1. O documento apresenta uma introdução ao conceito de Transtorno do Espectro Autista, incluindo sua história desde o século 19 até a classificação atual no DSM-5.
2. São abordadas as principais mudanças no diagnóstico do autismo que ocorreram com o DSM-5, incluindo a criação da classificação de Transtorno do Espectro Autista.
3. São descritos critérios, ferramentas diagnósticas e a importância da estimulação precoce para o tratamento do TEA.
1. O documento apresenta uma introdução ao conceito de Transtorno do Espectro Autista, incluindo sua história desde o século 19 até a classificação atual no DSM-5.
2. São abordadas as principais mudanças no diagnóstico do autismo que ocorreram com o DSM-5, incluindo a criação da classificação de Transtorno do Espectro Autista.
3. São descritos critérios, ferramentas diagnósticas e a importância da estimulação precoce para o tratamento do TEA.
1. O documento apresenta uma introdução ao conceito de Transtorno do Espectro Autista, incluindo sua história desde o século 19 até a classificação atual no DSM-5.
2. São abordadas as principais mudanças no diagnóstico do autismo que ocorreram com o DSM-5, incluindo a criação da classificação de Transtorno do Espectro Autista.
3. São descritos critérios, ferramentas diagnósticas e a importância da estimulação precoce para o tratamento do TEA.
AUTISTA: INTERVENÇÕES MULTIDISCIPLINARES EM CONTEXTOS INTERSETORIAIS
INTRODUÇÃO AO CONCEITO DO ESPECTRO AUTISTA
1- Como surgiu o conceito de autismo? Faça uma breve revisão histórica
até o DSM-5. Tudo iniciou com o Psiquiatra Hery Maudsley (1867), sendo ele o primeiro a dar mais atenção as crianças com transtornos mentais severos, nesta época, esses transtornos eram considerados “psicoses”. Plouller (1096) veio a introduzir o adjetivo, hoje conhecido, como autista na literatura psiquiátrica. Essa denominação foi inserida quando o pesquisador estudava o processo de pensamento de pacientes com diagnóstico de demência precoce ou demência infantil – Esquizofrenia. Eugen Bleuler (1911), também psiquiatra, definiu o termo autismo ao apontar o comportamento como um dos sintomas fundamentais da esquizofrenia, definindo-o como perda de contato com a realidade, causada pela impossibilidade ou grande dificuldade na comunicação interpessoal, e com o mundo externo, isso ocorreu no início do século 20. Loretta Bender (1937) vem estabelecer a diferença entre a esquizofrenia em crianças e adultos, sendo a esquizofrenia infantil uma perturbação que toca o desenvolvimento de uma criança, como mecanismo de defesa secundário, uma volta a si mesmo para se proteger dos efeitos da dissociação ou falta de integração das ideias e sentimentos. Leo Kanner (1943) realizou um estudo com onze crianças de 05 a 11 anos de idade, teve contato com Donalt T., um menino com um problema que seria denominado, posteriormente, como autismo. Ao escrever o ensaio “Distúrbio Autístico do Contato Afetivo” no qual oficializou o termo “Autismo Infantil”, separando-o da esquizofrenia. Hans Asperger (1944) foi o pediatra que descreveu um padrão de comportamento: falta de empatia, baixa capacidade de formar amizades, conversação unilateral, intenso foco em um assunto de interesse especial e movimentos descoordenados, seu maior mérito foi destacar que muitos tinham habilidades impressionantes. Em meados do século 20 o autismo foi considerado por muitos anos como tendo suas raízes na rejeição dos pais à crianças. Nasce, desta forma a “teoria da mãe geladeira” afirmando que a paternidade fria e indiferente era a causa do autismo, essa foi uma proposta feita por Leo Kanner em 1949, como consequência houveram inúmeros suicídios, por se tratar de uma teoria infundada, logo foi extinguida. Nos anos desde as primeiras explorações da neurociência do autismo, muitas descobertas foram apoiadas e esclarecidas, destacando que o autismo é claramente um distúrbio que se baseia no cérebro. A partir desta digressão histórica, podemos entender que para chegarmos no que conhecemos como Transtorno do Espectro Autista – TEA pautado no DSM -5, foram anos de pesquisas, de denominações que não faziam sentido a como o transtorno realmente se apresenta, no entanto, a importância que os diversos estudos tiveram não se pode deixar de evidenciar. 2- Quais foram as principais mudanças no diagnóstico do autismo que ocorreram com o DSM-5? No DSM I e II (APA, 1952; 1968), o diagnóstico era de Esquizofrenia Infantil, no DSM III (APA, 1980) tinha-se Transtornos Crônicos da Infância, caracterizados por prejuízos graves e abrangentes em diversas áreas do desenvolvimento, como: habilidades da comunicação, interação social, comportamento e interesses restritivos e atividade estereotipada. O DSM IV (APA, 2000) traz o diagnostico de Transtornos Globais do Desenvolvimento, com caracterização de Autismo Clássico; Transtorno de Asperger; Transtorno de Rett; Transtorno Desintegrativo da Infância; TID-SOE (Transtorno invasivo do desenvolvimento – sem outras especificações). O DSM V (APA, 2013) usado atualmente, traz em seu diagnóstico o termo Transtorno do Espectro Autista, com níveis 1, 2 e 3. Dessa forma, podemos notar que antes do DSM V o TEA tinha classificações separadas e que não davam precisão no diagnóstico. 3- É correto utilizar termos como síndrome de Asperger, autismo de alto funcionamento? Não, pois estas denominações encontram-se apenas no CID – 10, que por sua vez entra em contraponto ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais (DSM-5), que traz em seu diagnóstico os níveis de gravidade presentes no TEA. 4- A denominação Transtorno Invasivo do Desenvolvimento foi criada em qual DSM? E o termo Transtorno Global do Desenvolvimento? É correto utilizá- los atualmente? A denominação Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID) e Transtornos Globais do Desenvolvimento estão presentes no DSM IV (APA, 2000), e não são mais utilizados, pois agora o diagnóstico feito é para Transtorno do Espectro Autista (TEA) baseado no DSM V (APA, 2013). 5- O diagnóstico do TEA pode ser feito antes dos 3 anos de idade? Sim, o diagnóstico precoce tende a ter um impacto maior na intervenção antes dos 3 anos e meio, com a avaliação – não balbucia e não gesticula aos 12 meses; ausência de palavras com significado aos 16 meses; não forma frases aos 24 meses; perda da linguagem ou habilidade social. Ou seja, há os sinais de alerta que podem ser identificados de forma precoce a partir dos 6 meses de vida. 6- Como é feito esse diagnóstico? Quais exames são obrigatórios? Há o diagnóstico Clínico, o qual é feito com a observação de atraso de linguagem, dificuldades na socialização, levando em consideração o DSM-5 que traz os níveis de gravidade 1, 2 e 3 (leve, moderado e severo) assim com os padrões restritivos e repetitivos. M-Chat (MODIFIED CHECKLIST FOR AUTISM IN TODDLERS). O uso da escala M-CHAT-R/F é obrigatória para crianças em consultas pediátricas de acompanhamento realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo a lei 13.438/17. É de suam importância o seguimento pediátrico, da observação dos cuidadores/professores e da equipe multidisciplinar (fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, psicologia). 7- Que recursos podem ser utilizados como ferramenta diagnóstica na investigação do TEA? Cite 3 exemplos. ATA- Escala de Traços Autísticos, contem 23 itens, cujas pontuações variam de 0 a 2 em cada item (0- ausência dos comportamentos citados/ 1 quando a criança apresenta apenas um dos subitens citados/ 2 quando apresentar dois ou mais subitens), é utilizado a partir dos 2 anos. ASQ (Autism Screening Questionnaire). Validado no Brasil (Sato et al. em 2009). Possui 40 questões extraídas da ADI-R, que foram modificadas para melhorar a compreensão dos pais. Duas versões do questionário foram projetadas, uma para crianças menores de 6 anos e outra para crianças com 6 anos ou mais. As questões recebem pontuação “0” para ausência de anormalidade ou “1” para a presença dela. CARS-CHILDHOOD AUTISM RATING SCALE (Schopler et al 1988), possui 15 itens - 15 a 60 pontos (30 a 36,5-grau leve/ 37-60-grau severo). Cada item pode pontuar de 1 a 4 (déficit ausente, leve, moderado, severo) 8- Quais são os critérios diagnósticos do TEA e que manual direciona esse diagnóstico? Há sinais de alerta que podem aparecer desde os 6 meses de idade, como poucas expressões faciais, baixo contado ocular, não balbuciar, não olhar quando chamado, não fala mamãe/papai, ausência de atenção compartilhada, padrões restritivos e repetitivos. O manual que direciona é o DSM 5. 9- Explique a importância da estimulação precoce. A estimulação precoce e um importante método para o tratamento de possíveis déficits cognitivos, sensoriais, motores e linguísticos, pois estes estímulos levam em consideração o tempo de maturação das estruturas orgânicas e psíquicas que favorecem a constituição do sujeito. Logo nos primeiro 18 meses de idade é fundamental esta estimulação, levando em consideração os aspectos biológicos e estruturais desta fase do desenvolvimento, que é fundamental para a estimulação da neuroplasticidade em crianças com TEA. Se a criança está exposta a novas possibilidades de aprendizagem, tende a fortalecer mais circuitos neurais e consolidar em sua memória um número maior de informações. 10- Qual a etiologia do TEA? Toda criança que recebe o diagnóstico tem sua etiologia bem definida? Justifique. O TEA não possui uma única etiologia possível, sendo um transtorno multifatorial, podendo ter hereditariedade, fatores ambientais, Pré-natais: idade materna e paterna avançada, diabetes gestacional, sangramento materno, gestação múltipla, exposição pré-natal a toxinas, medicamentos teratogênicos, depressão e uso de antidepressivos, infecções maternas, febre, uso de antibióticos e muito outros fatores de causas possíveis. Nem todo a criança com TEA recebe sua etiologia bem definida, pois como mencionado acima, são diversas as possibilidades de causas, pois o TEA envolve muitas redes neurais que estão associadas. 11- Qual é o tratamento preconizado? O medicamento é obrigatório? Estimulação terapêutica multidisciplinar; Análise do Comportamento Aplicada - intervenção com maior número de pesquisas apontando eficácia. Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis) - princípios fundamentais de teoria da aprendizagem para melhorar comportamentos em pessoas sem capacidades socialmente significativas. A aplicação de princípios de análise do comportamento permite estabelecer condições que sejam propicias a produzir mudanças comportamentais socialmente relevantes. O uso dos medicamentos não é obrigatório, levando em consideração o nível e se há sintomas associados se utiliza antipsicóticos e psicoestimulantes que podem trazer benefícios em alguns casos. 12- Cite 2 exemplos de técnicas de intervenção. Um dos métodos bastante utilizado para alfabetizar crianças com o transtorno do espectro autista é o Método Teacch (Tratamento e Educação de Autistas e Crianças com Défices na Comunicação). Esse método foi criado em 1966 nos Estados Unidos na Universidade da Carolina do Norte pelo Psiquiatra Dr. Eric Shopler. Outro método bastante é o da Comunicação Alternativa que favorece indivíduos sem fala ou sem escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar e/ou escrever. 13- Cite 3 diagnósticos diferenciais do TEA. A Deficiência Intelectual: pode ser difícil diferenciar a deficiência intelectual (DI) do TEA em crianças muito jovens. Indivíduos com deficiência intelectual frequentemente apresentam comportamentos repetitivos. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: anormalidades de atenção (foco exagerado ou distração fácil) são comuns em pessoas com transtorno do espectro autista, assim como ocorre na hiperatividade. Transtornos da linguagem e transtorno da comunicação social (pragmática): pode haver problemas de comunicação e algumas dificuldades sociais secundárias. 14- O que é comorbidade? Cite 3 exemplos de comorbidades do TEA. Comorbidade é quando duas ou mais doenças/transtornos ou Síndromes estão etiologicamente relacionadas em um mesmo indivíduo. Comorbidades do TEA: TEA e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH; TEA e epilepsia; TEA e Deficiência Intelectual - DI; TEA e Distúrbios de Sono;