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Disciplina: DIREITO EMPRESARIAL III

Unidade I - Teoria Geral do Direito Falimentar.

EMENTA:
TEORIA DO DIREITO FALIMENTAR. Introdução. Regulamentação legal. Princípios. A empresa
em crise. Intervenção estatal.

Objetivos:
1) Adquirir conhecimentos fundamentais sobre a Teoria Geral do Direito Falimentar;
2) Conceituar falência e compreender o seu processamento no ordenamento jurídico brasileiro.

Conteúdo:

1) TEORIA GERAL DO DIREITO FALIMENTAR

 Introdução. Na antiguidade, as obrigações tinham caráter estritamente pessoal


(circunstância que autorizava o credor a dispor do corpo e até da vida do devedor
inadimplente). A partir do ano 428 a.c, através da ‘Lex poetelia Papiria’, o vínculo
obrigacional perdeu a sua natureza pessoal, passando a ser real (os atos executórios
passaram a recair sobre o patrimônio e não mais sobre o corpo e a vida do devedor). No
estado capitalista contemporâneo, em caso de inadimplência do devedor, o sujeito ativo
(credor) pode promover, junto ao poder judiciário, a execução de bens do patrimônio do
devedor para a integral satisfação do seu crédito líquido, certo e exigível (ação individual).
Todavia, quando alguém tem mais dívidas do que bens, o mais justo é a instauração de uma
execução única, envolvendo todos os credores e abrangendo todos os bens do devedor
(prevalência do interesse público e dos mais necessitados). É o que se denomina ‘Execução
concursal’. Se esse alguém (devedor) é empresário, a execução concursal será a ‘Falência’
(Lei 11.101/2005); se não exerce nenhuma atividade econômica, ou a explora sem
empresarialidade, a execução concursal será a ‘insolvência civil (CPC).
 Conceito de Falência. É o processo judicial de execução concursal do patrimônio do
devedor, empresário, que, em regra, é uma pessoa jurídica na forma de ‘sociedade por
quotas de responsabilidade limitada’ ou ‘sociedade anônima’.
 Regulamentação Legal. Evolução. I – Código Comercial de 1850 - mostrou-se inadequado
ao comércio brasileiro; II – Decreto 917 de 1890 – revogou as normas falimentares do
Código Comercial instituindo novo regulamento, sem coibir os abusos e fraudes; III – Lei 859
de 1902 – disciplinou o instituto por 10 anos; IV – Lei 2.024 de 1908: representou um marco
legislativo à época; V – Decreto-Lei 7.661, de 1945 – hoje revogado; VI – Projeto de Lei
4.376/93; VII – Lei 11.101/2005, de 31.05.2005 – atual lei de falências.
 Princípios básicos do Direito Falimentar. I – ‘Par Condicio Creditorum’ – Tratamento paritário
dos credores (Igualdade de condições dos credores de uma mesma classe). É o princípio
fundamental do processo falimentar e do concurso de credores; II – ‘Universalidade,
indivisibilidade e unicidade do juízo ’ (art. 76): O juízo da falência é indivisível e competente
para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as
causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como
autor ou litisconsorte ativo.

2. A EMPRESA EM CRISE

 Introdução. A empresa em crise – manifestação - formas diversas: a) crise econômica –


retração considerável nos negócios desenvolvidos pela sociedade empresária (não
interesse dos clientes pelos produtos ou serviços oferecidos); b) crise financeira – a
sociedade empresária não tem caixa para honrar os compromissos assumidos. É a crise de
liquidez (embora satisfatórios as vendas e o faturamento, a sociedade empresária foi
envolvida por uma crise cambial, alto nível de inadimplência, não conseguindo honrar as
obrigações); c) crise patrimonial – é a insolvência (os bens da sociedade empresária são
inferiores às dívidas - ativo inferior ao passivo). Conseqüência da crise: prejuízos aos
empreendedores, investidores, credores, trabalhadores e outros agentes econômicos.
Mecanismos jurídicos e judiciais de recuperação da sociedade empresária: Estados Unidos
(1934, norma visando amenizar os efeitos da crise detonada pela queda da bolsa de Nova
York em 1929); França (1967 e aperfeiçoado em 1985 e 1995); Itália (1970, denominada
‘administração extraordinária); Argentina (1994); Brasil (através da Nova Lei de Falências).
 Solução de mercado e recuperação da empresa. Em regra, a superação da sociedade em
crise deve ser proveniente da ‘solução de mercado’ (aposta de outros empreendedores e
investidores, que se dispõem a prover os recursos e adotar medidas de saneamento
administrativo, visando à estabilização da sociedade em crise). Não havendo ‘solução de
mercado’, em princípio, não há razão para a intervenção estatal visando a recuperação da
sociedade em crise, sendo o melhor caminho a sua extinção/encerramento (falência).
Somente deve haver intervenção estatal (executivo ou judiciário) visando a recuperação da
empresa se a solução de mercado não se concretizar por disfunção do sistema econômico
(ex.: imposição do valor de venda pelo proprietário, não condizente com a realidade-valor
idiossincrático da empresa), prejudicando e atingindo, de forma injusta, interesses sociais e
econômicos que transcendem os dos empreendedores, tais como os dos empregados, da
comunidade em geral, dos consumidores, das pequenas e médias empresas satélites, etc.

EMENTA:
Efeitos da Falência. Dissolução, sócios, patrimônio, atos e contratos da sociedade falida.

Objetivos:

1 - Adquirir conhecimentos fundamentais sobre a Teoria Geral do Direito Falimentar;


2 - Conceituar falência e compreender o seu processamento no ordenamento jurídico brasileiro.

Conteúdo:

1. EFEITOS DA FALÊNCIA
 1.1 Dissolução da sociedade falida. O efeito da decretação da falência é a extinção da
sociedade empresária (liquidação do patrimônio social para a realização do ativo e a
satisfação do passivo pelo juiz da ação de dissolução, com o apoio do administrador
judicial). A falência é sempre decretada pelo poder judiciário. Interrupção da dissolução
falencial. A sociedade empresária retorna ao estado anterior ao ato dissolutório, podendo
voltar à pratica regular de seus negócios. Ex.: declaração judicial de extinção das
obrigações antes da sentença de encerramento do processo falimentar. Preservação da
empresa. Alternativas que garantam a continuidade da exploração da atividade econômica
(recuperação judicial ou extrajudicial, antes de verificada a quebra; continuidade do negócio
por sociedade constituída entre credores ou trabalhadores ou de terceiros que adquira o
estabelecimento da falida, no todo ou em parte; continuação provisória do negócio, mesmo
durante o processo falimentar).
 1.2 Sócios da sociedade falida. Os efeitos da decretação da falência da sociedade sobre os
sócios variam de acordo com a função exercida na empresa, o tipo societário e a natureza
de responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais: a) Representantes legais da falida
(administrador da limitada ou diretor na anônima): obrigações processuais idênticas à do
empresário individual falido (colaboração com o processo falimentar e responsabilidade
penal); b) Sócio ou acionista, na limitada ou anônima – se o capital foi totalmente
integralizado, não há responsabilidade pelas obrigações sociais e os seus bens, nesse caso,
não são atingidos ou sujeitos ao processo falimentar. Não tendo sido integralizado o capital,
o administrador judicial deverá promover ‘ação judicial de integralização’; c) Sociedades de
tipo menor - os sócios com responsabilidade ilimitada (sócios na sociedade em nome
coletivo, comanditário, na comandita simples e acionista diretor, na comandita por ações)
terão seus bens arrecadados pelo administrador judicial juntamente com os da sociedade
falida, observando-se, apenas, a regra da subsidiariedade da responsabilidade dos sócios
pelas obrigações sociais (primeiro, a venda dos bens da sociedade e, em caso de
insuficiência, os bens arrecadados dos sócios). Nesse caso, ditos sócios ficam impedidos de
participar das demais sociedades de que façam parte, ou de constituir nova sociedade ou
ingressar em outra sociedade. Já os demais sócios dessas sociedades (comanditário, na
comandita simples, e o acionista não diretor, na comandita por ações) respondem pelas
obrigações sociais apenas de forma limitada. Obs.: seja qual for a categoria do sócio, se
condenado por crime falimentar, a lei veda a constituição de nova sociedade ou ingresso em
outra já existente, ou ainda a participação na administração de sociedade empresária,
enquanto não obtiver a reabilitação judicial (Lei 8.934/94, art. 35, II).
 1.3 O patrimônio da sociedade falida. Com a decretação da falência, são arrecadados todos
os bens da sociedade falida, bem como aqueles que estão em sua posse, ainda que não
seja proprietária. Estes últimos serão restituídos em momento próprio aos legítimos
proprietários. A arrecadação será formalizada por um auto (composto de termo de inventário
e laudo de avaliação), elaborado e assinado pelo administrador judicial, o representante
legal da sociedade falida e, se presentes, as demais pessoas que auxiliaram no ato ou o
tenham assistido. Termo de inventário. Constará dele: a) menção aos livros obrigatórios e
facultativos (estado, número, denominação, páginas escrituradas, etc.); b) informação do
administrador sobre o atendimento às formalidades legais; c) dinheiro, papéis, documentos
e demais bens da sociedade falida; d) os bens de terceiros na posse da sociedade falida.
Laudo de avaliação. Contém a avaliação dos bens feita pelo administrador judicial (ou
profissional habilitado para tal autorizado pelo juiz), servindo de referência para tomadas de
decisão (locação ou arrendamento, venda, etc.). Observação: em alguma situações
especiais, a arrecadação de bens se submete a regime jurídico próprio. Ex.: 1-companhias
securitizadoras emitentes de Certificados de Recebíveis Imobiliários-CRI em regime
fiduciário-Lei 9.514/97 (os ativos de cada empreendimento compõem um patrimônio
separado e não serão arrecadados); 2-Posse legítima de substâncias entorpecentes por
estabelecimento industrial, hospitalar, de pesquisa, etc.-Lei 6.368/76, art. 41, §§1º e 2º (tais
substâncias ficam sob a guarda/depósito da autoridade sanitária até a venda em hasta
pública); etc.
 1.4 Os atos da sociedade falida. I - Ineficácia Objetiva (LF, art. 129). A Lei de falência coíbe
os atos da sociedade falida que, de alguma forma, objetivem frustrar o processo falimentar.
Tais atos não geram quaisquer efeitos jurídicos perante a massa (não são nulos ou
anuláveis, mas ineficazes), sendo irrelevante, para que seja considerado ineficaz, se
perquirir se a falida agiu ou não com a intenção de fraudar. Pode ser declarada de ‘ofício’
pelo juízo em simples despacho, em caso de prova cabal nos autos da falência. Em caso
contrário, poderá ser buscada em ação própria (sem designação específica) ou mediante
exceção, em processo autônomo e incidente ao da falência; II - Ineficácia Subjetiva (LF
130). Tendo havido fraude, o ato é revogável (LF, art. 130). A ineficácia do ato, nesse caso,
será subjetiva, ou seja, exige-se a prova da fraude (necessário se perquirir a intenção de
fraudar do sujeito falido). Deve ser declarada pelo juiz da falência em ação própria
denominada ‘revocatória’ (específica do processo falimentar), que deverá ser intentada, no
prazo de 03 anos a contar da declaração da falência, pelo administrador, credor ou MP.
Termo legal de falência. É o lapso temporal fixado pelo juiz na sentença declaratória ou por
decisão interlocutória posterior, que serve de base para definição da ineficácia de alguns
atos praticados pela falida (período suspeito).
 1.5 Os contratos da sociedade falida. a) Regra geral (LF, art. 117 e 118). Os contratos
bilaterais (sinalagmáticos) da falida cuja execução ainda não se tenha iniciado por nenhuma
das partes, assim como os contratos unilaterais (aqueles em que apenas uma das partes se
obrigou), podem ser objeto de resolução pelo administrador judicial, com autorização do
comitê, se de interesse da massa (reduzir ou evitar o aumento do passivo ou, ainda, a
preservação do ativo). Nas falências desprovidas de comitê, cabe a decisão ao
administrador judicial, isoladamente. b) Regras específicas (LF, art. 119): Inciso I – Falência
do comprador após o despacho das mercadorias – Não poderá o vendedor obstar a entrega
das mercadorias em trânsito, caso o comprador, antes do requerimento da falência, sem
fraude, já as tenha revendido, restando ao vendedor, apenas, habilitar-se no concurso de
credores; Inciso II – Venda, pela falida, de coisa composta rescindida pelo administrador
judicial – poderá o comprador, nesse caso, colocar à disposição do vendedor as coisas já
recebidas e exigir judicialmente perdas e danos (ação de conhecimento); Inciso III –
Resolução do contrato, pelo administrador judicial, de venda à prestação, pela falida, de
coisa móvel – Nesse caso, só resta ao comprador, se já tiver pago parte das prestações a
que se obrigou, habilitar-se no concurso de credores; Inciso IV – Bem móvel comprado pela
falida, com reserva de domínio ao vendedor – Se o administrador judicial resolver não
continuar a execução do contrato, devolverá a coisa exigindo do vendedor o valor pago,
devidamente atualizado; Inciso V – Compra e venda a Termo de bens com cotação em
bolsa ou mercado – Não se executando o contrato, prestará o contratante ou a massa falida
a diferença entre as cotações do dia em que foi firmado o contrato e do dia previsto para a
sua liquidação. Sendo credora a massa, deverá cobrar a diferença do contratante. Se
devedora, o contratante deverá habilitar o seu crédito; Inciso VI – Promessa de compra e
venda de imóveis – aplicar-se-á a legislação específica (Lei 6.766/79, art. 30): Na falência
do vendedor, o compromisso deverá ser cumprido com a outorga da escritura definitiva de
compra e venda, após integralizado o preço pelo adquirente. Se for o comprador o falido, os
direitos oriundos do compromisso serão arrecadados pelo administrador judicial e vendidos
em juízo. O arrematante sub-roga-se no contrato, recebendo o imóvel, após o pagamento
das prestações fixadas; Inciso VII – Locação empresarial – a falência do locador, por si só,
não resolve o contrato. Nesse caso, o locatário permanece na posse do imóvel, pagando os
aluguéis à massa falida até a venda do bem, quando o novo proprietário decidirá se aceita
ou não continuar aquele vínculo, respeitado, é claro, os direitos do locatário, especialmente
se preenchidos os requisitos do art. 51 da Lei 8.245/91, que garante ao locatário o direito à
renovação da locação. Se o falido for o locatário, cabe ao administrador judicial avaliar a
conveniência de continuar ou não a locação do bem; Inciso VIII – Contrato de Compensação
e Liquidação – Na falência da sociedade empresária, é facultado à Câmara de
Compensação e Liquidação Financeira, autorizada a funcionar pelo Banco Central no
âmbito do sistema financeiro nacional, considerar vencido antecipadamente o contrato
firmado com o falido, admitida a compensação entre eventual crédito conferido em favor da
falida e as dívidas desta junto à aquela; Inciso IX – Patrimônio de Afetação (separados) –
Obedecerão ao disposto na legislação específica (Os bens, direitos e obrigações inerentes
ao patrimônio afetado continuarão separados dos do falido, como se a falência não
houvesse sido decretada, até o advento do respectivo termo ou ao cumprimento de sua
finalidade, quando então o administrador judicial arrecadará o saldo em favor da massa, se
houver; Outras regras específicas: 1) Contratos administrativos (na falência do empresário
contratado pela Administração pública, a lei prevê a rescisão do contrato: exploração de
serviço público, por concessão (extinção da concessão – Lei 8.987/95, art. 35, VI);
Fornecimento de bens ou serviços ou execução de obras (Lei 8666/93, art. 78, IX); 2)
Contratos de trabalho (não se rescindem com a falência, mas com a paralisação das
atividades da sociedade. Caso o Juiz, ao decretar a falência, entenda por manter a
continuarão provisória da atividade, os contratos de trabalho não sofrem qualquer alteração,
devendo ser cumpridos pelas partes contratantes – pagamento de salários pelo
administrador judicial e cumprimento da jornada pelos trabalhadores); 3) alienação fiduciária
em garantia - falindo o fiduciante/devedor, a fiduciária (normalmente instituição financeira)
pode pedir a restituição da coisa (DL 911/69, art. 7), obrigando-se a vende-la para satisfazer
o seu crédito, devolvendo à massa o valor que sobejar. Caso o valor da venda seja
insuficiente para honrar o seu crédito, a fiduciária poderá habilitar-se na falência, pela
diferença, como credora quirografária; 4) Conta corrente (LF, art. 121) – Serão encerradas
no momento da falência, apurando-se o saldo. Se saldo credor, a instituição deverá pagar a
massa. Se saldo devedor, a instituição pode habilitar-se na massa, como credora
hipotecária; 5) Contratos de consumo – o CDC não traz qualquer regra específica na
hipótese de falência do fornecedor. Dessa forma, segue a regra geral de rescisão dos
contratos bilaterais de execução não iniciada prevista (LF, art. 118), quando presentes os
seus requisitos. Observação: Nas situações previstas no Art. 28, do CDC, há a
responsabilização dos administradores da sociedade falida. Observação: Se as partes, em
quaisquer contratos, pactuaram cláusula de resolução em caso de falência, esta não poderá
ser desconstituída por ato do administrador judicial/comitê, visto que as normas do direito
falimentar (parte do direito comercial), no tocante às obrigações contratuais, são aplicáveis
complementarmente, prevalecendo, no caso, a autonomia da vontade das partes.
Prescrição das Obrigações da Falida. Somente a prescrição das obrigações da falida
suspende-se com a decretação da quebra, reiniciando-se a contagem do prazo com o
transito em julgado da sentença de encerramento da falência. A prescrição das obrigações
de terceiros para com a falida (credora), bem como os prazos decadenciais (seja a falida
devedora ou credora da obrigação), NÃO se suspende.
 1.6 Os credores da Sociedade Falida. Com a decretação da falência, a execução concursal
passa a ser o exclusivo processo judicial de cobrança do direito creditício. Credores
admitidos. Exceto com relação ao credor fiscal (art. 187, CTN), titular de garantia legal, que
o exclui de qualquer concurso (interesse público) e os excluídos da falência (em atenção
aos interesses da comunhão de credores), todos os demais credores, seja qual for a
natureza do crédito (comercial, trabalhista, de consumidores, etc.), devem submeter-se ao
concurso falimentar visando a satisfação do seu crédito. Excluídos da falência: a) o credor
por obrigações a título gratuito; b) As despesas, custas e honorários advocatícios
despendidos pelo credor na habilitação de seu crédito, exceto as custas judiciais pagas em
processo de conhecimento contra a massa falida; c) a multa ou pena pecuniária cuja
constituição é proveniente da decretação da falência do devedor. Efeitos da falência em
relação aos credores. A sentença declaratória de falência produz os seguintes efeitos
principais em relação aos credores: I – Formação da massa falida subjetiva (massa passiva
ou de credores) – é o sujeito de direito despersonalizado voltado à defesa dos interesses
geral dos credores de uma sociedade empresária falida. Atua como sucessora da falida
(cobrando, judicial ou administrativamente, os devedores da sociedade empresária falida ou
defendendo os interesses desta, quando demandada). Observação: não confundir com a
massa falida objetiva (massa ativa), que é o conjunto de bens arrecadados do patrimônio da
massa falida no processo falimentar; II – Suspensão das ações de execução individuais em
curso contra a sociedade falida, exceto as fiscais porque tal crédito não participa do
concurso de credores. Observação: a) a execução individual com hasta já designada não
deve ser suspensa, por questão de economia processual, todavia o valor arrecadado deve
ser levantado não pelo exeqüente, mas sim pela massa; b) a execução individual com hasta
já realizada também não deve ser suspensa, uma vez que, nesse caso, o bem da falida já
foi liquidado, tendo a execução individual atingido o seu objetivo antes da decretação da
falência. Nesse caso, o credor individual é que tem direito de levantar o valor arrecadado até
o limite de seu crédito, ficando com a massa apenas o que sobejar; III – Suspensão da
fluência dos juros – Após a quebra, não se computam mais juros enquanto não se liquidar o
principal corrigido devido a todos os credores. Exceção apenas com relação às obrigações
com garantia real, em que os juros podem ser computados após a falência, desde que, é
claro, o bem onerado suporte, bem como aos credores debenturistas com garantia real; IV –
Vencimento antecipado dos créditos contra a sociedade falida – Nesse caso, serão abatidos
os juros legais incidentes no valor dos créditos antecipados entre a data da quebra e a do
vencimento, caso outra taxa não houver sido avençada. Classificação dos Credores (LF, art.
83). Assim, após pagar os créditos extraconcursais (credores da massa e os titulares de
direito à restituição em dinheiro), o administrador judicial deve obedecer a preferência na
ordem de classificação. Consoante a natureza do crédito, os credores da sociedade
empresária falida obedecem a uma ordem de classificação e preferência, para efeito de
pagamento das obrigações da falida, a saber: I – credores trabalhistas – englobando todos
os pagamentos devidos pela sociedade empresária a seus empregados (CLT, art. 449 §1º),
bem como indenização por acidente de trabalho; II – credores com garantia real, até o limite
do valor do bem onerado; III – dívida ativa de natureza tributária ou não tributária (art. 186,
parágrafo único, do CTN e 4º, §4º, da Lei 6.830/80); IV – credores com privilégio especial; V
– credores quirografários; VI – titulares de direito a multa contratual ou penas pecuniárias
por infração à lei administrativa ou penal; VII – credores subordinados.

Referências Bibliográficas:
Coelho, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 10. ed.. –São Paulo : Saraiva, 2006. V. 1.
Negrão, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de empresa, vol.1. – 4. ed. – São Paulo : Saraiva,
2006.

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