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Direito Do Trabalho Cnu
Direito Do Trabalho Cnu
Art. 8º, caput, CLT: “As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta
de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela
jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais
de direito, principalmente do direito do trabalho e, ainda, de acordo com os usos e
costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de
classe ou particular prevaleça sobre o interesse público”.
-In dubio pro operário: A regra “in dubio pro operário” é regra de interpretação de
normas jurídicas, segundo a qual, diante de vários sentidos possíveis de uma
determinada norma, o juiz ou o intérprete deve optar por aquele que seja mais
favorável ao trabalhador. Ou seja, quando houver uma regra com diversas
interpretações possíveis, o operador do direito deve aplicar aquela que for mais
vantajosa ao operário. Tem finalidade de proteger a parte mais frágil na relação
jurídica.
P.S:
O in dubio pro operario não se aplica integralmente ao processo do trabalho; pois,
no que tange ao campo probatório, havendo dúvida, à primeira vista, não se
poderia decidir a favor do trabalhador, mas verificar quem tem o ônus da prova no
caso concreto.
- Aplicação da norma mais favorável ao trabalhador: Determina que, havendo
mais de uma norma aplicável a um caso concreto, deve -se optar por aquela que
seja mais favorável ao trabalhador, ainda que não seja a que se encaixe nos
critérios clássicos de hierarquia de normas. A aplicação da regra da norma mais
favorável torna flexível a hierarquia das normas trabalhistas, devendo ser
considerada como mais importante, em cada caso concreto, a norma mais
favorável ao trabalhador, ainda que esta não seja a Constituição Federal ou uma
lei federal.
P.S:
O princípio da norma mais favorável ao trabalhador não deve ser entendido como
absoluto, não sendo aplicado, por exemplo, quando existirem leis de ordem
pública a respeito da matéria. São exemplos de matéria de ordem pública:
prescrição, nulidades de negócio jurídico, condições da ação, dos pressupostos
processuais.
P.S:
O acordo coletivo ou convenção coletiva prevalecerá sobre a lei, mesmo que
reduza ou suprima direitos previstos na lei, no regulamento interno da empresa, na
norma interna ou no plano de cargos e salários. O acordo coletivo de trabalho
sempre prevalecerá sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. A
regra mais específica prevalecerá sobre a menos – mais ampla.
Também pode ser entendido que essa norma não prevalece em caso de
trabalhadores considerados “hipersuficientes”, ou seja, que recebem duas vezes
ou mais o valor máximo da Previdência Social e que possuem diploma de curso
superior.
É importante destacar que essas regras não se aplicam ao salário mínimo, que
tem proteção especial garantida pela Constituição. Além disso, a Reforma
Trabalhista proíbe explicitamente a redução do salário mínimo por meio de
acordos coletivos.
- Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva: Proíbe alterações contratuais
prejudiciais ao empregado, conforme estipulado pelo artigo 468 da CLT. Essa
restrição se aplica a mudanças que causem prejuízo ao trabalhador. Contudo, o
princípio não impede alterações contratuais comumente realizadas na prática,
decorrentes do poder diretivo do empregador para administrar seu negócio,
conceituado como "jus variandi".
Exceções:
a) Alteração do contrato de trabalho, seja de presencial para telepresencial
(teletrabalho) por acordo mútuo registrado em aditivo contratual, ou de
telepresencial para presencial, por determinação unilateral do empregador. No
primeiro caso, não há direito a horas extras devido à impossibilidade de controle
de jornada. No segundo caso, é garantido um prazo de transição mínimo de quinze
dias, formalizado por aditivo contratual.
b) Redução ou eliminação de direitos por meio da flexibilização via normas
coletivas.
c) Supressão ou redução de benefícios, como ajuda de custo, auxílio-alimentação,
diárias para viagem e prêmios, limitados a cinquenta por cento da remuneração
mensal, com proibição do pagamento do auxílio-alimentação em dinheiro.
Ou seja:
O Art. 8º da CLT estabelece que, na ausência de normas legais ou contratuais
específicas, as autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho decidirão com
base em jurisprudência, analogia, equidade, princípios e normas gerais do direito,
priorizando o direito do trabalho. O direito comum é fonte subsidiária. Súmulas e
jurisprudência não podem restringir direitos legais. Ao examinar convenções e acordos
coletivos, a Justiça do Trabalho foca na conformidade dos elementos essenciais,
respeitando o Código Civil e o princípio da intervenção mínima na autonomia da
vontade coletiva.
Demissão:
A empregada gestante tem direito a 120 dias de licença, sem prejuízo do emprego e
salário. Ela deve notificar o empregador sobre o afastamento, que pode ocorrer entre o
28º dia antes do parto e o próprio parto. Os períodos de repouso antes e depois do
parto podem ser estendidos em duas semanas cada, mediante atestado médico.
Mesmo em caso de parto antecipado, a mulher mantém o direito aos 120 dias de
licença-maternidade. O legislador atribuiu idêntico direito à adotante em relação à
criança adotada.
A União instituiu, por lei, um programa chamado “empresa-cidadã”, cuja adesão pelas
pessoas jurídicas é voluntária. Se a pessoa jurídica empregadora aderiu ao programa,
a licença será aumentada em mais 60 dias tanto para a gestante como para a
adotante.
Já a licença-paternidade é de 5 dias. Entretanto, novamente, se a pessoa jurídica
aderir ao programa “empresa-cidadã”, então esse prazo pode aumentar mais 15 dias,
totalizando 20 dias.
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais – assistência gratuita aos filhos e
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-
escolas;
O regime de tempo parcial pode ser de duas formas: 1- não exceda a 30 horas
semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais OU 2- não exceda a
26 horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até 6 horas suplementares
semanais.
FGTS:
Todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês,
em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8% da remuneração
paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador. Os contratos de aprendizagem
têm a alíquota do FGTS reduzida para 2%.
Adiantamento.
Em caso de dano causado pelo empregado, desde que esta possibilidade
tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
Contrato coletivo/norma coletiva. Ex: É lícito o desconto salarial referente à
devolução de cheques sem fundos, quando o frentista não observar as
recomendações previstas em instrumento coletivo. Existe um procedimento
previsto na norma coletiva para o frentista verificar o cheque.
Quando o trabalhador aderiu voluntariamente a uma vantagem fornecida pelo
empregador, seja diretamente ou por contratação mediante terceiros. Ex:
Plano de saúde, clube recreativo, seguro. (Esse dispositivo não está no art.
462 da CLT, mas sim na súmula 342 do TST).
Relação de trabalho:
Podem ter várias espécies: Emprego, autônomo, avulso, estágio, voluntário, eventual.
São requisitos da relação de emprego = Sopa Não, Por Favor!
• Subordinação; Onerosidade; Pessoalidade; Alteridade; não eventualidade; PF
(Pessoa Física).
Ou seja, necessitar ter: prestação de serviços de forma pessoal por pessoa maior de
18 anos, contínua (mais de 2 (dois) dias por semana), subordinada, onerosa e de
finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial do empregador,
considerado no sentido lato, podendo ser casa de campo, praia, região metropolitana
e outros.
P.F: Algumas pessoas contratam pessoas físicas e obrigam o empregador a abrir uma
pessoa jurídica para não precisar pagar direitos. Fraude não pode ser presumida, tem
que ser comprovada pelo alegante. > Fraude.
Pessoalidade: intuitu personae. Existe uma infugibilidade na prestação de serviços.
Obs1: cuidado com o princípio da despersonalização da figura do empregador. Um
exemplo seria a sucessão de empresas, que não altera o contrato de trabalho do
empregador.
Obs2: Eventual substituição concedida não perde vínculo de emprego.
Obs3: Teletrabalho ou trabalho domiciliar também não perde vínculo de emprego.
A alteridade seria o risco do negócio/da atividade econômica, que deve ser assumido
pelo empregador.
A relação de trabalho é um conceito mais amplo, abrangendo qualquer tipo de
vínculo laboral, seja ele regido pela CLT ou não. Por outro lado, a relação de
emprego é uma forma específica de relação de trabalho, caracterizada por elementos
como subordinação, pessoalidade, onerosidade e habitualidade
Onerosidade objetiva: contraprestação (receber por prestação de serviço), ou seja,
retribuição. Onerosidade subjetiva: Animus contrahedi, ou seja, tem que ter vontade
do empregado de relação de trabalho.
Para ter relação de emprego, precisa-se ter onerosidade objetiva e subjetiva.
No que tange ao trabalho entre membros de uma mesma família, essa condição não
afasta, por si só, o vínculo empregatício.
O trabalho no presídio não está regido ao CLT.
Não-eventualidade é a mesma coisa que habitualidade, mas isso não significa
continuidade. No caso de continuidade para empregada doméstica, deve-se trabalhar
3 ou mais dias da semana. Mas é só uma presunção, ou seja, cada caso depende.
O que seria trabalho eventual? Surgiram várias teorias, mas nenhuma é 100%. Por
isso, se faz uma conjugação. A falha de uma delas não tira de você a condição de
trabalhador eventual.
Teoria da descontinuidade: Sugere que o trabalhador eventual é aquele que presta
serviço descontínuos. O CLT não aceita essa teoria porque existem trabalhadores
descontínuos, mas eles ainda são trabalhadores habituais e por isso, não-
eventuais.
Ex.: um trabalhador é vendedor no cinema, trabalhando apenas sextas, sábados e
domingos. Existe habitualidade, mas a teoria da descontinuidade entenderia como um
trabalho eventual. É possível ter uma situação de não continuidade, mas habitual. A
continuidade está dentro da habitualidade. O garçom que trabalha três dias por
semana, por exemplo, tem um trabalho habitual, mas descontínuo.
Teoria do evento: É aquele que trabalha pontualmente, especificamente,
esporádica, de curtíssima duração. Ex.: encanador ou eletricista para resolver um
problema pontual.
No entanto, há situações em que essa teoria não consegue explicar de maneira
adequada. Ex.: a fábrica não contratou nenhum empregado. A máquina quebra e ela
chama um técnico para fazer o serviço específico. A máquina quebra várias vezes na
mesma semana e ele é chamado diversas vezes. Não deixou de ser um trabalhador
eventual, mas não é mais episódico o seu trabalho.
Teoria dos fins de empreendimento: O eventual é aquele que presta serviços na
atividade meio do tomador de serviço, se fosse empregado atuaria na atividade fim de
serviços. Ex.: a empresa vende peças de carros e deu um problema no encanamento
do banheiro. Ela teve que chamar o encanador. A atividade dele não está ligada à
atividade finalística
Teoria da fixação jurídica: O eventual se vincula a diversos tomadores de serviço.
Ou seja, ele presta serviço para várias pessoas, ele não é fixo.
Subordinação:
Subordinação técnica: o conhecimento dependente do empregador, mas hoje caiu
por terra porque, hoje em dia, a maioria dos empregados detém o conhecimento.
Subordinação econômica: Dependência financeira do empregado ao empregador.
Ex.: Danilo, operador de câmera, recebeu uma herança muito grande. Ele não precisa
continuar sendo operador, mas pode continuar sendo empregado. A lógica referente à
dependência financeira não é boa para explicar o elemento de existência da
subordinação.
Subordinação jurídica: a relação de trabalho envolve a disponibilização da força de
trabalho pelo empregado em troca de uma contraprestação do empregador,
configurando a formação de um contrato. Tradicionalmente refere-se à aceitação de
ordens diretas do superior hierárquico. No entanto, é crucial reconhecer que a
subordinação pode assumir diversas formas, não se limitando apenas à hierarquia de
comando convencional.
a) Portuário: O navio paga o operador portuário que paga o OGMO que paga o
trabalhador avulso portuário. Só pode contratar trabalhadores avulsos
portuários devidamente registrados na OGMO. As atividades feitas pelo
trabalhador portuário: capatazia (transporte de mercadoria dentro do porto),
estiva (transporte de mercadoria nos porões das embarcações), conferência de
carga, conserto de carga, bloco (limpeza) e vigilância de embarcações.
Trabalho Voluntário
Atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer
natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos,
culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência.
A lei apresenta trabalhos voluntários como exemplos, mas não limita a definição
apenas aos casos explicitamente mencionados, permitindo interpretações mais
amplas.
O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza
trabalhista, previdenciária ou afim.
O termo de adesão para trabalho voluntário é necessário de acordo com a Lei
9.608/98. A jurisprudência destaca que a apresentação desse termo inverte o ônus
da prova, exigindo que o prestador do serviço voluntário prove a existência de fraude
se quiser contestar a natureza voluntária do trabalho. A ausência do termo muda a
dinâmica, colocando a responsabilidade de comprovar a natureza voluntária da
relação sobre a entidade que alega o trabalho voluntário.
A natureza voluntária do serviço é avaliada não apenas formalmente, mas também
considerando o aspecto imaterial do evento, levando em conta as circunstâncias
excepcionais. Mas tem possibilidade de ressarcimento de despesas.
O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que
comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. Parágrafo
único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas
pela entidade a que for prestado o serviço voluntário.
Estágio
Estágio é uma atividade educativa supervisionada no ambiente de trabalho,
preparando estudantes em diversos níveis de ensino, incluindo superior, médio e
educação especial.
O estágio obrigatório é aquele especificado no projeto do curso, sendo necessário
para aprovação e obtenção do diploma. Em contrapartida, o estágio não obrigatório é
uma atividade opcional, adicionada à carga horária regular e obrigatória.
O estágio não cria vínculo empregatício.
É uma relação trilateral: parte concedente, o próprio estagiário e a instituição de
ensino.
Número máximo de estagiários:
– 1 a 5 empregados: 1 estagiário;
– 6 a 10 empregados: até 2 estagiários;
– 11 a 25 empregados: até 5 estagiários;
– Acima de 25 empregados: até 20% de estagiários. (Se der número quebrado,
arredonda pra cima)
Empregados e empregadores:
Art. 2º Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os
riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de
serviço.
São equiparados ao empregador os profissionais liberais, as instituições de
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos
Consórcio de empregadores:
É formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que concedem poderes
a um deles para contratar, gerir e demitir trabalhadores para prestação de serviços
exclusivamente aos integrantes do consórcio. Essa outorga de poderes deve ser
registrada em cartório de títulos e documentos.
O documento que formaliza o consórcio deve conter informações detalhadas sobre
cada produtor, incluindo identificação, endereço pessoal, endereço da propriedade
rural, registro no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e
informações sobre parcerias, arrendamentos ou equivalente. Além disso, é necessário
fornecer a matrícula no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de cada produtor
rural.
Poderes do empregador:
Fiscalizatório, diretivo, regulamentar e disciplinar.
- 1 Poder diretivo:
Refere-se à capacidade dos empregadores de organizar e dirigir o processo
produtivo, determinando tarefas, métodos de produção e estrutura. Também
conhecido como poder de comando, ele não é absoluto e está sujeito a limites legais,
éticos e acordos coletivos, sendo regulado por princípios, leis, bons costumes e
normas administrativas.
Obs:
Não se pode criar uma "lista suja" por parte dos empregadores, que incluiria os nomes
de trabalhadores envolvidos em ações judiciais ou movimentos grevistas. A
jurisprudência considera essa prática como uma conduta discriminatória, causadora de
dano moral individual e coletivo.
O estresse acentuado decorrente do risco da função, que inclui um desvio irregular
das atividades contratadas originalmente, configura dano moral.
Responsabilidade objetiva por dano e estresse acentuado pela teoria do risco. A
teoria do risco profissional fala sobre atividades com riscos acentuados. Com base
nisso, impôs-se a responsabilidade objetiva do empregador, independentemente de
culpa, resultando na concessão de indenização por danos morais e materiais ao
trabalhador.
Logomarca em uniforme:
Antes da Reforma Trabalhista, a jurisprudência reconhecia o direito à indenização
por danos morais nos casos de uso não autorizado da imagem do empregado para
fins comerciais. O Código Civil, em seu artigo 20, dispõe que a divulgação não
autorizada da imagem de uma pessoa pode ser proibida, a seu requerimento, se
atingir a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinar a fins comerciais.
Após a reforma trabalhista, o empregador ganhou a prerrogativa de definir o padrão
de vestimenta no ambiente de trabalho, incluindo logomarcas da empresa nos
uniformes.
Uso de imagem sem autorização:
A Súmula 403 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabelece que, para a
indenização pela publicação não autorizada da imagem de uma pessoa com fins
econômicos ou comerciais, não é necessário comprovar o prejuízo. Isso significa
que, nesse contexto, o dano moral é presumido, sendo suficiente a constatação da
utilização não autorizada da imagem para fins lucrativos.
Cobrança de metas: A jurisprudência enfatiza que a cobrança de metas, por si só,
não é considerada abusiva. No entanto, ressalta-se que ameaçar trabalhadores com
transferência ou demissão por não atingirem as metas estabelecidas configura
conduta abusiva e direcionar ofensas de qualquer espécie também.
Além disso, a prática de divulgar coletivamente o número de pausas usufruídas por
cada empregado, juntamente com as metas individuais atingidas, é considerada
abusiva.
A jurisprudência também já destacou que extrapola a razoabilidade a imposição de
realização de "micos" e "prendas" vexatórias aos vendedores que não atingem as
metas preestabelecidas. Entretanto, a jurisprudência destaca que a exposição do
"ranking" de produtividade não configura, por si só, afronta à dignidade do
empregado, e a cobrança de metas, assim como a comparação de resultados entre os
empregados, não representa ofensa moral.
Direito Regulamentar
Derivado do poder diretivo do empregador, permite a criação de normas gerais para os
trabalhadores e o processo produtivo, expressas em documentos como regulamentos
e ordens de serviço. Essas normas, uma vez estabelecidas, integram o contrato de
trabalho. Contudo, o poder regulamentar tem limites, não podendo violar princípios,
leis, normas coletivas, bons costumes e ética corporativa.
Poder fiscalizatório:
Derivado do poder diretivo, concede ao empregador a prerrogativa de monitorar e
supervisionar o desempenho das atividades dos trabalhadores, além de zelar por seus
bens, utilizando métodos de controle. No entanto, esse poder encontra limitações em
leis, princípios, normas coletivas e bons costumes.
Um exemplo de restrição é a proibição, prevista no artigo 373-A da CLT, de realizar
revistas íntimas que envolvam desnudamento de empregadas ou funcionárias, salvo
nas situações permitidas por disposições legais específicas ou acordos trabalhistas.
Princípio da Proporcionalidade:
Ambos os casos aplicaram o princípio da proporcionalidade, avaliando a adequação,
necessidade e benefício alcançado pela medida em relação aos direitos individuais,
concluindo que o interesse público de segurança justificava as restrições individuais.
Conclusão: Em ambos os casos, a segurança pública e a preservação de valores
coletivos foram consideradas mais importantes do que os direitos individuais dos
trabalhadores, justificando as medidas adotadas.
Revista de bolsas e pertences:
Em um caso de pedido de indenização por danos morais coletivos decorrentes de
revista realizada em bolsas e pertences de empregados, prevaleceu o entendimento
de que o poder diretivo e fiscalizador do empregador permite a realização de revista
visual em bolsas e pertences dos empregados, desde que seja feita de forma
impessoal, geral, sem contato físico ou exposição do funcionário a situações
humilhantes.
A jurisprudência destacou que as revistas em bolsas, sacolas e pertences são
toleradas apenas em situações generalizadas, sem contato físico, e que não
exponham o trabalhador à presença de terceiros, realizada de maneira razoável e
sem caráter discriminatório, não configura ato ilícito.
Monitoramento de e-mail:
A jurisprudência destacou que o e-mail corporativo possui a natureza jurídica de
ferramenta de trabalho, e, portanto, é permitido ao empregador monitorar e rastrear a
atividade do empregado, incluindo a verificação das mensagens quanto à quantidade,
horários de expedição, destinatários e conteúdo. Desde que isso esteja de acordo com
as normas internas da empresa, com expressa previsão de gravação e monitoramento
do correio eletrônico, e que o colaborador não deve ter expectativa de privacidade na
sua utilização.
O uso do e-mail corporativo para atividades particulares poderia gerar punições, mas,
em regra, não deveria resultar em dispensa por justa causa, especialmente se
existirem procedimentos disciplinares progressivos estabelecidos pela empresa.
A jurisprudência considerou que os direitos à privacidade e ao sigilo de
correspondência aplicam-se estritamente à comunicação pessoal, incluindo e-mails
particulares. Assim, apenas o e-mail pessoal ou particular do empregado, utilizando
provedor próprio, desfruta da proteção constitucional e legal de inviolabilidade.
Uso do banheiro:
A jurisprudência destaca que a mera necessidade de comunicação para a substituição
de um funcionário, sem restrições efetivas ao acesso ao banheiro, não configura
dano moral. Para caracterizar dano moral, é necessário que exista conduta ilícita do
empregador, causando efeito lesivo ao trabalhador.
A restrição ao uso de banheiro por parte do empregador, especialmente quando
condicionada à autorização prévia, configura ato ilícito, violando o princípio da
dignidade da pessoa humana.
Contrato de trabalho
Art. 442. Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente
à relação de emprego.
Classificação:
a) Escrito ou verbal:
É importante observar que, em certas situações, a anotação na Carteira de Trabalho e
Previdência Social (CTPS) pode não ser obrigatória. Ex: a contratação de trabalhador
rural por pequeno prazo para atividades temporárias. O produtor rural pessoa física
pode realizar contratação por pequeno prazo, sendo que, se essa contratação
superar dois meses dentro de um ano, ela é convertida em contrato de trabalho
por prazo indeterminado.
Ou seja, se um produtor rural contratar um trabalhador por um curto período que, por
acaso, se estenda além de dois meses em um ano, automaticamente esse contrato
se torna por prazo indeterminado. O empregador precisa formalizar o contrato,
incluindo o trabalhador na GFIP, e pode fazer isso através da anotação na carteira,
livro/ficha de registro ou contrato escrito.
Características:
a) Contrato de direito privado: Refere-se a situações distintas dos contratos de
Direito Público.
Esse tipo de contrato tem Ausência de Cláusulas Exorbitantes. Diferentemente dos
contratos públicos, não envolve cláusulas exorbitantes, que conferem poderes
especiais à Administração Pública.
Liberdade Contratual: As partes possuem maior autonomia para definir os termos e
condições do contrato, sem a rigidez das normas aplicáveis aos contratos
administrativos.
Validade Jurídica
1- Requisitos extrínsecos
Sobre os requisitos, primeiramente, é importante observar o que prevê o Código Civil
(CC):
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I – agente capaz;
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III – forma prescrita ou não defesa em lei
Convenção 138 da OIT permite que países com economia menos desenvolvida
restrinjam inicialmente a aplicação de suas normas. No Brasil, o Decreto n.
10.088/2019 especifica que essa limitação inicial se aplica a: mineração, indústria
manufatureira, construção, eletricidade, água, gás, serviços sanitários,
transporte, armazenamento, comunicações, plantações e outros
empreendimentos agrícolas de fins comerciais. Exclusões: A aplicação não se
estende a empresas familiares ou de pequeno porte que produzem para consumo
local e não empregam regularmente mão de obra remunerada.
Em termos práticos, isso significa que certos setores da economia, considerados mais
suscetíveis a empregar mão de obra infantil, estão sujeitos a regulamentações mais
rigorosas. A exclusão de empresas familiares ou pequenas visa não sobrecarregar
negócios locais que não empregam regularmente trabalhadores assalariados. Em
casos específicos, um juiz analisará se o trabalho e suas condições não prejudicam
crianças ou adolescentes menores de 14 anos.
A CLT estabelece restrições ao trabalho de menores de 18 anos, proibindo sua
atuação em locais prejudiciais à sua formação, desenvolvimento físico, psíquico,
moral e social, bem como em horários que impeçam a frequência escolar. O trabalho
noturno entre 22h e 5h é vedado. Além disso, atividades perigosas, insalubres e
prejudiciais são proibidas. Isso inclui trabalhos em teatros, cinemas, dancings,
empresas circenses em funções específicas, e atividades de
produção/composição/venda de materiais que possam prejudicar a formação moral,
como a venda de bebidas alcoólicas a varejo.
O fato de ter uma situação prevista no Código Civil não elimina proteção
trabalhista. A regra do tratado para proteção dos menores de 18 anos continua sendo
aplicada a eles. Ou seja, não se pode ter uma regra geral violando regras especiais.
Então, mesmo se o menor tiver economia própria, ele ainda é protegido.
Licitude do objeto
Teoria civilista das nulidades: Retorno ao status quo ante (como se o contrato
nunca tivesse acontecido). Tem por base o princípio que veda o enriquecimento sem
causa. Opera efeitos ex tunc (retroativo). Ou seja, foco "desfazer" o contrato,
anulando-o completamente e eliminando todos os efeitos, de forma que as partes
retornem ao estado em que estavam antes da celebração do contrato.
Teoria trabalhista das nulidades: Impossibilidade de retorno ao status quo ante.
(não tem como voltar a situação que era antes do contrato).Tem por base o princípio
que veda o enriquecimento sem causa. Opera efeito ex nunc (para frente). São
reconhecidos efeitos trabalhistas durante o período realizado (horas extras, férias, 13º
salário, etc.).
Trabalho ilícito
É aquele cuja atividade configura crime, contravenção ou concorre/colabora
conscientemente para ele. Diante de um trabalho ilícito, não se aplica a teoria
trabalhista das nulidades.
E se o serviço prestado for no meio e não na atividade fim do trabalho ilícito? Ex:
garçom.
Existem duas correntes. A primeira aponta que haveria sim uma atividade ilícita, pois o
trabalhador sabe o que acontece nesse local. Já uma segunda corrente diz que não se
pode misturar situações. Ou seja, mesmo que prestada em um estabelecimento que
promove atividade ilícita, uma eventual atividade poderia ser, em princípio, uma
atividade lícita, pode ter os seus direitos trabalhistas reconhecidos, pois a pessoa
poderia prestar aquele trabalho em qualquer outro lugar, logo não estão em uma
situação de trabalho ilícito.
A jurisprudência diz que o trabalho irregular, mesmo envolvendo menores, deve ter
plenos efeitos jurídicos, incluindo a anotação na CTPS, para garantir a
identificação profissional e o acesso a diversos direitos, especialmente no âmbito da
Seguridade Social. O Tribunal destaca a importância de combater o trabalho de
menores, mas reforça que essa luta não deve gerar prejuízos aos menores,
beneficiando os contratantes transgressores.
Contrato de aprendizagem:
Existem situações em que o cumprimento dos requisitos formais é crucial para a
validade do contrato especial celebrado. Um exemplo é o contrato de
aprendizagem, que deve ser ajustado por escrito, por prazo determinado, e atender a
critérios específicos, conforme estabelecido no artigo 428 da CLT.
O contrato de aprendizagem, conforme estabelecido no artigo 428 da CLT, é um tipo
especial de contrato de trabalho. Ele deve ser ajustado por escrito, por prazo
determinado, entre um empregador e um jovem com idade entre 14 e 24 anos,
inscrito em programa de aprendizagem. O empregador se compromete a proporcionar
uma formação técnico-profissional, adequada ao desenvolvimento físico, moral e
psicológico do aprendiz. A validade desse contrato está condicionada a alguns
requisitos, como a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, a
matrícula e frequência do aprendiz na escola (caso não tenha concluído o ensino
médio) e a inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido por uma entidade
qualificada. O não cumprimento desses requisitos pode comprometer a validade do
contrato de aprendizagem.
Assim, diante de uma situação de descumprimento dos requisitos formais exigidos,
não se poderia reconhecer o contrato especial de aprendizagem. Nesse caso, poderia
se reconhecer um contrato de trabalho comum.
2- Requisitos Intrínsecos:
Uma condição suspensiva, o direito que ele busca estabelecer ainda não é
adquirido até que essa condição seja satisfeita. Um exemplo prático seria uma
empresa que oferece um carro como prêmio para um funcionário que atingir uma meta
específica. Nesse caso, a condição suspensiva seria o alcance da meta para que o
direito ao prêmio seja adquirido.
A condição resolutiva significa que, enquanto a condição não se realizar, o
negócio jurídico permanece em vigor, permitindo o exercício do direito estabelecido
desde a conclusão do negócio. Em uma situação prática, Maria é contratada como
auxiliar administrativo, mas assume temporariamente a função de supervisora devido
à ausência do supervisor João, recebendo uma gratificação extra. No entanto, fica
estabelecida a condição resolutiva de que, quando João retornar, Maria voltará à
função de auxiliar administrativo. Isso significa que a situação temporária de Maria
como supervisora terminará assim que João retomar suas atividades.
Ou seja, na condição suspensiva, o direito ainda não é adquirido, ficando pendente
até que a condição ocorra. Na condição resolutiva, o direito é adquirido
imediatamente, mas existe a possibilidade de ser extinto se a condição se
concretizar
Exigência prévia:
Art. 442-A. Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a
emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no
mesmo tipo de atividade."
Principais contratos por prazo determinado
O contrato individual de trabalho pode ser acordado de maneira tácita ou expressa,
podendo ser por prazo determinado ou indeterminado, além da possibilidade de ser
para prestação de trabalho intermitente. Considere-se o prazo determinado o
contrato que haja: vigência condicionada a termo prefixado (já é estipulado quanto
tempo o contrato vai durar), execução de serviços específicos (é contratado um
serviço específico e quando esse for realizado, o contrato acaba) ou realização de
um acontecimento previsível (condicionado de que algo previsível vai acontecer e
quando isso acontece, o contrato chega ao fim).
Um exemplo prático um contrato de serviço específico seria uma construtora sendo
contratada para construir uma ponte em outra cidade. Uma vez concluída a
construção, o serviço é encerrado, caracterizando a natureza transitória e justificando
a predeterminação do prazo no contrato por tempo determinado.
Para que o contrato por prazo determinado seja válido, é necessário atender a
algumas condições estabelecidas no § 2º do mesmo artigo:
a) Serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;
b) Atividades empresariais de caráter transitório;
c) Contrato de experiência.
A - Qual o prazo para contrato por prazo determinado? Até dois anos. Exceto no
contrato de experiência que pode ter prazo de no máximo 90 dias.
B – Prorrogação do contrato por prazo determinado
O artigo 451 da CLT estabelece que um contrato de trabalho por prazo determinado,
que seja prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem determinação de
prazo. Ou sejam, se ocorrer uma segunda prorrogação, o contrato se transformará
automaticamente em um contrato por tempo indeterminado. Essa regra visa equilibrar
as relações entre empregado e empregador, evitando a utilização excessiva de
contratos temporários e proporcionando maior estabilidade ao trabalhador.
C- Renovação do contrato por prazo determinado
CLT, art. 452. Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder,
dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a
expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização
de certos acontecimentos.
Ou seja, se um empregado foi contratado por prazo determinado para trabalhar por
oito meses, após a sua dispensa precisará aguardar pelo menos seis meses, para que
seja contratado novamente pelo mesmo empregador por prazo determinado.
Todavia, essa regra possui algumas exceções, como a contratação para a realização
de serviços especializados (ex.: instalação de um software por um técnico específico)
ou quando o contrato expirou em razão da realização de determinados
acontecimentos.
D- Contrato por obra certa
As anotações na carteira profissional do empregado são feitas pelo construtor, que é
considerado empregador, desde que exerça a atividade de forma permanente. Esse
tipo de contrato é utilizado quando há a necessidade de mão de obra para uma obra
específica, e o contrato perdura até a conclusão dessa obra.
É importante destacar que, apesar de ser uma opção legal, na prática, o contrato por
empreitada (trabalhador autônomo) é mais comum para regulamentar relações de
trabalho em projetos específicos.
I – Contrato de aprendizagem
O contrato de aprendizagem, regido pela CLT, é um acordo escrito e de prazo
determinado destinado a jovens entre 14 e 24 anos, inscritos em programas de
aprendizagem. Sua duração não pode ultrapassar dois anos, exceto para aprendizes
com deficiência. Envolve formação técnico-profissional teórica e prática, organizada no
ambiente de trabalho.
Para ser válido, o contrato requer anotação na Carteira de Trabalho, matrícula e
frequência escolar, inscrição em programa de aprendizagem e supervisão de entidade
qualificada. A comprovação da escolaridade para aprendizes com deficiência
considera suas habilidades. Nas localidades sem ensino médio, a contratação pode
ocorrer sem frequência escolar, desde que o aprendiz tenha concluído o ensino
fundamental. Aos 18 anos ou mais, aprendizes com deficiência necessitam de
anotação na CTPS e matrícula em programa específico.
Exceto em caso de deficiente.
A CLT determina que os estabelecimentos devem empregar aprendizes em uma
proporção de 5% a 15% dos trabalhadores em funções que demandem formação
profissional. Essa regra não se aplica a entidades sem fins lucrativos voltadas para
educação profissional. Até 10% da cota de aprendizes pode ser destinada a áreas
esportivas e serviços de infraestrutura. Quando os Serviços Nacionais de
Aprendizagem não são suficientes, os estabelecimentos podem buscar entidades
qualificadas. Estas devem garantir uma estrutura adequada e conceder certificados de
qualificação aos aprendizes que concluírem os cursos com sucesso.
Idade:
Aprendiz: Pode ter entre 14 e 24 anos, sem limite para aprendizes portadores de
deficiência.
Estagiário: Deve ser maior que 16 anos, sem limite máximo de idade.
Duração do Contrato: Ambos têm duração de até 2 anos, podendo ser estendido
para aprendizes portadores de deficiência.
Percentual Exigido nas Empresas:
Aprendiz: Empresas de médio e grande porte devem contratar de 5% a 15% de
aprendizes.
Estagiário: Não há obrigatoriedade de contratação mínima.
Vínculo Empregatício:
Aprendiz: Possui vínculo empregatício, com Carteira de Trabalho anotada.
Estagiário: Não possui vínculo empregatício.
Salário e Bolsa:
Aprendiz: Recebe salário mínimo hora e benefícios.
Estagiário: Quando é estágio obrigatório, não necessariamente recebe bolsa. Quando
é estágio não obrigatório, tem que receber bolsa e outros benefícios, sem
configuração de vínculo empregatício.
Duração do Trabalho:
Aprendiz: A jornada não pode ultrapassar 6 horas diárias, com proibição de
prorrogação e compensação de jornada. Pode ser de 8 horas diárias para quem
concluiu o ensino fundamental.
Estagiário: A jornada varia de 4 a 6 horas diárias, dependendo do nível de ensino,
podendo chegar a até 6 horas diárias e 30 horas semanais para estudantes do ensino
superior.
Extinção do Contrato:
Aprendiz: Termina com o período da contratação, ao completar 24 anos, ou
antecipadamente por diversos motivos.
Estagiário: Pode ser extinto a qualquer momento, sem multa rescisória.
Seguro-Desemprego:
Aprendiz: Tem direito ao seguro-desemprego em condições específicas.
Estagiário: Não possui direito ao seguro-desemprego.
Para proteger os direitos dos hipossuficientes, o Direito fez uma interpretação ampla
desses dois artigos, para que essa lógica valha para além de situações que envolvem
mudança na estrutura jurídica de transformação de uma limitada em sociedade
anônima ou apenas circunstâncias envolvendo mudança na propriedade por meio de
alienação de cota.
Ou seja, o requisito essencial para sua configuração é garantir que qualquer mudança
intra ou interempresarial não afete os contratos de trabalho, independentemente da
continuidade da prestação laborativa. Essa abordagem implica que qualquer alteração
significativa, capaz de impactar os contratos empregatícios, pode acionar os artigos 10
e 448 da CLT.
Fusão: Mesmo que ocorra uma mudança na estrutura jurídica e na propriedade da
empresa, os direitos adquiridos pelos empregados, como horas extras, adicionais, e
outros benefícios, devem ser mantidos e assegurados pela nova empresa resultante
da fusão. Essa sucessão implica que a nova entidade formada será responsável
pelos créditos trabalhista, mesmo que esses direitos tenham sido originados no
período em que a empresa A era a única empregadora.
Compra: Mesmo com aumento do tamanho da empresa, os direitos trabalhistas
permanecem preservados. A responsabilidade pelos créditos trabalhistas, originados
na primeira empresa, recaem sobre a empresa nova, visto que esta incorporou
totalmente o patrimônio da empresa.
Cisão: Quando uma empresa decide dividir seu patrimônio entre duas ou mais
entidades, os direitos trabalhistas se mantem. Mesmo com a reorganização
patrimonial e a distribuição de ativos entre diferentes empresas resultantes da cisão, a
intenção é preservar os direitos dos trabalhadores.
Compra de ativos: no caso de venda de ativos, ou seja, patrimônios, a empresa que
comprou passa a ser sucessora trabalhista. Então, se uma parcela significativa de
créditos trabalhista foi passada.
Alienação:
Em caso de alienação devido plano de recuperação judicial, o objeto alienado estará
livre de qualquer ônus, e o arrematante não sucede nas obrigações do devedor. Isso
inclui obrigações de natureza ambiental, regulatória, administrativa, penal,
anticorrupção, tributária e trabalhista, conforme o parágrafo único do Art. 60.
Em outras palavras, quando há a venda conjunta ou separada de ativos, incluindo a
empresa ou suas filiais, durante a falência, o comprador desses ativos não herda as
obrigações do devedor original, inclusive as relacionadas a direitos trabalhistas,
tributários, legislação do trabalho e acidentes de trabalho.
Exceções de não-sucessão para casos de alienação:
Sócios e Sociedades: Se o arrematante for sócio da sociedade falida ou de uma
sociedade controlada pelo falido, há sucessão.
Parentesco: Se o arrematante for parente, até o 4º grau (linha reta ou colateral),
consanguíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida, também há
sucessão.
Fraude à Sucessão: A sucessão não é afastada nos casos em que o arrematante for
identificado como agente do falido com o intuito de fraudar a sucessão.
Sucessão no Trabalho Doméstico: O trabalho doméstico, por ser uma atividade não
lucrativa prestada para uma família ou pessoa, não está sujeito à sucessão trabalhista
nos termos da recuperação judicial ou falência. Isso se baseia na inaplicabilidade do
art. 10 da CLT ao trabalhador doméstico e no fato de o empregador não ser
considerado uma empresa.
Desmembramento de Municípios (OJ 92 da SDI-I do TST): Considere a situação
em que um município (chamado de X) é desmembrado, dando origem a um novo
município (chamado de Y). Se um servidor (por exemplo, Fábio) tinha horas extras a
receber do município X e, após o desmembramento, passa a ser servidor do município
Y, a responsabilidade pelos direitos trabalhistas é distribuída da seguinte forma: As
horas extras anteriores ao desmembramento continuam sendo responsabilidade do
município original (X), as horas extras posteriores ao desmembramento são de
responsabilidade do novo município (Y).
Grupo econômico:
Antes da Reforma Trabalhista, a CLT estabelecia que empresas com personalidades
jurídicas distintas, mas sob direção, controle ou administração de outra, seriam
solidariamente responsáveis por obrigações trabalhistas. Isso incluía situações de
coordenação hierárquica e, em alguns casos, interpretações mais amplas que
consideravam até mesmo relações horizontais.
A Reforma Trabalhista modificou a CLT, explicitando que empresas de grupo
econômico deveriam ter autonomia entre si. Além disso, a reforma adicionou um
parágrafo excluindo a responsabilidade solidária no caso de mera identidade de
sócios, exigindo agora a demonstração de interesse integrado, efetiva comunhão de
interesses e atuação conjunta para caracterizar o grupo econômico.
Em resumo, agora é necessário mais do que apenas identidade de sócios para
configurar um grupo econômico. É preciso provar o interesse integrado, efetiva
comunhão de interesses e atuação conjunta entre as empresas. Essa mudança visa
evitar responsabilidades automáticas apenas com base na participação societária
comum.
Portanto, se as empresas do grupo econômico atuam de forma integrada,
compartilham interesses e têm uma atuação conjunta, elas podem ser consideradas
responsáveis solidárias pelas obrigações trabalhistas. Essa responsabilidade se
estende a todas as empresas que compõem o grupo econômico, sendo elas
solidariamente responsáveis pelos direitos trabalhistas dos empregados.
Princípio Geral da OJ 411: Estabelece que o sucessor (empresa que adquire) não
responde solidariamente por dívidas trabalhistas de uma empresa não adquirida,
desde que, à época da aquisição, a empresa não adquirida fosse solvente ou idônea
economicamente, a menos que haja má-fé ou fraude no processo de aquisição.
Exemplos: Se uma grande empresa (X) compra uma empresa (A) que fazia parte de
um grupo econômico com outras empresas (B e C), a empresa X não é
automaticamente responsável pelos débitos trabalhistas das empresas B e C, a menos
que exista má-fé ou fraude na aquisição.
Se, por exemplo, a empresa C tem dívidas trabalhistas quando a empresa X compra a
empresa A, a responsabilidade direta pelos débitos da empresa C continua com ela. A
empresa X não é solidariamente responsável a menos que haja circunstâncias
específicas de má-fé ou fraude.
Por que isso é importante: Protege a empresa sucessora de ser responsabilizada
por dívidas de outras empresas do mesmo grupo econômico, a menos que haja
irregularidades no processo de aquisição. Ajuda a garantir que a empresa sucessora
não seja injustamente sobrecarregada com obrigações trabalhistas anteriores à
aquisição.
Exceções: Má fé ou fraude. A OJ 411 destaca que há exceções à regra geral. Se, por
exemplo, o grupo econômico realiza uma venda da empresa A para evitar o
comprometimento do patrimônio desta com as dívidas da empresa C, caracterizando
fraude, a multinacional X, ao adquirir a empresa A, seria considerada sucessora e
responderia solidariamente pelas dívidas trabalhistas da empresa C.
Lei de Franquias (Lei n. 13.966/2019): A Lei de Franquias é citada para explicar que
um franqueador autoriza um franqueado a usar marcas e outros elementos de
propriedade intelectual, sem que isso caracterize uma relação de consumo ou vínculo
empregatício.
Autonomia do Franqueado: Destaca-se que, conforme a lei, o franqueado possui
autonomia em relação ao franqueador. O franqueador não pode participar diretamente
da administração da franquia, agindo apenas como fornecedor de know-how e
equipamentos.
Contrato de Franquia Regular: Se o contrato de franquia for regular, ou seja,
respeitar a autonomia do franqueado, não se configurará um grupo econômico. Nesse
caso, o franqueador não é responsável solidário por direitos trabalhistas do
franqueado.
Desvirtuamento e Reconhecimento de Grupo Econômico: Contudo, se o
franqueador estiver de fato administrando a franquia, pode ocorrer o desvirtuamento
do contrato. O desvio do modelo de franquia estabelecido por lei pode levar ao
reconhecimento de grupo econômico, com consequente responsabilidade solidária em
questões trabalhistas.
Terceirização:
Antes da reforma trabalhista, havia restrições à terceirização da atividade-fim no
setor privado. A Súmula 331 do TST estabelecia que, em caso de relação ilícita entre
terceirizado e tomador de serviços, este seria considerado empregador, com
responsabilidade solidária da empresa prestadora do serviço.
No entanto, estabeleceu-se que a terceirização é lícita, inclusive para atividades-fim,
independentemente do objeto social das empresas envolvidas.
A Súmula 331 do TST foi adaptada, permitindo a terceirização ampla, mas mantendo
a responsabilidade subsidiária da empresa contratante. A empresa deve verificar a
idoneidade da terceirizada e responder subsidiariamente por descumprimento de
normas trabalhistas e previdenciárias.
Com a reforma trabalhista, a terceirização sofreu alterações significativas. Agora, a
terceirização ocorre quando uma empresa (contratante) transfere a execução de
suas atividades para outra empresa (prestadora de serviços). Essa prestadora de
serviços deve atender a requisitos específicos, como inscrição no Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica (CNPJ), registro na Junta Comercial e capital social compatível
com o número de empregados, variando de acordo com a quantidade de
colaboradores.
A contratante, pessoa física ou jurídica, celebra um contrato com a prestadora de
serviços, estabelecendo uma relação onde não se configura vínculo empregatício
entre os trabalhadores ou sócios da prestadora e a empresa contratante.
Terceirização:
Definição: A terceirização ocorre quando uma empresa contrata outra para realizar
determinada atividade, podendo envolver a transferência de mão de obra.
Responsabilidade: Pode haver responsabilidade subsidiária da empresa contratante
pelos direitos trabalhistas dos empregados da contratada, dependendo da natureza da
terceirização e da participação da contratante na relação processual.
Nos termos do art. 10º da Lei 6.019/1974, o contrato de trabalho temporário não pode
exceder de três meses. Ainda, segundo a alínea "b" do § 2º do art. 443 da CLT,
contrato temporário é uma espécie de contrato por prazo determinado. Por sua vez, o
art. 452 dispõe que é considerado trabalho por prazo indeterminado todo contrato que
suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado.