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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Tema: Preparação para Teste 01 de Direito -2020

1. Direito – é um conjunto de normas ou códigos estruturais que visam a orientar ou regular


a convivência humana numa sociedade.

O direito, diferente da Moral, Religião e normas de Trato Sociais, este tem a sanção e coação
(força).

➢ Ética = modo de ser ou caracter;


➢ Moral (costumes, hábitos, bom ou mau) - é o conjunto de valores e de noções do que é
certo ou errado, permitido ou proibido, bom ou mau dentro de uma determinada sociedade.

2. O significado de Estado de Direito Democrático e as suas características

O Estado esta sujeito a Lei, a convivência e articulação das instituições não pode ir a margem
da lei.

Suas características:

➢ A soberania reside no povo;


➢ Há separação de poderes estatais;
➢ O primado da lei sob outras fontes de proteção jurídicas;
➢ A igualdade formal de todos cidadãos perante a lei;
➢ O voto como sufrágio universal periódico para inclusão política e alternância de poder.

3. “É muito importante compreender que o direito tem fins próprios, pois não pretende
fazer santos nem pessoas veneráveis, menos ainda elites”. O que visa, então o Direito?

O direito é um instrumento de pacificação social, tem como objectivo/finalidade regular e


manter a ordem social entre interesses individuais e coletivos de uma determinada sociedade.

4. A grande finalidade do direito em termos de ciência prática ligada aos tribunais.

Os Tribunais são entidades do Estado para validar o Direito, ou seja, através dos tribunais o
direito é administrado para reparar danos causados, e consequentemente restabelecer a ordem
e a justiça social.

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5. Estabeleça o confronto entre os fins do Direito e os fins das restantes ordens
normativas.

Numa primeira fase, o confronto é aparente e há unanimidade entre os fins do Direito e os fins
das restantes ordens normativas, visto que o Direito, a Moral, a Religião e outras Regras de
Trato Social são instrumentos ou processos normativos de controle social e tem o fim comum
orientar a convivência do homem na sociedade. Porém, o Direito difere destes pelo simples
facto de não se limitar em aconselhar apenas, mais bem como impor a força para a restauração
da ordem, o que não se verifica na Moral, Religião e outras Regras de Trato Social.

Portanto, existe o confronto na medida em que a atividade ou ação humana além de subordinar-
se ao direito, sujeita-se as leis naturais como expressão da vontade divina, visto que o próprio
direito antigamente encontrava-se mergulhado na Religião e a classe sacerdotal possuía o
monopólio jurídico.

Neste sentido, esse confronto reside pelo simples facto de que Religião, a Moral e outras Regras
de Trato Social surgiram espontaneamente de forma natural com fim único de orientar o
homem na busca e conquista da felicidade eterna, e analisar a justiça em âmbito maior que
envolve os deveres de homens para com o criador.

Dai que ao decorrer de tempo surgem movimentos de separação entre o Direito e a Religião,
neste caso o Estado da Igreja, ficando desta forma cada qual com seu ordenamento próprio (a
laicidade do Estado).

Exemplo de unanimidade: celebração de matrimonio.

Exemplo de conflitos: o Direito defende a interrupção voluntária da gravidez caso necessário,


a procriação artificial; a Religião negligencia.

6. As Normas Jurídicas e as cinco (05) características.

Normas Jurídicas – são regras de conduta social gerais, abstractas, imperactivas, adoptadas e
impostas de forma coercitiva pelo Estado através de seus órgãos competentes.

Suas características:

➢ Generalidade – Todos os cidadãos são iguais perante a lei e a todos obrigam de igual
forma;

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➢ Abstratividade – as normas jurídicas aplicam-se a um número abstracto de situações, não
a um facto concreto da vida social;
➢ Imperatividade – as normas jurídicas são de cumprimento obrigatório;
➢ Coercibilidade – em caso de não cumprimento voluntário da norma pode-se recorrer o
emprego de meios coercivos.
➢ Bilateralidade – a norma jurídica atribui um direito e obrigação ao mesmo tempo;

7. Positivismo Jurídico – São uma corrente da teoria do direito que procura explicar o
fenômeno jurídico a partir das normas postas pela autoridade soberana de uma determinada
sociedade.

O positivismo jurídico procura afastar-se das teorias jusnaturalistas do direito que sustentam a
existência de um direito natural paralelo ao direito criado por legislador.

Esses defensores negligenciam a ideia de que o ordenamento jurídico dependa de mandamentos


divinos e da razão humana, separando desta forma o Direito da Moral, do justo e o correcto.

Defendendo que só são válidas as normas criadas por autoridade soberana reconhecidas no
ordenamento jurídico independentemente do seu conteúdo. (Austríaco Hans Kelsen “Teoria
Pura de Direito).

8. A diferença entre Ordem Jurídica e Norma Jurídica

Ordem Jurídica – é um conjunto complexo ou sistematizado de normas aplicáveis a um


determinado país onde decorre o Estado de Direito.

Enquanto que a Norma Jurídica – é conjunto de regras de conduta social gerais, abstractas,
imperactivas, adoptadas e impostas de forma coercitiva pelo Estado. Logo a ordem jurídica
engloba a norma jurídica.

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9. Relação Jurídica e indique os seus elementos, exemplificando

Relação jurídica – é um vínculo entre, pelo menos, dois sujeitos com personalidade jurídica,
tendo um deles o poder jurídico de exigir do outro determinada conduta e este o dever jurídico
de sujeitar-se a essa conduta.

Exemplo: no contrato de compra e venda de um Telefone.

O comprador fica com o direito à propriedade da coisa que adquiriu (Telefone) e com o dever
de pagar o preço acordado; por seu turno, o vendedor fica com o direito de receber o preço
acordado e o dever de entregar a coisa que vendeu (o dito Telefone).

Utilizando o exemplo dado, identificamos, assim, os quatros (04) elementos da relação


jurídica:

➢ Os sujeitos – são os entes (activo e passivo) que entram na relação jurídica de compra
e venda, a saber: o comprador e o vendedor;
➢ O objecto - a coisa sobre a qual vai recair o contrato: o Telefone;
➢ O facto - aquilo que dá origem à relação jurídica, neste caso, o contrato;
➢ A garantia - a faculdade que cada uns dos sujeitos da relação jurídica têm de recorrer
aos meios coercivos para satisfação do seu direito em caso de violação do mesmo (ex:
recurso ao Tribunal).

9.1. Facto ou Acto jurídico - é, o acto ou facto voluntário que produz efeitos jurídicos.
Exemplo: o matrimónio, vínculo ou contrato.

Neste exemplo estamos perante um negócio jurídico que pode ser:

➢ Unilateral – quando há apenas uma só declaração de vontade (Ex: testamento);


➢ Bilateral – quando há duas ou mais declarações de vontade (ex: compra de um carro).

9.2. Sujeitos Jurídicos – são pessoas ou partes envolvidas entre as quais a relação jurídica se
estabelece.

9.3.Tipo de Relações Jurídicas que os sujeitos estabelecem entre eles:


➢ Relação Jurídica simples – aquela em que confere direitos apenas uma das partes e
deveres a outra parte. (Ex: Testamento);

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➢ Relação Jurídica complexa – aquela em que os direitos e obrigações recaem sobre
ambos sujeitos daa relação jurídica. (Ex: o contrato de comprava e venda);
➢ Relação Jurídica Publica – aquela em que o Estado atua em posição de superioridade
investido de jus imperium (direito de império). Ex: o interesse publico supera o
particular, portanto o Estado goza de privilégio de rescindir o contracto sem nenhuma
pena.

10. Personalidade Jurídica – é privilégio de qualquer pessoa ser titular de relações jurídicas,
ou seja, de direitos e obrigações. A personalidade jurídica adquire-se no momento de
nascimento completo com vida e cessa com a morte. Portanto, todos os seres humanos têm
a personalidade jurídica, como: o direito a vida e integridade física, direito ao bom nome e
reputação, etc.

11. Capacidade Jurídica – é a faculdade que o ordenamento jurídico confere a uma pessoa
para ser sujeito de quaisquer direitos e obrigações desde que não sofra de qualquer
incapacidade prevista na lei como a menoridade ou anomalia psíquica.

12. Distinga justiça de equidade.

12.1. Justiça – baseando no Platão e Aristóteles, Ulpiano, definiu justiça - como a vontade
constante e perpétua de dar a cada um o seu direito.

12.1.1. Classificação da Justiça:


➢ Distributiva - (o Estado reparte os bens e os encargos aos membros da sociedade consoante
ao grau de necessidade);
➢ Comutativa – regula o direito privado, logo seria a obrigação de cada um cumprir a sua
parte numa relação jurídica. Ex: contracto de compra e venda;
➢ Geral – é a contribuição de uma sociedade para o bem comum. Ex: o serviço militar
obrigatório;
➢ Social – a proteção dos mais necessitados na repartição equilibrada da riqueza.

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12.1.2. Qual seria o outro sentido que poderia ser dado á palavra justiça?
➢ É equidade, o respeito pelos outros bem como a igualdade das decisões aplicadas pela
lei nas relações sociais.

12.2. Equidade - é o abrandamento dos rigores da lei, ou seja, é aplicação das normas a um
caso concreto, mas nunca contrariar a Lei. Ex: о juiz utilizando-se do seu raciocínio, fará
análise do caso concreto e decidirá de acordo com o que ele acha justo, mas nunca contrariar
a lei.

13. A distinção entre o Direito Interno e o Direito Internacional

14. Direito Interno – é um conjunto de normas que rege as relações entres as pessoas dentro
das fonteiras de um pais.
15. Direito Internacional – é um complexo de normas que rege as relações entre Estados e
aos particulares que tenham interesse em mais de um país.

Ex: Se, na exploração de uma fábrica petrolífera, construída por dois países, estes tiverem
alguma divergência, a questão poderá ser resolvida por meio de aplicação de normas de Direito
Internacional Público.

Ex:2 Um falecido que tenha deixado bens em vários países, poderá ser resolvida por meio de
aplicação de normas de Direito Internacional Privado.

Portanto existem dois sistemas jurídicos que os Estados adoptam:

➢ Sistema Dualista

Se o Estado for dualista não existe conflito entre os dois direitos, no entanto operador interno
aplicará a norma vigente no Direito Interno, e no caso de quebrar-se um tratado com outro
Estado, o Estado ofendido recorrerá o Direito Internacional para responsabilizar o Estado
violador com quem firmou o tratado. E para que uma norma de Tratado Internacional se
transforme em uma norma de Direito Interno é necessário que ela seja incorporada
expressamente ou tacitamente por mecanismos de recepção;

Sistema Monista (Hans Kelsen):

➢ Não existem dois universos jurídicos distintos, só existem regras ou normas do Direito
Internacional que não refletem no Direito Interno, assim como há regras em comum;

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➢ O Direito Internacional é considerado superior que Direito Interno, sendo o Direito
Internacional continuação de Direito Interno aplicando as relações exteriores do Estado;
➢ Há conflito na aplicação de normas de Direito Internacional e Interno, por isso para
solucionar este conflito o operador interno deve aplicar a norma do Direito Internacional,
pois há responsabilidade internacional;
➢ As normas do Direito Internacional são incorporadas com a mesma força de Direito Interno,
e uma norma interna não revoga uma norma de Direito internacional;
➢ Para os Monistas o Direito Internacional, não importa o sistema adoptado por um
determinado Estado, sempre que haver descumprimento os Tribunas Internacionais vão
levar em consideração a responsabilidade internacional, por isso a solução em pleno interno
e internacional é diferente.

Ps: o sistema jurídico que se enquadra em Moçambique é Dualista, pois prevalece o


Direito Interno, em detrimento das normas de Direito Internacional que carecem de
aprovação e ratificação para serem incorporadas no ordenamento jurídico Moçambicano.
Passo a citar:

(Artigo 18 da Constituição da República “Direito Internacional”)

1. Os tratados e acordos internacionais, validamente aprovados e ratificados, vigoram


na ordem jurídica moçambicana após a sua publicação oficial e enquanto vincularem
internacionalmente o Estado de Moçambique.

2. As normas de direito internacional têm na ordem jurídica interna o mesmo valor que
assumem os actos normativos infraconstitucionais emanados da Assembleia da
República e do Governo, consoante a sua respectiva forma de recepção.

16. Ordenamento Jurídico – é o conjunto de normas jurídicas aplicáveis a um determinado


país estabelecendo uma hierarquia da norma mais superior a inferior.

➢ Direito Canónico – é conjunto de normas feitas ou adotas pelos os líderes da igreja para a
governação cristã e seus membros. É a lei eclesiástica interna que rege a igreja católica.

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➢ Princípios – são normas criadas por um grupo ou sociedade para definir comportamentos
e atitudes.
➢ Pessoa jurídica – é um associação ou entidade detentora da relação jurídica (direitos e
obrigações).

17. A distinção entre o direito público do direito privado.

17.1. Direito Público – é o conjunto de normas imperativas que regulam as relações entre o
Estado e os particulares no interesse coletivo.

Ex: Supondo-se que o salário mínimo é fixado como obrigatório por lei, imagine-se um
contrato de trabalho pelo qual trabalhador e empresário convencionam que o primeiro
ganhará 2/3 do salário mínimo, visto que ele não tem mulher nem filho. É válido o
acordo? Obviamente, não. O patrão terá que pagar de qualquer forma o salário mínimo,
por se tratar de uma norma de ordem pública, de protecção ao trabalhador.

O direito público divide-se em:

➢ Direito Interno - (onde temos as normas de direito constitucional, administrativo, penal,


processual, etc);
➢ Direito Externo - (onde temos as normas de direito internacional público, tratados,
convenções, etc);

17.2. Direito Privado - é o conjunto de normas que regulam as relações entre os particulares,
ou seja, versa sobre a vida privada no seu convívio social. (onde temos as normas de direito
civil, empresarial, comercial etc);

Ex: Se recebo, por empréstimo, 2 sacos de arroz, a lei diz (Código Civil) diz que sou
obrigado a restituir esse género, na qualidade e quantidade recebidas. No entanto,
quem me emprestou aceita que eu faça a devolução em sacos de milho. É válido o
acordo? Sim, porque aqui estamos no terreno do Direito Privado, onde o particular
pode exigir ou deixar de exigir o cumprimento da lei.

17.3. Alguns principais critérios em que se procura assentar a distinção entre o direito
público do direito privado:

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➢ O Critério Sujeito – considera que o Estado faz parte da relação jurídica no direito
público e os particulares no direito privado;
➢ O Critério do interesse – este, olha para o interesse em questão, se o interesse em
questão for público então faz parte do Direito público, da mesma forma que os
interesses particulares são regulados pelo Direito privado.

18. A hierarquia dos órgãos do Estado segundo a Constituição da República de


Moçambique.
➢ O Presidente da República;
➢ Assembleia da República;
➢ Governo ou Conselho de Ministros;
➢ Tribunais e;
➢ Conselho Constitucional.

19. Lei – é a manifestação escrita da norma. Ela é necessária para regular o comportamento
humano de modo a evitar conflitos. A lei é a principal fonte de direito.

19.1. Lei em sentido lato ou amplo – qualquer acto normativo elaborado por qualquer órgão
competente na sua função de legislar. Ex: decreto-lei, regulamentos.

19.2.Lei em sentido Restrito – acto normativo elaborado pelo poder legislativo no exercício
das suas funções. Ex: Constituição, emendas constitucionais, complementares;

19.3.Lei em sentido formal – é quando parte do poder legislativo, qualquer que seja o seu
conteúdo, pode ser ou não geral, atingir ou não a todos. É lei porque formalmente é um
acto emanado do poder legislativo, não importa o seu conteúdo. Ex: leis constitucionais,
complementares.

19.4. Lei em sentido material – é referente a conteúdo, é aquela que possui a matéria, e é
aplicável a todos, mas pode originar de qualquer órgão que tenha competência de legislar. Ex:
decretos, Regulamentos, etc.

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➢ Logo, (Lei em sentido lato ou amplo = Lei em sentido material) e (Lei em sentido Restrito
= Lei em sentido formal).

19.5.Lei Especial – é aquela que a constituição confia à disciplina de matéria determinada. Ex:
Lei de drogas, Lei que protege o meio ambiente.
➢ Logo a Lei especial revoga a lei geral.

20. Hermenêutica Jurídica - é a ciência que estuda os métodos de interpretação de uma lei.

20.1. Interpretação da Norma – é a ferramenta prática à disposição do aplicador ou operador da


lei. Interpretar é fixar o verdadeiro sentido e o alcance de uma norma jurídica.

20.2. Os critérios de interpretação da norma jurídica

➢ Interpretação Gramatical – o intérprete examina o significado e alcance de cada uma das


palavras da norma jurídica para determinar o seu verdadeiro sentido;
➢ Interpretação lógica - o intérprete examina a intenção do legislador para saber a razão da
lei;
➢ Interpretação sistemática – cabe o intérprete analisar se a norma em causa está de acordo
com contexto do sistema jurídico para evitar a contradição com normas superiores;
➢ Interpretação histórica - o intérprete procura investigar os antecedentes da norma, os
motivos que os levaram a fazê-la;
➢ Interpretação teleológica (ou finalidade) - o intérprete procura saber o fim social da lei,
ou seja, a finalidade que o legislador teve em vista na elaboração da lei ou às exigências do
bem comum;
➢ Interpretação axiológica - o intérprete busca explicitar os valores que serão concretizados
pela norma;

20.3. Quanto a seus efeitos ou resultados, a interpretação pode ser:

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➢ Interpretação restritiva - quando o intérprete conclui que o legislador escreveu mais do
que realmente pretendia dizer. Ex: A lei diz “descendente”, quando na realidade queria
dizer “filho”.

➢ Interpretação extensiva - quando o intérprete conclui que o legislador escreveu menos do


que queria dizer, e o intérprete, alargando o campo de incidência da norma, aplicá-la-á a
determinadas situações não previstas expressamente em sua letra, mas que nela se
encontram, virtualmente, incluídas. Ex: BOA-FÉ - significa que todos devem agir com
honestidade e probidade.

21. Irretroatividade da Lei - no momento em que a lei penetra no mundo jurídico, para reger a
vida social, deve atingir apenas os actos praticados na constância de sua vigência.

O princípio da Irretroatividade da lei - consiste na impossibilidade de um novo Direito atuar


sobre fatos passados e julgar velhos acontecimentos. Só há retroatividade benéfica em caso de lei
penal.

22. Repristinação- Quando uma lei revogadora perde a sua vigência, a lei anterior, por ela
revogada recupera a sua validade.

23. Meios de Integração da Norma Jurídica ou Integração - é um processo de preenchimento


de lacunas, existentes na lei por meio de mecanismos.

A lacuna se caracteriza não só quando a lei é completamente omissa em relação ao caso,


mas igualmente quando o legislador deixa o assunto a critério do julgador. Normalmente essas
lacunas surgem em razão do desencontro cronológico entre o avanço social e a correspondente
criação de novas regras disciplinadoras. O intervalo de tempo que permanece entre os dois
momentos gera espaços vazios na lei. Outras vezes, aparecem em virtude do excesso de
abstratividade da norma jurídica.

23.1. Existem dois tipos de Meios/métodos ou mecanismo de Integração da Norma


Jurídica:

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➢ A auto-integração – quando o juiz preenche a lacuna utilizando recursos da própria fonte
de direito (legislação), geralmente através da analogia.

A analogia - significa comparar. Estaremos diante da analogia quando comparamos um caso


não previsto no ordenamento jurídico com outros casos previstos. Essa divide- se em:

• Analogia legal - a relação de semelhança ou casos idênticos previstos toma por base
uma lei;
• Analogia iuris - toma por base um caso similar e concreto julgado pelo Judiciário,
mas não previsto.

Atenção que: Não pode ser aplicada analogia no Direito Penal (a não ser para beneficiar o réu)
e no direito fiscal.

➢ Heterointegeração - quando o juiz preenche a lacuna utilizando outras fontes de direito


como os costumes, jurisprudência, doutrina.

24. A diferença entre Texto e Norma Jurídica

Texto é qualquer conteúdo escrito nas diversas fontes legais existentes, enquanto que a norma
jurídica consiste numa actividade de produção interpretativa e aplicativa, visto que há normas sem
texto. Em suma norma é o resultado do sentido construído através da interpretação do texto
normativo.

➢ Jurisprudência – é o conjunto de decisões reiteradas dos Tribunais ao julgar casos


semelhantes;

➢ Doutrina – é a interpretação das normas jurídicas feita pelos estudiosos da matéria em


comentários, livros, aulas, etc.

➢ Direito Consuetudinário/Costumeiro ou Costume – é o conjunto de regras ou práticas


sociais reiteradas, gerias e obrigatórias dentro de uma sociedade.

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O costume é fonte de direito quando podemos extrair do comportamento de uma sociedade,
uma norma que seja considerada válida pelo ordenamento jurídico.

Ex: As pessoas antes de sair de casa escolhem o vestuário consoante a um determinado lugar,
e ninguém cogita ou ousa sair de casa sem roupa. Logo, extrai-se a seguinte norma: É
obrigatório estar vestido em público ou em proibido andar nu em público.

25. Explique a Hierarquia das Normas Jurídicas em Moçambique

Primeiro quando fala-se de normas jurídicas em Moçambique - são todas regras de conduta
social gerais, abstractas, imperativas adoptadas e impostas de forma coercitiva pelo Estado
através dos órgãos competentes! Entretanto o modelo ou sistema jurídico dominante usado em
Moçambique é Romano-Germânico (preceituado/legislação).

Portanto, entende-se por Hierarquia para o direito das Normas jurídicas- à subordinação desta
a uma fonte geradora superior (Constituição da República) de todas as demais normas.

Logo, temos:

➢ 1ª: Leis Constitucionais (Constituição da República) - no ápice da pirâmide encontramos


as normas constitucionais, estás que ocupam o grau mais elevado, sendo uma lei mãe. Nela
temos o princípio de Constitucionalidade que realça que todas normas inferiores devem
sujeitar-se as normas constitucionais. Ex: Constituição da República.

➢ 2ª: Leis Complementares - essas vão regulamentar as matérias já reservadas ou pré-


determinadas a elas pela constituição da república. São normas que por sua evidente
importância poderiam ser insertas na constituição, mas devido às futuras alterações
constantes subcarregariam o sistema jurídico. Ex: Código tributário; Lei de organização
jurídica (tribunais).

➢ Na 3ª posição temos as Leis Ordinárias - são quaisquer normas jurídicas elaboradas pelo
poder legislativo ou pode autorizar qualquer outro órgão competente em sua função típica
de legislar. Ex: Código Civil, Código Penal, etc.

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➢ E por fim temos 4ª as Leis Delegadas - são leis criadas ou aprovadas pelo poder executivo
(conselho de ministros) com autorização do poder legislativo (Assembleia da República)
no exercício das suas funções. Ex: Decreto lei, Resoluções, medidas provisórias, etc.

26. Explique o processo legislativo moçambicano.


✓ 1º: Procedimento legislativo comum em Moçambique começa com a submissão da
iniciativa de lei ao:
➢ Deputados, as Bancadas Parlamentares, As Comissões de Trabalho, sob forma de
projecto;
➢ Presidente da República e Governo, sob forma de proposta.

✓ 2º Discussão: O Presidente da Assembleia encaminha a iniciativa de lei a comissão de


trabalho competente e ordena a sua distribuição aos deputados. A comissão de trabalho
produz um parecer e avança-se para a votação na generalidade, e depois apreciação na
especialidade que consiste na discussão artigo por artigo, alínea por alínea, e termina com
a votação na especialidade.

✓ 3º Revisão e aprovação: Feita a votação na especialidade a proposta ou projecto de lei é


submetido à revisão e a votação final pelo plenário e caso aconteça a sua aprovação, é
enviada ao Presidente da República.

✓ 4º Promulgação ou veto: Antes de promulgar o Presidente da República envia a lei ao


Conselho Constitucional para verificar a sua constitucionalidade. Em caso de veto
presidencial a iniciativa legislativa volta ao para Assembleia da República que a submete
ao reexame. Se a lei reexaminada for aprovada por maioria de dois terços (2/3) o Presidente
da República deve promulgá-la.

✓ 5º Publicação e Vactio Legis: Logo que o Presidente da República proceder a promulgação


a lei deve ser publicada no Boletim da República, salvo se essa podendo cumprir o Vactio
Legis.

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O Vactio Legis – é o período compreendido entre a publicação e entrada em vigor de uma
lei. Ao abrigo da Lei nº: 6/2003 de 18 de Abril de artigo nº:1 do código civil. (cria Vactio
Legis)

27. Distinga fontes imediatas das fontes mediatas do Direito, exemplificando.

27.1. Fontes Imediatas do Direito – são aquelas que produzem directamente as normas
jurídicas, sem qualquer subordinação a outra fonte de direito, essas têm uma valia própria. Ex:
Lei, Costumes e Usos.

27.2. Fontes Mediatas do Direito - são aquelas que só são reconhecidas como fontes de direito
na medida em que a lei lhes confere esse valor. Ex: Doutrina e Jurisprudência.

28. Referência de uma Lei e Decreto:

➢ MOÇAMBIQUE. Lei nº. 35/2014, de 31 de dezembro. Institui, Revisão do Código Penal.


BR. Maputo, 16 de dezembro. 2019.

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Fim

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