969 – Em 28 de junho, nos EUA, é criado o Dia Internacional do
Orgulho LGBT.
1970 – Avanços Tecnológicos.
Margareth Thatcher torna-se a primeira mulher a ser primeira-
ministra na História, em 1976.
1980 – Avanços tecnológicos, culturais e democráticos no
mundo.
1990 – Popularização da tecnologia com a criação da Internet.
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movimentos sociais que atuam no panorama histórico brasileiro, tal como
revela as ações de resistência à opressão que acontece no mundo inteiro.
As duas grandes guerras mundiais são consideradas marcos relevantes
para os movimentos sociais que ocorrem posteriormente no Brasil e no mundo,
devido às consequências por elas deixadas nas consciências das pessoas.
A 2ª Guerra Mundial, principalmente, é destacada como um ponto de
partida para muitas revoluções da humanidade: movimentos sociais que
surgiram durante e após o seu término devido a questões de soberania racial,
fato este que levou ao holocausto dos judeus, povo que foi barbaramente
massacrado pela ideologia nazista (cerca de 6 milhões de judeus morreram
nos campos de concentração), sem falar em outros grupos étnicos que foram
igualmente massacrados, como os ciganos, por exemplo.
Mídias integradas
Assista ao documentário sobre a 2ª Guerra Mundial, acessando o link:
<https://www.youtube.com/watch?v=6omgRrmFSXg>.
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seja respeitada em todos os aspectos da convivência dos seres humanos entre
si, a fim de que atos civilizatórios estejam presentes em todas as nações.
A seguir, o Quadro 3.2 contém informações sobre o contexto histórico, e
os períodos correspondentes, em que os movimentos sociais ocorreram.
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do inconformismo em relação à ditadura
Década de 1960 de militar;
- Estatuto do Trabalhador Rural.
37
Pintadas”, em sua maioria, estudantes
que sairam às ruas em favor da
democracia.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
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viabilizam, mudanças que levaram a importantes conquistas democráticas da
sociedade brasileira.
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Novo Código Civil.
2003 Criação da Secretaria de
Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da
Presidência da República
(SEPPIR);
Lei n. 10.639 (altera a LDB).
2006 Entra em vigor a Lei Maria da Penha
– Movimento Feminista.
2007 Ocorre o conflito indígena na Reserva
Raposa Serra do Sol, no nordeste de
Roraima.
2008 Entra em vigor a Lei n. 11. 645 (altera
a Lei n. 10.639/LDB)
2010 Promulgação do Estatuto da
Igualdade Racial: Lei n. 12.288, de 20
de julho (Sistema Nacional de
Promoção da Igualdade Racial –
SINAPIR).
2011 Realização da Primeira “Marcha das
Vadias”, em São Paulo.
2012 Entra em vigor a Lei n. 12.711, de 29
de agosto (Lei das Cotas).
2013 Surgimento do maior movimento
social nas ruas, da história do Brasil:
Iniciou com o Movimento do
Passe Livre (MPL);
Um milhão e meio de pessoas
nas ruas em todo o país;
Movimento apartidário
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2014 Entra em vigor a Lei n. 12.990, de 9
de junho, que estabelece 20% das
vagas para negros em concursos
públicos federais.
2016 De acordo com o Grupo Gay da Bahia
(GBB), a cada 24 horas é
assassinado um LGBT no Brasil.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Saiba mais
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre os direitos dos
afrodescendentes, leia o Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei n.
12.288, de 20 de julho de 2010, bem como a Lei n. 12.990, de 09 de junho de
2014, que trata da reserva de 20% das vagas em concursos públicos para
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afrodescendentes. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm> e
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12990.htm>.
Curiosidade
Você sabia que a sigla “GLS” (Gays, lésbicas e simpatizantes) caiu em desuso
e que organizações internacionais, como a ONU e a Anistia Internacional,
adotam a sigla “LGBT” (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais)? Dentro do
movimento propriamente dito, as siglas podem variar (algumas organizações
usam LGBT, outras LGBTT, outras LGBTQ). Atualmente, a versão mais
completa da sigla é LGBTPQIA+. Conheça a representação de cada letra:
L: Lésbicas
G: Gays
B: Bissexuais
T: Travestis, Transexuais e Transgêneros
P: Pansexuais
Q: Queer
I: Intersex
A: Assexuais
+: Sinal utilizado para incluir pessoas que não se sintam representadas por
nenhuma das outras sete letras.
Fonte: Disponível em: <http://www.politize.com.br/lgbt-historia-movimento/>.
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Quadro 3.4 – Movimentos sociais sob a ótica contemporânea
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sociais constituíram um inovador e eficaz - 1995: Marcha do Tricentenário da
instrumento para esse fim. Imortalidade de Zumbi, em Brasília, com
mais de 30 mil pessoas;
- Política de Cotas nas universidades
públicas do país;
- Reserva de vagas para os
afrodescendentes nos concursos públicos
federais.
Mídias integradas
Assista ao filme O Jogo da Imitação, de 2014, que conta a história de um
matemático homossexual que lidera uma equipe de analistas, os quais
trabalham para decifrar o código alemão – enigma durante a 2ª Guerra
Mundial. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hPfI-ELtAYc>.
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Em resumo, as lutas sociais estão interligadas e têm como objetivo
comum a criação de relações mais harmoniosas entre todos os membros da
sociedade, sem distinção de cor, raça, etnia, etc.
Mídias integradas
O filme “Histórias Cruzadas” de 2011 ilustra com muita propriedade a história
de preconceito racial nos EUA, elencando problemas sociais daquela
sociedade que foram enfrentados por protagonistas sociais revestidos de
coragem e vontade de fazerem a diferença em sua geração. Disponível em:
<https://www.netflix.com/search?q=hist%C3%B3rias&jbv=70172927&jbp=0&jbr
=0>.
O indígena é o povo brasileiro nato, que teve suas terras invadidas e foi
devastado pela colonização; povo forte que, há centenas de anos, tem resistido
à destruição de sua história.
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Quadro 3.5 – Resumo do Movimento indígena
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Figura 3.4: Mulheres indígenas Guarani e Kaiwá
Fonte: Funai.gov.br
Mídias integradas
Para corroborar a discussão realizada, até aqui, sobre a valorização das etnias
indígenas atuais, assista ao vídeo a seguir, disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=kJXN3T1G-Cg>.
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É nessa direção que aponta o que estudamos nessa aula, na qual se
sublinhou a importância da luta dos movimentos dos indígenas, negros,
homossexuais, das mulheres, etc., em prol de seus direitos e do respeito de
todos às diferenças entre os vários grupos sociais, sabendo que são
justamente essas diferenças que impulsionam a diversidade da raça humana,
que precisa ser respeitada e valorizada ao se estabelecerem as relações
étnico-raciais.
Atividade de aprendizagem
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Aula 4 – Relações Étnico-Raciais: superando a dicotomia entre
o étnico-racial e as experiências curriculares sob a ótica da
diversidade e inclusão
Olá, estudante! Nesta última aula sobre a temática das Relações Étnico-
Raciais, veremos a relevância dos aspectos apresentados até aqui para a sua
formação profissional e humana, pelo viés da diversidade, sublinhando os
aspectos de inclusão mútua inerentes à diversidade presente nas sociedades
humanas e a necessidade de que todos sejam respeitados em suas diferenças.
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Brasil, tendo em vista concepções e práticas que possibilitem o resgate cultural
dos grupos, historicamente, marginalizados, bem como a criação de uma
sociedade mais igualitária e plural em todos os aspectos, que respeite a
diversidade étnica de todos os povos que formaram a nação brasileira.
Nesse sentido, Freire (2012, p. 112) nos instiga a um pensar dialógico
ao afirmar que:
Vocabulário
Relações interpessoais: forma como interagimos com as outras pessoas
à nossa volta, modificando-se de acordo com o contexto em que se insere;
relação entre duas ou mais pessoas.
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Assim sendo, a raça humana deve ser entendida como a única que
realmente existe, composta por seres racionais que sabem interagir com outros
indivíduos de sua espécie e respeitar as diferenças que existem entre eles.
É, pois, nessa concepção da natureza humana que a formação do
docente deve ser pensada, tendo por base o pressuposto de que as relações
educativas se dão por intermédio das relações humanas, estabelecidas no
cotidiano do convívio escolar que evidencia a diversidade genuína existente
nas relações étnico-raciais.
Ainda a esse respeito, Freire (2012, p. 113) afirma que:
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De igual modo, muitos outros exemplos da práxis humana, resultante
das relações sociais/humanas, poderiam ser apresentados, principalmente no
que se refere à tolerância para com os diferentes, a fim de que a diversidade,
natural entre os grupos humanos, seja respeitada em toda sua singularidade,
dando a todos os sujeitos o direito de manifestar sua cultura e seus costumes,
considerando sempre o respeito ao próximo como um princípio básico da
democracia, como uma ferramenta primordial para a criação de espaços
sociais autônomos e menos desiguais.
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positivamente, no processo histórico e político que regula as relações sociais,
assumindo uma postura mais humana diante do outro e das diferenças.
Nos espaços educativos, é o docente comprometido com sua práxis
humana que vai fazer a diferença na elaboração de conteúdos que sejam
significativos para as relações étnico-raciais, sendo o papel da gestão da
escola corroborar a ideia de um currículo diversificado e incentivar os
profissionais da educação a cumprirem as legislações em vigor.
É, portanto, nesse sentido que se sublinha o papel relevante das
pessoas na construção de uma sociedade democrática, pois elas precisam
estabelecer relações mais humanas nos diversos espaços de convivência
social, acreditando que é possível construir um mundo menos desigual, na
medida em que cada pessoa faça sua parte com excelência, respeitando o
espaço do seu semelhante, aprendendo com ele, e exercendo a prática da
tolerância em todos os aspectos das relações humanas do cotidiano.
Na perspectiva da formação humana, Alarcão (2001, p. 20) sublinha
que:
Uma escola sem pessoas seria um edifício sem vida. Quem a torna
viva são as pessoas: os alunos, os professores, os funcionários e os
pais que não estando lá permanentemente, com ela interagem. As
pessoas são o sentido da sua existência. Para elas existem os
espaços, com elas se vive o tempo. As pessoas socializam-se no
contexto que elas próprias criam e recriam. São o recurso sem o qual
todos os outros recursos seriam desperdício.
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Os currículos devem primar pela autenticidade dos papéis que as
pessoas devem desempenhar em todos os contextos do processo educativo, a
fim de que cada uma delas se sinta incluída em todos os espaços da escola,
tais como: sala de aula, intervalos, eventos, etc.
Pensar na educação sob a ótica das relações étnico-raciais é valorizar
todos os momentos de convívio dentro dos muros escolares, desde a educação
infantil até o ensino superior, pois em todas essas etapas da educação formal,
as pessoas precisam ser respeitadas, como seres humanos que são, e ter os
seus direitos legais também respeitados.
O professor precisa assumir uma atitude ética diante das legislações
vigentes, no cumprimento de seu papel de obedecer aos parâmetros legais que
definem sua prática educativa, porém, sendo sempre prudente na sua postura
em relação à diversidade que está presente naturalmente nas salas de aula.
Para isso, é importante que o docente utilize os recursos didáticos em
prol do bem comum, ou seja, fazendo com que todos os seus educandos se
sintam acolhidos em sua aula e respeitados em quaisquer circunstâncias, para
que a igualdade de direitos seja garantida a todos os educandos no ambiente
escolar.
Morin (2000, p. 49-50) corrobora essa ideia de respeito mútuo, mediante
uma prática inclusiva que enfatize a diversidade, ao afirmar que:
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natureza humana, existente em cada indivíduo, no processo de aprendizagem
deve ser atendida nos dias de hoje, porque o mundo contemporâneo exige que
o docente respeite toda a diversidade e singularidade predominante no
contexto da sala de aula, para que a educação tenha sentido e significado para
os seus educandos.
Isso significa que a educação do presente deve responder às exigências
da sociedade, e, para isso, é necessário que os contextos educativos tenham
pessoas dotadas de uma conduta ética que propicie a realização de interações
verdadeiras, respeitosas e dinâmicas entre todos os seus participantes.
Essa postura de aceitação e respeito diante da diversidade leva à
necessária interação entre os sujeitos, exigindo que todos participem e tenham
voz dentro da sala de aula, numa perspectiva freireana de educação libertadora
que possibilite realmente transformar pessoas para atuarem em sua realidade.
Desse modo, somente a adoção de posturas com essas características
(tolerância e inclusão) pode promover uma educação mais humana e coerente
com as diretrizes curriculares, que atenda às necessidades de seu público por
meio de práticas inclusivas.
Outro ponto importante, para a realização de uma práxis mais humana,
inclusiva e transformadora, é assumir uma postura reflexiva sobre a educação
formal, pois é necessário refletir sobre o que está posto nas diretrizes
curriculares, buscando novas formas didáticas para atingir os devidos
resultados.
Afinal, o processo educativo é algo dinâmico, composto por pessoas em
desenvolvimento e pode sofrer interferências dos diálogos em sala de aula. Por
isso, o professor precisa estar preparado, por meio de constantes pesquisas
idôneas e atualizadas, para dotar os educandos de um conhecimento que seja
o fundamento para uma prática reflexiva, bem como estar aberto a fazer uma
avaliação crítica da sua prática educativa e realizar as mudanças necessárias
para uma aprendizagem significativa dos seus educandos.
Mídias integradas
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Assista ao vídeo a seguir sobre a obrigatoriedade do estudo da história e
cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar, para uma reflexão sobre
a postura dialógica do docente frente às relações étnico-raciais. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=IT2xFPVYXwk>.
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Não obstante, no contexto educativo, todas as posturas inclusivas levam
a uma politização favorável às relações étnico-raciais, pois se existe o respeito
mútuo e as pessoas se sentem participantes desse espaço e livres para
expressarem suas opiniões durante o processo de construção do saber, é por
que esse ambiente educacional se organiza, eficazmente, em favor das lutas
pela igualdade dos direitos étnico-raciais na sociedade.
Mantoan (2003) enfatiza ainda as minorias, como objetivo primordial
para a educação inclusiva, sendo que a política de inclusão está para além do
atendimento de pessoas com laudo ou diagnóstico médico, ela é para todos,
tanto para as pessoas que são discriminadas por meio de preconceitos
enraizados na sociedade, derivados de costumes eurocêntricos, e perpetuados
após séculos de colonização.
Essa política educativa é resultante de papéis sociais desempenhados
por pessoas preocupadas em fazer com que os direitos humanos sejam
respeitados em sua integralidade, e a aprendizagem dos conteúdos seja
consequência de uma convivência humana harmoniosa, pois sob a ótica da
inclusão o aprendiz precisa estar motivado a participar do seu processo de
aprendizagem.
Para tal, o currículo precisa ser permanentemente flexível e humanizado,
e contar com profissionais que pensam e fazem da educação uma importante
ferramenta para a formação humana dos seus educandos.
Ainda a esse respeito, a autora Mantoan (2003, p. 29-30) vai mais longe
em sua reflexão ao dizer que:
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Acredita-se na educação como um valioso instrumento para a
construção de uma sociedade menos desigual, que dê poder aos que a fazem,
ou seja, às pessoas que estão no “chão da escola” e realizam a educação
todos os dias.
São, portanto, essas pessoas envolvidas no processo de ensino que
podem realmente realizar atos de inclusão que desconstruam os preconceitos
e as crenças de superioridade de uma raça sobre outras, enraizados na
sociedade, com vistas às mudanças necessárias à construção de uma
sociedade mais justa.
É nas palavras do mestre Paulo Freire: “a educação não muda o mundo,
muda pessoas, e estas mudam o mundo”, e na visão de que essa mudança é
responsabilidade das pessoas, que se busca a fundamentação teórica para
uma formação humana que possibilite desconstruir raízes preconceituosas
sobre o outro, bem como estabelecer relações mais harmoniosas nos espaços
da educação formal.
Posto isso, para a promoção de uma educação humana é importante
que a formação do professor enfatize as relações étnico-raciais, pois só assim
ele será transformador e fará a diferença na vida das pessoas que, em seu
processo de desenvolvimento, estão sob sua responsabilidade.
Mídias integradas
Assista ao vídeo do professor Leandro Karnal, intitulado: Preconceito e Sala de
Aula, para refletir acerca da importância das relações humanas, reforçando
assim o conteúdo sobre as relações étnico-racial, aqui abordado. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=xbRyiH5cNJw>.
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eurocêntrica que, ainda no século XXI, insiste em subjugar o direito das
minorias.
Essa luta somente será vencida por meio de uma educação afetiva,
amorosa, tolerante e ética, que permita ao professor se colocar no lugar do seu
semelhante e compreendê-lo na sua singularidade humana.
Saiba mais
Para saber mais sobre a educação das relações étnico-raciais, consulte as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais
e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, acessando:
<http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/10/DCN-s-
Educacao-das-Relacoes-Etnico-Raciais.pdf>.
E para saber mais sobre a diversidade e inclusão na educação básica, consulte
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica: Diversidade e
Inclusão. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia
s=17212-diretrizes-curriculares-nacionais-para-educacao-basica-diversidade-e-
inclusao-2013&category_slug=marco-2015-pdf&Itemid=30192>.
Atividade de aprendizagem
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Referências
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s=17212-diretrizes-curriculares-nacionais-para-educacao-basica-diversidade-e-
inclusao-2013&category_slug=marco-2015-pdf&Itemid=30192>. Acesso em 20
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FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 27. ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2003.
______. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha práxis. 2. ed. São Paulo: Ed.
da UNESP, 2003.
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HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da
liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes,
2013.
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Currículo da professora-autora
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