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AUTISMO

A palavra autismo, que antes era usada só por profissionais de saúde mental e pelas
famílias que tinham parentes com este transtorno, se popularizou.
O autismo chegou às redes sociais e inúmeros grupos de apoio e de informação
surgiram. Isso deu atenção para o assunto e possibilitou que se conhecesse melhor tudo
que envolve o TEA (Transtorno do Espectro Autista). A sociedade passou a ter mais
informação sobre o autismo e a conhecer as formas de diagnóstico e tratamento.
Profissionais de várias áreas, como psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos,
fisioterapeutas e tantos outros, passaram a se especializar para dar mais qualidade de
vida aos autistas!
A palavra-chave no tratamento do autismo é o estímulo. No entanto, para estimular
corretamente uma criança, um adolescente ou adulto, é necessário que se conheça o
transtorno e se defina o melhor tratamento.
O que é autismo (TEA)?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por prejuízos na interação
social, atraso na aquisição da linguagem e por comportamentos repetitivos e
esterotipados. O termo “espectro” é usado para organizar os vários níveis de
dificuldades. E elas podem ser desde epilepsia e deficiência intelectual, até
comportamentos mais sutis, que não comprometam a qualidade de vida da pessoa.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) define que
pessoas do espectro autista apresentam os mesmos sintomas, mas em intensidades
diferentes. Ou seja, o autismo é um transtorno bastante particular e, por isso, deve ser
tratado de maneira individualizada.
Dados sobre o autismo
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) e OPAS (Organização Pan-Americana
da Saúde), de 2017, mostram que 1 a cada 160 crianças no mundo tem TEA. E o
autismo tem avançado nos últimos 50 anos! No entanto, isso não é motivo para
desespero, porque os números são, principalmente, reflexos de uma maior
conscientização sobre o tema. Isso porque, ao longo dos anos, as escolas e famílias
passaram a falar mais sobre o autismo e os seus critérios de diagnóstico se tornaram
mais claros e bem definidos.
Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo sejam autistas. Destes, 2 milhões são
brasileiros. Para que os dados no Brasil sejam efetivos e acompanhados pelas políticas
públicas, o Presidente Bolsonaro sancionou a Lei 13.861/2019 que determina a inclusão
de dados com informações sobre pessoas com Transtorno do Espectro Autismo (TEA)
no Censo de 2020. Inclusive, esses dados ajudam na crescente conscientização do
autismo!
Sinais de autismo
A criança, quando bebê, evita contato visual. Isso pode ser observado no momento da
amamentação, por exemplo. Também, ao ser acariciado, não demonstra expressão
facial; é indiferente a demonstrações de afeto; ignora a voz humana e, quando o seu
cuidador se afasta, não fica ansioso, o que ocorreria normalmente com outra criança.

Na escola, não aponta para objetos, não costuma se despedir dos colegas e professores.
Durante as brincadeiras como pega-pega e esconde-esconde, não entende a dinâmica da
atividade.
Em relação às outras pessoas, não usa gestos para se comunicar e nem demonstra
interesse por atividades em grupo. Além disso, pode ter ataques de raiva frente a
pequenas mudanças na rotina; faz atos repetitivos e estereotipados e se nega a aprender
coisas novas.
Os adultos autistas têm os mesmos sinais que as crianças:
Prefere ficar sozinho;
Pode ter atraso na fala;
Resiste a pequenas mudanças;
Faz movimentos repetitivos.
Quais são os tipos de autismo?
As variações do Autismo são:
Síndrome de Asperger;
TID (Transtorno Invasivo do Desenvolvimento);
Autismo Clássico;
Transtorno Desintegrativo da Infância.
E elas são determinadas pelo grau de dificuldade que cada tipo apresenta. Ou seja, se
tem doenças comprometedoras, como epilepsia, ou se tem comportamentos bem
discretos, quase imperceptíveis.
1. Síndrome de Asperger
A síndrome foi descrita pela primeira vez, pelo médico austríaco Hans Asperger, em
1944. E é classificada como transtorno do espectro autista, porque apresenta
características semelhantes como:
Dificuldade de socialização;
Interesses muito individuais;
Porém, o indivíduo com este transtorno é totalmente capaz de aprender e de se
desenvolver intelectualmente. Além disso, ele não tem atraso na aquisição da fala, por
isso é considerado o tipo mais leve de autismo.
Um aspecto muito particular do Asperger está relacionado ao vocabulário, pois faz uso
de palavras difíceis para a sua idade. E isso prejudica a comunicação com outras
crianças, em função de o Asperger ser muito formal. Afinal, não é característica de uma
criança de 8 anos, por exemplo, falar palavras complexas.
Nesses casos, as crianças e os adolescentes sofrem com o distanciamento dos colegas de
escola, pois os amigos consideram a sua companhia muito chata.
O Asperger tem muitas dificuldades de relacionamento, não lida muito bem com
mudanças e é inflexível, muitas vezes. Quando jovens, podem ser um pouco
excêntricos, principalmente ao se vestirem. Por isso, é comum vermos jovens autistas
vestidos de um determinado personagem de filme, ou de um ídolo da música, por
exemplo.
Quanto aos interesses, gostam de focar de maneira intensa em uma única coisa:
dinossauros, Egito, carros, borboletas etc.
O tratamento é muito semelhante ao autismo. Nesse sentido, é necessário trabalhar as
habilidades sociais, fazer psicoterapia cognitivo-comportamental e, durante a
adolescência, proporcionar o treinamento vocacional. Quanto à medicação, é utilizada
para tratar os transtornos associados como depressão, déficit de atenção e hiperatividade
e demais transtornos ansiosos.
2. Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
O TID (Transtorno Invasivo do Desenvolvimento) é uma fase intermediária entre o
Asperger e o Autismo Clássico. E é caracterizado pelas mudanças na qualidade das
interações sociais e no modo como elas acontecem, diminuindo bastante o interesse por
muitas atividades. Se o Asperger ainda consegue enfrentar algumas mudanças e
interações sociais, o TID apresenta um prejuízo maior em relação a isso.
O Transtorno Invasivo do Desenvolvimento tem origem em causas neurobiológicas e
não psicológicas, apontam os estudos. Portanto, o diagnóstico é baseado em uma análise
comportamental do indivíduo. Ainda, é importante lembrar que o diagnóstico pode ter o
auxílio de uma avaliação clínica e com base em relatos dos prejuízos.
3. Autismo Clássico
Em uma escala de prejuízo, o autismo clássico é um pouco mais grave que a Síndrome
de Asperger e o TID. Além disso, as suas características bem marcantes possibilitam um
diagnóstico precoce – que geralmente ocorre antes dos 3 anos de idade.
Neste tipo de autismo, as capacidades de relacionamento, cognição e linguagem são
bastante afetados e deixam marcas visíveis. Por exemplo, como: movimentos
repetitivos, atraso na aquisição da fala, isolamento, brincadeiras individuais e ausência
de afeto visual, principalmente.
Por isso, no autismo clássico, o indivíduo é muito mais solitário e afastado do grupo!
4. Transtorno Desintegrativo da Infância
Imagine que seu filho nasceu saudável. Ele se desenvolveu normalmente nos primeiros
anos de vida: brincava, pulava, sorria, falava. Mas, de repente, você observa sinais de
perda de tudo isso. Isso é a desintegração.
Esse é o tipo mais grave do espectro autista! Em geral, na criança, a desintegração das
capacidades sociais, linguísticas e intelectuais começa entre 2 e 4 anos de idade. E isso
pode acontecer de forma lenta ou agressiva. As pesquisas apontam que, antes mesmo
dos 10 anos de idade, o indivíduo perde grande parte das capacidades linguísticas e de
movimento.
A criança com TDI – também conhecido como síndrome de Heller – pode:
Perder habilidades já desenvolvidas;
Ter diminuição das habilidades sociais e da linguagem expressiva;
Apresentar dificuldade de adaptação
Perder habilidades para jogos e brincadeiras
Apresentar falta de controle dos esfíncteres ( fazer xixi e cocô passam a ser ações
complicadas para ele).
Níveis de gravidade
Além dos tipos de autismo, há os níveis de gravidade deste transtorno, que é o que
diferencia as pessoas quanto à intensidade. São eles:
Nível 1 – Leve
A criança ou adulto que está neste grupo, costuma ter dificuldades para planejar e
organizar algo e também para estabelecer uma nova relação social. Neste nível, o
indivíduo tem um foco muito intenso em uma única atividade, por isso apresenta
dificuldade de variar as ações.
Além disso, é capaz de ficar muito tempo concentrado em uma única brincadeira, por
exemplo. Nesses casos, o apoio de outra pessoa como suporte é importante para
estimular a criança e o adulto a experimentarem outras ações.
Nível 2 – Médio
Aqui, o indivíduo precisa de um suporte maior, porque tem mais dificuldade na
comunicação verbal e não verbal. Também, tem limitações quanto às interações sociais
e sofre bastante diante das mudanças de foco, principalmente quando essa mudança for
de ambiente.
Imagine um autista médio tendo que mudar de escola, de cidade ou até mesmo dormir
uma noite na casa da vó! Essa são situações muito tensas pra ele.
Nível 3 – Grave
Há deficiência acentuada na comunicação verbal e não verbal. Aqui, o indivíduo quase
não interage e sofre intensamente ao realizar trocas de foco. Ainda, os movimentos
repetitivos passam a interferir consideravelmente na sua rotina. Nesse sentido,
necessitam de ajuda permanente e exclusiva.
Possíveis causas do autismo
As pesquisas têm sido intensas em torno dos fatores que contribuem para que milhares
de pessoas no mundo inteiro tenham autismo. Dados atualizados comprovam que 90%
dos casos registrados no mundo têm origem genética.
1. Genéticas
Os estudos sobre esta causa estão avançados e há fortes indícios de que a genética seja
responsável por grande parte dos casos de autismo no mundo. Inclusive, pesquisadores
da Faculdade de Medicina da USP acreditam que a carga hereditária, tanto de pais para
filho, quanto uma mutação nova que aparece apenas na criança, é a tese que ganha mais
força.
2. Neurológicas
Para os pesquisadores dessa causa, haveria uma falha nas conexões entre regiões do
cérebro, o que causaria mutações genéticas.
Estudos realizados na década de 80 em cérebros autistas post-mortem (após a morte)
detectaram alterações no lobo frontal medial, temporal medial, gânglios da base e
tálamo. Já outro fator relevante e que há um número de casos de autistas associados a
quadros de epilepsia e atraso cognitivo.
3. Ambientais
Os fatores ambientais são aqueles aos quais o indivíduo está exposto, como: poluição,
doenças, tratamentos, etc.
Os estudos apontam para fatores como: exposição a toxinas, a idade dos pais e
complicações no período pré-natal, como infecções na mãe.
Também, há uma discussão sobre a associação dos níveis de vitamina D e o autismo.
Alguns estudos apontam que no terceiro trimestre da gravidez, os níveis desta vitamina
baixam em gestantes que já possuem deficiência de vitamina D. E isso ocorre,
especialmente, se o último trimestre de gestação for no inverno – estação em que as
pessoas se expõem muito menos ao sol.
Fatores de risco
Os fatores são genéticos, neurológicos e ambientais. E é importante entender os
aspectos que envolvem o contexto antes da concepção, durante o parto e após o
nascimento, cujas características estão todas ligadas a fatores ambientais. Um exemplo
são as mães fumantes.
Estudo aponta que há um número maior de casos de TEA em indivíduos do sexo
masculino e que 20% das crianças autistas pesquisadas estavam abaixo do peso ao
nascerem. O mesmo estudo também identificou um ambiente intrauterino inadequado
em virtude de infecções durante a gravidez.
A idade avançada dos pais, intervalos de menos de um ano entre uma gravidez e outra e
gravidezes múltiplas também aumentam o risco de TEA.
Importância do diagnóstico precoce
Nos primeiros meses de vida, a criança está em pleno desenvolvimento neural. Por isso,
é fundamental que o diagnóstico de TEA ocorra o mais cedo possível. Assim, essa
criança poderá ser estimulada e o tratamento será mais eficiente!
Quando o diagnóstico fica pronto, a criança pode ser acompanhada por uma equipe
interdisciplinar, que saberá estimular as várias áreas do cérebro. E a criança, então,
poderá aproveitar o máximo do seu potencial cerebral.
Estudos internacionais comprovam que o tratamento deve ser feito em parceria entre
uma equipe interdisciplinar, a escola e a família, para que os resultados sejam mais
eficazes. Afinal, tratamentos isolados tendem a obter menos sucesso.
Tratamento para o autismo
O tratamento deve ser multidisciplinar. E isso envolve a participação de médicos,
psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, e pedagogos, que estimularão o autista a se
desenvolver através de atividades diversificadas e indicadas para cada caso.
Já a medicação só será recomendada para casos de autistas agressivos. Mas isso
acontece somente através de uma avaliação médica!
Na escola, professores e pedagogos darão o suporte necessário para que o aluno interaja
em todos os ambientes escolares e tire proveito disso. Além disso, o trabalho do
fonoaudiólogo é fundamental. Os números indicam que 40% das crianças autistas que
têm alguma dificuldade na fala, adquirem alguma comunicação verbal quando
estimuladas corretamente.
As atividades esportivas e de psicomotricidade merecem destaque. Porque auxiliam na
consciência corporal, melhoram a autoestima, estimulam a socialização e aumentam a
inclusão social. Também, os profissionais se dedicam a diminuir as estereotipias da
criança. Mas isso demanda mais tempo porque, muitas vezes, as intervenções precisam
ser aprofundadas.

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