GÊNEROS E ESPÉCIES SOCIETÁRIAS PREVISTAS NO CÓDIGO CIVIL
Sociedades não personificadas: são aquelas que não possuem seus atos constitutivos levados a registro.
Sociedade em comum (arts. 986-990):
Os seus bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial do qual os seus sócios são titulares em comum. A responsabilidade dos sócios será solidária e ilimitada pelas obrigações sociais. Entre as sociedades não personificadas estão as sociedades em comum, sejam: a) aquelas que existem apenas de fato, por não terem sequer contrato escrito; b) as que possuem contrato escrito não registrado no órgão competente; ou c) aquelas que, mesmo registradas, passaram por uma substancial mudança em sua condição de fato, não tendo levado a registro tais modificações (arts. 986 a 990). Tais regras têm caráter punitivo e afastam quaisquer benefícios concedidos por lei às sociedades empresárias, além de trazerem pesada responsabilização para os seus sócios, por exemplo, o fato de serem declarados falidos e não poderem se beneficiar do instituto da recuperação de empresas. Seus bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial do qual seus sócios são titulares em comum. A responsabilidade dos sócios perante as obrigações sociais será ilimitada e solidária para o sócio que contratou pela sociedade, figurando diretamente na relação obrigacional com o terceiro e subsidiária para os demais. A sociedade somente poderá provar sua existência por escrito, e os terceiros de boa- fé podem se utilizar de qualquer meio de prova, visando a sua responsabilização por prejuízos que eventualmente causar ao mercado.
Sociedade em conta de participação (arts. 991-996):
Uma sociedade oculta, para tanto, não possui firma social e seu contrato não pode ser arquivado na Junta Estadual. Essa sociedade possui duas categorias de sócios: o sócio ostensivo, aquele que responde e contrata pela sociedade, possuindo responsabilidade solidária e ilimitada pelas obrigações sociais; e o sócio participante (ou oculto), mero investidor que não figura em nome da sociedade, razão pela qual não tem responsabilidade pelas obrigações sociais. Caso a Conta de participação tenha o seu ato constitutivo levado a registro, de qualquer maneira o ato não será considerado para oferecer personalidade jurídica própria de empresário. A conta de participação se trata de um empreendimento em nome do sócio ostensivo. Um exemplo interessante é o caso da Pessoa Jurídica que cria uma rede de hotéis, sendo que cada um dos hotéis é um empreendimento distinto. Em um dos empreendimentos essa mesma pessoa jurídica precisa de sócios investidores. A junção com os investidores apenas para um de seus empreendimentos configura a conta de participação. Sociedades personificadas: As sociedades devem preencher os requisitos previstos no art. 104 do Código Civil vigente, quais sejam: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.
Sociedade simples (arts. 997-1.038):
As sociedades simples são constituídas por intermédio de contrato, a partir da união de esforços para o desenvolvimento de profissões intelectuais de natureza científica, literária ou artística. Conforme o parágrafo único do art. 966 do Código Civil brasileiro, não possuem caráter empresarial, e sua atividade não é profissional e organizada. As sociedades simples possuem dupla função, pois ao tempo que é a sociedade dos intelectuais, também funciona como regra de aplicação subsidiária para as sociedades empresárias, principalmente para as limitadas. Tais sociedades podem se constituir para utilizar puramente as suas regras contidas nos artigos 997-1038, CC, ou ainda, podem escolher um dos tipos empresariais, de maneira que seria possível falarmos de uma Sociedade Simples pura ou uma Sociedade Simples Limitada, pois a escolha por um dos tipos empresariais não afasta a sua natureza de Sociedade Simples. A escolha do tipo empresarial serve principalmente para oferecer uma espécie distinta de responsabilidade dos sócios, como é o caso da forma limitada. Nesse tipo de sociedade, a responsabilidade dos sócios é ilimitada perante terceiros conforme dispõe o art. 1024, CC e os sócios, em regra, respondem proporcionalmente às suas contribuições. As sociedades de advogados são consideradas Sociedades Simples, mas se submetem às regras do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994), assim como as sociedades cooperativas são consideradas sociedades simples conforme o parágrafo único do art. 982 do Código Civil, independentemente do seu objeto social, e são disciplinadas pela Lei 5.764/1971. São formadas a partir da união de, no mínimo, 20 pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum e sem objetivo de lucro. Ainda em relação às cooperativas, por serem consideradas sociedades simples, vale dizer que se caracterizam pela regra da responsabilidade ilimitada, ainda que possa optar pela forma limitada, e que a responsabilidade entre os sócios será sempre solidária, guardada a proporção de suas quotas. Em relação ao fundo de reserva, todavia, há indivisibilidade social. As Cooperativas estão entre os tipos societários que são próprios das sociedades simples. Aliás, as Cooperativas sempre se constituem por Sociedades na forma Simples, porém o legislador entendeu por bem colocar o seu registro a mercê das Juntas Comerciais em vista da maior estrutura para recepcionar seus atos de alguma complexidade registral. As Cooperativas são registradas na Junta como uma exceção à regra de que as Sociedades quando empresárias se registram na Junta e quando Simples se registram no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Sociedade em nome coletivo (arts. 1.039-1.044): Trata-se de uma sociedade constituída mediante contrato escrito e formada somente por pessoas naturais, na qual todos os sócios têm responsabilidade solidária e ilimitada pelas obrigações sociais. No que o capítulo da sociedade e nome coletivo for omisso, é regido pelas normas da sociedade simples.
Sociedade em comandita simples (arts. 1.045-1.051):
Nesse tipo societário, há duas espécies de sócios: os comanditados, sempre pessoas físicas, com responsabilidade solidária e ilimitada pelas obrigações sociais, já que, além de administrar, contratam pela sociedade; e os comanditários, pessoas físicas ou jurídicas com responsabilidade limitada ao valor de sua quota, já que são meros investidores de capital, não participando de sua administração (art. 1.045, CC).
Sociedade limitada (arts. 1.052-1.087):
Conforme art. 1.053, “a sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples”. A atual norma de regência das sociedades limitadas é o código civil de 2002, que prevê também a aplicação subsidiária das regras das sociedades simples, presentes no mesmo código, e a possibilidade de aplicação das regras das sociedades por ações, lei 6404/76, caso esta seja a vontade dos sócios.
Sociedade anônima (arts. 1.088-1.089):
Conforme Art. 1.089, “a sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código”. A lei que trata sobre a sociedade anônima é a 6.404/76, que dispõe sobre as sociedades por ações.
Sociedade em comandita por ações (arts. 1.090-1.092):
Sociedade cooperativa (arts. 1.093-1.096):
Sociedades coligadas (arts. 1.097-1.101):
As sociedades, quando se relacionam entre si a ponto de demonstrar participação em suas relações de capital, são consideradas Sociedades Coligadas e, de acordo com o artigo 1.097 do Código Civil. Podem ser de Simples Participação, situação cujo capital de outra participa com menos de 10% com direito a voto; podem ser Filiadas, situação em que o capital de outra participa com 10% ou mais, sem controlá-la; e Controladas, quando, além do capital de participação superior a 10%, houver também o poder de controle.
Sociedade de Propósito Específico (SPE): Trata-se de uma sociedade com propósito
determinado, geralmente com o ideal de isolar o risco financeiro. O parágrafo único do art. 981 do Código Civil oferece essa possibilidade, que terá personalidade jurídica e servirá a consecução de negócio específico. O que o legislador fez foi ofertar essa possibilidade na legislação civil. A SPE não constitui um novo tipo societário na ordem jurídica brasileira. Ela se organiza, sempre, sob uma das formas previstas pela legislação Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.