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Princípios do direito societário

1 – Princípio da liberdade de iniciativa;

2 – Princípio da liberdade de concorrência;

3 – Princípio da função social da empresa;

4 – Princípio da liberdade de associação;

5 – Princípio da preservação da empresa;

6 – Princípio da autonomia patrimonial da sociedade empresária;

7 – Princípio da subsidiariedade da responsabilidade dos sócios pelas


obrigações sociais;

8 – Princípio da limitação da responsabilidade dos sócios pelas


obrigações sociais;

9 – Princípio majoritário nas deliberações sociais;

10 – Princípio da proteção do sócio minoritário;

11 - Princípio da autonomia da vontade;

12 – Princípio da vinculação dos contratantes ao contrato;

13 – Princípio da proteção do contratante mais fraco:

14 – Princípio da eficácia dos usos e costumes;

15 – Princípios de direito cambiário (cartularidade, literalidade e


autonomia das obrigações cambiais)

16 – Princípio da inerência do risco;

17 – Princípio do impacto social da crise da empresa;

18 – Princípio da transparência nos processos falimentares;

19 – Princípio do tratamento paritário dos credores.


Sociedades

Conceito

A Sociedade é a celebração do contrato entre pessoas naturais ou


jurídicas, na intenção de se unirem para assumir os riscos e
partilhar os resultados do exercício da atividade econômica,
contribuindo reciprocamente com bens ou serviços, conforme o art.
981 do Código Civil.

De modo geral, a Sociedade é regida por uma pluralidade de


sócios, que celebram um contrato próprio de sociedade,
é plurilateral (dois ou mais sócios), de estrutura aberta (permite a
adesão de novos partícipes), no qual se cria uma Pessoa
Jurídica (personificada), estabelecendo-se direitos e obrigações
mútuas, a fim de se buscar o interesse comum dos sócios.

Tal contrato pode se dar por meio de um contrato


social ou estatuto social.

Tipos de Sociedades

As Sociedades são classificadas em Personificadas e Não


Personificadas.

*As Sociedades personificadas se constituem de personalidade


jurídica própria, subdividem-se em Sociedades Simples e
Empresárias.

A Personalidade jurídica é adquirida mediante a inscrição dos seus


atos constitutivos no registro próprio (NÃO é a partir do início das
atividades!), de acordo com os termos do art. 985 do Código Civil.
As Sociedades Simples, registradas no Registro Civil das
Pessoas Jurídicas, podem adotar uma das seguintes formas:

 Simples Pura – (artigos 997-1038, CC);


 Em Comum – (artigos 986-990, CC);
 Nome Coletivo – (Artigos 1.039-1.044, CC);
 Comandita Simples – (Artigos 1.045-1.051, CC);
 Limitada – (Artigos 1.052-1087, CC);

As Sociedades Empresárias, diferentemente, são registradas


no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das
Juntas Comerciais, devendo adotar uma das seguintes formas:

 Nome Coletivo – (Artigos 1.039-1.044, CC);


 Comandita Simples – (Artigos 1.045-1.051, CC);
 Limitada – (Artigos 1.052-1087, CC);
 Comandita por ações – (Artigos 1.090-1.092, CC);
 Sociedade Anônima – Lei 6.404/76.

*As Sociedades não personificadas ou despersonificadas, não


possuem registro, assim não criam personalidade jurídica própria,
distinguem-se apenas entre:

 Sociedade em Comum – (Artigos 986-990, CC);


 Sociedade em Conta de Participação – (Artigos 991-996,
CC).

Vide art. 1150, CC

Sociedades Simples e Empresárias

As Sociedade empresárias caracterizam-se pela impessoalidade na


execução de atividades econômicas organizadas para produção
e/ou circulação de bens e serviços

Vide art. 982, CC


Enquanto que as Sociedades Simples possuem a característica
da pessoalidade no desempenho da atividade econômica, já que
os sócios a prestam diretamente e pessoalmente, sem a
organização de fatores de produção.

Sociedade Simples

De acordo com o artigo 982 do Código Civil, consideram-se como


Sociedade Simples as que não se enquadrem como
empresárias.

São personificadas, adquirindo personalidade jurídica quando da


inscrição de seu contrato no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

As Sociedades Simples têm como objeto


atividades não empresariais, a exemplo das sociedades
intelectuais, onde não há organização dos fatores de produção
(elemento de empresa)

Consoante o artigo 983, CC, a Sociedade Simples pode assumir um


dos tipos societários próprios de empresa, salvo em Sociedade por
ações (Comandita por Ações e Sociedade Anônima).

Não adotando nenhum tipo societário, irá se subordinar às normas


que lhe são próprias, na forma de Sociedade Simples Pura, sem
aplicação de outras regras societárias.

Sociedade Simples: Contrato Social

A Sociedade Simples se constitui por meio de contrato social


escrito, particular ou público, sendo que os sócios podem ser
tanto Pessoa Física como Jurídica. O artigo 997 do Código Civil
determina que além das cláusulas definidas pela sociedade, o
contrato deverá prever algumas informações.

A inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas


Jurídicas deverá ser feita no prazo de 30 dias (art. 998, CC)
Dependerá do consentimento de TODOS os sócios,
as modificações nas cláusulas essenciais do contrato social.
Quanto às demais alterações contratuais, poderão ser decididas
por MAIORIA ABSOLUTA de votos, caso não esteja previsto
decisão unânime (Art. 999, CC).

Sociedade Simples: Sucursal, filial ou Agência

No caso de a Sociedade Simples instituir sucursal, filial ou agência,


em local diverso da jurisdição do Registro Civil da Pessoas
Jurídicas (RCPJ), também deve fazer inscrição no RCPJ do novo
local, fazendo prova da inscrição do local de origem.

Além disso, deve sempre averbar a constituição da filial também


no RCPJ do local da sede (art. 1000, CC)

Sociedade Simples: Direitos e Obrigações de Sócios

O início das obrigações dos sócios se dá a partir da assinatura


do contrato, salvo disposição em contrário e se encerram com a
extinção das responsabilidades sociais, quando a sociedade for
liquidada ( art. 1001, CC)

A substituição de sócio, bem como a cessão de quota (parcial


ou total), só podem ocorrer com o consentimento dos demais,
através de modificação do contrato social (art. 1002 e 1003, CC).

Além disso, referente à cessão de quota, o cedente se mantém


responsável pelas obrigações anteriores à averbação do
contrato, por até 2 anos contados desta, solidariamente com o
cessionário (art. 1003, parágrafo único, CC).

Quanto ao sócio remisso que deixar de contribuir na forma e


prazos previstos do contrato social, responderá pelos prejuízos
causados pela mora, sendo que os demais sócios poderão preferir
entre (Art. 1.004, parágrafo único, CC):

 Indenização;
 Exclusão do sócio remisso (tomando-lhe a quota não
integralizada);
 Reduzir-lhe a quota ao montante já realizado.

Sociedade Simples: Contribuição em serviços

As prestações cuja contribuição consista em serviços é permitida na


Sociedade Simples (proibida nas sociedades empresárias),
contudo, o sócio não pode empregar-se em outra atividade,
devendo dedicar-se exclusivamente a esta, sob pena de ser privado
de seus lucros e excluído da sociedade, salvo convenção em
contrário (art. 1006, CC).

Sociedade Simples: Participação nos resultados

Os sócios participam dos lucros e das perdas na proporção de suas


quotas. Enquanto aquele que contribui com serviços, por não
fazer parte do capital social subscrito, possui participação apenas
nos lucros (não participa dos prejuízos), na proporção do valor
médio das quotas, salvo estipulação diversa (art. 1007, CC).

Além disso, será nula a cláusula contratual que preveja a exclusão


da participação dos lucros e das perdas de sócios (art. 1008, CC).

Sociedade Simples: Administração

A Sociedade Simples pode ser administrada por PESSOA


FÍSICA, Sócio ou não, que pode ser nomeado através do contrato
social, quando da sua constituição ou posteriormente, em ato
separado, averbado à margem da inscrição da sociedade.

Caso não tenha sido previsto no contrato, os próprios sócios serão,


separadamente, os administradores. Outrossim, se houver mais de
um administrador, cada um poderá impugnar a operação pretendida
do outro, devendo ser decidido pelos sócios, por MAIORIA de
votos (art. 1013, §1º, CC).

O administrador que realizar operações em desacordo com a


maioria dos sócios, responderá por perdas e danos (art. 1013, §2º,
CC).
Os administradores podem praticar todos os atos de gestão da
sociedade, salvo disposição em contrário no contrato. No caso de
oneração ou venda de imóveis que não constitua objeto social,
condiciona-se à decisão da maioria dos sócios. (art. 1015, CC)

Sociedade Simples: Responsabilidade do Administrador

Caso o Administrador aja com excesso de poderes, responderá


pessoalmente pelos respectivos atos, eximindo a sociedade de ser
responsabilizada.

Além disso, os administradores respondem SOLIDARIAMENTE


por culpa de seu desempenho no cargo (art. 1016, CC).

Serão tomadas por MAIORIA de votos dos SÓCIOS as


deliberações sobre os negócios da sociedade, contados
proporcionalmente de acordo com o valor das respectivas
quotas, quando lei ou contrato social PREVIR tal competência
decisória (art. 1010, CC).

Os poderes do sócio administrador nomeado em contrato


social são IRREVOGÁVEIS (salvo justa causa reconhecida
judicialmente), porém, são REVOGÁVEIS os poderes de sócio
nomeado em ato separado ou de administrador NÃO sócio (art.
1019, e parágrafo único, art. 1019, CC).

A prestação de contas aos sócios é obrigatória pelo administrador,


devendo apresentar anualmente (Art. 1.020, CC):

 inventário;
 balanço patrimonial;
 resultado econômico.

Deve o administrador, a qualquer tempo, salvo período próprio


estipulado, exibir aos sócios (art. 1.021, CC):

 livros empresariais;
 estado de caixa;
 carteira de clientes.
Sociedade Simples: Relações com Terceiros

As relações com terceiros são determinadas pela forma societária


escolhida pela Sociedade Simples.

Na omissão pelo contrato social, são adotadas as regras de


responsabilidade da Sociedade Simples Pura, no qual são
previstos, de acordo com os arts. 1023 e 1.024, a responsabilidade
ilimitada da Sociedade e subsidiária dos sócios, respondendo estes
na proporção de sua participação nas perdas sociais, salvo previsão
solidária.

Sociedade Simples: Resolução da Sociedade em Relação a um


Sócio

Quando da morte do sócio, como regra, liquidam-se suas


quotas, SALVO nas seguintes hipóteses (Art. 1.028, CC):

No caso de sócio se retirar por vontade própria, de acordo com o


artigo 1.029 do CC, são previstas duas situações distintas:

a) Saída com prazo indeterminado: Sócio deve notificar


os demais com antecedência mínima de 60 dias.
b) Saída com prazo determinado: Sócio
deve provar Justa Causa judicialmente.

Há possibilidade de exclusão judicial do sócio, mediante iniciativa


da maioria dos demais, por falta grave no cumprimento de suas
obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente (art. 1030,
CC).

Ademais, será excluído de pleno direito o sócio declarado falido ou


que tenha sua quota liquidada por seu credor particular.

O artigo 1.032 do Código Civil, prevê que o sócio que se retira ou é


excluído possui responsabilidade pelas obrigações sociais
anteriores a sua saída, pelo prazo de 2 ANOS a contar da
averbação.
Continuará responsável pelas obrigações, desde a saída efetiva até
a averbação, contando-se também dois anos para que os credores
possam responsabilizá-lo (art. 1032, CC).

Sociedade Simples: Dissolução

Hipótese de dissolução da Sociedade Simples (art. 1033, CC)

A dissolução judicial, pode ser requerida por qualquer dos sócios


em três situações (Art. 1.034, I e II, CC):

 Anulada a sua constituição;


 Exaurido o fim social,
 Verificada a sua inexeqüibilidade.

O contrato social pode prever ainda outras hipóteses de dissolução


que podem ser analisadas judicialmente (art. 1035, CC).

É importante observar que NÃO se aplica às Sociedades Simples a


recuperação judicial, pois não se submetem à Lei de falência (nº
11.101/2005), que disciplina a recuperação judicial, a extrajudicial e
a falência do empresário e da sociedade empresária. Portanto,
estão sujeitos à recuperação judicial e à falência somente o
empresário e a sociedade empresária.
SOCIEDADE COOPERATIVA

As Sociedades Cooperativas estão reguladas pela Lei 5.764, de 16


de dezembro de 1971, além dos artigos 1093 a 1096, CC.

Cooperativa é uma associação de pessoas com interesses comuns,


economicamente organizada de forma democrática, isto é, contan-
do com a participação livre de todos e respeitando direitos e
deveres de cada um de seus cooperados, aos quais presta
serviços, sem fins lucrativos.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE COOPERATIVA

São características da sociedade cooperativa:

I - variabilidade, ou dispensa do capital social;

II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a


administração da sociedade, sem limitação de número máximo;

III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada


sócio poderá tomar;

IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à


sociedade, ainda que por herança;

V - quorum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado


no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social
representado;

VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou


não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua
participação;

VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das


operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser
atribuído juro fixo ao capital realizado;

VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que


em caso de dissolução da sociedade.
No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes
à sociedade simples, resguardadas as características gerais das
cooperativas.

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser


limitada ou ilimitada.

É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio


responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo
verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua
participação nas mesmas operações.

É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio


responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.

FORMAÇÃO DO QUADRO SOCIAL E ASSOCIADOS

O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar


os serviços prestados pela mesma, desde que adiram aos
propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no
estatuto (art. 29 da Lei 5.764/71).

CAPITAL SOCIAL

O capital social será fixado em estatuto e dividido em quotas-parte


que serão integralizadas pelos associados, observado o seguinte:

a) o valor das quotas-parte não poderá ser superior ao salário


mínimo;

b) o valor do capital é variável e pode ser constituído com bens e


serviços;

c) nenhum associado poderá subscrever mais de 1/3 (um terço) do


total das quotas-parte, salvo nas sociedades em que a subscrição
deva ser diretamente proporcional ao movimento financeiro do
cooperado ou ao quantitativo dos produtos a serem
comercializados, beneficiados ou transformados ou ainda, no caso
de pessoas jurídicas de direito público nas cooperativas de
eletrificação, irrigação e telecomunicação;
d) as quotas-parte não podem ser transferidas a terceiros estranhos
à sociedade, ainda que por herança.

DENOMINAÇÃO SOCIAL

Neste tipo societário será sempre obrigatória a adoção da


expressão “Cooperativa” na denominação, sendo vedada a
utilização da expressão “Banco”.

ADMINISTRAÇÃO

A sociedade cooperativa será administrada por uma diretoria ou


conselho de administração ou ainda outros órgãos necessários à
administração previstos no estatuto, composto exclusivamente de
associados eleitos pela assembleia geral, com mandato nunca
superior a quatro anos sendo obrigatória a renovação de, no míni-
mo, 1/3 do conselho de administração.

FORMA CONSTITUTIVA

A sociedade cooperativa constitui-se por deliberação da assembleia


geral dos fundadores, constantes da respectiva ata ou por
instrumento público.

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