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UNIDADE VI – Direito Empresarial

Direito Societário (Autor Prof Paulo Celso Sanvito)

Teoria Geral do Direito Societário


Noções Gerais: Pessoas jurídicas são divididas em dois grupos: de direito público (União, Estados,
Municípios, DF e autarquias); e de direito privado (todas as demais) - o que os diferencia é o regime
jurídico a qual se submetem: as de direito público gozam de posição privilegiada (supremacia do
interesse público), enquanto as de direito privado se sujeitam a regime isonômico (inexiste
diferenciação). Para se determinar o enquadramento, é irrelevante a origem dos recursos: existem
PJs constituídas apenas por recursos públicos, mas que são, por força legal, sujeitas ao regime de
direito privado (empresas públicas), assim como as de capital social formado majoritariamente
por recursos públicos (sociedades de economia mista).
PJs de direito privado não estatais (fundações, associações e sociedades) se dividem em I) sociedades
simples e II) sociedades empresárias; de acordo com o modo de explorar seu objeto social -
exploração com ou sem caráter empresarial (profissionalidade e organização) -- Exceções: Sociedades
por Ações serão sempre empresárias, independentemente do objeto (arts. 982 CC e 2º LSA);
Cooperativas nunca serão empresárias, independentemente de qualquer característica (art. 982 CC).

Conceito de Sociedade Empresária: Pessoa jurídica de direito privado não estatal, que explora
empresarialmente seu objeto social ou adota a forma de sociedade por ações -- destaque para dois
institutos jurídicos: a pessoa jurídica e a atividade empresarial.

Personalização: A PJ não se confunde com as pessoas que a compõem: possui personalidade


distinta de seus sócios (independentes entre si). A Personalidade Jurídica é uma criação legal:
autoriza, determinados sujeitos de direito, à prática de alguns atos jurídicos (sujeito de direito é
aquele que a legislação determina como apto a ser titular de direito ou devedor de prestação). Regra Geral:
sociedade empresária é sujeito de direito personalizado: pode praticar qualquer ato ou negócio
jurídico que não tenha proibição expressa - (sociedade em conta de participação é definida, por lei, como
despersonalizada - art. 991 a 996 CC). Principais consequências (princípios do direito societário):

a) Titularidade negocial – quando a sociedade realiza negócios jurídicos é apenas ela (sujeito
autônomo) que assume a relação negocial (o sócio que a representou não é parte do negócio jurídico).
b) Titularidade processual - PJ pode comparecer em juízo autonomamente (capacidade processual).
c) Responsabilidade patrimonial - a sociedade terá patrimônio próprio (inconfundível e
incomunicável com o de cada sócio), respondendo com este pelas obrigações que assumir
(autonomia patrimonial) -- sócios, em regra, não respondem pelas obrigações da sociedade.

Classificação das Sociedades Empresárias: Três critérios: I) regime de constituição e dissolução;


II) condições para alienação da participação societária; e III) responsabilidade dos sócios pelas
obrigações sociais.

I - Quanto ao regime de constituição e dissolução


a) Sociedades contratuais – seu ato constitutivo e regulamentar é o contrato social: para sua
dissolução, não basta a vontade majoritária (direito dos sócios minoritários manterem a sociedade) -- causas
específicas de dissolução: morte ou expulsão de sócio - tipos: em nome coletivo (N/C), em comandita
simples (C/S) e limitada (Ltda.).
b) Sociedades institucionais – seu ato regulamentar é o estatuto social: podem ser dissolvidas por
vontade da maioria societária - causas específicas de dissolução: intervenção e liquidação extrajudicial
-- tipos: sociedade anônima (S/A) e sociedade em comandita por ações (C/A) . Nota: a participação
societária da sociedade contratual chama-se “cota” (“quota”) e a de uma institucional chama-se
“ação”.
II - Quanto às condições de alienação da participação societária
Há sociedades em que os atributos individuais do sócio (competência, honestidade, diligência) tem
relevância para o sucesso ou fracasso da empresa: alienação da participação a terceiro estranho,
depende da anuência dos demais (Sociedades de Pessoas). Em outras, tais características não
influem no seu desenvolvimento: alienação da participação independe da anuência dos demais
(Sociedades de Capital). As sociedades institucionais são sempre “de capital” (S/As e em comandita
por ações), enquanto as contratuais podem ser “de pessoas” ou “de capital”, de acordo com a vontade
da Lei (art. 1.003; 1.028 e 1.050 CC) ou como previsto no “contrato social” (art. 1.075 CC).

III - Quanto à Responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais


Regra Geral - sócios não respondem pelas obrigações da empresa: mesmo na falência, somente
após total exaurimento do capital social é que se cogita alguma responsabilização dos sócios - a
responsabilidade é sempre subsidiária (se segue à da própria sociedade - arts. 1.024 CC e 795 CPC).
O limite da responsabilidade dos sócios é variável -- Regra Geral: ao ingressar em qualquer
sociedade, o sócio deve contribuir para formar o capital social, subscrevendo parte deste (pagar
quantia determinada), à vista ou a prazo (conforme paga, está integralizando sua participação).
Quando todos já cumpriram seus pagamentos, o capital social estará totalmente integralizado.
O sócio da Ltda. e o comanditário da em comandita simples, respondem até o total do capital
social não integralizado (mesmo integralizando sua parte, se outro ainda não o fez, poderá ser
responsabilizado, no limite do valor que o segundo ainda não integralizou) -- acionistas da S/A ou da
comandita por ações, respondem, apenas, pelo seu capital subscrito e não integralizado, nunca pela
não integralização de outro: o limite de sua responsabilidade pode ser “zero” (integralizou toda sua
parte no capital social).
a) Sociedade ilimitada – todos os sócios respondem, ilimitadamente, pelas obrigações sociais
(sociedade em nome coletivo - N/C).
b) Sociedade mista – uma parte dos sócios tem responsabilidade ilimitada, e outra, limitada
(Sociedade em Comandita Simples e Por Ações).
c) Sociedade limitada – todos os sócios respondem de forma limitada (Sociedade Limitada e
Sociedade Anônima).

DIREITO SOCIETÁRIO - SOCIEDADES EM ESPÉCIE


Sociedades Não Personificadas
Sociedade em Comum (Sociedade de Fato)
São aquelas que funcionam "em estado provisório de irregularidade" ou “enquanto não inscritos
seus atos constitutivos no registro competente" e, portanto, não possuem personalidade jurídica
própria. Sua principal característica é que ela responde, perante terceiros, ilimitadamente pelas
obrigações contraídas por si e seus sócios (vice versa - arts. 986 a 990 CC).

Sociedade em Conta de Participação


É um tipo especial: apresenta uma característica secreta, que a impede de efetuar o registro de seu
ato constitutivo, sendo despersonalizada, mas não irregular (o Código Civil considera o contrato
em conta de participação como sendo sociedade). Nessa espécie societária existem duas espécies
de sócios: (I) Sócio Ostensivo; e (II) Sócio Participante (ou Sócio Oculto).
Características: (a) atividade exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu próprio nome
individual, sob sua própria e exclusiva responsabilidade perante terceiros (se o sócio participante tomar
parte nas relações com terceiros responde solidariamente); (b) os efeitos do contrato são somente entre os
sócios; (c) é direito do sócio participante a fiscalização da gestão dos negócios sociais; (d) o
ingresso de novo sócio somente é permitido com o consentimento do sócio participante.
Sociedades Personificadas
As sociedades de pessoas (simples, em nome coletivo, comandita simples e limitada) mantêm pontos
comuns (arts. 997 a 1.038 CC).
Regras Gerais
- Sociedades Simples adquirem personalidade jurídica com a inscrição de seu ato constitutivo no
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede (art. 988 CC), enquanto que as
Sociedades Empresárias adquirem personalidade jurídica com a inscrição do ato constitutivo no
Registro Público de Empresas Mercantis, nas Juntas Comerciais (art. 985 e 1.150 CC);
- É direito básico de um sócio, a participação nos resultados, lucros e perdas da sociedade, salvo
estipulação em contrário, na proporção da respectiva quota (art. 1.007 CC).
- Um sócio só pode ser substituído, no exercício das suas funções, com o consentimento dos
demais, expressado em modificação do contrato social (art. 1.002 CC).
- Os sócios são obrigados às contribuições (pagamentos e remessas) estabelecidas no contrato social:
quem não o fizer será notificado para fazê-lo, sob pena de: (a) responder, perante a sociedade, pelo
dano da mora; (b) ser considerado remisso; (c) ser demandado judicialmente; e (d) ter reduzida
sua cota societária ou mesmo ser excluído da sociedade (art. 1.004 CC).
- Quando a Lei ou Contrato Social previrem que compete aos sócios a decisão sobre os negócios,
essas deliberações serão por maioria de votos, pelo valor das quotas de cada um (art. 1.010 CC).
- No caso de cessão das cotas societárias, cedente responde junto com cessionário (solidariedade),
até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, pelas obrigações que tinha como
sócio, perante a sociedade e terceiros (art. 1.003 CC).
- É admitido o pedido de Recuperação Judicial de uma pessoa natural, desde que comprovada a
condição de empresário.

Sociedade simples
Destina-se às atividades não empresariais (inscrita no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas - art.
988 CC) -- Rigidez para modificar seu contrato social: necessidade de consentimento, unânime, de
todos os sócios, para alterar cláusulas referentes aos elementos essenciais do contrato (qualificação
dos sócios; denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; capital; quota de cada sócio e o modo de realizá-la;
prestações a que se obriga o sócio; pessoas incumbidas da administração, seus poderes e atribuições; participação de
cada sócio nos lucros e perdas).

Sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044 CC)


Características: (a) somente pessoas naturais podem tomar parte na sociedade; (b) somente sócio
(um, alguns ou todos) pode exercer a administração social; (c) a qualidade de sócio é pessoal:
vedado a terceiro estranho ingressar no quadro social, sem consentimento dos demais; (d) A
responsabilidade dos sócios, pelas obrigações sociais, é solidária e ilimitada entre eles e subsidiária
ao patrimônio Social.

Sociedade em comandita simples (arts. 1045 a 1051 CC)


Principal característica: existência de dois “tipos” de sócios - (I) Comanditados e (II)
Comanditários -- Pode adotar nome empresarial da espécie firma ou denominação, mas apenas o
sócio comanditado pode emprestar seu nome civil para a formação -- é obrigada a manter,
SEMPRE, os dois tipos sócios, sob pena de dissolução.
Sócios Comanditados: (a) sempre pessoas físicas; (b) exercem privativamente a administração;
(c) responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, subsidiariamente ao
patrimônio social; (d) possuem os mesmos direitos do sócio em nome coletivo.
Sócios Comanditários: (a) pessoas físicas ou jurídicas; (b) proibidos de exercer atos de gestão;
(c) responsabilidade limitada à integralização da sua quota - art. 1.045 CC; (d) responsáveis, no limite
contratado, pelas dívidas pré-existentes à diminuição de sua cota social, quando esta acarretar a
redução de capital social; (e) não são obrigados a repor lucros recebidos de boa-fé.
Sociedade Limitada (arts. 1.052 a 1.087 CC)
Principal característica: possibilidade da escolha de sua natureza (Empresarial ou Simples),
definida pela vontade dos sócios no contrato social -- Além das regras específicas, seu contrato
social pode eleger a regência supletiva das normas da sociedade anônima ou submeter-se às regras
da sociedade simples -- Nota: a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas,
mas todos respondem, solidariamente, pela integralização do capital social (art. 1.052 CC).
Características:
• Capital Social: formado por quotas (valores iguais ou diferentes), cabendo uma ou mais a cada sócio;
vedada contribuição, em prestação de serviços, para constituir capital social (art. 1.055 CC).
• Objeto: É possível uma sociedade simples, no objeto, e limitada, na forma (art. 983 CC).
• Cessão das cotas: na omissão do contrato, o sócio pode cedê-las, total ou parcialmente, a quem
seja sócio, independente de anuência dos outros; ou a estranho, se não houver oposição dos outros
sócios, que representem mais de 25% do capital social (art. 1.057 CC).
• Sócio remisso: se o sócio não completar sua contribuição ao capital social, os demais podem
transferi-la a terceiros (art. 1.058 CC) ou valer-se de outras soluções (exclusão ou redução da participação,
pelo valor já integralizado - art. 1.004 CC).
• Administração: feita por uma ou mais pessoas físicas (sócios ou não sócios), designadas no contrato
social ou em ato separado (arts. 1.060 e 1.061 CC).
• Destituição de administrador: ocorrerá a qualquer tempo: se for sócio, dependerá de aprovação
de titulares de cotas correspondentes a, no mínimo, 2/3 do capital social (art. 1.063 CC).
• Conselho Fiscal: é facultada sua constituição (art. 1.066 CC).
• Deliberação dos sócios: depende de realização de assembleia, se houverem mais de dez sócios
(art. 1.072 CC), por votos de 3/4 da maioria do capital social ou dos presentes (art. 1.076 CC).
• Responsabilidade: sócios respondem pessoalmente pela integralização de sua cota e,
solidariamente com os demais, pela integralização de todo capital social; todos os sócios são
solidariamente responsáveis pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social (art. 1.055
CC); sócio que puser em risco a continuidade da empresa pode ser excluído, por decisão dos
titulares de mais da metade do capital social (art. 1.085 CC).

Situações Especiais
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
Art. 41, Lei 14.195/2021 - As EIRELIs (art. 840-A CC), existentes na data da entrada em vigor desta Lei,
serão transformadas em sociedades limitadas unipessoais independentemente de qualquer alteração em
seu ato constitutivo. §ú - Ato do Drei disciplinará a transformação referida neste artigo.

Sociedade Limitada Unipessoal


Criada através da Lei da Liberdade Econômica (Lei 13.874/2019), a Sociedade Limitada
Unipessoal (SLU), apesar do termo “sociedade” no nome, será constituída, unicamente, por uma
só pessoa, mantendo as demais características de uma “sociedade limitada”, inclusive no tocante
à "proteção do patrimônio particular" do sócio.
Trata-se de uma representação jurídica individual, caracterizada por uma "responsabilidade
limitada", atribuída ao único sócio proprietário. Assim, a pessoa responsável pela empresa não
tem seus bens pessoais atrelados aos débitos do negócio. Seu nome deve ser, obrigatoriamente,
composto pelo nome do proprietário, com a inclusão da palavra “limitada” em seguida.
Não há imposição de limite mínimo de capital para sua instituição, bem como, inexiste
obrigatoriedade da integralização de capital social no momento da constituição da empresa, ou
seja, possibilita sua "abertura" com um valor social módico, desobrigando o empreendedor a
integralizar valores no momento da sua constituição.
A SLU permite "abrir" mais de uma empresa nesse formato, em nome da mesma pessoa, com
a mesma (ou diferente) atividade econômica. Para "abrir", necessário, apenas, cumprir os requisitos
para ser "empresário" (capacidade e livre de proibições e impedimentos): não há restrição nas
atividades permitidas, mas quem já possui uma MEI em seu nome não pode abrir uma SLU.
Deve ser elaborado um Contrato Social (informações da empresa: nome, tipo, atividades e serviços,
endereço, dados pessoais do sócio e demais detalhes), e efetuado seu registro na Junta Comercial da
cidade “sede”. Deve ser adquirido CNPJ (Receita Federal), com NIRE (Número de Identificação do
Registro de Empresa) e CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica); obter: Alvará de
funcionamento (prefeitura), Inscrição em regime tributário adequado (Simples Nacional ou Lucro
Presumido), por análise contábil e a matrícula perante a Previdência Social (INSS).

Sociedades por Ações


Sociedade em Comandita por Ações
É a modalidade menos conhecida e difundida (arts 1.090 a 1.092 CC e 280 a 284 LSA): possui forma
mista (híbrido entre sociedade em comandita simples e sociedade anônima), quanto à responsabilidade
dos sócios: impõe aos sócios administradores uma responsabilidade solidária e ilimitada, pelas
obrigações sociais -- Somente os sócios podem administrá-la e seu capital é dividido em ações,
facultando-lhe emitir outros valores mobiliários (estrutura de Sociedade Anônima). Terá, sempre,
natureza empresarial (sociedade de capital - art. 982, §ú CC).

Sociedade Anônima
Lei das Sociedades por Ações (LSA - 6.404/76): aplicação do CC apenas nas omissões (art. 1.089).
Características Gerais:
Capital social: é dividido em partes ou frações, denominadas ações. Seus titulares são chamados
de acionistas e respondem pelas obrigações sociais, até o limite do que falta para a integralização
de suas ações (art. 1º LSA).
Espécie: Serão sempre empresárias, não importando seu objeto (arts. 982 CC e 2º LSA) e podem ter,
como objeto, participar de outras sociedades - tipicamente sociedades de capital: ações
livremente negociáveis e transmitidas a qualquer pessoa (nenhum acionista pode impedir o ingresso
de ninguém no quadro associativo) - o importante é a entrada do capital, não a qualidade do sócio --
Possibilidade de buscar recursos mediante a subscrição de capital ("abertura na Bolsa de Valores").
Sociedade Institucional/Estatutária: são regidas por um Estatuto Social (não pactuam as
cláusulas do contrato social), aprovado pela assembleia de sua fundação e levado a registro na Junta
Comercial. Tem natureza institucional pois o que importa é o objeto social a ser atingido (captação
de recursos): os novos acionistas apenas aderem a um estatuto já existente.
Responsabilidade limitada: A responsabilidade dos acionistas é limitada ao preço de emissão das
ações que subscrever e, ao integralizar o valor das ações subscritas, o sócio estará liberado de
qualquer responsabilidade patrimonial, no caso de insucesso do empreendimento.

Classificação: Classificam-se em abertas e fechadas, de acordo com a negociação ou não de seus


valores mobiliários no Mercado de Capitais (art. 4º LSA).
Companhia fechada: Aquelas que NÃO tem valores mobiliários ofertados ao público em geral:
seu capital advém da contribuição de seus acionistas -- seus interesses (Cia e sócios) são regulados
como no "contrato de sociedade" (dispensada a tutela do interesse público).
Companhia aberta: Aquelas que PODEM buscar recurso junto ao mercado de capitais, pela
oferta de valores mobiliários (art. 22 Lei 6.385/76). Para que uma Cia possa ofertar seus valores
mobiliários, necessita obter a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além de
assumir inúmeras outras responsabilidades para proteção do mercado, descritas na LSA.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM): É uma autarquia federal (art. 50 Lei 6.385/76),
encarregada de normatizar as operações com valores mobiliários, autorizar sua emissão e
negociação, bem como fiscalizar as sociedades anônimas abertas e os agentes que operam no
mercado de capitais. Nenhuma emissão pública de valores mobiliários poderá ser distribuída no
mercado, sem prévio registro na CVM.

Valores Mobiliários: São títulos de investimento, emitidos pela S/A, para captar, junto ao
mercado, recursos necessários à consecução de seu objeto social (desenvolver sua atividade
econômica). São eles: Ações, Debêntures, Partes Beneficiárias, Bônus de Subscrição e
Commercial Papers.
Ações: Espécie de valor mobiliário representativo de unidade do capital social de uma S/A , que
confere ao seu titular, um direitos e deveres patrimoniais e políticos: • Ordinárias: não conferem
vantagens ou privilégios na esfera patrimonial, mas sempre na política, através do direito do voto
(verdadeiros “direitos de acionistas”); • Preferenciais: conferem alguma vantagem ou privilegio
na esfera patrimonial (art. 17 LSA), mas não direito de voto (direito político).

Acionistas:
Deveres: O principal é integralizar as ações subscritas, sob pena de ser considerado remisso.
Diante de um remisso, S/A tem duas opções: (I) cobrar o valor a integralizar; (II) alienar as ações
do remisso na Bolsa de Valores, devolvendo ao remisso o que já foi integralizado.
Direitos: Essenciais: participação nos lucros e acervo; fiscalização; preferência na subscrição de
ações e certos valores mobiliários; alienação; e retirada -- Tais direitos não podem ser suprimidos,
nem pelas Assembleias, nem pelo Estatuto da sociedade -- Direito de voto: Não é essencial e pode
ser suprimido, pelo estatuto, em duas hipóteses: (I) ações preferenciais (normalmente não votam);
e (II) acionista em mora.

Sociedade de Economia Mista: É uma S/A (regras direito privado), cujo controle está nas mãos do
Poder Público, que detém a parte majoritária do capital social. Para sua constituição, é necessária
a existência de prévia autorização legal - A Lei 11.101/2005 (Lei de Falências) excluiu a sociedade
de economia mista de sua incidência (art. 2), do que se conclui que esta não pode falir.

Alterações Empresariais
Transformação: ocorre quando uma sociedade altera o seu tipo societário - Não afeta a pessoa
jurídica (intacta): mesmo capital social, ativo, passivo etc (altera-se, apenas, a “roupagem jurídica”).
- Pode acarretar alteração na responsabilidade dos sócios, e até no direito dos credores (mas os
créditos que tiverem origem anterior continuarão com todas as suas prerrogativas preexistentes).
Incorporação: hipótese de "concentração de empresas": uma sociedade (incorporadora) absorve
outra(s) sociedade(s) (incorporadas): a incorporadora remanesce e as incorporadas se extinguem.
A incorporadora é sucessora universal de todos os direitos e obrigações das incorporadas.
Fusão: outra hipótese de "concentração de empresas" - duas ou mais sociedades se extinguem para
que, da "fusão" de seus patrimônios, surja uma nova. A sociedade resultante da fusão é sucessora
universal de todos os direitos e deveres das fusionadas. As Cias fusionadas se extinguem, sem
liquidação, absorvidas pela fusão.
Cisão: a sociedade se subdivide total ou parcialmente, sendo que parcela de seu patrimônio é
vertida para outra(s) sociedade(s) (pré-constituídas ou constituídas para este fim). Essas sociedades
são solidariamente responsáveis pelas obrigações da sociedade cindida (a cindida não se liquida).

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