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Diretor Geral

Gilmar de Oliveira

Diretor de Ensino e Pós-graduação


Daniel de Lima

Diretor Administrativo
Eduardo Santini

Coordenador NEAD - Núcleo


de Educação a Distância
Jorge Van Dal

Coordenador do Núcleo de Pesquisa UNIFATECIE Unidade 1


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CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.
(44) 3045 9898
Núcleo de Educação a Distância;
GUIMARÃES, Fabiane Fantacholi.
www.fatecie.edu.br
Fundamentos Epistemológicos da Psicopedagogia.
Fabiane. Fantacholi Guimarães.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 96 p.
As imagens utilizadas neste
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária livro foram obtidas a partir
Zineide Pereira dos Santos. do site ShutterStock
AUTORA

Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães

Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias


(Universidade Pitágoras Unopar).
● Licenciatura e Bacharel em Pedagogia (CESUMAR).
● Especialista em Psicopedagogia Institucional (Faculdade Maringá)
● Especialista em Educação Especial (Faculdade de Tecnologia América do Sul)
● Especialista em EAD e as Tecnologias Educacionais (UNICESUMAR).
● Especialista em Docência no Ensino Superior (UNICESUMAR).
● Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da pós-graduação
(UNIFCV).
● Professora mediadora na área da Educação (UNIFCV).
● Coordenadora de cursos EAD (UNIFCV)
● Tutora Pedagógica (UNIFCV).

Experiência na Educação Básica: +- 8 anos.


Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância): desde 2012 até os dias atuais.

Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/7315666246327967


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Olá, caro (a) estudante!


Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre Fundamentos Epistemológicos da Psi-
copedagogia, no qual você estudará aspectos históricos e tendências contemporâneas
da Psicopedagogia; os objetivos e âmbito de atuação da Psicopedagogia; a formação e o
trabalho do psicopedagogo; o contato com as diferentes áreas do conhecimento; objeto de
estudo da psicopedagogia e o trabalho do psicopedagogo.
Este livro é composto por uma introdução seguida de quatro unidades criteriosa-
mente analisadas, selecionadas para dar sustentação a presente discussão e conclusão.
Na Unidade I, você irá trabalhar com o tema FUNDAMENTOS DA PSICOPEDA-
GOGIA, no qual será abordado os aspectos históricos da Psicopedagogia; a evolução da
Psicopedagogia, bem como o papel da Psicopedagogia no contexto atual.
Na Unidade II, com o tema ASPECTOS DA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PSICO-
PEDAGOGO cujos conteúdos de destaque serão os aspectos da formação e atuação do
psicopedagogo; a formação do psicopedagogo; a ética do trabalho psicopedagógico e por
fim o psicopedagogo e os novos desafios.
Na Unidade III, o tema OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA, versará
sobre a dificuldade de aprendizagem e suas nomenclaturas trabalhadas ao longo dos anos
anos, bem como conhecer algumas dificuldades, sendo elas: dislexia, disgrafia, disortogra-
fia e discalculia, o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno do
espectro do autismo (TEA).
Na Unidade IV, nosso último tópico, você estudante estudará sobre TRABALHO
PSICOPEDAGÓGICO, com enfoque qual é o trabalho do psicopedagogo, bem como a
Psicopedagogia como estratégia de prevenção; ainda os aspectos do trabalho psicopeda-
gógico na avaliação, diagnóstico e intervenção e por fim a interdisciplinaridade e a Psico-
pedagogia.
Lembre-se caro (a) estudante, que o texto apresentado não irá esgotar todas as
possibilidades de pensar e refletir acerca das temáticas abordadas ao longo da disciplina,
mas irá iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão das análise realiza-
das acerca das temáticas propostas.
Assim, vamos dar início ao nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura! Bom estudo
e espero que o material que preparei para você estudante contribua de forma significativa
para sua formação.
Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 6
Fundamentos da Psicopedagogia

UNIDADE II.................................................................................................... 24
Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo

UNIDADE III................................................................................................... 45
Objeto de Estudo da Psicopedagogia

UNIDADE IV................................................................................................... 67
Trabalho do Psicopedagogo
UNIDADE I
Fundamentos da Psicopedagogia
Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães

Plano de Estudo:
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Aspectos históricos da Psicopedagogia.
• Evolução da Psicopedagogia.
• O papel da Psicopedagogia no contexto atual.

Objetivos de Aprendizagem:
• Analisar os aspectos históricos da Psicopedagogia.
• Conhecer os teóricos que influenciaram na evolução da Psicopedagogia no Brasil.
• Identificar o papel da Psicopedagogia no contexto atual.

6
INTRODUÇÃO

Caro (a) estudante.

Seja bem-vindo (a) à Unidade I da disciplina Fundamentos Epistemológicos da


Psicopedagogia.

Nesta Unidade “Fundamentos da Psicopedagogia”, você estudante poderá fazer


uma análise dos aspectos históricos da Psicopedagogia, seu surgimento entre a fronteira das
áreas da Educação e Saúde, bem como a preocupação com o processo de aprendizagem
do sujeito, além de conhecer alguns dos teóricos que influenciaram na evolução da
Psicopedagogia no Brasil como Jean Piaget, Lev Vygotsky, Sigmund Freud e Enrique
Pichon-Rivière. E ainda esta aula vamos poder identificar o papel da Psicopedagogia no
contexto atual, em relação a sua formação e o objeto de estudo.

A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso


superior.

Boa leitura e bons estudos!

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 7


1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia tem o seu início, na Europa, ainda no século XIX, quando


surgiram as preocupações com os “problemas de aprendizagem”. Não obstante, a Argentina
tem um valor e relevância na difusão do pensamento psicopedagógico, principalmente na
epistemologia convergente, nos quais seus principais representantes são: Jorge Visca,
Alicia Fernandez e Sara Paín.
Também na Argentina, a Psicopedagogia tem o seu eixo teórico em três áreas
da Psicologia, sendo elas: a Psicologia Genética (Jean Piaget), a Psicanálise (Freud) e a
Psicologia Social (Pichon-Rivière).
Mediante a isto, diversas outras teorias contribuíram e enriqueceram a teoria
psicopedagógica, partindo disso, as autoras Ana Teberosky e Emília Ferreiro conceitual de
maneira clara e objetiva a psicogênese da língua, teoria de Vygotsky.
Bossa (2011) nos acrescenta que a origem do pensamento argentino acerca da
Psicopedagogia está centrada na literatura francesa e se baseia em autores como Jacques-
Marie Émile Lacan, Maud Ferreira Mannoni, Françoise Dolto, Julian de Ajuriaguerra, Enrique
Pichon-Rivière, entre outros.
Já no Brasil, os representantes importantes que contribuíram para o desenvolvimento
da Psicopedagogia, são Maria Lúcia Weiss, Aglael Borges, Nadia Aparecida Bossa, Beatriz
Judith Lima Scoz, Heloísa Maria Fortuna Padilha, entre outros.
A psicopedagogia surgiu na fronteira entre as áreas da Educação e Saúde, sendo
assim, Bossa (2011, p. 19) afirma que, como produção do conhecimento, a psicopedagogia
“[...] nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 8


[...], onde a preocupação encontra-se na maneira como o aluno lida com as facilidades e as
dificuldades no aprendizado e como desenvolve o seu conhecimento” .
Barbosa (2007, p.91, grifo do autor) explica que a psicopedagogia
[...] nasceu como uma área que possuía a missão de superar a “comparti-
mentalização” do aprendiz, da sua forma de lidar com as facilidades e difi-
culdades para aprender e do conhecimento a ser aprendido. No seu trajeto,
no entanto, não conseguiu evitar a contaminação pelo que já estava posto,
pelas ciências que já possuíam seu estatuto estabelecido como tal, como a
medicina, por exemplo. Como um irmão menor, chegando em uma família,
a Psicopedagogia passou a fazer suas inserções usando instrumentos cons-
truídos por outras áreas do conhecimento, mas regidos pelo paradigma da
disjunção, aquele que deveria ser superado na história humana, no momento
de seu surgimento.

Desde seu surgimento, a psicopedagogia buscou um campo de atuação próprio,


bem como tentou construir seus instrumentos com foco no objeto de estudo.
Claro (2018) expõe que a Europa é o berço da psicopedagogia, pois lá surgiram os
primeiros centros de orientação educacional infantil, cujas equipes de atendimento eram
compostas de médicos, psicólogos, educadores e assistentes sociais.
Pöttker e Leonardo (2014, p. 87, grifo do autor) acrescentam que:
[...] os primeiros passos da Psicopedagogia foram dados nos séculos XIX
e XX na França, denominando-se “Pedagogia Curativa”, por influência de
Janine Mery e George Mauco. Surgiu com o intuito de curar os problemas da
educação advindos das transformações decorrentes da Revolução Industrial
e da Revolução Francesa.

Nos Estados Unidos, a preocupação com crianças que apresentam dificuldades de


aprendizagem se manifestou por volta da década de 1930, com o surgimento dos primeiros
centros de reeducação para atendimento a delinquentes juvenis. (CLARO, 2018).
Ainda os autores Pöttker e Leonardo (2014, p. 87) relatam que:
No ano de 1956, foi fundada, em Buenos Aires, a primeira faculdade de Psi-
copedagogia. Por volta de 1970, foram criados, em Buenos Aires, os Centros
de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam, fazendo diag-
nóstico e tratamento. Isso acarretou uma mudança na abordagem da psico-
pedagogia argentina, que de reeducação passou para ter um carácter clínico.

Bossa (2011) menciona que, na Argentina, a atuação psicopedagógica é efetivada


nas áreas da Educação e da Saúde.
Na área da Educação, o psicopedagogo coopera para a diminuição do fracasso
escolar, em relação tanto ao sujeito quanto à instituição. Assim, presta assessoria aos
pais, aos professores e aos gestores educacionais e auxilia na elaboração dos planos
de recreação, propondo atividades que desenvolvam a criatividade, o juízo crítico e a
cooperação entre os alunos. Nas instituições educativas, o psicopedagogo atua ainda com
orientação vocacional.

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Na área da Saúde, segundo Claro (2018, p. 62) “[...] o psicopedagogo atende em
consultórios particulares e instituições de saúde, hospitais públicos e particulares”.
Sua função é reconhecer e atuar sobre as alterações da aprendizagem sis-
temática e/ou assistemática. Procura-se reconhecer as alterações da apren-
dizagem sistemática, utilizando-se diagnóstico na identificação dos múltiplos
geradores desse problema e, fundamentalmente, busca-se descobrir como o
sujeito aprende. (BOSSA, 2011, p. 42).

No Brasil, assim como na Europa e na Argentina, segundo Silva (2012) o problema de


aprendizagem foi entendido, por muito tempo, como sendo originado por fatores orgânicos.
Silva (2012, p.22) descreve que “[...] ainda nos dias atuais, a primeira atitude dos
educadores e dos familiares de crianças com problemas de aprendizagem é recorrer
ao médico. Logo, essa figura continua tendo uma grande importância nas decisões das
famílias”.
No Brasil, a psicopedagogia foi fortemente tomada tanto pelas experiências
argentinas como pelas francesas. Pöttker e Leonardo (2014, p. 87) retratam que “[...] no
contexto educacional que originou o surgimento da Psicopedagogia foi semelhante ao
desses países, ou seja, as situações de fracasso escolar”.
Claro (2018, p. 64) apresenta que:
[...] o aspecto que motivou o surgimento da psicopedagogia no país, tal qual
em outros lugares, foi o fracasso escolar. Nas décadas de 1970 e 1980, o ín-
dice de crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem era muito
alto e não havia profissionais capacitados nas escolas para atender a essa
demanda, porque o pedagogo não dava conta de resolver essa carência.

Bossa (2011) acrescenta descrevendo que neste período começa a se configurar


uma nova teoria sobre o entendimento do fracasso escolar. O enfoque passou, então, a ser
a visão sociopolítica, na qual o problema de aprendizagem passa a ser entendido enquanto
problema de ensino.
Sendo assim, do ponto de vista de Scoz (1991), a psicopedagogia preocupa-se
com o processo de aprendizagem com as suas dificuldades, e em uma ação profissional
deve sintetizar, de forma integrada, conhecimentos de diferentes áreas do conhecimento.
Para tanto, a autora enfatiza a importância de o profissional da educação ter acesso às
informações de diferentes ciências (pedagogia, psicologia, sociologia, psicolinguística),
de forma a aprofundar os conhecimentos, vinculando-os à realidade educacional, de
forma a ter uma visão global do aluno. E o maior desafio das escolas, na concepção da
psicopedagogia, é buscar caminhos que possibilitem ao educador rever a própria prática e
descobrir alternativas possíveis para melhorar sua ação.

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1.2 EVOLUÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

Entre os teóricos que influenciam na evolução da Psicopedagogia no Brasil, além


de Jorge Visca, podemos citar Jean Piaget, Lev Vygotsky, Sigmund Freud e Pichon-Rivière.
Neste momento caro(a) estudante será apresentado, no quadro 1, o quadro
comparativo das correntes teóricas da Psicopedagogia.

Quadro 1: Quadro Comparativo das Correntes Teóricas da Psicopedagogia.

DADOS PESSOAIS TEORIA DESCRIÇÃO


O processo de aprendizagem con-
siste na produção e estabilização
Jorge Pedro Luis Visca
de condutas, tanto no âmbito fa-
miliar, escolar e social, sem perder
Buenos Aires - Argentina Epistemologia Convergente
de vista a rede de vínculos que o
(14 de maio de 1935 - 23
sujeito pode estabelecer nos três
de julho de 2000)
grandes domínios: familiar, escolar
e consigo mesmo. (VISCA, 1997).
O sujeito constrói o conhecimento
por meio da interação de uma
carga genética com o meio em que
está inserida. O sujeito aprende
Jean William Fritz Piaget com base em sua estrutura cog-
nitiva. As relações entre a lógica e
Neuchâtel - Suíça Epistemologia Genética a aprendizagem permitem a com-
(9 de agosto de 1896 - 17 preensão e o uso de estratégias
de setembro de 1980) diante de objetos e novas formas
de conhecimento, mas isso tudo
depende do nível da atividade
lógica de quem aprende. (PIAGET,
1977).

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Dois conceitos na relação de
aprender e educar merecem
destaque na teoria psicanalítica
freudiana: a transferência e a subli-
mação. Sendo que, a transferência
emerge como uma exigência
Sigmund Schlomo Freud intensa de amor, de atenção e de
reconhecimento. Já a sublimação
Genebra - Suíça Teoria psicanalítica freudiana “[...] é o processo através do qual a
(25 de junho de 1907 - energia dirigida originalmente para
16de julho de 1977) propósitos sexuais ou agressivos
é direcionada para outras finalida-
des, em geral para o trabalho, os
esportes, lazer, enfim situações
consideradas socialmente úteis”.
(FADIMAN; FRAFER, citado por
QUADROS, 2017, p. 80).
Na teoria pichoniana, segundo
Claro (2018, p. 41) “[...] o grupo é
caracterizado como um conjunto
limitado de pessoas articuladas
Enrique Pichon-Rivière que, durante um período de tempo
e espaço, se propõem à elabora-
Genebra - Suíça Teoria do Vínculo ção de uma tarefa”. Nesse pro-
(25 de junho de 1907 - 16 cesso, o sujeito é concebido como
de julho de 1977) resultado de interações que se es-
tabelecem entre indivíduos, grupos
e classes. Essa interação dialética
é denominada por Pichon-Rivière
de vínculo.
Na teoria vygotskyana, a lingua-
gem é um instrumento social entre
o eu e o outro. É o ponto de partida
para o aprendizado e o desenvol-
vimento. A respeito da educação,
Vygotsky (2007, p. 70) elucida que
“[...] não existe nada de passivo,
Lev Semyonovich
de inativo. Até as coisas mortas,
Vygotsky
quando se incorporam ao círculo
Teoria Sociocultural da educação, quando se lhes
Orsha - Bielorrússia
atribui papel educativo, adquirem
(17 de novembro de 1986
caráter ativo e se tornam partici-
- 11 de junho de 1934)
pantes ativos desse processo”.
Deste modo, a aprendizagem dos
alunos vai sendo construída me-
diante a relação do indivíduo com
seu ambiente sociocultural e com o
suporte de outros indivíduos mais
experientes.

Fonte: Elaborado pela autora 2019.

Antes de iniciarmos a conversa sobre os teóricos mencionados acima, vamos


conhecer um pouco o Jorge Luis Visca, nascido na cidade de Buenos Aires, na Argentina,
em 14 de maio de 1935 e faleceu em 23 de julho de 2000.

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Visca foi o divulgador da Psicopedagogia no Brasil, Argentina e Portugal e, ainda
foi o criador da Epistemologia Convergente uma teoria elaborada exclusivamente para
o desenvolvimento do trabalho psicopedagógico clínico e reúne importantes correntes
teóricas e práticas de três frentes de estudo da psicologia, sendo elas:
● Psicogenética (Piaget);
● Psicanalítica (Freud);
● Psicologia Social (Pichon-Rivière).
A linha de pensamento da teoria piagetiana expõe que o desenvolvimento cognitivo
pode ocorrer em quatro estágios evolutivos e sequenciais do crescimento humano, que
iniciam no nascimento e vão até a idade adulta. Esses estágios se desenvolvem gradualmente
e variam de um sujeito para outro.
Vamos conhecer um pouco sobre os estágios da teoria piagetiana? Piaget dividiu o
desenvolvimento cognitivo nos quatro estágios principais resumidos no quadro 2 .

Quadro 2: Estágios de desenvolvimento cognitivo de Piaget

ESTÁGIOS

Sensório-motor Pré-operatório Operatório concreto Operatório formal

(do nascimento a um (um ano e meio aos (dos sete aos 11 anos) (aos 11 ou 12 anos
ano e meio ou dois sete anos) aproximadamente)
anos)

A criança reage ao A criança já apresenta A criança desenvolve A criança abandona


mundo de acordo com algum domínio a capacidade de o raciocínio mais
o estágio sensório- das formas de concentração, passa concreto dos estágios
motor. representação e a realizar trabalhos anteriores e passa a
Suas ações e começa a desenvolver individuais e a refletir e a criar teorias
movimentos são a função simbólica, colaborar em trabalhos próprias sobre tudo.
realizadas em razão ou seja, passa a em grupo, uma vez
de suas sensações. substituir um objeto que são capazes
Pelas sensações, ou um evento pela de aceitar ideias de
a criança constrói representação dele. outras pessoas.
a compreensão do
mundo à sua volta.

Fonte: Adapato de Silva; Mocelin (2019, p. 38 -122).

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REFLITA
“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas no-
vas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam
criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes
que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.”
(Jean Piaget)

Já a linha de pensamento freudiana estuda a respeito à sexualidade infantil. Para


Freud, as primeiras investigações realizadas pela criança são sexuais e servem para situá-
la no mundo, colocá-la em seu lugar - o lugar sexual. Para ele, um momento importante na
vida do sujeito é o da descoberta anatômica da diferença sexual.
Para Freud, segundo Claro (2018, p. 38, grifo do autor)
[...] a mente tem uma estrutura tripartite, que ele denomina id, ego e supe-
rego. O id - regido pelo princípio do prazer - tem o papel de descarregar as
funções biológicas. Nesta perspectiva, busca a satisfação imediata, não to-
lera a frustração e evita a dor. O ego - regido pelo princípio da realidade - é
o responsável pela estimulação que pode vir tanto da própria mente quanto
do mundo exterior. Ele exerce o papel de controlador do comportamento do
sujeito, bem como protege-o dos perigos. Já o superego - conduzido por
normas sociais e regras - exerce um papel de vigilante das ações ou pensa-
mentos contrários aos princípios morais.

As fases da sexualidade humana são ligadas ao desenvolvimento do id; diferenciam-


se pelos órgãos que sentem prazer e pelos objetos ou seres que dão prazer e manifestam-
se dos primeiros meses de vida aos 5 ou 6 anos. São elas: oral, anal, fálica, de latência e
genital.
E a linha de pensamento da teoria pichoniana (teoria do vínculo) em um caráter
social na medida em que compreende que sempre há figuras internalizadas presentes na
relação, quando duas pessoas se relacionam, ou seja, uma estrutura triangular. O vínculo
é bi-corporal e tripessoal, isto é, em todo vínculo há uma presença sensorial corpórea dos
dois, mas há um personagem que está interferindo sempre em toda relação humana, que é
o terceiro. Neste sentido, vínculo é uma estrutura psíquica complexa. (PICHON-RIVIÈRE,
1988).
Por fim, a linha de pensamento da teoria vygotskyana, a linguagem é um instrumento
social entre o eu e o outro. É o ponto de partida para o aprendizado e o desenvolvimento. A
respeito da educação, Vygotsky (2007, p.70) elucida que “[...] não existe nada de passivo,

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de inativo. Até as coisas mortas, quando se incorporam ao círculo da educação, quando se
lhes atribui papel educativo, adquirem caráter ativo e se tornam participantes ativos desse
processo”. Assim, a aprendizagem dos alunos segue sendo construída mediante a relação
do indivíduo com seu ambiente sociocultural e com o suporte de outros indivíduos mais
experientes.

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 15


1.3 O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA NO CONTEXTO ATUAL

Caro(a) graduando(a), para iniciar a nossa discussão deste tópico, precisamos refletir
sobre a definição da palavra “psicopedagogia”. O Dicionário Michaelis (2019) registra que,
etimologicamente, este é um vocábulo composto do grego psykhē+o+pedagogia “aplicação
de conhecimentos da psicologia às práticas educativas”.
O conceito remete a duas grandes áreas do conhecimento, sendo elas: psicologia
e pedagogia as quais têm como foco de estudo o sujeito. Conforme o Projeto de Lei da
Câmara nº 31, de 2010, no qual dispões sobre a regulamentação do exercício da atividade
de Psicopedagogia, deixa claro que poderão exercer a atividade os portadores de diploma
em curso de graduação em Psicopedagogia e/ou Psicologia, Pedagogia ou Licenciatura,
bem como o curso de especialização em Psicopedagogia, com duração mínimo de 600
(seiscentas) horas. Ainda no referido projeto em seu Art. 4º explicita quais são as atividades
e atribuições do psicopedagogo.

SAIBA MAIS
Caro(a) estudante, leia atentamente o Projeto de Lei nº 31, de 2010 na íntegra dispo-
nível no link https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4378260&-
ts=1559268396250&disposition=inline

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 16


A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) foi criada em 12 de novembro
de 1980 e, com ela, a psicopedagogia começou a se estruturar como uma profissão à
parte, agregando, além da psicologia e da pedagogia, outras áreas do conhecimento. Para
isso, era necessário que os interessados realizassem uma pós-graduação lato sensu.
Aos poucos, as ofertas dos cursos de especialização se proliferaram em todo o território
nacional, e atualmente o curso como graduação vem ganhando forças.
De acordo com Lemos (2007, p.73),
[...] a psicopedagogia se ocupa do estudo do processo de aprendizagem hu-
mana, de forma preventiva e terapêutica. Entretanto, ainda que o enfoque
da psicopedagogia seja os problemas de aprendizagem, é necessário que
se ocupe do processo de aprendizagem como um todo, a fim de descobrir
as barreiras que impedem ou atrapalham o aprendiz de se autorizar a saber.

Segundo a ABPp (2011, s/p.), a psicopedagogia atua no campo da “[...] Educação


e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família,
a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando, procedimentos próprios,
fundamentados em diferentes referenciais teóricos”.
É importante enfatizar que se trata de uma área do conhecimento que possibilita
ao profissional atuar tanto na clínica quando na instituição. Dessa forma, propõe integrar,
de forma coerente, conhecimentos e princípios de diferentes áreas das ciências humanas.
Complementamos nossa reflexão sobre o conceito de psicopedagogia com a
explanação de Barbosa (2007, p.91), que assim a define:
[...] a área do conhecimento que se propõe estudar o ser cognoscente e seu
processo de aprender, compreendendo-o como um ser constituído de três
grandes dimensões: a Racional, a Relacional e a Desiderativa e do funciona-
mento decorrente das relações dessas três dimensões, que acontecem num
corpo físico e biológico, bem como num contexto cultural próprio.

Assim, no processo de construção do conhecimento é preciso compreender que o


sujeito é dotado de razão, que expressa seus desejos, suas ânsias e suas vontades, mas
é na troca com o outro e com o meio cultural que se “faz” humano.
Segundo a autora Claro (2018, p.20) “A psicopedagogia estuda as formas como o
sujeito aprende e de que maneiras essa aprendizagem ocorre, bem como os fatores que
provocam alterações no ato de aprender, a fim de preveni-las e tratá-las”.
Nesse sentido, a psicopedagogia para Weiss (2012, p.6) “[...] busca a melhoria das
relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria
aprendizagem de alunos e educadores”.

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 17


Logo, o foco de estudo da psicopedagogia segundo Claro (2018, p.21) é “a
aprendizagem”, no qual “[...] é um processo contínuo de construção de conhecimentos e
está presente na vida do sujeito desde a mais tenra idade”.
Para tanto, devemos falar sobre a aprendizagem, na concepção de Diaz (2011,
p.83), a aprendizagem é:
[...] um processo mediante o qual o indivíduo adquire informações, conheci-
mentos, habilidades, atitudes, valores, para construir de modo progressivo
e interminável suas representações do interno (o que pertence a ele) e do
externo (o que está “fora” dele) numa constante inter-relação biopsicossocial
com seu meio e fundamentalmente, através da ajuda proporcionada pelos
outros.

Para o referido autor supracitado, no processo de aprendizagem, sempre há uma


autoconstrução de informações, de habilidades, de atitudes, a qual modificou o que foi
anteriormente aprendido. Dessa forma, “[...] o ato de aprender é constituído pela integração
de dados oferecidos pelo meio e de dados construídos pelo sujeito aprendiz. Aprender
significa transformar. Toda aprendizagem provoca mudança no comportamento do sujeito”.
(CLARO, 2018, p. 21).

SAIBA MAIS
Caro(a) estudante como exemplo sobre a interação do interno e do externo, segundo o
autor Díaz (2011), podemos citar a criança que aprende a ler por ter alcançado determi-
nado nível de desenvolvimento nervoso ou maturidade (funcionamento interno de tipo
biológico), condição que a faz sensível ao ensino da leitura. Mediado pelo adulto (condi-
ção externa), ela se apropria da leitura (aprendizagem) e, a seguir, por meio da continui-
dade, esta aprendizagem influi nas suas causas (no interno e no externo); deste modo,
o aprendizado se converte em base para a realizar outros aprendizados (conhecimento
através da leitura), o que lhe permite ampliar sua esfera psicológica (funcionamento psi-
cológico interno), assim como desenvolver funcionalmente seu cérebro (funcionamento
interno biológico); isto porque nossas capacidades nervosas se desenvolvem na própria
atividade em que participam, o que permite transformar o meio e suas influências (esti-
mulações externas) em proveito individual (dele) e social (dos outros).

Fonte: DÍAZ, Félix. O processo de aprendizagem e seus transtornos. Salvador: EDUFBA, 2011. Dis-
ponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/5190/1/O%20processo%20de%20aprendizagem-re-
positorio2.pdf

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 18


Com relação à ação psicopedagógica, teoricamente, ela deve ser pautada pela
prevenção do fracasso escolar e das dificuldades que envolvem tanto educandos como
educadores.
No entanto, as autoras Barone; Martins e Castanho (2011), alertam que a
psicopedagogia historicamente vem se consolidando como área interdisciplinar voltada
prioritariamente para a compreensão e a intervenção nos processos de aprendizagem
de indivíduos e grupos, nos vários contextos sociais, culturais e institucionais em que a
aprendizagem ocorre.
Assim, é importante que o fazer psicopedagógico leve em consideração a
autora do pensamento por parte do sujeito, observe a maneira como ele
constrói seu conhecimento, de que maneira ele analisa, organiza e identifica
as fontes de informação e, ainda, de que forma ele constitui sua identidade
como sujeito de aprendizagem. (CLARO, 2018, p.22).

Nesse sentido, caro(a) estudante o objetivo de estudo da psicopedagogia deve


ser compreendido sob dois enfoques: o preventivo e o terapêutico. O enfoque preventivo
consiste em saber como se dá o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social do sujeito. Já
o terapêutico se concentra em identificar, analisar e construir procedimentos metodológicos
que possibilitem diagnosticar e tratar as dificuldades de aprendizagem.
Para tanto, status interdisciplinar da psicopedagogia exige do profissional um
aprofundamento em áreas de estudo que antes pareciam distantes das explicações que
se buscavam para as dificuldades encontradas no processo de aprendizagem, bem como
demanda uma transformação que vai além da configuração do papel profissional do
psicopedagogo, atingindo níveis de sua estrutura afetiva cognitiva e social. (OLIVEIRA,
2014).
O Psicopedagogia para poder melhor exercer o seu ofício, passou a estudar as
características da aprendizagem humana, tentando, segundo Bossa (2011) entender as
seguintes questões: como se aprende; como está aprendizagem varia evolutivamente;
como a aprendizagem está condicionada; que fatores condicionam a aprendizagem; como
se produzem as alterações na aprendizagem e por fim como reconhecer as alterações
verificadas na aprendizagem.
A autora Oliveira (2014, p. 12) descreve que:
O alicerce da prática psicopedagógica não é formado apenas pelo conheci-
mento teórico sobre psicologia da aprendizagem, psicologia genética, teorias
da personalidade, pedagogia, fundamentos da biologia, linguística, psicologia
social, filosofia, ciências neurocognitivas, mas principalmente pela capacida-
de de articular esses conhecimentos e manter o compromisso ético e social
na prática e na investigação científica do processo de aprendizagem.

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 19


Portanto, o psicopedagogo no contexto atual exerce função essencial neste
processo, pois cabe ao mesmo diferenciar as situações sejam elas facilitadoras ou as que
dificultam para que as pessoas possam estar resgatando seu processo de aprendizagem,
incluindo sua história de vida, parte esta de grande importância para o psicopedagogo, por
ser algo fundamental quando este lida diretamente com a pessoa.

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 20


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizamos nossa Unidade I, no primeiro momento analisamos alguns aspectos


históricos da Psicopedagogia, e que partir de 1980, a Psicopedagogia começou a se estruturar
como profissão no Brasil, como área de estudo que se preocupa em investigar a maneira
como o sujeito constrói seu conhecimento. Conhecemos a história de alguns teóricos que
influenciaram na Psicopedagogia no Brasil como Jorge Visca (epistemologia convergente),
Jean Piaget (epistemologia genética), Lev Vygotsky (socioconstrutivismo), Sigmund Freud
(psicanálise) e Enrique Pichon-Rivière (pedagogia social). E por fim identificamos o papel
da Psicopedagogia no contexto atual, em relação a sua formação e o objeto de estudo,
uma vez que cabe ao psicopedagogo diferenciar as situações que dificultam o processo de
aprendizagem do sujeito.

Convido você estudante interessado a consultar as Referências, de modo a


aprofundar seu conhecimento sobre a temática abordada em nossa Unidade I.

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 21


LEITURA COMPLEMENTAR

Para aprofundar seus conhecimentos sobre a história da psicopedagogia, sugiro a


leitura do seguinte texto:

COSTA, A. A.; PINTO, T.M.G.; ANDRADE, M.S. de. Análise histórica do surgimento
da psicopedagogia no Brasil. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, n. 20,
ano 7, p.10-21, jul. 2013.
Disponível em: https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/234/0

Boa leitura!

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 22


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Psicopedagogia: um olhar, uma escuta [livro eletrônico]
• Autora: Tânia Mara Grassi.
• Editora: InterSaberes.
• Ano: 2013.
• Sinopse: A importância da psicopedagogia para evolução da
educação e a melhoria das condições de ensino são alguns dos
enfoques da obra Psicopedagogia: um olhar, uma escuta, de Tânia
Mara Grassi. Para tanto, a autora recorre à reconstituição histórica
da área, sugerindo soluções para afastar o fracasso escolar de
nossas salas de aula.

FILME/VÍDEO
Mãos Talentosas - A História de Ben Carson
Esse filme conta uma história de superação de dificuldades a partir
do apoio de uma devolta mãe. Ben Carson era um menino pobre de
Detroit, desmotivado, que tirava más notas na escola. Entretanto
aos 33 anos, se tornou o diretor de Neurologia Pediátrica do
Hospital Universitário Johns Hopkins, em Baltimore, EUA
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1r3WsYZFD84

WEB (OPCIONAL)
A Associação Brasileira de Psicopedagogia, ABPp é uma
associação de direito privado, de âmbito nacional, sem fins
lucrativos e econômicos, de caráter técnico, científico e social, com
atividade preponderante no exercício da psicopedagogia. Fundada
em 12 de novembro de 1980, a ABPp agrega psicopedagogos
brasileiros com a finalidade de propiciar-lhes o desenvolvimento, a
divulgação e o aprimoramento desta área do conhecimento.
Para saber mais, acesse o site da ABPp!
• Link do site: https://www.abpp.com.br/psicopedagogo.html

UNIDADE I Fundamentos da Psicopedagogia 23


UNIDADE II
Aspectos da Formação e Atuação do
Psicopedagogo
Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães

Plano de Estudo:
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• A formação do Psicopedagogo.
• Ética do trabalho psicopedagógico.
• Psicopedagogo e os novos desafios.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conversar sobre a formação do Psicopedagogo.
• Analisar a ética do trabalho psicopedagógico.
• Conhecer alguns pontos do Psicopedagogo e os novos desafios.

24
INTRODUÇÃO

Caro (a) estudante.

Seja bem-vindo (a) à Unidade II da disciplina Fundamentos Epistemológicos da


Psicopedagogia.

Nesta Unidade intitulada “Aspectos da formação e atuação do psicopedagogo”,


vamos conversar sobre a formação do Psicopedagogo, bem como analisar a ética do
trabalho psicopedagógico. E ainda nesta aula, você estudante irá conhecer alguns pontos
do Psicopedagogo e os novos desafios.

Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema
de nossa segunda unidade.

Boa leitura!

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 25


2.1 A FORMAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

“Formação” é um vocábulo abrangente. Nesse contexto caro(a) estudante, a palavra


vai além de crescimento físico. Para tanto, vamos recorrer ao Dicionário Houaiss (2018,
s/p): vocábulo de origem latina formatione que corresponde ao “ato, efeito ou modo de
formar, constituir (algo); criação, construção, constituição”, ao “conjunto de conhecimentos
e habilidades específicos a um determinado campo de atividade prática ou intelectual” e,
ainda, ao “conjunto de cursos concluídos e graus obtidos por uma pessoa”.
No Brasil, por muitos anos, a formação do psicopedagogo foi propiciada somente
por meio de cursos de pós-graduação em nível de especialização (lato sensu), os quais
foram regulamentados pela Resolução nº. 12, de 6 de outubro de 1983, do então Conselho
Federal de Educação.
Conforme dados extraídos do Cadastro Nacional de Cursos e Instituições de
Educação Superior - Cadastro e-MEC, em 2019 até o presente momento da elaboração do
material, estavam cadastrados mais de 2.800 cursos de especialização em Psicopedagogia,
ofertados nas modalidades presencial e/ou a distância por diversas instituições públicas e
privadas de norte a sul do Brasil. (BRASIL, 2019a).
No que diz respeito ao curso de graduação, temos um total de 21 cursos, sendo 4
em licenciatura e os demais em bacharelado, temos um total de 8 instituições ofertado a
graduação em Psicopedagogia a distância. (BRASIL, 2019a).

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 26


Sobre a formação do Psicopedagogo no Brasil segue, as determinações da atual
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº. 9394, de 20 de dezembro de
1996 (BRASIL, 1996), sobre a formação de profissionais da educação.
Ainda no Brasil, a regulamentação da profissão psicopedagogo foi aprovada pelo
Senado Federal em 05 de fevereiro de 2014, após muitas lutas, por meio do Projeto de Lei
da Câmara (PLC) nº. 31/2010. No texto, destaca-se que poderão exercer a atividade de
psicopedagogia:

● graduados em psicopedagogia;
● portadores de diploma em psicologia, pedagogia ou licenciatura que cursaram
especialização em psicopedagogia, com duração mínima de 600 horas e 80%
da carga horária dedicada a essa área; e
● portadores de diplomas de curso superior que exercem ou já exerceram
atividades profissionais de psicopedagogia, em instituição pública ou privada.

Noffs (2016, p.116) expõe que após a Lei nº. 9394/96, com a prerrogativa de que
poderia se formar profissionais da Educação a nível de pós-graduação, “somada à informação
de que 80% dos alunos que cursava, a Psicopedagogia eram da Educação”, então “a ABPp
frente às demandas da sociedade foi impulsionada a desencadear formalmente o projeto
de lei n.3124/97 sobre a regulamentação do exercício da atividade psicopedagógica”, pelo
então Deputado Federal Barbosa Neto apoiado na premissa que esta atividade viria reduzir
“o fracasso escolar mediante a revisão do Projeto Educacional Brasileiro com a inserção de
um profissional denominado de psicopedagogo”.
Caro (a) estudante um questionamento recorrente quando se discute a formação do
psicopedagogo diz respeito à categorização da Psicopedagogia como profissão ou como
ocupação.
Conforme a Classificação Brasileira de Ocupações - CBO do Ministério do Trabalho
são os códigos cadastrados de todas as profissões e ocupações brasileiras. A atividade de
Psicopedagogo é uma das atividades classificada sob o número 2394-25: “Programadores,
Avaliadores e Orientadores de Ensino, da qual fazem parte além do psicopedagogo
os coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais, supervisores de ensino,
pedagogos e professores de recursos audiovisuais”. (BRASIL, 2019b).

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 27


SAIBA MAIS
Caro (a) graduando (a) você sabia que o número 2394-25 é o que deve conter no seu
carimbo de psicopedagogo, pois ele é o do Ministério do Trabalho?. Enquanto a lei
3512/10 é sancionada e os psicopedagogos tiverem seu conselho de representação fe-
deral, a psicopedagogia não é profissão, mas sim ocupação, ou seja, a CBO apenas tem
por finalidade a identificação das ocupações no mercado de trabalho, para fins classifi-
catórios juntos aos registros administrativos e domiciliares, somente depois da criação
dos conselhos federais é que teremos um CRPp com número de registro da profissão.

De acordo com a ABPp a formação do profissional da Psicopedagogia deve


orientar-se pelos seguintes princípios norteadores:
a) conscientização da diversidade, respeitando as diferenças de natureza cultural
e ambiental, de gêneros, de faixas geracionais, de classes sociais, de religiões, de
necessidades especiais, de orientação sexual, entre outras;
b) priorização de ações que envolvam os direitos humanos visando uma sociedade
inclusiva e equânime, com ênfase nas potencialidades do sujeito da aprendizagem;
c) valorização do pensamento reflexivo, crítico e transformador;
d) conscientização do trabalho coletivo pautado pela ética e sigilo profissional;
e) respeito aos saberes específicos das áreas afins e dos profissionais.
Ainda segundo ABPp “o Psicopedagogo é o profissional habilitado para atuar
com os processos de aprendizagem junto aos indivíduos, aos grupos, às instituições e às
comunidades”.

Sendo assim, como já estamos estudando ao longo da disciplina, constatamos que


a formação do profissional é multidisciplinar e, assim, se assenta sobre diversas ciências:

== Sob o ponto de vista filosófico, seu embasamento deve lhe permitir encontrar
as ideias de homem, de sociedade e educação implícitas em cada teoria
psicopedagógica;
== Sua formação sociológica deve facilitar a compreensão do tempo e do espaço
sociocultural e econômico que influenciam o fenômeno educacional dos
indivíduos pertencentes às classes socioeconômicas mais baixas;

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 28


== O conhecimento de técnicas e métodos, relativos ao desenvolvimento das
operações lógicas do pensamento e à aquisição das habilidades básicas
psicomotoras e linguísticas é indispensável a este profissional da área
psicopedagógica. Daí a importância de conhecimentos psicolinguísticos,
neurológicos e outros. Deve-se, contudo, frisar que a integração destes
conhecimentos não lhe é dada a priori, mas gração destes conhecimentos
não lhe é dada a priori, mas sim construída através de sua sensibilidade e
experiência. (PORTAL EDUCACIONAL, 2019).

Assim, independentemente de a formação do psicopedagogo ocorrer na pós-


graduação ou na graduação, o profissional precisa articular a teoria com a prática, bem
como sua formação propicie ao futuro profissional subsídios que lhe possibilitem entender
como se desenvolve o processo de aprendizagem em sua totalidade.

SAIBA MAIS
No dia 14 de Fevereiro de 2014 a psicopedagogia sofreu um “grande golpe”, segundo
o Sindicato dos Psicopedagogos no Brasil. O projeto de lei 3512/10 que propõe a re-
gulamentação da psicopedagogia como profissão foi aprovada no Senado Federal mas
antes de ser enviado para a presidência da república sofreu vários golpes de mudanças
com emendas que sugerem a retirada de quatro artigos importantes para os psicopeda-
gogos brasileiro, sendo eles “o direito de realizar diagnóstico psicopedagógico e a retira-
da da criação do conselho federal de psicopedagogia (órgão fiscalizador da profissão)”.
ATENÇÃO! sindicato dos psicopedagogos do Brasil é independente, livre onde a única
regra para participação é SER PSICOPEDAGOGO(A).
Fonte: http://www.sindpsicoppbr.com.br/p/quem-somos.html

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 29


2.2 ÉTICA DO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO

A palavra ética, etimologicamente, é derivada do grego ethike e pode ser entendida


como o “conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou
de um grupo social ou de uma sociedade” (MICHAELIS, 2019).
A Ética é a parte da filosofia que busca refletir sobre o comportamento humano,
tendo como objeto de estudo “o bem e o mal”; “o certo e o errado”.
Segundo Cortella (2010, p. 106), “A ética é o conjunto de princípios e valores da
nossa conduta na vida junta. Portanto, ética é o que faz a fronteira entre o que a natureza
manda e o que nós decidimos. A ética é aquilo que orienta a sua capacidade de decidir,
julgar, avaliar”. Considera-se, então, que ética é um conjunto de princípios que conduzem
e orientam o homem à ação moralmente correta.
Como disciplina teórica, Claro (2018) descreve que
[...] a ética tem por intuito investigar o comportamento do sujeito e suas rela-
ções consigo e com o outro com base nos seguintes princípios: justiça, moral,
dever, liberdade, responsabilidade, virtude e valor, ou seja, entende-se que,
por meio da ética, o ser humano procura maneiras mais apropriadas de agir,
de viver e de conviver.

As profissões também são regidas por normas e regras específicas. Há, por exemplo,
a ética médica, a ética jurídica, a ética do psicopedagogo. Assim, a ética profissional
“abrange todos os setores profissionais da sociedade” e tem como objetivo “interrogar mais

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 30


amplamente o papel social da profissão, sua responsabilidade, sua função, e sua atitude
frente a riscos e ao meio” (MICHAELIS, 2019).
Sá (2013) destaca que ter ética profissional e cumprir com todas as atividades
e obrigações estabelecidas à profissão são princípios indispensáveis para manter uma
sociedade organizada, ou seja, é necessário que cada sujeito cumpra com seu papel na
sociedade.

SAIBA MAIS
Leia o artigo “Ética profissional e empresarial” (REIS et al, 2017) para compreender e
conhecer as diferenças existentes entre ética empresarial e ética profissional. O artigo
destaca as virtudes necessárias ao profissional para o exercício ético e consciente da
profissão.
Fonte: Artigo em pdf acesse o link: https://bit.ly/2mIC4Xw

Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que é código de ética profissional,
vamos conhecer um pouco mais sobre o código de ética do profissional de psicopedagogia.
No que diz respeito ao psicopedagogo, sua ética é baseada em um conjunto de regras
de conduta moral e deontológica que norteiam os profissionais da área psicopedagógica e
estão descritas no Código de Ética do Psicopedagogo, aprovado pela Associação Brasileira
de Psicopedagogia (ABPp) em 1996, sendo reformulado e aprovado em assembleia geral
em 5 de novembro de 2011.
Segundo ABPp o código de ética tem o propósito de estabelecer e orientar parâmetros
que norteiam a profissão. Dessa forma, busca manter a boa conduta do profissional,
estabelecendo diretrizes para o exercício da função. Atualmente, com a evolução que vem
ocorrendo em meio à sociedade, o código de ética também passou por mudanças.

Código de Ética do Psicopedagogo regulamenta as seguintes situações:


● Princípios da psicopedagogia;
● Formação do psicopedagogo;
● Exercício das atividades psicopedagógicas;
● Responsabilidades;

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 31


● Instrumentos;
● Publicações científicas;
● Publicidade profissional;
● Honrários; e
● Disposições gerais.
No artigo 16º, indica que cabe ao psicopedagogo cumprir o código, pois conforme
consta no mesmo artigo, em seu parágrafo único:
Parágrafo único - Constitui infração ética:
a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua;
b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas psicopedagógicas;
c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática psicopeda-
gógica;
d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si;
e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços psico-
pedagógicos que não tenha efetivamente realizado;
f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por terceiros, ou
solicitar que outros profissionais assinem seus procedimentos.

Logo, no exercício da profissão, o psicopedagogo, investido de adequada formação,


não pode cobrar honorários de serviços não realizados nem assinar procedimentos
psicopedagógicos que não tenha pessoalmente executado.
O psicopedagogo não pode perder de vista que o objetivo de seu trabalho é a
aprendizagem em todas as suas nuances.
O Código de Ética do Psicopedagogo, no Capítulo I, composto de quatro artigos,
dispõe sobre os princípios que regem a profissão. Averiguemos, cada um deles:
Artigo 1º
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se
ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a es-
cola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos pró-
prios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos.

Parágrafo 1º
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, rela-
cionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os
processos de aprendizagem e as suas dificuldades.

Parágrafo 2º
A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes
âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o insti-
tucional e o clínico.

Artigo 2º
A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos, ins-
trumentos e recursos próprios para compreensão do processo de aprendiza-
gem, cabíveis na intervenção.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 32


Desta forma, o psicopedagogo pode atuar tanto na área da saúde quanto na área
da educação, desde que em ambas o objeto de estudo seja a aprendizagem e os fatores
que interferem nesse processo.
O artigo 3ª do Código de Ética do Psicopedagogo estabelece os objetivos do
trabalho do psicopedagogo:
a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão
escolar e social;
b) compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem;
c) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia;
d) mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem.

Como é possível perceber caro(a) estudante, a aprendizagem é o objeto de estudo


da psicopedagogia, no qual é um fator a ser considerado nas atividades psicopedagógicas,
no que se refere à proposição de ações e à mediação de conflitos correlacionados. Um
objetivo que também merece atenção concerne ao fato de o psicopedagogo também atuar
como pesquisador.
O artigo 4º do Código de Ética do Psicopedagogo ressalta o envolvimento do
psicopedagogo, juntamente com outros profissionais, em projetos nas áreas da educação
e saúde: “O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, refletir e elaborar
a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde no que
concerne às questões psicopedagógicas”.
O Capítulo II do Código de Ética do Psicopedagogo diz respeito à formação
profissional, que deve ocorrer “em curso de graduação e/ou em curso de pós-graduação
– especialização “lato sensu” em Psicopedagogia, ministrados em estabelecimentos de
ensino devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos competentes, de acordo com
a legislação em vigor”.
Assim, somente podem exercer a profissão de psicopedagogo os profissionais
com graduação na área ou portadores de certificados de pós-graduação expedidos por
instituições reconhecidas pelo Ministério da Educação.
O Capítulo IV do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 11º, estabelece
as responsabilidades a serem assumidas pelo profissional da psicopedagogia:
Artigo 11º
São deveres do psicopedagogo:
a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que
tratem da aprendizagem humana;
b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito, pela
atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais;
c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos parâ-
metros da competência psicopedagógica;
d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia;

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 33


e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara do
seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de documento
pertinente;
f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título de
exemplos e estudos de casos;
g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a harmonia da
classe e a manutenção do conceito público.

São várias as responsabilidades atribuídas ao psicopedagogo, no qual envolvem


formação continuada, relações interpessoais, ética com o paciente, necessidade de só
prestar atendimento quando se sentir apto, de zelar pelo nome da profissão, entre outros.
O Capítulo III do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 6º ao 10º, cuida
do exercício das atividade do psicopedagogo:
Artigo 6º
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais gra-
duados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização “lato sen-
su” - e os profissionais com direitos adquiridos anteriormente à exigência de
titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É indispensável ao psicope-
dagogo submeter-se à supervisão psicopedagógica e recomendável proces-
so terapêutico pessoal.

Parágrafo 1º
O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços,
deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e os princípios
deste Código de Ética.

Parágrafo 2º
Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus res-
ponsáveis legais e o profissional, a fim de que:
a) representem justa contribuição pelos serviços prestados, considerando
condições socioeconômicas da região, natureza da assistência prestada e
tempo despendido;
b) assegurem a qualidade dos serviços prestados.

Esse artigo, mais uma vez, reafirma que, para exercer a profissão de psicopedagogo,
é necessário ser graduado na área ou ter curso de pós-graduação (lato sensu) em cursos
reconhecidos pelo Ministério da Educação. E recomenda-se ainda que o psicopedagogo faça
terapia. Determina também que a divulgação dos trabalhos deve ser elaborada conforme
as normas difundidas pela ABPp, assim como os honorários devem ser combinados
previamente a fim de que ninguém se sinta lesado.
Um dos pontos definidos no Código de Ética diz respeito ao sigilo profissional, ou
seja, o profissional não deve revelar fatos que comprometam a intimidade dos sujeitos.
Entretanto, ressalta em seu artigo 7º que o psicopedagogo está imposto a respeitar o
sigilo profissional, “protegendo a confidencialidade dos dados obtidos em decorrência do
exercício de sua atividade e não revelando fatos que possam comprometer a intimidade
das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento”.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 34


Dessa forma, destaca-se a importância de conhecer o código de ética, e suas
regulamentações, pois elas apresentam com propósito os parâmetros que os profissionais
devem seguir. Vale lembrar que existem vários códigos de ética em meio a tantas profissões
e todos possuem o mesmo propósito, o de conduzirem uma boa conduta do profissional e
do cidadão.

REFLEXÃO
Ser ético é se manter dentro das normas e regras que fundamentam sua profissão den-
tro e fora do ambiente de trabalho, por isso fique atento nas mudanças que ocorrem nas
normativas do código de ética de sua profissão, para que não ocorra infrações.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 35


2.3 PSICOPEDAGOGO E OS NOVOS DESAFIOS

Neste último tópico caro (a) estudante vamos estudar alguns pontos sobre o
“psicopedagogo e os novos desafios” que precisamos conhecer para finalizar esta
Unidade com sucesso.
Primeiramente vamos conhecer sobre o perfil profissional do psicopedagogo.
Dando início com a seguinte pergunta: Você já pensou como é caracterizado esse
profissional?
Historicamente demarcado pelos estudos médicos e pedagógicos (BASTOS,
2015), os problemas de aprendizagem, atualmente, são observados pela ótica da
psicopedagogia e constitui-se de estruturas interdisciplinares contribuídas de outros
campos do conhecimento.
Quando se trata do perfil profissional que corresponde ao conjunto de habilidades
e características que o profissional deve possuir para desempenhar sua profissão, o
psicopedagogo é o profissional que se preocupa com os processos de aprendizagem
nos múltiplos espaços educativos.
O psicopedagogo faz parte do grupo de profissionais que estão habilitados para
o trabalho no processo de ensino e aprendizagem, no espaço escolar ou não, cujo foco
corresponde a investigar os problemas de aprendizagem e assegurar a qualidade de
educação e da aprendizagem humana.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 36


Sendo assim, a seguinte pergunta é: Você sabe a função do psicopedagogo? O
profissional psicopedagogo é indicado para assessorar e esclarecer a escola a respeito
de diversos aspectos do processo de ensino e aprendizagem e tem atuação preventiva
e terapêutica/clínica. Vários autores consideram não existir distinção espacial para a
ocorrência de ambas, pois há momentos em que se utilizam, no mesmo espaço, tanto uma
ação preventiva quanto uma ação terapêutica. (BOSSA, 2011; BASTOS, 2015).
Para tanto, o trabalho do psicopedagogo se caracteriza como prática clínica
e prática institucional. Enquanto prática clínica, pode ser entendida como uma atuação
pautada na investigação de problemas de aprendizagem e entraves no processo de
ensino- aprendizagem de modo terapêutico. Já como prática institucional, cria mecanismos
para facilitar a construção da aprendizagem evitando entraves no ato de aprender junto
a instituições diversas, como escolas, empresas, ONGs, serviços públicos, entre outros.
(BOSSA, 2011).
No processo de trabalho do psicopedagogo, ele deverá desenvolver atividades
relacionadas ao estudo da aprendizagem humana, refletindo como os indivíduos aprendem,
quais fatores podem condicionar a sua aprendizagem, reconhecendo esse processo e
buscando meios para prevenção e tratamento. Ou seja, seu foco está nas dificuldades de
aprendizagem, e para o alcance dos objetivos, é necessário se envolver com a concepção
de aprendizagem de modo amplo.
Sendo assim, sua função e contribuição está estritamente ligada a auxiliar o sujeito
no desenvolvimento de uma aprendizagem fluída e significativa, despertando o desejo de
aprender e realçando as potencialidades do sujeito, utilizando as mais diversas técnicas,
estratégias e metodologias educativas em uma relação integrativa entre a comunidade,
família e instituição escolar ou acadêmica.

ATENÇÃO! O psicopedagogo é o profissional que se ocupa de compreender as pes-


soas em situação de aprendizagem e intervém para favorecê-la, a fim de que ela ocorra
da melhor maneira possível. Ele prevê problemas e aperfeiçoa as capacidades de cada
pessoa em particular, propiciando o seu acesso ao conhecimento.

Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no esclarecimento de dificuldades


de aprendizagem, não se remete apenas a deficiência do aluno, mas sim em relação a
problemas escolares, tais como: método de ensino; relação professor e aluno; dentre outros.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 37


Frente ao cenário do século XXI, a autora Masini (2006, p. 257) informa que é
indispensável a Psicopedagogia caracterizar-se como a área que:
● estuda as relações envolvidas em situações do aprender, para nelas resgatar
o que emerge da vida de crianças, jovens e adultos - de suas impressões,
sentimentos, dúvidas valores, elaborações;
● cuida para não perder o que sucede, ao buscar os significados de situações
do aprender para os que dela participam e assim contribuir para que cada um
amplie e aprofunde seus próprios significados;
● Esforça se para não enfeitar nem mascarar os encontros e desencontros do
sujeito consigo mesmo, com o outro e com o próprio contexto social, dissimulando
fealdades e tornando inexpressivas as situações.

Um dos desafios do psicopedagogo segundo as autoras Tostes; Bellan; Gurnhak;


Silva (2016) estão na análise e no entendimento das necessidades individuais de cada
aprendiz e suas possíveis dificuldades de desenvolvimento intelectual.
Outro desafio que as autoras Tostes; Bellan; Gurnhak; Silva (2016) é da profissão
que ainda não é obrigatória nas escolas, já é um desafio. E quando o psicopedagogo
consegue trabalhar em uma escola, deste momento começam os desafios e processos
escolares.
O trabalho psicopedagógico segundo Scoz (2011, p. 150),
[...] pode contribuir muito, auxiliando os educadores a aprofundarem seus
conhecimentos sobre as teorias de ensino/aprendizagem e as recentes con-
tribuições de diversas áreas do conhecimento, redefinindo-as e sintetizando-
-as numa ação educativa. Este trabalho levaria o educador a olhar-se como
“aprendente” e como “ensinante”, conectando-o com as próprias inseguran-
ças, com as angústias de conhecer e desconhecer, fazendo-o redimensionar
seus modelos de aprendizagem e o seu vínculo com os alunos. (grifo do
autor)

Assim, para que ocorra aprendizagem no contexto educacional é necessário que


se tenha ensino de qualidade, onde os recursos, abordagens e técnicas são primordiais e
indispensáveis para a garantia de um ensino de excelência, a autora Scoz (2011, p. 152)
acrescenta informando que, a “[...] psicopedagogia pode transformar-se numa área capaz
de oferecer contribuições afetivas para entender os problemas educacionais”, auxiliando as
instituições de ensino nos trabalhos realizados.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 38


SAIBA MAIS
Caro (a) estudante, embora o psicopedagogo possua atividades e funções específicas,
esse profissional não atua de modo isolado. A complexidade do ser exige uma visão
multiprofissional para investigação, pesquisa e tratamento das dificuldades de aprendi-
zagem (psicopedagogo, neurologista, psicólogo, pedagogo, psicomotricista etc.). (BOS-
SA, 2011; BASTOS, 2015).

Agora caro (a) estudante que já conhecemos sobre o perfil profissional do


psicopedagogo e as suas principais funções, seguiremos estudando sobre as habilidades
e competências. Sabemos que o mercado de trabalho necessita de um conjunto de
conhecimentos e aptidões de cada área profissional para desenvolvimento produtivo.
Nesse sentido, a terceira pergunta é: Quais são as habilidades e competências requeridas
do psicopedagogo? Avaliemos o quadro a seguir.

Quadro - Habilidades e Competências do Psicopedagogo

a) planejar, intervir e avaliar o processo de aprendizagem, nos variados con-


textos, mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios da Psico-
pedagogia;
b) utilizar métodos, técnicas e instrumentos que tenham por finalidade a pes-
quisa e a produção de conhecimento na área;
c) participar na formulação e na implantação de políticas públicas e privadas
em educação e saúde relacionadas à aprendizagem e à inclusão social;
d) articular a ação psicopedagógica com profissionais de áreas afins, para
atuar em diferentes ambientes de aprendizagem;
e) realizar consultoria e assessoria psicopedagógicas;

f) exercer orientação, coordenação, docência e supervisão em cursos de Psi-


copedagogia;
g) atuar na coordenação e gestão de serviços de Psicopedagogia em estabe-
lecimentos públicos e privados.

Fonte: Adaptado ABPp, 2019.

Nesse contexto, Santos (2012, p. 2) apresenta sobre o psicopedagogo não basta


ter o conhecimento e o domínio teórico, “[...] já que seu exercício é metateórico e supõe,
por parte do profissional, uma percepção refinadamente seletiva e crítica. Mais ainda, a

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 39


capacidade de juntar e processar saberes, na medida de cada caso, para dar conta de cada
um. [...]”. A partir das considerações do autor, entendemos que o trabalho do psicopedagogo
necessita, além das habilidades e competências, um sentimento transformador e o desejo
de uma intervenção social.
Estudiosos consideram que o trabalho psicopedagógico está pautado na
identificação da natureza da causa que interfere na forma de atuação do psicopedagogo.
Segundo a reflexão de Bossa (2011), a partir das autoras Fernandéz e Paín, quando o
problema provém de causas externas, o trabalho é preventivo, enquanto na intervenção em
problemas cujas causas estão ligadas à estrutura individual e familiar do sujeito, o trabalho
é terapêutico.
Sendo assim, a Psicopedagogia caracteriza-se pela intencionalidade do trabalho
do psicopedagogo em espaços estruturais de um mesmo mecanismo de ordem, função ou
objetivo social, pautado nas concepções de valores, regras, filosofia, ideologia e cultura,
tais como: empresas, hospitais, ONGs, escolas e indústrias.
Nesse sentido, seu trabalho com a aprendizagem e seus problemas também estão
relacionados à concepção de grupo, à formação da personalidade e/ou da família, às
estruturas de ensino, às expectativas de vida, às experiências vividas e demais aspectos
que completam, constituem e formam a estrutura social e psíquica do Ser.
Na concepção de Fogali (1988, citada por BOSSA, 2011, p. 87) a psicopedagogia
pode contribuir trabalhando vários aspectos, na natureza da instituição, sendo eles:
• Psicopedagogia familiar, ampliando a percepção sobre os processos de
aprendizagem de seus filhos, resgatando a família no papel educacional,
complementar à escola, diferenciando as múltiplas formas de aprender,
respeitando as diferenças dos filhos.
• Psicopedagogia empresarial, ampliando formas de treinamento, resga-
tando a visão do todo, as múltiplas inteligências, trabalhando a criativida-
de e os diferentes caminhos para buscar saídas, desenvolvendo o imagi-
nário, a função humanística e dos sentimentos na empresa, ao construir
projetos e dialogar sobre eles.
• Psicopedagogia hospitalar, possibilitando a aprendizagem, o lúdico e as
oficinas psicopedagógicas com os internos.
• Psicopedagogia escolar, priorizando diferentes projetos.
• Diagnóstico da escola.
• Busca da identidade da escola.
• Definições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e iden-
tidades, diante do aprender.
• Instrumentalização de professores, coordenadores, orientadores e dire-
tores sobre práticas e reflexões diante de novas formas de aprender.
• Reprogramação curricular, implantação de programas e sistemas avalia-
tivos.
• Oficinas para vivência de novas formas de aprender.
• Análise de conteúdo e reconstrução conceitual.
• Releitura, ressignificando sistemas de recuperação e reintegração do
aluno no processo.
• O papel da escola no diálogo com a família.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 40


EXEMPLO
Mariana é pedagoga, professora, acaba de concluir a sua graduação em Psicopedago-
gia e foi convidada para um trabalho voluntário como psicopedagoga em uma instituição
que acolhe idosos. Implicada e dedicada, logo após a semana de ambientação e conhe-
cimento do espaço e seus sujeitos, traçou, inicialmente, um plano de trabalho, a saber:
criar projetos para conhecer o processo de aprendizagem dos idosos e sua perspectiva
existencial, realizar dinâmicas de convivência, propiciar atividades que desenvolvam
o raciocínio, a associação e comunicação, atuar com ludicidade e jogos aplicados à
adultos, promover a criatividade e a apreciação da expressão artística e potencializar o
diálogo e a troca de saberes experienciais. Vale destacar que Mariana atuará em uma
equipe multiprofissional, construindo e contribuindo com saberes psicopedagógicos jun-
to à gerontologia.

Caro (a) estudante aprendemos que o psicopedagogo é o profissional habilitado


para proporcionar ações relacionadas ao desenvolvimento da aprendizagem humana, e
que sua atuação pode ser de modo institucional ou clínico.
Sendo assim, a Psicopedagogia no espaço clínico trata de compreender o motivo
da não aprendizagem do sujeito sobre determinado aspecto, assim como investigar ações
para que ele possa reconhecer-se como sujeito ativo da aprendizagem e ser capaz de
desenvolvê-la. (BASTOS, 2015).

Na concepção de Bastos (2015, p. 31) na clínica psicopedagógica “cada paciente


é singular, possui um estilo próprio de aprender ou de não aprender”, estabelecendo
“transferência com o psicopedagogo que necessita se tornar uma referência imprescindível
para despertar seu desejo de aprender”. Assim, quando o atendimento clínico é demandado,
faz-se necessário que o psicopedagogo tenha um olhar e uma escuta sensível para esse
contexto de diagnóstico, auxílio, acompanhamento e ações, que envolverá os pais, os
responsáveis, o próprio sujeito e a instituição de ensino.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 41


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizamos nossa Unidade II conversando sobre a formação do Psicopedagogo,


independentemente de ser em pós-graduação ou em graduação sua formação propiciará ao
futuro profissional subsídios que lhe possibilitem entender como se desenvolve o processo
de aprendizagem e suas dificuldades. Ainda, foi possível analisar sobre a importância do
código de ética, não somente na profissão do psicopedagogo, mas em todas as áreas de
atuação. E por fim, caro (a) estudante conhecemos alguns pontos do Psicopedagogo em
relação ao novos desafios.

Espera-se que este tópico tenha contribuído para sua formação pessoal e
profissional.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 42


LEITURA COMPLEMENTAR

Sugiro a leitura do livro intitulado “Docência: uma construção


ético-profissional” dos autores Ilma Passos Alencastro Veiga;
José Carlos Souza Araújo e Célia Kapuziniak, ano de 2015. O livro
irá abordar o que é ética docente? A construção de um projeto
ético-profissional tende a ser instrumento de melhoria da prática
profissional ou pode ser um veículo de controle burocrático? O
que significa constituir um código de ética docente que oriente
a prática profissional vinculada à educação? O movimento de
construção ético-profissional da docência é um processo complexo
de mudança social no qual estão envolvidos diversos atores,
entidades e organizações que defendem visões muitas vezes
antagônicas. Tal discussão, carregada de equívocos que precisam
ser esclarecidos, surge em um momento de desprestígio social da
profissão. O desafio atual dos professores reside na construção de
um projeto ético-profissional da docência – com ou sem conselho
ou ordem profissional. Para isso, fazem-se necessários, por um
lado, o compromisso com princípios que lhe são inerentes e, por
outro, o exercício da autonomia tanto no plano dos direitos como
no dos deveres. - Papirus Editora.

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 43


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da
prática
• Autora: Nadia Aparecida Bossa
• Editora: Wak
• Sinopse: A Psicopedagogia constitui um conjunto de práticas
institucionalizadas de intervenção no campo da aprendizagem,
seja no âmbito da prevenção, seja no diagnóstico e no tratamento
das dificuldades de aprendizagem, ou ainda, na intervenção
específica no processo de aprendizagem escolar. Seus domínios
específicos são: o sujeito do conhecimento, o agente de
transmissão e as dimensões constitutivas dos mesmos, logo o
sujeito-objeto da Psicopedagogia é o ser humano contextualizado
em situação de aprendizagem. O enfoque de pesquisa e trabalho
psicopedagógico é multidimensional, no qual estão contemplados
os fatores constitucional/biológico, cognitivo, afetivo, sociocultural
e pedagógico, em determinado momento histórico de cada pessoa
ou grupo, afetando a busca e a compreensão dos conhecimentos.
A Psicopedagogia deve aproximar-se dos obstáculos presentes
na construção do conhecimento e na relação com o saber; da
prática educativa na interseção com as particularidades subjetivas,
sociais e culturais das pessoas e instituições; da relação entre
pensamento meditativo e subjetividade; e das interações do
homem com o mundo. Dessa forma, o olhar da Psicopedagogia
sobre a aprendizagem e o processo ensino-aprendizagem se dá
pela análise de comportamentos cognitivo-intelectual e simbólico-
afetivo na produção de conhecimento.

FILME/VÍDEO
• Título: ABPp - Associação Brasileira de Psicopedagogia-
Reconhecimento do Psicopedagogo
• Ano: s/ano.
• Sinopse: Quézia Bombonatto, Presidente daABPp, conversa sobre
o trabalho do Psicopedagogo, a importância do reconhecimento
desse profissional, os caminhos da Psicopedagogia na formação
humana e as intervenções psicopedagógicas.
• Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=U-IimAg86UU

UNIDADE II Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo 44


UNIDADE III
Objeto de Estudo da Psicopedagogia
Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães

Plano de Estudo:
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Dificuldade de Aprendizagem X Distúrbio de Aprendizagem X Transtorno de Aprendiza-
gem X Problema de Aprendizagem
• Dislexia
• Disgrafia e Disortografia.
• Discalculia
• TDAH
• TEA

Objetivos de Aprendizagem:
• Definir o conceito de dificuldade de aprendizagem, bem como também denominado
por alguns estudiosos como: distúrbio, transtorno, problema de aprendizagem, ou ainda
fracasso escolar.
• Conhecer e identificar a dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia, bem como o
transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro do
autismo (TEA).

45
INTRODUÇÃO

Caro (a) estudante.

Seja bem-vindo (a) à Unidade III da disciplina Fundamentos Epistemológicos da


Psicopedagogia.

Nesta Unidade “Objeto de estudo da Psicopedagogia”, você estudante terá a


possibilidade de estudar sobre a definição do conceito de dificuldade de aprendizagem,
bem como também algumas nomenclaturas que estudiosos nomeiam, como: distúrbio,
transtorno, problema de aprendizagem, ou ainda fracasso escolar. Ainda nesta aula irá
conhecer o que é, dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia, bem como o transtorno de
déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro do autismo (TEA).

A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso


superior.

Boa leitura e bons estudos!

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 46


3.1 Dificuldade de Aprendizagem X Distúrbio de Aprendizagem X Transtorno de
Aprendizagem X Problema de Aprendizagem

Caro (a) estudante o que são dificuldades de aprendizagem? Neste ponto, é


necessário definir o conceito de dificuldade de aprendizagem, também denominado por
alguns estudiosos como: distúrbio, transtorno, problema de aprendizagem, ou ainda
fracasso escolar.
Mas será que todos esses termos são adequados? O que significa cada um deles?
Há diferenças entre essas expressões ou são sinônimas?
Segundo o documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva, Portaria nº. 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em
janeiro/2008, a terminologia adotada deve ser Transtornos Funcionais Específicos. (BRASIL,
2008). Dentre os transtornos funcionais específicos estão: dislexia, disortografia, disgrafia,
discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade, entre outros.
O transtorno específico da aprendizagem, segundo o Manual diagnóstico e estatístico
de transtornos mentais - DSM-V (2014) é diagnosticado diante de déficits específicos na
capacidade individual para perceber ou processar informações com eficiência e precisão.
Esse transtorno do neurodesenvolvimento manifesta-se, inicialmente, durante os anos
de escolaridade formal, caracterizando-se por dificuldades persistentes e prejudiciais nas
habilidades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou matemática.

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 47


Para Smith e Strick (2012, p. 15) o termo dificuldades de aprendizagem “[...] refere-
se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar
qualquer área do desempenho acadêmico”. Ainda as autoras expõem que as crianças com
dificuldades de aprendizagem não conseguem se adaptar à rigidez na sala de aula. “Para
progredirem, tais estudantes devem ser encorajados a trabalhar à sua própria maneira.
Se forem colocados com um professor inflexível em relação a tarefas e testes, ou que use
materiais e métodos inapropriados às suas necessidades, eles serão reprovados”. (SMITH;
STRICK, 2012, p.36)
Olivier (2011) relata que as dificuldades, os problemas e os distúrbios, podem
ocorrer basicamente de três formas, confira o quadro abaixo:

CAUDAS PSICOLÓGICAS CAUSAS ORGÂNICAS CAUSAS DO SISTEMA


Inadequação dos métodos
Traumas, problemas familia- Desnutrição, anemia ou
aplicados em aprendiza-
res, problemas financeiros, distúrbios como dislexia,
gem, despreparo dos pro-
entre outros. disgrafia, entre outros.
fessores, entre outros.
Fonte: Adaptado de Oliver (2011, p. 37-38).

O termo “distúrbio” pode ser substituído pelo vocábulo “transtorno”, por ser de
ordem biológica. Na Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento (CID - 10),
Distúrbio de Aprendizagem é tido como comprometimento ou atraso no desenvolvimento de
funções ligadas à maturação biológica da parte central do sistema nervoso, e que se inicia
ainda na infância. (OMS, 1993).
Distúrbio de Aprendizado (DA), segundo os autores Neves e Batigália (2011)
tem sido considerado problema específico da leitura, escrita e de raciocínio matemático,
identificado em geral nos primeiros anos escolares. “Persiste durante toda a vida, uma vez
que é incurável, embora possa ser atenuado, a depender do tipo de transtorno”. (NEVES;
BATIGÁLIA, 2011, p. 78). Associa-se a atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem,
a confusões têmporo-espaciais, de esquema corporal e de lateralidade ou a alterações do
funcionamento cerebral normal.
Dificuldade de Aprendizagem (DE), segundo os autores Neves e Batigália (2011,
p.78) “consiste em conjunto de fatores de ordem pedagógica, sócio-cultural, psicológica e
econômica que proporcionam impedimento em aprender. Possui, assim, origem extrínseca,
ou seja, depende do meio ambiente para se desenvolver nosologicamente”.
Problema de Aprendizagem, segundo a autora Paín (1989, p. 28), considera-se
como um sintoma, no sentido de que não-aprender não configura um quadro permanente,

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 48


“mais ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como
sinal descompensação”.
As autoras José e Coelho (2009) corroboram com Paín (1989) sobre o problema
de aprendizagem acrescentando que fica difícil para o professor de sala diferenciar um
problema de aprendizagem de um distúrbio, ficando para um especialista na área de
diferenciar uma da outra.
Segundo Cohen (2004, p. 264), o fracasso escolar, como sintoma da
contemporaneidade pode caracterizar-se como
[...] algo que não funciona, que impede a aprendizagem, que se mantém e se
repete como sintoma, pode ser fruto de um mau encontro, um encontro trau-
mático com as demandas irrespondíveis da educação, encarnadas por seus
representantes, chamados de os “Outros”: família, escola e Estado.

Caro (a) estudante, como vimos existem algumas nomenclaturas para nomear
as dificuldades de aprendizagem, mas o mais importante não são os nomes dados ao
problema, e sim a necessidade de se investigar clinicamente as causas: é necessário
realizar um diagnóstico multidisciplinar com profissionais como psicopedagogos, psicólogos,
neurologistas, fonoaudiólogos, entre outros.
Devemos lidar com a situação de forma responsável e assertiva, pois as dificuldades
de aprendizagem podem, muitas vezes, não estar relacionadas com fatores patológicos,
neurológicos, psicológicos, neurolinguísticos ou psicopedagógicos, mas sim com outras
questões: familiares, culturais e econômicas.

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 49


3.2 DISLEXIA

Caro(a) estudante vamos iniciar este tópico analisando a origem da palavra


DISLEXIA. A origem do grego dis - dificuldade e lexia - linguagem, entende-se que a dislexia
seja uma dificuldade na aquisição de linguagem.
Levando-se em conta que léxico significa, entre outras definições, conjunto total
das palavras usadas em uma língua/idioma (MICHAELIS, 2019), o termo disléxico deve
definir o indivíduo desprovido de capacidade na aquisição desse conjunto de palavras.
Esta seria a essência da definição de dislexia, mas, evidentemente, o distúrbio é bem mais
complexo e necessita de muitas outras definições para que seja considerado realmente
definido, segundo Olivier (2011).
No entanto, segundo o pesquisador Olivier (2013) descreve em um de seus livros
que alguns profissionais como Susan Brady, Hugh Catts, Emerson Dickman, Guinevere
Eden, Jack Fletcher, Jeffrey Gilger, Robin Moris, Harley Tomey e Thomas Viall, em 2003,
entraram em um consenso, colocando a definição da Dislexia, sendo:

Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela


dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodi-
ficação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente
fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas
consideradas na faixa etária.

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 50


Segundo a Associação Brasileira de Dislexia - ABD (2016) publicou em sua
paǵina oficial possíveis sinais da Dislexia do desenvolvimento, no qual é considerada
como um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada
por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de
decodificação e em soletração. Vide quadro abaixo:

ALGUNS SINAIS NA PRÉ-ESCOLA ALGUNS SINAIS NA IDADE ESCOLAR


● Dispersão; ● Dificuldade na aquisição e automa-
● Fraco desenvolvimento da aten- ção da leitura e da escrita;
ção; ● Pobre conhecimento de rima (sons
● Atraso do desenvolvimento da fala e iguais no final das palavras) e alite-
da linguagem ração (sons iguais no início das pa-
● Dificuldade de aprender rimas e can- lavras);
ções; ● Desatenção e dispersão;
● Fraco desenvolvimento da coorde- ● Dificuldade em copiar de livros e da
nação motora; lousa;
● Dificuldade com quebra-cabe- ● Dificuldade na coordenação moto-
ças; ra fina (letras, desenhos, pinturas
● Falta de interesse por livros impres- etc.) e/ou grossa (ginástica, dança
sos. etc.);
● Desorganização geral, constantes
atrasos na entrega de trabalho esco-
lares e perda de seus pertences;
● Confusão para nomear entre esquer-
da e direita;
● Dificuldade em manusear mapas, di-
cionários, listas telefônicas etc.;
● Vocabulário pobre, com sentenças
curtas e imaturas ou longas e va-
gas;
Fonte: Adaptado de ABD (2016).

No entanto, segundo Olivier (2013) nas crianças pequenas antes do início da fase
escolar, é um tanto difícil diagnosticar a dislexia, pois há outros distúrbios que apresentam
sintomas parecidos.

Portanto, caro (a) estudante, a idade que mais facilita o diagnóstico da dislexia é a
idade escolar, bem como outros distúrbios de aprendizagem. É durante a alfabetização que
se pode detectar com mais certeza a dislexia cuja principal característica está na ausência
ou grande dificuldade em aprender a ler e/ou escrever. Porém, Olivier (2013) nos chama
a atenção para um fato importante, é preciso estar atento, pois não se trata apenas de
dificuldade em aprender as letras, mas a dificuldade em identificá-las. “Dependendo da

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 51


gravidade do caso, o cérebro de um disléxico não consegue identificar nenhuma letra,
parecem apenas sinais sem nexo algum”. (OLIVIER, 2013, p. 49).

Ana Lou Olivier vem pesquisando a mais de 30 anos e apresenta dentro da


Psicopedagogia três tipos de dislexia, baseados nas pesquisas teóricas e práticas, bem
como em Multiterapia.

1. Dislexia Congênita ou Inata: É a dislexia que nasce com o indivíduo, pode


ter as mais variadas causas e tem características próprias, como, por exemplo, “uma
comprovada alteração hemisférica cerebral, onde os hemisférios encontram-se invertidos
ou em igualdade ou até por uma alteração de alguns cromossomos”. (OLIVIER, 2011).
Em consequência disso é o indivíduo disléxico tem pouca ou nenhuma habilidade para
a aquisição de leitura e de escrita e, geralmente, não consegue ler e escrever por muito
tempo e, quando termina de ler e escrever, já não se lembra de mais nada.

2. Dislexia Adquirida: É a dislexia que vem por meio de um acidente qualquer,


como, por exemplos, anoxia perinatal, anoxia por afogamento, acidente vascular cerebral
entre outros acidentes.

3. Dislexia Ocasional: É a dislexia causada por fatores externos e que aparece


ocasionalmente, por um “esgotamento do Sistema Nervoso/estresse, excesso de atividades
e, em alguns casos, considerados raros, por TPM e/ou hipertensão”.

Dentro destes tipos de dislexia que Olivier (2013, p. 52) apresenta, “existem
variações que parecem tornar cada caso em um caso e cada disléxico em único. Portanto,
não dá mais para admitir generalizações”.

Segundo a autora Olivier (2011, p. 61-62) podemos resumir os sintomas de acordo


com sua intensidade para melhor definir e detectar cada tipo de dislexia, sendo eles:

● Singular/Primária: apresenta desde a primeira infância um certo atraso no


desenvolvimento da fala e da linguagem e/ou no desenvolvimento visual.
Dificuldades em aprender canções, versinhos, pequenas histórias ou imediato
esquecimento após ouvi-las, e ainda problemas com coordenação motora.
Durante a alfabetização, pode apresentar problemas e dificuldades em leitura e

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 52


soletração, não reconhecendo letras e números. Pode caracterizar qualquer tipo
de dislexia ou outros distúrbios já relatados ou a serem relatados posteriormente.
● Comum/Correlata: apresenta problemas nos processos de linguagem
(articulação, memória verbal a curto e longo prazo). Problemas com lateralidade
(confusão entre lado direito e esquerdo) e também pode caracterizar qualquer
tipo de dislexia ou outros distúrbios.
● Específica/Secundária: caracteriza-se pelo baixo desempenho em compreensão
na leitura, dificuldade ou ausência de alfabetização, não identificação de letras,
diferenças no movimento dos olhos durante a leitura ou tentativa de leitura.
Geralmente caracteriza a Dislexia Congênita ou Inata.
● Relativa/Artificial: problemas com a atenção e problemas visório-espaciais, e
é mais comum na dislexia ocasional ou em outros vários distúrbios.

Antes de qualquer atitude, deve-se analisar como o indivíduo reage do processo


de alfabetização. Se apresenta dificuldades de pronúncia, de articulação, dificuldades para
aprender nome das letras ou cores, falta de memória para lembrar-se de coisas simples,
como seu endereço, data de aniversário, não se concentra em aulas teóricas, preferindo
aulas de criatividade, como colagem, desenho, entre outras. E, ainda, se o aluno aparece
não identificar letras em geral, confunde-se em ditados, faz inversões.

ATENÇÃO! Neste ponto, não se trata de trocar o “p” por “b” e outros absurdos ampla-
mente divulgados como características de dislexia. Deve-se verificar se o indivíduo não
consegue identificar qualquer que seja a letra, se confunde letras em geral, se para ele
todas as letras parecem a mesma coisa, ou seja, um sinal sem sentido algum.

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 53


3.3 DISGRAFIA E DISORTOGRAFIA

Neste tópico caro(a) estudante vamos sequência em identificar alguns dos “dis”,
neste momento sendo eles: disgrafia e disortografia.
Já vimos o significado de “Dis”, agora vamos para Grafia, que vem do grego
graphos/graphein é definida pelo dicionário Michaelis (2019) como “técnica do uso da
linguagem como comunicação escrita”, porém, analisando a fundo, pode-se verificar que é
mais ampla, para Olivier (2011, p.57) “podendo ser definida como habilidade na utilização
de sinais (símbolos, marcas, desenhos) para exprimir as ideias humanas”.
Disgrafia é a dificuldade ou a ausência na aquisição da escrita. O indivíduo fala
de forma normal, em muitos casos consegue ler, mas não consegue transmitir informações
visuais ao sistema motor. (OLIVIER, 2011).
Para Pérez (2005), a disgrafia é um transtorno da escrita que afeta a forma ou
significado e é do tipo funcional.
Nunes; Silveira (2015, p. 101) relatam que disgrafia, é dificuldade significativa no
desenvolvimento de habilidades relacionadas à escrita, “[...] que não se explicam por uma
deficiência mental ou por uma má qualidade da escola”.
Leal; Nogueira (2012, p.76) expõe que as principais causas do transtorno funcional
específico da aprendizagem a disgrafia, são: “[...] a sequencialização, que implica na falha
perceptual, acarretando dificuldades no processamento sequencial da informação recebida
e na sua forma de organização, e o processamento”.

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 54


Ainda, Leal; Nogueira (2012) acrescentam a seguinte informação:
[...] nos casos de disgrafia, podem-se perceber, também distúrbios de mo-
tricidade ampla e especialmente fina, bem como distúrbios de coordenação
visiomota, a deficiência da organização temporoespacial, os problemas de
lateralidade e direcionalidade.

As características da disgrafia, segundo a autora Olivier (2011) são:


● O indivíduo não possui dificuldades visuais nem motoras, mas não con-
segue transmitir as informações visuais ao sistema motor.
● Fala e lê, mas não encontra padrões motores para a escrita de letras,
números e palavras.
● Não possui senso de direção, falta-lhe equilíbrio.
● Pode apresentar traços pouco precisos e incontrolados.
● Grafismos não diferenciados nem na forma nem no tamanho.
● Escrita desorganizada em partes ou no todo.
● Realização incorreta de movimentos de base especialmente em ligação
com problemas de orientação espacial etc.
● Pode soletrar oralmente, mas não consegue expressar ideias por meio
de símbolos visuais, pois não consegue escrever ou, se escreve, não
reproduz letras e palavras coerentes.
● Resumindo: o indivíduo lê, mas, em muitos casos, não escreve ou escre-
ve de forma desordenada, irregular ou ilegível.

As soluções da disgrafia acima de tudo é avaliação multidisciplinar e acompanhamento


psicopedagógico (OLIVIER, 2011).
Para tanto, o indivíduo com disgrafia apresenta distúrbio diferenciado e generalizado
que engloba dificuldade ou mesmo ausência a comunicação gráfica em geral (isso incluindo
escrita de letras, sinais, símbolos e até mesmo desenhos), ou seja, para ser classificado
como pessoa com disgrafia, é preciso apresentar dificuldades em todas as expressões
escritas e não somente na letra como se tem definido tão erradamente por décadas. Até
porque o indivíduo que apresenta dificuldades apenas na escrita já tem um outro nível para
ser classificado que é a Disortografia.
Disortografia deriva dos conceitos “dis” que já trabalhamos no início do tópico 3.2 +
“orto” (correto) + “grafia” (escrita). Esta patologia pode ainda ser conhecida segundo o DSM-V
(2014) como perturbação da expressão escrita, ou seja, é uma perturbação específica de
aprendizagem, de origem neurobiológica que afeta as capacidades da expressão escrita,
em particular a precisão ortográfica, a organização, estruturação e composição de textos
escritos, a construção frásica é pobre e por norma curta e observa-se ainda a presença de
muitos erros ortográficos.
Em outras palavras a disortografia é a dificuldade na expressão da linguagem
escrita, revelada por fraseologia incorretamente construída e/ou por palavras escritas de
forma errada, associada geralmente a atrasos na compreensão e/ou na expressão da
linguagem escrita. (OLIVIER, 2011).

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 55


José e Coelho (2009), evidenciam os principais tipos de erro que a criança com
disortografia costuma apresentar, sendo eles:

Confusão de letras - trocas auditivas:


Consoantes surdas por sonoras: f/v; p/b; ch/j;
Vogais nasais por orais: an/a; en/e; in/i; on/o; un/u.

Confusão de sílabas com tonicidade semelhante: cantarão/cantaram.

Confusão de letras - trocas visuais:


Simétricas: b/d; p/q;
Semelhantes: e/a; b/h; f/t.

Confusão de palavras com configurações semelhantes: pato/pelo.

Uso de palavras com um mesmo som para várias letras: casa/caza, azar/asar,
exame/ezame (som o z).

Além dessas trocas podem surgir dificuldades em recordar a sequência dos sons
das palavras, que são elaboradas mentalmente. Surgem então: omissões, como: caxa/
caixa; adições, como: árvovore/árvore; inversões, como: picoca/pipoca; fragmentações,
como: en contraram/encontraram; a parecer/aparecer; junções, como: Umdia o menino/Um
dia o menino; contaminação, na palavra, de uma letra por outra próxima, como: brincadeira/
brindadeira.
A memória visual da criança que apresenta disortografia deve ser estimulada
constantemente. Isso pode ser feito por meio de quadros onde constem as letras do alfabeto,
as famílias silábicas e os números, para que ela possa utilizá-los enquanto faz seu trabalho
escrito.

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 56


3.4 DISCALCULIA

Caro(a) estudante, neste tópico trabalharemos com o tema “Discalculia”, no qual


vamos apresentar os conceitos, classificações e tipos.

A palavra Discalculia vem dos conceitos “dis” que já trabalhamos anteriormente que
é “dificuldade” e a palavra “calculia” que do latim “calculare: contar”.

O termo foi referido por Garcia (1998) como discalculia ou discalculia de


desenvolvimento, caracterizando-a como uma desordem estrutural da maturação das
capacidades matemáticas, sem manifestar, no entanto, uma desordem nas demais funções
mentais generalizadas.

Na perspectiva de Vieira (2004, p. 111) a discalculia significa, “etimologicamente,


alteração da capacidade de cálculo e, em um sentido mais amplo, as alterações observáveis
no manejo dos números: cálculo mental, leitura dos números e escrita dos números”.

Corroborando com essas ideias, Fonseca (1995) aponta algumas dificuldades


de aprendizagem que estão comumente associadas à discalculia e que necessitam ser
identificadas pelos professores da educação básica, primeiros anos. São dificuldades que
a criança enfrenta ao relacionar termo a termo; associar símbolos aditivos e visuais aos

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 57


números; contar; aprender sistemas cardinais e ordinais; visualizar grupos de objetos;
compreender o princípio da conservação; realizar operações aritméticas; perceber a
significação dos sinais de adição e subtração, de multiplicação e divisão e de igualdade;
ordenar números espacialmente; lembrar operações básicas (tabuada); transportar
números; seguir sequências; perceber princípios de medidas; relacionar o valor de moedas,
entre outros.

Dentre os estudos sobre a discalculia, verifica-se que este transtorno normalmente


está associado a um problema neurológico, segundo Campos (2014, citado por BORGES,
2015, p.12) “[...] ainda há um longo caminho a percorrer, pois são recentes os estudos sobre
a Discalculia”. Mas, segundo vários neurologistas, “já se conhece que a região cerebral
utilizada para as habilidades matemáticas é o lobo parietal, em ambos os hemisférios,
juntamente com outras áreas do cérebro, como o lobo occipital, memória de trabalho visual,
espacial e outros”.

Relvas (2011, p.54) considera a discalculia, como sendo, “a ausência de habilidades


matemáticas, como contagem, e, sim, a forma como que a criança associa essas habilidades
como o mundo que a cerca”. Sendo assim, “a aquisição dos conceitos matemáticos, bem
como as outras atividades que exigem raciocínio, é afetada nesse transtorno, cuja baixa
capacidade para manejar números e conceitos matemáticos não é originada por lesões ou
outra causa orgânica”.

Em outras palavras a discalculia provoca dificuldades em aprender tudo o que está


diretamente relacionado a números, como “operações matemáticas elementares, suas
aplicações e ordenações tornam-se um problema exaustivo para o discalcúlio”, ou seja,
ele tem dificuldade em entender os conceitos e até mesmo classificar números de forma a
colocá-los numa sequência lógica. (MAJDALANI, 2018, p.16).

Uma classificação apresentada nos estudos de Kosc (1974 citado por GARCIA,
1998, p. 213) (o pioneiro sobre o estudo da discalculia), engloba seis tipos de discalculia, no
qual vários outros autores vem aplicando em seus estudos, afirmando que essas discalculias
podem estar manifestadas sob diferentes combinações e unidas a outros transtornos de
aprendizagem, como é o caso, por exemplo, de crianças com dislexia ou déficit de atenção
e hiperatividade. Esses subtipos dividem-se em:

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 58


1. Discalculia verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas, os
números, os termos e os símbolos;
2. Discalculia practognóstica: dificuldades para enumerar, comparar, manipular
objetos reais ou em imagens;
3. Discalculia léxica: dificuldades na leitura de símbolos matemáticos;
4. Discalculia gráfica: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos;
5. Discalculia ideognóstica: dificuldades em fazer operações mentais e na
compreensão de conceitos matemáticos; e
6. Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos
numéricos.

Para Farrel (2008), pesquisadores se empenham em identificar e delinear diferentes


tipos de Discalculia para acrescentar e ampliar as definições básica, sendo elas:

a) Discalculia Espacial: dificuldade em avaliação e organização visoespacial;


b) Anaritmetria: perturbação na utilização de procedimentos aritméticos, como
confusões entre operações escritas como: adição, subtração, divisão e multiplicação.
c) Discalculia Léxica: dificuldade em compreender a linguagem matemática (e
seus sinônimos) com a simbologia, como exemplo: subtrair, retirar, deduzir, menos e “-”.
d) Discalculia Gráfica: dificuldade em escrever os símbolos e dígitos que são
indispensáveis para a realização do cálculo.
e) Discalculia Practográfica: deficiência na capacidade de manipular objetos
concretos ou ilustrados, ou seja, pode apresentar dificuldade em comparar dois objetos em
relação ao tamanho e peso.

De acordo com Campos (2014, p.6) a Discalculia pode ser dividida em três classes,
sendo elas:

1ª Natural: a criança ainda não foi exposta a todo o processo de contagem, logo
não adquire conhecimentos suficientes para compreender o raciocínio matemático;
2ª Verdadeira: não apresenta evolução favorável no raciocínio lógico-matemático,
mesmo diante de diversas intervenções pedagógicas;
3ª Secundária: sua dificuldade na aprendizagem matemática está associada a
outras comorbidades, como por exemplo: a dislexia.

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 59


Campos (2014) informa que é fundamental esclarecer que os discalcúlicos
apresentam a inteligência normal, e que devemos considerar que não existem discalcúlicos
iguais, sendo que cada um tem suas dificuldades específicas.

REFLEXÃO
“É hoje incontestável a afirmação de que o órgão privilegiado da aprendizagem é o cére-
bro. Dadas as relações inevitáveis entre o cérebro e o comportamento e entre o cérebro
e a aprendizagem, da mesma forma essa relação se verifica quando se abordam as
dificuldades de aprendizagem (DA)”. (FONSECA, 1995, p.148).

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 60


3.5 TDAH E TEA

Caro (a) estudante para este último tópico de nossa unidade, vamos abordar os
seguintes assuntos: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno
do Espectro Autista (TEA).
O DSM- V (2014) define o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade como um
problema de saúde mental, considerando-o como um distúrbio bidimensional, que envolve
a atenção e a hiperatividade/impulsividade.
O TDAH tem um grande impacto na vida familiar, escolar e social da crianças,
segundo a autora Beczik (2010, p. 25) a característica essencial do TDAH “é um padrão
persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais frequente e severo do que aquele
tipicamente observado em crianças de mesma idade que estão no nível equivalente de
desenvolvimento”.
As crianças com TDAH demonstram níveis de atenção inapropriados para a idade,
são impulsivas e geralmente superativas, apresentam dificuldades para seguir regras e
normas. Podem apresentar também problemas de conduta, agressividade, pobre baixo
rendimento escolar ou problemas e aprendizagem e dificuldades sociais, especialmente
relacionados com os amigos e conflitos na família. Essas crianças apresentam também
baixa tolerância à frustração, dificilmente aceitam um “não”. E, em geral, têm uma percepção
negativa de si mesmos, em razão das repetidas frustrações vividas. A autoestima dessas
crianças, geralmente é baixa. (BECZIK, 2010).

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 61


Os sintomas aparecem frequentemente cedo na vida da criança, mas tornam-se mai
graves a partir do ingresso desta na escola, porque, durante o processo de aprendizagem
escolar a criança necessita focar mais a sua atenção e permanecer sentada, durante as
aulas. (BECZIK, 2010).
Ainda sobre o transtorno, deve-se analisar também que, apesar de a maioria
dos indivíduos apresentar um conjunto de sintomas e características de desatenção,
hiperatividade, impulsividade, existem algumas predominâncias e variações que os
classificam em subtipos, segundo Olivier (2011, p 80-81) são:
● Combinado: quando os sintomas igualam-se em desatenção, hiperatividade e
impulsividade.
● Desatento: quando os sintomas pendem para a desatenção, variando desde
simples desatenção até grande alienação.
● Hiperativo-Impulsivo: quando os sintomas aliam-se à hiperatividade-
impulsividade.

ATENÇÃO! O TDAH também pode estar associado ao Transtorno obsessivo-compulsi-


vo (TOC) ou à síndrome de Tourette (ST). Por isso, deve-se cuidar muito do seu diag-
nóstico, para não prejudicar o paciente.

Segundo Schmdit (2014) o autismo foi considerado desde o início uma psicose,
mais especificamente uma forma de manifestação bastante precoce da esquizofrenia, cuja
etiologia era eminentemente de origem psicológica e relacional.
No entanto, no decorrer dos alunos, a hipótese da etiologia do autismo passa a ser
questionada, dando lugar à compreensão do transtorno como uma síndrome comportamental
de um quadro orgânico. (SCHMDIT, 2014).
Na mais recente classificação, no DSM-V (2014), o autismo pertence à categoria
denominada transtornos de neurodesenvolvimento, recebendo o nome de transtornos do
espectro do autismo (TEA). Assim, o TEA é definido como um distúrbio do desenvolvimento
neurológico que deve estar presente desde a infância, apresentando déficit nas dimensões
sociocomunicativa e comportamental.
No entanto, compreender o autismo com base na perspectiva dimensional (transtorno
do espectro do autismo - TEA) em vez da categoria (transtorno global do desenvolvimento

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 62


- TGD) também favorece o uso de nomenclaturas e diagnósticos variados por profissionais
de diversas orientações teóricas, pode causar confusão conceitual . (SCHMDIT, 2014).
Segundo Olivier (2011, p.117) as características mais divulgadas do TEA são:
1 - Olhos expressivos. Parece não enxergar ou não conseguir fazer nenhum contato
com o meio exterior por meio dos olhos.
2 - Age como surdo, parece não ouvir nada e pode gritar inesperadamente.
3 - Não aprende a falar, chega aos cinco ou seis anos sem conseguir nunca
expressar-se verbalmente ou, então, pode começar a desenvolver a linguagem falada, mas
há uma interrupção desse processo sem nenhum motivo aparente, e a linguagem adquirida
parece apagada irreversivelmente.
4 - Age de forma alienada ou desatenta, parece não ver nem sentir nada e age sem
demonstrar interesse pelo que acontece à sua volta, com ele mesmo ou com os outros.
5 - Pode tornar-se agressivo, inclusive atacando e/ou ferindo a si mesmo ou a
outras pessoas, sem nenhum motivo aparente.
6 - Não responde a nenhum estímulo e é inacessível diante de tentativas de
comunicação das outras pessoas, mesmo sendo seus pais ou parentes muito próximos.
7 - Costuma passar longos períodos parado ou fixado o olhar em um determinado
ponto ou, no máximo, fixando-se em poucos pontos e não como, normalmente, as crianças
fazem, querendo tocar e conhecer tudo à sua volta.
8 - Como já disse, prece desenvolver alguns rituais que repete constantemente,
principalmente o mais característico que é o gesto de balançar as mãos e os braços ou
balançar-se.
9 - Ao invés de reconhecer e brincar com seus brinquedos, geralmente os lambe,
cheira, morde ou os atira longe sem sequer ver o que são.
10 - Parece insensível à dor e pode até ferir-se de forma intencional e até constante.
O tratamento é, na realidade, um treinamento para o desenvolvimento de uma vida
tão independente quanto possível. Basicamente a técnica mais usada é a comportamental,
além dela, a Musicoterapia pode funcionar perfeitamente, segundo Olivier (2011).

SAIBA MAIS
Caro (a) estudante, sugiro que assista ao programa apresentado pelo Dr. Dráuzio Vare-
la no Fantástico sobre o TEA, foi uma série de reportagens sobre o autismo, em 2013.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OvFNiFQuGPA

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 63


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizamos nossa Unidade III, no primeiro momento abordamos sobre a definição


do conceito de dificuldade de aprendizagem, bem como também algumas nomenclaturas
que estudiosos nomeiam, como: distúrbio, transtorno, problema de aprendizagem, ou ainda
fracasso escolar. Conhecemos e identificamos o que é: dislexia, disgrafia, disortografia e
discalculia, bem como o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno
do espectro do autismo (TEA).

Acredito que esta unidade serviu de apoio para complementar sua formação, com
questões de cunho teórico essenciais para a prática psicopedagógica.

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 64


LEITURA COMPLEMENTAR

Mary MacCracken, professora especializada em distúrbios de


aprendizagem, colocava sérias reservas em receber na sua sala
uma nova aluna, Hannah, de 8 anos. Os três rapazes de que se
ocupava estavam a fazer progressos assinaláveis e a vinda de
Hannah, considerada imensamente problemática, poderia deitar
por terra todos esses avanços.
Nas duas primeiras semanas, Hannah refugiou-se num armário,
recusando-se a sair. Os seus berros constantes compunham um
quadro com os piores sintomas que Mary alguma vez vira.
Como poderia a professora ajudar uma criança habituada a ser
tratada como um animal, enclausurada na própria casa e espancada
pelo pai e o irmão? O que poderia dizer e o que haveria de fazer
para ajudar aquela menina perdida?
Reconhecendo a enorme força interior que habitava no fundo de
Hannah, Mary dedicou todo o seu amor, paciência e engenho a
uma longa e incrível viagem de recuperação que encetou com a
sua aluna.
Esta é a comovente história real de Hannah, uma criança
maltratada, perdida num mundo de sofrimento e solidão, e da
professora extraordinária que a conseguiu resgatar para a vida.

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 65


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Dislexia e Outras Dificuldades de Aprendizagem Específi-
cas: guia do professor
• Autor: Michael Farrell
• Editora: Artmed
•Sinopse: Dificuldades de aprendizagem específicas como disle-
xia, dispraxia e discalculia podem provocar mau desempenho na
escola e levar a problemas emocionais e baixa auto-estima. As
crianças com essas dificuldades precisam de um alto nível de en-
tendimento, encorajamento e apoio por parte da professora, a fim
de atingir seu pleno potencial em um ambiente inclusivo. Dislexia
e outras dificuldades de aprendizagem específicas é um guia que
oferece ao professor de sala de aula conselhos práticos.

FILME/VÍDEO
• Título: Como estrelas na Terra: toda criança é especial
• Ano: 21 de dezembro de 2007.
• Sinopse: O filme “Como estrelas na terra – toda criança é
especial” conta a história de uma criança que sofre com dislexia
e não é compreendida pelos professores e pais. Ishaan Awasthi,
de 9 anos, já repetiu uma vez o terceiro período (no sistema
educacional indiano) e corre o risco de reprovar novamente.
• Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=VPElZ85VLcg

UNIDADE III Objeto de Estudo da Psicopedagogia 66


UNIDADE IV
Trabalho do Psicopedagogo
Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães

Plano de Estudo:
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Trabalho psicopedagógico.
• Psicopedagogia como estratégia de prevenção.
• Aspectos do trabalho psicopedagógico: avaliação, diagnóstico e intervenção.
• Interdisciplinaridade e a Psicopedagogia.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conversar sobre o trabalho do Psicopedagogo.
• Analisar a Psicopedagogia como estratégia de prevenção.
• Conhecer os aspectos do trabalho psicopedagógico em suas diversões de avaliação,
diagnóstico e intervenção.
• Apresentar a interdisciplinaridade e a Psicopedagogia.

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INTRODUÇÃO

Caro (a) estudante.

Seja bem-vindo (a) à Unidade IV da disciplina Fundamentos Epistemológicos da


Psicopedagogia.

Nesta Unidade intitulada “Trabalho do psicopedagogo” iremos conversar sobre o


trabalho do Psicopedagogo, analisar a Psicopedagogia como estratégia de prevenção,
e caro (a) estudante conhecer os aspectos do trabalho psicopedagógico em suas
dimensões de avaliação, diagnóstico e intervenção. E ainda nesta aula será apresentado a
interdisciplinaridade e a Psicopedagogia.

A compreensão desta Unidade IV contribuirá para a sua formação neste curso


superior.

Boa leitura e bons estudos!

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 68


4.1 TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO

Caro (a) estudante neste tópico vamos conversar um pouco sobre o “trabalho do
psicopedagogo”. A psicopedagogia, como área de atuação, é ancorada em teorias que
auxiliam na construção de uma práxis psicopedagógica.

Você estudante sabe o que significa o termo práxis?

Konder (1992, p.115) explica o conceito de práxis, como uma “atividade concreta
pela qual os sujeitos se afirmam no mundo, modificando a realidade objetiva e, para poderem
alterá-la, transformando-se a si mesmos”. E ainda, “é ação que, para se aprofundar de
maneira mais consequente, precisa da reflexão, do autoquestionamento, da teoria; e a
teoria que remete a ação, que enfrenta o desafio de verificar seus acertos e desacertos,
cotejando-os com prática”.

Nas palavras de Nogaro et.al (2014, p. 169) “ a ação psicopedagógica consiste


numa leitura e releitura do processo de aprendizagem”, bem como “[...] da aplicabilidade
de conceitos teóricos que lhe deem novos contornos e significados, gerando práticas mais
consistentes, que respeitem a singularidade de cada um e consigam lidar com resistências”.
Ainda o autor expõe que a ação desse profissional jamais pode ser “isolada”, “mas integrada
à ação da equipe escolar”, buscando, em conjunto, vivenciar a escola, não só como espaço

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 69


de aprendizagem de conteúdos educacionais, mas de convívio, de cultura, de valores,
de pesquisa e experimentação, que possibilitem a flexibilização de atividades docentes e
discentes. (NOGARO et.al, 2014, p. 169).

Claro (2018) descreve que quando se pensa em ação psicopedagógica, não


se pode esquecer que a teoria e a prática são indissociáveis como práxis, a qual deve
caracterizar-se por ser transformadora.

O psicopedagogia é um profissional especializado para auxiliar os sujeitos que, por


alguma razão, apresentam dificuldades na aprendizagem. “Sua atuação pode ser tanto no
aspecto preventivo quanto no aspecto interventivo, ou seja, com avaliação, diagnóstico e
intervenção”. (CLARO, 2018, p. 85).

Pelo fato da psicopedagogia estar relacionada às dificuldades de aprendizagem, a


princípio, segundo Claro (2018, p. 85) “acreditava-se que o campo de atuação era restrito
à escola, o que é um engano, pois o trabalho do psicopedagogo vai além dos muros
escolares. Ele pode atuar em vários contextos, tais como clínicas, empresas e instituições
relacionadas à saúde”.

Caro (a) estudante é importante ressaltar que a atuação do psicopedagogo não está
relacionada ao espaço físico, e sim à sua formação e a especializações em determinadas
áreas do conhecimento e campo do saber. Assim, comumente, o psicopedagogo pode atuar
em grandes áreas, sendo elas: clínica e institucional.

A psicopedagogia na área clínica como estudamos nas unidades anteriores é


voltada à terapia, pois visa à recuperação, e o atendimento é feito em consultórios. Já
na institucional ela tem caráter preventivo e seu objetivo, segundo a autora Bossa (2011,
p.13) “é construir uma relação saudável com o conhecimento, de modo a facilitar a sua
construção e evitar que esse processo seja obstaculizado”.

O psicopedagogo clínico pode trabalhar em consultório particular ou em clínica


psicopedagógica. Neste último caso, recomenda-se que o atendimento seja realizado
por uma equipe multidisciplinar composta por pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos,
neurologistas, entre outros profissionais.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 70


Bossa (2011, p. 67) entende como “atendimento psicopedagógico clínico a
investigação e a intervenção para que se compreenda o significado, a causa e a modalidade
de aprendizagem do sujeito, com o intuito de sanar suas dificuldades”.

De acordo com Visca (1987, p.16) quando se fala de psicopedagogia clínica, se


está fazendo “[...] referência a um método com o qual se tenta conduzir à aprendizagem e
não a uma corrente teórica ou escola. Em concordância com o método clínico podem-se
utilizar diferentes enfoques teóricos”.

Nas palavras de Bossa (2011, p.21) o trabalho clínico do psicopedagogo se dá na


“relação entre um sujeito com sua história pessoal e sua modalidade de aprendizagem”,
buscando compreender a mensagem de outro sujeito, implícita no não aprender. Ainda
a autora acrescenta a informação que nesta modalidade de trabalho, “deve o profissional
compreender o que o sujeito aprende, como aprende e por que, além de perceber a
dimensão da relação entre psicopedagogo e sujeito de forma a favorecer a aprendizagem”.
(BOSSA, 2011, p. 22).

Assim, caro (a) estudante nunca é demais ressaltar que o foco do trabalho do
psicopedagogo é a aprendizagem. Na clínica, Claro (2018) compete ao psicopedagogo
diagnosticar e investigar os problemas inerentes aos processos de aprender, identificar
as barreiras que interferem no processo de aprendizagem, bem como orientar pais e
professores a lidar com crianças que apresentam dificuldades para aprender.

A atuação psicopedagógica no ambiente escolar, segundo Claro (2018) está


relacionada ao fato de que os psicólogos argentinos, quando chegaram ao Brasil na década
de 1980, foram impedidos de clinicar em virtude das prerrogativas do Conselho Federal da
Psicologia. Deste modo, os psicólogos argentinos “encontraram na educação um ambiente
fértil para a criação de metodologias inovadoras que tinham como foco diagnosticar as
dificuldades de aprendizagem”.

Bossa (2011 p. 90) explica que a escola é “participante desse processo de


aprendizagem que inclui o sujeito em seu mundo sociocultural. [...] Cada sujeito tem uma
história pessoal, da qual fazem parte várias histórias: a familiar, a escolar e outras, as quais
articuladas, condicionam-se mutuamente”.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 71


REFLEXÃO
“Pensar a escola, à luz da Psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui
questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de
quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade”.
(BOSSA, 2011, p.91).

Logo, a psicopedagogia no contexto escolar para Claro (2018) busca auxiliar


professores, coordenadores pedagógicos e gestores a refletir sobre o papel da educação
diante das dificuldades de aprendizagem.

De acordo com Bossa (2011) o profissional psicopedagogo pode cooperar na


construção do projeto pedagógico, bem como auxiliar a escola a responder aos seguintes
questionamentos: O que ensinar? Como ensinar? Para que ensinar? Mediante do diagnóstico
institucional, é possível ao psicopedagogo detectar os obstáculos que prejudicam o ensino e
a aprendizagem e, dessa forma, ajuda o professor na adoção de metodologias apropriadas
que facilitem o aprendizado, bem como orientá-lo no acompanhamento daqueles que
apresentam dificuldades de aprendizagem, encaminhando esses alunos a profissionais
especializados, como: psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas e psiquiatras.

Outro papel relevante do psicopedagogo no contexto escolar é observar a relação


entre professor e aluno, que, no ambiente escolar, são os protagonistas no processo de
ensino e aprendizagem, pois segundo Bossa (2011, p.91) “grandes parte da aprendizagem
ocorre dentro da instituição escolar, na relação com o professor, com o conteúdo escolar e
com o grupo social quanto um todo”.

É necessário ressaltar que do processo de aprendizagem da criança participam


outros agentes, como: pais/responsáveis da criança e membros da comunidade escolar.
Segundo Fagali (1998 citado por CLARO, 2018, p.90) a psicopedagogia familiar amplia “a
percepção sobre os processos de aprendizagem de seus filhos, resgatando a família no
papel educacional, complementar à escola, diferenciando as múltiplas formas de aprender,
respeitando as diferenças dos filhos”.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 72


Claro (2018) relata que é importante que o psicopedagogo participe de reuniões de
pais, a fim de esclarecer como está o rendimento escolar dos filhos e indicar de que maneira
podem estimulá-los nas tarefas escolares em casa. Se preciso for, o psicopedagogo pode
agendar horários individualizados com os pais/responsáveis das crianças que apresentam
dificuldades de aprendizagem.

O espaço de atuação do psicopedagogo institucional vai além dos muros da escola,


haja vista que o processo de aprendizagem é contínuo e está incorporado nas ações
cotidianas.

Dessa forma, de acordo com Claro (2018) o campo de trabalho do psicopedagogo


está presente em outras áreas, como: saúde (hospital), empresarial e assistencial (asilos
e organizações não governamentais), pois para Scoz (2011, p.17) “[...] seu fazer visa
compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana, que, afinal, ocorrem em
todos os espaços e tempos sociais”.

Bossa (2011, p. 88) esclare que


A psicopedagogia institucional se caracteriza pela própria intencionalidade
do trabalho. Atuamos, como psicopedagogos, na construção do conhecimen-
to do sujeito, que neste momento é a instituição com sua filosofia, valores
e ideologia. A demanda da instituição está associada à forma de existir do
sujeito institucional, seja ele a família, a escola, uma empresa industrial, um
hospital, uma creche, uma organização existencial.

O campo de atuação do psicopedagogo institucional é abrangente e sua contribuição


pode ser atestada em vários contextos, segundo Fagali (1998 citado por CLARO, 2018,
p.92):

● Psicopedagogia empresarial, ampliando formas de treinamento, resgatando


a visão do todo, as múltiplas inteligências, trabalhando a criatividade e os
diferentes caminhos para buscar saídas, desenvolvendo o imaginário, a função
humanística e dos sentimentos na empresa, ao construir projetos e dialogar
sobre eles.
● Psicopedagogia hospitalar, possibilitando a aprendizagem o lúdico e as oficinas
psicopedagógicas com os internos.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 73


Segundo as autoras Saito e Lino (2010, p. 42) a aprendizagem “[...] quando aplicada
em empresas, constitui proeminente diferencial competitivo, pois possibilita a implantação
de técnicas e atitudes inovadoras, partindo da reflexão e do conhecimento compartilhado
pelos indivíduos”.

Já sobre o papel do psicopedagogos nas empresas, Saito e Lino (2010, p. 43)


acrescentam informado que:
[...] auxiliará as organizações no processo de reflexão sobre si, sobre a sua
prática e como articulá-las a fim de ampliar as possibilidades de desenvolvi-
mento de competências que levem a resultados significativos, inovadores e
criativos, além de atuar sobre as relações entre a corporação e seus mem-
bros e dos indivíduos entre si, buscando estabelecer vínculos positivos que
ajudem a promover a transformação.

Nesse sentido, na empresa, o psicopedagogo atua na harmonização de grupos,


no relacionamento dos sujeitos entre si e com a organização e, individualmente, na forma
como o indivíduo lida com suas frustrações e reage perante o erro.

Quanto à psicopedagogia hospitalar, Claro (2018) expõe que é necessário observar


que, em geral, a hospitalização acarreta, especialmente em crianças, problemas no
desenvolvimento, por isso, “[...] no ambiente hospitalar, o psicopedagogo pode oferecer
apoio psicopedagógico na resolução de problemas de ordem emocional, cognitiva e
motivacional”. (CLARO, 2018, p.93).

Maluf (2007, p.9) descreve quais funções competem ao psicopedagogo no contexto


hospitalar:
● Intervém nas instituições de saúde, integrando equipes multidisciplinares,
colaborando com outros profissionais, orientando seu procedimento no trato
com o paciente e sua família;
● Elabora diagnósticos das condições de aprendizagem das pessoas internadas;
● Adapta os recursos psicopedagógicos para o contexto da saúde, utilizando
recursos psicopedagógicos para elaborar programas terapêuticos de ensino/
aprendizagem nas situações em que as pessoas estejam com as suas
capacidades adaptativas diminuídas por razões de saúde;
● Elabora e aplica programas comunitários de prevenção de comportamentos de
risco e de promoção de comportamentos saudáveis;

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 74


● Cria e desenvolve métodos e programas psicopedagógicos em contextos de
reabilitação psicossocial, para pessoas em recuperação de doença;
● Elabora relatórios de condições terapêuticas de ensino/aprendizagem e outras
comunicações.

A autora mencionado acima, ainda, que a psicopedagogia hospitalar consiste na


realização de avaliações e intervenções na área da saúde, recordando que o processo de
aprendizagem engloba competências físicas, mentais e emocionais. (MALUF, 2007).

Caro (a) estudante como compreende-se que são várias as funções exercidas
pelo psicopedagogo em hospitais, todas no sentido de minimizar o sofrimento do sujeito.
Nas organizações assistenciais e nas organizações não governamentais (ONGs), o
psicopedagogo desenvolve ações voltadas para o resgate da cidadania do sujeito.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 75


4.2 PSICOPEDAGOGIA COMO ESTRATÉGIA DE PREVENÇÃO

A psicopedagogia surgiu para atender à demanda da patologia da aprendizagem,


como aprendemos caro (a) estudante no início da nossa disciplina, mas tem se voltado
cada vez mais para uma ação preventiva.
Nesse novo contexto, Bossa (2011, p. 24) enfatiza que a psicopedagogia tem como
“objeto de estudo a instituição enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem e a
função de avaliar os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional, presentes
no processo de aprendizagem”.
No que diz respeito ao trabalho preventivo, Bossa (2011) escreve que a
psicopedagogia pode atuar em três diferentes níveis. Vamos conhecer estes níveis!
O primeiro nível de prevenção considera que a ação do psicopedagogo deve estar
voltada para os processo educativos, com o objetivo de diminuir a “frequência dos problemas
de aprendizagem” (BOSSA, 2011, p. 25). Nesse enfoque, o trabalho está direcionado para
as questões didático-metodológicas, bem como a formação e orientação de professores,
além de fazer aconselhamento aos pais. Como exemplo da atuação do psicopedagogo
neste nível, a autora Bossa (2011) o processo de alfabetização, ressaltando que, ao se
deparar com novas teorias sobre a alfabetização, cabe ao psicopedagogo, juntamente
com outros profissionais da escola, elaborar métodos de ensino compatíveis com as novas
concepções acerca desse processo. Esse momento segundo Silva (2012, p. 58) “é marcado
pelo trabalho do psicopedagogo junto aos professores, auxiliando-os a se apropriarem de
novos conhecimentos e dos procedimentos metodológicos deles decorrentes”.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 76


O segundo nível de prevenção tem como objetivo “‘minimizar e tratar os
problemas de aprendizagem já instalados” (BOSSA, 2011, p. 25). Logo, é da competência
do psicopedagogo criar um plano diagnóstico da realidade institucional e elaborar planos de
intervenção baseados nesse diagnóstico, com base no qual buscará avaliar os currículos
com os professores, para que tais transtornos não se repitam. Nesse nível, a autora Bossa
(2011) ainda utiliza a alfabetização como exemplo da ação do psicopedagogo. Assim, a
situação descrita apresenta a possibilidade de que, num determinado grupo, classe ou
instituição, surjam transtornos na aprendizagem da leitura e escrita. Nessa situação, Bossa
(2011, p. 25) “observa que é função do psicopedagogo fazer o diagnóstico do grupo e
intervir nos procedimentos didático-metodológicos utilizados”, ou seja, além de determinar
as causas do transtorno, o psicopedagogo tem de encontrar os meios para elidí-lo.
O terceiro nível de prevenção descrito pela autora, a finalidade do trabalho
psicopedagógico é eliminar os transtornos já instalados, por meio dos procedimentos
clínicos e de todas as suas implicações. Bossa (2011) enfatiza que, nesse nível, o caráter
preventivo continua presente, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos
prevenindo o aparecimento de outros. Como exemplo, utiliza mais uma vez o processo de
alfabetização, como ponto de referência, citando casos em que os problemas específicos
de leitura e de escrita já se encontram instalados. Ness situação, segundo Silva (2012, p.
59) “indica que o profissional deve agir diretamente no problema diagnosticado, a fim de
tratá-lo e evitar outros tipos de transtornos”.
Na ação preventiva, segundo a autora Grassi (2013) cabe ao psicopedagogo
focalizar as possibilidades de aprendizagem do sujeito, analisando a família, a escola e
a comunidade, com o intuito de conhecer todos os envolvidos no processo, bem como as
condições que oferecem ao sujeito, e orientá-los quanto às etapas do desenvolvimento
infantil, à importância da estimulação, ao processo de aprendizagem e suas dificuldades.
Essa ação deve ocorrer antes que as dificuldades de aprendizagem apareçam.
Caro (a) estudante notamos que o enfoque preventivo é necessário realizar uma
avaliação diagnóstica psicopedagógica que leve em conta os objetivos do trabalho; elaborar
uma proposta de intervenção (envolvendo orientações e encaminhamentos); e implementar
uma intervenção psicopedagógica. (SILVA, 2012; GRASSI, 2013).

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 77


4.3 ASPECTOS DO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO - AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO E
INTERVENÇÃO

O vocábulo avaliação, de acordo com o dicionário Michaelis (2019), corresponde ao


“ato ou efeito de avaliar(-se)” e ainda, a “apreciação, cômputo ou estimação da qualidade
de algo ou da competência de alguém.”
A avaliação faz parte de nossa vida, pois a todo o momento estamos atribuindo
valor a algo; talvez a avaliação até aconteça de maneira inconsciente, mas o fato é que
avaliamos e somos avaliados constantemente. (CLARO, 2018).
Na escola, esse procedimento é imprescindível no processo de ensino e
aprendizagem, pois por meio dele, é possível acompanhar o rendimento dos alunos. Mas
caro (a) estudante, qual é o papel da avaliação na psicopedagogia?
Vamos conhecer o que é avaliação psicopedagógica, segundo Solé (2001, p.86):
A avaliação psicopedagógica é um processo de coleta e análise de informa-
çẽs relevantes sobre os diferentes elementos que intervêm no processo de
ensino e aprendizagem - não somente das competências do aluno, mas tam-
bém do ambiente educacional - com a finalidade de fundamentar as decisões
sobre as respostas educacionais mais adequadas às necessidades do aluno.

A avaliação psicopedagógica é um processo de garimpagem pelo qual se busca


conhecer os elementos que interferem na aprendizagem dos alunos. Assim, deve ser uma
ação planejada minuciosamente pelo psicopedagogo para “[...] melhor conhecimento do
aluno e do contexto educacional com a finalidade de fortalecer seus aspectos positivos e
neutralizar os disfuncionais”. (SOLÉ, 2001, p. 191).

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 78


O objetivo principal da avaliação psicopedagógica para Solé (2001, p. 190) é
entender o aluno no sistema de ensino e aprendizagem, ou seja, “[...] na interação que
estabelece com seu professor e com seus colegas em torno dos conteúdos do currículo”,
mas como a aprendizagem é fruto da interação social, em uma avaliação psicopedagógica,
é necessário compreender de forma abrangente a conduta, as competências e as limitações
do sujeito.

REFLEXÃO
“As dificuldades de aprendizagem não são uma exclusividade do ambiente escolar. Po-
dem ser advindas de outros contextos, como o familiar, o cultural e o social. O processo
de aprendizagem, além do professor e do aluno, envolve vários outros atores. Em uma
avaliação psicopedagógica, é preciso averiguar todo o sistema em que o sujeito está
inserido”. (CLARO, 2018,p. 116).

Na avaliação psicopedagógica, procura-se segundo Claro (2018) identificar os


fatores que provocam as dificuldades de aprendizagem do sujeito para, posteriormente,
intervir. É importante enfatizar que, em uma avaliação psicopedagógica, vários elementos
estão envolvidos, como:
● comunidade escolar,
● compostas de equipe pedagógica, professores, alunos, metodologia de ensino,
interação professor-aluno e aluno-aluno;
● crenças e valores veiculados na instituição;
● políticas públicas educacionais;
● sistema familiar - a relação do aluno com seus pais, seus irmãos, o contexto
sociocultural em que está inserido, entre outros.
A avaliação psicopedagógica envolve as áreas emocionais, cognitiva, motora e
pedagógica. (CLARO, 2018).
Na área emocional, avaliam-se os aspectos afetivo do sujeito diante das situação de
aprendizagem nos âmbitos: pessoal, familiar e escolar, ou seja, “analisa-se o comportamento
do aluno em seu contexto social e nas relações que trava com a família e com a escola”.
(CLARO, 2018, p. 117).

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 79


Na área cognitiva, o objetivo é avaliar o desenvolvimento do raciocínio lógico, a
atenção, a concentração e a percepção. A preocupação aqui segundo Claro (2018, p. 117)
“está voltada aos esquemas e às estruturas consolidados ou em processo de construção”.
Na área motora, avalia-se o estágio de desenvolvimento dos sistemas nervoso
sensorial e motor do sujeito.
Na área pedagógica, a observação recai no desenvolvimento da aprendizagem da
escrita “(avalia-se a maneira como o aluno “desenha” as letras e segura os instrumentos)”;
na presença de erros ortográficos e nas etapas do desenvolvimento do grafismo “(qualidade
da escrita e da leitura, ritmo, dificuldades)” e do cálculo “(relações de quantidade, tamanho,
identificação dos signos)”. (CLARO, 2018, p.117).
Para tanto, caro (a) estudante, a avaliação psicopedagógica é de extrema
importância na compreensão das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo aluno,
pois é com ela que se definem as estratégias educacionais para auxiliar o sujeito.
O diagnóstico psicopedagógico ocorre em um espaço apropriado, com recursos e
materiais próprios, previamente selecionados. Há todo um planejamento do psicopedagogo
que, em geral, segue um roteiro que varia de acordo com a linha teórica com a qual trabalha.
O processo diagnóstico, assim como o tratamento, segundo Bossa (2011, 96), “[...]
requer procedimentos específicos que constituem o que chamo de metodologia ou modus
operandi do trabalho clínico”. Ainda a autora acrescenta exprimindo que “ao falar da forma
de se operar na clínica psicopedagógica, vale recordar que ela varia entre os profissionais,
a depender”, como por exemplo, “[...] da postura teórica adotada, além de se contar com
o fato de que, como já foi dito, cada caso é um caso, com suas variantes, suas nuances,
que diferenciam o sujeito, seu histórico, seu distúrbio”. (BOSSA, 2011, p. 96). Para finalizar
Bossa (2011, p. 96) informa que “[...] a forma de abordagem e tratamento (a metodologia)
aqui apresentada não consiste na única forma de se realizar o trabalho psicopedagógico e
tampouco pretendo considerá-la a melhor”. Esta é, no entanto, “a forma de eu me conduzir
no exercício clínico em Psicopedagogia, porque surte resultados positivos, extremamente
gratificantes, apesar de tudo”.
Quando nos referimos ao diagnóstico psicopedagógico no contexto escolar nos,
fazemos referência a um instrumento conceitual capaz de levar o psicopedagogo, segundo
Barbosa (2001 citado por OLIVEIRA, 2014, p. 52) “ a construir um olhar e uma escuta
diferenciada, voltada para o ensinar/aprender, que possibilite o conhecimento de sintomas,
a análise dos mesmos e a busca de solução para os problemas estudados”.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 80


O diagnóstico psicopedagógico deve ser entendido como uma dinâmica de
relações que se estabelecem em torno do foco do diagnóstico e que devem ser entendidas
sistemicamente. O sintoma, que orienta o início da ação diagnóstica, é um sinalizador dessa
dinâmica, comunicando a configuração que essa rede de relações está assumindo. Portanto,
entender o fenômeno psicopedagógico envolvido no processo de ensinar e aprender requer
uma compreensão das causas que coexistem com o sintoma. O diagnóstico objetiva
essencialmente orientar para um processo interventivo que seja significativo para o sujeito
ou instituição em questão, no sentido de potencialização da aprendizagem. (OLIVEIRA,
2014).
A proposta do diagnóstico psicopedagógico baseia-se em pressupostos científicos
que caracterizam a compreensão de um fenômeno, em que a realidade é significada com
base no uso de conceitos, noções e teorias científicas.
Oliveira (2014, p. 53, grifo da autora) relata que “identificar o sintoma, conhecer
o contexto, referenciar uma construção histórica e discernir aspectos, características e
relações que compõem o todo configura o que chamamos de processo”. Este diferencia-se
de uma ação pontual pois trata-se de “uma sequência de atuação que tende à transformação
de uma situação inicial”.
Portanto, caro (a) estudante, o diagnóstico é muito mais do que uma coleta de
dados, sobre a qual se organiza um raciocínio. Ele é um momento de transição, como um
passaporte para a intervenção posterior. Usa de aproximação sucessiva para entrar em
contato com seu objeto de estudo.
A palavra intervenção é derivada do latim intervento e significa o “ato de tomar parte
em uma discussão, emitindo opiniões ou contribuindo com ideias” (MICHAELIS, 2019).
Tomando como base as reflexões de Ancona-Lopes (1995, citado por OLIVEIRA,
2014), a palavra intervir prevê uma ação que predetermina um movimento. Alguém, numa
atitude ativa, estabelece uma ligação com outro alguém e, assim, por estar habilitada,
produz alguma transformação, que abrirá uma cadeia de ação novas intervenções.
Na área da psicopedagogia, há bastante referencial bibliográfico sobre a atuação
do psicopedagogo e o processo diagnóstico, no entanto, a bibliografia sobre intervenção
psicopedagógica, sobre as técnicas que diferenciam o atendimento psicológico do
pedagógico, é escassa. (CLARO, 2018).
A intervenção psicopedagógica pressupõe essa ligação com objetivos muito claros,
delineados pelo seu objeto de estudo, que é o processo de aprendizagem.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 81


Se a psicopedagogia propõe que o próprio sujeito seja autor de sua aprendizagem,
intervir nesse processo é criar mecanismos que contribuam para que o aprender do
sujeito proporcione, num processo dialético, a transformação da realidade, bem como a
transformação de si mesmo. (OLIVEIRA, 2014).
A intervenção psicopedagógica no âmbito escolar, geralmente, ocorre de forma
preventiva, com o objetivo de compreender, explicitar e modificar o processo educacional.
Nesse caso, para Claro (2018, p. 121), “o psicopedagogo, por meio da mediação entre os
alunos e seus objetos do conhecimento, propõe-se a identificar os problemas que afetam a
aprendizagem para, posteriormente, saná-los”.
Assim, no processo de intervenção, “é fundamental falar dos aspectos positivos
do paciente nos aspectos que levam à valorização do que faz melhor, nas relações desse
pontos com a perspectiva de melhoria escolar ou de seu futuro em geral”. (WEISS, 2012,
p.131).
Já no campo da intervenção psicopedagógica clínica, houve a princípio a
preocupação com o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem os pacientes
que apresentassem dificuldades (SCOZ, 2011).
Caro (a) estudante, uma intervenção psicopedagógica será mais exitosa se
acontecer no ambiente em que o sujeito realiza suas atividades e pelas pessoas que se
envolvem com ele em seu dia a dia, pois os processos de aprendizagem estão diretamente
relacionados à socialização e à integração dos alunos no contexto socioeducacional do
qual fazem parte. (CLARO, 2018).

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 82


4.4 A INTERDISCIPLINARIDADE E A PSICOPEDAGOGIA

Caro (a) estudante configurando-se como um estudo interdisciplinar, a Psicopeda-


gogia, por princípio, ultrapassa os estreitos limites da disciplina, uma vez que a Psicopeda-
gogia recorre, para diversas disciplinas científicas, tais como: a Psicologia, a Pedagogia,
construindo assim seu campo próprio de conhecimento.

Este último aspecto (“seu campo próprio de conhecimento”) é extremamente rele-


vante: a Psicopedagogia não apenas se utiliza dos conhecimentos de outras disciplinas,
mas a partir deles cria conhecimentos novos. Assim, ela se configura como interdisciplinar
e não como apenas pluri ou multidisciplinar. (MALANGA; MUNHOZ, 2005).

Segundo o dicionário Michaelis (2019), interdisciplinar é: (Inter + disciplina + ar.) 1.


Comum a duas ou mais disciplinas; 2. Que envolve duas ou mais áreas de conhecimento
ou de estudo.

Para Luck (1994, p. 64), a interdisciplinaridade pode ser definida como:


[...] o processo que envolve a integração e engajamento de educadores, num
trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e
com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a
formação integral dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a ci-
dadania, mediante uma visão global de mundo e serem capazes de enfrentar
os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 83


A Psicopedagogia e a Psicologia escolar são necessárias e interagem para colaborar
na educação dos sujeitos, com dificuldades de aprendizagem.
De acordo com Antunes (2008, p.470), a psicologia escolar define-se pelo âmbito
profissional e refere-se a um campo de ação determinado, isto é, “[...] o processo de
escolarização, tendo por objeto a escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta
sua atuação nos conhecimentos produzidos pela psicologia da educação, por outras
subáreas da psicologia e por outras áreas do conhecimento”.
Claro (2018) descreve que a psicologia adentrou no contexto escolar com o intuito
de classificar as crianças que apresentam dificuldades e propor métodos especiais para
educá-las conforme os padrões de normalidade vigente na sociedade.
No início, a psicologia escolar, “[...] se restringia apenas à aplicação de instrumentos,
pois foram transportados para o interior das instituições educativas os procedimentos e o
instrumental do modelo clínico e atuação”. (CLARO, 2018, p. 132 ).
Esse modelo de intervenção pautado na “patologização” e na “psicologização”
do ambiente escolar isentava as instâncias de suas responsabilidades com a educação e
atribuía ao próprio aluno a culpa por suas dificuldades de aprendizagem. (CLARO, 2018).
Para tanto, só a partir de 1980 que os profissionais atuantes na área da psicologia
escolar reviram suas práticas e passaram a evitar culpar as crianças e as famílias pelas
dificuldades ocorridas no ambiente escolar. “Foram construídos novos instrumentos de
avaliação a fim de compreender as queixas escolares, e a formação dos professores e
profissionais militantes na saúde foi repensada”. (CLARO, 2018, p. 133).
De acordo com Pontes (2010, p. 423-424), as ações psicopedagógicas nas escolas
têm caráter preventivo e de assessoramento das dificuldades de aprendizagem,
Ou seja, vai fazer um trabalho institucional: averiguar a formação dos profes-
sores; o currículo que está sendo dado e se está sendo adequado às necessi-
dades dos alunos. E a partir dessas necessidades, se o professor está ou não
preparado para atender ao aluno. O psicopedagogo vai intervir na formação
do professor, supervisor ou orientador pedagógico.

O psicopedagogo assume na escola o papel de mediador entre a instituição e a


família do aluno. A esse respeito, Alencar et. al (2013, p. 27) acrescentam relatando que:
O psicólogo no contexto escolar desenvolve um trabalho de diagnóstico
aliado as intervenções pedagógicas, de alunos com dificuldades de apren-
dizagem, agregando valores pessoais, familiares, comunitários e da escola,
estabelecendo entre os vários segmentos de ensino a influência destes em
contribuir com os procedimentos educacionais de forma que sejam atendidas
às necessidades individuais e garanta a integridade do ser.
Já o psicopedagogo busca entender de forma geral, ou seja, o contexto inter-
no e externo, bem como se utiliza de vários saberes para atuar junto a ques-
tões cognitivas, emocionais, orgânicas, familiares, sociais e pedagógicas que

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 84


permeiam a aprendizagem, produzindo estratégias para proporcionar um
processo de ensino-aprendizagem satisfatório.

Portanto, caro (a) estudante, tanto o trabalho do psicólogo escolar quanto o do


psicopedagogo são de suma importância nas instituições escolares, pois contribuem para
o aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem. Deste modo, é necessário que
esses profissionais atuem em harmonia, a fim de criar um ambiente acolhedor para aqueles
que precisam de ajuda.
A relação entre a psicopedagogia e a pedagogia vem de longa data. Há pesquisadores
que mencionam que a psicopedagogia surgiu de uma lacuna deixada pela psicologia e pela
pedagogia.
A psicopedagogia como estamos estudando ao longo desta disciplina tem por
objeto de estudo o processo de ensino e aprendizagem e considera que o ato de aprender
abrange as condições cognitivas, afetivas, criativas e associativas.
Mas caro (a) estudante o que se entende por pedagogia?
Segundo Antunes (2008, p. 470) “a pedagogia pode ser entendida como
fundamentação, sistematização e organização da prática educativa”. A preocupação
pedagógica atravessa a história, sustentando-se em diferentes concepções filosóficas,
constituindo-se sob diversas bases teóricas e estabelecendo várias proposições para a
ação educativa.
A pedagogia é a área do conhecimento que se fundamenta em teorias e concepções
para estudar os fenômenos e as práticas educativas e tem por intuito sistematizar e organizar
as ações pedagógicas nas instituições escolares.
A psicopedagogia pode ofertar sua contribuição à pedagogia, no sentido de “equilibrar”
o processo de ensino e aprendizagem, pois para o psicopedagogo, “aprender é um processo
de implica pôr em ações diferentes sistemas que intervêm em todo o sujeito: a rede de
relações e códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar em
cada ser humano à medida que ele se incorpora a sociedade”. (BOSSA, 2011, p. 51).
O psicopedagogo, ao atuar na escola ou na clínica, segundo Claro (2018) deve ter
clareza de que os locais de atuação são diferentes, e ainda que a experiência da clínica
possa auxiliar em sua atuação nas instituições escolares, não se deve transferir o consultório
para a escola, haja vista que tanto a clientela quanto o ambiente são diversificados.
Assim, nas instituições escolares o psicopedagogo pode contribuir preventivamente
como já vimos anteriormente ao longo de nossa disciplina caro (a) estudante para melhoria
do processo de ensino e aprendizagem; promovendo a integração dos sujeitos, por meio de

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 85


trabalhos em equipe; auxiliar no fortalecimento das relações entre família e escola mediante
a elaboração de projetos educativos; ministrar cursos que visem ao aprimoramento e à
formação de professores; participar de equipes multidisciplinares, entre outras atividades.
(CLARO, 2018).
E qual a relação entre a psicopedagogia e a psicanálise, vocẽ sabe?
A psicanálise como vimos na Unidade I foi criada pelo médico neurologista austríaco
Sigmund Freud e tem por intuito explicar de que maneira a mente humana funciona a fim
de tratar os distúrbios mentais e as neuroses considerando a relação entre o inconsciente
e os comportamentos vivenciados pelo sujeito. A abordagem psicanalítica contribui para
a educação, especialmente, na compreensão dos aspectos psicoafetivos e cognitivos do
desenvolvimento infantil.
A psicanálise é de extrema importância na ação psicopedagógica, pois é comum,
na instituição escolar, identificar crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem
advindas de causas não orgânicas, quais sejam, baixa autoestima, bullying, traumas
ocasionados por problemas familiares e sociais, entre outros. (CLARO, 2018).
O professor e a família, na maioria das vezes, não se sentem preparados para
lidar com esses conflitos e recorrem aos psicopedagogos, que por sua vez, buscam na
psicanálise embasamento para auxiliar no tratamento do aluno.

SAIBA MAIS
Bullying é um vocábulo derivado da língua inglesa que se refere à violência física ou
psicológica, aplicada de forma intencional e continuada, que um sujeito sofre por parte
de outra pessoa ou de um grupo de pessoas. Trata-se de um fato recorrente nas escolas
brasileiras nos últimos anos.
Caro (a) estudante sugiro a leitura do livro intitulado Bullying: o que você precisa saber:
identificação, prevenção e repressão do autor Lelio Braga Calhau, da editora Impetus.

A autora Sampaio (2011, p. 27) corrobora o exposto e afirma que “[...] não é apenas
o bom desenvolvimento cognitivo que implica uma boa aprendizagem. Fatores de ordem
afetiva e social também influem de forma positiva ou negativa nesta aprendizagem”. Ainda
a autora citada acrescenta que “os estudos da psicanálise relevam a existẽncia de vínculos
positivos e negativos do sujeito com o objeto de aprendizagem, que surgem em diferente
intensidades”. (SAMPAIO, 2011, p. 27).
Portanto, a psicanálise contribui com a psicopedagogia no estudo da personalidade,
da maneira como o sujeito percebe a si próprio e de como lida com seus impulsos e desejos.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 86


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizando a Unidade IV conversando sobre o trabalho do Psicopedagogo,


no qual é um profissional especializado para auxiliar os sujeitos que, por alguma razão,
apresenta dificuldade na aprendizagem, vimos também que a atuação do psicopedagogo
não está relacionada ao espaço físico, mas sim à sua formação e a especializações em
determinadas áreas do conhecimento e campo do saber. Deste modo o psicopedagogo
pode atuar em grandes áreas, sendo elas: clínica e institucional. Analisamos ainda a
Psicopedagogia como estratégia de prevenção, no qual cabe ao psicopedagogo focalizar as
possibilidades de aprendizagem do sujeito, analisando a família, a escola e a comunidade,
com o intuito de conhecer todos os envolvidos no processo, na ação preventiva, bem como
conhecemos os aspectos do trabalho psicopedagógico em suas dimensões de avaliação,
diagnóstico e intervenção. E ainda, nesta unidade foi apresentado a interdisciplinaridade
na Psicopedagogia, uma vez que a Psicopedagogia recorre para diversas disciplinas
científicas, tais como: a Psicologia, a Pedagogia, construindo assim seu campo próprio de
conhecimento.
Espera-se que este tópico tenha contribuído para sua formação pessoal e
profissional.

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 87


LEITURA COMPLEMENTAR

Olá caro (a) estudante do curso de Psicopedagogia sugiro a leitura do artigo intitulado
“A contribuição da psicanálise para a psicopedagogia” dos autores Ferreira; Souza; Silva e
Silva, 2014.

Aqui vou disponibilizar um trecho do artigo para degustação. Boa leitura!

A PSICANÁLISE E SUA PARCERIA COM A PSICOPEDAGOGIA

A complexidade estrutural e funcional do sujeito, sua subjetividade e aprendizagem


é um tema importante para o universo psicopedagógico, principalmente,perante as relações
sociais constituídas atualmente.
Shirahige e Higa (2004) ressaltam que Freud criticou as práticas educacionais de
sua época. No entanto, não há em sua obra tratado sobre a educação. Esse assunto foi
englobado em outro, mais geral, o das relações entre o indivíduo e o que ele chamou
de“civilização”.
Entretanto, muitos teóricos estão realizando a partir dos conceitos e do método,o
uso da psicanálise no campo educativo, começando pelo psicopedagogo, que tem como
campo de atuação, as dificuldades de aprendizagem que levam ao fracasso escolar.
A psicopedagogia é um campo de estudo que exige novas proposições para
ressignificar a relação entre teoria e prática. Nesse sentido, a prática psicopedagógica utiliza
técnicas e métodos de outras áreas de conhecimento para fundamentar a sua intervenção,
tendo em vista, que sua práxis está intrinsecamente ligada ao processo de aprendizagem
(BOSSA, 2007).
As teorias psicogenéticas do desenvolvimento humano de Piaget (1978), Vigotsky
(2007), Wallon (2005) são abordagens imprescindíveis para compreender as diversas
complexidades dos processos de aprendizagem, isso porque, “a psicopedagogia se
preocupa com a aprendizagem humana e com os sujeitos que, ao estarem em processos
de apredências, demonstram dificuldades no aprender” (BEAUCLAIR, 2009,p.31).
Entretanto, algumas intervenções psicopedagógicas baseadas na psicologia
genética, por vezes, não conseguem resultados significativos no tratamento relacionados
às dificuldades de relacionamento com o outro, conflitos emocionais, e de forma geral,o

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 88


não aprender, que expressam um mal estar que o sujeito sente frente a algumas situações
vividas por ele, o que está levando os psicopedagogos a recorrerem à psicanálise.
Decerto, a teoria freudiana vem ganhando tanto espaço reflexivo nas construções
psicopedagógicas, quanto, base para as práticas em torno da intervenção, pois à medida
que se pensa o fazer psicopedagógico através da psicanálise,é preciso compreendê-la em
seus três aspectos, tendo em vista que o seu termo é usado para se referir a uma teoria, a
um método de investigação e a uma prática profissional.
O psicopedagogo, ao tecer redes de significados e saberes que buscam dar conta
do sujeito e seu aprender, constrói uma prática capaz de promover no sujeito um bem
estar que o permita se desenvolver em sua plenitude, na confiança do indivíduo em si e na
diminuição de sua angústia frente à vida.
Essa situação está associada, ao conceito de libido, que para Freud, é “uma fonte
original de energia afetiva que mobiliza o organismo na perseguição de seus objetivos-é
uma energia voltada para obtenção de prazer, ou seja, é uma energia sexual no sentido de
que toda busca por afeto ou prazer é erótica ou sexual” (ANDRADE, 2010, p. 03).
Por isso, é de grande relevância que o psicopedagogo tenha conhecimento da
teoria psicossexual de Freud, para que ele possa buscar meios de promover o prazer da
criança nas atividades educativas inerentes a escola.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos
• Autora: Edith Rubinstein (organizadora)
• Editora: Casa do Psicólogo
• Sinopse: Trata do percurso da psicopedagogia relatando casos
clínicos e os diferentes caminhos para tratar da dificuldade de
aprendizagem. Convida a refletir e dialogar sobre o seu próprio
estilo psicopedagógico.

FILME/VÍDEO
• Título: O Discurso do Rei
• Ano: 2010
• Sinopse: Desde os 4 anos, George (Colin Firth) é gago. Este é
um sério problema para um integrante da realiza britânica, que
frequentemente precisa fazer discursos. George procurou diversos
médicos, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Quando
sua esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o leva até Lionel
Logue (Geoffrey Rush), um terapeuta de fala de método pouco
convencional, George está desesperançoso. Lionel se coloca de
igual para igual com George e atua também como seu psicólogo,
de forma a tornar-se seu amigo. Seus exercícios e métodos fazem
com que George adquira autoconfiança para cumprir o maior de
seus desafios: assumir a coroa, após a abdicação de seu irmão
David (Guy Pearce).

UNIDADE IV Trabalho do Psicopedagogo 90


REFERÊNCIAS

ALENCAR, C. L. R. et. al. Psicólogo escolar e psicopedagogo: limites e possibilidades de atuação.


Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, v.7, n.19, p. 19-30, fev. 2013.

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CONCLUSÃO

Chegamos ao fim de mais uma pequena jornada, que teve como objetivo principal
estabelecer uma relação entre os aspectos históricos e tendências contemporâneas,
visando promover ao estudante o conhecimento necessário para desenvolver a funções
relacionadas à sua área de atuação.
Discutiu-se ao longo das quatro unidades, criteriosamente selecionadas para dar
sustentação a presente discussão, com autores que promoveram uma rica interlocução
entre aspectos históricos e tendências contemporâneas da Psicopedagogia. E ainda,
conhecemos os teóricos que influenciaram na evolução da Psicopedagogia, bem como o
papel da Psicopedagogia no contexto atual.
Conversamos sobre os aspectos da formação e atuação do psicopedagogo, a ética
do trabalho psicopedagógico e o psicopedagogo e os novos desafios de sua profissão.
Bem como vimos as diversas nomenclaturas para definir a dificuldade de aprendizagem,
conhecemos algumas dificuldades como: dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia, bem
como o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro do
autismo (TEA).
Também discutimos sobre o enfoque do trabalho do psicopedagogo, bem como
analisamos a Psicopedagogia como estratégia de prevenção e ainda sobre os aspectos do
trabalho psicopedagógico na avaliação, diagnóstico e intervenção e por fim apresentamos
a interdisciplinaridade na Psicopedagogia.
Sendo assim, caro (a) estudante, chegamos ao final dos nossos estudos relacionados
a essa temática, mas reforço o que disse inicialmente, o texto apresentado não esgota
todas as possibilidades de pensar e refletir acerca das temáticas abordadas, mas espero
que tenha lhe oportunizado momentos importantes e oportunos para a compreensão das
análise realizadas ao longo da disciplina.
Desejo a você estudante sucesso e inúmeras realizações profissionais. Até breve!

Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães

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