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ATIVIDADE AVALIATIVA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSTORNO DO ESPECTRO


AUTISTA: INTERVENÇÕES MULTIDISCIPLINARES EM CONTEXTOS
INTERSETORIAIS

INTRODUÇÃO AO CONCEITO DO ESPECTRO AUTISTA

1- Como surgiu o conceito de autismo? Faça uma breve revisão histórica


até o DSM-5.
Tudo iniciou com o Psiquiatra Hery Maudsley (1867), sendo ele o primeiro a dar
mais atenção as crianças com transtornos mentais severos, nesta época,
esses transtornos eram considerados “psicoses”. Plouller (1096) veio a
introduzir o adjetivo, hoje conhecido, como autista na literatura psiquiátrica.
Essa denominação foi inserida quando o pesquisador estudava o processo de
pensamento de pacientes com diagnóstico de demência precoce ou demência
infantil – Esquizofrenia. Eugen Bleuler (1911), também psiquiatra, definiu o
termo autismo ao apontar o comportamento como um dos sintomas
fundamentais da esquizofrenia, definindo-o como perda de contato com a
realidade, causada pela impossibilidade ou grande dificuldade na comunicação
interpessoal, e com o mundo externo, isso ocorreu no início do século 20.
Loretta Bender (1937) vem estabelecer a diferença entre a esquizofrenia em
crianças e adultos, sendo a esquizofrenia infantil uma perturbação que toca o
desenvolvimento de uma criança, como mecanismo de defesa secundário, uma
volta a si mesmo para se proteger dos efeitos da dissociação ou falta de
integração das ideias e sentimentos. Leo Kanner (1943) realizou um estudo
com onze crianças de 05 a 11 anos de idade, teve contato com Donalt T., um
menino com um problema que seria denominado, posteriormente, como
autismo. Ao escrever o ensaio “Distúrbio Autístico do Contato Afetivo” no qual
oficializou o termo “Autismo Infantil”, separando-o da esquizofrenia. Hans
Asperger (1944) foi o pediatra que descreveu um padrão de comportamento:
falta de empatia, baixa capacidade de formar amizades, conversação unilateral,
intenso foco em um assunto de interesse especial e movimentos
descoordenados, seu maior mérito foi destacar que muitos tinham habilidades
impressionantes. Em meados do século 20 o autismo foi considerado por
muitos anos como tendo suas raízes na rejeição dos pais à crianças. Nasce,
desta forma a “teoria da mãe geladeira” afirmando que a paternidade fria e
indiferente era a causa do autismo, essa foi uma proposta feita por Leo Kanner
em 1949, como consequência houveram inúmeros suicídios, por se tratar de
uma teoria infundada, logo foi extinguida. Nos anos desde as primeiras
explorações da neurociência do autismo, muitas descobertas foram apoiadas e
esclarecidas, destacando que o autismo é claramente um distúrbio que se
baseia no cérebro. A partir desta digressão histórica, podemos entender que
para chegarmos no que conhecemos como Transtorno do Espectro Autista –
TEA pautado no DSM -5, foram anos de pesquisas, de denominações que não
faziam sentido a como o transtorno realmente se apresenta, no entanto, a
importância que os diversos estudos tiveram não se pode deixar de evidenciar.
2- Quais foram as principais mudanças no diagnóstico do autismo que
ocorreram com o DSM-5?
No DSM I e II (APA, 1952; 1968), o diagnóstico era de Esquizofrenia Infantil, no
DSM III (APA, 1980) tinha-se Transtornos Crônicos da Infância, caracterizados
por prejuízos graves e abrangentes em diversas áreas do desenvolvimento,
como: habilidades da comunicação, interação social, comportamento e
interesses restritivos e atividade estereotipada. O DSM IV (APA, 2000) traz o
diagnostico de Transtornos Globais do Desenvolvimento, com caracterização
de Autismo Clássico; Transtorno de Asperger; Transtorno de Rett; Transtorno
Desintegrativo da Infância; TID-SOE (Transtorno invasivo do desenvolvimento
– sem outras especificações). O DSM V (APA, 2013) usado atualmente, traz
em seu diagnóstico o termo Transtorno do Espectro Autista, com níveis 1, 2 e
3. Dessa forma, podemos notar que antes do DSM V o TEA tinha
classificações separadas e que não davam precisão no diagnóstico.
3- É correto utilizar termos como síndrome de Asperger, autismo de alto
funcionamento?
Não, pois estas denominações encontram-se apenas no CID – 10, que por sua
vez entra em contraponto ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
mentais (DSM-5), que traz em seu diagnóstico os níveis de gravidade
presentes no TEA.
4- A denominação Transtorno Invasivo do Desenvolvimento foi criada em
qual DSM? E o termo Transtorno Global do Desenvolvimento? É correto utilizá-
los atualmente?
A denominação Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID) e Transtornos
Globais do Desenvolvimento estão presentes no DSM IV (APA, 2000), e não
são mais utilizados, pois agora o diagnóstico feito é para Transtorno do
Espectro Autista (TEA) baseado no DSM V (APA, 2013).
5- O diagnóstico do TEA pode ser feito antes dos 3 anos de idade?
Sim, o diagnóstico precoce tende a ter um impacto maior na intervenção antes
dos 3 anos e meio, com a avaliação – não balbucia e não gesticula aos 12
meses; ausência de palavras com significado aos 16 meses; não forma frases
aos 24 meses; perda da linguagem ou habilidade social. Ou seja, há os sinais
de alerta que podem ser identificados de forma precoce a partir dos 6 meses
de vida.
6- Como é feito esse diagnóstico? Quais exames são obrigatórios?
Há o diagnóstico Clínico, o qual é feito com a observação de atraso de
linguagem, dificuldades na socialização, levando em consideração o DSM-5
que traz os níveis de gravidade 1, 2 e 3 (leve, moderado e severo) assim com
os padrões restritivos e repetitivos. M-Chat (MODIFIED CHECKLIST FOR
AUTISM IN TODDLERS). O uso da escala M-CHAT-R/F é obrigatória para
crianças em consultas pediátricas de acompanhamento realizadas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), segundo a lei 13.438/17. É de suam
importância o seguimento pediátrico, da observação dos
cuidadores/professores e da equipe multidisciplinar (fonoaudiologia, terapia
ocupacional, psicologia, psicologia).
7- Que recursos podem ser utilizados como ferramenta diagnóstica na
investigação do TEA? Cite 3 exemplos.
ATA- Escala de Traços Autísticos, contem 23 itens, cujas pontuações variam
de 0 a 2 em cada item (0- ausência dos comportamentos citados/ 1 quando a
criança apresenta apenas um dos subitens citados/ 2 quando apresentar dois
ou mais subitens), é utilizado a partir dos 2 anos. ASQ (Autism Screening
Questionnaire). Validado no Brasil (Sato et al. em 2009). Possui 40 questões
extraídas da ADI-R, que foram modificadas para melhorar a compreensão dos
pais. Duas versões do questionário foram projetadas, uma para crianças
menores de 6 anos e outra para crianças com 6 anos ou mais. As questões
recebem pontuação “0” para ausência de anormalidade ou “1” para a presença
dela. CARS-CHILDHOOD AUTISM RATING SCALE (Schopler et al 1988),
possui 15 itens - 15 a 60 pontos (30 a 36,5-grau leve/ 37-60-grau severo). Cada
item pode pontuar de 1 a 4 (déficit ausente, leve, moderado, severo)
8- Quais são os critérios diagnósticos do TEA e que manual direciona esse
diagnóstico?
Há sinais de alerta que podem aparecer desde os 6 meses de idade, como
poucas expressões faciais, baixo contado ocular, não balbuciar, não olhar
quando chamado, não fala mamãe/papai, ausência de atenção compartilhada,
padrões restritivos e repetitivos. O manual que direciona é o DSM 5.
9- Explique a importância da estimulação precoce.
A estimulação precoce e um importante método para o tratamento de possíveis
déficits cognitivos, sensoriais, motores e linguísticos, pois estes estímulos
levam em consideração o tempo de maturação das estruturas orgânicas e
psíquicas que favorecem a constituição do sujeito. Logo nos primeiro 18 meses
de idade é fundamental esta estimulação, levando em consideração os
aspectos biológicos e estruturais desta fase do desenvolvimento, que é
fundamental para a estimulação da neuroplasticidade em crianças com TEA.
Se a criança está exposta a novas possibilidades de aprendizagem, tende a
fortalecer mais circuitos neurais e consolidar em sua memória um número
maior de informações.
10- Qual a etiologia do TEA? Toda criança que recebe o diagnóstico tem sua
etiologia bem definida? Justifique.
O TEA não possui uma única etiologia possível, sendo um transtorno
multifatorial, podendo ter hereditariedade, fatores ambientais, Pré-natais: idade
materna e paterna avançada, diabetes gestacional, sangramento materno,
gestação múltipla, exposição pré-natal a toxinas, medicamentos teratogênicos,
depressão e uso de antidepressivos, infecções maternas, febre, uso de
antibióticos e muito outros fatores de causas possíveis. Nem todo a criança
com TEA recebe sua etiologia bem definida, pois como mencionado acima, são
diversas as possibilidades de causas, pois o TEA envolve muitas redes neurais
que estão associadas.
11- Qual é o tratamento preconizado? O medicamento é obrigatório?
Estimulação terapêutica multidisciplinar; Análise do Comportamento Aplicada -
intervenção com maior número de pesquisas apontando eficácia. Análise do
Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis) - princípios fundamentais
de teoria da aprendizagem para melhorar comportamentos em pessoas sem
capacidades socialmente significativas. A aplicação de princípios de análise do
comportamento permite estabelecer condições que sejam propicias a produzir
mudanças comportamentais socialmente relevantes. O uso dos medicamentos
não é obrigatório, levando em consideração o nível e se há sintomas
associados se utiliza antipsicóticos e psicoestimulantes que podem trazer
benefícios em alguns casos.
12- Cite 2 exemplos de técnicas de intervenção.
Um dos métodos bastante utilizado para alfabetizar crianças com o transtorno
do espectro autista é o Método Teacch (Tratamento e Educação de Autistas e
Crianças com Défices na Comunicação). Esse método foi criado em 1966 nos
Estados Unidos na Universidade da Carolina do Norte pelo Psiquiatra Dr. Eric
Shopler. Outro método bastante é o da Comunicação Alternativa que
favorece indivíduos sem fala ou sem escrita funcional ou em defasagem entre
sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar e/ou escrever.
13- Cite 3 diagnósticos diferenciais do TEA.
A Deficiência Intelectual: pode ser difícil diferenciar a deficiência intelectual
(DI) do TEA em crianças muito jovens. Indivíduos com deficiência intelectual
frequentemente apresentam comportamentos repetitivos.
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: anormalidades de atenção
(foco exagerado ou distração fácil) são comuns em pessoas com transtorno do
espectro autista, assim como ocorre na hiperatividade.
Transtornos da linguagem e transtorno da comunicação social
(pragmática): pode haver problemas de comunicação e algumas dificuldades
sociais secundárias.
14- O que é comorbidade? Cite 3 exemplos de comorbidades do TEA.
Comorbidade é quando duas ou mais doenças/transtornos ou Síndromes estão
etiologicamente relacionadas em um mesmo indivíduo.
Comorbidades do TEA:
TEA e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH;
TEA e epilepsia;
TEA e Deficiência Intelectual - DI;
TEA e Distúrbios de Sono;

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