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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
Partes:
RECLAMANTE: WASHINGTON DOS SANTOS THORPE
ADVOGADO: LEANDRO DE ANDRADE MEUSER
RECLAMADO: LEROY MERLIN COMPANHIA BRASILEIRA DE BRICOLAGEM
ADVOGADO: MARIA HELENA VILLELA AUTUORI ROSA
ADVOGADO: TATIANE DE CICCO NASCIMBEM CHADID
PERITO: MARISTELA GONCALVES OLIVAL
TESTEMUNHA: FABIO BORGES VEIGA
TESTEMUNHA: FELIPE GONÇALVES FRANCISCONE
TESTEMUNHA: FABIO DA SILVA
TESTEMUNHA: ANDRE LUIZ PEREIRA TAVARES
TESTEMUNHA: RAFAEL BRUM DA SILVA
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
EMENTA
1) DANO MORAL. ASSÉDIO MORAL. A conduta da reclamada, de
submeter o autor a uma ociosidade forçada, em decorrência do
esvaziamento de funções, extrapolou os limites do seu poder diretivo,
configurando um comportamento inadequado e desrespeitoso, violador de
direito fundamental, sendo devida, consequentemente, a respectiva
indenização. Recurso desprovido. 2) HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. Nas ações ajuizadas anteriormente à entrada em
vigor da Lei nº 13.467/2017, resultam devidos honorários advocatícios na
Justiça do Trabalho, apenas quando preenchidos os requisitos constantes
das Súmulas nº 219 e 329, ambas do c. TST, o que não se verifica, in casu.
Pelos mesmos motivos, resulta indevida a condenação do reclamante ao
pagamento de honorários ao patrono da reclamada, como pretendido pela
ora recorrente. Recurso parcialmente provido.
I - RELATÓRIO
Assinado eletronicamente por: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA - 18/09/2019 13:52:02 - a4c3262
https://pje.trt1.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19071513494415400000132059997
Número do processo: 0010537-82.2015.5.01.0032 ID. a4c3262 - Pág. 1
Número do documento: 19071513494415400000132059997
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É o relatório.
II - FUNDAMENTAÇÃO
II.1. CONHECIMENTO.
II.2 - MÉRITO.
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Número do documento: 19071513494415400000132059997
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constituição do dever de indenizar por ilícito extracontratual - isto é, pela violação de um dever genérico
de abstenção ou de um dever jurídico geral -, tem-se por imprescindível a presença cumulativa dos
pressupostos elencados no artigo 186 do Código Civil, quais sejam, em brevíssima suma: (i) a existência
de uma ação ou omissão juridicamente qualificada, ou seja, que se apresente como ato ilícito; (ii) a
ocorrência de um dano moral ou patrimonial; e (iii) o nexo de causalidade entre o dano e a ação ou
omissão"; "no caso em tela, constata-se que estão ausentes quaisquer dos itens em comento, o que
acarreta a reforma da condenação do ressarcimento dos alegados e não comprovados danos morais";
"destarte, as considerações tecidas pela recorrente são suficientes para ensejar a reforma da r. sentença de
primeiro grau"; "ademais, cumpre destacar que se fazia imprescindível não só a alegação, mas a
demonstração, já na exordial, do implemento efetivo de danos morais, ao menos para que pudesse a
recorrente se insurgir contra o direito que a Recorrida pretendeu ver assegurado, o que, como bem já se
disse, não ocorreu"; "ainda, para o implemento do dano moral e, por via de consequência, o surgimento
do direito à indenização, necessário se faz que a ofensa tenha grandeza e esteja revestida de importância e
gravidade"; "ou seja, o incômodo, enfado ou desconforto que algumas circunstâncias que suporta o
homem médio em razão de sua vida cotidiana, não serve para a concessão de indenização"; "ocorre que,
no caso dos autos, inexistiu lesão a qualquer valor e/ou concepção íntima, de sorte a não ser outra a
conclusão alcançada senão a de que se impulsiona a Recorrida pelo atual 'modismo' do requerimento de
danos morais"; "diante de todo o exposto, imperiosa a reforma da r. sentença para excluir da condenação
a indenização por danos morais"; "da fixação de valor indenizatório Noutro passo, caso este E. Tribunal
entenda devida a indenização por danos morais, o que se cogita apenas por amor ao debate, requer a
recorrente sua reforma no que tange ao valor da indenização, eis que é correto afirmar que a indenização
no importe de R$20.000,00 (vinte mil reais) em danos morais, não observa os preceitos legais e
jurisprudenciais aplicáveis à matéria, mormente para que não implique em locupletamento sem causa do
recorrido"; "observa-se que ao Julgador compete, quando da fixação do quantum indenizatório, fazê-lo de
forma prudente, de sorte a impedir nasçam e/ou se perpetuem, em nosso território, decretos
condenatórios comuns à entes políticos alienígenas, mediante os quais faculta e estimula o Estado se
beneficie o lesado com eventual violação, galgando situação econômica melhor do que a detida
anteriormente ao hipotético ato ilícito"; "assim, na remota hipótese de se entender pela manutenção da r.
sentença, o que se admite apenas por amor ao debate, requer a reforma da r. sentença para que seja
rearbitrado o valor da condenação, em valores condizentes com o suposto prejuízo moral".
"Postula o autor o pagamento de indenização por danos morais, alegando ter sofrido
assédio moral, uma vez que o Sr. André Tavares, ao assumir a gerência comercial,
deixou o autor sem qualquer função, tendo que comparecer à ré e não fazer nada o dia
inteiro.
Nega a parte ré que o autor tenha sofrido assédio moral e que tenha ficado sem exercer
qualquer função, uma vez que exercia as funções do seu cargo, qual seja, coordenador
comercial.
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Número do processo: 0010537-82.2015.5.01.0032 ID. a4c3262 - Pág. 3
Número do documento: 19071513494415400000132059997
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A ilustre professora Vólia Bomfim Cassar define assédio moral da seguinte forma: 'O
assédio é o termo utilizado para designar toda conduta que cause constrangimento
psicológico ou físico à pessoa. Já o assédio moral é caracterizado pelas condutas
abusivas praticadas pelo empregador direta ou indiretamente, sob o plano vertical ou
horizontal, ao empregado, que afetem seu estado psicológico. Normalmente, refere-se a
um costume ou prática reiterada do empregador.' (CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do
Trabalho, 9º ed., 2014, ePub).
As testemunhas, ainda, afirmam que com a admissão do Sr. André Tavares este assumiu
todas as funções de comando, destacando a primeira testemunha que funções típicas de
coordenador de gerir a equipe, realizando escalas e repassando orientações foram
suprimidas do autor com a chegada do Sr. André.
A segunda testemunha ressalta que quando o Sr. André assumiu a gerência foram
suprimidas as funções do autor, que passou a não fazer nada durante o expediente.
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Assim, considerando a prática do assédio moral por parte da ré, julgo procedente o
pedido para condenar a ré ao pagamento de R$ 20.000,00, valor este que tenho por
adequado a compensar o autor e, mais que isso, a evidenciar para a ré a existência de
consequências diretas pelo assédio moral dispensado a um empregado."
Ao exame.
Na mesma toada, a testemunha Fabio Borges Veiga disse que "o autor era
coordenador do setor, sendo gerente do setor de ferramentes Roberto Val, mas na prática exercia o autor
todos os poderes decorrentes do cargo de gerência, que foram delegados pelo próprio Roberto, se
recordando a testemunha de ter o Sr. Roberto expressamente comunicado a equipe de que qualquer
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problema deveria ser tratado com o autor, já que Roberto tinha muitos setores para cuidar"; "que em
algum momento André Tavares assumiu a função de gerente do setor, sendo que foi o momento de muita
ruptura para a equipe, com alteração da filosofia de trabalho o que desmotivou toda a equipe"; "que com
a chegada de André foram suprimidas as funções do autor, que passou a não fazer nada durante o
expediente" (Id afdef25, fls. 496).
B- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
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cumpre mencionar o posicionamento exarado pela 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça ao julgar o
REsp 1.465.535/SP em que ambos os temas - honorários de sucumbência e direito intertemporal foram
apreciados, tendo o aresto decidido sobre a natureza híbrida dos honorários sucumbenciais"; "a aplicação
do entendimento do STJ aos processos trabalhistas é possível já que não pode haver diferença entre
processos cíveis e trabalhistas, posto que a discussão é a mesma, ou seja: quando a lei se aplica"; "além
do mais, o parágrafo terceiro do artigo 791- A deixa claro que na hipótese de procedência parcial, o juízo
arbitrará honorários de sucumbência recíproca"; "assim, de acordo com lei 13.467/2017, ora em vigor, os
valores requeridos pelo reclamante em inicial deverão ser todos liquidados e cada parte arcará com a
parte que for sucumbente"; "em que pese o ilustre Magistrado ter fixado valor sucumbencial, declarou a
inconstitucionalidade do § 4º do artigo 791-A da CLT, suspendendo assim, seu pagamento pelo
Recorrido, com o que, não se pode concordar"; "de início, vale lembrar que o Brasil é
constitucionalmente determinado como um Estado Democrático de Direito (art. 1º, caput, da Constituição
Federal de 1988), o que significa dizer que é regido necessariamente por sua legislação vigente, sendo
essa constituída pelas leis ordinárias, especiais, e demais procedimentos normativos que devem respeitar
a criação de normas infraconstitucionais"; "a reforma trabalhista, por sua vez, nada mais é do que uma
consequência do poder legislativo derivado da norma constitucional, que, em verdade, legitima o
legislador formalmente eleito para elaboração das regras conforme a necessidade social e jurídica e
interesse da população que o elegeu, fazendo valer, assim, o chamado Estado Democrático de Direito, em
que os três poderes (legislativo, executivo e judiciário) coexistam sem interferiem entre si"; "assim
sendo, não basta a alegação em processo individual de que determinada norma, em determinado
processo, prejudica o direito constitucional do indivíduo para que o juiz de primeiro grau simplesmente
faça esse controle de constitucionalidade caso a caso, sem o devido fundamento legal"; "no presente
processo, o ilustre Magistrado entende que a determinação de pagamento da verba sucumbencial equivale
à restrição de acesso ao Judiciário, o que não corresponde à realidade"; "veja-se que nenhuma parte
deveria mover uma ação, movimentando a máquina do Poder Judiciário, com a expectativa de que não
tenha razão. Pelo contrário, as reformas legislativas ao decorrer do tempo, inclusive do Código de
Processo Civil, vêm cada vez mais caminhando no sentido de valoração da boa-fé e lealdade processual,
em detrimento do uso dos procedimentos judiciais como se fossem a única possível saída para todos os
conflitos sociais"; "o que buscou o legislador fazer foi tentar impedir que aventureiros movessem ações
judiciais sem o menor fundamento, às custas das reclamadas e do poder público, trazendo grande
prejuízo aos cofres da administração e fazendo o sistema cada vez mais moroso ou até mesmo injusto
àqueles que realmente buscam a tutela jurisdicional com fundamentos plausíveis"; "razão não assiste ao
recorrente, uma vez que a nova legislação trabalhista, ao contrário do que alega, não impossibilita o
acesso do trabalhador a justiça, e sim restringe a quem realmente há necessidade de recorrer ao judiciário,
uma vez que tanto a justiça gratuita é sim deferida à quem tem direito, quanto aos honorários
sucumbências somente pagará a parte que perca demanda. Dessa forma, implantando uma regra de
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Número do processo: 0010537-82.2015.5.01.0032 ID. a4c3262 - Pág. 7
Número do documento: 19071513494415400000132059997
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equidade processual mais justa, e não inconstitucional como quer o reclamante demonstrar"; "vale
ressaltar que o direito de ingressar a justiça não foi retirado do trabalhador, e sim restringido a quem
realmente pleiteia o que lhe é de direito, evitando assim grandes volumes no judiciário, e economia aos
cofres públicos, onde muitas vezes arcava com custas totalmente desnecessárias, conforme demonstrado
em jurisprudência: Pela reversão da decisão que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A §4º da
CLT, para fim de cessar a suspensão do pagamento da verba sucumbencial".
Ao exame.
Ademais, o art. 133, da Carta Maior não teve o condão de revogar o jus
postulandi das partes no Processo do Trabalho (art. 791, CLT), pois se trata de norma com eficácia
contida, ainda não regulamentada.
Salienta-se que não se aplicam os artigos 389, 395 e 404 do Código Civil,
uma vez que incompatíveis com as regras processuais trabalhistas.
Assinado eletronicamente por: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA - 18/09/2019 13:52:02 - a4c3262
https://pje.trt1.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19071513494415400000132059997
Número do processo: 0010537-82.2015.5.01.0032 ID. a4c3262 - Pág. 8
Número do documento: 19071513494415400000132059997
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ACÓRDÃO
Relator
ATFBC/cqb/acsa
Assinado eletronicamente por: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA - 18/09/2019 13:52:02 - a4c3262
https://pje.trt1.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19071513494415400000132059997
Número do processo: 0010537-82.2015.5.01.0032 ID. a4c3262 - Pág. 9
Número do documento: 19071513494415400000132059997
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admitido em seu depoimento pessoal, por motivos psicológicos, circunstância que obrigou a ré a se valer
de outro funcionário para o exercício das tarefas.
Assinado eletronicamente por: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA - 18/09/2019 13:52:02 - a4c3262
https://pje.trt1.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19071513494415400000132059997
Número do processo: 0010537-82.2015.5.01.0032 ID. a4c3262 - Pág. 10
Número do documento: 19071513494415400000132059997