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DIREITO SOCIETÁRIO

O Direito Societário compreende o estudo das


sociedades, ou seja, pessoas jurídicas de direito privado que se caracterizam como
sendo a reunião de pessoas para a consecução de um objetivo comum com intuito
lucrativo, de acordo com arts 44, II e 981, Código Civil.

CONCEITO

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que


reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou
serviços, para o exercício de atividade econômica e a
partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A
atividade pode restringir-se à realização de um ou mais
negócios determinados.

De acordo com Marlon Tomazette, deve-se acrescentar


ao conceito supra citado, determinados elementos, tais como:

a) pluralidade de sócios (comporta exceções, como


veremos adiante);

b) organização dos fatores de produção;

c) atividade econômica;

d) fins comuns;

e) partilha dos resultados.

ELEMENTOS

✓ Elementos Gerais: art. 104, CC - livre manifestação de vontade, objeto


lícito possível e determinado, ou pelo menos determinável (vide art. 35, I,
Lei n. 8934/1994) e forma prescrita ou não defesa em lei.
✓ Elementos Específicos: são tais elementos que dão tom societário ao ato
jurídico. São eles: contribuição para a formação do capital social (arts. 1004
e 1005, CC), participação nos lucros e perdas (arts. 1007 e 1008, CC) e
“affectio societatis” (Rizzardo entende que não há que se falar em affectio
societatis nas sociedades anônimas, em especial nas abertas). Para alguns
autores, a pluralidade de sócios também é elemento essencial havendo,
todavia, exceções legais.

ATO CONSTITUTIVO E NATUREZA

De acordo com art. 997, CC, a sociedade pode constituir-


se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além das cláusulas
estipuladas pelas partes, mencionará nome, domicílio, capital social, cotas de cada
sócio, objeto social, forma de administração, prazo de existência e processo de
liquidação.

Tal ato constitutivo, para fins de aquisição de


personalidade jurídica própria, deve ser registrado no órgão competente (Junta
Comercial ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas - e OAB, em caso de
escritório de advocacia), no prazo de 30 dias (art. 1.151, § 1º, do CC, combinado
com o art. 36 da Lei nº 8.934/1994).

ESPÉCIES DE SOCIEDADES

SOCIEDADES PERSONIFICADAS E NÃO PERSONIFICADAS:

- Personificada:s são aquelas que se constituem por documento escrito registrado


na Junta Comercial ou Registro Civil de Pessoa Jurídica e, em razão disto, possuem
personalidade jurídica própria.

- Não personificadas: por sua vez, não possuem registro. Logo, não possuem
personalidade jurídica própria.
EMPRESÁRIA E SIMPLES:

- Empresária: são as sociedades que exercem atividade econômica organizada para


produção e/ou circulação de bens e serviços (art. 966, CC).

- As sociedades simples: por sua vez, são aquelas que, embora pratiquem atividade
econômica, não desempenham objeto próprio da sociedade empresaria (art. 966,
caput). O que diferencia a sociedade simples da empresária é o chamado elemento
de empresa.

SOCIEDADE DE PESSOA E DE CAPITAIS:

- As sociedades de pessoas: são aquelas onde há alto grau de dependência da


sociedade em relação às qualidades subjetivas dos sócios. Se há predominância
em sua formação das qualidades pessoais, de sorte que a mera substituição de um
sócio pode acarretar a dissolução da sociedade ou impossibilite a continuação do
exercício de suas qualidades. Neste tipo de sociedade a pessoa do sócio é mais
importante que a contribuição material dada.

- A sociedade de capitais : por sua vez, é aquela onde as características 5 pessoais


não interferem. Importa o capital. Há total liberdade na substituição dos sócios.
Tal classificação tem relevância prática, sobretudo no que se refere à possibilidade
de penhora das cotas por credor particular do sócio.

SOCIEDADE CONTRATUAL E ESTATUTÁRIA:

- Contratuais: são as instituídas por contrato, possuindo vínculo de natureza


contratual. Os princípios de direito contratual explicam parte das relações entre os
sócios e dissolvidas pelas normas do Código Civil, onde a autonomia da vontade
dos sócios é máxima, podendo eles disciplinarem suas relações sociais da forma
que mais lhes interessar, desde que, claro, não desnaturem o tipo societário
adotado.

- Institucionais: por sua vez, são aquelas em que o ato de vontade entre os sócios
não tem natureza contratual, ou seja, são constituídas por estatuto ou ato
institucional, e dissolvidas pelas regras da Lei n. 6404/1976. Nestas sociedades o
vínculo que une os sócios não é contratual, mas estatutário, sendo que os estatutos
não cuidam dos interesses particulares dos sócios, sendo, deste modo, mínima a
autonomia da vontade dos sócios, onde a intervenção do legislador é maior. São
sociedades contratuais: nome coletivo, comandita simples e limitada. São
sociedades institucionais: comandita por ações e sociedade anônima.

SOCIEDADES DE RESPONSABILIDADE LIMITADA, ILIMITADA OU MISTA:

Se refere à responsabilidade pessoal por dívidas da sociedade, podendo, assim, os


credores executarem patrimônio pessoal dos sócios por dividas sociais. Ressalte-
se que limitada ou ilimitada é a responsabilidade dos sócios, pois a
responsabilidade da sociedade sempre será ilimitada.
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS

SOCIEDADE EM COMUM (ARTS. 986 A 990, CC)

São sociedades em comum aquelas que não tiveram seu atos constitutivos
levados ao registro, conforme preceitua o art. 986, CC.

*Se não tiveram os atos constitutivos registrados não adquiriram personalidade


jurídica; se não tem personalidade jurídica, esta sociedade não tem autonomia
patrimonial, ou seja, não tem patrimônio próprio. Daí dizer-se que os bens e dívidas
sociais constituem um patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em
comum. É como se tudo fosse de todos. Todos os bens são de todos os sócios. Todas
as dívidas também, pois na sociedade em comum os sócios terão responsabilidade
ilimitada.

ANOTAÇÕES:

SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (ARTS. 991 A 996, CC)

Nesta modalidade social temos dois tipos de sócios:

a) Sócio ostensivo

b) Sócio participante ou oculto


O sócio ostensivo é aquele que desempenha toda a atividade empresarial, pois
conhece a expertise do ramo. É ele quem contrata com fornecedores, empregados,
quem fiscaliza a execução da empresa etc.

Já o sócio participante, é também chamado de sócio oculto porque não aparece.


É um mero investidor, entra na sociedade com o capital. Não se obriga perante
terceiros.Se intervier nessas relações passará a ter responsabilidade solidária com o
sócio ostensivo (somente nas relações nas quais intervier).

O contrato social da sociedade em conta de participação não é um instrumento


necessário à formalização desse tipo societário, que pode provar-se por todos os meios
admitidos em direito.

• Falência do sócio ostensivo: Como é ele que exerce a atividade em seu próprio
nome, sem ele a empresa não poderá continuar. Logo, sua falência acarreta
a dissolução da sociedade em conta de participação. Se o sócio participante
tiver algum saldo a receber deverá se habilitar na falência como credor
quirografário.

• Falência do sócio participante: Neste caso, a sociedade pode continuar


para que se finalizem os trabalhos em andamento. Assim o falido poderá
perceber lucros que servirão para quitar suas dívidas. Por isso diz-se que este
contrato (de sociedade) ficará sujeito às normas que regulam os efeitos da
falência nos contratos bilaterais do falido.

Por fim, destaque-se que a liquidação da sociedade em conta de participação é


regida pelas regras processuais atinentes à prestação de contas.

ANOTAÇÕES

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