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Características 6
Desenvolvimento social 8
CONTEXTO HISTÓRICO DO AUTISMO 9
INCLUSÃO DAS CRIANÇAS AUTISTAS 12
Inclusão Escolar, Familiar e Aprendizagem de Alunos com TEA 15
O que o educador precisa saber 17
Orientações de como trabalhar com alunos Autistas 22
Desenvolvimento da linguagem 85
CONSIDERAÇÕES FINAIS 90
Referências 91
Autismo
Características
Leo Kanner usou essa palavra autismo em 1943 para descrever uma série de
sintomas que observava em alguns de seus pacientes. Com o passar dos
anos, porém, ficou provado que essas crianças apresentavam apenas uma
das manifestações de autismo, definindo o autismo como um transtorno que
se estruturava nos dois primeiros anos de vida.
● Dificuldades da fala
● Dificuldades nas relações interpessoais (alguns preferem viverem
sozinhos em seu mundo, outros já escolhem uma pessoa para se
relacionar, ou seja, ser amigo apenas de uma pessoa).
● Apresentam dificuldades na leitura e escrita e são melhores em
cálculos
● Comunicam-se através de gestos quase não usam a fala
● Alguns apresentam crises de risos e ataques eufóricos.
Via o autismo e o pensamento autista como um primeiro estágio no desenvolvimento da inteligência das
crianças normais. De novo, Piaget não empregava o termo autismo sem a conotação moderna. Ele via a
inteligência originando-se de fenômenos sensitivo-motores não direcionados e, portanto, autistas. Jean Piaget
(1936, apud BENDER, 1959).
Segundo Piaget o autismo era um dos primeiros estágios de desenvolvimento
de inteligências das crianças. Enxergava as crianças autistas como um ser
muito inteligente. E esse pensamento de Piaget não era exposto de acordo
com a realidade vivida e sim como um sonho imaginário dele.
Daí surge à teoria de Asperger onde ele disse que as crianças tinham uma
inteligência preservada e o desenvolvimento na linguagem era normal, mas
aparentava sim sintomas de autismo e comprometimentos nas habilidades
sociais.
Segundo Mittler (2000) a inclusão tem como intuito garantir que todas as
crianças façam parte de um grupo, comunidade, e de um sistema de ensino
que possa oferecer oportunidades, assim como as demais crianças que não
possuem nenhuma necessidade especial, na tentativa que essas crianças
sejam incluídas e escapem dos preconceitos e isolamento.
Uma rotina de avisos e transição será uteis para uma criança portadora de
autismo, sabendo que a flexibilidade é algo importante na vida e que precisa
ser trabalhado, um exemplo são coisas diferentes que acontecem no
ambiente escolar, tipo quando a chegada um professor novo ou viagem de
campo vão causar ansiedade e desconforto a ela. Por isso necessitam de um
aviso com pelo menos uns cinco minutos de antecedência;
Quanto mais significativo para a criança forem os professores, maiores serão as chances dela promover novas
aprendizagens, ou seja, independente da programação estabelecida, ela só ganhará dimensão educativa
quando ocorrer uma interação entre o aluno autista e o professor (SCHWARTZMAN EASSUNÇÃO JUNIOR,
1995).
Profissionais e familiares possuem funções importantes para construírem
ações inclusivas voltadas aos discentes portadores de autismo, as atividades
devem ser elaboradas com o intuito de propiciar autonomia. E necessário ter
um profissional qualificado (psicopedagogo) dando assistência ao professor
em sala de aula. Se caso o aluno não tenha total autonomia, pois há grandes
dificuldades para um único educador atender a todos os alunos da classe.
Uma criança aprende de forma natural, espontânea, por meio de brincadeiras que
evolvam pais, colegas e professores no ambiente escolar. Onde possam adquirir
habilidades e criarem vínculos de amizades.
Já para as crianças autistas não ocorre da mesma forma, para elas há uma relação
diferente entre o sentido e o cérebro. As informações obtidas não são transformadas
totalmente em conhecimentos. O professor tem que estar ciente das diferenças de
cada aluno, que as crianças estarão ali para aprender e não apenas para ter uma
socialização, mas que também são capazes de adquirir múltiplos conhecimentos.
Para um autista é necessário que seja explicado à função dos objetos, devido a
terem dificuldades de compreendê-los. Não é sempre que uma criança vê uma bola,
e de imediato quer chutá-la, sendo que é possível criar estereotipias e formas
incomuns de manuseio.
Destarte, das leituras que tudo passará a ter certo valor pedagógico, tais como:
habilidades, usos e todas as atividades da vida diária devem ser exercitados. O
portador de autismo tem uma atração relevante por objetos que balançam e rodam.
Maria Montessori diz que a criança cria a própria “carne mental’’, usando as coisas
que estão no seu ambiente”. Ela chama a mente da criança de “mente absorvente”.
Os autistas tem a visão, o tato sensíveis, às vezes não suportam locais com
barulhos e acabam se assustando. Mas, na maioria das vezes são atraídos por
algum ruído, fica preso a algo presente no ambiente. Devido a isso é necessário que
fale baixo e seja mantido sempre um ambiente tranquilo. Porém, sempre há algo
que fica fora do nosso controle. Sendo assim, cabe ao professor tranquilizar seu
aluno, distraindo sua atenção para outras atividades, podendo ser atividades
pedagógicas.
A criança típica aprende as coisas com mais facilidade exemplo: aprende rápido o
que é um objeto, para que serve e como utilizá-lo. Porém, a criança autista tem
dificuldades de reconhecer um objeto e a sua utilidade. Devido a isso passam a ter
defeitos na linguagem.
O docente atua como mediador no desenvolvimento da criança, ele proporciona atividades que as
estimulem a conhecer e a desenvolver novas habilidades, atuando desta forma na Zona de
Desenvolvimento Proximal (Z.D.P.), neste período a criança se encontra com as novidades de seu
meio social e passa por um processo de interação com o meio e amigos de várias faixas etárias
(VYGOTSKY, 1978 apud SANTOS, 2013, p.13).
Saber que a criança autista precisa de ajuda para ter boas interações sociais,
assim cabe ao docente ter paciência e ajudar essa criança a progredir na sua
trajetória de vida.
DUL PAUL e STONER observam que muitas toxinas ambientais têm sido
envolvidas para a explicação dos sintomas de hiperatividade. Sendo assim,
não deve ser extenso o período de trabalho com os Aprendente autistas, pois,
o longo período dificulta a concentração.
Ao trabalhar com autistas é essencial que seja realizada uma pesquisa sobre
o Aprendente autista, onde se terá conhecimento da sua relação familiar e
social; seus sentimentos e necessidades, assim as observações darão
direção de como agir no processo. Para que se tenham bons resultados é
preciso que haja sintonia dos profissionais com a família, desse modo,
pressupõe profissionais qualificados, preparados e que não se acomodem
diante de pesquisas sobre a síndrome.
O professor deve atentar-se também que o reforço positivo será útil, no seu
progresso escolar, mas as punições não, as ameaças poderão resultar em
ansiedade e impedimento no progresso do mesmo. A educação dos autistas
existe muitas limitações, e com isso requer um quadro de profissionais
capacitados para trabalhar nessa modalidade de ensino. E em muitas das
vezes os gestores não estão preparados para desenvolver um plano
pedagógico para os autistas.
Buscando adaptar o ambiente escolar para tornar mais fácil para que a
criança possa compreendê-lo, entendendo assim o que o professor espera
dela. Sendo assim, com a organização do ambiente, ficará mais fácil a
aprendizagem das crianças. O TEACCH tem como intuito a independência do
aluno, assim ela percebe que necessita do seu professor para alcançar
rendimento escolar, mas podendo passar grande parte do seu tempo se
ocupando de forma independente. TEACCH visa no desenvolvimento da
independência da criança.
Temos também a ABA que visa ensinar para as crianças certas habilidades
que elas não possuem. Cada uma dessas habilidades é ensinada de um
modo. Exemplo quando fazemos uma pergunta para a criança, sua resposta
só será adequada se ocorre algo que fosse agradável para ela, sendo então
na prática como uma recompensa.
O PECS tem como intuito ajudar a criança na percepção que tem através da
comunicação com isso, perceberá que ela pode sim conseguir as coisas que
deseja com mais facilidade, estimulando a criança a comunicar- se com o
meio em que vivem.
Este método tem sido aceito por vários lugares do mundo, pois ele não
demanda de materiais complexo ou mesmos caros, é meramente fácil de
aprender, podendo então ser aplicado em qualquer lugar e quando é
aplicado, conquista resultados significativos em relação à comunicação das
crianças que não falam, e na materialização da linguagem verbal de crianças
que fala porém, precisa organizar a sua linguagem.
Metodologia
Participaram deste estudo dezessete educadoras, incluindo professoras
regentes e educadoras especiais da cidade de Santa Maria/RS e região que têm em
suas classes alunos com autismo (APA, 2002). As participantes preencheram uma
ficha de dados demográficos e um questionário sobre estratégias de coping. A Ficha
sobre Dados Demográficos (EdEA, 2012) teve por objetivo coletar dados que
abrangem diferentes aspectos como contexto familiar, escolarização e
características comportamentais do aluno com autismo. O questionário sobre
Dificuldades e Estratégias de Coping foi adaptado a partir de um instrumento
anterior (SCHMIDT, 2004) que consta de duas questões abertas, investigando
situações de dificuldades com os alunos e a forma como as educadoras lidam com
estas dificuldades.
Cada educadora poderia apresentar de uma a três dificuldades diferentes do
aluno, em ordem de prioridade e suas respectivas estratégias. Adaptação do original
consta na mudança de público alvo de mãe para educadoras e a não investigação
da forma de como lidam com sentimentos recorrentes dessas situações. As
informações dos questionários foram tratadas através da análise de conteúdo de
modelo misto (BARDIN,1979), em que partiu-se de categorias definidas a priori e
geradas novas categorias que foram estabelecidas a partir das informações
apresentados nas respostas.
Foram definidas categorias para classificação das principais dificuldades
apresentadas pelos alunos com autismo e categorias para descrever as estratégias
de coping utilizadas pelas educadoras para lidarem com essas dificuldades.
Observaram-se também as distribuições de frequência em que se apresentaram as
dificuldades e as estratégias, permitindo uma análise quantitativa.
Resultados e discussão
Comportamento:
Comunicação:
Dificuldades cognitivas:
Outras:
Ação direta:
Ex.: ...Em algumas situações ele me ouve apenas se é desejo dele em fazer o que
falo, ele é muito esperto. Procuro conversar muito com ele sobre o que estou querendo para
ele entender o porquê da situação. ...Coloco a lápis em sua mão, em geral ele solicita com
gestos que eu o ajude ou nem pega o lápis.
Planejamento cognitivo:
Aceitação/Evitação:
Busca de apoio:
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÕES
[...] num primeiro momento você até se assusta, eu nunca tinha vista um
autismo daquela forma, de ter duas pessoas na mesma pessoa. Eu fiquei chocado
[...] sempre tive conhecimento sobre autismo diferente: a pessoa ficar sempre em
seu mundo, mas ela não é quieta não, é muito ativa. (Professor de Física) [...] eu
não aprendi a cuidar dessas pessoas. [...] Então precisava de ter pelo menos uma
pessoa, dentro da sala de aula talvez, mas uma pessoa dentro da escola para tá
assessorando a gente. [...] (Professora de Biologia)
[...] eu acho que... é... exigir muito o estudo dela, já é também um pouco de
exagero... tipo assim, tem que ter mais ou menos a base que a gente tem, mas não
precisa também aquele estudo rígido.. igual a gente, porque ela é autista, eu acho
isso, entendeu? Eu acho que é mais social, entendeu? (Fernando).
[...] o pessoal está copiando ela fica fingindo que está copiando. Se eu falo
assim: – Luciana tem que copiar. Imediatamente ela toma aquela atitude como se
ela fosse copiar. [...] ela brinca muito com as mãos. (Professora de Biologia) A
Luciana é uma pessoa que ela sabe escrever. Se você mandar ela fazer uma
continha, ela faz a continha, entendeu? Ela escreve direitinho, fala... [...] Eu falo
assim [...] Faz essas continhas aqui. Ela vai lá e faz. (Professor de Matemática)
Considerações finais
De acordo com Bereohff (1991), para educar uma criança autista, é preciso
levar em consideração a falta de interação com o grupo, comunicação precária,
dificuldades na fala e a mudança de comportamento que apresentam essas
crianças.
Neste sentido a autora descreve que “é básico que a programação
psicopedagógica a ser traçada para estas crianças, esteja centrada em suas
necessidades” (BEREOHFF, 1991, s/pág). A autora em questão diz que há várias
técnicas de ensino para crianças com autismo. Essas técnicas têm o objetivo de
prevenir ou reduzir as deficiências primárias. Desta forma:
Educar uma criança autista é uma experiência que leva o professor a rever e
questionar suas idéias sobre desenvolvimento, educação normalidade e
competência profissional. Torna-se um desafio descrever um impacto dos primeiros
contatos entre este professor e estas crianças tão desconhecidas e na maioria das
vezes imprevisíveis (BEREOHFF, 1991, s/pág).
Além disso o educador deve basear seu relacionamento com seu aluno em
um conhecimento o mais abrangente da síndrome do Autismo, das características
da criança e de técnicas atualizadas de ensino. Entrada: este momento deve ser
relatado para o aluno, que já passou, trabalhando informalmente o aspecto
temporal.
Oração: o educador estimulará o grupo a realizar junto com ele um momento
de agradecimentos, dando início aos trabalhos. Deve ser valorizado cada momento
de fala da criança, assim o professor fará com que o aluno sinta liberdade de
expressar-se não só na oração, mas em qualquer outra situação.
História: é necessário que seja contada diariamente, aparecendo fatos reais
ou de fantasia situando o aluno dentro do contexto. O conto vai sendo desenhado
no quadro com giz colorido, expondo a realidade do aluno em casa, rotina escolar,
apontando objetos e pessoas que o rodeiam.
Tarefa: esta é dedicada às atividades dirigidas, sendo elas em mesa,
individual ou em grupos, de acordo com os objetivos traçados para cada criança.
Objetivos são traçados a partir do PIE (Planejamento Individual de Ensino),
que para sua elaboração são seguidos os seguintes passos:
Lanche: segundo Schopler (1993), esta é uma situação que prioriza somente
a alimentação, mas também permite que um tenha respeito pelo lanche do outro,
bem como compartilhá-lo em determinadas situações.
Na hora do lanche o aluno é estimulado a preparar a sua mesa para comer,
manusear objetos (copo, prato, talheres).
Esta atividade proporciona o desenvolvimento de hábitos alimentares dentro
do contexto escolar.
HIPÓTESE E CONCEITOS
-música;
- tarefa dirigida (atendimento individual);
- momento livre (o aluno escolhe sua atividade);
- abordagem vivencial (contato físico);
- recreação supervisionada;
- Higiene;
- Lanche;
- Recreio livre;
- Observação (de objetos, gravura...);
- A sala de aula é dividida em três partes: momento pessoal, momento
individual e momento livre;
- Todas as atividades são voltadas para o estímulo visual.
- Momento livre: neste local os alunos podem optar por uma atividade, ou até
mesmo ficar sem fazer nada.
CONCLUSÃO
Quadro teórico
Diário de campo
Considerações finais
Procedimentos Metodológicos
Resultados e Discussões
Nunes (2011) afirma que muitos professores que atuam nas escolas
demonstram medo e ate não aceitam a inclusão que esta acontecendo em todo
sistema educacional em território nacional.
A concepção do professor em relação à inclusão depende muito de sua
formação cultural e intelectual o que, muitas vezes, acaba interferindo na prática
pedagógica.
Por vezes o professor quer compartilhar a responsabilidade de ensinar a
criança com autismo com outras pessoas, devido às dificuldades que ele enfrente
sozinho na sala de aula.
Para alguns profissionais da educação, a inclusão é vista de forma negativa,
por vezes eles não se sentem preparados para lidar com as necessidades
individuais que a criança com autismo apresenta, a partir disso pudemos identificar
que a professora sente dificuldades com relação a ter uma criança com autismo em
sala de aula, demonstrando que deveria ter um professor voltado apenas para a
educação do mesmo. Sobre as dificuldades de ter uma criança com autismo em
sala de aula, as professoras alegaram que:
Quanto ao que foi citado acima, Nóvoa (1995, p.25) alega que:
As atividades que eu faço são totalmente diferenciadas. Por que o autista, ele
não tem agilidade, não tem a coordenação motora como os alunos tem né, nos
trabalhamos com: a coordenação, muito a coordenação pronunciar várias vezes as
palavras para que ele possa memorizar dessa forma (GORETE, 2013).
[...] eu sempre faço, a luta é essa, assim ele ainda não tá se adaptando as
atividades, uma ou outra eu passo ele faz, tem dia que ele quer fazer, mas tem dia
que não faz de jeito nenhum, no momento estou trabalhando com ele a
coordenação motora, que ele não tem (LÚCIA, 2013).
Muito bom, maravilhoso, o tratamento dele com a gente quando ele chega na
escola ele já vai abraçando todo mundo, ele beija, o que eu acho interessante nele
pelo menos o meu, não fala, só olha pra você e sorri, e quando ele quer uma coisa
ele chama você, pega você pela mão e vai até aonde ele quer, aí essa foi uma das
dificuldades, eu não sabia como a hora de levar ele para o banheiro, a hora que ele
queria tomar água e hoje eu já sei, quando ele quer água, ele mostra o caneco,
quando quer ir ao banheiro ele coloca a mão, porque ele não fala mesmo, ele não
desenvolveu a fala (GORETE, 2013).
É razoável, só que tem momentos que a gente exige pra ele fazer as
atividades, ficar sentado, aí ele grita e joga o lápis, fica batendo na banca, chutando
a porta, às vezes se alguém pegar alguma coisa dele, ele morde, já bateu em uma
colega com o caderno (LÚCIA, 2013).
Considerações finais
[...] a perturbação social, muito mais que outros de tais problemas, têm um
efeito devastador porque retira aqueles afetados do alcance das fontes ordinárias de
aprendizado e do apoio emocional que os outros seres humanos poderiam lhe
proporcionar. A menos que a natureza de suas perturbações sejam entendidas e
sejam proporcionado ensino hábil e cuidados, as pessoas socialmente perturbadas
ficam psicologicamente isoladas em um mundo que elas não podem entender.
(ELLIS 1996, p.26)
Devido a essa perturbação social relatada por Ellis (1996) a qual vivência a
maioria as crianças com autismo, a minha experiência com elas, de início, foi
frustrante e desmotivadora, não conseguia entender o porquê se interessavam por
contato com objetos, já que estavam sempre com algum nas mãos e não se
interessavam por contato com pessoas se isolando do mundo.
Mas não desisti, procurei explicação para o que inicialmente era, para mim,
um grande desafio. Foram inúmeras tentativas de penetrar naquele universo
particular, porém, sem êxito.
Passei a refletir, recorri à literatura e a diálogos com profissionais que
trabalham com crianças com autismo em busca de uma “fórmula mágica” que
contribuísse para o desenvolvimento daquelas crianças. Encontrei no lúdico uma
fresta nessa cápsula na qual seria possível penetrar. Notei que sempre, mesmo que
por alguns momentos, as atividades que envolviam música, brincadeiras, artes,
jogos e contação de histórias com fantoches, chamavam à atenção daquelas
crianças ainda que não se aproximasse, então passei a apostar nessa metodologia
como forma de aproximação das crianças com autismo, conseguindo assim abrir
uma fresta na cápsula.
Com base neste panorama inicial apresentado, decidi realizar esta pesquisa,
por compreender que o lúdico é uma das formas de minimizar as barreiras autísticas
da sociabilidade, comunicação e imaginação, proporcionando a essas crianças
oportunidades de aprendizagem e socialização considerável.
A utilização do brincar como forma de interação social e
aprendizagem da criança com autismo
No que se refere ao desafio de trabalhar com sujeito com autismo, para não
haver demasiadas surpresas em seu comportamento e as suas reações a novos
estímulos, se faz necessário que em se tratando de atividades lúdicas, o educador
antecipe o que vai acontecer na realização da atividade, seja por gesto, palavras ou
demonstrando para criança como ela será desenvolvida.
Saldanha (2014) nos traz que através do caráter simbólico na atividade
lúdica, a criança compensa-se de frustrações e insatisfações, fazendo
representação do objeto ou de situações ausentes, a autora afirma que a criança
com autismo possui dificuldade extrema em desenvolver o jogo simbólico de brincar
de faz-de-conta, mas que esse não é um fato impossível de acontecer ensinando-as
os jogos de faz de conta com técnicas de mudança de comportamento, na medida
em que interage com os outros, permitindo assim que a criança entre no mundo de
fantasia.
Enfim, as atividades lúdicas não devem ser forçadas devem acontecer e
envolver a criança para que assim haja ludicidade. Tendo a ludicidade como
parceira o professor provavelmente irá conseguir bastante êxito na interação social
e na aprendizagem da criança com autismo.
As crianças podem imitar uma variedade de ações que vão muito além dos
limites das suas próprias capacidades. Numa atividade coletiva ou sob a orientação
de adultos, usando a imitação, as crianças são capazes de fazer muito mais coisas.
Esse fato, que parece ter pouco significado em si mesmo, é de fundamental
importância na medida em que demanda uma alteração radical de toda doutrina que
trata da relação entre aprendizado e desenvolvimento em crianças. (VIGOTSKI,
1998, p. 115-116).
Então, ela passa a perceber que os sons emitidos causam efeitos, trazem resulta-
dos e, aos poucos, seleciona os sons que irá emitir para que esses resultados se
repitam, assim como começa a relacionar sons que ouve com as situações que
acontecem ou com os objetos a sua volta.
Quando ela percebe que a emissão de determinados sons gerará
determinados efeitos, ela entende a função da linguagem. A fala é o resultado de
todo esse processo de desenvolvimento da linguagem e do entendimento de sua
função.
Com um ano de idade é esperado que as crianças falem funcionalmente
algumas palavras de seu cotidiano.
As crianças no Espectro do Autismo têm dificuldade em perceber os
resultados de suas ações comunicativas e acabam tendo disfunções na fala. Não
desenvolver a linguagem faz com que a criança não consiga se expressar, informar
o que deseja ou precisa, nem alcançar muitos de seus objetivos, prejudicando ainda
mais a socialização e a troca com as pessoas.
Ser comunicativo com a criança, mesmo que não tenha retorno dela.
Falar com alta frequência, mas de forma simples, narrando acontecimentos,
nomeando objetos, fazendo pedidos à criança, etc.
– Neste ponto é muito importante utilizar uma linguagem simples para que a
criança consiga relacionar as palavras ao que ela está experienciando.
Para isso, deve-se utilizar um nível de complexidade pouco acima da
linguagem que a criança possui, ou seja, se ela não fala, deve-se utilizar poucas
palavras por vez (uma ou duas), assim ela consegue relacionar o som da palavra ao
que está sendo indicado. Se a criança já fala algumas palavras, pode começar a
associa-las entre si ou com verbos, e assim por diante.
Autismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Transtorno do
Espectro do Autismo
Manual de Orientação
DepartamentoCientíficodePediatria
do Desenvolvimento e Comportamento
Nº 05, Abril de 2019
Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento
Presidente: Liubiana Arantes de Araújo