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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região

Recurso Ordinário Trabalhista


0020152-44.2021.5.04.0601
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Relator: ROSIUL DE FREITAS AZAMBUJA

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 16/08/2021


Valor da causa: R$ 50.000,00

Partes:
RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTAB BANCARIOS DE IJUI
ADVOGADO: EDSON DE MOURA BRAGA FILHO
RECORRENTE: CAIXA ECONOMICA FEDERAL

ADVOGADO: BIANCA ZOEHLER BAUMGART CRESTANI


ADVOGADO: GILBERTO ANTONIO PANIZZI FILHO
ADVOGADO: JOSE ALEXANDRE FENILLI DE MIRANDA
ADVOGADO: FABIO RADIN
RECORRIDO: SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTAB BANCARIOS DE IJUI
ADVOGADO: EDSON DE MOURA BRAGA FILHO
RECORRIDO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL

ADVOGADO: GILBERTO ANTONIO PANIZZI FILHO


ADVOGADO: BIANCA ZOEHLER BAUMGART CRESTANI
ADVOGADO: JOSE ALEXANDRE FENILLI DE MIRANDA
ADVOGADO: FABIO RADIN
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

Identificação
PROCESSO nº 0020152-44.2021.5.04.0601 (ROT)
RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTAB BANCARIOS DE IJUI, CAIXA
ECONOMICA FEDERAL
RECORRIDO: SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTAB BANCARIOS DE IJUI, CAIXA
ECONOMICA FEDERAL
RELATOR: ROSIUL DE FREITAS AZAMBUJA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. É cabível acolher os embargos de declaração para


sanar omissão sobre aspectos constantes do recurso não analisados no acórdão embargado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

ACORDAM os Magistrados integrantes da 11ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª


Região: por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DO SINDICATO
DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS DE IJUÍ para reconhecer a
ocorrência de omissão no julgado, e, no mérito, não reconhecer o protesto interruptivo de prescrição e
julgar improcedente a pretensão da repercussão da quebra de caixa nas horas extras.

Intime-se.

Porto Alegre, 14 de julho de 2022 (quinta-feira).

RELATÓRIO

O sindicato autor apresenta embargos de declaração contra acórdão, apontando omissão no julgado
quanto ao protesto interruptivo da prescrição, reflexos da quebra de caixa em horas extras e pretendendo
o prequestionamento.

Assinado eletronicamente por: ROSIUL DE FREITAS AZAMBUJA - 15/07/2022 12:49:40 - 610573b


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Número do processo: 0020152-44.2021.5.04.0601 ID. 610573b - Pág. 1
Número do documento: 22031518472154700000062042824
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Diante da possibilidade de ser atribuído efeito modificativo ao julgado, foi determinada a notificação das
partes, tendo a parte embargada apresentado contraminuta.

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DO SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTAB


BANCÁRIOS DE IJUÍ

OMISSÃO. PRESCRIÇÃO.

O sindicato autor opõe embargos de declaração, alegando padecer o acórdão de omissão no que se refere
ao exame do pleito de interrupção da prescrição, conforme protesto de nº 0021763-94.2017.5.04.0029.
Afirma que, embora o Julgador da origem não tenha examinado a prescrição no aspecto, deduziu pedido
expresso em seu recurso, para que a Turma analisasse a matéria, a fim de que fossem declaradas
prescritas somente as parcelas anteriores a 11/11/2012. Refere que "Ao analisar os Recursos apresentados
pelas partes, Vossa Excelência entendeu por dar provimento parcial ao Recurso Adesivo da Caixa para
declarar a prescrição quinquenal em relação às pretensões objeto do pedido anteriores a 22/03/2016 e a
prescrição total do direito de ação em relação aos substituídos desligados até 22 de março de 2019" e que
"não analisou, EM NENHUM MOMENTO, o pedido feito pelo Sindicato recorrente para que fosse
acolhido o protesto interruptivo da prescrição". Pugna pelo acolhimento dos embargos, a fim de ser
sanado o vício apontado.

Analiso.

Com razão o sindicato autor, pois, considerando a reforma da sentença no que se refere ao pagamento da
parcela quebra de caixa aos substituídos, necessário o exame, também, da alegação de interrupção da
prescrição.

Dito isso, observo que consta na petição inicial:

Em que pese a prescrição seja matéria de defesa, para que não se alegue prejuízo desta,
há que se registrar que qualquer regra prescricional que eventualmente venha a ser
arguida em contestação restou interrompida no que diz respeito à quebra de caixa em
face da Notificação Judicial interposta pelaFEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES E
TRABALHADORAS EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DO RIO GRANDE DO SUL,
conforme faz prova a cópia integral do processo nº. 0021753-94.2017.5.04.0029,
devidamente anexado à esta inicial.

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Número do documento: 22031518472154700000062042824
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O protesto interruptivo da prescrição redefine o marco inicial do cômputo dos prazos prescricionais
bienal e quinquenal, renovando-os pelo mesmo prazo. Conquanto garanta os direitos porventura devidos
até 5 anos antes do ajuizamento do protesto, a ação trabalhista que os reclame deve ser ajuizada em até 5
anos da interrupção ou 2 anos após a extinção do contrato, sob pena de não lhe serem aplicáveis os
efeitos da dita interrupção, na exata forma dos arts. 11 da CLT e 7º, XXIX, da CF.

No caso dos autos, o protesto interruptivo de prescrição consta do processo nº 0021753-


94.2017.5.04.0029 (ID 27966e6 e seguintes), o qual foi apresentado pela Federação dos Trabalhadores e
Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul com a finalidade de interromper a
prescrição, entre outras parcelas, da denominada quebra de caixa.

Foi apresentado em 10.11.17. Logo, anterior a alteração trazida pela lei 13.467/17 correspondente ao
parágrafo terceiro do artigo 11, da CLT. Assim, não há como determinar que o protesto interruptivo de
prescrição não seja considerado tendo em vista não se tratar de demanda trabalhista.

Nas contrarrazões apresentadas aos embargos de declaração a embargada apresenta uma série de
argumentos contrarios a validade do protesto interruptivo de prescrição. Alega que não há comprovação
de que os substituídos sejam vinculados a federação, que o protesto deve ser promovido em Brasilia
tendo em vista o caráter nacional da CEF e que a federação somente pode agir em caráter em caráter
residual, ou seja, quando não houver a constituição de sindicato na região.

Efetivamente, havendo sindicato representando os trabalhadores na região e sendo ele a atuar na


condição de substituto processual no presente feito, o protesto para ser válido deve ser apresentado pelo
próprio sindicato sendo a competência da Federação residual, ou seja, deve atuar na falta do sindicato, o
que não ocorre na situação para exame. Assim, havendo sindicato a legitimidade é dele e não da
federação para apresentação de protesto interruptivo de prescrição. Tanto isto é verdade que a presente
ação foi proposta pelo sindicato na condição de substituto processual e não pela federação.

Da mesma forma, não há elementos nos autos a possibilitar seja verificado que os substituídoss estejam
vinculados à federação.

Logo, não admito o protesto interruptivo de prescrição.

Por conseguinte, dou provimento aos embargos de declaração para reconheçer a ocorrência de omissão
no julgado, e no mérito, não acolher o protesto interruptivo de prescrição.

OMISSÃO. REFLEXOS EM HORAS EXTRAS.

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Número do documento: 22031518472154700000062042824
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O sindicato opõe embargos de declaração, alegando padecer o acórdão de omissão no que se refere ao
exame dos reflexos em horas extras. Afirma que, no trecho em que houve manifestação acerca dos
reflexos cabíveis, entendeu-se por afastar os reflexos em repousos semanais remunerados, gratificação de
função, gratificações semestrais, bem como em outras vantagens pessoais não identificadas, tendo a
condenação contemplado reflexos em férias com 1/3, 13º salários e FGTS. Alega que não houve análise
do pedido feito pelo Sindicato para condenação ao pagamento de reflexos em horas extras, acarretando
omissão no julgado. Pugna pelo acolhimento dos embargos, a fim de ser sanado o vício apontado.

Analiso.

O sindicato deduz o pedido na exordial na forma que segue:

a) Seja o Banco Réu condenado a pagar aos substituídos a verba salarial denominada
QUEBRA DE CAIXA, conforme valores constantes das normativas internas da
reclamada, em parcelas vencidas e vincendas, conforme a fundamentação, com reflexos
em horas extras e, após, em repousos semanais remunerados (inclusive os sábados e
feriados) e, após, em gratificação semestral, na gratificação de função, férias com 1/3,
13º salários e demais vantagens pessoais que tenham como base de cálculo a
remuneração dos substituídos e, após, em FGTS, em parcelas vencidas e vincendas.
Ainda, para os substituídos que tiverem rescindidos os contratos de trabalho, reflexos em
13º salário e férias proporcionais e a multa de 40% sobre o FGTS, plano de demissão
voluntária, o que será verificado quando da liquidação de
sentença.............................................................................. a calcular;

E, com efeito, o acórdão não examina os reflexos da quebra de caixa sobre as horas extras cabendo ser
reconhecida a omissão no julgado.

Assim, cabe o exame a respeito.

Entretanto, a quebra de caixa não reflete sobre horas extras não havendo como ser realizada esta
integração. O que caberia é a sua consideração na base de cálculo das horas extras, mas não foi
formulada tal pretensão.

Consequentemente, dou provimento aos embargos de declaração para reconhecer a omissão, e, no mérito,
julgo improcedente o pedido de repercussão da quebra de caixa nas horas extras.

PREQUESTIONAMENTO.

Pretende o prequestionamento acerca do inciso II e ao parágrafo único do artigo 202 do Código Civil; da
divergência jurisprudencial com a OJ nº 392 da SBDI-1 do TST e com as Súmulas 247 e 264 do TST; e
das Súmulas 247 e 264 do TST.

Analiso.

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Ficam prequestionados, pela fundamentação supra, os dispositivos invocados pela recorrente, cabendo
salientar que o julgador não está obrigado a examinar cada argumento ou dispositivo legal referido nos
autos, tendo apenas a obrigação legal de decidir e fundamentar sua decisão, o que restou plenamente
atendido no caso em tela, sendo pertinente transcreve o contido na Orientação Jurisprudencial nº 118 da
SBDI-1 do TST:

PREQUESTIONAMENTO. Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida,


desnecessário contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como
prequestionado este.

Ademais, se a suposta violação nasce na própria decisão recorrida, o prequestionamento é inexigível, nos
termos da OJ nº 119 da SDI 1 do TST: É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada
houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável, sendo inaplicável a Súmula n.º 297 do TST.

ROSIUL DE FREITAS AZAMBUJA


Relator

VOTOS

PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:

DESEMBARGADOR ROSIUL DE FREITAS AZAMBUJA (RELATOR)

DESEMBARGADORA VANIA MATTOS

DESEMBARGADORA FLÁVIA LORENA PACHECO

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610573b 15/07/2022 12:49 Acórdão Acórdão

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