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SUMÁRIO GLOSSÁRIO DE SIGLAS

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Pág. 02 CF – Constituição Federal


FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Pág. 04 CC – Código Civil

DIREITOS CONSITUCIONAIS DOS TRABALHADORES Pág. 05 CPC – Código de Processo civil

RENÚNCIA E TRANSAÇÃO Pág. 08 CP – Código Penal

RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO Pág. 09 CPP – Código de Processo Penal

FLEXIBILIZAÇÃO Pág. 18 CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO Pág. 18 EC – Emenda Constitucional

CONTRATO DE TRABALHO Pág. 22 MP quando se referir à lei – Medida Provisória

TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO Pág. 31 LC – Lei Complementar


U/E/DF/M – União, Estado, Distrito Federal e Municípios
AVISO PRÉVIO Pág. 37
RFB – República Federativa do Brasil
PROCEDIMENTOS RESCISÓRIOS Pág. 40
STF – Supremo Tribunal Federal
ESTABILIDADES E GARANTIDAS DE EMPREGO Pág. 41
STJ – Superior Tribunal de Justiça
JORNADA DE TRABALHO Pág. 45
TJ – Tribunal de Justiça
REMUNERAÇÃO E SALÁRIO Pág. 56
TRF – Tribunal Regional Federal
FÉRIAS Pág. 68
TRT – Tribunal Regional do Trabalho
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Pág. 74
TRE – Tribunal Regional Eleitoral
SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO Pág. 78
TCU – Tribunal de Contas da União
PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR Pág. 82
PF – pessoa física
PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER Pág. 84
PJ – pessoa jurídica
COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA Pág. 89
FP – Fazenda Pública
COMISSÕES PARA ENTENDIMENTO DIRETO Pág. 90
MP quando se referir a órgão – Ministério Público
DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Pág. 91
CNJ – Conselho Nacional de Justiça
DANO MORAL Pág. 96
CNMP – Conselho Nacional do Ministério Público
EMPREGADO DOMÉSTICO Pág. 97
PR – Presidente da República
FGTS Pág. 102
SF – Senado Federal
DIREITO DE GREVE Pág. 103 CN – Congresso Nacional
SM – salário mínimo
ACT – acordo coletivo de trabalho
CCT – convenção coletiva de trabalho
EP – empresas públicas
SEM – sociedades de economia mista

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PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO • In dúbio pro operario: diante de duas opções


igualmente válidas, o intérprete do direito deve
1. PRINCÍPIO PROTETOR
aplicar a opção mais vantajosa ao trabalhador

Para diminuir o desequilíbrio existente entre o detentor do


O in dúbio pro operario não deve ser usado de
capital e o prestador de serviços, criou-se o direito do trabalho,
imediato, mas o juiz deve ver quem tem o ônus de
que é baseado no princípio protetor/da proteção. O princípio
prova no caso concreto.
protetor pode ser subdividido nos princípios:

Da norma mais favorável: se tiver mais de uma norma em vigor,


deve-se aplicar a mais favorável ao empregado. Esse princípio 2. PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA

deve ser observado:


Art. 468 CLT: nos contratos individuais de trabalho só é lícita a

• Na elaboração das normas: o princípio auxilia a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento,

política legislativa, para que as futuras leis assegurem e ainda assim desde que não resultem, direta ou

ou ampliem o rol de direitos trabalhistas indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade

• No confronto de regras concorrentes: aqui cabe a da cláusula infringente desta garantia.

hierarquização das normas, onde teriam lugar a teoria


Observe que não é vedada a alteração, mas sim a alteração
da acumulação (o intérprete seleciona, nas normas
prejudicial ao empregado. Pequenas alterações efetuadas pelo
comparadas, os dispositivos de uma mais favorável ao
empregador, que não frustrem direitos trabalhistas podem ser
empregado) e a teoria do conglobamento (o operador
implementadas, devendo-se analisar o caso concreto para
jurídico seleciona a regra mais favorável ao
verificar se houve ou não afronta ao princípio da
trabalhador enfocando globalmente seu conjunto
inalterabilidade contratual lesiva.
normativo)
• Na interpretação das regras jurídicas: respeitada a
hermenêutica jurídica e o caráter lógico-sistemático
3. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS
do direito, o intérprete, diante de mais de um
TRABALHISTAS/IMPERATIVIDADE DAS NORMAS
resultado válido, optará pela norma mais favorável ao
TRABALHISTAS/IRRENUNCIABILIDADE DOS DIREITOS
trabalhador
TRABALHISTAS
A reforma trabalhista flexibilizou o princípio da
É uma limitação à autonomia das partes no direito do trabalho.
norma mais favorável em dois aspectos: (1) as
Tendo em vista o desequilíbrio entre capital e trabalho, as
matérias do art. 611-A que sejam objeto de ACT
partes não podem negociar livremente as cláusulas
prevalecerão sobre o texto legal, ainda que a regra
trabalhistas. Esse princípio está relacionado à impossibilidade,
legal seja mais favorável; (2) ACT sempre
em regra, da renúncia e transação no direito do trabalho.
prevalecerá sobre a CCT, uma vez que ele é mais
específico. Mas, com a reforma, esse princípio foi flexibilizado, uma vez
que os “altos empregados” (aqueles que recebem mais de 2x o
Da condição mais benéfica: está relacionado com as cláusulas
limite do RGPS e têm diploma de nível superior) poderão
contratuais, que, sendo mais vantajosas ao trabalhador, devem
negociar diretamente com seus empregadores, sem
ser preservadas durante a vigência do contrato de trabalho.
intermediação pelo sindicato profissional. Assim, para esses
Assim, é inválida a supressão de cláusula de contrato de
empregados houve a redução na incidência do princípio da
trabalho que prejudique o empregado.
indisponibilidade dos direitos trabalhistas.

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4. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE 6. PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL

Busca-se priorizar a realidade em detrimento da forma. Como Uma vez que o salário tem natureza alimentar, ele tem diversas
os fatos são mais importantes que os ajustes formais, a CLT garantias. A intangibilidade não abrange apenas a
prevê a nulidade dos atos praticados com objetivo de fraudar a irredutibilidade nominal, mas também a vedação a descontos
lei. indevidos, tempestividade no pagamento etc.

Art. 459 CLT: o pagamento do salário, qualquer que seja a


modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período
5. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO
superior a 1 mês, salvo no que concerne a comissões,

Valoriza a permanência do empregado no mesmo vínculo percentagens e gratificações.

empregatício, dadas as vantagens que isso representa.


Art. 462 CLT: ao empregador é vedado efetuar qualquer

Súmula 212 TST: o ônus de provar o término do contrato de desconto nos salários do empregado, salvo quando este

trabalho, quando negados a prestação de serviço e o resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato

despedimento é do empregador, pois o princípio da coletivo.

continuidade da relação de emprego constitui presunção


Art. 465 CLT: o pagamento dos salários será efetuado em dia
favorável ao empregado.
útil e no local do trabalho, dentro do horário do serviço ou

Art. 448 CLT: a mudança na propriedade ou na estrutura imediatamente após o encerramento deste, salvo quando

jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos efetuado por depósito em conta bancária, observado o

respectivos empregados. disposto no art. anterior.

Repercussões favoráveis ao empregado na permanência do


contrato de trabalho:

• Tendencial elevação dos direitos trabalhistas: quanto


mais tempo dura o contrato, maiores benefícios o
empregado tende a alcançar (aumento de salário,
ganho de anuênios, progressão no quadro carreira
etc)
• Investimento educacional e profissional: o
empregador tende a investir mais na educação e
aperfeiçoamento dos empregados que permanecem
mais tempo na empresa, ou seja, com contratos de
maior duração
• Afirmação social do indivíduo: a esmagadora maioria
das pessoas depende de salário para sobreviver, e um
empregado com contrato de trabalho de longa
duração tem maiores possibilidades de se afirmar
socialmente (ao contrário dos que possuem contratos
de curta duração, temporários, desempregados etc,
que ficam fragilizados e com menos condições
financeiras de se manter)

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FONTES DO DIREITO DO TRABALHO • Tratados e convenções internacionais quando


ratificados pelo Brasil
1. FONTE MATERIAL
• Decretos

Está relacionada a um momento pré-jurídico, onde fatos • Portarias, instruções normativas e outros atos

sociais, econômicos e políticos influenciam na positivação de • Sentenças normativas

normas jurídicas. Exemplo: movimento sindical operário e • Laudo arbitral

greve.
Autônomas: são elaboradas pelos próprios destinatários, ou

As fontes materiais podem ser: seja, os destinatários da norma regulamentam suas condições
de trabalho, diretamente ou por meio de suas entidades
• Fonte econômica: está, em regra, atada à existência e representativas (sindicatos). Exemplos:
evolução do sistema capitalista; trata-se da revolução
industrial, no século XVIII, e suas consequências • Usos e costumes: parte da doutrina os classificam

• Fonte sociológica: diz respeito aos distintos processos como fontes formais (FCC considera ser fonte formal)

de agregação de trabalhadores assalariados, em • Convenção coletiva de trabalho: negociação entre

função de um sistema econômico, nas empresas, sindicato patronal e sindicato dos empregados

cidades e regiões do mundo ocidental • Acordo coletivo de trabalho: negociação entre uma ou

contemporâneo mais empresas e o sindicato dos empregados

• Fonte política: guarda forte relação com a perspectiva


CCT abrange toda a categoria profissional na base
sociológica, por conta dos movimentos sociais
territorial do sindicato. Mesmo os empregados não
organizados pelos trabalhadores, de caráter
filiados ao sindicato são abrangidos pelas
reivindicatório, como o movimento social, no plano
disposições da CCT ou ACT. ACT é acordo celebrado
das empresas e mercado econômico, e os partidos e
entre o sindicato obreiro e as empresas, não
movimentos políticos operários, reformistas ou de
havendo participação ativa do sindicato patronal.
esquerda, atuando mais amplamente no plano da
Com a reforma, as condições do ACT sempre
sociedade civil e do Estado
prevalecerão sobre as condições da CCT, que são
• Fonte filosófica: corresponde às ideias e correntes de
mais específicas.
pensamento que, articuladamente entre si ou não,
influíram, na construção e mudança do direito do
trabalho
3. HIERARQUIA DAS FONTES

Alguns assuntos são passíveis de negociação; e aí o negociado


2. FONTE FORMAL prevalecerá sobre o legislado nos casos de:

Se enquadram como a exteriorização na ordem jurídica. As • Pactuação da jornada de trabalho (observado os


fontes formais podem ser: limites legais)
• Banco de horas anual
Heterônomas: são normas elaboradas pelo Estado, não
• Intervalo intrajornada (mínimo de 30min para
havendo participação direta dos destinatários da norma na sua
jornadas superiores a 6h)
produção. Exemplos:
• Modalidade de registro de jornada de trabalho

• CF • Troca do dia de feriado

• Leis

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• Prorrogação de jornada em ambientes insalubres, DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS TRABALHADORES


sem licença prévia do ministério do trabalho
Art. 7º, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
• Teletrabalho
além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
• Regime de sobreaviso
• Trabalho intermitente I. Relação de emprego protegida contra despedida
• Remuneração por produtividade, incluindo por arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
desempenho individual e gorjetas complementar, que preverá indenização
• Prêmios de incentivo em bens ou serviços compensatória, dentre outros direitos
• PLR
Após a CF/88 não existe mais a estabilidade decenal,
• Plano de cargos e identificação dos cargos que se
que previa que o empregado com mais de 10 anos
enquadram como funções de confiança
na mesma empresa não poderia ser demitido, senão
• Enquadramento do grau de insalubridade
por motivo de falta grave ou circunstância de força
• Representante dos trabalhadores no local de trabalho
maior. Então, atualmente, a proteção ao empregado
• Adesão ao programa seguro-emprego
contra a despedida arbitrária ou sem justa causa é a
• Regulamento empresarial
multa de 40% do FGTS.
O ACT sempre prevalecerá sobre a CCT; e o direito comum será
II. Seguro-desemprego, em caso de desemprego
fonte subsidiária do direito do trabalho, não necessitando de
involuntário
omissão e compatibilidade.

O seguro-desemprego também é devido aos


pescadores artesanais durante o defeso, que é o
período no qual não se pode pescar para não
prejudicar a reprodução dos peixes. Também é
devido aos trabalhadores resgatados em ação fiscal
do ministério do trabalho que estavam em
condições análogas à de escravo.

III. Fundo de garantia do tempo de serviço

Todos os empregadores ficam obrigados a


depositar, até o dia 7 de cada mês, em conta
bancária vinculada, 8% da remuneração paga ou
devida, no mês anterior, a cada trabalhador. Para os
aprendizes a alíquota é de 2%.

IV. Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente


unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuários,
higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim

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V. Piso salarial proporcional à extensão e à XIV. Jornada de 6h para o trabalho realizado em


complexidade do trabalho turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva
Piso salarial é estabelecido a determinada categoria
XV. DSR, preferencialmente aos domingos
por meio de negociação coletiva dos sindicatos de
XVI. Remuneração do serviço extraordinário superior,
empregados e patronal, e poderá ser distinto do
no mínimo, em 50% à do normal
piso salarial da mesma categoria de outra
XVII. Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
localidade. O piso salarial também pode ser definido
menos, 1/3 a mais do que o salário normal
pelos poderes executivos dos estados.
XVIII. Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e

VI. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em do salário, com a duração de 120 dias

CCT ou ACT
A licença gestante é causa de interrupção do
VII. Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
contrato. O salário-maternidade é devido à segurada
para os que percebem remuneração variável
durante 120 dias, com início no período entre 28
VIII. 13º salário com base na remuneração integral ou
dias antes do parto e a data de ocorrência deste. À
no valor da aposentadoria
empregada que adotar ou obtiver guarda judicial

A gratificação natalina deve ser paga até o dia 20 de para fins de adoção de criança também será

dezembro de cada ano, devendo haver concedida licença-maternidade. Em 2008 foi

adiantamento da gratificação (metade da instituído o programa empresa cidadã, que concede

remuneração do mês anterior) entre os meses de incentivo fiscal para empresas que prorroguem em

fevereiro e novembro de cada ano. 60 dias a licença maternidades de suas empregadas,


totalizando 180 dias.
IX. Remuneração do trabalho noturno superior à do
diurno XIX. Licença paternidade, nos termos fixados em lei

X. Proteção do salário na forma da lei, constituindo


Ainda não há lei fixando o prazo, então continuam
crime sua retenção dolosa
válidos os 5 dias previstos no ADCT. Também é
XI. Participação nos lucros ou resultados,
possível a prorrogação por mais 15 dias às empresas
desvinculada da remuneração, e,
que aderirem ao programa empresa-cidadã,
excepcionalmente, participação na gestão da
totalizando 20 dias.
empresa, conforme definido em lei
XII. Salário-família pago em razão do dependente do XX. Proteção do mercado de trabalho da mulher,
trabalhador de baixa renda, nos termos da lei mediante incentivos específicos, nos termos da
lei
Salário-família é benefício previdenciário pago em
XXI. Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
cotas, a depender da quantidade de filhos ou
sendo no mínimo de 30 dias, nos termos da lei
equiparados de qualquer condição, até 14 anos de
idade ou inválido de qualquer idade. Essa cota não A proporcionalidade é de 30 dias até um ano de
será incorporada no salário. serviço +3 dias do aviso a cada ano de serviço
prestado na mesma empresa, até o máximo de 60
XIII. Duração do trabalho normal não superior a 8h
dias, totalizando 90 dias.
diárias e 44h semanais, facultada a compensação
de horários e a redução da jornada, mediante XXII. Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
acordo ou convenção coletiva de trabalho meio de normas de saúde, higiene e segurança

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XXIII. Adicional de remuneração para atividades social. É o caso de ensacadores de café,


penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei amarradores de embarcações, estivadores etc.
XXIV. Aposentadoria Assim, o avulso não é empregado, mas tem todos os
XXV. Assistência gratuita aos filhos e dependentes direitos de um trabalhador com vínculo
desde o nascimento até 5 anos de idade em empregatício.
creches e pré-escolas
Direitos da CF estendidos aos domésticos:
XXVI. Reconhecimento das CCT e ACT
XXVII. Proteção em face da automação, na forma da lei • Salário mínimo
XXVIII. Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do • Irredutibilidade de salário
empregador, sem excluir a indenização a que • 13º salário
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou • Descanso semanal remunerado
culpa
• Férias anuais remuneradas com 1/3

Mesmo havendo o pagamento do SAT, o • Licença à gestante

empregador permanece sujeito a indenizar os • Licença paternidade

empregados acidentados nos casos em que haja • Aviso prévio

dolo ou culpa da parte patronal. • Aposentadoria

XXIX. Ação, quanto aos créditos resultantes das Direitos ampliados pela EC 72/13 com aplicabilidade imediata:

relações de trabalho, com prazo prescricional de


• Garantia do salário mínimo aos que percebem
5 anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
remuneração variável
até o limite de 2 anos após a extinção do
• Proteção do salário na forma da lei
contrato de trabalho
• Duração do trabalho não superior a 8h diárias e 44h
XXX. Proibição de diferença de salários, de exercício
semanais
de funções e de critério de admissão por motivo
• Remuneração da hora extra com pelo menos 50% da
de sexo, idade, cor ou estado civil
hora normal
XXXI. Proibição de qualquer discriminação no tocante a
• Redução dos riscos inerentes ao trabalho
salário e critérios de admissão do trabalhador
• Reconhecimento de ACT e CCT
portador de deficiência
• Proibição de diferença de salário por motivo de sexo,
XXXII. Proibição de distinção entre trabalho manual,
idade, cor e estado civil
técnico e intelectual ou entre os profissionais
• Proibição de discriminação de salário e critério de
respectivos
admissão do trabalhador portador de deficiência
XXXIII. Proibição de trabalho noturno, perigoso ou
• Proibição de trabalho noturno, perigoso e insalubre a
insalubre a menores de 18 e de qualquer
menores de 18 anos e qualquer trabalho a menores
trabalho a menores de 16 anos, salvo na
de 16 anos
condição de aprendiz, a partir dos 14 anos
XXXIV. Igualdade de direitos entre o trabalhador com Direitos ampliados pela EC 72/13 que só foram regulamentados
vínculo empregatício permanente e o pela LC 150:
trabalhador avulso
• Proteção contra despedida arbitrária
Avulso é quem presta, a diversas empresas, sem
• Seguro desemprego
vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou
• FGTS
rural definidos no regulamento da previdência
• Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno
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• Salário-família RENÚNCIA E TRANSAÇÃO


• Auxílio aos filhos e dependentes em creches e pré-
Renúncia: é ato unilateral da parte, através do qual ela se
escolas
despoja de um direito de que é titular, sem correspondente
• Seguro contra acidentes do trabalho
concessão pela parte beneficiada da renúncia.
Direitos que continuam não assegurados para os domésticos:
Transação: é ato bilateral, pelo qual se acertam direitos e
• Piso salarial obrigações entre as partes acordantes, mediante concessões
• Participação nos lucros ou resultados recíprocas, envolvendo questões fáticas ou jurídicas duvidosas.
• Jornada máxima de 6 horas para turnos ininterruptos
A regra geral do direito do trabalho é que o trabalhador não
de revezamento
pode renunciar ou transacionar os direitos.
• Proteção ao mercado de trabalho da mulher
• Adicional de insalubridade, periculosidade e Art. 444 CLT: as relações contratuais de trabalho podem ser
penosidade objeto de lide estipulação das partes interessadas em tudo
• Proteção em face da automação quanto não contravenha às disposições de proteção ao
• Prescrição bienal e quinquenal trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às
• Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico decisões das autoridades competentes.
e intelectual ou entre os profissionais respectivos
• Igualdade de direitos entre empregado e trabalhador
avulso

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RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO Subordinação: se verifica quando o empregador tem o poder
diretivo sobre o trabalho do empregado, dirigindo,
Relação de trabalho é expressão mais ampla, que engloba coordenando e fiscalizando a prestação dos serviços.
diversos tipos de labor
Ao longo do tempo já surgiram três teorias sobre a
Relação de emprego é quando estão presentes os requisitos do subordinação:
SHOPP:
• Técnica: o empregador conheceria o processo
• Subordinação produtivo. Teoria ultrapassada, porque nem sempre o
• Habitualidade (não eventualidade) empregador tem a técnica (exemplo: o dono de uma
• Onerosidade padaria pode não saber fazer pão)
• Pessoa física • Econômica: o empregado dependeria do poder
• Pessoalidade econômico do empregador. Teoria ultrapassada,
porque nem sempre o empregado trabalho pelo
dinheiro (exemplo: juiz que é professor de curso)
1. RELAÇÃO DE EMPREGO • Jurídica: a subordinação decorre da lei. E é essa a
teoria aceita
É caracterizada quando estão presentes os elementos fático-
jurídicos do SHOPP. Art. 6, p.ú., CLT: os meios telemáticos e informatizados de
comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de
Exemplos: empregado urbano, empregado rural, empregado
subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de
doméstico, aprendiz etc.
comando, controle e supervisão do trabalho alheio.

Art. 3º CLT: considera-se empregado toda pessoa física que


Onerosidade: o trabalhador coloca sua força de trabalho para
prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
receber a contraprestação salarial, que pode ser: pagamento
dependência deste e mediante salário.
em dinheiro, em utilidades, parcelas fixas ou variáveis, prazos

Pessoa física: atividades desenvolvidas por pessoa jurídica não de pagamento diário, semanal, mensal etc. O atraso ou

configuram relação de emprego. Eventuais tentativas de inadimplemento do salário não retira a onerosidade da relação.

mascaramento de relações de emprego com a utilização de


Animus contrahendi: é a intenção das partes em firmar a
pessoas jurídicas configuram fraude. E, pelo princípio da
relação de trabalho.
primazia da realidade, deve-se desconstituir essa situação e
reconhecer o vínculo empregatício com a pessoa física. Não eventualidade/habitualidade: o trabalhador deve
disponibilizar sua força de trabalho de forma permanente (o
Pessoalidade: o prestador de serviços é sempre o mesmo
que não significa ser todos os dias). Permanência não significa
(prestação intuitu personae). O empregado não pode se fazer
continuidade. A CLT não fala em continuidade (já a LC 150 fala).
substituir por terceiros; ou seja, ele é infungível.
A jornada menor que a legal ou em poucos dias na semana não
Atenção: a infungibilidade só se dá em relação ao
desconstitui a permanência, que é a prestação laboral
empregado. Para o empregador, há a fungibilidade,
permanente ao longo do tempo, com ânimo definitivo.
pois, havendo a sucessão de empregadores, não
haverá alteração nos contratos de trabalho. Obs.: não é exigida a exclusividade na prestação de serviços
para o reconhecimento do vínculo de emprego. A pessoa pode
Art. 448, CLT: a mudança na propriedade ou na
ter mais de um trabalho ao mesmo tempo, desde que haja
estrutura jurídica da empresa não afetará os
compatibilidade de horários.
contratos de trabalho dos respectivos empregados.
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Alteridade: se relaciona com os riscos do negócio, que devem Assim, a relação do estágio é trilateral: estagiário, instituição de
ser assumidos pelo empregador, não podendo ser transferido ensino e concedente do estágio. Entretanto, pode haver a
ao empregado. quarta parte, que são os agentes de integração (CIEE), que
devem auxiliar a contratação e realização do estágio.
Art. 2º CLT: considera-se empregador a empresa, individual ou
coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, Art. 3, §2º, lei 11.788/08: o descumprimento de qualquer dos
admite, assalaria e dirige a prestação pessoal do serviço. requisitos ou de qualquer obrigação contida no termo de
compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando
com a parte concedente do estágio para todos os fins da

2. RELAÇÕES DE TRABALHO LATO SENSU legislação trabalhista e previdenciária.

São relações que não configuram relação de emprego. Art. 15, lei 11.788/08: a manutenção de estagiários em
desconformidade com a lei caracteriza vínculo de emprego do
Exemplos: trabalhador avulso, trabalhador autônomo,
educando com a parte concedente do estágio para todos os
trabalhador eventual, estagiário etc.
fins da legislação trabalhista e previdenciária.

Duração do estágio: 2 anos, salvo se for PCD.

2.1. ESTÁGIO (LEI 11.788/08)


Estagiários com mais de 1 ano de empresa têm direito a um
recesso de 30 dias (a lei não chama de férias), que deve ser
Requisitos do estágio: SHOPP. Apesar de ter todos os requisitos
gozado preferencialmente durante as férias escolares.
da relação de emprego (quando remunerado), o estagiário não
é empregado porque não deve laborar em prol da atividade
econômica da empresa, mas sim visando seu aprendizado.
2.2. TRABALHO AUTÔNOMO
Art. 1º, §2º, lei 11.788/08: o estágio visa ao aprendizado de
competências próprias da atividade profissional e à Requisitos do autônomo: subordinação HOP pessoalidade

contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do


O autônomo tem autonomia para exercer suas funções; não
educando para a vida cidadã e para o trabalho.
está sob o poder de direção de um empregador. Em regra,

É o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no também não existe a pessoalidade.

ambiente que trabalho, que visa à preparação para o trabalho


Exemplos: empreitada e representante comercial autônomo.
produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino
regular em instituições de educação superior, profissional, de Trabalhador autônomo exclusivo: é o autônomo que poderá
ensino médio, especial e dos anos finais do ensino prestar serviços para um único empregador de forma contínua,
fundamental, na modalidade da educação de jovens e adultos. tendo afastada a caracterização do vínculo empregatício.

Atendidos os requisitos da lei, o estagiário não será Art. 442-B CLT: a contratação do autônomo, cumpridas por este
considerado empregado: todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de
forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado
• Matrícula e frequência regular do educando
prevista no art. 3º.
• Celebração de termo de compromisso entre o
educando, a parte concedente do estágio e a Essa previsão abre margem para que empresas contratem
instituição de ensino trabalhadores para atuarem com continuidade e exclusividade
• Compatibilidade entre as atividades do estágio e as para determinado empregador, desde que sem subordinação,
previstas no termo de compromisso não configurando vínculo empregatício.
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2.3. TRABALHO EVENTUAL Maurício Godinho Delgado: a verdadeira relação cooperativista


atende os seguintes princípios:
Requisitos do eventual: S habitualidade OPP
• Dupla qualidade: o cooperado deve ter benefícios
A pessoa trabalha de forma eventual, esporádica, e por isso não
dessa cooperação. A cooperativa deve prestar
há o vínculo empregatício.
serviços que beneficiem seus associados

Maurício Godinho Delgado: requisitos para a caracterização do • Retribuição pessoal diferenciada: assegura ao
trabalho eventual: cooperado vantagens comparativas de natureza
diversa muito superior ao que obteria se atuasse
• Descontinuidade da prestação do trabalho, entendida
isoladamente
como a não permanência do empregado em uma
organização com ânimo definitivo
• Não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho,
2.5. TRABALHO AVULSO
com pluralidade variável de empregadores
• Curta duração do trabalho prestado Requisitos do avulso: S habitualidade OPP
• Natureza do trabalho tende a ser concernente a
O avulso presta serviços a diversos tomadores em curtos
evento certo, determinado e episódio no tocante à
intervalos de tempo. Os avulsos prestam serviços com a
regular dinâmica do empreendimento empregador
intermediação de uma entidade representativa:
• A natureza do trabalho prestado tenderá a não
corresponder, também, ao padrão dos fins normais • Sindicato da categoria: trabalhadores não portuários
do empreendimento (lei 12.023/09)
• Órgão gestor de mão-de-obra (OGM0): trabalhadores
Exemplos: boia-fria, volante rural, chapa que faz carga e
portuários (lei 12.815/13)
descarga de mercadorias, diarista etc.

Art. 7º, XXXIV, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e


rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
2.4. COOPERATIVA social: igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Requisitos da cooperativa: subordinação HOPP
O sindicato/OGMO recebe a remuneração do tomador de
O cooperativismo surgiu para que pessoas que desenvolvem
serviços e repassa aos avulsos.
atividades semelhantes possam ter melhores condições de
oferecer seus produtos e serviços.

O verdadeiro cooperado é autônomo, pois não é subordinado à 2.6. TRABALHO VOLUNTÁRIO (LEI 9.608/98)
cooperativa.
Requisitos do voluntário: SH onerosidade PP
Art. 442, p.ú., CLT: qualquer que seja o ramo de atividade da
Art. 1º, lei 9.608/98: considera-se serviço voluntário a atividade
sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre
não remunerada prestada por PF a entidade pública de
ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de
qualquer natureza ou a instituições privadas de fins não
serviços daquela.
lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais,
Exemplos de cooperativas: médicos, produtores, artesãos, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa.
taxistas etc.

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Art. 1º, p.ú., lei 9.608/98): o serviço voluntário não gera vínculo social: proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, intelectual ou ente os profissionais respectivos.
previdenciária ou afim.
Art. 3º, p.ú., CLT: não haverá distinções relativas à espécie de
emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho
intelectual, técnico e manual.
2.7. PROFISSIONAL-PARCEIRO DE SALÕES DE BELEZA (LEI
13.352/16) Art. 6º CLT: não se distingue entre o trabalho realizado no
estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do
Profissionais que desempenham atividades de cabeleireiro,
empregado e o realizado a distância, desde que estejam
barbeiro, esteticista, manicure, pedicure, depilador e
caracterizados os pressupostos da relação de emprego.
maquiador podem firmar um contrato de parceria com o salão
de beleza. Quanto à configuração do vínculo, é irrelevante a exclusividade
na prestação dos serviços, bem como é irrelevante o local da
Há o afastamento do vínculo empregatício por opção do
prestação dos serviços.
legislador, com o intuito de reduzir os índices de informalidade
no setor da beleza. Assim, os trabalhadores poderão trabalhar
como parceiros dos salões, e não como empregados.
3.1. ALTOS EMPREGADOS
Art. 1º-C, lei 12.592/12: configurar-se-á vínculo empregatício
A subordinação é mitigada, tendo em vista as peculiaridades do
entre a PJ do salão-parceira e o profissional-parceiro quando:
exercente das funções de chefia e/ou cargos de elevada
I. Não existir contrato de parceria formalizado na confiança.
forma descrita na lei
Art. 62 CLT: não são abrangidos pelo regime previsto no
II. O profissional-parceiro desempenhar funções
capítulo da duração do trabalho:
diferentes das descritas no contrato de parceria

I. (...)
O contrato de parceria deve ser escrito e homologado perante
II. Os gerentes, assim considerados os exercentes
o sindicato profissional (ou, na falta, perante o Ministério do
de cargos de gestão, aos quais se equiparam,
Trabalho e Emprego), perante 2 testemunhas.
para efeito do disposto neste art., os diretores e
Como funciona a parceria: o salão recebe todos os chefes de departamento ou filial
pagamentos, arca com as despesas do funcionamento do
Art. 62, p.ú., CLT: o regime previsto neste capítulo será
estabelecimento, faz o rateio e repassa para o profissional seu
aplicável aos empregados mencionados no inciso II, quando o
percentual e recolhe os tributos devidos por ele e também pelo
salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação
profissional-parceiro.
de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário
efetivo acrescido de 40%.

3. A FIGURA JURÍDICA DO EMPREGADO Temos dois tipos de gerentes (de banco) na CLT:

Existem diferentes espécies de empregados, e não há distinção • “Gerentão”: recebe 40% de adicional e não se
entre eles. submete à jornada (não assina ponto). São os
exercentes de cargo de gestão, diretores e chefes de
Art. 7º, XXXII, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e
departamento ou filial.
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição

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• “Gerentinho”: recebe 1/3 de adicional e não se não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e
submete à jornada dos bancários (de 6h diárias); ou mediante salário.
seja, podem trabalhar até 8h por dia. São os
Além dos requisitos do SHOPP, o empregado rural ainda tem
exercentes de funções de direção, gerência,
mais 2:
fiscalização, chefia e equivalentes, ou que
desempenhem outros cargos de confiança. • Prestação de serviços a empregador rural
• Labor prestado em propriedade rural ou prédio
Não basta que o gerente ou equiparado seja designado como
rústico
tal para ser considerado alto funcionário; ele deve ter poder de
o Propriedade rural: localidade da área rural
gestão e padrão salarial diferenciado.
o Prédio rústico: local onde se exercem
Além disso, esses empregados estão sujeitos à alteração atividades agropastoris (pode ser em área
unilateral do local das prestações de serviços (pelo urbana)
empregador, desde que haja comprovada necessidade):
Art. 3º, lei 5.889/73: considera-se empregador rural a PF ou PJ,
Art. 469 CLT: ao empregador é vedado transferir o empregado, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em
sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de
contrato. prepostos e com o auxílio de empregados.

Art. 469, §1º, CLT: não estão compreendidos na proibição deste Art. 3º, §1º, lei 5.889/73: inclui-se na atividade econômica,
art. Os empregados que exerçam cargo de confiança. além da exploração industrial em estabelecimento agrário não
compreendido na CLT, a exploração do turismo rural anciliar à
A reforma trabalhista ainda trouxe outra situação de altos
exploração agro-econômica.
empregados: quem receber 2x ou mais o teto do RGPS e têm
diploma de nível superior. Para esses empregados, o simples OJ 38 SDI-I: o empregado que trabalha em empresa de
acordo individual vale mais do que o legislado, ACT ou CCT. reflorestamento, cuja atividade está diretamente ligada ao
manuseio da terra e de matéria-prima, é rurícola e não
Em relação aos diretores de sociedades anônimas, que são
industriário, pouco importando que o fruto de seu trabalho seja
recrutados fora da empresa ou empregados efetivos, a posição
destinado à indústria.
dominante é que, caso o empregado seja eleito e permaneça a
subordinação jurídica caracterizadora da relação de emprego, o Obs.: duas OJs da SDI-I foram canceladas em 2015 por perda do
diretor manterá essa condição. consenso sobre o assunto:

Súmula 269 TST: o empregado eleito para ocupar cargo de OJ 315: é considerado trabalhador rural o motorista que
diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se trabalha no âmbito de empresa cuja atividade é
computando o tempo de serviço desse período, salvo se preponderantemente rural, considerando que, de modo geral,
permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de não enfrenta o trânsito das estradas e cidades.
emprego.
OJ 419: considera-se rurícola o empregado que, a despeito da
atividade exercida, presta serviços a empregado agroindustrial,
visto que, neste caso, é a atividade preponderante da empresa
3.2. EMPREGADO RURAL (LEI 5.889/73)
que determina o enquadramento.

Art. 2º, lei 5.889/73: empregado rural é toda PF que, em


propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza

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3.3. EMPREGADO DOMÉSTICO (LC 150/15) o vínculo empregatício diretamente com o empregador
responsável pelo cumprimento da cota de aprendizagem.
É considerado doméstico aquele que presta serviços de
natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à Obrigatoriedade de contratação de aprendizes: mínimo 5% e
família no âmbito residencial destas. máximo 15% dos trabalhadores existentes em cada
estabelecimento, cujas funções demandem formação
Enquanto a CLT fala sobre não eventualidade ou habitualidade,
profissional (ou seja, não é a quantidade total de empregados
a LC 150 fala em continuidade, que é entendida por mais de 2
da empresa, mas só aqueles que demandam formação
dias por semana à mesma pessoa ou família.
profissional). As frações de unidade darão lugar a admissão de

Exemplos: enfermeira particular, mordomo, caseiro, cozinheira, 1 aprendiz.

arrumadeira etc.
O TST entende que vigilantes devem entrar no cálculo da cota

Além de PF e família, a doutrina admite que um grupo unitário de aprendizes (mas desde que os aprendizes tenham idades

de pessoas (como uma república) possa tomar trabalho entre 21 a 24 anos).

doméstico.
APRENDIZAGEM ESTÁGIO
De trabalho lato
RELAÇÃO De emprego
sensu
Aprendiz,
3.4. APRENDIZ (DECRETO 5.598/05)
empregador e Estagiário,
entidade concedente de
Aprendiz é o maior de 14 e menor de 24 anos que celebra AGENTES
qualificada em estágio e
contrato de aprendizagem (a idade máxima não se aplica às ENVOLVIDOS
formação técnico- instituição de
PCD). profissional ensino
metódica
O contrato de aprendizagem deve ser ajustado por escrito e Contrato escrito
de aprendizagem Termo de
por prazo determinado de até 2 anos (salvo se for PCD), em FORMALIZAÇÃO
(contrato especial compromisso
que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 de trabalho)
e menor de 24 anos inscrito em programa de aprendizagem Não há registro
CTPS Registro na CTPS
formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu na CTPS
5% a 15% dos
desenvolvimento.
trabalhadores Não há
cujas funções obrigatoriedade
Art. 428, §4º, CLT: a formação técnico-profissional caracteriza- COTA LEGAL
demandem de se manter
se por atividades teóricas e práticas, metodicamente formação estagiários
organizadas em tarefas de complexidade progressiva profissional
Até 2 anos, Até 2 anos,
desenvolvidas no ambiente de trabalho. DURAÇÃO
exceto PCD exceto PCD
CLT e decreto
A relação de aprendizagem é trilateral: aprendiz, empregador e REGULAMENTAÇÃO Lei 11.788/08
5.598/05
instituição de ensino.

Como o aprendiz é empregado, deve-se anotar essa condição 3.5. EMPREGADO PÚBLICO (LEI 9.962/00)
na sua CTPS, com a matrícula e frequência do aprendiz na
escola. Art. 37, II, CF: a investidura em cargo ou emprego público
depende de aprovação prévia em concurso público de provas
Art. 5º decreto 5.598/05: o descumprimento das disposições ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e
legais e regulamentares importará a nulidade do contrato de complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
aprendizagem, nos termos do art. 9º da CLT, estabelecendo-se
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ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado 3.7. TRABALHADOR TEMPORÁRIO (LEI 6.019/74)
em lei de livre nomeação e exoneração.
É aquele que possui vínculo com a empresa de trabalho
Súmula 430 TST: convalidam-se os efeitos do contrato de temporário e presta serviços para a empresa tomadora de
trabalho que, considerado nulo por ausência de concurso serviços.
público, quando celebrado originalmente com ente da
Art. 2º, lei 6.019/74: trabalho temporário é aquele prestado por
administração pública indireta, continua a existir após a sua
PF contratada por uma empresa de trabalho temporário que a
privatização.
coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços,
A convalidação significa regularizar o ato (a admissão), de modo para atender à necessidade de substituição transitória de
que ele continue válido e produza seus efeitos regulares com a pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços.
continuidade do vínculo empregatício.
Art. 4º, lei 6.019/74: empresa de trabalho temporário é a PJ,
devidamente registrada no Ministério do Trabalho, responsável
pela colocação de trabalhadores à disposição de outras
3.6. TELETRABALHADOR
empresas temporariamente.

Por meio dos recursos tecnológicos o empregado trabalha à


O trabalhador realizará suas atividades de forma subordinada
distância durante a maior parte do tempo, mas não chega a ser
(apesar de não haver vínculo de emprego) à empresa tomadora
considerado um trabalhador externo. Em muitos casos o
de serviços.
trabalho se dá na própria residência.
Com relação ao mesmo empregador, o trabalho temporário
Art. 75-B CLT: considera-se teletrabalho a prestação de serviços
não pode exceder 180 dias, consecutivos ou não. Se a empresa
preponderantemente fora das dependências do empregador,
tomadora tiver interesse em contratar diretamente o
com a utilização de tecnologias de informação e de
empregado, isso deverá ser permitido, sendo vedada a cláusula
comunicação que, por sua natureza, não se constituam como
de reserva proibindo a contratação do trabalhador pela
trabalho externo.
empresa.

Art. 75-B, p.ú., CLT: o comparecimento às dependências do


empregador para a realização de atividades específicas que
exijam a presença do empregado no estabelecimento não 4. A FIGURA JURÍDICA DO EMPREGADOR
descaracteriza o regime de teletrabalho.
Art. 2º CLT: considera-se empregador a empresa (ou PF),
O teletrabalhador foi excluído do controle de jornada, não individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade
possuindo direito a horas extras. econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de
serviço.
Equipamentos eventualmente fornecidos pelo empregador
para viabilizar o teletrabalho não integram a remuneração do Art. 2º, §1º, CLT: equiparam-se ao empregador, para os efeitos
trabalhador (são utilidades sem natureza salarial). exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as
instituições de beneficência, as associações recreativas ou
Alteração dos regimes:
outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem

• Teletrabalho → presencial: mútuo acordo + 15 dias trabalhadores como empregados.

para transição
Despersonalização do empregador: a alteração de propriedade
• Presencial → teletrabalho: mútuo acordo + aditivo
da empresa não afeta os contratos de trabalho de seus
contratual
empregados.

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Art. 2º, §2º, CLT: sempre que uma ou mais empresas, tendo, necessidade de subordinação entre as empresas para formação
embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, do grupo.
estiverem sob a direção, controle ou administração de outra,
Não basta que as empresas tenham os mesmos sócios, agora
ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia,
são necessários:
integrem grupo econômica, serão responsáveis solidariamente
pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. • A demonstração do interesse integrado
• A efetiva comunhão de interesses
Art. 448 CLT: a mudança na propriedade ou na estrutura
• A atuação conjunta das empresas
jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos
respectivos empregados. Súmula 129 TST: a prestação de serviços a mais de uma
empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma
Maurício Godinho Delgado: empregador define-se como a PF,
jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de
PJ ou ente despersonificado que contrata a uma PF a prestação
um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.
de seus serviços, efetuados com pessoalidade, onerosidade,
não eventualidade e sob sua subordinação. A noção jurídica de
empregador, como se percebe, é essencialmente relacional à
do empregado: existindo esta última figura no vínculo laboral 4.2. SUCESSÃO DE EMPREGADORES

pactuado por um tomador de serviços, este assumirá,


É a sucessão trabalhista e alteração subjetiva do contrato.
automaticamente, o caráter de empregador na relação jurídica
consubstanciada, Art. 10 CLT: qualquer alteração na estrutura jurídica da
empresa não afetará os direitos adquiridos por seus
empregados.

4.1. GRUPO ECONÔMICO


Art. 448 CLT: a mudança na propriedade ou na estrutura

Art. 2º, §2º, CLT: sempre que uma ou mais empresas, tendo, jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos

embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, respectivos empregados.

estiverem sob a direção, controle ou administração de outra,


Ou seja, nos casos em que haja mudança na propriedade da
ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia,
empresa, haverá transferência dos créditos e dívidas
integrem grupo econômica, serão responsáveis solidariamente
trabalhistas.
pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
OJ 261 SDI-I: as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas
Art. 2º, §3º, CLT: não caracteriza grupo econômico a mera
à época em que os empregados trabalhavam para o banco
identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do
sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a
grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva
este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas
deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista.
dele integrantes.
A doutrina também considera como requisito da sucessão a
Há responsabilidade solidária de empresas do mesmo grupo
continuidade da atividade empresarial.
econômico quanto aos créditos trabalhistas.
Art. 448-A CLT: caracterizada a sucessão empresarial ou de
A reforma trabalhista passou a prever o grupo econômico por
empregadores, as obrigações trabalhistas, inclusive as
coordenação (além do por subordinação que já era previsto).
contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a
Ou seja, para a caracterização do grupo econômico basta a
empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.
existência de coordenação interempresarial, ou seja, não há

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Ou seja, quem comprou vai responder por todas as dívidas 4.3. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO
trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que a empresa
Outra novidade da reforma trabalhista foi a responsabilidade
pertencia aos antigos donos.
dos sócios em relação às dívidas trabalhistas da empresa.
Cláusula de não responsabilização: essa cláusula retira a
Art. 10-A CLT: o sócio retirante responde subsidiariamente
responsabilidade da empresa sucedida e transfere para a
pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período
empresa sucessora. Entretanto, essa cláusula só tem validade
em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até 2
no direito civil (com posterior direito de regresso). No direito
anos depois de averbada a modificação do contrato, observada
do trabalho a responsabilidade será sempre da empresa
a seguinte ordem de preferência:
sucessora.

I. A empresa devedora
Como regra, a empresa sucessora responde de forma exclusiva.
II. Os sócios atuais
Entretanto, se houver fraude na sucessão, responderá de forma
III. Os sócios retirantes
solidária.

Ou seja, o marco temporal é a averbação da alteração do


Art. 448-A, p.ú., CLT: a empresa sucedida responderá
quadro societário. Até aí a contagem do prazo não se inicia.
solidariamente com a sucessória quando ficar comprovada
fraude na transferência. Art. 10-A, p.ú., CLT: o sócio retirante responderá solidariamente
com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração
A jurisprudência tem admitido a responsabilidade subsidiária
societária decorrente da modificação do contrato.
do empregador sucedido nas situações que coloquem risco as
verbas devidas aos empregados, ampliando as possibilidades de
responsabilização subsidiária do sucedido, mesmo sem indícios
de fraude.

Sérgio Pinto Martins: o empregado não poderá recusar-se a


prestar serviços ao sucessor. O tempo de serviço será
computado na mudança, inclusive para efeito de indenização e
férias. Será desnecessária elaboração de novo registro de
empregado, exceto se houver alteração na razão social da
empresa, quando será preciso fazer a anotação na CTPS do
empregado e na ficha de registro da respectiva mudança.

Valentim Carrion: o contrato de trabalho é intui personae com


referência ao empregado, mas não quanto ao empregador;
assim, o empregado não pode recusar-se a trabalhar para o
novo empregador.

OJ 411 SDI-I: o sucessor não responde solidariamente por


débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do
mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à
época, a empresa devedora era solvente ou idônea
economicamente, ressalvada a hipótese de má-fé ou fraude na
sucessão.

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FLEXIBILIZAÇÃO TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO

A CF, apesar de ter reforçado a proteção e garantido direitos Na terceirização, a relação é trilateral:
mínimos ao trabalhador, autorizou a flexibilização dos direitos
• Empregado
trabalhistas que sejam de indisponibilidade relativa, como
• Empregador (empresa prestadora de serviços – EPS)
sendo aqueles de caráter privado, não previstos em lei ou na
• Empresa contratante de serviços
própria CF como tal (por exemplo: direitos estipulados em ACT,
CCT ou no regulamento da empresa). O contrato de trabalho se dá entre a EPS e o empregado. Já
entre a EPS e a contratante, existe um contrato de natureza
Por outro lado, proíbe-se a flexibilização dos direitos de
civil.
indisponibilidade absoluta, pois estão ligados ao princípio da
dignidade da pessoa humana. Art. 4º-A, lei 6.019/74: considera-se prestação de serviços a
terceiros a transferência feita pela contratante da execução de
Na flexibilização, o Estado mantém sua intervenção nas
quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à
relações de trabalho. Contrário disso é a desregulamentação,
PJ de direito privado prestadora de serviços que possua
que é quando o Estado deixa de intervir nas relações, deixando
capacidade econômica compatível com a sua execução.
que as partes negociem livremente.

O trabalhador terceirizado (diferentemente do temporário) não


se subordina diretamente à contratante.

Art. 4º-A, §1º, lei 6.019/74: a EPS contrata, remunera e dirige o


trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata
outras empresas para realização desses serviços.

Esse artigo autoriza a quarteirização, que é quando a EPS


contrata uma nova empresa para executar os serviços (e aí os
empregados dessa nova empresa, a quarteirizada, que irão
prestar os serviços).

Art. 4º-A, §2, lei 6.019/74: não se configura vínculo


empregatício entre os trabalhadores, ou sócios das empresas
prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo, e a
empresa contratante.

1. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS – EPS

A EPS deve ser PJ de direito privado com capacidade econômica


para o contrato.

São requisitos para o funcionamento da EPS:

• Prova de inscrição no CNPJ


• Registro na junta comercial

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• Capital social compatível com o número de atendimento ambulatorial) devem ser fornecidos aos
empregados terceirizados em outro local.

QUANTIDADE DE EMPREGADOS CAPITAL SOCIAL MÍNIMO Art. 5º-A, §5º, lei 6.019/74: a empresa contratante é
DA EPS subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas
Até 10 10 mil
referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços,
De 11 a 20 25 mil
De 21 a 50 45 mil e o recolhimento das contribuições previdenciárias serão de
De 51 a 100 100 mil 11% do valor da prestação de serviços (até o dia 20 do mês
Mais de 100 250 mil subsequente ou o dia útil imediatamente anterior se não
houver expediente bancário naquele dia).

2. CONTRATANTE DOS SERVIÇOS

Art. 5º-A, lei 6.019/74: contratante é a PF ou PJ que celebra


2.1. ATIVIDADES QUE PODEM SER TERCEIRIZADAS
contrata com EPS relacionados a quaisquer de suas atividades,
inclusive sua atividade principal. Antes da alteração da lei, só se permitia a terceirização de
serviços relacionados a atividades-meio do contratante,
Art. 5º-A, §1º, lei 6.019/74: é vedada à contratante a utilização
atividades de limpeza e conservação e de vigilância.
dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que foram
objeto do contrato com a EPS. Agora não existe nenhuma restrição, de modo que podem ser
terceirizadas as atividades principais (atividades-fim) da
Os serviços terceirizados poderão ser prestados em qualquer
empresa.
local, desde que seja de comum acordo entre EPS e
contratante, Informativo 913 STF: é lícita a terceirização ou qualquer outra
forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
Art. 5º-A, §3º, lei 6.019/74: é responsabilidade da contratante
independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
garantir as condições de segurança, higiene e salubridade dos
mantida a responsabilidade subsidiária da empresa
trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas
contratante. Os itens I e III da Súmula 331 do TST são
dependências ou local previamente convencionado em
inconstitucionais.
contrato.
Súmula 331 TST: I – a contratação de trabalhadores por
Por um lado, a lei 6.019/74 faculta a extensão aos
empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente
trabalhadores terceirizados das facilidades médicas e de
com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho
refeição dos próprios empregados da contratante. A lei diz em
temporário. III – não forma vínculo de emprego com o tomador
“poderá estender”. Por outro lado, a lei 13.467/17, com o
a contratação de serviços de vigilância e de conservação e
intuito de evitar a discriminação aos trabalhadores
limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à
terceirizados, definiu condições mínimas que devem ser
atividade-meio do tomador, desde que inexistente a
mantidas aos terceirizados por parte da empresa tomadora,
pessoalidade e a subordinação direta. (Atenção para esses itens
quando os serviços foram prestados nas suas dependências.
que foram considerados inconstitucionais pelo STF)

Mas e se, por exemplo, a quantidade de terceirizados for tão


grande que o refeitório da tomadora não seja suficiente para
acomodar todos? Nas hipóteses em que os terceirizados forem
em número igual ou superior a 20% dos empregados da
empresa tomadora, os serviços de alimentação (e de

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2.2. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Ou seja, até pode haver equivalência salarial, mas isso não é
uma obrigação.
O contrato de prestação de serviços deve conter:

• Qualificação das partes


• Especificação do serviço a ser prestado 3. TRABALHO TEMPORÁRIO

• Prazo para realização dos serviços, quando for o caso


O trabalho temporário não se confunde com o empregado
• Valor
contratado a prazo determinado do art. 443 da CLT.

A lei 6.019/74 não se aplica à terceirização dos


No trabalho temporário da lei 6.019/74 a relação é trilateral
serviços de vigilância e transporte de valores, os
com a empresa de trabalho temporário (ETT), empresa
quais continuam sendo regidos pela lei 7.102/83.
tomadora de serviços e o trabalhador (vinculado à ETT).

Art. 2º, lei 6.019/74: trabalho temporário é aquele prestado por

2.3. QUARENTENA PARA TERCEIRIZAÇÃO PF contratada por uma ETT que a coloca à disposição de uma
empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de
Objetivando minimizar as chances de que as empresas
substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda
dispensem seus empregados próprios para terceirizarem com
complementar de serviços.
os mesmos trabalhadores, criou-se uma quarentena de 18
meses. Art. 4º, lei 6.019/74: ETT é PJ devidamente registrada no
ministério do trabalho, responsável pela colocação de
Ou seja, se o empregado for dispensado, não poderá prestar
trabalhadores à disposição de outras empresas
serviços àquela empresa pelo prazo de 18 meses, seja como
temporariamente.
empregado ou sócio da EPS.
Como a ETT não é contratada para realizar serviços, mas sim
Porém, existe uma exceção no que se refere ao empregado que
intermediar mão de obra, o trabalhador será alocado na
se aposenta. Nesse caso, não há o que se falar na quarentena
dinâmica industrial da tomadora, ou seja, realizará suas
de 18 meses.
atividades de forma subordinada (entretanto, não há vínculo de
emprego) à tomadora.

2.4. NÃO OBRIGATORIEDADE DE SALÁRIO EQUIVALENTE AOS O pleno do TST decidiu que gestantes admitidas por contrato

TERCEIRIZADOS temporário não têm direito a estabilidade. O contrato de


trabalho temporário, previsto na lei nº 6.019/1974, só pode ser
O TST vinha entendendo (OJ 383 SDI-I) que os terceirizados usado para a substituição de funcionário afastado por doença,
tinham direito à isonomia salarial com o empregado próprio do licença-maternidade ou para atender demanda extraordinária
tomador de serviços. Todavia, por meio da lei 13.429/17, que de mão de obra.
alterou a lei 6.019/74, ficou estabelecido que não há
obrigatoriedade de equivalência salarial entre o empregado
próprio do tomados dos serviços e o trabalhador terceirizado.
3.1. HIPÓTESES DE TRABALHO TEMPORÁRIO

Art. 4º-C, §1º, lei 6.019/74: contratante e contratada poderão


O trabalho temporário é hipótese excepcional e só é admitido
estabelecer, se assim entenderem, que os empregados da
nas hipóteses de:
contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos
empregados da contratante, além de outros direitos não • Necessidade de substituição transitória de pessoal
previstos neste art. permanente
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• Demanda complementar de serviços: será • Prova do competente registro na junta comercial da


complementar a demanda decorrente de fatores: localidade em que tenha sede
o Imprevisíveis ou • Prova de possuir capital social de, no mínimo, 100 mil
o Previsíveis, com natureza periódica, reais (independentemente da quantidade de
intermitente ou sazonal trabalhadores)

Novidades trazidas pela lei 13.429/17:

• Apenas PJ pode ser ETT 3.4. TOMADOR DOS SERVIÇOS


• Pode existir trabalho temporário no meio rural
Art. 5º, lei 6.019/74: empresa tomadora de serviços é a PJ ou
• Não pode ter trabalhadores temporários para
entidade a ela equiparada que celebra contrato de prestação
substituir grevistas, salvo se a greve for abusiva
de trabalho temporário com a ETT.
• O contrato temporário pode se dar em atividades-
meio ou atividades-fim Art. 10, lei 6.019/74: qualquer que seja o ramo da empresa
tomadora de serviços, não existe vínculo de emprego entre ela
e os trabalhadores contratados pelas ETT.
3.2. PRAZO DO TRABALHO TEMPORÁRIO
Assim como na terceirização, é o tomador quem deve garantir
Como regra, o prazo do trabalho temporário, considerando o um ambiente de trabalho seguro.
mesmo trabalhador e o mesmo tomador é de 180 dias (ainda
Ao contrário da terceirização, a lei obriga o tomador do
que não consecutivos).
trabalho temporário a estender aos trabalhadores temporários

Entretanto, a lei autoriza a prorrogação por mais 90 dias, as facilidades médicas e de refeição dos próprios empregados

consecutivos ou não, quando comprovada a manutenção das da empresa tomadora.


condições que ensejaram a contratação.
Art. 10, §7º, lei 6.019/74: a contratante é subsidiariamente

O trabalhador que cumprir o prazo de 180 dias ou 180 + 90 dias responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período

só poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de em que ocorrer o trabalho temporário, e o recolhimento das
serviços em novo contrato temporário após o decurso de 90 contribuições previdenciárias será de 11% do valor da

dias do término do contrato anterior. Se descumprirem essa prestação de serviços (até o dia 20 do mês subsequente ou o
quarentena de 90 dias, haverá vínculo de emprego entre o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente
temporário e o tomador de serviços. bancário naquele dia).

3.3. EMPRESA DE TRABALHO TEMPORÁRIO (ETT) 3.5. CONTRATO ENTRE ETT E TRABALHADOR TEMPORÁRIO

Art. 4º, lei 6.019/74: ETT é a PJ devidamente registrada no Art. 11, lei 6.019/74: o contrato de trabalho celebrado entre

ministério do trabalho, responsável pela colocação de ETT e cada um dos assalariados colocados à disposição de uma
trabalhadores à disposição de outras empresas empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, escrito e
temporariamente. dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos
aos trabalhadores por esta lei.
São requisitos para o funcionamento e registro da ETT:
Art. 12, §1, lei 6.019/74: registrar-se-á na CTPS do trabalhador
• Prova de inscrição no CNPJ
sua condição de temporário.

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Caso a tomadora se interesse por contratar o temporário, isso CONTRATO DE TRABALHO


deve ser permitido, não sendo admitida cláusula de reserva
proibindo a contratação do trabalhador. Art. 442 CLT: contrato individual de trabalho é o acordo tácito
ou expresso, correspondente à relação de emprego.
Caso o tomador dos serviços decida contratar diretamente a
pessoa que lhe prestava serviços como trabalhador temporário,
não poderá celebrar contrato de experiência com este
1. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO
trabalhador. As partes já se conhecem, de modo que não faria
sentido um contrato de experiência. Direito privado: a prestação de serviços é regida pelo direito
privado (ainda que o Estado seja o empregador).

Sinalagmático: existem obrigações recíprocas e contrapostas. O


3.6. DIREITOS DO TRABALHADOR TEMPORÁRIO
empregado oferece sua energia e o empregador o remunera.

Art. 12, lei 6.019/74: ficam assegurados ao trabalhador


Consensual: em regra, não se exige forma solene para esse
temporário os seguintes direitos:
acordo.

a. Remuneração equivalente à percebida pelos


Intuitu personae: a pessoalidade do empregado está vinculada
empregados de mesma categoria da empresa
ao contrato.
tomadora ou cliente calculados à base horária,
garantida, em qualquer hipótese, a percepção do Trato permanente: as obrigações das partes ocorrem de forma

salário mínimo continuada no tempo, havendo, como regra, a indeterminação

b. Jornada de 8h, remuneradas as horas extraordinárias do prazo dos contratos.

não excedentes de 2h, com acréscimo de 50%


De atividade: é uma prestação de fazer (não existe contrato de
c. Férias proporcionais
trabalho de resultado porque os riscos do negócio pertencem
d. DSR
ao empregador).
e. Adicional por trabalho noturno
f. Indenização por dispensa sem justa causa ou término Oneroso: caso não haja a onerosidade, não haverá contrato de
normal do contrato, correspondente a 1/12 do trabalho, mas sim trabalho voluntário.
pagamento recebido
g. Seguro contra acidente do trabalho
h. Proteção previdenciária 2. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONTRATO DE TRABALHO
i. FGTS
Aplicam-se aos contratos de trabalho os elementos de validade
dos contratos do direito civil:

• Agente capaz
• Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
• Forma prescrita ou não defesa em lei

Agente capaz: empregador e empregado capazes.

Trabalho ilícito x trabalho proibido: se o trabalho for ilícito, não


haverá proteção ou repercussões relacionadas ao direito do
trabalho (logo, não haverá contrato de trabalho).

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OJ 199 SDI-I: é nulo o contrato de trabalho celebrado para o • Escrito: quando há um contrato escrito de trabalho,
desempenho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, sendo regra geral a inexistência de contrato escrito,
ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de pois não há essa exigência legal como princípio
validade para a formação do ato jurídico. • Verbal: quando entre empregado e empregador há
simples troca oral de palavras sobre alguns aspectos e
Mas, por outro lado, por exemplo, se um menor de 16 anos é
que, por se tratar de acordo de vontades, produzirá
contratado para trabalhar, estaremos diante de um trabalho
efeitos jurídicos, obrigando reciprocamente os
proibido. Nesse caso, deverá haver a rescisão do contrato, o
interlocutores
que não significa dizer que não serão devidas as verbas salariais
adquiridas pelo trabalho prestado.

Súmula 386 TST: preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é 3.2. CONTRATOS POR PRAZO INDETERMINADO E
legítimo o reconhecimento de relação de emprego entre DETERMINADO
policial militar e empresa privada, independentemente do
A regra no direito do trabalho é que os ajustem tenham prazo
eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no
indeterminado, somente havendo possibilidade de
estatuto do policial militar.
determinação do prazo em algumas hipóteses. Essa
Num resumo: característica se relaciona com o princípio da continuidade da
relação de emprego.
• Trabalho ilícito: não tem a proteção do direito do
trabalho. Envolve tipo legal penal ou concorre para Art. 443, §1º: considera-se como de prazo determinado o
ele contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado
• Trabalho proibido: tem a proteção do direito do ou da execução de serviços especificados ou ainda da
trabalho. Envolve atividade irregular, mas não realização de certo acontecimento suscetível de previsão
constitui em tipo legal penal aproximada.

Forma prescrita ou não defesa em lei: em geral, os contratos de O contrato por prazo determinado só será válido nos casos de:
trabalho não dependem de forma solene. Reconhece-se,
• Serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a
inclusive, a validade de contratos verbais. Entretanto, existem
predeterminação do prazo (exemplo: contratação de
alguns casos que requerem a forma escrita, como no contrato
empregados para a temporada de veraneio em uma
de aprendizagem e o intermitente.
região turística, empregados de fábrica de chocolate
na páscoa etc)
• Atividades empresariais de caráter transitório
3. MODALIDADES DO CONTRATO DE TRABALHO
(exemplo: contratação de intérpretes para a
3.1. CONTRATOS DE TRABALHO TÁCITOS E EXPRESSOS
realização de uma feira internacional por entidade

O contrato será acordado expressamente quando houver criada para esse fim exclusivo)

pactuação entre empregado e empregador. Entretanto, muitas • Contrato de experiência


vezes a PF presta serviços com pessoalidade, onerosidade não • Situações específicas que a lei exige determinação de
eventualidade sem que haja qualquer formalização do vínculo. prazo (aprendizagem, atletas profissionais de futebol
Nesses casos, verificando-se que existe a relação de emprego, etc)
estamos diante de um contrato acordado de forma tácita.
Se um contrato por prazo determinado for firmado fora dessas
Além disso, o contrato expresso pode ser: condições, ele será convertido em por prazo indeterminado.

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O prazo máximo dos contratos por prazo determinados (salvo da produção e colheita, podem ser abrangidas nas atividades
os de experiência) é de até 2 anos. Se esse prazo for do safrista as atividades de preparação do solo e plantio. Esse
desrespeitado, o contrato será convertido em por prazo contrato não necessariamente terá data precisa do término,
indeterminado. pois depende do andamento das atividades desenvolvidas que,
por sua vez, podem ser afetadas pelas condições gerais em
cada safra.

3.2.1. Contrato de experiência


Contrato rural por pequeno prazo: é o contrato celebrado

Possibilita que o empregador possa firmar contrato para somente por produtor PF para o exercício de atividades de

verificar a habilidade e conduta do empregado na realização natureza temporária. Esse contrato se destina para situações

das tarefas. Sob a óptica do empregado, o contrato de transitórias que não se relacionem à safra.

experiência lhe permite conhecer as condições gerais do local


Essa contratação só poderá ser de até 2 meses, dentro do
de trabalho e a sua função, de modo que ele possa escolher se
período de 1 ano, sob pena de se transformar em por prazo
permanece ou não.
indeterminado.

O contrato de experiência não poderá exceder 90 dias, incluída


1 prorrogação. Desrespeitado o prazo ou a prorrogação (de
forma tácita ou expressa), o contrato será convertido em por 3.2.3. Indeterminação contratual automática
prazo indeterminado.
Como a regra é o princípio da continuidade da relação de
Apesar da CLT ser omissa, a jurisprudência entende que, por emprego, desrespeitadas as exigências para a validade do
ser contrato com termo fixado, o contrato de experiência deve contrato a termo, opera-se a indeterminação contratual
ser escrito. automática.

Art. 442-A CLT: para fins de contratação, o empregador não


exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência
3.2.4. Trabalho intermitente
prévia por tempo superior a 6 meses no mesmo tipo de
atividade. A reforma criou essa modalidade, que é o contrato de trabalho
por escrito, no qual a prestação de serviços não é contínua.
Art. 452 CLT: considera-se por prazo indeterminado todo
Nessa modalidade, há alternância de períodos de trabalho e de
contrato que suceder, dentro de 6 meses, a outro contrato por
inatividade, independentemente do tipo de atividade do
prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu de
empregador ou da função do empregado.
execução de serviços especializados ou da realização de certos
acontecimentos. Primeiramente, o empregado é contratado pelo empregador,
pactuando-se a intermitência no próprio contrato. Em
determinado momento, o empregador convoca o empregado
3.2.2. Contratos a termo no meio rural para a prestação de serviços (com antecedência de pelos
menos 3 dias corridos), devendo ser informado acerca da
Também caracterizam contratos por tempo determinado os
jornada de trabalho.
contratos de safra e o contrato rural por pequeno prazo
(previstos na lei 5.889/73). Recebida a convocação, o empregado pode optar por aceitar
ou não o chamado, devendo responder no prazo de 1 dia útil (o
Contrato de safra: é o contrato que tem sua duração
silêncio é entendido como recusa). Caso aceite e compareça ao
dependente de variações estacionais da atividade agrária. Além
local, o empregado terá sua jornada computada e remunerada.

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Embora exista subordinação, o empregado pode optar por não Art. 90, lei 9.279/96: pertencerá exclusivamente ao empregado
atender à convocação do empregador. a invenção ou o modelo de utilidade por ele desenvolvido,
desde que desvinculado do contrato de trabalho e não
Por outro lado, se o empregado aceitar a convocação e,
decorrente da utilização de recursos, meios, dados, materiais,
posteriormente, ou o empregado ou o empregador desistir,
instalações ou equipamentos do empregador.
sem justo motivo, já previsão de pagamento de multa de 50%
da remuneração que seria devida. Outro efeito conexo é a indenização por danos sofridos pelo
empregado.
Art. 443, §3, CLT: considera-se como intermitente o contrato de
trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, Também é possível a reparação de danos ao empregador,
não é continua, ocorrendo com alternância de períodos de quando o empregado dê causa a prejuízos.
prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas,
Art. 462, §1º, CLT: em caso de dano causado pelo empregado,
dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do
o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido
empregado e do empregador, exceto para os aeronautas,
acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
regidos por legislação própria.

Art. 452-A CLT: o contrato de trabalho intermitente deve ser


celebrado por escrito e deve conter especificadamente o valor 3.4. PODERES NO CONTRATO DE TRABALHO
da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário
Poder diretivo: são os direitos do empregador que, utilizando-
do SM ou àquele devido aos demais empregados do
se da sua condição, estabelece os horários de trabalho, de
estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato
intermitente ou não. intervalo, local de prestação dos serviços e a organização do
trabalho em si.

Após a reforma, a CLT entende que definir o padrão


3.3. EFEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO de vestimenta do empregado (art. 456-A) se insere
no poder diretivo do empregador.
Podemos dividir em efeitos próprios e conexos.

Poder regulamentar: é o poder que o empregador possui para


Efeitos próprios: são as obrigações do empregado e do
fixar regras que devem ser seguidas pelos empregados da
empregador. As obrigações do empregador são de pagar o
empresa.
salário e as demais verbas decorrentes, bem como registrar o
empregado e preencher as informações devidas na CTPS. Já as Exemplo: elaboração de regimento interno e emissão de
obrigações do empregado são de fazer um bom trabalho, ser ordens de serviços sobre segurança e saúde.
pontual e assíduo.
Poder fiscalizatório: é quando o empregador verifica o
Por fim, temos o poder empregatício, por meio do qual o cumprimento, pelos empregados, das tarefas a eles atribuídas,
empregador coordena, dirige e fiscaliza a realização dos dos horários determinados, utilização dos EPI etc.
serviços prestados pelos seus empregados.
Entretanto, não se pode aplicar o poder fiscalizatório de forma
Efeitos conexos: são os efeitos acessórios, que não se desmesurada, pois condutas do empregador que firam a
constituem em efeitos inerentes ao contrato. dignidade dos empregados são contrárias ao ordenamento.

Um dos efeitos conexos é o direito intelectual, que se relaciona Exemplo: é vedado fazer revistas íntimas nas empregadas.
às situações nas quais o empregado desenvolve ou aperfeiçoa
tecnologia.

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Poder disciplinar: está relacionado à possibilidade de o • Cargo de confiança: é sair de um cargo “normal” e ir
empregador aplicar sanções aos empregados que descumpram para um cargo de confiança, com poderes e parcela
obrigações decorrentes do contrato de trabalho. salarial diferenciada
• Reversão: é quando o empregado sai do cargo de
confiança e volta para o “normal”,
3.5. ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO independentemente do tempo que ocupava o de
confiança
Art. 468 CLT: nos contratos individuais de trabalho só é lícita a
• Readaptação: o empregado, durante o contrato, sofre
alteração das respectivas condições por mútuo consentimento,
limitação da sua capacidade física ou mental e é
e ainda assim desde que não resultem, direta ou
readaptado em nova função
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade
• Substituição temporária: como exemplo temos a
da cláusula infringente desta garantia.
atribuição a um empregado, provisoriamente, das

Esse art. está relacionado ao princípio da inalterabilidade tarefas executadas por outro, que faltou durante a

contratual lesiva, que representa a limitação do jus variandi semana por motivo de doença

empresarial. Ou seja, o poder diretivo do empregador tem


Art. 468, §1º, CLT: não se considera alteração unilateral a
limites.
determinação do empregador para que o respectivo

Amauri Mascaro Nascimento: o jus variante é o direito do empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado,

empregador, em casos excepcionais, de alterar, por imposição deixando o exercício de função de confiança.

e unilateralmente, as condições de trabalho de seus


Após a reforma, a CLT passou a deixar claro que a reversão não
empregados. O jus variandi fundamenta alterações relativas à
enseja direito à incorporação da gratificação de função
função, ao salário e ao local da prestação dos serviços.
recebida, qualquer que tenha sido o tempo de exercício da

As alterações do contrato se classificam em: função ou o motivo da destituição.

Subjetiva: refere-se a um dos sujeitos do contrato, que, no Art. 461, §1, CLT: o trabalhador readaptado em nova função

caso, é do empregador. por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão
competente da previdência social não servirá de paradigma
Objetiva: podem ser divididas em qualitativas, quantitativas e para fins de equiparação salarial.
circunstanciais.
Art. 450 CLT: ao empregado chamado a ocupar, em comissão,
• Qualitativas: alteração de função interinamente, ou em substituição eventual ou temporária,
• Quantitativas: alteração da duração do trabalho cargo diverso do que exercer na empresa, serão garantidas a
• Circunstanciais: alteração do local da prestação de contagem do tempo naquele serviço, bem como volta ao cargo
serviços anterior.

São ilícitas as alterações sobre:

3.5.1. Alteração de função • Rebaixamento de função: é o retorno de empregado a


função anteriormente ocupada (hierarquicamente
As alterações favoráveis ao empregado são lícitas, enquanto as
inferior ou com padrão remuneratório mais baixo)
desfavoráveis são ilícitas.
com finalidade punitiva
São lícitas as alterações sobre: • Retrocessão: quando o empregado retorna ao cargo
efetivo anteriormente ocupado (sem caráter punitivo

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e sem ser cargo de confiança). Exemplo: o Art. 7º, VI, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
empregado, vendo que contratou um empregado além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
com uma qualificação que não condiz com a posição irredutibilidade do salário, salvo o disposto em CCT ou ACT.
que ocupa, o coloca em posição inferior para não
Sobre o salário condição (que são os adicionais), estes só são
demitir
pagos enquanto a duração da condição.

Súmula 248 TST: a reclassificação ou descaracterização da


3.5.2. Alteração de duração do trabalho insalubridade, por ato da autoridade competente, repercute na
satisfação do respectivo adiciona, sem ofensa a direito
Algumas alterações e prorrogações de jornada são regulares e
adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial.
outras irregulares, de acordo com a CLT.
Súmula 265 TST: a transferência para o período diurno de
Como exceção, a doutrina admite que haja redução de jornada
trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno.
com redução no salário quando isso representar interesse
extracontratual do empregado.

Exemplo de Maurício Godinho Delgado: empregado contratado 3.5.4. Alteração do local da prestação de serviços
para realizar função manual gradua-se em direito,
Nem toda alteração do local da prestação de serviços implicará
pretendendo, desde então, iniciar novo exercício profissional
em transferência. Isso porque é possível alterar-se o local da
em tempo parcial, sem deixar, por precaução, o antigo serviço.
prestação sem que o empregado precise mudar-se de
Para tanto, precisa reduzir sua jornada laborativa original.
domicílio.
OJ 244 SDI-I: a redução da carga horária do professor, em
Art. 469 CLT: ao empregador é vedado transferir o empregado,
virtude da diminuição do número de alunos, não constitui
sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar o
alteração contratual, uma vez que não implica redução do valor
contrato, não se considerando transferência a que não
da hora-aula.
acarretar necessariamente a mudança do seu domicilio.
Em geral, as alterações dentro da mesma jornada são tidas
Assim, é possível que haja alteração lícita do local da prestação
como lícitas (como alterar o horário de intervalo). Já as
dos serviços sem a anuência do empregado: alteração do local
alterações de turno vão depender do caso concreto. Por
sem implicar mudança de domicílio.
exemplo: um trabalhador pode trabalhar a noite em uma
empresa e durante o dia em outra. Nesse caso, eventuais Nesses casos, apesar de lícita, a transferência pode implicar em
alterações o prejudicarão. despesas adicionais de transporte, e, caso isso se confirme, o
empregador deverá arcar com a despesa.

Súmula 29 TST: empregado transferido, por ato unilateral do


3.5.3. Alteração de salário
empregador, para local mais distante da sua residência, tem
Em geral, os acréscimos salarias são alterações lícitas; já as direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo da
reduções tendem a ser ilícitas. Mas isso não é uma regra despesa de transporte.
absoluta.
Por outro lado, se a alteração demandar mudança de domicílio,
A CLT garante o valor nominal. O valor real, que é ela só será válida se houver anuência do empregado, salvo nos
influenciado por fatores econômicos, não! casos de:

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• Ocupantes de cargos de confiança, que podem ser dificulte ou torne impossível o desempenho das suas
transferidos licitamente pelo empregado quando atribuições sindicais.
houver necessidade do serviço
Sobre a alteração do trabalho presencial para o teletrabalho (e
• Aqueles empregados cujo contrato têm como
vice versa): são consideradas alterações lícitas, mas exigem:
condição (ainda que implícita) a transferência quando
houver necessidade do serviço • Presencial para o teletrabalho: mútuo acordo +
registro em aditivo contratual
Nos casos em que não for comprovada a real necessidade do
• Teletrabalho para o presencial: determinação do
serviço, a transferência dos empregados será considerada
empregador + prazo de 15 dias para transição +
abusiva (alteração ilícita).
registro em aditivo contratual
Súmula 43 TST: presume-se abusiva a transferência do art. 469,
§1º da CLT, sem comprovação da necessidade do serviço.

3.6. INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE


Outra situação em que pode haver transferência lícita é na
TRABALHO
extinção do estabelecimento.

Tanto nas hipóteses de interrupção quanto de suspensão não


Art. 469, §3º: em caso de necessidade de serviço o empregador
haverá prestação de serviços.
poderá transferir o empregado para localidade diversa da que
resultar do contrato, mas, nesse caso, ficará obrigado a pagar • Interrupção: com pagamento do salário, contado
um adicional, nunca inferior a 25% dos salários que o como tempo de serviço e com recolhimento do FGTS
empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa • Suspensão: sem pagamento do salário, não contado
situação. como tempo de serviço e sem recolhimento do FGTS

Assim, quando for o caso de transferência provisória e Nas duas hipóteses também é garantido ao empregado o
unilateral, haverá obrigatoriedade de pagamento do adicional retorno ao cargo anteriormente ocupado, e, também, garantia
de no mínimo 25% das verbas salariais. Ao fim da transferência dos direitos alcançados pela categoria durante o período de
provisória, esse adicional acaba. afastamento, o que inclui novo patamar de salários.

OJ 113 SDI-I: o fato do empregado exercer cargo de confiança


ou a existência de previsão de transferência no contrato de
trabalho não exclui o direito ao adicional. O pressuposto legal 3.6.1. Interrupção do contrato de trabalho

apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a


Férias: todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um
transferência provisória.
período de férias, sem prejuízo da remuneração.

Ou seja, a percepção do adicional está vinculada à


DSR: é o dia em que o empregado não labora,
provisoriedade da alteração do local.
preferencialmente aos domingos.

Se for alteração permanente, o empregador deverá arcar com a


Feriados: como regra, o empregado não trabalha nos feriados.
ajuda de custo.
A lei 605/49 condiciona a remuneração do dia à assiduidade e

Art. 543 CLT: o empregado eleito para cargo de administração pontualidade do empregado no decorrer da semana anterior.

sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão


Intervalos remunerados: são períodos de descanso para que o
de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício
empregado possa se alimentar, recuperar as energias, conviver
de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe
com a família etc.

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Faltas justificadas: são faltas que têm amparo legal ou que, Redução da jornada no curso do aviso prévio: para os
apesar de não ter, o empregador abona. empregados que estejam no aviso prévio, é garantida a
redução de 2h diárias ou 7 dias corridos ao final do aviso.
Afastamento previdenciário por doença ou acidente por 15 dias
ou menos: quando o empregado fica afastado por até 15 dias Aborto comprovado por atestado médico oficial: haverá 2
consecutivos em virtude de incapacidade para o trabalho ou semanas de repouso remunerado à mulher que sofrer aborto
atividade habitual, a empresa deverá pagar o salário do não criminoso comprovado por atestado médico oficial.
empregado.
A lei nº 13.767/18, publicada em 18/12/18, incluiu mais uma
Convocação da justiça eleitoral: os eleitores nomeados para hipótese de interrupção do contrato na CLT: até 3 dias, em
trabalhar nas eleições serão dispensados do seu serviço, cada 12 meses de trabalho, em caso de realização de exames
mediante declaração expedida pela justiça eleitoral, pelo dobro preventivos de câncer devidamente comprovada.
dos dias de convocação.
Art. 473 da CLT:
Lockout/locaute: é uma prática vedada por lei, em que o
• Falecimento do cônjuge, ascendente, descendente,
empregador paralisa as atividades com objetivo de frustrar
irmão ou pessoa que, declarada na CTPS, viva sob a
reivindicação dos empregados (é como se fosse a greve do
dependência econômica do empregado: 2 dias
empregador).
consecutivos (para professor são 9 dias)
Representações no conselho curador do FGTS e CNPS: as • Casamento: 3 dias consecutivos (para o professor são
ausências serão abonadas. 9 dias)
• Nascimento de filho: CLT diz em 1 dia no decorrer da
Participação em CCP: no período em que o empregado atuar
primeira semana; ADCT diz em 5 dias (empregados de
como conciliador, ele não desenvolverá as atividades normais
empresa cidadã podem prorrogar por mais 15 dias)
na empresa.
• Doação voluntária de sangue: 1 dia a cada 12 meses
Licença-maternidade: apesar de ser interrupção, quem paga a • Alistamento eleitoral: 2 dias, consecutivos ou não
licença de 120 dias não é o empregador, mas sim a previdência • Serviço militar: período necessário (situações rápidas,
social. como resolver o certificado de reservista)
• Provas de vestibular: período necessário
A adoção ou guarda judicial enseja a concessão de
• Comparecimento em juízo: período necessário
licença-maternidade. Além disso, no caso de morte
(súmula 155 TST: as horas em que o empregado falta
da genitora, seu cônjuge ou companheiro
ao serviço para comparecimento necessário, como
empregado terá direito ao gozo de licença por todo
parte, à JT não serão descontadas de seus salários)
período restante a que a mãe teria direito.
• Representante de entidade sindical em reunião oficial
Art. 1º, I, lei 11.770/08: é instituído o programa empresa de organismo internacional do qual o Brasil seja
cidadão, destinado a prorrogar: por 60 dias a duração da membro: período necessário
licença-maternidade prevista no inciso XVIII do caput do art. 7º • Acompanhar consultas médicas e exames
da CF. complementares durante o período de gravidez de
esposa ou companheira: até 2 dias
Em junho de 2016 foi criada uma lei prorrogando para 180 dias
• Acompanhar filho de até 6 anos em consulta médica:
a licença-maternidade de mães que dão luz a filhos com
até 1 dia
doenças neurológicas transmitidas pelo aedes aegypti (como a
microcefalia).

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• Até 3 dias, em cada 12 meses de trabalho, em caso de empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em
realização de exames preventivos de câncer virtude de auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por
devidamente comprovada invalidez.

Suspensão disciplinar: é uma das penalidades aplicadas ao


3.6.2. Suspensão do contrato de trabalho
empregado. O limite máximo da suspensão é de 30 dias e, caso
É a sustação ampla e bilateral do contrato de trabalho, de a penalidade supere esse limite, não haverá suspensão, mas
modo que não há nem prestação de serviços e nem pagamento sim extinção do contrato (rescisão injusta).
de salário.
Prisão provisória: empregado que cometeu crime, mas ainda
A regra geral é que não haja o recolhimento do FGTS, salvo nos não teve condenação criminal transitada em julgado não pode
casos de: ser demitido por justa causa.

• Licença por acidente de trabalho Afastamento para inquérito de apuração de falta grave: quando
• Prestação do serviço militar obrigatório o empregado estável é acusado de cometer falta grave, o
empregador poderá afastá-lo de suas funções, durante o
Art. 15, §5º, lei 8.036/90: o depósito do FGTS é obrigatório nos
inquérito instaurado para apuração da falta. Caso o inquérito
casos de afastamento para prestação do serviço militar
conclua que a acusação é improcedente, o empregador deverá
obrigatório e licença por acidente de trabalho.
pagar os salários do período de afastamento e, com isso,

Faltas não justificadas: implicam descontos no salário. configurar-se-á a interrupção.

Intervalos não remunerados: como exemplo o intervalo Afastamento para participação em curso ou programa de

interjornadas. qualificação: desde que seja oferecido pelo empregador. As


condicionantes para que o procedimento possa ser aplicado
Greve: entretanto, caso haja negociação abonando os dias são a previsão em negociação coletiva e a concordância formal
parados, haverá interrupção. do empregado. O período será de 2 a 5 meses.

Afastamento previdenciário por doença ou acidente por 16 dias Empregado eleito para direção de empresa: quando o
sou mais: caso a incapacidade do empregado para o seu empregado é eleito diretor de sociedade anônima, podemos
trabalho ou atividade habitual supere os 15 dias consecutivos, estar diante de suspensão do contrato, visto que o exercício da
ele fará jus ao benefício previdenciário (auxílio-doença), e com diretoria pode suprimir o elemento da subordinação. Caso se
isso o empregador deixa de ser obrigado a pagar os salários. verifique a ausência de subordinação, haverá a suspensão
contratual.
Aposentadoria por invalidez: é suspensão porque é possível seu
cancelamento. Se verificado posteriormente, através de perícia, Súmula 269 TST: o empregado eleito para ocupar cargo de
recuperação da capacidade para o trabalho, o benefício será diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se
cancelado e o empregado poderá voltar ao trabalho. computando o tempo de serviço desse período, salvo se
permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de
Súmula 160 TST: cancelada a aposentadoria por invalidez,
emprego.
mesmo após 5 anos, o trabalhador terá direito de retornar ao
emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo na Empregado eleito para representação profissional ou sindical:
forma da lei. considera-se licença não remunerada, salvo assentimento da
empresa ou cláusula contratual.
Súmula 440 TST: assegura-se o direito à manutenção de plano
de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao

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Serviço militar obrigatório: é prestado pelos jovens TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO


incorporados às forças armadas durante o período normal de
12 meses. Esse serviço não pode constituir motivo para 1. DISPENSA SEM JUSTA CAUSA

alteração ou rescisão do contrato.


Junto com o pedido de demissão, e o caso de extinção
voluntária imotivada do contrato de trabalho.
Violência doméstica contra a empregada: apesar de não
constar na CLT, é uma hipótese de suspensão. O juiz pode
A expressão “imotivada” diz respeito à ausência de motivo
suspender o contrato da vítima por até 6 meses, quando for
tipificado que dê causa à rescisão.
necessário seu afastamento do trabalho.
Maurício Godinho Delgado: a expressão despedida
Art. 9º, §2º, lei 11.340/06: o juiz assegurará à mulher em
desmotivada traduz a ideia de falta de um motivo legalmente
situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
tipificado. Não se refere à ausência de uma motivação interna à
integridade física e psicológica: manutenção do vínculo
empresa; apenas significa ser irrelevante para o direito essa
trabalhista, quando necessário o afastamento do local de
motivação, não necessitando ser explicitada.
trabalho, por até 6 meses.
Como a dispensa sem justa causa confronta com o princípio da
continuidade da relação de emprego, o empregado demitido
faz jus a:

• Saldo de salário
• Férias vencidas
• Férias proporcionais
• 13º salário proporcional
• Indenização de 40% do FGTS
• Saque do FGTS
• Seguro desemprego
• Aviso prévio

Súmula 443 TST: presume-se discriminatória a despedida de


empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave
que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato o
empregado tem direito à reintegração no emprego.

Assim, salvo havendo motivo que justifique a demissão, esta


será considerada arbitrária.

2. PEDIDO DE DEMISSÃO

É caso de extinção voluntária imotivada do contrato de


trabalho. O empregado tem direito de pôr fim ao pacto
empregatício sem que seja necessário motivo para tanto, e esta
decisão configura o pedido de demissão.

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O empregado só fará jus a: Mau procedimento: atinge as outras dimensões da


moral que não a sexual.
• Saldo de salário
• Férias vencidas c. Negociação habitual por conta própria ou alheia sem
• Férias proporcionais permissão do empregador, e quando constituir ato de

• 13º proporcional concorrência à empresa para a qual trabalha o


empregado, ou for prejudicial ao serviço
Como foi do empregado a iniciativa do término do contrato,
não é cabível direito a aviso prévio; pelo contrário, é ele que Negociação habitual no local de trabalho: o

deve conceder o aviso ao empregador. Não o fazendo, deverá empregado comercializa produtos ou serviços por

indenizá-lo. conta própria na empresa, quando deveria estar


exercendo as atividades para as quais foi
contratado.

3. DISPENSA COM JUSTA CAUSA


Concorrência com o empregador: caracteriza-se

É a despedida em que o empregado praticou conduta tipificada pela comercialização dos mesmos produtos e

pela CLT como motivadora de sua demissão. serviços objetos da atividade empresarial do
empregador. É a concorrência desleal.
Requisitos para a validade da demissão por justa causa:
Valentin Carrion: exige-se habitualidade, não
• Objetivos: tipicidade e gravidade da conduta havendo necessidade de coincidência com os
• Subjetivos: autoria e presença de dolo ou culpa no ato pressupostos do crime de concorrência desleal.
faltoso Como o empregado e livre para trabalhar para mais
• Circunstanciais: nexo causal entre a falta e a de um empregador, é necessário que haja uma
penalidade, proporcionalidade, imediaticidade da concorrência efetiva, que possa diminuir os lucros
punição, ausência de discriminação, singularidade da deste. Ocorre, também, quando o empregado utiliza
punição e caráter pedagógico do exercício do poder seu tempo de serviço na venda de produtos
disciplinar próprios, em evidente prejuízo ao seu trabalho.

Art. 482 CLT: constituem justa causa para rescisão do contrato d. Condenação criminal do empregado, passada em
de trabalho pelo empregador: julgado, caso não tenha havido suspensão da
execução da pena
a. Ato de improbidade
Se for prisão provisória, haverá a suspensão do
É a conduta faltosa do empregado que age de modo
contrato, e não demissão com justa causa.
contrário à lei. É o ato que resulta em prejuízo
patrimonial ao empregador ou a terceiro. e. Desídia no desempenho das respectivas funções

b. Incontinência de conduta ou mau procedimento É a falta culposa, e não dolosa, ligada à negligência.
É a prática ou omissão de vários atos.
É o comportamento do empregado contrário às
Excepcionalmente, poderá estar configurada em um
regras socialmente admitidas.
só ato culposo mais grave.
Incontinência de conduta: se relaciona com o
comportamento incompatível com a moral sexual.

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f. Embriaguez habitual ou em serviço em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança


nacional.
Embriaguez em serviço: basta apenas uma vez.
Maurício Godinho Delgado: o art. 482, p.ú. está revogado pela
Embriaguez habitual: conduta reiterada que cause
CF, uma vez que esta não autoriza prisões ou condenações de
efeitos negativos no ambiente de trabalho.
pessoas pelo caminho meramente administrativo.

g. Violação de segredo da empresa


O empregado fará jus a:
h. Ato de indisciplina ou insubordinação
• Saldo de salário
Indisciplina: descumprimento de ordens gerais.
• Férias vencidas

Insubordinação: descumprimento de ordens


Outras faltas que não estão elencadas no art. 482:
individuais.

• Recusa injustificada ao uso dos EPI fornecidos pela


i. Abandono de emprego
empresa
É o decurso de um período determinado (30 dias) de • Desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz
ausência ao serviço + a intenção manifesta do • Falta disciplinar grave do aprendiz
empregado em romper o contrato. • Ausência injustificada à escola que implique perda do
ano letivo (aprendiz)
j. Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no
• Grevista que pratica excessos
serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas
mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem
4. RESCISÃO INDIRETA
k. Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas
praticadas contra o empregador e superiores O empregador é que comete falta grave. O empregado deve
hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, entrar com ação na JT contra o empregador.
própria ou de outrem
A falta ensejadora da rescisão indireta não necessariamente
A diferença entre as alíneas “j” e “k” é que se a será cometida diretamente pelo empregador: também pode
ofensa for praticada contra o empregador ou ser por prepostos, empregados ocupantes de cargos de chefia
superior hierárquico, não há a necessidade de ser no etc.
ambiente de trabalho; pode ser em qualquer lugar
que será tipificada como dispensa por justa causa. Art. 483 CLT: o empregado poderá considerar rescindido o
contrato e pleitear a devida indenização quando:
l. Prática constante de jogos de azar
a. Forem exigidos serviços superiores às suas forças,
Exige a habitualidade da prática de jogos de azar defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou
durante o horário de trabalho. alheios ao contrato

m. Perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos Peso máximo suportado por um empregado: 60kg.
em lei para o exercício da profissão, em decorrência
de conduta dolosa do empregado. Peso máximo suportado por uma empregada ou
empregado menor de idade: 20kg para o trabalho
Art. 482, p.ú, CLT.: constitui igualmente justa causa para contínuo e 25kg para o trabalho ocasional.
dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada

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b. For tratado pelo empregador ou por seus superiores Nas hipóteses de não cumprimento pelo empregador das
hierárquicos com rigor excessivo obrigações do contrato e quando o empregador reduzir o
c. Correr perigo manifesto de mal considerável trabalho do empregado quando por peça ou tarefa, o
empregador poderá permanecer ou não no serviço até o final
Pode ser relacionado com as condições indevidas de
da decisão do processo.
segurança e saúde no trabalho.

d. Não cumprir o empregador as obrigações do contrato


e. Praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele 5. CULPA RECÍPROCA
ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa
Ocorre quando tanto o empregador quanto o empregado dão
fama
causa à extinção do contrato. Ou seja, ambas as partes
f. O empregador ou seus prepostos ofenderem-no
praticam condutas ensejadoras da rescisão.
fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem Esse tipo de extinção envolve decisão judicial que reconheça a
g. O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por culpa recíproca.
peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a
importância dos salários Art. 18, §2º, lei 8.036/90: quando ocorrer despedida por culpa
recíproca ou força maior, reconhecida pela JT, o percentual da
Pequenas flutuações de demanda não configuram o indenização será de 20% (e não 40%).
motivo de rescisão indireta.
Súmula 14 TST: reconhecida a culpa recíproca na rescisão do
Maurício Godinho Delgado: a infração somente contrato de trabalho, o empregado tem direito a 50% do valor
ocorrerá se houver afetação negativa importante na do aviso prévio, do 13º proporcional e das férias proporcionais.
média salarial do trabalhador; oscilações de
Então, o empregado fará jus a:
pequena monta ou que ocorram entre as semanas
de labor não configuram, regra geral, esse tipo
• Saldo de salário
jurídico.
• Férias vencidas

Além desses casos previstos no art. 483, a lei dos domésticos • 50% das férias proporcionais

ainda traz uma peculiaridade: o contrato de trabalho do • 50% do 13º proporcional

doméstico também poderá ser rescindido por culpa do • Indenização de 20% do FGTS

empregador quando ele praticar qualquer das formas de • Saque do FGTS

violência doméstica ou familiar contra mulheres. • 50% do aviso prévio

O empregado fará jus a:

• Saldo de salário 6. RESCISÃO POR ACORDO/DISTRATO

• Férias vencidas
Tanto o empregado quanto o empregador desejam pôr fim ao
• Férias proporcionais
contrato. Essa modalidade visa a desestimular a prática ilegal
• 13º proporcional
em que o empregado que não queria permanecer no emprego
• Indenização de 40% do FGTS
pedia ao seu empregador para ser dispensado, no intuito de
• Saque do FGTS
sacar o FGTS, e devolvia o a multa rescisória de 40% “por fora”.
• Seguro desemprego
• Aviso prévio

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O empregado fará jus a: 7.2. EXTINÇÃO ANTECIPADA

• Saldo de salário Caso ocorra a extinção antecipada por iniciativa do


• Férias vencidas empregador, serão devidos:

• Férias proporcionais
• Saldo de salário
• 13º proporcional
• Férias vencidas
• Indenização de 20% do FGTS
• Férias proporcionais
• Saque de até 80% do FGTS
• 13º proporcional
• 50% do aviso prévio
• Metade da remuneração a que teria direito até o
Na rescisão por acordo é permitido às partes requererem a termo do contrato
homologação judicial do acordo. Caso homologada, o • Indenização de 40% do FGTS
empregado não poderá pleitear, em momento futuro, outras • Saque do FGTS
verbas relacionadas àquele contrato de trabalho.
Mas, caso a iniciativa seja do empregado, ele que deverá
indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato lhe
resultarem. Essa indenização não poderá exceder àquela a que
7. TÉRMINO DE CONTRATOS A TERMO
o empregado teria direito em iguais condições.

Em regra, os contratos são por prazo indeterminado. Mas


Caso o contrato possua cláusula assecuratória de direito
existem os contratos por prazo determinado.
recíproco de rescisão, a rescisão antecipada obrigará as partes
a concederem o aviso prévio.

7.1. EXTINÇÃO NORMAL

A extinção normal se dá pelo atingimento de seu termo 8. OUTRAS MODALIDADES DE EXTINÇÃO CONTRATUAL

prefixado, como, por exemplo, os contratos de experiência.


São outras hipóteses de extinção:

Art. 443, §2º, CLT: o contrato por prazo determinado só será


• Morte do empregado
válido em se tratando:
• Morte do empregador PF

a. De serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique • Extinção da empresa ou estabelecimento


a predeterminação do prazo • Programa de demissão voluntária (PDV)
b. De atividades empresariais de caráter transitório
Sobre o PDV: algumas empresas apresentam aos seus
c. De contrato de experiência
empregados proposta de valor que os incentive a desligar-se da
Assim, quando um contrato por prazo determinado termina empresa. O requisito essencial para a validade da rescisão pelo
pelo atingimento do seu termo, o empregado só fará jus a: PDV é a previsão em norma coletiva (ACT ou CCT). A adesão ao
PDF representa, como regra, quitação plena e irrevogável dos
• Saldo de salário
direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição
• Férias vencidas
em contrário estipulada entre as partes.
• Férias proporcionais
• 13º proporcional Assim, um empregado que tenha aderido ao PDV não poderá,
posteriormente, reclamar perante a JT o pagamento das verbas
trabalhistas, salvo se as partes convencionarem em sentido
contrário.
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OJ 356 SDI-I: os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos Art. 477-A CLT: as dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou
em juízo não são suscetíveis de compensação com a coletivas equiparam-se para todos os fins, não havendo
indenização paga em decorrência de adesão do trabalhador a necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de
PDV. celebração de ACT ou CCT para sua efetivação.

Saque FGTS
proporcion.

proporcion.

Multa FGTS

desempre.

Multa art.

Multa art.
MODALIDADE DE EXTINÇÃO

vencidas
Saldo de

Seguro
salário

prévio
Férias

Férias
CONTRATUAL

Aviso

479

480
13º
Término por prazo determinado Sim Sim Sim Sim Sim
Rescisão antecipada do contrato a termo
Sim Sim Sim Sim 40% Sim Sim
por iniciativa do empregador
Rescisão antecipada do contrato a termo
Sim Sim Sim Sim Sim
por iniciativa do empregado
Rescisão antecipada do contrato a termo
com cláusula assecuratória iniciativa do Sim Sim Sim Sim Sim 40% Sim Sim
empregador
Rescisão antecipada do contrato a termo
com cláusula assecuratória iniciativa do Sim Sim Sim Sim
empregado
Rescisão antecipada do contrato a termo
Sim Sim Sim Sim 20% Sim Sim
por motivo de força maior
Rescisão antecipada do contrato a termo
Sim Sim Sim 50% 20% Sim
por culpa recíproca
Rescisão antecipada do contrato a termo
Sim Sim Sim Sim Sim Sim 40% Sim Sim
por justa causa
Pedido de demissão Sim Sim Sim Sim Sim
Despedida sem justa causa Sim Sim Sim Sim Sim Sim 40% Sim Sim
Dispensa por justa causa Sim Sim Sim
Rescisão indireta Sim Sim Sim Sim Sim Sim 40% Sim Sim
Culpa recíproca Sim 50% Sim Sim 50% 50% 20% Sim
Rescisão por acordo Sim Sim Sim Sim Sim 20% Sim
Rescisão para desempenho de
Sim Sim Sim Sim Sim
obrigações legais incompatíveis
Morte do empregador de empresa
Sim Sim Sim Sim Sim
individual
Extinção do contrato por motivo de
Sim Sim Sim Sim Sim Sim 20% Sim Sim
força maior
Morte do empregado Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Morte do empregador PF Sim Sim Sim Sim Sim Sim 40% Sim Sim
Extinção da empresa ou
Sim Sim Sim Sim Sim Sim 40% Sim Sim
estabelecimento/falência

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AVISO PRÉVIO • Redução de 2h por dia
• Redução dos últimos 7 dias corridos
Como a regra é que os contratos sejam por prazo
indeterminado, instituiu-se o aviso prévio para que, quando Caso o empregado decida romper o contrato de trabalho, não

uma das partes da relação de emprego decidir encerrar o haverá essa redução de jornada.

vínculo, a outra parte possa ter um tempo razoável para adotar


Súmula 230 TST: é ilegal substituir o período que se reduz da
as medidas necessárias:
jornada de trabalho, no aviso prévio, pelo pagamento das horas

• Iniciativa da extinção por parte do empregado: correspondentes.

permite que o empregador procure um novo


Art. 487, §1º, CLT: a falta doa viso prévio por parte do
empregado
empregador dá ao empregado o direito aos salários
• Iniciativa da extinção por parte do empregador:
correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a
permite que o empregado procure um novo emprego
integração desse período no seu tempo de serviço.

Art. 7º, XXI, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
Art. 487, §2º, CLT: a falta de aviso prévio por parte do
além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
empregado dá ao empregador o direito de descontar os
aviso prévio proporcional ao tempo de serviços, sendo no
salários correspondentes ao prazo respectivo.
mínimo de 30 dias, nos termos da lei.
Assim, existe o aviso prévio trabalhado e o indenizado.
Art. 1º, lei 12.506/11: o aviso prévio será concedido na
proporção de 30 dias aos empregados que contém até 1 ano de O empregador pode dispensar o empregado do cumprimento
serviço na mesma empresa. do aviso.

Art. 1º, p.ú., lei 12.506/11: ao aviso prévio previsto neste art. Súmula 14 TST: reconhecida a culpa recíproca na rescisão do
serão acrescidos 3 dias por ano de serviço prestado na mesma contrato, o empregado tem direito a 50% do valor do aviso
empresa, até o máximo de 60 dias, perfazendo um total de até prévio, do 13º salário e das férias proporcionais.
90 dias.
A regra é o aviso prévio nos contratos por tempo
Súmula 441 TST: o direito ao aviso prévio proporcional ao indeterminado. Entretanto, nos contratos por prazo
tempo de serviço somente é assegurado nas rescisões de determinado que tenham a cláusula assecuratória de direito
contrato de trabalho ocorridas a partir da publicação da lei recíproco de rescisão, será aplicado o aviso prévio.
12.506, em 13 de outubro de 2011.
Súmula 163 TST: cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas
O aviso prévio deve ser concedido pela parte que, sem justo dos contratos de experiência (desde que tenham a cláusula).
motivo, quiser rescindir o contrato de trabalho.
Art. 487, §4º, CLT: é devido o aviso prévio na despedida
indireta.

1. CABIMENTO E REDUÇÃO DE JORNADA Súmula 44 TST: a cessação da atividade da empresa, com o


pagamento da indenização, simples ou em dobro, não exclui,
Em regra, o aviso prévio é aplicado nos contratos por prazo
por si só, o direito do empregado ao aviso prévio.
indeterminado.
Ou seja, nas situações em que há a extinção da empresa ou
Sob a óptica do empregado, para que o aviso cumpra seus fins
estabelecimento, o empregado terá o direito ao aviso prévio.
de buscar novo emprego, deverá haver uma redução do
trabalho durante os 30 dias, podendo ser de 2 formas (o
empregado deve escolher):

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2. RECONSIDERAÇÃO DO AVISO indenizados. Repercute, contudo, pelo seu cálculo do


duodécimo na indenização por antiguidade e na gratificação
Art. 489 CLT: dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva
natalina.
depois de expirado o respectivo prazo, mas, se a parte
notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à outra Súmula 354 TST: as gorjetas, cobradas pelo empregador na
parte é facultado aceitar ou não a reconsideração. nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes,
integram a remuneração do empregado, não servindo de base
Art. 489, p.ú., CLT: caso seja aceita a reconsideração ou
de cálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno,
continuado a prestação depois de expirado o prazo, o contrato
horas extras e repouso semanal remunerado.
continuará a vigorar, como se o aviso prévio não tivesse sido
dado. Ou seja, não integram a base de cálculo do aviso prévio:
gorjetas e gratificações semestrais.

3. FALTA GRAVE NO CURSO DO AVISO PRÉVIO


5. AVISO PRÉVIO INDENIZADO
Sendo o aviso prévio trabalhado concedido pelo empregador, é
possível que durante o cumprimento do aviso haja conduta O aviso prévio, ainda que indenizado, integra o tempo de
grave praticada pelo empregador ou seus prepostos. Nestes serviço do empregado para todos os efeitos legais (é a projeção
casos, o empregador poderá arcar com a indenização do aviso. do aviso prévio).

Por outro lado, caso o empregado é que cometa falta grave Art. 487, §1º, CLT: a falta do aviso prévio por parte do
durante o aviso, ele estará sujeito a perder o período restante empregador dá ao empregado o direito aos salários
do aviso prévio. correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a
integração desse período no seu tempo de serviço.
Súmula 73 TST: a ocorrência de justa causa, salvo a de
abandono de emprego, no decurso do prazo do aviso prévio OJ 82 SDI-I: a data de saída a ser anotada na CTPS deve
dado pelo empregador, retira do empregado qualquer direito corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que
às verbas rescisórias de natureza indenizatória. indenizado.

4. BASE DE CÁLCULO 6. NATUREZA DOS VALORES RECEBIDOS PELO AVISO PRÉVIO

Para fazer a base de cálculo, é necessário ver quais parcelas A natureza do aviso depende de ele ser trabalhado ou
integram o cálculo e quais não: indenizado:

• Parcela variável: computa-se a média dos últimos 12 • Trabalhado: natureza salarial


meses de serviço • Indenizado: natureza indenizatória
• Horas extras habituais: integram a avio prévio
Sobre o aviso prévio indenizado também incide o recolhimento
indenizado
do FGTS.
• Reajustamento salarial coletivo: beneficia o pré
avisado, mesmo que tenha recebido os salários Súmula 305 TST: o pagamento relativo ao período de aviso
antecipadamente prévio, trabalhado ou não, está sujeito a contribuição para o
FGTS.
Súmula 253 TST: a gratificação semestral não repercute no
cálculo das horas extras, das férias e do aviso prévio, ainda que
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7. RENÚNCIA AO AVISO PRÉVIO admitida pela doutrina e jurisprudência, pois tem o objetivo de
retardar o pagamento das verbas rescisórias.
Súmula 276 TST: o direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo
empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exige o OJ 14 SDI-I: em caso de aviso prévio cumprido em casa, o prazo
empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de para pagamento das verbas rescisórias é até o 10º dia da
haver o prestador dos serviços obtido novo emprego. notificação de despedida.

Essa exceção é bem razoável, uma vez que o aviso prévio para o
empregado se destina a buscar novo emprego. Se ele,
10. A PROPORCIONALIDADE DA LEI 12.506/11
comprovadamente, já encontrou, não há porque adiar o
exercício das funções junto ao novo empregador. Assim, nesse Maurício Godinho Delgado: o trabalhador que complete um
caso é possível a renúncia ao aviso prévio. ano de serviço na entidade empregadora terá direito ao aviso
de 30 dias, mais 3 dias em face da proporcionalidade. A cada
ano subsequente, desponta o acréscimo de mais 3 dias. Desse
8. AVISO PRÉVIO X GARANTIAS DE EMPREGO modo, completado o segundo ano de serviço na empresa, terá
30 dias de aviso prévio, mais 6 dias, a título de
Existem casos em que o empregado adquire uma garantia de
proporcionalidade da figura jurídica, e assim sucessivamente.
emprego, não mais podendo ser livremente dispensado. A
No 20º ano de serviço na mesma entidade empregadora, terá
dúvida surge quanto à possibilidade do empregado adquirir
direito a 30 dias de aviso prévio normal, mais 60 dias a título de
uma dessas garantias de emprego durante o curso do aviso
proporcionalidade do instituto.
prévio.
Apesar de ser controverso, tem-se entendido na doutrina que
Como regra, as garantias de emprego não se aplicam a fatos
essa proporcionalidade só vale quando for benéfica para o
geradores ocorridos durante o cumprimento do aviso prévio.
empregado. Ou seja, quando o empregador pré avisa o

Súmula 369 TST: o registro da candidatura do empregado a empregado (demissão sem justa causa).

cargo de dirigente sindical durante o período do aviso prévio,


Súmula 441 TST: o direito ao aviso prévio proporcional ao
ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade.
tempo de serviço somente é assegurado nas rescisões de

Entretanto, existem 2 exceções: contrato de trabalho ocorridas a partir da publicação da lei


12.506, em 13 de outubro de 2011.
• Empregada gestante que confirma sua gravidez no
curso do aviso prévio Como a lei fala em “serão acrescidos 3 dias por ano de serviço

• Empregado que sofre acidente de trabalho no curso prestado na mesma empresa”, um empregado que tem 1 ano e

do aviso prévio 6 meses de serviço e é demitido sem justa causa, terá direito ao
aviso de 33 dias.

Mas, se for 1 ano e 11 meses, parte da doutrina defende que,


9. AVISO PRÉVIO CUMPRIDO EM CASA com a projeção do aviso, o empregador trabalhará por 2 anos,
e parte da doutrina defende o cálculo do aviso é feito uma
Antigamente havia a prática do “aviso prévio cumprido em
única vez quando da demissão, não se considerando a
casa”. O empregador demitia o empregado, não indenizava o
projeção.
aviso e não permitia que ele laborasse (em vez de indenizar o
aviso ou manter o empregado trabalho, ele permanecia em A proporcionalidade está condicionada ao tempo de serviço, e
casa aguardando o final do período de aviso). Essa prática não é não ao tempo de contrato. Nesse sentido, períodos de

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interrupção contratual se incluem no cálculo do tempo de PROCEDIMENTOS RESCISÓRIOS


serviço, já os de suspensão não.
Atualmente, os empregados admitidos pela CLT não adquirem
Súmula 380 TST: aplica-se a regra prevista no art. 132 do CC à mais a estabilidade decenal. Assim, a redação do art. 477 foi
contagem do prazo do aviso prévio, excluindo-se o dia do alterada.
começo e incluindo o do vencimento.
Art. 477 CLT: na extinção do contrato de trabalho, o
empregador deverá proceder à anotação na CTPS, comunicar a
dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das
verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos.

Até a reforma havia a necessidade de assistência na rescisão do


contrato (pelo sindicato) em relação aos empregados com mais
de 1 ano de serviço.

No momento da rescisão, além da conferência dos valores e


rubricas constantes do TRCT também será procedido o
pagamento devido ao empregado, que poderá ser:

• Regra: dinheiro, depósito bancário ou cheque visado


(cheque comum não)
• Exceção para empregados analfabetos: dinheiro ou
depósito bancário

Art. 477, §5º, CLT: qualquer compensação não poderá exceder


o equivalente a 1 mês de remuneração do empregado.

Art. 477, §2º, CLT: o instrumento de rescisão ou recibo de


quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do
contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga
ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a
quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas.

Súmula 330 TST: a quitação passada pelo empregado, com


assistência de entidade sindical de sua categoria, ao
empregador, com observância dos requisitos exigidos, tem
eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente
consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e
especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas. I
– a quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo
de quitação e, consequentemente, seus reflexos em outras
parcelas, ainda que estas constem desse recibo. II – quanto a
direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do
contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período
expressamente consignado no recibo de quitação.
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Ainda quanto ao alcance da quitação dos valores rescisórios, no ESTABILIDADES E GARANTIAS DE EMPREGO
caso de adesão a programas de incentivo a demissão voluntária
(PDV), após a reforma trabalhista a CLT passou a deixar clara a 1. ESTABILIDADE DECENAL

quitação geral e irrestrita, como regra.


A CF/88 tornou obrigatório o regime do FGTS para os

Sobre os prazos para pagamento das verbas rescisórias, a empregados regidos pela CLT. Entretanto, antes do FGTS, os

reforma unificou todos os prazos para 10 dias. empregados adquiriam a estabilidade decenal, ou seja, após 10
anos de serviços prestados à mesma empresa ele não poderia
Art. 477, §6º, CLT: a entrega ao empregado de documentos que ser demitido sem justa causa.
comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos
competentes bem como o pagamento dos valores constantes Portanto, esse é um tipo de estabilidade que somente foi

do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser alcançada pelos empregados celetistas que já tinham mais de

efetuados até 10 dias contados a partir do término do contrato. 10 anos de serviço na mesma empresa quando a CF/88 foi
promulgada.
Art. 477, §8º, CLT: sem prejuízo da aplicação da multa prevista
no inciso II do caput do art. 634-A, a inobservância ao disposto Súmula 390 TST: I – o servidor público celetista da

no §6º sujeitará o infrator ao pagamento da multa em favor do administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário

empregado, em valor equivalente ao seu salário, exceto da estabilidade prevista no art. 41 da CF. II – ao empregado de

quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora. EP ou de SEM, ainda que admitido mediante aprovação em
concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no
OJ 162 SDI-I: a contagem do prazo para quitação das verbas art. 41 da CF.
decorrentes da rescisão contratual prevista no art. 477 exclui
necessariamente o dia da notificação da demissão e inclui o dia OJ 247 SDI-I: I – a despedida de empregados de EP e SEM,

do vencimento. mesmo admitidos por concurso público, independe de ato


motivado para sua validade. II – a validade do ato de despedida
Por fim, a reforma simplificou o pedido de concessão do seguro do empregado da ECT está condicionada à motivação, por
desemprego e do saque do FGTS, passando a estabelecer que a gozar a empresa do mesmo tratamento destinado à fazenda
própria anotação da extinção do contrato na CTPS é pública em relação à imunidade tributária e à execução por
documento suficiente para requerer o benefício do seguro precatório, além das prerrogativas de foro, prazos e custas
desemprego e movimentação da conta vinculada no FGTS. processuais.
Logo, não existe mais as guias do FGTS e do seguro
desemprego. Ou seja, como regra, os empregados de EP e SEM, além de não
possuírem estabilidade (ainda que entrem por concurso), não
precisam ter sua dispensa motivada. A exceção é quando se
trata dos correios, que deverá motivar a dispensa dos seus
empregados.

2. GESTANTE

Art. 10, II, b, ADCT: até que seja promulgada a lei


complementar a que se refere o art. 7º, I, da CF, fica vedada a
dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante,
desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto.

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A demissão indevida da gestante lhe assegura a reintegração ou para cargo de direção de CIPAS, desde o registro de sua
indenização, a depender do momento em que proferida a candidatura até 1 ano após o final do seu mandato.
decisão.
Art. 165 CLT: os titulares da representação dos empregados nas
Súmula 244 TST: I – o desconhecimento do estado gravídico CIPAS não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se
pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico,
indenização decorrente da estabilidade. II – a garantia de econômico ou financeiro.
emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der
Antes da eleição na CIPA, os interessados devem se registrar
durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia
como candidatos. E essa estabilidade é assegurada desde o
restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao
registro da candidatura.
período de estabilidade. III – a empregada gestante tem direito
à estabilidade provisória mesmo na hipótese de admissão Essa estabilidade existe para que os membros possam
mediante contrato por tempo determinado. desempenhar adequadamente suas funções, impedindo que o
empregador os demita sem justa causa (por estarem sugerindo
OJ 30 SDC: a proteção à maternidade foi erigida à hierarquia
medidas na área de segurança que gerem ônus financeiro à
constitucional, pois retirou do âmbito do direito potestativo do
empresa, por exemplo).
empregador a possibilidade de despedir arbitrariamente a
empregada em estado gravídico. Portanto, torna-se nula de Súmula 339 TST: I – o suplente da CIPA goza de garantia de
pleno direito a cláusula que estabelece a possibilidade de emprego a partir da CF/88. II – a estabilidade provisória do
renúncia ou transação, pela gestante, das garantias referentes cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as
à manutenção do emprego e salário. atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de
ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento,
Nos casos em que ocorre o aborto não haverá a estabilidade,
não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a
mas interrupção do contrato por 2 semanas.
reintegração e indevida a indenização do período estabilitário.
Art. 391-A CLT: a confirmação do estado de gravidez advindo
no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do
aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada 4. EMPREGADO ACIDENTADO
gestante a estabilidade provisória.
Art. 118, lei 8.213/91: o segurado que sofreu acidente do
trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de 12 meses, a
manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
3. MEMBROS ELEITOS DA CIPA
cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de
A composição da comissão interna de prevenção de acidentes é percepção de auxílio-acidente.
paritária, com o mesmo número de representantes do
Para que haja a estabilidade, é necessário haver o auxílio-
empregador e do empregado. Os representantes dos
doença acidentário, mas não é necessário o auxílio-acidente.
empregados são eleitos, e os representantes do empregador
são designados por ele. • Auxílio-doença: benefício concedido ao segurado
que ficar incapacitado para o trabalho ou atividade
A estabilidade só recai sobre os empregados eleitos como
habitual por mais de 15 dias consecutivos.
representante dos empregados.

• Auxílio-acidente: indenização que o empregado


Art. 10, II, a, ADCT: até que seja promulgada a lei
acidentado passa a receber após consolidação das
complementar a que se refere o art. 7, I, da CF, fica vedada a
lesões decorrentes de acidente de qualquer
dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito
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natureza, se resultarem sequelas que impliquem 5. DIRIGENTE SINDICAL


redução da capacidade para o trabalho que
Art. 8º, VIII, CF: é vedada a dispensa do empregado
habitualmente exercia.
sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de
Como nem todo acidentado perceberá auxílio-acidente, a lei direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que
não traz essa exigência. suplente, até 1 ano após o final do mandato, salvo se cometer
falta grave nos termos da lei.
Durante algum tempo questionou-se a validade da previsão de
estabilidade pela lei 8.213, tendo em vista que ela é lei Art. 543, §3º, CLT: fica vedada a dispensa do empregado
ordinária. Mas o TST solucionou a controvérsia. sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de
sua candidatura a cargo de direção ou representação de
Súmula 378 TST: I – é constitucional o art. 118 da lei 8.213 que
entidade sindical ou de associação profissional, até 1 ano após
assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12
o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como
meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado
suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada.
acidentado. II – são pressupostos para a concessão da
estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a consequente Súmula 379 TST: o dirigente sindical somente poderá ser
percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito
após a despedida, doença profissional que guarde relação de judicial.
causalidade com a execução do contrato de emprego. III – o
Súmula 369 TST: I – é assegurada a estabilidade provisória ao
empregado submetido a contrato de trabalho por tempo
empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do
determinado goza da garantia provisória de emprego
registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada
decorrente de acidente de trabalho.
fora do prazo (24h), desde que a ciência ao empregador, por
Súmula 371 TST: a projeção do contrato de trabalho para o qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. II –
futuro, pela concessão do aviso prévio indenizado, tem efeitos é limitada a estabilidade a 7 dirigentes sindicais e igual número
limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré de suplentes. III – o empregado de categoria diferenciada eleito
aviso, ou seja, salários, reflexos e verbas rescisórias. No caso de dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa
concessão de auxílio-doença no curso do aviso prévio, todavia, atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o
só se concretizam os efeitos da dispensa depois de expirado o qual foi eleito dirigente. IV – havendo extinção da atividade
benefício previdenciário. empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há
razão para substituir a estabilidade. V – o registro da
Súmula 348 TST: é inválida a concessão do aviso prévio na
candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical
fluência da garantia de emprego, ante a incompatibilidade dos
durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não
dois institutos.
lhe assegura a estabilidade.

Assim, o empregado que pretende dispensar o empregado


A administração do sindicato terá no mínimo 3 e no máximo 7
deverá aguardar acabar a garantia provisória do emprego e só
membros, e o conselho fiscal do sindicato terá 3 membros.
depois conceder o aviso prévio.
Se as atribuições do contrato de trabalho do empregado eleito
Essa garantia provisória se aplica, atendidas as demais
não tiverem relação com a categoria do sindicato para o qual
condições, mesmo quando o empregado possui contrato por
foi eleito dirigente, o empregado não estará protegido pela
prazo determinado.
estabilidade provisória.

Só os dirigentes sindicais têm estabilidade! Membro


de conselho fiscal ou delegado sindical não tem!
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6. OUTROS CASOS DE ESTABILIDADE • Diretor de cooperativa (excluídos os suplentes): do


registro da candidatura até 1 ano após o fim do
Art. 3º, §7º, lei 8.213/91: aos membros do CNPS, enquanto
mandato
representantes dos trabalhadores em atividades, titulares e
• Representante das comissões de conciliação prévia:
suplentes, é assegurada a estabilidade no emprego, da
até 1 ano após o fim do mandato (a lei não diz o
nomeação até 1 ano após o termino do mandato de
termo inicial)
representação, somente podendo ser demitidos por motivo de
• Vice presidente e demais membros eleitos da CIPA
falta grave, regularmente comprovada através de processo
(excluído o presidente): do registro até 1 ano após o
judicial.
fim do mandato
Art. 3º, §9º, lei 8.036/90: aos membros do conselho curador do • Dirigente sindical: do registro até 1 ano após o fim do
FGTS, enquanto representantes dos trabalhadores, efetivos e mandato
suplentes, é assegurada a estabilidade no emprego, da • Dirigente de associação: a CLT diz que tem
nomeação até 1 ano após o término do mandato de estabilidade do registro da candidatura até 1 ano após
representação, somente podendo ser demitidos por motivo de o fim do mandato, mas a doutrina e a jurisprudência
falta grave, regularmente comprovada através de processo entendem que a CF não recepcionou
sindical. • Categoria diferenciada: só se exercer na mesma
empresa atividade pertinente à categoria do
Art. 625-B, §1º: é vedada a dispensa dos representantes dos
sindicato. Do registro até 1 ano após o fim do
empregados membros da CCP, titulares e suplentes, até 1 ano
mandato
após o final do mandato, salvo se cometerem falta, nos termos
• Conselho fiscal e delegados sindicais: não têm
da lei.
estabilidade

Art. 55, lei 5.764/71: os empregados de empresas que sejam • Gestante: da confirmação da gravidez até 5 meses
eleitos diretores de sociedades cooperativas pelos mesmos após o parto
criadas, gozarão das garantias asseguradas aos dirigentes • Acidentado: 12 meses após o fim do auxílio-doença
sindicais. • Estável decenal: adquiriu a estabilidade se contava
com mais de 10 anos de serviço na mesma empresa
OJ 253 SDI-I: o art. 55 da lei 5.764/71 assegura a garantia de
quando a CF/88 foi promulgada
emprego apenas aos empregados eleitos diretores de
• Membros da comissão de representação dos
cooperativas, não abrangendo os membros suplentes.
empregados/entendimento direto com o

Art. 510-D, §3º: desde o registro da candidatura até 1 ano após empregador: do registro até 1 ano após o fim do

o fim do mandato, o membro da comissão de representantes mandato

dos empregados não poderá sofrer despedida arbitrária,


• A única estabilidade que exclui os suplentes é o
entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo
diretor de cooperativa
disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.

• A estabilidade dos membros da CPP (tem


Esquematizando:
divergência pois a lei é omissa), do conselho
• Representante dos trabalhadores no conselho nacional de previdência social e do conselho do
nacional de previdência social: da nomeação até 1 FGTS tem início na nomeação/eleição; as demais só
ano após o fim do mandato se inicia a partir do registro da candidatura

• Representante dos trabalhadores no conselho do


FGTS: da nomeação até 1 ano após o fim do mandato

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JORNADA DE TRABALHO realizar suas tarefas. Exemplo: 15 minutos de intervalo para


lanche (que não tem previsão em lei).
Jornada de trabalho é o tempo diário em que o empregado
presta serviços ao empregador ou então permanece a sua Intervalos legais (como almoço) têm previsão e por
disposição. isso não são considerados tempo à disposição do
empregador.
Art. 4º CLT: considera-se como de serviço efetivo o período em
que o empregado esteja à disposição do empregador, Nesses períodos o empregado não trabalha, mas permanece à
aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial disposição do empregador e, portanto, os períodos devem ser
expressamente consignada. incluídos na jornada de trabalho.

Também se incluem como jornada de trabalho: Súmula 118 TST: os intervalos concedidos pelo empregador na
jornada de trabalho, não previstos em lei, representam tempo
• Sobreaviso: é a permanência do empregado efetivo
à disposição da empresa, remunerados como serviço
na sua própria casa, aguardando a qualquer momento
extraordinário, se acrescidos ao final da jornada.
o chamado para o serviço. Cada escala de sobreaviso
será de no máximo 24h e será remunerada com 1/3 Após a reforma, deixaram de ser computadas como jornada
do salário normal extraordinária as variações de jornadas em que o empregado
• Prontidão: é a permanência do empregado nas adentra ou permanece na empresa exercendo atividades
dependências da empresa, aguardando ordens. Cada particulares ou quando busca proteção pessoal. A reforma
escala de prontidão será de no máximo 12h e será contrariou a súmula 366 do TST.
remunerada com 2/3 do salário normal
Art. 4º, §2º, CLT: por não se considerar tempo à disposição do

Duração do trabalho é um conceito que envolve a empregador, não será computado como período extraordinário

jornada de trabalho, os horários de trabalho e os o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite

descansos trabalhistas. de 5 minutos previsto no art. 58, §1º, quando o empregado,


por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de
Horário de trabalho é o período entre o início e o
insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem
fim da jornada diária.
como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa
para exercer atividades particulares, entre outras:
Súmula 428 TST: I – o uso de instrumentos telemáticos ou
informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, por si I. Práticas religiosas
só, não caracteriza regime de sobreaviso. II – considera-se em II. Descanso
sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a III. Lazer
controle patronal por instrumentos telemáticos ou IV. Estudo
informatizados, permanecer em regime de plantão ou V. Alimentação
equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para VI. Atividades de relacionamento social
o serviço durante o período de descanso. VII. Higiene pessoal
VIII. Troca de roupa de uniforme, quando não houver
obrigatoriedade de realizar a troca na empresa
1. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR

Em diversas circunstâncias, pelos mais variados motivos, o


empregado permanece no centro de trabalho, mas não pode

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2. TEMPO IN ITINERE 4. MODALIDADE DE JORNADA DE TRABALHO


4.1. JORNADA PADRÃO (NORMAL) DE TRABALHO
A reforma excluiu a hora in itinere, qualquer que seja a
situação. A jornada normal é de 8h diárias.

Art. 58, §2º, CLT: o tempo despendido pelo empregado desde a Art. 7º, XIII, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e com fundamento na atual CF: duração do trabalho normal não
para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de superior a 8h diárias e 44h semanais, facultada a compensação
transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será de horários e a redução da jornada, mediante ACT ou CCT.
computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à
Sendo 44h semanais, chega-se ao divisor de salário de 220h
disposição do empregador.
mensais.
Além disso, o tempo de deslocamento da portaria da empresa
Por outro lado, se o empregado trabalhar 40h semanais, seu
até o posto de trabalho não será computado como jornada de
divisor será de 200.
trabalho. Ou seja, a jornada de trabalho tem início no momento
em que o empregado chega no seu efetivo posto de trabalho (a Súmula 431 TST: para os empregados a que alude o art. 58,
súmula 429 deve ser cancelada). quando sujeitos a 40h semanais de trabalho, aplica-se o divisor
de 200 para o cálculo do valor do salário-hora.

Art. 611-A, I, CLT: a CCT e o ACT têm prevalência sobre a lei


3. TEMPO RESIDUAL À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR
quando, entre outros, dispuserem sobre: pacto quanto à
Esse termo é usado pela jurisprudência para caracterizar jornada de trabalho, observados os limites constitucionais.
pequenos intervalos de tempo nos quais o empregado está
adentrando ou saindo do local de trabalho. Se relaciona a
pequenos intervalos de tempo em que o empregado, em tese, 4.2. JORNADAS ESPECIAIS DE TRABALHO
aguarda a marcação do seu ponto. 4.2.1. Turnos ininterruptos de revezamento

Art. 58, §1º, CLT: não serão descontadas nem computadas Art. 7º, XIV, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
como jornada extraordinária as variações de horário no registro além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
de ponto não excedentes de 5 minutos, observado o limite jornada de 6h para o trabalho realizado em turnos
máximo de 10 minutos diários. ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva.

Se algum desses requisitos for extrapolado, toda a variação Para a caracterização do turno ininterrupto não basta que a
será acrescentada na jornada de trabalho. jornada seja de 6h. É imprescindível que haja alternância de
horários de trabalho compreendendo dia e noite.
Súmula 449 TST: a partir da entrada em vigor do art. 58, §1º,
não mais prevalece cláusula prevista em ACT ou CCT que OJ 360 SDI-I: faz jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV,
elastece o limite de 5 minutos que antecedem e sucedem a da CF, o trabalhador que exerce suas atividades em sistema de
jornada de trabalho para fins de apuração das horas extras. alternância de turnos, ainda que em dois turnos de trabalho,
que compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e
noturno, pois submetido à alternância de horário prejudicial à
saúde, sendo irrelevante que a atividade da empresa se
desenvolva de forma ininterrupta.

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Maurício Godinho Delgado: a ideia de falta de interrupção dos períodos de trabalho e inatividade, independentemente do tipo
turnos centra-se na circunstância de que eles se sucedem ao de atividade do empregador ou da função do empregado.
longo das semanas, quinzenas ou meses, de modo a se
Assim, a remuneração pactuada só será devida nas situações
encadearem para cobrir todas as fases da noite e do dia – não
em que o empregado for convocado para trabalhar.
tendo relação com o fracionamento interno de cada turno de
trabalho. Surgindo a necessidade, o empregador convoca o empregado
para a prestação de serviços. O empregado deve ser convocado
Pelo texto da CF, é possível que haja turnos de revezamento
com a antecedência de, no mínimo, 3 dias (corridos) e ser
com jornadas de até 8h. Caso não haja previsão em negociação
informado acerca da jornada de trabalho.
coletiva, as horas excedentes à 6ª deverão ser remuneradas
como extras. Entretanto, se houver previsão, a 7ª e a 8ª horas Recebida a convocação, o empregado pode optar por aceitar
não serão remuneradas como extras. ou não o chamado, respondendo no prazo de 1 dia útil. O
silêncio é entendido como recusa.
Súmula 423 TST: estabelecida jornada superior a 6h e limitada a
8h por meio de regular negociação coletiva, os empregados Art. 452-A CLT: o contrato de trabalho intermitente deve ser
submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não tem celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da
direito ao pagamento da 7ª a 8ª horas como extras. hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do
salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do
No caso de empregado horista que labore em turnos
estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato
ininterruptos de revezamento, do mesmo modo caberá o
intermitente ou não.
pagamento da hora e seu adicional, caso a jornada seja
prorrogada. Art. 452-4, §3º, CLT: a recusa da oferta não descaracteriza a
subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente.
OJ 275 SDI-I: inexistindo instrumento coletivo fixando jornada
diversa, o empregado horista submetido a turno ininterrupto Mas, se o empregado aceita a convocação e, posteriormente,
de revezamento faz jus ao pagamento das horas ou o empregado ou o empregador desistem, sem justo motivo,
extraordinárias laboradas além da 6ª, bem como ao respectivo há previsão de pagamento de multa (a ser paga em até 30 dias)
adicional. de 50% da remuneração que seria devida, permitida a
compensação no mesmo prazo de 30 dias.
Se houver previsão em negociação coletiva, por exemplo, de
jornada de 7h em turnos ininterruptos, haveria o pagamento da Art. 452-A, §5º, CLT o período de inatividade não será
7ª hora, mas não caberia o pagamento do adicional dessa hora, considerado tempo à disposição do empregador, podendo o
pois o sindicato concordou que a jornada fosse de 7h. trabalhador prestar serviços a outros contratantes.

Súmula 110 TST: no regime de revezamento, as horas


trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24h, com
4.2.3. Outras jornadas especiais
prejuízo do intervalo mínimo de 11h consecutivas para
descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como
Bancários: art. 224 CLT: a duração normal do trabalho dos
extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional.
empregados em bancos, em casas bancárias e na CEF, para
aqueles que operam exclusivamente no caixa, será de até 6h
diárias, perfazendo um total de 30h de trabalho por semana,
4.2.2. Trabalho intermitente podendo ser pactuada jornada superior, a qualquer tempo, nos
termos do disposto no art. 58, mediante acordo individual
Intermitente é o contrato de trabalho escrito, no qual a
prestação de serviços não é contínua. Há alternância de
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escrito, ACT ou CCT, hipóteses em que não se aplicará o Trabalhadores em minas de subsolo: art. 293 CLT: a duração
disposto no §2º. normal do trabalho efetivo para os empregados em minas de
subsolo não excederá de 6h diárias ou 36h semanais.
Art. 224, §1º, CLT: a duração normal do trabalho estabelecida
neste art. ficará compreendida entre 7h e 22h, assegurando-se Art. 295, p.ú., CLT: a duração normal do trabalho efetivo no
ao empregado, no horário diário, um intervalo de 15 minutos subsolo poderá ser inferior a 6h diárias, por determinação da
para alimentação. autoridade, tendo em vista condições locais de insalubridade e
os métodos e processos do trabalho adotado.
Como os bancários não trabalham sábado, o divisor a ser
aplicado é 180h, diferente da regra de 220h. Art. 294 CLT: o tempo despendido pelo empregado da boca da
mina ao local do trabalho, e vice-versa, será computado para o
Art. 224, §2º, CLT: as disposições deste art. não se aplicam aos
efeito de pagamento do salário.
que exercem funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e
equivalentes, ou que desempenhem outros cargos de Atividades de telefonia: art. 227 CLT: nas empresas que
confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a explorem o serviço de telefonia, telegrafia submarina ou
1/3 do salário do cargo efetivo. subfluvial, de radiotelegrafia ou de radiotelefonia, fica
estabelecida para os respectivos operadores a duração máxima
Art. 224, §3º, CLT: para os demais empregados em bancos, em
de 6h contínuas de trabalho por dia ou 36h semanais.
casas bancárias e na CEF, a jornada somente será considerada
extraordinária após a 8ª hora trabalhada. Súmula 178 TST: é aplicável à telefonista de mesa de empresa
que não explora o serviço de telefonia o disposto no art. 227 e
Art. 224, §4º, CLT: na hipótese de decisão judicial que afaste o
seus parágrafos.
enquadramento de emprego na exceção prevista no §2º, o
valor devido relativo a horas extras e reflexos será Teleatendimento e telemarketing: são atividades recentes e
integralmente deduzido ou compensado no valor da não possuem restrições pela CLT. São pessoas que trabalham
gratificação de função e reflexos pagos ao empregado. em call centers. Não há consenso sobre a aplicação analógica
do art. 227 CLT.
Art. 62, CLT: não são abrangidos pelo controle de jornada:
Jornalistas profissionais: art. 303 CLT: a duração normal do
II. Os gerentes, assim considerados os exercentes de
trabalho dos jornalistas profissionais não deverá exceder 5h,
cargo de gestão, aos quais se equiparam, para efeito
tanto de dia como à noite.
do disposto neste art., os diretores e chefes de
departamento ou filial. Art. 304 CLT: poderá a duração normal do trabalho ser elevada
a 7h, mediante acordo escrito, em que se estipule aumento de
Art. 62, p.ú., CLT, o controle de jornada será aplicável aos
ordenado, correspondente ao excesso do tempo de trabalho,
empregados mencionados no inciso II deste art., quando o
em que se fixe um intervalo destinado a repouso ou a refeição.
salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação
de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário Operadores cinematográficos: art. 234: a duração normal do
efetivo acrescido de 40%. trabalho dos operadores cinematográficos e seus ajudantes não
excederá de 6h diárias, assim distribuídas:
Para os bancários:
a. 5h consecutivas de trabalho em cabina, durante o
• Art. 62 CLT: se aplica ao gerente geral da agência
funcionamento cinematográfico

• Art. 224 CLT: se aplica aos gerentes de contas, de b. 1 período suplementar, até o máximo de 1h para

relacionamentos etc limpeza, lubrificação dos aparelhos de projeção, ou


revisão de filmes
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Tripulantes de embarcações: art. 248 CLT: entre as horas 0 e 24 5. JORNADA EXTRAORDINÁRIA


de cada dia civil, o tripulante poderá ser conservado em seu
É o lapso temporal em que o empregado permanece laborando
posto durante 8h, quer de modo contínuo, quer de modo
após sua jornada padrão.
intermitente.

Art. 59 CLT: a duração diária do trabalho poderá ser acrescida


Art. 248. §1º, CLT: a exigência do serviço contínuo ou
de horas extras, em número não excedente de 2, por acordo
intermitente ficará a critério do comandante e, neste último
individual, ACT ou CCT.
caso, nunca por período menor que 1h.

Ou seja, por simples acordo escrito entre empregado e


Tempo parcial: art. 58-A CLT: considera-se trabalho em regime
empregador já torna possível a realização de horas extras.
de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a 30h
semanais, sem a possibilidade de horas suplementares Cabe ao empregador exigir do empregado a prestação da
semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a 26h sobrejornada quando necessário (jus variandi), não podendo o
semanais, com a possibilidade de acréscimo de até 6h empregado se recusar a prestar.
suplementares semanais.
Súmula 376 TST: a limitação legal da jornada suplementar a 2h
Art. 58-A, §2º: para os atuais empregados, a adoção do regime diárias não exime o empregador de pagar todas as horas
de tempo parcial será feita mediante opção manifestada trabalhadas.
perante a empresa, na forma prevista em instrumento
decorrente de negociação coletiva. Art. 7º, XIV, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
Assim: remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo,
em 50% à do normal.
• Até 30h sem horas extras
• Até 26h podendo ter até 6h extras (perfazendo 32h) É possível que ACT ou CCT prevejam percentuais maiores que
50%. E, nesse caso, deverá ser respeitada a negociação
Se o trabalhador parcial fizer menos de 26h semanais, o limite
coletiva, por ser mais benéfica à categoria.
de horas extras também será de 6h.

Art. 58-A, §5º, CLT: as horas suplementares da jornada de


trabalho normal, poderão ser compensadas diretamente até a 5.1. COMPENSAÇÃO DE JORNADA
semana imediatamente posterior à da sua execução, devendo
Existem 2 espécies de compensação:
ser feita a sua quitação na folha de pagamento do mês
subsequente, caso não sejam compensadas. Compensação mensal: acordo escrito ou tácito entre
empregador e empregado.
LIMITE DA JORNADA
ATIVIDADE
ESPECIAL
Banco de horas (ultrapassa o módulo mensal):
Bancários 6h diárias e 30h semanais
Serviços de telefonia 6h diárias e 36h semanais
• Semestral: acordo escrito
Minas de subsolo 6h diárias e 36h semanais
5h diárias (prorrogável até • Anual: negociação coletiva
Jornalistas profissionais
7h, por acordo escrito)
6h diárias (5h na cabina + 1h
Operadores cinematográficos
para limpeza)
30h semanais sem horas
Regime de tempo parcial extras ou 26h semanais com
6h extras

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5.1.1. Acordo de prorrogação de jornada O negociado só poderá prevalecer sobre o legislado


no banco de horas anual! Semestral não!
A CLT prevê a possibilidade de compensação, que ocorre
quando o empregado trabalha algumas horas a mais em um (ou Art. 59-B, CLT: o não atendimento das exigências legais para
mais) dia(s) e menos em outro(s). compensação de jornada, inclusive quando estabelecida
mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento
Após a reforma, a CLT passou a permitir:
das horas excedentes à jornada normal diária se não
• A compensação dentro do mês (não mais apenas na ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas
mesma semana) o respectivo adicional.
• O estabelecimento mediante acordo individual tácito
Por exemplo: empregado que, sem ter acordado compensação
ou escrito (não só o escrito)
de jornada, trabalha 10h de segunda a quinta e na sexta
Art. 59, §6º, CLT: é lícito o regime de compensação de jornada trabalha 4h. Na semana, isso totaliza 44h. Portanto, como ele
estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a não extrapolou as horas da jornada normal, não deverá receber
compensação no mesmo mês. as horas como extras. Entretanto, como não havia o acordo
individual, o empregador deverá pagar o adicional de pelo
menos 50% de 2h extras diárias.

5.1.2. Banco de horas


Art. 59-B, p.ú., CLT: a prestação de horas extras habituais não

Nesse caso, a compensação extrapola o período de um mês. descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco
de horas (o item IV da súmula 85 deve ser cancelado).
O banco de horas atende ao jus variandi do empregador, que
exigirá mais trabalho quando haja maior demanda do mercado,
e, quando a produção ficar mais lenta, poderá dispensar o
5.1.3. Compensação 12x36h
empregado de alguns dias de trabalho para compensar as horas
positivas do banco, sem que isso acarrete pagamento de horas A reforma passou a permitir a jornada de 12h de trabalho por
extras. 36h de descanso, por meio de ACT, CCT ou acordo individual
escrito.
Já existia o banco de horas anual, e a reforma incluiu o banco
de horas semestral. Art. 59-A CLT: em exceção ao disposto no art. 59, é facultado às
partes, mediante acordo individual escrito, CCT ou ACT,
• Banco de horas semestral: acordo individual escrito
estabelecer horário de trabalho de 12h seguidas por 36h
• Banco de horas anual: negociação coletiva
ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os

Art. 59, §5º, CLT: o banco de horas poderá ser pactuado por intervalos para repouso e alimentação.

acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no


Alguns pontos sobre essa jornada:
período máximo de 6 meses.
• Trabalhadores dessa escala não têm direito à
Art. 59, §2º, CLT: poderá ser dispensado o acréscimo de salário
remuneração em dobro pelos feriados/domingos/
se, por força de ACT ou CCT, o excesso de horas em um dia for
DSR trabalhados
compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de
• Os intervalos intrajornada não são necessariamente
maneira que não exceda, no período máximo de 1 ano, à soma
concedidos (podem ser observados ou indenizados)
das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja
• Nessa escala não há o pagamento do adicional
ultrapassado o limite máximo de 10h diárias.
noturno

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• É possível essa jornada em atividade insalubre sem a Serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo
necessidade de licença prévia do ministério do manifesto: são caracterizados como situações nas quais o
trabalho trabalho do empregado é emergencial para que não haja
prejuízo ao empregador.

Exemplo: guarda de produtos perecíveis.


5.2. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM NECESSIDADES
IMPERIOSAS Após a reforma, a sobrejornada em caso de serviços inadiáveis
também não mais requer comunicação à autoridade
Existem situações em que a realização de horas extras
competente.
independerá de acordo escrito entre empregado e
empregador. Recuperação do tempo perdido: são casos nos quais a atividade
empresarial sofreu alguma interrupção, e as horas extras serão
Art. 61 CLT: ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a
exigidas do empregado independente de acordo escrito para
duração do trabalho exceder do limite legal ou convencionado,
recuperar o tempo perdido.
seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender
à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja Art. 61, §3º, CLT: sempre que ocorrer interrupção do trabalho,
inexecução possa acarretar prejuízo manifesto. resultante de causas acidentais, ou de força maior, que
determinem a impossibilidade de sua realização, a duração do
Art. 61, §1º, CLT: o excesso, nos casos deste art., pode ser
trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo necessário, até o
exigido independentemente de ACT ou CCT.
máximo de 2h, durante o número de dias indispensáveis à

Força maior: art. 61, §2º, CLT: nos casos de excesso de horário recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de 10h

por motivo de força maior, a remuneração da hora excedente diárias, em período não superior a 45 dias por ano, sujeita essa

não será inferior à da hora normal. Nos demais casos, a recuperação à prévia autorização da autoridade competente.

remuneração será, pelo menos, 50% superior à da hora normal,


Ou seja, nessa hipótese a CLT exige prévia autorização da
e o trabalho não poderá exceder 12h, desde que a lei não fixe
autoridade competente.
expressamente outro limite.
RECUPERAÇÃO
Art. 501 CLT: entende-se como força maior todo SERVIÇOS
FORÇA MAIOR DO TEMPO
INADIÁVEIS
acontecimento inevitável, em relação à vontade do PERDIDO
empregador, e para a realização do qual este não concorreu, COMUNICAÇÃO Não Comunicação
Não precisa
AO MT precisa prévia
direta ou indiretamente.
2h diárias,
desde que não
Não se encaixam no conceito de força maior fatores derivados Não pode
exceda 10h
SOBREJORNADA Não há limite exceder
de planos econômicos. diárias, por até
12h
45 dias por
Após a reforma, a sobrejornada em caso de força maior não ano
mais requer comunicação à autoridade competente. Máximo de
12h e o
Sobre a sobrejornada dos menores: art. 413, II, CLT: é vedado TRABALHO DE trabalho do
Proibido Proibido
MENORES menor deve
prorrogar a duração normal diária do trabalho do menor, salvo:
ser
excepcionalmente, por motivo de força maior, até o máximo de imprescindível
12h, com acréscimo salarial de pelo menos 50% sobre a hora
normal, e desde que o trabalho do menor seja imprescindível
ao funcionamento do estabelecimento.

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5.3. PRORROGAÇÃO EM ATIVIDADES INSALUBRES O TST entendeu que a disposição constitucional de


remuneração do trabalho noturno superior à do diurno não
Nas atividades insalubres, quaisquer prorrogações só poderão
revogou a hora ficta (os dois andam juntos).
ser acordadas mediante licença prévia das autoridades
competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para Entendimentos do TST sobre a hora ficta:
esse efeito, procederão aos necessários exames locais e à
• Não se aplica aos petroleiros, que são regidos por
verificação dos métodos e processos de trabalho.
legislação própria
A reforma passou a possibilitar que negociação coletiva • Não se aplica aos portuários (hora noturno é de 19h
dispense autorização prévia para prorrogação de jornada em as 7h)
atividades insalubres. • Não se aplica aos trabalhadores rurais
• Se aplica aos vigias noturnos
Art. 611-4, XIII, CLT: CCT e ACT têm prevalência sobre a lei
• Se aplica ao turno ininterrupto de revezamento
quando, entre outros, dispuserem sobre: prorrogação de
jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das Para os trabalhadores urbanos: hora noturna = entre 22h e 5h
autoridades competentes do ministério do trabalho. (adicional de 20%)

Para os trabalhadores rurais:

6. HORA NOTURNA • Agricultura: entre 21h e 5h Adicional de 25%


• Pecuária: entre 20h e 4h (sem hora ficta)
Por ser mais danoso, o legislador conferiu duas regras que
beneficiam o empregado:

• Adicional noturno 7. DESCANSOS


• Hora ficta noturna
Com a reforma, o legislador deixou claro que normas sobre
Art. 73 CLT: salvo nos casos de revezamento semanal ou duração ou intervalos não se enquadram como sendo de
quinzenal (essa parte não foi recepcionada pela CF), o trabalho segurança e saúde para fins de negociação coletiva. Assim,
noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse regras sobre duração e intervalo são passíveis de negociação.
efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20%, pelo
menos, sobre a hora diurna.

7.1. INTERVALO INTRAJORNADA


Se o trabalho se iniciou no período noturno e foi prorrogado no
período diurno, aplica-se o adicional nas horas diurnas.
É o intervalo concedido durante a jornada, para descanso e
alimentação.
Súmula 60 TST: I – o adicional noturno, pago com
habitualidade, integra o salário do empregado para todos os
Art. 71 CLT: em qualquer trabalho contínuo, cuja duração
efeitos. II – cumprida integralmente a jornada no período
exceda de 6h, é obrigatória a concessão de um intervalo para
noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional
repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1h e, salvo
quanto às horas prorrogadas.
acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá
exceder 2h.
Com relação à hora ficta noturna, ela representa 52h30min.
Assim, um empregado que trabalha de 22h às 5h, trabalha
Art. 71, §1º, CLT: não excedendo de 6h o trabalho, será,
efetivamente 7h, mas isso representa 8h de trabalho para fins
entretanto, obrigatório um intervalo de 15 minutos quando a
de remuneração.
duração ultrapassar 4h.

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Para que haja intervalo intrajornada superior a 2h é necessário Art. 71, §4º, CLT: a não concessão ou a concessão parcial do
acordo escrito ou previsão em negociação coletiva. intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de
Após a reforma, a CLT passou a permitir a redução do intervalo
natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com
intrajornada para jornadas superiores a 6h, mediante
acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora
negociação coletiva. Tal redução fica limita a pelo menos 30
normal de trabalho.
minutos de intervalo.
Assim, se o empregado trabalhar 8h seguidas sem intervalo,
Art. 71, §3º, CLT: o limite mínimo de 1h para repouso ou
haverá obrigatoriedade de remunerá-lo como hora extra o
refeição poderá ser reduzido por ato do ministério do trabalho,
intervalo de 1h não concedido (o que não afasta a autuação).
indústria e comércio, quando ouvido o serviço de alimentação
de previdência social, se verificar que o estabelecimento Nos casos em que o intervalo é concedido parcialmente (era
atende integralmente às exigências concernentes à organização pra conceder 1h, mas só concedeu 30 minutos), o empregado
dos refeitórios, e quando os respectivos empregadores não tem direito de receber como extra apenas o período suprimido
estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas (a súmula 437 deve ser cancelada).
suplementares.
A reforma alterou a natureza dessa verba, que agora é
Também se admite a redução do intervalo do doméstico por indenizatória e não irá repercutir em outras verbas (contrário
acordo escrito e a do motorista profissional por negociação do que entendia o TST).
coletiva.
A CLT prevê alguns intervalos intrajornada que devem ser
Art. 13, LC 150 (para empregados domésticos): é obrigatória a remunerados:
concessão de intervalo para repouso e alimentação pelo
• Interior das câmaras frigoríficas (ou ambiente
período de, no mínimo, 1h e, no máximo, 2h, admitindo-se,
artificialmente frio): 20 minutos de descanso para
mediante prévio acordo escrito entre empregador e
cada 1h40min de trabalho contínuo
empregado, sua redução a 30 minutos.
• Digitador e serviços de mecanografia (datilografia,
Art. 71, §5º, CLT: o intervalo intrajornada de 1h a 2h poderá ser escrituração ou cálculo): 10 minutos de descanso para
reduzido ou fracionado, e o intervalo intrajornada de 15 cada 90 minutos de trabalho
minutos poderá ser fracionado, quando compreendidos entre o • Serviços de telefonia, radiotelefonia e radiotelegrafia:
término da 1ª hora trabalhada e o início da última hora 20 minutos de descanso para cada 3h de trabalho
trabalhada, desde que previsto em CCT ou ACT, ante a natureza contínuo
do serviço e em virtude das condições especiais de trabalho a • Minas de subsolo: 15 minutos de descanso para cada
que são submetidos estritamente os motoristas, cobradores, 3h de trabalho consecutivo
fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de
Súmula 438 TST: o empregado submetido a trabalho contínuo
veículos rodoviários, empregados no setor de transporte
em ambiente artificialmente frio, ainda que não labore em
coletivo de passageiros, mantida a remuneração e concedidos
câmara frigorífica, tem direito ao intervalo intrajornada.
intervalos para descanso menores ao final de cada viagem.

Súmula 346 TST: os digitadores, por aplicação analógica do art.


Se o empregador não conceder o intervalo intrajornada, haverá
72, equiparam-se aos trabalhadores nos serviços de
autuação pelo auditor fiscal do trabalho e obrigatoriedade do
mecanografia, razão pela qual têm direito a intervalos de
pagamento do período não concedido, com o respectivo
descanso de 10 minutos a cada 90 de trabalho consecutivo.
adicional.

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7.1.1. Especificidades do trabalhador doméstico 7.2.1. Descanso semanal remunerado

Para o doméstico, é possível ocorrer o fracionamento e até O DSR é o período de 24h consecutivas em que o empregado
mesmo a redução do intervalo intrajornada por simples acordo não trabalha e nem permanece à disposição do empregador.
escrito.
Art. 67 CLT: é assegurado a todo empregado um repouso
A LC 150 admite que o horário de almoço seja reduzido para 30 semanal remunerado de 24h consecutivas, preferencialmente
minutos, desde que o doméstico seja liberado do trabalho aos domingos.
também 30 minutos mais cedo e que esse acordo se dê por
OJ 410 SDI-I: viola o art. 7º, XV, da CF, a concessão de DSR após
escrito.
o 7º dia consecutivo de trabalho, importando no seu
Além disso, é possível o fracionamento do intervalo pagamento em dobro.
intrajornada para os domésticos que residem no local de
Art. 68 CLT: fica autorizado o trabalho aos domingos e aos
trabalho.
feriados.
Art. 13, §1º, LC 150: caso o empregado resida no local de
Art. 68, §1º, CLT: o repouso semanal remunerado deverá
trabalho, o período de intervalo poderá ser desmembrado em 2
coincidir com o domingo, no mínimo, 1x no período máximo de
períodos, desde que cada um deles tenha, no mínimo, 1h, até o
4 semanas para os setores de comércio e serviços e, no
limite de 4h ao dia.
mínimo, 1x no período máximo de 7 semanas para o setor
industrial.

7.2. INTERVALO INTERJORNADA Art. 68, §2º, CLT: para os estabelecimentos de comércio, será
observada a legislação local.
É o espaço de tempo dentre duas jornadas, que não pode ser
menor que 11h. Art. 70 CLT: o trabalho aos domingos e aos feriados será
remunerado em dobro, exceto se o empregador determinar
Art. 66 CLT: entre 2 jornadas de trabalho haverá um período
outro dia de folga compensatória.
mínimo de 11h consecutivas para descanso.
Ou seja, deve haver pelo menos um DSR no domingo a cada:
Assim como no intervalo intrajornada, também caberá
adicional caso seja desrespeitado o intervalo mínimo de 11h • 4 semanas para o comércio
entre duas jornadas de trabalho. • 7 semanas para a indústria

OJ 355 SDI-I: o desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas O DSR sempre deve ser concedido, mas sua remuneração está
previsto no art. 66 acarreta, por analogia, os mesmos efeitos condicionada à assiduidade e pontualidade do empregado.
previstos no art. 71, §4º e na súmula 110 do TST, devendo-se
Art. 6º, lei 605/49: não será devida a remuneração quando,
pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do
sem motivo justificado, o empregado não tiver trabalhado
intervalo, acrescidas do respectivo adicional.
durante toda a semana anterior, cumprindo integralmente o
Súmula 110 TST: no regime de revezamento, as horas seu horário de trabalho.
trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24h, com
Se o empregado faltar injustificadamente ou não for
prejuízo do intervalo mínimo de 11h consecutivas para
pontual, perderá a remuneração do DSR. O
descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como
descanso semanal em si, entretanto, continua a ser
extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional.
devido. Ou seja, nesse caso será um descanso
semanal não remunerado.
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Se juntar o DSR + o intervalo interjornadas, deve haver um I. Os empregados que exercem atividade externa
intervalo de 35h (24h + 11h). incompatível com a fixação de horário de trabalho,
devendo tal condição ser anotada na CTPS e no
registro de empregados

8. CONTROLE DE JORNADA II. Os gerentes, assim considerados os exercentes de

8.1. JORNADA CONTROLADA cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito
do disposto neste art., os diretores e chefes de
A regra geral é que haja controle da jornada, visto que é um
departamento ou filial
benefício do empregado, com o objetivo de que sejam III. Os empregados em regime de teletrabalho
respeitados os limites máximos das jornadas.
Essa previsão é relativa, ou seja, esses empregados podem vir a
Art. 74, §2º, CLT: para os estabelecimentos de mais de 10
ser destinatários das regras de controle de jornada caso a
trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e
realidade fática demonstre haver fiscalização e controle de
de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, horários e jornada pelo seu empregador.
conforme instruções a serem expedidas pelo ministério do
trabalho, devendo haver pré assinalação do período de Maurício Godinho Delgado: havendo prova firma (sob o ônus

repouso. do empregado) de que ocorria efetiva fiscalização e controle


sobre o cotidiano da prestação laboral, fixando fronteiras claras
Quanto ao controle de jornada, existe uma prática comum, que
à jornada laborada, afasta-se a presunção legal instituída,
ocorre quando o controle de jornada não reproduz os horários
incidindo o conjunto das regras clássicas concernentes à
efetivamente praticados pelo empregado: é o ponto britânico duração do trabalho.
(jornada de 8h-12h e 14h-18h, todos os dias, por exemplo).
Em relação aos gerentes, temos duas possibilidades:
Súmula 338 TST: I – é ônus do empregador que conta com mais
de 10 empregados o registro da jornada de trabalho. A não • Exercente de cargo de gestão com gratificação igual

apresentação injustificada dos controles de frequência gera ou superior a 40%: excluídos do controle de jornada e

presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual sem direito a horas extras

pode ser elidida por prova em contrário. II – a presunção de • Exercente de cargo de gestão sem gratificação igual
veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em ou superior a 40%: não é excluído do controle de

instrumento normativo, pode ser elidida por prova em jornada e tem direito a horas extras

contrário. III – os cartões de ponto que demonstrem horários


A reforma passou a autorizar que norma coletiva disponha
de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de
sobre os cargos que se enquadram como função de confiança.
prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras,
Assim, ainda que determinado cargo não tenha efetivamente
que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da
conteúdo de gestão, poderia ser definido em norma coletiva
inicial se dele não se desincumbir.
como sendo de cargo de confiança e, portanto, ficaria excluído
do controle de jornada.

8.2. JORNADA NÃO CONTROLADA

Ocorre nos casos de empregados não abrangidos pelas regras 8.3. JORNADA NÃO TIPIFICADA

de duração do trabalho.
A doutrina reconhecia a jornada não tipificada em relação aos
Art. 62 CLT: não são abrangidos pelo regime da duração do domésticos, pois não havia regulamentação. Assim, os
trabalho:

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domésticos não possuíam controle de horário e não faziam jus REMUNERAÇÃO E SALÁRIO
aos adicionais.
Um dos elementos da relação de emprego é a onerosidade,
Mas, com a EC 72/13, os domésticos passaram a contar com os que está diretamente relacionada ao salário. O empregado
seguintes direitos: presta seus serviços e, em contrapartida, recebe o salário.

• Duração do trabalho não superior a 8h diárias e 44h Art. 7º CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
semanais de outros que visem à melhoria de sua condição social:
• Remuneração do trabalho extraordinário com
IV. Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
adicional de pelo menos 50% da hora normal
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais
• Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno
básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
Assim, a classificação de “jornada não tipificada” deixou de educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
fazer sentido. e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim
V. Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade
do trabalho
VI. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em ACT ou
CCT
VII. Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os
que percebem remuneração variável
X. Proteção do salário na forma da lei, constituindo
crime sua retenção dolosa
XVI. Remuneração do serviço extraordinário superior, no
mínimo, em 50% à do normal

1. SALÁRIO

Salário é o conjunto das parcelas que o empregado recebe


diretamente do empregador (contraprestação do trabalho).

Art. 457, §1º, CLT: integram o salário a importância fixa


estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo
empregado.

Macete: integram o salário a IMFI-GRALE-CO


(importâncias fixas, gratificações legais e comissões.

Art. 458 CLT: além do pagamento em dinheiro, compreende-se


no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação,
habitação, vestuário ou outras prestações “in natura” que a
empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer

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habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o 3. CARACTERÍSTICAS DO SALÁRIO


pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.
A doutrina aponta as seguintes características do salário:
Ao longo do tempo, surgiram alguns termos denominados
Caráter alimentar: o salário é fonte de subsistência do
“salário”, mas que não correspondem, de fato, ao salário. E são
trabalhador, do qual ele depende para prover o próprio
eles: salário maternidade, salário família, salário de
sustento (e o de sua família), e por este motivo recebe
contribuição e salário de benefício. Apesar de terem esses
prestações legais que o tornam impenhorável e irredutível.
nomes, não são efetivamente salário (contraprestação pelo
trabalho). Natureza composta: o salário pode ser composto de salário
base e outras parcelas (adicionais, gratificações etc),
constituindo um complexo salarial.
2. REMUNERAÇÃO
Indisponibilidade: por esta característica não se admite a
A remuneração compreende também as gorjetas pagas pelos renúncia ou transação de verbas salariais que sejam prejudiciais
clientes. ao trabalhador.

Art. 457 CLT: compreendem-se na remuneração do Periodicidade: como o salário é contraprestação a cargo do
empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido empregador, diz-se que o salário é de trato sucessivo, devendo
e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação ser pago na periodicidade acordada (por semana, por quinzena,
do serviço, as gorjetas que receber. por mês etc).

Remuneração = salário + gorjetas. Pós-numeração: em regra, o salário é pago após o empregado


ter prestado os serviços do período correspondente. Existem
A inclusão das gorjetas na remuneração repercute no cálculo
exceções, como os adiantamentos salariais e as utilidades, que
do FGTS, nas férias e no 13º salário.
são recebidas antes de se findar o período correspondente.

Entretanto, as gorjetas não repercutem no aviso prévio,


adicional noturno, horas extras e DSR.
4. PARCELAS SALARIAIS
Art. 15, lei 8.036/90: para os fins previstos nesta lei, todos os
empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 de cada Se considerada salarial, a parcela irá repercutir em outras
mês, em conta bancária vinculada, a importância verbas relacionadas ao contrato de trabalho.
correspondente a 8% da remuneração paga ou devida, no mês
Inicialmente, são parcelas que compõem o salário:
anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as
parcelas de que tratam os art. 457 e 458 da CLT. Art. 457, §1º, CLT: integram o salário a importância fixa
estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo
Súmula 354 TST: as gorjetas, cobradas pelo empregador na
empregador.
nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes,
integram a remuneração do empregado, não servindo de base Maurício Godinho Delgado: a parcela salarial paga ao obreiro
de cálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno, em função da relação de emprego não se esgota na verba
horas extras e DSR. contraprestativa fixa principal que lhe é paga mensalmente
pelo empregador. O salário é composto também por outras
parcelas pagas diretamente pelo empregador, dotadas de
estrutura e dinâmica diversas do salário básico, mas
harmônicas a ele no tocante à natureza jurídica. Trata-se do
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que o jurista José Martins Catharino chamou de complexo salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus
salarial. máximo, médio e mínimo.

Esquematizando:

4.1. SALÁRIO BÁSICO • Insalubridade mínima: 10%


• Insalubridade média: 20% do salário mínimo
É o valor fixo que geralmente é estipulado como a
• Insalubridade máxima: 40%
contraprestação pecuniária a ser paga mensalmente ao
empregado. Art. 194 CLT: o direito do empregado ao adicional de
insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação
Não é obrigatório, uma vez que o empregado pode ser
do risco à sua saúde ou integridade física.
remunerado somente com comissões (desde que essas
comissões alcancem o valor do salário mínimo). OJ 173 SDI-I: I – ausente previsão legal, indevido o adicional de
insalubridade ao trabalhador em atividade a céu aberto por
sujeição à radiação solar. II – tem direito à percepção ao
4.2. ADICIONAIS adicional de insalubridade o empregado que exerce atividade
exposto ao calor acima dos limites de tolerância, inclusive em
São parcelas que o empregador paga ao empregado pelo
ambiente externo com carga solar, nas condições previstas no
exercício do trabalho em condições específicas que tornam o
anexo 3 da NR 15 do ministério do trabalho e emprego.
trabalho mais desgastante.
Art. 190 CLT: o ministério do trabalho aprovará o quadro das
Amauri Mascaro Nascimento: a taxa salarial sofre as influências
atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os
das condições em que o trabalho é prestado. Adam Smith já
critérios de caracterização da insalubridade, os limites de
dizia que os salários variam de acordo com a facilidade ou
tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o
dificuldade, limpeza ou sujeita, dignidade ou indignidade do
tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes.
emprego. Assim, a periculosidade, a insalubridade, o
prolongamento da jornada etc, também repercutem no preço Art. 195 CLT: a caracterização e a classificação da insalubridade
médio da força de trabalho, provocando uma natural e da periculosidade, segundo as normas do ministério do
majoração que o direito torna obrigatória, por meio de trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo do médico do
cláusulas suplementares de salários estabelecidas, quer por trabalho ou engenheiro do trabalho, registrados no ministério
meio de contratos coletivos, quer por meio de leis. do trabalho.

Os adicionais são chamados de “salário condição” e só são Adicional de periculosidade: art. 193 CLT: são consideradas
devidos enquanto perdurar esta condição mais gravosa ao atividades ou operações perigosas, na forma da
empregado. Cessada a condição prejudicial, o adicional deixa regulamentação aprovada pelo ministério do trabalho e
de ser devido. emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de
trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição
Para que os adicionais integrem o salário, eles devem ser pagos
permanente do trabalhador a:
com habitualidade.
I. Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica
Adicional de insalubridade: art. 192 CLT: o exercício de trabalho
II. Roubos ou outras espécies de violência física nas
em condições insalubres, acima dos limites de tolerância
atividades profissionais de segurança pessoal ou
estabelecidos pelo ministério do trabalho, assegura a
patrimonial
percepção de adicional respectivamente de 40%, 20% e 10% do

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Art. 193, §4º, CLT: são também consideradas perigosas as Súmula 132 TST: I – o adicional de periculosidade, pago em
atividades de trabalhador em motocicleta. caráter permanente, integra o cálculo de indenização e de
horas extras. II – durante as horas de sobreaviso, o empregado
Art. 193, §1º, CLT: o trabalho em condições de periculosidade
não se encontra em condições de risco, razão pela qual é
assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o salário
incabível a integração do adicional de periculosidade sobre as
sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
mencionadas horas.
participações nos lucros da empresa.
Como no sobreaviso o empregado está fora do local de
Súmula 191 TST: I – o adicional de periculosidade incide apenas
trabalho, não está exposto ao perigo, não sendo devido o
sobre o salário básico e não sobre este acrescido de outros
adicional, que é salário condição.
adicionais.
OJ 345 SDI-I: a exposição do empregado à radiação ionizante ou
Para os eletricitários existe uma peculiaridade:
à substância radioativa enseja a percepção do adicional de

• Contratados antes da lei 12.740/12: o adicional de periculosidade.

periculosidade incide sobre todas as parcelas de


Adicional de transferência: é possível quando o empregador
natureza salarial
transfere o empregado de forma provisória.
• Contratados após a lei 12.740/2012: o adicional incide
apenas sobre o salário básico (como para os demais Art. 469, §3º: em caso de necessidade de serviço o empregador
empregados) poderá transferir o empregado para localidade diversa da que
resultar do contrato, não obstante as restrições do art.
Além disso, para os eletricitários contratados antes da lei
anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento
12.740/12, não é válida norma coletiva que estipula incidência
suplementar, nunca inferior a 25% dos salários que o
do adicional sobre o salário básico (OJ 279 SDI-I foi cancelada).
empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa

Se o empregado estiver sujeito aos adicionais de insalubridade situação.

e periculosidade, deverá optar pelo que lhe seja mais


Adicional de horas extras: art. 7º, XIV, CF: são direitos dos
vantajoso, não sendo possível receber os dois.
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

Art. 193, §2º, LCT: o empregado poderá optar pelo adicional de melhoria de sua condição social: remuneração do serviço

insalubridade que porventura lhe seja devido. extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal.

Súmulas 364 TST: I – tem direito ao adicional de periculosidade Art. 59, §1º, CLT: a remuneração da hora extra será, pelo

o empregado exposto permanentemente ou que, de forma menos, 50% superior à da hora normal.

intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas,


Súmula 264 TST: a remuneração do serviço suplementar é
quando o contato se dá de forma eventual, assim considerado
composta do valor da gora normal, integrado por parcelas de
o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo
natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei,
extremamente reduzido.
contrato, ACT, CCT ou sentença normativa.

Macete:
Mas cuidado: nem sempre a sobrejornada repercutirá no
pagamento do adicional de horas extras. Quando houver
• Exposição permanente ou intermitente: paga o
compensação de jornada legalmente admitida (acordo escrito
adicional normalmente
de prorrogação semanal ou banco de horas por meio de
• Exposição eventual: não é devido o adicional negociação coletiva) não será devido o adicional de horas
extras.

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Súmulas 172 TST: computam-se no cálculo do DSR as horas OJ 338 SDI-I: o empregado submetido à jornada de 12h de
extras habitualmente prestadas. trabalho por 36h de descanso, que compreenda a totalidade do
período noturno, tem direito ao adicional noturno, relativo às
Súmula 45 TST: a remuneração do serviço suplementar,
horas trabalhadas após as 5h da manhã.
habitualmente prestado, integra o cálculo da gratificação
natalina.

Súmula 376 TST: I – a limitação legal da jornada suplementar a 4.3. GRATIFICAÇÕES LEGAIS
2h diárias não exime o empregador de pagar todas as horas
Art. 457, §1º, CLT: integram o salário a importância fixa
trabalhadas. II – o valor das horas extras habitualmente
estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo
prestadas integra o cálculo dos haveres trabalhistas,
empregador.
independentemente da limitação prevista no caput do art. 59
da CLT. Maurício Godinho Delgado: as gratificações consistem em
parcelas contraprestativas pagas pelo empregador ao
Adicional noturno: é devido nos casos em que o empregado
empregado em decorrência de um evento ou circunstância tida
trabalha a noite.
como relevante pelo empregador (gratificações convencionais)
• Trabalhadores urbanos: adicional de 20%. Hora ou por norma jurídica (gratificações normativas). O fato
noturna é entre 22h e 5h do dia seguinte ensejador da gratificação não é tido como gravoso ao obreiro
• Trabalhadores rurais: adicional de 25%. Hora noturna ou às condições de exercício do trabalho. São exemplos:
é: gratificações de festas, de aniversário da empresa, de fim de
o Para pecuária: entre 20h e 4h do dia ano, gratificações semestrais, anuais ou congêneres.
seguinte
Após a reforma trabalhista, as gratificações legais (como o 13º
o Para agricultura: entre 21h e 5h do dia
salário) passaram a ter natureza salarial.
seguinte

Para os trabalhadores urbanos, aplica-se a hora


ficta, em que 1h = 52min30seg. Isso não ocorre com 4.4. OUTRAS PARCELAS SALARIAIS
os rurais, em que 1h = 60min.
13º salário: inicialmente era uma gratificação concedida
Súmula 265 TST: a transferência para o período diurno de espontaneamente pelo empregador ou prevista por ACT ou
trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno. CCT. Com o passar do tempo, o 13º salário ganhou previsão
legal e passou a ser obrigatório.
Súmula 60 TST: I – o adicional noturno, pago com
habitualidade, integra o salário do empregado para todos os Art. 1º, lei 4.090/62: no mês de dezembro de cada ano, a todo
efeitos. II – cumprida integralmente a jornada no período empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação
noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus.
quanto às horas prorrogadas.
Art. 1º, §1º, lei 4.090/92: a gratificação corresponderá a 1/12
OJ 97 SDI-I: o adicional noturno integra a base de cálculo das da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do
horas extras prestadas no período noturno. ano correspondente.

OJ 259 SDI-I: o adicional de periculosidade deve compor a base Art. 7º, VIII, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
de cálculo do adicional noturno, já que também neste horário o além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
trabalhador permanece sob as condições de risco.

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13º salário com base na remuneração integral ou no valor da adiantamento do 13º, e o restante receberá até 20 de
aposentadoria. dezembro.

Súmula 253 TST: a gratificação semestral não repercute no Comissões: são parcelas de natureza salarial pagas aos
cálculo das horas extras, das férias e do aviso prévio, ainda que comissionistas. Comissão é um percentual sobre o valor das
indenizados. Repercute, contudo, peto seu duodécimo na vendas realizadas, e quem recebe o salário baseado nas
indenização por antiguidade e na gratificação natalina. comissões é chamado de comissionista, que pode ser:

O adicional de horas extras habitualmente prestadas também • Comissionista: recebe salário + comissão
compõe o cálculo do 13º. • Comissionista puro: recebe só a comissão (parcela
variável)
Súmula 45 TST: a remuneração do serviço complementar,
habitualmente prestado, integra o cálculo da gratificação Art. 457, §1º, CLT: integram o salário a importância fixa
natalina. estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo
empregador.
Súmula 14 TST: reconhecida a culpa recíproca na rescisão do
contrato de trabalho, o empregado tem direito a 50% do valor Art. 466 CLT: o pagamento de comissões e percentagens só é
do aviso prévio, do 13º salário e das férias proporcionais. exigível depois de ultimada a transação a que se referem.

Súmula 157 TST: o 13º salário é devido na resilição contratual Art. 466, §1º, CLT: nas transações realizadas por prestações
de iniciativa do empregado (pedido de demissão). sucessivas (vendas parceladas), é exigível o pagamento das
percentagens e comissões que lhes disserem respeito
Sérgio Pinto Martins: o direito à gratificação natalina (13º
proporcionalmente à respectiva liquidação.
salário) vai sendo adquirido mês a mês, desde que o
empregado tenha período igual ou superior a 15 dias de Súmula 340 TST: o empregado, sujeito a controle de horário,
trabalho em cada mês. Pouco importa que o empregado tinha remunerado à base de comissões, tem direito ao adicional de,
mais ou menos de 1 ano de casa. Não terá o trabalhador direito no mínimo, 50% pelo trabalho em horas extras, calculado sobre
a 13º salário quando for dispensado com justa causa. o valor-hora das comissões recebidas no mês.

O 13º deve ser pago até o dia 20 de dezembro de cada ano, Geralmente os empregados que realizam atividade externa
compensado o valor que o empregado tiver recebido a título de estão dispensados do controle de jornada. Mas a súmula só fala
adiantamento. sobre os empregados que estão sujeitos ao controle de horário.
Perceba que a súmula não exige o pagamento das horas extras,
O adiantamento pode ocorrer entre os meses de fevereiro a
mas sim do adicional de horas extras.
novembro de cada ano, de uma só vez, no valor de metade do
salário do mês anterior. Esse adiantamento não precisa ser Por exemplo: o comissionista sujeito a controle de horário fez
pago no mesmo mês para todos os empregados da empresa. 10h extras em um mês. Nesse caso, ele já recebeu pelas horas
extras (vendendo e ganhando a comissão); logo, só deverá
Art. 1º, §2º, lei 4.749/65: o adiantamento será pago ao ensejo
receber o adicional das horas extras.
das férias do empregado, sempre que este o requerer no mês
de janeiro do correspondente ano. OJ 235 SDI-I: o empregado que recebe salário por produção e
trabalha em sobrejornada tem direito à percepção apenas do
Vamos imaginar a seguinte situação: o empregado recebe
adicional de horas extras, exceto no caso do empregado
mensalmente R$1000,00 e requer, em janeiro, que seu
cortador de cana, a quem é devido o pagamento das horas
adiantamento seja dado junto com as férias. Assim, ao receber
extras e do adicional respectivo.
as férias, o empregado também receberá R$500,00 a título de

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Súmula 27 TST: é devida a remuneração do DSR e dos dias dos I. Vestuários, equipamentos e outros acessórios
feriados ao empregado comissionista, ainda que pracista. fornecidos aos empregados e utilizados no local
de trabalho, para a prestação do serviço
Salário in natura/utilidade: são os bens ou serviços com que o
II. Educação, em estabelecimento de ensino próprio
empregador remunera o empregado. Para serem considerados
ou de terceiros, compreendendo os valores
salário in natura, devem atender alguns requisitos:
relativos a matrícula, mensalidade, anuidade,

• Habitualidade: bens ou serviços fornecidos de forma livros e material didático

eventual não configuram salário in natura III. Transporte destinado ao deslocamento para o

• Caráter contraprestativo: o bem ou serviço deve trabalho e retorno, em percurso servido ou não

retribuir o trabalho, e não ser para o trabalho por transporte público

• Deve ser um benefício para o empregado IV. Assistência médica, hospitalar e odontológica,
prestada diretamente ou mediante seguro-saúde
Macete: V. Seguros de vida e de acidentes pessoais
VI. Previdência privada
• Bem ou serviço pelo trabalho: salário in natura
VIII. O valor correspondente ao vale cultura
• Bem ou serviço para o trabalho: não tem natureza
Com relação ao percentual a ser pago em dinheiro, a CLT exige
salarial
que pelo menos 30% do salário deve ser pago em dinheiro. Ou

Ou seja, o salário in natura é fornecido pelo trabalho, como seja, o salário utilidade pode corresponder até o máximo de

contraprestação do seu trabalho. 70%. Além disso, os valores devem ser justos e razoáveis.

Art. 458 CLT: além do pagamento em dinheiro, compreende-se Existem, também, limitações quanto aos percentuais de

no salário, para todos os efeitos legais, a habitação, o vestuário determinadas utilidades:

ou outras prestações in natura que a empresa, por força do


• Empregado urbano:
contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao
o Habitação: até 25% do salário contratual
empregado, e, em nenhuma hipótese, será permitido o
o Alimentação: até 20% do salário contratual
pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.
• Empregado rural:
Súmula 367 TST: I – a habitação, a energia elétrica e veículo o Habitação: até 20% do salário mínimo
fornecidos pelo empregador ao empregado, quando o Alimentação: até 25% do salário mínimo
indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza
Mas, atenção! Apesar da CLT fixar os percentuais máximos das
salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo
utilidades habitação e alimentação com base no salário
empregado também em atividades particulares. II – o cigarro
contratual, o TST entende que a aplicação desses percentuais
não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à
só se aplica quando o empregado recebe salário mínimo. Se o
saúde.
empregado receber mais que isso, deve ser apurado o valor
A própria lei instituidora pode conferir natureza não salarial ao real da utilidade.
item fornecido.
Súmula 258 TST: os percentuais fixados em lei relativos ao
Art. 458, §2º, CLT: não serão consideradas como salário as salário in natura apenas se referem às hipóteses em que o
seguintes utilidades concedidas pelo empregador: empregado percebe salário mínimo, apurando-se, nas demais,
o real valor da utilidade.

Com relação aos empregados domésticos:

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Art. 18, LC 150: é vedado ao empregador doméstico efetuar • Prêmios


descontos no salário do empregado por fornecimento de • Abonos
alimentação, vestuário, higiene ou moradia, bem como por
Além das previstas no art. 457, §2º, também não integram o
despesas como transporte, hospedagem e alimentação em
salário:
caso de acompanhamento em viagem.

• Participação nos lucros ou resultados


Art. 18, §3º, LC 150: as despesas referidas no caput não têm
• Gorjetas
qualquer natureza salarial nem se incorporam à remuneração
para quaisquer efeitos. • Vale cultura
• Intervalos não concedidos
No entanto, existe uma exceção: se a moradia do doméstico for • Verba de representação
em local diverso da residência em que ele presta os serviços, • Verba de indenização quando o empregador não
poderá haver o desconto, desde que haja acordo entre as fornece as guias para o seguro desemprego
partes. • Verba de indenização pelo programa de demissão
voluntária (PDV)
Art. 18, §2º, LC 150: poderão ser descontadas as despesas com
• Abono salarial/abono do PIS
moradia de que trata o caput quando essa se referir a local
diverso da residência em que ocorrer a prestação de serviço,
Ajuda de custo: é o valor pago ao empregado a título de
desde que essa possibilidade tenha sido expressamente
indenização de despesas que o empregado efetuou para a
acordada entre as partes.
execução do contrato de trabalho.

Auxílio-alimentação: a reforma trabalhista retirou a natureza


salarial do auxílio-alimentação quando ele não for pago em
5. PARCELAS NÃO SALARIAIS
dinheiro. Após a reforma não é mais necessária a adesão ao
São parcelas que não integram o salário, uma vez que não são programa de alimentação do trabalhador (PAT) para a verba
pagas com habitualidade, ou, se pagas com habitualidade, não não ter caráter salarial.
se enquadram como verbas salariais por sua natureza jurídica.
Art. 457, §5º, CLT: o fornecimento de alimentação, seja in
Geralmente, são parcelas oriundas de ressarcimentos, natura ou seja por meio de documentos de legitimação, tais
reembolsos por despesas que o empregado incorreu para como tíquetes, vales, cupons, cheques, cartões eletrônicos
exercer o trabalho. destinados à aquisição de refeições ou de gêneros alimentícios,
não possui natureza salarial e nem é tributável para efeito da
Art. 457, §2º, CLT: as importâncias, ainda que habituais, pagas a
contribuição previdenciária e dos demais tributos incidentes
título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu
sobre a folha de salários e tampouco integra a base de cálculo
pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos
do imposto sobre a renda da pessoa física.
não integral a remuneração do empregado, não se incorporam
ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de Diárias para viagens: é a indenização ao empregado que teve
qualquer encargo trabalhista e previdenciário. gastos para viajar a serviço. Com a reforma, não importa o
percentual do salário correspondente às diárias para viagem;
Esquematizando... Não integram o salário:
elas nunca integrarão o salário.
• Ajuda de custo
Prêmios: são os bônus pagos por liberalidade aos empregados
• Auxílio-alimentação, vedado o pagamento em
em decorrência do bom desempenho do empregado.
dinheiro
• Diárias para viagem
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Art. 457, §4º, CLT: consideram-se prêmios as liberalidades Gorjetas: são parcelas pagas por terceiros (ou seja, não são
concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou pagas diretamente pelo empregador). São os “10%” cobrados
valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em em bares, restaurantes, hotéis etc.
razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no
Art. 457, §3º, CLT: considera-se gorjeta não só a importância
exercício de suas atividades.
espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como
Amauri Mascaro Nascimento: o prêmio não se confunde com a também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como
participação nos lucros, uma vez que a sua causa não é a adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a
percepção de lucros pela empresa, mas o cumprimento, pelo distribuição aos empregados.
empregado, de uma condição preestabelecida.
Art. 457-A CLT: a gorjeta não constitui receita própria dos
Com a reforma trabalhista, ainda que pagos habitualmente, os empregadores, mas destina-se aos trabalhadores e será
prêmios não integram o salário. distribuída segundos critérios de custeio e de rateio definidos
em ACT ou CCT.
Abonos: antigamente o abono era considerado como
antecipação salarias; mas a reforma trabalhista retirou sua Súmula 354 TST: as gorjetas, cobradas pelo empregador na
natureza salarial. Assim, não há consenso atual sobre a nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes,
definição de abonos. Mas, saiba que eles não são considerados integram a remuneração do empregado, não servindo de base
salário. de cálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno,
horas extras e DSR.
Participação nos lucros ou resultados: art. 7º, XI, CF: são
direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que Sobre a habitualidade, a CLT criou uma regra que privilegia o
visem à melhoria de sua condição social: participação nos princípio da estabilidade financeira do empregado,
lucros ou resultados, desvinculada da remuneração, e, assegurando que o empregado que recebeu gorjetas por mais
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, de 12 meses, terá esse valor incorporado à remuneração.
conforme definido em lei.
Art. 457, §9º, CLT: cessada pela empresa a cobrança da gorjeta,
Art. 3º, lei 10.101/00: a participação nos lucros ou resultados desde que cobrada por mais de 12 meses, essa se incorporará
não substitui ou complementa a remuneração devida a ao salário do empregado, tendo como base a média dos
qualquer empregado, nem constitui base de incidência de últimos 12 meses, salvo o estabelecido em ACT ou CCT.
qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio
Gueltas: são parcelas pagas por terceiros para que os
da habitualidade.
empregados vendam produtos de determinado fornecedor.
Súmula 451 TST: fere o princípio da isonomia instituir vantagem
Vale cultura: é um valor entregue em cartão magnético ou em
mediante ACT ou norma regulamentar que condiciona a
ticket para a fruição dos produtos e serviços culturais no
percepção da parcela participação nos lucros ou resultados ao
âmbito do programa de cultura do trabalhador.
fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista
para a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão Intervalos não concedidos: quando o empregador desrespeitar
contratual antecipada, é devido o pagamento da parcela de as normas sobre intervalos e descanso, exigindo o trabalho do
forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex empregado, deverá remunerar o empregado. E, após a reforma
empregado concorreu para os resultados positivos da empresa. trabalhista, esse valor terá natureza indenizatória, ou seja, não
salarial.
Com a reforma, a participação nos lucros ou resultados consta
dos temas em que o negociado prevalece sobre o legislado. Art. 71, §4º, CLT: a não concessão ou a concessão parcial do
intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
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empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de o resultado da multiplicação desse valor e a


natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com quantidade de unidades produzidas em determinado
acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora tempo
normal de trabalho. • Tarefa: é uma combinação da unidade de tempo e
produção. O empregador determina uma quantidade
Verba de representação: são valores pagos para os empregados
de peças a serem produzidas em determinado tempo.
custearem roupas, veículos e trajes usados em eventos onde
Cumprindo a meta, o empregado pode ser dispensado
eles estejam representando a empresa.
pelos dias que restam (se restar) ou pode produzir

Verba de indenização quando o empregador não fornece as mais e ter uma remuneração extra

guias para o seguro desemprego: súmula 389, II, TST: o não


fornecimento pelo empregador da guia necessária para o
recebimento do seguro desemprego dá origem ao direito à 6.2. LOCAL E TEMPO DO PAGAMENTO DO SALÁRIO
indenização.
Local e forma de pagamento do salário:
Nesse caso, o empregador deve pagar ao empregado os valores
• Dias úteis
que ele receberia caso aderisse ao seguro desemprego.
• No local do trabalho (ou em depósito em conta
Verba de indenização ao programa de demissão voluntária bancária do empregado)
(PDV): OJ 207 SDI-I: a indenização paga em virtude de adesão a
Art. 465 CLT: o pagamento dos salários será efetuado em dia
programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à
útil e no local do trabalho, dentro do horário do serviço ou
incidência do imposto de renda (logo, não é salarial).
imediatamente após o encerramento deste, salvo quando
Abono salarial/abono do PIS: art. 239, §3º, CF: aos empregados efetuado por depósito em conta bancária.
que percebam de empregadores que contribuem para o
Art. 464 CLT: o pagamento do salário deverá ser efetuado
programa de integração social ou para o programa de formação
contra recibo, assinado pelo empregado; em se tratando de
do patrimônio do servidor público, até 2 SM de remuneração
analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não sendo esta
mensal, é assegurado o pagamento de 1 SM anual, computado
possível, a seu rogo.
neste valor o rendimento das contas individuais, no caso
daqueles que já participavam dos referidos programas, até a Art. 464, p.ú., CLT: terá força de recibo o comprovante de
data da promulgação da CF/88. depósito em conta bancária, aberta para esse fim em nome de
cada empregado, com o consentimento deste, em
estabelecimento de crédito próximo ao local de trabalho.
6. PARÂMETROS DE PAGAMENTO SALARIAL
Prazo para o pagamento do salário:
6.1. FORMAS DE PAGAMENTO DO SALÁRIO

• O salário deve corresponder até, no máximo, 1 mês


O salário pode ser pago por:
de trabalho
• Unidade de tempo: é o mais comum, em que o • Deve ser pago até o 5º dia útil do mês subsequente ao
empregador remunera o empregado conforme o trabalhado
tempo trabalhado, não levando em consideração a
Exceções ao pagamento (máximo) mensal:
sua produção, mas sim a sua jornada de trabalho
• Produção: usa como base de cálculo a quantidade de • Gratificação semestral
peças produzidas pelo empregado. O empregador
estipula um valor por unidade produzida e o salário é
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• Comissões de vendas feitas parceladas (o empregado • Dispositivos de lei (como imposto de renda e
recebe conforme o cliente paga a parcela) contribuição previdenciária)
• Contrato coletivo (como contribuição confederativa)
Caso haja o pagamento salarial em atraso, o empregador estará
• Dano causado pelo empregado:
sujeito, além das penalizações administrativas e judiciais, a
o Com dolo: desconto feito
pagar o salário com correção monetária.
independentemente de qualquer coisa

Súmula 381 TST: o pagamento dos salários até o 5º dia útil do o Com culpa: somente com previsão em

mês subsequente ao vencido não está sujeito à correção contrato coletivo

monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice • Inclusão do empregado em planos de assistência
da correção monetária do mês subsequente ao da prestação odontológica, médico-hospitalar, seguro, previdência
dos serviços, a partir do dia 1º. privada ou entidade cooperativa, cultural ou
recreativo-associativa (com autorização prévia e por
Com relação ao trabalho intermitente, após cada período de
escrito do empregado)
trabalho, o empregado deve ser imediatamente pago.
Art. 462 CLT: ao empregado é vedado efetuar qualquer
Art. 452-A, §6º, CLT: ao final de cada período de prestação de
desconto nos salários do empregado, salvo quando este
serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das
resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato
seguintes parcelas:
coletivo.

I. Remuneração
Art. 462, §1º, CLT: em caso de dano causado pelo empregado,
II. Férias proporcionais com acréscimo de 1/3
o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido
III. 13º salário proporcional
acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
IV. DSR
V. Adicionais legais Súmula 342 TST: descontos salariais efetuados pelo
empregador, com a autorização prévia e por escrito do
Em relação ao salário do intermitente, ele não poderá ser
empregado, para ser integrado em planos de assistência
inferior ao salário-mínimo-hora, nem ao valor do salário-hora
odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência
dos empregados que exercem a mesma atribuição.
privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-

Art. 452-A CLT: o contrato de trabalho intermitente deve ser associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus

celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo

hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro

salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do defeito que vicie o ato jurídico.

estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato


OJ 160 SDI-I: é inválida a presunção de vício de consentimento
intermitente ou não.
resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente
com descontos salariais na oportunidade da admissão. É de se
exigir demonstração concreta do vício de vontade.
7. DESCONTOS SALARIAIS
OJ 251 SDI-I: é lícito o desconto salarial referente à devolução
A CLT prevê algumas hipóteses de descontos no salário do de cheques sem fundos, quando o frentista não observar as
empregado: recomendações previstas em instrumento coletivo.

• Adiantamentos

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8. EQUIPARAÇÃO SALARIAL • Função idêntica


• Mesmo empregador
Maurício Godinho Delgado: equiparação salarial é a figura
• Mesma localidade
jurídica mediante a qual se assegura ao trabalhador idêntico
• Mesmo estabelecimento
salário ao do colega perante o qual tenha exercido,
• Mesma produtividade
simultaneamente, função idêntica, na mesma localidade, para o
• Mesma perfeição técnica
mesmo empregador. A esse colega comparado dá-se o nome
• Diferença de tempo no emprego não superior a 4
de paradigma e ao trabalhador interessado na equiparação
anos
confere-se o epíteto de equiparando. Designam-se, ainda,
• Diferença de tempo na função não superior a 2 anos
ambos pelas expressões paragonados ou comparados.
• Contemporaneidade entre os empregados
Art. 7º, XXX, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e • Inexistência de quadro de carreira ou de plano de
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição cargos e salários
social: proibição de diferença de salários, de exercício de
Súmula 6 TST: III – a equiparação salarial só é possível se o
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade,
empregado e o paradigma exercerem a mesma função,
cor ou estado civil.
desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os
cargos têm, ou não, a mesma denominação. IV – desde que
atendidos os requisitos do art. 461 da CLT, é possível a
8.1. REQUISITOS PARA A EQUIPARAÇÃO
equiparação salarial de trabalho intelectual, que pode ser
Art. 461 CLT: sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual avaliado por sua perfeição técnica, cuja aferição terá critérios
valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo objetivos. V – a cessão de empregados não exclui a equiparação
estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem salarial, embora exercida a função em órgão governamental
distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. estranho à cedente, se esta responde pelos salários do
paradigma e do reclamante. VIII – é do empregador o ônus da
Art. 461, §1º, CLT: trabalho de igual valor será o que for feito
prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da
com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica,
equiparação salarial.
entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o
mesmo empregador não seja superior a 4 anos e a diferença de Atenção: com a reforma trabalhista, passou a ser exigido que,
tempo na função não seja superior a 2 anos. além de trabalharem para o mesmo empregador, é necessário
que o trabalho seja feito no mesmo estabelecimento
Art. 461, §2º, CLT: os dispositivos deste art. não prevalecerão
empresarial.
quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de
carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou Sobre a readaptação funcional, em que o empregado
de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada incapacitado para o trabalho em decorrência de acidentes e
qualquer forma de homologação ou registro em órgão público. doenças, passa a trabalhar em outro setor da empresa, mas
com o mesmo salário de sua antiga função; ela não poderá ser
Art. 461, §5º, CLT: a equiparação salarial só será possível entre
levada em consideração como paradigma do pedido de
empregados contemporâneos no cargo ou na função, ficando
equiparação.
vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o
paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação Art. 461, §4º, CLT: o trabalhador readaptado em nova função
judicial própria. por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão
competente da previdência social não servirá de paradigma
Num resumo, são requisitos para a equiparação:
para fins de equiparação salarial.

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O TST entende não ser cabível a equiparação salarial em se FÉRIAS


tratando da administração direta, autarquias e fundações.
É o período de interrupção do contrato em que o empregado
OJ 297 SDI-I: o art. 37, XIII, CF, veda a equiparação de qualquer não trabalha para descansar, se dedicar ao lazer e à convivência
natureza para o efeito de remuneração do pessoal do serviço familiar e social.
público, sendo juridicamente impossível a aplicação da norma
infraconstitucional prevista no art. 461 da CLT quando se Art. 7º, XVII, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e

pleiteia equiparação salarial entre servidores públicos, rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição

independentemente de terem sido contratados pela CLT. social: gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,
1/3 a mais do que o salário normal.
Já a equiparação quando se trata de empresa pública ou
sociedade de economia mista, é possível: Art. 129 CLT: todo empregado terá direito anualmente ao gozo
de um período de férias, sem prejuízo da remuneração.
Súmula 455 TST: à sociedade de economia mista não se aplica a
vedação à equiparação prevista no art. 37, XIII, CF, pois, ao Art. 611-B, XII, CLT: constituem objeto ilícito de ACT ou CCT,

admitir empregados sob o regime da CLT, equipara-se a exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes

empregador privado, conforme o disposto no art. 173, §1º, II, direitos: gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,

CF. 1/3 a mais do que o salário normal.

Ou seja, o TST entende que é cabível a equiparação entre


empregados públicos de empresa pública ou sociedade de
1. PERÍODOS AQUISITIVO E CONCESSIVO
economia mista, mas incabível em relação aos da
1.1. PERÍODO AQUISITIVO
administração direta, autárquica e fundacional.
É o tempo necessário para que o empregado adquira o direito
Sobre a prescrição da pretensão equiparatória, ela é parcial e
às férias.
alcança as diferenças salariais dos últimos 5 anos do
ajuizamento da ação. Maurício Godinho Delgado: o início da fluência do período
aquisitivo situa-se no termo inicial do contrato, contando-se
Súmula 6 TST: IX – na ação de equiparação salarial, a prescrição
desde o primeiro dia contratual, inclusive. Conta-se o dia do
é parcial e só alcança as diferenças salariais vencidas no
começo e exclui-se o correspondente dia do ano seguinte, que
período de 5 anos que precedeu o ajuizamento.
é o dia do termo final.

Súmula 452 TST: tratando-se de pedido de pagamento de


Art. 132, lei 10.406/02: salvo disposição legal ou convencional
diferenças salariais decorrentes da inobservância dos critérios
em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do
de promoção estabelecidos em plano de cargos e salários
começo, e incluído o dia do vencimento.
criado pela empresa, a prescrição aplicável é a parcial, pois a
lesão é sucessiva e se renova mês a mês. Exemplo: período aquisitivo de 1º de janeiro de 2018 até 31 de
dezembro de 2018, e período concessivo de 1º de janeiro de
2019 até 31 de dezembro de 2019.

Art. 130 CLT: após cada período de 12 meses de vigência do


contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias.

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1.2. PERÍODO CONCESSIVO Art. 135 CLT: a concessão das férias será participada, por
escrito, ao empregado, com antecedência de, no mínimo, 30
É o tempo que sucede o período aquisitivo e o empregador
dias. Dessa participação o interessado dará recibo.
deve conceder férias ao empregado.
Se o empregador não conceder as férias dentro do período
Art. 134 CLT: as férias serão concedidas por ato do
concessivo, deverá pagar em dobro a respectiva remuneração,
empregador, em um só período, nos 12 meses subsequentes à
além de incorrer em infração administrativa.
data em que o empregado tiver adquirido o direito.
Art. 135, §1º, CLT: o empregado não poderá entrar no gozo das
Ou seja, a regra é que as férias sejam concedidas de uma só
férias sem que apresente ao empregador sua CTPS, para que
vez. Entretanto, é admitido o seu fracionamento:
nela seja anotada a respectiva concessão.

Art. 134, §1º, CLT: desde que haja concordância do empregado,


Apesar de ser o empregador quem decide sobre a época das
as férias poderão ser usufruídas em até 3 períodos, sendo que
férias, existe o direito de coincidência, em que membros da
um deles não poderá ser inferior a 14 dias corridos e os demais
mesma família que trabalharem no mesmo estabelecimento,
não poderão ser inferiores a 5 dias corridos, cada um.
têm direito a gozar férias no mesmo período, desde que:

Ou seja:
• Assim desejarem

• Regra: um período • Não resultar prejuízo para a empresa

• Exceção e desde que o empregado concorde: 3


Outro direito de coincidência é das férias do menor de 18 anos
períodos (um de pelo menos 14 dias e outros de 5
estudante, em que terá direito de coincidir suas férias no
dias corridos)
trabalho com as férias escolares.

A reforma trabalhista revogou a vedação ao fracionamento dos


menores de 18 anos e maiores de 50 anos. Portanto,
atualmente os menores de 18 e maiores de 50 anos também 3. FÉRIAS COLETIVAS
podem fracionar suas férias.
O empregador pode definir que empregados da empresa ou de
determinados setores da empresa gozem férias ao mesmo
tempo.
2. CONCESSÃO DAS FÉRIAS
Art. 139 CLT: poderão ser concedidas férias coletivas a todos os
Dentro do período concessivo, quem decide o período das
empregados de uma empresa ou de determinados
férias é o empregador, e não o empregado.
estabelecimentos ou setores da empresa.

Art. 136 CLT: a época da concessão das férias será a que melhor
Se o empregador conceder férias coletivas e alguns
consulte os interesses do empregador.
empregados admitidos recentemente ainda não tiverem

Art. 34, §3º, CLT: é vedado o início das férias no período de 2 completado seus períodos aquisitivos, as férias deverão ser

dias que antecede feriado ou DSR. gozadas de forma proporcional.

Essa vedação é para garantir que o empregado não perca Art. 140 CLT: os empregados contratados há menos de 12

alguns dias de férias. meses gozarão, na oportunidade, de férias proporcionais,


iniciando-se, então, novo período aquisitivo.
O empregado deve ser avisado, por escrito, com antecedência
mínima de 30 dias do início das férias. Exemplo: um empregado com 6 meses de trabalho só gozará
de 15 dias de férias (enquanto quem já tem 12 meses de
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trabalho gozará de 30 dias). Se o empregador “deixar o Art. 611-B, XI, CLT: constituem objeto ilícito de ACT ou CCT,
empregado em casa” durante todo tempo junto com os demais exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes
empregados, os dias que o empregado ficou sem trabalhar sem direitos: número de dias de férias devidas ao empregado.
ter direito, serão considerados como licença remunerada.
Sobre o trabalho em regime de tempo parcial, a reforma
Diferente das férias individuais, as férias coletivas só podem ser trabalhista unificou as regras das férias, de modo que agora se
fracionadas em até 2 períodos, e desde que nenhum deles seja aplicam as mesmas regras de duração das férias que dos
inferior a 10 dias corridos. empregados em jornada normal.

Para que sejam concedidas as férias coletivas, é necessária a Para o trabalhador intermitente, as férias proporcionais devem
comunicação ao ministério do trabalho e ao sindicato ser pagas imediatamente após o final de cada período de
representativo dos empregados, com antecedência mínima de prestação de serviço, com o adicional de 1/3. E, completados
15 dias do início das férias, indicando as datas de início e fim, e 12 meses de serviço, o trabalhador intermitente tem direito a 1
indicando quais os estabelecimentos ou setores atingidos pelas mês de férias, em que não poderá ser convocado para prestar
férias. Atenção: ME e EPP estão dispensadas dessa serviços pelo mesmo empregador.
comunicação.
São consideradas faltas justificadas as hipóteses do art. 131:
Art. 141 CLT: quando o número de empregados contemplados
• Casos de interrupção do contrato de trabalho
com as férias coletivas for superior a 300, a empresa poderá
• Durante o licenciamento compulsório da empregada
promover, mediante carimbo, as anotações nas CTPS.
por motivo de maternidade ou aborto, observados os
requisitos para percepção do salário maternidade
custeado pela previdência social
4. DURAÇÃO DAS FÉRIAS
• Acidente do trabalho ou enfermidade atestada pelo
Como regra, as férias serão de 30 dias. Entretanto, faltas INSS, salvo quando o empregado fica afastado
injustificadas podem ensejar a sua redução. previdenciariamente por mais de 6 meses
• Justificada pela empresa (falta abonada)
QUANTIDADE DE FALTAS DIAS DE FÉRIAS
• Durante a suspensão preventiva para responder a
Menos de 5 faltas 30 dias corridos
De 6 a 14 faltas 24 dias corridos inquérito administrativo ou de prisão preventiva,
De 15 a 23 faltas 18 dias corridos quando for impronunciado ou absolvido
De 24 a 32 faltas 12 dias corridos • Nos dias em que não tenha havido serviço
33 ou mais faltas Perde o direito às férias
Súmula 89 TST: se as faltas já são justificadas pela lei,
Atenção: somente faltas injustificadas diminuem os dias de
consideram-se como ausências legais e não serão descontadas
férias! Faltas justificadas não prejudicam o empregado.
para o cálculo do período de férias.
Observe que não se admite o desconto de faltas nas férias
Súmula 46 TST: as faltas ou ausências decorrentes de acidente
(exemplo: não se pode descontar um dia de falta em um dia de
do trabalho não são consideradas para os efeitos de duração de
férias). Essa prática não é permitida, pois deve ser seguida a
férias e cálculo da gratificação natalina.
relação definida pela CLT (tabela acima).

Art. 130, §1º, CLT: é vedado descontar, do período de férias, as


faltas do empregado ao serviço.

Art. 130, §2º, CLT: o período de férias será computado, para


todos os efeitos, como tempo de serviço.
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5. PERDA DO DIREITO ÀS FÉRIAS desfrutar do seu descanso. Afirma-se que o empregado não
tem a possibilidade de exercer por completo o direito às férias,
Art. 133 CLT: não terá direito a férias o empregado que, no
ficando frustrado o instituto.
curso do período aquisitivo:
Súmula 7 TST: a indenização pelo não-deferimento das férias
I. Deixar o emprego e não for readmitido dentro de
no tempo oportuno será calculada com base na remuneração
60 dias subsequentes a sua saída
devida ao empregado na época da reclamação ou, se for o

Súmula 138 TST: em caso de readmissão, conta-se a favor do caso, na da extinção do contrato.

empregado o período de serviço anterior, encerrado com a


Art. 145, p.ú., CLT: o empregado dará quitação do pagamento,
saída espontânea.
com indicação do início e do termo das férias.

II. Permanecer em gozo de licença, com percepção


A remuneração que o empregado receberá é a considerada na
de salários, por mais de 30 dias
data da concessão das férias, e não no período aquisitivo.
III. Deixar de trabalhar, com percepção do salário,
por mais de 30 dias, em virtude de paralisação Para os empregados com salário variável, a CLT adota a
parcial ou total dos serviços da empresa seguinte regra:
IV. Tiver percebido da previdência social prestações
• Salário por unidade de tempo: art. 142, §1º, CLT:
de acidente de trabalho ou auxílio-doença por
quando o salário for pago por hora com jornadas
mais de 6 meses, embora descontínuos
variáveis, apurar-se-á a média do período aquisitivo,
Súmula 46 TST: as faltas ou ausências decorrentes de acidente aplicando-se o valor do salário na data da concessão
do trabalho não são consideradas para os efeitos de duração de das férias. Ou seja, será levada em consideração a
férias e cálculo da gratificação natalina. média das horas trabalhadas
• Salário por tarefa: art. 142, §2º, CLT: quando o salário
Ocorrendo a prática de qualquer das hipóteses do art. 133, o
for pago por tarefa tomar-se-á por base a média da
período anterior ao fato que retira o direito às férias será
produção no período aquisitivo do direito a férias,
perdido para fins de contagem do período aquisitivo, que
aplicando-se o valor da remuneração da tarefa na
começará a ser contado a partir do retorno do empregado ao
data da concessão das férias. Ou seja, será levada em
serviço.
consideração a média da produção
• Salário do comissionista: art. 142, §3º, CLT: quando o
salário for pago por percentagem, comissão ou
6. REMUNERAÇÃO DAS FÉRIAS
viagem, apurar-se-á a médica percebida pelo

Art. 145 CLT: o pagamento da remuneração das férias e, se for empregado nos 12 meses que precederam à

o caso, o do abono, serão efetuados até 2 dias antes do início concessão das férias. Ou seja, será levada em

do respectivo período. consideração a média dos últimos 12 meses de salário

Súmula 450 TST: é devido o pagamento em dobro da Súmula 149 TST: a remuneração das férias do tarefeiro deve ser

remuneração das férias, incluído o terço constitucional, calculada com base na média da produção do período

quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador aquisitivo, aplicando-se-lhe a tarifa da data da concessão.

tenha descumprido o prazo de 2 dias antes do início das férias.


OJ 181 SDI-I: o valor das comissões deve ser corrigido

Sérgio Pinto Martins: o objetivo da norma é que o empregado monetariamente para em seguida obter-se a média para efeito

possa, ao sair de férias, ter dinheiro para poder viajar e de cálculo de férias, 13º salário e verbas rescisórias.

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Art. 142, §4º, CLT: a parte do salário paga em utilidades será do contrato; terá natureza indenizatória nas férias indenizadas
computada de acordo com a anotação na CTPS. na rescisão.

Art. 142, §5º, CLT: os adicionais por trabalho extraordinário, Súmula 328 TST: o pagamento das férias, integrais ou
noturno, insalubre ou perigoso serão computados no salário proporcionais, gozadas ou não, na vigência da CF/88, sujeita-se
que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias. ao acréscimo do terço previsto no art. 7º, XVII.

7. CONCESSÃO DE FÉRIAS APÓS EXPIRADO O PERÍODO 9. ABONO PECUNIÁRIO DE FÉRIAS


CONCESSIVO
Conhecido como “venda das férias” é a conversão de parte das
Se o empregador não conceder as férias dentro do período férias em dinheiro.
concessivo, deverá remunerar as férias em dobro.
Art. 143 CLT: é facultado ao empregado converter 1/3 do
Art. 137 CLT: sempre que as férias forem concedidas após o período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no
período concessivo, o empregador pagará em dobro a valor da remuneração que lhe seria devida nos dias
respectiva remuneração. correspondentes.

Esse valor em dobro atinge o valor total das férias: férias + 1/3 A decisão sobre a conversão é direito do empregado. Ou seja,
constitucional. se o empregado quiser, ele vai ter direito à “vender” 1/3 das
suas férias e receber o valor em dinheiro.
Maurício Godinho Delgado: a dobra determinada pela CLT
incide plenamente sobre a parcela principal. Logo, engloba Valentin Carrion: o direito de receber uma parte das férias em
também o 1/3 constitucional de férias, que compõe o valor das dinheiro é uma opção legal conferida ao trabalhador, que pode
férias trabalhistas. Portanto, onde se falar em dobra de férias, aproveitá-la ou não; ninguém melhor do que ele para mediar
quer-se dizer: salário correspondente ao respectivo período, suas conveniências, necessidades pessoais e familiares no
acrescido de 1/3, e em seguida, multiplicado por 2. momento da escolha. O abono de férias é faculdade exclusiva
do empregado, e independe da concordância do empregador.
Se as férias forem concedidas somente parcialmente fora do
período concessivo, somente os dias que ultrapassarem o limite Art. 143, §1º, CLT: o abono de férias deverá ser requerido até
temporal é que deverão ser remuneradas em dobro. 15 dias antes do término do período aquisitivo.

Súmula 81 TST: os dias de férias gozados após o período legal Art. 143, §2º, CLT: tratando-se de férias coletivas, a conversão
de concessão deverão ser remunerados em dobro. deverá ser objeto de acordo coletivo entre o empregador e o
sindicato representativo da respectiva categoria profissional,
independendo de requerimento individual a concessão do

8. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS abono.

Maurício Godinho Delgado: a análise da natureza jurídica do O TST entende que a remuneração de férias deve ser paga ao

terço constitucional de férias desenvolve-se a partir da empregado integralmente, incluindo-se o terço constitucional

constatação de que a verba tem nítido caráter acessório: trata- sobre o valor total das férias. E, em relação ao abono

se de percentagem incidente sobre as férias. Como acessório pecuniário, este deve ser pago sem o terço constitucional, uma

que é, assume a natureza da parcela principal a que se acopla. vez que o terço já foi pago na remuneração das férias (isso para

Terá, desse modo, caráter salarial nas férias gozadas ao longo evitar o bis in idem do 1/3).

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A natureza jurídica do abono pecuniário não é salarial, mas Ou seja, as férias proporcionais são devidas em todas as
indenizatório. modalidades de extinção contratual, com exceção da demissão
por justa causa.
Art. 144 CLT: o abono de férias, desde que não excedentes de
20 dias do salário, não integra a remuneração do empregado Súmula 171 TST: salvo na hipótese de dispensa do empregado
para os efeitos da legislação do trabalho. por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o
empregador ao pagamento da remuneração das férias
Com a reforma trabalhista, empregados regidos por tempo
proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12
parcial passaram a ter direito à conversão de parte das férias
meses.
em abono pecuniário.

11. ALGUNS ARTIGOS IMPORTANTES


10. FÉRIAS E EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Integração do período de aviso prévio nas férias: art. 487, §1,
Com a extinção do contrato, as férias simples (dentro do
CLT: a falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao
período concessivo) não poderão ser gozadas, devendo ser
empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do
indenizadas. As férias dobradas também não poderão ser
aviso, garantida sempre a integração desse período no seu
gozadas, devendo ser remuneradas na rescisão, de forma
tempo de serviço.
dobrada.
Prestação de serviço a outro empregador durante as férias: art.
Art. 146 CLT: na cessação do contrato de trabalho, qualquer
138 CLT: durante as férias, o empregado não poderá prestar
que seja a sua causa, será devida ao empregado a remuneração
serviços a outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo
simples ou em dobro, conforme o caso, correspondente ao
em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com
período de férias cujo direito tenha adquirido.
aquele.

Art. 146, p.ú., CLT: na cessação do contrato de trabalho, após


Férias e serviço militar: art. 132 CLT: o tempo de trabalho
12 meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido
anterior à apresentação do empregado para serviço militar
demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao
obrigatório será computado no período aquisitivo, desde que
período incompleto de férias, na proporção de 1/12 por mês de
ele compareça ao estabelecimento dentro de 90 dias da data
serviço ou fração superior a 14 dias.
em que se verificar a respectiva baixa.

Art. 147 CLT: o empregado que for despedido sem justa causa,
ou cujo contrato de trabalho se extinguir em prazo
predeterminado, antes de completar 12 meses de serviço, terá
direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias.

Súmula 261 TST: o empregado que se demite antes de


completar 12 meses de serviço tem direito a férias
proporcionais.

Súmulas 14 TST: reconhecida a culpa recíproca na rescisão do


contrato de trabalho, o empregado tem direito a 50% do valor
do aviso prévio, do 13º salário e das férias proporcionais.

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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA acordada entre as partes por regulamento


empresarial)
Sérgio Pinto Martins: decadência indica a extinção do direito
pelo decurso do prazo fixado a seu exercício. Decadência é a Art. 853 CLT: para a instauração do inquérito para apuração de

palavra que tem por significado caducidade, prazo extintivo ou falta grave contra empregado garantido com estabilidade, o

preclusivo, que compreende a extinção do direito. A empregador apresentará reclamação por escrito à junta ou

decadência não se interrompe nem se suspende, ao contrário juízo de direito, dentro de 30 dias, contados da data da

da prescrição. Já a prescrição é um instituto que se relaciona suspensão do empregado.

com a ação. É a perda da exigibilidade do direito, em razão da


Súmula 403 TST: é de decadência o prazo de 30 dias para
falta de seu exercício dentro de um determinado período.
instauração do inquérito judicial, a contar da suspensão, por

Ou seja: falta grave, de empregado estável.

• Decadência: perda do próprio direito Súmula 62 TST: o prazo de decadência do direito do

• Prescrição: perda do direito de ação empregador de ajuizar inquérito em face do empregado que
incorre em abandono de emprego é contado a partir do
DECADÊNCIA PRESCRIÇÃO momento em que o empregado pretendeu seu retorno ao
EFEITO Perde-se a serviço.
Perde-se o direito exigibilidade do
direito
INÍCIO DO PRAZO Começa a fluir a 2. PRESCRIÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO
Começa a fluir a
partir do
partir da violação
nascimento do É tema mais abordado pela legislação e jurisprudência.
do direito
direito
Art. 7º, XXIX, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e
PREVISÃO Decorre de lei ou
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
convenção entre as Decorre de lei
social: ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
partes
trabalho, com prazo prescricional de 5 anos para os
SUSPENSÃO E Não se sujeita a Se sujeita à
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a
INTERRUPÇÃO suspensão ou suspensão e à
extinção do contrato de trabalho.
interrupção interrupção
Art. 11 CLT: a pretensão quanto a créditos resultantes das
relações de trabalho prescreve em 5 anos para os
1. DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a

A legislação e jurisprudência trabalhista pouco falam sobre extinção do contrato de trabalho.

decadência. As hipóteses de decadência no direito do trabalho


Observe que existem duas prescrições a serem observadas: a
são:
bienal e a quinquenal.

• No caso de instauração de inquérito para apuração de


Sérgio Pinto Martins: o prazo de prescrição para o empregado
falta grave
urbano ou rural propor ação na JT é de 2 anos a contar da
• No caso de instauração de inquérito para apurar o
cessação do contrato de trabalho. Observado esse prazo, é
abandono de emprego
possível o empregado postular os direitos relativos aos últimos
• Limite temporal para adesão aos programas de 5 anos a contar do ajuizamento da ação.
demissão voluntária (decadência convencional –

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Súmula 308 TST: I – respeitado o biênio subsequente à 2.2. CAUSAS QUE IMPEDEM, SUSPENDEM E INTERROMPEM A
cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne PRESCRIÇÃO
às pretensões imediatamente anteriores a 5 anos, contados da
Esses fatos devem ter previsão em lei.
data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao
quinquênio da data da extinção do contrato. II – a norma Fatos impeditivos: inviabilizam, juridicamente, o início da
constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação contagem da prescrição. Ou seja, a prescrição não é iniciada.
trabalhista para 5 anos é de aplicação imediata e não atinge
A principal causa impeditiva no direito do trabalho está
pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da
relacionada ao menor de 18 anos.
promulgação da CF/88.

Art. 440 CLT: contra os menores de 18 anos não corre nenhum


Cuidado: a prescrição quinquenal é contada a partir do
prazo de prescrição.
ajuizamento da ação, e não do término do contrato! Logo, a
prescrição é interrompida pelo ajuizamento da ação (se o
Também se aplica, aqui, o código civil: art. 198 CC: também não
termo inicial fosse o término do contrato, a prescrição seria
corre a prescrição:
interrompida com o término do contrato).
II. Contra os ausentes do país em serviço público da
Antes da CF/88 só existia a prescrição bienal, e o item II da
U/E/M
súmula 308 diz respeito aos direitos que já estavam prescritos
III. Contra os que se acharem servindo nas forças
ao tempo da promulgação da CF. Os direitos prescritos
armadas, em tempo de guerra
mantiveram-se prescritos.
Fatos suspensivos: sustam a contagem prescricional já iniciada.
Desaparecido o fato suspensivo, retoma-se a contagem do

2.1. INÍCIO E FIM DA CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL prazo. Ou seja, a prescrição começa e é suspensa por algum
motivo. Após o fim desse motivo, a prescrição volta a correr
A data do início da contagem da prescrição (termo inicial ou pelo tempo que lhe restava.
dies a quo) coincide com a lesão ou com o conhecimento da
lesão, caso essa não seja verificada desde logo. Exemplos comuns de suspensão da prescrição: provocação das
comissões de conciliação prévia e homologação de acordo
Um exemplo de uma lesão que não é verificada de imediato é extrajudicial.
uma doença ocupacional que atua de forma silenciosa, e só
Art. 625-G CLT: o prazo prescricional será suspenso a partir da
depois de muito tempo o empregado toma conhecimento da
sua existência. provocação da CCP, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a
partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento
A data do término da contagem da prescrição (termo final ou do prazo previsto no art. 625-F.
dies ad quem) normalmente coincide com o dia e o mês do
início do prazo. Será prorrogado para o próximo dia útil no caso Art. 855-E CLT: a petição de homologação de acordo

do termo final não ser dia útil. extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação quanto aos
direitos nela especificados.

Art. 855-E, p.ú., CLT: o prazo prescricional voltará a fluir no dia


útil seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a
homologação do acordo.

Fatos interruptivos: sustam a contagem da prescrição já


iniciada, eliminando inclusive o prazo prescricional em fluência.
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Ou seja, a prescrição começa e é interrompida por algum quando o direito à parcela esteja também assegurado por
motivo. Após o fim desse motivo, a prescrição volta a correr do preceito de lei.
zero! A parte tem todo tempo de volta.
Ou seja, a diferença está na origem da parcela:
O exemplo mais comum de causa de interrupção é a
• Se tiver previsão em lei: prescrição parcial
propositura de RT.
• Se não tiver previsão em lei: prescrição total
Art. 202 CC: a interrupção da prescrição, que somente poderá
Alguns exemplos jurisprudenciais da aplicação das prescrições:
ocorrer uma vez, dar-se-á:

OJ 175 SDI-I: a supressão das comissões, ou a alteração quanto


I. Por despacho do juiz, mesmo incompetente, que
à forma ou ao percentual, em prejuízo do empregado, é
ordenar a citação, se o interessado a promover
suscetível de operar a prescrição total da ação, nos termos da
no prazo e na forma da lei processual
súmula 294 do TST, em virtude de cuidar-se de parcela não
Súmula 268 TST: a ação trabalhista, ainda que arquivada, assegurada por preceito de lei.
interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos
Como não há previsão em lei garantindo o percentual da
idênticos.
comissão, se este for reduzido durante o contrato, a prescrição
OJ 392 SDI-I: o ajuizamento da ação, por si só, interrompe o aplicável será a total.
prazo prescricional.
Súmula 6 TST: IX – na ação de equiparação salarial, a prescrição
O ajuizamento da ação não interrompe a prescrição é parcial e só alcança as diferenças salariais vencidas no
de direito do empregado que não constavam da período de 5 anos que precedeu o ajuizamento.
ação motivadora da interrupção prescricional. Ou
Nesse caso, como a equiparação salarial é prevista em lei, a
seja, a interrupção só ocorre em relação às parcelas
prescrição aplicável será a parcial.
indicadas na ação.

Súmula 275 TST: II – em se tratando de pedido de


OJ 375 SDI-I: a suspensão do contrato de trabalho, em virtude
reenquadramento, a prescrição é total, contada da data do
da percepção do auxílio-doença ou da aposentadoria por
enquadramento do empregado.
invalidez, não impede a fluência da prescrição quinquenal,
ressalvada a hipótese de absoluta impossibilidade de acesso ao Como o reenquadramento decorre do regulamento da
judiciário. empresa, e não pela lei, a prescrição aplicável é a total.

Súmula 199 TST: II – em se tratando de horas extras pré


contratadas, opera-se a prescrição total se a ação não for
2.3. DISTINÇÃO ENTRE PRESCRIÇÃO TOTAL E PRESCRIÇÃO
ajuizada no prazo de 5 anos, a partir da data em que foram
PARCIAL
suprimidas.

São construções jurisprudenciais relacionadas às prescrições


Como a pré contratação se dá por contrato, a prescrição
bienal e quinquenal.
aplicável será a total.

• Prescrição bienal: será sempre total


Súmula 326 TST: a pretensão à complementação de
• Prescrição quinquenal: pode ser total ou parcial
aposentadoria jamais recebida prescreve em 2 anos contados

Art. 11, §2º, CLT: tratando-se de pretensão que envolva pedido da cessação do contrato de trabalho.

de prestações sucessivas decorrente de alteração ou


descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto
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Complementação de aposentadoria é um valor que o trabalho, com prazo prescricional de 5 anos para os
empregador se obrigou a pagar (por regulamento de empresa, trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a
por exemplo), para complementar a aposentadoria do extinção do contrato de trabalho.
empregado. A súmula enfatiza a prescrição bienal (que é
Mudança de regime: súmula 382 TST: a transferência do regime
sempre total), com início a partir da extinção do contrato de
jurídico de celetista para estatutário implica a extinção do
trabalho (e não com a aposentadoria).
contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a
Não confunda com a súmula 327: a pretensão a diferenças de partir da mudança do regime
complementação de aposentadoria sujeita-se à prescrição
Prescrição intercorrente: art. 11-A CLT: ocorre a prescrição
parcial e quinquenal, salvo se o pretenso direito decorrer de
intercorrente no PT no prazo de 2 anos.
verbas não recebidas no curso da relação de emprego e já
alcançadas pela prescrição, à época da propositura da ação. Art. 11-A, §1º, CLT: a fluência do prazo prescricional
intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir
Essa súmula diz sobre o empregador que deixa de pagar o
determinação judicial no curso da execução.
complemento de aposentadoria. E aí a prescrição será parcial.

Art. 11-A, §2º, CLT: a declaração da prescrição intercorrente


Súmula 452 TST: tratando-se de pedido de pagamento de
pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer grau de
diferenças salariais decorrentes da inobservância dos critérios
jurisdição.
de promoção estabelecidos em plano de cargos e salários
criado pela empresa, a prescrição aplicável é a parcial, pois a Trabalhador rural: a redação original da CF dava margens para
lesão é sucessiva e se renova mês a mês. diferenciação da prescrição do trabalho rural e em relação ao
urbano. Mas a EC 28/00 incluiu os trabalhadores rurais no art.
Num resumo:
7º, XXIX, CF, bem como a CLT, após a reforma, os incluiu no art.
• Equiparação salarial: parcial 11: a pretensão quanto a créditos resultantes das relações de
• Desvio funcional: parcial trabalho prescreve em 5 anos para os trabalhadores urbanos e

• Complementação de aposentadoria: parcial rurais, até o limite de 2 anos após a extinção do contrato de

• Diferenças salariais do plano de cargos e salários: trabalho.

parcial
Empregado doméstico: a prescrição é a mesma que para os
• Complementação de aposentadoria jamais recebida:
trabalhadores rurais e urbanos. Art. 43, LC 150: o direito de
total
ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho
• Comissões: total
prescreve em 5 anos até o limite de 2 anos após a extinção do
• Pedido de reenquadramento: total
contrato de trabalho.
• Pré contratação de horas extras: total
2.4. ALGUNS ARTIGOS RELEVANTES Prescrição em ações meramente declaratórias: ações
declaratórias não se sujeitam ao prazo prescricional.
Prescrição das férias: art. 149 CLT: a prescrição do direito de
reclamar a concessão das férias ou o pagamento da respectiva
remuneração é contada do término do período concessivo, ou,
se for o caso, da cessação do contrato de trabalho.

Possibilidade de alteração mediante negociação coletiva: art.


611-B, XXI, CLT: constituem objeto ilícito de ACT ou CCT,
exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes
direitos: ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
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SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO Art. 164, §1º, CLT: os representantes dos empregadores,
titulares e suplentes, serão por eles designados.
Art. 7º, XXII, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: Art. 164, §2º, CLT: os representantes dos empregados, titulares

redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual

de saúde, higiene e segurança. participem, independentemente de filiação sindical,


exclusivamente os empregados interessados.
Maurício Godinho Delgado: as normas de medicina e segurança
do trabalho são normas de indisponibilidade absoluta e não O mandato terá duração de 1 ano, permitida 1 reeleição, desde

podem ser transacionadas nem mesmo por negociação sindical que o membro participe de pelo menos metade do número das

coletiva. reuniões.

Art. 154 CLT: a observância, em todos os locais de trabalho, do Art. 164, §3º, CLT: o mandato dos membros eleitos da CIPA terá

disposto no capítulo da segurança e medicina no trabalho, não a duração de 1 ano, permitida 1 reeleição.

desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições


Art. 164, §4º, CLT: o disposto no § anterior não se aplicará ao
que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de
membro suplente que, durante o seu mandato, tenha
obras ou regulamentos sanitários dos estados ou municípios
participado de menos da metade do número de reuniões da
em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem como
CIPA.
daquelas oriundas de convenções coletivas de trabalho.
Sobre a eleição do presidente e do vice da CIPA:

• Presidente: empregador designa


1. COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES
• Vice presidente: empregados elegem
(CIPA)
Art. 164, §5º, CLT: o empregador designará, anualmente,
A CIPA tem por objetivo a prevenção de acidentes e doenças
dentre os seus representantes, o presidente da CIPA e os
decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível
empregados elegerão, dentre eles, o vice presidente.
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a
promoção da saúde do trabalhador. Os representantes dos empregados (dos empregadores não!)
gozam de estabilidade provisória desde o registro da
Art. 164 CLT: cada CIPA será composta de representantes da
candidatura até 1 ano após o final do mandato.
empresa e dos empregados, de acordo com os critérios que
vierem a ser adotados na regulamentação de que trata o art. Art. 165 CLT: os titulares da representação dos empregados nas
163, p.ú. CIPA não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se
como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico,
Art. 163, p.ú., CLT: o ministério do trabalho regulamentará as
econômico ou financeiro.
atribuições, a composição e o funcionamento das CIPA.
Art. 165, p.ú., CLT: ocorrendo a despedida, caberá ao
A CIPA terá representantes titulares e suplentes, e serão
empregador, em caso de reclamação à JT, comprovar a
escolhidos da seguinte forma:
existência de qualquer dos motivos mencionados neste art.,

• Representantes dos empregadores: designados pelos sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado.

empregadores
Art. 10, II, a, ADCT: fica vedada a dispensa arbitrária ou sem
• Representantes dos empregados: eleitos em
justa causa: do empregado eleito para cargo de direção das
escrutínio secreto pelos empregados

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CIPA desde o registro da sua candidatura até 1 ano após o fim Súmula 460 STF: para efeito do adicional de insalubridade, a
do mandato. perícia judicial, em RT, não dispensa o enquadramento da
atividade entre as insalubres, que é ato da competência do
Esquematizando as diferenças entre os representantes dos
ministério do trabalho e previdência social.
empregados e dos empregadores:
A norma regulamentadora (NR) nº 15, que fala sobre atividades
• Dos empregados: são eleitos; entre eles é eleito o vice
e operações insalubres, foi publicada pelo ministério do
presidente; e possuem estabilidade provisória no
trabalho com o objetivo de regulamentar as atividades e
emprego
operações insalubres. Assim, coube à NR identificar quais são as
• Dos empregadores: são designados; entre eles é
atividades e operações enquadradas como insalubres.
eleito o presidente; não possuem estabilidade
provisória no emprego Assim, se uma atividade for retirada do rol elaborado pelo
ministério do trabalho, ela não será mais considerada como
insalubre, deixando de ostentar essa natureza.

2. INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE
Súmula 248 TST: a reclassificação ou a descaracterização da

Art. 611-B, XVIII: constituem objeto ilícito de ACT ou CCT, insalubridade, por ato da autoridade competente, repercute na

exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito

direitos: adicional de remuneração para as atividades penosas, adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial.

insalubres ou perigosas.
OJ 173 SDI-I: I – ausente previsão legal, indevido o adicional de
insalubridade ao trabalhador em atividade a céu aberto por
sujeição à radiação solar. II – tem direito à percepção ao
2.1. ATIVIDADES INSALUBRES adicional de insalubridade o empregado que exerce atividade
exposto ao calor acima dos limites de tolerância, inclusive em
Art. 189 CLT: serão consideradas atividades ou operações
ambiente externo com carga solar.
insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou
métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes As pessoas que trabalham em ambiente externo com carga
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em solar não têm sua atividade caracterizada como insalubre pela
razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição à radiação social, mas tal atividade pode ser
exposição aos seus efeitos. caracterizada como insalubre pela exposição ao calor acima dos
limites de tolerância.
Os limites de tolerância são estabelecidos em normas do
ministério do trabalho, de acordo com o tipo de agente. Art. 191 CLT: a eliminação ou a neutralização da insalubridade
ocorrerá:
Súmula 448 TST: I – não basta a constatação da insalubridade
por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito I. Com a adoção de medidas que conservem o
ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da ambiente de trabalho dentro dos limites de
atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo ministério tolerância
do trabalho. II – a higienização de instalações sanitárias de uso II. Com a utilização de equipamentos de proteção
público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta individual (EPI) ao trabalhador, que diminuam a
de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e intensidade do agente agressivo a limites de
escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade tolerância
em grau máximo.

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Sobre o EPI, não basta apenas o fornecimento ao empregado. o empregado receberá (10% de adicional, e não 40%). Ou seja,
Ele deve utilizá-lo adequadamente para que o equipamento haverá a prevalência mesmo que em prejuízo ao empregado.
atinja a finalidade.
Súmula 47 TST: o trabalho executado em condições insalubres,
Súmula 289 TST: o simples fornecimento do aparelho de em caráter intermitente, não afasta, só por essa circunstância,
proteção pelo empregador não o exime do pagamento do o direito à percepção do respectivo adicional.
adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que
Sobre a prorrogação em jornadas insalubres, a regra é que haja
conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as
inspeção e licença prévia do ministério do trabalho, mas a
quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo
reforma trabalhista passou a autorizar que negociação coletiva
empregado.
dispense prévia manifestação do ministério do trabalho sobre a
Quando a fiscalização trabalhista (delegacias regionais do prorrogação.
trabalho) identificar atividade insalubre, deverá notificar o
Art. 60 CLT: nas atividades insalubres, quaisquer prorrogações
empregador para que ele adote as medidas necessárias para a
só poderão ser acordadas mediante licença prévia das
sua eliminação ou neutralização.
autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho,
Mas, se a insalubridade não for eliminada ou neutralizada de as quais, para esse efeito, procederão aos necessários exames
forma eficaz, o empregado sujeito à essa condição fará jus ao locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho,
adicional de insalubridade. O percentual do adicional será quer diretamente, quer por intermédio de autoridades
conforme o grau da insalubridade, que é definido pelo sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão
ministério do trabalho e emprego, e poderá ser: em entendimento para tal fim.

• Grau mínimo: 10% sobre o SM Art. 611-A, XIII, CLT: a CCT e o ACT têm prevalência sobre a lei
• Grau médio: 20% sobre o SM quando, entre outros, dispuserem sobre: prorrogação de
• Grau máximo: 40% sobre o SM jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das
autoridades competentes no ministério do trabalho.
Art. 195 CLT: a caracterização e a classificação da insalubridade
e da periculosidade, segundo as normas do ministério do Essa previsão confronta com a súmula 85, VI, TST, que deve ser

trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de médico do cancelada: não é válido acordo de compensação de jornada em
trabalho ou engenheiro do trabalho, registrados no ministério atividade insalubre, ainda que estipulado em norma coletiva,
do trabalho. sem a necessária inspeção prévia e permissão da autoridade
competente.
Entretanto, a reforma trabalhista passou a permitir que
negociação coletiva disponha sobre o enquadramento
(cuidado: é sobre o enquadramento! E não para reduzir os
2.2. ATIVIDADES PERIGOSAS
direitos do adicional).
Art. 193 CLT: são consideradas atividades ou operações
Art. 611-A, XII, CLT: a CCT e o ACT têm prevalência sobre a lei
perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo
quando, entre outro, dispuserem sobre: enquadramento do
ministério do trabalho e emprego, aquelas que, por sua
grau de insalubridade.
natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado
Exemplo: o ministério do trabalho diz que determinada em virtude de exposição permanente do trabalhador a:

atividade representa grau máximo, mas um ACT, por exemplo,


I. Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica
enquadra aquela atividade como sendo de grau mínimo. Então,

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II. Roubos ou outras espécies de violência física nas Art. 193, §3º, CLT: serão descontados ou compensados do
atividades profissionais de segurança pessoal ou adicional outros da mesma natureza eventualmente já
patrimonial concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo.

Art. 193, §4º, CLT: são também consideradas perigosas as Antigamente, os eletricitários recebiam o adicional calculado
atividades de trabalhador em motocicleta. sobre todas as parcelas do salário (e não só sobre o salário
base, como os demais empregados), mas esse entendimento
OJ 345 SDI-I: a exposição do empregado à radiação ionizante ou
foi alterado pela lei 12.740/12. Assim, existem duas situações
à substância radioativa enseja a percepção do adicional de
possíveis para os eletricitários:
periculosidade, pois a regulamentação ministerial, ao reputar
perigosa a atividade, reveste-se de plena eficácia. • Contratados antes da lei 12.740/12: o adicional incide
sobre todas as parcelas de natureza salarial
A NR que regulamenta as atividades perigosas é a nº 16.
• Contratados após a lei 12.740/12: o adicional incide
Num resumo, são perigosas as seguintes atividades: apenas sobre o salário base (como os demais
empregados)
• Inflamáveis
• Explosivos Mais jurisprudência sobre o adicional de periculosidade:

• Energia elétrica
OJ 385 SDI-I: é devido o pagamento do adicional de
• Segurança pessoal ou patrimonial
periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades
• Trabalhador em motocicleta
em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou
• Radiação ionizante ou substância radioativa
distinto daquele onde estão instalados tanques para

O percentual de adicional será sempre de 30% sobre o salário armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do

base do empregado (sem os acréscimos). limite legal, considerando-se como área de risco toda a área
interna da construção vertical.
Art. 193, §1º, CLT: o trabalho em condições de periculosidade
assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o salário Art. 195 CLT: a caracterização e a classificação da insalubridade

sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou e da periculosidade, segundo as normas do ministério do

participações nos lucros da empresa. trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de médico ou
engenheiro do trabalho, registrados no ministério do trabalho.
Se o empregado estiver sujeito a agentes perigosos e
insalubres, ele não receberá os dois adicionais; mas deverá Como são caracterizados por salário condição, os adicionais de

optar por um deles (o que lhe for mais vantajoso). periculosidade e insalubridade deixam de ser devidos se houver
a eliminação do risco.
Art. 193, 2º, CLT: o empregado poderá optar pelo adicional de
insalubridade que porventura lhe seja devido. Súmula 453 TST: o pagamento de adicional de periculosidade
efetuado por mera liberalidade da empresa, ainda que de
Sobre a profissão de vigilante: o adicional de periculosidade forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em
deverá ser compensado ou descontado de outros adicionais percentual inferior ao máximo legalmente previsto, dispensa a
recebidos pelo empregado vigilante, já que, pela profissão, ele realização da prova técnica exigida pelo art. 195 da CLT, pois
já está exposto naturalmente a roubos ou outras espécies de torna incontroversa a existência do trabalho em condições
violência física. perigosas.

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ADICIONAL BASE DE CÁLCULO ALÍQUOTA PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR


10% (grau mínimo)
INSALUBRIDADE Salário mínimo 20% (grau médio) Art. 7º, XXXIII, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e
40% (grau máximo)
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
PERICULOSIDADE Salário base 30%
social: proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
Súmula 364 TST: I – tem direito ao adicional de periculosidade o menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16
empregado exposto permanentemente ou que, de forma anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.
intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas,
Art. 402 CLT: considera-se menor para os efeitos desta CLT o
quando o contato se dá de forma eventual, assim considerado
trabalhador de 14 até 18 anos.
o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo
extremamente reduzido. II – não é válida a cláusula de ACT ou Art. 403 CLT: é proibido qualquer trabalho a menores de 16
CCT fixando o adicional de periculosidade em percentual anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14
inferior ao estabelecido em lei e proporcional ao tempo de anos.
exposição ao risco, pois tal parcela constitui medida de higiene,
saúde e segurança do trabalho, garantida por norma de ordem Art. 403, p.ú., CLT: o trabalho do menor não poderá ser

pública. realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu


desenvolvimento físico, físico, psíquico, moral e social e em
horários e locais que não permitam a frequência à escola.

Esquematizando:

• Menor de 18 anos: proibição de trabalho noturno,


perigoso ou insalubre
• Menor de 16 anos: proibição de qualquer trabalho,
com exceção do aprendiz a partir dos 14 anos

Art. 227 CF: é dever da família, da sociedade e do Estado


assegurar á criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de coloca-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Art. 227, §3º, CF: o direito a proteção especial abrangerá os


seguintes aspectos:

I. Idade mínima de 14 anos para admissão ao


trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII
II. Garantia de direitos previdenciários e trabalhistas
III. Garantia de acesso do trabalhador adolescente e
jovem à escola

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Art. 62 ECA: considera-se aprendizagem a formação técnico- a. Prestado de qualquer modo, em teatros de revista,
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancings e
legislação de educação em vigor. estabelecimentos análogos
b. Em empresas circenses, em funções de acróbata,
Art. 63 ECA: a formação técnico-profissional obedecerá aos
saltimbanco, ginasta e outras semelhantes
seguintes princípios:
c. De produção, composição, entrega ou venda de

I. Garantia de acesso e frequência obrigatória ao escritos, impressos, cartazes, desenhos, gravuras,

ensino regular pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros

II. Atividade compatível com o desenvolvimento do objetos que possam, a juízo da autoridade

adolescente competente, prejudicar sua formação moral

III. Horário especial para o exercício das atividades d. Consistente na venda, a varejo, de bebidas
alcoólicas
Art. 65 ECA: ao adolescente aprendiz, maior de 14 anos, são
assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. Art. 405, §2º, CLT: o trabalho exercido nas ruas, praças e outros
logradouros dependerá de prévia autorização do juiz de
Compete à justiça comum estadual (juízo da infância e
menores, ao qual cabe verificar se a ocupação é indispensável à
juventude), e não à JT, apreciar os pedidos de alvará visando a
sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se
participação de crianças e adolescentes em representações
dessa ocupação não poderá advir prejuízo à sua formação
artísticas.
moral.

Art. 408 CLT: ao responsável legal do menor é facultado


pleitear a extinção do contrato de trabalho, desde que o
1. TRABALHOS PROIBIDOS AO MENOR
serviço possa acarretar para ele prejuízos de ordem física ou
Trabalho noturno: os horários do trabalho noturno variam moral.
conforme o tipo de empregado:
Trabalho doméstico: art. 1º, p.ú., LC 150: é vedada a
• Urbano: 22h até 5h do dia seguinte contratação de menor de 18 anos para desempenho de
• Rural: trabalho doméstico.
o Agricultura: 21h até 5h do dia seguinte
o Pecuária: 20h até 4h do dia seguinte

2. DURAÇÃO DO TRABALHO DO MENOR


A proibição do menor trabalhar nesse horário decorre do fato
de ser mais prejudicial ao ser humano, uma vez que o período Em regra, a CLT proíbe a realização de horas extras pelos
noturno geralmente é destinado ao descaso. menores de idade. Mas admite algumas exceções:

Trabalhos insalubres e perigosos: art. 405, I, CLT: ao menor não Art. 413 CLT: é vedado prorrogar a duração normal diária do
será permitido o trabalho nos locais e serviços perigosos ou trabalho do menor, salvo:
insalubres, constantes de quadro para esse fim.
I. Até mais 2h, independentemente de acréscimo
Trabalhos prejudiciais à moralidade: art. 405, II, CLT: ao menor salarial, mediante ACT ou CCT, desde que o
não será permitido o trabalho em locais ou serviços prejudiciais excesso de horas em um dia seja compensado
à sua moralidade. pela diminuição em outro
II. Excepcionalmente, por motivo de força maior,
Art. 405, §3º, CLT: considera-se prejudicial à moralidade do
até o máximo de 12h, com acréscimo salarial,
menor o trabalho:
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desde que o trabalho do menor seja PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER


imprescindível ao funcionamento do
estabelecimento Algumas normas celetistas, tendo em vista o princípio da
igualdade entre homens e mulheres, foram revogadas por leis
Ou seja, será permitida a realização de horas extras nos casos: posteriores. Outras disposições da CLT, entretanto, não foram
expressamente revogadas, e surge o debate sobre a sua atual
• Acordo de compensação de jornada: até +2h, sem
validade (recepção pela CF).
acréscimo salarial
• Motivo de força maior + o trabalho do menor é Art. 7º CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
imprescindível: até 12h diárias, com acréscimo salarial de outros que visem à melhoria de sua condição social:

Art. 414 CLT: quando o menor de 18 anos for empregado em XVIII. Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
mais de um estabelecimento, as horas de trabalho em cada um do salário, com a duração de 120 dias
serão totalizada. XX. Proteção do mercado de trabalho da mulher,
mediante incentivos específicos, nos termos da
lei
3. FÉRIAS DO MENOR XXV. Assistência gratuita aos filhos e dependentes
desde o nascimento até 5 anos de idade em
O trabalhador menor de idade tem direito ao gozo diferenciado
creches e pré escolas
das férias em relação à época da concessão.
XXX. Proibição de diferença de salários, de exercício

Enquanto para os empregados maiores de idade a época das de funções e de critério de admissão por motivo

férias será a que melhor atenda aos interesses do empregador, de sexo, idade, cor ou estado civil

as férias do empregado menor poderão coincidir com as férias


Art. 377 CLT: a adoção de medidas de proteção ao trabalho das
escolares.
mulheres é considerada de ordem pública, não justificando, em

Art. 136, §2º, CLT: o empregado estudante, menor de 18 anos, hipótese alguma, a redução de salário.

terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias escolares.


Assim, a reforma trabalhista deixou claro que estão proibidas
negociações capazes de reduzir ou suprimir esses direitos.

4. OUTRAS REGRAS PROTETIVAS

Carregamento de peso: o menor só pode carregar até 20kg 1. PROTEÇÕES CONTRA A DISCRIMINAÇÃO

para o trabalho contínuo e 25kg para o trabalho ocasional


Art. 373-A CLT: ressalvadas as disposições legais destinadas a
(remoção de material feita por impulsão ou tração de
corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao
vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro
mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos
aparelho mecânico está excluída dessa limitação).
acordos trabalhistas, é vedado:

Prescrição: contra os menores não corre nenhuma prescrição


I. Publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no
(fator impeditivo do início da prescrição).
qual haja referência ao sexo, à idade, à cor ou

Quitação das verbas rescisórias: o menor pode receber seu situação familiar, salvo quando a natureza da

salário normalmente, mas, quando for receber as verbas atividade a ser exercida, pública e notoriamente,

rescisórias, deverá ser assistido por seu responsável legal. assim o exigir

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II. Recusar emprego, promoção ou motivar a aconselhamento ou planejamento familiar,


dispensa do trabalho em razão de sexo, idade, realizados através de instituições públicas ou
cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo privadas, submetidas às normas do SUS
quando a natureza da atividade seja notória e
Pena: detenção de 1 a 2 anos e multa.
publicamente incompatível
III. Considerar o sexo, a idade, a cor ou situação
familiar como variável determinante para fins de
3. DURAÇÃO DO TRABALHO DA MULHER
remuneração, formação profissional e
oportunidades de ascensão profissional
Intervalo interjornadas: 11h consecutivas (mesma regra dos
IV. Exigir atestado ou exame, de qualquer natureza,
trabalhadores homens).
para comprovação de esterilidade ou gravidez, na
admissão ou permanência no emprego Intervalo intrajornada: de 1h a 2h (mesma regra dos

V. Impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos trabalhadores homens).

para o deferimento de inscrição ou aprovação


Descanso semanal remunerado: 24h (mesma regra dos
em concursos, em empresas privadas, em razão
trabalhadores homens).
de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado
de gravidez Intervalos para amamentação: 2 descansos de 30min cada um.
VI. Proceder o empregado ou preposto a revistas
Art. 396 CLT: para amamentar o próprio filho, até que este
íntimas nas empregadas ou funcionárias
complete 6 meses de idade, a mulher terá direito, durante a
Art. 373-A, p.ú., CLT: o disposto neste art. não obsta a adoção jornada de trabalho, a 2 descansos especiais, de meia hora
de medidas temporárias que visem ao estabelecimento das cada um.
políticas de igualdade entre homens e mulheres, em particular
Art. 396, §1º, CLT: quando o exigir a saúde do filho, o período
as que se destinam a corrigir as distorções que afetam a
de 6 meses poderá ser dilatado, a critério da autoridade
formação profissional, o acesso ao emprego e as condições
competente.
gerais de trabalho da mulher.

Art. 396, §2º, CLT: os horários dos descansos previstos no caput


deste art. deverão ser definidos em acordo individual entre a
2. CRIMES RELACIONADOS À DISCRIMINAÇÃO DA MULHER mulher e o empregador.
NO MERCADO DE TRABALHO
Assim, empregada e empregador deverão pactuar os horários,
Art. 2º, lei 9.029/95: constituem crime as seguintes práticas periodicidade dos intervalos, entre outros, em cada caso
discriminatórias: concreto.

I. A exigência de teste, exame, perícia, laudo,


atestado, declaração ou qualquer outro
4. PROTEÇÃO À MATERNIDADE
procedimento relativo à esterilização ou a estado
de gravidez Art. 391 CLT: não constitui justo motivo para a rescisão do
II. A adoção de quaisquer medidas, de iniciativa do contrato de trabalho da mulher o fato de haver contraído
empregado, que configurem: matrimônio ou de encontrar-se em estado de gravidez.
a. Indução ou instigamento à esterilização genética
b. Promoção do controle de natalidade, assim não Art. 391, p.ú., CLT: não serão permitidos em regulamentos de

considerado o oferecimento de serviços e de qualquer natureza contratos coletivos ou individuais de

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trabalho, restrições ao direito da mulher ao seu emprego, por Art. 392-A CLT: à empregada que adotar ou obtiver guarda
motivo de casamento ou de gravidez judicial para fins de adoção de criança será concedida licença
maternidade nos termos do art. 392.

Art. 392-A, §4º, CLT: a licença maternidade só será concedida


4.1. LICENÇA MATERNIDADE
mediante apresentação do termo judicial de guarda à adotante

É o período em que a empregada deixa de prestar serviços a ou guardião.

seu empregado em virtude de nascimento de filho. Durante a


Art. 71-A, lei 8.213/91: ao segurado ou segurada da previdência
licença maternidade a empregada recebe o salário-
social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção
maternidade.
de criança é devido salário maternidade pelo período de 120

Art. 392 CLT: a empregada gestante tem direito à licença dias.

maternidade de 120 dias, sem prejuízo do emprego e do


Art. 392-A, §5º, CLT: a adoção ou guarda judicial conjunta
salário.
ensejará a concessão de licença maternidade a apenas um dos

O enquadramento da licença maternidade como suspensão ou adotantes ou guardiães empregados ou empregada.

interrupção contratual gera controvérsias, porque o salário é


Art. 392-B CLT: em caso de morte da genitora, é assegurado ao
pago pela previdência social, e não pelo empregador. Mas o
cônjuge ou companheiro empregado o gozo de licença por
entendimento majoritário é que a licença maternidade
todo o período da licença maternidade ou pelo tempo restante
configura hipótese de interrupção do contrato de trabalho, e o
a que teria direito a mão, exceto no caso de falecimento do
início do afastamento varia:
filho ou de seu abandono.

Art. 392, §1º, CLT: a empregada deve, mediante atestado


Outra garantia assegurada à gestante é a possibilidade de
médico, notificar o seu empregador da data do início do
mudar temporariamente de função (por exemplo: é prejudicial
afastamento do empregado, que poderá ocorrer entre o 28º
à gestante o carregamento excessivo de peso, exposição a
dia antes do parto e a ocorrência deste.
produtos químicos etc) durante a gravidez, quando as

Art. 392, §2º, CLT: os períodos de repouso, antes e depois do condições de saúde assim exigirem:

parto, poderão ser aumentados 2 semanas cada um, mediante


Art. 392, §4º, CLT: é garantido á empregada, durante a
atestado médico.
gravidez, sem prejuízo do salário e demais direitos:

Art. 392, §3º, CLT: em caso de parto antecipado, a mulher terá


I. Transferência de função, quando as condições de
direito aos 120 dias previstos neste art.
saúde o exigirem, assegurada a retomada da

Existem alguns casos em que as empregadas terão prorrogação função anteriormente exercida, logo após o

por mais 60 dias (totalizando 180 dias) da licença maternidade: retorno ao trabalho
II. Dispensa do horário de trabalho pelo tempo
• Empregadas de empresas que aderiram ao programa necessário para a realização de, no mínimo, 6
empresa cidadã consultas médicas e demais exames
• Empregadas que dão luz a filhos com doença complementares
neurológica transmitida pelo aedes aegypti

A licença maternidade também é cabível no caso de mãe


adotante.

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4.2. GESTANTE E LACTANTE EM ATIVIDADE INSALUBRE 4.4. RENÚNCIA À ESTABILDIADE

Art. 394,-A CLT: sem prejuízo de sua remuneração, nesta OJ 30 SDC: nos termos do art. 10, II, b, do ADCT, a proteção à

incluído o valor do adicional de insalubridade, a empregada maternidade foi erigida à hierarquia constitucional, pois retirou

deverá ser afastada de: do âmbito do direito potestativo do empregador a possibilidade


de despedir arbitrariamente a empregada em estado gravídico.
I. Atividades consideradas insalubres em grau
Portanto, a teor do art. 9º da CLT, torna-se nula de pleno
máximo, enquanto durar a gestação
direito a cláusula que estabelece a possibilidade de renúncia ou
II. Atividades consideradas insalubres em grau
transação, pela gestante, das garantias referentes à
médio e mínimo, quando apresentar atestado de
manutenção do emprego e salário.
saúde, emitido por médico de confiança da
mulher, que recomende o afastamento durante a
gestação
4.5. GARANTIA DE EMPREGO DA GESTANTE
III. Atividades consideradas insalubres em qualquer
grau, quando apresentar atestado da mulher, Art. 10, II, b, ADCT: fica vedada a dispensa arbitrária ou sem
que recomende o afastamento durante a justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da
lactação gravidez até 5 meses após o parto.

Art. 394-A, §3º, CLT: quando não for possível que a gestante ou Súmula 244 TST: I – o desconhecimento do estado gravídico
a lactante afastada nos termos do caput deste art. exerça suas pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da
atividades em local salubre na empresa, a hipótese será indenização decorrente da estabilidade. II – a garantia de
considerada como gravidez de risco e ensejará a percepção do emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der
salário maternidade durante todo o período de afastamento. durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia
restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao
Atenção! O STF derrubou, por 10x1, a permissão que mulheres
período de estabilidade. III – a empregada gestante tem direito
grávidas e lactantes trabalhem em atividades insalubres em
à estabilidade provisória prevista no art. 10, II, b, do ADCT,
algumas situações. O STF proibiu que essas mulheres trabalhem
mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo
em locais insalubres em qualquer circunstância.
determinado.

Havendo gravidez durante a vigência do contrato, está

4.3. ABORTO NÃO CRIMINOSO assegurado o direito à garantia de emprego. Se o empregador


demitiu a empregada sem saber da gravidez, deverá readmiti-la
Caso tenha havido aborto não caberá licença maternidade.
(reintegrar) ou indenizá-la. Mas, só poderá haver reintegração

Se o aborto for criminoso, o contrato de trabalho continua se esta se der durante o período em que estaria assegurada a

normalmente, mas, se for não criminoso, haverá a interrupção estabilidade provisória. Caso este lapso temporal já tenha

contratual de 2 semanas. ficado para trás, caberá a indenização.

Art. 395 CLT: em caso de aborto não criminoso, comprovado Em relação à garantia de emprego da gestante e o aviso prévio,

por atestado médico oficial, a mulher terá um repouso é importante lembrar que o período de aviso prévio se integra

remunerado de 2 semanas, ficando-lhe assegurado o direito de ao tempo de serviço. Assim, a concepção ocorrida durante o

retornar à função que ocupava antes de seu afastamento. período do aviso gera o direito à garantia provisória do
emprego.

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Mas, e se a empregada gestante for demitida (sem Locais para amamentação: art. 400 CLT: os locais destinados à
conhecimento do seu estado gravídico) e se recusar a retornar guarda dos filhos das operárias durante o período da
ao trabalho? Isso configura renúncia ao direito da garantia amamentação deverão possuir, no mínimo, um berçário, uma
provisória de emprego? Não! Caso a empregada não retorne ao saleta de amamentação, uma cozinha dietética e uma
trabalho, o empregador deverá indenizar o período instalação sanitária.
estabilitário.

O pleno do TST decidiu que gestantes admitidas por contrato


temporário não têm direito a estabilidade. O contrato de
trabalho temporário, previsto na lei nº 6.019/1974, só pode ser
usado para a substituição de funcionário afastado por doença,
licença-maternidade ou para atender demanda extraordinária
de mão de obra. O argumento que prevaleceu no julgamento é
o de que o contrato temporário só pode ser usado para
situações excepcionais e não há, portanto, a expectativa de
contratação, o que difere do contrato por tempo determinado,
como o período de experiência de 90 dias.

4.6. OUTRAS MEDIDAS PROTETIVAS

Carregamento de peso: a mulher só pode carregar até 20kg


para o trabalho contínuo e 25kg para o trabalho ocasional
(remoção de material feita por impulsão ou tração de
vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro
aparelho mecânico está excluída dessa limitação).

Creche: a CLT obriga os empregadores, em cujos


estabelecimentos trabalhem 30 ou mais empregadas, a manter
creche, nos seguintes termos:

Art. 389, §1º, CLT: os estabelecimentos em que trabalharem


pelo menos 30 mulheres com mais de 16 anos de idade terão
local apropriado onde seja permitido às empregadas guardar
sob vigilância e assistência os seus filhos no período de
amamentação.

Art. 389, §2º, CLT: a exigência do §1º poderá ser suprida por
meio de creches distritais mantidas, diretamente ou mediante
convênios, com outras entidades públicas ou privadas, pelas
próprias empresas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI,
SESC, LBA ou de entidades sindicais.

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COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA Ou seja, o trabalho como membro na CCP é configurado


interrupção do contrato pelo tempo que o trabalhador atuar
A intenção do legislador com a criação das CCP foi desafogar o como conciliador.
judiciário, procurando a resolução de conflitos individuais
trabalhistas por meio dessas comissões. Para desempenharem suas funções com autonomia, os
membros representantes dos empregados, titulares e
O objetivo das CCP é conciliar os conflitos individuais do suplentes, gozarão de garantia provisória de emprego, sendo
trabalho. vedada a dispensa até 1 ano após o final do mandato.

A instituição da comissão é facultativa, e, sendo instituída, sua A CCP instalada no sindicato terá sua constituição e normas de
composição deve ser paritária, com a mesma quantidade de funcionamento definidas em ACT ou CCT.
representantes dos empregados e dos empregadores.
Embora o art. 625-D da CLT dê a entender que toda demanda
Art. 625-A CLT: as empresas e os sindicatos podem instituir deverá ser obrigatoriamente submetida à CCP, o STF e o TST
CCP, de composição paritária, com representante dos têm entendimento no sentido de que a tentativa de resolução
empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar do conflito pela CCP é facultativa. Conforme o princípio da
conciliar os conflitos individuais do trabalho.
inafastabilidade da jurisdição, a parte pode submeter a
demanda diretamente ao judiciário.
Em relação à abrangência da atuação da CCP, admite-se sua
existência no âmbito da empresa, em grupo de empresas ou Art. 625-D CLT: qualquer demanda de natureza trabalhista será
até mesmo entre mais de um sindicato.
submetida à CCP se, na localidade da prestação de serviços,
houver sido instituída a comissão no âmbito da empresa ou do
Art. 625-D, §4º, CLT: caso exista, na mesma localidade e para a
sindicato da categoria.
mesma categoria, comissão de empresa e comissão sindical, o
interessado optará por uma delas submeter a sua demanda, Quando uma demanda é submetida à CCP, ela deve ser
sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido.
entregue por escrito ou reduzida a termo, e os interessados
receberão uma cópia datada e assinada pelos membros da CCP.
Sobre a composição das CPP:

Frustrada a tentativa de conciliação, será fornecida declaração


• Mínimo 2 e máximo 10 membros
de tentativa conciliatória com a descrição do seu objeto, que
• Composição paritária
deverá ser juntada à eventual RT.
• Metade dos membros é indicada pelo empregado
• Metade dos membros é eleita pelos empregados, em Mas, por outro lado, se for realizado um acordo, será lavrado
escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato um termo, assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu
preposto e pelos membros da CCP, e as partes receberão cópia.
O mandato dos membros (titulares e suplentes) é de 1 ano,
permitida 1 recondução. Art. 625-E, p.ú., CLT: o termo de conciliação é título executivo
extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às
Art. 625-B, §3º, CLT: o representante dos empregados
parcelas expressamente ressalvadas.
desenvolverá seu trabalho normal na empresa, afastando-se de
suas atividades apenas quando convocado para atuar como Em relação ao prazo para a tentativa de conciliação, a CCP tem
conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o prazo de 10 dias, a contar da provocação do interessado. Se
o despendido nessa atividade. passar desse prazo, será fornecida (no último dia do praz), a
declaração de tentativa conciliatória frustrada (que deverá ser
juntada no caso de eventual RT).

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A partir da provocação da CCP, o prazo prescricional ficará COMISSÃO PARA ENTENDIMENTO DIRETO
suspenso, e voltará a correr, pelo tempo que lhe resta, a partir
da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do Art. 510-A CLT: nas empresas com mais de 200 empregados, é

prazo de 10 dias para tentativa. assegurada a eleição de uma comissão para representa-los,
com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com
os empregadores.

Esse art. regulamenta a obrigatoriedade do entendimento


direto entre empregados e empregadores, por meio de
representantes dos empregados eleitos. Mas observe: essa
obrigatoriedade só vale para empresas que têm mais de 200
empregados.

A comissão deve agir de forma colegiada (maioria simples) e de


modo independente, sem ingerência por parte do empregador.

Art. 510-B CLT: as comissões de representantes dos


empregados terão as seguintes atribuições:

I. Representar os empregados perante a


administração da empresa
II. Aprimorar o relacionamento entre a empresa e
seus empregados com base nos princípios da
boa-fé e do respeito mútuo
III. Promover o diálogo e o entendimento no
ambiente de trabalho com o fim de prevenir
conflitos
IV. Buscar soluções para os conflitos decorrentes da
relação de trabalho, de forma rápida e eficaz,
visando à efetiva aplicação das normas legais e
contratuais
V. Assegurar tratamento justo e imparcial aos
empregados, impedindo qualquer forma de
discriminação por motivo de sexo, idade, religião,
opinião política ou atuação sindical
VI. Encaminhar reivindicações específicas dos
empregados de seu âmbito de representação
VII. Acompanhar o cumprimento das leis trabalhistas,
previdenciárias e das CT e ACT

O mandato dos representantes será de 1 ano, e eles não


poderão ser reeleitos nos 2 anos seguintes, de forma a
estipular a renovação da comissão. Além disso, o exercício do

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mandato não significa que os contratos de trabalho serão DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
interrompidos ou suspensos.
Sérgio Pinto Martins: direito coletivo do trabalho é o segmento
Art. 510-D, §3º, CLT: desde o registro da candidatura até 1 ano do direito do trabalho encarregado de tratar da organização
após o fim do mandato, o membro da comissão de sindical, da negociação coletiva, dos contratos coletivos, da
representantes dos empregados não poderá sofrer despedida representação dos trabalhadores e da greve. O direito coletivo
arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em do trabalho é apenas uma das subdivisões do direito do
motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. trabalho, não possuindo autonomia, pois não tem diferenças
específicas em relação aos demais ramos do direito do
Para realizar as eleições da comissão, é formada outra
trabalho, estando inserido, como os demais, em sua maioria, na
comissão. A comissão de eleição deve publicar um edital
CLT.
convocando para a eleição dos representantes, até 30 dias
antes do fim do mandato em curso.

Art. 510-C CLT: a eleição será convocada, com antecedência 1. PRINCÍPIOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
mínima de 30 dias, contados do término do mandato anterior, 1.1. PRINCÍPIO DA LIBERDADE ASSOCIATIVA E SINDICAL
por meio de edital que deverá ser fixado na empresa, com
ampla publicidade, para inscrição de candidatura. O direito de associação está assegurado pela CF.

Art. 510-C, §1º, CLT: será formada comissão eleitoral, integrada Art. 5º, XVI, CF: todos podem reunir-se pacificamente, sem

por 5 empregados, não candidatos, para a organização e o armas, em locais abertos ao público, independentemente de

acompanhamento do processo eleitoral, vedada a interferência autorização, desde que não frustrem outra reunião

da empresa e do sindicato da categoria. anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente.
Art. 510-C, §3º, CLT: serão eleitos membros da comissão de
representantes dos empregados os candidatos mais votados, Art. 5º, XVII, CF: é plena a liberdade de associação para fins

em votação secreta, vedado o voto por representação. lícitos, vedada a de caráter paramilitar.

Art. 510, §4º, CLT: a comissão tomará posse no 1º dia útil Art. 5º, XX, CF: ninguém poderá ser compelido a associar-se ou

seguinte à eleição ou ao término do mandato anterior. a permanecer associado.

Se os empregados não se interessarem e não houver Art. 8º, V, CF: ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
filiado a sindicato.
candidatos suficientes para preencher todas as vagas da
comissão, a comissão será formada com número de membros
Assim, o ordenamento jurídico brasileiro não admite cláusulas
inferior à quantidade prevista. E, se não houver registro de
de sindicalização forçada.
candidatura, será lavrada ata e convocada nova eleição no
prazo de 1 ano.

Composição da comissão: 1.2. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA SINDICAL

NÚMERO DE EMPREGADOS DA NÚMERO DE MEMBROS DA Esse princípio garante que os sindicatos possam se organizar
EMPRESA COMISSÃO sem interferências do Estado e das empresas.
Mais de 200 até 3 mil 3
Mais de 3 mil até 5 mil 5 Não há controle político estatal, e a criação dos sindicatos
Mais de 5 mil 7 também não dependerá de autorização.

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Art. 8º, I, CF: a lei não poderá exigir autorização do Estado para 1.6. PRINCÍPIO DA CRIATIVIDADE JURÍDICA DA NEGOCIAÇÃO
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão COLETIVA
competente, vedadas ao poder público a interferência e a
Se relaciona ao fato de que a negociação coletiva cria normas
intervenção na organização sindical.
jurídicas (comandos abstratos, gerais e impessoais).
Ou seja, é proibida a exigência de autorização para a criação do
sindicato, mas é necessário o registro no órgão competente
(ministério do trabalho). 1.7. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA VONTADE
COLETIVA

A reforma ampliou os poderes dos sindicatos para negociarem


1.3. PRINCÍPIO DA INTERVENIÊNCIA SINDICAL NA
a respeito de determinados assuntos. Nesse sentido, a CLT
NORMATIZAÇÃO COLETIVA
passou a prever a intervenção mínima do judiciário na
Esse princípio determina que a normatização coletiva, para ser autonomia da vontade coletiva.
válida, demanda a participação do sindicato representante dos
Art. 8º, §3º, CLT: no exame de CCT ou ACT, a JT analisará
trabalhadores.
exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do
Art. 8º, VI, CF: é obrigatória a participação dos sindicatos nas negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 do CC, e
negociações coletivas. balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima da
autonomia da vontade coletiva.
Já a participação dos sindicatos representantes dos
empregadores não é obrigatória. Assim, a autonomia dos entes coletivos ganhou forças. Se o
sindicato dos empregados participou e concordou com os
termos da negociação, seguindo as formalidades legais,

1.4. PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA ENTRE OS CONTRATANTES presume-se que ela é benéfica aos empregados e, segundo tal

COLETIVOS regra, não deveria ser posteriormente anulada pelo judiciário.

Apesar de existir nítido desequilíbrio entre empregado e


empregador, as partes envolvidas no direito coletivo (empresa,
2. NEGOCIAÇÃO COLETIVA DO TRABALHO
sindicato patronal e sindicato obreiro) possuem força
semelhante. A negociação abrande as convenções coletivas (CCT) e os
acordos coletivos (ACT), que são instrumentos pelos quais o
resultado da negociação coletiva é materializado.

1.5. PRINCÍPIO DA LEALDADE E TRANSPARÊNCIA NAS


• CCT: resultado da negociação entre sindicato dos
NEGOCIAÇÕES COLETIVAS
empregadores e sindicato dos empregados

A negociação coletiva deve transcorrer de forma leal e • ACT: resultado da negociação de uma ou mais

transparente, não se admitindo condutas que inviabilizem a empresas com o sindicato dos empregados

formulação das normas jurídicas juscoletivas (as CCT e os ACT).

As normas criadas pela negociação coletiva serão de


2.1. CONVENÇÃO COLETIVA DO TRABALHO
observância obrigatória pelas partes, motivo pelo qual sua
criação não pode ser prejudicada por atos desleais ou que Art. 611 CLT: CCT é o acordo de caráter normativo, pelo quais
atentem contra a boa-fé. dois ou mais sindicatos representativos de categorias

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econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho 3.2. CONTEÚDO


aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às
Tanto a CCT quanto o ACT possuem o mesmo conteúdo:
relações individuais de trabalho.

• Regras jurídicas: geram direitos e obrigações que irão


Assim, a CCT abrange toda a categoria profissional na base
se integrar aos contratos individuais de trabalho das
territorial do sindicato.
respectivas bases representadas. Consubstanciam a
Os empregados não são obrigados a filiar-se ao sindicato da sua razão de ser da negociação coletiva, enquanto
categoria, mas mesmo os não filiados são abrangidos pelas mecanismo criador de fontes normativas autônomas
disposições da CCT ou ACT. do direito do trabalho
• Cláusulas contratuais: criam direitos e obrigações para
as respectivas partes convenentes (sindicato obreiro e
2.2. ACORDO COLETIVO DE TRABALHO sindicato patronal ou empresas). Em geral, têm
presença reduzida nos instrumentos coletivos
Art. 611, §1º, CLT: é facultado aos sindicatos representativos de
categorias profissionais celebrar ACT com uma ou mais Ou seja, as cláusulas contratuais não criam direito ou

empresas da correspondente categoria econômica, que obrigações diretamente para os trabalhadores. Já as regras
estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da jurídicas, sim, irão representar direitos e obrigações para os
empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho. empregados.

O ACT é celebrado entre o sindicato dos trabalhadores e as Súmula 384 TST: I – o descumprimento de quaisquer cláusulas

empresas, não havendo participação ativa do sindicato dos constantes de instrumentos normativos diversos não submete

empregadores. o empregado a ajuizar várias ações, pleiteando em cada uma o


pagamento de multa referente ao descumprimento de
obrigações previstas nas cláusulas respectivas. II – é aplicável

3. CARACTERÍSTICAS DA CCT E ACT multa prevista em instrumento normativo em caso de

3.1. LEGITIMAÇÃO descumprimento de obrigação prevista em lei, mesmo que a


norma coletiva seja mera repetição do texto legal.
Na falta dos sindicatos, serão legitimados para figurarem no
polo subjetivo da negociação a federação ou a confederação
que represente a categoria.
3.3. FORMA

Art. 611, §2º, CLT: as federações e, na falta desta, as


Os ACT e CCT serão necessariamente escritos, sem emendas
confederações representativas de categorias econômicas ou
nem rasuras, em tantas vias quantos forem os sindicados ou
profissionais poderão celebrar CCT para reger as relações das
empresas acordantes, além de uma via destinada a registro.
categorias a elas vinculadas, inorganizadas em sindicatos, no
âmbito de suas representações. Requisitos para aprovação:

Centrais sindicais não possuem legitimação para • ACT: 1/3 dos associados

celebrar negociação coletiva. • CCT: 2/3 dos associados

Sobre a negociação coletiva e o serviço público: súmula 679 Sobre a publicidade do instrumento, a CLT estabelece a

STF: a fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode necessidade de apresentar a CCT e o ACT no prazo de 8 dias

ser objeto de CCT. contados da sua assinatura para ser registrado e arquivado no
ministério do trabalho.
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3.4. VIGÊNCIA Revisão: é o procedimento pelo qual as partes envolvidas na


negociação decidem alterar determinada cláusula durante a
Art. 614, §1º, CLT: as CCT e ACT entrarão em vigor 3 dias após a
vigência do instrumento.
data da entrega dos mesmos no ministério do trabalho.
Denúncia: significa que uma das partes pretende não cumprir o
instrumento coletivo em vigor, e comunica a outra parte de sua

3.5. DURAÇÃO intenção.

Art. 614, §3º, CLT: não será permitido estipular duração de CCT Revogação: tem lugar quando as partes decidem revogar as

ou ACT superior a 2 anos, sendo vedada a ultratividade. cláusulas, ou a totalidade, do ACT ou CCT.

A reforma trabalhista adotou a corrente que vinha sendo


entendida pelo STF, sendo legalmente adotada a teoria da
4. HIERARQUIA ENTRE CONVENÇÃO E ACORDO
aderência limitada do instrumento pelo prazo. Por essa teoria,
as disposições de ACT e CCT somente surtem efeitos durante a É possível que seja celebrado, sobre o mesmo tema e ao
vigência do diploma autônomo, não havendo aderência das mesmo tempo, ACT e CCT. Nesses casos, a reforma trabalhista
disposições juscoletivas nos contratos de trabalho. passou a prever que as condições de acordo sempre
prevalecerão sobre da convenção, pelo acordo ser mais
específico.

3.6. PRORROGAÇÃO, REVISÃO, DENÚNCIA OU REVOGAÇÃO


Nos casos de conflito entre um instrumento coletivo e um

Art. 615 CLT: o processo de prorrogação, revisão, denúncia ou contrato de trabalho, será aplicado o art. 619 CLT: nenhuma

revogação total ou parcial de CCT ou ACT ficará subordinado, disposição de contrato individual de trabalho que contrarie

em qualquer caso, à aprovação de assembleia geral dos normas de CCT ou ACT poderá prevalecer na execução do

sindicatos convenentes ou partes acordantes. mesmo, sendo considerada nula de pleno direito.

Art. 615, §1º, CLT: o instrumento de prorrogação, revisão, Assim, disposições do contrato individual que contrariem ACT

denúncia ou revogação de CCT ou ACT será depositado para ou CCT serão nulas de pleno direito.

fins de registro e arquivamento, na repartição em que o mesmo


originariamente foi depositado.
5. NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO
Art. 615, §2º, CLT: as modificações introduzidas em CCT ou
ACT, por força de revisão ou revogação parcial de suas A reforma trabalhista deu maior flexibilidade aos sindicatos
cláusulas passarão a vigorar 3 dias após a realização do para que eles transacionem sobre determinados assuntos.
depósito previsto no §1º.
Até a reforma, existia na jurisprudência um embate entre a
Sobre a prorrogação: a CLT prevê o limite máximo de 2 anos de corrente que defendia a possibilidade de flexibilização por meio
prorrogação para diplomas coletivos. de negociação coletiva, em alguns aspectos, e a corrente que
defendia a impossibilidade. Havia grande insegurança jurídica
OJ 322 SDI-I: é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos ACT e
quanto aos assuntos em que a flexibilização seria admitida.
das CCT. Assim sendo, é inválida, naquilo que ultrapassa o
prazo total de 2 anos, a cláusula de termo aditivo que prorroga A seguir temos um comparativo nos casos em que o
a vigência do instrumento coletivo originário por prazo instrumento coletivo poderá transacionar, e nos casos em que
indeterminado. não poderá. Observe que, geralmente, os assuntos que estão
fora da negociação são direitos constitucionais.
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Negociado prevalece: • Seguro de acidente do trabalho, a cargo do


empregador
• Pactuação da jornada de trabalho
• Proibição de discriminação do trabalhador com
• Banco de horas anual
deficiência
• Intervalo intrajornada (mínimo 30 minutos para
• Trabalho do menor: limites de idade
jornadas acima de 6 horas)
• Proteção legal de crianças e adolescentes
• Modalidade de registro de jornada de trabalho
• Normas especiais de proteção ao trabalho da mulher
• Troca do dia de feriado
• Prescrição
• Prorrogação de jornada em ambientes insalubres sem
• Igualdade de direitos dos avulsos
licença prévia do Ministério do Trabalho
• Liberdade de associação profissional ou sindical
• Teletrabalho
• Direito de greve
• Trabalho intermitente
• Serviços e atividades essenciais
• Remuneração por produtividade, incluindo por
• Atendimento das necessidades inadiáveis da
desempenho individual e gorjetas
comunidade
• Prêmios de incentivo em bens ou serviços
• Aposentadoria
• Participação nos lucros ou resultados
• Tributos e outros créditos de terceiros
• Plano de cargos e salários e identificação dos cargos
que se enquadram como funções de confiança
• Enquadramento do grau de insalubridade
• Representante dos trabalhadores no local de trabalho
• Adesão ao programa seguro emprego
• Regulamentação empresarial

Estão fora de negociação:

• Normas de identificação profissional, inclusive as


anotações na CTPS
• Seguro desemprego
• FGTS
• Salário mínimo
• 13º salário
• Adicional de horas extras
• Adicional noturno
• Proteção do salário
• Descanso semanal remunerado
• Férias
• Licença maternidade e paternidade
• Proteção do mercado de trabalho da mulher
• Aviso prévio
• Adicionais de atividades penosas, insalubres ou
perigosas

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DANO MORAL enquanto realidade massificada, que a cada dia mais reclama
situações jurídicas para sua proteção.
Tanto o dano moral quanto o dano material atingem o
patrimônio jurídico da pessoa. No dano material, ocorre a José Afonso Dallegravde: dano moral em ricochete é aquele

perda de uma coisa economicamente apurável. Já no moral, que, embora decorrente de um fato ocorrido com determinada

atingem-se bens jurídicos tutelados (como a honra, moral etc). pessoa, possui o condão de atingir o patrimônio moral de
terceiros, notadamente daqueles que possuem vinculação
Belmonte: a responsabilidade por dano moral consiste no dever afetiva mais estreita com a vítima direta (exemplo: morte do
de composição do dano físico ou psicológico imposto à pessoa filho por acidente de trabalho).
humana, ao bom nome da PJ ou ainda aos valores culturais de
certa comunidade. Apesar do legislador buscar, com a reforma (pelo art. 223-B
CLT, ao dizer que os titulares têm o direito exclusivo à
Em qualquer caso de dano moral, o empregado deverá pleitear reparação), excluir o dano moral coletivo e o em ricochete,
judicialmente a composição do dano sofrido, sendo que caberá ainda são admissíveis esses tipos de danos.
ao juiz fixar o valor da indenização, no exercício do poder
discricionário. Para essa fixação, o juiz considera diversos Art. 223-B CLT: causa dano de natureza extrapatrimonial a ação

fatores: art. 223-G CLT: ao apreciar o pedido, o juiz considerará: ou omissão que ofenda a esfera moral ou a existencial da PF ou
PJ, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação.
I. A natureza do bem jurídico tutelado
II. A intensidade do sofrimento ou da humilhação A reforma também buscou definir quais são os direitos

III. A possibilidade de superação física ou psicológica tutelados pelo ordenamento que, com a violação, causam

IV. Os reflexos pessoais e sociais da ação ou omissão direito à reparação:

V. A extensão e a duração dos efeitos da ofensa


Pessoa física:
VI. As condições em que ocorreu a ofensa ou o
prejuízo moral • Honra
VII. O grau de dolo ou culpa • Imagem
VIII. A ocorrência de retratação espontânea • Intimidade
IX. O esforço efetivo para minimizar a ofensa • Liberdade de ação
X. O perdão, tácito ou expresso • Autoestima
XI. A situação social e econômica das partes • Sexualidade
envolvidas • Saúde
XII. O grau de publicidade da ofensa • Lazer
• Integridade física
Art. 223-F CLT: a reparação por danos extrapatrimoniais pode
ser pedida cumulativamente com a indenização por danos Pessoa jurídica:
materiais decorrentes do mesmo ato lesivo.
• Imagem
Como o dano moral envolve os direitos da personalidade, a
• Marca
indenização reparatória de dano moral também tem sido
• Nome
considerada direito personalíssimo. Logo, o dano moral
• Segredo empresarial
também é personalíssimo. Entretanto, é possível haver o dano
• Sigilo da correspondência
moral coletivo e dano moral em ricochete.
Além disso, a reforma também estabeleceu parâmetros de
Leonardo Roscoe Bessa: dano moral coletivo é quando o dano
valores da indenização conforme o grau da ofensa:
atinge direitos de personalidade do grupo ou coletividade
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• Ofensa leve: 3x o último salário do empregado EMPREGADOS DOMÉSTICOS


• Ofenda média: 5x o último salário do empregado
Após a LC /150/15, para ser considerado doméstico é preciso
• Ofensa grave: 20x o último salário do empregado
que a pessoa trabalhe por mais de 2x na semana na mesma
• Ofensa gravíssima: 50x o último salário do empregado
residência.
Se houver reincidência entre partes idênticas, haverá a
Art. 1º LC 150: ao empregado doméstico, assim considerado
possibilidade de se elevar a indenização ao dobro.
aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada,
Súmula 439 TST: nas condenações por dano moral, a onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à
atualização monetária é devida a partir da data da decisão de família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 dias por
arbitramento ou de alteração do valor. Os juros incidem desde semana, aplica-se o disposto nesta lei.
o ajuizamento da ação.
São exemplos de domésticos: aquele que realiza tarefas e lavar,
Ou seja: passar roupas, cozinhar, arrumar casa, aquele que trabalha
como babá, caseiro, enfermeiro particular, motorista, ente
• Atualização monetária: a partir da decisão
outros.
• Juros: a partir do ajuizamento da ação
Para que seja caracterizado o trabalho doméstico, não pode
Em 2017 a DSI-I do TST detalhou os casos em que a exigência
haver finalidade lucrativa. Portanto, se o empregador começa a
de certidão de antecedentes criminais caracteriza lesão moral
vender os bolos que a empregada doméstica faz, o trabalho
ao trabalhador, com a consequente indenização por danos
deixa de ser doméstico e passa a ser trabalho urbano comum.
morais. Assim, conforme TST, não é legítima e caracteriza lesão
moral a exigência de antecedentes criminais de candidato a É proibido expressamente o trabalho doméstico aos menores
emprego quando: de 18 anos.

• Traduzir tratamento discriminatório


• Não se justificar em razão de previsão em lei
1. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO
• Não se justificar pela natureza do ofício ou do grau
especial de fidúcia exigido A lei dos domésticos permite a celebração de contratos por
prazo determinado nas seguintes hipóteses:

• Contrato de experiência (máximo 90 dias)


• Necessidades familiares transitórias (máximo de 2
anos)
• Substituição temporária de empregado doméstico
com contrato de trabalho interrompido ou suspenso
(máximo de 2 anos)

1.1. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

Art. 5º LC 150: o contrato de experiência não poderá exceder


90 dias.

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Art. 5º, §1º, LC 150: o contrato de experiência poderá ser A LC 150 permitiu a compensação da jornada, de modo que o
prorrogado 1 vez, desde que a soma dos 2 períodos não excesso de horas de um dia poderá ser compensado em outro
ultrapasse 90 dias. dia.

Caso qualquer dessas condições seja descumprida, o contrato Art. 2º, §4º, LC 150: poderá ser dispensado o acréscimo de
será considerado como por prazo indeterminado. salário e instituído regime de compensação de horas, mediante
acordo escrito entre empregador e empregado, se o excesso de
horas de um dia for compensado em outro dia.

1.2. EFEITOS RESCISÓRIOS DOS CONTRATOS POR PRAZO


Diferenças entre a compensação dos domésticos e dos
DETERMINADO
empregados da CLT:

Durante a vigência desses contratos por prazo determinado


• Forma de pactuar a compensação: para os domésticos
não é exigido o aviso prévio.
basta o acordo escrito entre empregado e

Art. 8º LC 150: durante a vigência dos contratos por prazo empregador (para os empregados da CLT é necessário

determinado não será exigido o aviso prévio. CCT ou ACT)


• Nem todas as horas extras prestadas pelos
domésticos podem ser compensadas ao longo de 1

1.2.1. Rescisão antecipada promovida pelo empregador ano:


o Primeiras 40h extras prestadas no mês:
Quando a iniciativa da rescisão antecipada é do empregador, devem ser pagas como horas extras ou
ele é obrigado a pagar ao empregado, a título de indenização, compensadas ao longo do mês
metade da remuneração a que o empregado teria direito até o o Próximas horas: aí sim poderão ser
fim do contrato, assim como ocorre nos contratos por prazo compensadas ao longo de 1 ano
determinado da CLT quando não há cláusula assecuratória de
direito recíproco de rescisão. Num resumo:

HORAS EXTRAS OPÇÕES


Até a 40ª horas Compensa dentro
Empregador paga ou
1.2.2. Rescisão antecipada promovida pelo empregado extra do próprio mês
A partir da 41ª Compensa ao
Empregador paga ou
Assim como ocorre nos contratos da CLT, quando a iniciativa é hora extra longo de 1 ano

do empregado, o empregador poderá descontar-lhe os Art. 12 LC 150: é obrigatório o registro do horário de trabalho
prejuízos que decorreram dessa rescisão antecipada. do empregado doméstico por qualquer meio manual, mecânico
ou eletrônico, desde que idôneo.
Art. 7º, p.ú., LC 150: a indenização não poderá exceder aquela a
que teria direito o empregado em idênticas condições. Em regra, os domésticos não poderão trabalhar nos domingos e
feriados. Caso trabalhem, ou deverão compensar esse dia ou
deverão receber em dobro, sem prejuízo do DSR.
2. JORNADA
Art. 2º, §7º, LC 150: os intervalos previstos nesta lei, o tempo
Após a EC 72/13, a jornada dos domésticos passou a ser de repouso, as horas não trabalhadas, os feriados e os
limitada a 8h diárias e 44h semanais. domingos livres em que o empregado que mora no local de
trabalho nele permaneça não serão computados como horário
de trabalho.

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2.1. INTERVALO INTRAJORNADA flexibilidade às relações trabalhistas. A LC 150 permite, até


mesmo, que os intervalos para repouso e alimentação não
Intervalo intrajornada do empregado que não reside no local
concedidos sejam indenizados, de forma semelhante à reforma
de trabalho: para esses empregados, a regra para concessão do
trabalhista.
intervalo intrajornada é, no mínimo 1h e, no máximo 2h, sem
especificação de jornada (como há na CLT).

Mas, buscando conferir flexibilidade para essas relações, a LC 3. FÉRIAS


admite que o horário de almoço seja reduzido para 30 minutos,
Enquanto para os empregados da CLT, há necessidade de
desde que sejam liberados do trabalho 30 minutos mais cedo e
concordância do empregado para o fracionamento das férias
que esse acordo se dê por escrito.
(em até 3 períodos), para o doméstico, o fracionamento (em
Intervalo intrajornada do empregado que reside no local de até 2 períodos) se dá a critério do empregador.
trabalho: a LC permite a divisão do intervalo em 2 períodos,
Art. 17, §2º, LC 150: o período de férias poderá, a critério do
com limite mínimo de 1h cada um, sendo que os dois, somados,
empregador, ser fracionado em até 2 períodos, sendo 1 deles
deverão observar o limite de 4h.
de, no mínimo, 14 dias corridos.
Caso o intervalo intrajornada seja modificado, será necessário
Art. 17, §5º, LC 150: é lícito ao empregado que reside no local
anotá-los nos controles de frequência.
de trabalho nele permanecer durante as férias.

2.2. TEMPO PARCIAL


4. VIAGEM COM A FAMÍLIA
O trabalho por tempo parcial do doméstico é diferente do
Para que os empregados viajem com a família para a qual
previsto na CLT. Para os domésticos, será de, no máximo, 25h
trabalha, é necessário um acordo prévio entre as partes.
semanais. Para qualquer doméstico em tempo parcial é
autorizada a realização de 1h extra diária, mediante acordo Nesse sentido, a LC 150 prevê um adicional de, no mínimo 25%
escrito entre empregado e empregador. sobre a remuneração hora do empregado doméstico que
acompanhar o empregador prestando serviços em viagem. Para
Duração das férias do doméstico em tempo parcial: os
esse cálculo, so será consideras as horas efetivamente
trabalhadores domésticos gozam de menos de 30 dias de
trabalhadas no período, podendo ser compensadas as horas
férias, a depender da duração semanal do trabalho:
extras em outro dia.
DURAÇÃO SEMANAL DO DIAS DE FÉRIAS
TRABALHO
Menos de 22h 18 dias corridos
Entre 20h e 22h 16 dias corridos 5. VALE TRANSPORTE
Entre 15h e 20h 14 dias corridos
Entre 10h e 15h 12 dias corridos A LC 150 deixa claro a possibilidade de o empregador fazer o
Entre 5h e 10h 10 dias corridos pagamento desse benefício em dinheiro.
Menos de 5h 8 dias corridos

2.3. ESCALA 12X46

Para os domésticos também pode ser estabelecido, mediante


acordo escrito, a jornada de 12x36, conferindo bastante

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6. DESCONTOS aposentadoria, o empregador poderá recuperar a totalidade


dos valores pagos.
Em regra, é vedada a realização de descontos no salário dos
empregados domésticos. Entretanto, excepcionalmente, alei 7.1. JUSTA CAUSA
faculta a realização de alguns descontos, da seguinte forma (até
Art. 27 LC 150: considera-se justa causa para os efeitos dessa
o limite de 20% do salário):
lei:
• Adiantamento salarial
I. Submissão a maus tratos de idoso, de enfermo,
• Desde que acordado por escrito entre as partes
de direto do empregado
• Planos de assistência médico-hospitalar e
II. Prática de ato de improbidade
odontológica
III. Incontinência de conduta ou mau procedimento
• Seguro
IV. Condenação criminal do empregado transitada
• Previdência privada
em julgado, caso não tenha havido suspensão da

Ainda que constituam utilidades para os empregados, essas execução da pena

despesas não têm natureza salarial e não se incorporam à V. Desídia no desempenho das respectivas funções

remuneração do empregado. VI. Embriaguez habitual ou em serviço


VIII. Ato de indisciplina ou insubordinação
Em relação à moradia, os empregados domésticos IX. Abandono de emprego, assim considerada a
não são obrigados a pagar aluguel se morarem no ausência injustificada ao serviço por, pelo menos,
imóvel onde trabalham, de modo que o empregador 30 dias corridos
não poderá lhes descontar a moradia dessa X. Ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas
situação. físicas praticadas em serviço contra qualquer
pessoa, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem
7. RESCISÃO CONTRATUAL XI. Ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas
físicas praticadas contra o empregador
A LC 150 inovou ao criar um fundo para pagamento de
doméstico ou sua família, salvo em caso de
indenização ao empregado no caso de despedida sem justa
legítima defesa própria ou de outrem
causa.
XII. Prática constante de jogos de azar

A cada mês o empregador é obrigado a depositar 3,2% da


remuneração mensal do empregado. Ao final do contrato de
trabalho, caso o empregador seja demitido sem justa causa, ele 7.2. RESCISÃO INDIRETA
terá direito a sacar esse fundo (e essa será sua indenização).
Aplica-se aos domésticos as mesmas hipóteses de rescisão
Assim, o doméstico não tem direito à multa de 40% do FGTS indireta do art. 483 da CLT, mais o seguinte:
como os empregados celetistas.
Art. 27, p.ú., LC 150: o contrato de trabalho do doméstico
Se o contrato for rompido por culpa recíproca, o empregado poderá ser rescindido por culpa do empregador quando:
poderá sacar metade desses valores depositados.
VII. O empregador praticar qualquer das formas de
Mas, se o contrato terminar por demissão por justa causa, violência doméstica ou familiar contra mulheres
pedido de demissão, término do contrato por prazo de que trata a lei Maria da Penha
determinado, falecimento do empregado ou sua

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8. FGTS 11. SALÁRIO FAMÍLIA

Com a LC 150 tornou-se obrigatório o depósito mensal do FGTS O empregado doméstico passou a ter direito ao salário família
por parte dos empregadores domésticos, com alíquota de 8%. em igualdade de condições com o empregado não doméstico.
E, para receber o benefício, basta que o empregado doméstico
Assim, ao serem demitidos sem justa causa, os empregados
entregue a certidão de nascimento do seu filho menor de 14
domésticos poderão sacar os valores recolhidos no âmbito do
anos ao seu empregador.
contrato de trabalho em questão.

Além do saque do FGTS, o empregado demitido poderá sacar a


indenização de 3,2% mensal.

9. SEGURO DESEMPREGO

Art. 26 LC 150: o empregado doméstico que for dispensado


sem justa causa fará jus ao benefício do seguro desemprego, no
valor de 1 SM, por período máximo de 3 meses, de forma
contínua ou alternada.

Art. 26, §2º, LC 150: o benefício do seguro desemprego será


cancelado, sem prejuízo das demais sanções civis e penais
cabíveis:

I. Pela recusa, por parte do trabalhador


desempregado, de outro emprego condizente
com sua qualificação registrada ou declarada e
com sua remuneração anterior
II. Por comprovação de falsidade na prestação das
informações necessárias à habilitação
III. Por comprovação de fraude visando à percepção
indevida do benefício seguro desemprego
IV. Por morte do segurado

10. PRESCIÇÃO

Art. 43 LC 150: o direito de ação quanto a créditos resultantes


das relações de trabalho prescreve em 5 anos até o limite de 2
anos após a extinção do contrato de trabalho.

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FGTS • Suspensão total do trabalho avulso por período igual


ou superior a 90 dias, comprovada por declaração do
FGTS é uma poupança forçada suportada exclusivamente pelo
sindicato
empregador. Todos os meses, ao quitar o salário e demais
• Aquisição de órtese ou prótese por trabalhador com
adicionais, o empregador deverá depositar, numa conta
deficiência para promoção de acessibilidade e de
vinculada do trabalhador, 8% da sua remuneração. Veja que,
inclusão social
para fins de FGTS, não há desconto a ser suportado pelo
• Pagamento total ou parcial do preço de aquisição de
trabalhador. Esses depósitos destinam-se à indenização por
imóveis da União inscritos em regime de ocupação ou
tempo de serviço do empregado.
aforamento

Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos • Extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-

monetariamente com base nos parâmetros fixados para A da CLT

atualização dos saldos dos depósitos de poupança e


RESUMO DO FGTS
capitalização de juros de 3% ao ano.
Poupança forçada suportada
CONCEITO
O valor dos depósitos mensais e de indenização rescisória do exclusivamente pelo empregador

FGTS constituem objeto ilícito de convenção ou acordo coletivo Empregados urbanos, rurais e
DIREITO AO FGTS
de trabalho. domésticos e trabalhadores avulsos
FGTS FACULTATIVO Diretor não empregado
O fato de um empregado ficar afastado da sua
8% sobre a remuneração (aprendiz a
empresa empregadora por auxílio-doença ALÍQUOTA
alíquota é 2%)
acidentário em razão de doença degenerativa afasta
PRAZO PARA O Até o dia 7 de cada mês
o nexo de causalidade entre a doença e o trabalho
DEPÓSITO
e, em consequência, torna indevidos os depósitos
INDENIZAÇÃO DE Dispensa sem justa causa e rescisão
do FGTS.
40% SOBRE O FGTS indireta
INDENIZAÇÃO DE Culpa recíproca, força maior e distrato
Hipóteses de saque dos depósitos: a conta é chamada de
20%
vinculada porque o empregado não tem a liberdade de sacar o
dinheiro quando quiser, mas somente nas seguintes hipóteses: Até 10% do saldo na conta vinculada
Até 100% do valor da multa do FGTS
EMPRÉSTIMO
• Contrato nulo paga pelo empregador na hipótese de
CONSIGNADO COM
• Aposentadoria pela Previdência Social despedida sem justa causa ou de
O FGTS
• Compra da casa própria despedida por culpa recíproca ou força
• Doenças graves do trabalhador e de seus maior
dependentes PARCELAS Não há incidência do FGTS, salvo no
• Compra de ações INDENIZATÓRIAS aviso-prévio indenizado
• 70 anos ou mais 2 anos a contar da extinção do contrato
• Calamidades públicas (para recuperar os bens PRESCRIÇÃO para ingressar na JT. Poderá se pleitear
perdidos) os últimos 5 anos
• Término do contrato de trabalho, exceto se for justa
causa ou pedido de demissão
• Conta inativa após 3 anos ininterruptos
• Falecimento do trabalhador

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DIREITO DE GREVE pararem de trabalhar para protestar contra a venda de estatais


à iniciativa privada podem ter os salários descontados.
Greve é a paralisação pacífica e temporária do trabalho pelos
empregados com objetivo de atender as reivindicações da Comunicação: o sindicato patronal e a empresa interessada

categoria, ou mesmo a fixação de melhores condições de serão visados da greve com antecedência mínima de 48h para

trabalho. as atividades comuns. Se a atividade for essencial o aviso


ocorrerá com no mínimo 72h antes da paralisação.
Art. 2º lei 7783/89: para os fins desta lei, considera-se legítimo
exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e Art. 10 lei 7783/89: são considerados serviços ou atividade

pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a essenciais:

empregador.
I. Tratamento e abastecimento de água, produção e

Natureza jurídica: suspensão do contrato distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis


II. Assistência médica e hospitalar
Dispensa: em regra não pode haver dispensa do empregado, III. Distribuição e comercialização de medicamentos e
salvo alguns casos.
alimentos
IV. Funerários
Greve abusiva, quem declara? Justiça do trabalho.
V. Transporte coletivo
OJ 38 SDC: é abusiva a greve que se realiza em setores que a lei VI. Captação e tratamento de esgoto e lixo
define como sendo essenciais à comunidade, se não é VII. Telecomunicações
assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis VIII. Guarda, uso e controle se substâncias radioativas,
dos usuários do serviço, nas formas prevista na lei 7783/89. equipamentos e materiais nucleares
IX. Processamento de dados ligados a serviços essenciais
OJ 11 SDC: é abusiva a greve levada a efeito sem que as partes
X. Controle de tráfego aéreo
hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito
XI. Compensação bancária
que lhe constituiu o objeto.
XII. Atividades médico-periciais relacionadas com o
Art. 14 lei 7783/89: constitui abuso do direito de greve a regime geral de previdência social e assistência social
inobservância das normas contidas na presente lei, bem como XIII. Atividades médico-periciais relacionadas com a
a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, caracterização do impedimento físico, mental,
convenção ou decisão da JT. intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por
meio da integração de equipes multiprofissionais e
Art. 14, p.ú. lei 7783/9: na vigência de ACT, CCT ou sentença
interdisciplinares, para fins de reconhecimento de
normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve
direitos previstos em lei, em especial do Estatuto da
a paralisação que:
Pessoa com Deficiência

I. Tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula XIV. Outras prestações médico-periciais da carreira de

ou condição perito médico federal indispensável ao atendimento

II. Seja motiva pela superveniência de fatos novos ou das necessidades inadiáveis da comunidade

acontecimentos imprevistos que modifiquem


Art. 11 lei 7783/89: nos serviços ou atividades essenciais, os
substancialmente a relação de trabalho
sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam

O TST (pela SDC) decidiu que greve para protestar contra obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a

privatização de estatal é abusiva, ainda que coloque em risco a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das

manutenção dos empregos. Ou seja, os trabalhadores que necessidades inadiáveis da comunidade.

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Art. 11, p.ú., lei 7783/89: são necessidade inadiáveis, da Art. 17 lei 7783/89: fica vedada a paralisação das atividades,
comunidade aquelas que, não atendidas coloquem em perigo por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar
iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos
população. respectivos empregados (lockout).

Art. 6º lei 7783/89: são assegurados aos grevistas, dentre Art. 17, p.ú, lei 7783/89: a prática referida no caput assegura
outros direitos: aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o
período de paralisação.
I. O emprego de meios pacíficos tendentes a
persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à
greve
II. A arrecadação de fundos e a livre divulgação do
movimento

Art. 6º, §1º, lei 7783/89: em nenhuma hipótese, os meios


adotados por empregados e empregadores poderão violar ou
constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.

Art. 6º, §2º, lei 7783/89: é vedado às empresas adotar meios


para constranger o empregado ao comparecimento ao
trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do
movimento.

Art. 6º, §3º, lei 7783/89: as manifestações e atos de persuasão


utilizadas pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao
trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade da pessoa.

Súmula vinculante 23: a JT é competente para processar e


julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do
direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

Art. 9º lei 7783/89: durante a greve, o sindicato ou a comissão


de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou
diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes
de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja
paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração
irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a
manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da
empresa quando da cessação do movimento.

Obs: o MPT, em caso de greve em atividade essencial com


possibilidade de lesão ao interesse público, poderá ajuizar
dissídio coletivo, competindo à JT decidir o conflito, conforme
previsto no art. 114, §3º da CF.

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