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O Espectro Autista, segundo Grinker (2010) foi descoberto na década de 40, por Leo
Kanner, em 1943. O transtorno do espectro do autista (TEA) ou simplificadamente autismo é uma
síndrome - conjunto de sinais e sintomas - que pode ser caracterizada por alteração do
desenvolvimento com uma alta incidência de casos, em todo o mundo, cada vez mais casos vêm
sendo identificados (CAMPOS, 2019).
Conforme o DSM-5, o transtorno do espectro autista engloba transtornos antes
chamados de autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto
funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra
especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger (DSM-5, p. 53)
O transtorno do espectro autista é uma desordem do neurodesenvolvimento com início
bem precoce e curso crônico, não degenerativo, de etiologia desconhecida. O autismo abrange
prejuízos na interação social, alterações importantes na comunicação oral e verbal, apresenta
padrões limitados ou estereotipados de comportamento e interesses, dentre outros sinais e
sintomas, caracteriza-se por déficit persistente na comunicação e interação social em múltiplos
contextos comportamentais, por prejuízos no desenvolvimento de habilidades sociais, de
comunicação e de cognição na criança (NOGUEIRA; RIO, 2011).
Deste modo, se por um lado temos depoimentos como o de Christopher Stevens e Nicola
Stevens, em seu livro Um menino de verdade ou A real boy, tendo como subtítulo: “como o
autismo estraçalhou nossas vidas e deixou a família em pedaços”, percebemos que com o
desenvolvimento do conhecimento sobre esse transtorno tem dado oportunidades a que famílias e
pessoas afetadas por essa síndrome possam encontrar caminhos terapêuticos possibilitando,
inserir-se na vida social de forma construtiva.
A despeito disso, quando uma família recebe o diagnóstico de que uma criança é portadora
do TEA, o que se tem são crises familiares, desconfianças, incredulidade diante da síndrome
pois, como nos diz Stevens acerca da família apresentada no livro (2008, p. 82), “[...] Eles, é
claro, ficaram profundamente chateados com o diagnóstico de David”, situação que implica
muitas vezes em negações e falsas perspectivas: espera-se que algo, miraculosamente, mude o
diagnóstico ou que este venha a estar errado, nutrem-se de esperanças que levam a
desconsiderar a real situação pela qual a criança e a família passam. Depois, com as terapias e
o equilíbrio gradual da situação, essas perspectivas se alteram, o que pode potencializar a
descoberta de habilidades e talentos.
O próprio diagnóstico é algo complexo, algo que é feito ao longo do tempo, uma vez que
os profissionais trabalham com um ser humano em formação e que pode vir a sofrer graves
problemas por conta de rótulos e estereotipados. Nesse sentido, acontecem situações de
insegurança na família que implica, a depender da situação social e da sociedade em que se vive
(como em alguns países europeus), que esse diagnóstico implique em ajuda social, médica e
mesmo financeira, uma vez que existe um impacto econômico nas famílias (a mãe ter que se
ausentar do trabalho para providenciar cuidados, uso de fármacos, adaptações no ambiente
familiar etc.).
Para além da situação diagnóstica, outra perspectiva que deve ser observada, diz respeito
ao fato de o autismo poder apresentar perfis de desenvolvimento desafiadores, deixando os pais, e
muitas vezes alguns profissionais, perplexos ante o acompanhamento dos acometidos por essa
síndrome, pois variam muito as características sintomáticas, implicando em atuações e
intervenções específicas para cada caso. Assim, crianças com autismo vão apresentar sintomas
diferentes entre si e acometimentos com gradientes variados dos sintomas associados à síndrome,
de crianças mais adaptadas à interação social a crianças em estados próximos ao catatonismo, de
gradientes diferentes entre meninos, que podem ser mais severos em relação ao de meninas, que
são menos atingidas pela síndrome e com sintomas mais leves, de modo geral, até situações em
que determinados indivíduos que poderão desenvolver altas habilidades, sendo esses
caracterizados como autistas de alto funcionamento ou desempenho (SIMÕES, 2012).
Assim, para o autismo com altas habilidades funcionais, mesmo que se tenha de início a
dificuldade com a fala, com o seguimento de um tratamento adequado e, em tempo hábil, essa
dificuldade pode ser suprimida, vindo a comunicação a ser desenvolvida junto a outras
habilidades como a musical, de desenho, de pintura, de escultura, de cálculo, de
posicionamento geográfico, de modo, a virem a se desvelar verdadeiros talentos por trás e por
causa do autismo.
Quanto à gradação do TEA, considera-se, de forma tipológica, síndromes como a de
Asperger, como uma faceta menos “agressiva”, com menor déficit de comprometimento de
habilidades sociais da TEA. Assim, conforme o prefácio do DSM-5, a Fusão de transtorno
autista, transtorno de Asperger e transtorno global do desenvolvimento no transtorno do
espectro autista, consideram que os sintomas desses transtornos representam um continuum
único de prejuízos, com intensidades que vão de leve a grave nos domínios de comunicação
social e de comportamentos restritivos e repetitivos, em vez de constituir transtornos distintos.
Por exemplo, muitos indivíduos anteriormente diagnosticados com transtorno de Asperger
atualmente receberiam um diagnóstico de transtorno do espectro autista sem
comprometimento linguístico ou intelectual. (DSM-5, p. 32). Daí, essa mudança foi
implementada para melhorar a sensibilidade e a especificidade dos critérios para o diagnóstico
de transtorno do espectro autista e para identificar alvos mais focados de tratamento para os
prejuízos específicos observados.
Diagnóstico
OS MÚLTIPLOS OLHARES
Os indivíduos com formas menos graves de TEA não têm atrasos cognitivos
frequentemente encontrados em pessoas com formas mais graves e podem -
com suporte - ir bem, academicamente, na escola Durand, p.580, (2014). [..]
Em virtude de o TEA poder resultar em uma variedade de déficits, é
improvável que uma droga funcione para todos que apresentam esse
transtorno. Muitos trabalhos atuais concentram-se em descobrir tratamentos
farmacológicos para comportamentos ou sintomas específicos (Volkmar et
al., 2009 apud Barlow; Durand, p580, (2018).
Deste modo concluo estas explanações de acordo com as referências acima citadas,
que o diagnóstico quanto mais cedo for obtido maior serão as chances de desenvolvimento
cognitivo, é de suma importância o olhar clínico e multiprofissional para com a evolução no
tratamento da pessoa com TEA e para com a família, pois é através da família que a equipe
multiprofissional recebe o apoio na continuidade e andamento da evolução biopsicossocial da
criança.
Queremos com este estudo evidenciar a importâncias da equipe multiprofissional para
o avanço no tratamento da pessoa com TEA e o trabalho multidisciplinar, posteriormente este
material poderá ser retomado para complemento e maior informações acerca desse tema.
REFERÊNCIAS
PAZ, Raquel Malheiros Teixeira Moreira da. O abandono do tratamento no contexto dos
cuidados de saúde mental para crianças e adolescentes, 2016.
DE SOUZA, Vanessa Rafaelle Brasil. A atuação do terapeuta ocupacional com base na Teoria da
Integração Sensorial na assistência de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) durante a
pandemia do Covid-19/The occupational therapist actuation based on the Sensory Integration Theory
in the care of children with Autistic Spectrum Disorder (ASD) during the Covid-19 pandemic. Revista
Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional-REVISBRATO, v. 4, n. 3, p. 371-379, 2020.
NOGUEIRA, Maria; RIO, Martins do. A Família com criança autista. Revista portuguesa de
enfermagem de saúde mental, v. 5, p. 16-21, 2011. Disponível em:
<https://www.scielo.org/>. Acesso em: 14 de março de 2021.
STEVENS, Christopher; STEVENS, Nicola. A real boy. London, Michael O’Mara Books
Limited: 2008. Acessado em: 13 de março de 2021.