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Acórdão: 0021372-28.2016.5.04.0383 (ROT)


Redator: TÂNIA REGINA SILVA RECKZIEGEL
Órgão julgador: 2ª Turma
Data: 16/12/2019

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO
2ª Turma

Identificação

PROCESSO nº 0021372-28.2016.5.04.0383 (ROT)


RECORRENTE: TIAGO SALETTI, ASSOCIACAO CHAPECOENSE DE FUTEBOL
RECORRIDO: TIAGO SALETTI, ASSOCIACAO CHAPECOENSE DE FUTEBOL
RELATOR: TÂNIA REGINA SILVA RECKZIEGEL

EMENTA

ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO. RESPONSABILIDADE CIVIL. Demonstrado que a


ocorrência de acidente de trabalho típico pelo empregado agravou a lesão existente acarretando a
incapacidade parcial, incumbe à empregadora a responsabilidade civil pelo ressarcimento dos
danos ocasionados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

ACORDAM os Magistrados integrantes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 4ª Região: preliminarmente, por unanimidade, rejeitar a prefacial de nulidade processual
arguida pela reclamada ASSOCIAÇÃO CHAPECOENSE DE FUTEBOL. No mérito, por
unanimidade, negar provimento ao recurso ordinário da reclamada. Por maioria, dar parcial
provimento ao recurso ordinário do reclamante TIAGO SALETTI para reconhecer a natureza
salarial das verbas pagas através do contrato de cessão do uso de direito de imagem, declarando
a nulidade do referido contrato e determinando que tais valores sejam computados no cálculo da
pensão mensal deferida, para fixar em 100% o pensionamento a ele devido até completar 40 anos
e, após, manter o percentual fixado na Origem, bem como para majorar o dano moral para R$
200.000,00, vencida em parte a Relatora. Valor da condenação majorado para R$500.000,00
(quinhentos mil reais) e das custas para R$10.000,00 (dez mil reais).

Intime-se.

Porto Alegre, 13 de dezembro de 2019 (sexta-feira).

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RELATÓRIO

Reclamada e reclamante interpõem recurso, respectivamente nos IDs. 06ff947 e 44763fa, da


sentença que julgou procedentes os pedidos formulados na ação.

A reclamada busca preliminarmente o reconhecimento da existência de nulidade processual. No


mérito, requer a reforma da decisão quanto aos seguintes pontos: incapacidade para o trabalho,
período de incapacidade, pagamento em parcela única, hipoteca judiciária e dano moral.

O reclamante, por sua vez, postula a modificação dos seguintes tópicos: salário, valor da pensão
mensal e dano moral.

As partes apresentam contrarrazões (IDs. 0b11d3b e 1154035) e os autos vêm conclusos a esta
Relatora.

Vêm os autos a julgamento.

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

I - PRELIMINARMENTE

Nulidade processual. Recurso da reclamada

A reclamada alega que a decisão que negou prosseguimento ao recurso de revista não foi
publicada no Diário de Justiça. Aduz que a certidão que informa suposta decisão não foi correta,
pois equivocadamente faz menção à data do acórdão que decidiu o primeiro julgamento proferido
pela Turma do TRT referente à coisa julgada, a qual foi publicada 18.02.2019, portanto, não
constou publicação do julgamento referente ao não recebimento do recurso de revista. Sustenta
que tal ausência configurou nulidade total, pois impediu a parte de interpor agravo de instrumento
para tentar o recebimento do recurso junto ao TST, razão pela qual deve ser determinado o
retorno à fase processual anterior com a publicação da decisão de negativa de recebimento do
recurso de revista. Destaca que o pedido de nulidade é formulado neste momento, pois somente
ficou ciente da falha processual com a publicação da nova sentença, razão pela qual argui a
nulidade no primeiro momento em que teve a oportunidade de se manifestar nos autos.

Analiso.

No ID. a1a4b54 consta a notificação da reclamada, acerca da decisão constante do ID. bc4e6f9.
Em consulta à aba expedientes, do PJE, verifico que a referida notificação, de fato, foi direcionada

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à ré, tendo sido considerada a data da ciência para início da contagem do prazo em 09/04/2019,
ou seja, um dia após a publicação no Diário da justiça.

O Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, que pode ser acessado no site


https://dejt.jt.jus.br/dejt/f/n/diariocon, confirma as informações do PJE, demonstrando que no dia
08/04/2019 houve a devida publicação da decisão nas páginas 111 e 112 do Diário Nº 2699/2019.

Assim, não há nulidade a ser declarada, posto que a reclamada foi corretamente notificada, tanto
pelo sistema PJE quanto pelo Diário eletrônico, acerca da decisão que negou seguimento ao
recurso de revista interposto.

Rejeito a prefacial.

II - MÉRITO

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA

Incapacidade para o trabalho

A reclamada alega que, conforme mencionado na contestação, o histórico do autor na


Confederação Brasileira de Futebol (CBF), sistema BID, demonstra que ele atuou em diversos
clubes de futebol, e, conforme relatado pelo perito designado nestes autos, o desgaste das
articulações dos joelhos é frequente, pois os atletas são muitos exigidos em cada partida de
futebol. Aduz que quando contratou o autor ele já estava com 31 anos de idade (nasceu
29.01.1983 e contratado na ACF em 01.03.2014), e atuava profissionalmente desde o ano de
1999, ou seja, desde os 16 anos de idade, de modo que sua trajetória profissional acarretou um
desgaste natural das suas articulações, sobretudo, joelhos, conforme é comum no meio esportivo
do futebol. Refere que embora o perito tenha concluído pela ocorrência de lesão do atleta, não foi
realizado exame de ressonância, mas apenas consulta clinica pelo expert e o relato do paciente
de "queixas de dor". Sustenta que não pode o perito utilizar somente o exame clinico para concluir
pela existência de lesão, ainda mais quando o atleta foi operado e clinicamente não existe mais a
ruptura ligamentar. Aduz que o relato de dor passa a ser questão subjetiva que não pode ser
utilizada como elemento para conclusão de existência de lesão. Alega que a ausência de
constatação de lesão através de prova técnica específica, como o exame de ressonância
comprovando a ruptura de ligamento após a cirurgia de correção realizada em maio de 2015,
conduz à conclusão de ausência de prova de existência de lesão alegada, razão pela qual deve
ser alterada a decisão para decretar a improcedência do pedido de condenação da reclamada em
decorrência de suposta incapacidade laboral do ex-atleta.

Analiso.

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Acerca da existência da incapacidade, consta da sentença:

A inspeção pericial (laudo id 51d11ca) conclui que do acidente sofrido durante o


contrato de trabalho mantido com a reclamada restaram sequelas, sendo que para o
cálculo do percentual da redução da capacidade do autor o perito levou em
consideração o histórico laboral do obreiro, de Jogador de Futebol desde os 13
anos de idade e que já havia lesão preexistente na data do acidente de trabalho na
reclamada (lesão degenerativa no joelho esquerdo). Nesse sentido, o laudo
demonstra que o autor apresenta atualmente "

INVALIDEZ PERMANENTE PARCIAL INCOMPLETA, de repercussão intensa, 75%


de 25%, devido sua doença anterior ao seu vínculo, osteoartrose, igual a 18,75%,
devido sua doença de base, artrose de joelho.". Constata o perito que "o autor
encontra-se incapaz permanente para a função de Jogador Profissional,
considerando a exigência funcional da articulação do joelho lesado já bastante
comprometida.".

Acolho a conclusão pericial, máxime, porque a reclamada limita-se a alegar, em sua


impugnação ao laudo, que "a cirurgia realizada foi com total sucesso".

Primeiramente, destaco ser incontroverso que em 18/05/2014 o autor sofreu acidente de trabalho
durante um jogo de futebol que gerou trauma em seu joelho esquerdo, conforme acordo firmado
no Processo nº 0020367-08.2015.5.04.0382, tendo sido emitida a respectiva CAT.

O perito nomeado nos autos, especialista em Ortopedia, Traumatologia e Medicina do Trabalho,


concluiu que houve agravamento da lesão sofrida no acidente "devido à prática continuada do
esporte realizada precocemente.", consignando que "O autor realizou Ressonâncias Magnéticas
posteriores ao trauma de 18/05/2014 e observa-se um agravamento registrados nas imagens
quando comparadas ao exame de 20/05/2014. Portanto, a análise dos documentos anexados aos
autos e o exame pericial realizado levam à convicção de que há nexo causal com o trabalho entre
o acidente ocorrido em maio de 2014, resultando em agravamento da lesão pré existente nesta
mesma articulação.".

Assim, diversamente do que alega a reclamada, há prova robusta acerca da existência da lesão
alegada pelo autor, tanto pelo exame físico realizado pelo expert, que confirmou o diagnóstico
referido na inicial, quanto pela documentação médica trazida ao feito (ressonância, atestados
médicos, etc).

Ressalto que não se está a ignorar o histórico laboral pregresso do autor, tanto que o próprio
perito expressamente informa que o acidente de trabalho agravou a lesão preexistente, uma vez
que o autor "já era portador de lesão degenerativa no joelho esquerdo", o que não afasta,
entretanto, a responsabilidade da ré quanto ao acidente de trabalho sofrido e suas sequelas
posteriores, mormente por que, na ocasião, mesmo com a moléstia existente, o autor estava apto
ao desenvolvimento de sua atividade.

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Destaco, no ponto, que a existência de determinada doença não acarreta necessariamente o


reconhecimento da incapacidade laboral. Assim, a prova dos autos demonstra que o autor, ainda
que portador de lesão no joelho, conseguia exercer sua atividade de jogador profissional, tanto
que iniciou novo vínculo com a reclamada. No entanto, após o acidente sofrido, houve o
agravamento da lesão, o que culminou no reconhecimento de sua incapacidade para a atividade
habitual, o que é minuciosamente fundamentado pelo perito e amparado pelas provas dos autos.

Dessa forma, acolho o laudo pericial, não havendo prova que valide a insurgência recursal da
reclamada de ausência de incapacidade laboral ocasionada pelo agravamento da lesão após a
ocorrência de acidente de trabalho.

Nego provimento ao recurso da ré.

Pagamento em parcela única

A recorrente não concorda com a condenação ao pagamento em parcela única, alegando que o
pagamento antecipado causaria um enriquecimento ilícito por parte do reclamante e reconhecido
prejuízo à reclamada, já que se estará adiantando valor a ser recebido no futuro. Cita julgado.
Requer seja alterada a decisão para o pagamento de indenização de forma parcelada e não em
parcela única.

Analiso.

Nos termos do parágrafo único do art. 950 do Código Civil, aplicado subsidiariamente as relações
trabalhistas, "O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de
uma só vez.".

Vê-se, assim, que o pagamento da indenização em parcela única é uma faculdade do credor e,
tendo havido expresso requerimento nesse sentido na petição inicial (letra "a" dos pedidos da
inicial, ID. 91f5ec8 - Pág. 12), correta a decisão que determinou o pagamento dessa forma.

Desprovido o recurso.

Hipoteca judiciária

A reclamada alega que não existe justificativa para a determinação de registro de hipoteca
judiciária. Aduz que com o trânsito em julgado da decisão destes autos, a mesma assume caráter
definitivo e assim será o próprio instrumento de execução, não precisando ser registrado hipoteca
judiciária, que é condição prevista na norma legal somente para casos excepcionais e mediante
justificativa de grave ameaça de impossibilidade de pagamento. Requer a reforma da sentença
para decretar a exclusão do registro de hipoteca judiciaria.

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Analiso.

Nos termos do art. 495 do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo do
trabalho por força do artigo 769 da CLT, "a decisão que condenar o réu ao pagamento de
prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, de não
fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca
judiciária.".

Assim, independentemente do trânsito em julgado, é autorizado ao reclamante realizar o registro


da hipoteca judiciária. Aliás, nem sequer há necessidade expressa de determinação judicial a
respeito, consoante dispõe o art. 495, §2º, do CPC.

Ademais, adoto o entendimento exposto na Súmula 57 deste TRT, segundo a qual "a constituição
de hipoteca judiciária, prevista no artigo 495 do CPC, é compatível com o processo do trabalho".

Mantenho a sentença.

RECURSO ORDINÁRIO DAS PARTES. MATÉRIA COMUM. ANÁLISE EM CONJUNTO

Período de incapacidade. Valor da pensão mensal

A reclamada alega que a impossibilidade de trabalho verificada é para a atividade de atleta


profissional de futebol, o que não corresponde a aposentadoria de qualquer outra profissão
estimada pelo INSS de 70 anos de idade do trabalhador. Aduz que a média dos atletas de futebol
profissional, exceto goleiro, independentemente de qualquer posição em campo, via de regra,
encerram a carreira com 35 anos de idade. Refere que o reclamante informou que já encerrou a
atividade profissional de atleta quando estava com 33 anos de idade. Dessa forma, requer a
modificação da sentença para limitar o tempo de aposentadoria até os 35 anos de idade do
reclamante, quando então, independentemente de lesão acarretaria naturalmente sua
aposentadoria. Portanto, caso mantida a condenação ao pagamento de indenização que seja do
período compreendido entre a data do acidente até quando o atleta completou 35 anos de idade,
ou seja, da data do acidente até 29.01.2018 (quando completou 35 anos de vida), pois como é
público não tem nenhum atleta profissional participando de competição oficial com idade acima de
35 anos.

O reclamante, por sua vez, alega que não houve mera diminuição na capacidade laboral do
recorrente, ao passo que o mesmo desenvolvia atividades de atleta jogador de futebol profissional
na razão de 18,75%, mas sim a invalidez permanente para a prática profissional do esporte. Aduz
que o percentual de 18.75% pode dizer respeito a capacidade laboral para tarefas comuns, gerais,
mas no que diz respeito à atividade de atleta profissional, que era a atividade exercida quando do

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acidente, não há mais capacidade de trabalho para a referida função, razão pela qual se mostra
incompatível o desacolhimento do pedido "a" da petição inicial. Desta forma, requer a reforma da
decisão para que seja fixado a título de danos materiais por invalidez 100% do último salário
percebido pelo recorrente até a data em que deixaria de atuar como jogador de futebol
profissional, o que ocorre, em média, aos 38 anos de idade. Quanto à limitação temporal, ressalta
que a idade referida na inicial, em 38 anos, se deu em razão da coerência, já que, sabido é que
nenhuma pessoa atua como atleta profissional até a idade em que teria condições de se
aposentar pelo regime geral da previdência. Contudo, ao acolher o entendimento de que o
reclamante teve como redução geral de capacidade laboral o percentual de 18,75%, sustenta que
não é possível limitar-se a indenização aos 38 anos de idade. Dessa forma, não se acolhendo o
pedido na ordem de 100% da remuneração do autor, ou seja, na função de atleta profissional,
alega que é descabido o limitador de idade, uma vez que se fala em aposentadoria como atleta e
não como trabalhador comum.

Analiso.

O juízo a quo decidiu a questão nos seguintes termos:

Com relação ao pedido de pensão pela perda parcial da capacidade laborativa,


vinga a pretensão, haja vista que o acidente de trabalho sofrido pelo autor lhe
provocou, conforme já relatado antes, "INVALIDEZ PERMANENTE PARCIAL
INCOMPLETA, de repercussão intensa, 75% de 25%, devido sua doença anterior
ao seu vínculo, osteoartrose, igual a 18,75%, devido sua doença de base, artrose
de joelho."

A hipótese dos autos encontra previsão legal no artigo 950 do novo Código Civil,
dispositivo este que estabelece, além de outros, o direito à pensão, quando
verificada a diminuição de capacidade para o trabalho, correspondente à
importância do trabalho para o qual se inabilitou, ou da depreciação sofrida, caso
dos autos.

Assim sendo, restando evidente o prejuízo patrimonial que merece ser indenizado,
condeno a reclamada ao pagamento de uma pensão mensal, a partir da data do
acidente de trabalho sofrido durante o contrato com a reclamada, equivalente a
18,75% do valor da última remuneração auferida pelo autor, inclusive com 13º
salário. Por tratar-se de faculdade do prejudicado, prevista no artigo 950, parágrafo
único, do CCB, determino o pagamento da indenização em uma única parcela,
conforme opção do autor explicitada na petição inicial, a ser calculada em liquidação
de sentença, considerando o período compreendido entre a data do acidente de
trabalho sofrido durante o contrato com a reclamada e a aposentadoria do autor
(limites da lide).

Ainda, no tópico, em decisão que acolheu os embargos de declaração opostos pela reclamada, o
Magistrado acrescentou:

Inicialmente, com parcial razão o embargante, no que se refere ao marco final para
a apuração da pensão mensal deferida, haja vista que a sentença não foi clara no
aspecto. Assim sendo, retifico a sentença, no tópico, para acrescer fundamentos, a
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fim de fixar como marco final para a apuração da pensão mensal deferida a data em
que o autor completar 38 (trinta e oito) anos de idade, considerando que este foi o
limite estabelecido na inicial.

Realizada perícia técnica, o perito exarou a seguinte conclusão:

NEXO DE CAUSALIDADE:

A empresa emitiu CAT acolhendo o acidente de trabalho ocorrido dia 18/05/2014


resultando em lesão do joelho esquerdo, distensão grau 1 do músculo semi
membranoso. Houve agravamento lesão degenerativa, quando compara-se os
exames de imagens posteriores ao realizado inicialmente, em 20/05/2014, dois dias
após o acidente traumático.

NEXO CONCAUSAL ANTERIOR: 18 anos como jogador de futebol, que


concorreram de maneira inequívoca para o desenvolvimento de sua doença de
base: artrose de joelho.

DÉFICIT FUNCIONAL TEMPORÁRIO:

Houve incapacidade temporária no período em que esteve afastado do trabalho e


ao abrigo do INSS. Atualmente entendemos estar o autor incapaz permanente para
a função de Jogador Profissional, considerando a exigência funcional da articulação
do joelho esquerdo lesado já bastante comprometida.

INVALIDEZ PERMANENTE PARCIAL INCOMPLETA:

INVALIDEZ PERMANENTE PARCIAL INCOMPLETA, de repercussão intensa, 75%


de 25%, devido sua doença anterior ao seu vínculo, osteoartrose, igual a 18,75% ,
devido sua doença de base, artrose de joelho. Como o jogador jogou por um
ano na empresa reclamada.

APTA PARA SUA FUNÇÃO:

Não. Atualmente o autor encontra-se incapaz permanente para a função de Jogador


Profissional, considerando a exigência funcional da articulação do joelho lesado já
bastante comprometida.

REABILITAÇÃO:

Deverá ser reabilitado já que sua incapacidade não é omni-profissional.

Comprovado nos autos que o trabalhador teve diminuição da sua capacidade laborativa, é devida
a indenização por danos materiais correspondente ao percentual de inaptidão funcional ou laboral
resultante do dano à sua saúde, independentemente do fato de ser reabilitado para exercer outra
profissão, ainda que com a mesma remuneração, como estabelece o artigo 950 do Código Civil:

Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das
despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu.

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O cálculo da pensão deve observar o percentual de incapacidade ou perda funcional detectada


em virtude do acidente sofrido, que, no caso dos autos, foi fixada pelo perito em 18,75%. No
ponto, é equivocada a interpretação pretendida pelo reclamante de que a pensão deve equivaler a
100% da remuneração, ante a invalidez para a atividade de jogador. Isso por que a indenização
na forma de pensão mensal não equivale a uma aposentadoria por invalidez, ou seja, não tem por
escopo a substituição do salário que receberia caso não houvesse o infortúnio, mas busca
indenizar o trabalhador que ficou inapto para o exercício de sua função ou teve reduzida a
capacidade para a mesma.

Assim, entendo correto o percentual fixado pelo perito, já que o percentual de 75% diz respeito à
gravidade da perda funcional do joelho esquerdo, enquanto o percentual de 25% diz respeito à
responsabilidade da ré pelas sequelas consolidadas. Ressalto, no ponto, o histórico laboral e
médico do autor: admitido na reclamada com 18 anos anteriores de prática desportiva, atuou para
a ré no período de 11 meses, tendo sofrido o acidente após pouco mais de 4 meses de trabalho,
cirurgia prévia por trauma anterior no mesmo joelho em 01/06/2008, preexistência de lesão
degenerativa no joelho esquerdo. Tendo em vista tais fatores, tal qual o Magistrado da origem,
acolho o percentual fixado pelo perito em 18,75%.

Com relação ao termo final do pensionamento, o laudo pericial deixa claro que o autor é inválido
para a atividade de jogador profissional, podendo haver reabilitação para atividades diversas. Isso
denota que a redução da capacidade laboral do reclamante, como um todo, é permanente, o que
autoriza o pagamento de pensionamento em caráter vitalício, já que a referida redução, ou seja,
impossibilidade de atuar na profissão de jogar profissional, acompanhará o autor enquanto viver.

Não obstante, ao formular o pedido relativo a indenização a título de danos materiais, o autor
expressamente postula o "pagamento de uma indenização a título de DANOS MATERIAIS,
assim consubstanciada sob a forma de pensão mensal, tendo como marco inicial a data do
sinistro e como base de cálculo o último rendimento auferido pela parte Reclamante, incluindo 13º
salários, devendo esta ser paga até a aposentadoria do atleta, que em média ocorre aos 38 anos,
optando-se, desde já, para que o pagamento de tal montante (parcelas vencidas e vincendas)
seja paga de uma só vez (artigo 950, parágrafo único, do Código Civil).". Assim, em que pesem
as alegações recursais de que tal limitação restringia-se à ocorrência de pagamento do percentual
de 100% da remuneração do demandante, fato é que não consta pedido sucessivo para hipótese
de deferimento de indenização em patamar inferior, sendo, portanto, necessário que a
condenação observe os limites da lide impostos pelo próprio reclamante.

Isso considerado, nego provimento ao recurso das partes, no tópico.

Dano moral

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A reclamada requer que, em sendo aceita a tese principal de inexistência de lesão definitiva, seja
alterada a decisão de condenação em danos morais, pois inexistindo o principal da mesma forma
segue o acessório, pois inexistindo incapacidade inexiste dano moral. Por outro lado, de forma
alternativa, caso mantida a condenação, sustenta que ainda assim não resta configurado a lesão
de âmbito moral, pois o trabalhador não estará impedido de nenhum ato junto a comunidade que
participa, inclusive poderá trabalhar uma vez que nada o impossibilita à vida comum. Ressalta que
o autor poderá até mesmo jogar futebol amador, de tal forma que a lesão não configura dor de
âmbito absoluto, mas determinadas condições em dissabores natural da convivência humana.
Alega que um incômodo não pode ser confundido como lesão moral que se caracteriza pela
existência de dor profunda e efeitos direto no dia a dia do cidadão, sendo a parte em decorrência
da lesão moral impedida de frequentar determinados entidades da sociedade. Postula a
absolvição no tópico.

O reclamante, a seu turno, alega que a lesão física sofrida implicou sofrimento ao autor, sendo
agravada pela recorrida, conforme disposto em laudo pericial. Ressalta que a lesão o tolheu a
prática de atividade profissional que desempenhava, tendo em vista que o mesmo jamais poderá
voltar a exercer suas atividades dentro de campo. Cita julgado. Aduz que passou por todos
percalços para que, desde os 14 anos, exercesse a atividade tão sonhada de jogador de futebol,
tendo a recorrida tolhido seus sonhos, já que resta precocemente impossibilitado de exercer
permanentemente suas atividades profissionais. Pelas razões expostas, requer sejam majorados
os danos morais para R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), conforme pleiteado na inicial.

Analiso.

A decisão de 1º grau condenou a reclamada ao pagamento uma indenização por dano moral,
equivalente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Conforme todo o conjunto probatório dos autos, é incontroversa a ocorrência de acidente de


trabalho que agravou a lesão no joelho que acometia o autor, causando sua incapacidade
permanente para a atividade laboral de jogador profissional.

Adoto a responsabilidade objetiva nos casos de acidente de trabalho, razão pela qual, para
perquirir a responsabilidade civil do empregador bastaria a demonstração do nexo causal entre as
moléstias e o trabalho desempenhado pelo empregado.

A questão quanto à aplicação da teoria subjetiva ou da objetiva não é pacífica na jurisprudência,


tendo ensejado duas posições distintas. A primeira corrente entende que o parágrafo único do art.
927 do Código Civil não se aplica nas hipóteses de acidente do trabalho, ao argumento de que a
Constituição Federal tem norma expressa prevendo como pressuposto da indenização a

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ocorrência de culpa ou dolo. A segunda corrente, à qual me filio, é no sentido de que o novo
dispositivo tem inteira aplicação nos casos de acidente do trabalho, já que a previsão do inciso
XXVIII do art. 7º deve ser interpretada em consonância com seu caput: "São direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social".

Além disso, a Constituição também prevê, no seu artigo 1º, como fundamento do Estado
democrático de Direito, a cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do
trabalho, bem como, no artigo 170, em que trata da ordem econômica, valoriza a livre iniciativa e o
trabalho humano.

Entendo, pois, que a previsão do art. 927, parágrafo único, do Código Civil não é incompatível
com o art. 7º, XXVIII, da Constituição Federal, haja vista que o princípio realmente consagrado
constitucionalmente é o de que cabe indenização por reparação civil, independentemente dos
direitos acidentários.

Assim, quando o artigo 7º, XXVIII, da Constituição da República menciona a culpa ou o dolo do
empregador para efeito de responsabilidade por acidente de trabalho, na verdade, não limita a
hipótese à responsabilidade subjetiva, pois a Constituição fixa apenas direitos mínimos,
possibilitando ao legislador ordinário ampliar os direitos nela previstos, quando resultarem em
melhoria para os trabalhadores. Nesse mesmo sentido, é o magistério de Sebastião Geraldo de
Oliveira, para o qual a responsabilidade civil prevista no art. 7º, XXVIII, da CF, abrange todas as
espécies, não havendo dúvida de que a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva visa à
melhoria da condição social do trabalhador.

Na hipótese em análise, há que se destacar ainda, consoante consignado na sentença, que são
"Desnecessárias maiores considerações quanto ao desgaste mental sofrido pelo indivíduo que se
vê incapaz de exercer sua atividade profissional praticada até a data do acidente.".

Ademais, em se tratando de lesões decorrentes de acidente do trabalho, o dano moral é in re ipsa.


Isto é, comprovada a ofensa, o abalo moral é presumido.

Quanto ao montante devido a título de indenização, a sua fixação deve levar em conta a extensão
do dano causado pelo ofensor, o grau de responsabilidade patronal e a capacidade patrimonial
das partes, bem como objetivar a amenização do sofrimento experimentado pela vítima. Por outro
lado, destina-se também a reprimir a conduta da empresa e desestimular a sua reincidência.

Considerando os fatores referidos supra e os parâmetros usualmente adotados por esta Corte,
entendo que o valor fixado na origem, em R$ 50.000,00, não comporta majoração, estando
adequado ao caso em análise.

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Por essa razão, nego provimento ao recurso da reclamada e do reclamante.

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. Matéria remanescente.

Salário

O autor alega que foi ajustado no momento da contratação pela ré que receberia pelos serviços
prestados a importância salarial mensal de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) durante o campeonato
estadual e R$ 20.000,00 (vinte mil reais) no campeonato brasileiro, porém em sua CTPS somente
fora registrado o salário de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais) e o restante através de
contrato de imagem. Aduz que os clubes de futebol, na hora da contratação, a fim de não dispor
como remuneração todos valores pagos aos seus funcionários (jogadores), registra em CTPS
valor abaixo do efetivamente pago, discriminando o restante do valor como demais direitos
(imagem, arena, etc). Sustenta que resta evidenciado que os valores pagos mensalmente à título
do direito de imagem, de toda a relação, trata-se de salário, uma vez que visavam remunerar o
recorrente. Destaca que o valor acordado entre o reclamante e o reclamado a ser pago a título de
cessão de direito de imagem ultrapassa 100% do salário anotado na CTPS e equivale a 62% do
montante total pago ao autor, em evidente extrapolação do limite legal previsto no parágrafo único
do art. 87-A da Lei Pelé, o que evidencia não se tratar de contratação livre e de caráter acessório
ao contrato de trabalho. Cita julgados. Requer seja ser declarada a natureza salarial das parcelas
pagas ao recorrente através de contrato de imagem, bem como o reconhecimento de que o
salário percebido pelo mesmo era no montante de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), ou seja 200% a
maior que o salário registrado em CTPS.

Analiso.

O julgador da origem decidiu que "A remuneração do autor para todos os efeitos legais é aquela
constante do contrato de trabalho firmado entre as partes (id d2ca34f), de R$ 7.500,00 (sete mil e
quinhentos reais), ressaltando-se que o valor pago a título de direito de imagem não possui
natureza trabalhista.".

O uso da imagem nas atividades desportivas encontra-se protegido no art. 5º, XXVII, "a", da
Constituição Federal:

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da


imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

Sobre o tema, dispõe o art. 87-A da Lei 9.615/98, aplicável à categoria do autor, com redação
vigente à época do contrato:

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Art. 87-A. O direito ao uso da imagem do atleta pode ser por ele cedido ou
explorado, mediante ajuste contratual de natureza civil e com fixação de direitos,
deveres e condições inconfundíveis com o contrato especial de trabalho desportivo.
(Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011)

Posteriormente, a Lei 13.155/2015, de 04/08/2015, incluiu o parágrafo único no referido artigo:

Parágrafo único. Quando houver, por parte do atleta, a cessão de direitos ao uso de
sua imagem para a entidade de prática desportiva detentora do contrato especial de
trabalho desportivo, o valor correspondente ao uso da imagem não poderá
ultrapassar 40% (quarenta por cento) da remuneração total paga ao atleta,
composta pela soma do salário e dos valores pagos pelo direito ao uso da imagem.
(Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015)

Assim, pelo princípio da irretroatividade da lei, tem-se que a limitação constante no parágrafo
único do referido art. 87-A não se aplica ao caso dos autos, como pretende o autor, já que não
havia tal disposição legal à época dos fatos.

Não obstante, a natureza salarial de tal parcela ainda pode ser reconhecida nos casos em que
comprovado o desvirtuamento do pagamento, ou seja, quando se tratar de fraude à legislação
trabalhista, hipótese que o contrato de cessão de imagem será nulo de pleno direito, com fulcro no
art. 9º da CLT.

No caso dos autos, o reclamante juntou aos autos documento intitulado "Instrumento particular de
licença de uso de imagem, voz, nome profissional e apelido esportivo de atleta profissional de
futebol", com vigência de 02/01/2014 a 10/12/2014 (ID. 949277b). A cláusula 2 do referido
documento dispõe que o valor bruto total a ser pago pela reclamada, pelo uso da imagem do
autor, seria de R$ 117.500,00, sendo 4 parcelas de R$ 7.500,00 no campeonato estadual e 7
parcelas de R$ 12.500,00 no campeonato brasileiro.

Por outro lado, o contrato de trabalho do autor prevê a remuneração mensal de R$ 7.500,00,
referente ao contrato por prazo determinado no período de 02/01/2014 a 10/12/2014 (ID. d2ca34f).

Embora não se aplique ao caso do autor as disposições contidas no parágrafo único do art. 87-A
da Lei 9.615/98, à luz do princípio da proteção, o caso em análise demonstra que o contrato de
cessão celebrado entre as partes teve o intuito de "mascarar" o verdadeiro salário do reclamante.
Isso por que os valores pagos pelo uso da imagem do autor superam expressivamente o
montante pago a título de salário, o que causa estranheza já que não se tratava de atleta de
grande fama nacional, por exemplo, que justificaria o investimento tão alto para exploração da
imagem. Ora, o pagamento de valor equivalente a 100% do salário do autor por 4 meses e, após,
por mais 7 meses, de patamar superior a 166% da verba salarial paga evidencia que o contrato
não era acessório ao pacto laboral.

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Por tais razões, reconheço a natureza salarial das verbas pagas ao atleta profissional através do
contrato de cessão do uso de direito de imagem, declarando a nulidade do referido contrato.

Deixo de determinar as integrações pertinentes referente ao reconhecimento da natureza salarial


da parcela em comento, ante a ausência de pedido nesse sentido.

Isso posto, dou provimento ao recurso do autor para reconhecer a natureza salarial das verbas
pagas através do contrato de cessão do uso de direito de imagem, declarando a nulidade do
referido contrato e determinando que tais valores sejam computados no cálculo da pensão mensal
deferida.

TÂNIA REGINA SILVA RECKZIEGEL

Relator

VOTOS

DESEMBARGADOR MARCELO JOSÉ FERLIN D AMBROSO:

Com a devida vênia da nobre Relatora, acompanho as razões de divergência da Exma. Desa.
BRÍGIDA JOAQUINA CHARÃO BARCELOS, em consonância de seus fundamentos.

DESEMBARGADORA BRÍGIDA JOAQUINA CHARÃO BARCELOS:

Período de incapacidade. Valor da pensão mensal

Peço a vênia para divergir do voto condutor, pois tenho interpretação diversa acerca da presente
matéria.

Mesmo que a incapacidade constatada pelo laudo pericial equivale a 18,75%, a lesão incapacita o
reclamante para a prática do futebol, sua atividade laboral, pelo menos pelo período em que
posse ser considerado ativo, ou seja, até cerca de 40 anos de idade.

Isso considerando, entendo que a incapacidade laboral deve ser apurada na relação 100%, até o
mesmo completar 40 anos e, após, observar a sua incapacidade para as demais atividades do dia
a dia, ou seja, observado o percentual já fixado na Origem.

Assim, dou provimento parcial ao recurso do reclamante para fixar em 100% o pensionamento a
ele devido até completar 40 anos e, após, manter o percentual fixado na Origem.

Dano moral

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Peço a vênia para divergir do voto condutor, pois tenho interpretação diversa acerca da presente
matéria.

Em relação ao "quantum" entendo que a quantificação da indenização é subjetiva, de acordo com


a análise da prova produzida, como também da situação econômica e patrimonial da reclamada,
fatores que devem ser considerados para fixação da indenização devida. O porte econômico da
reclamada constitui condição que é sopesada para a fixação do quantum indenizatório, tomando-
se o cuidado para evitar sua fragilização, porém deve ser tomado como fator de cálculo, na razão
quanto maior o patrimônio maior a condição da empresa reclamada manter a segurança e
ergonomia das condições de trabalho.

Neste caso, o valor de R$ 50.000,00 arbitrado para as indenizações por dano moral mostra-se
insuficiente, razão pela qual dou provimento ao recurso ordinário do reclamante no aspecto para
majorá-lo para o valor total de R$ 200.000,00, valor que considero adequado aos usualmente
deferidos nesta Justiça Especializada para os casos análogos, não se tendo por elevado, nem
insuficiente, pois não se trata de valor irrisório, diante dos danos sofridos.

Assim, dou provimento ao recurso para majorar o dano moral para R$ 200.000,00.

PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:

DESEMBARGADORA TÂNIA REGINA SILVA RECKZIEGEL (RELATORA)

DESEMBARGADOR MARCELO JOSÉ FERLIN D AMBROSO

DESEMBARGADORA BRÍGIDA JOAQUINA CHARÃO BARCELOS

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