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WBA0921_v1.

APRENDIZAGEM EM FOCO

NEUROPSICOLOGIA DA INFÂNCIA
E ADOLESCÊNCIA
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Fernanda Otoni

A disciplina Neuropsicologia da infância e adolescência aborda


o desenvolvimento de habilidades para o diagnóstico de
comprometimentos específicos de crianças e adolescentes. São
abordados o desenvolvimento neuropsicomotor e o transtorno
global do desenvolvimento, do Transtorno do Déficit de Atenção
e Hiperatividade, os transtornos de aprendizagem e a deficiência
intelectual.

A disciplina tem como principais objetivos:

• Levar à compreensão sobre o desenvolvimento


neuropsicomotor da infância à adolescência.

• Analisar as características do Transtorno Global do


Desenvolvimento, do Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade e da deficiência intelectual.

• Desenvolver habilidades necessárias para diagnosticar os


comprometimentos específicos no desenvolvimento de
crianças e adolescentes.

Vamos aprender mais sobre esse interessante e importante assunto!

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar

2
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática
profissional. Vem conosco!

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 1

Desenvolvimento neuropsicomotor
e Transtorno Global do
Desenvolvimento
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Fernanda Otoni
DIRETO AO PONTO

Olá, estudante! Seja bem-vindo (a)!

Abordaremos os principais aspectos do desenvolvimento


neuropsicomotor e do Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD),
mais especificamente, dos Transtornos do Espectro Autista (TEA).

O desenvolvimento neuropsicomotor obedece a uma lógica e segue


leis biológicas relacionadas ao um calendário maturativo, mas
isso não significa que não seja influenciado pela estimulação do
ambiente.

O crescimento físico é um processo contínuo e paulatino e seu


controle se dá por meio da ação de fatores internos e externos
(COLL; MARCHESI; PALACIOS, 2004).

Os problemas que podem desviar a trajetória geneticamente pré-


fixada do desenvolvimento são os fatores naturais ou internos,
como as gestações múltiplas e os ambientais ou externos, como
a desnutrição e o uso de drogas e álcool na gestação pela mãe.
Incluem-se, ainda, a alimentação, os hábitos de sono e repouso,
os exercícios físicos, estado de saúde e as influências psicológicas
(COLL; MARCHESI; PALACIOS, 2004).

O desenvolvimento neuropsicomotor leva à formação de


habilidades e possibilidade do indivíduo desempenhar funções
com maior complexidade ao longo do tempo, mas não se restringe
à área motora, pois inclui o desenvolvimento da linguagem e o
desenvolvimento social.

De acordo com Coll, Marchesi e Palacios (2004), os principais marcos


do calendário maturativo no desenvolvimento neuropsicomotor são:

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Quadro 1 – Marcos maturativos do desenvolvimento motor, da
linguagem e social
Desenvolvimento Desenvolvimento da Desenvolvimento
motor linguagem social
• Controle da cabeça: três • Balbucio: seis meses. • Olhar as pessoas e
a quatro meses. segui-las com os olhos:
• Palavras simples: doze quatro meses.
• Coordenação olho-mão: meses.
três a quatro meses. • Sorrir espontaneamente
• Palavras complexas: para as pessoas: dois
• Posição sentada: quatro dezoito meses. meses.
a cinco meses, com
apoio, e seis a sete • Primeiras frases • Levar a mão aos
meses sem apoio. simples: dois anos. objetos: cinco meses.

• Locomoção antes de • Frases completas: três • Apresentar medo


andar: oito meses. anos. de estranhos
(estranhamento): nove a
• Manter-se em pé: nove a dez meses.
dez meses, com apoio, e
doze meses sem apoio. • Despedir-se: quatorze
meses.
• Caminhar com apoio:
dez a onze meses, com • Imitar o comportamento
dois pontos de apoio, e das pessoas: dezesseis
onze a doze meses, com meses.
um ponto de apoio.

• Andar: doze a quatorze


meses.

• Correr: até dezoito


meses.

• Pequenos saltos: vinte a


vinte e um meses.
Fonte: adaptado de Coll, Marchesi e Palacios (2004).

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Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são todas as
condições que envolvem a interferência qualitativa nas funções do
desenvolvimento.

Os TGD estão associados, desde 2014, ao chamado Transtorno


do Espectro Autista (TEA), que, por sua vez, engloba o transtorno
autista (autismo clássico ou de Kanner), o transtorno ou Síndrome
de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância (psicose
infantil), o transtorno ou de Síndrome Rett e o transtorno global do
desenvolvimento sem outra especificação (APA, 2014).

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), de modo geral, é


caracterizado por déficits em duas áreas:

a. Comunicação e interação social.


b. Padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses
e atividades (APA, 2014).

O termo espectro (spectrum) é utilizado para se referir às alterações


comportamentais de nível leve a grave, assim como:

• Dificuldades de comunicação por deficiência no domínio da


linguagem.

• Uso intenso da imaginação para lidar com jogos simbólicos.

• Dificuldade de socialização e padrão de comportamento


restritivo e repetitivo.

Os sinais precoces de TEA, na criança, de dois até quatro/ cinco anos


de idade, são (APA, 2014):

• Ausência de expressões faciais.

• Dificuldade em sustentar contato visual enquanto é


alimentado.
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• Ausência de interesse por outros bebês/ crianças.

• Não sorrir ao ver a mãe se aproximar.

• Não seguir os objetos visualmente.

• Comprometimento nas funções simbólicas, como imitar gestos


ou atitudes.

• Manifestação de resistência a mudanças, como a


inflexibilidade a mudanças na rotina.

• Estereotipias motoras simples, como alinhar brinquedos e


girar objetos.

As dificuldades observadas nas relações interpessoais são as mais


observadas quando em relação ao TEA.

Referências bibliográficas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais – DMS - V. Porto Alegre: Artmed, 2014.
COLL, C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. (orgs.) Desenvolvimento psicológico e
educação. V. 1 (Psicologia Evolutiva). Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.

PARA SABER MAIS

O diagnóstico do TEA é um dos assuntos que mais gera dúvidas


entre os especialistas e pais.

É consenso que não existe uma causa única para o TEA. Os diversos
estudos relacionados ao Transtorno do Espectro Autista evidenciam
que esse é desenvolvido a partir da combinação de influências

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genéticas e ambientais e tais influências aumentam a chance de
uma criança desenvolver essa condição.

As causas do TEA estão relacionadas a fatores:

• Genéticos: fatores altamente complexos pois não existe


apenas um gene associado ao Transtorno do Espectro
Autista, mas uma diversidade de mutações e anomalias
cromossômicas relatadas. A proporção de causas genéticas é
maior em meninos do que em meninas em quatro para um.

• Neurológicos: o TEA tem maior prevalência quando associado


a existência de quadros de epilepsia e atrasos cognitivos.

• Ambientais: há interação das condições genéticas com o


ambiente, como as infecções e intoxicações durante o período
pré-natal, a prematuridade e o baixo peso do bebê ao nascer
e as complicações no parto, que são fatores que podem
contribuir negativamente para o desenvolvimento de quadros
de TEA.

Entretanto, é necessário ressaltar que as influências ambientais


associadas ao TEA também podem ser encontradas em pessoas
que desenvolvem o transtorno, ou seja, nem todos os indivíduos
expostos ao mesmo fator de risco ambiental para o TEA
desenvolverão essa condição.

Referências bibliográficas
VITTUDE. TEA – Transtorno do Espectro Autista ou Autismo: causas e
tratamento. Vittude, [s. l.], oito de janeiro de dois mil e dezessete.

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TEORIA EM PRÁTICA

Os pais de uma Ângela, de cinco anos, aluna de uma escola


de educação infantil, buscam sua ajuda, especialista em
neuropsicologia, para orientá-los sobre como agir no caso de sua
filha, pois a professora da menina acredita que ela tem sinais de
autismo. Os pais estão angustiados e pedem informações sobre o
assunto.

A professora relata que a Ângela é calada, não gosta de atividades


em grupo, inventa mentiras e não gosta de carinho, nem por parte
da docente nem dos colegas de classe. A professora diz que Ângela
está alfabetizada e que tem excelente desempenho em todas as
tarefas solicitadas.

Os pais relatam que a filha teve um desenvolvimento normal e


que sempre foi uma criança fechada, mas que é afetuosa com os
familiares.

Responda:

1. O que você pode esclarecer aos pais de Ângela sobre o


autismo nesse momento?
2. Os sinais apresentados por Ângela são suficientes para
levantar a hipótese de que ela se encontra no espectro
autista?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

10
LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

A obra indicada parte do pressuposto de que o desenvolvimento


humano está em constante transformação e construção
enquanto indivíduo particular e ser genérico. Acredita que as
mudanças produzidas são resultantes de uma série de fatores,
cujas possibilidades de desenvolvimento estão presentes ações
individuais em relações a fatores biológicos, sociais, culturais e
econômicos.

Para realizar a leitura, acesse a plataforma nossa Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Biblioteca Virtual Pearson 3.0.

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PILETTI, N.; ROSSATO, S. M.; ROSSATO, G. Psicologia do Desenvolvimento. São
Paulo: Contexto, 2014.

Indicação 2

A obra analisa criteriosamente o volume de informações e


desinformações para oferecer uma compreensão clara do que a
ciência afirma sobre o TEA e de como pode ser aplicada para ajudar
as pessoas com essa condição. Descrevem-se os principais avanços
recentes da neurociência e da genética, destacando os que têm
implicações práticas no mundo real.

Para realizar a leitura, acesse nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra.

BERNIER, R. A; DAWSON, G., NIGG, J. T. O que a ciência nos diz sobre o


transtorno do espectro autista: fazendo as escolhas certas para o seu filho.
Porto Alegre: Artmed, 2021.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

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1. Sobre os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e
o Transtorno do Espectro Autista (TEA), assinale a alternativa
correta:

a. Envolvem condições com interferência quantitativa no


desenvolvimento motor.
b. Os TGD estão associados ao TEA desde 2000.
c. O TEA é caracterizado por padrões repetitivos e restritos de
comportamento.
d. O TEA é caracterizado pela amplitude de interesses e
atividades.
e. O TEA engloba somente o transtorno autista e a Síndrome de
Asperger..

2. Sobre os sintomas de TEA na primeira infância (de dois a


quatro/ cinco anos), assinale a alternativa correta:

a. Uso excessivo de expressões faciais.


b. Sustentação do contato visual enquanto é alimentado.
c. Facilidade para a imitação de gestos.
d. Flexibilidade para as mudanças de rotina.
e. Estereotipias motoras como a rotação de objetos.

GABARITO

Questão 1 - Resposta C
Resolução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é
caracterizado pela apresentação de padrões repetitivos e
restritos de comportamento, interesses e atividades. Os
Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são todas
as condições que envolvem a interferência qualitativa nas
13
funções do desenvolvimento. Os TGD estão associados, desde
2014, ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), que engloba o
transtorno autista (autismo clássico ou de Kanner), o transtorno
ou Síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo da
infância (psicose infantil), o transtorno ou de Síndrome Rett e o
transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação.
Questão 2 - Resposta E
Resolução: Os sinais precoces de TEA, na criança, de dois
a quatro/ cinco anos de idade, são: a apresentação de
estereotipias motoras simples, como alinhar brinquedos e
rodar objetos; ainda, a ausência e não o uso excessivo de
expressões faciais; a dificuldade para sustentar contato visual
enquanto é alimentado; o comprometimento nas funções
simbólicas, como imitar gestos ou atitudes; a manifestação de
resistência a mudanças, como a inflexibilidade a mudanças na
rotina.

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 2

Transtorno do Déficit de Atenção e


Hiperatividade
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Fernanda Otoni
DIRETO AO PONTO

Olá, estudante! Seja bem-vindo (a)!

Vamos abordar os principais aspectos do Transtorno do Déficit


de Atenção e Hiperatividade (TDAH), considerado uma desordem
específica do neurodesenvolvimento, manifesto por crianças com
extrema dificuldade em manter a atenção, controlar/ inibir impulsos
e autorregular a atividade motora nas variadas situações do
cotidiano (MARQUES, 2012).

O TDAH tem seu início na infância ou na adolescência, possui


elevada influência genética, biológica e ambiental, apresentando
taxas de remissão sintomática inferiores a 50%. Os sintomas se
intensificam na adolescência, devido ao aumento das exigências
ambientais.

O TDAH pode ser observado antes da escolarização, mediante


a constatação de frequentes e permanentes conflitos e outras
dificuldades provenientes de comportamentos relacionados à
hiperatividade, impulsividade ou desatenção, mas é, geralmente,
no ambiente escolar que se realiza o encaminhamento da criança
para a realização dos procedimentos diagnósticos e confirmação da
existência do transtorno.

Os tipos são denominados como dificuldade de atenção, hiperativo


- impulsivo e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade,
misto ou combinado (ABDA, 2017).

Crianças com os sintomas de cada tipo de TDAH tendem a


apresentar os sintomas apresentados a seguir:

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Quadro 1 – Sintomas dos três tipos de TDAH
Tipo dificuldade de Tipo hiperativo - Tipo misto ou
atenção ou desatento impulsivo combinado
• Apresentam curtos • São excessivamente • Mais comum entre os
momentos de atenção. inquietas e agitadas. três, apresenta sintomas
dos tipos dificuldade de
• São facilmente • São incapazes de atenção e hiperativo -
distraídas. permanecerem impulsivo.
sentadas ou de brincar
• Não prestam atenção calmamente.
em detalhes.
• Correm e pulam
• Cometem muitos erros. exageradamente ou
quando não deveriam.
• Não conseguem
terminar o que • Falam demais e/ou
começam. quando não deveriam.

• São esquecidas. • Respondem perguntas


antes que essas sejam
• Parecem não ouvir o completadas.
que é dito a elas.
• São impacientes para
• Não conseguem se esperar sua vez.
organizar.
• Interrompem os outros.
• Mais frequente em
meninas. • Maior propensão a
acidentes.

• Mais frequente em
meninos.

Fonte: adaptado de Marques (2012).

Os sintomas devem ser apresentados com a intensidade e


frequência em todos os ambientes (escola, casa e passeios, por
exemplo).

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Apesar de vários estudos realizados, ainda não se pode atribuir uma
causa específica para toda a população infantil com TDAH.

Os fatores genéticos parecem ser as causas mais comuns e


importantes para o TDAH. A participação de genes foi suspeitada,
inicialmente, a partir de observações nas famílias de portadores de
TDAH, pois a existência de parentes afetados com TDAH era mais
frequente do que em famílias que não apresentavam pessoas com o
transtorno.

Outros fatores, como infecções por vírus, contato com substâncias


químicas prejudiciais, problemas durante a gestação e/ou parto
ou outros que possam impedir o desenvolvimento neurológico
adequado, podem exercer influências na determinação do TDAH.

As pesquisas realizadas com pessoas de TDAH evidenciaram a


existência de alterações na região pré-frontal, que é uma das áreas
mais desenvolvidas do cérebro humano e responsável pelo controle
do comportamento, pela capacidade de prestar atenção, memória,
autocontrole, organização e planejamento. As alterações do
funcionamento dos neurotransmissores (especialmente, dopamina e
noradrenalina), que transmitem informação para as células nervosas
(neurônios) podem estar relacionadas ao surgimento do TDAH
(ABDA, 2017).

Há evidências de uma alta correlação do TDAH com déficits nas


funções executivas, que auxiliam o indivíduo a agir de maneira
organizada, a conviver e se adaptar aos outros, ao contexto social e
de trabalho, com competência e rendimento (MALLOY-DINIZ et al.,
2013).

As manifestações típicas do TDAH, na escola, incluem as dificuldades


de aprendizagem, perturbações motoras (nas áreas do equilíbrio,
noção de espaço e tempo, esquema corporal) e na organização.

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As crianças com TDAH apresentam maior dificuldade para
aprendizagem devido às inabilidades organizacionais, incapacidades
de linguagem expressiva e de controle motor fino ou grosso.

Entretanto, o funcionamento intelectual dessas crianças não difere


das outras sem o transtorno, pois o TDAH não está relacionado
à falta de capacidade cognitiva, mas a um déficit de desempenho
devido à desatenção e excessiva agitação, o que faz com que
tenham problemas de participação e comportamento em geral.

Referências bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DÉFICIT DE ATENÇÃO. Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade. Rio de Janeiro, 2021.
MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Neuropsicologia das funções executivas e da atenção.
In: FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L. F; CAMARGO, C. H. P.; COSENZA, R. M.
Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2013.
MARQUES, A. M. Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH):
contribuições das técnicas corporais na clínica psicopedagógica. Revista
Construção psicopedagógica, v. 20, n. 21, p. 74 – 89. São Paulo, 2012.

PARA SABER MAIS

O planejamento, monitoramento e controle dos processos de


aprendizagem e das atividades do cotidiano, a correção das ações
durante a realização de uma tarefa, são possíveis devido à ação
funções executivas.

Essas funções possibilitam a consciência dos atos e pensamentos e a


monitoração e autorregulação dos comportamentos.

As funções cerebrais executivas são compostas por áreas cerebrais


e processos cognitivos que têm como papel principal iniciar

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e desenvolver atividades mentais para o alcance de objetivos
específicos (CYPEL, 2006).

As funções cerebrais executivas respondem pela capacidade de


planejamento, flexibilidade cognitiva, controle inibitório, memória
operacional e atenção seletiva.

Assim, essas funções auxiliam na busca de caminhos para alcançar


um objetivo, são responsáveis pela decisão de iniciar uma proposta
de trabalho, planejam, executam e monitoram as etapas de um
projeto, alterando o modelo original, quando necessário, além de
avaliar o resultado de acordo com o objetivo inicial estabelecido
(CYPEL, 2006).

As habilidades das funções executivas agem integradamente e


permitem o direcionamento dos comportamentos em relação a
metas, ao mesmo tempo em que avaliam a eficiência e a adequação
dos comportamentos, abandonando-se as estratégias ineficazes
em prol de outras que são mais eficientes para resolver situações-
problemas imediatos, de médio e longo prazo.

As funções executivas são solicitadas quando há a necessidade


de elaborar planos de ação e uma seleção adequada de respostas
esquematizadas para a realização de tarefas cotidianas de forma
bem-sucedida.

Assim, com o uso dessas funções, o indivíduo se torna capaz de


identificar, de forma clara, o objetivo final a ser alcançado e de
elaborar um planejamento de metas de forma hierárquica para
facilitar o alcance de seus resultados.

As falhas nas funções executivas tornam a realização de atividades


corriqueiras em verdadeiros desafios para as pessoas com

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comprometimentos cerebrais adquiridos ou com desenvolvimento
anormal do sistema nervoso e com TDAH.

Referências bibliográficas
CYPEL, S. Déficit de Atenção e hiperatividade e as funções executivas -
Atualização para pais, professores e profissionais da saúde. 3. ed. São
Paulo: Lemos, 2007.

TEORIA EM PRÁTICA

Os pais de Luciana, de cinco anos, procuram você, em seu


consultório, enquanto especialista em Neuropsicologia, para solicitar
a avaliação da filha, que está sendo encaminhada por indicação da
professora da escola de educação infantil, por suspeita de que a
menina apresente TDAH.

A professora afirma que ela é muito desatenta, tem dificuldades


em realizar atividades que exijam atenção, é muito distraída por
estímulos do ambiente, têm dificuldades para terminar atividades
que exijam concentração, esquece as instruções dadas pela
professora e tem dificuldade para se organizar em relação às rotinas
da escola.

Os pais afirmam que, em casa, Luciana passa muito tempo


desenhando e assistindo TV, presta atenção às orientações dos pais
e apresenta momentos de desatenção, com menos intensidade do
que na escola.

Com base no relato, responda:

1. Os sintomas apresentados pelos pais e professora sustentam


a hipótese de que Luciana tenha TDAH?

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2. O que deve ser feito pelo neuropsicólogo (a) para confirmar
melhor a suspeita de TDAH em Luciana?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

A obra enriquece a literatura médica brasileira sobre o TDAH e é


de destinada a profissionais, estudantes, pesquisadores da área
biomédica, educadores, pacientes, familiares, legisladores e a
aqueles interessados em compreender esse transtorno que afeta a
22
vida de inúmeras pessoas, prejudicando sua existência e trazendo
sofrimento não somente a elas, mas às suas famílias e à sociedade.

Para realizar a leitura, acesse nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Minha Biblioteca.

NARDI, A. E.; QUEVEDO, J.; SILVA, A. G. Transtorno de déficit de atenção/


hiperatividade: teoria e clínica. Porto Alegre: ArtMed, 2015.

Indicação 2

No livro indicado, o autor afirma que a epidemia do TDAH é uma


consequência das exigências mais severas em relação à educação
dos filhos; maior consumo de games e outras mídias que induzem
a ansiedade, níveis altos de estresse infantil e familiar, e esclarece
outras questões polêmicas sobre o transtorno.

Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca e


busque pelo título da obra.

ARMSTRONG, T. O mito do TDAH infantil: 101 maneiras de melhorar o


comportamento e a atenção de seu filho sem medicamentos, rótulos ou
coerção. Barueri: Manole, 2019.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de

23
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade


(TDAH), assinale a alternativa correta:

a. O TDAH se manifesta pela desatenção e hiperatividade, de


acordo com o que é esperado para a idade do indivíduo.
b. O TDAH se manifesta pela extrema dificuldade em manter a
atenção, controlar impulsos e autorregular a atividade motora.
c. O TDAH pode ser observado apenas após a escolarização,
mediante a constatação de frequentes e permanentes
conflitos de comportamento.
d. O TDAH é causado por fatores ambientais, sem a atuação de
fatores genéticos e neurológicos.
e. O TDAH tem início na adolescência e idade adulta e os
sintomas trazem prejuízos à vida escolar e profissional.

2. Sobre os sintomas de TDAH do tipo desatenção, assinale a


alternativa correta:

a. Excessiva agitação e impulsividade.


b. Não prestar atenção em detalhes das situações.
c. Falar exageradamente ou quando não deveria.
d. Atender rapidamente quando a pessoa é chamada.
e. Impaciência para esperar a sua vez nas atividades.

GABARITO

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Questão 1 - Resposta B
Resolução: O Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) é uma desordem específica do
desenvolvimento, manifestada pela extrema dificuldade em
focalizar a atenção e autorregular os impulsos motores em
qualquer situação e ambiente. O Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH) se caracteriza por um quadro
de desatenção e hiperatividade-impulsividade excessivas
diante do que é esperado para a idade do indivíduo. O TDAH
pode ser observado ainda antes da escolarização, mediante
a constatação de frequentes e permanentes conflitos de
comportamento. O TDAH é causado por fatores genéticos e
neurológicos e ambientais. O TDAH tem seu início na infância
ou na adolescência e não na adolescência e idade adulta.
Questão 2 - Resposta E
Resolução: O TDAH do tipo desatento tem como sintoma
característico a ausência ou baixa atenção do indivíduo a
detalhes. Falar exageradamente ou quando não deveria e
impaciência para esperar a vez nas atividades são sintomas
típicos do TDAH do tipo hiperativo-impulsivo. Atender
rapidamente quando é chamado, não é indicativo de TDAH.

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 3

Transtornos de Aprendizagem
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Fernanda Otoni
DIRETO AO PONTO

Olá, estudante! Seja bem-vindo (a)!

Abordaremos os principais aspectos dos Transtornos Específicos do


Desenvolvimento das Habilidades Escolares (F81), conceito utilizado
no documento Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde – CID-10 (OMS, 2020). Além disso,
apresentaremos o conceito similar a esse no DSM – 5 (APA, 2014).

No CID – 10 (OMS, 2020), transtorno é o conceito utilizado para


evitar o uso de termos como doença ou enfermidade. Indica
a existência de sintomas ou comportamentos clinicamente
reconhecíveis associados, na maioria dos casos, a sofrimento e a
uma interferência em funções pessoais.

Os Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades


escolares (F81) são conceituados como transtornos em que
os parâmetros normais de aquisição de habilidades são
comprometidos desde a primeira infância. Não parecem ser
consequência da falta de oportunidade de aprendizagem, nem de
traumatismos ou de doenças cerebrais adquiridas.

Possivelmente, são causados por comprometimentos no processo


de cognição, por alguma disfunção biológica (CID - 10, 2020).

O diagnóstico dos transtornos das habilidades escolares pode ser


realizado a partir alguns indicadores, como:

• Iniciam no decorrer da primeira infância.

• São crônicos, mas os sintomas podem diminuir


progressivamente com o desenvolvimento.

27
• Não são variações normais no desempenho escolar,
especialmente no primeiro e segundo ano de escolaridade.

• A dificuldade ou atraso na idade apresentada é


significativamente diferente da dificuldade ou atraso em idade
posterior e se mantém a mesma ao longo do tempo.

• As habilidades escolares são o produto do processo de


ensino-aprendizagem, não apenas o resultado da maturação
biológica ou da genética, e dependem de fatores familiares, da
qualidade do ensino e de características individuais.

A categoria Transtornos Específicos do Desenvolvimento das


Habilidades Escolares (F81), se divide nas seguintes subcategorias:

Quadro 1 - Transtornos Específicos do Desenvolvimento das


Habilidades Escolares (F81)
F81 - Transtornos Específicos do Desenvolvimento
das Habilidades Escolares
F81.0 Transtorno específico da leitura.
F81.1 Transtorno específico do soletrar.
F81.2 Transtorno específico de habilidades aritméticas.
F81.3 Transtorno misto das habilidades escolares.
F81.8 Outros transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares.
F81.9 Transtornos do desenvolvimento das habilidades
escolares, não especificados.

Fonte: adaptado de CID – 10 (OMS, 2020).

Os Transtornos Específicos do Desenvolvimento das Habilidades


Escolares são os transtornos que se manifestam por meio de
comprometimentos na aprendizagem das habilidades escolares,
mas que não resultam de outros transtornos (deficiência intelectual,
problemas visuais ou auditivos não corrigidos ou perturbações

28
emocionais), apesar de poderem acontecer de forma simultânea
com essas condições em um número restrito de casos (OMS, 2020).

As causas dos Transtornos Específicos do Desenvolvimento das


Habilidades Escolares não são conhecidas como um todo, mas
a interação dos fatores biológicos (alterações no funcionamento
de determinadas áreas do encéfalo) com fatores ambientais, é a
hipótese mais provável.

É importante, para o diagnóstico, que o aparecimento dos


transtornos ocorra nos primeiros anos de escolaridade, pois o
atraso no desempenho em estágios posteriores pode ocorrer devido
à desinteresse, ensino de má qualidade, perturbações emocionais
e/ou ao aumento/ alteração nas exigências acadêmicas, o que
não é classificado nos critérios para o Transtornos Específicos do
Desenvolvimento das Habilidades Escolares.

Já no DSM – 5, o Transtorno Específico da Aprendizagem é alocado


na categoria Transtornos do Neurodesenvolvimento e é subdividido
em com Transtorno Específico da Aprendizagem prejuízo na leitura
(315.0), Transtorno Específico da Aprendizagem com prejuízo na
expressão escrita (315.2) e Transtorno Específico da Aprendizagem
com prejuízo na matemática (315.1). (APA, 2014).

Referências bibliográficas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais – DMS – 5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CID­10 - Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Porto Alegre:
ArtMed, 2020.

29
PARA SABER MAIS

Você conhece os diferentes termos usados para se referir às


alterações no processo de aprendizagem?

Muitas pesquisas foram realizadas, desde a década de 1990,


sobre as alterações no processo de aprendizagem. Entretanto,
os resultados dessas pesquisas, especialmente no campo das
concepções, na maioria das vezes, são divergentes entre si, criando
polêmicas e questionamentos para leigos e profissionais da área de
educação.

Os termos distúrbios e dificuldades de aprendizagem têm sido sendo


utilizados, de forma aleatória, para se referir a quadros diagnósticos
diferentes, na literatura da área e na como na prática clínica e
escolar.

A utilização dos conceitos de distúrbios, problemas e dificuldades de


aprendizagem vem se apresentando como um dos aspectos mais
complexos e inconclusivos para os estudiosos desse assunto nos
cursos da área de Neuropsicologia, Psicologia, Psicopedagogia e
Pedagogia.

Entretanto, há certo consenso de que os defensores da abordagem


comportamentalista costumam utilizar mais o conceito de distúrbio
de aprendizagem, enquanto os socioconstrutivistas parecem ser mais
adeptos do conceito de dificuldade de aprendizagem.

A distinção feita entre os termos distúrbios e dificuldades de


aprendizagem está baseada na concepção de que o termo distúrbio
pressupõe a existência de comprometimentos do sistema nervoso
central, em funções corticais específicas, sendo, assim, mais utilizado
pela perspectiva clínica.

30
Já o conceito de dificuldade estaria mais relacionado a problemas
de ordem pedagógicas e/ou socioculturais, pressupondo que o
problema não estaria centrado no sistema nervoso central, mas
no contexto de vida e experiências acadêmicas do sujeito, e é mais
frequentemente utilizado em uma perspectiva preventiva do que
remediativa de tratamento.

Referências bibliográficas
MOOJEN, S. Dificuldades ou transtornos de aprendizagem? In: Rubinstein, E.
(org.). Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 1999.

TEORIA EM PRÁTICA

Ana tem seis anos e está cursando o primeiro ano, do primeiro


ciclo do ensino fundamental. Sua professora diz que ela apresenta
algumas dificuldades para ser alfabetizada, fazendo trocas entre os
fonemas PA e BA, lê com muita insegurança e tem muito medo de
ser avaliada e de fracassar.

Segundo a professora, as dificuldades de Ana ocorrem há pelo


menos dois meses, não são constantes, já que, em determinados
momentos, ela lê e escreve sem maiores dificuldades. Além
disso, não foram observados problemas de desenvolvimento e
de aprendizagem antes do início do processo de alfabetização. A
professora suspeita que Ana tenha Dislexia.

Os pais de Ana disseram que não foram observados problemas de


desenvolvimento e de aprendizagem antes do início do processo de
alfabetização, mas que ela é muito tímida e insegura, especialmente
quando se sente avaliada por outras pessoas.

31
Diante do caso, responda: de acordo com o que foi colocado pela
professora, pode-se levantar, com certeza, a hipótese de que Ana
apresenta Dislexia?

Justifique a resposta acima, de acordo com as informações


existentes no material da unidade.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

32
Indicação 1

As dificuldades e os distúrbios de aprendizagem são vivenciados


por muitas crianças e adolescentes no cotidiano das escolas e são
motivos de preocupação para professores, pais e profissionais de
saúde. Conhecer e identificar essas condições é um importante
passo para o diagnóstico e o tratamento desses casos.

Para realizar a leitura, acesse nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Pearson 3.0.

FARIAS, E. R. S. Dificuldades e distúrbios de aprendizagem. Coleção


Panoramas da Psicopedagogia. Curitiba: Intersaberes, 2019.

Indicação 2

A dislexia de desenvolvimento ou transtorno específico de


aprendizagem da leitura é caracterizada por dificuldades para ler
de forma correta e fluente, que não são consistentes com a idade
cronológica, as oportunidades educacionais ou as habilidades
intelectuais. Apesar da presença do tema em inúmeros estudos nas
mais diversas áreas, o enfoque neuropsicológico interdisciplinar
no Brasil não é o preponderante nas produções em forma de
livro, sendo essa publicação importante para os profissionais e
estudantes que gostariam de se aprofundar nas discussões acerca
deste transtorno.

Para realizar a leitura, acesse nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Pearson 3.0.

NAVAS, A. L.; SALLES, J. S. (orgs.). Dislexias do desenvolvimento e adquiridas.


Neuropsicologia na Prática Clínica. São Paulo: Pearson Brasil, 2017.

33
QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Sobre as causas dos Transtornos Específicos do


Desenvolvimento das Habilidades Escolares (F81) proposta
pelo CID-10, assinale a alternativa correta:

a. São a consequência da falta de oportunidade de aprender.


b. São decorrentes de traumatismo ou de doença cerebral
adquirida.
c. São decorrentes de algum tipo de disfunção biológica.
d. São decorrentes de ensino de má qualidade.
e. São a interação da ação de fatores biológicos e ambientais.

2. Sobre os critérios diagnósticos para os Transtornos


Específicos do Desenvolvimento das Habilidades Escolares,
assinale a alternativa correta:

a. Iniciam-se no decorrer da adolescência.


b. São pontuais e os sintomas aumentam progressivamente
c. Não são variações típicas do desempenho escolar.

34
d. Resultam da deficiência intelectual e de perturbações
emocionais.
e. São o resultado da maturação biológica ou de determinação
genética.

GABARITO

Questão 1 - Resposta E
Resolução: Pressupõe-se que as causas dos Transtornos
Específicos do Desenvolvimento das Habilidades Escolares
sejam a combinação da ação de fatores biológicos, como
nas alterações do funcionamento de determinadas áreas do
encéfalo, com fatores ambientais.
Questão 2 - Resposta C
Resolução: Um dos indicadores do diagnóstico dos
transtornos de aprendizagem é que esses não são típicos do
desempenho escolar, especialmente no primeiro e segundo
ano de escolaridade. Os demais iniciam no decorrer da
primeira infância; são crônicos, mas os sintomas podem
diminuir progressivamente com o desenvolvimento; não são
resultados de deficiência intelectual, alterações sensoriais e de
perturbações emocionais; não são o resultado da maturação
biológica ou de determinação genética; dependem de fatores
como as circunstâncias familiares e a qualidade do ensino, além
das características individuais.

35
INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 4

Deficiência Intelectual
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Fernanda Otoni
DIRETO AO PONTO

Olá, estudante! Seja bem-vindo (a)!

Analisaremos as principais informações acerca da definição de


deficiência intelectual.

A definição de deficiência intelectual é a de uma condição que reduz,


de forma significativa, a capacidade intelectual, ou seja, interfere
no funcionamento cognitivo e no comportamento adaptativo do
indivíduo, levando a uma defasagem significativa nas respostas
esperadas para idade e contexto sociocultural.

A deficiência intelectual é considerada uma categoria com


características diagnósticas, conjunto de causas e modo de avaliação
complexos, o que leva a uma variedade de definições (JÚLIO-COSTA
et al., 2016).

A primeira definição de deficiência mental ocorre em 1908, pela


atual Associação Americana de Transtornos Intelectuais e do
Desenvolvimento (AAIDD), antiga Associação Americana de Retardo
Mental (AAMR).

No passado, o uso do termo retardo mental foi substituído pelo


termo deficiência intelectual, devido ao seu caráter negativo e às
divergências em relação ao quadro observado na população (JÚLIO-
COSTA et al., 2016).

No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM –


V), a deficiência intelectual está classificada na categoria Transtornos
do Neurodesenvolvimento (APA, 2014).

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais


(DSM – V) identifica a deficiência intelectual em relação aos

37
déficits apresentados pelo indivíduo na capacidade de raciocínio
lógico-matemático, de pensamento abstrato, na identificação,
planejamento e solução de problemas, na aprendizagem acadêmica
e aprendizagem pela experiência (JÚLIO-COSTA et al., 2016).

Ainda de acordo com o DSM – V, a deficiência mental é o estado


significativo de redução do funcionamento intelectual em nível
inferior à média da população, com a associação de limitações para
a comunicação, para cuidar de si mesmo, para as habilidades sociais,
para a utilização de recursos comunitários, para o desenvolvimento
de autonomia, para o desempenho escolar, no trabalho e no lazer
(APA, 2014).

A pessoa com deficiência intelectual apresenta dificuldades para


aprender, entender e realizar atividades simples, fáceis e comuns
para as outras pessoas que apresentam, ainda, comportamentos
incompatíveis com sua idade cronológica.

Já a Classificação Internacional de Doenças (CID – 10) denomina


a deficiência intelectual como retardo intelectual e as classifica em
retardo leve, moderado e profundo, de acordo com o grau de
comprometimento ou prejuízo das funções relacionadas (OMS,
2020).

Sobre a caracterização dos níveis de deficiência mental, em geral,


são usadas as técnicas psicométricas para a medição do coeficiente
de inteligência (Q.I). e que implicam em cinco graus de deficiência
mental (OMS, 2020).

38
Figura 1 - Classificação de deficiência intelectual

Fonte: adaptado de CID - 10 (OMS, 2020).

Acerca da avaliação neuropsicológica da deficiência intelectual,


acontece por meio da realização de entrevista clínica, realizada
com os pais ou responsáveis, pelo indivíduo e pela entrevista de
anamnese.

Além disso, a aplicação de testes psicométricos de inteligência,


especialmente as Escalas de Inteligência Wechsler para Crianças ou
Adultos (WISC e WAIS), são consideradas ferramentas completas
para avaliar o funcionamento intelectual (JÚLIO-COSTA, 2016).

Referências bibliográficas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais – DMS - V. Porto Alegre: Artmed, 2014.
JÚLIO-COSTA, A. et al. Como avaliar suspeita de deficiência intelectual. In:
MALLOY-DINIZ, L. F. et al. (orgs) Neuropsicologia: aplicações clínicas. Porto
Alegre: Artmed, 2016.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CID­10 - Classificação estatística
internacional de doenças e problemas relacionados à saúde. Porto Alegre:
ArtMed, 2020.

39
PARA SABER MAIS

De acordo o Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (CAPE),


da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, a alteração
do termo retardo intelectual para deficiência intelectual, teve
como objetivo tornar o conceito menos ofensivo às pessoas com
deficiência, além de:

• Maior coerência com a tecnologia utilizada internacionalmente.

• Ênfase no fato que a deficiência intelectual não é considerada


um traço absoluto e invariável da pessoa.

• Alinhamento às práticas profissionais que se concentram na


prestação de apoios adaptados às pessoas, a fim de melhorar
o funcionamento em ambientes específicos.

• Abertura de espaço para a compreensão de busca de uma


identidade para essa deficiência, com princípios relativos ao
bem-estar subjetivo, orgulho e engajamento político, entre
outros.

Em relação aos mitos que envolvem o trabalho com indivíduos com


deficiência intelectual, o Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado
(NAPE) esclarece que o maior deles é sobre a generalização da
dotação intelectual das pessoas com deficiência intelectual a um
nível extremamente baixo.

Essa generalização leva à implementação de ações educativas que


desconsideram o fato de que cada aluno é diferente do outro,
devido suas experiências de vida, e cada um é capaz de aprender e
de expressar um tipo de conhecimento.

No contexto escolar, de modo geral, observa-se que o aluno


com deficiência intelectual tem mais dificuldade para construir
40
conhecimento e demonstrar sua capacidade cognitiva,
principalmente, em escolas que mantêm um modelo mais
tradicional de ensino e uma gestão autoritária e centralizadora,
pois, nessas, há um acentuamento da inibição, dos sintomas e
agravamento das dificuldades desses alunos (BRASIL, 2012).

Referências bibliográficas
BRASIl. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria da Educação. Núcleo de
Apoio Pedagógico Especializado. Deficiência intelectual: realidade e ação. São
Paulo, 2012.

TEORIA EM PRÁTICA

Os pais de Gustavo, de sete anos, que cursa o segundo ano, do


primeiro ciclo do Ensino Fundamental, procura você, especialista em
Neuropsicologia, pois a professora levantou a hipótese de que ele
apresenta deficiência intelectual.

De acordo com a docente, Gustavo tem muitas dificuldades para


aprender conteúdos abstratos, para resolver situações-problema
simples e para aprendizagem da leitura, escrita e conceitos lógico-
matemáticos.

Os problemas de Gustavo são recorrentes e, apesar das tentativas


da docente, ele não apresenta muitos avanços nos estudos.

Os pais de Gustavo dizem que ele sempre apresentou certa lentidão


no desenvolvimento psicomotor e da linguagem e na aprendizagem,
já apresentava dificuldades para nomear cores, formas geométricas
e outros conteúdos simples.

Diante do exposto, responda:

41
• Como você, enquanto neuropsicólogo (a), deve encaminhar
essa avaliação?

• Justifique a resposta acima, de acordo com as informações


existentes no material da unidade.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

42
Indicação 1

A obra auxilia, de forma abrangente, a compreender o trabalho e o


desenvolvimento de competências de crianças e adolescentes com
deficiência intelectual, especialmente docentes.

Para realizar a leitura, acesse nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Pearson 3.0.

TRANCOSO, B. S. Deficiência intelectual: da eliminação à exclusão. Série


Pressupostos da Educação Especial. Curitiba: Intersaberes, 2020.

Indicação 2

A definição de deficiência intelectual passou por diversas evoluções


em seu processo de conceitualização e a obra apresenta uma
abordagem histórica desses conceitos, do conceito de inteligência e
das chamadas altas habilidades.

Para realizar a leitura, acesse nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Pearson 3.0.

CORSO, A. M. S. Deficiência intelectual e altas habilidades. Curitiba:


Contentus, 2020.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco

43
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Sobre a definição de deficiência intelectual, assinale a alternativa


correta:

a. É uma condição que leva à redução significativa da capacidade


intelectual de um indivíduo.
b. É uma deficiência que leva a uma pequena defasagem nas
respostas esperadas para idade e contexto sociocultural do
indivíduo.
c. É o estado de redução moderada do funcionamento
intelectual em nível inferior à média da população.
d. É considerada uma categoria com causas e avaliação
relativamente simples e com poucas definições.
e. A primeira definição dessa condição ocorreu em 2007, pela
Associação Americana de Transtornos Intelectuais e do
Desenvolvimento (AAIDD).

2. Sobre as características das pessoas com deficiência


intelectual, assinale a alternativa correta:

a. Têm facilidade na identificação, planejamento e solução de


problemas do cotidiano.
b. Apresentam bom desempenho na aprendizagem acadêmica e
aprendizagem pela experiência.
c. Apresentam bom potencial para os autocuidados, as
habilidades sociais e a utilização de recursos comunitários.
d. Apresentam déficits na capacidade de raciocínio lógico-
matemático e de pensamento abstrato.

44
e. Têm boa autonomia e habilidades para a utilização nos
contextos escolar, de lazer e de trabalho.

GABARITO

Questão 1 - Resposta A
Resolução: A deficiência intelectual é considerada uma
condição que leva à redução significativa da capacidade
intelectual de um indivíduo e a uma defasagem alta nas
respostas esperadas para idade e contexto sociocultural do
indivíduo. É o estado de redução acentuada no funcionamento
intelectual em nível inferior à média da população e
é considerada uma categoria com causas e avaliação
relativamente complexas e com muitas definições. A primeira
definição ocorreu em 1908, pela, então, Associação Americana
de Retardo Mental (AAMR).
Questão 2 - Resposta D
Resolução: As pessoas com deficiência intelectual apresentam
déficits significativos na capacidade de raciocínio lógico-
matemático e no pensamento abstrato. Apresentam
dificuldades para identificar, planejar e solucionar de situações-
problema no cotidiano. Apresentam desempenho deficitário
na aprendizagem acadêmica e pela experiência. Apresentam
limitações para os autocuidados, habilidades sociais e a
utilização de recursos comunitários. Apresentam pouca
autonomia e nas habilidades para o contexto escolar, de lazer e
trabalho.

45
BONS ESTUDOS!

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