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O presente artigo tem o intuito de deliberar a respeito do tratamento dispensado em diversos países

sobre o direito das sucessões. Buscando em fones idôneas as diversas formas utilizadas para a aplicação
da lei no ramo do direito civil e suas complexidades.

Uma análise dos tratados internacionais e no direito comparado para um melhor entendimento a
respeito do arcabouço que legitima as leis que tratam do direito de herança e suas nuances de acordo
com os povos que as aplicam.

Ainda no mesmo sentido uma breve dissertação no contexto atual da necessidade de possíveis
regulamentações necessárias para uniformizar as leis aplicáveis ao instituto em comento, afim de dar à
sociedade internacional e segurança jurídica pertinente.

DIREITO DA SUCESSÕES NO BRASIL

O direito da Sucesões no Brasil, regulamenta a transferência de patrimônio, de alguém, depois da morte


em virtude da lei ou de testamento. Podemos observar na integra o mencionado através dos Arts. 1.784
a 2.027 CC. A Constituição Federal assegura o direito de herança (artigo 5º, XXX).

Podemos observar que os dispositivos descrevem as formas de sucessão passíveis de se afirmarem no


contexto nacional.

Sucessão Legítima (ou ab intestato), Sucessão Testamentária, A título universa, A título singular.

Ainda no mesmo sentido, menciona-se que herança se transmite a seus herdeiros na hora da morte do
De cujus, e àquele que sobrevive ao De cujus, mesmo que venha a falecer logo depois do recebimento, o
bens herdados passarão desse (que recebeu a herança e faleceu) para seus herdeiros.

O herdeiro, pode renunciar a herança desde que sem sem condições para tal ato, para preservar a
segurança das relaçoes jurídicas.

O pequeno esbouço acima serve para entedermos esse complexo instituto no âmbito internacional , que
aliás é noso foco nesse artigo.

DIREITO DAS SUCESSÕES INTERNACIONAL PRIVADO.

Como se sabe o direito internacional privado é aquele que disciplina como serão aplicadas as leis que se
referem a determinado instituto nas relacções privadas com alcance internacional. Neste caso estamos
focados no direito das sucessões.

No contexto atual, com o avanço da globalização e o fácil acesso a outras nações, o trãnsito de pessoas
facilitado para outros países, foi iniciado uma constante de relacionamentos entre particulares de
nacionalidades diversas, surgindo lides com sujeitos sob jurisdição distinta, criando dúvidas a respeito
das leis aplicaveis para dirimir os conflitos advindos dessas relações.

Assim surgiu o direito internacional privado.

Aqui discutiremos fatos transnacionais que se vinculam ao direito das sucessões, como bem sucessíveis
em diversos estados etestamentos celebrados em países diferentes daquele em que se deu a abertura
da sucessão. Fização de jurisdição e lei aplicável.

Um estudo sobre Lei de Introdução ao direito brasileiro( nossa fonte de Direito Internacional Privado) em
matéria de sucessão, controversias da jurisprudência e a valorização da igualdade, tema proposto por
este autor.

Transfere-se o patrimônio do morto (tambémchamado de de cujus2) ou ausente à outra essoa,


denominada herdeiro,por previsão legal ou ato de última vontade por força do direito das sucessões. Na
perspeciva do direitointernaional privado, A constituição federal reconhece o direito individual a herança
de bens de pessoas falecidas ou consideradas ausentes como herdeiro necessário ou testamentário.

No caso do direito debatido existem duas correntes legislativas no Direito Comparado que merecem
destaque:

A objetiva:que valoriza a situação do patrimônio ,os tipos de bens a serem transferidos (imóveis ou
móveis) como critério para determinação da lei regulatória da sucessão.

A subjetiva: a lei da nacionalidade ou dodomicílio do de cujus em geral regula a ordem de sucessão, bem
como os limites do direito de testar e livremente dispor dos bens em seu atode última vontade. Já de
acordo com a corrente objetiva, a lei do lugar da situação do bem imóvel regula a sucessão, com exceção
das coisas móveis, também regidas pela lei do domicílio do de cujus.

A objetiva diz que deve haver uma única lei escolhida para tratar desse direito independente do estado
em que abra a sucessão e residência do sucessores e será a lei do lugar de falecimento do de cujus já a
subjetiva diz que lei deve ser distinta de acordo com a localização dos bens que serão herdados.

Para Savigny, o melhor sistema de DIPr na esfera sucessória era a escolha da lei do domicílio do de cujus
para reger toda a sucessão, não importando a localização ou distinção de bens.

Valladão atribui ao Código Civil italiano de 1865 o posto de primeiro a consagrar o princípio da unidade e
da universalidade da sucessão sob uma única lei, no caso a lei da nacionalidade do defunto.

Contudo, o sistema prevalecente nas legislações locais de DIPr foi o da pluralidade sucessória, ao melhor
sabor do período estatutário, como se vê nas regras francesas, espanholas e de vários países da América
Latina.

No Brasil, a corrente subjetiva foi adotada, inicialmente, na antiga introdução ao Código Civil de 1916,
estabelecendo seu art. 14 que “a sucessão legítima ou testamenteira, a ordem da vocação hereditária, os
direitos dos herdeiros e a validade intrínseca das disposições do testamento, qualquer que seja a
natureza dos bens e o país onde se achem, guardado o disposto neste Código acerca das heranças vagas
abertas no Brasil, obedecerão à lei nacional do falecido”. Claro que, inicialmente, o critério para impor a
unidade sucessória da antiga LICC/16 foi o da lei da nacionalidade do de cujus uma vez que era a regra
de conexão (lex patriae) adotada para a regência do estatuto pessoal.
Segundo a LINDB abrange todos os bens (móveis ou imóveis; córpóreos ou imateriais), bem como
qualquer tipo de sucessão, importando tão somente a determinação do domicílio do de cujus ou
ausente: se domiciliado no Brasil, será utilizada a lei brasileira; caso seja seu domicílio no exterior, a lei
estrangeira. . Isso implicou na adoção da unidade sucessória no Brasil, pois uma única lei deve reger a
sucessão (a lei do domicílio do de cujus), não importando a natureza ou localização dos bens.

LEI DO DOMICÍLIO PARA REGER A SUCESSÃO NO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO BRASILEIRO.

No caso brasileiro, à lei do domicílio do testador, no momento da elaboração do testamento, conforme


o disposto no art. 7º da LINDB. Eventual mudança de domicílio não leva a utilização da lei nova (lei do
novo domicílio) para avaliar a validade ou invalidade do testamento anterior e na validade extrínseca do
testamento (verificação se não houve nulidade ou falsidade), a lei de regência é a lei do local da
realização do ato, como regra geral dos negócios jurídicos (locus regit actum), conforme defendo em
livro comentando o art. 9º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, utilizado
analogicamente como regra geral do uso das peculiaridades da lei estrangeira para aferir sua validade
extrínseca.

Na jurisprudência brasileira, o caso da cantora lírica Gabriella Lage ficou célebre, pois reproduziu dúvida
clássica no DIPr sobre a validade de testamento hológrafo (particular). A controvérsia girou em torno do
fato de Gabriella ter falecido em Roma, em 1962, onde se achava domiciliada, quando na Itália (tal qual
ocorria em outros países, como Alemanha e França), não se exigia testemunha para a validade do
testamento particular. Ocorre que a lei brasileira prevê a presença de testemunhas para a sua leitura e
assinatura como requisito essencial para a validade do testamento particular (art. 1645 do antigo Código
Civil de 1916 e art. 1876 do atual Código Civil de 2002). Analisando o caso, decidiu o Supremo Tribunal
Federal que as formalidades na celebração de um testamento são regidas pela lei do local da lavratura
(locus regit actum), tendo considerado válido o testamento de Gabriella Lage, feito de acordo com a lei
italiana.

O testamento conjuntivo ou de mão comum é proibido no Brasil mas permitido em alguns países, já que
a capacidade de testar é individual, por isso o domiciliado no Brasil não pode realizar testamento
conjuntivo no exterior, pois o tema diz respeito à capacidade de testar, sendo regido pela lei do domicílio
do testador (no exemplo, a lei brasileira). Nada impede nesse caso que eventual cláusula testamentária
válida de acordo com a lei do domicílio do de cujus seja considerada inválida no Brasil, por ofensa à
ordem pública (art. 17 da LINDB), como, por exemplo, eventual discriminação odiosa à filho (ofensiva à
igualdade prevista no art. 227, § 6º no art. 5º, caput da CF/88).

TRATAMENTO AOS HERDEIRO BRASILEIROS

O Tratamentos especila a herdeiros brasileiros tem amparo constitucional, uma vez que, no seu art. 5º,
XXXI, a Constituição Federal estipula regra unilateral de Direito Internacional Privado, que só pode ser
aplicada para beneficiar brasileiros: a sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada
pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre
que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus
A previsão é tradição do DIPr do Brasil, tendo constado de vários textos constitucionais, como a
Constituição de 1934 (art. 134), a Constituição de 1937 (art. 152), a Constituição de 1946 (art. 165), a
Constituição de 1967 (art. 150) e a Constituição de 1969 (art. 153, § 33)19. A introdução ao Código Civil
de 1916 também adotava essa regra de forma mitigada, no seu art. 14, que dispunha “a sucessão
legítima ou testamenteira, a ordem da vocação hereditária, os direitos dos herdeiros e a validade
intrínseca das disposições do testamento, qualquer que seja a natureza dos bens e o país onde se
achem, guardado o disposto neste Código acerca das heranças vagas abertas no Brasil, obedecerão á lei
nacional do falecido; se este, porém, era casado com brasileira, ou tiver deixado filhos brasileiros, ficarão
sujeitos à lei brasileira”..

Nota-se que a nacionalidade como fator de diferenciação foi mantida mesmo com a mudança da regra
de regência do estatuto pessoal (da lei da nacionalidade para a lei do domicílio), deixando sem maior
proteção os estrangeiros domiciliados no Brasil.

Quanto aos brasileiros domiciliados no estrangeiro, o STF já admitiu a aplicação analógica (“força de
compreensão”, no dizer do acórdão) desse tratamento preferencial a brasileiros para incidir também na
sucessão de brasileiro domiciliado no exterior (e não sucessão de estrangeiro).

Assim, no caso de sucessão de bens de estrangeiros, mesmo se o falecido tiver domicílio em outro país, a
lei utilizada será a brasileira no que tange aos bens situados no Brasil, desde que tal aplicação beneficie o
cônjuge ou filhos brasileiros.

Quanto a capacidade de suceder, ficou definido que para suceder não se onfunde com a ordem de
vocação hereditária, sendo-lhe posterior. Aberta a herança, pelo falecimento do de cujus, verifica-se a
distribuição das pessoas sucessíveis nas classes para a obtenção da herança, de acordo com a lei do
domicílio do de cujus. Constatada a qualidade de herdeiro pelo uso da lei do domicílio do de cujus,
utiliza-se a lei do domicílio do citado herdeiro para que se verifique como este pode exercer o direito de
herdar. Não se usa a lei do domicílio do herdeiro para se aferir o direito de herdar, pois isso já foi
definido anteriormente pela lei do domicílio do de cujus.

A expressão ambígua “capacidade para suceder” deve ser restrita à capacidade de direito e de fato do
herdeiro de praticar atos para receber a herança, que segue seu a lei do seu domicílio. Já a fixação da
condição de herdeiro, o direito a suceder e a ordem sucessória obedecem a lei do domicílio do de cujus.
Essa diferença entre a regência da sucessão (e da ordem sucessória) e a capacidade para suceder
também se encontra no Código Bustamante: o art. 152 estabelece que a capacidade para suceder
obedece a lei pessoal do herdeiro e o art. 14429 prevê que a lei pessoal do de cujus é que regula as
sucessões, inclusive a ordem sucessória.

PLURIDADE DE JURISDIÇÕES

A unidade sucessória aceita pelo DIPr brasileiro (com a exceção do “tratamento preferencial a
brasileiros”, já visto) convive com a constelação de jurisdições estatais, cada qual com potencial de
conhecer ações judiciais referentes a transmissão por sucessão de bens situados no seu respectivo
território. No Brasil, há inclusive a determinação legal de exclusividade da jurisdição brasileira em
matéria de bens situados no Brasil. Assim, nenhuma sentença estrangeira será reconhecida e executada
no Brasil, caso decida sobre inventário e partilha desses bens.

O novo CPC (Lei 13.105, de 16 de março de 2015) preconiza o monopólio processual da Justiça nacional
para julgar inventário de bens situados no Brasil, mesmo que tenha que aplicar a lei estrangeira, do
domicílio do de cujus, para reger a sucessão. A sucessão de bens localizados no território estatal é fruto
da soberania, revelando uma opção que não é, em abstrato, ilegítima ou ofensiva aos direitos dos
envolvidos na questão sucessória. Trata-se, na essência, da desconfiança de um Estado sobre as demais
jurisdições, o que poderia ser eliminado por intermédio de tratados no bojo da cooperação jurídica
internacional.

Quanto ao alcance da jurisdição brasileira sobre a totalidade dos bens do falecido (e não somente sobre
os bens situados no território nacional), foi reconhecido em vários precedentes judiciais brasileiros (que
veremos a seguir) que a regra de fixação de jurisdição internacional cível absoluta brasileira, a contrario
sensu, não permite que o juízo brasileiro venha a proceder inventário sobre bens do de cujus no exterior.
Consequentemente, quanto a consideração sobre os bens no exterior para fazer valer o comando de
igualdade dos quinhões herdados fixado na lei sucessória, o Supremo Tribunal Federal brasileiro deu
outra interpretação ao monopólio jurisdicional do Judiciário brasileiro (que não trata da lei aplicável),
dispondo que não podem ser computados na cota hereditária a ser partilhada, os bens existentes no
exterior. Mesmo que a lei sucessória estabeleça a igualdade de quinhões, tal igualdade só será exigida no
tocante aos bens situados no Brasil, rompendo-se a “unidade sucessória” estabelecida no art. 10 da
LINDB.

O CPC brasileiro, ao permitir a pluralidade processual, teria fragmentado a sucessão, gerando a adoção
de um sistema misto, no qual a unidade sucessória só abarca os bens localizados no Brasil, não podendo
incluir aqueles bens situados fora do território nacional. Possibilita-se, obviamente, a violação da
igualdade entre os herdeiros, no caso do natural (e previsível) desequilíbrio de valores dos bens situados
nos diversos países envolvidos.

Conclui-se que o Brasil adota a unidade sucessória na existência de bens somente no Brasil; caso existam
bens a inventariar em diversos países, o DIPr brasileiro adota o princípio da pluralidade sucessória37. De
acordo com a posição majoritária no Poder Judiciário brasileiro, a fixação da jurisdição internacional cível
gera um impacto indireto sobre a temática da “escolha da lei”, redundando na restrição da aplicação da
regra da “lei do domicílio do de cujus” somente aos bens existentes no território do Estado brasileiro.

Pela posição majoritária dos tribunais superiores brasileiros, a opção da LINDB pela unidade (ou
universalidade) sucessória ficou restringida e descaracterizada: a lei do domicílio do de cujus só regeria a
sucessão dos bens situados no território do Estado da lex fori. Os demais bens localizados no estrangeiro
seguirão a lei do Estado de sua situação (lex rei sitae), fragmentando, obviamente a sucessão.

Nesse diapasão acredito que afronta o direito de igualdade entre os herdeiros. Apesar que nesses casos
o Brasil adota a postura de aguardar terminar o inventario em outro país para tentar equalizar os
quinhões na abertura do inventário no Brasil. Na na temática da partilha de bens na dissolução do
casamento, o STJ reafirmou a separação entre a fixação da jurisdição brasileira e as normas da LINDB,
determinando que o valor dos bens existentes no exterior deveriam ser compensados na partilha a ser
efetuada pelo juiz brasileiro, obedecendo, assim, a lei indicada pelo Direito Internacional Privado.

No caso de bens situados no exterior, o uso da técnica da compensação faz com que o DIPr brasileiro não
seja esvaziado: se a lei do domicílio do de cujus determinar, por exemplo, a igualdade entre os herdeiros,
os bens situados no exterior podem ser valorados e incluídos no rateio do patrimônio perante o juízo do
inventário do Brasil, em desfavor do herdeiro que detém tais bens no exterior.

Com isso, combate-se o argumento da inexequibilidade da decisão da Justiça brasileira sobre bens
situados no exterior (a “faca que não corta”, no estilo irônico de Valladão), uma vez que não é necessário
que os bens fora do Brasil sejam alcançados pela Justiça brasileira, mas tão somente que sejam
considerados seus valores, prestigiando-se o DIPr criado pela lei ou pelos tratados ratificados pelo Brasil.

SUCESSÃO NO DIREITO COMPARADO

A a sucessão entre cônjuges e companheiros no âmbito internacional, também possui implicações legais
e práticas, bem como discussões, em que, muitas vezes são tratadas de forma totalmente diversa ao do
Brasil, sendo assim, serão apresentados abaixo alguns posicionamentos amparados ao redor da América
Latina e Europa, em especial aos países Argentina e Alemanha, demonstrando-se assim, uma visão
abrangente acerca do tema sucessão.

ARGENTINA

De modo geral, toda América Latina estabeleceu proteção à união estável décadas antes do Brasil, sendo
que será analisado mais detalhadamente o sistema sucessório Argentino e seu regramento acerca dos
direitos de cônjuges e companheiros no caso de morte do parceiro. Segundo o sistema do Código Civil
Argentino, depois das reformas proporcionadas pelas Leis 17.711 de 1968 e 23.264 de 1985, os
herdeiros que são investidos automaticamente na herança, desde a morte do causante, são os
ascendentes, os descendentes e o cônjuge sobrevivente.

Conforme artigos 3.565 e 3.570 do respectivo Código Civil, se o falecido deixa cônjuge e filhos, o cônjuge
sobrevivente herda uma parcela igual à dos filhos. Não havendo filhos e descendentes, herdam os
ascendentes e o cônjuge sobrevivente, caso em que este herdará a metade dos bens próprios do de
cujus e também a metade da parte de gananciales, que são aqueles bens lucrativos adquiridos durante o
matrimônio, que cabia ao falecido, ficando a outra metade para os ascendentes pai e mãe, que recebem
partes iguais desta metade (artigos 3.568 e 3.571), ou, na falta destes, para os ascendentes mais
próximos em grau, por partes iguais, ainda que sejam de distintas linhas. Não havendo descendentes
nem ascendentes, o cônjuge sobrevivente herda tudo, excluindo a todos os parentes colaterais (artigo
3.572). Por sua vez, os parentes colaterais, só receberão eventual herança na inexistência do cônjuge.

Ao contrário de alguns países, o direito hereditário entre os cônjuges desaparecerá, em qualquer


hipótese, se eles se divorciarem, conforme trazido no artigo 3.574 do Código. No ordenamento jurídico
Argentino, estando os cônjuges separados por sentença de juiz, o cônjuge que porventura deu causa à
separação perde o direito de herdar. Já se a separação se deu por motivo de doença de um dos cônjuges,
este direito não desaparece.

O Conjuge perde o direito de herdar se viver em concumbinato ou fazer injúrias graves ao outro.
Também perde o direito se tiverem separados de fato ou por juiz competente, porém o inocente
continua com a condição de herdeiros se não tiver cometido as faltas graves acima mencionadas.

Se o matrimônio for realizado com pessoa doente e a pessoa morrer em menos e trinta dias, não
herdará o sobrevivente, a menos que o casamento tenho sido apenas para regularizar união já existente.

Também é criativa a previsão do direito sucessório do cônjuge viúvo que permaneça neste estado sem
filhos, visto que receberá a quota do marido relativa aos bens dos sogros falecidos. Ainda a disposição
trazida no artigo 3.576 estabelece que “em todos os casos em que o viúvo ou viúva é chamado à
sucessão em concorrência com descendentes, o cônjuge sobrevivente não terá parte alguma na divisão
de bens lucrativos que correspondiam ao cônjuge falecido, sendo de grande relevância quanto ao direito
sucessório”.

No que diz respeito ao direito sucessório, os conviventes podem celebrar um pacto de convivência, cujo
objeto pode compreender, a contribuição de cada um para a vida convivencial, a divisão da casa do casal
e a divisão dos bens obtidos pelo esforço comum, na hipótese de ruptura da união estável. À semelhança
com os pactos antenupciais, esses acordos não podem ser violadores do princípio da igualdade entre os
conviventes, muito menos afetar os direitos fundamentais de qualquer dos integrantes da união
convivencial, conforme trazido no artigo 515.

Na ausência de pacto, o entendimento é que os bens adquiridos durante a coexistência permanecem no


património a que aderiram, sem prejuízo da aplicação dos princípios gerais relativos ao enriquecimento
sem causa, interposição de pessoas e outras que correspondam.

Ainda, após a extinção da união estável poderá haver a chamada compensação econômica, caracterizada
por um benefício único ou aluguel por um período de tempo que não superior ao da união, a ser pago
em dinheiro ou com bens, nos mesmo termos que a referida no artigo 441 para o casamento. Os
requisitos desta forma, são homólogos ao do casamento.

ALEMANHA

A sucessão do cônjuge dentro de alguns sistemas de sucessão de países na Europa, por sua vez, possui
forte tendência de privilegiar o cônjuge na ordem da vocação hereditária, através da concorrência com
descendentes e ascendentes, que tradicionalmente se posicionam como herdeiros privilegiados,
conforme trazido na doutrina de Euclides de Oliveira (OLIVEIRA, 2005, p. 38).

No sistema Alemão, o cônjuge não consta em uma ordem específica de vocação hereditária, mas tem a
qualidade de herdeiro concorrente, recebendo a quarta parte da herança se concorrer comparentes de
primeira ordem, ora descendentes e, a metade, se concorrer com herdeiros de segunda ordem, sendo os
pais, irmãos, sobrinhos do falecido ou com os avós. Não havendo tais parentes, o cônjuge receberá
integralmente a herança.
Tanto na sucessão alemã quanto na brasileira, verifica-se a existência de uma declaração de última
vontade, consubstanciada principalmente em um testamento, feita pelo falecido, quando ainda em vida,
para, em um segundo momento, abrir-se a dita sucessão legítima. Na ausência de testamento, seguirá
então a ordem de vocação dos herdeiros, consistente, primeiramente, nos descendentes, seguido pelos
pais e seus descendentes e, ao final, por outros membros da família (OZANAN, 2015). O cônjuge
sobrevivente ou parceiro registrado então serão apenas coerdeiros ao lado dos filhos, segundo as
explicadas quotas partes.

Com relação à sucessão do companheiro na Alemanha, a união estável lá é denominada como


lebensgefährte, sendo traduzida para o português como “companheiro de vida” (COSTA FILHO, 2016).
Atualmente, inexiste qualquer previsão legal quanto ao dever de sustento mútuo para os conviventes
não casados. Por outro lado, existe previsão dos deveres próprios de cuidado em relação à filiação
comum havida durante a convivência de fato, nos termos do artigo 1.602 do Código Civil Alemão.

Apenas os bens comprovadamente adquiridos com a utilização de recursos de ambos os conviventes,


serão considerados como propriedade comum.

A Constituição Federal veda qualquer tratamento diferenciado entre as entidades familiares nela
consagradas e, dessa forma, a equiparação concedida pela referida decisão da Suprema Corte acabou de
vez com a diferenciação, no entanto, também trouxe algumas questões não respondidas, principalmente
no que tange a qualificar ou não o companheiro como herdeiro necessário.

ITÁLIA

Tanto no Brasil como na Itália os sucessores podem ser chamados de herdeiros ou de legatários.
Herdeiro é o que sucede na universalidade, na totalidade da herança, ou numa quota-parte, numa
fração do patrimônio do de cujus; legatário, o que sucede a título particular, em bens ou valores
determinados. O critério fundamental da distinção está na determinação ou na indeterminação do
objeto, dos bens sucessíveis. Na Itália, o legislador quis deixar consignada a distinção, por meio do
artigo 588 do Código Civil Italiano. Caracteriza-se como legítima a sucessão deferida pela lei através da
ordem de vocação hereditária, a qual se traduz pela escala de preferência dos herdeiros no chamamento
à herança.

Referida sucessão terá lugar, via de regra, se o autor da herança falecer sem deixar por testamento suas
declarações de última vontade.

Existem outras hipóteses a conferir a herança apenas aos herdeiros designados pela lei: sucessão
legítima em caso de caducidade, nulidade ou anulabilidade do testamento. Dá-se caducidade do
testamento quando fatos alheios à vontade do testador e posteriores à realização do testamento
impedem a sua plena eficácia. Exemplos: se o herdeiro instituído premorrer ao testador ou
simultaneamente a ele; se não se der o implemento da condição a qual estava sujeita a instituição de
herdeiro ou legatário; se o herdeiro instituído falecer antes do implemento da condição da qual
dependia a herança ou o legado; se houver renúncia da herança por parte do herdeiro ou legatário, ou
se for incapaz de herdar ou se for excluído da sucessão. Por sua vez, considera-se um testamento nulo
quando celebrado por testador incapaz.

O testamento anulável apto a ocasionar sucessão legítima é aquele cuja vontade do testador tenha sido
acometida de alguma das hipóteses de vício de consentimento tais como, erro, dolo, coação ou ainda se
foi realizado com o intuito de prejudicar credor do autor da herança, sendo esta a hipótese do vício
social denominado fraude contra credores.

artigo 540 do Código Civil Italiano, onde encontramos uma resguarda ao imóvel habitado pela família ao
cônjuge, bem como aos bens incorporados a este imóvel. Outrossim, de acordo com nossa legislação, o
cônjuge sobrevivente terá garantido pelo menos um quarto da herança, ao concorrer com
descendentes gerados por ele e o de cujus (art. 1829, I). Fazendo um paralelo com o direito civil italiano,
quando este trata da sucessão legítima, mais especificamente do quinhão ao qual o cônjuge possui
direito, podemos observar algumas semelhanças e algumas diferenças.

O artigo 582 do Código Civil Italiano traz a divisão da herança entre o cônjuge e os descendentes. Se o


cônjuge estiver concorrendo apenas com um descendente (filho legítimo ou natural), terá direito a
metade da herança. Em outros casos, lhe será destinado um terço da herança, devendo o restante ser
partilhado igualmente entre os demais descendentes. De igual modo ao direito brasileiro, o código
civil italiano resguarda pelo menos um quarto da herança ao cônjuge, quando este concorrer com uma
pluralidade de descendentes, sejam eles legítimos ou naturais, de acordo com o artigo 542 da legislação
civil italiana. Alessio Zaccaria traz o seguinte sobre isso, em sua obra sobre a sucessão no direito italiano:
“(...) salvo que concurra com los hijos, em cuyo caso se le resrva um tercio, si sólo hay um hijo, o una
cuarta parte de la herancia si hay más de uno”.

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