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aula 03 Normatividade

teoria da norma
jurídica
Regras, Normas e Leis

 Em todo corpo social, em qualquer âmbito, no seio da família, no ambiente de um


grupo de amigos, no local de trabalho, na religião, na profissão ou no
comportamento do ser humano com relação ao Estado, existem regras. Sem elas a
convivência social é inimaginável.
 O que é uma norma jurídica?
 A norma jurídica é uma ordem ou um comando, que diz o que as pessoas podem
ou não podem fazer, o Direito, operando por meio de normas jurídicas, procura
disciplinar o comportamento humano, conduzindo-o a uma direção, sempre com o
intuito de alcançar uma determinada finalidade.
Qual a Diferença entre normas
jurídicas, sociais e religiosas ?
 Enquanto a regra for somente social, moral ou religiosa, sem a imposição
coercitiva do ordenamento, seu descumprimento acarreta inconvenientes de
ordem íntima ou comportamental: se há um grupo de pessoas de meu
relacionamento e não os saúdo, com um aperto de mão ou outra saudação
convencionalmente admitida, certamente esse desajuste de conduta, isto é, a
atitude contrária ou não esperada pelo grupo social, trará uma reprimenda
comportamental ao renitente.
 Para Bobbio, em seu livro a teoria da norma jurídica, ele discute a relação entre a
norma jurídica e outras normas sociais, como as morais e as religiosas, e
argumenta que a norma jurídica é caracterizada pela sua coercitividade, ou seja,
pela possibilidade de ser imposta pelo Estado e de ser aplicada por meio da
coerção.
características da norma jurídica

 Bilateralidade: O Direito existe sempre vinculado a duas ou mais pessoas,


atribuindo poder a uma parte e impondo dever à outra.
 A teoria da bilateralidade atributiva é uma teoria do Direito criada por Miguel
Reale, Segundo essa teoria, o Direito é um sistema de relações entre pessoas, que
estabelece obrigações e direitos recíprocos.
 De acordo com a teoria da bilateralidade atributiva, cada pessoa é titular de
direitos e obrigações, que são interdependentes e recíprocos. Em outras palavras,
quando uma pessoa tem um direito, outra pessoa tem uma obrigação
correspondente a esse direito. Por exemplo, quando um indivíduo tem o direito de
receber um salário por seu trabalho, o empregador tem a obrigação
correspondente de pagar esse salário.
características da norma jurídica

 Essa teoria se opõe à teoria da unilateralidade, que defende que o Direito é uma
imposição unilateral do Estado sobre os indivíduos, e à teoria da autonomia da
vontade, que defende que as pessoas têm total liberdade para fazer contratos e
acordos, sem levar em consideração as normas do Direito.
 Segundo Reale, a teoria da bilateralidade atributiva é uma tentativa de superar
essas teorias, ao reconhecer que o Direito é um sistema de relações entre pessoas,
que estabelece obrigações e direitos recíprocos. Essa teoria permite que o Direito
seja visto como uma forma de regulação das relações sociais, que busca equilibrar
os interesses das partes envolvidas.
características da norma jurídica

 Generalidade: É a característica relacionada ao fato da norma valer para qualquer


um, sem distinção de qualquer natureza.
 Abstratividade: A norma não foi criada para regular uma situação concreta
ocorrida, mas para regular, de forma abstrata, abrangendo o maior número
possível de casos semelhantes.
 Imperatividade: É a característica de impor aos destinatários a obrigação de
obedecer. Não depende da vontade dos indivíduos, pois a ordem não é conselho,
mas ORDEM a ser seguida.
 Coercibilidade: Possibilidade do uso da força para combater aqueles que não
observam as normas.
 Institucionalizada: ela opera através das instituições legais, como a polícia e o
poder judiciário.
Estrutura da norma jurídica

 Para Kelsen a norma jurídica sempre é redutível a um juízo ou proposição


hipotética, na qual se prevê um fato (F) ao qual se liga a uma consequência (C),
em conformidade com o seguinte esquema : Se F é, deve ser C
 Segundo essa concepção, toda regra de direito contém a previsão genérica de um
fato, com a indicação de que, toda vez que um comportamento corresponder a
esse enunciado, deverá advir uma consequência, que corresponde a uma sanção.
 Entendemos, porém, que essa estrutura lógica corresponde apenas a certas
categorias de normas jurídicas, como, por exemplo às destinadas a reger os
comportamentos sociais, mas não se estende a todas as espécies de normas como,
como por exemplo , às de organização, às dirigidas aos órgãos públicos ou as que
fixam atribuição.
Estrutura da norma jurídica

 Não vemos como se possa vislumbrar qualquer relação condicional ou hipotética


em normas jurídicas como estas:
 Compete privativamente a união legislar sobre serviço postal (constituição
federal, artigo 22, inciso V)
 Toda pessoa é capaz de direito e deveres na ordem civil ( código civil, artigo 1º
 Os filhos estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores ( código civil, artigo
1.630)
Estrutura da norma jurídica

 Na realidade, as regras que dispõem sobre a organização dos poderes do estado, as


que estruturam órgãos e distribuem competências e atribuições, bem como as que
disciplinam a identificação, modificação e aplicação de outras normas não se
apresentam como juízos hipotéticos: o que as caracteriza é a obrigação objetiva de
algo que deve ser feito, sem que o dever enunciado fique subordinado à
ocorrência de um fato previsto, do qual possam ou não resultar determinadas
consequências.
 Para Miguel Reale o que efetivamente caracteriza a estrutura de uma norma
jurídica de qualquer espécie, é o fato de ser uma estrutura proposicional
enunciativa de uma forma de organização ou de conduta, que deve ser seguida de
maneira objetiva e obrigatória.
Estrutura da norma jurídica

 Reale Diz que a norma jurídica é um estrutura proposicional porque o seu


conteúdo pode ser enunciado mediante uma ou mais proposições entre si
correlacionadas, sendo certo que o significado pleno de uma rega jurídica só é
dado pela integração lógico-complementar das proposições que nela se contêm.
Classificação das normas jurídicas

 As leis podem ser classificadas sob vários critérios. Advirta-se, de plano, que
sendo este um trabalho exclusivamente doutrinário, nenhuma das classificações
apresentadas pelos vários doutrinadores será exaustiva e isenta de críticas. Há, no
entanto, categorias básicas presentes em todas as classificações; outras são
próprias de alguns autores que adotam nomenclatura peculiar.
 a) Quanto à origem legislativa de onde promanam.
 Nos países sob estrutura federativa, as leis são federais, estaduais e municipais.
Nos estados unitários, divididos em províncias, as leis são federais e provinciais;
quando há distritos, há leis distritais etc. Quanto à hierarquia, podem ser
ordenadas, de forma simplificada, a começar pela sobranceira Constituição; a
seguir, as leis constitucionais, as leis ordinárias. Essa matéria deve ser
desenvolvida no estudo do direito constitucional. Norma alguma poderá conflitar
com a Constituição, a lei maior.
Classificação das normas jurídicas

 b) Quanto à duração, as leis são temporárias ou permanentes


 As leis temporárias são exceções dentro do ordenamento. Já nascem com um
período determinado de vigência. São editadas, geralmente, para atender a
situações fáticas emergenciais, transitórias ou circunstanciais. Podem ser
promulgadas sob determinada condição. Por vezes a lei possui nítido conteúdo
emergencial, com todos os requisitos de uma norma temporária, mas o legislador
maliciosamente não coloca um termo, de molde que formalmente deve ser vista
como uma lei permanente. Nesta hipótese, somente com a revogação a lei deixará
de ter vigência.
Classificação das normas jurídicas

 c) Quanto à amplitude ou alcance, as leis podem ser gerais, especiais,


excepcionais e singulares.
 Gerais são as leis que disciplinam um número indeterminado de pessoas e
atingem uma esfera de situações genéricas. O Código Civil é um exemplo de lei
geral.
 São consideradas especiais as leis que regulam matérias com critérios particulares,
diversos das leis gerais. Exemplo destas é a Lei do Inquilinato (Lei nQ 8.245, de
18-10-91), que disciplina diferentemente do Código Civil a locação de imóveis.
Apesar de regular fatos sociais sob um regime diverso, essas normas não se
opõem às normas gerais, antes as completam.
Classificação das normas jurídicas

 São excepcionais as normas que regem, por modo contrário ao estabelecido na lei
geral, fatos ou relações jurídicas que naturalmente estariam cobertos pela lei geral.
Os atos institucionais, durante o movimento militar no Brasil, que teve início em
1964, suprimiram muitas das garantias constitucionais e são infelizes exemplos de
leis excepcionais. Não há que se confundir, no entanto, a lei especial, pela qual o
legislador tem por bem regular diferentemente um conjunto de relações jurídicas,
com a lei excepcional, pois esta, daí por que denominada “lei de exceção”,
contraria, geralmente, todo um sistema preestabelecido.
 Lei singular é a norma jurídica que incide sobre uma única pessoa, ou sobre um
número restrito de pessoas, como, por exemplo, lei que define os crimes de
responsabilidade do Presidente da República.
Classificação das normas jurídicas

 d) Quanto à força obrigatória, as leis podem ser cogentes ou dispositivas.


 Obrigatórias vs. Voluntárias: As leis cogentes são obrigatórias e devem ser
seguidas por todas as partes, independentemente de sua vontade. As leis
dispositivas, por outro lado, são voluntárias e podem ser alteradas por acordo
entre as partes.
 Autonomia da Vontade: As leis cogentes não permitem que as partes façam
acordos contrários à lei, pois essa autonomia da vontade é limitada. Já as leis
dispositivas permitem que as partes façam acordos que modifiquem as regras
estabelecidas na lei.
 Interesse público vs. Interesse privado: As leis cogentes têm como objetivo
proteger o interesse público e garantir a ordem social. Já as leis dispositivas têm
como objetivo proteger os interesses privados das partes envolvidas.
Classificação da norma jurídica

 e) Quanto à sanção, as leis podem ser perfeitas, mais que perfeitas, menos que
perfeitas e imperfeitas.
 Perfeitas são aquelas normas cuja transgressão importa sanção de nulidade ou
possibilidade de anulação do ato praticado. No direito penal, a transgressão da
norma, tipificando um crime, importa a aplicação de uma pena. Assim, por
exemplo, para a elaboração de testamento público, a lei exige os requisitos
estabelecidos no art. 1.864 do Código Civil. Dentre os requisitos, exige-se a
presença de duas testemunhas ao ato. Se faltarem essas testemunhas, o testamento
será nulo. Por outro lado, o negócio jurídico praticado com dolo (art. 145 do
Código Civil) fica sujeito à anulação, a qual é menos grave do que a nulidade,
pois depende da iniciativa da parte.
 Mais que perfeitas são as normas cuja violação dá margem a duas sanções: a
nulidade do ato praticado, com possibilidade de restabelecimento do ato anterior,
e também uma pena ao transgressor. A disposição do art. 1.521, VI, do Código
Civil estabelece que não podem casar as pessoas já casadas. A violação desse
dispositivo faz com que se decrete a nulidade desse casamento (art. 1.548, II, do
Código Civil), sem prejuízo penal do infrator (art. 235 do Código Penal, crime de
bigamia).
 São menos que perfeitas as normas que trazem sanção incompleta ou inadequada.
O ato vale, mas com sanção parcial, como ocorre na hipótese da viúva ou viúvo
que contrai novo matrimônio, tendo prole do casamento anterior, não fazendo
inventário do cônjuge falecido. O novo matrimônio será válido, mas perderá a
mulher o usufruto dos bens dos filhos menores, além de se casar obrigatoriamente
sob o regime de separação de bens (art. 1.641, I).
Classificação das normas jurídicas
 São leis imperfeitas as que prescrevem uma conduta sem impor sanção. Não existe
nulidade para o ato, nem qualquer punição ou reprimenda. exemplo é o das dívidas
prescritas. Esses débitos devem ser pagos, porém o ordenamento não concede
instrumento jurídico para obrigar o adimplemento (art. 814 do Código Civil).
 f) Também quanto à plenitude de seu sentido, as normas podem ser autônomas ou
não autônomas.
 São normas autônomas aquelas que se expressam com um sentido completo, ou seja,
bastam-se por si mesmas para sua compreensão, independendo de outras normas.
Assim, por exemplo, é o art. 3o do Código Civil, que fixa a incapacidade para os
menores de 16 anos.
 Em termos legais, a norma não autônoma pode ser entendida como uma norma que
não é autoexecutável, ou seja, que não produz efeitos jurídicos por si só e que
depende de outra norma ou de um ato administrativo para ser aplicada. Por exemplo,
uma lei que estabelece uma nova regra tributária pode precisar de um decreto
presidencial ou de uma portaria ministerial para regulamentar como essa regra será
aplicada na prática.

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