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teoria da norma
jurídica
Regras, Normas e Leis
Essa teoria se opõe à teoria da unilateralidade, que defende que o Direito é uma
imposição unilateral do Estado sobre os indivíduos, e à teoria da autonomia da
vontade, que defende que as pessoas têm total liberdade para fazer contratos e
acordos, sem levar em consideração as normas do Direito.
Segundo Reale, a teoria da bilateralidade atributiva é uma tentativa de superar
essas teorias, ao reconhecer que o Direito é um sistema de relações entre pessoas,
que estabelece obrigações e direitos recíprocos. Essa teoria permite que o Direito
seja visto como uma forma de regulação das relações sociais, que busca equilibrar
os interesses das partes envolvidas.
características da norma jurídica
As leis podem ser classificadas sob vários critérios. Advirta-se, de plano, que
sendo este um trabalho exclusivamente doutrinário, nenhuma das classificações
apresentadas pelos vários doutrinadores será exaustiva e isenta de críticas. Há, no
entanto, categorias básicas presentes em todas as classificações; outras são
próprias de alguns autores que adotam nomenclatura peculiar.
a) Quanto à origem legislativa de onde promanam.
Nos países sob estrutura federativa, as leis são federais, estaduais e municipais.
Nos estados unitários, divididos em províncias, as leis são federais e provinciais;
quando há distritos, há leis distritais etc. Quanto à hierarquia, podem ser
ordenadas, de forma simplificada, a começar pela sobranceira Constituição; a
seguir, as leis constitucionais, as leis ordinárias. Essa matéria deve ser
desenvolvida no estudo do direito constitucional. Norma alguma poderá conflitar
com a Constituição, a lei maior.
Classificação das normas jurídicas
São excepcionais as normas que regem, por modo contrário ao estabelecido na lei
geral, fatos ou relações jurídicas que naturalmente estariam cobertos pela lei geral.
Os atos institucionais, durante o movimento militar no Brasil, que teve início em
1964, suprimiram muitas das garantias constitucionais e são infelizes exemplos de
leis excepcionais. Não há que se confundir, no entanto, a lei especial, pela qual o
legislador tem por bem regular diferentemente um conjunto de relações jurídicas,
com a lei excepcional, pois esta, daí por que denominada “lei de exceção”,
contraria, geralmente, todo um sistema preestabelecido.
Lei singular é a norma jurídica que incide sobre uma única pessoa, ou sobre um
número restrito de pessoas, como, por exemplo, lei que define os crimes de
responsabilidade do Presidente da República.
Classificação das normas jurídicas
e) Quanto à sanção, as leis podem ser perfeitas, mais que perfeitas, menos que
perfeitas e imperfeitas.
Perfeitas são aquelas normas cuja transgressão importa sanção de nulidade ou
possibilidade de anulação do ato praticado. No direito penal, a transgressão da
norma, tipificando um crime, importa a aplicação de uma pena. Assim, por
exemplo, para a elaboração de testamento público, a lei exige os requisitos
estabelecidos no art. 1.864 do Código Civil. Dentre os requisitos, exige-se a
presença de duas testemunhas ao ato. Se faltarem essas testemunhas, o testamento
será nulo. Por outro lado, o negócio jurídico praticado com dolo (art. 145 do
Código Civil) fica sujeito à anulação, a qual é menos grave do que a nulidade,
pois depende da iniciativa da parte.
Mais que perfeitas são as normas cuja violação dá margem a duas sanções: a
nulidade do ato praticado, com possibilidade de restabelecimento do ato anterior,
e também uma pena ao transgressor. A disposição do art. 1.521, VI, do Código
Civil estabelece que não podem casar as pessoas já casadas. A violação desse
dispositivo faz com que se decrete a nulidade desse casamento (art. 1.548, II, do
Código Civil), sem prejuízo penal do infrator (art. 235 do Código Penal, crime de
bigamia).
São menos que perfeitas as normas que trazem sanção incompleta ou inadequada.
O ato vale, mas com sanção parcial, como ocorre na hipótese da viúva ou viúvo
que contrai novo matrimônio, tendo prole do casamento anterior, não fazendo
inventário do cônjuge falecido. O novo matrimônio será válido, mas perderá a
mulher o usufruto dos bens dos filhos menores, além de se casar obrigatoriamente
sob o regime de separação de bens (art. 1.641, I).
Classificação das normas jurídicas
São leis imperfeitas as que prescrevem uma conduta sem impor sanção. Não existe
nulidade para o ato, nem qualquer punição ou reprimenda. exemplo é o das dívidas
prescritas. Esses débitos devem ser pagos, porém o ordenamento não concede
instrumento jurídico para obrigar o adimplemento (art. 814 do Código Civil).
f) Também quanto à plenitude de seu sentido, as normas podem ser autônomas ou
não autônomas.
São normas autônomas aquelas que se expressam com um sentido completo, ou seja,
bastam-se por si mesmas para sua compreensão, independendo de outras normas.
Assim, por exemplo, é o art. 3o do Código Civil, que fixa a incapacidade para os
menores de 16 anos.
Em termos legais, a norma não autônoma pode ser entendida como uma norma que
não é autoexecutável, ou seja, que não produz efeitos jurídicos por si só e que
depende de outra norma ou de um ato administrativo para ser aplicada. Por exemplo,
uma lei que estabelece uma nova regra tributária pode precisar de um decreto
presidencial ou de uma portaria ministerial para regulamentar como essa regra será
aplicada na prática.