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Transtornos do espectro do autismo

Dados Centrais

 Uma em cada 160 crianças possui um Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).


 Os TEAs começam na infância e tendem a persistir na adolescência e na idade adulta.
 Embora algumas pessoas com TEA possam viver de forma independente, existem outras pessoas com
deficiências severas que precisam de atenção e apoio constante ao longo de suas vidas.
 As intervenções psicossociais baseadas em evidência, tais como terapia comportamental e programas de
treinamento para pais, podem reduzir as dificuldades de comunicação e comportamento social e ter um impacto
positivo no bem-estar e qualidade de vida de pessoas com TEA e seus cuidadores.
 As intervenções voltadas para pessoas com TEA devem ser acompanhadas de atitudes e medidas amplas que
garantam que os ambientes físicos, sociais sejam acessíveis, inclusivos e acolhedores.
 As pessoas com TEA sofrem estigmatização, discriminação e violação dos direitos humanos. O acesso a
serviços e suporte é insuficiente em todo o mundo.

Visão geral

TEAs são um grupo de condições caracterizadas por algum grau de alteração do comportamento social, comunicação
e linguagem, e por um repertório restrito, estereotipado e repetitivo de interesses e atividades.

TEAs aparecem na infância e tendem a persistir na adolescência e na idade adulta. Na maioria dos casos, eles se
manifestam nos primeiros 5 anos de vida.

As pessoas afetadas pela TEA frequentemente têm condições comórbidas, como epilepsia, depressão, ansiedade e
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

O nível intelectual varia muito de um caso para outro, variando de deterioração profunda a casos com altas habilidades
cognitivas.

Epidemiologia

Estima-se que 1 em cada 160 crianças tenha um TEA. Essa estimativa representa um valor médio, uma vez que a
prevalência observada varia consideravelmente entre os diferentes estudos. No entanto, em alguns estudos bem
controlados, números significativamente maiores foram registrados. A prevalência de TEA em muitos países de baixa e
média renda ainda é desconhecida.

De acordo com estudos epidemiológicos realizados nos últimos 50 anos, a prevalência global desses Transtornos
parece estar aumentando. Existem muitas explicações possíveis para este aparente aumento da prevalência, incluindo
maior conscientização, expansão de critérios diagnósticos, melhores ferramentas de diagnóstico e melhor
comunicação.

Causas

As evidências científicas disponíveis indicam a existência de múltiplos fatores, incluindo fatores genéticos e ambientais,
que tornam mais provável que uma criança possa sofrer um TEA.

Os dados epidemiológicos disponíveis demonstram de forma conclusiva que não há evidência de uma relação causal
entre TEA e vacina contra sarampo, caxumba e rubéola. Estudos anteriores que apontaram para uma relação causal
foram criados com erros metodológicos. 1.2
Também não há evidências de que outras vacinas da infância possam aumentar o risco de TEA. Os comentários dos
dados científicos sobre a possível associação entre o risco de TEA e tiomersal usado como conservante ou alumínio
utilizado em vacinas inativadas mostram conclusivamente que as vacinas não aumentam esse risco.

Avaliação e comportamento clínico

A intervenção na primeira infância é muito importante para otimizar o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas com
TEA. Recomenda-se que seja incluído o monitoramento do desenvolvimento infantil na atenção sistemática à saúde da
mãe e da criança.

Uma vez que um caso de TEA foi identificado, é importante que a criança e sua família recebam informações e
serviços relevantes, encaminhamento para especialistas e assistência prática de acordo com as necessidades
específicas de cada indivíduo. Não há cura para TEA. No entanto, intervenções psicossociais baseadas em evidências,
como terapia comportamental e programas de treinamento para pais e outros cuidadores, podem reduzir as
dificuldades de comunicação e o comportamento social e ter um impacto positivo na qualidade de vida e bem-estar da
pessoa.

As pessoas com TEA têm necessidades de saúde complexas e exigem uma gama de serviços integrados que incluem
serviços de promoção, cuidados e reabilitação da saúde e a colaboração de outros campos, como o educacional, o
profissional e o social.

As intervenções voltadas para pessoas com TEA e outros transtornos do desenvolvimento devem ser acompanhadas
por medidas mais amplas que tornem seus ambientes físicos, sociais e de atitudes mais acessíveis, inclusivos e
acolhedores/suportivos.

Efeitos sociais e econômicos

TEAs podem limitar significativamente a capacidade de uma pessoa para atividades cotidianas e a participação na
sociedade. Eles muitas vezes têm um impacto negativo nas conquistas educacionais e sociais e nas oportunidades de
emprego.

Embora algumas pessoas com TEA possam viver de forma independente, existem outras pessoas com deficiências
severas que precisam de atenção e apoio constante ao longo de suas vidas.

Muitas vezes, os TEAs impõem um fardo emocional e econômico para as pessoas que os sofrem e para seus
parentes. O atendimento de casos sérios pode ser muito exigente, especialmente quando o acesso a serviços e
suporte são inadequados. Portanto, o empoderamento dos cuidadores é cada vez mais reconhecido como um
componente fundamental da assistência às crianças com TEA.

Direitos humanos

As pessoas com TEA muitas vezes sofrem estigmatização e discriminação, em particular a privação injusta da saúde,
educação e oportunidades para participar ativamente de suas comunidades.

Pessoas com TEA podem ter os mesmos problemas de saúde que afetam o resto da população. Além disso, eles
podem ter outras necessidades especiais de cuidados de saúde relacionadas ao TEA ou outras condições
comórbidas. Eles podem ser mais vulneráveis a doenças crônicas não transmissíveis devido a fatores de risco, tais
como a inatividade física ou poucas preferências alimentares, e correm maior risco de violência, lesão e abuso.

Como o resto dos indivíduos, as pessoas com TEA precisam de serviços de saúde acessíveis para suas necessidades
gerais de saúde, particularmente serviços para promoção, prevenção e tratamento de doenças agudas e crônicas. No
entanto, em comparação com o resto da população, as pessoas com TEA têm mais necessidades de saúde
insatisfeitas e também são mais vulneráveis em caso de emergência humanitária.
Um obstáculo frequente reside no conhecimento insuficiente e nos equívocos que os profissionais de saúde têm sobre
os TEA.

Diagnóstico e características clínicas

O diagnóstico do autismo é essencialmente clínico, realizado por meio de observação direta do comportamento do
paciente e de uma entrevista com os pais ou cuidadores. Os sintomas característicos dos transtornos do espectro do
autismo (TEA) estão sempre presentes antes dos 3 anos de idade, com um diagnóstico possível por volta dos 18
meses. Normalmente os pais começam a se preocupar entre os 12 e os 18 meses, na medida em que a linguagem não
se desenvolve.

Ainda não há marcadores biológicos e exames específicos para autismo, mas alguns exames, como o cariótipo com
pesquisa de X frágil, o eletroencefalograma (EEG), a ressonância magnética nuclear (RNM), os erros inatos do
metabolismo, o teste do pezinho, as sorologias para sífilis, rubéola e toxoplasmose; a audiometria e testes
neuropsicológicos podem ser necessários para investigar as causas e doenças associadas.

Os dois manuais diagnósticos utilizados internacionalmente são o CID e o DSM. Também existem algumas escalas
padronizadas para o diagnóstico e rastreio de autismo, mas elas somente devem ser utilizadas por profissionais
treinados e capacitados para isso.

O CID-10 é o critério adotado no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele abrange todas as doenças, incluindo
os transtornos mentais, e foi elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). CID-10 significa “Classificação
Internacional de Doenças”, e o número 10 indica a versão, ou seja, já foram realizadas 10 atualizações e revisões
desse código.

O DSM-5 abrange apenas os transtornos mentais e tem sido mais utilizado em ambientes de pesquisa, porque possui
itens mais detalhados, em forma de tópicos. Foi elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria.

DSM-5 é uma sigla inglesa, Diagnostic and Statistical Manual, que significa Manual de Diagnóstico e Estatística e o
número 5 da sigla é usado para indicar que já foram feitas cinco revisões.

Um diagnóstico de TEA envolve prejuízos na interação social e na comunicação, além da presença de padrões
restritos de comportamento e interesses.

O prejuízo nas interações sociais inclui déficit no uso de formas não-verbais de comunicação e interação social; não
desenvolvimento de relacionamentos com colegas; ausência de comportamentos que indiquem compartilhamento de
experiências e de comunicação (Ex.: habilidade de “atenção compartilhada” – mostrando, trazendo ou apontando
objetos de interesse para outras pessoas); e falta de reciprocidade social ou emocional.

O prejuízo na comunicação inclui atrasos no desenvolvimento da linguagem verbal, não acompanhados por uma
tentativa de compensação por meio de modos alternativos de comunicação, tais como gestos em indivíduos não-
verbais; prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversa com os demais (em indivíduos que falam); uso
estereotipado e repetitivo da linguagem; e falta de brincadeiras de faz-de-conta ou de imitação social (em maior grau
do que seria esperado para o nível cognitivo geral daquela criança).

Os padrões restritivos repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades incluem preocupações


abrangentes, intensas e rígidas com padrões estereotipados e restritos de interesse; adesão inflexível a rotinas ou
rituais não-funcionais específicos; maneirismos estereotipados e repetitivos (tais como abanar a mão ou o dedo,
balançar todo o corpo); e preocupação persistente com partes de objetos (Ex.: a textura de um brinquedo, as rodas de
um carro em miniatura, as pás de ventiladores, etc.).

O termo transtorno do espectro do autismo foi cunhado devido a variação notável na expressão de sintomas e graus de
acometimento no autismo.

As crianças com um grau mais baixo de funcionamento geralmente não apresentam uma linguagem funcional, seja
verbal ou não-verbal, somado a um marcado isolamento da interação social.

Em um nível médio de funcionamento, as crianças podem aceitar a interação social passivamente, mas geralmente
não a procuram. Nesse nível, pode-se observar alguma linguagem espontânea.
Entre as que possuem grau mais alto de funcionamento e são um pouco mais velhas, seu estilo de vida social é
diferente: elas podem interessar-se pela interação social, mas tem dificuldade em iniciá-la ou mantê-la de forma típica.
Podemos incluir aqui as pessoas com Síndrome de Asperger.

As características comportamentais do autismo se alteram durante o curso do desenvolvimento. Há um considerável


potencial para diagnósticos equivocados, especialmente nos extremos dos níveis de funcionamento intelectual.

A avaliação da criança com autismo deve incluir um histórico detalhado, avaliações de desenvolvimento, psicológicas e
de comunicação abrangentes, além da avaliação de habilidades adaptativas, ligadas às atividades de vida diária.

Tratamento

O tratamento do autismo envolve as intervenções de médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas,


terapeutas ocupacionais e educadores físicos além da imprescindível orientação aos pais ou cuidadores. É altamente
recomendado que uma equipe multidisciplinar avalie e desenvolva um programa de intervenção personalizado, pois
nenhuma pessoa com autismo é igual a outra. Os métodos de intervenção mais conhecidos e utilizados
internacionalmente para promover o desenvolvimento social e cognitivo da pessoa com autismo, além de possuírem
vasta pesquisa que atesta sua eficácia são:

TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handcapped Children): é um programa
estruturado que combina diferentes materiais visuais para organizar o ambiente físico por meio de rotinas e sistemas
de trabalho, de forma a tornar o ambiente mais compreensível. Esse método visa a independência e o aprendizado.

PECS (Picture Exchange Communication System ou Sistema de Comunicação por troca de figuras) é um método de
comunicação alternativa por meio de troca de figuras. É uma ferramenta valiosa tanto na vida das pessoas com
autismo que não desenvolvem a linguagem falada, quanto na vida daquelas que apresentam dificuldades ou limitações
na fala.

ABA (Applied Behavior Analysis ou Análise do Comportamento Aplicada) consiste na aplicação dos princípios
fundamentais da teoria do aprendizado baseado no condicionamento operante e reforçadores com o objetivo de
incrementar comportamentos socialmente significativos, reduzir comportamentos indesejáveis e desenvolver
habilidades. Há várias técnicas e estratégias de ensino e tratamento comportamentais associados a análise do
comportamento aplicada que têm se mostrado útil no contexto da intervenção, incluindo (a) tentativas discretas, (b)
análise de tarefas, (d) ensino incidental e (e) análise funcional.

Medicações: O uso do medicamento deve ser prescrito pelo médico especialista da área e indicado quando existe
alguma comorbidade neurológica e/ou psiquiátrica e quando os sintomas trazem algum prejuízo, seja social ou
ocupacional à vida cotidiana. Porém, vale ressaltar que até o momento não existe uma medicação específica para o
tratamento do autismo. É importante o médico informar sobre o que se espera da medicação, qual o prazo esperado
para que se perceba os efeitos, bem como os possíveis efeitos colaterais e particularidades ligadas ao autismo.
Paralisia cerebral

A paralisia cerebral (PC), também conhecida como encefalopatia crônica não evolutiva (ECNE), se refere a um
conjunto de problemas causados por uma lesão no cérebro imaturo, que leva a graus variados de alterações dos
movimentos do tronco e dos membros, podendo também interferir na função sensorial e cognitiva. É importante
ressaltar que, nesse caso, a lesão que ocorre no cérebro não é progressiva, ou seja, não piora com o passar do tempo.
Entretanto, as alterações no funcionamento e controle muscular podem levar a alterações ortopédicas que podem se
acentuar com o crescimento da criança.

Quais são os sintomas da paralisia cerebral?

Habitualmente, a suspeita ocorre no primeiro ano de vida, quando o pediatra nota algum atraso nos marcos do
desenvolvimento (ex.: rolar, sentar e andar), ou percebe alguma diferença entre os movimentos de um membro ou de
um lado do corpo.

A criança com paralisia cerebral normalmente apresenta uma certa rigidez muscular e dificuldade para controlar os
movimentos. A depender do local e tamanho da lesão no cérebro, a criança também pode apresentar outros
problemas, como alterações de percepção e um déficit intelectual.

É importante ressaltar que os pacientes com paralisia cerebral podem ter desde alterações muito leves e localizadas,
com inteligência praticamente normal (ex.: uma dificuldade isolada nos movimentos de um dos pés), até quadros em
que o paciente não consegue sentar sozinho e é dependente para suas atividades cotidianas.

Tipos de paralisia cerebral

A Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS) é muito utilizada para agrupar as crianças com paralisia cerebral
de acordo com as suas habilidades motoras. Essa classificação é muito importante para saber o que esperar de cada
criança e definir as melhores estratégias de tratamento. Uma breve descrição de cada nível para a faixa etária dos 6-12
anos pode ser encontrada a seguir:

 Nível I: A criança anda sem limitações.


 Nível II: A criança apresenta alguma dificuldade para correr, pular, andar em terrenos irregulares e subir
escadas sem apoio.
 Nível III: A criança precisa de algum apoio para andar, como muletas ou andador. Para longas distâncias, a
cadeira de rodas pode ser necessária.
 Nível IV: A criança geralmente não consegue ficar em pé ou andar sem auxílio e, ainda assim, somente por
curtas distâncias e quando é mais nova. O principal meio de locomoção é a cadeira de rodas, mas elas
podem ser capazes de utilizar uma cadeira motorizada de forma independente.
 Nível V: A criança não tem controle de tronco adequado e é dependente dos seus cuidadores para todas as
suas atividades de vida diária.

Do ponto de vista ortopédico, as crianças com paralisia cerebral podem desenvolver encurtamento de tendões e
músculos, que levam a deformidades ósseas e articulares. Estas alterações podem causar dificuldade para as crianças
GMFCS I, II e III caminharem, fazendo com que gastem mais energia e se cansem mais facilmente. Nas crianças dos
níveis IV e V, é comum alterações na coluna, como a escoliose, e nos quadris, que podem inclusive se deslocar de
forma gradual durante o crescimento da criança.

Causas da paralisia cerebral

A lesão cerebral da criança com paralisia cerebral pode ocorrer antes, durante ou após o nascimento. Entretanto, em
muitos casos, a causa exata que levou a esse problema não pode ser determinada com certeza. Crianças prematuras
ou com muito baixo peso ao nascer apresentam risco aumentado de desenvolver a paralisia cerebral. De acordo com o
período em que ocorreu a lesão e a extensão da área afetada, a criança vai apresentar graus variados de
comprometimento.

Diagnóstico da paralisia cerebral

O diagnóstico da paralisia cerebral geralmente é feito por meio de um exame físico minucioso pelo médico pediatra ou
neuropediatra. Um exame de ressonância magnética do crânio pode ser indicado para que se confirme o diagnóstico e
se determine o local e a natureza da lesão cerebral. Em alguns casos, principalmente nos pacientes com casos mais
leves, o ortopedista é o primeiro a fazer a suspeita diagnóstica.

Durante o acompanhamento da criança, outros exames podem ser necessários para auxiliar no planejamento do
tratamento. As radiografias de bacia e coluna são fundamentais, principalmente nos pacientes GMFCS IV e V, que têm
maior chance de problemas nestes locais. O primeiro sinal de que o quadril está se deslocando no paciente com
paralisia cerebral pode ser apenas uma alteração na radiografia, sem nenhuma alteração externa aparente.
Para as crianças que apresentam dificuldade de andar devido a encurtamentos musculares e tendíneos e/ou
deformidades ósseas e articulares, o exame de marcha é muito importante para a compreensão de todas as alterações
em sua forma de caminhar e para planejar a melhor estratégia de tratamento. O Einstein dispõe de um laboratório de
movimento em operação desde 2008, com equipe altamente especializada na avaliação dos problemas da marcha de
crianças com paralisia cerebral.

Tratamento

O tratamento do paciente com paralisia cerebral deve envolver diversas especialidades médicas, incluindo o pediatra, o
neuropediatra, o ortopedista e o fisiatra. Além disso, uma equipe de profissionais deve estar envolvida com a
reabilitação da criança, incluindo o fisioterapeuta, o terapeuta ocupacional, o pedagogo, o fonoaudiólogo e o psicólogo.
De uma forma geral, o objetivo do tratamento das crianças com paralisia cerebral é fazer com que elas desenvolvam o
seu máximo potencial e, quando possível, adquiram a independência que será importante na vida adulta. Infelizmente,
não há método conhecido para reverter a lesão cerebral. Portanto, todos os métodos de tratamento buscam controlar
as alterações causadas pela mesma.

É importante que o nível do GMFCS seja determinado para auxiliar na definição de qual linha de tratamento deve ser
seguida. Os pacientes GMFCS I, II e III, geralmente têm boa parte de seus objetivos de tratamento ligados à melhora
da sua capacidade de andar. Por outro lado, os pacientes do nível IV e V têm objetivos mais focados no
posicionamento adequado, no controle da dor e no tratamento de eventuais alterações no quadril e na coluna.

Em nossa experiência, com frequência observamos que o tratamento da criança com PC em seus primeiros anos de
vida é direcionado principalmente ao desenvolvimento motor. Entretanto, é importante sinalizar que, para a futura
independência dessa criança, o desenvolvimento cognitivo e da capacidade de comunicação não podem ser
desconsiderados. Por essa razão, deve-se enfatizar que a integração social e a escolaridade são mandatórias. Ao
frequentar a escola, o convívio com as outras crianças, além de incrementar a capacidade de comunicação e o
desenvolvimento cognitivo, também estimulará o desempenho nas atividades motoras.

Devemos lembrar que o equilíbrio familiar também é muito importante para que essa criança consiga desenvolver todo
seu potencial. O convívio com irmãos e familiares deve ser estimulado, de forma que a criança esteja sempre inserida
nas atividades familiares e sociais.

Reabilitação

Na reabilitação, o médico e os terapeutas podem recomendar diversos métodos para a melhora do controle dos
movimentos, do equilíbrio e da força. Algumas crianças precisam utilizar órteses para estabilizar as articulações e
controlar o posicionamento, e algumas ainda requerem o uso de algum meio auxiliar, como andador ou muletas.

Tratamento Cirúrgico

Algumas crianças com paralisia cerebral podem ser elegíveis a procedimentos neurocirúrgicos para auxiliar no controle
do tônus muscular, como a rizotomia dorsal seletiva e a bomba de baclofeno intratecal. Esses procedimentos têm
indicações bem específicas e nem todo paciente se beneficia de tais intervenções. Converse com seu médico sobre as
indicações no caso da sua criança.

Quando ocorrem encurtamentos musculares e tendíneos e deformidades ósseas e articulares que interferem na função
dos órgãos e atrapalham as atividades cotidianas das crianças, a cirurgia ortopédica é muitas vezes indicada. O exame
realizado no laboratório de marcha é muito importante no planejamento cirúrgico das crianças nível I, II e III do GMFCS
para que todas as alterações que comprometem a sua capacidade de andar possam ser compreendidas e tratadas de
forma adequada. O principal objetivo é melhorar o alinhamento dos membros inferiores, sem enfraquecer a criança de
forma excessiva. Normalmente esses procedimentos são realizados após os 6-7 anos de idade, sendo que alguns
tipos de cirurgias são mais indicados em uma idade mais próxima da adolescência. O seu médico saberá quais são as
intervenções mais indicadas para cada caso.

As crianças com PC nível IV e V frequentemente requerem procedimentos cirúrgicos para garantir seu conforto e
posicionamento adequados. Particularmente os quadris e a coluna devem ser monitorados de perto. Quanto mais
precoces as intervenções nesse nível, geralmente melhores os resultados.
Lombalgia

A lombalgia é a dor que ocorre na região lombar inferior. A lombociatalgia é a dor lombar que se irradia para uma ou
ambas as nádegas e/ou para as pernas na distribuição do nervo ciático. Pode ser aguda (duração menor que 3
semanas), subaguda ou crônica (duração maior que 3 meses). A lombalgia é um problema extremamente comum, que
afeta mais pessoas do que qualquer outra afecção, sendo a segunda causa mais comum de consultas médicas gerais,
só perdendo para o resfriado comum. Entre 65% e 80% da população mundial desenvolve dor na coluna em alguma
etapa de suas vidas, mas na maioria dos casos há resolução espontânea. Mais de 50% dos pacientes melhora após 1
semana; 90% após 8 semanas; e apenas 5% continuam apresentando os sintomas por mais de 6 meses ou
apresentam alguma incapacidade.

O que causa a lombalgia?

Como existe um grande número de estruturas na coluna (ligamentos, tendões, músculos, ossos, articulações, disco
intervertebral) há inúmeras causas diferentes para a dor. Somando-se a isso há inúmeras doenças sistêmicas não
reumatológicas que podem manifestar-se com dor lombar. A maioria das dores lombares é causada pelo “mau uso” ou
“uso excessivo” das estruturas da coluna (resultando em entorses e distensões), esforços repetitivos, excesso de peso,
pequenos traumas, condicionamento físico inadequado, erro postural, posição não ergonômica no trabalho e
osteoartrose da coluna (com o passar do tempo, as estruturas da coluna vão se desgastando, podendo levar à
degeneração dos discos intervertebrais e articulações). Outras causas incluem doenças inflamatórias como a
espondilite anquilosante, infecções, tumores, etc.

Como é feito o diagnóstico?

O médico tem papel fundamental no diagnóstico e necessita sobretudo de uma história detalhada da dor, fatores
associados e um exame físico meticuloso para um correto diagnóstico. O diagnóstico das lombalgias é, via de regra,
clínico. Exames de imagem em geral não são solicitados em lombalgias agudas, apenas nos casos em que são
observados alguns sinais de alerta como febre, perda de peso, déficit neurológico, idade acima de 50 anos e trauma.
Quando há persistência da dor por mais 4-6 semanas os exames devem ser solicitados.

Quais exames podem ser solicitados?

O raio x simples geralmente é o primeiro exame. Outros exames incluem a tomografia computadorizada, a ressonância
magnética e a mielografia, todos com indicação criteriosa e embasada em hipótese diagnóstica. Achados anormais em
um exame de imagem não necessariamente explicam a causa da dor, ou seja, pessoas sem qualquer sintoma podem
apresentar em exames alterações estruturais na coluna que talvez nunca causarão dor ou outros sintomas assim como
pessoas com sintomas de dor podem apresentar exames absolutamente normais. Portanto os exames de imagem
sempre devem ser analisados caso a caso e correlacionados com as manifestações de cada pessoa individualmente.

O objetivo inicial do tratamento é o alívio da dor. Podem ser usadas várias medicações incluindo analgésicos,
antiinflamatórios, miorrelaxantes, corticóides e opióides, sempre após avaliação do risco-benefício de cada uma delas.
O repouso, embora recomendado na fase aguda, deve limitar-se a um curto período uma vez que seu prolongamento
retarda a recuperação e favorece a cronificação do processo sobretudo por facilitar a perda de força muscular. Na
lombalgia crônica nenhuma terapia isolada é eficiente. Os mesmos medicamentos da fase aguda podem ser usados e
em alguns casos há benefícios importantes com o uso de algunmas classes de antidepressivos em baixas doses para
controle da dor. A reabilitação com exercícios de alongamento e fortalecimento muscular além da reeducação postural
são fundamentais para reduzir os sintomas e prevenir o retorno das dores. Outras intervenções incluem TENS,
acupuntura, terapia cognitivo-comportamental e infiltração. Os coletes e cintas só devem ser usados na crise aguda ou
quando há instabilidade da coluna. O uso contínuo pode levar à hipotrofia muscular gerando um círculo vicioso de dor.
Apenas 1 a 2 % dos pacientes necessitam de cirurgia. A necessidade da mudança de hábitos de vida, seja em relação
à atividade física, vícios posturais ou atitude passiva em relação à dor deve sempre ser orientada. O tratamento da
lombalgia será mais eficiente se for voltado ao paciente e não à sua lesão ou ao seu exame.
Artroplastia total de quadril

Quando o quadril está danificado pela artrite, por fraturas ou outros problemas, as atividades comuns, como caminhar
ou sentar e levantar, podem ser dolorosas e difíceis. O quadril pode enrijecer, dificultando o ato de colocar e tirar
calçados e meias. Pode haver desconforto mesmo durante o repouso.

Caso os medicamentos, as modificações nas atividades do dia a dia e o uso de aparelhos que auxiliam a caminhar não
sejam capazes de tratar suficientemente os sintomas, a artroplastia de quadril pode ser uma opção. A cirurgia da
artroplastia de quadril é um procedimento seguro e efetivo para aliviar as dores, melhorar os movimentos e ajudar a
desfrutar das atividades normais do dia a dia.

Realizada pela primeira vez em 1960, é uma das cirurgias mais bem-sucedidas da medicina de modo geral. Desde
1960, o progresso das técnicas cirúrgicas e das tecnologias empregadas aumentaram a efetividade da artroplastia total
de quadril. De acordo com a Agência Americana para Pesquisa e Qualidade em Saúde, mais de 300.000 artroplastias
totais de quadril são realizadas por ano nos Estados Unidos.

Anatomia

O quadril é uma das maiores articulações do corpo. Ele é a articulação entre uma esfera e uma cavidade. A cavidade é
formada pelo acetábulo, que é parte da pelve. A esfera é a cabeça do fêmur (osso da coxa), ou a extremidade superior
dele.

As superfícies ósseas da esfera e da cavidade são cobertas de cartilagem articular, um tecido macio que amortece as
extremidades dos ossos e permite que se movam com facilidade.

Uma membrana fina, chamada de membrana sinovial, reveste a articulação do quadril. Em um quadril sadio, essa
membrana produz uma pequena quantidade de um fluido que lubrifica a cartilagem e elimina praticamente todo o atrito
durante os movimentos do quadril.

Faixas de tecidos chamadas de ligamentos (cápsula do quadril) conectam a esfera à cavidade e proporcionam a
estabilidade da articulação.

Causas comuns de dores no quadril

A causa mais comum de dores crônicas e disfunção no quadril é a artrite. Osteoartrite, artrite reumatoide e artrite
traumática são as formas mais comuns dessa doença.
 Osteoartrite. Este é um tipo de artrite que causa desgaste e está relacionado à idade. Normalmente
ocorre em pessoas com 50 anos de idade ou mais, frequentemente em indivíduos com histórico de
artrite na família. A cartilagem que amortece os ossos do quadril se desgasta. Passa então a haver
atrito entre os ossos, o que causa as dores e a rigidez no quadril. A osteoartrite também pode ser
causada ou acelerada por pequenas irregularidades no desenvolvimento do quadril na infância.
 Artrite reumatoide. É uma doença autoimune que causa inflamação e espessamento da membrana
sinovial. Essa inflamação crônica pode lesionar a cartilagem, causando dores e rigidez. A artrite
reumatoide é o tipo mais comum de um grupo de doenças chamado de "artrite inflamatória".
 Artrite pós-traumática. Pode surgir na sequência de uma lesão ou fratura grave do quadril. A lesão
da cartilagem causa dores e rigidez no quadril com o passar do tempo.
 Necrose avascular. Uma lesão no quadril, como um deslocamento ou uma fratura, pode limitar a
irrigação sanguínea da cabeça do fêmur. Esse quadro é chamado de necrose avascular (também
chamada comumente de "osteonecrose"). A falta de sangue pode causar o colapso da superfície do
osso, resultando em artrite. A necrose avascular também pode ser causada por algumas doenças.
 Doenças do quadril em crianças. Alguns bebês e crianças têm problemas no quadril. Mesmo que os
problemas sejam tratados com sucesso durante a infância, podem vir a causar artrite em fases
posteriores da vida. Isso acontece porque o crescimento do quadril pode não ser o normal, o que
afeta as superfícies das articulações.

Descrição

Na artroplastia total de quadril (também chamada de prótese total do quadril), o osso e a cartilagem lesionados são
retirados e substituídos por componentes protéticos.
 A cabeça do fêmur lesionada é retirada e substituída por uma haste metálica, que é colocada no
centro oco do fêmur. A haste femoral pode ser fixada no osso por cimentação ou pressão.
 Uma esfera de cerâmica ou de metálica é colocada na parte superior da haste. Ela substitui a
cabeça do fêmur lesionada que foi retirada.
 A superfície cartilaginosa lesionada da cavidade (acetábulo) é retirada e substituída por uma
cavidade metálica. A cavidade por ser fixada no local correto usando parafusos ou cimento.
 Um espaçador plástico, cerâmico ou metálico é inserido entre a esfera e a cavidade nova para
proporcionar uma superfície de contato com o menor atrito possível.

Quando a artroplastia de quadril é indicada?

A decisão de fazer uma artroplastia de quadril deve ser tomada pelo paciente em conjunto com a família, o médico da
assistência primária e o cirurgião ortopédico. A primeira etapa desse processo de decisão é tipicamente o
encaminhamento, pelo médico generalista, a um cirurgião ortopédico para uma avaliação inicial.
Candidatos para a cirurgia
Não há restrições absolutas de idade ou peso para as artroplastias totais de quadril.

As recomendações para a cirurgia baseiam-se nas dores e nas limitações de movimento do paciente, não na idade. A
maioria dos pacientes submetidos à artroplastia total de quadril tem entre 50 e 80 anos de idade, mas os cirurgiões
ortopédicos avaliam cada paciente individualmente. Artroplastias totais de quadril têm sido realizadas com sucesso em
todas as idades, de jovens adolescentes com artrite juvenil a pacientes idosos com artrite degenerativa.

Quando a cirurgia é recomendada?


Há vários motivos pelos quais o médico pode recomendar a artroplastia de quadril. As pessoas que se beneficiam com
a artroplastia de quadril normalmente apresentam:
 dor no quadril que limita as atividades do dia a dia, como caminhar ou se curvar;
 dor no quadril mesmo durante repouso, de dia ou de noite;
 rigidez no quadril que limita a capacidade de se movimentar ou levantar a perna;
 alívio insuficiente da dor com o uso de anti-inflamatórios, fisioterapia ou aparelhos que auxiliam a
caminhar.

Avaliação ortopédica

A avaliação realizada pelo cirurgião ortopédico é composta por várias etapas.


 Histórico médico. O cirurgião ortopédico reunirá informações gerais sobre a saúde e fará perguntas
sobre a intensidade das dores no quadril e o quanto elas afetam a capacidade de realizar atividades
do dia a dia.
 Exame físico. Avaliará a mobilidade, a força e o alinhamento do quadril.
 Radiografias. As imagens obtidas com esta técnica ajudam a avaliar a extensão dos danos ou
deformidades no quadril.
 Outros exames. Eventualmente, outros exames, como ressonância nuclear magnética (RNM),
podem ser necessários para determinar as condições do osso e dos tecidos moles do quadril.

espirar profundamente.

Recuperação

Atividade
Os exercícios são um componente essencial dos cuidados que devem ser observados em casa, principalmente nas
primeiras semanas depois da cirurgia. A maioria das atividades leves normais do dia a dia pode ser retomada entre 3 e
6 semanas depois da cirurgia. É comum haver desconforto durante a realização de atividades e durante a noite por
algumas semanas.

Seu programa de atividades deve incluir:

 um programa gradual de caminhada para aumentar sua mobilidade lentamente; primeiro dentro,
depois fora de casa;
 retomar outras atividades domésticas normais, como se sentar, levantar-se e subir escadas;
 exercícios específicos várias vezes ao dia, para recuperar o movimento e fortalecer o quadril. É
provável que você seja capaz de realizar exercícios sem ajuda, mas procure um fisioterapeuta para
te ajudar em casa ou em uma clínica de fisioterapia nas primeiras semanas depois da cirur gia.
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem,
provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É uma doença que acomete mais os
homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo. Quanto mais rápido
for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa. Desta forma, torna-se
primordial ficar atento aos sinais e sintomas e procurar atendimento médico imediato.
Existem dois tipos de AVC, que ocorrem por motivos diferentes:
AVC hemorrágico: ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia
pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de
todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico.
AVC isquêmico: ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células
cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo
(embolia). O AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos.

SINTOMAS

Existem alguns sinais que o corpo dá que ajudam a reconhecer um Acidente Vascular Cerebral. Os principais sinais
de alerta para qualquer tipo de AVC são:

 fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;

 confusão mental;

 alteração da fala ou compreensão;

 alteração na visão (em um ou ambos os olhos);

 alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;

 dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico do AVC é feito por meio de exames de imagem, que permitem identificar a área do cérebro afetada e o
tipo do derrame cerebral. Tomografia computadorizada de crânio é o método de imagem mais utilizado para a
avaliação inicial do AVC isquêmico agudo, demonstrando sinais precoces de isquemia.
Assim que o paciente chega ao hospital, entre os cuidados clínicos de emergência estão:

 Verificar os sinais vitais, como pressão arterial e temperatura.

 Checar a glicemia.

 Colocar a pessoa deitada, exceto se houver vômitos.

 Colocar acesso venoso no braço que não estiver paralisado.

 Administrar oxigênio, caso a pessoa precise.

 Determinar o horário de início dos sintomas por meio de questionário ao paciente ou acompanhante.

FATORES DE RISCO

Existem diversos fatores que aumente a probabilidade de ocorrência de um AVC, seja ele hemorrágico ou
isquêmico. Os principais fatores causais das doenças são:

 Hipertensão;

 Diabetes tipo 2;

 Colesterol alto;

 Sobrepeso;

 Obesidade;

 Tabagismo;
 Uso excessivo de álcool;

 Idade avançada;

 Sedentarismo;

 Uso de drogas ilícitas;

 Histórico familiar;

 Ser do sexo masculino.

CAUSA DO AVC HEMORRÁGICO

O AVC hemorrágico tem como causa, principalmente, a pressão alta descontrolada e a ruptura de um aneurisma. No
entanto, também pode ser provocado por outros fatores, como:

 Hemofilia ou outros distúrbios coagulação do sangue;

 Ferimentos na cabeça ou no pescoço;

 Tratamento com radiação para câncer no pescoço ou cérebro;

 Arritmias cardíacas;

 Doenças das válvulas cardíacas;

 Defeitos cardíacos congênitos;

 Vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos), que pode ser provocada por infecções a partir de doenças como sífilis,

doença de Lyme, vasculite e tuberculose;

 Insuficiência cardíaca;

 Infarto agudo do miocárdio.

CAUSA DO AVC ISQUÊMICO

O AVC isquêmico se divide em quatro subgrupos, com causas distintas:

 AVC isquêmico aterotrombótico: provocado por doença que causa formação de placas nos vasos sanguíneos

maiores (aterosclerose), provocando a oclusão do vaso sanguíneo ou formação de êmbolos.

 AVC isquêmico cardioembólico: ocorre quando o êmbolo causador do derrame parte do coração.

 AVC isquêmico de outra etiologia: é mais comum em pessoas jovens e pode estar relacionado a distúrbios de

coagulação no sangue.

 AVC isquêmico criptogênico: ocorre quando a causa do AVC isquêmico não foi identificada, mesmo após

investigação detalhada pela equipe médica.

PREVENÇÃO

Muitos fatores de risco contribuem para o aparecimento de um AVC e de outras doenças crônicas, como
câncer e diabetes. Alguns desses fatores não podem ser modificados, como a idade, a raça, a constituição genética e
o sexo. Outros fatores, entretanto, dependem apenas da pessoa e são os principais para prevenir essas doenças.

 Não fumar;

 Não consumir álcool;

 Não fazer uso de drogas ilícitas;


 Manter alimentação saudável;

 Manter o peso ideal;

 Beber bastante água;

 Praticar atividades físicas regularmente;

 Manter a pressão sob controle;

 Manter a glicose sob controle.

TRATAMENTO E REABILITAÇÃO

O tratamento do AVC é feito nos Centros de Atendimento de Urgência, que são os estabelecimentos hospitalares
que desempenham o papel de referência para atendimento aos pacientes com AVC. Essas unidades de saúde
disponibilizam e realizam o procedimento com o uso de trombolítico, conforme Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas (PCDT) específico.
A reabilitação pode ser feita nos Centros Especializados em Reabilitação (CERS). A melhor forma de tratamento,
atendimento e reabilitação, que podem contar inclusive com medicamentos, devem ser prescritos por médico
profissional e especialista, conforme cada caso.
Lesão medular

Nos Estados Unidos, durante um ano típico, ocorrem mais de 12.000 lesões medulares ou 40 casos por milhão de
pessoas a cada ano.

As causas mais comuns de lesão da coluna são


 Acidentes com veículos automotores (48%)
 Quedas (16%)

As lesões medulares remanescentes são atribuídas a agressões (12%), esportes (10%) e lesões relacionadas com
o trabalho. Mais de 80% dos pacientes são homens.

Em idosos, as quedas são a causa mais comum. Osteoporose e doença articular degenerativa podem aumentar o
risco de lesão da medula em velocidades de impacto mais baixas devido à angulação formada pelas articulações
degeneradas, osteófitos pressionando o funículo, e fragilidade óssea que permite fraturas fáceis ao longo de
estruturas cruciais.

As lesões na medula espinal ocorrem quando uma força física direta lesa vértebra, ligamentos ou discos da coluna
espinal, causando hematoma, esmagamento ou ruptura do tecido da medula espinal; e quando a medula espinal é
penetrada (p. ex., por bala ou ferimento com faca). Essas lesões também podem produzir lesão vascular que resulta
em isquemia ou hematoma (normalmente extradural), levando a danos posteriores. Todas as formas de lesão
podem causar edema na medula espinal, diminuindo posteriormente fluxo sanguíneo e oxigenação. A lesão pode
ser mediada pela liberação excessiva de neurotransmissores das células lesadas e por resposta inflamatória
imunitária com liberação de citocinas, acúmulo de radicais livres e apoptose.

Lesão vertebral
As lesões vertebrais podem ser

 Fraturas que podem envolver corpo vertebral, lâmina, pedículos e processos espinhosos, articulares e
transversos
 Deslocamentos, que normalmente comprometem as facetas
 Subluxações, que podem provocar ruptura ligamentar sem lesão óssea

No pescoço, fraturas dos elementos posteriores e deslocamentos podem lesar as artérias vertebrais, causando uma
síndrome semelhante a um derrame do tronco cerebral.

As lesões vertebrais instáveis são aquelas em que as integridades óssea e ligamentar são rompidas, de modo
que o movimento livre possa ocorrer, comprimindo potencialmente a medula espinal ou seu fornecimento vascular e
resultando em dor e possível piora da função neurológica ou da dor. Esse movimento vertebral pode ocorrer mesmo
com a mudança de posição do paciente (p. ex., para transporte de ambulância durante avaliação inicial).
As fraturas vertebrais estáveis são capazes de resistir a esse movimento.

As lesões específicas variam tipicamente com o mecanismo do trauma. As lesões em flexão podem produzir
fraturas do corpo vertebral ou fraturas de processo espinal. Força de flexão maior pode causar luxação da faceta
bilateral ou, se ocorrer nos níveis C1-C2, fraturas odontoide e/ou atlantooccipital, subluxação atlantoaxial ou fratura
e subluxação. A lesão rotacional frequentemente causa deslocamento da faceta lateral. Lesões por hiperextensão,
com frequência, causam fratura do arco neural posterior. Lesões de compressão podem causar rupturas dos corpos
vertebrais.
Lesão na cauda equina
A parte mais baixa da medula espinal (cone medular) é normalmente ao nível da vértebra L1. Os nervos espinais
abaixo desse nível compreendem a cauda equina. Portanto, os achados nas lesões medulares abaixo desse nível
podem mimetizar as lesões da medula espinal, particularmente a síndrome do cone medular (ver tabela Síndromes
da medula espinal).

Sinais e sintomas
O sinal cardinal da coluna consiste em um nível de lesão discreta em que a função neurológica acima da lesão
esteja intacta e a função abaixo dela não exista ou esteja acentuadamente diminuída. Avalia-se a força
muscular usando a escala convencional de 0 a 5. Certas manifestações dependem do nível exato (ver tabela Efeitos
da lesão na medula espinal de acordo com o local) e do fato de a lesão medular ser completa ou
incompleta. Priapismo pode ocorrer na fase aguda da lesão da medula espinal.
Além das funções motoras e sensoriais, sinais do neurônio motor superior são um achado importante na lesão da
medula. Esses sinais são o aumento dos reflexos tendíneos profundos e do tônus muscular, resposta extensora
plantar (pododáctilos voltados para cima), clônus (mais comumente encontrado no tornozelo flexionando
rapidamente o pé para cima) e reflexo de Hoffman (a resposta positiva é a flexão da falange distal do polegar depois
de um piparote rápido na unha do dedo médio).

Lesão vertebral, como outras fraturas e luxações, normalmente é dolorosa; porém os pacientes que apresentam
outras lesões dolorosas (p. ex., fraturas no osso longo) ou nas quais o nível de consciência esteja alterado por
intoxicantes ou lesão cerebral podem não reclamar de dor.
Lesão medular completa
Lesão medular completa resulta em

 Paralisia imediata, completa e flácida (com perda do tônus do esfíncter anal)


 Perda de toda a atividade reflexa e sensorial
 Disfunção autonômica abaixo do nível da lesão

A lesão cervical alta (em C5 ou acima) afeta os músculos que controlam a respiração, causando insuficiência
respiratória; pode ocorrer dependência do respirador, especialmente em lesões em C3 ou acima dela. Disfunção
autonômica por lesão da medula cervical pode resultar em bradicardia e hipotensão; o denominado choque
neurogênico. Ao contrário de outras formas do choque, a pele permanece quente e seca. Arritmias e instabilidade
da pressão arterial (PA) podem acontecer. A pneumonia é uma causa frequente de morte em pessoas com lesão
alta na coluna cervical, especialmente naquelas dependentes de ventilação mecânica.
Dentro de algumas horas ou dias, paralisia flácida pode se tornar espástica, devido ao excesso de reflexos de
alongamento normais, resultando na perda da inibição descendente. Depois, se a medula lombossacral estiver
intacta, os espasmos musculares flexores aparecem e os reflexos profundos do tendão, bem como os autônomos,
retornam.

Lesão medular incompleta


Em lesões medulares incompletas, ocorre perda sensorial e motora, e os reflexos profundos dos tendões podem ser
hiperativos. As perdas sensoriais e motoras podem ser permanentes ou temporárias, dependendo da etiologia; a
função pode ser perdida brevemente devido à concussão ou, de forma mais duradoura, por causa de contusão ou
laceração. Às vezes, porém, edema rápido da medula resulta em disfunção neurogênica total que lembra lesão
medular completa; essa condição é chamada de choque medular (para não ser confundido com choque
neurogênico). Os sinais e sintomas desaparecem em um a alguns dias, mas a incapacidade residual geralmente
permanece.

As manifestações dependem de qual parte da medula está envolvida; várias síndromes discretas são reconhecidas
(ver tabela Síndromes da medula espinal).
A síndrome de Brown-Séquard resulta da hemisecção da medula. Os pacientes desenvolvem paralisia ipsolateral
espástica, perda da percepção da postura abaixo da lesão e perda contralateral de dor e sensação térmica.
A síndrome da medula anterior resulta da lesão direta à medula espinal anterior ou à artéria espinal anterior.
Pacientes perdem as sensações motora e de dor bilateralmente abaixo da lesão. A função da medula posterior
(vibração, propriocepção) permanece intacta.
A síndrome da medula central normalmente ocorre em pacientes com canal cervical estreito (congênito ou
degenerativo) após lesão por hiperextensão. A função motora nos membros superiores é muito mais prejudicada do
que nos membros inferiores. Se a coluna posterior é afetada, perdem-se a postura, vibração e toque leve. Se os
tratos espinotalâmicos são afetados, perde-se a sensação de dor, temperatura e, muitas vezes, luz ou toque
profundo. Hemorragia na medula espinal vinda de trauma (hematomielia) está normalmente confinada à massa
cinzenta cervical central, resultando em sinais de lesão nos neurônios motores inferiores (fraqueza e perda
muscular, fasciculações e reflexos diminuídos dos tendões nos membros superiores), que, geralmente, é
permanente. A fraqueza motora é, com frequência, proximal e acompanhada por deficiência seletiva de dor e
sensação de temperatura.

Lesões na cauda equina


A perda motora e/ou sensorial costuma ser parcial e ocorre na região distal das pernas. Em geral, os sintomas
sensoriais são bilaterais, mas costumam ser assimétricos, comprometendo mais um dimídio do que o outro. A
sensação está normalmente diminuída na região perineal (“anestesia de suporte”). A deficiência das funções
intestinal e da bexiga pode envolver incontinência ou retenção. Os homens podem ter disfunção erétil e as mulheres
podem apresentar resposta sexual diminuída. O tônus do esfíncter anal está diminuido e os reflexos
bulbocavernosos e anais estão anormais. Esses achados podem ser similares aos da síndrome do cone medular.
Complicações da lesão na medula espinal
As sequelas dependem da gravidade e do nível da lesão. A respiração pode estar alterada se a lesão for no
segmento C5 ou acima. A mobilidade reduzida aumenta o risco de coágulos sanguíneos, infecções do trato urinário,
contraturas, atelectasia, pneumonia e úlceras de pressão. Espasticidade deficiente pode se desenvolver. A
instabilidade cardiovascular é comum logo após a lesão da medula cervical e está relacionada com choque
neurogênico e disrreflexia autonômica que ocorrem em resposta aos eventos deflagradores, como dor ou pressão
no corpo. A dor neurogênica crônica pode se manifestar como queimação ou “em agulhadas”.

Diagnóstico
 Consideração da lesão em pacientes de alto risco, mesmo os que não apresentam sintomas
 TC

Lesões na medula resultantes de trauma nem sempre são evidentes. A lesão na medula espinal e na coluna deve
ser cogitada nos pacientes com

 Lesões que envolvem a cabeça


 Fraturas pélvicas
 Lesões penetrantes na área da coluna vertebral
 Lesões sofridas em veículos automotivos
 Lesões fechadas graves
 Lesões sofridas por quedas de altura ou mergulho na água

Em pacientes idosos, também deve-se considerar lesão na coluna vertebral após pequenas quedas.

Também deve-se considerar lesão na coluna ou medula espinal em pacientes com sensório alterado, sensibilidade
localizada na espinha, lesões dolorosas por distração ou deficits neurológicos compatíveis.

O diagnóstico das lesões medulares e da coluna vertebral contempla uma avaliação da função dos nervos, incluindo
exames dos reflexos, da motricidade, da sensibilidade e de imagem.

Manifestações da lesão podem ser caracterizadas utilizando-se a Escala de Deficiência da American Spinal Injury
Association (ASIA) ou instrumento similar (ver tabela Escala de deficiência de lesão medular).

Estudos dos nervos


A função motora é testada em todas as extremidades. O teste de sensibilidade deve envolver toque leve (função
posterior da coluna), agulhadas (trato espinotalâmico anterior) e propriocepção de posição. Identificação do nível
sensorial é melhor feita testando de distal para proximal e pelos teste das raízes torácicas no dorso, a fim de evitar
confusão com a capa cervical. O priapismo indica dano na medula espinal. O tônus retal pode estar diminuído; e os
reflexos dos membros inferiores, exuberantes ou diminuídos.

Exames de imagem
Normalmente, tira-se radiografia de quaisquer áreas possivelmente lesadas. A tomografia computadorizada (TC) é
obtida para áreas anormais e áreas com risco de lesão baseado nos achados clínicos. No entanto, a TC tem sido
cada vez mais usada como imagem primária para trauma medular em virtude de sua melhor precisão diagnóstica e,
em muitos centros de trauma, pode ser obtida rapidamente.

A ressonância magnética (RM), que ajuda a identificar tipo e local da lesão medular, é o exame de imagem mais
preciso da medula espinal e outros tecidos moles, mas pode não estar disponível no momento.

Se a fratura atravessar o forame transverso de uma vértebra cervical, geralmente indica-se exame vascular
(normalmente, angiografia por TC) para descartar possível dissecção da artéria vertebral.

Prognóstico
A transecção medular resulta em lesão irreparável e perda permanente da função neurológica abaixo do local da
lesão. A avulsão da raiz nervosa também causa perda permanente da função; lesões traumáticas menos graves por
compressão ou alongamento do tecido nervoso podem resultar em recuperação da função, dependendo do grau de
lesão nos axônios, endoneuro e epineuro. [Ver a classificação de Seddon ( 1) e a classificação de Sunderland (2).] O
retorno de parte do movimento ou da sensação durante a primeira semana após a lesão anuncia recuperação
favorável. Disfunção que se mantém depois de 6 meses tende a ser permanente; contudo, a graduação ASIA
(American Spinal Injury Association) pode melhorar em um grau até um ano após a lesão. Algumas pesquisas
demonstram retorno parcial da função em lesões previamente completas da coluna espinhal com estimulação da
coluna.

Tratamento
 Imobilização
 Manutenção de oxigenação e perfusão da medula espinal
 Cuidados de suporte
 Estabilização cirúrgica quando apropriado
 Cuidado sintomático a longo prazo e reabilitação

A reabilitação é necessária para ajudar as pessoas a se recuperarem o mais completamente possível. A


reabilitação, mais bem fornecida por uma abordagem em equipe, combinando terapias físicas, atividades para
construir habilidades e terapia para encontrar necessidades emocionais e sociais. A equipe de reabilitação é mais
bem direcionada por um médico com treinamento e especialista em reabilitação (fisiatra); inclui normalmente
enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, conselheiros vocacionais e terapeutas
ocupacionais e recreacionais.
A fisioterapia foca-se em exercícios para fortalecimento muscular, exercícios de alongamento passivo para prevenir
contraturas e uso apropriado de dispositivos auxiliares como muletas, andadores ou cadeira de rodas, os quais
podem ser necessários para melhorar a mobilidade. São ensinadas estratégias para controle da espasticidade,
disreflexia autônoma e dor neurogênica.

A terapia ocupacional foca-se no bom redesenvolvimento das habilidades motoras. Programas para controle de
bexiga e intestino ensinam técnicas de higiene que podem necessitar de cateterização intermitente. Com
frequência, regime intestinal envolvendo estimulação com administração de laxantes em hora marcada é
necessário.
A reabilitação vocacional envolve a avaliação tanto das habilidades motoras finas e grossas quanto das
capacidades cognitivas para determinar a probabilidade de emprego. Dessa maneira, o especialista vocacional
ajuda a identificar os possíveis locais de trabalho e determina a necessidade de dispositivo de assistência e
modificações no local de trabalho. Terapeutas de recreação usam uma abordagem similar para identificar e facilitar
a participação em hobbies, atividades esportivas e outras.

Os cuidados emocionais têm como objetivo combater a despersonalização e a quase inevitável depressão, que
ocorrem após a perda de controle do corpo. O cuidado emocional é fundamental para obter sucesso em todos os
outros componentes de reabilitação e deve ser acompanhado com esforços para educar o paciente e encorajar o
envolvimento ativo de família e amigos.

Tratamentos experimentais
Estão sendo estudados tratamentos para promover regeneração neural e minimizar a formação de cicatrizes na
coluna lesionada. Esses tratamentos incluem implantação de suporte de polímero no nível da lesão medular, bem
como injeções de macrófagos autólogos incubados; oligodendrócitos de células-tronco embrionárias de origem
humana; células-tronco neurais; e fatores tróficos. Pesquisas com células-tronco estão sendo realizadas; muitos
estudos com animais mostraram resultados promissores e vários ensaios clínicos em humanos estão nas fases I e
II.

A implantação de um estimulador epidural é uma outra modalidade terapêutica experimental para melhorar o
movimento voluntário após lesão medular. Durante a estimulação epidural, aplica-se impulsos elétricos à superfície
da coluna abaixo da lesão.

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