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- A sociedade
O enfoque na cultura como delimitação da sociedade é válido para sociedades pré -modernas,
onde a diferenciação social era baixa. Hoje as culturas se misturam no mesmo espaço social.
Sociedade como sistema social: o corpo e a mente não são suficientes. O elemento primordial é
a comunicação.
* teoria dos sistemas sociais (Luhmann): sistemas autopoiéticos, se reproduzem a partir deseus
próprios elementos. [seminário sobre pluralismo – texto do Marcelo tem uma boa explicação
sobre isso]
- A comunicação
Concepção tricotômica:
Homem é o animal e pessoa é o ser que interage com a sociedade, é, portanto, uma construção
social.
Expectativas normativas: como se deve fazer algo. Esse tipo de expectativa é contra factual, ou
seja, as expectativas não são abandonadas caso não se concretizem. Em face de
desapontamento, é possível fazer alguma coisa.
Expectativas cognitivas: Como algo será. Esse tipo de expectativa é baseado na realidade,
portanto, consiste em aprendizado. Sendo assim, em caso de desapontamento, troca-se de
expectativa. Em face do desapontamento, não se pode fazer nada.
Sociedade moderna como sociedade mundial: não há isolamento cultura, existe, portanto, uma
forte desterritorialização.
Sociedade moderna como sociedade multicêntrica (teoria sistêmica – Luhmann): Não existe um
sistema superior.
Os sistemas são operativamente fechados e cada um deles tem seu próprio código.Eles podem
tratar do mesmo assunto de maneiras diferentes.
Não existe verdade absoluta sobre o que é “bom”, como nas sociedades pré -modernas.
Um fato social é um acontecimento observado por algum sistema que gera comunicação.
O problema é aquilo que exige solução. Ele torna-se social a partir da comunicação.
Um mesmo evento pode gerar vários problemas para os diversos sistemas sociais . Isso é
resultado da diversidade de perspectivas de observação e descrição da sociedade.
- Observações finais
Condicionamento do problema jurídico por outros problemas sociais não significa subordinação
do direito às perspectivas do outros campos sociais
Outros campos sociais falam do direito, entretanto, esta não é uma relação de subordinação.
(texto do Marcelo sobre pluralismo jurídico)
RESUMÃO:
A norma jurídica é atribuída aos textos e à linguagem, sendo que esse processo não é totalmente
fechado, pois um só texto pode ter várias normas jurídicas e várias interpretações possíveis.
SEMINÁRIO – ADPF 54
Estado laico
Não é aborto eugênico, pois anencefalia não é doença grave que permita estar no
mundo.
Não se pode fazer a doação de órgãos: praticamente impossível, a mãe daria a luz a um
filho para enterrá-lo (coisificação)
O feto sem possibilidade de vida não pode ser tutelado pelo tipo penal que protege a
vida.Não havendo potencial vida extrauterina, não há como se falar em aborto, em razão
de não ocorrer ofensa ao bem jurídico tutelado.
O direito a vida é protegido por lei desde o momento da concepção (art. 2, CC)
Falar em direito a saúde abre espaço para o aborto eugênico de filho não desejado.
Expectativas são modelos sobre a atuação do outro ou sobre como as coisas vão acontecer.
Basicamente é aquilo que esperamos ou achamos que vai acontecer.
Há uma postura prescritiva, pois as expectativas normativas querem que a sociedade seja de
determinada maneira. Desta forma, há sanções para aqueles que se comportam de maneira
contrária à expectativa.
As normas não mudam toda vez que são descumpridas. A realidade do fato social muda ( a
pessoa é presa), a expectativa não.
As expectativas normativas são a base das normas, elas agem como suporte fáctico para a norma
em si.
O “ser” e “dever ser” são dimensões da realidade social. São construções sociais, e, portanto,
são voláteis. A distinção entre eles, e consequentemente, entre expectativas cognitivas e
normativas é uma conquista histórica.
Sintetizando: o ser o dever ser são construções sociais, por isso, dependem do momento
histórico. Desta forma, a distinção entre eles muda com o passar do tempo. Não é uma questão
a priori.
A diferenciação entre essas duas dimensões ganha ênfase na sociedade moderna e seus
multicentros, pois a diferença entre os diversos campos de expectativas é mais acentuada(ex.
Ciência, religião, direito...). Entretanto, mesmo nesse tipo de sociedade ocorre a mistura entre
o normativo e o cognitivo na experiência cotidiana. A diferença fica clara com a juridificação da
vida social.
S(Ca¹ E¹)
A principal questão sobre a regra técnica é a análise de eficiência. Não envolve somente a
relação de causa e efeito. Busca-se bons resultados. Esse tipo de regra é caracterizado pela
neutralidade. Não busca resultados “bons” ou “ruins”, mas sim, eficientes.
3) Norma social (princípio da imputação): Relação de dever ser entre fato social e conduta.
Dn(FaCo)
Dn= dever ser normativo: dever-ser que estabelece certa relação de obrigação entre a
ocorrência do fato e a conduta.
Uma conduta diferente da normatizada não invalida a norma, pois, esta não se relaciona com a
verdade na experiência empírica
Uma norma precisa da linguagem, que seria a comunicação como um todo. O enunciado
da norma são as palavras utilizadas e a proposição é o significado do texto normativo. Pode
haver enunciado sem haver proposição, isto ocorre quando a norma não é interpretada, quando
não recebe um sentido.
Função: cognitiva
Pretensão: de verdade
Função:auto-representativa
Pretensão: de sinceridade/autenticidade
Forma imperativa
Função normativa
Pretensão de validade
Resumindo:
A moral é individual, e por isso, atinge somente a consciência (sanção = remorso), desta
forma, não depende de uma relação bilateral.A regra moral é autônoma porque o cumprimento
depende da motivação interior, ou seja, apenas do indivíduo e de sua concordância ou não com
a conduta.A norma moral, portanto, é incoercível já que o ser é autônomo.
As convenções sociais são externas aos indivíduos e por isso, partilhadas pelo grupo.
Porém, são unilaterais porque não se pode exigir uma determinada conduta por parte das
pessoas. Desta forma, não há relação bilateral.A convenção social é heterônoma porque a
vontade do indivíduo não importa. Ele pode adotar determinada conduta, mesmo sem
concordar com ela, para adquirir um status social. Ela também é incoercível porque não há fator
obrigatório nas condutas.
As normas jurídicas também são partilhadas pela sociedade. Delas resultam uma serie
de direitos e deveres e consequentemente, relações bilaterais. Elas são heterônomas, pois a
vontade do indivíduo não importa. O foco é no cumprimento ou não da norma.
A principal crítica a esse modelo é que ele não considera que a moralização depende
sociabilização e das expectativas que os outros têm do indivíduo.
NORMA MORAL : social, alteridade, autônoma, pessoa como objeto da expectativa, não há
terceiro legitimado para solucionar conflitos,sanção socialmente difusa, incoercível,
insuficientemente generalizável.
Obs.: Sem a distinção entre direito e moral, qualquer ato seria passível de sanção. A religião
islâmica é desprezada pelo mundo ocidental pode misturar convenções sociais e religiosas com
o Direito.
D(FC)
2) Norma sancionatória
D(-CS)
Dado fato 1, então deve ser realizada a conduta 1 OUdado a não realização da conduta 1,
então deve ser atribuída a sanção 1
É a norma completa.
Dado a vida, deve ser não matar. Dado que houve assassinato, deve ser pena de 6 a 20
anos.
- CONCLUSÕES
5. Coercibilidade.
INCONSISTÊNCIA CIENTÍFICA:
Conceito limitado porque não menciona as transformações pelas quais eles passam e
outros efeitos.
2) "Fatos jurídicos são os que produzem eventos jurídicos, que podem consistir na
constituição, modificação ou extinção de uma relação nova a uma relação
preexistente, e ainda, na qualificação duma pessoa, duma coisa ou de um fato"
(Santoro Passareli)
Novas abordagens:
Essa classificação não abarca todas as espécies de fatos. Pode haver casos que o fato não produz
seus efeitos ou produz mais um.
Elementos naturais e
Ações humanas: efeitos jurídicos voluntários (latu sensu) ou efeitos jurídicos involuntários
(ilícitos)
TEIXEIRA DE FREITAS
PONTES DE MIRANDA
Fato jurídico é o fato ou o complexo de fatos sobre o qual incidiu a norma jurídica, fato
que pode ou não dinamar eficácia jurídica.
A eficácia jurídica não é elemento essencial do fato jurídico. Há fatos jurídicos que
existem (são validos) e deixam de existir sem produzir seus efeitos.
Existe uma divergência doutrinária sobre a questão da inclusão ou não de fatos ilícitos no direito.
Na realidade, juridicidade é diferente de licitude. Para ser jurídico, basta que o fato adentre o
mundo do Direito e esteja previsto como suporte fáctico de uma norma jurídica. Ato ilícito
recebe a incidência da norma porque a infringe.
A diferença entre eles, portanto, é axiológica (valorativa) e não ontológica (da natureza)
2. Elemento volitivo
Fatos da natureza ou de animal: dispensam ato humano
Fatos que têm como cerne um ato humano:
Negócios jurídicos
Atos ilícitos
--------- resumo--------
Fato jurídico: ação involuntária, realidade imutável que gera implicação na lei
Ex. nascimento
Negócio jurídico
Observações:
A presença de um ato humano em um suporte fático estabelece diferença crucial entre fatos
jurídicos
Para classificar um fato jurídico deve-se ter como referência o seu respectivo sistema jurídico.
TÓPICO 3 – DA NORMA JURÍDICA AO FATO JURÍDICO: COMO SE RELACIONAM
NORMATIVIDADE E FATICIDADE NO DIREITO?
- INTRODUÇÃO
Normas
Sancionatória:D(-C1 S1)
Disjuntiva:D(F1C1) v (-C1S1)
Ex. Dado que a vida deve ser respeitada, não matar! Se matar, sanção X.
O fato jurídico é uma espécie de fato social; é um evento da sociedade que produz
comunicação no sistema do Direito.
Um dado de fato (evento do mundo) é diferente de suporte fáctico. Esse surge a partir da
comunicação jurídica desencadeada pelo evento.
Um evento bruto quando observado pelo sistema do direito torna-se um suporte fáctico. Após
uma seleção ele torna-se um fato jurídico.
Com a redução, tudo o que não é de interesse do Direito é eliminado. (ex. Assassinato. Marca
da blusa da vítima).
Um evento do mundo observado pelo Direito e comunicado a partir da linguagem jurídica
suporte fáctico redução fato jurídico incidência da norma e subsunção a ela.
- “Incidência” da norma sobre o suporte fáctico e a subsunção do suporte fáctico à norma.
A incidência e a subsunção são duas faces da mesma moeda e ambas constroem o fato
jurídico. O fato só tem sentido a partir da norma e a norma a partir do fato.
Tipos de prova:
Resumindo:
A atuação do STF recebeu severas críticas. Segundo elas, o tribunal agiu como legislador
e desta forma, quebrou o princípio da harmonia entre os poderes porque sobrepôs o Judiciário
ao Legislativo. Essa afirmação baseia-se no fato de que o tanto o Código Civil como a
Constituição Federal de 1968 são bastante claros na definição de família como união entre
homem e mulher. A decisão do STF de estender a união estável aos homosse xuais, portanto,
vai de encontro à literalidade desses dispositivos normativos.
Por outro lado, muitos consideram a decisão tomada como justa. Isto porque o ativismo
judicial é visto como necessário quando o Poder Legislativo se omite ou demora a se posicionar
sobre comportamentos que ofendem a Constituição Federal. Esse seria o caso da discriminação
em virtude da opção sexual. Nessa visão, manter a proibição da união estável para
homossexuais ofende o princípio da igualdade.
Acredito que a decisão do STF foi correta, porém, isso não exime os legisladores de
também tomarem uma posição. A questão da homossexualidade foi discutida durante a
constituinte e decidiu-se por não incluí-la no conceito de “Família”. No passado o preconceito e
a discriminação eram muito grandes. Hoje essas práticas ainda existem, porém, em um grau
menor, principalmente porque a questão passou a ser tratada mais abertamente. Se a sociedade
muda, a legislação precisa acompanhá-la.
O STF tem o papel de proteger os direitos dos cidadãos. Sendo assim, uma decisão
contrária à vontade da maioria da população, como se afirma ser o caso da ADPF 132, mas que
protege direitos de minorias está mais próxima da democracia do que a prática de ignorar
grupos minoritários em nome dos “bons costumes”.
- Todas as pessoas da espécie humana são iguais. "Iguais para suportar deveres, ônus e
obrigações de caráter jurídico positivo, iguais para titularizar direitos, bônus e interesses
também juridicamente positivados".
- Não se deve fazer uso da letra da Constituição da República para "matar o seu espírito"
- Outra forma de entidade familiar, um quarto gênero, a qual pode ser deduzida a partir de uma
leitura sistemática do texto constitucional.
- Necessidade de dar-se concreção aos princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade,
da liberdade, da preservação da intimidade e da não-discriminação.
- Interpretação analógica. Como não havia proibição expressa, pode-se fazer uma analogia com
casos já existentes de união estável entre homem e mulher para legalizar a união entre pessoas
do mesmo sexo
- Letra da lei
Kelsen x Hart.
A eficácia jurídica de um fato jurídico pode resultar em uma norma jurídica, em uma relação
jurídica ou situação jurídica.
Relações jurídicas definem os direitos e deveres dos sujeitos. Algumas se extinguem tão logo
seus efeitos sejam produzidos (taxista-passageiro). Entretanto, algumas possuem efeitos
duradouros (relações matrimoniais).
A eficácia de um fato jurídico leva a produção de uma norma, que pode ser geral ou abstrata,
individual ou concreta.
A eficácia de um fato jurídico age sobre uma situação jurídica de sujeito de direito ou de status
jurídico.
As relações jurídicas se formam pela incidência de fatos jurídicos em fatos sociais. Quando
ocorre um determinado acontecimento regulado pelo direito, têm-se uma relação jurídica.
Prestação (ação/omissão)
Objeto.
Sujeito ativo: portador do direito; tem o poder de exigir do agente passivo o cumprimento do
dever jurídico.
Sujeito passivo: tem a obrigação de uma conduta ou prestação em favor do sujeito ativo.
Vinculo de atributividade: vínculo que confere a cada um o poder de pretender ou exigir algo
determinado. Pode ser originário de contrato ou de uma lei.
Alteridade: relação de homem para homem; cada um possui seu status jurídico.
Resumindo: a relação jurídica é composta por um sujeito ativo, aquele que tem direito
ao objeto da relação e um sujeito passivo, aquele que tem o dever de cumprir uma prestação
relacionada ao objeto. O vinculo de atributividade pode advir de um contrato ou de uma norma.
O sujeito ativo direito subjetivo, por isso, recai sobre ele uma pretensão. Ele é quem realiza a
ação.
Direito real: polo passivo formado por sujeito passivos (ex. propriedade que todos devem
respeitar). Tem como objeto um bem imaterial ex. cotas numa empresa, ações etc.
Direito pessoal: Direito perante sujeito determinado. O objeto é uma prestação concreta e
determinada de fazer ou não fazer.
Triangularidade: relação entre juiz e as partes e entre o réu e o autor (integrantes da relação
jurídica processual.) -> relação angular ao invés de triangular
Caráter público: a relação jurídica processual é pública, se desenvolve sob tutela diretiva e
interventiva do Estado-juiz.
Direito privado: nas relações jurídicas de direito privado não há hierarquia. Os polos da relação
são simétricos e não há uma autoridade para impor o direito. Pode ocorrer o jus dominium, mas
não o jus imperium
- exceção: relações de pátrio poder (poder dos pais) -> são assimétricas, não há poder de
autoridade pública, mas o pai está numa situação “superior”. Ex. Pai definir onde o filho irá
estudar
Direito público: a relação entre os polos é assimétrica, um deles tem o poder de impor o direito
(exercício do jus imperium). Ex. Direito penal, tributário e administrativo
Exceção: relações entre pessoas jurídicas de direito público interno e internacional. Entre essas
pessoas jurídicas, ambas são parte do direito público, ambas são soberanas
Estrutura básica da relação de direito público material (pessoa jurídica de direito
público x particulares)
CONCLUSÕES
Situação jurídica
A relação jurídica supõe a existência de sujeito de direito no polo ativo e no polo passivo,
tendo como conteúdo direitos e deveres.
Uma relação jurídica envolve o agente ativo (detentor de um direito) e o agente passivo
(detentor de um dever)
Nível mais elevado: norma fundamental: fundamento supremo que constitui a unidade da
ordem jurídica (categoria hipotética; axioma do direito; fundamento da primeira constituição).
Sentido material: escritas ou não, que regulam a criação de normas gerais. (direito estatutário)
Direitoestatutário: positivação; centralização, criado por órgãos instituídos para este fim.
Obs: O costume é fato criador de Direito assim como a legislação, desde que a constituição o
institua.
Obs:
Métodos de criação do Direito (elementos jurídicos) OU tudo aquilo que influencia os órgãos
criadores do Direito (elementos não jurídicos). Inutilidade do termo, devido a ambiguidade.
A criação do direito é sempre aplicação do direito =>quando a criação de uma norma é regulada
por outra, esta está sendo aplicada.
Tribunal: norma geral abstrata ----------- concretização -------------- norma individual concreta
Contrato: autonomia privada -> indivíduos regulam juridicamente certas relações constituindo
direitos e deveres para as partes
Normas secundárias: em conexão com as normas primárias elas criam os direitos e os deveres
das partes. (obs. A norma primária não estipula direitos e deveres individuais; ela vincula uma
sanção).
2. Contrato
O contrato é uma norma; continua válido mesmo que as vontades mudem. Para ser anulado é
preciso outro contrato.
Natureza do Direito Constitucional.
As normas constitucionais estipulam a criação de normas gerais. Esta são utilizadas pelos
tribunais no julgamento de casos. Sendo assim, as normas da constituição são intrínsecas às
normas que os juízes aplicam.
Relação entre o ato judicial e a norma pré-existente aplicada pelo ato judicial
Direito adjetivo: autorização para que determinados indivíduos ajam como juízes.
O tribunal é autorizado a decidir os casos de acordo com seu livre arbítrio => criação de normas
individuais (não são meras reproduções das normas gerais, acrescentam algo novo)
A função de legislador destaca-seo juiz fica permitido a criar direito substantivo sem que sua
ação esteja determinada por uma norma pré existente. Nesse caso, a norma que torna o ato
um delito vem a existir após o ato ter sido cometido. EXCEÇÃO: DIREITO PENAL.
Lacunas do Direito.
Inexistência de norma para o caso concreto: Criação de direito (analogia, costumes, princípios
gerais do direito) ou recusa da ação (“o direito vigente não estipula a obrigação clamada”).
Obs. O juiz tem o poder de obrigar um indivíduo que antes era livre se considerar a inexistência
da norma um fato injusto.
Essa autorização dada ao juiz é restrita: Caso em que não há NENHUMA norma que se encaixe
ao caso; caso em que a não aplicação de direito seja injusta.
Precedente: a decisão judicial pode criar uma norma geral => força de obrigatoriedade para
todos os casos similares. (generalização da norma individual).
Apenas um órgão que tem de explicar a norma superior pode decidir de a norma individual
corresponde às normas gerais. (aplicação de uma norma superior)
As partes de um processo podem apelar para um tribunal superior se não concordarem com a
decisão de um tribunal inferior. -> tribunal de ultima instancia = decisão final.
Tribunal especial para verificar a constitucionalidade das leis. O órgão controlador pode ser
capaz de abolir completamente o estatuto de modo que ele não possa ser aplicado.
- Uma decisão judicial permanece em vigor até que seja abolida pela via ordinária (STF)
3. Nulidade e anulabilidade
Anulabilidade: uma norma jurídica pode ser anulada por órgão especial.
Nulidade: norma nula. (ex. não foi emitida por órgão competente)
Nulidade absoluta: qualquer sujeito, e não apenas um órgão especial, pode anular a norma. Não
há exigência de um procedimento especifico.
VALIDADE E EFICÁCIA:
Para que uma norma seja válida, os indivíduos subordinados a ela não precisam querê-la ou agir
de acordo com ela. (Dever ser)
Supremacia dos critérios: as regras identificadas por referência a critério de supremacia são
reconhecidas como parte do sistema, mesmo que elas estejam em discordância com outros
critérios.
A regra de reconhecimento é uma regra última porque a validade j urídica de outras normas
pode ser demonstrada com base nela; a sua própria validade não é demonstrada, é assumida;
constitui uma hipótese.
A regra de reconhecimento não precisa ser enunciada, sua existência manifesta-se no modo
como as normas são identificadas. Ela não é válida ou inválida, apenas é aceita.
A validade das normas permite fazer uma predição: os tribunais observarão essas normas.
O costume e o precedente estão subordinados à legislação. Eles deve m seu estatuto de direito
a aceitação de uma regra de reconhecimento que lhe conceda lugar independente, embora
subordinado.
DIREITO: a regra que faculta critério para a identificação de outras regras do sistema é um
elemento definidos do sistema jurídico, portanto, direito.
O produto final do sistema jurídico são leis que impõem obrigações impacto sobre o
cidadão particular.
Por isso, a noção de obediência não é adequada para caracterizar a conduta dos legislad ores. A
simples obediência não requer crítica. Os tribunais devem preocupar-se em criticar os desvios.
1) Regras de comportamento que são válidas segundo os critérios últimos de validade devem
ser geralmente obedecidas.
Obs: única condição que precisa ser satisfeita pelos particulares obedecer às regras validadas
pela regra de reconhecimento.
Resumindo: obediência pelos cidadãos comuns e aceitação pelos funcionários das regras
secundárias como padrões críticos comuns de comportamento oficial.
TÓPICO 5 – DA RELAÇÃO JURÍDICA AO ORDENAMENTO JURÍDICO: COMO OS
DIREITOS (“SUBJETIVOS”) SE RELACIONAM COM A ESTRUTURA DO DIREITO
(“OBJETIVO”)?
- Retrospectiva:
A norma jurídica surge de uma expectativa normativa sobre determinado fato social. Ela incide
sobre um fato jurídico e sua eficácia recai sobre uma relação jurídica, constituindo-a,
modificando-a ou extinguindo-a.
Quando o direito não consegue resolver os conflitos sociais, outros sistemas resolvem.
A estrutura normativa do direito prevê direitos e obrigações de forma abstrata. Exemplo disso
é a relação jurídica, como o contrato. Nessa relação existem direitos e deveres que serão
definidos pelas partes envolvidas. O ordenamento jurídico prevê simplesmente a possibilidade
de realização do contrato e, portanto, institui direitos e deveres indefinidos e abstratos. Com o
contrato firmado, seu objeto passa a ser definido e, portanto, concreto.
“O direito de receber coisas quando firma-se um contrato de compra e venda é uma previsão
abstrata. Quando celebra-se o contrato o direito e o dever tornam-se concretos”.
A nomeação é uma exceção, por é uma norma individual e abstrata, pois considera o conjunto
de competências.
O edital é uma exceção, pois é uma norma concreta para determinado concurso, mas se refere
a qualquer um que pode se submeter à prova, portanto, é geral. Depois da inscrição o edital
passa a ser uma norma particular, porque existe um número determinado de pessoas
submetidas a ele.
Os conceitos abordados até aqui (fato jurídico, relação e situação jurídica, tipos de normas) se
referem à estática jurídica.
Relatividade dos conceitos de criação e aplicação jurídica: A criação do direito é também sua
aplicação. Quando uma norma inferior é criada a partir de uma norma superior está sendo
aplicada.
Constituição
Leis
Decretos
Obs. Hans Kelsen defende que a validade de uma norma reside na sua força de obrigatoriedade,
entretanto, ela precisa de um mínimo de eficácia para ser considerada válida. Se ela nunca foi
cumprida, não é válida. (impossibilidade sociológica)
Ex. Homicídio norma geral: 6 a 20 anos norma individual (sanção): 10 anos [criação e
aplicação do direito] CUMPRA-SE! [mera aplicação].
A regra de reconhecimento é o critério de validade de todas as outras normas. Junto com ela,
as regras de julgamento e as regras de mutação constituem o grupo das regras secundárias de
organização, que regulam as regras primárias de conduta.
Regras de julgamento: conferem poder para julgar se determinada regra foi violada e o processo
a ser seguido.
A união das regras primárias e secundárias forma o ordenamento jurídico. Regras primárias
isoladas não podem constituir uma ordem em sua plenitude.
As regras de mutação garantem a modificação da própria ordem jurídica, por isso, são a solução
para o problema da estaticidade (baixa capacidade de adaptação das normas às circunstancias
que mudam com o decorrer do tempo).
As regras de julgamentos atribuem poderes para julgar a violação das regras solucionando o
problema da ineficácia (imprecisão na determinação de violação das regras e ausência de uma
instituição que aplique as devidas punições).
HIERARQUIA ENTRELAÇADA: ex. A constituição limita o tribunal, mas o tribunal diz o que é a
constituição.
Diferente dos modelos apresentados por Kelsen e Hart, o que se observa na realidade é uma
hierarquia não linear. Um mesmo patamar influencia e é influenciado. Não existe, portanto,
uma hierarquia absoluta. A constituição determina os níveis inferiores do ordenamento, mas o
sentido dela depende das práticas que ocorrem nestes. Desta forma, pode-se falar em uma
reprodução circular do direito.
A legislação influencia os tribunais, mas as leis dependem do que eles dizem sobre elas.
O tribunal utiliza obras dogmáticas, mas a dogmática precisa refletir sobre o que os tribunais
estão dizendo (dogmática jurídica: juízes que determinam ao que a doutrina jurídica se refere)
Os juízes vinculam-se à jurisprudências, mas estas são criadas e modificadas por estes
Etc.
1. Espaço jurídico vazio: se não há regulamentação, não é jurídico. Não há lacuna, e sim um
espaço social irrelevante para o direito.
2. Norma geral exclusiva: inclusão de uma norma implícita; norma permissiva geral (o que não
é proibido é permitido).
Crítica:
O positivismo buscou uma forma lógica de resolver as lacunas, mas isso não resolve problemas
concretos do direito. A solução de muitos casos pode exigir parâmetros normativos de difícil
análise. Exemplo disso é um caso em que existem duas soluções, cada uma a favor de uma das
partes envolvidas, pois o que é permissivo para um pode não ser para outro. Essa “solução”
lógica não resolve problemas práticos.
A questão da homoafetividade, por exemplo, era um problema de lacuna. Não havia regulação
sobre a união estável homoafetiva. Neste caso, considerar a inexistência de normas sobre o
tema como irrelevância para o direito seria o mesmo que negar princípios constitucionais, como
o da igualdade.
Lacunas impróprias: são axiológicas. Afirmação de que a ordem jurídica não corresponde a um
padrão valorativo ou padrão moral. Ideologia
Suprimento de lacunas:
Direito comparado
Princípios gerais do direito são certas máximas que a ordem jurídica se apropria.
Analogia é a atribuição a um caso não regulado da mesma disciplina de um caso semelhante que
tenha regulamentação.
Analogia:
CONCLUSÕES
Obs.
Concepções de direito menos rígidas do que a Kelsen, porém, mais do que a de Hart.
Jurídica: legalidade
A eficácia social da norma e, por consequência, sua validade são uma questão de grau.
O grau de eficácia e de validade não pode ser medido por uma análise numérica.
Três conhecimentos:
2. A validade pode ser reconhecida com o auxílio de dois critérios: observância da norma e
punição da não observância.
3. A punição da não observância de normas jurídicas inclui o exercício da coação física, que nos
sistemas jurídicos desenvolvidos é a coação organizada pelo Estado.
A correção material: deve ser demonstrada por meio de uma justificação moral.
Obs. Para Hart a moral faz parte do direito, enquanto para Kelsen, não.
A moral é tida como algo fixo, sem possibilidade de diferentes interpretações ou diferentes
ângulos. A moral tem caráter universal (imperativos categóricos – Kant)
Conceito jurídico de validade
Não é um conceito puro como os conceitos de validade social e validade ética (não precisam de
elementos de outros conceitos para serem definidos).
Conceito positivista de validade jurídica: separação entre direito e moral. Leva em conta
conceitos de validade e eficácia social quando uma norma não tem nenhum tipo de validade
social (não tem eficácia social) ela não pode ter validade jurídica.
Conceito não positivista: Vinculação entre direito e moral. Abarca elementos da validade social
e da validade ética (justificação moral)
Colisões de validade
Se uma grande quantidade de normas desse sistema deixar de ser observada e a não
observância deixar de ser punida, o sistema entre em colapso e perde a validade. (perda de
eficácia global)
Nenhum do dos dois sistemas entre em vigência durante o período de conflito, o sistema que
ao final do conflito vencerá já entra em vigência, o antigo sistema continua em vigência.
Obs. Um sistema normativo que não se impõe a outros ordenamentos normativos não é
globalmente eficaz.
b) normas gerais
Condição de validade das normas gerais = mínimo de eficácia socialou possibilidade de eficácia.
As normas gerais não necessitam de eficácia social global como o sistema normativo, elas não
perdem a validadecaso não sejam observadas e punidas com frequência.
A validade jurídica depende da constituição que determina quais os pressupostos para que as
normas integrem o sistema.
As normas não precisam de eficácia global porque fazem parte de um sistema eficaz.
a) Sistema normativo
Desta forma, a validade do sistema jurídico (Val. = eficácia social global)está mais relacionada
com validade social, enquanto a validade das normas gerais (justificativa moral) depende mais
da validade moral.
b) Normas gerais
Quando são extremamente injustas as normas gerais perdem seu caráter jurídico. A norma
precisa apresentar um mínimo de justificabilidade moral.
- uma norma moral injusta pode ser juridicamente válida desde que tenha justificativa moral
mínima.
Norma eficaz = é seguida pelas pessoas, quando não, é imposta pela coerção.
Juízo de valor. Oposição entre o que é (real) o que deve ser (ideal).
O ordenamento jurídico persegue certos fins que representam os valores a cuja realização o
legislador dirige a própria obra (valores fins)
*Para Alexy existe uma moral universal; para Bobbio não necessariamente.
Para decidir se uma norma jurídica pertence ao ordenamento é necessário realizar três
operações.
1. Averiguar se autoridade de quem a norma emanou tinha o poder legítimo para emanar
normas jurídicas;
3. Averiguar se não a norma não é incompatível com outras regras do sistema, particularmente
com norma hierárquica superior.
Essa questão supõe que se conheça a respostas para essa pergunta: O que se entende por
direito?
Uma norma pode ser justa sem ser válida: normas de direito natural são justas, mas só
se tornam válidas quando são acolhidas pelo sistema jurídico.
Uma norma jurídica pode ser válida sem ser justa: uma norma que tenha se sido
promulgada por órgão competente, não foi ab rogada e não está em conflito com outra norma
mas não realiza justiça.
Uma norma pode ser válida sem ser eficaz: Norma que pertence ao ordenamento jurídico mas
não é eficaz, ou seja, não é respeita pelos cidadãos e órgãos competentes.
Uma norma pode ser eficaz sem ser válida: Norma respeitada pela população e órgãos
competentes, mas que não têm validade jurídica.
Uma norma pode ser justa sem ser eficaz: norma que é justa, mas não é respeitada.
Uma norma pode ser eficaz sem ser justa: para ser seguida universalmente uma norma não
precisa ser justa . Ex. escravidão
Teoria da Justiça: investigações que visam elucidar os valores supremos a que tende o direito.
(fins sociais cujo instrumento mais adequado são os ordenamentos jurídicos). direito ideal.
Teoria Geral do Direito: investigação que tende a determinar em que consiste o direito enquanto
regra obrigatória o coativa. direito real.
Sociologia do Direito: investigação sobre os homens que vivem em sociedade. direito vivido
na sociedade.
Os três problemas são três aspectos de um problema central -> melhor organização da
vida do homem.
A experiência jurídica é parte da experiência social. Elementos constitutivos: ideais de justiça,
instituições normativas, ações e reações do homem.
Teorias reducionistas:
- Direito positivo: uma norma pra ser justa, precisa ser válida.
Moral ***-------------------------------------Justiça
Norma eficaz (BOBBIO) = é seguida pelas pessoas, quando não, é imposta pela coerção.
Obs.
Validade = existência
A norma não é natural, não vem da natureza ou Deuses. Por isso, ela não existe “desde sempre”.
A norma é criada por órgão competente e a partir daí passa integrar o sistema (pertencimento).
Uma norma pertence ao ordenamento jurídico quando é promulgada por órgão competente.
Uma norma que pertence ao sistema pode ser válida ou inválida. Em ambos os casos ela é
promulgada por órgão competente. Ela é válida quando, além disso, segue requisitos formais de
promulgação.
Pontes de Miranda se afasta da Teoria da Pura do Direito e da Escola Analítica Inglesa
quando trabalha com três planos das normas: existência, validade e eficácia. Diferente de Kelsen
e Hart, ele diferencia a existência de uma norma de sua validade. Entretanto, o conceito de
pertinência parece ser mais adequado do que o de existência, pois o segundo dá a ideia de algo
natural, que advém da natureza ou dos Deuses. As normas não existem desde sempre, elas são
criações humanas. Desta forma, uma norma passa a pertencer ao sistema jurídico quando é
promulgada por órgão competente e isso não implica em sua validade. Uma norma que pertence
ao sistema pode ser válida ou inválida. No primeiro caso, além de ser promulgada por órgão
institucionalizado e com competência para isso, ela segue requisitos formais de promulgação.
Pertinência x Validade
Relação de circularidade
A constituição não é válida ou inválida, ela pertence ao ordenamento porque valida-o. As demais
normas jurídicas pertencem ao sistema jurídico e são válidas porque estão sob os critérios de
validade da Constituição. As normas infraconstitucionais atestam, portanto, a pertinência da
constituição ao ordenamento jurídico.
- Validade x Invalidade
O direito adquirido e o ato jurídico perfeito , por exemplo, não são alterados.
Quando uma norma VÁLIDA é rechaçada do sistema jurídica, os efeitos que ela já produziu não
se alteram, permanecem vinculados ao futuro.
- Graus de invalidade
Uma norma anulável é aquela que apresenta defeitos. Esses têm a possibilidade de serem
“consertados” para a que a norma se torne de fato válida. Os efeitos modulados pela
convalidação são vinculantes para o futuro.
Esse tipo de norma precisa da manifestação de sujeitos para ser anulada. Se não houver
manifestação dos atingidos ela não é anulada.
A norma anulável entra no sistema, mas tem defeito de produção não essencial, portanto, é
vigente e produz efeitos até que se peça a anulação, quando ela perde a vigência. Seus efeitos
são ressalvados.
Eficácia técnica. Depois da anulada, a capacidade de produzir efeitos lhe é negada desde o início
de sua vigência. Vício essencial.
Obs. Uma norma pode ser revogada (procedimento legislativo) ou anulada (procedimento
judicial).
Vigência
1. Conceito: Norma capaz de incidir sobre um fato jurídico de maneira eficaz, pois produz efeitos
2. Âmbitos de vigência
Uma norma pode pertencer ao sistema e não ser vigente. Em geral, a vigência começa com a
publicação, mas pode ser postergada. Se não houver menção no texto legal, a vigência começa
em 45 dias (VACATIO LEGIS)
Lei sobre tributos entra em vigor no ano seguinte e se for publicada até 31 de outubro, entra
em vigor em 90 dias.
Durante estado de defesa, estado de guerra e estado de emergência algumas normas podem
ter a eficácia suspensa.
3. Ineficiência técnica
Relação entre normas. Falta de condições para que a norma possa incidir.
Ex. Crimes hediondos são inafiançáveis. Conceito fica para outra norma. (enquanto o conceito
não existe, a primeira norma não pode ser posta em prática).
Essa relação entre normas, como a dependência de um regulamento, tem relevância sintática.
O resultado disso pode ser uma ineficácia semântica.
A hipótese normativa incide sobre um fato jurídico e a eficácia desta pode ter consequência
sobre uma relação jurídica, uma situação jurídica ou uma norma jurídica.
Quando produz efeitos uma norma é efetiva e socialmente eficaz (encontra na realidade
condições para produzir seus efeitos)
A ausência das condições sociais de produção de efeitos incide não sobre a validade das normas,
mas sobre sua efetividade. Ex. norma que determine que operários utilizem um aparelho de
segurança que inexiste no mercado.
- CONCLUSÕES
4. Uma norma pode pertencer ao ordenamento jurídico, ser válida, mas ainda não ser
vigente (vacatio legis) ou estar fora de vigência(suspensão da eficácia)
Anulabilidade
Obs: A efetividade não se reduz a obediência. Existem normas cuja eficácia reside no efeito
ideológico (legislação simbólica – garantia aos cidadãos de que suas demandas estão
incorporadas ao direito).
Ex. salário mínimo que atenda as necessidades do indivíduo. Não produz efeitos práticos, e sim
simbólicos. “A constituição garante um salário mínimo!”
SEMINÁRIO – A CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA (MARCELO NEVES)
Textos legais carentes de eficácia normativa (normas sem eficácia) são relevantes.
Imposição = reação a comportamento que contraria a lei; ato ilícito; NORMA SECUNDÁRIA
(sanção)
A aplicação do direito (juízes) e o seu uso (polícia) exigem o agir de um terceiro (órgão
competente).
A consonância entre execução e aplicação do direito não é suficiente para caracterizar a eficácia
do direito.
Estando ausentes as condições de uso das ofertas de regulamentação legalmente postas pode-
se falar em ineficácia normativa uso, desuso e abuso dos textos legais.
Quando a ineficácia e inefetividade são muito altas as expectativas normativas das pessoas
param de se orientar pela norma. Isso leva a falta de vigência social ou carência normativa dos
textos legais.
2. Afirmação de valores sociais, a fim de determinar quais são as culturas que têm legitimação
e quais são desviantes. (lei seca nos EUA)
3. Afirmação pública de uma norma moral pelo legislador conduz as principais instituições da
sociedade servir-lhe de sustentação.
Efeito básico da legislação simbólica: adiar conflitos políticos sem resolver realmente os
problemas sociais subjacentes
TÓPICO 7: DA QUALIFICAÇÃO TÉCNICO JURÍDICA À EFICÁCIA SOCIAL E
EFETIVIDADE: COMO QUALIFICAR A NORMA DO PONTO DE VISTA DO
CONTEXTO SOCIAL DO DIREITO?
A norma jurídica trata de uma hipótese que incide sobre um fato jurídico. A eficácia jurídica
(concreta) é a consequência da norma, ou seja, sua concreção sobre uma situação, relação ou
norma jurídicas.
Relembrando:
A eficácia social da norma se encontra fora do plano normativo, mas tem relação com o fato
jurídico e com a concreção, pois depende do exercício de direitos, cumprimento dos deveres e
execução das sanções. A eficácia social, portanto é a realização dos fins, tem relação com a
efetividade.
As normas podem ser divididas em dois planos. O primeiro deles é o da orientação das
expectativas. Ele é abstrato e trata da vigência para conduta lícita e da vigência sancionatória,
relacionada à conduta ilícita. O segundo é o plano da regulação das condutas. A partir do uso
das ofertas de regulamentação e da aplicação das normas as expectativas são concretizadas. A
conduta lícita é a própria observância das normas jurídicas. A conduta ilícita, por outro lado,
precisa de uma sanção, alcançada pela execução do direito, ou seja, sua imposição.
- “Eficácia” em sentido estrito e “efetividade” em sentido estrito
A norma pode ser eficaz sem ser efetiva. Nesse caso, a inflação não seria controlada apesar do
correto cumprimento da lei.
1. Fatores jurídico-sistêmicos
A prática jurídica depende da aplicação das leis e da própria constituição. Esta garante
a validade daquelas a partir do critério de constitucionalidade. Além da adequação aos preceitos
constitucionais, as leis precisam de legalidade, adequação aos critérios formais e materiais de
admissão ao ordenamento jurídico (?), para integrar a prática jurídica.
Isso equivale a dizer que a consistência do sistema jurídico depende da harmonia e ntre a
promulgação, execução e julgamento das normas. Desta forma, os procedimentos realizados
pelos três poderes referentes às normas jurídicas devem ser controlados reciprocamente.
2. Fatores sistêmico-sociais
O direito se relaciona com os diversos sistemas sociais, como economia, religião, arte,
política, família, educação, ciência, etc. A adequação à sociedade depende como o
conhecimento advindo do ambiente é assimilado, interpretado e utilizado pelo sistema jurídico.
Corrupção sistêmica: subintegração (exclusão por baixo) e sobreintegração (exclusão por cima).
Os sobreintegrados são desvinculados de seus deveres. Eles têm acesso aos benefícios e não
recebem sanção. Por outro lado, os subintegrados são desvinculados dos seus direitos e
sobrecarregados de deveres.
2. Fatores específicos
a) Razões da obediência
- Expectativa da sanção
- Identificação: cultura
- Internalização: moral
b) Fatores pessoais
Conhecimento do direito
Consciência jurídica
Ethos jurídico
Resumindo:
vice versa
Para que as normas produzam efeitos jurídicos, o sistema jurídico precisa ser
consistente, o direito precisa, a partir da sua capacidade cognitiva, se adequar à sociedade e
esta a ele (integração sistêmica), as pessoas precisam estar inclusas social e
juridicamente(igualdade) e terem motivos para respeitar as normas a partir de seus fatores
pessoais (integração social)
- Efeitos indiretos da norma jurídica
A eficácia e a efetividade da norma jurídica incidem sobre a realidade jurídica, mas seus
efeitos indiretos recaem sobre outras esferas sociais.
Aquilo que é simbólico passa a ser interpretado em esfera diversa de onde foi produzido
CONOTAÇÃO
Ex. Metáfora: o sentido figurativo não pode ser interpretado na esfera da denotação.
Desta forma, o sentido da norma passa a ter significação em outra esfera, por exemplo, a
política. (Algo que se afirma jurídico, pode ter sentido latente político mais importante)
Legislação simbólica
Confirmação de valores sociais: determina as culturas dominantes. Ex. lei seca nos EUA
Legislação álibi: acalma o grupo, descarrega o sistema político de pressões sociais, gera
respaldo eleitoral para os respectivos políticos e confiança pública nas instituições sociais
- CONCLUSÕES
Essas características são típicas de países periféricos, onde o próprio sistema viola as
regras. A poder público viola a constituição e inexiste, portanto, uma prática jurídica coerente.
SEMINÁRIO – FARRA DO BOI
Art. 225 CF/88: Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade. Crueldade que se realiza todos os anos com a prática cultural da ‘’Farra do Boi’’.
Confinamento do boi; ataque com paus, lanças de bambu, cordas, chicotes e pedras. Morte por
afogamento. Espaço para comércio e compra de votos (bois são doados por grandes políticos e
empresários da região). A manifestação não é cultural.
Art. 216 CF/88 Patrimônios culturais de natureza imaterial e que reproduzam a memória de
grupos formadores da sociedade brasileira devem ser assegurados.
- O governo tem de agir para reprimir não a “Farra do Boi”, mas sim os atos violentos e de outros
tipos de atos passíveis de punição legal.
- Os atos de violência, mas estes devem ser tratados com os devidos aparatos policiais e não
devem por fim a outro bem, o patrimônio cultural, que é garantido constitucionalmente.
- O Supremo Tribunal Federal não pode avançar em matéria de interpretação ao fazer prevalecer
uma regra de direito ambiental sobre uma outra veiculadora de um direito cultural.
Obs:
De um lado um princípio que assegura a proteção ao meio ambiente; do outro, aquele que
protege o patrimônio cultural.
Lei e costume como características que permitem reconhecer o Direito positivo (fonte
formal)
2. Crítica aos modelos clássicos: Positivação do direito leva à autonomia (?) do direito e torna
esses modelos tão improváveis como os modelos de direito natural.
Ex. Reconhecimento da união estável homoafetiva. Grande parte da população não concordava
com a decisão, mas com o tempo passou a aceitá-la. O Direito seria então uma fonte de
progresso para sociedade.
Fontes materiais não criam nem determinam o que é o Direito, apenas condicionam a
produção, aplicação e eficácia do direito, a saber, a reprodução do sistema jurídico.
Existem elementos sociais que permitem e outros que barram a reprodução das leis. Isso afeta
diretamente a eficácia delas.
Econômicas,
Religiosas -> pressão sobre a promulgação de leis. Ex. antecipação terapêutica de feto
anencéfalo.
1. Fontes formais como “os fatores ou atos aos quais um determinado ordenamento jurídico
atribui a competência ou a capacidade de produzir normas jurídicas” (Bobbio)
2. fontes formais “como o fundamento de validade jurídico-positivo de uma norma jurídica, quer
dizer, a norma jurídica positiva do escalão superior que regula a sua produção” (Kelsen)
Esses modelos tratam apenas da produção normativa e das próprias normas como fontes
formais de produção de direito. A moral, por exemplo, também pode servir como fonte formal.
a) Lei: norma ou conjunto de normas jurídicas criadas através de processos próprios (atos
legislativos) e estabelecidas por autoridades competentes.
S. material = norma criada por decisão. Ex. Código Penal, decreto do Executivo. [conteúdo ?]
diferença entre lei em sentido material e sentido amplo e lei em sentido formal e estrito (??)
Perfeição- imperfeição
Leis perfeitas: restabelece uma situação anterior. Ex. indenização, reparação de dano.
Leis menos que perfeitas: punição que não restabelece a situação anterior. Ex. lei penal
Leis mais que perfeitas: impõem punição e buscam restabelecer a situação anterior. Ex. direito
tributário multa + restituição.
Leis imperfeitas: não preveem reparação nem punição. (obs. Indiretamente cabe a outras leis
preverem a sanção)
Forma habitual ou uniforme da decisão: pode levar tempo para que o tipo de decisão se torne
jurisprudência ou importância do caso assim o transforma. Ex. Anencéfalos.
Influencia sobre outros casos: A jurisprudência é critério de solução para casos futuros.
Núcleo ideal genérico, idêntico e comum a uma série indefinida de casos: a conceituação
trabalhada nos casos deve ser semelhante para que a jurisprudência possa incidir sobre o caso
procedente.
Existem alguns pressupostos para que o conjunto de critérios gerais de solução de casos
precedentes se torne jurisprudência: os critérios precisam ter uma forma habitual
(uniformidade) e, além disso, influência sobre outros casos que apresentem a mesma
identidade de fundamentação (ratiodecidendi) da decisão e mesmo núcleo genérico e comum.
c) Costume jurídico
Austin não reconhece a juridicidade dos costumes, portanto, esses não seriam uma estrutura
formal autônoma. Segundo ele, os costumes desempenham no sistema jurídico uma função
subsidiária na determinação do comportamento das pessoas, desta forma, não constituem
fonte do direito.
Kelsen, por outro lado, defende que o costume é uma fonte formal autônoma do direito desde
que ele tenha força jurídica. Segundo a teoria kelseniana, os juízes podem utilizar os costumes
jurídicos para decidir casos quando não existe estipulação legal. Desta forma, por constituírem
critérios de fundamentação de decisão e solução de casos, o costume seria uma fonte formal de
direito.
Perda de importância do costume com a positivação do direito moderno e sua
importância no Direito internacional Público
A eficácia dos costumes do plano do direito depende da prática habitual (elemento material) e
do convencimento de sua obrigatoriedade jurídica. Ou seja, uma determinada prática torna-se
costume jurídico quando os indivíduos acreditam que ela é obrigatória do ponto de vista jurídico
e por isso a utilizam rotineiramente.
e) Dogmática jurídica
Reflexão do direito com relevância prática: reflexão do direito pelo próprio direito. O
conhecimento teórico produzido pela dogmática serve de fundamento para os critérios de
decisão dos juízes. Por outro lado, a própria atuação dos juízes é objeto da reflexão dogmática.
- CONCLUSÕES
1. O estudo das fontes materiais enquanto condições sociais do direito é relevante para a
abertura cognitiva do direito e promove sua adequação social: pertence principalmente à
sociologia jurídica.
2. O estudo das fontes formais como critérios e programas do sistema jurídico é relevante para
a autonomia normativa do direito e serve à sua consistência: pertence principalmente à
dogmática jurídica e à teoria do direito
O estudo das fontes materiais enquanto condições sociais do direito e das fontes formais
enquanto critérios e programas jurídicos são importantes para a abertura cognitiva do sistema
do direito e para o seu fechamento operativo (autonomia) e consequente consistência,
respectivamente. O primeiro campo de estudo é objeto da sociologia jurídica e o segundo, da
dogmática jurídica e da teoria geral do direito.
O jurista tem que saber a condições da norma e os cidadãos tem que observar os
critérios sociais.
Seminário – depositário infiel
Constituição Federal - Art. 5º Todos são iguais perante a lei (...) nos termos seguintes:
Convenção americana sobre direitos humanos (Pacto de São José da Costa Rica) - Art. 7º
Brasil se tornou signatário do Pacto de São José da Costa Rica, ratificado pelo Decreto nº 678 de
1992, em 25 de setembro do mesmo ano. Desse modo, a prisão por dívidas no Brasil ficou
restrita ao inadimplemento voluntário de pensão alimentícia.
Assim, ao introduzir o parágrafo 3º no seu artigo 5º, a emenda (45) deu status de emendas à
Constituição também aos tratados internacionais de direitos humanos em que o Brasil for
signatário.
“É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”.
• A responsabilidade passou a ser patrimonial, em que a pessoa responde com seus bens por
suas obrigações vencidas e não cumpridas.
Com a súmula vinculante n. 25 de 2009, o STF proibiu a prisão civil por dívida. A partir
daí, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos adquiriu o status, não previsto pela
constituição, de norma supralegal. O documento internacional submete-se, então, à
Constituição, mas está acima das leis ordinárias.
É importante ressaltar que a prisão civil do depositário infiel não sofreu revogação, mas
a eficácia da norma que a possibilita foi paralisada.
O posicionamento adotado pelo STF quanto ao status do Pacto San José da Costa Rica
representou uma revolução no entendimento sobre a hierarquia das normas internacionais
sobre direitos humanos no Estado brasileiro. A suprema corte respeitou a supremacia da
Constituição, pois considera o tratado inferior a ele. Entretanto, a supralegalidade não é prevista
no nosso ordenamento. A atuação do STF pode ser considerada ativismo judicial, já que mais
uma vez o Judiciário agiu como se fosse o Legislativo.
O STF defendeu que os tratados internacionais sobre direitos humanos não poderia
afrontar a constituição, mas deveriam ter posicionamento especial na hierarquia nas normas,
acima das leis ordinárias.
Tendo em vista que o tratado deve ser aceito pelo Estado, isso fortifica a tese de que este é
soberano em relação aos direitos internacionais.
Logo, como o Estado é soberano e a sua constituição prevalece sobre qualquer direito
internacional, o inciso LXVII do artigo 5º da CF deveria prevalecer sobre o artigo 7º do Pacto São
José da Costa Rica e a prisão do depositário infiel deveria continuar em vigor
Vale ressaltar que o inciso LXVII do artigo 5º da CF autoriza, mas não obriga a prisão.
TÓPICO 9 – DOS CRITÉRIOS JURÍDICOS AOS CONFLITOS NORMATIVOS: QUAL É
O SIGNIFICADO DA CONCRETIZAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO PARA O
CONTROLE DA CONSISTÊNCIA JURÍDICA?
Presença de duas normas conflitantes, válidas e emanadas de autoridade competente sem que
se possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto. Ex. duas normas
constitucionais.
Quando se trata de duas normas de mesma hierarquia, a norma posterior derroga a anterior,
portanto, ela prevalece. Se as normas não forem do mesmo nível hierárquico, a superior
prevalece mesmo se for anterior.
A norma específica se for de mesma hierarquia e cronologia prevalece sobre a norma geral.
Se a norma geral é posterior, ela tem a pretensão de regular toda a matéria de forma abarcante
e, portanto, a norma específica posterior é revogada.
Quando troca-se o regime, as normas compatíveis com ele permanecem vigentes. As que não
são, são revogadas.
Conflitos entre ordens jurídicas diversas em um mesmo caso. Ex. Casamento de alguém na Suíça
que tem bens no Brasil.
Se o tratado internacional entrasse com força de emenda constitucional, ele prevaleceria, pois
ambos teriam a mesma hierarquia e ele seria posterior (critério cronológico)
Se o tratado internacional entrasse no direito brasileiro com força de lei ordinária, a constituição
prevaleceria (critério hierárquico).
O STF decidiu pela supralegalidade, ou seja, o tratado internacional entre com força hierárquica
superior à das leis ordinárias e inferior à Constituição. Desta forma, o pacto San José da Costa
Rica revoga o artigo do Código Civil que regulamentava a prisão do depositário infiel e torna o
parágrafo da constituição que a permitia uma previsão morta.
Difícil determinar.
1. Modelos formalistas
b) Jurisprudência dos conceitos: essa corrente pregava a ideia de unidade dos conceitos
jurídicos, e negava, portanto, a interpretação.
Não existe uma só interpretação para os conceitos devido à pluralidade da linguagem jurídica.
2. A reação realista
b) Movimento do Direito livre: ênfase no juiz, maior relevância para o caso concreto do que na
lei com o objetivo de realizar a justiça. De acordo com essa corrente, o juiz deve decidir de
acordo com as demandas sociais.
De acordo com o modelo da teoria pura do direito, o juiz tem uma moldura objetiva que
delimita suas opções de decisão. Dentre elas, ele tem liberdade de decisão, por isso, sua escolha
é subjetiva.
Texto e norma
O texto é um signo que tem seu significante e seu significado. O significante é o enunciado
escrito, ou seja, as palavras. O significado é o sentido do texto, portanto, a própria norma. O
texto pode ser interpretado, o significado da norma propriamente dita, não.
“Na clareza se encerra a interpretação” = ilusão. Os textos jurídicos são vagos e ambíguos
A ambiguidade diz respeito aos conceitos expressos no texto e o duplo sentido assu mido por
eles. A vagueza diz respeito ao referente, ou seja, objetos enquadrados nos conceitos.
-Concretização da norma
A norma incide sobre o caso e depois de sua concretização (interpretação do texto, descrição
do caso, aplicação) o caso é subsumido à norma.
1. Interpretação restritiva: a lei fala MAIS do que devia e o juiz reduz o âmbito de aplicação da
norma.
2. Interpretação extensiva: a lei fala MENOS do que devia e o juiz aumenta o âmbito de aplicação
da norma. (ex. união estável homoafetiva [?])
O suprimento das lacunas pode se dar por heterointegração, recurso a ordenamentos diversos
e fontes diversas da dominante (costumes)e por autointegração, recuso à fonte dominante
(princípios gerais do direito e analogias).
Equidade: espécie de intuição com o objetivo de realizar a justiça em um determinado caso. Ex.
moral. Não há compulsão para que outros casos concretos sejam interpretados da mesma
maneira.
Princípio = heterorreferência
Regra: autorreferência
O juiz é provocado pelos princípios, mas precisa se libertar deles para encontrar a regra que
vai solucionar o caso. Sem essa provocação ele não teria que enfrentar a complexidade. O juiz
dá uma solução adequada socialmente e consistente juridicamente.
- CONCLUSÕES
O sistema jurídico resulta das interpretações e concretizações das normas e estas definem a
consistência jurídica e adequação social do direito. Os princípios tornam o direito mais maleável
e, portanto, relacionam-se com a adequação social. As regras garantem a consistência do
sistema.
SEMINÁRIO – O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA
Os quatro exploradores sobreviventes são acusados pelo crime de homicídio, com base
na lei: “Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a morte ”.
Truepenny
Clemência executiva
Foster
Propósito > letra da lei. Ex. legítima defesa = contra a letra, mas não ofende o propósito.
Tatting
Se abstém da decisão.
Keen
Valoração da atitude dos réus como boa ou má, justa ou injusta é irrelevante
Supremacia do legislativo
Handy
Flexibilidade
Resultado: 2 a favor da absolvição dos réus (Foster e Handy ) x2 contra a absolvição (Trueppeny
e Keen) e e uma abstenção
Crítica:
Handy – adequação social do direito de forma extrema (realismo), opinião pública pode
ser irracional, mídia manipula a consciência coletiva
- Introdução
Essa dicotomia apresenta limites, porque é difícil pensar em um direito baseado apenas
na autorreferência, direito autista, (consistência interna) ou apenas na heterorreferência
(adequação social). O direito é um sistema da sociedade, portanto, está imerso nela. Precisa
manter sua autonomia aliada à resposta às demandas sociais.
O sistema jurídico precisa ser suficientemente diferenciado para garantir sua autonomia
operacional e suficientemente aberto para preservar a sua capacidade cognitiva de adequação
social. Quando a diferenciação não é suficiente, existe uma situação de corrupção sistêmica,
porque outros sistemas sociais vão além do condicionamento do direito e chegam a determiná-
lo, prejudicando sua consistência interna. Exemplo disso é a exploração do direito pela política
(legislação simbólica). Por outro lado, um direito exacerbado de formalismos não consegue se
adequar a sociedade.
Distinguinsching: “o caso não se adéqua”. Se um caso não se adéqua anencefalia, por exemplo,
o precedente não muda.
A adequação social do direito encara diversas dificuldades. Até que ponto o Direito pode se
adequar a um sistema sem que isso interfira na sua adequação a outro sistema? Ex. Células
tronco. Conflito entre religião e ciência. Como o direito deve se posicionar? A adequação social,
portanto, exige uma sobrecarga do direito.
O direito mais adequado é aquele que não atua destrutivamente, não é imperialista. O
potencial do direito é permitir que os diversos sistemas tenham um desenvolvimento
satisfatório na solução dos problemas sociais.
O paradoxo acontece porque o formalismo excessivo diminui a adequação social e cria uma
dificuldade para o direito responder aos estímulos de seu ambiente. Por outro lado, o excesso
de adequação a esse ambiente faz com que o direito perca seu critério de generalidade e de
justiça.
- Ênfase na segurança jurídica por parte do formalismo jurídico
Ambas as correntes priorizam a consistência interna do direito à adequação social. O juiz não
tem nenhum tipo de liberdade da aplicação da lei, deve se ater estritamente ao que está escrito.
Kelsen critica essas duas correntes e defende que os legisladores não podem prever todos
os casos e por isso o juiz precisa ter certo grau de liberdade. Segundo a teoria pura do direito
não existe lacunas no direito justamente porque o juiz pode recorrer a outras “fontes” de direito
(analogias, costumes ou princípios gerais) para resolver casos concretos.
Para isso, o juiz dispõe de uma moldura objetiva que oferece um leque de opções que ele
pode escolher livremente, de maneira subjetiva. Essa situação expressa um formalismo
moderado, pois a consistência interna começa a ser relativizada e o direito encontra uma
abertura para a adequação social.
O formalismo faz com que o direito se feche em si mesmo e desta forma, perca a capacidade
de abertura cognitiva para o ambiente. O ordenamento jurídico não pode desconsiderar os
sistemas que estão a sua volta porque ele é condicionado por estes. Assim, um sistema
totalmente fechado às demandas sociais apresenta um alto grau de consistência e segurança
jurídica, porém, com poucas possibilidades práticas.
O realismo jurídico enfatiza a adequação social do direito aos demais sistemas sociais a
partir de suas capacidades cognitivas. As demandas sociais vão valorizadas em detrimento da
consistência interna.
c) Movimento do direito livre: O juiz tem ampla liberdade, inclusive para deixar a legislação
de lado se esta não for adequada às demandas sociais.
A tentativa de adequação social simplifica uma realidade complexa a uma única esfera. O
realismo jurídico ignora que a complexidade da sociedade faz com que o que seja adequado
para um sistema, não seja para outro.
Além disso, existem divergências de expectativas normativas na sociedade. Assim, o juiz não
consegue resolver as demandas de uma maneira ampla. Desta forma, sempre haverá grupos
satisfeitos e outros não.
O que é adequado socialmente, mas não tem precedente legal torna-se fluído. É preciso,
portanto, critérios jurídicos. Sendo assim, um direito muito adequado e pouco consistente dilui
as expectativas normativas da sociedade e dificulta a percepção da existência desses critérios.
O direito perde a pretensão de generalização congruente.
Segundo a teoria sistêmica, esse paradoxo é positivo, porque faz o direito evoluir. A justiça,
nesse sentido, é uma motivação e não a resposta, por isso o paradoxo é necessário.
A contingência (possibilidade) que envolve a justiça é o que motiva o direito, assim como a
escassez na economia. Se houvesse abundância de tudo, não haver valor econômico em nada.
O caso dos exploradores de cavernas mostra essa contraposição entre adequação social do
direito e consistência interna principalmente nos fotos dos juízes Handy e Keen,
respectivamente.
TÓPICO 11 – DA ADEQUAÇÃO SOCIAL AO FUNDAMENTO DO DIREITO:
JUSNATURALISMO OU POSITIVISMO? FUNDAMENTAÇÃO OU
DESFUNDAMENTAÇÃO?
1. Direito universal
2. Direito imutável
3. Direito suprapositivo
Os modelos do jusnaturalismo
Jus naturale: diferente da concepção de direito natural que temos hoje, era um direito válido
até para os animais, que impunha-lhes comportamentos, assim como para o homem.
Jus gentium: direito natural na concepção que temos hoje, válido para todo e qualquer homem.
Na filosofia romana existiam três dimensões. A primeira era de um direito válido para
homens e animais, a segunda, semelhante ao direito natural como conhecemos hoje, era um
direito válido para todo e qualquer homem. A terceira, direito válido apenas para os cidadãos.
Lex eterna: não é criação divina e está acima das leis criadas por Deus, por isso, nem Eles podem
mudá-la. A Lex eterna dá poder a Deus para ele que crie a natureza
Lex naturalis: semelhante ao direito natural; refere-se às leis da natureza, criadas por Deus.
Podem ser modificadas pelo milagre.
Lex divina: distribuição de competências postas pelos homens no âmbito civil e pelos Deuses,
no âmbito religioso.
No modelo teológico medieval existe uma hierarquia entre quatro “tipos de direito”. O
primeiro deles é a lex eterna, que refere-se a leis imutáveis que não foram criadas pelos Deuses
e que, portanto, são superiores às leis divinas. O segundo tipo é a lexnaturalis, que se refere às
leis divinas. É semelhante ao direito natural. A diferença é que suas leis podem ser modificadas
a partir do milagre e as leis do direito natural são imutáveis. A lex humana é o terceiro tipo. Trata
do direito posto pelos homens, portanto, positivo. A lex divina é a última na hierarquia. Refere-
se à distribuição de competências realizada pelos homens no âmbito civil e por Deuses no
âmbito religioso.
3. Modelo metafísico da escola clássica do direito natural: dedução racional da natureza humana
(Hobbes, Locke)
A escola clássica de direito natural tem uma corrente que afasta-se do teologismo e
aproxima-se de um modelo metafísico, no qual a fundamentação do direito encontra-se na
natureza humana. Hobbes e Locke são dois dos principais autores. Eles são conhecidos como
contratualistas, pois defendem a ideia de um contrato social para regular a vida em sociedade.
Para Hobbes, no estado natural os homens seriam guiados por um desejo perpétuo de poder
essa busca incessante faria do homem o lobo do próprio homem. Este estado de natureza seria
miserável e, por isso, seria necessário transferir todo o poder a um soberano (leviatã) que
regularia a vida social. Para Locke, por outro lado, o estado de natureza do homem seria
marcado pela racionalidade e pela parcialidade, ou seja, os indivíduos viveriam pelos ditames
da razão e cada seria um juiz em causa própria. O Estado seria, então, um mal necessário, que
deveria apenas garantir os direitos primordiais de todo homem.
Construção transcendental a priori: como o direito deveria ser. Intocável pela experiência
empírica.
2. Direito variável
Para a tradição juspositivista não existe outro direito que não o positivo. Assim, direito
necessariamente é positivo. A ciência jurídica deve preocupar-se em definir a estrutura do
direito sem qualquer valoração moral. Consequentemente, a justiça é uma questão irrelevante,
porque é relativa e subjetiva, dependente de uma valoração moral. (Ex. Justiça para Creonte e
Justiça para Antígona). A moral e a política relacionam-se com o direito condicionando-o, mas
não o determinam.
Um individuo que construísse uma nova sociedade, de maneira apriorística, ou seja, sem
vinculação com experiências históricas, basear-se-ia em dois princípios: o da igualdade e o da
diferença. Pelo primeiro, ele defenderia direitos iguais para todos, afinal, ele poderia cair numa
camada inferior dessa sociedade. De acordo com o segundo, ele defenderia a possibilidade de
diferenças desde que ninguém fosse prejudicado por elas. Assim, poderia existir riqueza
excessiva, desde que a camada inferior não recebesse malefícios com isso. Os mais ricos poderia
enriquecer ainda mais, desde que a situação dos mais pobres também fosse melhorada.
Esses dois elementos são complementares porque não há soberania popular sem
indivíduos autônomos, mas por outro lado, para que os direitos humanos sejam assegurados,é
preciso uma base democrática.
Modelos de desfundamentação
a) Modelo pós-moderno: fragmentação da sociedade na modernidade
Os vários jogos de linguagem dos diferentes sistemas são opacos uns aos outros, não há
a possibilidade de encontrar em outro jogo de linguagem a fundamentação do seu próprio jogo.
O direito não tem ato fundamentação porque todo ato constituinte é violento. A violência
não é justificada, portanto, não há fundamentação. Além disso, a justi ça demonstra a limitação
do direito, porque ela nunca será alcançada, constitui uma busca permanente.
A constituição pode ser vista sob duas óticas no direito. De acordo com a primeira delas,
a constituição garante a autonomia operacional do sistema jurídico, porque o fecha. Isso ocorre
principalmente por meio das cláusulas pétreas. De acordo com a segunda, a constituição
estrutura a abertura cognitiva do sistema jurídica, principalmente por meio dos mecanismos de
modificação (reformas, emendas constitucionais...). Assim, a constituição atua como
fundamentação interna do direito.
A Constituição age como um filtro das relações entre Direito e Política e seus
procedimentos são influenciados pelas discussões da esfera pública. Assim, a
autofundamentação constitucional do direito precisa vincular abertura democrática e abertura
à esfera pública.
- CONCLUSÕES
Estudo sobre as estruturas jurídicas internas de uma favela no Rio Situação de pluralismo
jurídico
Favela: espaço territorial cuja autonomia decorre da ilegalidade coletiva da habitação à luz do
direito oficial brasileiro
Vigência não oficial e precária de um direito interno e informal gerido pela associação de
moradores e aplicável à prevenção e resolução de conflitos.
PLURALISMO JURÍDICO: o direito da favela vigora em paralelo (ou em conflito) com o direito
oficial brasileiro. (não é uma relação igualitária)
Primeiros habitantes – década de 30: cada um chegava e escolhia seu pedaço de terra. Não havia
conflito. Esses se iniciaram na década de 40 e eram resolvidos pela violência.
Polícia
Não havia delegacias e era difícil que a população recorresse à policia: continua luta contra ela.
Chamar a policia aumentaria a visibilidade da favela como comunidade ilegal. Morador que a
chamasse era traidor.
Até hoje o papel da polícia é mínimo na prevenção e resolução de conflitos; vista como força
hostil investida de funções estritamente repressivas.
Tribunais
Recorrer aos tribunais poderia ser perigoso (chamar atenção para a situação de ilegalidade) e
inútil(“os tribunais tinham que seguir o código e pelo código não tínhamos direito”) .
Nós éramos e somo ilegais = o status de ilegalidade está ligado com a condição humana dos
habitantes da favela.
Apreciação realista: o direito do estado é o que está nos códigos e os juízes têm obrigação de
segui-lo.
Reconhecimento implícito de um direito para além dos códigos, muito mais justo do que este;
avalia as condições em que as classes baixas são obrigadas a lutar pelo direito à habitação.
Essa situação teria sido neutralizada por mecanismos internos, informais e não oficiais de
ordenação, capazes de articular e exercer uma legalidade e uma jurisdição alternativas para
vigorar dentro da comunidade.
Apropriação individual da criação e aplicação das normas que regem a conduta social
Quando a realização desses interesses se processa sem conflitos entre os vários centros de
juridicidade, a relação resultante é de autonomia e tolerância recíprocas.
O choque entre as duas ordens jurídicas (duas pretensões globais de juridicidade ou entre
vocações contraditórias) gera um conflito que generalizado torna-se um conflito entre dois
poderes soberanos entre os quais nenhum poder mediador pode interceder.
Perspectivas pluralistas
Segundo a tradição monista, existe uma norma fundamental única e pressuposta que resulta na
unidade do sistema jurídico
Pós-modernismo no Direito
***Ladeur
Dificuldade de releitura de modelos elaborados nos países centrais para a realidade jurídica de
países periféricos.
MISCELÂNEA SOCIAL
Mistura entre códigos e critérios de sistemas diversos, principalmente econômico (ter) e político
(poder) levam a insuficiente desintrincação operacional dos sistemas.
Nos sistemas periféricos não houve a efetivação adequada da autonomia sistêmica de acordo
com o princípio da diferenciação funcional.
Teoria dos sistemas (“anomalia europeia”)
Teoria sistêmica:
Alopoiese: a esfera jurídica não é capaz de reciclar influências advindas do seu contexto
econômico-politico.
Sousa Santos
Afirmar que os sistemas jurídicos funcionam porque existem é uma simplificação ideológica.
Na diversidade das relações sistêmicas, algo pode ser funcional em uma esfera e disfuncional
em outra. Além disso, o não funcionar em uma esfera pode ser prestativo para outras esferas.
Superexploração do direito pela política = Ineficácia generalizada dos dispositivos
constitucionais referentes a igualdade, liberdade e participação implicam em não funcionalidade
normativo-jurídica, porém, compatibiliza-se com a função político-ideológica do discurso
constitucionalista.
- Introdução
Mais do que o confronto entre a ordem normativa estatal e outras, é importante saber se
há outras ordens concorrendo com o Estado.
A concepção hierárquica
Essa hierarquia nem sempre se cumpre, de modo que se possa falar de uma hierarquia
intrincada.
- Os modelos pluralistas
As relações entre os sistemas podem ser verticais (Ex. direito subordinado a política).
Existe uma heterárquia quando se fala em direito transnacional pós-moderno. Os ordenamentos
jurídicos se relacionam sem que um se sobreponha ao outro, há o reconhecimento recíproco. A
lexmercatoria e a lex esportiva são os principais exemplos de pluralismo jurídico. São
ordenamentos constituídos por agentes privados, fora do Estado.
A unidade do sistema jurídico em face de outros sistemas sociais não exclui a pluralidade
de ordenamentos jurídicos: Especificação funcional e primado de código diferença
lícito/ilícito
Lei da anistia(1979) - Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer
natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política.
Pacto San José da Costa Rica (1992)- vedação da auto anistia. Competência para julgar
quaisquer casos de violação das suas disposições.
ADPF 153
Arguente: OAB
Crimes comuns (tortura, estupro, assassinato) não deveriam ser abrangidos como crimes
conexos.
Posição do STF: a anistia teria surtido efeitos imediatos e irreversíveis. A demanda não
objetiva uma interpretação da Lei da Anistia, mas sim sua revisão, que só o Poder Legislativo
tem competência para fazer.
Caso a anistia passasse a ser considerada de forma restritiva por novas interpretações, ela
perderia totalmente seu caráter e seu objetivo de promover a paz em um momento tenso da
história brasileira
O estado deve conduzir a investigação penal dos fatos do caso, determinar as correspon dentes
responsabilidades penais e aplicar efetivamente as sanções e consequências que a lei preveja.
O estado brasileiro deve investigar os graves crimes contra a humanidade cometidos por
agentes estatais durante o Regime Militar, em que a lei de anistia seja um óbice para isso.
Cesar Peluso: A decisão da corte não obriga o supremo a rever seu julgamento.
A lei de anistia política brasileira não teria validade por confrontar dispositivos de tratados
internacionais ao qual o Brasil é signatário.
Com o resultado da adpf 153 o Estado descumpriu a sua obrigação de adequar o direito interno
à Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
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O caráter de supralegalidade dado ao Pacto San José da Costa Rica coloca-o acima das leis
ordinárias (e, portanto, acima da lei de anistia), porém, abaixo da Constituição Federal (e,
portanto, abaixo da Emenda Constitucional n. 26 que ratifica a Lei de anistia).
TÓPICO 13 - TRANSCONSTITUCIONALISMO
- Do constitucionalismo ao transconstitucionalismo
A constituição garante uma série de direitos aos cidadãos que muitas vezes entram em conflito
uns com os outros.
Um cidadão, que sente que teve algum direito violado, pode recorrer ao direito internacional.
O estado nacional, portanto, deixou de ter monopólio sobre os problemas constitucionais, já
que estes ultrapassam os limites da constituição.
O que é transconstitucionalismo
Como se enfrenta a relação entre direito internacional e direito nacional com hierarquia?
Esse é um conflito transconstitucional. É difícil dizer quem prevalece.
Exemplos brasileiros:
Isso mostra que os modelos de decisão variam muito, não há clareza da prevalência
definitiva. A força da ordem internacional não é suprema.
Transconstitucionalismo entre direito estatal e direito supranacional
A soberania estatal não acabou, mas o direito supranacional impõe restrições. O Estado
precisa revisar as noções clássicas porque há uma fiscalização internacional.
Estados Unidos - Não há previsão na constituição, de que se deve levar em conta outros
ordenamentos, mas o Estado costumeiramente faz referência aos “povos civilizados” para
resolver os casos.
As referências cruzadas geram modificações nas identidades constitucionais. (Ideia de que isso
seria algo de país subdesenvolvido).
Ordens jurídicas transnacionais são aquelas criadas por agentes privados. É um direito
a-nacional. Um estado não pode anulá-lo, apenas decidir se o aplica ou não.
Sexo com menores em comunidades indígenas – não punível em razão da liberdade cultural.
Observa-se adequação da ordem estatal para de adequar às condições culturais
Morte de crianças que nascem com deficiência, porque se acredita que a vida só tem sentido
com prazer. – Tentativa de um deputado de condenar toda a comunidade indígena. Professora
da UnB interveio, afirmando que isso seria acabar com toda uma identidade étnica. O projeto
de lei foi modificado para implantar medidas educativas. A comunidade aprendeu a partir do
contato com a civilização que a morte não estritamente necessária.
A União Europeia decidiu que a Europa poderia proibir a importação de carnes tratada
hormonalmente nos Estados Unidos, porque seria ruim pra saúde. A OMC disse que isso era
protecionismo para proteger os produtores de carne europeus. Matéria constitucional porque
se fala do direito à saúde.
Transconstitucionalismo multiangular
Os direitos humanos são importantes, significar tratar todos como pessoas no sentindo integral.
Mas a leitura sobre eles varia de acordo com a perspectiva de observação. É nessa perspectiva
diversa do que é inclusão, do que é dignidade humana, que vai haver variações.
Não se trata de criar novas autoridades. Se uma nova ordem fosse criada, também seria
contestada. Trata-se de encontrar métodos que considerem a dupla contingência, que tem que
ver com a capacidade de autolimitação e aprendizado recíproco a partir da perspectiva do outro.
Poderes altamente fortes – imposição sobre outras normas jurídicas; desrespeito a ordens
jurídicas internacionais.
Exigência funcional: promoção de uma ordem diferenciada de comunicação
Estamos envolvidos no mesmo barco; não estamos isolados, por isso, é preciso filtragem e
aprendizado recíproco
- Observações finais
Ajuda mútua. Aprendizado recíproco. Se você fica só na sua visão sem considerar que o
outro possa contribuir, se não houver confiança na dupla contingência não há vida social, porque
não há capacidade de aprendizado. Confiança mínima para a comunicação.
SEMINÁRIO – INTERDISCIPLINARIDADE (LUMIA X NEVES) (Agenor)
Lumia
A experiência jurídica
Jurisprudência
Teoria Geral do Direito – Se geral é entendido como oposto de particular, a teoria geral do
direito é a disciplina que estuda os princípios comuns aos ordenamentos jurídicos
específicos próprios de várias comunidades estatais: John Austin chamou de
“jurisprudência analítica”.
Se geral é entendido como oposto de especial, a teoria geral do direito é a disciplina que
estuda os princípios comuns aos diversos ramos de um ordenamento jurídico determinado,
Adolf Merkel chamou de enciclopédia jurídica.
Bobbio – Estabeleceu TGD como disciplina científica distinta das disciplinas jurídicas específicas.
O estudo dos aspectos formais das normas jurídicas é pertinente à teoria geral do Direito, o
estudo dos conteúdos compete às disciplinas jurídicas específicas (direito civil, penal).
Pertencem à TGD os problemas de estrutura das normas jurídicas, do ordenamento jurídico e
da relação jurídica. Os problemas que têm por objeto a interpretação de cada norma e sua
sistematização conceitual pertencem à Dogmática.
A dogmática jurídica (estudo dos conteúdos normativos) executa duas tarefas: a tarefa exegética
e a tarefa sistemática. Exegética – significado de cada norma, interpretação. A tarefa sistemática
consiste:
a) No agrupamento das normas jurídicas com base no objeto que chamamos de institutos
(institutos da família, da propriedade, do contrato).
b) Na elucidação por elas de princípios gerais (princípio da boa-fé, justa causa).
O momento exegético prevalece no estudo dos ordenamentos nos quais a lei escrita se afirmou
como fonte normativa predominante e alcançou estágio avançado de codificação, enquanto o
momento sistemático assume uma importância maior no estudo dos ordenamentos (como os
anglo-saxônicos e o internacional), nos quais um grande espaço é destinado ao direito
consuetudinário e ao judiciário, não se desenvolvendo o fenômeno da codificação.
Não é posta em discussão, mas aceita, exatamente como um “dogma”. A dogmática jurídica
articula-se por setores nas várias disciplinas jurídicas particulares, que costumam ser objeto de
ensino separado. Temos, assim, antes de mais nada, a grande dicotomia entre direito privado e
direito público.
Na verdade, o contraste fundamental, talvez historicamente insuperável, está entre aqueles que
pensam que, ao interpretar o texto legislativo, é preciso ater-se rigorosamente aos seus
elementos textuais, e aqueles que sustentam, por outro lado, que também devem ser levados
em consideração os dados resultantes das condições reais da sociedade: é o tradicional conflito
entre métodos. Jurisprudência analítica x Jurisprudência sociológica (atentos aos fenômenos de
mudança social e mais propensos a adaptar a norma vigente às exigências resultantes das
evoluções da sociedade. A jurisprudência possui caracteres de objetividade e avaliabilidade
comuns a toda indagação que busque alçar-se à categoria de ciência.
A sociologia do direito
A teoria da justiça
A noção de justiça pode ser objeto de um discurso de tipo científico e de um discurso de tipo
filosófico. Deve, portanto, distinguir-se uma teoria de uma ideologia da justiça
- problema da eventual redução dos critérios a um só deles. O que na verdade não parece
possível, ainda que um predomine.
A história do direito estuda o fenômeno jurídico no seu vir-a-ser. Pode ter por objeto todo um
ordenamento jurídico ou um único instituto acompanhado na sua evolução contínua através
dos tempos. À história do direito, que estuda os ordenamentos jurídicos do passado, contrapõe-
se a ciência do direito comparado, a qual coteja ordenamentos jurídicos vigentes em países
diversos para colocar em evidência os elementos de semelhança e de diferença que apresentam
em relação à diversidade das condições sociais, econômicas e políticas e também das tradições
e das ideologias dominantes em cada país.
A filosofia do direito
Não é, na verdade, objeto da filosofia do direito a experiência jurídica enquanto tal, mas a
experiência jurídica elaborada pelas ciências jurídicas. Enquanto as ciências jurídicas têm uma
função descritivo-explicativa da experiência jurídica, a filosofia do direito tem uma função crítica
com relação aos métodos e aos conteúdos das ciências jurídicas. E exerce semelhante função
em cada uma das dimensões – factual, normativa e valorativa – nas quais a experiência jurídica
se desenvolve.
A política do direito
3 riscos:
Razão transversa
A hetero-observação é uma observação externa das ciências sociais que dá ênfase nas
condições sociais de produção, aplicação e execução do direito e não a eficácia normativa.
Estuda a gênese do direito, suas condições de aplicação e quais o seus impactos na sociedade.
1. Hetero-observação sociológica
2. Hetero-observação econômica
Também é uma observação externa, porque não trata do plano fáctico social e sim do dever
ser.
1. A partir de valores do grupo
Axiológico: análise dos valores que condicionam o surgimento do direito e servem para avaliá-
lo – comunitarismo. Valores do grupo, adotados pelo direito para guiar a experiência jurídica.
Hegel e Aristóteles. Avaliação sobre a correspondência ou não do direito aos valores tidos como
objetivos. Direito justo é aquele que corresponde aos valores do grupo.
Normativo ideal: busca de definir princípios morais de justiça que servem para avaliar o direito
– iluminismo. Modelos de avaliação do direito; se é justo ou injusto. A teoria da justiça tem uma
pretensão de universalidade moral.
Auto-observação jurídico-dogmática
Teoria geral do direito clássica e teoria geral do direito mais recente e flexível.
Ciência do direito = algo que fala do direito a partir de uma perspectiva externa. (ex.
sociologia jurídica, filosofia jurídica). A dogmática é uma auto-reflexao do direito, se
encontra dentro do sistema jurídico.
a) Inegabilidade dos pontos de partida: vedação do questionamento da identidade do sistema
jurídico
Em uma análise constitucional, não se pode ser contra a constituição. Não se pode ser
crítico em relação a identidade do sistema. Isso não exclui a crítica externa. Posso criticar uma
decisão do STF, por exemplo.
A dogmática não é uma mera abstração conceitual sem relevância prática. Desta forma,
não haveria adequação social do direito. A abstração filosófica tem relevância prática direta; o
que se diz dogmaticamente é pretendido que sirva de orientação para a atividade dos juízes. A
dogmática reflete sobre jurisprudência e diz o que é jurisprudência.
Estrutura: expectativas
Elemento: comunicação
Direito:
Obs. Corrupção sistêmica : outros códigos influenciam no código do direito. Ex. poder.
A teoria do Direito clássica é semelhante a uma dogmática jurídica geral, pois trabalha com
conceitos do ordenamento. Por isso fala-se em relevância prática indireta e abstração da
abstração, pois a reflexão não é sobre a prática jurídica em si, mas sobre os conceitos utilizados
por ela.
A teoria geral do direito não é vinculada a uma ordem determinada, como a dogmática,
que analisa cada ordenamento em separado. Ela tem a pretensão de discutir conceitos que
valeriam para toda e qualquer ordem.
A teoria geral direito trabalha com conceitos fundamentais, como norma, antecedente, fato
jurídico, sanção, prestação, relação jurídica, dever e direito.
Auto reflexão sobre o sistema jurídico, não é externa, por isso, não utiliza a linguagem
interdisciplinar.
Prática jurídica
Obs: A teoria do direito não trabalha com normas específicas, mas com o conceito de norma.
Não trabalha com o caso fortuito, mas com o conceito de ato-fato, por exemplo. Pretensão de
generalidade.
Não se trata de uma doutrina geral do direito nem da dogmática. É um tipo mais recente que
não se limita a discussão de conceitos jurídicos fundamentais.
3. Não é metadisciplinaridade
O paradoxo da interdisciplinaridade
É necessário que o direito tenha autonomia operacional para que a interdisciplinaridade surja
de maneira adequada. Se essa condição inexiste, o direito se dilui como disciplina; sua auto-
observação torna-se fragilizada.
A doutrina do direito não é teoria do direito clássico (=doutrina geral do direito). A teoria
do direito fica no campo de interseção, não é propriamente interna ao sistema jurídico, mas
também não é uma observação externa.
- CONCLUSÕES
Teorias como a do faro jurídico e da norma contribuem para a consistência interna, estão
mais voltadas para o fechamento do sistema do direito. É o caso da dogmática.
Aqui não se trata do controle de identidade, pois esta é uma questão interna. A ênfase da
interdisciplinaridade é a adequação social do direito e afirmação da identidade perante o
ambiente.
O conhecimento jurídico pode ser resultado tanto de uma observação externa filosófica
como pode ser por uma observação interna da dogmática jurídica ou de maneira mais
abarcante pela teoria clássica do direito ou pela teoria do direito.
Dificuldade para definir dogmaticamente e também de oferecer critérios dogmáticos. Cada caso
surge novas perspectivas e isso mostra fragilidade. Em casos limites trata-se de corrupção
sistêmica.
SEMINÁRIO KELSEN x LUHMANN
TÓPICO 15 – DO CONHECIMENTO JURÍDICO À PRÁTICA JURÍDICA. DO DIREITO À
SOCIEDADE: O QUE É E PARA QUE SERVE O DIREITO?
O conhecimento jurídico é relevante para a prática jurídica, seja de maneira indireta (sociologia
do direito, filosofia do direito...), seja de maneira direta (dogmática jurídica).
A dogmática age como parâmetro para a sistematização das interpretações das normas.
(doutrina jurídica – reflexão interna com relevância prática)
Limites de uma prática jurídica sem reflexão com base no conhecimento jurídico
Rábula – figura que, faltando advogado, agia como tal a partir de sua intuição e de sua base
popular de cultura. Situação em que limites argumentativos.
Visões abstratas sem nenhum apelo a dimensão pratica não levam a nada em termos de
formação do profissional do direito. Discussões muito abstratas são irrelevantes. O
conhecimento precisa ter significado prático, ele precisa ser articulado para resolver um
problema concreto. A erudição, quando não passa de uma mera afirmação de conhecimento,
pode ser inaplicável.
Jusnaturalismo
Formalismo excessivo
- A função social do direito
Bem comum
Função educativa
Dominação de classe
Dentro dessas funções é preciso definir uma função primária, porque aquelas não são
específicas do direito. Religião, educação e política também desempenham essas funções.
O direito regula a conduta em interferência interpessoal. Aqui nãose trata da conduta isolada
do sujeito isolado, mas de um em relação ao outro quando os campos de ação se interferem e
uma ação tem influência sobre os outros.
Conflitos que implicam que o comportamento de um foi visto como negativa pelo outro.
Mais relevante para a teoria dos sistemas. O direito fornece uma base para que as condutas
possam ser esperadas de maneira recíproca. Isso alivia as expectativas, pois sabemos que
determinadas condutas não deverão ocorrer. Se não houvesse a estabilização de expectativas
normativas não haveria tranquilidade.
O direito permite que vivamos em sociedade sem uma constante relação conflituosa.
- O conceito de direito
Diversidade de conceituações
O direito não envolve a questão de ser algo bom ou justo, ele está na sociedad e porque é uma
exigência dela.
A definição do direito não se envolve aquilo que é ideal ou como deveria ser o direito.
O conceito estrutural-normativo – Kelsen
1. Ordem normativa: dever-ser, ordem contrafactual. No caso de desvio o direito mantém sua
normatividade. Procura-se impor contra os fatos.
3. Ordem que conta com sanção (organizada?): Direito diferenciado tem sanção organizada, ou
seja, prevista para ser praticada por um órgão determinado. A moral e a convenção social
envolvem sanções (desprezo pela pessoa), mas não são organizadas.
Se você não paga o tributo você sabe que vai haver sanção aplicada por um órgão legitimado.
4. Ordem coercitiva: Alguns dizem que há normas que não são coercitivas, porque apenas
atribuem competências ou concedem autonomia privada. Mesmo que essas normas não
imponham sanção, indiretamente elas existem. Se um contrato é celebrado com objeto ilícito,
por exemplo, ele é nulo.
O que caracteriza o direito como ordem normativa não é a coação. É a possibilidade, no limite,
de se aplicar a sanção. É a coercibilidade.
A pressão psíquica também é coação. Também existe na convenção social, mas no direito, além
disso, há também a possibilidade de coação física, impedindo a pessoa de realizar ações.
Dizer que o direito é apenas a estrutura normativa é pouco, porque não abrange a conduta dos
juízes e advogados, o conjunto de decisões concretas que possibilitam o conhecimento do
direito.
O entendimento do direito envolve condutas, como as pessoas estão cumprindo as penas isso
também é direito.
O conceito sociológico-funcional
1. Subsistema da sociedade
O direito é um sub sistema da sociedade, está, portanto, dentro dela. Trata-se de Direito DA
sociedade e não direito E sociedade.
O direito é um sistema social que se reproduz com uma diferença guia básica: licitude ou ilicitude
(conformidade ou não conformidade com o direito)
Pretencioso, limita muito as possibilidades para se dizer o que é direito, há uma sobrecarga do
conceito
Identificação do sentido: Matéria da norma; saber o que deve fazer, o que é o que não é lícito.
A sanção não faz parte do conceito do direito, a forca física é um apenas símbolo.
Está presente na figura da polícia e das entidades penitenciárias, apenas apontando que aquilo
é expressão do direito, mas que não faz parte do seu conceito. Se o direito contar com a violência
constante, ele não está funcionando. É uma referencia do que poderá ser utilizado. O direito
será tanto mais vigente quando ficar no nível símbolo da vigência.
Crítica: Limites para uma abordagem do ponto de vista interno
Cria limites para a abordagem do ponto de vista interno, a teoria sociológica não diz
muito sobre os procedimentos internos. É um conceito de maior relevância para uma
perspectiva externa das ciências sociais.
- CONCLUSOES
Busca por integrar as duas dimensões: conceito interno estrutural funcional que considere as
estruturas mais na sua função e um conceito externo funcional estrutural que considere a
função dentro de uma perspectiva estrutural.
É nesses dois aspectos que caberia um conceito de direito, que é um subsistema social que
implica a ordenação da conduta humana e que serve a estabilização das expectativas
normativas.
Ordem normativa heterônoma com forca coercitiva que faz parte de um sistema social que tem
a função especifica de estabilização de expectativas normativas.