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: 1
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
Partes:
RECORRENTE: NELIO DE SA FREIRE
ADVOGADO: TATIANA DA SILVA E SILVA
RECORRENTE: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE
ADVOGADO: ISABEL DE ALMEIDA TAVARES
ADVOGADO: MARCELO ASSIS RIBEIRO DE ALBUQUERQUE MARANHAO
ADVOGADO: MARCUS VINICIUS CORDEIRO
ADVOGADO: GUSTAVO SMITH HEIZER
ADVOGADO: CRISTOVAO TAVARES MACEDO SOARES GUIMARAES
RECORRIDO: NELIO DE SA FREIRE
ADVOGADO: TATIANA DA SILVA E SILVA
RECORRIDO: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE
ADVOGADO: ISABEL DE ALMEIDA TAVARES
ADVOGADO: MARCELO ASSIS RIBEIRO DE ALBUQUERQUE MARANHAO
ADVOGADO: MARCUS VINICIUS CORDEIRO
ADVOGADO: GUSTAVO SMITH HEIZER
ADVOGADO: CRISTOVAO TAVARES MACEDO SOARES GUIMARAES
ADVOGADO: Luiz Eduardo Prezidio Peixoto
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
Fls.: 2
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
EMENTA
MATÉRIA COMUM. DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS.
PLANTÕES EXTRAS. Considerando que a testemunha indicada pelo
Autor apresentou fatos contraditórios; que a testemunha arrolada pela Ré
informou que o Autor realizava 03 ou 04 plantões extras por mês e que a
Ré não juntou os controles, ônus que lhe competia, encontra-se adequada
a conclusão do julgador de primeiro grau, de que o reclamante faz jus às
horas extras, pelo trabalho em 04 plantões extras por mês, permitindo a
dedução das horas extras quitadas. Trata-se de valoração da prova, feita
pelo juízo a quo, que por estar em contato direto com as testemunhas e a
colheita da prova, possui maior capacidade de analisar o grau de
confiabilidade das informações prestadas e, salvo quando verificar
incongruências, o Juízo ad quem deve modificar a supracitada valoração,
o que não é a hipótese dos autos. Recursos a que se nega provimento.
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 1
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Fls.: 3
I - RELATÓRIO
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Fls.: 4
É o relatório.
II - FUNDAMENTAÇÃO
ADMISSIBILIDADE
Analiso.
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Rejeito.
MÉRITO
[..]
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Fls.: 6
(três) plantões de 24 horas por semana não caberiam todos nos 07 (sete) dias, sendo,
pois, o seu depoimento imprestável.
Registre-se que para os trabalhadores que atuam em escala de 12 horas de trabalho por
36 horas de descanso se concede um único intervalo de 1:00 hora, sendo trabalhadas
efetivamente 11:00 horas a cada escala. Assim, para os que atuam em escala de 24
horas de trabalho devem ser concedidos dois intervalos de 1:00 hora, sendo trabalhadas
efetivamente 22:00 horas.
Quanto ao trabalho nos finais de semana, somente aquele realizado aos domingos que
se remunera com adicional de 100%, em face dos termos das normas coletivas trazidas
aos autos, entretanto, estes não foram identificados na inicial ou nos depoimentos
prestados na audiência 11.12.2018 (id 41a93b5 - fls. 385/386).
Neste aspecto, o artigo 71, da CLT, é claro ao dispor que para o "...trabalho contínuo,
cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para
repouso e alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora...", não havendo legislação
que imponha a concessão de 1:00 hora de intervalo a cada seis trabalhadas. Ao
contrário, o mencionado artigo da CLT determina somente o intervalo de 15 minutos
para o trabalho em jornadas de 6:00 horas.
Portanto, não há que se falar em aplicação do divisor de 200 ou 192 horas para efeito
do cálculo das horas extraordinárias antes de 01.05.2016, devendo ser respeitadas as
disposições normativas, em face do previsto no artigo 7º, inciso XXVI da Constituição
Federal.
Assim, devidas as horas extras com adicional de 50%, arbitradas em 88:00 horas
mensais e adicional noturno, arbitrado em 28:00 horas mensais, no período imprescrito
até 18.07.2016 (ajuizamento da ação), e os reflexos no repouso remunerado, na base de
1/6, nas férias com adicional de 1/3 e 13º salários, pela média física mensal, no FGTS
(8,0%) a ser depositado, observada a variação salarial, a base de cálculo formada pelo
salário fixo, adicional de insalubridade e triênio, o divisor de 220 horas/mês e de 192
horas/mês (a partir de 01.05.2016).
Não há reflexo do repouso semanal remunerado sobre as parcelas acima (férias, 13º
salários, aviso prévio e FGTS), em face do entendimento contido na Orientação
Jurisprudencial nº 394, da SBDI-I, do TST." (ID f093b34)
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 5
Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 7
Analiso.
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 6
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Fls.: 8
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 7
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Fls.: 9
termos, seriam 09 dias trabalhados por semana, o que não pode ser acolhido. Observo, ainda, que a
testemunha, de início, afirmou que os plantões extras seriam em número de 3 ou 4 plantões extras por
mês e, em seguida, retificou o depoimento para dizer que eram 8 a 9 plantões extras por mês. Tais fatos
tornam a prova testemunha frágil e incapaz de transmitir a credibilidade necessária ao convencimento do
Julgador.
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
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Fls.: 10
Analiso.
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Fls.: 11
§ 3º. É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de
qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça
gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário
igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) [g.n.]
§ 4º. O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência
de recursos para o pagamento das custas do processo.
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Fls.: 12
circunstância de que a lei se refere "àqueles que perceberem salário". Logo, primeiro, o destinatário da
norma não é outro senão o trabalhador, pois empregador não percebe salário; e, segundo, não se
cogita de concessão de gratuidade "de ofício" a empregador.
DO INTERVALO INTRAJORNADA
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Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 13
[..]
Registre-se que para os trabalhadores que atuam em escala de 12 horas de trabalho por
36 horas de descanso se concede um único intervalo de 1:00 hora, sendo trabalhadas
efetivamente 11:00 horas a cada escala. Assim, para os que atuam em escala de 24
horas de trabalho devem ser concedidos dois intervalos de 1:00 hora, sendo trabalhadas
efetivamente 22:00 horas.
Quanto ao trabalho nos finais de semana, somente aquele realizado aos domingos que
se remunera com adicional de 100%, em face dos termos das normas coletivas trazidas
aos autos, entretanto, estes não foram identificados na inicial ou nos depoimentos
prestados na audiência 11.12.2018 (id 41a93b5 - fls. 385/386).
Neste aspecto, o artigo 71, da CLT, é claro ao dispor que para o "...trabalho contínuo,
cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para
repouso e alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora...", não havendo legislação
que imponha a concessão de 1:00 hora de intervalo a cada seis trabalhadas. Ao
contrário, o mencionado artigo da CLT determina somente o intervalo de 15 minutos
para o trabalho em jornadas de 6:00 horas.
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 12
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Fls.: 14
diário e o divisor de 192 horas para apuração do salário-hora para regimes de trabalho
em escalas, o que vem sendo observado.
Portanto, não há que se falar em aplicação do divisor de 200 ou 192 horas para efeito
do cálculo das horas extraordinárias antes de 01.05.2016, devendo ser respeitadas as
disposições normativas, em face do previsto no artigo 7º, inciso XXVI da Constituição
Federal.
Assim, devidas as horas extras com adicional de 50%, arbitradas em 88:00 horas
mensais e adicional noturno, arbitrado em 28:00 horas mensais, no período imprescrito
até 18.07.2016 (ajuizamento da ação), e os reflexos no repouso remunerado, na base de
1/6, nas férias com adicional de 1/3 e 13º salários, pela média física mensal, no FGTS
(8,0%) a ser depositado, observada a variação salarial, a base de cálculo formada pelo
salário fixo, adicional de insalubridade e triênio, o divisor de 220 horas/mês e de 192
horas/mês (a partir de 01.05.2016).
Não há reflexo do repouso semanal remunerado sobre as parcelas acima (férias, 13º
salários, aviso prévio e FGTS), em face do entendimento contido na Orientação
Jurisprudencial nº 394, da SBDI-I, do TST." (ID f093b34)
Analiso.
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 13
Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 15
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
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Fls.: 16
dormir, mas poderia descansar, permanecendo com atenção para qualquer tipo de vazamento. Ora, se o
setor contava apenas com 01 empregado e este não podia se ausentar, por certo, o intervalo intrajornada,
era reduzido pela necessidade do trabalho, impedimento causado pelo empregador e em benefício deste e
não por vontade do empregado.
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação
introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido
pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação,
repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais.
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 15
Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 17
"Decidiu o órgão colegiado do Tribunal Pleno, por maioria absoluta, que "o
descumprimento do intervalo previsto no artigo 71 da CLT tem como consequência
pagamento do período integral do intervalo para repouso e alimentação, mesmo quando
fruída alguma parcela de descanso, em conformidade com o entendimento consolidado
na Súmula 437, I, do TST. [..]" (IUJ-0001484-42.2016.5.01.0000; Relatora: Claudia
Regina Vianna Marques Barrozo; Julgamento: 04/05/2017; DEJT: 12/05/2017)
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 16
Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 18
horas) de descanso, sendo que, durante todo o período imprescrito até a data de seu
desligamento, o empregado realizou, além dos plantões ordinários, mais 7 a 8 plantões
extraordinários de 24 horas por mês, sendo que a Reclamada nunca remunerou
corretamente esses plantões. (...) Vale ressaltar que o reclamante NÃO teve intervalo
intrajornada superior a 40/50 minutos para refeição e descanso. Observa-se, ainda, que
a empregadora também não aplicou corretamente o percentual de 100% (cem por cento)
para os plantões realizados pelo reclamante aos domingos e feriados, considerando que
laborava em média 2 (dois) domingos por mês e metade dos feriados. Ainda com relação
ao pagamento das horas extras, a empresa deixou de utilizar o limite de 40 (quarenta)
horas semanais e aplicar o correto divisor no cálculo das horas extras, deixando de
observar norma por ela mesma criada..." (id fd5e4f8 - Págs. 02/03).
[..]
Registre-se que para os trabalhadores que atuam em escala de 12 horas de trabalho por
36 horas de descanso se concede um único intervalo de 1:00 hora, sendo trabalhadas
efetivamente 11:00 horas a cada escala. Assim, para os que atuam em escala de 24
horas de trabalho devem ser concedidos dois intervalos de 1:00 hora, sendo trabalhadas
efetivamente 22:00 horas.
Quanto ao trabalho nos finais de semana, somente aquele realizado aos domingos que
se remunera com adicional de 100%, em face dos termos das normas coletivas trazidas
aos autos, entretanto, estes não foram identificados na inicial ou nos depoimentos
prestados na audiência 11.12.2018 (id 41a93b5 - fls. 385/386).
Neste aspecto, o artigo 71, da CLT, é claro ao dispor que para o "...trabalho contínuo,
cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para
repouso e alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora...", não havendo legislação
que imponha a concessão de 1:00 hora de intervalo a cada seis trabalhadas. Ao
contrário, o mencionado artigo da CLT determina somente o intervalo de 15 minutos
para o trabalho em jornadas de 6:00 horas.
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20021109284838300000042540062
Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 17
Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 19
Portanto, não há que se falar em aplicação do divisor de 200 ou 192 horas para efeito
do cálculo das horas extraordinárias antes de 01.05.2016, devendo ser respeitadas as
disposições normativas, em face do previsto no artigo 7º, inciso XXVI da Constituição
Federal.
Assim, devidas as horas extras com adicional de 50%, arbitradas em 88:00 horas
mensais e adicional noturno, arbitrado em 28:00 horas mensais, no período imprescrito
até 18.07.2016 (ajuizamento da ação), e os reflexos no repouso remunerado, na base de
1/6, nas férias com adicional de 1/3 e 13º salários, pela média física mensal, no FGTS
(8,0%) a ser depositado, observada a variação salarial, a base de cálculo formada pelo
salário fixo, adicional de insalubridade e triênio, o divisor de 220 horas/mês e de 192
horas/mês (a partir de 01.05.2016).
Não há reflexo do repouso semanal remunerado sobre as parcelas acima (férias, 13º
salários, aviso prévio e FGTS), em face do entendimento contido na Orientação
Jurisprudencial nº 394, da SBDI-I, do TST." (ID f093b34)
Analiso.
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20021109284838300000042540062
Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 18
Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 20
Ora, se para aqueles que são destinatários das 40h semanais é já pacífico,
no C. TST, que o divisor a ser adotado para o cálculo do salário-hora será 200, em razão da configuração
da proporcionalidade, com muito mais razão se repele a tese de que os submetidos à jornada ainda
inferior poderiam estar sujeitos ao divisor de 220h!
Para os empregados a que alude o art. 58, caput, da CLT, quando sujeitos a 40 horas
semanais de trabalho, aplica-se o divisor 200 (duzentos) para o cálculo do valor do
salário-hora."
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20021109284838300000042540062
Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 19
Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 21
"São válidas as cláusulas dos acordos coletivos celebrados pela CEDAE, com
vigência entre 2004 e 2016, que fixaram o divisor 220 para a apuração das horas
extras dos empregados que se submetem a 40 horas semanais de trabalho."
Nesse contexto, considerando que a Norma Coletiva dos autos prevê que a
carga horária semanal de 40 horas, não acarretará em alteração do divisor de 220 horas (ex. ID c8b0318 -
Pág. 4), não há como dar provimento ao recurso, sem prejuízo da uniformização da jurisprudência deste
Regional.
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 18/06/2020 11:22:16 - 82a850b
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20021109284838300000042540062
Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 20
Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 22
A cláusula 3ª da norma coletiva 2014/2016 (fls. 58/59), que repete a dos anos anteriores,
dispõe o seguinte:
0,01 (um centavo) e/ou valor que vier a ser fixado pela paridade decorrente da
Legislação Federal, a título de participação neste benefício, obedecidas as disposições
dos parágrafos seguintes.
(...)
Parágrafo 5º - O benefício do ticket refeição ora acordado, pela sua própria natureza e
de acordo com a legislação específica que rege a matéria, não será, em qualquer
hipótese, incorporado aos salários dos empregados.
De fato, a norma coletiva em seu caput limita a concessão do ticket refeição a 24 (vinte
e quatro) tickets, FAZENDO EXCEÇÃO quanto aos empregados escalados previamente
para plantões, desde que não sujeitos a escala e 24 x 72que também farão jus ao
benefício.
Ora, se o reclamante recebia os 24 (vinte e quatro) tickets refeição por mês e trabalhava
em escala de 24 x 72, não há que se falar no fornecimento de tickets pelos 04 plantões
extras reconhecidos acima, em face do disposto no parágrafo 4º, acima transcrito, de
interpretação restritiva que se deve dar às normas coletivas de trabalho.
Por fim, o ticket refeição não integra o salário, conforme expresso cláusula normativa
acima transcrita.
Diante disso, improcedem os pedidos das alíneas "F" e "G" da inicial." (ID f093b34)
Analiso.
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Fls.: 23
(...)
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 22
Número do documento: 20021109284838300000042540062
Fls.: 24
O Autor requer que a correção monetária das verbas salariais seja feita
pelo IPCA.
Analiso.
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 23
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Fls.: 25
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Fls.: 26
1. O princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput), no seu núcleo essencial,
revela que o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na
parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda
Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-
tributária, os quais devem observar os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda
Pública remunera seu crédito; nas hipóteses de relação jurídica diversa da tributária, a
fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança
é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto legal
supramencionado.
2. O direito fundamental de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII) repugna o disposto no art.
1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, porquanto a
atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a
remuneração oficial da caderneta de poupança não se qualifica como medida adequada a
capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se
destina.
3. A correção monetária tem como escopo preservar o poder aquisitivo da moeda diante
da sua desvalorização nominal provocada pela inflação. É que a moeda fiduciária,
enquanto instrumento de troca, só tem valor na medida em que capaz de ser transformada
em bens e serviços. A inflação, por representar o aumento persistente e generalizado do
nível de preços, distorce, no tempo, a correspondência entre valores real e nominal (cf.
MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro, LTC 2010, p. 94; DORNBUSH, R.;
FISCHER, S. e STARTZ, R. Macroeconomia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 2009,
p. 10; BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo: Prentice Hall, 2006, p. 29).
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Fls.: 27
obrigado a litigar. Tendo seu direito reconhecido em juízo, vulnera a cláusula do rule of lawvê-lo
definhar em razão de um regime de atualização casuísta, injustificável e benéfico apenas da autoridade
estatal.
a correção monetária não é jamais prefixada, uma vez que a inflação é insuscetível de
captação apriorística. A variação de preços na economia é sempre constatada ex post,
mas nunca fixada ex ante, exceto em regime ditatoriais em que há controle de preços e
economia planificada.
Tal entendimento, repitamos, não foi infirmado pela Rcl 22.012, na qual o
STF decidiu que não configura desrespeito ao decidido nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI)
4357 e 4425 a utilização de índice diverso da TR para atualização monetária dos débitos trabalhistas.
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Fls.: 28
pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1º de
março de 1991.") em nada alterou o posicionamento da mais Alta Corte Trabalhista quanto à aplicação
do IPCA-E, "com respaldo em decisão vinculante do STF", como se colhe dos seguintes recentes
julgados do TST, todos posteriores à Lei nº 13.467/2017:
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Fls.: 29
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Fls.: 30
crédito trabalhista, que emana da decisão do E. STF, não há lugar para a modulação de efeitos até então
admitida à luz da ArgInc-479-60.2011.5.04.023.
III - DISPOSITIVO
A C O R D A M os DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO, por unanimidade, REJEITAR a
preliminar de não conhecimento do recurso da Ré, arguida em contrarrazões e CONHECER dos
recursos e; no mérito, também por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso da Ré e DAR
PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso do Autor, para conceder à parte autora o benefício da
gratuidade de justiça, como permite o art. 790 da CLT; para condenar a Ré ao pagamento de 2 horas por
dia trabalhado em cada plantão, acrescidas de 50%, pela fruição parcial dos intervalos, com reflexos no
RSR; férias, acrescidas de 1/3; 13º salário; FGTS e verbas rescisórias; para condenar a Ré ao pagamento
dos Tíquetes Refeição, em virtude de 04 plantões extras, mensais; e para determinar que a atualização
dos créditos trabalhistas seja feita, exclusivamente, pelo IPCA-E, consoante a fundamentação supra, nos
termos do voto do Desembargador Relator. Custas pela reclamada, sobre o valor arbitrado para a
condenação, ora mantido.
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Fls.: 31
msmp/emcb/ddlo
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Número do processo: 0101118-60.2016.5.01.0016 ID. 82a850b - Pág. 30
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