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Exame Final
1. A norma legal citada na alínea a) diz respeito á linha de base (ordo partium ad partes)
da ordem jurídica, que diz respeito ás relações que estabelecemos uns com os outros
na veste de sujeitos de direito privado, em que todos pretendemos realizar os nossos
interesses sendo que estamos uns perante os outros. Nesta linha a sociedade
desempenha a mera função de cenário onde essas relações se estabelecem. A ordem
jurídica, aqui, estabelece as nossas autonomias, delimitando-as e permite a realização
dos nossos interesses, tutelando-os. O direito tem aqui o papel de garantir a realização
dessas autonomias delimitadas e a de fornece um critério de resolução os conflitos que
possam vir a surgir. Nesta linha avultam dois valores, o da liberdade individual (centrada
em cada um) e relativa (vista sob a forma de autonomia privada, onde as autonomias se
encontram, relacional e relativizam mutuamente), que nada mais é do que a liberdade
de u sujeito em relação a outro sujeito na atuação para a concretização dos seus
interesses particulares. E temos, ainda, o valor da igualdade como paridade que
pretende regular a posição dos membros de uma certa comunidade enquanto sujeitos
jurídicos privados, definindo-lhes uma esfera jurídica particular, fundamentalmente
autónoma e disponível. Quanto aos tipos de justiça presentes nesta linha, Aristóteles
faz a distinção entre justiça corretiva e justiça distributiva, sendo que dentro da justiça
corretiva temos: a justiça corretiva (aquela que pretende tornar indemne) e a justiça
comutativa (justiça da troca) onde temos transações particulares voluntárias e á qual
está ligada uma comutatividade como igualdade de correspetividade. A norma legal
citada na alínea b) diz respeito á linha ascendente (ordo partium ad totum) da ordem
jurídica que representa a relação dos sujeitos com a sociedade. Deixamos de ser apenas
indivíduos para passarmos a ser socie e a sociedade deixa de ter um papel secundário
para passar a fazer parte das relações jurídicas que com ela estabelecemos. A sociedade
apresenta certos valores e bens jurídicos que nos exige que sejam cumpridos para que
haja uma vivência pacífica, se violarmos tais valores e bens jurídicos seremos pela
mesma responsabilizados. Por outro lado, o individuo também faz exigências á
sociedade, uma vez que também nós temos interesses a reivindicar, como por exemplo
os direitos fundamentais. A sociedade pode, com certeza, nos dirigir exigências, como
por exemplo o serviço militar ou o pagamento de impostos, mas não arbitrariamente.
Os ramos do direito que se localizam nesta linha (Direito Constitucional, Direito Fiscal...)
têm a função de tutelar as exigências que a sociedade nos dirige, mas também são uma
forma de legitimar, limitar e institucionalizar o poder. Nesta linha temos o valor da
liberdade pessoal (singularmente enucleada, pois a sua atividade pessoal produz efeitos
nos outros sujeitos) de cada um perante o todo e o valor da responsabilidade social ou
comunitária (corresponsabilidade – todos somos responsáveis pela garantia da
efetivação dos valores e interesses fundamentais). O tipo de justiça, a justiça geral,
traduz-se naquilo que em nome de todos pode ser exigido a cada um ou então aqui que
cada um pode exigir ao todo. Estamos igualmente perante uma justiça protetiva, uma
vez que o direito vai proteger a comunidade do uso excessivo do poder. Estas normas
legais inserem-se na função primária ou prescritiva uma vez que esta função nos diz
como devemos atuar em sociedade, atuando o direito como princípio de ação e critério
de sanção que na norma legal citada na alínea b) corresponde a uma sanção punitiva
criminal e na norma legal citada na alínea a) corresponde a uma sanção reconstitutiva.
Confere uma função integrante ao direito, uma vez que possibilita a nossa vida em
comum, como somos seres diferentes e temos de conviver isso só será possível se
estivermos comunitariamente integrados e assim as divergências que nos separam não
impediram o nosso encontro.