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Avenida Marcos Konder, 1207, 62, Centro, Itajaí, SC.
PROCESSO: 5003174-81.2023.4.04.7208
A conclusão do perito judicial foi que a Autora não possui incapacidade atual.
Ocorre que se trata de uma conclusão incoerente, uma vez que a Autora foi
diagnosticada com Lombalgia (CID M54.5), incapacitada para o trabalho de forma
permanente, ou seja, o que evidentemente a impede de exercer qualquer atividade
laborativa, vejamos:
O que é Lombalgia? É dor lombar baixa, ela acontece na região mais baixa da
coluna vertebral, podendo causar dores súbitas e intensas nessa parte das costas. Na
maioria das vezes, é causada por má postura ou esforço físico excessivo e causa
incapacidade permanente para o trabalho, já que não tem cura e é agravada se não
tratada adequadamente.
Ou seja, a conclusão do perito é totalmente incompatível com a real situação da
Autora, uma vez que é uma doença que não possui cura, apenas tratamento paliativo. E,
como a Autora já recebeu benefício por incapacidade permanente devido a essa doença,
contraditório é dizer que atualmente ela não possui incapacidade, já que esta é uma
doença que não tem cura, apenas tratamento para aliviar as dores.
Verifica-se que a perícia não foi realizada com a minuciosidade necessária para
identificar tais limitadores.
Ademais, a conclusão do perito se deve ao fato de uma análise superficial ao vasto
material probatório juntados aos autos, assim como pela incompatibilidade
incompreensível do Laudo Pericial deste processo com o Laudo do médico que
confirmou de forma categoria a relação entre as patologias e a incapacidade da
Autora.
Ou seja, pela manifesta incompatibilidade da conclusão pericial com a vasta
produção probatória dos exames e laudos juntados no processo, requer a
desconsideração da conclusão pericial.
Trata-se, portanto, de avaliação pericial contraditória que não pode embasar uma
decisão, sob pena de nulidade, conforme precedentes sobre o tema:
“Ação acidentária. A sentença julgou a ação improcedente
com base na conclusão da perícia oficial. Todavia, revela-se
bem delineada, nos autos, a contradição do laudo pericial que
embasou a sentença. A perícia em diversas passagens
corrobora e chancela os argumentos e fatos discorridos pela
autora em suas peças processuais (inicial e recursal) no sentido
de fortes dores e não apresentar condições de desempenhar
atividade laboral remunerada, tampouco atividades ordinárias
da vida cotidiana. (...) A sentença, dessarte, deve ser anulada,
pois lastreada em prova pericial contraditória. Os autos devem
retornar à origem para que nova perícia seja produzida para a
apuração do quadro de saúde da autora. Assim, tem-se que a
prestação jurisdicional será aperfeiçoada e amparada por
subsídios probatórios sólidos e consistentes, em deferência ao
devido processo legal e aos interesses de ambas as partes em
disputa. Defere-se o pleito liminar recursal de concessão do
auxílio-doença do artigo 71 da Lei 8.213/91, pois verificada a
presença dos requisitos e aspectos que o ensejam e dá-se
parcial provimento ao recurso nos termos do acórdão”. (TJ-SP
103623210205158260053 SP 1036232-10.2015.8.26.0053,
Relator: Beatriz Braga, Data de Julgamento: 06/06/2018, 12ª
Câmara Extraordinária de Direito Público, Data de
Publicação: 06/06/2018) – Grifo nosso.
A Autora junta, nesse momento, novo exame e laudo médico atual, datado em
27/07/2023, solicitando novamente o médico especialista o afastamento definitivo da
Autora ao trabalho.
DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
Por fim, insta destacar as respostas do perito não foram esclarecedoras, limitando-
se a responder “Não” nos quesitos seguintes sem realizar qualquer teste físico ou avaliar
minuciosamente os laudos e exames apresentados:
Nesse sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello traz uma abordagem mais
analítica:
“O juiz não está adstrito ao laudo pericial (art. 479, CPC). (...)
Isso quer dizer que, se existem outros elementos probatórios
técnicos nos autos, pode o juiz afastar-se das conclusões do
laudo pericial, no todo ou em parte. Se não os há, o juiz deve
Datado eletronicamente.
3
Mitidiero, Daniel. Arenhart, Sérgio Cruz. Marinoni, Luiz Guilherme. Novo Código de Processo Civil
Comentado – Ed. RT, 2017. Versão e-book, Art. 371.
ITAJAÍ FLORIANÓPOLIS SÃO PAULO