Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RODADA 01 – SETEMBRO/2022
I – DOUTRINA:
“O método conflitual tradicional, ainda utilizado pelo Direito Internacional Privado dos
países da Europa e da América Latina, com as modificações que a seguir serão
comentadas, tem como particularidade a existência de uma regra de DIPr – a regra de
conflito, que dá a solução de uma questão de direito contendo um conflito de leis
através da designação de lei aplicável pela utilização da norma indireta. Não compete
1
STRENGER, Irineu, Direito Internacional Privado, 6 ed., São Paulo, LTr, 2005, pp. 30-31.
1
DIREITO INTERNACIONAL
ao DIPr fornecer a norma material aplicável ao caso concreto, mas unicamente designar
o ordenamento jurídico ao qual a norma aplicável deverá ser requerida. Para a
concepção clássica do DIPr, é através das normas de conflitos que o DIPr cumpre uma
missão de prover à regulamentação da vida jurídica internacional. (...)
Um problema de DIPr (para a concepção clássica) não é um problema de justiça material,
mas sim a escolha da lei aplicável indicada pela norma de conflito. (...)”2.
“Em todos os sistemas jurídicos nacionais há previsão legal para a solução do conflito de
leis, nos casos de julgamento da situação jurídica multiconectada. O juiz escolhe a lei a
partir das normas de DIPr, tendo como resultado a indicação da lei brasileira ou
estrangeira. Mas o funcionamento desse sistema de DIPr poderá ser impedido pela
aplicação da exceção de ordem pública”3.
2
ARAUJO, Nadia de, Direito Internacional Privado: Teoria e Prática brasileira, Rio de Janeiro, Renovar,
2003, pp. 36-37.
3
ARAUJO, Nadia de, Direito Internacional Privado: Teoria e Prática brasileira, Rio de Janeiro, Renovar,
2003, pp. 95-96.
4
DOLINGER, Jacob, Direito Internacional Privado, 6 ed., Rio de Janeiro, Renovar, 2001, pp. 329-330.
2
DIREITO INTERNACIONAL
II – LEGISLAÇÃO:
Art. 7° A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e
o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1° Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2° O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas
ou consulares do país de ambos os nubentes.
§ 3° Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio
a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4° O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os
nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5° O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa
anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de
naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens,
respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
§ 6° O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros,
só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver
sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação
produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das
sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu
regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já
proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de
brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.
5
ARAUJO, Nadia de, Direito Internacional Privado: Teoria e Prática brasileira, Rio de Janeiro, Renovar,
2003, pp. 127-128.
6
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves, Direito Internacional Público e Privado, 6 ed., Salvador, Jus Podivm,
2014, p 673.
3
DIREITO INTERNACIONAL
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado
o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
§ 2° A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
(...)
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar,
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros
provas que a lei brasileira desconheça.
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova
do texto e da vigência.
(...)
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão
por ela feita a outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de
vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem
pública e os bons costumes.
III – JURISPRUDÊNCIA:
“Nos termos dos arts. 15 e 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, 963
do CPC/2015, e 216-C, 216-D e 216-F do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça, são requisitos da homologação os seguintes: (i) instrução da petição inicial com
o original ou cópia autenticada da decisão homologanda e de outros documentos
indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou juramentado no Brasil e
chancelados pela autoridade consular brasileira; (ii) haver sido a sentença proferida por
autoridade competente; (iii) terem as partes sido regularmente citadas ou haver-se
legalmente verificado a revelia; (iv) ter a sentença transitado em julgado; (v) não
ofender a soberania, a dignidade da pessoa humana e/ou ordem pública” (HDE n.
1.936/EX, relator Ministro Og Fernandes, Corte Especial, julgado em 1/8/2022, DJe de
18/8/2022.)
IV – ORIENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA:
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves Portela, Direito Internacional Público e Privado,
Editora Jus Podivm, Parte II (Direito Internacional Privado), Capítulo I (Direito
Internacional Privado), Capítulo II (Aplicação da Lei no Espaço: Conflitos de Leis no
Espaço e a Norma de Direito Internacional Privado).
V – EXERCÍCIOS OBJETIVOS:
6
DIREITO INTERNACIONAL
GABARITO:
Questão 01 – I.C; II.C; III.E; IV.C.
Questão 02 – I.C; II.E; III.C; IV.E.
Questão 03 – I.C; II.C; III.C; IV.E.
7
DIREITO INTERNACIONAL
investigante tenham ocorrido no exterior, estando ela domiciliada no Brasil, deve ser
aplicado o ordenamento nacional.
A demanda pela paternidade real, fundada na falsidade de registro, não tem prazo
decadencial, mesmo antes da promulgação da Carta Magna. Precedente da Segunda
Seção.
A ação de investigação de paternidade não depende da prévia propositura da ação
anulatória do assento de nascimento do investigante, tendo o filho interesse de buscar
a paternidade real, a despeito de reconhecido como legítimo por terceiro com falsidade
ideológica.
Recurso não conhecido.
(REsp n. 512.401/SP, relator Ministro Cesar Asfor Rocha, Quarta Turma, julgado em
14/10/2003, DJ de 15/12/2003, p. 317.)