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Transtorno do espectro autista (tea)

Alunas: Thaise Tomaz de Souza, Gabriela Brumati da Mata, Renata Guidetti Romera

História do autismo
 O médico psiquiatra Léo Kanner (1943), definiu o autismo infantil em Distúrbio
Autistico do Contato Afetivo, condição está com comportamentos específicos tais
como: perturbações das relações afetivas com o meio, solidão autistica extrema,
inabilidade no uso da linguagem para comunicação, presença de boas
potencialidades cognitivas, aspecto físico aparentemente normal, comportamentos
ritualísticos, inicio precoce e incidência predominante no sexo masculino.

 Asperger em 1944 sugeriu em seu estudo a definição de um distúrbio que o próprio


intitulou Psicopatia Autistica, manifestada por transtorno severo na interação social,
uso afetado da fala, desajeitamento motor e incidência apenas no sexo masculino.
Asperger utilizou de alguns casos clínicos, caracterizando a história familiar,
aspectos físicos e comportamentais, desempenho nos testes de inteligência, além de
enfatizar a preocupação com a abordagem educacional destes indivíduos.

Ambos os trabalhos (de Kanner e Asperger) tiveram impacto na literatura mundial.

Discussão sobre a causa do TEA


Conforme a OMS, em 2010 0,76% das crianças do mundo estavam dentro do
espectro, tal estimativa foi baseada em pesquisas de países que representam apenas 16%
da população infantil global.

A principal discussão sobre TEA, é descobrir se a incidência e prevalência mundial


tem aumentado estatisticamente.

Recentemente estudos apontam que a Coréia do Sul, entre 2005 – 2009, era o país
de maior prevalência mundial, com 2,64%, para crianças de 7 a 12 anos (KIM et al., 2011).
Segundo XU, et al (2018) esse dado foi atualizado para o Estados Unidos da América
(EUA), entre os anos de 2014 e 2016, no qual 2,47% das crianças e adolescentes tendem
ao espectro. Dados epidemiológicos mundiais estimam que a cada 88 nascidos vivos 1
apresenta TEA, acometendo em maior frequência o sexo masculino (BARBOSA e
FERNANDES, 2009)
Variadas definições sobre o autismo são abordadas na literatura, com sua etiologia
podendo ser proveniente de fatores genéticos, síndrome provocada ao transcorrer no
período pré-natal ou fatores ambientais, gerando um enigma que dificulta o diagnóstico
precoce, caracterizando-se por um distúrbio multifatorial (CUNHA, 2010; CAMPOS, 2019).
Isaías (2019) cita que mesmo havendo um conhecimento já concebido sobre as bases
genéticas, poucos são os estudos a respeito da fisiopatologia e etiologia do TEA,
ocasionando falta de consenso. Acredita-se que a hereditariedade em conjunto com
intercorrências pré, peri e pós-natal podem ser indicativos para a manifestação do TEA. É
valido ressaltar que existem diversos fatores patológicos que possam provocar a
manifestação do transtorno (REGO, 2012).

Segundo a organização Mundial da saúde (OMS), na Classificação Internacional


das Doenças CID-10 F84.0 (2000)
Autismo infantil é um Transtorno global do desenvolvimento caracterizado por:
a) Um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos;
b) Apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos
três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento
focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de
numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo fobias, perturbações de
sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (autoagressividade).

Segundo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-V


(2013) O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades
de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos.
O Transtorno do espectro Autista (TEA) de acordo com o DSM-V
 Os transtornos tipicamente se manifestam na primeira infância
em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits
no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico
ou profissional.
 Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na
aprendizagem ou no controle de funções executivas até prejuízos globais em habilidades
sociais
ou inteligência.
 É frequente a ocorrência de mais de um transtorno do neurodesenvolvimento;
por exemplo, indivíduos com transtorno do espectro autista frequentemente apresentam
deficiência
intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual),

Critérios para diagnóstico com relação ao grau de gravidade

Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico


• Muitas vezes está acompanhada de Deficiência Intelectual
• Atraso na fala, compreensão da linguagem e uso funcional
• Déficits motores; marcha atípica, falta de coordenação e outros sinais motores
anormais (p. ex., caminhar na ponta dos pés).
• Pode ocorrer autolesão (p. ex., bater a cabeça, morder o punho)
• Comportamentos disruptivos/desafiadores são mais comuns em crianças e
adolescentes com transtorno do espectro autista do que em outros transtornos
• Adolescentes e adultos com transtorno do espectro autista são propensos
a ansiedade e depressão. Alguns indivíduos desenvolvem comportamento motor
semelhante à catatonia (lentificação e “congelamento” em meio a ação).
O NIVEL DE SEVERIDADE DO TEA E CLASSIFICADO DE ACORDO COM
ANECESSIDADE DE APOIO PARA SUAS ATIVIDIDADES DE VIDA DIARIA

Nível 1 — Autismo leve


As pessoas que se enquadram no nível 1 do TEA, apresentam sintomas menos graves, por
isso é denominado como autismo leve.
Nível 2 — Autismo moderado
As pessoas com nível 2 de autismo precisam de mais suporte do que as com autismo leve.
Nível 3 — Autismo severo
As pessoas com autismo nível 3, precisam de muito apoio, já que é a forma mais grave do
TEA.

Intervenção
A Análise do Comportamento Aplicada (ou ABA, do inglês Applied Behavior
Analysis) é um conjunto de práticas científicas embasadas nos pressupostos fundamentais
da abordagem da psicologia analítico-comportamental proposta por B. F. Skinner, aplicadas
a comportamentos socialmente relevantes (ou seja, que trazem impacto para a vida do
indivíduo e daqueles que o cercam).

O uso da Análise Comportamental Aplicada voltada para o autismo baseia-se em


diversos passos:

1- Avaliação inicial,

2- Definição de objetivos a serem alcançados,

3- Elaboração de programas/procedimentos,

4- Ensino intensivo,

5- Avaliação do progresso.

O tratamento comportamental caracteriza-se, pela experimentação, registro e


constante mudança. A lista de objetivos a serem alcançados é definida pelo profissional,
juntamente com a família com base nas habilidades iniciais do indivíduo. Assim, o
envolvimento dos pais e de todas as pessoas que participam da vida da criança é
fundamental durante todo o processo.

A intervenção ABA tem seus princípios baseadas na aprendizagem sem erro, onde
a criança recebera sempre uma ajuda para realização e aprendizagem das habilidades em
déficits.

ABA consiste no ensino intensivo das habilidades necessárias para que o indivíduo
diagnosticado com autismo ou transtornos invasivos do desenvolvimento se torne o mais
independente possível. O tratamento baseia-se em anos de pesquisa na área da
aprendizagem e é hoje considerado como o mais eficaz.

MÉTODOD DE ABORDAGEM PECS

O Picture Exchange Communication System (PECS), em português, Sistema de


Comunicação por Troca de Figuras.

Ele não requer materiais complexos ou caros e foi desenvolvido tendo em vista educadores,
cuidadores e familiares, o que permite sua utilização em uma multiplicidade de ambientes.
Fases do PECS:

Fase I - Ensina os alunos a iniciarem a comunicação desde o início por meio da troca de
uma figura por um item muito desejado.

Fase II - Ensina os alunos a serem comunicadores persistentes - ativamente irem à busca


de suas figuras e irem até alguém e fazerem uma solicitação.

Fase III - Ensina os alunos a discriminar figuras e selecionar uma figura que represente um
objeto que eles querem.

Fase IV - Ensina os alunos a usarem uma estrutura na frase para fazer uma solicitação na
forma de “Eu quero”.

Fase V - Ensina os alunos a responderem a pergunta “O que você quer?” Fase VI - Ensina
os alunos a comentarem sobre coisas no ambiente deles, tanto espontaneamente como em
resposta a uma pergunta. Expandindo o vocabulário - Ensina os alunos a utilizarem
atributos, como cores, formas e tamanhos, dentro das solicitações deles.

Método de abordagem Floortime


Desenvolvido pelo psiquiatra infantil Stanley Greenspan, Floortime é um método de
tratamento que leva em conta a filosofia de interagir com uma criança autista.

A meta no Floortime é desenvolver a criança dentro dos 6 marcos básicos para a


exatidão do desenvolvimento emocional e intelectual do indivíduo. No Floortime, os pais
entram numa brincadeira que a criança goste ou se interesse e segue aos comandos que a
própria criança conduz. A partir dessa ligação mútua, os pais ou o adulto envolvido na
terapia, são instruídos em como mover a criança para atividades de interação mais
complexa, um processo conhecido como "abrindo e fechando círculos de comunicação".

Floortime não separa ou foca nas diferentes habilidades da fala, habilidades


motoras ou cognitivas, mas guia essas habilidades propriamente, enfatizando o
desenvolvimento emocional. A intervenção é chamada Floortime porque os adultos vão para
o chão, para poder interagir com a criança no seu nível e olho no olho.

Método de abordagem Padovan


Este método tem por objetivo alcançar a estruturação da organização
neurofunicional através do: andar, falar e pensar.
A Reorganização Neurológica consiste na recapitulação daquelas fases do desenvolvimento
natural do ser humano, que, dessa forma, vai preencher eventuais falhas da Organização
Neurológica original. Quando o processo da Organização Neurológica apresenta alguma
falta ou falha em seu desenvolvimento, pode-se, através da Reorganização Neurológica,
impor os movimentos de cada fase, utilizando-se de exercícios específicos que recapitulam
o processo do ANDAR, desde os seus movimentos mais primitivos até o indivíduo alcançar
a postura ereta, dominando o espaço com ritmo e equilíbrio.

Trabalhando a maturação do andar, atingimos consequentemente o FALAR, que


também é trabalhado com exercícios para a reeducação das Funções Reflexo-Vegetativas
Orais, (respiração, sucção, mastigação e deglutição). Ajudando o indivíduo a melhor
expressar seus sentimentos e emoções - equilíbrio psicoemocional - trabalhamos o
PENSAR, abrangendo também áreas específicas da percepção auditiva e visual (atenção,
memória, discriminação, análise-síntese) e processos do desenvolvimento da fala,
linguagem espontânea (fluência e ritmo) e da leitura e escrita.

Atuação fonoaudiológica no tea


Contudo que foi explanado e das alterações que o TEA acarreta, torna-se
imprescindível a atuação multidisciplinar para o desenvolvimento dos autistas, dentre os
profissionais que compõem a equipe multi se destaca o fonoaudiólogo, que irá intervir
diretamente (com as inabilidades da criança) e indiretamente (com o meio em que a criança
está inserida) nas habilidades de comunicação e socialização.

A intervenção fonoaudiológica tem como finalidade proporcionar para a criança


autonomia e utilizar a linguagem funcionalmente para interação com o meio em que vive.

A atuação do fonoaudiólogo no processo de desenvolvimento da linguagem do TEA


é essencial, por ser uma das áreas com comprometimentos importantes, marcado por
atrasos ou ausências dos parâmetros de expansão de linguagem, portanto, é a habilidade
que recebe maior destaque para atuação fonoaudiológica.

Os comprometimentos nessa habilidade são caracterizados por dificuldades nos


aspectos pragmáticos, semânticos, para linguísticos, sintático, fonético e fonológico.

Dentre essas alterações algumas são dispostas respectivamente como dificuldades


em: iniciar e manter interação, interpretar o discurso do interlocutor, contato visual, balbucio,
compreensão, vocabulário expressivo e receptivo, linguagem metafórica, estrutura frasal,
prosódia, comunicação, linguagem estereotipada (ecolalia muitas vezes sem intenção
comunicativa)

É fundamental que o fonoaudiólogo tenha um olhar individualizado e clínico para as


necessidades do sujeito.
Referências:

Cruz, et al -INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO


DO ESPECTRO AUTISTA (Goiania-2020)

Nazari, et al- TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DISCUTINDO O SEU CONCEITO


E MÉTODOS DE ABORDAGEM PARA O TRABALHO (Uberlândia -2018)

Organização Mundial da saúde (OMS), na Classificação Internacional das Doenças CID-10


F84.0 (2000)

Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-V (2013)

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