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Direito constitui uma ordem normativa, conjunto de regras de conduta cuja função prática decorre da necessidade de
ordenar a vida comum entre os homens, tendo em conta os possíveis conflitos daí decorrentes, para garantir a
segurança e a paz social entre os homens.
Sempre que as normas jurídicas são desrespeitadas é lícito e necessário recorrer a meios coercivos para impor a sua
observância. Característica essencial do direito – normas munidas de coercibilidade. O processo judicial é levado a
cabo pelas instâncias estaduais competentes o que exclui o recurso das partes à força própria. Só muito
excecionalmente, quando não é possível recorrer aos meios coercivos normais, o uso da força própria é permitido.
A ordem jurídica é coercível, pois um comportamento exterior pode ser fiscalizado e imposto, já a ordem moral
(convicções internas é insuscetível de execução coerciva. O direito pode transpor princípios morais para o seu
domínio, com exceção nos casos em que se invoca o “bom costume” que o negócio jurídico deve respeitar sob penal
de nulidade – art.280 e 281.
Usos e costumes – meras normas de conduta social, em principio sem valor jurídico, embora lhes possa ser atribuído
por lei (art.3). Ex: art.218 – que considera o silencio como meio declarativo quando este valor lhe é conferido pelos
usos do tráfico negocial; art.1122.
Decisões do tribunal Constitucional declarem a inconstitucionalidade ou ilegalidade de uma norma ou de uma lei, têm
força obrigatória geral, nos termos do art.281 e 282 da Constituição, conduzindo à revogação ex tunc, quer dizer,
desde a sua entrada em vigor, das normas ou leis em causa. Não provém de um órgão estadual o costume ou direito
consuetudinário, no entanto, o código civil acolhe-o, tanto o local como o estrangeiro, cabendo a prova da sua
existência àquele que o invocar (art.348) – conjunto de normas de cond social criadas pelo povo, uso reiterado.
As normas jurídicas vigoram dentro de um espaço da ordem jurídica a que pertencem, e dentro de certo tempo a
partir do qual começa a vigorar (art.5). Deixam de estar em vigor quando são revogadas, afastadas por uma norma
posterior (art.7), mas também quando deixam de ser aplicadas definitivamente.
Teoria dos interesses – está-se perante uma relação jurídica ou norma de direito público quando estão em causa a
proteção ou a prossecução de interesses públicos. Está-se perante uma relação jurídica ou norma de direito
privado quando os interesses afetados são interesses individuais, particulares. Não se adequa.
Teoria da sujeição ou infra ordenação e supra-ordenação – as entidades públicas atuam em relação ao cidadão a
partir de uma base de supremacia (direito público). Direito privado caracteriza-se pela relação de igualdade dos
sujeitos envolvidos. Esta teoria não contempla as diversas relações de igualdade de entidades públicas entre si, não
se adequando.
Teoria dos sujeitos – como critério de distinção não o interesse nem a relação entre cidadão e Estado, mas a norma
invocada e aplicada aos sujeitos da relação jurídica em causa.
Se se trata de uma norma peculiar que não possui validade para todos, referindo-se exclusivamente ao Estado e
outras entidades públicas, está-se perante uma norma de direito público.
Quando uma entidade pública age com base numa norma geral que pressupõe a igualdade de todos e pode ser
invocada também por todos, trata-se de uma relação de direito privado.
Se numa relação jurídica surgir um litígio e houver dúvida se pertence ao direito privado ou ao direito público deve
recorrer-se à teoria dos sujeitos. Se a relação pertence ao direito público, são competentes os tribunais
administrativos e fiscais, se pertencer ao direito privado, são competentes os tribunais judiciais ou comuns.
Normas dispositivas – estão à disposição das partes, que podem afastá-las ou aceitá-las conforme lhes for mais
conveniente. Para o caso de as pares não terem indicado nenhuma solução, a lei contém normas supletivas
(art.878).
É necessário haver regras respeitantes ao exercício e à defesa dos direitos e ao cumprimento das obrigações. Para
este efeito serve o direito processual, que garante a realização adequada das atribuições do direito material, é por
isto um simples instrumento deste.
Direitos potestativos – pressupõem a pré-existência de um direito subjetivo, a partir do qual podem vir a
nascer e a ser exercidos, dando ao seu titular o poder de produzir unilateralmente efeitos jurídicos na esfera
de outrem sem que este se possa subtrair ao efeito que lhe é imposto, pois encontra-se num estado de
sujeição.
Extintivo – resolução de um contrato de arrendamento como reação ao incumprimento da outra parte;
Modificativo – alteração do regime de bens em reação à má administração do outro conjugue;
Constitutivos – constituição de uma servidão de passagem a favor de um prédio encravado.
Com o seu exercício o direito potestativo extingue-se porque atingiu o seu objetivo: a extinção, modificação
ou constituição de uma relação jurídica ou de um novo direito.
O direito subjetivo constitui o poder reconhecido ou atribuído pela ordem jurídica (direito objetivo) ao seu titular,
de exigir ou pretender de outrem um comportamento e ainda o poder de produzir unilateralmente efeitos jurídicos
na esfera de outrem.
A autonomia privada é o princípio da conformação autónoma das relações jurídicas por parte do indivíduo
segundo a sua vontade. Decorre do princípio geral da autodeterminação do homem, que traduz a ideia de
liberdade dentro dos limites traçados pela ordem jurídica privada. O direito privado fornece os instrumentos
jurídicos a utilizar para a realização da autonomia privada. O princípio da autonomia privada domina todo o direito
privado, sendo um critério de delimitação entre este e o direito público.
2. Liberdade e responsabilidade
A autonomia privada apenas pode ser exercida mediante o recurso aos tipos negociais previsto na lei, O tipo
negocial mais importante é o contrato, vigora o princípio da liberdade contratual.
A liberdade contratual (art.405 n1 e 2; 406 n1) atua “dentro dos limites da lei” em dois sentidos:
A liberdade de celebração ou conclusão de contratos. Em princípio ninguém está obrigado a concluir um
contrato com outrem (n1 405).
A liberdade de fixação do conteúdo do contrato – as partes podem concluir contratos típicos (que são
nominados na lei) - podem incluir neles as cláusulas que acharem convenientes; contratos mistos (conjunção
de dois ou mais contratos típicos) e contratos atípicos, não nominados (que não são regulados na lei).
A liberdade de modificar ou até extinguir o contrato por mútuo consentimento das partes contraentes
(n1 406).
É o meio mais adequado para o estabelecimento de um justo equilíbrio entre os interesses das partes contraentes.
Não é só tratado em aspeto jurídico como em económico também, uma economia de mercado apenas pode
funcionar havendo contratos.
Como limites à liberdade de celebração do contrato – art.261, 579, 877, 946 n1…Noutros casos, a celebração de
um contrato está sujeita a consentimentos de outrem (art.1882 a 1684), ou depende de uma autorização (art.145
n2 d, 1889 e 1892).
Relativos à fixação do conteúdo do contrato, que a lei não consente (art.280, 282 a 284 e 334). Não podem ser
afastadas normas imperativas que prescrevem o conteúdo obrigatório de um contrato.
Existe um dever jurídico da manutenção do contrato, imposto a uma das partes, destinado a proteger os
arrendatários contra o despejo, inclusive nas situações específicas de divórcio ou separação judicial de pessoas e
bens, em que a posição do arrendatário é transmitida ao outro conjugue sem o consentimento do senhorio
(art.1105, 1106 n1 a 3 e 1793).
A conclusão de um contrato não pode ser recusada quando certos bens ou serviços básicos não podem ser obtido
senão pela conclusão do próprio contrato pretendido.
Relativamente à diminuição de certos riscos, os seguradores não podem, quando a sua atividade abrange o
respetivo ramo, recusar a conclusão de um contrato de seguro onde este é obrigatório.
Contrato-promessa (art.410) é concluído sem a existência prévia de uma obrigação jurídica. As partes podem
desvincular-se por mútuo consentimento, art.406 n1.
Uma proposta contratual é recusada com fundamentos ou fins inconstitucionais ou violadores da ordem pública ou
lesivos dos bons costumes.
Para que possa haver uma responsabilidade jurídica, é necessária a verificação de certos factos danosos, onde os
prejuízos não são suportados por quem os sofreu. A responsabilidade pressupõe a existência de um dano e o dever
de indemnizar este dano. Deve indemnizar aquele a quem o facto danoso é imputado por lei – daí nasce a
responsabilidade civil.
A responsabilidade civil abrande tanto a responsabilidade contratual (resultante de um negócio jurídico, art.798 a
803), como a extracontratual (resultante de condutas violadoras da lei).
A responsabilidade extracontratual coincide com a responsabilidade civil (art.483 a 498 e 499 a 510) em sentido
restrito, englobando a responsabilidade por factos ilícitos, a responsabilidade pelo risco e a responsabilidade por
determinados factos lícitos.
A apreciação da culpa, quando a houver, é feita segundo critérios iguais, estabelecidos no art.487 n2, para a
responsabilidade civil e, por remissão, também aplicáveis à responsabilidade contratual (art.799 n2).
Tanto a responsabilidade contratual como a responsabilidade por factos ilícios pressupõe a existência da culpa do
lesante, ou do causador do dano, como pressuposto da sua obrigação de indemnizar o lesado (art.798 e 483 n1).
Para que o lesante seja obrigado a indemnizar é necessário que tenha ocorrido um dano. Sem dano, nada há a
indemniza, e tem de ter existido um facto voluntário do lesante.
O dano pode ser patrimonial (se é suscetível de avaliação pecuniária), como não patrimonial (não é suscetível de
avaliação pecuniária).
Excluem-se os factos involuntários (catástrofes naturais). Esta conduta pode ser positiva (uma ação), como negativa
(uma omissão, desde que existisse um dever jurídico de atuar no sentido de evitar o dano – art.486).
Em terceiro lugar, este facto tem de ser ilícito, e tem de ter existido culpa do lesante. Tanto é culpado em atua com
dolo (intenção de praticar o facto danoso) como quem atua com negligência (mera culpa).
Tem de existir ainda um nexo de causalidade entre o facto e o dano, no sentido de se poder afirmar que foi o facto
que provocou o dano.
Sendo o dano patrimonial, o lesado é indemnizado mediante a reconstituição natural (art.562 e 566 n1) ou, não
seno esta possível ou viável, por equivalente em dinheiro (art.566 n2).
Sendo o dano não patrimonial, a indemnização consiste numa compensação, nos termos do art.496, se o dano,
pela sua gravidade, merecer a tutela do direito.
Art.491 a 493 – se nas situações referidas tiver ocorrido um facto danoso, as pessoas podem responder pelos
danos causados, salvo se provarem que cumpriram os seus deveres e que nenhuma culpa houve da sua parte.
Também não respondem se os danos eram inevitáveis de todo.
Atendendo ao princípio da culpa, não responde pelas consequências do facto danoso quem, no momento em que o
facto ocorreu, estava, incapacitado de entender ou querer (art.488 n1, primeira parte). A falta de imputabilidade é
presumida nos menores de sete anos (art.488 n2). A lei não ignora que a incapacidade de querer e entender pode
ser o resultado de um agir culposo do lesante. E se este se colocou culposamente neste estado, responde pelos
danos que causou (art.488 n1, parte final).
Indemnização por pessoa não imputável – art.489 n1, primeira parte – esta solução apenas se aplica desde que
não seja possível obter a devida reparação das pessoas a quem incumbe a vigilância do não imputável (2º parte) de
acordo com o previsto no art.491. Sempre que estas pessoas não responderem será o não imputável obrigado a
reparar os danos nos termos do art.489.
Segundo a regra base do art.483, em caso de culpa, mesmo de culpa leve, o dever de indemnizar abrange todos os
danos causados ao lesado. Em casos de culpa leve, o art.484 permite uma limitação da indemnização, aqui a lei
atenua os efeitos sancionatórios da responsabilidade por factos ilícitos a favor do lesante e à custa do lesado.
O Código Civil regula a responsabilidade pelo risco nos art.499 e seguintes, realçando o 502, 503 e 509.
Responsabilidade por factos lícitos não sem encontra em regime geral no CC. Os casos, todos excecionais estão
regulados de maneira dispersa na lei (art.339 n2, 1322 n1, 1347 n3, 1348 n2, 1349 n3 e 1367). Nestes casos, o
titular de um direito é obrigado a tolerar determinadas intervenções de outrem, mas obtém, em contrapartida, um
direito de ser indemnizado pelos danos sofridos – estado de necessidade (art.339).
Se a causação de um dado resultar de atos praticados por vários autores, todos eles respondem civilmente por atos
próprios pelos danos que hajam causado (art.490).
Art.512 n1, primeira parte – responsabilidade solidária – coloca o lesado numa posição muito vantajosa: ele pode,
de entre os vários autores do facto danoso, escolher aquele onde lhe é mais fácil obter a indemnização pelo
prejuízo sofrido.
A satisfação do seu direito por um dos lesantes responsáveis produz a extinção, em relação ao lesado, das
obrigações dos restantes devedores de indemnização (art.523). Estes hão de acertar contas entre si (art.524).
A responsabilidade por atos de outrem verifica-se tanto na responsabilidade contratual como na extracontratual:
Na responsabilidade contratual compete ao devedor o cumprimento da sua obrigação para com o credor. O
devedor cumpre a obrigação quando realiza a prestação a que está vinculado (art.762 n1) ao credor certo
(art.769), no lugar certo (art.772 n1) e dentro do prazo certo (art.777).
Art.800 n1 – o devedor é responsável perante o credor pelos atos das pessoas que utilize para o
cumprimento da obrigação.
Responsabilidade extracontratual – ex: responsabilidade do comitente pelos atos do seu comissário, art.500
n1. A responsabilidade pelo comitente só existe se o facto danoso for praticado pelo comissário no exercício
das suas funções.
O lesante que for chamado a cumprir a sua obrigação de indemnizar o lesado responde para o efeito com todos os
seus bens suscetíveis de penhora (art.601, 1º parte).
A responsabilidade civil atinge também o Estado. O Estado ao responder, não responde por atos próprios, mas
responde por atos de outrem, ou seja, por danos causados a terceiros pelos seus órgãos, agentes ou
representantes. O mesmo sucede com as outras entidades públicas com personalidade jurídica (art.22 da
Constituição).
A Relação Jurídica
Relação jurídica fundamental – relação de respeito que cada um deve a todos e pode exigir de todos. São
incompatíveis com esta situações de extrema dependência que excluam por completo a autodeterminação e a
liberdade (escravatura). São os elementos básicos desta relação o direito subjetivo e a obrigação jurídica.
Círculo de direitos – constituído pela própria existência da pessoa, pela soma de todos os seus direitos (de
personalidade e patrimoniais) e bens legalmente protegidos. Garante a todos um certo mínimo inaliável: o direito
fundamental ao respeito e à não violação da pessoa e o direito à sua livre autodeterminação, de acordo com os
princípios do direito privado.
Esfera jurídica – conjunto de direitos e obrigações de certo e determinado titular em certo momento.
A relação jurídica é a relação da vida social disciplinada pelo direito, sendo atribuído a uma pessoa um direito
subjetivo e imposta a outra pessoa uma obrigação correspondente de respeitar aquele direito. Os direitos
protegidos pela relação jurídica são os direitos subjetivos. As relações aqui em causa, são apenas relações de
direito privado.
Sentido amplo – não abrange todas as relações da vida social, mas apenas aquelas que, suscetíveis de
regulamentação jurídica, são ordenadas pelo direito. Existem relações sociais livres de direito, amizade, namoro,
ordenada através de meras regras de comportamento social. Ainda não é um conceito operacional.
Sentido restrito – relação jurídica toda a relação da vida social disciplinada pelo direito, mas só quando esta relação
apresente uma determinada fisionomia típica.
Mediante uma relação jurídica são atribuídos direitos subjetivos, aos quais correspondem obrigações, estas
relações aparecem-nos como relações de poder. Direito subjetivo é neste contexto a faculdade reconhecida ou
atribuída pela ordem jurídica ao seu titular, de exigir ou pretender de outrem determinado comportamento,
positivo ou negativo.
O dever jurídico que corresponde ao direito de exigir chama-se obrigação civil.
Se um determinado direito subjetivo corresponder apenas um dever jurídico ou uma sujeição, está-se perante
uma relação jurídica simples ou una. Se de um dado facto jurídico resultar uma pluralidade de direitos e/ou
obrigações está-se perante uma relação jurídica complexa ou múltipla.
Instituto jurídico – designa o conjunto dos preceitos legais relativamente às relações jurídicas de um determinado
tipo.
2. A estrutura da relação jurídica
Estrutura interna – conteúdo da relação jurídica.
Estrutura externa – conjunto dos elementos que definem o conteúdo. Os elementos são, os sujeitos, os objetos, os
factos jurídicos e a garantia.
O titular do direito subjetivo é o sujeito ativo da relação jurídica, o titular da obrigação o seu sujeito passivo. Os
sujeitos da relação jurídica são sempre pessoas, em sentido jurídico. A relação entre uma pessoa e uma coisa é uma
relação jurídica de índole e natureza bem diferentes, que se caracteriza por um direito de domínio ou um vínculo
de pertença.
Facto jurídico entende-se todo o acontecimento que desencadeia ou produz efeitos jurídicos.
Garantia destina-se a dar efetividade aos poderes do titular do direito subjetivo permitindo àquele titular fazer
valer o seu direito mesmo que o obrigado não queira cumprir espontaneamente.
Ao contrário da pessoa singular, que adquire a personalidade pelo nascimento, a pessoa coletiva não possui esta
qualidade por si só. Não basta a formação e organização do respetivo substrato na realidade social: é preciso ainda
o reconhecimento, mediante o qual a ordem jurídica concede ou atribui a personalidade (art.157 a 194).
Na sequência do regime das pessoas coletivas, os artigos 195 a 201, referem ainda certas formações coletivas que,
ao apresentarem afinidades com aquelas, não possuem, personalidade jurídica (associações sem personalidade
jurídica e comissões especiais).
Podem ser sujeitos de uma relação jurídica tanto as pessoas singulares como as pessoas coletivas.
Quanto aos animais, o código limita-se a dizer que são seres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteção
jurídica em virtude da sua natureza (art.201). O CCiv não consagra nenhum preceito que reconheça direitos
próprios aos animais, mas confere direitos e deveres aos seus proprietários (donos) que têm domínio sobre eles
(art.493, 1733, 1793).
A lei distingue (art.408, 446 ou 879 e 680) entre o direito e a correspondente obrigação, por um lado, e entre
aquilo sobre que o próprio direito subjetivo incide, por outro. Este “aquilo” é o objeto mediato da relação jurídica.
Objeto mediato da relação jurídica apenas pode ser o que é suscetível de estar sujeito ao domínio do homem e
que é suscetível de lhe ser atribuído pela ordem jurídica em termos tais que a sua vontade é juridicamente decisiva
para o objeto assim atribuído. O poder do sujeito traduz-se, juridicamente, num direito subjetivo. Objeto de
direitos subjetivos, é a mesma coisa que objeto mediato da relação jurídica. Não pode ser objeto da relação jurídica
as pessoas singulares (os homens).
Também não são objeto mediato das relações jurídicas as prestações, ou seja, um determinado comportamento,
uma ação ou omissão (art.397).
Um direito pode ser objeto de relações jurídicas. Há quem defenda que nem todos os direitos podem ser objeto
mediato da relação jurídica: um direito, para ser objeto de um direito subjetivo, necessitaria de apresentar certo
valor patrimonial.
A lei não protege o objeto mediato da relação jurídica, mas o objeto imediato, ou seja, o direito subjetivo.
1. As coisas como objetos mediatos da relação jurídica
Coisas – artigos 202 a 216.
As coisas referidas no 202 n1 só podem ser as que correspondem aos negócios do comércio (tráfico) jurídico, ou
seja, os negócios por meio dos quais se transmitem direitos e obrigações que incidem sobre estas coisas. Coisas
que não existem em função do comércio jurídico privado, não são abrangidas pela disposição deste artigo.
Não são abrangidos pelo conceito de coisas aqueles fenómenos que não podem ser objetos de direitos, tais como
as pessoas singulares, a personalidade, os direitos familiares pessoais e os direitos sem valo patrimonial.
A lei inclui não expressamente, as coisas corpóreas e incorpóreas (art.207 e 208), como as prestações (art.207 e
209), como os direitos que podem ser objeto de direitos subjetivos (art.209 a 211).
Coisas corpóreas são aquelas que podem ser apreendidas, entendidas ou captadas pelos sentidos, coisas não
corpóreas são as que não podem ser captadas pelos sentidos, mas sim pela representação intelectual e pela
imaginação, são aquelas sobre que incidem os direitos de propriedade intelectual.
Para uma coisa móvel ser parte integrante, no sentido do n3 do artigo 204, é preciso uma ligação específica ao
imóvel em função e de acordo com os fins deste (sistema de irrigação instalados em terrenos agrícolas). A parte
integrante, como coisa móvel, liga-se de tal forma ao imóvel, que deixa de ser um objeto autónomo de direitos,
passando a partilhar por inteiro o destino jurídico do imóvel ao fazer parte dele. De modo que o proprietário do
imóvel fica igualmente proprietário da parte integrante.
A base destrinça entre coisas móveis e coisas imóveis é a circunstância de poderem ou não ser transportadas de
um para outro lugar sem se deteriorarem.
Às coisas móveis sujeitas a registo aplica-se o regime das coisas móveis “normais”, a não ser que haja
regulamentação especial (art.205 n2). Artigo 291 consagra regimes profundamente diferentes para coisas imóveis
e coisas móveis sujeitas a registo em comparação com as restantes coisas móveis.
Por coisas fungíveis (art.207) designa a lei as coisas que se determinam pelo seu género, qualidade e quantidade,
quando constituem objeto de relações jurídicas. A indeminização por danificações de uma coisa fungível consiste
na sua substituição por outra coisa fungível (restituição natural).
Coisa consumível (artigo 208), um livro é uma coisa não consumível pois destina-se normalmente à leitura, porém,
os livros destinados à venda numa livraria são já coisas consumíveis.
Coisas divisíveis são as coisas moveis ou imoveis que podem ser fracionadas (ou partilhadas) – artigo 209. Faltando
uma daquelas circunstâncias (presentes no artigo 209), a coisa é indivisível.
Quanto às coisas acessórias determina o artigo 210. As coisas acessórias são as coisas móveis que podem estar ao
serviço tanto de coisas imóveis como de outras coisas móveis. É essencialmente a forma de ligação que distingue as
partes integrantes das coisas acessórias (macaco de um automóvel).
Frutos e as benfeitorias:
Todas aquelas coisas têm, como coisas “dentro do comercio”, uma finalidade económica: destinam-se a dar
rendimentos, a dar algum proveito económico ao titular do direito que nelas incide. A estes rendimentos a lei
chama frutos (art.212 a 215). Para darem frutos é preciso que as coisas conservem um “estado frutífero” –
manutenção, cuidados, às despesas feias com tais medidas chama a lei benfeitorias (art.216).
Fruto é tudo aquilo que uma coisa corpórea (móvel ou imóvel) ou não corpórea produz, ela própria sem prejuízo da
sua substância. Os frutos podem ser naturais ou civis (art.212 n2): naturais os que provem diretamente da coisa, e
civis as rendas ou interesses que a coisa produz em consequência de uma relação jurídica.
Não são frutos as acessões nem os produtos acidentais. São de incluir no conceito de frutos naturais no sentido do
n2 do artigo 212 e do artigo 204 n1 a) c, as riquezas do solo que não são abrangidas pelo próprio conceito de
prédio.
2. O património e a empresa
Conceito património apresenta três sentidos diferentes:
Num primeiro e mais amplo, o património vem a ser um conjunto das relações jurídicas com valor
económico. Nesse sentido o património compreende o lado ativo (direitos) e um lado passivo (obrigações ou
dívidas), e apenas entram no património as relações jurídicas suscetíveis de uma apreciação pecuniária. O
património dum individuo falecido passa aos seus herdeiros, pois estes não sucedem só nos direitos do
hereditando (ativo da herança), mas ainda nas suas obrigações ou dívidas (passivo da herança).
Noutro sentido, já mais restrito, o património significa a soma dos direitos computáveis em dinheiro que
pertencem a uma pessoa.
Noutro sentido ainda, o mais limitado de todos, o património é apenas a soma dos direitos redutíveis a um
valor pecuniário que competem a dada pessoa, mas depois de abatido o montante das dívidas que os
oneram (património líquido). Aqui o património é apenas o saldo entre o lado ativo e o lado passivo.
Característica essencial dos direitos patrimoniais é a sua pecuniaridade. O património é uma unidade baseada no
facto de todos os direitos patrimoniais que o compõe pertencerem ao mesmo titular. Contudo, aqueles direitos
mantêm a sua individualidade, ficando cada direito sujeito às regras para eles vigentes no que diz respeito à sua
aquisição, alienação ou substituição.
Quanto à responsabilidade por dívidas é unicamente o património separado quem responde (pelas dívidas que
lhe dizem respeito) – art.601. O património separado deixa de existir quando cessar a sua base jurídica. Isto
significa, no caso da herança ou da massa insolvente, o fim da liquidação; no caso do artigo 127 n2, a maioridade
ou emancipação.
Como exemplo de património autónomo temos a herança (art.2071). Pelas dívidas da herança não responde o
património geral (pessoal) do herdeiro, mas respondem apenas os bens pertencentes à própria herança, como
património separado.
Artigo 2071 n1– respondem os bens inventários, salvo se os credores ou legatários provarem a existência de
outros bens (cabe aos credores ou legatários o ónus da prova da existência de outras bens).
N2 – a responsabilidade pelos encargos não excede o valor dos bens herdados, mas incumbe, ao herdeiro provar
que na herança não existem valores suficientes para cumprimento dos encargos. Aqui o ónus da prova inverte-se:
incumbe ao herdeiro provar que o valor da herança é insuficiente para fazer face aos encargos.
A compropriedade existe quando duas ou mais pessoas são simultaneamente titulares do direito da propriedade
sobre a mesma coisa (artigo 1403).
Os efeitos jurídicos produzidos por um facto ilícito traduzem-se numa sanção. A sanção civil procura estabelecer
os interesses privados da pessoa ofendida, distingue-se entre restauração natural (restabelecimento, do estado
anterior) e a restituição por equivalente (indemnização pecuniária quando o restabelecimento não é possível ou
viável), estas são as características da reparação de danos ocorridos, tendo eles natureza patrimonial. No caso de
danos morais, a indemnização pecuniária tem caracter reparatório e de compensação.
Nos atos reais, para provocar o ato, é normalmente necessária e suficiente uma simples vontade natural de agir.
Pelo contrário, nos atos quase-negociais já é preciso que o agente queira e entenda o ato a produzir.
Factos jurídicos lícitos – negócios jurídicos (art.217 a 294) e atos jurídicos em sentido restrito (art.295). Aos atos
jurídicos aplicam-se as disposições sobre os negócios jurídicos (artigo 295).
O tempo e sua repercussão nas relações jurídicas (prescrição, caducidade e não uso) – artigos 296 a 333:
Prescrição (298 n1, 300 a 327) – o devedor tem a faculdade de se opor ao exercício do direito prescrito
(304 n1), sem este direito se extinguir (n2).
Caducidade (298 n2, 328 a 333) – o direito extingue-se a partir do momento em que expirou o prazo dentro
do qual tinha que ser invocado.
Não uso do direito
O direito de propriedade, além de não prescrever, não se extingue em virtude do seu não uso.
Os direitos subjetivos necessitam de ser protegidos. Há, portanto, a necessidade da tutela dos direitos. Os meios
correspondentes são a autotutela (fazer justiça pelas próprias mãos) e a heterotutela (a proteção incumbe a
órgãos estaduais – caso normal num Estado de Direito). Proteger os direitos subjetivos por via coerciva = dar-lhes
garantia jurídica (art.20 CRP).
A autotutela é uma exceção e só é permitida em casos extraordinários, anormais, especificamente previstos na lei
– ação direta (336 e 338), legitima defesa (337 e 338) e estado de necessidade (339).
A ação direta permite o recurso à força com o fim de realizar ou assegurar o próprio direito, quando for
indispensável, pela impossibilidade de recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais. Tudo o que exceda o
estritamente necessário para a defesa do direito torna a ação direta ilícita. Quem agir por meio de ação direta,
supondo erradamente que os seus pressupostos estão preenchidos, é obrigado a reparar os danos causados, a
não ser que o erro seja desculpável.
A legitima defesa é justificada quando existirem os seguintes pressupostos – agressão humana atual;
contrariedade à lei; necessidade de defesa e proporcionalidade da defesa. Quem agir em legítima defesa na
suposição errónea de se verificarem os seus pressupostos justificativos é obrigado a indemnizar os prejuízos
causados, salvo se o erro for desculpável.
Estado de necessidade – estado de necessidade defensivo (o perigo parte de uma coisa alheia, ou de um animal
(ligação ao artigo 201); estado de necessidade agressivo ou ofensivo (é permitida a destruição ou danificação de
uma coisa alheia para afastar um perigo que parte de outra fonte, sendo um perigo atual de um dano
manifestamente superior).
Em ambas as situações em que a ação desenvolvida para o efeito é lícita trata-se, portanto, de afastar um dano
manifestamente maior. Mas o autor da destruição ou danificação é, não obstante a licitude da sua ação, obrigado
a indemnizar o prejuízo causado, se o perigo for provocado por sua culpa exclusiva.
Comos os direitos subjetivos são muito diferenciados entre si, também o são os poderes que eles atribuem.
Artigo 1792 n1 – prevê que o cônjuge lesado tem o direito de pedir a reparação dos danos não patrimoniais
causados pelo outro cônjuge.
Artigo 1886 – prevê que pertence aos pais decidir sobre a educação religiosa dos filhos.
Para além destes poderes e faculdades, o conteúdo dos direitos subjetivos podem incluir também certos deveres
“direitos-deveres”, fazem transparecer para além do poder do titular, um interesse de outrem ou até da
comunidade de interferir no conteúdo do próprio direito subjetivo (ex: responsabilidades parentais artigos 1877 e
1878). Em relação a estas, as autoridades públicas competentes intervém quando os titulares de direitos-deveres
não os exercerem de maneira adequada (1915, 1918 e 1920).
O direito subjetivo tem por via de regra um objeto – as coisas em sentido jurídico. Mas também pode acontecer
que o direito subjetivo não tenha um objeto, caso dos direitos de personalidade, familiares pessoais, potestativos
e de outros que não representam um valor patrimonial.
A lei ao reconhecer um poder jurídico a uma pessoa para o prosseguimento de um determinado interesse seu,
não a vincula necessariamente para exercer o poder conferido. Quando se verificar uma desconformidade
inaceitável entre o exercício do direito subjetivo e o interesse em virtude do qual foi conferido estamos perante
abuso do direito, não consentido pela ordem jurídica.
O direito subjetivo pode traduzir-se numa exigência ou numa pretensão. O poder de exigir corresponde a uma
obrigação civil cujo cumprimento pode ser pedido judicialmente. Ao direito de pretender corresponde uma
obrigação natural (402 a 404). A violação de um direito resultante de uma obrigação natural acarrete um direito
de indemnizar. Casos de obrigações naturais (1245 e 1895 n2).
A doação remuneratória (941), não constitui uma obrigação natural, mas sim uma liberdade. No caso das
liberdades não existem interesses protegidos do lado do eventual contemplado, mas apenas expectativas (como
sucede com as gorjetas).
Ónus – obrigações para consigo próprio de um titular do direito subjetivo. Se ocorrer um facto danoso e a
conduta ou negligencia do lesado tiver contribuído para ele ou para aumentar ainda mais o prejuízo já verificado,
então o lesado não agiu de acordo com as suas “incumbências” ou o ónus de cuidar dos seus interesses. Ele não
será indemnizado na medida em que o facto danoso ou o dano resultaram da sua negligencia.
Em relação a todos os direitos reais existe o princípio da tipicidade taxativa (1306 n1) – se houvesse liberdade
para fixar o conteúdo do direito de propriedade, ninguém sabia ao certo o que lhe pertencia nem sabia o que
pertencia aos outros. O trafico jurídico necessita de clareza completada pelo princípio da publicidade.
Os direitos obrigacionais são direitos de crédito, como tal, existem com vista a um fim: o seu cumprimento, ou,
como diz o artigo 397 à realização de uma prestação. Se o devedor cumprir a obrigação mediante a realização da
prestação a que está vinculado, o direito extingue-se, sendo geralmente direitos de curta duração (777 n1).
Para que o exercício de um direito potestativo produza os seus efeitos é preciso os s pressupostos:
Verificação do condicionalismo
Validade da declaração através da qual se exerce este direito
A observação das cautelas especiais quanto ao seu exercício e das regras relativas ao abuso de direito.
Se não se verificar o condicionalismo que justifica o nascimento do direito potestativo, ele nem chega a nascer.
Artigo 1085 – caducidade.
Aos direitos potestativos modificativos pertencem também os direitos de direção – sujeição e não um dever de
obediência da parte do trabalhador.
Direitos potestativos extintivos – extinção de um direito subjetivo (ex: anulação de um negócio jurídico – 287).
Os cônjuges necessitam para a alienação ou oneração de certos bens do consentimento do outro. A alienação ou
oneração sem este consentimento constitui uma ilegitimidade conjugal, os atos praticados neste sentido são
inválidos, mais precisamente anuláveis (1687) e nulos (1687 n4 e 892).
Artigo 1576 – relações jurídicas familiares
Artigo 1577 – casamento
Os direitos familiares são “direitos-deveres”. O seu titular não é apenas auto-responsável, também é responsável,
com força igual por outrem (ex: pela educação dos filhos). Não pode exercer o direito por livre vontade, mas
apenas dentro das funções a que se destina, sendo o exercício controlado pela ordem jurídica (36 n6 CRP e 1915
n1 CCiv).
Os direitos de personalidade protegem as pessoas já falecidas (art.71), desde que a proteção seja logicamente
possível – a integridade moral e a privacidade da pessoa falecida.
Direitos de personalidade especiais – direito ao nome, pseudónimo (72 a 74); cartas-missivas confidenciais e não
confidenciais (75 a 78); direito à imagem (79) e direito à reserva sobre a intimidade da vida privada (80). Sendo o
mais especial o direito ao nome.
Em caso de violação de um direito de personalidade deve procurar-se se é possível subsumir o facto da violação a
uma das hipóteses legais dos artigos 72 a 80, caso contrário recorre-se ao direito geral de personalidade (art.70
n1).
Todos estes direitos são protegidos duplamente pela lei: não é preciso haver culpa para se verificar uma ofensa,
também não é necessária a intenção de prejudicar o ofendido; contra uma ameaça de ofensa, sendo esta ameaça
concreta e não apenas pensável.
Tendo ocorrido uma ofensa ilícita ou existindo uma ameaça de ofensa ilícita, a lei prevê (art.70).
Cabe sempre ao lesado a legitimidade (ativa) para requerer as providencias adequadas ou para pedir uma
indemnização. Legitimidade passiva possui-a quem for autor da violação ou da ameaça da violação.
No caso de ter havido uma ofensa a pessoas já falecidas, a legitimidade ativa para requerer as providencias
adequadas, e só essas, cabe segundo o artigo 71 n2, ao cônjuge sobrevivido ou qualquer descendente,
ascendente, irmão, sobrinho ou herdeiro.
Direito ao nome – este nome, composto de nomes próprios (2) e apelidos (4), individualiza a pessoa bem como a
sua família dentro da comunidade. Artigo 26 n1 CRP – direito fundamental da pessoa à sua identidade.
O titular do nome tem direito ao seu uso e à sua conservação, em consequência disso tem o direito a opor-se a
quem o usar ilicitamente (art.72). Este uso ilícito pode referir-se à identificação de pessoas como a fins diferentes
da identificação (aplicação do nome a mercadorias). Para defender os seus direitos, o lesado tem à sua disposição
a reclamação (quando o direito ao nome lhe é negado) e usurpação ou ação de reivindicação (quando um outro
usa o nome indevidamente, usurpando-o).
Existe uma grande estabilidade no que diz respeito aos nomes próprios, o mesmo não acontece quanto aos
apelidos (1677 n1; 1875 n3 e 1876 n2; 1988 n1).
O nome só pode ser modificado mediante autorização do conservador dos Registos Centrais, a não ser que o
próprio artigo 104 CRegCiv estabeleça exceções (alteração do nome em virtude da mudança de sexo).
A atribuição do nome é obrigatória e compete aos pais (1875 n2) ou ao juiz, ou ao funcionário do registo civil (no
caso dos nascidos abandonados ou de crianças desamparadas.
Pseudónimo (art.74) tem proteção idêntica à do nome. Quando se verificar um conflito entre utilizadores do
mesmo pseudónimo deve aplicar-se o art.72 n2.
Do pseudónimo distingue-se a alcunha. Esta é atribuída a uma pessoa e salienta determinados aspetos
característicos ou inconfundíveis do visado. Este pode fazer uso da alcunha que lhe foi criada e atribuída, e então
esta passa a ser um pseudónimo, com os consequentes efeitos legais quanto à sua proteção.
Nas cartas-missivas existe um conflito entre o direito de propriedade do destinatário que as recebeu e o direito
de autor da carta do que a escreveu. No caso das cartas-missivas não confidenciais prevalece o direito de
propriedade do destinatário (78), no caso das cartas-missivas confidenciais prevalece o direito do autor em ser
respeitada a confidencialidade da sua mensagem (75 n1).
Art.76 n1 – quando se trate de utilizar cartas confidenciais como documento literário, histórico ou biográfico não
há lugar ao suprimento judicial do consentimento do seu autor. Também é aplicável a memorias familiares
(diários) e outros escritos confidenciais (77).
Direito à imagem (79) – o retrato de uma pessoa não pode ser exposto, reproduzido ou lançado no comercio sem
o consentimento dela.
Direito à reserva sobre a intimidade da vida privada (80) – todos devem guardar reserva quanto à intimidade da
vida privada de outrem.
Os titulares de direitos de personalidade não podem renunciar deles. O consentimento, quando validamente
prestado, faz com que a violação passe a ser lícita e limita a invocação do direito em causa (340). Só se pode falar
de consentimento em caso de heterolesão. Esta ocorre quando alguém comete um ato lesivo que fere um direito
de outrem contra ou sem a vontade deste, sendo desta maneira ilícita. É esta ilicitude que o consentimento
elimina. Para ser válido, o consentimento que implica a limitação voluntária, além de ser válido deve ser
consciente.
Também os menores podem consentir numa limitação voluntária ao exercício dos seus direitos de personalidade
quando possuírem uma capacidade natural suficiente para entender plenamente o significado do seu ato.
Quanto à colheita de órgãos para efeitos de transplantação, em que o dador consentiu, o consentimento deve
obedecer à garantia constitucional da dignidade da pessoa humana (1 crp), do direito à vida e integridade pessoal
(24 e 25 crp) e da liberdade e consciência (41 crp) e deve ainda respeitar o direito geral de personalidade e os
seus limites. O mesmo vale em relação à pessoa em que o órgão colhido é implantado. Quando se trata da
colheita de órgãos por um dador em relação ao qual foi determinada morte cerebral o consentimento prévio do
falecido, enquanto dador de órgãos, não é exigido. Todavia, se ele em vida, manifestar expressamente a sua
indisponibilidade para a dádiva de certos órgãos ou para todos eles ou limita-los a certos fins, ficando a constar
do registo dos não doadores.
Art.81 n2.
A ligação dos direitos subjetivos ao seu titular; a aquisição e a transmissão de direitos
Não há direitos subjetivos sem sujeito. Esta afirmação não exclui que não possa haver certas situações em que
existe uma espécie de ligação latente a um sujeito que não se conhece e que há de surgir – direitos dos
nascituros (66 n2, 952, 1855, 1878, 2033 e 2240).
No caso de morte do seu titular, estes direitos (personalidade, familiares pessoais), visto serem estritamente
pessoais, extinguem-se e não se transmitem a qualquer outro sujeito, sendo intransmissíveis, a titularidade é
incindível (o direito é irrenunciável, inaliável e inhereditável).
Os direitos patrimoniais também não podem existir sem sujeito, mas não são ligados a uma determinada pessoa,
não se extinguindo por morte ou mudança do seu titular, sendo transmissíveis, a titularidade é cindível (direito
pode ser renunciável e transmissível).
A ligação ao titular também pode ser direta (imediata) quando nada se interpõe entre o titular e o seu direito, e
indireta (mediata) quando há um direito intermédio ou um facto mediador que “fazem ponte” entre o titular e o
direito.
O ato de ligação do direito ao sujeito chama-se aquisição. A aquisição originária faz nascer o direito ex novo na
pessoa do adquirente (1316). O direito surge de novo, ou porque não havia um direito anterior, ou porque o
direito anterior é afastado pela aquisição originária. A aquisição derivada processa-se por via de um ato de
transmissão ou por sucessão mortis causa, em virtude do qual o direito passa total (aquisição derivada
translativa) ou parcialmente (aquisição derivada constitutiva) de um titular para um novo titular. Este processo
conduz à extinção do direito da pessoa do antigo titular ou dá origem a uma limitação do direito na sua pessoa.
Aquisição restitutiva – o direito real limitado reingressa (por ato unilateral do seu titular ou por contrato) no
direito de propriedade, do qual fora separado, sendo reabsorvido por aquele.
Sucessão – subentrar numa relação jurídica anterior. Distingue-se a sucessão entre vivos e mortos. A sucessão
entre vivos é uma sucessão singular (processa-se por negócios jurídicos que especificam devidamente o direito
ou obrigação). A sucessão por morte pode ser uma sucessão universal (herdeiro sucede na totalidade na
totalidade, ou numa parte alíquota, das relações jurídicas patrimoniais – património global da pessoa falecida.
Apenas por ocasião de morte e pode resultar de um negócio jurídico – testamento ou de disposição legal –
art.1732), ou uma sucessão singular (legatário sucede em bens ou valores determinados – art.2030).
Sucessão singular constitui a regra, apenas assim pode ser assegurado que o transmitente não transmita mais
direitos do que possui e que o adquirente não receba menos do que foi acordado. A lei prescinde da transmissão
singular (197 n2) quanto ao ingresso de bens no fundo comum de uma associação sem personalidade jurídica.
Abuso do direito – o julgador do caso esta perante um abuso de direito quando constata que este foi exercido,
em termos objetivos, inequivocadamente em ofensa da justiça quando se trata de uma conduta ofensiva da
justiça ou de uma afronta ao sentimento jurídico dominante. Apresenta-se sob duas formas básicas:
Abuso institucional – quando o direito subjetivo é invocado para fins que estão fora dos objetivos ou
funções para os quais foi atribuído pela intencionalidade da norma.
Abuso individual – aparte dos direitos-deveres, quem possuir um direito está livre de exercê-lo ou não,
mas, ao exerce-lo, deve fazê-lo de maneira correta e na altura devida. Caso contrário, o exercício do direito
pode ser abusivo (334).
Exemplos: comportamento contraditório; comportamento desleal que resulta do aproveitamento de uma
posição jurídica, ela própria adquirida por dolo ou abuso do direito, se daí provir um prejuízo que doutra
maneira não se teria verificado; inobservância dos princípios gerais do cumprimento das obrigações (762
n2). Nenhuma obrigação de indemnizar pode ser obtida por via do art.334 mesmo que justificável.
Atendendo à falta de uma norma que, no sistema legal dos factos ilícitos, estabeleça obrigação de
indemnizar, esta lacuna deve ser preenchida de acordo com as regras do artigo 10.
Pessoas Singulares
O começo da personalidade
As pessoas singulares adquirem personalidade no momento do nascimento completo e com vida (art.66 n1). A
personalidade (bem como os direitos dos homens, de personalidade – 70 a 81) é pré-existente, inata ao homem,
cabendo ao Estado apenas a sua proteção e garantia. Se a criança morrer depois do início dos trabalhos de parto
e antes da separação completa, não adquire personalidade. Basta a criança ter vivido um curtíssimo espaço de
tempo para adquirir personalidade, sendo sem relevância jurídica se esta apresenta deformações ou não, ou se
nasceu na sequência da utilização de técnicas de procriação medicamente assistida (PMA).
Conceito de nascituro (66 n2) – inclui duas situações: nascituro propriamente dito (criança em gestação), e o
ainda não concebido. Em nenhuma das situações o nascituro possui personalidade, todavia, daqui não pode
resultar em algum caso que a sua vida e integridade física se encontrem desprotegidas. 952, 1855, 1878, 2033 n1
e 2 a, 1855.
Há casos, que a lei não refere, em que o nascituro poderá invocar diretos a exercer por intermédio dos seus
representantes legais – depois de ter nascido. Ex: a mãe sofreu lesões que afetaram depois o nascituro; o
nascituro é lesado no ventre materno devido a atos danosos cometidos contra a grávida (ou praticados por ela
própria) e os casos em que o nascituro apresenta deficiências genéticas tão graves que se pode argumentar que
seria melhor não ter nascido. Sem dúvida o nascituro é digno de proteção, por isso uma parte relevante da
doutrina, com o objetivo de proteger a identidade física e os direitos de personalidade do nascituro, reconhece-
lhe uma personalidade limitada que lhe permite fazer valer independentemente do posterior nascimento, os
seus direitos a este respeito por meio dos seus representantes legais ou de um curador.
No momento do nascimento as lesões sofridas pelo nascituro tornam-se lesões da própria criança, ou seja, de um
ser com personalidade, adquirindo indemnização. Se uma criança fosse lesada na sua integridade física no ventre
materno, mas sobrevivesse, teria direito a ser ressarcida, se pelo contrário, não sobrevivesse, não teria direito
algum. O n2 do artigo 496 estabelece para o caso de morte da vítima que a indemnização cabe (não há vítima
uma vez que esta, por causa do facto danoso que a atingiu, nem chegou a nascer), ma aos seus pais ou outros
ascendentes, e ainda aos irmãos ou sobrinhos que o representem.
Efeitos tardios da personalidade – manifestações da vontade, expressas em vida do seu autor, mas destinadas a
produzir os seus efeitos patrimoniais somente depois da sua morte: testamento (2179) e a nomeação de um
testamenteiro (2320).
O estado da pessoa define o lugar que o indivíduo ocupa juridicamente dentro da comunidade e influencia o
estabelecimento do conteúdo das suas relações jurídicas. Este lugar varia conforme uma pessoa se encontre no
estado de menoridade, de solteiro, casado ou de viuvez, etc.
É o registo civil que nos informa sobre o estado da pessoa, ao qual dá publicidade. Constam obrigatoriamente do
registo civil o nascimento, a adoção, o casamento, o óbito, etc. Igualmente estão sujeitos a registo obrigatório os
factos modificados ou extintivos dos factos registados. O estado da pessoa em nada afeta a sua personalidade,
uma vez que tem unicamente relevância para o estabelecimento de relações jurídicas (ex: 123, 1600 e 1687). Não
havendo registo os factos não produzem efeitos.
O cadáver (202 n2) deve ser visto como uma “pessoa presente ou passada”, ou como uma “extensão da pessoa”.
Para colheita de órgãos o consentimento dos familiares não é necessário, unicamente nos casos em que tenha
havido oposição expressa em vida pelo próprio falecido, a colheita de órgãos não é lícita.
As incapacidades de gozo
Todas as pessoas são capazes de gozar a titularidade de quaisquer direitos privados, salvo disposição legal em
contrário (art.67). A incapacidade reside na própria pessoa do incapaz. Trata-se de situações excecionais em que
as pessoas por elas abrangidas não podem ascender à titularidade de direitos e obrigações de caracter pessoal
por virtude das suas próprias insuficiências.
A incapacidade não é suprível: não há quem se possa subtrair ao incapaz concluindo o seu negócio e assumindo a
titularidade em vez dele. A consequência para um negócio celebrado por quem não tiver capacidade negocial de
gozo é a sua nulidade.
A lei declara apenas nulidade no caso do testamento (2190). Nos outros dois casos os atos são anuláveis (1631 a
e 1861 n1).
As responsabilidades parentais pertencem a ambos os pais que as exercem de comum acordo (1901 n1 e 2). 1902
e 1904 n1. A tutela e a administração de bens cabem a quem tiver sido designado para o efeito (1927 ss, 1967 ss).
Há casos em que os próprios menores possuem, excecionalmente e necessariamente, a capacidade de exercício
(127). O artigo 127 quebra a regra rígida do 123, estabelecida em consideração à segurança do tráfico jurídico,
capacidade de exercício, maioridade e emancipação pelo casamento.
No âmbito da capacidade negocial de gozo, confere ao menor de dezasseis anos a capacidade de perfilhar (1850)
e reconhece a capacidade de testar do menor emancipado pelo casamento (2189 a). O menor de 16 anos não
tem capacidade para contrair sem mais o casamento (1600 e 1604 a), é necessário suprir esta incapacidade por
meio de autorização expressa dos pais ou do tutor do menor (1612 n1), podendo o conservador do registo civil
suprir a falta de autorização (1612 n2).
O casamento do menor é válido, mesmo que não autorizado (1627 e 1631 a), também conduz à emancipação do
menor (133), mas o menor é sancionado e em virtude disso não adquire plena capacidade de exercício (133). Os
bens subtraídos à administração do menor são administrados pelos pais, tutor ou administrador de bens (1649
n1), não respondem nunca por dívidas contraídas por um ou ambos os cônjuges durante o período da
menoridade (1649 n2). Os negócios jurídicos celebrados pelo menor que não estiverem a coberto do artigo 127
ou de outros preceitos que prevêem exceções à incapacidade são anuláveis (125 n1).
Legitimidade para invocar a anulabilidade dos negócios do menor têm apenas as pessoas mencionadas a a c do
n1 125, mas não a outra parte que tiver contratado com ele (287 n1).
Artigos 122 a 129 – destinados à proteção do menor.
Os negócios jurídicos celebrados pelo menor podem ser anulados, com base na menoridade (125 n1 a), a
requerimento do progenitor que exerça as responsabilidades parentais, do tutor ou do administrador de bens,
desde que a ação seja proposta no prazo de um ano a contar do conhecimento que o requerente haja tido do
negócio impugnado, mas salvo o disposto no artigo 131, nunca depois do menor atingir a maioridade ou ser
emancipado. Três condicionalismos diferentes:
Propõem uma ação destinada à anulação do negócio.
Deixam decorrer o prazo sem tomar nenhuma iniciativa
Confirmam o negócio ao abrigo do n2 125 com 288 n1.
Se as responsabilidades parentais forem exercidas por ambos os pais (1901 n1), as medidas de anulação ou
confirmação devem ser tomadas de comum acordo. A confirmação é feita com intervenção do Ministério Público
quando se trata de atos que os pais não podiam celebrar como representantes do menor (125 n2, 1889, 1892 e
1894).
O negócio celebrado pelo menor pode ser anulado, com base na menoridade, de acordo com b n1 125, a
requerimento do próprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou emancipação. O artigo 126
veda ao menor o direito de invocar a anulabilidade do negócio se ele, para o praticar, tenha usado de dolo com o
fim de se fazer passar por maior ou emancipado. Dolo (253 n1).
Incapacidade acidental – 257 n1. Os atos praticados por quem se encontra acidentalmente incapacitado são
anuláveis. Devem ser preenchidos os pressupostos do lado do declarante e do lado do declaratário. Ponderação
dos interesses em causa faz prevalecer os do incapaz. Legitimidade para anular o negócio tem o próprio incapaz
(287 n1). O acidentalmente incapacitado deve provar (342 n1) que no preciso momento da conclusão do negócio
estavam preenchidos os requisitos exigidos pelo artigo 257. Prazo para invocar anulabilidade um ano a partir da
cessação do vicio (287 n1).
Incapacidade delitual (488 n1) – é o resultado da falta de discernimento mínimo ou do livre exercício da vontade
na medida em que o agente não tem consciência, não é capaz de entender ou querer os seus atos, não podendo
agir com culpa.
Caso o beneficiário não escolha o seu acompanhante, segundo o artigo 143 n2, o acompanhamento será deferido
à pessoa que melhor salvaguarde o interesse imperioso do beneficiário. 143 n3 – designados vários
acompanhantes com diferentes funções.
O cônjuge, os ascendentes e os descendentes não podem escusar-se ou ser exonerados das suas funções como
acompanhantes (144 n1), mas os seus descendentes podem ser exonerados ao fim de cinco anos, a seu pedido,
se houver outros descendentes idóneos para assumir o cargo em seu lugar. As pessoas indicadas no artigo 143
podem pedir escusa com os fundamentos previstos no 1934 ou ser substituídos, a seu pedido, ao fim de cinco
anos (144 n3).
Artigo 145, 146 n1.
O acompanhante não pode atuar em conflito de interesses com o acompanhado (150 n1), sob pena de o ato
praticado ser anulável nos mesmos termos do regime do negócio consigo mesmo (261).
Apenas quando a lei ou uma decisão judicial em contrário o determinar, o acompanhado carece da capacidade
para casar, perfilhar ou testar (147 n1).
Artigo 154 – atos praticados pelo eventual futuro beneficiário anuláveis.
Devemos distinguir, quanto aos atos do maior acompanhado, cinco fases sucessivas em que eles poderão ter sido
realizados:
Do ponto de vista da capacidade, os atos praticados por um maior, à partida, são todos válidos, a não ser que se
verifique uma circunstância que dá origem a uma incapacidade acidental que os torne anuláveis à luz dos
pressupostos do artigo 257. O próprio incapaz tem legitimidade para arguir a anulabilidade do seu negócio (287
n1) um ano a partir do momento da cessação da sua incapacidade, tendo esta sido passageira (257 n1). No caso
de estarmos perante a situação de o maior não ter o livre exercício da sua vontade (257 n2) caberá ao ministério
publico a legitimidade para intentar a ação. Caso esta incapacidade venha a ser suprida no futuro a legitimidade
caberá ao acompanhante dentro do prazo do artigo 287 n1.
No que respeita aos atos praticados pelo maior depois do início do processo, mas antes de ele ter sido anunciado,
aplica-se o artigo 154 n3. O regime geral do artigo 287 n1 não é aplicável.
Em relação aos atos praticados depois de anunciado o início do processo, o artigo 154 n1 b diz que são anuláveis,
mas apenas após a decisão final e caso se mostrem prejudiciais ao acompanhado.
Os atos praticados pelo maior depois da decisão final, mas ainda antes do registo da mesma, o artigo 153 n2
remete para os artigos 1920 B e C.
Atos praticados pelo maior a seguir ao registo da decisão final do acompanhamento são anuláveis sem mais.
Prazo – art.125 n1 a.
O acompanhamento tem de ser revisto pelo tribunal de cinco em cinco aos (155). Esta revisão pode conduzir à
cessação ou modificação do acompanhamento nos termos do artigo 149.
Remoção e a exoneração do acompanhante – 1948 e 1950 com as necessárias adaptações. Nos termos do artigo
152, o acompanhante também poderá ser exonerado das suas funções a seu pedido.
O domicílio
A lei (82) distingue entre paradeiro (sítio em que uma pessoa em dada altura efetivamente se encontra),
residência (sítio que serve de base de vida a uma pessoa, podendo a residência ser habitual ou ocasional) e
domicílio (lugar da residência habitual de uma pessoa), pode ser voluntário (82 a 84, profissional 83 e eletivo 84)
ou legal (85 a 88). O artigo 85 determina onde os menores e os maiores acompanhados têm o seu domicílio legal.
Por outro lado, o domicílio do maior acompanhado é determinado de acordo com o disposto nos artigos 82 a 84
(85 n1 1ºalternativa).
Domicílio – elemento objetivo é o facto da residência e elemento subjetivo é a intenção de tomar a residência e
de aí permanecer.
Ausência
Regime da ausência – 89 a 121. Visa solucionar os problemas resultantes da necessidade de prover acerca da
administração de bens de quem desapareceu sem que dele se saiba parte e sem ter deixado representante legal
ou procurador (89 n1). A ausência de uma pessoa pode dar origem à nomeação de um curador provisório (89 a
98) ou à instituição da curadoria definitiva (99 a 113) e pode ter como efeito máximo a declaração de morte
presumida (114 a 119). Todas as medidas a tomar devem limitar-se a uma administração cautelosa e restrita.
A Nacionalidade
Artigo 14 – relativamente à capacidade jurídica, os estrangeiros são equiparados aos nacionais quanto ao gozo de
direitos civis, salvo disposição legal em contrário. Artigo 25.