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UNIDADE 1

1.1. Os Sentidos do Direito


Direito como ordenamento jurídico, ou seja, enquanto conjunto de leis e regras que regulam as
relações sociais, atribuindo direitos e deveres aos sujeitos e instituições.

Direito como conjunto de instituições, ou seja, enquanto práticas sociais reiteradas e organizações
que produzem e aplicam o direito.

Direito como conhecimento/cultura, ou seja, enquanto diferentes saberes que fundamentam e


organizam as racionalidades jurídicas.

1.2. O Direito no Estado Moderno


O significado predominante do direito no Estado moderno foi o de norma estatal.

Conjunto de leis, princípios e regras jurídicas elaboradas pelo poder estatal, que expressam
proposições de dever-ser (é obrigatório, é proibido, é permitido, é facultado, é de competência de)
e possuem coercitividade, pois, no caso de descumprimento, o Estado poderá impor uma sanção,
uma penalidade.

O caráter normativo da ciência do direito vem da pretensão desta ciência de influenciar


comportamentos, de atuar na realidade para que ela funcione de acordo com valores e objetivos
escolhidos pela normatividade dominante.

1.2.1. Funções do Direito


Instrumental: própria da noção de direito como norma, ou seja, como estrutura normativa de
regulação da vida social, que expressa o dever-ser (proibir, permitir, incentivar, promover, penalizar)

Política: manutenção da coesão social (estabilidade e segurança) e mecanismos de controle e


integração social

Simbólica: o direito também realiza uma função de legitimação de comportamentos, valores e


visões de mundo. (Calibração de expectativas, reforças legitimidade)

1.2.2. Fontes do Direito


As fontes materiais são as circunstancias fáticas que determinam a elaboração de certa norma
jurídica, ou seja, fatos políticos, econômicos, sociais e culturais que geram a necessidade de uma
regulação num determinado ramo da vida social. (Revolução industrial, debate público sobre moral,
conflitos relacionados ao cotidiano)

As fontes formais são o centro de positivação da norma, é o momento propriamente jurídico de


produção do direito, é quando a norma se materializa mediante o exercício do poder normativo do
Estado e através de procedimento previamente determinado.
Fontes formais autônomas: envolve a participação dos interessados, ou seja, originárias dos
segmentos e organizações da sociedade civil, como os instrumentos da negociação coletiva privada,
a Convenção Coletiva e o Acordo Coletivo.

Fontes formais heterônomas: Regras produzidas por uma autoridade diferente das partes que
constituem o conflito. As fontes heterônomas são propriamente as normas de origem estatal, como:
Constituição Federal.

1.2.3. Direito Público e Privado


A esfera pública é o lugar de excelência do Estado e conforma relações de interesse público entre
os diversos atores.

A esfera privada se torna o espaço do indivíduo, de sua intimidade, do exercício de sua autonomia
da vontade, é uma esfera de liberdade na qual o Estado não deve intervir.

Será de direito público se houver a participação do Estado ou outra pessoa jurídica de direito
público. Sendo as partes da relação jurídica particulares (pessoas físicas e/ou jurídicas), a regulação
jurídica é de natureza privada.

Exemplos de situações reguladas pelo direito privado: Contrato de compra e venda de bem imóvel
entre duas pessoas físicas. Contrato de financiamento de carro entre um indivíduo e o banco.

Exemplos de situações reguladas pelo direito público: Desapropriação de bem imóvel pelo Estado
mediante o pagamento de indenização ao particular para construção de uma escola. Convênio entre
a União e emissora pública de TV para produção de programas educativos. Criminalização da
conduta de dirigir sob efeito de bebidas alcoólicas.

Quanto ao objeto da relação jurídica, deve-se levar em conta o tipo de interesse que a norma visa
proteger. Se a norma visa a proteção de um bem coletivo, de interesse geral, estará no âmbito das
normas de direito público. Por outro lado, se a norma regula condutas de interesses
predominantemente privados, como a aquisição de um imóvel por pessoa física ou a sucessão dos
bens em caso de morte dos pais ou do cônjuge, esta relação será de direito privado.

Por fim, quanto à natureza da relação jurídica, depende de como articulam-se as posições dos
sujeitos na relação.

Quando os sujeitos se articulam em termos de igualdade jurídica e coordenação, como num


contrato de compra e venda de bem imóvel, no qual as partes estão em condições de igualdade e
no exercício da autonomia da vontade de ambos, comprador e vendedor. Neste caso, as normas que
regulam tal situação são de direito privado.

Por outro lado, quando há uma articulação de posições em função da subordinação de uma parte
ao poder da outra, sendo esta superior, como no caso da cobrança de impostos ou da
desapropriação de imóveis pelo Estado. Nestes casos, o particular é obrigado a pagar o imposto e
receber a indenização por conta da desapropriação de seu bem imóvel, ou seja, o particular se
sujeita às imposições do Estado independentemente de sua vontade. Tais normas são de direito
público.
são considerados ramos do direito público: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Tributário,
Direito Processual, Direito Penal, Direito Internacional Público

São considerados ramos do direito privado: Direito Civil; Direito do Consumidor; Direito do Trabalho, Direito
Internacional Privado

Instituições de direito público e privado/ Camila Magalhães. Salvador: UFBA, Faculdade de Ciências Contábeis

ISBN: 978.85.8292.128-9

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