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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Eduarda Neves dos Santos

Emily Gabriely Santos Hidalgo

Felipe Bertoldo Garcia Monteiro

Maria Vitoria Nery Turci

Mel Gomes Darrigo

Patricia Muller Inthurn Olimpio

Victoria Regina da Silva

Vittor Thomaz Lino de Lima

INFÂNCIA E A PERCEPÇÃO DO TEA

(TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA)

Taubaté/SP

2023
1 INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa, dissertamos acerca da percepção do TEA na infância, especificamente no


que se refere às suas causas e seus sintomas, bem como no que tange ao diagnóstico, sua
aceitação e à preparação da criança para o convívio em sociedade.

Utilizamos como base para a pesquisa o Google Acadêmico e o SciELO Brasil, visando,
em todo momento, sermos o mais claro, coerentes e científicos possível.

2 O QUE É O TEA?

O autismo — nome técnico oficial: transtorno do espectro do autismo (TEA), a partir do


DSM-4 — é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social
(socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamental (interesse restrito ou
hiperfoco e movimentos repetitivos). O transtorno é tão abrangente que se usa o termo
“espectro”, pelos vários níveis de suporte que necessitam.

2.1 POR QUE NÃO É CONSIDERADO UMA DOENÇA?

Pelo fato de não existir uma cura para o autismo, o TEA não é considerado doença, nem
física, nem mental. Ao contrário disso, o autismo é um transtorno ou uma condição e pessoas
com autismo não precisam ser curadas, mas cuidadas e compreendidas.

2.2 TIPOS DE AUTISMO

Autismo nível 1 ou autismo leve: dificuldade para iniciar interações sociais e apresenta
interesse reduzido por interações. Inflexibilidade no comportamento e em trocar de atividades.

Autismo nível 2 ou autismo moderado: déficits graves nas habilidades de comunicação


verbal e não verbal, com prejuízos aparentes mesmo ao receber apoio. Limitação em iniciar ou
responder a interações. Dificuldade em lidar com mudanças e comportamentos restritos/
repetitivos.

Autismo nível 3 ou autismo severo: déficits graves nas habilidades de comunicação


verbal e não verbal que causam prejuízos graves de funcionamento. Grande limitação em iniciar
e responder a interações. Extrema dificuldade em lidar com mudanças e grande sofrimento para
mudar o foco ou ações.

3 CAUSAS DO AUTISMO

As causas mais comuns do desenvolvimento do TEA são a genética e a ambiental, sendo


que em 90% dos casos a resposta é genética. A nível científico e biológico, já foram descobertos
mais de 1000 genes que estão altamente pareados com o desenvolvimento do transtorno do
espectro autista.

Diante disso, fica mais claro o porquê de cada portador demonstrar determinados
sintomas; o fator genético torna-se único, podendo ser representado como uma “assinatura’’ de
cada indivíduo, onde até mesmo dois irmãos autistas podem ter dificuldades e comportamentos
diferentes.

Dentre todos os modelos explicativos de variância genética do TEA, o que abrange de


forma mais representativa é o “Modelo do Copo’’, que simboliza a herança limiar multifatorial
que apresenta os impactos das variantes genéticas e ambientais com maior ou menor risco
associado ao TEA, representados por círculos de tamanhos diferentes, delimitados pela borda do
copo, onde os círculos que ultrapassam esse limite representam as pessoas que estão dentro do
espectro.

Alguns estudos apontam determinados fatores como responsáveis pelo desenvolvimento


do transtorno, mas é importante salientar que eles não são uma regra e podem variar de caso para
caso. São eles: prematuridade, idade paterna e materna, tratamento com ácido valpróico durante
a gestação e sofrimento fetal. Cada um dos citados pode (ou não) contribuir com os fatores
genéticos anteriormente demonstrados, facilitando o aumento das porcentagens de
desenvolvimento do TEA.

4 OS PRIMEIROS SINTOMAS DA SÍNDROME

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um termo que refere-se à certas condições


neurodesenvolvimentais de um indivíduo cujas dificuldades no desenvolvimento tendem a ser
precoces. De acordo com o DSM-5 — Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos
Mentais — os primeiros sinais de autismo costumam aparecer antes dos 3 anos. Porém, muitas
crianças apresentam seus primeiros sintomas em até seus dois anos de vida.

Diversos estudos destacam a intervenção precoce como fator fundamental para a melhora
do quadro clínico do autismo, gerando ganhos significativos e duradouros no desenvolvimento
da criança (Howlin, Magiati & Charman, 2009; Reichow, 2011). Essa ocorrência é devido à alta
plasticidade cerebral de crianças pequenas, ou seja, a capacidade que o cérebro possui de sofrer
modificações de acordo com a necessidade, estímulo e ambiente, sendo o recebimento de
estímulos extremamente importante para a construção de conexões neurais mais positivas nessa
fase infantil.

É reconhecido que os primeiros sintomas, na maioria das vezes, são suspeitados pelos
pais, e não pelos profissionais, isso verifica-se devido a convivência diária que os progenitores
têm com o detentor do transtorno (Lord, Storoschuk, Rutter & Pickles, 1993).

Um sinal importante para o diagnóstico do autismo é por volta dos 9 meses cujo certas
habilidades sócio comunicativas são esperadas pelo bebê, que transformam o jeito que ele
interage com as pessoas, seu entorno, objetos e consigo mesmo, pois deve-se esperar o
compartilhamento de descobertas através do olhar, dos gestos e das expressões faciais.

Os sinais percebidos mais precocemente pelos pais ainda nos primeiros dois anos de vida
da criança são o atraso no desenvolvimento da linguagem e da comunicação, comprometimentos
no desenvolvimento social e da atenção compartilhada, regressão de linguagem ou perda de
palavras já adquiridas. Entre o primeiro e o segundo ano de vida podem ser identificados ações
como não responder quando chamado pelo nome, pouco contato visual, comportamentos
estereotipados e repetitivos, problemas e dificuldades no comportamento social, sendo o medo, a
ansiedade, a indiferença ou a aversão os mais presentes e a falta de interação com o ambiente e
as pessoas em geral. Por conseguinte, é de extrema importância a busca por conhecimento sobre
o Transtorno do Espectro Autista, o quanto antes puder ser feito o diagnóstico, melhores serão os
resultados das intervenções, fazendo com que a criança consiga se estabelecer rapidamente na
sociedade de forma saudável e psicologicamente estável.

5 O DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é essencialmente clínico, ou seja,
realizado por meio de uma observação direta do comportamento do paciente e de uma entrevista
com os pais, cuidadores ou responsáveis.

Ainda não existem manuais biológicos que possam constatar (ou não) a presença do
autismo no indivíduo, mas alguns exames, como o teste do pezinho, a ressonância magnética
nuclear (RMN), a audiometria e testes psicológicos podem ajudar na investigação das causas e
possíveis doenças associadas. Como pontuado por Franciele Onzil e Roberta Gomes no artigo
Transtorno do Espectro Autista: A importância do diagnóstico e reabilitação, outro fator
importante a ser discutido é a forma como o diagnóstico será comunicado aos pais. É um
processo altamente delicado, que promove uma oportunidade única de se estabelecer uma aliança
de confiança entre os profissionais e os familiares, dando a chance de torná-lo mais coerente e
menos estressante possível.

Os dois modelos de diagnósticos usados internacionalmente são o CID e o DSM, no


Brasil usamos o CID-11, CID significa "Classificação Internacional de Doenças e Problemas
relacionados à Saúde" enquanto que o número 11 simboliza a versão, ou seja, já foram realizadas
11 atualizações e revisões sobre esse teste. Nesta versão, todos os transtornos que fazem parte do
autismo, como o autismo infantil, a Síndrome de Asperger, o transtorno Desintegrativo da
Infância e o transtorno com hipercinesia, por exemplo, foram reunidos em um único diagnóstico:
o TEA (código 6AO2). O DSM-5 abrange apenas os transtornos mentais, tendo seus critérios
baseados em tópicos.

5.1 OS NÍVEIS DE AUTISMO DO DSM-5

O DSM-5, versão mais atualizada do Manual de Diagnóstico e Estatística, categoriza o


autismo em 3 graus, sendo eles o leve, moderado e severo. No primeiro, as dificuldades estão
mais associadas à déficits na comunicação; no segundo, as dificuldades anteriores se agravam e,
como consequência, surgem novas comorbidades; e, por fim, no terceiro grau há prejuízos
elevados no neurodesenvolvimento, fase extremamente importante na infância.

5.2 A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO E SUA ACEITAÇÃO

Entender o diagnóstico, compreendê-lo e aceitá-lo são passos extremamente importantes


na vida da família com membro portador de TEA. Encarar o problema de frente é um dos
principais passos para garantir uma infância com os devidos cuidados. Quanto mais cedo for o
início das terapias, menores serão as chances de se acumularem atrasos, assegurando mais
qualidade de vida à criança.

Nesse sentido, os pais devem sempre ser ativos nesses processos juntamente da equipe
multiprofissional, aliviando e melhorando sua relação com as exigências e demandas da terapia
do seu pequeno. Com isso, os pais, a equipe multiprofissional e a criança, se beneficiam
mutuamente.

Por mais delicada e estressante que a situação possa vir a ser, o segredo é apenas um: não
desistir. Nem todos os dias são bons ou fáceis, mas a integração e aceitação dos pais nessa
batalha já é um grandioso e importantíssimo primeiro passo. Cuidar da criança, seja ela típica ou
atípica, é sempre um desafio, e a ajuda mútua entre os pais e a equipe terapêutica é fundamental
em todo o processo. Nesse sentido, os dizeres de Gretchen Stripp:

“Aceitar o autismo não é renunciar as pesquisas científicas, os


tratamentos e as metodologias. Aceitar significa respeitar o autista
como pessoa em desenvolvimento’’

6 PREPARAÇÃO DA CRIANÇA AUTISTA PARA CONVIVER EM SOCIEDADE

A preparação da criança autista para o convívio social tem início em seu círculo de
vínculos mais próximo: a família. Segundo a pesquisadora Patrícia Poleto, evidencia-se que a
vivência da família frente à situação do Transtorno do Espectro Autista (TEA) perpassa por
situações comuns características do transtorno, as quais implicaram em mudanças de vida da
família como um todo, ou seja, as dificuldades da criança passam a ser também dificuldades dos
pais. Faz-se necessário analisar, também, que a participação da família neste processo é de
caráter unicamente protetivo (BENTES et al 2016; p. 10), visando acolher a criança e ajudá-la a
compreender seus desafios para alcançar seus direitos sociais, tendo em vista o despreparo social
existente na maior parte dos âmbitos da sociedade contemporânea acerca deste tema.

A inclusão social da criança autista por meio de uma abordagem educacional é a


estratégia mais adequada. Portanto, preparar os profissionais pedagogos de forma a tê-los prontos
para lidar com uma criança autista é de suma importância no processo de inserção social, porém,
a escola deve ter, além do papel educativo, o papel conscientizador. Assim, é fundamental
trabalhar o tema “TEA’’ em sala, promover melhorias na infraestrutura e, principalmente, ensinar
a lidar com um indivíduo autista, visando desmistificar os preconceitos e garantir que os direitos
sociais a ele conferidos sejam efetivados.

Sob esse viés, foi aprovada, em dezembro de 2012, a lei nº 12.764, que instituiu uma
política pública destinada especialmente à proteção dos direitos da pessoa com Transtorno do
Espectro Autista (TEA), cujo objetivo principal consiste em conferir igualdade de tratamento e
de acesso às oportunidades aos membros da comunidade autista.

7 CONCLUSÃO

Portanto, pode-se concluir com a pesquisa realizada, que o Transtorno do Espectro Autista é
muito mais complexo e abrangente do que nos é exposto e apresentado socialmente no dia-dia. A
análise do TEA como um distúrbio e não como uma doença, é indiscutivelmente mais
apropriada, tendo em vista suas causas, seus sintomas e como cada nível de autismo apresenta
suas especificidades e dificuldades mediante os desafios da sociedade contemporânea.

Nota-se, também, que compreender o diagnóstico e encontrar formas saudáveis de


aceitá-lo são fases fundamentais no processo de preparação da criança autista para o convívio em
sociedade.
REFERÊNCIAS

O que é o autismo? Canal Autismo, 2023. Disponível em:


https://www.canalautismo.com.br/o-que-e-autismo/ . Acesso em 10 de abril de 2023.

Autismo é doença? Genial Care, 2023. Disponível em:


https://genialcare.com.br/blog/autismo-e-doenca/ . Acesso em 10 de abril de 2023.

Causas do autismo. Instituto Singular, 2023. Disponível em:


https://institutosingular.org/?s=causas+do+autismo . Acesso em 10 de abril de 2023.

Primeiros sintomas da síndrome. Instituto NeuroSaber, 2020. Disponível em:


https://institutoneurosaber.com.br/identificacao-dos-primeiros-sintomas-do-autismo-pelos-pais/ .
Acesso em 10 de abril.

Identificação dos primeiros sintomas pelos pais. Scielo, 2014. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ptp/a/9VsxVL3jPDRyZPNmTywqF5F/?lang=pt . Acesso em 10 de abril
de 2023.

O diagnóstico. Associação de Amigos Autistas, 2023. Disponível em:


https://www.ama.org.br/site/autismo/diagnostico/ . Acesso em 10 de abril de 2023.

A importância da aceitação do diagnóstico. Caderno Pedagógico, 2017. Disponível em:


http://www.meep.univates.br/revistas/index.php/cadped/article/view/979/967 . Acesso em 10 de
abril de 2023.

Os níveis de autismo no DSM-5. Instituto NeuroSaber, 2022. Disponível em:


http://www.meep.univates.br/revistas/index.php/cadped/article/view/979/967 . Acesso em 10 de
abril de 2023.

Preparação da criança autista para o convívio em sociedade. Caderno Pedagógico, 2015.


Disponível em: http://www.meep.univates.br/revistas/index.php/cadped/article/view/979/967 .
Acesso em 10 de abril de 2023.

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