Você está na página 1de 3

1 INTRODUÇÃO

Conforme artigo 985 do Código Civil, as sociedades adquirirem


personalidade jurídica com o registro de seu ato constitutivo em seu
respectivo órgão. Entretanto, o Código Civil cuidou de tratar de
alguns tipos de sociedade que não possuem personalidade jurídica.
A priori, o termo “sociedade não personificada” pode parecer
contraditório. De fato, se a sociedade é uma pessoa jurídica (que
possui personalidade jurídica), como pode uma sociedade não possuir
personalidade jurídica? Ou se trata de uma sociedade dotada de
personalidade jurídica, ou não se trata de uma sociedade.
Estas, se caracterizam por serem um mero conjunto de
pessoas que se obrigam reciprocamente a contribuir, com bens e
serviços para o exercício da atividade econômica e para partilha dos
resultados.
Existem duas espécies de sociedades não personificadas, a
sociedade em comum e a sociedade em conta de participação.

2 SOCIEDADE EM COMUM
A sociedade em comum e nada mais é do que a sociedade
cujo o ato constitutivo ainda não foi registrado. Por não regularizarem
a sociedade, os sócios da mesma estão sujeitos à algumas
penalidades, tais como responder subsidiariamente pelas obrigações
da sociedade.
Por não possuir personalidade jurídica, é lógico pensar que a
sociedade não é titular de bens, entretanto, o Código Civil inova. O
artigo 988 do Código Civil, os bens e dívidas da sociedade em comum
constitui um patrimônio especial.
As implicações práticas desta separação de bens é que haverá
um benefício de ordem em favor dos sócios. A responsabilidade
civil de uma sociedade em comum é ilimitada, porém subsidiária.
Importante ressaltar que estará excluído do benefício de ordem
aquele que contratou obrigação em nome da sociedade (art. 990).
Por não constituir patrimônio independente, os bens sociais
também respondem subsidiariamente por obrigações contraídas pelos
sócios, salvo cláusula expressa em sentido contrário. Ademais, esta
cláusula só terá eficácia contra terceiro que a conheça, ou deva
conhecer (art. 989).
Judicialmente, para se aproveitarem dos benefícios sociais, os
sócios terão que provar a existência da sociedade em comum, sendo
admitidas apenas a prova escrita. A limitação da prova escrita para
os sócios que possuem negócios entre si é uma penalidade por
manterem irregular sua atividade comercial.
Em contrário, terceiros podem provar a existência da
sociedade de qualquer modo. É o que diz o artigo 987.

3 SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO


Registrar o ato constitutivo de uma sociedade em um órgão
competente não garante a esta sociedade uma personalidade jurídica
de imediato. É o que acontece com a sociedade em conta de
participação, que pode, ou não, possuir um contrato escrito, e que
este registrado, ou não, não confere personalidade jurídica à
sociedade (Art. 993).
Isto acontece, pois, a sociedade em conta de participação não
é um tipo societário, nada mais é que um contrato especial de
investimento. Este foi um erro cometido pelo legislador que será
melhor explicado.
Na sociedade em conta de participação existem dois tipos de
sócios, o ostensivo e o participante. O sócio ostensivo é aquele
exerce o objeto social, enquanto o sócio participante apenas
integraliza bens com a finalidade de participar nos lucros.
A sociedade em conta de participação é também chamada de
sociedade oculta, isto porquê, a sociedade só existe internamente. O
sócio ostensivo age em nome próprio e por sua exclusiva
responsabilidade, os demais sócios participantes apenas se obrigam
perante o ostensivo e participam dos resultados correspondentes
(art. 991 e p. único).
De acordo com o parágrafo único do artigo 993, existe uma
única hipótese em que o sócio participante responde contra terceiros.
Caso o sócio participante se envolva nas atividades do sócio ostensivo
com terceiro responderá solidariamente pelas obrigações que
intervier.
Apesar da contribuição dos sócios participantes constituir um
patrimônio especial (art. 994), diferente do que ocorre nas
sociedades em comum, este não produz um benefício de ordem
contra terceiro, produzindo efeitos somente em relação aos sócios (§
1°).
Também diferente é a forma de provar a existência da
sociedade, que poder ser feita independente de qualquer formalidade
e por todos os meios de direito (Art. 992).
Uma vez que o objeto social é exercido exclusivamente pelo
sócio ostensivo, sua falência acarreta a dissolução da sociedade, cujo
saldo constituirá crédito quirografário. Já se o sócio participante falir,
o contrato social ficará sujeito as regras de falência dos contratos
bilaterais. Conforme §§ 2° e 3° do artigo 994.
Por fim, o artigo 995 diz que, salvo estipulação em contrário, o
sócio ostensivo não poderá admitir novo sócio sem o consentimento
expresso dos demais.

Você também pode gostar