Você está na página 1de 8

O que é o autismo

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do


neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento
atípico, dificuldade na comunicação e na interação social, podendo
apresentar padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados e
um repertório restrito de interesses e atividades.

-Mas há uma diversidade dentro do Espectro, portanto, nem todos os


autistas apresentarão todas essas características - A pessoa que está
dentro do TEA pode apresentar várias pautas autistas ou poucas
pautas, mas todas essas manifestações apresentam em menor ou
maior grau, dificuldades de comunicação e relacionamento social.

- Nós sabemos que 1% da população mundial está dentro do TEA.


Portanto, no Brasil temos cerca de 2 milhões de autistas.- e cada um
com suas especificidades, suas características próprias.

- O nome é transtorno do Espectro autista justamente por envolver


situações e apresentações muito diferentes umas das outras

- e o grau em que cada sintoma se manifesta determina a posição do


quadro diagnóstico no espectro, podendo classificar-se como Nível 1,
2 e 3.

Nível 1 – leve – menos compromentimento- asperger


Nível 2 – Moderado
Nível 3 – grave.- maior comprometimento – enfrenta maiores
barreiras de acessibilidade.

Como identificar (diagnóstico)


O diagnóstico do autismo é essencialmente clínico, realizado por meio de observação
direta do comportamento do paciente e de uma entrevista com os pais ou cuidadores.
Também são utilizadas avaliações multiprofissionais e aplicação de testes psicológicos
bastante confiáveis que ajudam no fechamento do diagnóstico.
Os sintomas característicos dos transtornos do espectro do autismo (TEA) estão
sempre presentes antes dos 3 anos de idade. Normalmente os pais começam a se
preocupar entre os 12 e os 18 meses, na medida em que a linguagem não se
desenvolve.

Existem alguns sinais de alertar para risco de desenvolvimento

No primeiro ano de vida:

– chora muito, sem motivo aparente ou quase não chora;


– ausência do sorriso social;
– não faz/ mantém contato visual;
– não aponta o que deseja;- dentro do primeiro ano de vida espera-se que a
criança consiga apontar- algumas falam “dá”.
– não compartilha o “brincar” com outros, muitas vezes não demonstrando
interesse quando brincam com ele.
– ausência ou frágil preensão de objetos, ou ainda preensão exagerada com
dificuldade em soltar o objeto (por ex., não segurar um chocalho, ou segurá-lo
sem soltar);
– reações inadequadas a sons, podendo reagir com susto ou até pânico a sons
rotineiros, como: liquidificador, secador de cabelos, sirene, etc. Em
contrapartida, pode apresentar fascínio por determinados sons, principalmente
sons repetitivos;
– reações inadequadas à dor, podendo não manifestar reação a uma situação
em que a dor é iminente e/ou demonstrar reação de excessiva dor em situação
não correspondente;
– dificuldade em adormecer, podendo resistir muito para dormir ou dormir e
acordar diversas vezes a noite;;
– fascinação por objetos giratórios, podendo manter o olhar fixo, observando
um objeto, ou parte dele, girar;
– balanceio do corpo quando sentado.
– rigidez quanto à mudança de rotina, por ex., não dormindo e/ou se
alimentando em outros ambientes, que não aqueles em que está habituado;
– podem apresentar comportamento auto-agressivo, como morder a mão, bater
a cabeça no chão ou na parede, não manifestando reação de dor proporcional
ao sofrimento físico.

Esses são alguns pontos importantes a serem observados no primeiro ano de


vida, mas é importante lembrar que esses são sinais de alerta para que se leve
a criança para uma avaliação aprofundada de um profissional, não é porque
seu filho gosta muito de ventiladores que ele é autista- mas é um sinal de alerta
para que a gente observe se essa criança está apresentando outros sinais
importantes que indiquem risco para o desenvolvimento.

O marcador que mais ajuda a começar a identificar os sinais de autismo é o


atraso na fala. Se a criança tem 2 anos e a linguagem não está se
desenvolvendo, esse é um grande sinal de alerta de risco para o
desenvolvimento infantil – muitos pais chegam ao diagnóstico de autismo
quando vão atrás de fonoaudiólogo para tratar o atraso na fala. – Lembrando
sempre que o atraso na fala pode ter outros motivos, mas ainda é um sinal de
alerta para que se procure uma avaliação profissional.

Meu filho tem esses sinais, por onde devo começar?

Leve primeiro ao médico – indicaria neurologista- que pedirá exames que vão
nos dizer se a criança tem ou não outra condição que faça com que ela
apresente tais sinais.

Não tendo outra condição que justifique o aparecimento desses sintomas, o


médico vai utilizar outras ferramentas e solicitar a avaliação de outros
profissionais especializados para conseguir fechar o diagnóstico.

Quais os tratamentos
Ainda não se conhece uma cura para o autismo, portanto, todos os
tratamentos caminham no sentido de diminuir as barreiras de
acessibilidade garantindo qualidade de vida para essas pessoas.

Como cada um exige um tipo de acompanhamento específico é


necessário o envolvimento de uma equipe profissional
multidisciplinar- que vai contar com psicólogas, pedagogas,
médicas, professores, fonoaudiólogas, musicoterapeutas, entre
outros profissionais indicados de acordo com a necessidade de
cada um.

Além de ser extremamente importante a participação da família, das


escolas e da sociedade como um todo para que a gente consiga
incluir essas pessoas nos espaços comunitários, de lazer, de
trabalho e educação.

Para isso é preciso que a sociedade tenha acesso a informações


confiáveis , possibilitar que as pessoas conheçam as
características do espectro e técnicas que facilitam o
desenvolvimento de autonomia, a independência, a comunicação e
o relacionamento entre todos que convivem com a pessoa com
TEA- ou seja, todo mundo precisa receber e ir atrás desse tipo de
informação, pois são 2 milhões de pessoa somente no Brasil, em
algum momento você irá interagir ou estar na presença de alguém
com TEA.

Principais dificuldades que a pessoas que estão dentro do TEA


enfrentam.
As dificuldades consistem em ultrapassar as barreiras de
acessibilidade. Tendemos a achar que barreira de acessibilidades
existem apenas para quem tem deficiência física, mas as barreiras
sociais se impõem à todas as pessoas com deficiência e a pessoa
com TEA, por não ter características físicas que que as identifiquem
como pessoa com deficiência, acabam enfrentando essas barreiras
com uma frequência maior.
Para o autista essas barreiras surgem em decorrência da falta de
acesso à informação da sociedade a respeito do tema. O que acaba
levando ao preconceito, a falta de compreensão, ao julgamento o
que acaba dificultando o manuseio de situações pelas quais essas
pessoas passam no dia-a-dia.

É comum vermos crianças fazendo o que comumente chamamos


de birra. Vamos ao mercado e ali está a criança jogada no chão
chorando, a mãe desesperada e todo mundo passando em volta
olhando e julgando. Aquela criança pode ser só uma criança que
tem baixa tolerância a frustração e se comporta daquela forma por
ouvir um não, mas aquela criança pode ser autista e desorganizou
ali devido ao excesso de pessoas, ao excesso de estímulos visuais
e sonoros.

Mas independente de se tratar de uma criança neurotípica ou não, o


que nós oferecemos à essa criança e a essa mãe nessa situação?
Nó podemos passar por cima e nem olhar, nós podemos julgar ou
nós podemos oferecer acolhimento. Podemos ser aquele que
pergunta “ quer ajuda?” aquela que tranquliza aquela mãe e diz “
não se preocupe, logo ela se acalma”. Pois se for uma criança em
crise, as únicas coisas que podemos fazer é cuidar para que ela
não se machuque e esperar a crise cessar. E estou falando das
crises mais corriqueiras que não apresentam auto ou
heteroagressão, pois essas necessitam de uma outra abordagem,
contando com o serviço de saúde para o atendimento adequado.

Com informação e capacitação aos profissionais que atenderão


essa criança nos espaços que ela costuma frequentar a gente
consegue romper essas barreiras. Com o tratamento adequado a
própria pessoa conseguirá romper as barreiras. Mas temos que
saber que a inclusão é de responsabilidade de todos: da família,
dos profissionais de saúde, de educação, de assistência social e de
toda a sociedade. A gente não pode continuar excluindo essas
pessoas por não sermos capacitados. Não podemos passar essa
responsabilidade somente para família e para os profissionais de
saúde. Quando se fala em inclusão falamos de escola sim, mas
também falamos das pessoas que vão atende-la no mercado, que
vão atende-la na farmácia, na aula de música, na natação. Como a
gente vai se comportar se uma criança entrar em crise no parquinho
da praça quando estiver brincando com o meu filho?

A resposta é simples, acolher. Não interessa o motivo, não


interessa se é uma pessoa autista ou não. Se você não sabe o que
está acontecendo, não julgar já é um bom começo.

Outras situações que acabam se colocando como barreira é a


superproteção e a vergonha em se falar sobre o diagnóstico.
A criança receber um diagnóstico de autismo não quer dizer nada, o
diagnóstico sozinho não quer dizer nada, é apenas um nome, não
podemos deixar que o nome nos cause medo e nos faça pensar
que essa criança não vai conseguir executar alguma tarefa, nosso
papel é estimular. Temos que avaliar quais são suas dificuldades,
suas habilidades, quais são as barreiras que impedem que ela
tenha uma vida funcional e a partir disso vamos criar estratégias
para que ela possa ter qualidade de vida.
Para isso precisamos falar sobre o autismo, precisamos trabalhar
isso com a criança, pois muitos autistas não tem deficiência
intelectual, entendem muito bem seu diagnóstico. Temos que
trabalhar isso nas salas de aula, para que os colegas entenda que
as pessoas são diferentes e possuem habilidades e dificuldades
diferentes. Temos que trabalhar isso com a escola inteira, desde a
pessoa que vai receber essa criança no portão do colégio até a
pessoa que vai servir a merenda, todos tem que receber algumas
informações, mesmo que básicas, sobre como manejar possíveis
situações com crianças autistas.

O que não fazer é esconder, é deixar implícito que é vergonhoso


ter um diagnóstico, seja ele qual for. Esta é importância do dia
mundial de conscientização do autismo, é um dia para falarmos
exaustivamente sobre isso, quem sabe se insistirmos muito um dia
a gente tenha uma sociedade que consiga acolher, não excluir e
não julgar.
Recomendações para lidar com o autismo

O diagnóstico causa impacto em todas as famílias, não importa se é


um autismo leve, moderado ou grave, traz impacto. Então todos os
envolvidos precisam de atendimento e orientação especializados;
É fundamental descobrir um meio ou técnica, não importam quais,
que possibilitem estabelecer algum tipo de comunicação –
principalmente com aqueles que não utilizam a fala para
comunicação.- as terapias vão ajudar com isso.
As pessoas dentro do TEA têm, em maior ou menor grau,
dificuldade de lidar com mudanças, por menores que sejam; por
isso é importante manter o seu mundo organizado e dentro da
rotina; Evitem surpresas- se vai ter uma festa na casa da tia Tereza
no sábado é importante que a pessoa autista saiba que vai a esta
festa e quanto mais detalhes puder dar sobre o evento, melhor. Pois
a pessoa não ficará tão ansiosa, sem saber o que esperar e a
chance de ter alguma crise ou comportar-se de forme inesperada é
menor.
A rotina é realmente a melhor forma de prevenir crises. Antecipar
eventuais mudanças que possam acontecer pode ajudar muito
essas pessoas.
Muita gente acredita que o indivíduo com TEA entra em crise do
nada, mas tudo tem um motivo, podemos não identifica-lo e a
pessoa pode não conseguir nos dizer, mas tem um motivo. As
vezes é porque Sr. João que o recebe todo dia no portão da escola
faltou aquele dia e ele foi recebido por outra pessoa, aí chega na
sala e entra em crise. Ninguém identificou que foi isso, mas uma
pequena mudança faz uma grande diferença na organização e no
nível de ansiedade dessas pessoas.
Não é fácil, mas com informações e capacitação a gente consegue
fazer com que a sociedade caminhe junto para inclusão.

Você também pode gostar