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APRESENTAÇÃO

Seja bem-vindo ao nosso e-book, como você já deve ter visto no vídeo de
abertura, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), conhecido como Autismo,
não pode ser diagnosticado por exames laboratoriais, então a nossa proposta é
que faça uma reflexão acerca das informações que lerá a seguir, ampliando
seus conhecimentos e preparando-os para as adversidades cotidianas no
âmbito profissional e pessoal.
O que é o Autismo?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um grupo de desordens de origem


neurobiológica que possui impacto na vida do indivíduo e que o ambiente é responsável por
moldar a intensidade dos sintomas.
O fato de o TEA ser um transtorno do neurodesenvolvimento significa que seus sintomas
podem ser detectados desde a primeira infância, tema que será abordado nos próximos e-
books da série, então não percam!
Origem do TEA
Na década de 1940, Leo Kanner e Hans Asperger, independentemente, descreveram casos clínicos de
pacientes em que as dificuldades sociais e comportamentais atingiam níveis extremos. Os pacientes de
Kanner apresentavam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e os descritos por Asperger eram
isolados e pouco empáticos, porém se destacam em habilidades de interesse, nas quais tinham hiperfoco
de interesse. Kanner e Asperger referiam-se a esses casos clínicos usando o termo autismo, empregado
antes por Paul Eugene Cleuer para “nomear” os pacientes isolados, considerados esquizofrênicos.
A origem do TEA é multifatorial, o que faz necessário o entendimento do perfil genético-familiar, social e
emocional no qual o indivíduo está inserido.
Prevalência

Em pesquisa realizada pelo órgão americano Center of Diseases Control and Prevention,
publicado em 2014, foi constatado que o número de casos diagnosticados aumentou e a
prevalência atualmente é de 1 para 68 crianças na idade de 8 anos (Developmental & 2010
Principal Investigators, 2014), e, números parecidos são observados em outras partes do
mundo. No Brasil, encontrou-se uma taxa de 27,2 a cada 10 mil crianças, em um município de
São Paulo. (Paula, Ribeiro, Fombonne & Mercadante, 2011).
Causas do TEA
O TEA tem causas multifatoriais, o que significa que estão em jogo fatores genéticos e
ambientais. A herdabilidade dos TEA é de aproximadamente 50% (Schwartzman, José Salomão,
2018).
Algumas pessoas nos perguntam porque houve um aumento no número de casos de autismo,
porém certamente, o conceito atual do TEA tornou-se mais abrangente do que anteriormente.
Casos comprometidos, provavelmente não teriam diagnóstico há alguns anos. Quando se conhece
qualquer condição atípica, essa passa-se a ser identificada com mais facilidade e numa maior
frequência.
Causas do TEA
Fatores ambientais como: obesidade materna, diabetes, diabetes gestacional, uso de
medicamentos durante a gestação (antidepressivos e anticonvulsivantes) podem colaborar
para o possível aumento dos casos. Há estudos em andamento sobre a relação até mesmo
da poluição ambiental e exposição a agrotóxicos com o transtorno.
DSM-5

A partir de 2013, na quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos


Mentais (DSM-5), foi proposto o termo Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), e
denominações anteriores do autismo, autismo atípico e Síndrome de Rett e Síndrome de
Asperger, por exemplo, passaram a ser consideradas como TEA.
De acordo com o DSM-5, dependendo do grau de comprometimento funcional os TEA
devem ser classificados em: Nível 1: exige apoio; Nível 2: exige apoio substancial; Nível 3: exige
apoio muito substancial. Conforme esses níveis de ajuda, consideram-se os graus: leve,
moderado e severo.
CID 10
Usamos os códigos do CID como nomenclatura oficial, e, a descrição do TEA está no
Capítulo 4 “Transtornos mentais e comportamentais”, no grupo “Transtornos globais do
desenvolvimento” e o código de classificação é o F84. Existem subclassificações do TEA,
como por exemplo: F84.0 Autismo infantil; F84.1 Autismo atípico; F84.2 Síndrome de Rett e
F84.5 Síndrome de Asperger.
Comorbidades
De acordo com o DSM-5:
O transtorno do espectro autista é frequentemente associado com comprometimento intelectual e
transtorno estrutural da linguagem (i.e., incapacidade de compreender e construir frases gramaticalmente
corretas), que devem ser registrados conforme os especificadores relevantes quando aplicáveis. Muitos
indivíduos com transtorno do espectro autista apresentam sintomas psiquiátricos que não fazem parte dos
critérios diagnósticos para o transtorno (cerca de 70% das pessoas com transtorno do espectro autista podem
ter um transtorno mental comórbido, e 40% podem ter dois ou mais transtornos mentais comórbidos). Quando
critérios tanto para TDAH quanto para transtorno do espectro autista são preenchidos, ambos os diagnósticos
devem ser dados. O mesmo princípio aplica-se a diagnósticos concomitantes de transtorno do espectro autista e
transtorno do desenvolvimento da coordenação, transtornos de ansiedade, transtornos depressivos e outros
diagnósticos de comorbidade.
Considerações finais
O autismo é um transtorno comportamental que exige uma equipe multidisciplinar, como
neuropsicólogo, psiquiatra, neurologista, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e
neuropsicopedagogo, por exemplo; fins de estudá-lo e avaliá-lo. A atuação abrange áreas da
cognição, Funcionamento Executivo, Habilidades Sociais, Teoria da Mente e Processamento
Emocional.
Referências

CAMARGOS JR., Walter. Síndrome de Asperger e outros transtornos do Espectro do Autismo de Alto Funcionamento: da avaliação ao tratamento, Belo Horizonte, Artesã, 2018.

Centers of Disease Control and Prevention (CDC). (2010). Prevalence of autismo spectrum disorder among children aged 8 years-austism and developmental disabilities monitoring
network, 11 sites, United States, 2010. Morbidity and mortality weekly report. Surveillance summaries (Washington, DC: 2002), 63.

COSTA, Annelise e ANTUNES, Andressa. Transtorno do Espectro Autista na prática clínica. São Paulo, Pearson, 2018.

KANNER, L. - Childhood Psychosis. John Wiley & Sons, New York, 1973.
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNO – DSM-V. tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento, et al; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli, et al. Porto Alegre,
Artmed, 2014.

MILLER, J. N. & OZONOFF, S. (2000). The external validity of Asperger disorder: lack of evidence from the domain of neuropsychology. Journal of Abnormal Psychology, 109.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-10, volume 1, Apsen, 2008.

RIBEIRO, Paula, FOMBONNE, S & MARCADANTE, M.T. (2011). Brief report: prevalence of persavive developmental disorder in Brazil: a pilot study. Journal of Autism and Developmental
Disorders, p. 41.

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